Edição 55 - Superpedido Tecmedd
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Edição 55 - Superpedido Tecmedd
ACELERANDO COM AYRTON Livro “100 Senna” conduz o leitor a uma viagem inédita ao universo particular do tricampeão mundial Editorial Editorial Editorial Casamentos duradouros Como já vem se tornando tradição em nossas edições de férias, trazemos neste número alguns dos principais filmes baseados em livros que chegarão aos cinemas na temporada seguinte. Se em 2015 tivemos como grande destaque nas telonas o blockbuster Cinquenta Tons de Cinza, a safra de 2016 tem vários candidatos a repetir o sucesso de Mr. Gray – em especial, Robert Langdon, na versão cinematográfica de Inferno, de Dan Brown. E assim como o cinema, que há décadas busca inspiração nos sucessos do mercado editorial, também o mercado editorial, nestes últimos anos, tem bebido com grande regularidade em uma fonte profícua de sucessos: a internet. Para alívio de seus departamentos financeiros, as editoras vêm conseguindo repetir em livro o enorme êxito popular de blogueiros, videologgers, instagrammers e outros tipos de personalidades que o mundo virtual criou (ou irá criar). Livreiros sabem muito bem o potencial de vendas de, entre outros, Kéfera Buchmann, Christian Figueiredo de Caldas, Isabela Freitas e Rafael Mantesso, o dono do cachorro Jimmy, entrevistado nesta edição – Rafael, não Jimmy, evidentemente. Mirando os milhares e milhares de fãs que esses nomes conquistaram no mundo virtual, as editoras capricham na produção e apostam alto nessas obras – e, em sua maioria, recebem um retorno proporcional, muitas vezes até além do esperado. É um casamento que, a exemplo da união entre a sétima arte e a literatura, tem tudo para durar por muitos e muitos anos. Aproveitamos para desejar a todos um 2016 de sucesso, paz e realizações. São os votos da equipe da Superpedido. Boas festas! Celso de Campos Jr. Editor Ligue para a Superpedido Tecmedd São Paulo 11 3505-9788 pág. 4 Cartas Surpreendente encontrar o Michel Teló na capa da revista Superpedido (edição 54), mas após a leitura da entrevista, entendi o que ele estava fazendo ali. Parabenizo o cantor pela iniciativa de registrar em livro as histórias da música sertaneja. Mario C. Malta Rio de Janeiro-RJ Simplesmente excelente o artigo de Lucas Alves sobre a história da ficção científica. Didático e esclarecedor. Continuem publicando textos do gênero! João Paulo Alves Zenoni São Paulo-SP A equipe da revista quer ouvi-lo, leitor-livreiro! Sugestões, críticas e idéias podem ser enviadas ao e-mail [email protected], ou remetidas para o endereço da redação. Mãos à obra! Índice 4 6 8 12 14 20 24 26 30 33 34 36 40 42 43 Editorial e Cartas Mercado Comportamento Internacional Capa História Papo de editor Papo de escritor Ficções livrescas Artigo Fotografia Entretenimento Bem estar Top 100 Editoras Top 20 Livros Revista Superpedido Tecmedd Edição de Nov./Dez. de 2015 Ano VIII - Nº55 Essa revista é uma publicação da Superpedido Comercial S/A Rodovia Presidente Castelo Branco, 11.510 - Km 32,5 - Área B - Setor K3 Jardim Belval - Barueri - SP cep. 06421-400 tel. 11-3505-9788 site. www.superpedidotecmedd.com.br e-mail. : [email protected] Impressão Van Moorsel Distribuição gratuita. Venda proibida. É proibida a cópia e a reprodução total sem prévia autorização. Não nos responsabilizamos pelo preço de capa dos livros desta revista. São sugeridos pela editora e podem ser alterados sem prévio aviso. Superpedido Comercial S/A. Todos os direitos reservados. Edição Celso de Campos Jr. Produção e projeto gráfico Nathália Furlan e Daiane Gonçalves Nesta edição colaboraram Aldo Bocchini Neto, José Luiz Tahan, Liliane Prata, Louise Sottomaior, Reinaldo Polito, Rodrigo Simonsen e Rubens Filinto. Foto da capa Leo Feltran Ilustrações Estúdio Canarinho pág. 5 pág. 7 Mercado Mercado Mercado tão revolucionária. Fiquei impressionado. Está aprovado o livro e a coordenação da série”. Como será a série? Rachel – Vamos buscar os mais importantes estudiosos em história, língua portuguesa, filosofia, finanças, carreira, liderança, artes, vendas e negociação que se sintam em condições de ensinar a essência da sua matéria em apenas 29 minutos. O objetivo é proporcionar ao leitor condições de aprender o que existe de mais relevante naquele assunto em menos de meia hora. Já temos os nomes, só precisamos conversar com eles para ver se aceitam o desafio e conseguem levar a cabo dessa empreitada. Esperamos o nosso livro ficar pronto para que saibam exatamente como funciona. Provavelmente não conseguiriam entender bem o projeto se fôssemos apenas contar como deve ser. Com o livro na mão fica mais claro. Temos consciência de que nem todos conseguirão. É preciso ter muita capacidade de síntese. Nova casa, novo livro, nova coleção Em parceria com a filha Rachel, Reinaldo Polito lança “29 minutos para falar bem em público e conversar com desenvoltura”, sua obra de estreia na Sextante – a primeira de uma série de livros a ser coordenada por ele O mais importante autor brasileiro de livros sobre a arte de falar em público está de casa nova. O best-seller Reinaldo Polito desembarca na Editora Sextante trazendo na mala não apenas um livro novinho em folha – mas o projeto de uma coleção inteira. A primeira obra da série está chegando agora às livrarias: “29 minutos para falar bem em público e conversar com desenvoltura”, escrita com a filha, Rachel Polito, também especialista em expressão verbal. Em breve, as prateleiras receberão títulos em que especialistas de diversas áreas ensinarão lições fundamentais de suas áreas nos cronometrados 29 minutos que servem de fio condutor da coleção. Não custa lembrar que a série Superdicas, coordenada por Polito na Editora Saraiva, vendeu mais de um milhão de exemplares. Ou seja: preparem seus estoques, leitores-livreiros, estamos diante de mais um sucesso do mestre da oratória – e das vendas. Para falar um pouco mais sobre o projeto, uma entrevista exclusiva em dose dupla, com Reinaldo e Rachel Polito. Como nasceu essa ideia de escrever um livro a quatro mãos? Rachel – Atuo com o Polito ministrando aulas de Expressão Verbal há mais de 20 anos. Tive a oportunidade de participar com sugestões em várias de suas obras, como, por exemplo, “Recursos audiovisuais nas apresentações de sucesso”, que é um dos temas da minha especialidade. Este livro que lançamos pela Sextante é fruto da experiência da sala de aula. Tudo o que ensinamos aos alunos para que possam falar em público com segurança e conversar com desembaraço foi colocado nessa obra. Quem ler o livro vai ter a impressão de que estamos pegando o aluno pelas mãos e orientando passo a passo como agir para desenvolver sua comunicação. Polito, como foi sua ida para a Editora Sextante? Polito – Com ajuda do meu amigo Luis Colombini, que ficou um tempão nas listas dos mais vendidos com o extraordinário livro “Guga”, marquei um encontro em São Paulo com o Marcos Pereira, um dos donos da Sextante. Ele imaginou que receberia apenas um projeto de livro, mas eu e a Rachel havíamos nos antecipado e levei o livro pronto. Propus a publicação do livro e de uma série para coordenarmos. Ele pediu um dia para pensar e voltou para o Rio. Leu o livro ainda no avião e pouco depois deu a resposta: “Polito, eu estava disposto a recusar qualquer livro que me oferecesse. Você já tem 25 livros e imaginei que falaria apenas mais do mesmo. Não supunha, entretanto, uma obra Polito, como é trabalhar com a filha? Polito – É um prazer que se renova a cada dia. Sempre que podemos ficamos juntos na mesma sala de aula. Conversamos o tempo todo sobre o curso, sobre o livro, sobre comunicação. A Rachel é arejada, estudiosa, competente e muito parceira. Gosta de inovar e pesquisa todos os avanços tecnológicos que podem ser aplicados no ensino da arte de falar em público. Com frequência participa dos mais importantes cursos de comunicação no exterior, especialmente nos Estados Unidos. Publicou o livro “Superdicas para um TCC nota 10” que faz muito sucesso no Brasil, na Itália e na Suíça. Tenho o maior orgulho de suas realizações. “ Escrevemos o livro pensando principalmente em quem não tem muito tempo para se dedicar ao estudo e ao aprendizado das técnicas para falar em público e conversar com desenvoltura. O leitor vai ler apenas o que precisar para resolver seu problema em pouco tempo. ” Rachel, pode falar um pouco mais sobre o livro? Rachel – Escrevemos o livro pensando principalmente em quem não tem muito tempo para se dedicar ao estudo e ao aprendizado das técnicas para falar em público e conversar com desenvoltura. O leitor vai ler apenas o que precisar para resolver seu problema em pouco tempo. Por exemplo, não vai usar recursos audiovisuais? Então pule este capítulo agora e se dedique a ele depois, com mais tempo. Não vai precisar conversar nas próximas horas? Deixe de lado esse capítulo, passe para o próximo. Está muito apressado? Não se preocupe em ler as considerações iniciais, vá direto ao último parágrafo e leia a essência da matéria. Está mais apurado ainda com o tempo? Leia apenas o resumo no final deste capítulo em menos de um minuto. E o melhor de tudo é que funciona. Todos os conceitos já foram exaustivamente testados na prática. Já passaram pelo controle de qualidade. “ Nunca estive tão entusiasmado com um livro como o ‘29 minutos’. Mais do que o sucesso nas vendas é a certeza de que seus ensinamentos poderão fazer a diferença na vida de muitas pessoas. ” Polito, como você imagina que o mercado vai receber esse novo livro? Polito – Depois de ter publicado 25 livros nos mais diferentes países, vendido mais de 1,4 mil exemplares, participado com sete obras das listas dos mais vendidos, coordenado a Série Superdicas, que vendeu mais de um milhão de unidades, com seis livros da série participando simultaneamente na lista da Veja acho que já aprendi um pouco sobre o mercado de livros. Nunca estive tão entusiasmado com um livro como o “29 minutos”. Mais do que o sucesso nas vendas é a certeza de que seus ensinamentos poderão fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Por último, não poderia deixar de perguntar: por que 29 minutos? Polito – Essa é uma brincadeira que sempre fizemos na nossa escola: 7 minutos de café e voltaremos. 6 minutos e meio de intervalo e voltamos para assistir ao teipe. Quando pensamos em escrever um livro que poderia ensinar a falar em pouquíssimo tempo, aproveitamos a brincadeira que sempre deu certo e pusemos um número quebrado – 29 minutos. Foi ótimo, bateu direitinho com a nossa intenção – ensinar a falar bem em público e conversar com desenvoltura em menos de meia hora. Comportamento Comportamento Comportamento CONTO DE FADAS CANINO A incrível história de Jimmy Choo, cachorro brasileiro que virou queridinho da moda internacional A história é quase de conto de fadas – com a diferença que o protagonista é um bull terrier branco de orelhas avermelhadas. Jimmy Choo, o herói em questão, é o cachorro do mineiro Rafael Mantesso e tornou-se o único companheiro de apartamento do publicitário após um divórcio. Com a ajuda de Jimmy, Rafael espantou a melancolia e redescobriu o prazer de desenhar, usando seu traço para transformar seu parceiro inseparável em modelo para fotos bem-humoradas. traumático, porém, curto. A influência que o Jimmy tem na minha vida é bem mais profunda do que o fim de um casamento. Ele me mostra todos os dias que sou uma pessoa incrível, a melhor pessoa do mundo. Ele me faz sentir pleno, forte, feliz e me faz refletir o tempo todo sobre minhas relações pessoais e profissionais. Para ele é simples o ato de gostar de alguém. Isso para mim é um problema, já que sou um misantropo pré-disposto a não gostar de ninguém. As imagens foram parar no Instagram e conquistaram milhares de fãs no mundo inteiro. Em pouco tempo, Rafael Mantesso e Jimmy Choo despertaram a atenção de veículos estrangeiros como The Huffington Post, USA Today e Daily Mail e até inspiraran uma linha de produtos criados pela grife de acessórios Jimmy Choo – marca internacional que havia sido a inspiração para o batismo do cãozinho. O que você aprendeu com Jimmy e o que Jimmy aprendeu com você? Com ele aprendi que amor incondicional existe. É uma forma de amar tão superior que nós, humanos, nunca vamos experimentar. Isso só pertence a eles. Comigo ele aprendeu que existe hora e lugar para fazer xixi, para comer e para dormir. A incrível jornada da dupla chega agora às livrarias, com o lançamento de “Um cão chamado Jimmy”, da Intrínseca. Nesta entrevista, Rafael Mantesso conta um pouco mais dessa história. Seria possível dizer que Jimmy ajudou você a superar o fim de seu casamento? De certa forma, ele mudou sua vida? Bem mais do que isso. O divórcio foi um período Como é seu dia a dia com Jimmy? Meu dia é bem corrido e sem rotina, mas com ele é sempre igual e com rotina. Jimmy me acorda às 6h30 para levá-lo para passear. Levo, ele faz as coisas dele na rua, a gente volta para casa, brincamos, ele come e eu saio. Quando eu volto ele me recebe como se eu fosse um Beatle. Depois, tenho que levá-lo de novo para passear, ele faz as coisas dele, e ficamos em casa até a hora de dormir. Se tenho fotos para fazer, as faço, se tenho que trabalhar, ele fica do meu lado. pág. 10 pág. 11 Logo no primeiro clique, Jimmy foi um sucesso instantâneo. Quais foram, retrospectivamente, os grandes marcos de sua trajetória até o momento em que ele se firmou como fenômeno da internet e como o cão mais badalado do mundo da moda? Acho que posso separar o Jimmy de hoje para trás em dois marcos importantes. Primeiro, o dia em que eu postei a foto dele atrás da lixeira desenhada e descobri que seria do caralho desenhar ao lado dele. Segundo, o dia que a internet descobriu o Jimmy. Com ela vieram o convite para estrelar a campanha da Jimmy Choo, o convite para o livro… daqui para frente não dá para prever mais nada. Fotografar o Jimmy é difícil? Como você consegue mantê-lo na pose para as fotos mais complicadas? De que forma ele contribui com o resultado final? Não, é muito fácil. O mérito é todo dele, sou só o cara com a câmera – poderia ser qualquer pessoa. Ele fica na posição que preciso pelo tempo que eu precisar porque ele é especial, ele sabe que preciso da ajuda dele e ele fica. É simples assim. Jimmy já se recusou a fazer alguma foto? Você se lembra de alguma que tenha sido particularmente desafiadora? Nunca. A foto mais difícil de fazer foi a que ele está com o capacete de moto. Senti que o capacete estava incomodando muito o Jimmy, mas precisava do click. A agonia dele entre me obedecer, ficar quietinho e querer desaparecer com o capacete durou 30 segundos. E prometi a mim mesmo que nunca mais faria isso com ele de novo. Como é o seu processo de composição? Quais são suas principais referências para as montagens com Jimmy? O dia a dia: os livros que leio, as exposições que visito, as conversas que tenho, os filmes a que assisto. Tudo me influencia porque só faço programas que me inspirem de alguma forma, se não for para agregar nada, fico em casa. Você poderia falar um pouco sobre os bastidores da produção do livro – das fotografias e definição do conceito à escolha das imagens que seriam usadas? Quando fui convidado a criar o livro, não imaginava que ficaria tão “livre” para fazer o que quisesse. Tão livre que não consegui nem pensar em uma cronologia para as fotos. Nisso a Livia e a Rosana, minhas editoras da Intrínseca, foram incríveis. Elas me ajudaram a pensar numa linha a ser seguida. Depois que o caminho ficou claro, voltei a Belo Horizonte (estava morando em São Paulo na época), comprei os equipamentos, aprendi a mexer neles via internet, improvisei um estúdio e fotografei todas as noites durante três meses. Foi cansativo e estressante. Mentalmente eu podia estar destruído, mas não queria que o Jimmy passasse pelo mesmo. Então para ele foram três meses normais. Pensei em desistir e jogar tudo para o alto, mas, desde o início, sabia que teria que fazer o melhor que pudesse, que tinha a obrigação de terminar e de fazer meu cachorro brilhar. Acho que consegui. Internacional Internacional Internacional pág. 13 é seguir sempre adiante na história. Na não ficção, você não pode nunca falsificar – mas pode e deve omitir e simplificar para criar ritmo e suspense. O que nunca deve se fazer no jornalismo literário? Minha tendência é dizer que nunca se deve ficcionalizar. Mas daí me lembro dos meus maiores heróis literários, George Orwell e Ryszard Kapuściński, que inventavam coisas de vez em quando e nem por isso foram diminuídos. De todo modo, não é para mim. Acho que escritores de não ficção jamais deveriam se apresentar como oniscientes, jamais deveriam simular uma compreensão imparcial e completa, deveriam sempre reconhecer sua própria parcialidade e o fato de que nossa vida é como um espectro de tons de cinza. Acho que por isso nunca consegui admirar sinceramente aquele para muitas pessoas é um dos maiores livros de não ficção da história – A sangue frio, de Truman Capote. Da escuridão à luz Em termos práticos, como se organizar para escrever um livro desse tipo? A organização física do material é muito chata, consome muito tempo e parece supertrivial: furar documentos, reforçar os furos com adesivos redondos, colocar os documentos furados e reforçados em fichários coloridos, etiquetar os fichários etc.. Mas, em projetos grandes, se você não começa a se organizar desde cedo, tudo trava de repente. Então, sim, usar pastas e fichários físicos, anotações numeradas, datadas e indexadas em documentos do Word. Além de backups de todos os dados, em diferentes locais, de poucas em poucas horas. O que mais o motivou a se tornar jornalista? Quando eu estava na faculdade, achei que seria diretor de teatro e cheguei a montar algumas peças universitárias. Mas o teatro depende demais do capricho e da excentricidade dos outros. É como cuidar de uma ninhada de gatos. O que me atrai no jornalismo, ou pelo menos na escrita, é o fato de termos de trabalhar sozinhos na maior parte do tempo, ou em equipes pequenas. Correspondentes estrangeiros são pagos para fazer duas das coisas que mais me interessam: escrever e viajar. Rogério Bettoni é filósofo, educador e tradutor, responsável pela tradução de Devoradores de Sombras. Também é fundador e editor da revista eletrônica Umbigo das Coisas. Uma entrevista com Richard Lloyd Parry, autor de “Devoradores de sombras”, clássico instantâneo do jornalismo literário Nos idos de 2000, a inglesa Lucie Blackman, que havia se mudado para Tóquio para trabalhar como hostess, desapareceu na capital japonesa. O dramático caso de desaparecimento que ganhou as manchetes mundiais teve um desfecho trágico quando a investigação policial levou à descoberta de um crime abominável e à prisão de um dublê de milionário e predador sexual. Em “Devoradores de sombras”, lançado no Brasil pela Publifolha, o jornalista Richard Lloyd Parry faz uma reconstituição impactante da vida na capital japonesa, do crime e do julgamento. desdobrando em várias direções, percebi que seria impossível explicá-la no espaço restrito de uma única matéria. Daí veio a necessidade de escrever um livro – não dava para fazer justiça ao caso em menos de 400 páginas. O livro foi rapidamente considerado pela crítica como um dos melhores livros de não-ficção dos últimos tempos – uma peça exemplar de jornalismo literário comparável a clássicos como “A sangue frio”, de Truman Capote, e “A canção do carrasco”, de Norman Mailer. A seguir, Rogerio Bettoni, tradutor da edição brasileira, conversa sobre o livro e sobre o encontro de jornalismo e literatura com o autor Richard Lloyd Parry; ao final, a junção de ambos os ofícios em um trecho de “Devoradores de sombras”. Me atraiu muito o fato de haver diversas histórias dentro de um único caso. Tudo começou com um mistério: O que aconteceu com Lucie? Para responder essa pergunta, precisei pesquisar o que ela estava fazendo no Japão, o chamado “comércio das águas” do qual as hostesses participavam, além da vida noturna. O caso então se tornou a história de uma família que procurava a filha num lugar estranho e desconhecido, e um drama policial sobre uma investigação complexa. Quando o criminoso foi a julgamento, a história virou outro drama, dessa vez jurídico – a biografia de um criminoso enigmático e uma história sobre o curioso sistema de justiça penal no Japão. Para mim, nunca foi apenas um “grande crime”, mas um crime que jogava luzes em diferentes aspectos da cultura japonesa moderna. Qual sua motivação para escrever a história do caso de Lucie Blackman? De início, fiz a cobertura do caso porque fazia parte do meu trabalho como correspondente de um jornal britânico. Mas à medida que a história foi se Como escrever um livro sem se deixar levar pelo timing ficcional? Acho que os escritores tendem a tomar decisões desse tipo instantaneamente, sem seguir regras ou fórmulas de maneira consciente. O mais importante Chefe, encontramos Lucie O inverno no Japão é luminoso e hostil, mas o frio afasta as serpentes. Foi pensando nisso que o superintendente Udo resolveu tentar pela última vez encontrar Lucie nos lugares que a polícia sabia terem sido visitados por Joji Obara. “É uma área grande”, disse ele, “e há muitos lugares em que um corpo poderia estar enterrado. Montei uma equipe e disse para voltarem só depois de encontrar Lucie. Em dezembro e janeiro, eles cavaram em muitos lugares”. Uma manhã, no início de fevereiro de 2001, 22 policiais sem uniforme se hospedaram numa pousada à beira-mar no vilarejo de Moroiso, algumas centenas de metros depois do prédio Blue Sea Aburatsubo. Os quartos foram reservados para o mês inteiro. Toda manhã eles saíam com pás e picaretas rumo a diferentes lugares ao longo da costa. O povo imaginou que eles fossem empregados de algum projeto municipal ou algo do tipo - com exceção de uma mulher: segundo ela, “eles não tinham olhos de construtores civis”. [...] Numa curva da praia, a cerca de 185 metros do prédio e fora da vista das habitações, havia um declive numa parte do desfiladeiro que formava uma torre de pedra cravada na praia. Escondida atrás dela havia uma gruta. Era o tipo de esconderijo utilizado para jogar lixo clandestino e onde adolescentes iam fumar e namorar escondido. Num país menos comportado e disciplinado que o Japão, o lugar estaria coberto de latas de cerveja e preservativos usados. E nem se tratava tanto de uma gruta - parecia mais uma fenda aberta na rocha suja, com 2,5 metros de largura e 3 metros de altura em seu ponto mais alto; as paredes e o teto iam se estreitando e baixando até não haver saída. Quatro canos de plástico já desgastados saíam do teto irregular e pingavam água no chão, uma tentativa antiga de canalizar a água da chuva que escorria dos rochedos. Havia uma banheira velha parcialmente enterrada na areia. Às nove da manhã, quatro policiais a retiraram dali, arrastaram-na para fora e começaram a cavar. Em poucos instantes, o som das pás bateu em algum obstáculo: havia um saco de lixo semitransparente com três coisas volumosas, identificadas imediatamente como um braço humano separado do ombro e dois pés. O punho do braço estava envolto em plantas e algas. A pele era branca e com sinais de decomposição, mas os dedos e as unhas continuavam preservados - os policiais que cavavam perceberam como eram limpas e bem cuidadas, com vestígios de esmalte. O policial responsável pela investigação telefonou imediatamente para Udo. “Ele falou comigo em prantos”, revelou Udo. “Ele disse: ‘Chefe, encontramos Lucie’.” pág. 15 Capa Capa Capa AYRTON ETERNO Em “100 Senna”, lançamento da editora Arte Ensaio, histórias inéditas e objetos pessoais compõem um retrato único do piloto brasileiro – e mostram que o ídolo segue mais presente do que nunca no coração e na mente dos fãs São muitas as memórias deixadas por Ayrton Senna, seja para quem acompanhou e torceu pelo maior piloto de Fórmula 1 que o Brasil já teve, seja para entusiastas do automobilismo que só conheceram a trajetória do esportista postumamente. As maiores referências estão em seus feitos nas pistas. No entanto, um acervo de lembranças concretas também guarda muitas histórias de Ayrton entre capacetes, macacões, livros e troféus. aproximação de Alain Prost – maior adversário nas pistas e inimigo pessoal por longos anos. Sob os cuidados da família e do Instituto Ayrton Senna, esses “tesouros” do piloto – até então pouco conhecidos ou mesmo inéditos – agora estarão ao alcance de todos os seus admiradores. E não falamos apenas do capacete amarelo ou do tradicional macacão vermelho. Há ainda memórias que revelam aspectos muito pessoais como, por exemplo, a fé inabalável do piloto, que o fez dedicar algumas de suas vitórias à intervenção divina. Celso conta, a partir da conversa com dona Neyde, que na noite anterior à corrida em Imola, onde ocorreria o acidente fatal, Ayrton ligou para a mãe para que ela o ajudasse a entender o significado do Salmo 81, que havia aberto na Bíblia que carregava sempre consigo. Juntos, leram a passagem e discutiram a interpretação, em uma conversa que poderia se estender por toda a noite, não fosse a corrida na manhã seguinte. Em “100 Senna”, livro lançado pela editora Arte Ensaio em parceria com o Instituto e organizado pelo escritor Celso de Campos Jr., 100 objetos relativos à vida pessoal e profissional do piloto são retratados em mais de 300 páginas, acompanhados por fotografias da vida e da carreira de Ayrton Senna. “Muitas das imagens, bem como as histórias dessas peças, são trazidas a público pela primeira vez”, explica o autor, que se baseou em entrevistas exclusivas com dona Neyde, mãe do piloto, para escrever os textos que acompanham as imagens. “São objetos que fizeram parte da vida do ídolo e que ajudam a explicar todos os capítulos de sua trajetória, da infância à maturidade, da incerteza ao estrelato.” Fotos: Leo Feltran Informações inéditas e fotos raras de momentos significativos dentro e fora das pistas fazem parte desta viagem sem precedentes ao universo particular de Senna. Em suas entrevistas, dona Neyde abordou a origem do apelido “Beco”, o começo no kart depois de muito atazanar o pai, a escolha do capacete amarelo, a mudança para a Inglaterra aos 20 anos e a trégua e Cada uma das conquistas mais relevantes e os momentos-chave da carreira estão relatados –até a triste e precoce corrida final, trecho ilustrado pelo relógio guardado pela mãe que Senna usava no dia do trágico acidente que abreviou sua história. “Essa obra é especial, pois conta aspectos relevantes da vida do Ayrton que jamais haviam sido revelados. São momentos marcantes que mostram a dedicação intensa que ele tinha e tudo que enfrentou para se tornar um grande herói nacional. Além disso, o livro ajuda a perpetuar o legado do nosso tricampeão. Foi a partir de um sonho dele de oferecer uma vida melhor ao povo brasileiro que surgiu o Instituto Ayrton Senna, que hoje beneficia anualmente cerca de 2 milhões de crianças e jovens com educação pública de qualidade”, diz Bianca Senna, sobrinha do piloto e diretora do Instituto. O livro tem duas opções de capa: uma com o primeiro capacete de Senna, dos anos de kart, e outra com a sapatilha vermelha usada nos tempos de McLaren, na Fórmula 1. Nas páginas a seguir, confira algumas imagens, acompanhadas por trechos exclusivos do livro. pág. 16 Luvas da primeira vitória na F-1, em 1986 No domingo, 21 de abril de 1985, um dilúvio caiu sobre Portugal. Encharcou os 4.350 metros da pista do circuito de Estoril. E lavou a alma dos brasileiros. Em mais uma extraordinária demonstração de perícia e velocidade na chuva, Ayrton Senna alcançou sua tão esperada primeira vitória na Fórmula 1. O piloto conduziu a Lotus à linha de chegada sem qualquer sobressalto, dando voltas e mais voltas na pobre concorrência que lutava para segurar seus carros sacolejantes no autódromo lusitano. Quando recebeu a bandeirada final, Senna desafivelou os cintos para celebrar com os punhos cerrados; o cockpit havia ficado pequeno demais para tanta alegria. Do topo do pódio, orgulhoso, Ayrton fez questão de levantar o distinto troféu recebido da organização da prova. Uma condecoração com singelas miniaturas de carrinhos de vidro era pouco usual em uma competição entre pilotos profissionais de automobilismo – mas totalmente apropriada para quem realizava um sonho de criança. pág. 17 pág. 18 Tranquilidade depois do bicampeonato, em 1990 A conquista do bicampeonato tirou um peso gigantesco das costas de Ayrton Senna – e lhe permitiu aproveitar como nunca seus passatempos preferidos. Na fazenda da família, em Tatuí, interior do Estado de São Paulo, o piloto montara um quartel-general completo para o aeromodelismo, hobby no qual era capaz de se debruçar por horas e horas. Em uma edícola com vista para o lago, Ayrton tinha ferramentas, peças de reposição, combustíveis e tudo mais que precisasse para colocar os aviões no ar. Carrinhos de controle remoto, alguns reproduzindo as famosas pinturas de seus Fórmulas 1, também tinham vez. Sua outra paixão eram os esportes náuticos – pilotava jet skis tanto em Tatuí quanto em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, onde possuía uma casa de veraneio. Mas mesmo nas horas de folga não descuidava da preparação física: fazia corridas diárias, sempre monitorando os batimentos cardíacos com um frequencímetro último modelo. pág. 19 pág. 20 História pág. 21 História História sos grupos, desviando a nossa atenção das áreas que devíamos proteger. Nós analisamos as suas táticas e desenvolvemos as nossas. De início, começamos escalonando ainda mais os nossos grupos em diferentes níveis de altitude e destacando para “grupos de engajamento” (contra tais ases inimigos) os nossos pilotos mais experientes. Eu já tivera oportunidade de me encontrar com ases inimigos, perto de Belgorod, e até abati um desses caçadores de Hitler, quase colidindo em voo. Mas o primeiro encontro sobre o Dnieper foi sem sucesso. Aconteceu assim. NOVA PERSPECTIVA Edição em português traz a visão da Segunda Guerra Mundial a partir do olhar soviético – em relato assinado pelo piloto Ivan Kozhedub, recordista de vitórias em combates no conflito Neste 2015, celebramos sete décadas do final da Segunda Guerra Mundial – um dos temas que mais rendeu livros em todos os tempos. Há uma miríade de obras em português sobre o assunto, sejam obras de referência, sejam traduções de relatos de combatentes ingleses, franceses, japoneses, alemães e norte-americanos. Entretanto, apesar da importância da União Soviética no desfecho do conflito, ainda não havia no Brasil um livro que contasse o combate pelos olhos de um piloto de caça soviético. Assim, “Tudo Pela Pátria – Em Busca do Combate!”, um lançamento da C&R Editorial, vem para preencher esta lacuna. O autor, Ivan Kozhedub, o mais vitorioso de toda a aviação aliada, com 62 vitórias em apenas dois anos de combates, entre março de 1943 e maio de 1945, narra suas aventuras e combates durante a guerra, que o levaram a ser o mais condecorado piloto soviético de toda a história. O livro ainda vai além dos combates, revelando como o comunismo foi chegando às regiões mais remotas da União Soviética e como a gente simples foi se entusiasmando com os arautos da nova realidade e fazendo deles seus heróis. A tradução direta do russo revela o cuidado da C&R com o tema – a editora é responsável por outros livros de história militar e aviação, como O Grande Circo, de Pierre Clostermann, piloto de caças das Forças da França Livre. A seguir, um trecho da obra de Ivan Kozhedub. DUELOS DE ASES Em nossa seção do fronte, ao mesmo tempo em que o inimigo começou a operar com grandes grupos de bombardeiros, apareceram também alguns dos grandes ases de Hermann Göering, dos grupos Richthofen e Mölders73. Esses ases voavam nos arredores do campo de batalha, em patrulhas, buscando destruir nossos líderes e também pegar aviões solitários que tinham se perdido de seus grupos, abatendo aparelhos já danificados. Seu objetivo era desorganizar os nos- Expirado o nosso tempo previsto de cobertura, virei e, junto com o grupo, tomei o curso de casa. De repente, porém, vi vindo direto contra nós dois caças inimigos. Tinham uma ligeira vantagem de altitude, do lado leste. Claro, eram eles, os “experten”! Decidi aceitar o ataque frontal. E sem nem mesmo ter tempo para transmitir algo pelo rádio, mirei um deles. Mas enquanto completava a rotação e me preparava para abrir fogo, algo estalou, balançando o avião. O inimigo se antecipara! Seu projétil deve ter passado uns 2cm acima da minha cabeça. O rádio parou de funcionar. E os controles do leme foram avariados. E os alemães, passando perto de nós, se afastaram sem qualquer retaliação. Cheguei com sucesso ao aeródromo, acompanhado pelo grupo. Mas estava muito aborrecido comigo mesmo. Tirara uma conclusão importante: a de que, num ataque em rota de colisão, não podia perder um único segundo, tinha de ser o mais rápido possível para travar a mira no inimigo e, então, abrir fogo. No dia seguinte, o meu grupo, num curto combate, destruiu um grupo de Ju-87 na região de Borodaevka. Perseguindo um dos Junkers, eu acabei o abatendo a baixa altitude, sobre território ocupado pelo inimigo. E ao voltar, sobre o campo de batalha, vi diversos aviões em rodopios entre si – caças soviéticos e os Messerschmitt. Um combate em pleno andamento. Noto que uma dupla de Messerschmitt se aproxima pela cauda de um Yak-7 e, pelas marcações nos aviões alemães, é de ases. Eu não conhecia o codinome de rádio dos Yakovlev, então falo aberto pelo rádio: – Yak, Yak! “Messer” atrás! O Yak-7 faz um rolamento e as rajadas se perdem no ar. Mas o caçador, é claro, já o considerava como sua presa e não ia recuar. O nosso piloto estava numa posição difícil. – Aguente, meu amigo! – transmito. Tiro tudo o que posso do meu caça e, vindo por baixo e por trás, dou uma longa rajada, “costurando” um dos Messerschmitt, que despenca para terra. Isso foi por ontem! O segundo caça se afasta com rapidez. O Yakovlev se alinha comigo. Balança as asas e o piloto agradece: – Obrigado, amigo! Me salvou! Juntos, cruzamos a linha de frente. Ele agradece uma vez mais e toma o seu rumo de casa. Assim, no ar, ajudávamos uns aos outros. E, como em outras vezes, nos separamos sem saber nossos nomes, pilotos com quem, asa a asa, defendemos a travessia do Dnieper. pág. 25 Papo de editor Papo editor Papode de editor ferramentas que auxiliam o trabalho como oferecendo um canal de vendas sem intermediários. Seguindo esse raciocínio, poderia ser extinta a figura do editor como mediador entre autor e leitor? A resposta é sim, embora não signifique que isso seja bom. Por quê? Falando só de Brasil: nosso povo lê pouco, as bibliotecas são obsoletas e insuficientes, existem poucas livrarias por habitante e a internet é hoje um chamariz muito maior que o livro, seja ele digital ou impresso. Não há em nosso país políticas públicas para incentivar e fortalecer o hábito da leitura. Ainda assim, muitas editoras foram criadas e se transformaram em empresas de sucesso, apesar da crise que nos assola desde 2008. Como isso foi possível? Com três palavrinhas: “seleção de conteúdo”. Ou o que muitos, modernamente, chamariam de curadoria. O FIM DE UMA ERA? Por SORAIA BINI CURY No início de outubro de 2015, o escritor Paulo Tedesco publicou um artigo interessantíssimo no portal Publishnews, que oferece notícias e debates sobre o mercado editorial. No texto, Tedesco dizia que a relação entre autor e editor não só estava obsoleta como era totalmente dispensável nos dias de hoje. Para ele, a autopublicação na era digital é o caminho para aqueles que desejam ver suas ideias difundidas e comercializadas. Poucos dias depois, em um dos maiores portais da área editorial, o Publishing Perspectives, John Pettigrew, ex-editor e criador da ferramenta Futureproofs (espécie de empresa de revisão online), publicou um texto com argumentos diametralmente opostos aos de Tedesco. Pettigrew afirma que decretar o fim dos editores é um grande erro, pois a esses profissionais cabe encontrar boas obras e transformá-las em produtos de sucesso. Afinal, quem está certo nesse debate? Como profissional do mercado há quase 15 anos, devo dizer que sou muito mais simpática à visão de Pettigrew. Vejamos por quê. Embora o mercado de livros digitais tenha crescido exponencialmente nos últimos anos, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, ele dá sinais de que chegou ao auge e daí não passa. Aliás, a receita com a venda de livros eletrônicos vem caindo. No Brasil, as vendas são tão baixas que as editoras simplesmente não divulgam números, a não ser em casos especiais em que o livro digital acompanha o sucesso do impresso. Ainda assim, trata-se de uma realidade à qual não se pode dar as costas. Muita gente prefere ler no tablet, no e-reader ou no celular. O preço dos e-books, cerca de 30% mais baixo que o dos exemplares físicos, também é um atrativo, além da possibilidade de baixar o conteúdo em qualquer lugar do mundo com poucos cliques – e não ocupar espaço nem gastar papel. Aliado a isso, empresas como Amazon, Google e Kobo têm incentivado a autopublicação, tanto por meio de Sem editores aptos a descobrir, transformar e melhorar a produção dos autores, a qualidade das obras seria infinitamente menor, o que se refletiria em vendas baixíssimas. Pense comigo, caro leitor: se hoje está difícil vender livros extremamente bem editados, que dirá comercializar títulos sem o filtro de especialistas acostumados a separar o joio do trigo e, ainda por cima, tornar esse trigo uma espécie de supercereal. Mais: como se sentiria o escritor vendo a obra da sua vida se juntar a milhões de outras sem o devido destaque, sem uma sacada editorial que a ponha na linha de frente? É como diz John Pettigrow: um editor competente transforma uma obra medíocre em bom livro, e um bom livro numa obra espetacular (não cabe aqui discutir se altas vendas significam boa qualidade). “ Sem editores aptos a descobrir, transformar e melhorar a produção dos autores, a qualidade das obras seria infinitamente menor, o que se refletiria em vendas baixíssimas. conhecimentos e tentar atingir um público não especializado, das duas uma: vai escrever um livro incompreensível para o leitor médio ou chover no molhado com seus pares. Apenas o editor bem formado e experiente pode sugerir uma estrutura coerente, apontar temas de fato relevantes para o leigo, eliminar ou traduzir trechos muito técnicos, solicitar a criação de tabelas e infográficos, priorizar explicações claras e diretas e incentivar o uso de uma linguagem acessível – ou até apresentá-la ao autor. Mais tarde, ao informar o departamento comercial sobre as características da obra, o editor poderá de sugerir canais de divulgação, apontar as áreas em que ela se enquadra, indicar seus chamarizes e assim por diante. Seu trabalho não termina quando o livro vai para a gráfica ou o e-book “sobe” para as livrarias digitais ou distribuidoras de conteúdo. “ Se hoje está difícil vender livros extremamente bem editados, que dirá comercializar títulos sem o filtro de especialistas acostumados a separar o joio do trigo ” Na área da literatura, a curadoria do editor é também fundamental. Descobrir novos talentos, sugerir mudanças que possam melhorar a qualidade da obra e ressaltar os pontos fortes do texto é tão fundamental quanto saber valorizar os bons escritores que, embora não vendam tanto, têm importância cultural e social inegável. Quantos milhões não foram investidos com autores principiantes antes que sua genialidade fosse reconhecida? Quantas reuniões entre editor e diretor foram necessárias para que o primeiro vendesse uma boa ideia ao chefe? Seria muita ingenuidade acreditar que tudo isso aconteceria de forma espontânea sem a figura do editor. ” Vamos a um exemplo. Imagine que um médico deseje produzir um livro para leigos sobre sua especialidade. Ele tem pleno domínio do assunto, mas utiliza jargões específicos e está acostumado com publicações científicas de alta complexidade. Ao colocar no papel seus Diz Tedesco que chegamos ao fim de uma era. Concordo com a ideia de que faz parte do passado a figura do editor como intelectual onipotente que se compraz em acabar com os sonhos de principiantes. No entanto, acredito que o profissionalismo do editor continuará sendo fundamental para transformar um livro com potencial numa obra relevante, sobretudo num mercado abarrotado e cada vez mais competitivo. Soraia Bini Cury é jornalista e editora executiva do Grupo Editorial Summus pág. 27 Papo de escritor Papo de escritor Papo de escritor roteiro, textos de humor, de psicologia, sobre alimentação, terapia de casal, relacionamento familiar, e até capitão de uma seleção brasileira de escritores que jogou futebol no Brasil em 2014 contra a Alemanha e não perdeu de 7 a 1 (empatamos em 0 a 0). Como dá para perceber, a lista não fica devendo muito para professores, mágicos e contorcionistas de circo. Passei a adotar a estratégia de respostas variadas, conforme o interlocutor, a situação, o momento: cartunista, escritor, redator, desenhista, humorista. O quarto, e talvez mais importante, é que, sendo um caçador de ideias, você precisa respeitar seu objeto de caça. Você, como caçador, está proibido de matar sua presa. Está proibido de depená-la, cortar suas asas, alimentá-la com dietas equivocadas, colocá-las em um ambiente, frasco ou espaço para o qual ela não foi preparada ou nasceu para estar. Você tem que deixá-la respirar, correr, voar, dançar no céu ou mesmo vê-la se espatifar no paredão das frustrações. Mas precisa observar, estudar, entender sua ideia sob todos os ângulos possíveis. Pode até apontar para onde ela deve ir, indicar o caminho mais seguro ou possível, entender os riscos e os perigos, mas sempre respeitando a natureza e a essência da sua ideia. Tive que esperar chegar até quase os 50 anos para finalmente ter uma definição que me contentasse a respeito disto. Porque a ideia, pura, como uma coisa isolada do mundo, não é algo que a gente pega e coloca facilmente em um recipiente ou plataforma. O que eu sou afinal? Quando Michelangelo tinha uma ideia para uma escultura, estava, antes de mais nada pensando em uma escultura. Ou em uma ideia que funcionasse em uma escultura. Picasso tinha muitas ideias, mas estava pensando em desenho ou pintura. Ok, Picasso também pensava em mulheres, mas, veja lá, quase todas também acabaram virando... desenhos ou pinturas. O estranho é que, em alguns períodos, passei, sem perceber, semanas sem fazer um único desenho. O que faz me sentir realmente um enganador respondendo “desenhista” quando na verdade muitas vezes estava fazendo tudo, menos desenhar. Tentei “autor”, mas em seguida quase sempre perguntavam “ator de tv ou teatro”? Caçadores de ideias: um manual de sobrevivência Por CUSTÓDIO Qual sua profissão? O que você faz? um desenho pendurado na sua ideia. Por isso, alguns cartunistas muito famosos podem até ser confundidos com “maus” desenhistas. Algumas das perguntas mais comuns que se ouve ao longo da vida. Pouca gente sabe o que é um cartunista, e menos pessoas ainda acham que isso lá pode ser considerado profissão. É relativamente simples responder quando você tem uma atividade dita “normal”, como um professor, ou até mesmo inusitada, como mágico ou contorcionista de circo. Então o que responder quando vinha a pergunta: qual a sua profissão? Desde que tinha seis ou sete anos, desenhando com caneta Bic em um papel de embrulho, em um balcão, ao lado do meu pai, sabia o que queria ser: desenhista. Esse era o plano caso não conseguisse uma vaga no meio de campo do Palmeiras. Virei então um cartunista. Cartunista não é exatamente um desenhista. O desenhista desenha, o cartunista não. Ele precisa quase sempre de uma ideia pendurada no seu desenho. Ou Para simplificar, costumava responder simplesmente “sou desenhista”. A formação de um cartunista é quase sempre autodidata e muito aberta. Por isso, embora o desenho seja a parte mais visível do meu trabalho, não foi apenas desenhando que tentei ganhar a vida nos últimos 26 anos. Projetos, convites, oportunidades, parcerias e necessidades me fizeram caminhar pelo cartum, pelos quadrinhos, desenhos animados, tiras de jornal, charge, caricatura, ilustrações, haicais, oficinas de desenho, pesquisas históricas, biografias, publicidade, stand up, toque trombone ou faça um canelone com espinafre e requeijão. Portanto, respeitar o talento alheio é quase uma obrigação. Um caçador de ideias. Me apresente uma ideia, ou me dê a chance de pensar em alguma que eu considere sedutora ou possível, e lá vou eu feito um montanhista que nunca viu o pico do Everest mas pensa em um jeito de chegar lá. Para ser um caçador de ideias é necessário que se tenha alguns cuidados. O primeiro, é claro, que isso não vai te trazer muita consistência profissional nem uma carreira sólida em uma coisa específica. Ser o primeiro bailarino do Bolshoi precisa dedicação exclusiva e foco. Não dá para conciliar com ser meio de campo do Palmeiras. Escolha uma delas. O segundo, é que você vai precisar saber fazer bem algumas coisas, não só as que você gosta mais. Se gosta de desenhar, talvez tenha que saber escrever bem, e se gosta do desafio de fazer os outros rirem, talvez tenha que saber falar em público. O terceiro, você sempre será um aprendiz. Porque um mestre em sua arte ou atividade, qualquer que seja, sempre terá muitas horas a mais de prática que você. Sempre encontrará alguém que desenhe melhor, pinte, Se você estiver preparado, e se souber tratar bem sua ideia, colocá-la em seu formato correto, é bem provável que ela dê frutos. Se multiplique. Te traga muitos prazeres. Vai te dar trabalho também, mas o resultado final é sempre compensador. Quem sabe, aos poucos, nós, os caçadores de ideias, possamos ir aumentando nossa presença na sociedade. Quem sabe comecemos a ser mais reconhecidos e compreendidos pelas pessoas. Podemos começar a fazer parte das estatísticas, e na próxima vez que um pesquisador do IBGE nos perguntar a profissão, a gente possa responder: – Caçador de ideias. – Poxa... Já é o quinto esta semana. Como vimos acima, Custódio é caçador de ideias – para falar com ele, escreva para [email protected]. As ilustrações destas duas páginas e as tirinhas das duas páginas seguintes são assinadas por ele. Papo de escritor Papo de escritor Papo de escritor pág. 29 pág. 31 Ficções Livrescas FicçõesFicções Livrescas Livrescas CINCO MINUTOS formações. Simpáticas, sugeriram que ele se sentasse. Antes de responder às suas indagações perguntaram o que ele fazia. Roberto contou que era editor de uma importante editora no Brasil, especializada em revistas e livros especiais. Revelou ainda que possuíam negócios em Portugal, mas estavam tentando uma parceria com algumas editoras francesas. Gostariam de iniciar publicando as obras de Rogerio Santos, que fazia sucesso no Brasil e na Espanha. Por REINALDO POLITO Roberto chegou ofegante ao balcão de check-in da Air France, no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Estava atrasado e não poderia perder o voo de jeito nenhum. – Que interessante – disse Josefine, a mais loira das duas – que tipo de livros escreve esse escritor brasileiro, Monsieur Santos, e que atrativo poderia ter para o mercado editorial francês? – Pardon, monsieur. Nous avons terminé il y a cinq minutes. – Ele escreve sobre comunicação – respondeu Roberto – e esse é um tema universal. Tenho certeza de que teremos muito sucesso com seus livros aqui na França. – Vous avez de livraison de bagages? – Sobre a pergunta que nos fez – disse Margot – a outra francesa, que tinha os cabelos mais escuros, e falava com voz arrastada, sensual, mas quase incompreensível – a duas quadras à direita, logo depois do teatro, você vai encontrar um sebo pequeno, mas que possui obras antigas de excelente qualidade. Acho que vai encontrar os livros que está procurando. – Tenho só duas malas pequenas. – Excusez-moi, monsieur. Nous n’avons plus de conditions d’expédier des bagages. Le prochain vol à votre destination part ce soir. Ia dizer que duas maletas poderiam ser despachadas sem problemas e que não poderia esperar até a noite para embarcar. Sem saber se xingava ou ficava calado, Roberto resolveu agradecer e remarcar a passagem para o voo das 19 horas. Pegou um taxi e foi até ao Café de la Paix, na Place de l’Opéra. Era um lugar bem central e, sem gastar muito, ficaria naquela esquina famosa, tomando café e observando as francesas, que passavam apressadas indo e vindo do trabalho, e as turistas, carregando sacolas com as compras feitas na Galeries Lafayette. Se enjoasse daria uma caminhada até o teatro, que ficava quase em frente. Sempre com cuidado para pegar o taxi de Roberto conhecia livros antigos e sabia fazer uma avaliação correta. Assim que entrou na livraria um sino tocou, indicando ao livreiro que recebera visita. O proprietário vestia terno escuro, camisa branca, gravata bordô, com lenço do mesmo tecido no bolsinho do paletó e usava sapatos muito bem engraxados. Com ar simpático, olhava por cima dos óculos, como se quisesse tirar uma radiografia do visitante. – Posso ajudá-lo em alguma coisa? – Não, muito obrigado. Só vou dar uma olhada. – Como encerraram há cinco minutos? O avião ainda está com as portas abertas, nem se mexeu do lugar. Como não queria ficar o dia todo perambulando pelo aeroporto, tinha duas alternativas: ou se hospedava no Sheraton, dentro do próprio aeroporto, ou colocava as malas no locker e aproveitava para dar umas voltas e curtir o belíssimo dia na capital francesa. Optou pela segunda. Talvez pudesse também visitar um sebo e comprar um bom livro antigo, pois colecionar livros raros era uma de suas maiores alegrias. tos de conversa. Esse é o tempo suficiente para saber qual a atividade do futuro comparador, se ele conhece livros antigos e, se sabe identificar diferenças entre as primeiras edições valiosas e as comuns. Roberto agradeceu, pagou a conta e foi na direção que a francesa havia indicado. Ao cruzar a rua olhou para trás, na esperança de que uma delas o estivesse observando. Frustração. Conversavam animadamente e, pelo jeito, nem se lembravam mais da sua existência. volta até às 15h, pois não queria correr o risco de perder o voo novamente. Enquanto bebericava mais um cafezinho, viu duas francesas elegantes, que passavam sem pressa na calçada oposta. Pela maneira como estavam vestidas e os passos vagarosos que davam, com certeza, não eram mulheres dadas ao trabalho. Pelo menos não esse trabalho de chegar e sair no horário, com chefe e compromissos com clientes e fornecedores. Para sua surpresa, elas também entraram no Café e se sentaram à mesa ao lado. Roberto não esperou um segundo e se aproximou das duas pedindo algumas in- Teve de andar três quadras, e não duas como a moça informara. Era uma travessa sossegada, numa rua quase deserta. A livraria era bem pequena por fora, mas dava para ver pela porta de vidro que o corredor que levava às instalações internas era bem longo. Na frente havia uma inscrição tomando toda a fachada – Livres Anciens. Decidiu ali garimpar alguma preciosidade. Sabia que galinha morta não iria encontrar, já que esses livreiros são experientes e sabem determinar com boa margem de segurança o valor de um livro, pela data de publicação, nível de conservação, raridade e origem. Ah, e, lógico, pelo jeitão do comprador. Passar o preço de um livro de 50 para 500 Euros bastam cinco minu- – Fique à vontade. Se precisar de ajuda, estou aqui. Depois de retirar alguns livros da prateleira e consultá-los com cuidado, encontrou uma obra que lhe chamou a atenção – uma edição de 1862 de “Os miseráveis”, de Victor Hugo. Com 702 páginas, foi editada por Jules Rouff Et Cie, em francês. Tinha boa encadernação e apenas uma página restaurada. Excelente livro. – Quanto está pedindo por este livro? – 1.500 Euros. Roberto não reagiu. Tinha certeza de que o livreiro estava multiplicando o valor do livro. – É uma boa edição. Está em excelente estado. A capa é original. Possui uma rasura insignificante. Foi produzido em papel que resistiu muito bem ao tempo. É um livro que gostaria muito de ter na minha biblioteca. Só que este preço, entretanto, está acima das minhas posses. E, por mais interessante que seja o livro, mesmo sendo uma edição de 1862, não é tão raro assim, já o vi ofertado por outras livrarias pela internet. Há condições de negociar ou o preço é definitivo? – 1200 Euros é o último preço. – Sinto muito. Só tenho 250 Euros. Não gostaria de ofendê-lo com uma oferta tão baixa. Muito obrigado pela atenção. Au revoir. – Han, han, han. Bem, estou precisando substituir al- Filantropia Filantropia FicçõesFicções Livrescas Livrescas guns livros para atender os clientes mais antigos. Talvez eu possa fazer por 500 Euros. – Desculpe, Senhor. Só posso chegar a 300. – Très bien. É seu por 300 Euros. – Muito obrigado. Só uma pergunta, por que pediu um valor tão elevado? gar 800 Euros. Dependendo do interesse, quem sabe até os 1.500 pretendidos pelo livreiro francês. Eram só elucubrações para se divertir. Sabia que jamais venderia aquele livro. Gostava de comprar, jamais de vender. Estava na hora de voltar. Já havia tomado café, visto umas francesas bonitas, respirado um pouco mais do ar parisiense e comprado uma jóia raríssima, que ocuparia um lugar especial em cima da sua escrivaninha. Poucos livros haviam lhe proporcionado tanta alegria. assunto e pensando em cursar medicina. Um dia ela perguntou qual era o estágio mais difícil no tratamento dos pacientes, e, sem pensar duas vezes, respondi que era a recuperação. – Há muitos casos em que o tratamento supera todas as expectativas, mas o paciente tem uma recuperação lenta e difícil – explicou o Dr. Blum. – Juntos, tentamos pensar em um modo de ajudar na recuperação, e Maya disse: “Precisamos encontrar um jeito de lhes dar uma energia de recuperação que fique com eles por muito tempo.” Ela sugeriu que “carregássemos” os ursos de pelúcia com energia positiva e os déssemos aos pacientes. – É quanto vale o livro, Senhor? – Roberto. – Oui. Roberto. É quanto vale o livro – e não conseguindo acreditar nas próprias palavras, consertou – Vejo que o senhor entende bem de livros raros. – Obrigado pelo elogio. Na verdade, não entendo tanto, mas o suficiente para saber que esse livro poderia ter um preço mais acessível. Roberto sabia que havia feito um excelente negócio. No Brasil, um bom colecionador não hesitaria em pa- pág. 33 Filantropia Ficções Livrescas No aeroporto, depois de pegar as malas e fazer o check in, agora com antecedência, Roberto se sentou em um banco em frente ao portão de embarque e começou a ler seu novo livro. Modo de dizer, pois “aquele senhor” que estava em suas mãos já beirava os 150 anos. Enquanto folheava a obra colocou a ponta dos dedos polegar e indicador no queixo e pensou: - como seria bom se pudesse sempre me atrasar cinco minutos, desde que o resultado fosse assim tão positivo. E brincou consigo mesmo – Bem, vamos ver se o Jean Valjean dessa época era diferente daquele que conheci na Broadway. E riu da sua piadinha infame. O PODER DA ENERGIA POSITIVA Um trecho de “Ative sua bondade”, de Shari Arison, lançamento da editora Valentina que mostra como a prática sistemática do bem pode melhorar a produtividade, os relacionamentos e a saúde Esta história veio do consultório do Dr. Blum, quando ele era o chefe do Departamento de Neurologia de um dos maiores hospitais de Israel. Na verdade, o consultório dele mais se parecia com um quarto de criança. Dúzias de ursos de pelúcia coloridos se espalhavam por todas as mesas, poltronas e prateleiras – até mesmo na maca de exames. – Aqui no departamento sou chamado de Dr. Urso de Pelúcia – contou, com um sorriso. O Dr. Blum ri e sorri muito. – Rir é muito saudável – observou. – Em geral, o nosso estado de espírito, a nossa situação emocional e o nível de nossa energia espiritual têm um enorme efeito sobre a nossa recuperação. Foi o que aprendi quando decidi estudar medicina complementar, além da medicina convencional. Mas os ursos de pelúcia, admite, foram ideia de sua filha mais nova, Maya, de dezesseis anos. – Conversamos muito sobre o meu trabalho no hospital, porque ela está interessada no Foi assim que nasceu o projeto dos “ursos de recuperação”. – Maya tinha uma bela coleção de ursos de pelúcia, que decidiu doar para o projeto – relembra o Dr. Blum. – Sentamos e meditamos juntos, transferindo uma boa energia de recuperação para os ursos. Em seguida, nós os distribuímos no hospital. O Dr. Blum diz que a resposta foi assombrosa. Pacientes que receberam os ursos reportaram diminuição nos níveis de ansiedade, sono mais profundo e tranquilo e recuperação mais rápida. – Outras pessoas ouviram falar nos “ursos de recuperação” e quiseram ajudar. Elas começaram a doar ursos, e hoje podemos oferecer um “urso de recuperação” totalmente carregado de energia positiva a cada paciente do hospital – disse o homem que se orgulha de ser conhecido como Dr. Urso de Pelúcia. Quando você pensa no experimento, vê que foi bastante simples, mas deu certo! Uma família, o Dr. Blum e sua filha, provaram que a boa vontade e a energia positiva podem transformar os que são tocados pela bondade. Quando você trilhar o seu próprio caminho de bondade, também começará a se conscientizar plenamente do seu potencial. E estará muito mais apto a apoiar os que ama, enquanto eles trilharem a sua própria jornada rumo à plena realização do seu potencial. Em pouco tempo você descobrirá que fazer o bem permeia cada aspecto da sua vida, enriquecendo a você e aos seus amados, e trazendo aos membros da sua família maior vitalidade e alegria. pág. 34 Fotografia pág. 35 Fotografia Fotografia Serginho em momento de descontração Ensaio dos Mutantes na Cantareira PSICODELIA REVELADA Liminha passeia em Saquarema Quatro décadas depois, fotos inéditas da fase áurea dos Mutantes chegam ao mercado com o lançamento do livro “A hora e a vez” Durante o período mais criativo dos Mutantes, entre 1969 e 1974, Leila Lisboa foi uma espécie de integrante honorária do conjunto. Namorada do então baixista Liminha, a jovem fotógrafa teve acesso privilegiado aos ensaios, aos shows e à intimidade de pura psicodelia de uma das maiores bandas brasileiras. Parece inacreditável, mas seus registros ficaram ocultos dos fãs – até agora. O livro “A hora e a vez”, lançamento da Realejo, traz 130 imagens inéditas de Rita Lee, Arnaldo Baptista, Sérgio Dias, Liminha e Dinho, bem como fotografias surpreendentes do incrível universo do grupo. Confira nestas páginas algumas dessas imagens que fazem dessa obra um documento precioso para a história do rock nacional. A inigualável Rita Lee Arnaldo Baptista, gênio dos Mutantes pág. 39 Entretenimento Entretenimento Entretenimento Estrelas do papel Como vem acontecendo desde... sempre, a indústria cinematográfica recorre aos livros para alimentar com qualidade sua produção. Para 2016, não será diferente: diversos best-sellers chegarão às telonas protagonizados por alguns dos maiores atores de Hollywood. Confira a seguir alguns dos astros que encarnarão os fantásticos heróis da literatura no ano que vem. Eddie Redmayne: Animais Fantásticos e Onde Habitam, de Newt Scamander (Rocco) Jennifer Lawrence: O Projeto Rosie, de Graeme Simsion (Editora Record) Hailee Steinfeld: A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista, de Jennifer E. Smith (Galera Record) Lupita Nyong’o: Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras) Tom Hanks: Inferno, de Dan Brown (Sextante) Chloë Grace Moretz: A 5ª Onda, de Rick Yancey (Fundamento) Lily James: Orgulho e Preconceito e Zumbis, de Seth Grahame-Smith (Intrínseca) Emma Watson: O Círculo, de Dave Eggers (Companhia das Letras) Eva Green: O Orfanato da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares, de Ransom Riggs (Leya) pág. 40 Bem estar pág. 41 Bem Bemestar estar O que é essencial O essencial é treinar para se sentar em silêncio e com a consciência plena. Quanto mais vou treinar, mais profundo será o seu entendimento do que está pensando ou sentindo. Talvez você pense: “Estou entediado!” “Isso é ridículo.” “ Eu preciso fazer alguma coisa agora mesmo.” É possível que velhos hábitos e histórias de vida estejam criando tais pensamentos e sensações. O que está impedindo que você seja capaz de apreciar o momento presente? Continue respirando. Continue sentado. Essa é a prática. Sucesso mundial, as dicas do mestre zen-budista vietnamita Thich Nhat Hanh ensinam a arte de viver agora também para os brasileiros O nome é complicado, mas as dicas não poderiam ser mais simples. Thich Nhat Hanh, conhecido como um dos mestres do zen-budismo mais respeitados do mundo, apresenta ao leitor brasileiro, pela editora Agir, a Coleção Mindfulness Essentials. Composta por três livros de bolso (“A arte de sentar”, “A arte de amar” e “A arte de comer”), a coleção compartilha os ensinamentos do monge vietnamita por meio de instruções simples e de fácil compreensão para aqueles que desejam explorar a meditação mindfulness. De acordo com Thich Nhat Hanh, a arte de viver consciente cada momento, em vez de se apegar ao passado ou ao futuro, é a chave para desenvolver a paz em si e no mundo. “A paz é possível. A felicidade é possível. E essas práticas são simples o suficiente para todos seguirem”, diz. As obras fazem parte do conjunto de 85 títulos publicados internacionalmente pelo escritor, poeta e ativista da paz e dos direitos humanos. Nas páginas a seguir, trazemos algumas destas dicas. Inspire-se! Apreciar a sua respiração Ao se sentar, a primeira coisa a fazer é estar atento à sua respiração. Estar atento à sua respiração é o primeiro passo para cuidar de si mesmo. Estando atento à sua inspiração e à sua expiração, você poderá enxergar como a respiração passeia pelo interior de seu corpo. Você começará a cuidar de seu corpo e sua mente, começará a sentir alegria pelo mero ato de respirar. Toda inspiração pode lhe trazer alegria. Toda expiração pode lhe trazer calma e relaxamento. Este é um bom motivo para sentar- se. Não precisamos nos sentar com uma determinada intenção, como a de ficarmos mais inteligentes ou alcançarmos a iluminação. Podemos nos sentar apenas para apreciarmos o ato de estar sentados e respirar. Uma flor entre duas pedras Quando você se senta sozinho em silêncio, é algo lindo, mesmo que ninguém o veja. Quando uma pequena flor surge em uma fenda entre duas pedras, está também é uma bela visão. Talvez ninguém a veja, mas não importa. Comer de maneira consciente Amar alguém não significa dizer “sim” a tudo o que outro quer. A base do amor é conhecer a si mesmo e as suas necessidades. É importante saber que amar o outro não é mais importante do que escutar a si mesmo e conhecer nossas necessidades. Para cultivar a atenção plena (ou mindfulness), podemos fazer o mesmo de sempre (caminhar, sentar, trabalhar, comer...) com percepção consciente do que estamos fazendo. Ao comer, sabemos que estamos comendo. Ao abrir uma porta, sabemos que estamos abrindo uma porta. Nossa mente está conectada às nossas ações. Quando comemos uma fruta, tudo o que precisamos é atenção plena para nos darmos conta disto: “Estou com uma maçã na boca.” Nossa mente não precisa estar em nenhum outro lugar. Se você está pensando no trabalho enquanto mastiga, não estará comendo com atenção plena. Ao prestar atenção na maçã, estará sendo consciente. Então, você pode ir mais fundo e, em pouquíssimo tempo, você verá as sementes da maçã, o lindo pomar, o céu, o fazendeiro, o responsável pela colheita e assim por diante. Quanto trabalho em uma única maçã! Meditação do amor Arrumar a mesa Esta meditação do amor, chamada meditação Metta, foi adaptada de Visuddhimagga (“O caminho da purificação”), de Buddhaghosa, uma sistematização dos ensinamentos de Buda feita no século quinto da Era Comum. Fazer uma refeição com consciência plena é uma prática importante. Desliguemos a televisão, deixemos o jornal de lado e trabalhemos em equipe durante cinco ou dez minutos, arrumando a mesa e terminando o que for preciso. Nesses poucos minutos, podemos ser muito felizes. Quando a comida estiver na mesa, e todos estiverem sentados, pratique a respiração: “Inspirando, acalmo meu corpo. Expirando, eu sorrio.” Repita três vezes. É possível recuperar-se por completo após respirarmos três vezes dessa forma. Os quatro elementos do amor A admirável simplicidade da vida mim mesmo. Que eu saiba como nutrir as sementes da alegria em mim mesmo, todos os dias. Que eu seja capaz de viver renovado, sólido e livre. Que eu esteja livre do apego e da aversão, sem me tornar indiferente. O amor verdadeiro é feito de quatro elementos: bondade, compaixão, alegria e equanimidade. Em sânscrito, são chamados de: maitri, karuna, mudita e upeksha. Se o seu amor contém tais elementos, ele será curativo e transformador, e abarcará também o elemento da santidade. O amor verdadeiro tem o poder de curar e transformar qualquer situação, além de trazer um significado profundo às nossas vidas. Dizer “não” Que eu esteja em paz, feliz e leve em corpo e espírito. Que eu esteja seguro e livre de danos. Que eu esteja livre da raiva, das aflições, do medo e da ansiedade. Que eu aprenda a me enxergar com os olhos da compreensão e do amor. Que eu seja capaz de reconhecer e tocar as sementes da alegria e da felicidade em mim mesmo. Que eu aprenda a identificar e enxergar as fontes de raiva, do desejo e da desilusão em Meditar na hora do lanche Qual o propósito de se comer uma tangerina? Comer a tangerina. Enquanto comemos uma tangerina, comer essa tangerina é a coisa mais importante das nossas vidas. Contemplar nossa comida Contemplar nossa comida por alguns momentos, ainda antes de comer, pode nos trazer muita felicidade. TOP 100 EDITORAS DISTRIBUÍDAS pág. 42 Nesta página, listamos, por ordem alfabética, as 100 editoras que registraram, nos meses de setembro e outubro de 2015, o maior volume de vendas e negócios com a Superpedido Tecmedd. Agradecemos a parceria de todos. ALEPH ALMENARA ALTO ASTRAL ARQUEIRO ARTMED ATICA AUTENTICA BELAS LETRAS BICHO ESPERTO BLACKBOOK BRINQUE BOOK BV FILMS CASA DOS LIVROS COMPANHIA DAS LETRAS CONRAD CONTEXTO COSAC & NAIFY CRIATIVO DARKSIDE DCL DISCOVERY DSOP EBX EDIOURO EDIPRO ELSEVIER EMPIREO EUROPA FEB FUNDAMENTO GALERIA DAS LETRAS GEEK GEEK GEN GENTE GERACAO GIRASSOL GIZ GLOBAL GLOBO GMT SEXTANTE GRYPHUS HEDRA HQM HSM INTRINSECA ITATIAIA JAGUATIRICA JEFTE JORGE ZAHAR L&PM LEYA LUME MANOLE MARTIN CLARET MELHORAMENTOS MODERNA MUNDO CRISTAO NACIONAL NOBEL NOSSA CULTURA NOVA FRONTEIRA NOVO CONCEITO NOVO SECULO ORIGINAL OXFORD PANDORGA PANINI PAPALEGUAS PAPALEGUAS PAPIRUS PAULINAS PERSPECTIVA PETIT PETRA PLANETA DO BRASIL POSITIVO PUBLIFOLHA REALEJO RECORD REVAN RIDEEL ROCCO SAIDA DE EMERGENCIA SARAIVA SENAC SIMON SEN TEXTONOVO THOMAS NELSON TODOLIVRO TOPBOOKS UNIVERSO DOS LIVROS VALE DAS LETRAS VALENTINA VENETA VERGARA & RIBA VIDA E CONSCIENCIA VOZES WMF TOP 20 LIVROS MAIS VENDIDOS Confira na lista a seguir os livros mais vendidos na Superpedido Tecmedd nos meses de setembro e outubro de 2015. Para não perder oportunidades, mantenha o estoque de sua livraria sempre abastecido com estas obras. 1 MUITO MAIS QUE CINCO MINUTOS ISBN: 9788584390113 R$ 24,90 6 2 3 DIARIO DE UM BANANA BONS TEMPOS VOL. 10 ISBN: 9788576839422 R$ 36,90 7 ALMANAQUE DOS SUPER HEROIS E VILOES ISBN: 9788584171064 R$ 59,90 11 DOIS MUNDOS, UM HEROI ISBN: 9788581053127 R$ 24,90 8 12 FLASH GORDON NO PLANETA MONGO ISBN: 9788555460111 R$ 89,90 10 14 NAO SE APEGA, NAO ISBN: 9788580575330 R$ 29,90 18 PHILIA ISBN: 9788525060044 R$ 19,90 15 OS SEGREDOS DA MENTE MILIONARIA ISBN: 8575422391 R$ 24,90 19 ESTRELA DA MANHA ISBN: 9788578552626 R$ 39,90 ANSIEDADE ISBN: 9788502218482 R$ 14,90 MARIA ISBN: 9788525061515 R$ 29,90 GESTAO DA EMOCAO ISBN: 9788582402603 R$ 21,90 FELIZES PARA SEMPRE ISBN: 9788565765619 R$ 29,90 DIARIO DE UM ZUMBI DO MINECRAFT ISBN: 9788543102641 R$ 24,90 5 9 13 17 EU FICO LOKO VOL. 2 ISBN: 9788581637822 R$ 29,90 4 GREY ISBN: 9788580577730 R$ 39,90 DIARIO DE UM BANANA VOL. 1 ISBN: 9788576831303 R$ 36,90 16 Para conhecer a lista completa de editoras distribuídas, ligue para a central de vendas ou acesse o portal. pág. 43 DIARIO DE UM BANANA VOL. 9 ISBN: 9788576838234 R$ 36,90 20 RUAH ISBN: 9788525061805 R$ 19,90 ESPADA DO VERAO ISBN: 9788580577952 R$ 44,90