prevalência de hipertensão arterial e fatores de risco em pacientes

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prevalência de hipertensão arterial e fatores de risco em pacientes
PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E FATORES DE RISCO EM
PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2 ATENDIDOS NAS UNIDADES BÁSICAS DE
SAÚDE DA CIDADE DE PARNAÍBA-PIAUÍ.
Tâmisa Seeko Bandeira Honda bolsista do PIBIC/CNPq); France Keiko Nascimento
Yoshioka (Orientadora, Departamento de Biomedicina – UFPI)
INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) consiste atualmente em uma pandemia, afetando indivíduos de
todas as idades e sexo, independente da classe social. O Diabetes mellitus do tipo 2 (DM2),
caracterizado por quadros hiperglicêmicos superiores a 7 mmol/L, consiste na principal forma de
exteriorização do DM, sendo o responsável por 90% dos casos (SOUZA et al., 2012). Segundo a
International Diabetes Federation (2013) o DM2 afetou cerca de 382 milhões de indivíduos até o
corrente ano. O fato de cerca de 77% dos diabéticos estarem localizados em países em
desenvolvimento e subdesenvolvidos chama bastante atenção para a complexidade da doença,
posicionando tais indivíduos sob o risco de desenvolver outras patologias, a exemplo do infarto agudo
do miocárdio, nefropatia e polineuropatia diabética (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA,
2013). Sendo assim, quando associado a hipertensão arterial sistêmica (HAS) o DM2 eleva em 3040% as chances dos diabéticos desenvolverem insuficiência renal crônica (MOREIRA et al., 2008),
assim como 20% dos mesmos sofrerem eventos coronarianos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 2013).
Com o constante aumento no número diabéticos e hipertensos devem ser realizados estudos
que visem determinar a prevalência e os fatores de risco predisponentes ao desenvolvivemtno do
DM2. Desta forma, o estudo aqui proposto visa determinar a prevalência da hipertensão arterial e os
fatores de risco em pacientes diabéticos do tipo 2 atendidos nas Unidades Básicas de Saúde do
município de Parnaíba-PI.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo transversal com 533 pacientes diabéticos atendidos pelas Unidades
Básicas de Saúde de Parnaíba (PI). Os dados foram tabulados e organizados em planilhas do Excel e
transferidos para o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 20.0.0. para
execução dos testes. Foram realizadas análises descritivas e o Teste t de Student para amostras
independentes; visando determinar as frequências dos dados clínico-demográficos e as análises
comparativas entre as principais combinações medicamentosas com relação as taxas de glicemia
plasmática em jejum, pressão sistólica e diastólica, respectivamente.
RESULTADOS
Dos 533 pacientes analisados 367 (68,9%) corresponderam ao sexo feminino com média de
idade de 66,9 anos, enquanto 166 (31,1%) foram do sexo masculino com média de idade de 60,35
anos. Do total de pacientes analisados, 88,36% foram cadastrados na ESF como pacientes
hipertensos, sendo a média de pressão sistólica 125,96 ± 39,37 mmHg e diastólica de 73,95 ± 27,59
mmHg. Cerca de 74,67% destes pacientes (diabéticos-hipertensos) apresentaram nível de glicemia
plasmática em jejum superior a 7 mmol/L.
Dentre os medicamentos mais utilizados pelos pacientes diabéticos-hipertensos estão o
metformina (236) como forma de controle glicêmico e os IECA (inibidores da enzima conversora de
angiotensina) e os diuréticos de alça, utilizados por 210 e 136 pacientes como anti-hipertensivos,
respectivamente. Dos pacientes diabéticos sem hipertensão 43 fazem uso da metformina e 31 do
glibenclamida. Desses, 27 fazem uso combinado de ambos os medicamentos, porém, cerca de 50%
apresentaram os níveis glicêmicos superiores a 7 mmol/L.
No que diz respeito as combinações medicamentosas, tanto os pacientes diabéticoshipertensos como os não hipertensos fazem uso combinado de medicamentos, com o intuito de
controlar ou reduzir as taxas de glicemia e/ou os níveis pressóricos. No entanto, algumas das principais
combinações, a exemplos de medicamentos antidiabéticos e anti-hipertensivos, não têm mostrado
eficiência quando utilizadas em conjunto, a exemplo do uso combinado de da metformina e IECA [T
(t(52) = 2,14 p<0,034)], metformina e diurético e glibenclamida e diuréticos [T (t(41) = 2,35 p<0,021)] e
[t(32) = 2,25 p<0,031].
DISCUSSÃO
Nosso estudo demonstrou uma grande prevalência da HAS nos pacientes diabéticos, achado
este condizente com Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection,
Evaluation of Hypertension among diabetes (2004), que determina a prevalência média de 92% de
hipertensão entre os paciente diabéticos, frequência esta semelhante a encontrada neste trabalho,
88,36%. Porém, bastante divergente daquela encontrada em população tailandesa (39%) (TSENG et
al., 2006) e em estudo realizado em população do município de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul
(37,2%) (ZANDONÁ et al., 2012).
Nosso estudo observou que o principal medicamento utilizado pelos pacientes diabéticos foi a
metformina, assim como visto no estudo de Zandoná et al (2012) em que 25% dos pacientes diabéticos
faziam uso de metformina como principal forma de controle glicêmico, diferentemente de estudo
desenvolvido no município de Giruá, Rio Grande do Sul, em que 64,29% dos pacientes faziam uso do
glibenclamida como medicamento antidiabético (KÜHN et al., 2008). Quanto ao tratamento antihipertensivo utilizados pelos indivíduos diabéticos-hipertensos o principal medicamento empregado no
controle dos níveis pressóricos são do IECA (44,58%), seguidos pelo diuréticos de alça (28,87%);
achados estes semelhantes aos encontrados em populações brasileira e malaia (OLIVEIRA, 2004,
ABOUGALAMBOU et al., 2011).
Quanto as combinações medicamentosos, a incapacidade dos pacientes diabéticos em
controlar as taxas glicêmicas e os níveis pressóricos chama bastante atenção, visto que a maioria
destes fazem uso de terapias medicamentosas para o controle das mesmas, assim como observado
por Zandoná et al (2012). Tal dificuldade pode ser explicada pelo uso inadequado de determinados
medicamentos com atividades antagonistas, a exemplo do uso combinado da metformina e diuréticos.
Tais combinações podem ter se tornado ineficientes por conta de que as tiazidas, medicamentos da
classe dos diuréticos, reduzem os efeitos hipoglicemiantes dos antidiabéticos, assim como os IECA
(AMARAL et al., 2012).
CONCLUSÃO
Foi observado o descontrole bastante evidente dos níveis glicêmicos e pressóricos nos
pacientes diabéticos, principalmente nos portadores de HAS. Isto pode ser explicado por hábitos não
saudáveis e agravados pelo uso de terapia medicamentosa antagonista, a exemplo do uso combinado
da metformina e diuréticos, já que os últimos são considerados hiperglicêmicos. Porém, estudos mais
bem delineados devem ser realizados, utilizando casuística maior, para confirmar ou refutar tais
achados.
APOIO
Universidade Federal do Piauí, Prefeitura de Parnaíba e CNPq.
Palavras-chave: :perfil clínico-medicamentoso; síndrome metabólica; diabéticos-hipertensos.
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