Sistema de localização de faltas em redes de distribuição
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Sistema de localização de faltas em redes de distribuição
Sistema de localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica Célio F. Barbosa*, Rogério Botteon Romano, Flávio E. Nallin, Eduardo F. Costa, Danilo de Milano, Gustavo H. S. Ribas, Valdir Cardinalli Jr., Raphael N. Souza, Rômulo José Filho, Marcelo P. C. Alves e Leonardo F. Moura Este artigo apresenta um sistema para localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica, cujo funcionamento baseia-se na instalação de sensores em pontos estratégicos da rede. Esses sensores têm a capacidade de detectar faltas caracterizadas por curto-circuitos ou por ausência de tensão na rede primária e, posteriormente, enviar essas informações para o Centro de Operações Integradas (COI) da concessionária, onde um software especializado trata as mensagens recebidas e informa ao operador o trecho de rede onde ocorreu a falta. O artigo também descreve uma instalaçãopiloto composta por alimentadores urbanos da Região Metropolitana de Recife e por alimentadores rurais de Vitória de Santo Antão e apresenta os resultados preliminares obtidos. Palavras-chave: Rede de distribuição. Falta. Qualidade de energia. Smart grid. Introdução As redes de distribuição de energia elétrica operam, normalmente, em média tensão (classe de 15 kV) e são responsáveis por levar a energia desde as subestações de transformação até os transformadores de média ou baixa tensão instalados próximos dos consumidores. Essas redes se ramificam pelas ruas das cidades, resultando em uma topologia de razoável complexidade. No Brasil, as redes de distribuição são construídas majoritariamente em estruturas aéreas (postes), em razão de seu menor custo em comparação com redes subterrâneas. No entanto, a instalação aérea deixa a rede mais susceptível à ação de diversos agentes, causando falhas em sua operação. Essas falhas são usualmente designadas pelo termo "faltas", derivado do termo inglês fault (i.e., defeito). As causas mais comuns de faltas na rede de distribuição são abalroamento de postes por veículos, descargas atmosféricas e quedas de galhos de árvores e objetos na rede. A ocorrência de uma falta pode causar interrupção do fornecimento de energia elétrica, o que requer uma intervenção emergencial por parte da concessionária. O período de tempo decorrido desde a ocorrência da falta até o restabelecimento do fornecimento de energia é um fator crítico para a concessionária, que afeta a imagem da empresa, o faturamento do serviço e os indicadores monitorados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Esse período, que recebe a designação TMAE (tempo médio de atendimento a emergências), é composto por três parcelas: tempo de preparação (entre o conhecimento da existência de uma ocorrência e o instante de autorização para o deslocamento da equipe), tempo de deslocamento (entre o instante de autorização para o deslocamento da equipe até o instante da chegada ao local) e tempo de execução (entre o instante de chegada ao local da ocorrência até o restabelecimento do fornecimento de energia). Este artigo apresenta um sistema desenvolvido para reduzir o tempo necessário para localizar o defeito em redes de distribuição. O projeto foi executado pela Fundação CPqD e financiado pelo Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico regulado pela Aneel, com o apoio da Celpe (Companhia Energética de Pernambuco). Trata-se de um projeto da fase Cabeça de Série do processo de inovação tecnológica, cujos resultados da fase anterior foram divulgados por Ferreira e autores (2011). 1 Breve revisão do estado da técnica Para minimizar o TMAE, diversas técnicas são empregadas para localizar uma falta na rede de distribuição. Essas técnicas podem ser separadas em dois grupos, aqui designados como estimador e sinalizador. O primeiro grupo consiste na estimativa do local de ocorrência da falta através do processamento de sinais obtidos durante ou imediatamente após a falta, enquanto o segundo grupo se baseia na sinalização do trecho da rede onde ocorreu a falta. Entre as diversas técnicas utilizadas na estimativa do local de ocorrência da falta, destacam-se as técnicas baseadas (i) na medição da impedância da rede (GIRGIS; HART; PETERSON, 1992; SACHDEV; AGARWAL, 1988; SRINIVASAN; ST-JACQUES, 1989), (ii) na análise de ondas viajantes (ANCELL; PAHALAWATHA, 1994; MAGNAGO; ABUR, 1998; THOMAS et al., 1998) e (iii) na utilização de sistemas especialistas que utilizam redes neurais (CHEN; MAUN, 2000; EBRON; LUBKEMAN; WHITE, 1990; KANDIL et al., *Autor a quem a correspondência deve ser dirigida: [email protected]. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 2, p. 19-24, jul./dez. 2013 Sistema de localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica 2002). As vantagens e desvantagens das diversas técnicas utilizadas na estimativa do local da falta estão relacionadas à infraestrutura de instrumentação e comunicação disponível e à topologia das redes de distribuição. Borghetti e autores (2007) apresentam uma interessante comparação entre resultados obtidos pela técnica baseada na determinação do instante de chegada das ondas geradas pela falta com aqueles obtidos pelo processamento da tensão transiente gerada pela falta. Esse processamento utiliza a transformada wavelet para extrair, do sinal transitório, as frequências que caracterizam os diversos trechos da rede. Já as técnicas utilizadas na sinalização do trecho onde ocorreu a falta compreendem aquelas que (i) realizam apenas uma sinalização local (SCHWEITZER, 2008) e (ii) aquelas que transmitem a informação para o Centro de Operações Integradas (COI) da concessionária (SCHNEIDER ELECTRIC, 2013). As técnicas sinalizadoras se baseiam na instalação de sensores de corrente de curtocircuito ao longo da linha, de forma que esses sensores forneçam uma indicação visual quando submetidos a uma corrente elevada. Os sensores são suspensos no condutor ou instalados na estrutura e, no caso de sinalização local, sinalizam o local da falta por meio de uma bandeirola ou luz. Dessa forma, a equipe de manutenção segue o percurso indicado pelos sensores ativos. Após o restabelecimento do serviço, a equipe de manutenção tem de voltar aos sensores para desativar seu estado de alarme (reset). Uma evolução dessa técnica é representada por sensores que, além de fazer a sinalização local, são dotados também de um sistema de comunicação que possibilita que sua condição seja comunicada ao COI da concessionária. Assim, a equipe de manutenção dirige-se para o local provável da falta, e não tem mais de percorrer a linha desde a subestação. Além disso, os sensores podem ter seus estados de alarme desativados remotamente. A configuração usual desses sistemas sinalizadores conta com sensores instalados nos condutores (e.g., três sensores, para uma linha trifásica) e um concentrador instalado em um poste nas imediações. A comunicação entre os sensores e o concentrador geralmente é feita por um enlace rádio de curto alcance, enquanto a comunicação entre o concentrador e o COI é feita por um sistema de comunicação de longo alcance (e.g., General Packet Radio Service – GPRS). O sistema de localização de faltas em redes de distribuição (SLFRD) apresentado neste artigo se enquadra nesse último grupo e apresenta características inovadoras que, em seu conjunto, proporcionam um diferencial significativo em 20 relação a outros sistemas. Essas características são descritas ao longo deste artigo. 2 Descrição geral do SLFRD A Figura 1 apresenta uma vista geral do SLFRD, na qual os sensores instalados na estrutura monitoram a corrente e a tensão das fases. Por exemplo, caso ocorra um curto-circuito na rede, os sensores localizados a montante do curtocircuito detectam a corrente elevada e enviam essa informação para o concentrador, através de enlace rádio de curto alcance. O concentrador processa a informação recebida, elabora uma mensagem e a envia para o COI da concessionária através da rede de telefonia celular (GPRS). Em locais sem cobertura de telefonia celular, o concentrador é equipado com um rádio de longo alcance que se comunica com outro concentrador instalado em área com cobertura de telefonia celular. No COI, a mensagem recebida é tratada por um software proprietário e exibe um alarme na tela do servidor. Analisando os sensores que detectaram o curto-circuito e aqueles que não detectaram, é possível identificar o trecho de rede onde ocorreu o curto-circuito. Naturalmente, como ocorre com todos os indicadores de faltas, a resolução da indicação depende do número de sensores instalados na rede, i.e., quanto maior o número de sensores, menor o trecho indicado. Com base nas informações recebidas pelos sensores, o operador do COI despacha a equipe de manutenção diretamente para o trecho de rede onde ocorreu a falta. Figura 1 Diagrama funcional do SLFRD 3 Sensor 3.1 Funcionamento O sensor do SLFRD é equipado com dois transdutores, um de campo elétrico e outro de campo magnético, que monitoram a tensão e a corrente da rede, respectivamente. Os sinais captados dependem da posição dos transdutores em relação ao condutor e da presença de Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 2, p. 19-24, jul./dez. 2013 Sistema de localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica condutores vizinhos, o que faz com que a leitura obtida represente apenas uma estimativa das tensões e correntes envolvidas. Embora seja possível modelar com rigor uma instalação real para a obtenção de leituras precisas, essa precisão não é um requisito para a aplicação pretendida. De fato, para a detecção de faltas, basta identificar se a corrente ultrapassou um limite ajustado bem acima da corrente de carga e se, após a passagem dessa sobrecorrente, a rede está sem tensão. É muito importante que o sensor apresente um consumo muito baixo e possa ser alimentado por bateria durante muitos anos. No caso do SLFRD, foram selecionados componentes de baixo consumo e um modo de funcionamento que minimiza a duração dos estados ativos dos componentes. O dispositivo tem três estados de funcionamento: dormindo, acordado e ativo. No estado "dormindo", o microcontrolador fica inativo ou “dorme”, reduzindo o consumo do sensor para 40 A. Nessa condição, o único elemento ativo é um circuito cão-de-guarda (watch-dog timer), que inicia ou “acorda” o microcontrolador a cada 474 ms. No estado "acordado", o microcontrolador verifica os sinais em suas entradas analógicas e as compara com os níveis preestabelecidos. Se nenhum sinal tiver excedido o nível preestabelecido, o microcontrolador volta a “dormir”, até ser “acordado” novamente pelo circuito cão-de-guarda. O estado "acordado" dura 26 ms e o consumo do sensor é de 580 A. Se durante a verificação da linha for identificado que algum sinal ultrapassou o limite, o microcontrolador volta a ficar plenamente ativo e aciona o rádio para comunicação. Nesse estado, o sensor envia suas mensagens para o concentrador e fica ativo por algum tempo, esperando a resposta do concentrador. O estado "ativo" dura 26 segundos e o consumo médio do sensor é de 15 mA. Com essas características, o sensor apresenta um consumo médio de 68 A. Como ele está equipado com bateria de 2 Ah, a carga inicial da bateria permite uma autonomia de 3 anos e 4 meses. No entanto, o transdutor de campo magnético também é utilizado para captar energia do ambiente e recarregar a bateria (energy harvesting). Dessa forma, desde que a corrente da fase seja igual ou maior a 60 A, a autonomia da bateria é ilimitada. Conforme descrito, o sensor é ativado quando uma de suas entradas analógicas acusa um evento de interesse, como corrente elevada ou falta de tensão na rede. Além disso, o sensor também entra em estado ativo por vontade própria, para informar para o COI que ele está em serviço. Para a instalação-piloto, o intervalo de tempo entre essas transmissões voluntárias foi fixado em 6 horas. A Figura 2 ilustra os estágios de funcionamento do sensor. Dormindo: Consumo: 40 A Duração: 474 ms Frequência: 2 Hz Observando a linha: Consumo: 580 A Duração: 26 ms Frequência: 2 Hz Ativo: Consumo: 15 mA Duração: 26 s Frequência: a cada 6 horas Figura 2 Estados de funcionamento do sensor Consumo médio: 68 A 3.2 Implementação O sensor foi implementado com o microcontrolador PIC 16F1829 da Microchip e o rádio transceptor RXQ2 da Telecontrolli, que operava em 433 MHz. O transdutor de campo elétrico capta as correntes de deslocamento através de uma placa instalada no topo do sensor. Já o transdutor de campo magnético é formado por duas bobinas com núcleo de aço silício, as quais são dispostas perpendicularmente ao condutor. Essas bobinas são instaladas dentro do gabinete, cujas paredes são atravessadas pelo campo magnético de 60 Hz, praticamente, sem nenhuma atenuação. Por outro lado, campos magnéticos de alta frequência, como os produzidos por descargas atmosféricas, são fortemente atenuados. Essas e outras características de proteção do sensor contra os efeitos do ambiente eletromagnético são descritas por Barbosa e Nallin (2013). Os sinais captados pelos transdutores de campo são condicionados, retificados e fornecidos para as portas do conversor analógico-digital (AD) do microcontrolador. As constantes de tempo dos circuitos de condicionamento dos sinais analógicos foram compatibilizadas com as características das redes de distribuição. Em situações, por exemplo, em que o sensor só monitore a linha a cada 0,5 s, mesmo eventuais correntes de falta mais curtas que esse período podem ser detectadas, uma vez que o circuito analógico do sensor apresenta constantes de Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 2, p. 19-24, jul./dez. 2013 21 Sistema de localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica tempo de carga e descarga de 0,1 s e 3 s, respectivamente. Como os sensores trabalham na mesma frequência (433 MHz), foi implementado um algoritmo baseado na geração de um número aleatório para determinar seu momento de transmissão. Com isso, a probabilidade de colisão nas transmissões torna-se extremamente reduzida. Quando um dado sensor transmite uma mensagem e não recebe uma confirmação do concentrador, ele repete a transmissão até três vezes. Todo o conjunto foi acondicionado em uma caixa de alumínio de 57 x 125 x 80 mm, conforme Figura 3. Observa-se na figura que a antena do rádio foi instalada na parte inferior do gabinete e o transdutor de campo elétrico, na parte superior. A chapa vista na lateral direita serve para fixar o sensor na estrutura de distribuição e é presa pelo parafuso do isolador de pino. instalado em seu gabinete. A Figura 4 mostra o concentrador com o gabinete aberto, no qual se pode observar seus principais componentes. Além do rádio transceptor RXQ2 da Telecontrolli, ele dispõe também de um transceptor GPRS (GSControl) e um receptor GPS com antena integrada (RXM-GPS-SR). Em locais sem cobertura de sinal GPRS, o concentrador admite a instalação de um rádio transceptor (Digi Xtend XT09), que possibilita levar o sinal até um local com cobertura GPRS. Conforme Figura 4, o concentrador tem uma bateria de 5 Ah que proporciona uma autonomia de 30 horas em situações de falta de energia elétrica. Ele oferece também um indicador luminoso (LED de alta intensidade) que acende quando um dos sensores supervisionados pelo concentrador detecta uma falta. Figura 3 Vista lateral do sensor 4 Concentrador Figura 4 Concentrador do SLFRD O concentrador é instalado no mesmo poste em que foram fixados os sensores ou em outro poste situado em uma distância de até 100 m, desde que exista visada direta entre o concentrador e os sensores. Em uma configuração típica, um concentrador monitora três sensores, embora tenha capacidade para monitorar até 12 sensores. Esse recurso é útil quando se quer monitorar um ou mais ramais que derivam do alimentador da rede em pontos próximos. O concentrador é alimentado pela rede elétrica de baixa tensão, de forma que seu consumo de energia não é um fator crítico. Ele é mantido sempre ativo para detectar eventuais transmissões dos sensores. Uma vez captada a transmissão de um sensor, ele gera uma mensagem de recibo para o respectivo sensor e mantém o canal de comunicação ativo por 26 s. Durante esse período de tempo, é possível ajustar alguns parâmetros do sensor, como, por exemplo, o nível de corrente utilizado para detectar uma falta. A informação recebida pelo sensor é processada para compor uma mensagem a ser enviada ao COI. Essa mensagem inclui o "carimbo de tempo" (time stamp), com o horário em que ela foi gerada. Para isso, o concentrador conta com um receptor GPS (Global Positioning System) 22 5 Software de controle As informações enviadas pelos concentradores são tratadas e disponibilizadas por um software que opera em um servidor instalado no COI. Esse software oferece uma tela principal para o operador, em que as condições dos sensores são apresentadas de forma mnemônica. Os dados principais dos sensores são exibidos em forma de tabela (página principal), em que a situação de cada sensor é representada por um ícone, conforme Tabela 1. O alarme de falta significa que o respectivo sensor detectou uma falta e manterá essa indicação até que a tensão de serviço seja restabelecida. O alarme sem tensão indica que a rede está sem tensão, embora não tenha sido detectada uma falta. Pode ser o caso, por exemplo, da ruptura de um condutor que não gerou uma corrente elevada. Esse tipo de evento é conhecido como "falta de alta impedância" e é muito difícil de ser detectado pelos relés de proteção. A indicação de sensor morto significa que não foi recebida nenhuma comunicação voluntária do sensor durante o período de tempo esperado. Por exemplo, no teste-piloto foi estabelecido que cada sensor deve reportar seu estado a cada 6 Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 2, p. 19-24, jul./dez. 2013 Sistema de localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica horas e, se em um período de 24 horas não houver comunicação de um dado sensor, ele será classificado como "morto". A indicação de sensor normal significa que o sensor está funcionando normalmente e não detectou nenhuma anormalidade na rede. A ordem em que os sensores aparecem na Tabela 1 corresponde à ordem em que eles aparecem na tela principal do software do SLFRD, i.e., o operador visualiza no topo da tela os alarmes de falta, seguidos dos alarmes sem tensão e dos sensores mortos. Dessa forma, os sensores com alarme ativado são sempre disponibilizados para o operador do COI. Em uma tela auxiliar, o operador tem acesso às leituras dos sensores, suas respectivas datas de aquisição e o nível de carga das baterias. Essa tela permite também selecionar os dados por período de tempo, para uma análise detalhada do comportamento da rede. Tabela 2 Alimentadores da instalação-piloto Subestação Alimentador N. de Pontos Bongi 01M2/BGI 1 Ilha do Retiro 01L4/ILR 1 Imbiribeira 01I9/IBR 1 Boa Vista 01C7/BVA 1 Olinda 01N2/OLI 2 Santo Amaro 01M6/STA 2 Tamarineira 01F5/TAM 2 01C1/VSA 3 01C2/VSA 6 01C5/VSA 1 Vitória de Santo Antão Tabela 1 Ícones dos sensores Ícone Significado Alarme de Falta Vermelho Alarme Sem Tensão Amarelo Sensor Morto Cinza Sensor Normal Verde 6 Instalação-piloto Na implantação da instalação-piloto do SLFRD, foram produzidos 20 conjuntos, cada um composto de um concentrador e três sensores, totalizando 20 concentradores e 60 sensores. Esses conjuntos foram produzidos pela Já! (empresa do Universo CPqD), sob a orientação do CPqD. A instalação-piloto foi planejada para duas localidades: Região Metropolitana de Recife e Vitória de Santo Antão. No Recife, foram selecionados sete alimentadores de distribuição localizados em região urbana, enquanto em Vitória de Santo Antão foram selecionados três alimentadores localizados em área rural. A Tabela 2 mostra as subestações, os alimentadores e o número de pontos de supervisão por alimentador. A Figura 5 mostra o trajeto do alimentador 01C7/BVA e o local de instalação do concentrador C4 e dos sensores 16, 17 e 18. A instalação desses sensores na estrutura é ilustrada na Figura 6. Figura 5 Alimentador 01C7/BVA e ponto do SLFRD O cronograma da instalação-piloto prevê que a ativação dos 60 sensores será concluída em janeiro de 2014. Os sensores já instalados estão reportando seus dados regularmente, conforme previsto. Os níveis de tensão das baterias dos sensores estão estáveis e, em alguns pontos, o ligeiro aumento da tensão da bateria indica que deve estar ocorrendo sua recarga. Figura 6 Sensores do SLFRD instalados na estrutura de distribuição em Boa Vista Foram também observadas algumas indicações errôneas de falta de tensão por parte dos sensores instalados na Ilha do Retiro. Essa falha, provavelmente, deve-se ao fato de a instalação ter sido feita em estrutura com circuito duplo, o que afeta a leitura de tensão do sensor. A correção do problema consiste na redução do Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 2, p. 19-24, jul./dez. 2013 23 Sistema de localização de faltas em redes de distribuição de energia elétrica limiar utilizado para o alarme de tensão. Esse e outros eventos observados durante a operação da instalação-piloto serão muito importantes para o aprimoramento do SLFRD. Conclusão O sistema de localização de faltas na rede de distribuição apresenta grande aplicabilidade nas redes de distribuição de energia elétrica, em um momento em que as concessionárias buscam dotar suas redes com dispositivos inteligentes para prover informações em tempo real para o COI. Entre as diversas características inovadoras do SLFRD, destaca-se a estimativa de correntes e tensões através da detecção remota dos campos eletromagnéticos gerados pela linha, assim como da sinalização de eventos localmente e no COI. Em particular, cabe ressaltar que a detecção de falta de tensão permite que o SLFRD sinalize a ocorrência de faltas de alta impedância, as quais normalmente não são detectadas pelos relés de proteção e podem representar sérios riscos de choque elétrico à população. Essas e outras características inovadoras do SLFRD estão protegidas por pedido de patente depositado no INPI (BARBOSA; NALLIN, 2011). Referências ANCELL, G. B.; PAHALAWATHA, N. C. 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These sensors can detect faults such as short circuit or lack of voltage in the primary circuit, in addition to sending later the information to the utility's network operating center. A specialyzed software installed at the operating center handles the messages received from the sensors and informs the faulty line section to the operator. The paper describes also a pilot Iistallation involving urban feeders of Recife's Metropolitan Region and rural feeders of Vitória de Santo Antão, as well as the preliminary results obtained. Key words: Distribution line. Fault. Power Quality. Smart Grid. 24 Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 2, p. 19-24, jul./dez. 2013