Resolução Ciclo Simulado dia 1 - Alfa Rosa

Transcrição

Resolução Ciclo Simulado dia 1 - Alfa Rosa
GRUPO
Dia 1 – Português
EX
Questão 1:
a) Tratar os heterônimos de Fernando Pessoa como se fossem subsidiárias de uma empresa ou de uma
marca, reduzindo o ser humano a um objeto a ser explorado economicamente, em um processo de
reificação, além de despertar o riso a partir do absurdo, pretende criticar os indesejáveis resultados da
abusiva e avassaladora tendência de fundir empresas e reduzir seu tamanho, em especial substituindo os
funcionários fixos pela mão de obra mais barata dos países periféricos. Esses procedimentos, apesar de
elevarem a competitividade das empresas, desconsideram todos os impactos sociais e individuais,
reforçando a tendência à desumanização no mundo contemporâneo.
b) Drummond não foi um criador de outros poetas, como fez Pessoa com seus heterônimos. Como o texto
trata as questões literárias na perspectiva do mundo dos negócios, haveria uma competição entre Pessoa e
Drummond, dois dos maiores poetas da língua portuguesa no século XX. Assim, seria mais fácil
“administrar” um poeta do que vários, o que faria Drummond ter uma vantagem competitiva sobre
Pessoa.
Questão 2:
a) O propósito do texto é seduzir a interlocutora, identificada pelo vocativo “Morena dos olhos d'água”. Para
atingir seu propósito, os apelos característicos da função conativa são reforçados pelos sentimentos
amorosos que o eu lírico diz nutrir pela interlocutora. O eu lírico não só apela diversas vezes para a amada,
por meio da reiteração do vocativo e de diversos verbos no imperativo, convidando-a a desistir da
angustiada espera pelo companheiro anterior e a abrir-se para desfrutar do carinho que o eu lírico lhe
oferece, como também expõe seus sentimentos amorosos, enfatizando sua generosidade e constância.
b) Na primeira estrofe, são exemplos de traços da função conativa o vocativo “Morena dos olhos d'água” e
os imperativos “tira” e “vem”. Os versos finais “O sorriso que eu tenho / Pra lhe dar” contêm exemplos de
tra-ços da função emotiva, pois remetem aos sentimentos do eu lírico: generosidade e alegria.
Questão 3:
a) Respostas possíveis:
consiste na troca de palavras;
consiste no uso de uma expressão por (no lugar de) outra;
consiste em usar palavras diferentes (mais brandas) para dizer a mesma coisa.
b) Respostas possíveis:
com a intenção de enganar, de esconder a realidade, de disfarçar;
com a intenção de não revelar a verdade nua e crua;
com a intenção de atenuar (diminuir) o choque que produziria a revelação transparente da realidade.
Observação: Como se trata de prova de língua portuguesa, seria conveniente que o aluno empregasse
termos da nomenclatura linguística. No caso de “questão servil”, “maus-tratos” e “regime autoritário”, seria
apropriado o emprego do termo “eufemismo”. O interessante é que, geralmente, o eufemismo tem uma
finalidade “caridosa” (poupar constrangimento ao interlocutor). Neste contexto, porém, ele é empregado para
ocultar uma realidade cruel e vergonhosa, em proveito do enunciador. No caso de “líder cubano” e “ditador
espanhol” temos o uso de “chavão, clichê ou lugar-comum”.
Questão 4:
a) A partir do substantivo forca, forma-se o verbo enforcar por derivação parassintética (prefixo e sufixo são
agregados simultaneamente à base forca). O verbo enforcar, por meio de derivação sufixal, forma o
substantivo enforcamento, o qual, por derivação prefixal, dá origem ao substantivo desenforcamento.
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CICLO DE SIMULADOS
ANGLO VESTIBULARES
b) O prefixo in- acrescenta ao adjetivo feliz o sentido de negação, de privação. Infeliz é aquele que não é
feliz, aquele para quem falta felicidade, aquele que é privado de felicidade.
Já o prefixo des-, segundo as palavras do articulista, inverte significados e institui um mundo às avessas:
desfeliz, portanto, é aquele que retrocedeu de um estado de felicidade ao de infelicidade, aquele que teve
a felicidade outrora experimentada convertida em infelicidade. Em outros termos, desfeliz põe em
evidência a perda de um estado anterior de felicidade, causada pelo rompimento do namoro (o
desnamoro).
Questão 5:
a) O texto tem início com o termo “Alô?”, típico do gênero “conversação telefônica”. Isso já indica que a
comunicação ocorre por meio da linguagem falada, traduzida para a linguagem escrita no anúncio. Há
elementos típicos da oralidade no fragmento, indicando hesitação, recordação, ênfase, etc., como “né?”,
“sei lá...”, “Ah!”, “Ô, pai!”, “Vai... vai”.
b) A variante de linguagem empregada é a informal: o garoto fala ao pai em tom espontâneo,
descomprometido. Há diversas marcas de informalidade no texto, como o emprego de diminutivos
afetivos (“arzinho”, “tadinha”), gírias (“mana”), desvios de regência (“o lugar que nós moramos” em vez
de o lugar em que nós moramos), emprego de “a gente” no lugar de “nós” (“a gente pratica um monte de
esportes”), seleção lexical imprecisa (“um monte”), etc.
Questão 6:
a) Na resposta, basta indicar o termo “piscado”.
b) O comentário deve levar em conta que a passagem indica a variedade linguística registrada e sua
modalidade de produção. Espera-se, assim, que o aluno aponte tratar-se da manifestação oral de uma
variedade sertaneja do Português.
Questão 7: a) Em Memórias de um sargento de milícias, o narrador posiciona-se de maneira fortemente negativa em
relação ao caboclo (descrito como sujo e pouco confiável) e à forma religiosa que ele pratica – tratada
como mera superstição moldada para enganar as pessoas. Já o narrador de Capitães da areia apresenta a
mãe de santo Don’Aninha de maneira muito positiva, mostrando-a como uma religiosa séria, digna e
protetora dos mais necessitados.
b) Em Memórias de um sargento de milícias, o narrador ironiza os que se valiam dos préstimos do caboclo da
casa do mangue, atribuindo a eles características de ingenuidade por acreditarem em “feitiçarias”. É de
notar que a ironia atinge os pobres e os ricos que frequentavam a casa do mangue. Já o narrador de
Capitães da areia apresenta os protegidos da mãe de santo como explorados e oprimidos. No contexto do
romance, percebe-se que essa opressão é levada a cabo pela sociedade burguesa, apresentada como
excludente e cruel.
Questão 8: a) O trecho revela a influência do determinismo. A personagem Rita Baiana é conduzida de acordo com as
características da sua raça (“o sangue da mestiça”). Era comum na época acreditar-se que algumas raças
eram superiores a outras. Rita Baiana, sendo mestiça, trazia a mistura de duas raças. Então, ela deixa de
lado o homem da raça inferior para unir-se ao de raça superior: o português, branco (“reclamou os seus
direitos de apuração”). É evidente que é uma visão racista, negada pela ciência de hoje. No entanto,
Aluísio, na obra, revela as concepções de sua época.
b) A orientação doutrinária aqui é também determinista, pois “Cedendo às imposições mesológicas” revela o
homem sucumbindo às imposições de seu meio. Jerônimo, vivendo agora entre brasileiros, abrasileira-se,
ou seja, não tem forças para resistir a algo maior do que o seu livre-arbítrio: o meio social.
Questão 9: a) O narrador repete insistentemente a expressão “pé” para indicar o defeito físico de Eugênia, que era
manca.
b) Brás Cubas resolveu retornar à casa paterna e abraçar a carreira e a noiva escolhidas, fugindo assim de um
compromisso com Eugênia, de quem conseguira arrancar um beijo. Embora não explicite os motivos que o
levaram a abandonar a moça, as insistentes recorrências à expressão “pé” indicam que o fato de Eugênia
ser manca pesou muito em sua decisão final.
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CICLO DE SIMULADOS
GRUPO EX — 10/2015
Questão 10: a) A Fazenda das Palmas explora o trabalho escravo, mas, contrariamente ao que se poderia pensar de início,
as relações de trabalho neste espaço são representadas de maneira positiva, marcadas pela harmonia e
pela satisfação das partes envolvidas. Na passagem transcrita, vê-se como os negros reverenciam os filhos
de seu próprio senhor.
b) Se no romance Til os escravos são apresentados de maneira harmoniosa, aparentemente bem tratados e
satisfeitos com a sua própria condição, em Memórias póstumas de Brás Cubas mostra-se um pouco da
opressão a que essa classe social estava sujeita nas mãos dos seus senhores. Basta lembrar a forma como
Brás Cubas, quando criança, maltratava Prudêncio, o escravo de sua casa.
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