AGRUPAMENTO EDUCOR CORUCHE

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AGRUPAMENTO EDUCOR CORUCHE
AGRUPAMENTO EDUCOR
CORUCHE
Datas da visita: 2-3-4 de Maio de 2007
I - Introdução
A Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação
pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a auto-avaliação e para a
avaliação externa. Por sua vez, o programa do XVII Governo Constitucional estabelece o lançamento de um
“programa nacional de avaliação das escolas básicas e secundárias que considere as dimensões fundamentais
do seu trabalho”.
Após a realização de uma fase piloto, da responsabilidade de um Grupo de Trabalho (Despacho conjunto n.º
370/2006, de 3 de Maio), a Senhora Ministra da Educação incumbiu a Inspecção-Geral da Educação de
acolher e dar continuidade ao processo de avaliação externa das escolas. Neste sentido, apoiando-se no
modelo construído e na experiência adquirida durante a fase piloto, a IGE está a desenvolver esta actividade.
O presente relatório expressa os resultados da avaliação externa do Agrupamento Educor, Coruche,
realizada pela equipa de avaliação que visitou a escola em 2, 3 e 4 de Maio de 2007.
Os diversos capítulos do relatório — caracterização da unidade de gestão, conclusões da avaliação, avaliação
por domínio-chave e considerações finais — decorrem da análise dos documentos fundamentais da escola, da
apresentação de si mesma e da realização de múltiplas entrevistas em painel.
Espera-se que o processo de avaliação externa fomente a auto-avaliação e resulte numa oportunidade de
melhoria para a escola, constituindo este relatório um instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao
identificar pontos fortes e pontos fracos, bem como oportunidades de desenvolvimento e constrangimentos, a
avaliação externa oferece elementos para a construção ou o aperfeiçoamento de planos de melhoria e de
desenvolvimento de cada agrupamento em articulação com a administração educativa e com a comunidade
em que se insere.
A equipa de avaliação congratula-se com a atitude de colaboração demonstrada pelas pessoas com quem
interagiu na preparação e no decurso da avaliação.
O texto integral deste relatório, bem como um eventual contraditório apresentado pela escola, será
oportunamente disponibilizado no sítio internet da IGE (www.ige.min-edu.pt).
Escala de avaliação utilizada – níveis de classificação dos cinco domínios
Muito Bom - A escola revela predominantemente pontos fortes, isto é, o seu desempenho é mobilizador e evidencia
uma acção intencional sistemática, com base em procedimentos bem definidos que lhe dão um carácter sustentado e
sustentável no tempo. Alguns aspectos menos conseguidos não afectam a mobilização para o aperfeiçoamento
contínuo.
Bom - A escola revela bastantes pontos fortes, isto é, o seu desempenho denota uma acção intencional frequente,
relativamente à qual foram recolhidos elementos de controlo e regulação. Alguns dos pontos fracos têm impacto nas
vivências dos intervenientes. As actuações positivas são a norma, mas decorrem frequentemente do empenho e
iniciativa individuais.
Suficiente - A escola revela situações em que os pontos fortes e os pontos fracos se contrabalançam, mostrando
frequentemente uma acção com alguns aspectos positivos, mas pouco determinada e sistemática. As vivências dos
alunos e demais intervenientes são empobrecidas pela existência dos pontos fracos e as actuações positivas são
erráticas e dependentes do eventual empenho de algumas pessoas. As acções de aperfeiçoamento são pouco
consistentes ao longo do tempo.
Insuficiente - A escola revela situações em que os pontos fracos ultrapassam os pontos fortes e as vivências dos
vários intervenientes são generalizadamente pobres. A atenção prestada a normas e regras tem um carácter
essencialmente formal, sem conseguir desenvolver uma atitude e acções positivas e comuns. A capacidade interna de
melhoria é muito limitada, podendo existir alguns aspectos positivos, mas pouco consistentes ou relevantes para o
desempenho global.
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II – Caracterização da Unidade de Gestão
O Agrupamento Educor está sediado na freguesia de Santo Antonino, em Coruche, distrito de Santarém,
perto da Escola Secundária com 3.º ciclo do Ensino Básico de Coruche — onde funcionam os Cursos de
Educação e Formação (CEF) e o Centro de Formação de Associação de Escolas (CFAE) de Coruche — e do
complexo desportivo municipal. O agrupamento entrou em funcionamento, com a configuração actual, em
2004. Anteriormente, existia já um agrupamento vertical de escolas, sem abranger todo o concelho. Este tem
ainda a Escola Básica Integrada com Jardim de Infância do Couço e a Escola Profissional de Coruche, de
gestão privada.
O parque escolar está em remodelação. As 14 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico (1.º CEB) — Azerveira,
Biscainho, Erra, Fajarda, Foros da Branca, Foros do Rebocho, Lamarosa, Azervadinha, Coruche n.º 1, Coruche
n.º 2, Santana do Mato, Vale Mansos, Valverde, Vale de Cavalos — ocupam geralmente edifícios antigos, com
logradouros pouco extensos, de piso de areia. Dispõem de locais adaptados para refeições, com cozinhas
improvisadas e sem as infra-estruturas exigíveis, e, uma delas, tem biblioteca inserida na Rede de Bibliotecas
Escolares. As escolas de dimensão mais reduzida têm vindo a ser desactivadas, prevendo-se que esse
movimento continue ainda nos próximos anos. Entretanto a regra é a constituição de turmas com mais de um
ano de escolaridade.
Os 11 jardins-de-infância (JI) — Vale de Cavalos, Biscainho, Branca, Quinta do Lago, Erra, Fajarda, Foros de
Coruche, Lamarosa, Santana do Mato, Santo Antonino, Vale de Mansos — ocupam salas das escolas do 1º
CEB, ou espaços adaptados, com a excepção do Jardim-de-Infância da Lamarosa, o único criado de raiz, com
arquitectura própria para a função.
O campus da escola sede — Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos (EB2,3) Dr. Armando Lizardo — ocupa uma
área vasta, com pequenas partes arborizadas e ajardinadas, mas também de matagal, e campos para práticas
desportivas. Os espaços externos de circulação têm piso irregular. A parte edificada é composta por um bloco
central, um ginásio e balneários, todos eles em estado de conservação e manutenção bons. O conforto
acústico e visual é razoável. Para além dos espaços normais de funcionamento de salas de aula, o
estabelecimento possui salas específicas para Ciências da Natureza, Educação Visual e Tecnológica e
Informática. Há ainda salas de reunião, projecção, gabinetes de trabalho, cantina, bufete, papelaria e sala da
associação de estudantes. A Biblioteca (Centro de Recursos) é pequena. O equipamento das salas, sem ser
rico, é adequado às funções. Há rede wireless. O orçamento é insuficiente para a remodelação de instalações
e a aquisição de equipamentos.
O corpo docente do agrupamento é estável. Cerca de 90% dos professores pertence ao quadro, a
distribuição por classes etárias é equilibrada (70% dos professores tem entre 30 e 50 anos), o ratio é de um
professor para 11,3 alunos. O pessoal não docente é suficiente e assegura os serviços de retaguarda de modo
satisfatório: os Serviços de Administração Escolar têm colaboradores na proporção de um para cada 172
alunos; os auxiliares de acção educativa, um para cada 29 alunos, mantêm a higiene dos espaços e,
sobretudo, asseguram a vigilância e apoio aos alunos; a psicóloga dá resposta suficiente às necessidades de
apoio psico-pedagógico e orientação escolar e vocacional, graças à colaboração dos técnicos do Centro de
Saúde e às psicólogas e assistentes sociais da Caritas.
O agrupamento tem 1500 alunos. Destes, 272 frequentam a educação pré-escolar, divididos por 15 grupos,
689 o 1.º CEB, divididos em 36 turmas, 315 o 2.º CEB, divididos em 14 turmas, e 224 o 3.º CEB, em 11
turmas. Há uma turma de percurso alternativo. Os alunos com necessidades educativas especiais
permanentes (NEE), com patologias comprovadas medicamente, são cerca de 5; outros 36 têm PEI (Projecto
Educativo Individual) e PE (Programa Educativo), em virtude de dificuldades de aprendizagem com origem
social ou insuficiências pessoais minimizáveis ou ultrapassáveis previsivelmente no decurso da escolaridade. O
abandono escolar tem vindo a ser minimizado. A maioria dos alunos pretende fazer prosseguimento de
estudos, ainda que numa escola profissional. Há, neste momento, algumas dezenas de candidatos à
frequência de Cursos de Educação e Formação (CEF). A diversidade linguística não tem significado. A
comunidade cigana, com a sua especificidade cultural, é relevante, pois ronda a casa das 9 dezenas de
utentes. No ano de 2006/2007, 387 alunos (329 no escalão A e 58 no escalão B) solicitaram apoio financeiro.
Existe uma "Associação de Estudantes" com iniciativas próprias.
O ambiente próximo caracteriza-se por falta de dinamismo económico global, tem apenas duas unidades
agro-industriais com dimensão assinalável e um sector emergente de silvicultura, que tem vindo a
complementar e até a substituir os sectores agrícolas tradicionais de produção pecuária, tomate e arroz. A
estrutura agrária é de latifúndio e pequena propriedade. O emprego sazonal tem um peso significativo na
região, e o desemprego está acima da média nacional. Predominam os empregados do comércio e serviços,
mas os trabalhadores de produção são muito numerosos: 22% no sector primário e 20% no sector
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secundário. As expectativas relativamente ao sucesso escolar dos educandos são baixas. Estes factores geram
desequilíbrios na estrutura de classes sociais e não são particularmente favoráveis para a fixação de jovens
qualificados. Demograficamente, é uma região em recessão e envelhecimento. O estrato social e o grau de
instrução dos pais dos alunos são predominantemente baixos, com uma taxa de analfabetismo de cerca de
20% e a grande maioria das famílias com habilitações entre o 1.º e o 2.º CEB. Em suma, o agrupamento
serve uma população bastante heterogénea, desfavorecida em termos económicos, com uma experiência
escolar curta ou mal sucedida, sujeita à dispersão e ao isolamento, obrigando a uma logística complicada, no
respeitante aos transportes escolares.
A escola acolhe as iniciativas da autarquia, dos encarregados de educação — tem duas Associações de Pais e
Encarregados de Educação (APEE) — e dos alunos e coopera com organizações públicas — com a Câmara
Municipal de Coruche, na organização das actividades de enriquecimento curricular (AEC) e outros
complementos curriculares, e com o Centro de Saúde de Coruche — e privadas — com relevo para a Caritas —
, para prestação de serviços complementares aos alunos.
III – Conclusões da avaliação
1. Resultados
Suficiente
As classificações atribuídas estão acima da média nacional nos 4º, 6º, 7º e 9º Anos e abaixo nos 2º, 3º, 5º
e 8º Anos. Os resultados nos exames de Língua Portuguesa estão alinhados com a média nacional, mas em
Matemática estão cerca de 10% abaixo daquela. A correlação entre as classificações internas de frequência e
as classificações externas é discrepante, porventura pelos critérios de avaliação adoptados serem pouco
específicos e darem um peso muito grande à componente atitudinal. As provas de aferição interna só estão
implementadas em algumas disciplinas. O abandono escolar é de cerca de 2%.
O clima da escola é bom. A cultura organizacional não tem traços distintivos relevantes. Os alunos da escola
sede não manifestaram identificação e compromisso com aquela. A participação dos alunos na vida da escola
faz-se através da Associação de Estudantes e a dos delegados nos conselhos de turma e não há qualquer
plano formal que os envolva sistematicamente na discussão dos problemas. O agrupamento não tem
problemas significativos de insegurança ou indisciplina. Está orientado para o prosseguimento de estudos,
mas não mostrou procedimentos planeados para valorizar a obtenção da melhoria dos resultados académicos.
2. A prestação do serviço educativo
Suficiente
É objectivo do Projecto Educativo de Escola a articulação curricular entre todos os ciclos de ensino. Há um
sistema de diagnósticos e estudo dos processos individuais dos alunos que sustenta a formação de turmas. O
planeamento das actividades de aprendizagem está a cargo, sobretudo, dos departamentos curriculares. As
aulas e actividades de substituição foram objecto de decisões dos órgãos competentes. Os alunos do 9.º ano
recebem orientação do Serviço de Psicologia e Orientação. A prática lectiva é supervisionada de forma muito
indirecta. A escola responde razoavelmente às necessidades dos alunos com dificuldades de aprendizagem. O
Plano de Acção da Matemática estabeleceu uma sala de estudo e, nas disciplinas de Matemática, Português e
Inglês, organizaram-se apoios pedagógicos em grupos pequenos.
Os currículos disponíveis são os regulares do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e uma turma com percurso
alternativo. Não há oferta de cursos orientados para a vida activa. O agrupamento está a desenvolver
diversas actividades e projectos de âmbito pedagógico e desportivo, oportunidades de se valorizarem saberes
e aprendizagens para além do currículo formal. O ensino experimental e o acesso às TIC não constituem um
ponto forte do agrupamento nem é evidente a relação entre o ensino e a avaliação.
3. A organização e gestão escolar
Bom
Os documentos orientadores da vida da escola identificam os problemas e objectivos e são coerentes entre
si. O Projecto Educativo adoptou como objectivo estratégico o desenvolvimento do agrupamento como um
espaço cultural que promova o sucesso escolar, proporcionando aos alunos a frequência de actividades extralectivas de índole cultural, artística e tecnológica, baseadas em interesses dominantes. Há dificuldades em
encontrar espaços para dinamizar actividades e projectos que se desenrolem para além dos tempos lectivos.
O objectivo de obtenção do sucesso académico é perseguido mais visivelmente pelos docentes do 1.º ciclo.
Estão a ser feitas ou planeadas provas de aferição interna ao nível da Língua Portuguesa e Matemática. As
actividades de ocupação plena dos tempos escolares dos alunos foram objecto de definição de critérios de
distribuição do serviço, mas os alunos não estão satisfeitos com as situações educativas criadas, salvo quando
estas são aulas de substituição da mesma disciplina.
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A rotatividade baixa facilita a gestão de recursos humanos. A distribuição do serviço é feita criteriosamente.
Os colaboradores mostram satisfação com o modo como são dirigidos. A assiduidade tem vindo a melhorar
progressivamente. O conselho executivo mantém uma relação próxima com os docentes e funcionários. Há
algumas boas práticas de gestão em aspectos como a definição de áreas de responsabilidade, a ligação entre
as unidades do agrupamento ou a integração dos professores nas escolas.
O campus escolar da EB2,3 tem partes ajardinadas, mas outras não tratadas, faltando espaços exteriores
apetecíveis para o convívio e recreio dos alunos. Os edifícios têm manutenção e conservação cuidadas. O
parque do pré-escolar e 1.º ciclo é heterogéneo, geralmente com espaços exteriores pouco adequados. O
equipamento é escasso, mas adequado. Uma das escolas de 1.º ciclo tem a sua biblioteca integrada na Rede
de Bibliotecas Escolares.
O orçamento de despesa com compensação em receita não possibilita obras de melhoria das instalações,
aquisição de equipamentos ou pagar a formação externa desejada.
As Associações de Pais e Encarregados de Educação (APEE), a Câmara Municipal de Coruche, as sete Juntas
de Freguesia abrangidas, o Centro de Saúde e a Caritas articulam-se facilmente com os órgãos de
administração. Esta última permitindo acções de acompanhamento de alunos e famílias em risco por técnicos
sociais.
4. Liderança
Suficiente
O Conselho Executivo centraliza as decisões casuísticas sobre o desenvolvimento de toda a actividade do
agrupamento, resolve os problemas correntes, é facilitador das iniciativas individuais dos colaboradores e é
bem aceite pela comunidade educativa. A sua presidente está muito motivada para encetar um processo de
mudança, mas não é claro que tenha conseguido motivar o pessoal para isso. De um modo geral, os
coordenadores revelam profissionalismo na realização das suas tarefas, mas não se mostrou claramente a sua
capacidade de motivação e mobilização da comunidade educativa para a obtenção de objectivos comuns. No
seio da comunidade escolar, encontram-se indícios contraditórios relativamente à adesão à inovação. Certo é
que houve abertura para a adesão às propostas difundidas pelo sistema educativo, como o Plano Nacional da
Leitura, o Plano da Matemática e o programa de Promoção e Educação para a Saúde (PES).
Os Serviços de Administração Escolar ainda não implementaram o atendimento personalizado.
A dinâmica de articulação com a comunidade local permitiu estabelecer colaborações proveitosas com as
autarquias, com o Centro de Saúde e com a Caritas.
5. Capacidade de auto-regulação e melhoria do agrupamento
Suficiente
Não há qualquer comissão de auto-avaliação. Há relatórios anuais feitos com base noutros que todos os
professores e estruturas apresentam regularmente e na comparação de resultados obtidos identificando
pontos fortes e áreas de melhoria, que o Conselho Executivo apresenta à Assembleia do Agrupamento. Este
reúne algumas condições para progredir, como sejam o bom clima e a capacidade de liderança das
presidentes dos órgãos. Nota-se um esforço para suster e inverter as dinâmicas de pobreza e de exclusão
social geradoras de insucessos, bem como a vontade de ir clarificando a estratégia, ajustar a estrutura à
estratégia e introduzir progressivamente inovações pedagógicas e organizacionais.
IV – Avaliação por domínio-chave
1. Resultados
1.1 Sucesso académico
O agrupamento recebe alunos que, na sua maioria, são oriundos de classes sociais sem tradição de
escolaridade, portanto com expectativas baixas de sucesso escolar e carreira de estudos prolongada. O 1.º
CEB tem resultados abaixo da média nacional, excepto no 4.º Ano; o 2.º CEB tem resultados abaixo da média
nacional no 5.º Ano, mas acima no 6.º; o 3.º CEB está acima da média nacional no 7º e 9º Anos, mas abaixo
no 8.º Ano. O número de retenções no 2.º Ano é particularmente elevado. Os resultados da avaliação dos
índices de desenvolvimento corporal, medidos pelos professores de Educação Física, são muito satisfatórios.
Os resultados nos exames de Língua Portuguesa estão alinhados com a média nacional, mas em Matemática
estão cerca de 10% abaixo daquela. A correlação entre as classificações internas de frequência (CIF) e as
classificações externas (CE) mostra uma discrepância pouco superior a 10% em Língua Portuguesa. Em
Matemática, apesar do aproveitamento ser de apenas 56%, há uma falta de correlação entre as classificações
interna e externa de quase 30%, o que se justifica pelos critérios de avaliação adoptados. Estes são pouco
específicos, não se distinguindo claramente, por exemplo, entre conhecimento memorizado e aplicação desse
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conhecimento à resolução de problemas, e têm um peso de 30% atribuído às atitudes, na média ponderada,
que, por sua vez, se repercutem presumivelmente nos resultados de aprendizagem. Não há ainda indicações
seguras das provas de aferição interna, que só estão implementadas em algumas disciplinas, como a
Matemática, e ciclos, como o 1.º CEB, mesmo assim, sem estarem vinculadas a unidades didácticas ou
abrangerem todas as turmas.
O abandono escolar é de cerca de 2%, sobretudo fruto de um traço cultural típico da comunidade cigana, o
nomadismo, que gera também absentismo.
Os órgãos de gestão estão conscientes dos resultados baixos, mas não tornaram evidente a existência de
uma estratégia clara de promoção da melhoria nesse campo. Nota-se o cuidado com a estruturação dos
apoios pedagógicos, capazes de minimizar as aprendizagens deficitárias, com despiste dos alunos menos
integrados nos currículos regulares ou em risco de abandono e com a organização duma turma de percursos
alternativos, nos termos do Despacho Normativo nº 1/2006, de 6/1.
1.2 Participação e desenvolvimento cívico
O clima do agrupamento é bom, havendo respeito generalizado pela autoridade dos profissionais e pela
personalidade dos colegas. A cultura organizacional não tem traços distintivos com relevo. Os alunos da escola
sede não manifestaram insatisfação com o facto de a frequentarem, mas também não mostraram
identificação e compromisso com esta. A participação dos alunos na vida daquela escola faz-se através da
Associação de Estudantes e dos delegados nos conselhos de turma. Colaboram ainda na organização de
actividades ocasionais de solidariedade social sob orientação de professores. A instituição não tem qualquer
plano formal que os envolva de forma sistemática na discussão dos problemas do agrupamento ou que
recolha a sua opinião ou sugestões. Todavia são unânimes em afirmar a disponibilidade do órgão de gestão do
agrupamento para os receber sempre que eles os procuram para exporem propostas ou questões que os
preocupam. O apoio dispensado à criação e manutenção de uma Associação de Estudantes incluiu a atribuição
de um espaço próprio na sala de convívio e equipamentos tecnológicos áudio e vídeo, que os alunos gerem
autonomamente. As relações informais, facilitadas pelo clima pacífico, permitem um acréscimo de
participações efectivas.
1.3 Comportamento e disciplina
Na opinião dos diversos actores, o agrupamento não tem problemas significativos de insegurança ou
indisciplina. As regras de comportamento estão definidas, são divulgadas no início do ano e, regra geral, são
cumpridas. Os comportamentos desviantes são em número diminuto e pouco graves, ocorrendo sobretudo
nos alunos do 2.º CEB.
Este ambiente positivo poderá ser resultado do investimento que o agrupamento tem feito no sentido da
valorização do conhecimento de atitudes, valores e códigos de conduta pelos alunos, sobretudo de respeito
pelo outro, e que são considerados com grande peso na avaliação dos resultados escolares.
Os docentes fazem notar que as expectativas baixas, a pobreza da dinâmica cultural do meio e a falta de
autonomia no processo de aprendizagem são obstáculos à maximização dos rendimentos individuais dos
alunos.
1.4 Valorização e impacto das aprendizagens
Há documentos orientadores do trabalho lectivo produzidos pelos departamentos e conselhos de docentes
das disciplinas, mas deles não transparece um entendimento comum dos métodos a seguir. Tendo em conta
que a população servida se caracteriza pelas expectativas baixas de aquisição dos conhecimentos basilares
que permitam o prosseguimento de estudos, nota-se a ausência de percursos de formação profissional para os
alunos.
O agrupamento está orientado para o prosseguimento de estudos, mas não mostrou procedimentos
planeados para valorizar a obtenção da melhoria dos resultados académicos. Não se tornou claro que o
agrupamento fomentasse de modo sistemático a aquisição de um saber aprofundado assente na observação,
na experimentação e na reflexão crítica. Apesar das suas declarações de intenção em promoverem o
desenvolvimento
do
raciocínio,
da
reflexão
e
da
curiosidade
científica
dos
alunos,
bem
como
o
aprofundamento dos elementos fundamentais de uma cultura humanística, artística, científica e técnica, não
se identificaram procedimentos que ajudassem os alunos a desenvolverem um suporte cognitivo e afectivo
favorável à motivação e à superação das insuficiências do meio em que habitam.
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As oportunidades criadas para aprendizagens complementares, isto é, de enriquecimento curricular, são
pouco abundantes. Ainda assim, a Feira das Ciências (periodicidade anual), os clubes da Música, Floresta e
Línguas e a Oficina da Leitura e da Escrita cumprem funções de valorização das aprendizagens.
2. A prestação do serviço educativo
2.1 Articulação e sequencialidade
O agrupamento tem as escolas dispersas por uma área geográfica extensa, pelo que é um ponto positivo o
trabalho de integração de educadores e professores, que articulam entre si no campo da gestão e do
desenvolvimento do currículo, particularmente no pré-escolar e no 1.º ciclo, embora a articulação seja menos
bem conseguida entre os vários departamentos curriculares ou entre os docentes do 1.º e dos 2.º e 3.º ciclos.
Ao longo do ano escolar há o cuidado de realizar actividades, que levam os alunos do 1.º ciclo à escola sede,
o que contribui para estabelecer pontes que facilitem a sua futura integração neste estabelecimento de
ensino. No final do ano lectivo, procura-se também aproximar os grupos de alunos do 4.º ano da EB2,3,
sendo estes chamados a desenvolver actividades orientadas pelos seus futuros directores de turma.
É objectivo do Projecto Educativo de Agrupamento (PE) a articulação curricular entre todos os ciclos de
ensino. O agrupamento tem um sistema de diagnósticos e estudo dos processos individuais dos alunos que
sustenta a formação de turmas e a organização dos Projectos Curriculares de Turma (PCT) como meios de
articular procedimentos ao longo do percurso escolar e, em especial, nas transições entre ciclos. As provas de
diagnóstico não são aplicadas em todas as disciplinas e os seus resultados não são trabalhados
aprofundadamente no Conselho Pedagógico (CP). Este órgão, se bem que tenha estabelecido critérios gerais
de organização e avaliação das aprendizagens, não acompanha pormenorizadamente a aplicação desses
princípios. A organização transversal ao agrupamento do trabalho dos professores dos apoios educativos,
embora se traduza mais em iniciativas individuais do que num plano de intervenção estruturado e
formalizado, ajuda a intensificar a relação entre as várias escolas, facilitando a sequencialidade.
O planeamento das actividades de aprendizagem está a cargo, sobretudo, dos departamentos curriculares,
com subalternização dos conselhos de turma. Os projectos curriculares de turma estão longe de articular
profundamente os programas das disciplinas. Os conselhos de directores de turma fazem o acompanhamento
das avaliações, colmatando, por essa via, o exercício da competência de coordenação do Conselho
Pedagógico.
As aulas e actividades de substituição foram objecto de decisões dos órgãos competentes, mas o seu
funcionamento, quando não é possível recorrer a professores da mesma turma ou da mesma disciplina do
ausente, é considerado como indesejável pelos alunos.
Os alunos do 9.º ano recebem orientação nas opções de escolha de tipo de estudos do Serviço de Psicologia
e Orientação (SPO).
2.2 Acompanhamento da prática lectiva em sala de aula
A prática lectiva é apoiada indirectamente através de análises e reflexões conjuntas, que se desenvolvem
em reuniões de departamento ou de conselho de docentes das disciplinas. É supervisionada de forma muito
indirecta, através de relatórios individuais dos docentes e dos seus coordenadores, bem como da comparação
das classificações atribuídas nas avaliações sumativas. Os dirigentes do agrupamento só implementarão as
tarefas de observação directa de práticas lectivas, quando os normativos que regem a carreira docente
obrigarem a tal.
Os professores de Matemática e alguns professores do 1º CEB instituíram provas internas de aferição, de
modo a detectar discrepâncias no rendimento dos alunos e daí inferir a eficácia dos processos de ensino e
aprendizagem. Durante este ano ficará estabelecido um sistema de aferições que abranja todas as disciplinas
em todos os níveis.
2.3 Diferenciação e apoios
O agrupamento responde razoavelmente às necessidades dos alunos com dificuldades de aprendizagem.
Encontraram-se indícios de que a orgânica dos apoios educativos permite responder de forma alargada e
dinâmica às necessidades e que integra várias valências no diagnóstico dos casos sinalizados. O
acompanhamento dos alunos é assegurado pelos professores do apoio educativo, por psicólogas e por uma
enfermeira que se desloca semanalmente à escola sede.
Só há cerca de cinco alunos com necessidades educativas especiais derivados de deficiências físicas graves e
permanentes. Para estes, são elaborados Projectos Educativos Individuais (PEI), sob a direcção da psicóloga,
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tendo em conta recomendações médicas, caso existam. Os Programas Educativos (PE) são elaborados pelo
Núcleo de Apoios Educativos (NAE), que, por sua vez, se articula directamente com os Conselhos de Turma.
Para além disto, há articulação com o Centro de Saúde, o hospital distrital e os técnicos ao serviço da Caritas.
O agrupamento cuida de que estes alunos não se sintam excluídos da sala de aula. O nível de sucesso é
razoável. Sendo este um dos pontos mais fortes do agrupamento, tornou-se, no entanto, evidente alguma
dificuldade na destrinça dos casos atrás referidos face ao conjunto mais numeroso de alunos com dificuldades
de aprendizagem de origem social ou de pequenas deficiências. A tendência é inclui-los na educação especial.
Para os alunos com necessidade de apoios ocasionais, o Plano de Acção da Matemática estabeleceu uma sala
de estudo e, nas disciplinas de Matemática, Português e Inglês, organizaram-se apoios pedagógicos em
grupos pequenos. Não se tornou evidente uma articulação dos procedimentos no diagnóstico das situações,
nas actividades de apoio pedagógico em pequenos grupos e no Estudo Acompanhado nem da disponibilização
de materiais específicos para estes alunos.
A prática de ensino diferenciado não está generalizada, quer na sala de aula quer nos apoios em grupo. Os
alunos recorrem frequentemente a explicadores externos, desde o 1º CEB.
2.4 Abrangência do currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem
Os currículos disponíveis são: 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e uma turma com percurso alternativo nos
termos do Despacho Normativo 1/2006, para alunos do Ensino Básico com idades iguais ou inferiores a 15
anos. Não há oferta de cursos orientados para a vida activa, em parceria com serviços e empresas da região.
Há alunos com mais de 12 anos de idade a frequentar as escolas do 1.º CEB.
Verifica-se uma relação afável no seio da comunidade educativa, o que favorece o contacto informal entre os
docentes e pode beneficiar a sua articulação, em termos da organização da prestação do serviço educativo.
O agrupamento está a desenvolver diversas actividades e projectos de âmbito pedagógico e desportivo que
constituem oportunidades de se valorizarem saberes e aprendizagens para além do currículo formal e que
contribuem também para aprofundar a ligação entre as escolas e entre professores. As actividades
desenvolvidas, neste âmbito, não apresentam sempre uma ligação visível com o PEE ou com o trabalho
curricular das turmas, com excepção do 1.º ciclo. Os sucessos obtidos por turmas ou individualmente por
alunos não são divulgados de forma eficaz, o que os torna desconhecidos para a maioria da comunidade
educativa, não sendo clara uma estratégia de agrupamento que valorize os saberes e as aprendizagens.
O ensino experimental e o acesso às TIC, enquanto ferramenta de trabalho e de aprendizagem, não
constituem uma marca do agrupamento, mas existem indícios de algum trabalho de pesquisa e
experimentação, especialmente na escola sede. As dimensões artísticas são referidas pelos alunos como uma
carência que gostariam de ver ultrapassada, sendo trabalhada apenas nas disciplinas específicas ou em
iniciativas esporádicas, como os grupos de teatro dinamizados por alguns professores e pela Associação de
Estudantes.
Não se detectou a existência de mecanismos de retroalimentação (feedback) eficazes para professores e
alunos nem é evidente a relação entre o ensino e a avaliação, de modo a desenvolver a dimensão formativa
da avaliação e a assegurar que se avalia para se melhorar as aprendizagens.
A prevenção do insucesso e abandono escolar tem sido minimizada com a colaboração dos técnicos da
Caritas e dos elementos da Escola Segura. Actualmente, persistem apenas algumas dificuldades de
assiduidade e abandono com alunos da comunidade cigana, em virtude dos traços culturais de nomadismo,
não escolarização e rituais que lhes são próprios.
O agrupamento desenvolve alguns programas nacionais: Plano de Acção para a Matemática, Bibliotecas
Escolares (numa escola do 1.º CEB), Promoção e Educação para a Saúde (PES) e Desporto Escolar. A nível
internacional, houve actividades no âmbito do sub-programa Sócrates, do programa Comenius, até ao ano
lectivo anterior. Há também algumas iniciativas próprias: Feira das Ciências (periodicidade anual), os clubes
da Música, Floresta e Línguas, a Oficina da Leitura e da Escrita.
O concelho não dispõe de oferta ao nível da área artística e os transportes para os concelhos vizinhos são
difíceis.
3. A organização e gestão escolar
3.1 Concepção, planeamento e desenvolvimento da actividade
O Conselho Executivo tem um papel central nas decisões casuísticas sobre o desenvolvimento de toda a
actividade do agrupamento e, em especial, da EB2,3, apoiado por um grupo de chefias intermédias e de outro
pessoal docente e não docente, que demonstram voluntarismo e dedicação às funções.
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Os documentos orientadores da vida do agrupamento identificam os problemas e objectivos e são coerentes
entre si. O Projecto Educativo (PE) da agrupamento, para o triénio de 2005-2008, assentou na análise de
relatórios de actividades e estabeleceu os princípios gerais a que obedece a organização da prestação de
serviços, como o planeamento de actividades de complemento curricular, a articulação dos níveis e graus de
ensino e a auto-avaliação. Adoptou como objectivo estratégico o desenvolvimento do agrupamento como um
espaço cultural que promova o sucesso escolar, proporcionando aos alunos a frequência de actividades extralectivas de índole cultural, artística e tecnológica, baseadas em interesses dominantes. O Projecto Curricular
de Agrupamento é, de facto, um conjunto de projectos dos departamentos curriculares. Os projectos
curriculares de turma não constituem peças de planeamento centrais para os docentes, são submetidos às
planificações dos departamentos curriculares. e, de novo, pouco acrescentam a estes, sobretudo em termos
de articulação de conteúdos e objectivos. Aliás só superficial e tardiamente é feito pelos conselhos de turma
do 2.º e 3.º Ciclos. No 1.º CEB por força da tradição, a situação é diferente, para melhor.
O sucesso académico é um objectivo do PEE. Os docentes do 1.º ciclo dão mostras de estar nesse caminho,
estando a receber formação na área da Matemática. A atribuição de um bloco de 45 minutos para a Língua
Portuguesa e Matemática nos 2.º e 3.º ciclos e a criação de uma sala de estudo de Matemática são outras
iniciativas no sentido da melhoria da eficácia. As provas de aferição interna ao nível da Língua Portuguesa e
Matemática, feitas ou planeadas, deverão também dar informação pertinente para ajustar estes planos de
aumento da produtividade.
Nos 2.º e 3.º ciclos, as opções tomadas a nível da planificação e gestão de tempos escolares restringem o
tempo útil de permanência na escola, que tem um funcionamento de cerca de 9 horas por dia. Essa concepção
criou dificuldades em encontrar espaços para dinamizar actividades e projectos que se desenrolem para além
dos tempos lectivos. No entanto, os professores surgem como elementos activos na organização de diversas
actividades e no planeamento e dinamização de projectos e clubes existentes.
As actividades de ocupação plena dos tempos escolares dos alunos (vulgo aulas de substituição) foram
objecto de definição de critérios de prioridades na distribuição do serviço: primeiro a substituição por
professor da mesma disciplina, depois da mesma turma, por fim o professor que esteja disponível. O
resultado é que, sempre que se tem de recorrer à substituição por um professor que não é da mesma
disciplina, não são criadas situações educativas que os alunos encarem como satisfatórias.
Os horários das turmas estão sujeitos a condicionalismos impostos pelos horários dos transportes.
O modo de apresentação do planeamento de actividades em sala de aula não foi padronizado.
3.2 Gestão dos recursos humanos
A distribuição dos recursos humanos está facilitada pela rotatividade baixa do pessoal. O conselho executivo
mantém uma relação próxima com os docentes e funcionários. Os recém-chegados ao agrupamento são
acompanhados por elementos do órgão executivo e pelos coordenadores das estruturas respectivas, fazendo
uma visita às instalações e recebendo os documentos orientadores pertinentes. São visíveis algumas boas
práticas de gestão em aspectos como a definição de áreas de responsabilidade, a ligação entre as unidades do
agrupamento ou a integração dos professores nas escolas.
A formação está condicionada pela oferta do CFAE (Centro de Formação de Associação de Escolas) de
Coruche, que não pode corresponder sempre às necessidades que lhe são propostas pelo representante do
agrupamento, porventura pelos constrangimentos externos do seu funcionamento. Os auxiliares de acção
educativa e o pessoal administrativo sofrem particularmente com a escassez da oferta e os horários das
acções, que, ao colidirem com os seus horários de trabalho, lhes dificultam a frequência. O orçamento de
despesa com compensação em receita não é suficiente para pagar toda a formação externa desejada. Não
ficou demonstrado que a avaliação de desempenho do pessoal docente e não docente sirva de instrumento
para identificação, orientação e apoio daqueles que revelem maiores fragilidades no desempenho das suas
funções. O acompanhamento e apoio, quando necessários, acontecem no pequeno grupo e de forma informal.
Foram, no entanto, identificadas algumas actividades de formação, destinadas a ajudarem a colmatar
necessidades sentidas pelos funcionários.
De acordo com os diversos testemunhos, os serviços de apoio administrativo respondem de forma muito
satisfatória às necessidades da agrupamento e dos seus clientes internos e externos.
3.3 Gestão dos recursos materiais e financeiros
O campus escolar da EB2,3 tem partes arborizadas e ajardinadas, mas também partes não tratadas,
faltando espaços exteriores apetecíveis para o convívio e recreio dos alunos. A sala dos alunos tem dimensões
insuficientes para a procura, em especial em dias de chuva, o que se agrava com a ausência de telheiros entre
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edifícios e alpendres nestes. Parte do problema já foi resolvida, com a construção de um telheiro junto ao
ginásio. O arranjo estético das salas e corredores é pobre, mas o executivo aceitou uma iniciativa dos alunos
de pintar um mural. Os alunos do 1.º CEB participam na decoração das suas salas de aula.
As instalações são geridas de acordo com princípios de garantia de salubridade, segurança e conforto. A
manutenção e conservação são adequadas, tal como sucede com os equipamentos. A autarquia tem vindo a
fazer um esforço de recuperação dos edifícios escolares do 1º ciclo, adaptando-os a novas valências e
melhorando a sua capacidade de resposta às necessidades das crianças que os frequentam. Deve, no entanto,
notar-se a heterogeneidade do parque do pré-escolar e 1.º ciclo, em que os edifícios novos e bem equipados
contrastam com alguns edifícios de Plano do Centenário, nas freguesias rurais, com espaços exteriores vazios
e que não cumprem as normas de segurança determinadas nos normativos em vigor.
O equipamento é escasso, por vezes muito antigo, mas adequado às funções. Tem manutenção suficiente.
Verificam-se, no entanto, alguns constrangimentos quanto à autonomia no uso dos recursos existentes, como
no caso das TIC, que é comprometida, quer pela insuficiência dos equipamentos disponíveis quer pelas
normas internas de acesso aos mesmos.
É de realçar que uma das escolas de 1.º ciclo tem a sua biblioteca integrada na Rede de Bibliotecas
Escolares e promove o empréstimo de livros a alunos e professores daquela e de outras escolas do
agrupamento. A escola sede está, neste momento, a proceder aos preparativos necessários para a
remodelação exigível à integração da sua biblioteca naquela rede.
A segurança das crianças e alunos é uma preocupação evidente do agrupamento. Usufrui da protecção do
programa Escola Segura, foi alvo de estudo para elencar as deficiências e tem alguns procedimentos de
controlo das saídas e entradas, na escola sede, cuja portaria é assegurada graças ao recrutamento junto do
Fundo de Desemprego.
O agrupamento realiza algumas receitas próprias com o funcionamento do bufete e apela ao mecenato,
obtendo algumas transferências da autarquia. O orçamento de despesa com compensação em receita (vulgo
orçamento privativo ou de receitas próprias) não possibilita obras de melhoria das instalações e aquisição de
equipamentos.
3.4 Participação dos pais e outros elementos da comunidade educativa
O agrupamento conseguiu o contacto da generalidade dos encarregados de educação, em especial no préescolar e 1.º CEB, das instâncias autárquicas, do Centro de Saúde e da Caritas. Na escola sede, os directores
de turma lamentam não ter uma presença mais assídua dos encarregados de educação, a quem procuram
informar sobre aspectos como regulamento interno ou a situação escolar dos educandos.
As Associações de Pais e Encarregados de Educação (APEE) articulam-se facilmente com os órgãos de
administração, mas queixam-se da fraca participação dos seus associados, ainda que no pré-escolar e no 1.º
CEB a sua presença seja regular e cheguem mesmo a apoiar eventos relacionados com festejos natalícios e
carnavalescos, entre outros. Ainda assim, os pais estão representados nos conselhos de turma, na Assembleia
de Agrupamento e no Conselho Pedagógico, mas não há evidências de que sejam directamente envolvidos na
definição e discussão das linhas de acção do agrupamento.
A cooperação com a Câmara Municipal de Coruche e as sete Juntas de Freguesia abrangidas, em especial no
respeitante à organização de actividades de enriquecimento curricular no 1.º CEB e transportes, é considerada
muito boa por aquelas.
A cooperação com a Caritas é muito profícua, permitindo acções de acompanhamento de alunos e famílias
em risco por técnicos sociais.
A informação é distribuída a todos, mas as distâncias entre escolas e algumas fraquezas no uso das
tecnologias informáticas dificultam o processo.
3.5 Equidade e justiça
A distribuição do serviço é feita criteriosamente. O sentimento geral entre os colaboradores da instituição é
de que as decisões são tomadas segundo os princípios de equidade e justiça. Os colaboradores mostram
satisfação com o modo como são dirigidos.
A oferta da EB2,3 Dr. Armando Lizardo é escassa, atendendo às características sociológicas dos diferentes
grupos populacionais em que se insere. Propondo-se ser inclusiva, não oferece alternativas para os alunos que
queiram fazer outros percursos escolares, para além de uma turma de percurso alternativo, para alunos com
dificuldades de acesso ao currículo ou em risco de abandono. Os responsáveis do agrupamento afirmam não
haver condições para acolher turmas dos Cursos de Educação e Formação, apesar da própria psicóloga da
escola sede considerar que há procura para constituir mais de uma turma e tal poder influenciar de forma
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positiva a motivação dos alunos, a redução do abandono e a melhoria dos níveis de sucesso. As alternativas
aos currículos regulares são oferecidas pela Escola Profissional de Coruche com a qual o agrupamento tem
uma articulação débil.
4. Liderança
4.1 Visão e estratégia
O agrupamento tem uma presidente muito motivada para encetar um processo de mudança. O Conselho
Executivo tem uma prática organizativa que permite resolver com êxito os problemas correntes, assume-se
como facilitador das iniciativas individuais dos professores e as estratégias de mudança e transmite à
comunidade educativa um sentimento de tranquilidade e relativa confiança. Conta fundamentalmente com a
cooperação de grupos de trabalho constituídos por pessoal docente e não docente, que se disponibilizam para
dar corpo às propostas apresentadas pelo órgão de gestão. As lideranças das estruturas intermédias têm
pouca visibilidade.
Não ficou claro, no planeamento do agrupamento, que existisse uma visão de um projecto mais completo e
ambicioso. O Projecto Educativo contém propostas que podem sugerir uma intenção de inovação, mas os
outros documentos orientadores do agrupamento não referem claramente os caminhos para as atingir e as
estratégias que as viabilizariam, o que impede que aquelas se constituam numa referência orientadora para a
acção da comunidade educativa.
4.2 Motivação e empenho
De um modo geral, os coordenadores revelam profissionalismo e empenho na realização das tarefas que
lhes são distribuídas. No entanto, o modo como essas funções são exercidas não se traduz claramente na
capacidade de motivação e mobilização da comunidade educativa para objectivos comuns. O empenho da
presidente do CE não foi suficiente para mobilizar todo o corpo docente no sentido de gerar dinâmicas de
alteração. A acumulação com o cargo de Presidente do Conselho Pedagógico contribui para estreitar a relação
entre estes órgãos, mas também para comprometer a independência destes.
O corpo docente é estável e a taxa de assiduidade tem vindo a melhorar, estando já em níveis muito
aceitáveis.
4.3 Abertura à inovação
O conselho executivo do agrupamento mostra receptividade relativamente à implementação de inovações.
No entanto, encontram-se, indícios quase contraditórios em termos de adesão à inovação, como a resistência
à criação de outros percursos formativos ou a dificuldade de se dinamizar um ensino de carácter mais
experimental. A utilização de meios tecnológicos de apoio ao ensino é escassa. A sala anexa à biblioteca,
apetrechada com computadores, tem acesso limitado aos alunos, que só podem aceder mediante
acompanhamento por um docente. As salas destinadas a aulas práticas de ciências experimentais, dispondo d
e algum material de laboratório, não têm aproveitamento para além do definido no currículo formal, salvo na
actividade ocasional da Feira das Ciências. Não se nota o uso de modelizações e o acervo de filmes com valor
didáctico é mínimo. As actividades oficinais estão também confinadas às actividades curriculares de Educação
Visual e Tecnológica (EVT) e Área Projecto. Esta última, ao funcionar por temas unificadores, é pouco propícia
a iniciativas individuais.
O agrupamento mostra abertura à inovação decorrente da adesão às propostas difundidas pelo sistema
educativo, como o Plano Nacional da Leitura, o Plano de Acção da Matemática e o programa de Promoção e
Educação para a Saúde (PES). Releve-se no entanto as adaptações locais aos projectos como a Escola de
Futebol e o Buédafixe.
Os Serviços de Administração Escolar ainda não implementaram o atendimento personalizado. A
informatização não abrange todas as áreas e o sistema de informação não tira todo o partido possível das
tecnologias disponíveis.
4.4 Parcerias, protocolos e projectos
O agrupamento contacta com as outras escolas da área pedagógica. A dinâmica de articulação com a
comunidade local, segundo formas e modalidades variadas, permitiu estabelecer parcerias com as autarquias
e com o Centro de Saúde, beneficiando assim de alguns apoios ao nível dos transportes escolares e do apoio e
orientação dos jovens no âmbito da saúde. As áreas de cooperação são essencialmente ao nível dos apoios
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sócio-educativos (transportes, refeições e técnicos) e às actividades de enriquecimento curricular nos JI e
EB1. Nos jardins-de-infância, a componente de apoio à família é menosprezada.
A instituição local com participação permanente é a Caritas, por força de projectos acarinhados pelo
agrupamento, no apoio a famílias e alunos em risco de abandono. Outras instituições têm cooperações menos
abrangentes, mas com relevância pontual. Conjugadas com as candidaturas a programas nacionais,
obtiveram-se várias acções de complemento curricular, como o Desporto Escolar, o Plano de Acção da
Matemática e dos Computadores Portáteis, o Ser Criança, a Escola de Futebol e o Buédafixe. Prevê-se, ainda,
num futuro breve a instalação e utilização da Plataforma Moodle.
5. Capacidade de auto-regulação e melhoria do agrupamento
5.1 Auto-avaliação
O esforço desenvolvido pelo agrupamento no sentido de proceder à sua auto-avaliação é positivo, mas
necessita de objectivos consentâneos com a sua realidade, assim como alargar os campos de análise. O
Projecto Educativo prevê a constituição de um grupo de trabalho sobre avaliação interna, à qual atribui um
papel estratégico. Contudo não há qualquer comissão de auto-avaliação. O Conselho Executivo faz uma
síntese dos relatórios que todos os professores e estruturas apresentam regularmente, bem como a
comparação de resultados obtidos. É com esses dados que são identificados os pontos fortes e as áreas de
melhoria. A reflexão consequente depende sobretudo da Assembleia de Agrupamento. Ainda assim o
diagnóstico da qualidade da organização e dos constrangimentos e desafios oriundos do meio constituíram a
base para a definição de prioridades e campos de intervenção determinados no Projecto Educativo.
5.2 Sustentabilidade do progresso
O agrupamento reúne algumas condições para progredir, como sejam o bom clima e a capacidade de
liderança das presidentes dos órgãos. Contudo, para que este progresso seja sustentável, afigura-se relevante
o aumento da motivação de todo o corpo docente, assim como um maior envolvimento de toda a comunidade
educativa no processo de auto-avaliação.
O Agrupamento Educor está constituído há relativamente pouco tempo e definiu como prioridade o sucesso
educativo. Nota-se um esforço considerável para suster e inverter as dinâmicas de pobreza e de exclusão
social geradoras de insucessos. O empenho do Conselho Executivo na organização dos dispositivos
necessários para oferecer um percurso escolar alternativo foram bem sucedidos, quer do ponto de vista dos
alunos quer das suas famílias. O investimento na melhoria dos resultados académicos, em termos de taxas de
transição e das médias de classificação em todos os ciclos, mas em particular nos 1.º e 2.º ciclos, bem como a
redução das dificuldades que se acumulam nos anos terminais da educação básica, não foi o suficiente para
gerar os níveis desejáveis. A sustentabilidade deste processo depende não só da organização de novas turmas
e da oferta de novos cursos, mas também da sua procura por parte de candidatos a uma habilitação
profissionalizante.
V – Considerações finais
O agrupamento apresenta pontos fortes, dos quais se destacam:
ƒ o clima, caracterizado pela disciplina, respeito mútuo e solidariedade;
ƒ o tratamento de despiste e apoio aos alunos com necessidades educativas especiais;
ƒ a liderança das presidentes do Conselho Executivo e Assembleia de Agrupamento;
ƒ a colaboração estabelecida entre o executivo e os seus colaboradores, permitindo uma distribuição
uma gestão do pessoal respeitadora dos princípio de justiça e equidade.
O agrupamento mostra como debilidades mais relevantes:
ƒ a insuficiência de supervisão das práticas lectivas;
ƒ a falta de oferta de currículos diferenciados.
O agrupamento tem alguns constrangimentos relevantes com origem no meio, a saber:
ƒ alguma dependência dos horários dos transportes escolares;
ƒ a inadequação dos espaços de algumas escolas;
ƒ as características culturais de uma população com níveis muito elevados de analfabetismo, a viver
num concelho extenso com povoamento disperso.
O agrupamento tem oportunidades de desenvolvimento que constituem desafios para a sua melhoria:
ƒ A adopção de um modelo de auto-avaliação;
ƒ A instituição de acções de formação internas.
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A presidente do Conselho Executivo, sendo membro por inerência do Conselho Pedagógico, foi eleita
presidente deste órgão. Apesar da legislação não o proibir expressamente, esta acumulação, face às regras
introduzidas na revisão do processo de avaliação dos professores, no Estatuto da Carreira Docente, cria um
conflito potencial de interesses durante o processo.
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