ficha catalogrfica - CEERMIN/UFMG
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais MONOGRAFIA “Contextualização da Prensa de Rolos no Beneficiamento de Minério de Ferro” Autor: Alexandre de Oliveira Silva Orientador: Prof. Roberto Galery Junho/ 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Minerais Alexandre de Oliveira Silva CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRENSA DE ROLOS NO BENEFICIAMENTO DE MINÉRIO DE FERRO Monografia apresentada a Universidade Federal de Minas Gerais como requesito parcial para obtenção do título de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Minerais Área de concentração: Processamento de Minérios de Ferro Orientador: Prof. Roberto Galery Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG 2013 S586c Silva, Alexandre de Oliveira. Contextualização da prensa de rolos no beneficiamento de minério de ferro [manuscrito] / Alexandre de Oliveira Silva. – 2013. 50 f., enc.: il. Orientador: Roberto Galery. Monografia apresentada à Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do Título de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Minerais. . Anexos: f.43-50 Bibliografia: f. 41-42. 1. Minas e recursos minerais. 2. Cominuição (Beneficiamento de minério). 3. Prensas mecânicas. I. Galery, Roberto. II. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia. III. Título. CDU: 622 À minha família AGRADECIMENTOS A Deus sobre todas as coisas. A minha esposa pelo carinho e paciência. A Metso Brasil pelas Oportunidades. Ao meu Orientador Professor Roberto Galery pelo direcionamento deste trabalho. Aos membros da Banca Examinadora, pela leitura e pelas sugestões oferecidas ao aqui proposto. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................10 2. OBJETIVOS......................................................................................................................................11 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................12 3.1 Contextualização da Prensa de Rolos ...................................................................... 12 3.2 Aspectos Gerais e Construção .................................................................................. 16 3.2.1 Cálculo de Capacidade ......................................................................................... 19 3.2.2 O Sistema Hidráulico ........................................................................................... 20 3.2.3 Os Rolos de Compressão ...................................................................................... 20 3.3 Relação da Prensa com Britadores de Rolos Convencionais. ............................... 22 3.4 Cenários de Possibilidades e Aplicações ................................................................. 23 3.4.1 Possibilidades de aplicação .................................................................................. 26 4. ESTUDO DE CASO MINAS RIO ..............................................................................................34 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................41 ANEXOS ....................................................................................................................................................43 LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 - Secção transversal de uma prensa de rolos ....................................................................... 12 Figura 3.2 - Secção transversal mostrando o detalhe da zona de compressão e o seu sobre as partículas ............................................................................................................................................................ 13 Figura 3.3 - Ocorrências e fases do estado de compressão das partículas ...................................... 14 Figura 3.4 - Alocação das Prensas de Rolos entre outros equipamentos de cominuição ........... 15 Figura 3.5 - Apresentação comparativa entre os produtos obtidos com britadores convencionais e com as Prensas de Rolos com uma mesma curva de alimentação ..................... 16 Figura 3.6 - Ilustração de uma Prensa de Rolos Moderna ................................................................... 18 Figura 3.7 - Metodologia de cálculo de capacidade estimada para as Prensas de Rolos ............ 19 Figura 3.8 - Ilustração do sistema hidráulico das Prensas de Rolos ................................................. 20 Figura 3.9 - Exemplos típicos de revestimentos para os Rolos das Prensa de Rolos .................. 21 Figura 3.10 - Diagrama esquemático de um Britador de Rolos ......................................................... 22 Figura 3.11 - Gráfico de consumo de energia em função dos processos de cominuição............ 23 Figura 3.12 - Microfraturas nas partículas em relação à pressão aplicada, principal característica das Prensas de Rolos ............................................................................................................ 24 Figura 3.13 - Aplicações mais usuais de minérios com a utilização de Prensa de Rolos ........... 24 Figura 3.14 - Material aglomerado na descarga de Prensa de Rolos Metso ................................... 26 Figura 3.15 -I lustração possível aplicação Prensa – Configuração 1 .............................................. 27 Figura 3.16 - Ilustração possível aplicação Prensa – Configuração 2 .............................................. 28 Figura 3.17 - Ilustração possível aplicação Prensa – Configuração 3 .............................................. 29 Figura 3.18 – Circuito Simplificado SAG Mill....................................................................................... 31 Figura 3.19 – Circuito alternativo idealizado .......................................................................................... 31 Figura 3.20 – Variação da capacidade específica em função do teor de umidade na alimentação ........................................................................................................................................................ 36 Figura 3.21 – Correlação entre a Pressão e o consumo específico de energia - Parte 1 ............. 36 Figura 3.22 – Correlação entre a Pressão e o consumo específico de energia - Parte 2 ............. 37 Figura 3.23 – Correlação entre a Pressão e a Granulometria do Produto........................................ 37 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Apresentação de modelos com suas características .............................................. 17 Tabela 02 - Características típicas da prensa de rolos .............................................................. 17 Tabela 03 - Estimativa de vida útil em horas da KHD para operação com diferentes minerais .................................................................................................................................................. 21 Tabela 04 – Resultado da simulação entre circuitos SAG Mill e Prensa de Rolos conjugada com Vertmill associados a uma forte otimização de desmonte ................................................ 32 Tabela 05 – Resultado dos testes em escala piloto Prensa projeto Anglo ................................ 35 Tabela 06 – Testes e abrasividade do Minério do Projeto ........................................................ 38 LISTA DE SÍMBOLOS D = Diâmetro dos rolos h = hora HPGR = High pressure Griding Rolls Kgf/cm² = Pressão exercida por unidade de área onde 1 atm = 1,033 kgf/cm² (Quilogramaforça por centímetro quadrado), convergência : 1 N/mm² = 10,2 kgf/cm² kWh = É a quantidade de energia utilizada para alimentar uma carga com potência de mil watt, pelo período de uma hora. Q = Vazão de sólidos q = Capacidade específica r = Densidade aparente, t/m s = Tamanho da partícula t = tonelada, massa de 1000 kg = 1 tonelada W= Largura dos rolos (milímetros) DF = Disponibilidade física de um equipamento mediante número de horas programadas versus número de horas realmente disponível dado em percentual (%) RESUMO Buscando inovações e soluções mais abrangentes, não obstante aos diversos desafios encontrados pelos tratadores de minérios, toda tecnologia que, comprovadamente, possa agregar valor a sua cadeia produtiva, deve ser mais bem explorada. Num cenário onde as mineradoras têm buscado maior qualidade operacional, segurança e minimização de custos, as Prensas de Rolos podem ser alternativas interessantes ao processo. A motivação pela utilização deste tipo de equipamento está amplamente relacionada à busca por uma maior eficiência energética, porém, há situações de comparações entre a capacidade específica e o esforço de cominuição em relação aos métodos convencionais de cominuição, os quais são exaustivamente comparados na decisão pelo equipamento. As prensas de Rolos, notoriamente melhor conhecidas no mercado como High Pressure Griding Rolls (HPGR), podem ser utilizadas nas fases de redução de tamanho do minério desde que tais comparações a justifiquem técnica e comercialmente. O seu projeto mecânico pode reduzir o custo de implantação na medida em que possibilita arranjos físicos mais flexíveis além de propor por suas características operacionais, boa relação de consumo energético. As características deste equipamento se apresentam como alternativas e opção aos tratadores de minérios, devendo, contudo, ter seu critério de aplicação e dimensionamento ser bem definido por meios de testes em escala piloto ou outros devidamente comprovados. Palavras-chave: Prensa de Rolos; Tecnologia; Mineradoras; Energia; Minério. ABSTRACT Seeking for innovations and broader solutions, despite the various challenges faced by mineral processing plant operators, all the technology that is proven, can add value to your supply chain, should be further explored. In a scenario where the miners have sought greater operational quality, safety and cost minimization, the Roller Presses can be an interesting alternative to the process. The motivation for using this type of equipment is largely related to search for greater energy efficiency, however, there are situations comparisons between specific capacity and effort comminution compared to conventional methods, which are extensively compared the decision by the equipment. Roller presses, noticeably better known on the market as High Pressure Rolls Griding (HPGR) may be used in the stages of ore reduction in size since such comparisons technically and commercially justified. Its mechanical design can reduce the cost of deployment as it enables more flexible arrangements physical and propose their operational characteristics for better energy consumption. The characteristics of this equipment are presented as alternative option and the keepers of minerals but please have your application criterion and scaling well be defined by means testing pilot scale or other duly proven. Keywords: Roller Press; Technology; Mining; Energy; Ore. 10 1. INTRODUÇÃO Em consequência às altas demandas de produtos manufaturados, a escala de produção mineral tem se elevado consideravelmente. Novos métodos norteiam a busca por padrões de qualidade mais efetivos, maior eficiência e menor custo de operação. A Prensa de Rolos é um equipamento cujas características foram desenvolvidas sob estes pilares. O equipamento tem sido constantemente citado e estudado em novos projetos e seu uso, relativamente recente em minério de ferro, vem ganhando lugar de destaque em algumas instalações industriais. Este trabalho tem como um dos objetivos apresentar alternativas de um equipamento que possibilite melhorar a relação entre consumo energético e eficiência de cominuição. Isto se faz necessário tanto em minerações de minas subterrâneas quanto em minerações a céu aberto. Suas principais características levando em consideração esta redução por tamanho estão no desmonte da rocha, no processo de britagem propriamente dito e nos processos de moagem e remoagem. Segundo Valery e Jankovic (2002), os maiores percentuais de consumo energético ocorrem nestas fases de redução de tamanho onde pode haver, por consequências, significativo ganho no custo-benefício da otimização destas etapas. A abrangência destes estudos como uma ação usual no tratamento do minério tem forte evidência nas características e utilização da Prensa de Rolos como mais uma forma de controle granulométrico e redução de energia. Estudos têm demonstrado que uma quantidade significativa de energia pode ser poupada com novos conceitos dentro das etapas de cominuição. Sob o ponto de vista econômico, a energia utilizada nestas etapas de redução de tamanho (granulométrico) tem sido questionada por estarem intimamente ligadas à viabilidade ou não de um determinado projeto. Apesar de estar fortemente ligada ao tipo de minério e ao produto desejado, a cominuição, como sendo um agrupamento de técnicas que visam por ação mecânica reduzir o tamanho do material alimentado, fica sob grande evidência nos estudos de aplicação das Prensas de Rolos. 11 2. OBJETIVOS O objetivo deste trabalho é apresentar as circunstâncias no contexto de fato ideia que envolvem o equipamento denominado de Prensa de Rolos. Pretende-se apresentar sua história, criação, princípios, particularidades e aplicabilidades. É relevante salientar que o Equipamento pode se apresentar como uma boa alternativa aos métodos de cominuição tradicionais normalmente utilizados no mercado. 12 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Contextualização da Prensa de Rolos A literatura de uma forma geral remete que as modernas Prensas de Rolos foram conceitualmente introduzidas por volta do ano de 1984 pelo Prof.Dr. Engenheiro alemão Klaus Schonert nascido em 1927 e falecido em 24 de Setembro de 2011 aos 84 anos de idade. Os conceitos introduzidos por Schonert são provenientes de projetos mais antigos. Schonert se baseou em Rolos utilizados para briquetagem de materiais finos, largamente utilizados desde a década de 20. Mais conhecido como High Pressure Grinding Rolls (HPGR), a Prensa de Rolos, é um equipamento de conceito e funcionamento relativamente simples. A alimentação, de granulometria devidamente controlada, é direcionada a parte superior do equipamento onde se encontra uma caixa coletora denominada chute de alimentação. Via de regra, esta alimentação ocorre por efeitos da gravidade e devido ao condicionamento do chute de alimentação, o material é forçado de encontro aos Rolos do Equipamento. Figura 3.1 - Secção transversal de uma prensa de rolos Fonte: (Wardrop Engineering Inc, 2007, s/p) Segundo Valery e Jankovic (2002), o conceito básico é de que um dos dois rolos esteja montado num eixo fixo enquanto o outro eixo se desloca horizontalmente comprimindo e se entendendo sobre o leito de partículas influenciado por uma força horizontal aplicada proveniente de um sistema composto por cilindros hidráulicos. O número de cilindros e a 13 força aplicada ao leito de partículas dependem da operação e do projeto do fabricante. De fato, esta força de compressão resultante sobre o leito de partículas é o que confere o efeito de cominuição do equipamento. De acordo com Valery e Jankovic (2002), diz-se que estes efeitos de cominuição dependem da quantidade de partículas entre os rolos, na chamada zona de compressão e da abertura entre os rolos, a qual deve ser constante. Certamente estas variáveis dependem intrinsecamente do tipo e do material que está sendo processado. Figura 3.2 - Secção transversal mostrando o detalhe da zona de compressão e o seu sobre as partículas Fonte: (HRC Metso Minerals Presentation, 2013, p.5) Segundo Schonert, (1988) os equipamentos de cominuição, tais como britadores, moinhos e mesmo as prensas, reduzem os materiais ou por tensão de compressão ou por força de tração. Nas Prensas de Rolos, um leito ou um conjunto de partículas é comprimido e o resultado é que o material é reduzido de uma forma mais eficiente do que, por exemplo, em um moinho de bolas. Nos moinhos ocorre que o transporte do material dentro do volume ativo do moinho e entre os corpos moedores nas diversas zonas de compressão ocorrem de forma aleatória e está nesta razão probabilística, certa dispersão de energia em forma de calor e ruído. O princípio de funcionamento das prensas de rolos se baseia no esforço de compressão. Um leito uniforme de partículas é formado pela ação do chute de alimentação. O material que entra entre a abertura e entre os rolos é comprimido bruscamente a altas pressões. O material pode ser pressionado a 85% de sua densidade natural com um esforço que pode chegar a mais de 326 Kgf/cm². Durante este processo no leito de partículas são geradas grandes quantidades 14 de finos e eventualmente descarregado na forma de pasta devido ao efeito de compactação. Neste último caso, na descarga do material é necessário um desagregador de partículas. O processo de cominuição pode ser visualizado sob dois aspectos principais. No primeiro estágio o material entra no espaço entre os rolos cuja velocidade periférica impulsiona-o para o seu interior. A consequência desta ação é, no início, uma compactação gradual seguida de brusca fragmentação. No próximo estágio as partículas adentram na efetiva seção de compressão. Nesta fase, que envolve a efetiva abertura entre os rolos, é que ocorre a força de compressão máxima aos múltiplos pontos da camada de material. O resultado é a fragmentação quase que total do material. A figura 3.3 extraída do catálogo de um fabricante representa os aspectos destas ações. Figura 3.3 - Ocorrências e fases do estado de compressão das partículas Fonte: (KHD, catálogo, 2012, p.2) 15 Segundo Kronemberger (2012), o processo de redução de tamanho com utilização de Prensa de Rolos é denominado como sendo um processo de moagem. Na verdade os produtos provenientes das etapas de cominuição com a utilização de britadores convencionais (cônicos, impacto, etc.) geram produtos mais grosseiros quando comparados com produtos de equipamentos de moagem (Barra, Bolas, dentre outros). Contudo, a principal característica nesta definição está no fato de que em um processo de britagem convencional haverá significativa variação de potência. A variação de corrente (A) no motor do equipamento é perceptível. Na maioria dos casos, é proveniente das características do minério, tenacidade e flutuação da carga na alimentação dos equipamentos. O que ocorre nos equipamentos de moagem (moinhos de barra, de bolas, e de eixo verticais) é que estas variações não têm influência na corrente e na potência dos equipamentos. Portanto, esta permanece constante. De maneira análoga esta contextualização se aplica as Prensas de Rolos uma vez que normalmente não há variações de corrente e potência no sistema deste equipamento. A Prensa de Rolos é, portanto, um misto de britador e moinho caracterizando-se mediante os pontos acima a um equipamento de moagem. A figura 3.4 apresenta de forma ilustrativa as prensas de rolos no universo de britadores e moinhos existentes no mercado. Figura 3.4 - Alocação das Prensas de Rolos entre outros equipamentos de cominuição Fonte: (Manual de Processo Metso, 2005, p.18, adaptado) 16 Tem-se, contudo, na aplicação de Prensa de Rolos, uma curva de produto específica para este tipo de equipamento. A figura 3.5 representa a característica entre os produtos de uma britagem convencional e o produto de uma prensa de rolos. Figura 3.5 - Comparação entre os produtos obtidos com britadores convencionais versus prensas de rolos a uma mesma curva de alimentação Fonte: (Polycom, 2007, p.3) Trata-se de um equipamento de alta redução e que tende a gerar uma quantidade relativamente maior de finos quando comparado a um britador convencional. 3.2 Aspectos Gerais e Construção Segundo Valey e Jankovic (2002), o projeto de uma Prensa de Rolos depende de cada fabricante, mas é usual considerar que os rolos meçam de 1,0 a 2,4 metros de diâmetro e de 0,8 a 1,6 metros de largura. A velocidade periférica é normalmente de 1,0 a 2,0 m/s e o consumo de energia com medição em uma passagem única de material varia entre 1,5 a 5 kWh/t. Os motores instalados podem atingir 4,5 MW e a capacidade nos maiores equipamentos podem chegar a mais de 2000 t/h. Já a força específica de compressão está 17 normalmente entre 0 a 320 Bar ou 326,31 Kgf/cm² onde, progressivamente, já estaríamos adentrando os limites mecânicos dos materiais de construção deste equipamento. As tabelas 01 e 02 apresentam exemplos das principais características das prensas de rolos. Tabela 01 - Alguns modelos e características de prensas de rolos de um fornecedor Fonte: (Catálogo HRC, HPGR Metso Minerals, 2013, p.5) Tabela 02 - Características típicas da prensa de rolos Fonte: (Kronemberger, 2012, p.17) Os tradicionais fabricantes de Prensa de Rolos são de origem alemã e são, por exemplo, a Krupp Polysius, Koppern e KHD. Estes fabricantes alemães iniciaram o desenvolvimento de prensas de rolos mediante os diretos de patentes de Klaus Schonert. Os avanços tecnológicos atuais e a entrada de novos fornecedores após a queda de patentes, têm permitido a otimização destes equipamentos. Contudo, se apresentam basicamente conforme a figura 3.6. 18 Figura 3.6 - Ilustração de uma Prensa de Rolos Moderna Fonte: (KHD Roller Press, 2013, s/p) Os projetos sofrem constantes modificações, mas de fato, se situam na questão de conseguir submeter um conjunto de partículas à altas pressões assim como estabelecido pelo Professor Klaus Schönert na Alemanha em 1979. Àquele tempo, o Professor Schönert protocolou um pedido internacional de patente considerando esta vertente como princípio para este processo. Após a queda desta patente, além dos fabricantes tradicionais, novos equipamentos de novos fornecedores têm permeado a indústria com alguns avanços, como, por exemplo, os rolos flangeados do fabricante METSO que tendem a reduzir o chamado efeito de borda. Este efeito pode ser traduzido como uma tendência de ineficiência de cominuição normalmente gerada nas extremidades dos rolos pelo material que “by-passa” a zona de britagem. A empresa FLSmitdth é também relativamente nova neste mercado e também possui o equipamento em sua linha de produtos. 19 3.2.1 Cálculo de Capacidade Segundo o fabricante KHD, a capacidade das Prensas de Rolos pode ser genericamente determinada mediante aplicação das equações da figura 3.7. Figura 3.7 - Metodologia de cálculo de capacidade estimada para as Prensas de Rolos Fonte: (Weir Minerals/KHD, 2012, p.6) Porém, a determinação correta da capacidade só deverá ser calculada mediante testes específicos em escala piloto e de laboratório. Testes nestas condições permitem a definição exata da capacidade passante pelo equipamento onde certamente ocorrerão ajustes e correções das principais variáveis das prensas, as quais são o diâmetro e a largura dos rolos, além de velocidade periférica, força de compressão, abertura de alimentação e, obviamente as características intrínsecas ao mineral que será processado tais como a umidade e tenacidade, por exemplo. Existem outros modelos de cálculos de capacidade e potência tais como o de Tondo-MorrellShiporém (1997) e Morrel et al., (1997) além do modelo JKMRC desenvolvido por Morrell (2003), contudo, não é o objetivo deste trabalho adentrar no desenvolvimento destes modelos. 20 3.2.2 O Sistema Hidráulico Segundo aponta Kronemberger, (2012) o sistema hidráulico que executa as altas pressões demandadas pelo equipamento, é formado normalmente por quatro cilindros hidráulicos sendo dois do lado direito e outros dois do lado esquerdo do rolo móvel. Estes cilindros estão interligados em uma unidade hidráulica e a um cilindro acumulador de nitrogênio, como mostra sua Figura 3.8. Figura 3.8 - Ilustração do sistema hidráulico das Prensas de Rolos Fonte: (Kronemberger, 2012, p.12) Neste sistema, a força de compressão do nitrogênio na bexiga acumuladora atua como uma mola ao sistema. Esta pressão pode ser ajustada de acordo com a aplicação do equipamento. 3.2.3 Os Rolos de Compressão Um dos principais elementos das Prensas de Rolos é são os rolos propriamente ditos. Cada Prensa dentre os atuais fabricantes possuem diferenças entre si. A Polysius parece favorecer em suas aplicações maiores relações de tamanhos entre diâmetro (grande) e larguras (pequena) proporcionando mais flexibilidade ao espaço físico de operação. Já tanto a KHD quanto a Koppern parecem preferir indicar em suas aplicações uma relação de tamanhos mais proporcionais e reduzidos. De fato, isto depende de cada caso e projeto. O que fica evidente é que cada uma dessas empresas gastam enormes quantidades de tempo e recursos financeiros no desenvolvimento e aperfeiçoamento destas tecnologias tanto para o equipamento de uma forma geral quanto para os rolos que invariavelmente são tidos como os principais elementos do sistema e são considerados itens consumíveis. 21 Atualmente a tecnologia de revestimentos ajuda a melhorar consideravelmente os níveis de desgastes, desenvolvendo rolos que incluem desde o uso de metais, segmentos de polímeros, pastilhas e carbetos, entre outros, no diverso universo de materiais contra o desgaste. Figura 3.9 - Exemplos típicos de revestimentos para os Rolos das Prensa de Rolos Fonte: (Kronemberger, 2012, p.14, adaptado). De acordo com a KHD, a estimativa de vida dos revestimentos atualmente utilizados nos Rolos das Prensas se apresenta em média de acordo com a tabela 03. Tabela 03 - Estimativa de vida útil em horas da KHD para operação com diferentes minerais Fonte: (Weir Minerals/KHD, 2012, p.5) 22 3.3 Relação da Prensa com Britadores de Rolos Convencionais. Segundo Gupta e Yan (2006), britador de rolos é um equipamento no qual um chassi suporta dois rolos montados em paralelo, e que giram em sentido opostos. Com esta premissa é visível à semelhança entre britadores de rolos e as prensas de rolos, contudo estão separados radicalmente. Os britadores de rolos são equipamentos ainda muito utilizados na indústria mineral, porém, são restritos aos minerais friáveis e de baixa abrasividade (menor que 0,1 g/t) além de serem mais sensíveis a minérios com maior umidade. Quando utilizados em minerais de média a alta abrasividade (0,2 – 0,5 g/t) tendem a gerar um custo operacional mais alto. Outro ponto antagônico em relação às Prensas é que segundo Metso (2005), a relação de redução dos britadores de rolos é de 3: 1 o que em consequência gera pouco material fino. Isto se deve basicamente a ausência do sistema hidráulico de compressão que é um dos dispositivos principais das prensas de rolos. Figura 3.10 - Diagrama esquemático de um Britador de Rolos Fonte: (Gupta e Yan, 2006, p.142) Portanto, ao contrário dos britadores de rolos, o princípio de funcionamento das prensas é baseado no esforço de compressão. O leito de partículas é comprimido mediante um alto esforço de compressão. Diferentemente dos britadores de rolos que agem pontualmente no material que está sendo processado. 23 3.4 Cenários de Possibilidades e Aplicações A principal motivação para utilização de Prensa de Rolos em projetos de mineração é certamente a busca por uma melhor eficiência energética. Energia e consumíveis de desgaste estão entre os principais custos de uma instalação industrial. Segundo Valery e Jankovic (2002), a britagem é tipicamente uma etapa que produz materiais com granulometria inferior a cinco mm e consome relativamente pouca energia quando comparada a moagem. A moagem, por sua vez opera com especificações de produtos inferiores 0,1 mm e onde ocorrem os maiores consumos. Baseado no método de Bond, o gráfico da Figura 3.11 representa o consumo energético em função das etapas de redução. Figura 3.11 - Gráfico de consumo de energia em função dos processos de cominuição Fonte: (Valery e Jankovic 2002, p.288) Valery e Jankovic (2002) apontam que a redução de tamanho ou cominuição com as prensas de rolos são substancialmente maiores que as obtidas por vias de britagem convencional. Além da alta redução, é conhecido e ainda estudado o fato de que o produto desta fragmentação sofre em sua estrutura interior, micro fraturas ou micro fissuras que em teoria promovem uma melhor desintegração do mineral nos processos subsequentes de moagem. 24 A Figura 3.12 apresenta esta particularidade em relação à pressão de compressão aplicada a um mesmo mineral. Figura 3.12 – Micro fraturas nas partículas em relação à pressão aplicada Fonte: (Manual Metso Minerals, 2013, p.32, adaptado) A partir deste princípio, a redução dos custos energéticos podem se mostrar de 20% a 50% mais eficientes que nos processos com utilização de britadores convencionais. Neste cenário, as prensas de rolos é um equipamento que teria potencial tecnológico para redução de energia consumida de uma instalação. Atualmente tem sido estudada em novos casos e aplicações, como nos minérios de ferro do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, mas historicamente, estiveram restritas a alguns minerais e aplicações. A Figura 3.13 representa os minerais mais comuns onde são aplicadas as prensa de rolos. Figura 3.13 - Aplicações mais usuais de minérios com a utilização de Prensa de Rolos Fonte: (Manual Metso Minerals, 2013, p.28, adaptado) 25 As Prensas de Rolos podem ser alocadas em diferentes pontos dentro de uma instalação de Britagem e Moagem, contudo, ainda se mantêm por questões conceituais ou até mesmo culturais restritas, a alguns minerais. A Figura 3.13 representa esta variabilidade. Relaciona as aplicações mais usuais de minérios com utilização de Prensa de Rolos. Estudos para aplicação com minério de ferro ainda somam a minoria dos casos. As Prensas de Rolos Podem ser utilizadas como elementos da britagem secundária e na britagem terciária, mas muitas aplicações têm decidido utilizar este equipamento como uma rebritagem antes das etapas com moinho de bolas ajudando tanto na redução, quanto na relação de energia consumida do moinho. Adicionalmente pode ser utilizado nas etapas de britagem e/ou moagem de Pebbles num circuito SAG Mill. Em alguns casos podem ser aplicados na britagem primária dependendo das características de material alimentado e do produto requerido. As Prensas de Rolos apresentam algumas vantagens em suas aplicações. Podemos citar de acordo com os fabricantes os seguintes pontos: Baixo consumo energético; Alta redução; Alta utilização e disponibilidade mecânica; Requer pouco espaço físico para montagem; Silencioso; O Equipamento é isento de vibração; Alta vida útil dos revestimentos dos Rolos. Por outro lado as prensas de rolos apresentam algumas desvantagens em sua abordagem e implementação, tais como: Representam um alto investimento inicial quando comparados aos britadores convencionais; A abertura de alimentação torna o equipamento limitado a receber material das outras etapas de cominuição; A curva de produto é bastante influenciada pela abertura de alimentação; O material na descarga tende a sofrer forte agregação. 26 Este último fato em relação à agregação, segundo Polysius Corp. (1989) ocorre por que durante um processo de moagem com prensa de rolos, a densidade das partículas é elevada, na zona de compressão, para valores superiores a 70% de sólidos em volume. Isto quer dizer que a porosidade do leito na zona de compressão será menor que 30% do sólido em volume. Nestes casos formam-se aglomerados e dependendo do material que está sendo processado pode ser necessário um equipamento ou um processo alternativo para desagregação. A Figura 3.14 apresenta um aglomerado na descarga de uma prensa de rolos. Figura 3.14 - Material aglomerado na descarga de Prensa de Rolos Metso Fonte: (Ensaios HRC Metso Minerals, 2013, s/p, adaptado) 3.4.1 Possibilidades de aplicação Existem algumas possibilidades de configurações básicas de utilização das prensas de rolos. Como já mencionado, a utilização em minério de ferro é ainda emergente devido a questões conceituais ou até mesmo culturais. Obviamente essas configurações dependem de diversos fatores e podem variar de caso a caso. São exemplos: Configuração 1: Instalação com britador primário giratório e com britador de cone na britagem secundária e prensa de rolos executando britagem terciária antecedendo a moagem com moinho de bolas. 27 Figura 3.15 -I lustração possível aplicação Prensa – Configuração 1 Fonte: (Catálogo, Flsmitdh One Source, 2011, p. 9) Esta opção em comparação com um circuito envolvendo britagem primária e moagem SAG apresenta algumas vantagens de uma possível redução no consumo de energia. Além de a moagem SAG Mill apresentar um elevado consumo energético acrescenta-se a necessidade adicional de um britador de pebble e de uma peneira especial na descarga do SAG Mill. Essa exigência adicional de equipamentos tem sido observada como requisito para minérios mais competentes onde o britador de pebble torna-se um equipamento adicional obrigatório. No arranjo apresentado na configuração acima, os custos com bolas na moagem SAG MILL seriam também eliminados. Outro ponto que deveria ser levado em consideração nesta configuração é que a taxa de alimentação neste circuito torna-se mais constante colaborando com os controles dos processos subseqüentes de concentração como, por exemplo, a flotação. Num circuito SAG Mill as variações de dureza e qualidade do material vindas do Run of Mine podem influenciar negativamente os processos de tratamento subsequentes. 28 Configuração 2: Instalação SAG Mill tendo como opção conjunta ao britador de pebble, uma Prensa de Rolos. Figura 3.16 - Ilustração possível aplicação Prensa – Configuração 2 Fonte: (Catálogo, Flsmitdh One Source, 2011, p.10) Esta opção seria uma opção alternativa à utilização dos britadores de cone normalmente utilizados na britagem de pebbles gerados na moagem SAG Mill. Na moagem SAG Mill, principalmente para minérios muito duros, competentes, é normal a utilização deste tipo de britador. Como se trata de um processo crítico neste tipo de instalação, a prensa de rolos se torna uma alternativa devido a sua extrema força de compressão ao cominuir os pebbles resultantes da moagem SAG Mill em circuito aberto. Ocorre que normalmente a descarga dos britadores de pebble retorna ao SAG Mill. A alternativa proposta promove a condição de o produto do cone pebble crusher seguir para a prensa de rolos eliminando a carga adicional ao SAG Mill. Esta configuração é interessante por que permite que o material fino siga direto para o processo de moagem por bolas sem retornar necessariamente ao SAG. Esta condição ainda pode gerar benefício no balanço de massa da instalação e promover, devido às microfraturas, menor consumo de energia específica no moinho de bolas. A Figura 3.17 representa também analogicamente esta opção para análise de custo e benefício. 29 Configuração 3: Prensa de rolos após a britagem terciária com o objetivo de maximizar os processos de moagem por moinho de bolas e a concentração. Nesta condição, a prensa de rolos associada após uma britagem terciária pode promover efetiva maior concentração, por exemplo, associado antes da separação magnética. Neste arranjo, a liberação pode ocorrer associada à inclusão da prensa antes do moinho de bolas promovendo uma excelente possibilidade de otimização do circuito. A Figura 3.17 ilustra esta opção. Figura 3.17 - Ilustração possível aplicação Prensa – Configuração 3 Fonte: (Catálogo, Flsmitdh One Source, 2011, p.11) Outras possibilidades de arranjo são perfeitamente possíveis levando-se em consideração às condições do processo e o objetivo da operação. Um estudo de caso relevante apresentado por Valery e Jankovic, (2002) levou em consideração a associação de prensa de rolos seguida de aplicação de moinho vertical, os denominados Vertmill (VTM) do fabricante METSO. Tratase de uma configuração interessante, pois ambos os equipamentos seguem a mesma proposta, qual seja, a possibilidade de promover redução no consumo energético de uma instalação. 30 O caso apresentado por Valery e Jankovic (2002) está resumido abaixo, contudo é recomendável e apropriada sua análise intregal, a partir de sua publicação original no 34th IOC on Mining and Metallurgy, 30 Sept. -3 Oct. 2002 Hotel Jezero, Bor Lake, Yugoslávia. Configuração 4: Resumo do estudo de caso (VALERY e JANKOVIC, 2002). Este estudo denominado “The Future Of Comminution” foi publicado em 2002 por Walter Valery, Aleksandar Jankovic JKMRC, da University of Queensland, Brisbane, Austrália e no 34th IOC on Mining and Metallurgy, (30 Sept.-3 Oct.2002, Hotel Jezero em Bor Lake, Yugoslávia) e apresenta um estudo de caso baseado na operação de Prensa de Rolos junto com moinho vertical, Vertmill. O estudo detalha a participação destes equipamentos associado a um desmonte de rocha bastante otimizado. Segundo Valery e Jankovic, (2002) o estudo foi realizado baseado na premissa atual da mina, sendo: 1. Situação atual num circuito SAG Mill 2. Condição alternativa acrescentando prensa de rolos seguida de moinho vertical. Neste circuito SAG Mill, o minério é transportado de mina a céu aberto ao britador primário. Após a etapa preliminar o minério segue alimentando o moinho SAG Mill. A Figura 3.18 ilustra o circuito descrito. 31 Figura 3.18 – Circuito Simplificado SAG Mill Fonte: (Valery and Jankovic, 2002, p.294) A condição 2, alternativa, é apresentada na Figura 3.19. Figura 3.19 – Circuito alternativo idealizado Fonte: (Valery and Jankovic, 2002, p.297) 32 Segundo Valery e Jankovic, (2002), a energia específica consumida pelo britador primário, SAG Mill e Ball Mill era de 23,3 kWh/t enquanto que a condição considerando a prensa de rolos e o moinho vertical Vertmill, foi na média estimada em 12,6%. Uma redução obtida que variou entre 7,65% e 13,7%, que depende das razões de carga e da blendagem na mina. O resultado é significativo proveniente de um desmonte otimizado associado à condição de utilização de prensa de rolos com moinho vertical Vertmill. A tabela 04 extraída do referido artigo representa as médias dos resultados do estudo realizado. Tabela 04 – Resultado da simulação entre circuitos SAG Mill e Prensa de Rolos conjugada com Vertmill associados a uma forte otimização de desmonte Fonte: (Valery and Jankovic , 2002, p.295) Como já mencionado, a tecnologia de prensa de rolos foi implementada em muitas aplicações de moagem e provou aumentar a eficiência energética do sistema. Segundo Valery e Jankovic, (2002), no estudo de caso acima foi utilizado, o modelo JKMRC para cálculo de potência e capacidade e alguns resultados de testes em escala piloto. O modelo foi usado para simular o desempenho da prensa de rolos no fluxograma simplificado apresentado na Figura 3.19. As prensas de rolos substituíram os estágios secundários e terciários de britagem e pôde reduzir, segundo Valery e Jankovic, (2002), a um produto com P80 de 1,5 mm que em seguida alimenta diretamente o Vertimill. Além da redução da potência instalada houve uma redução de resistência do material para etapa subsequente de moagem com Vertimill. Para avaliar o potencial desta redução, um teste de Wi de Bond foi submetido. 33 Conclui-se que o índice, a partir do ensaio feito no produto da prensa de rolos, foi 23% menor (24 KWh/t contra 31,2 KWh/t) que na descarga SAG Mill. Segundo os autores, certamente isto sugere que se o produto da prensa de rolos for, e de fato é, alimentado no moinho vertical Vertimill, um ganho em torno de 20% no consumo de energia para moagem pode ser esperado devido a este enfraquecimento, micro fraturas ou micro fissuras no interior dos grãos. 34 4. ESTUDO DE CASO MINAS RIO Este estudo, denominado “Aplicação de Prensa de Rolos”, foi publicado em 2010 pela REM, R. Esc. Minas, Ouro Preto e foi baseado em um estudo de caso baseado no projeto de beneficiamento de minério de ferro do projeto Minas Rio da Anglo Ferrous Brasil. O projeto prevê a utilização de prensa de rolos para a cominuição do material passante no deck de 1” (uma polegada) da malha de peneiramento. Os autores afirmam ter obtido resultados excelentes nos testes realizados nas instalações da KRUPP/POLYSIUS na Alemanha. O objetivo destes testes foi validar a possibilidade de aplicação da prensa de rolos para este projeto. O Projeto Minas-Rio será implantado nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. É um projeto para produção de pellet feed com alto teor a partir de Itabiritos. O empreendimento incluirá uma mina a céu aberto, uma britagem primária e uma britagem secundária, um peneiramento, e um transportador de correia de longa distância, processo de prensagem, processo de moagem, flotação, processo de espessamento, disposição de rejeitos, mineroduto e processo de filtragem. A planta de beneficiamento será localizada nos municípios de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, distante cerca de 150 km de Belo Horizonte. O pellet feed produzido será escoado até um porto no Rio de Janeiro por um mineroduto de, aproximadamente, 525 km. Essa planta foi projetada para alimentar 6.496 t/h, com um rendimento operacional de 92,0%, o que permitirá processar 52,3 MTA (milhões de toneladas ano, base seca), gerando uma produção de 24,5 MTA de concentrado final pellet feed. Segundo os autores do artigo, os testes realizados na Alemanha viabilizaram a aplicação da prensa de rolos com o objetivo de redução do minério de ferro itabirito abaixo de uma polegada. O material que alimenta a prensa de rolos é proveniente de estágios de britagem primária e secundária. O minério britado passa por um estágio de peneiramento na malha de uma polegada, ou seja, 25,4 mm. O produto da peneira alimenta a prensa de rolos de forma a gerar um produto de especificação P80 =1,0 mm. Este produto alimenta a moagem de bolas gerando um produto cuja especificação é P80=0, 117 mm. O produto da moagem sofre posterior deslamagem e concentração por flotação. Os testes realizados em escala piloto na Alemanha foram importantes para definir o circuito de fragmentação e viabilizou a aplicação da prensa de rolos para minério de ferro do tipo itabirítico. Esses testes possibilitaram também, definir o tamanho do equipamento. 35 Definiu-se pela utilização de 03 prensas de rolos da KRUPP/ POLYSIUS, com 2,40 metros de diâmetro e 1,65 metros de largura. A capacidade de cada equipamento é de 2.200 t/h. A potência total instalada por equipamento será de 4.800 KW, sendo 02 motores de 2.400 KW cada. Alguns outros pontos favoráveis foram levantados nesses estudos: - foi possível avaliar o impacto do aumento da diluição da polpa alimentada na produtividade das prensas de rolos e, também, para efeito de balanço de massas, determinar a distribuição granulométrica dos produtos da prensa. Os testes determinaram, também, a abrasividade do minério e esses resultados permitiram prever o custo operacional relacionado a desgaste dos rolos. Todos os testes foram realizados mantendo a velocidade dos rolos constante e variando a pressão entre 1,8 a 3,8 N/mm². A capacidade de produção foi avaliada em função da umidade do minério que variou entre de 6% a 9% na alimentação, com apenas uma única passagem pela prensa. Os principais resultados desses testes são apresentados tabela 05. Tabela 05 – Resultado dos testes em escala piloto Prensa projeto Anglo Fonte: (Ribeiro, Russo e Costa, 2010, p. 401) Na Figura 3.20 os autores apresentam, também, a variação da capacidade específica em função da umidade na alimentação e pressão nos rolos. A capacidade variou de 270 a 300 t*s/(h*m³), para um teor de umidade variando entre 6,0% a 9,0%, e com uma pressão de moagem de 2,9 N/mm². Quando a pressão é elevada a 3,9 N/mm² observou uma redução na capacidade específica de aproximadamente 10,0% para uma alimentação contendo 6,0% de umidade. Reduzindo a pressão nos rolos para 1,8 N/mm², a capacidade aumentou, também, em 10,0%. Por esta razão, cabe aqui uma referência à importância dos testes em escala piloto. 36 Figura 3.20 – Variação da capacidade específica em função do teor de umidade na alimentação Fonte: (Ribeiro, Russo e Costa, 2010, p. 402) De acordo com esses resultados, a pressão de trabalho está relacionada à alta energia absorvida pelo material e, consequentemente, ao alto consumo específico de energia. A potência absorvida pelo material, de acordo com o apresentado na Figura 3.21 apresenta a relação linear entre a pressão de moagem e a potência absorvida nos testes realizados. Os resultados mostram variações entre 0,8 e 1,5 KWh/t para os intervalos de pressão testados. Figura 3.21 – Correlação entre a Pressão e o consumo específico de energia - Parte 1 Fonte: (Ribeiro, Russo e Costa, 2010, p. 402) As distribuições granulométricas da alimentação e dos produtos também foram realizados nos testes. A Figura 3.22, apresentada pelos autores do artigo retrata esta função. 37 Figura 3.22 – Correlação entre a Pressão e o consumo específico de energia - Parte 2 Fonte: (Ribeiro, Russo e Costa, 2010, p. 401) Pode-se verificar a partir do gráfico que foi apresentado acima que o Top Size, ou tamanho máximo do produto indicado foi menor que 16,0 mm. De acordo com Ribeiro, Russo e Costa, (2010), isto basicamente significa a abertura de trabalho das prensas de rolos. Coube a eles ainda salientar que a granulometria do produto é controlada, com certos limites, pela pressão aplicada. A correlação entre a pressão e a granulometria do produto obtido na descarga total é apresentado na Figura 3.23. Figura 3.23 – Correlação entre a Pressão e a Granulometria do Produto Fonte: (Ribeiro, Russo e Costa, 2010, p. 402) 38 Com base nos testes de abrasividade foi apresentada pelos autores a tabela 06 que representa a taxa de desgaste prevista para o sistema. O minério foi considerado como tendo um grau de abrasividade alto quando comparado ao mineral padrão. Tabela 06 – Testes e abrasividade do Minério do Projeto Fonte: (Ribeiro, Russo e Costa, 2010, p. 402) Segundo Ribeiro, Russo e Costa, (2010), foi garantido pelo fabricante uma vida útil estimada de 4000 horas para os revestimentos dos rolos. Ainda segundo os autores do artigo, o objetivo do estudo de aplicação das prensas de rolos no projeto Minas- Rio foi com o intuito de obter uma redução no consumo de energia, comparativamente aos circuitos tradicionais com britadores cônicos ou de impacto convencionais e moinhos. O processo de cominuição na prensa de rolos é do ponto de vista energético o mais eficiente devido à característica da aplicação lenta de alta carga sobre o leito de partículas. Isto causa colapso estrutural nos grãos, minimizando o ruído e a energia desperdiçada na forma de calor como ocorre nos processos de cominuição convencional. Segundo Ribeiro, Russo e Costa, (2010), durante o estudo de viabilidade deste projeto foram comparadas duas propostas de circuitos. Na primeira proposta, utiliza-se a prensa de rolos alimentada com o produto da britagem secundária e sua descarga alimenta a moagem com moinhos de bolas. Na segunda proposta, o minério proveniente da britagem secundária alimenta uma britagem terciária composta por britadores de impacto de eixo vertical, tipo Barmac, e seu produto alimenta a moagem de bolas. Neste caso, porém, seria necessária uma quantidade maior de moinhos devido ao resultado da britagem com utilização de Barmacs. Os estudos de viabilidade mostraram, também, que a utilização de prensas de rolos resultaria em uma potência instalada em média de 15,0% menor que a instalada no circuito com britagem terciária. Ainda segundo os autores do artigo, a necessidade de mão de obra, para operação e manutenção dos equipamentos, seria 20,0% maior, caso fosse utilizado britagem terciária com britadores de eixo vertical. Outro fato relevante foi à redução no investimento em equipamentos, ficando, comparativamente, a alternativa que inclui Prensa de Rolos cerca de 6,0% menor à alternativa envolvendo o circuito de britagem terciária. 39 Os autores do artigo concluem que um dos fatores decisivos na escolha de um circuito utilizando prensas de rolos é, basicamente, a redução no custo operacional. Outro ganho significativo quando comparado ao circuito britador-moinhos, está relacionado à manutenção com aumento da disponibilidade física do equipamento. Segundo os fabricantes podendo chegar a 95% de DF, disponibilidade e utilização. Contudo, depende das características do minério como vimos nos capítulos acima, principalmente do índice de abrasão uma vez que o mesmo é diretamente proporcional ao desgaste dos rolos. A conclusão do trabalho desses autores em relação à aplicação de Prensas de Rolos neste projeto de cominuição de minério de ferro é que ela apresenta as seguintes vantagens: Investimento inicial menor, aproximadamente, 8,0% inferior ao da britagem terciária e peneiramento secundário (a carga circulante nas peneiras foi menor); Custo operacional menor, aproximadamente 2,0% inferior. Isto se deve, principalmente, à maior eficiência enérgica das prensas de rolos; Permitiu a simplificação do circuito de cominuição da usina de beneficiamento, com eliminação dos circuitos de peneiramento e britagem terciária; Esta operação gera maior estabilidade no processo diante de possíveis variações no Wi (work index) e na distribuição granulométrica do minério que podem ocorrer ao longo do desenvolvimento da mina, uma vez, que a capacidade específica varia com a dureza do minério. 40 CONCLUSÕES A prensa de rolos, mediante estudos, pode ser a melhor alternativa, pois: Pode reduzir a potência instalada da instalação mediante redução de etapas de cominuição e classificação; Pode reduzir o custo operacional com insumos de desgaste; Colabora para um fluxo mais constante e por conseqüência aperfeiçoa as etapas subseqüentes do processo, como a moagem e a flotação; Oferece maior segurança na operação; Pode reduzir o custo com periféricos (estruturas, chutes, obra civil, etc.) A demanda por energia torna qualquer trabalho que trata do tema muito importante. O desenvolvimento de equipamentos capaz de tornar determinada tarefa mais eficiente é tido como premissa bastante relevante. O desenvolvimento de um projeto mais sustentável deve ser objetivo de todos e não pode ser bloqueadas por questões culturais ou mal concebidas. Neste sentido estabelece o crescimento de diretrizes que acabam levando a novas práticas e por consequência a novo meios e processos. De um lado um mercado mineral cada vez mais demandado e de outro uma consequente necessidade de insumos, equipamentos e bens industriais necessários à produção. Às Engenharias é dada a responsabilidade de analisar e propor transformações de ordem técnica, convertendo teorias em ações efetivas. Oferece-nos formas de perceber que para o crescimento e desenvolvimento de um processo é necessário intervenção. As instalações industriais existentes são passíveis de otimização, e as que devem surgir nos próximos anos devem ter por sua vez melhorias continuadas. Ao primeiro ponto, se faz necessário o entendimento dos processos de beneficiamento de minério em congruência com a engenharia de minas, porém sempre em cooperação com as disciplinas circundantes tais como: a mecânica, elétrica, civil e de controle e automação. A idealização destes pontos, seja ele qualquer atividade que inicia uma cadeia de eventos, agrega valor em sua fase intermediária e fornece ao final uma equalização satisfatória e de maior qualidade, é o que o torna o processo efetivamente mais eficiente. É sob este ponto de vista, que se conclui este trabalho, pois talvez não seja possível eliminar a ineficiência inerente ao processo, mas será sempre possível o desejo de inovar. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURCHARDT, E. High Pressure Grinding Tests on Friable Itabirites from Serra do Sapo Mine. Polysius Research Centre. Alemanha: 2007. (Apenas consulta). CATÁLOGO, FLSMITDH ONE SOURCE, 2011 disponível http://www.flsmidth.com/enUS/Products/Product+Index/All+Products/Grinding/HPGR/HPGR. Acesso em 15/05/2013. CHAVES, A.P. et al; Teoria e Prática do Tratamento de Minérios. Volume 1, 2.ed.São Paulo, Brasil: Signnus Editora, 2002 . (Apenas consulta). MORRELL, Daniel, M. J. and, S. (2004) HPGR model verification and scale-up. Minerals Engineering, 17 11/12: 1149-1161. (Apenas consulta). GUPTA, Ashok, YAN, Denis. Mineral Processing Design and Operation: An Introduction, Elsevier, 2006. KLYMOWSKY, R. High Pressure Grinding Tests on Coarse Iron Ore from Minas- Rio System. Polysius Research Centre. Alemanha: 2007. KRONEMBERGER, A. V., Metodologia para Simulação e Escalonamento de Prensas de Rolos. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica, Materiais, Belo Horizonte, 2012.155p. MORLEY, C., 2006. Flowsheets for HPGR, SAG 2006. 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Acesso em 12/12/2012. 42 Disponível em: http://www. weirminerals.com/productsservices/comminution. Acesso em 11/12/2012. Disponível em: http://www.metsominerals.com.br/minerals. Acesso em 15/01/2013. Disponível em: http://www.metsominerals.com.br/minerals. Acesso em 15/01/2013. Disponível em: www.andinaminerals.com/.../andina-hpgr.pdf. Acesso em 16/01/2013. Disponível em: http://technology.infomine.com/articles/1/761/grinding.rolls.pressure/application.of.high.aspx . Acesso em 16/01/2013. 43 ANEXOS Anexo I - FLSMITDH 44 Anexo II - KHD 45 46 47 Anexo III - Tabela Valery e Jankovic 48 Anexo IV - Outros exemplos de rotas/Fluxogramas com utilização de Prensa de Rolos 49 50 S586c Silva, Alexandre de Oliveira. Contextualização da prensa de rolos no beneficiamento de minério de ferro [manuscrito] / Alexandre de Oliveira Silva. – 2013. 50 f., enc.: il. Orientador: Roberto Galery. Monografia apresentada à Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do Título de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Minerais. . Anexos: f.43-50 Bibliografia: f. 41-42. 1. Minas e recursos minerais. 2. Cominuição (Beneficiamento de minério). 3. Prensas mecânicas. I. Galery, Roberto. II. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia. III. Título. CDU: 622