universidade federal rural do semi-árido - Engenharia Civil
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO OTIMIZAÇÃO DA COAGULAÇÃO VISANDO REMOÇÃO DE COR E TURBIDEZ MOSSORÓ-RN 2014 FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO OTIMIZAÇÃO DA COAGULAÇÃO VISANDO REMOÇÃO DE COR E TURBIDEZ Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Campus Mossoró, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Profª. Dra. Sc. Solange Aparecida Goularte Dombroski – UFERSA. MOSSORÓ-RN 2014 O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seus autores Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT) Setor de Informação e Referência C837o Costa Filho, Francisco das Chagas da. Otimização da coagulação visando remoção de cor e turbidez / Francisco das Chagas da Costa Filho -- Mossoró, 2014. 100f.: il. Orientadora: Profª. Dra. Solange Aparecida G. Dombroski. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de Graduação. 1. Engenharia sanitária. 2. Água – análise e tratamento. 3. Coagulação. 4. Filtração Direta. 5. Remoção de turbidez - Rio Piranhas-Açú – Mossoró/RN. I. Título. RN/UFERSA/BCOT/768-14 CDD: 628.16 Bibliotecária: Vanessa Christiane Alves de Souza Borba CRB-15/452 FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO OTIMIZAÇÃO DA COAGULAÇÃO VISANDO REMOÇÃO DE COR E TURBIDEZ Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. APROVADA EM: 05/07/2014 BANCA EXAMINADORA Ao meu querido amigo Saldanha (in memoriam), pelo carinho, força, colaboração na minha vida acadêmica, e por todos os momentos de alegria e felicidade que nos proporcionou em vida. Aos meus pais que sempre me apoiaram e me deram forças para nunca desistir de buscar os meus objetivos. As minhas irmãs e sobrinhos, por estarem sempre próximos nos momentos em que eu mais precisei. AGRADECIMENTOS A Deus primeiramente que me deu força e coragem para ir em busca dos meus sonhos; Aos meus pais e minha família, que me apoiaram sempre nas escolhas da minha vida e me aconselharam a buscar o melhor caminho; Aos amigos que sempre estiveram presentes nas diversas situações; A Cristiane Nascimento, Savanna Cristina, Danilo Noronha e Thales Henrique, pela amizade e companheirismo que me dedicaram em todo o período do curso de Engenharia Civil. Aos Mestres que tive ao longo do Bacharelado em Engenharia Civil, que buscaram ao máximo transmitir conhecimentos e me encorajaram a ir em frente, me apoiando no que era possível. A minha orientadora, Dr. Solange Dombroski, por colaborar nesse projeto, pela paciência, amizade e companheirismo que me dedicou na realização deste trabalho. A Rudna Vieira, Adler Lincoln e João Paulo Alvez, pela amizade e colaboração neste trabalho. Aos membros da banca, pela colaboração para melhorar meu trabalho final de graduação. A todos, que de alguma forma contribuiu para a concretização deste sonho. EPÍGRAFE “Até onde posso, vou deixando o melhor de mim. Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração”. Clarice Lispector. RESUMO A água é um dos recursos naturais existentes essenciais para a manuntenção da vida humana, visto que seus usos são multiplos, sendo a sua principal função o abastecimento humano. Em vista disso, toda e qualquer água utilizada para consumo, deve obedecer aos riquisitos impostos pelo Ministério da Saúde, descritos no padrão de potabilidade regido pela portaria de nº 2.914/2011. O presente trabalho teve como objetivo geral, executar ensaios de tratabilidade em escala de bancada simulando a tecnologia de coagulação e de filtração direta, visando remover cor e turbidez da água do rio Piranhas/Açu, localizado em Assú, RN. A pesquisa avaliou a remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeira a partir de ensaios realizados em equipamento jar test e filtração em papel. Os ensaios foram realizados em três etapas, nas quais foram fixadas condições de mistura rápida, tempo e gradiente médio de velocidade, mas distintas entre si. Em cada ensaio, utilizava-se uma dosagem fixa de coagulante e variava-se os valores de pH de coagulação, tendo sido utilizados dois tipos de coagulantes (cloreto de polialumínio e sulfato de alumínio) e um auxiliar de coagulação (polímero catiônico), totalizando 18 ensaios com 6 jarros por ensaio. Os resultados obtidos indicaram os menores valores remanescentes de turbidez (0,57 uT), cor aparente (8 uH) e cor verdadeira (4 uH) para a dosagem de cloreto de polialumínio (PAC) de 6 mg/L com respectivo valor de pH de coagulação de 4,8. Para esta condição, os percentuais remanescentes para turbidez, cor aparente e cor verdadeira foram de 24, 38 e 50%, respectivamente. De um modo geral, os resultados ressaltaram a importância da realização de testes em escala de laboratório visando a otimização do processo de coagulação, já que, em distintos testes, observou-se uma piora da qualidade da água bruta com relação a cor verdadeira e, em um teste, para turbidez. Palavras-chave: Coagulação. Filtração Direta. Remoção de turbidez. Remoção de cor (aparente e verdadeira). LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Unidades componentes de uma instalação de abastecimento de água..................... 19 Figura 2 - Representação esquemática de uma micropeneira rotativa e peneiras com abertura de 50 mm (direita) e 25 mm (esquerda) ................................................................................... 50 Figura 3 - Vista de um equipamento jartest ............................................................................. 54 Figura 4 - ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande: (a) Calha Parshal em operação; (b) Dosador de coagulante; (c) Dosador de cal e de coagulante em Calha Parshall. .................................................................................................................................... 57 Figura 5 - Tipos de floculadores empregados na ETAs: a) - Floculador em meio granular; b) Floculador em chicanas; c) Floculador mecanizado ................................................................ 59 Figura 6 - Floculador em chicanas verticais (seco) vendo-se, à direita, o vertedor para medição de vazão (ETA Alto Branco, CAGEPA, Campina Grande). ..................................... 59 Figura 7 - Vista de uma unidade de floculação mecânica. As tampas amarelas objetivam a proteção do motor de acionamento do misturador (ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande). ................................................................................................... 60 Figura 8 - Vistas da ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande: (a) Decantador convencional de fluxo horizontal; (b) Um detalhe da calha coletora de água decantada. ................................................................................................................................. 61 Figura 9 - Corte longitudinal de um esquema de filtro rápido ................................................. 62 Figura 10 - Vista parcial da bateria de filtros da ETA Gravatá ................................................ 63 Figura 11 - Lavagem de filtros: (a) Início - areia fluidificando; (b) lavagem em pleno funcionamento. ......................................................................................................................... 63 Figura 12 - Filtro seco e cheio .................................................................................................. 64 Figura 13 - Cone de saturação ou dosador de flúor. ................................................................. 66 Figura 14 - Técnicas mais usuais de tratamento de água ......................................................... 67 Figura 15 - Esquema vertical de um filtro lento ....................................................................... 69 Figura 16 - Esquema vertical de um filtro rápido ..................................................................... 70 Figura 17 - Esquema em corte de uma ETA de ciclo convencional......................................... 71 Figura 18 – Vista do equipamento Jar test utilizado para a pesquisa: (a) Jar test; (b) Jarro com água coagulada. ........................................................................................................................ 77 Figura 19 - (a) Vista do reservatório e bombonas utilizadas para armazenar a água bruta; (b) Sistema filtrante para a água pós mistura rápida. ..................................................................... 77 Figura 20 - Equipamentos utilizados em laboratório: (a) Espectrofotômetro; (b) Medidor multiparâmetro - condutivímetro; (c) Turbidímetro. ................................................................ 77 Figura 21 - Vista superior da localização da captação da água do Rio Piranhas/Açu. ............. 78 Figura 22–Vistas da captação de água da ETA de Assú. ......................................................... 79 Figura 23 - Aparelhos utilizados em campo: (a) Termômetro e medidor de pH; (b) GPS. ..... 79 Figura 24 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 1,0 mg/L e 1,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. ...................................................................................................... 85 Figura 25 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 2,0 mg/L e 2,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. ...................................................................................................... 85 Figura 26 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 3,0 mg/L e 3,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. ...................................................................................................... 86 Figura 27 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 4,0 mg/L e 4,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. ...................................................................................................... 87 Figura 28 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 5,0 mg/L e 6,0 mg/L de Cloreto de Polialumínio. ...................................................................................................... 87 Figura 29 - Fração remanescente de turbidez (t/t0), cor aparente (c/c0) e cor verdadeira (cv/c0) para a dosagem de 6,0 mg/L de Cloreto de Polialumínio. .......................................... 88 Figura 30 - Fração remanescente de turbidez (t/t0), cor aparente (c/c0) e cor verdadeira (cv/cv0) para as dosagens de 5,0 mg/L de Sulfato de Alumínio e 0,25 e 0,5 mg/L de Polímero Catiônico................................................................................................................................... 89 Figura 31 - Fração remanescente de turbidez (t/t0), cor aparente (c/c0) e cor verdadeira (cv/cv0) para as dosagens de 6,0 mg/L de Sulfato de Alumínio e 0,25 e 0,5 mg/L de Polímero Catiônico................................................................................................................................... 90 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Remoção de coliformes na água de consumo .......................................................... 28 Tabela 2 - Regiões cujas entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água realizam análise radiológica na água tratada em 2000 ............................................................................ 42 Tabela 3- Frequência de monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento de água........................................................................................................................................... 43 Tabela 4- Número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises microbiológicas, em função da população abastecida.................................................................................................................................. 43 Tabela 5 - Número mínimo de amostras e frequência para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de manancial ................. 45 Tabela 6- Parâmetros de aceitação para consumo humano incluídos na Portaria nº 2914/2011 .................................................................................................................................................. 47 Tabela 7- Fórmula química específica do hidróxi-cloreto de alumínio ................................... 56 Tabela 8- Forma comercial de sulfato de alumínio sólido ....................................................... 57 Tabela 9- Quantidade de organismos para iniciar a enfermidade ............................................ 65 Tabela 10- Primeira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, avaliando-se a remoção de turbidez 80 Tabela 11- Segunda etapa de ensaios visando avaliar a remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeire, para a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, identificados na primeira etapa. ....................................................................... 81 Tabela 12- Terceira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio com auxiliar de coagulação (polieletrólito Floerger) e respectivo pH de coagulação ................................................................................................................................ 81 Tabela 13 - Verificações in loco levantadas durante as coletas da água bruta estudada .......... 83 Tabela 14 - Caracterização da água bruta. ................................................................................ 83 Tabela 15 - Síntese dos melhores resultados das etapas 1, 2 e 3. ............................................. 91 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Doenças causadas pelo consumo de água contaminada por excretos humanos ou animais (bactérias, protozoários e vírus) .................................................................................. 18 Quadro 2 - Recomendações quanto ao tipo de frasco, forma de preservação e prazo de execução de análise para cada parâmetro. ................................................................................ 23 Quadro 3 - Principais agentes infecciosos encontrados mundialmente em água contaminada destinada ao abastecimento público ......................................................................................... 25 Quadro 4 - Características gerais das cianotoxinas .................................................................. 29 Quadro 5 - Parâmetros de caracterização da água destinada ao consumo humano (baseado na portaria nº 2914/2011) .............................................................................................................. 48 Quadro 6 - Principais processos e operações unitárias de tratamento de água para abastecimento público .............................................................................................................. 49 Quadro 7 - Locais de adição de suspensão do cap. .................................................................. 52 Quadro 8 - Classificação das técnicas de flotação .................................................................... 61 Quadro 9 - Características de algumas técnicas de tratamento de água ................................... 73 Quadro 10 - Limites de aplicação de diferentes técnicas de tratamento em função da qualidade da água bruta............................................................................................................................. 74 LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas; CAERN - Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte; CAG - Carvão Ativado Granulado; CAP - Carvão Ativado em Pó; CME - Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente; DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio; DSA - Dosagem de Sulfato de Alumínio; ETA – Estação de Tratamento de Água; F - Condições Fixas de Floculação; FiME - Filtração de Múltiplas Etapas; FUNASA - Fundação Nacional de Saúde; GF - Gradiente Médio de velocidade de Floculação; GMR- Gradiente Médio de Velocidade de Mistura Rápida; IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; MON - Matéria Orgânica Natural; MR - Condições Fixas de Mistura Rápida; MS – Ministério da Saúde; NBR – Norma Brasileira; NTU - Nephelometric Turbity Unit; PAC - Polyaluminium chloride; pH – Potencial Hidrogeniônico; RN - Rio Grande do Norte; S - Condição Fixa de Sedimentação; STD - Sólidos Totais Dissolvidos; Tf - Tempo de Floculação; Tmr - Tempo de Mistura Rápida; UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido; Vs - Velocidade de Sedimentação; SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 16 2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 16 3 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 17 3.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SAÚDE ............................................................. 17 3.2 UNIDADES COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ................................................................................................................................ 19 3.3 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA ............................................ 21 3.3.1 Características das águas ................................................................................. 22 3.3.2 Definição de parâmetros para análises de água............................................. 42 3.3.3 Plano de amostragem ....................................................................................... 42 3.3.4 Divulgação da informação ............................................................................... 44 3.3.5 Padrão de potabilidade .................................................................................... 46 3.4 TRATAMENTO DE ÁGUA ..................................................................................... 48 3.4.1 Processos e operações unitárias de tratamento de água .............................. 49 3.4.2 Tecnologias de tratamento de água ................................................................. 66 3.4.3 Seleção de tecnologias de tratamento.............................................................. 72 4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 75 4.1 OBJETO DE ESTUDO ............................................................................................. 75 4.2 PERÍODO DO ESTUDO........................................................................................... 76 4.3 MATERIAL UTILIZADO ........................................................................................ 76 4.4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ........................................................................... 78 4.4.1 Obtenção e caracterização da água bruta ...................................................... 78 4.4.2 Procedimento experimental ............................................................................. 80 5 5.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 83 RESULTADOS RELATIVOS À CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA BRUTA ....... 83 5.2 RESULTADOS OBSERVADOS NA PRIMEIRA ETAPA: APLICAÇÃO DE PAC COMO COAGULANTE VISANDO A REMOÇÃO DE TURBIDEZ ................................... 84 5.3 RESULTADOS OBTIDOS NA SEGUNDA ETAPA: UTILIZAÇÃO DE PAC COMO COAGULANTE VISANDO A REMOÇÃO DE TURBIDEZ E DE COR ................ 88 5.4 RESULTADOS VERIFICADOS NA TERCEIRA ETAPA: UTILIZAÇÃO DE SULFATO DE ALUMÍNIO JUNTAMENTE COM POLÍMERO CATIÔNICO VISANDO A REMOÇÃO DE TURBIDEZ E DE COR ................................................................................ 89 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 92 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 93 ANEXO A - Resultados da primeira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, avaliando-se a remoção de turbidez.................................................................................................................................96 ANEXO B - Segunda etapa de ensaios visando avaliar a remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeire, para a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, identificados na primeira etapa. ....................................................................... 99 ANEXO C - Terceira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio com auxiliar de coagulação (polieletrólito Floerger) e respectivo pH de coagulação .............................................................................................................................. 100 14 1 INTRODUÇÃO A água é um dos elementos fundamentais para a manuntenção da vida humana, tornando-se uma matéria-prima indispensável. Sua utilização é diversa como produção agrícola, dessedentação de animais, geração de energia, balneabilidade, transporte, manutenção da vida aquática, entre outras, sendo considerado um dos usos mais nobres, o abastecimento humano. Com relação ao tratamento de água para abastecimento humano, Santos (2004) comenta que, comumente, no Brasil as estações de tratamento de água (ETAs) são dimensionadas e construídas sem um estudo prévio da água bruta para a determinação da tecnologia de tratamento, acarretando a oneração da obra, aumentando os custos com operação e a distribuição de água com qualidade inferior e com excessos de produtos químicos. Para escolher a técnica de tratamento, deve-se observar (LIBÂNIO, 2010): característica da água bruta; orçamento para implantação, manutenção e operação da tecnologia; manuseio e confiabilidade dos equipamentos empregados no tratamento; flexibilidade operacional; característica da população consumidora e a localização; disposição dos resíduos finais (lodo). A grande preocupação com a tratabilidade da água se dá pelo fato de que o meio hídrico é uma das principais formas de transmissão de doenças, que segundo Heller (2006) podem ser de duas formas: a transmissão por ingestão de água contaminada por agentes biológicos patogênicos e, a transmissão que ocorre pela insuficiência da quantidade de água provocando higiene deficiente. Quanto às impurezas presentes na água, de acordo com Medeiros Filho (2009), as mesmas podem ser classificadas da seguinte forma: - em suspensão: algas, protozoários, fungos e vírus; vermes e larvas; areia, argila e silte; resíduos industriais e domésticos; - estado coloidal: corantes vegetais, sílica e vírus;- em dissolução: sais de cálcio e magnésio (bicarbonatos, carbonatos, sulfatos ou cloretos), sais de sódio (bicarbonatos, carbonatos, sulfatos fluoretos e cloretos), óxidos de ferro e manganês, chumbo, cobre, zinco, arsênico, selênio e boro, iodo, flúor e compostos fenól; - substâncias albuminóides: nitratos e nitritos, gases (O2, CO2, H2S, N). Toda água para o abastecimento público deve obedecer ao padrão de potabilidade definido pelo Ministério da Saúde, ou seja, as características químicas, físicas, 15 microbiológicas e radioativas não devem ultrapassar os níveis máximos citados pela Portaria MS nº 2.914/2011 (BRASIL, 2011). Nesse sentido, o presente trabalho desenvolveu testes de tratabilidade, em escala de bancada, de água de um manancial superficial utilizado como fonte de água de 34 municípios do Rio Grande do Norte, visando pesquisar a influência da coagulação na remoção de cor e turbidez. 16 2 OBJETIVOS Neste tópico são descritos o objeitvo principal e os específicos do referido trabalho. 2.1 OBJETIVO GERAL Desenvolver ensaios de tratabilidade, em escala de bancada, com a água do rio Piranhas/Açu, localizado em Assú, RN, visando remover cor e turbidez. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos são relacionados a execução de ensaios em escala de bancada simulando a tecnologia de filtração direta para tratamento da água bruta do rio Piranhas/Açu, no período detransição entre chuva e estiagem, pesquisando: - A aplicação de cloreto de polialuminio (PAC) como coagulante visando a remoção de turbidez; - A influência da utilização de PAC como coagulante na remoção de cor (aparente e verdadeira) e de turbidez, para a melhor dosagem e respectivo pH de coagulação identificados na primeira etapa da pesquisa. - A utilização de sulfato de alumínio juntamente com polímero catiônico visando a remoção de turbidez e de cor. 17 3 REVISÃO DE LITERATURA Neste tópico são descritos os principais pontos correlacionados com a qualidade da água e diversas técnicas existentes para o tratamento da água visando o abastecimento humano. 3.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SAÚDE A água é atualmente uma das principais riquezas naturais existentes, visto que é essencial para a manutenção da vida, seja ela animal ou vegetal, compondo aproximadamente um terço dos seres humanos e 98% para certos animais aquáticos, legumes, frutas e verduras (LIBÂNIO, 2010). Estimativas mostram uma disponibilidade de 1,36x109 a 1,46x109 km³ de água no planeta, mas somente 3% do total existente é doce, além de haver má distribuição deste recurso (LIBÂNIO, 2010). Este fato limita a reserva para o abastecimento humano, tornando mais onerosas as obras de distribuição. Quanto à qualidade da água, tem havido degradação desta como resultado de ações humanas, fazendo-se necessária a utilização de tecnologias mais eficientes e caras para o seu tratamento. A qualidade da água de abastecimento humano influencia diretamente a saúde da população, devendo a mesma atender o padrão de potabilidade especificado pela Portaria MS Nº 2.914 de 12/12/2011. Historicamente, a água teve um papel fundamental para o desenvolvimento das atividades humanas. A mudança do estado de nomadismo para a fixação em áreas e a criação de comunidade se deu próximo aos cursos d’água, dando origem posteriormente às cidades (LIBÂNIO, 2010). A criação das comunidades próximas aos cursos d’água também trouxe malefícios, visto que a prática do saneamento básico não era comum, além da contribuição de fatores como “a urbanização, a sociedade de consumo, a crise ambiental, as mudanças climáticas, a globalização, os conflitos transfronteiriços e etc.” (HELLER; PÁDUA, 2006, p. 23). De um modo geral, a deterioração dos mananciais traz à tona, doenças de veiculação hídrica que foram e ainda são responsáveis por mortes em todas as regiões, transformando o tratamento da água em um verdadeiro desafio para os órgãos responsáveis atuais. Conforme Cesar e Duarte (2010), as consequências geradas para o meio ambiente devido a utilização da água são diversas, mas elas se diferenciam a partir da maneira de 18 utilização do recurso, ou seja, conforme o seu uso. Ainda de acordo com Cesar e Duarte (2010), são diversas as formas de contribuição antrópica para a diminuição da qualidade da água, como: o lançamento inadequado de resíduos líquidos e sólidos, a urbanização das mais variadas formas, a retirada da vegetação ripária às margens do corpo d’água, entre outros fatores. Sendo uma matéria prima indispensável para a vida humana, a água é utilizada para diversas atividades como a produção agrícola, dessedentação de animais, geração de energia, esporte, lazer, atividades industriais e domésticas; contudo a sua função mais nobre é o abastecimento humano. No âmbito do consumo humano, D’Aguila et al. (2000), relatam que o principal objetivo para a exigência de qualidade da água é a proteção à saúde pública; sendo as bactérias patogênicas, os vírus e os parasitas os principais agentes biológicos causadores de doenças de veiculação hídrica conhecidos atualmente. De acordo com Heller (2006), existem duas formas principais de transmissão de doenças de veiculação hídrica por agentes biológicos, sendo elas: a transmissão por ingestão de água contaminada por agentes biológicos patogênicos e a transmissão que ocorre pela insuficiência da quantidade de água, provocando higiene deficiente. O Quadro 1 mostra as principais doenças de veiculação hídrica ocasionada pela ingestão da água contaminada por agentes biológicos. Quadro 1 - Doenças causadas pelo consumo de água contaminada por excretos humanos ou animais (bactérias, protozoários e vírus) Bactérias Protozoários Vírus Doença Agente causal Febre tifóide Salmonella typhi Disenteria bacilar Cólera Leptospirose Diarréia Salmonelose Bacilo Disentérico Víbriocholerae Leptospirainterrogans Escherichia coli Salmonela Disenteria Amebiana Entamoebahistolytica Giardíase Giárdia lamblia Hepatite infecciosa Vírus da hepatite A Enterovírus, parvovírus, rotavirus Poliomielites vírus Gastroenterite Paralisia infantil Fonte: Cajazeiras (2007). Nota: Dados utilizados e modificados de Matos (2001). Sintomas Febre elevada, diarréia, ulceração do intestino delgado Forte diarréia Diarréia extremamente forte Icterícia, febre Febre, náusea, diarreia Diarreiaprolongada, com sangramento, abscessos no fígado e intestino fino Diarreia leve a forte, náusea, indigestão, flatulência Icterícia, febre Diarréia leve a forte Paralisia 19 Segundo D’Aguila et al. (2000), a melhor forma de garantir água adequada para o consumo humano é prevenir que o manancial seja contaminado por dejetos de animais e de seres humanos; consequentemente evitando a deposição de possíveis bactérias, vírus, protozoários e helmintos que poderiam estar alocados nos rejeitos. 3.2 UNIDADES COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA Os componentes de uma instalação de abastecimento de água podem ser visto de forma esquemática através da Figura 1. Figura 1 - Unidades componentes de uma instalação de abastecimento de água Fonte: BRASIL (2006a, p. 81). De acordo com a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (BRASIL, 2006a), o sistema de abastecimento de água é composto pelos seguintes componentes: 20 - Manancial: é a fonte natural para a captação da água que será distribuída. Sua escolha, caso se disponha de mais de um manancial, dependerá de aspectos econômicos, vazão requerida para atender a demanda atual e com horizonte de projeto e, principalmente, a qualidade da água que será captada. De acordo com Heller (2006), os mananciais podem ser do tipo: subterrâneo freático ou artesiano, superficial com ou sem acumulação de água de chuva. - Captação: parte do sistema responsável pela tomada de água do manancial (superficial ou subterrâneo) e seu lançamento no sistema de abastecimento, utilizando conjuntos de equipamentos e instalações que variam de acordo com o tipo de manancial. - Adução: é o conjunto de tubulações, peças especiais e obras de arte, dispostas entre captação e a Estação de Tratamento de Água (ETA), captação e o reservatório de distribuição, captação e a rede de distribuição, ETA e o reservatório de distribuição e entre a ETA e a rede de distribuição. Se classificam em função da água transportada (adutora de água bruta ou adutora de água tratada); em função da energia utilizada para o escoamento da água (adutora por gravidade, adutora por recalque ou mista) e em função do modo de escoamento (adutora em conduto livre ou adutora em conduto forçado). - Tratamento: parte do sistema que utilizará tecnologias para garantir o padrão de potabilidade exigido pela portaria MS Nº 2914/2011. O tratamento é realizado a fim de tornar a água adequada para o consumo humano, melhorando suas características organolépticas, físicas, químicas e bacteriológicas. De acordo com o artigo 24 da Portaria nº 2914/2011 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011a, p. 12) e Heller (2006, p.76), “toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por processo de desinfecção ou cloração e as águas provenientes de manancial superficial devem ser submetidas ao processo de filtração”. - Reservação: parte do sistema que é construída para atingir os seguintes propósitos: atender às variações de consumo ao longo do dia; promover a continuidade do abastecimento no caso de paralisação da produção de água; manter pressões adequadas na rede de distribuição; garantir uma reserva estratégica em casos de incêndio. Os reservatórios podem ser classificados como reservatório de montante (situado no início da rede de distribuição, sendo sempreo fornecedor de água para a rede); reservatório de jusante (situado no extremo ou em pontos estratégicos do sistema, podendo fornecer ou receber água da rede de distribuição); elevados, apoiados, enterrados e semi-enterrados. - Rede de distribuição: parte do sistema formada por um conjunto de tubulações, conexões, registros e peças especiais, que são utilizadas para distribuir a água tratada de forma contínua a todos os usuários do sistema. São classificadas como: rede ramificada (consiste 21 em uma tubulação principal, da qual partem tubulações secundárias. Tem o inconveniente de ser alimentada por um só ponto); rede malhada sem anel (da tubulação principal partem tubulações secundárias que se intercomunicam, evitando extremidades mortas); rede malhada com anel (tubulações mais grossas, que circundam determinada área a ser abastecida e alimentam tubulações secundárias. Esse tipo de rede tem uma vantagem com relação as sem anéis, pois as redes permitem a alimentação por mais de um ponto diminuindo a perda de carga). - Estações elevatórias: parte do sistema constituído por instalações que elevam e transportam a água, seja ela bruta ou tratada. Entre suas funcionalidades, podem ser citadas: captação da água em mananciais de superfície ou poços rasos e profundos; elevação da pressão nas redes, levando a água a pontos mais distantes ou mais altos; aumentar a vazão de adução. - Ramal predial: consiste na ligação da rede pública de abastecimento de água com a instalação domiciliar. Tubulação que interliga o colar de tomada (peça de derivação) e o cavalete. 3.3 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA De acordo com Medeiros Filho (2009) a água é conhecida como o solvente universal, pela facilidade que tem em dissolver gases, corantes, colóides, sais e etc. Por esta razão, o autor afirma que não há água pura no planeta; além da alta facilidade com a dissolubilidade, a água também transporta partículas em seu meio, comprometendo ainda mais a sua qualidade. As impurezas presentes na água podem ser classificadas da seguinte forma: - Em suspensão: algas, protozoários, fungos e vírus; vermes e larvas; areia, argila e silte; resíduos industriais e domésticos; - Estado coloidal: corantes vegetais, sílica e vírus; Em dissolução: sais de cálcio e magnésio (bicarbonatos, carbonatos, sulfatos ou cloretos), sais de sódio (bicarbonatos, carbonatos, sulfatos fluoretos e cloretos), óxidos de ferro e manganês, chumbo, cobre, zinco, arsênico, selênio e boro, iodo, flúor e compostos fenól. - Substâncias albuminóides: nitratos e nitritos, gases (O2, CO2, H2S, N2). Ainda de acordo com o autor, as impurezas contidas na água determinam as suas principais características e as mesmas são citadas pelos parâmetros de qualidade da água. 22 3.3.1 Características das águas Segundo Pádua e Ferreira (2006), para se definir a tecnologia que será utilizada para a tratabilidade da água de um certo manancial de forma segura e eficiente, se faz necessário o conhecimento das características da água, ou seja, é preciso saber quais os tipos de impurezas de ordem química, física e bacteriológica presentes no manancial. Da mesma forma, para certificar que a tecnologia de tratamento escolhida exerceu seu papel com sucesso, impõe-se testes laboratoriais para investigar suas características e compará-las com os padrões exigidos pela portaria do Ministério da Saúde. Ainda de acordo com Pádua e Ferreira, a caracterização da água não se restringe a atividades laboratoriais, também se faz necessárioa elaboração de planos de amostragem para controle de qualidade. 3.3.1.1 Amostragem De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO/IEC 17025 (2005, p.20) - amostragem é “um procedimento definido, pelo qual uma parte de uma substância, material ou produto é retirada para produzir uma amostra representativa do todo, para ensaio ou calibração”. As normas referentes a processo de amostragem de efluentes líquidos são regidas pela ABNT e descritas nas NBR 9897/1987 – Planejamento de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores e pela NBR 9898/1987 – Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. De acordo com ABNT (1987a), os pontos para análises biológicas, químicas e físicas devem ser as mesmas, para manter uma correlação entre os resultados. Existem áreas que devem ser evitadas para o processo de amostragem, por não apresentar representatividade do todo, como áreas de refluxo de curso de água, áreas em que pode ocorrer estagnação de água e localizada próxima à margem interna de curvas (ABNT, 1987a). A amostragem de água superficial comumente é feita mergulhando o frasco coletor na corpo d’água com a boca voltada contra a corrente no líquido. Caso seja necessário um volume superior ao fraco de amostra, pode ser utilizado um recipiente de transporte tipo balde o qual deverá ser vertido nos fracos coletores, afim de manter a homogeneidade da amostra. (ABNT, 1987b). Ainda de acordo com ABNT (1987b), oprocesso de amostragem em águas profundas é comumente feita com garrafa apropriada e transferida para os fracos de amostragem. Caso necessite um grande volume de amostra, a mesma deve ser coletada pela garrafa e transferida 23 para todos os frascos de amostra e posteriormente aplicado o processo de preservação, mantendo a homogeneidade e a representatividade do manancial analisado. O Quadro 2, descreve os principais parâmetros comumente analisados em água, com as respectivas recomendações para frasco, preservação e prazo de execução de análise para cada parâmetro. Quadro 2 - Recomendações quanto ao tipo de frasco, forma de preservação e prazo de execução de análise para cada parâmetro. Parâmetro Frasco Preservação Alcalinidade Vidro polietileno ou polipropileno Refrigeração a 4º C Alumínio Polietileno, polipropileno e vidro HNO3 para pH < que 2 Carbono Orgânico Total Polietileno, polipropileno e vidro Dureza Cálcio Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno ou vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Fenóis Vidro Cianeto Cloreto Cobre Condutividade Cor Cromo total Cromo 6+ Cromo 3+ DBO5 DQO Dureza Total Ferro Fluoreto Fósforo reativo Manganês Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno ou polipropileno Polietileno, polipropileno e vidro Vidro* Polietileno, polipropileno Refrigeração a 4ºC, HCl ou H2SO4 ou H3PO4 para pH < 2 Refrigeração a 4ºC, NaOH para pH > 12 Não é necessário Prazo para análise 14 dias – água limpa; 24h – água poluída < 24h* 6 meses Menorpossível* 28 dias 7 dias* 14 dias 24 horas* Análise imediata 7 dias* HNO3 para pH < 2 6 meses Refrigeração a 4ºC 24 horas Refrigeração a 4ºC 48 horas 24 horas* HNO3 para pH < 2 6 meses Refrigeração a 4º C 24 horas HNO3 para pH < 2 6 meses Refrigeração a 4º C Refrigeração a 4ºC, H2SO4 para pH < que 2 Refrigeração a 4ºC e HNO3 para pH < 2 Refrigeração a 4ºC e HNO3 para pH < 2 Refrigeração a 4ºC e HNO3 para pH < 2 48 horas 24 horas* 28 dias 7 dias* 7 dias 7 dias 7 dias HNO3 para pH < 2 6 meses Não é necessário; Refrigeração a 4ºC* 28 dias 7 dias* Refrigeração a 4ºC, H2SO4 para pH < que 2 28 dias 7 dias* HNO3 para pH < 2 6 meses 24 Nitrogênio Amonical Nitrito Nitrogênio Total O2 Consumido em H+ e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Vidro Óleos e graxas Vidro O2 dissolvido Vidro pH Resíduo Mineral Sulfato Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Polietileno, polipropileno e vidro Refrigeração a 4ºC, H2SO4 para pH < que 2 Refrigeração a 4ºC Refrigeração a 4ºC, H2SO4 para pH < que 2 Refrigeração a 4ºC, HCl para pH < que 2 Refrigeração a 4ºC, HCl ou H2SO4 para pH < que 2 Refrigeração a 4ºC, HCl parapH < que 2 24 horas 48 horas 24 horas* 28 dias 7 dias* 4 a 8 horas 24 horas 4 a 8 horas Análise imediata Refrigeração a 4ºC 7 dias Refrigeração a 4ºC;pH < 8,0* Refrigeração a 4ºC,adicionar Acetato de Zinco + Hidróxido de Sódio para pH >9pH 6,0 - 9,0 28 dias 7 dias* Sulfetos Polietileno, polipropileno e vidro Vidro* Surfactantes Polietileno, polipropileno e vidro Refrigeração a 4ºC Turbidez Polietileno, polipropileno e vidro com âmbar. Refrigeração a 4ºC; Evitar exposição à luz* Zinco Polietileno, polipropileno e vidro Coliformes Totais e Fecais Polietileno, polipropileno e vidro com âmbar. HCl ou HNO3 para pH < que 2 Refrigeração a 4ºC, 0,008% Na2S2O3 – águas cloradas 7 dias 48 horas 24 horas* 48 horas 24 horas* 6 meses 8 horas - preferência não exceder 24 horas Fonte: CME (2009, p. 7) NOTA: - Metodologia inclusa na 21ª Edição do Standard Methods for the Examination of Waterand Wastewater (2005) e USEPA, (1998). * Recomendado por: SOUZA, H. B. de. Guia técnico de coleta de amostras por Helga Bernhard de Souza e José Carlos Derísio. São Paulo: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, 1977. 3.3.1.2 Características biológicas O conhecimento das características biológicas da água é de suma importância para a escolha da tecnologia utilizada para o tratamento, visto que cada organismo exigirá uma tecnologia específica. Os agentes biológicos (bactérias) além de ser capazes de gerar doenças na população que consome a água contaminada, também realizam a transformação da matéria orgânica em diversos elementos químicos, como o nitrogênio através dos ciclos biogeoquímicos 25 (LIBÂNIO, 2010). O controle desses organismos na água minimizam as possibilidades de transmissão de doença pelo meio hídrico, por isso que se faz necessário a realização de análises para manter os números de organismos de acordo com os da portaria da potabilidade. O principal objetivo das análises de água, é comprovar sua potabilidade. A água potável (própria para o consumo humano) deve está livre de microrganismos patogênicos e sem indicadores (bactérias) de contaminação fecal. De acordo com Di Bernardo e Paz (2008a), as características da água podem ser analisadas por exames bacteriológicos e a quantificação dos agentes biológicos se dá por exames hidrobiológicos. O Quadro 3 apresenta agentes biológicos comumente encontrados na água para abastecimento humano. Quadro 3 - Principais agentes infecciosos encontrados mundialmente em água contaminada destinada ao abastecimento público Bactérias Campylobacterjejuni Escherichia coli Salmonella Shigella Vibriocholerae Yersinaenterocolitica Vírus Adenovírus (31 tipos) Enterovírus (71 tipos) Hepatite A Norwalk Reovírus Coxsackie Rotavírus Protozoários Balantidium coli Entamoebahistolytica Giardalamblia Cryptosporidium Helmintos Ancylostomaduodenale Ascaris lumbricoides Echinococusgranulosis Necator americanos Fasciolopsisbuski Strongyloidesstercoralis Taeniasolium Trichuristrichiura Fonte: Geldreich (1996) apud Di Bernardo e Paz (2008a). - Coliformes totais De acordo com a antiga Portaria MS nº 518 (BRASIL, 2004, p. 2), coliformes totais se define como: Bactérias do grupo coliforme, bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5ºC em 24-48 horas. A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vários outros gêneros e espécies pertençam ao grupo. Segundo BRASIL (2006b), a escolha desse grupo de bactéria como indicador de contaminação da água se dá pelos seguintes argumentos: - Presença nos dejetos de animais de sangue quente, inclusive o ser humano; - Relação direta com o grau de contaminação através de dejetos na água; 26 - Técnica de detecção e quantificação conhecida e economicamente viável; - Possuem maior resistência no meio aquático do que outras bactérias, visto que a exigência nutritiva é menor comparado a bactérias patogênicas intestinais; - Possuem maior resistência a ação de agentes desinfetantes do que outro germes patogênicos; - Não se multiplicam no meio aquáticos. É de fundamental importância a quantificação das bactérias em todas as etapas do tratamento de água, visto que é através deste dado que poderá ser medido o grau de eficiência de cada parte do tratamento; Além do que, um grande número de bactérias presente na água, poderá dificultar a detecção de organismos patogênicos. - Escherichia coli Segundo a antiga Portaria MS nº 518 (BRASIL, 2004), Escherichia coli é o principal representante no grupo dos coliformes termotolerantes; utilizada como indicador de contaminação fecal recente; bactérias que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas. Sendo complementado por Di Bernardo e Paz (2008a, p. 36), como: Bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2 ºC em 24 horas, produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das enzimas ß galactosidase e ß glucoronidase, sendo considerada o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos; De acordo com Di Bernardo e Paz (2008a), este tipo de bactéria representa cerca de 9 10 /g das fezes de seres humanos e de animais, pois seu habitat natural são os intestinos de animais de sangue quente. Utilizado como indicativo forte de contaminação na água, apesar de que sua presença não significa que a água seja imprópria para tratamento, visto que nem todas são patogênicas e são sensíveis a desinfetantes, e somente um subgrupo da sua espécie são causadoras de doenças gastrintestinais; por isso, sua utilização como indicador de contaminação está sendo altamente discutida pelos estudiosos atuais. A Tabela 1 mostra uma síntese dos resultados obtidos em pesquisas nacionais e internacionais sobre a remoção de coliformes na água de consumo por desinfetantes 27 - Bactérias heterotróficas A importância de sua identificação em análises de qualidade de água se dá pela capacidade de determinar o conteúdo de microrganismo com habilidade de crescer e produzir colônias visíveis sob condições específicas de temperatura e tempo de incubação (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). A temperatura é um fator primordial para as análises, pois com sua variação, poderão ser realizados alguns testes específicos. A 22ºC, avalia-se a eficiência do tratamento, especialmente da coagulação, filtração e desinfecção; sendo utilizada também para verificar a eficácia da limpeza e integridade dos sistemas de distribuição e a conveniência do uso da água para a elaboração de comida e bebida (OMS, 1996 apud DI BERNARDO; PAZ, 2008a). A 37ºC podem ser indicadores de poluição recente. Zuane (1996, apud DI BERNARDO; PAZ, 2008a) relatou que esse tipo de bactéria pode ser patogênica oportunista. - Algas Microrganismo diferenciado por conter pigmentos de clorofila, dando-o a capacidade de sintetizar compostos orgânicos a partir de matéria-prima inorgânica na presença de luz solar. Podem apresentar-se na forma microscópica – fitoplâncton, podendo ser isoladas ou componentes de colônias. As espécies que apresentam mais interesse para o tratamento de água são as algas verdes (ou clorofíceas), as diatomáceas (ou bacilariofíceas) e as cianobactérias (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). 28 Tabela 1- Remoção de coliformes na água de consumo Organismos Escherichia coli Coliformes termotolerantes Coliformes totais Coliformes termotolerantes Coliformes totais Desinfetantes pH Temperatura ºC Tempo de Exposição (min) Dosagem de desinfetante (mg/) CxT Inativação (%) Referência Cloro livre 7 20-25 1 0,055 0,055 100 Butterfield et al. (1943)1 apud Dychdala (2001) Cloro livre Dióxido de cloro 6a7 5 (-) (-) 0,034 a 0,05 0,4 a 0,75 99 Holf (1986) Ácido hipocloroso 6 5 (-) (-) 0,04 Íon hipoclorito 10 5 (-) (-) 0,92 99 Dióxido de cloro 6,5 a 7 15 a 25 (-) (-) 0,18 a 0,38 Lechevallier et al. (1988)2 apud Mark et al. (2004) Cloro 7 25 15 0,2 3 99,99 Cloro Cloro Hipoclorito de sódio 6 a 6,5 (-) (-) 22 a 25 (-) 25 5 a 15 60 45 1,0 a 2,0 0,5 1,0 10 a 15 30 45 99,9999 99,99 100 CDC (2001)3 apud Kaufman et al. (2003) Souza et al. (2003)4 Cairns (1995) Rojas et al. (2002) Hipoclorito de sódio 6,4 18,5 10 1,6 16 99,9 Lucas et al. (2000)5 Cloro 6,8 a 7,5 (-) 18,5 0,75 a 0,8 13 a 15 100 Fonseca et al. (2003 a; b)6 Cloro livre 7,1 22 30 2 60 100 Di Bernardo e Yatsugafu, (1987)7 Fonte: Di Bernardo e Paz (2008a) 1 Butterfield, C. T.; Wattie, E; Megregian, S. (1943), Influenceof pH and Temperature on the Survival of Coli-forms and Enteric Pathogens When Exposed to Free Chloride . Public Health Rep. 58: 1837 – 1866;2 Lechevallier, M. W.; Cawthon, C. D.; Lee, R. G. (1988). Factors Promoting Survival of Bacteria in Chlorinated Water Supplies. Applied and Environmental Microbiology, 54 (3): 659-654;3 Center for Disease Control and Prevention – CDC (2001) Safe Water Systems for the Developing World: A Handbook for Implementing Housechold-based Water Treatmentand Safe Storage Projects. Atlanta. EUA;4Água com cor de 5uH e turbidez de 2uT; 5Água sintética com cor de 5uH e turbidez de 24uT;6 Resultado para reator de fluxo contínuo tipo chicanas; 7 Turbidez média de 1,8 uT; e (-) não especificado. 29 - Cianobactérias “Microrganismos procarióticos autotróficos, também denominados como cianofíceas (algas azuis), capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos à saúde” (BRASIL, 2004, p. 2). Di Bernardo e Paz (2008a) complementaram que as cianobactérias constituem um grupo muito antigo de organismo autotróficos, sendo a fotossíntese a fonte primária de obtenção de energia para os seus diversos processo metabólicos, como a biossíntese, crescimento e multiplicação. Di Bernardo e Paz (2008a) enfatizam que a proliferação de microalgas e cianobactérias se dão na maioria dos casos através da eutrofização do corpo d’água, gerada a partir de lançamento de esgotos domésticos, industriais e poluição difusa de regiões agrícolas. A importância do estudo das cianobactérias se dá pela obtenção de conhecimentos sobre as toxinas produzidas por essas bactérias, visto que este produto ocasiona envenenamento aos que consumirem água de corpos hídricos que as apresentam. No Quadro 4 apresentam-se as cianotoxinas já caracterizadas, com os órgãos consequentemente atingidos e os gêneros potencialmente tóxicos. Quadro 4 - Características gerais das cianotoxinas Grupo tóxico1 Microcystina Principal órgão atacado no animal Peptídeos cíclicos Gênero de cianobactérias2 Microcystis, Anabaena, Planktothrix (Oscillatoria), Nostoc, Hapalosiphon, Anabaenopsis. Nodularia Fígado Nodularina Alcalóides Anabaema, Planktothrix (Oscillatoria), Aphanizomenon Anatoxina-a(S) Sistema nervoso Anabaena Lyngbya, Schizothrix, Planktothrix Aplysiatoxina Pele (Oscillatoria) Cylindrospermopsina Fígado, rim e sistema linfático Cylindrospermopsis Lyngbyatoxina-a Pele, trato gastrintestinal Lyngbya Anabaema, Aphanizomenos, Saxitoxina Sistema nervoso Lyngbya, Cylindrospermopsis Lipopolissacarídeos (LPS) Potencialmente irritante em alguns Lipopolysccharides Todos tecidos expostos Anatoxina-a 1 Sistema nervoso Variações estruturais podem acontecer para casa grupo tóxicos; 2 Não produzido por todas as espécies dos gêneros. Fonte: Chorus e Bartram (1999 apud DI BERNARDO; PAZ, 2008a). 30 Di Bernardo e Paz (2008a), subdividem essas toxinas segundo sua estrutura química: - Alcalóides ou organofosforados neurotóxicos de rápida ação - morte por parada cardíaca; - Peptídeos cíclicos ou alcalóides hepatotóxicos de ação mais lenta - afeta principalmente o fígado; - Lipossacarídeos (LPS) ou endotoxinas - ação pelo contato, causando irritação (dermatotóxicas). 3.3.1.3 Características físicas e organolépticas Para as análises sanitárias, as características físicas e organolépticas não possuem tanta importância quanto às químicas e as biológicas visto que uma fonte com características físicas atrativas pode ser potencialmente perigosa para a saúde humana, e outra que não tenha características físicas agradáveis pode obedecer ao padrão de potabilidade e não ser uma fonte potencialmente perigosa à saúde humana. Em vista disso, a água para o abastecimento humano, não deverá conter cor, sabor, odor muito aparente, ou seja, a água deverá ser esteticamente aceitável para que mesmo sendo potável ela não seja recusada pela percepção humana. Segundo Di Bernardo e Paz (2008a), as características físicas da água além de envolver parâmetros estéticos, elas também auxiliam na escolha da tecnologia de tratamento do sistema. A seguir são descritas algumas características físicas e organolépticas da água. - Turbidez Está relacionada com a aparência turva da água causada por diversos materiais em suspensão, de tamanho e natureza variados, tais como areia, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, plâncton e outros organismos microscópicos. A turbidez é medida por meio do efeito da dispersão da luz que o material em suspensão causa e descrita em termos de unidades de turbidez: Nephelometric Turbity Unit - NTU (LABORATÓRIOS DE TECNOLOGIAS AMBIENTAIS, 2007). De acordo com Di Bernardo e Paz (2008a), pode ocorrer de águas do mesmo manancial terem a mesma turbidez, mesmo contendo partículas de tamanho e quantidades 31 diferentes, alterando somente as condições de coagulação. Di Bernardo e Paz ainda complementam que se deve ter um cuidado especial quando se analisa águas de mananciais diferentes. Para Pádua e Ferreira (2006), a turbidez é uma das principais características da água bruta utilizada para a escolha da tecnologia de tratamento de água e controle operacional dos processos de tratamento. Relatam que é fundamental que o seu valor seja o mais baixo possível para que a desinfecção seja eficiente, pois valores elevados de turbidez orgânica podem contribuir para a proteção dos microrganismos. Ainda de acordo com os mesmos autores, existem diferenças significantes de turbidez de mananciais superficiais com a variação sazonal, necessitando de uma atenção especial nas operações na Estação de Tratamento de Água – ETA. - Cor verdadeira e cor aparente A cor apresentada em águas naturais é determinada principalmente pela concentração da matéria orgânica presente no meio, decorrente das fontes difusas (matéria orgânica trazida pelas águas pluviais) e de deposição direta de galhos de plantas e animais. Júlio et al. (2006) e Di Bernardo e Paz (2008a), denominam as fontes de matérias orgânica proveniente da decomposição de animais e plantas de substancias húmicas. Podem-se citar as seguintes definições para cor, cor verdadeira e cor aparente, de acordo com a literatura técnica: - “A cor é dada pela presença de substâncias dissolvidas, decorrentes da decomposição de matéria orgânica (plâncton, substâncias húmicas), pela presença de substâncias tais como ferro e manganês ou pela introdução de efluentes industriais" (BRASIL, 2006c, p. 101). - “Cor é uma medida que indica a presença na água de substâncias dissolvidas ou em estado coloidal. É um parâmetro estético de aceitação ou rejeição do produto” (BRASIL, 2004, p. 9); - “Cor verdadeira é aquela que não sofre interferência de partículas suspensas na água, sendo obtida após a centrifugação ou filtração da amostra” (DI BERNARDO; PAZ, 2008a, p. 52. PÁDUA; FERREIRA, 2006, p.193). - “Cor aparente é aquela medida sem a remoção das partículas suspensas da água” (DI BERNARDO; PAZ, 2008a, p. 52. PÁDUA; FERREIRA, 2006, p.193). 32 Pádua e Ferreira (2006) acrescentaram que a cor natural dos corpos d’água utilizados para o abastecimento público também pode ser influenciada pela presença de ácidos fúlvicos, ferro e outro metais, além de poder sofrer contaminação de efluentes industriais. Ainda de acordo com os autores, a cor da água de abastecimento deve ser sempre aferida, e se ocorrer mudanças contínuas, deve-se investigar a causa; e ainda enfatizam que a remoção de cor é mais fácil para valores baixos de pH. - Sólidos dissolvidos e sólidos em suspensão São representados por partículas sólidas que estão contidas na água, incluindo as impurezas, com a exceção dos gases dissolvidos na água. Os sólidos podem ser classificados de acordo com seu tamanho e com a sua constituição química. Com relação ao tamanho, os sólidos podem ser sedimentáveis, em suspensão, dissolvidos e colóides; sendo que comumente a classificação só é feita em sólidos em suspensão e dissolvidos. Segundo Pádua e Ferreira (2006), o grupo dos sólidos dissolvidos incluem os colóides e os efetivamente dissolvidos; já o grupo dos sólidos em suspensão incluem os sedimentáveis e os não sedimentáveis. Contudo a separação dos sólidos é feita através de uma membrana filtrante de poro igual a 1,2 µm, sendo as partículas retidas chamadas suspensas e as não retidas consideradas as dissolvidas. Ainda de acordo com os autores, a classificação segundo a composição química é entre voláteis ou fixos. Ainda segundo os mesmos autores, uma alta concentração de sólidos pode tornar a água de consumo significativamente impalatável. - Temperatura A temperatura é uma importante característica física, visto que a sua variação poderá influenciar tanto na aceleração ou retardo de reações química, proliferação de microrganismo e algas, como na aceitação da água pelos usuários (característica organoléptica) visto que a água fria é mais atraente ao paladar. Pádua e Ferreira (2006) citam o exemplo da Legionellaspp, que se prolifera entre temperaturas de 25 a 50ºC. A temperatura também é muito importante quando se analisa algumas técnicas de tratamento de água, como é o caso da desinfecção e coagulação. Na desinfecção, por não 33 haver a alteração da relação CxT e na coagulação por existir a necessidade de um agente coagulante que não seja o sulfato de alumínio quando a temperatura da água for ≤ 10ºC. (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). Ainda de acordo com os autores e citações feitas, a diminuição da temperatura aumenta a viscosidade da água, diminuindo a velocidade de formação de espécies hidrolisadas do metal do coagulante, influenciando assim no processo de tratamento da coagulação; reduzindo a taxa de formação de flocos e a sedimentação dos mesmos, prejudicando diretamente as etapas de floculação e sedimentação. O caimento da temperatura também ocasiona a redução da eficiência da tecnologia de filtração (para temperaturas < 5ºC), por alterar a atividade biológica nos meios granulares. Já o acréscimo de temperatura causa a redução do volume de ar a ser dissolvido na água, influenciando a flotação; também favorece a precipitação de sais de cálcio, danificando chuveiros, caldeiras e etc. - Odor e gosto O gosto e odor na água podem ter vários precedentes, como químico (presença de amônio, cloretos, cobre, dureza, STD, sulfetos de hidrogênio, e etc.), biológico (como cianobactérias e actinomicetos), origem de desinfetantes e subprodutos de desinfecção (cloro residual livre entre 0,6 e 1,0 mg/l), além dos que se desenvolvem na estocagem e distribuição, devido à atividade microbiológica ou corrosão das tubulações (PÁDUA; FERREIRA, 2006). Gostos e odores que não são comuns devem ser investigados, pois podem ser gerados pela ineficiência do sistema de tratamento. - Condutividade elétrica A condutividade elétrica é a capacidade que a água tem de conduzir corrente elétrica, devido à presença de sais dissolvidos. A determinação da condutividade elétrica permite estimar os sólidos totais dissolvidos - STD, através da relação linear motada na equação 1 (TCHOBANOGLOUS; SCHROEDER, 1987 apud PÁDUA; FERREIRA, 2006). 𝐶𝐸 = 𝐶𝑖𝐹𝑖 𝐸𝑄 1 34 Onde: CE = condutividade elétrica em µS.cm-1; Ci = concentração do íon i na solução, em mg.L-¹; Fi = fator de condutividade para a espécie i. Valores altos de STD influênciam diretamente a cinética da coagulação, pois aumentam a solubilidade dos precipitados de alumínio e de ferro. 3.3.1.4 Características químicas Com relação à tratabilidade da água, as características químicas são de suma importância visto que a presença ou não de substâncias podem viabilizar ou não algum tratamento/técnica ou exigir um processo de tratamento específico. Sendo assim, a determinação de compostos químicos, poderá auxiliar na quantificação do potencial poluidor da água. De acordo com Pádua e Ferreira (2006) os danos à saúde causado por substâncias químicas tóxicas presente na água, se difere dos agentes microbiológicos pelo tempo necessário para ativação, visto que o agente químico em sua maioria, só age com exposição excessiva; diferentemente dos biológicos; mas ainda assim, a agressividade em termos de potabilidade é vista como secundária, pois a ação microbiológica é mais agressiva. A seguir são descritas algumas das características químicas da água. Vale mencionar que estão contidas no padrão de potabilidade da água de abastecimento público. - pH Segundo aantiga portaria 518 (BRASIL, 2004, p. 9) o potencial hidrogeniônico - pH “estabelece a condição ácida ou alcalina da água de caráter operacional, é acompanhado por otimizar os processos de tratamento e preservar as tubulações contra corrosões ou entupimentos”. Pádua e Ferreira (2006, p. 187) consideram o pH como a “medida da atividade dos íons hidrogênio e expressa a intensidade de condições acidas (pH < 7)”. Os autores ainda acrescentam que os corpos d’água naturais possuem o pH comumente próximos a neutralidade, porém existem fatores que podem elevar ou diminuir o pH, como as 35 características do solo, ácidos húmicos e atividade fotossintética. Este fato também foi relatado por Brasil (2006c), quando fala que águas naturais tem o pH próximo da neutralidade por possuir a capacidade de tamponamento. Di Bernardo e Paz (2008a) consideram o pH como um importante parâmetro, visto que o mesmo tem influência nos processos de coagulação, filtração, desinfecção e controle de corrosão. Ainda relatam que valores baixos de pH podem provocar corrosão de tubulações e paredes de concreto e valores altos, provocam incrustação. Brasil (2006c) também considera o pH como parâmetro-chave no tratamento de água e ainda enfatiza que a cada água corresponderá um pH ótimo de coagulação. - Alcalinidade e acidez A alcalinidade é a potencialidade que a água possui em neutralizar ácidos; e a acidez é potencialidade de neutralizar as bases. Di Bernardo e Paz (2008a, p. 60) relatam que a alcalinidade influencia diretamente na coagulação química, visto que no Brasil, comumente utilizam-se do Sulfato de alumínio e cloreto férrico e esses doam prótons para a solução. Di Bernardo e Paz ainda complementam mencionando que “se a alcalinidade da água for baixa, a coagulação poderá exigir a adição de alcalinizante para ajuste do pH, mas se a alcalinidade e o pH forem relativamente altos, é provável que a coagulação com sulfato de alumínio não resulte satisfatória”. - Ferro Encontrado em solos e em minerais, o ferro é um dos elementos de fundamental importância para a nutrição dos seres humanos, se apresentando na natureza comumente na forma de Fe+2 e Fe+3. Di Bernardo e Paz (2008a) relatam que os corpos d’água comumente apresentam concentrações de ferro < 0,7 mg/L e ainda acrescentam que concentração altas de ferro são encontradas em água subterrânea agressivas (pH ácido, rica em gás carbônico, com ou sem oxigênio dissolvido) e em águas poluídas. Ainda de acordo com Di Bernardo e Paz e estudos feitos por eles, o uso de água com ferro oxidado apresenta alguns inconvenientes, que são: 36 I. II. III. IV. V. Formação de precipitado coloidal que se incrusta no interior das tubulações de água, gerando redução de sua capacidade de transporte, o que causa grandes perdas de carga na rede ou até mesmo necessidade de substituição de alguns trechos quando estes se encontram totalmente obstruído. Proliferação de micro-organismos denominados ferrobactérias, dos gêneros: Frenothrix, Spyrophylum, Gallionella, Spahaerotilus, Crenothrix, e Leptothrix Clonothrix, Streptothrix, Phragmigiothrix, Lieskeella, entre outros (DE ZUANE, 1996; CERQUEIRA E EMIDIO, 1996 apud DI BERNARDO; PAZ, 2008a, p. 63), os quais aumentam a demanda de desinfetante; Alteração das características organolépticas da água, mudando o gosto para amargo e adstringente. O ferro também pode tornar a água turva e levemente colorida Formação e manchas nas instalações sanitárias, louças, azulejos e roupas; Geração de interferência em processos industriais de fabricação de papel, tecidos, tinturarias e bebidas. Segundo AWWA (2002 apud DI BERNARDO; PAZ 2008a), a presença de ferro na água não quer dizer que provocará doenças na população consumidora, porém as pessoas prédispostas geneticamente a terem doenças no fígado e pâncreas, podem desenvolver certos distúrbios com a exposição continua deste elemento. - Manganês Comumente apresenta-se junto ao ferro. O manganês é um dos elementos fundamentais para a manutenção da vida, mas a sua alta concentração poderá causar efeitos agudos como envenenamento. Seu surgimento na água ocorre pela diluição dos minerais rodocrosita, sulfito mangânico, maganita, pirolusita e hausmanita; variando em concentrações de 0,001mg/L a 0,6 mg/L (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). - Cloreto A presença do cloreto nas vidas humanas se dá comumente pela adição do sal nos alimentos. Sua origem na água pode ser tanto natural (geologia local e escoamento superficial de áreas cultivadas) quanto antrópica (lançamento de efluentes domésticos e industriais). Apresenta-se comumente como sais de sódio (NaCl), de potássio (KCl) e de cálcio (CaCl2). A presença do cloreto na água de abastecimento aumenta a condutividade elétrica e a capacidade de corrosão dos metais nas tubulações do sistema de distribuição, sendo dependente do nível de alcalinidade da água (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). 37 Brasil (2006c) considera o cloreto como indicador de poluição nos corpos d’água visto que o mesmo pode ser depositado com os efluentes citados por Di Bernardo e Paz. O autor ainda acrescenta que o cloreto está diretamente ligado com padrões organolépticos, pois altera o sabor da água, tornando-a muitas vezes desagradável ao paladar. Brasil enfatiza que pelo padrão de potabilidade é permitido no máximo 250 mg/L de cloreto na água de abastecimento e que sua remoção se dar por processos especiais, tais como osmose reversa ou eletrodiálise. - Alumínio Elemento de grande disponibilidade na natureza. O alumínio é utilizado no tratamento da água sendo que sua ação no organismo humano não é muito bem conhecida, porém não há dados de intoxicação por ele. Pesquisas apontam sua relação com o mal de Alzheimer (BRASIL, 2006c, p.102; PÁDUA; FERREIRA, 2006), porém o contato de seres humanos com elemento através da água de abastecimento é baixo, sendo aceito pelo padrão de potabilidade valores máximos de até 0,2 mg/L, para evitar a deposição de flocos de hidróxido de alumínio no sistema de distribuição e consequentemente alterar a coloração por ferro (BRASIL, 2006c) A presença de alumínio em corpos d’água pode estar diretamente ligada ao processo de lixiviação das rochas por atividades industriais. Além da coloração metálica relatada por Brasil (2006c), as concentrações acima de 0,2 mg/L provocam gosto desagradável a água e consequentemente a repulsão dos consumidores. Di Bernardo e Paz (2008a) acrescentam que além da doença de Alzheimer o alumínio está sendo vinculado a de Parkinson. Ainda de acordo com Di Bernardo e Paz, a utilização de sais de alumínio no tratamento da água pode aumentar a sua concentração, mas isso dependerá de fatores como características da fonte de abastecimento, pH da água tratada, da quantidade de coagulante que está sendo utilizado e do desempenho da estação de tratamento de água (ETA). A remoção do mesmo pode ser feita através de tratamento com membranas e troca iônica; porém, antes de acatar esse processo de tratamento deve-se utilizar de outras medidas para diminuir a concentração como otimização de coagulação, floculação e filtração na ETA. 38 - Bário A contaminação da água por Bário se dá por diversas maneiras, como a solubilização das rochas (DI BERNARDO; PAZ, 2008a), lançamento de efluentes industriais de mineração e refinarias de metaise a erosão de depósitos naturais (PÁDUA; FERREIRA, 2006). A sua ação ao organismo humano está ligado a doenças neuromuscular e cardiovascular, contribuindo para a hipertensão e o aumento da mortalidade. - Cádmio A contaminação por Cádmio na água de abastecimento ocorre pela corrosão das tubulações galvanizadas, soldas e ligas metálicas, visto que o Cádmio é o metal comumente utilizado na indústria de aço e plástico. Sua contaminação na natureza decorre da deposição de efluentes industriais e fertilizantes, poluindo água, solo e ar. Os alimentos são as principal fonte de contado do Cádmio com os organismos humanos, podendo ser transmitido também através do fumo. Suas principais consequências sobre a saúde humana são lesões no fígado e disfunções renais (PÁDUA; FERREIRA, 2006). - Cianeto A presença do Cianeto em corpos d’água ocorre pela contaminação da água por lançamento de efluentes industriais. Sua principal ação conhecida atualmente em seres humanos é a redução da vitamina B12 e o aumento da incidência do bócio (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). Comumente, os resíduos contaminantes da água são provenientes de indústrias de galvanização, plásticos e fertilizantes. O cianeto também pode ser encontrado em alguns alimentos, como por exemplo, a mandioca. Estudos comprovam efeitos adversos sobre a tireóide e sistema nervoso em amostra de população que consumiram mandioca mal processada (PÁDUA; FERREIRA, 2006). 39 - Chumbo O contato com corpos d’água ocorre pela deposição de objetos ou contaminação em tubulações de chumbo que entraram em corrosão. Seus efeitos em seres humanos são diversos, sendo as crianças os mais sensíveis aos riscos. Entre os efeitos citam-se o Saturnismo (intoxicação por chumbo), retardo no desenvolvimento físico e mental, elevação de pressão arterial em adultos, estocagem no esqueleto humano (metal bioacumulativo), interferência no metabolismo do cálcio e da vitamina D, toxidade no sistema nervoso central e periférico (PÁDUA; FERREIRA, 2006). “Estudos realizados in vitro indicaram alterações neurológicas em primatas e deformações congênitas em ratos, gados e macacos. Também foram verificados reduções nos ciclos reprodutores e tumores renais em roedores” (DI BERNARDO; PAZ, 2008a, p. 68). - Cobre A contaminação da água de abastecimento pelo cobre se dá pela corrosão das tubulações prediais, preservantes de madeira e deposição dos depósitos naturais em corpos d’água. Seus efeitos em seres humanos são diversos e dependem do tempo de exposição; Pode gerar danos ao fígado e aos rins com a exposição a longo prazo, e desarranjos gastrointestinais para exposição a curto prazo (PÁDUA; FERREIRA, 2006). Di Bernardo e Paz (2008a) dizem que o cobre na água de abastecimento humano só será prejudicial à saúde quando sua concentração exceder 30mg/L, possibilitando a ocorrência de intoxicação e até cirrose em bebês. Ainda de acordo com os autores, o cobre causará cor e gosto adstringente quando sua concentração na água for superior a 1,0 mg/L. - Cromo O metal cromo entra em contato com corpos d’água através do lançamento de despejos industriais de aço e celulose, como também da erosão de depósitos naturais. O cromo trivalente não é prejudicial à saúde humana e essencial para complemento nutricional; já o hexavalente é prejudicial a seres humanos e podem acarretar problemas renais e respiratórios (PÁDUA; FERREIRA, 2006). 40 - Mercúrio A ocorrência desse metal em corpos d’água pode ser tanto de fontes naturais ou antrópicas. Comumente sua concentração em águas superficiais é inferior a 0,05 µg/L e em águas subterrâneas podem ser encontradas concentrações de até 5,5 µg/L. Os efeitos em seres humanos são diversos; tem grande afinidade pelo grupo sulfidrilas das proteínas e um pouco menos com o grupo fosforilas, carboxílicos, aminas e amidas. O mercúrio atua como desnaturalizador de proteínas e inibidor de aminoácidos, interferindo diretamente nas atividades metabólicas celulares e no transporte através da membrana, especialmente, nos neurotransmissores cerebrais. Dependendo da forma que se apresente pode ser acumulado no fígado (forma inorgânica) ou atingir o sangue (forma orgânica); podendo causar rompimentos de tecidos, problemas neurológicos e renais (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). - Nitrato e nitrito A presença de nitrato na água indica que houve contaminação por matéria orgânica através de águas residuárias domésticas, fertilizantes e outros agentes contaminadores. Segundo Di Bernardo e Paz (2008a), quando há a contaminação do corpo d’água, primeiramente existirá a presença do nitrogênio, em sua maioria, como amoniacal e orgânico; depois, esses componentes são processados e atingirá a forma do nitrato e nitrito. Os autores ainda complementam dizendo que esse processo de transformação é rápido devido a ação microbiana no nitrogênio amoniacal e orgânico, não apresentando concentrações altas destes em água potável. Os efeitos do nitrito na água podem ser organolépticos, deixando a água com gosto e odor que aumentam o seu grau de rejeição pelos consumidores, além da corrosão e interferência na remoção do manganês. Altas concentrações de nitrito e nitrato na água, podem gerar ainda a metaemoglobinemia ou “síndrome do bebê azul”, interferindo no transporte de oxigênio nos tecidos. Di Bernardo e Paz (2008a) ainda acrescentam que o nitrito e nitrato podem ser aliados na formação de cânceres em humanos e animais. 41 - Zinco Elemento fundamental para a nutrição dos organismos, porem em altas concentrações pode causar envenenamento. Encontra-se na comida, na água e em sais complexos orgânicos. Sua concentração comumente é inferior a 0,05 mg/L em fontes naturais, sendo as concentrações máximas encontradas em águas subterrâneas. Seus efeitos também podem ser organolépticos, dando a água um gosto adstringente para concentrações superiores a 4,0 mg/L (DI BERNARDO; PAZ, 2008a, p.71). -Fluoreto No Brasil, o fluoreto é um grande aliado contra cáries, sendo obrigatória a presença do flúor em água de abastecimento público. Entretanto, sua concentração não poderá exceder 3,0 mg/L, visto que a mesma poderá ocasionar problemas na estrutura óssea e dentária. Em águas naturais superficiais, sua concentração é comumente inferior a 1,3 mg/L, podendo atingir valores superiores a 10,0 mg/L provocadas por contaminação industriais. Valores superiores a 10,0 mg/L também podem ser encontradas em águas subterrâneas (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). 3.3.1.5 Características radioativas A radiação se apresenta em 3 formas distintas, radiação alfa, beta e gama. Sua origem pode ser tanto natural (provenientes de rochas e minerais) quanto antrópica (resíduos de laboratórios, hospital e indústrias). A principal forma de contato com o ser humano é a natural, mas a presença na água devido a contaminação industrial e laboratorial podem gerar diversas consequências a saúde humana. A forma mais nociva ao ser humano é a radiação alfa, sendo que na água os isótopos merecedores de atenção especial são rádio 226 e 228, urânio 238 e 232, chumbo 210 e polônio 210. As consequências à saúde pela ingestão da água contaminada com esses isótopos são efeitos teratogênicos, mutagênicos, somáticos e carcinogênese (DI BERNARDO; PAZ, 2008a). 42 Regiões brasileiras fazem análises radiológicas para quantificar essa característica, principalmente em cidades que são abastecidas por água subterrânea e a presença do urânio é mais constante. A Tabela 2 indica regiões brasileiras que realizam análises radiológicas e a periodicidade destas. Tabela 2 - Regiões cujas entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água realizam análise radiológica na água tratada em 2000 Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil Frequências de análises radiológicas Diária Semanal Quinzenal Mensal 1 2 3 9 53 15 47 13 20 10 38 14 21 7 35 1 1 7 2 38 95 41 125 Semestral 6 37 281 223 2 549 Anual 1 76 346 127 9 559 Fonte: IBGE (2002 apud DI BERNARDO; PAZ, 2008a). 3.3.2 Definição de parâmetros para análises de água A definição dos parâmetros que serão utilizadas em análises de água dependerá principalmente dos objetivos desejados. Por exemplo, para monitorar a qualidade da água de abastecimento público, a legislação brasileira (Portaria nº 2914/2011) descreve os diversos parâmetros necessários para análises. Contudo, cabe ao pesquisador investigar no histórico da bacia estudada se existe algum tipo de contaminação específica, como por exemplo, o lançamento de resíduos da agricultura, hospitais e indústria, dando assim a possibilidade de determinar parâmetros que a legislação não exponha e que são necessários para assegurar a qualidade sanitária da água e a aceitação da mesma pela população. 3.3.3 Plano de amostragem O plano de amostragem para os sistemas de abastecimento público de água para consumo humano é definido através da Portaria nº 2.914/2011 do Ministério de Saúde. O número de amostras a serem analisadas é variável e dependerá do tipo de manancial (superficial, subterrâneo), do ponto de amostragem (saída do tratamento, reservatórios e rede), além dos parâmetros de qualidade e do porte da população da área analisada. 43 O artigo 40 da referida portaria (BRASIL, 2011a), estipula que devem ser feitas amostras semestrais no ponto da captação da água bruta, seja ela de manancial superficial ou subterrâneo, em vista da manutenção dos índices de potabilidade descritos nas legislações específicas. Os planos de amostragem dos sistemas de abastecimento de água coletiva devem obedecer aos critérios mínimos estabelecidos pela portaria mencionada, os quais são observados nos anexos XI, XII e XIII do referido documento e descritos aqui na Tabela 3, Tabela 4 e Tabela 5. A determinação da frequência do monitoramento das cianobactérias será feita semanalmente ou mensalmente, variando com a concentração da mesma no manancial. Na Tabela 3 apresenta-se a relação da densidade de cianobactéria e a frequência de monitoramento. Tabela 3- Frequência de monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento de água Quando a densidade de cianobactérias (células/mL) ≤ 10.000 > 10.000 Frequência Mensal Semanal Fonte:Brasil (2011b, p. 4) De acordo com Brasil (2012), a realização da amostragem na captação deve ser feita a 20 cm de profundidade, visto que as cianobactérias precisam da luz solar para a realização da fotossíntese, sendo está faixa de profundidade mais representativa para as análises. Tendo como foco as amostragens que serão feitas nos reservatórios e rede, a Portaria MS nº 2.914/2011 leva em consideração a população que será atendida pelo respectivo sistema de abastecimento e os parâmetros Coliformes totais e Escherichia coli. A Tabela 4 mostra a quantidade de amostras exigida pela legislação para análises microbiológicas em função da população abastecida. Tabela 4- Número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises microbiológicas, em função da população abastecida. Parâmetro Saída do tratamento (número de amostras por unidade de tratamento) Sistema de distribuição (reservatórios e rede) < 5.000 hab. 5.000 a 20.000 hab. 20.000 a 250.000 hab. > 250.000 hab. 44 Coliformes totais Escherichia coli Duas amostras semanais (1) 10 1 para cada 5.000 hab. 30 + (1 para cada 2.000 hab.) 105 + (1 para cada 5.000 hab.) máximo de 1.000 Fonte: BRASIL (2011b) NOTA: 1 - Recomenda-se a coleta de, no mínimo, quatro amostras semanais. Para as análises física, químicas e radioativas, a Portaria MS nº 2.914/2011, utiliza como critérios para decidir o número de amostragem o ponto de amostragem, a população abastecida e o tipo do manancial. A Tabela 5 apresenta a relação entre esses critérios, o número de amostragem e os casos que dispensam as análises. Ainda de acordo com a Portaria MS nº 2.914/2011, em caso de populações tradicionais, áreas indígenas, dentre outras, deverão ser analisadas primeiramente as diretrizes especificas para cada caso, para posteriormente ser elaborado o plano de amostragem para o controle da qualidade da água. 3.3.4 Divulgação da informação Os resultados devidamente analisados e processados devem ser apresentados de forma sucinta em relatório técnico para que as autoridades responsáveis tomem as devidas providências no que diz respeito a qualidade da água e as técnicas cabíveis para o seu tratamento. Em caso de algo que envolvia a saúde da população, a antiga portaria nº 518 do Ministério da Saúde estabelecia que o órgão responsável pelo abastecimento de água deveria informar a população por notificações ou observações em na sua própria conta, de forma clara e concisa, dando a população o direito da informação. 45 Tabela 5 - Número mínimo de amostras e frequência para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de manancial Saída do Tratamento Parâmetro Tipo de Manancial Nº de Amostras Frequência Superficial 1 A cada 2 horas Subterrâneo 1 Semanal Superficial 1 Subterrâneo 1 Superficial 1 Subterrâneo 1 Gosto e Odor Superficial Subterrâneo 1 1 Cianotoxinas Superficial 1 Superficial 1 Dispensada a análise A cada 2 horas 2 vezes por semana A cada 2 horas 2 vezes por semana Trimestral Semestral Semanal quando nº de cianobactérias ≥ 20.000 células/mL Trimestral Dispensada a análise 1 Semestral Cor Turbidez, Cloro Residual Livre(1), Cloraminas(1), Dióxido de Cloro(1) pH e Fluoreto Produtos secundários da desinfecção Demais parâmetro(3)(4) Subterrâneo Superficial ou Subterrâneo Sistema de distribuição (reservatório e redes) Número de amostras Frequência População abastecida 50.000 a 50.000 a < 50.000 > 250.000 < 50.000 250.000 hab. 250.000 hab. 40 + (1 para 1 para cada 5 10 cada 25 mil Mensal mil hab. hab.) 20 + (1 para 1 para cada 5 cada 25 mil Mensal 10 mil hab. hab.) Conforme § 3º do Artigo 41 Conforme § 3º do Artigo 41 Dispensada a análise Dispensada a análise Dispensada a análise Dispensada a análise Dispensada a análise Dispensada a análise 1(2) 4(2) 4(2) (2) (2) (2) 1 1(5) 1 1(5) 1 1(5) > 250.000 Trimestral Anual Semestral Semestral Semestral Fonte:BRASIL (2011b, p. 4). NOTAS: 1 - Análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado. 2 - As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior tempo de detenção da água no sistema de distribuição. 3 - A definição da periodicidade de amostragem para o quesito de radioatividade será definido após o inventário inicial, realizado semestralmente no período de 2 anos, respeitando a sazonalidade pluviométrica. 4 - Para agrotóxicos, observar o disposto no parágrafo 5º do artigo 41. 5 - Dispensada análise na rede de distribuição quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema aolongo da distribuição. 46 3.3.5 Padrão de potabilidade Toda água para o abastecimento público deve obedecer ao padrão de potabilidade definido pelo Ministério da Saúde, ou seja, as características químicas, físicas, microbiológicas e radioativas não devem ultrapassar os níveis máximos citados pela Portaria MS nº 2.914/2011. Mencione-se a definição de água potável apresentada pela antiga Portaria MS nº 518 (BRASIL, 2004, p. 1): “água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde”. O padrão de potabilidade brasileiro é composto pelos seguintes itens: i) padrão microbiológico da água para consumo humano; ii) padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção; iii) padrão de substâncias químicas que representam risco à saúde (inorgânicas, orgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção; iv) padrão de cianotoxinas da água para consumo humano; v) padrão de radioatividade da água para consumo humano e vi) padrão organoléptico de potabilidade (BRASIL, 2011b). O padrão de potabilidade reflete os requisitos organolépticos, ou seja, estabelece os níveis máximos de certos elementos para que a água seja atrativa aos usuários, e que os mesmos não procurem uma fonte de água mais atrativa do que a de abastecimento público, porém potencialmente perigosa no ponto de vista sanitário. Logo, os padrões ajudam a manter a água com gosto, odor, cor e aparência em níveis aceitáveis a população. A Tabela 6 apresenta os parâmetros organolépticos descritos pelo Ministério da Saúde. Na Tabela 6, pode-se observar uma síntese dos parâmetros organolépticos com os seus efeitos na água de abastecimento público citados por Pádua e Ferreira (2006) em sua literatura técnica. O Quadro 5 descreve todos os parâmetros utilizados para a caracterização da água destinada ao consumo humano apresentadas pelo Ministério da Saúde em sua Portaria nº 2.914 de 2011. 47 Tabela 6- Parâmetros de aceitação para consumo humano incluídos na Portaria nº 2914/2011 Parâmetro Alumínio Unidade mg/L VPM (1) 0,2 Amônia (como NH3) Cloreto Cor Aparente (2) 1,2 diclorobenzeno 1,4 diclorobenzeno Dureza total mg/L 1,5 mg/L uH mg/L mg/L mg/L 250 15 0,01 0,03 500 Etilbenzeno Ferro Gosto e odor (3) Manganês Monoclorobenzeno mg/L mg/L Intensidade mg/L mg/L 0,2 0,3 6 0,1 0,12 Sódio Sólidos dissolvidos totais Sulfato Sulfeto de hidrogênio Surfactantes (como LAS) Tolueno Turbidez(4) mg/L mg/L 200 1000 Gosto, incrustações, comprometimento da formação de espuma com o sabão Odor – limite 100 vezes inferior ao critério de saúde Aspecto estético – turbidez e cor São desfavoráveis ao consumo Aspecto estético – turbidez e cor Gosto e odor – limite bem abaixo do critério de saúde Gosto Gosto, incrustações mg/L mg/L 250 0,1 Gosto, limite referente ao sulfato de sódio Gosto e odor mg/L 0,5 Gosto, odor e formação de espuma mg/L uT 0,17 5 Zinco Xileno mg/L mg/L 5 0,3 Odor, limite inferior ao critério de saúde Aspecto estético, indicação de integridade do sistema Gosto Gosto e dor – limite inferior ao critério de saúde Efeitos (HELLER; PÁDUA, 2006, p. 209) Deposito de hidróxido de alumínio na rede de distribuição; acentuação da cor devido ao ferro Odor acentuado em pH elevado Gosto Aspecto estético Fonte: Brasil (2011b) NOTAS: (1) Valor máximo permitido. (2) Unidade Hazen (mgPt-Co/L). (3) Intensidade máxima de percepção para qualquer característica de gosto e odor com exceção do cloro livre, nesse caso por ser uma característica desejável em água tratada. (4) Unidade de turbidez. Vale ressaltar que a Tabela 6 aprensenta o valor de turbidez de 5 uT referente ao padrão organoléptico, ou seja, já em distribuição, mas a norma ainda especifica que a água tratada por filtração rápida não poderá sair do sistema de tratamento com valores maiores que 0,5 uT, e 1,0 uT para o sistema de tratamento por filtração lenta (BRASIL, 2011b). 48 Quadro 5 - Parâmetros de caracterização da água destinada ao consumo humano (Baseado na Portaria nº 2914/2011) Padrões definidos pela Portaria nº 2914/2011 Microbiológicos Turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção Substâncias químicas que representam risco a saúde Cianotoxinas da água para consumo humano Radioatividade da água para consumo humano Organoléptico de potabilidade Parâmetros que os constituem Escherichia coli, Coliformes totais. Desinfecção (para águas subterrâneas), Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta), Filtração lenta. Inorgânicas: Antimônio, Arsênio, Bário, Cádmio, Chumbo, Cianeto, Cobre, Cromo, Fluoreto, Mercúrio, Níquel, Nitrato (como N), Nitrito (como N), Selênio e Urânio. Orgânicas: Acrilamida, Benzeno, Benzo [a] pireno, Cloreto de Vinila, 1,2 Dicloroetano, 1,1 Dicloroeteno, 1,2 Dicloroeteno (cis + trans), Diclorometano, Di(2-etilhexil) ftalato, Estireno, Pentaclorofenol, Tetracloreto de Carbono, Tetracloroeteno, Triclorobenzenos, Tricloroeteno. Agrotóxicos: 2,4 D + 2,4,5 T, Alaclor, Aldicarbe + Aldicarbesulfona +Aldicarbesulfóxido, Aldrin + Dieldrin, Atrazina, Carbendazim + benomil, Carbofurano, Clordano, Clorpirifós + clorpirifós-oxon, DDT+DDD+DDE, Diuron, Endossulfan (α β e sais), Endrin, Glifosato + AMPA 1071-83-6 (glifosato), Lindano (gama HCH), Mancozebe, Metamidofós, Metolacloro, Molinato, Parationa Metílica, Pendimentalina, Permetrina, Profenofós, Simazina, Tebuconazol, Terbufós, Trifluralina. Desinfetantes e produtos secundários da desinfecção: Ácidos haloacéticos total, Bromato, Clorito, Cloro residual livre, Cloraminas Total, 2,4,6 Triclorofenol, Trihalometanos Total. Microcistinas e Saxitoxinas. Rádio-226 e Rádio-228. Alumínio, Amônia (como NH3), Cloreto, Cor Aparente, 1,2 diclorobenzeno, 1,4 diclorobenzeno, Dureza total, Etilbenzeno, Ferro, Gosto e odor, Manganês, Monoclorobenzeno, Sódio, Sólidos dissolvidos totais, Sulfato, Sulfeto de hidrogênio, Surfactantes (como LAS), Tolueno, Turbidez, Zinco, Xileno. Fonte: Adaptado de Brasil (2011b). As informações apresentadas no Quadro 5 ressaltam o nível de importância que a Portaria MS nº 2.912/2011 do Ministério da Saúde atribui a água de abastecimento humano, visto que este uso da água é o mais importante, e seu consumo não deverá acarretar danos à saúde da população. 3.4 TRATAMENTO DE ÁGUA 49 Neste item, são descritos os principais processos de tratamento utilizados nas Estações de Tratamento de Água atualmente. 3.4.1 Processos e operações unitárias de tratamento de água Os processos e operações unitárias são partes das técnicas de tratamento de água e as mesmas devem ser devidamente combinadas para que a qualidade da água de abastecimento humano seja alcançada e não comprometa a saúde da população. O Quadro 6 mostra os diversos processso e operações unitárias presentes no tratamento de água. Quadro 6 - Principais processos e operações unitárias de tratamento de água para abastecimento público Processos / Operações Unitárias Micropeneiramento Oxidação / Aeração Adsorção Troca Iônica Coagulação Floculação Decantação Flotação Filtração em meio granular Filtração em membrana Desinfecção Abrandamento Fluoretação Estabilização Química Descrição / Finalidade Passagem da água por peneiras com malhas de pequena abertura, visando a remoção de material particulado. Oxidar matéria orgânica e inorgânica presente na água, facilitando sua remoção posterior. Remover compostos orgânicos e inorgânicos indesejáveis, incluindo os que causam sabor e odor, fazendo a água entrar em contato com uma substância adsorvente (em geral carvão ativado). Destinado a remover contaminantes inorgânicos presentes na água, fazendo-a passar por uma coluna contendo material sintético especial (resina). Adição de coagulante, visando desestabilizar impurezas presentes na água e facilitar o aumento do tamanho das mesmas na etapa de floculação. Agitação da água realizada após a coagulação, com o objetivo de promover o contato entre as impurezas e, assim, aumentar o tamanho das mesmas. Passagem da água por tanques, no fundo dos quais as impurezas ficam depositadas. Arraste das impurezas para a superfície de um tanque, por meio da ação de microbolhas. Remoção de material particulado presente na água, fazendo-a passar por um leito contendo meio granular (usualmente areia e, ou antracito). Remoção de contaminantes orgânico e inorgânico, incluindo material dissolvido, passando a água por membrana com abertura de filtração inferior a 1 μm. Processo destinado a inativar microrganismos patogênicos presente na água. Processo destinado a reduzir a dureza da água e remover alguns contaminantes inorgânico. Adição de compostos contendo o ion fluoreto, com a finalidade de combater a cárie infantil. Acondicionamento da água, com a finalidade de atenuar efeitos corrosivos ou incrustantes no sistema abastecedor e nas 50 instalações domiciliares. Fonte: Pádua (2006) A seguir, serão descritos, de forma sucinta, alguns dos processos e operações mostrados no Quadro 6, sendo enfatizado o processo de coagulação, pois este é uma das principais partes da pesquisa realizada no presente trabalho. 3.4.1.1 Micropeneiramento De acordo com a NBR 12.216/92 (ABNT, 1992), o micropeneiramento é um tratamento preliminar que serve para reter sólidos finos não-coloidais em suspensão. Esse processo de tratamento pode ser adotado: - quando a água apresenta algas ou outros microrganismos de tipo e em quantidade tal que sua remoção seja imprescindível ao tratamento posterior; - quando permite a potabilização da água sem necessidade de outro tratamento, exceto desinfecção; - quando permite redução de custos de implantação ou operação de unidades de tratamento subsequentes. A Figura 2 mostra a representação esquemática do funcionamento de micropeneiras rotativa. Figura 2 - Representação esquemática de uma micropeneira rotativa e peneiras com abertura de 50 mm (direita) e 25 mm (esquerda) Fonte: Pádua (2006). 51 Na Figura 2 pode-se observar o funcionamento de uma micropeneira rotativa, a qual está parcialmente submersa, e recebe a descarga por orifícios central. 3.4.1.2 Oxidação A oxidação é um dos meios utilizados para a remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos que não são removidos de forma satisfatória nas diversas etapas de tratamento da ETA. A oxidação pode ser realizada tanto por meio químico quanto por aeração. Quando é feita por produtos químicos, pode gerar produtos indesejáveis na água, necessitando de uma remoção posterior, caso a sua quantidade seja superior ao que a portaria da potabilidade permite (PÁDUA, 2006). Ainda de acordo com o mesmo autor, a oxidação por aeração, como o próprio nome já retrata o processo, é a introdução de ar no meio liquido por aeradores, auxiliando na remoção de compostos voláteis e oxidáveis e gases indesejáveis. Quando a aeração não é suficiente para remoção desses contaminantes, aplica-se um agente oxidante químico para auxiliar o processo. Comumente os oxidantes mais utilizados são cloro, ozônio, dióxido de cloro, permanganato de potássio e peróxido de hidrogênio. Esse processo se torna eficiente quando ensaiado em laboratório, determinando sua dosagem, tempo de contato e produtos gerados, para que não sejam prejudiciais a saúde humana. De acordo com a NBR 12.216/92 (ABNT, 1992), os dispositivos aceitáveis para aeração são descritos a seguir: - plano inclinado, formado por uma superfície planacom declividade de 1:2 a 1:3, dotado de protuberâncias destinadas a aumentar o contato da água com a atmosfera; - bandejas perfuradas sobrepostas, com ou sem leito percolador, formando conjunto no mínimo com quatro unidades; - cascatas, constituídas de pelo menos quatro plataformas superpostas, com dimensões crescentes de cima para baixo; - escadas, por onde a água deve descer sem aderir às superfícies verticais; - ar comprimido difundido na água contida em tanques; - tanques com aeradores mecânicos; - torre de aeração forçada, com anéis Rashing ou similares; e outros de comprovada eficiência. 52 3.4.1.3 Adsorção em carvão ativado Processo utilizado para a redução de concentração de compostos orgânicos indesejáveis. O carvão ativado é um dos elementos comumente utilizados na adsorção, mas existem outros, os quais são representados por uma equação simples: A + B ↔ AB Eq. 2 A equação 2 simplifica a reação ocorrida na adsorção, processo utilizado para remoção de compostos orgânicos e inorgânicos. Na equação 2, A representa a substância adsorvida (adsorvato) e B, o adsorvente (PÁDUA, 2006). De acordo com Pádua (2006, p. 526), “diversos tipos de forças químicas, tais como ligações de hidrogênio, interações dipolo-dipolo e forças de Van der Waals, são responsáveis por manter os compostos na superfície do adsorvente". O equilíbrio pode acorrer, caso a reação seja reversível; as velocidades de reação se igualarão nos dois sentidos, não ocorrendo mais a remoção adicional. Ainda de acordo com o autor, no tratamento de água comumente utiliza-se a alumina e o carvão ativado, sendo que o último pode ser apresentado em duas modalidades, carvão ativado em pó (CAP) que é o mais utilizado nas ETAs brasileiras e o carvão ativado granulado (CAG). A temperatura, natureza do carvão e das substâncias a serem removidas, pH da água e superfície específica do carvão são os principais fatores que influenciam na capacidade de adsorção do carvão ativado. O CAP é aplicado em suspensão em locais que anteceda as unidades filtrantes e sua dosagem, tempo de contato devem ser determinadas em laboratório. O Quadro 7 indica locais comumente utilizados para a adição de suspensão do CAP e suas possíveis vantagens e desvantagens. Quadro 7 - Locais de adição de suspensão do CAP. Local Vantagem Tomada de água Tempo de contato longo. Boa mistura. Chegada de água bruta na ETA Melhor controle da dosagem em relação à opção anterior. Desvantagens Algumas substâncias que seriam removidas por coagulação, floculação, sedimentação (ou flotação) e filtração podem ser adsorvidas, aumentando o consumo de CAP Mesmas desvantagens. As vezes tem-se um pré-decantador antecedendo a coagulação. 53 Unidade de mistura rápida da ETA Entrada dos filtros Possível redução na taxa de adsorção, pela interferência de coagulantes. Tempo de contato às vezes insuficiente para remoção de certas substâncias. Adsorção de substâncias que seriam coaguladas. Possível passagem de CAP pelo meio filtrante e redução do tempo de contato. Mistura eficiente e tempo de contato razoável. Uso eficiente de CAP. Fonte: Pádua (2006). 3.4.1.4 Coagulação e mistura rápida A coagulação é uma das etapas do tratamento de água mais rápidas, mas não menos importante. Pádua (2008) diz que a coagulação é o processo responsável por facilitar a remoção de partículas suspensas, dissolvidas e diversos tipos de contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes na água, que contribuem para a cor, turbidez, sabor e odor indesejável. A coagulação consiste no lançamento de um agente coagulante na água em uma mistura rápida. Comumente utiliza-se sal de alumínio ou de ferro e através deste agente, ocorrerão ações físicas e químicas ativando o processo de formação de coágulos. O processo de coagulação se apresenta em três fases distintas: “(i) formação das espécies hidrolisadas do sal quando disperso na água, (ii) desestabilização das partículas coloidais e suspensas, dispersas na massa líquida e (iii) agregação dessas partículas para formação dos flocos” (SANTOS, 2007, p. 361). Di Bernardo e Paz (2008a) acrescentam que existem 4 mecanismos de coagulação: compressão da dupla camada, neutralização-adsorção de cargas, varredura e formação de pontes, sendo a neutralização de carga e a varredura essenciais em uma ETA. "A coagulação devido à neutralização de carga das impurezas decorre do precipitado com carga positiva ou de espécies hidrolisadas positivas, caracterizando-se por dosagem de coagulante e pH menores que os observados no mecanismo de varredura" (2008a, p. 120). Santos et. al (2007), descreve os mecanismo de varredura e o de adsorsão/neutralização de cargas da seguinte forma: Dentro os mecanismos de coagulação, pode-se citar o de varredura e o de adsorsão/neutralização de cargas. O mecanismo de varredura é utilizado para tecnologias convencionais, ou de ciclo completo que incluem as seguintes etapas de tratamento: coagulação, floculação, decantação e filtração. Os flocos formados no mecanismo de coagulação por varredura deverão apresentar densidade suficiente para permitir sua deposição nos decantadores. Já o mecanismo de adsorção/neutralização de cargas é utilizado em tecnologias de tratamento simplificadas, como, por exemplo, a filtração direta, na qual a água é coagulada e depois filtrada. Nesse mecanismo ocorre a neutralização das cargas das partículas presentes na água bruta, não havendo necesidade de se formar flocos grandes e sim de desestabilizar as partículas para que estas sejam mais eficientemente retidas nos filtros. Assim, as dosagens de coagulante utilizadas 54 tendem a ser inferiores às necessárias no mecanismo de coagulação por varredura (SANTOS et. al., 2007, p. 362). Devido aos diversos tipos de coagulantes, e a natureza distinta da água bruta o estudo em bancada ou jartest são fundamentais para determinar as condições ótimas de coagulação e mistura rápida. Com os resultados obtidos nas análises pode-se elaborar diagramas que relacionam o pH da mistura com a dosagem do coagulante, sendo de grande importância para a determinação das condições de coagulação no processo de filtração. Aliado a estudos de floculação, pode-se também analisar as melhores condições de sedimentabilidade dos flocos em uma ETA. A Figura 3, mostra o equipamento jar test utilizado para analisar a coagulação em escala de laboratório e realizar estudos de otimização do agente coagulante. Figura 3–Vista de um equipamento jartest Fonte: Di Bernardo (2008a). Pádua (2006) relata que quando a coagulação não é feita de modo correto, pode ocasionar a não eficiência das outras etapas do processo de tratamento, podendo comprometer a qualidade sanitária da água. Ainda acrescenta que a eficiência do coagulante não está associado com o aumento do volume do mesmo na água e que muitas ETAs tem desperdício de coagulantes por não otimizar e não fazer a sua associação com o pH ótimo. As grandes dosagens de coagulante só influenciarão na remoção da matéria orgânica natural (MON), mas isso só acorrerá associado a um pH baixo. 55 São vários os tipos de coagulantes existentes atualmente, entre os quais se destacam (DI BERNARDO; PAZ, 2008b): - Cloreto férrico: através da massa molar, da dosagem do produto e do pH, podem ser feitas relações que quantificam o precipitado do coagulante e das espécies hidrolisadas, como aparesentado abaixo. Algumas caracterísitcas são: Fórmula química: FeCl3x6H2O; Massa molar 270,5; Cloreto férrico comercial líquido: concentração comercial de 38 a 40% (massa por massa); massa específica de 1,4 a 1,42 kg/L (t = 25 ºC) 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2+ → log 𝐹𝑒 𝑂𝐻 2+ = 1,5 − 2𝑝𝐻 + 𝐹𝑒(𝑂𝐻)+ 2 → log 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 = −1,9 − 𝑝𝐻 𝐹𝑒2 (𝑂𝐻)4+ → log 𝐹𝑒2 (𝑂𝐻)4+ = 5,9 − 4𝑝𝐻 2 2 − 𝐹𝑒(𝑂𝐻)− 4 → log 𝐹(𝑂𝐻)4 = 𝑝𝐻 − 19 𝐹𝑒 3+ → log 𝐹𝑒 3+ = 4,5 − 3𝑝𝐻 𝐹𝑒(𝑂𝐻)03 → log 𝐹𝑒(𝑂𝐻)03 = −9,0 A concentração total de ferro é dada por: 𝐶𝑡,𝐹𝑒 = 𝐹𝑒 𝑂𝐻 − 4 + 𝐹𝑒 3+ + 2 ∗ 𝐹𝑒2 𝑂𝐻 4+ 2 + 𝐹𝑒 𝑂𝐻 + 2 + [𝐹𝑒(𝑂𝐻)2+] - Sulfato Ferroso Clorado: Fórmula química: FeCl3 x Fe2(SO4)3; Produto comercial líquido: floculan - com concentração entre 38 a 40% (massa por massa) e massa específica de 1,47kg/L (t = 20 ºC). - Sulfato Férrico: Sulfato ferroso granulado comercial, Fe2(SO4)3 - concentração comercial de Fe2O3 entre 28,5 e 31,5% (massa por massa); massa específica de 1300 kg/m³; Sulfato ferroso comercial líquido, Fe2(SO4)3x 9H2O - teor de Fe2O3igual a 17±0,4% (massa por massa); massa específica de 1530 a 1600 kg/m³ (t = 20 ºC). 56 - Cloreto de polialumínio ou hidróxi - cloreto de alumínio: coagulante inorgânico catiônico pré-polimerizado produzido com cloreto de polialumínio (PAC - polyaluminum chloride), apresentando a fórmula química generalizada da seguinte maneira: 𝐴𝑙𝑥 (𝐻2 𝑂) 6𝑥−2𝑦 𝑂𝐻 𝑦 𝐶𝐿 3𝑥−𝑦 𝑜𝑢 𝐴𝑙𝑛 (𝑂𝐻)𝑚 𝐶𝑙 3𝑛−𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 < 𝑚 < 3𝑛 . Na Tabela 7 observa-se as diversas fórmulas químicas, massa específica e a concentração dos elementos do hidróxi-cloreto de alumínio. Tabela 7- Fórmula química específica do hidróxi-cloreto de alumínio Fórmula química Al2Cl6 Al2(OH)Cl5 Al2(OH)2Cl4 Al2(OH)3Cl3 Al2(OH)4Cl2 Al2(OH)4,5Cl1,5 Acidez total (% HCl, massa/massa) 22,84 21,49 19,45 17,85 14,14 12,00 Massa específica ρ (kg/L a 18 ºC) 1,270 1,280 1,290 1,300 1,315 1,325 Al2O3 total (% massa/massa) 9,06 10,2 11,3 16,4 20,3 22,6 Fonte: Di Bernardo e Paz (2008b). - Sulfato de alumínio: através da massa molar, da dosagem do produto e do pH, podem ser feitas relações que quantificam o precipitado do coagulante e das espécies presentes: 𝐴𝑙(𝑂𝐻)2+ → log 𝐴𝑙 𝑂𝐻 2+ = 4,64 − 2𝑝𝐻 𝐴𝑙 3+ → log 𝐴𝑙 3+ = 9,66 − 3𝑝𝐻 3+ 𝐴𝑙6 (𝑂𝐻)15 → log 𝐴𝑙6 𝑂𝐻 3+ 15 = 8,58 − 4𝑝𝐻 5+ 𝐴𝑙8 (𝑂𝐻)4+ 20 → log 𝐴𝑙13 (𝑂𝐻)34 = 8,58 − 4𝑝𝐻 4+ 𝐴𝑙2 (𝑂𝐻)4+ = 13,05 − 4𝑝𝐻 2 → log 𝐴𝑙2 (𝑂𝐻)2 𝐴𝑙(𝑂𝐻)− 4 → log 𝐴𝑙 𝑂𝐻 − 4 = 𝑝𝐻 − 13,91 A concentração total de alumínio é dado por: 𝐶𝑇,𝐴𝑙 = 𝐴𝑙 𝑂𝐻 2+ + [𝐴𝑙 𝑂𝐻 + 𝐴𝑙 3+ + 6 𝐴𝑙6 𝑂𝐻 3+ 15 + 8 𝐴𝑙8 𝑂𝐻 4+ 20 + 2 𝐴𝑙2 𝑂𝐻 4+ 2 − 4] A Tabela 8 apresenta as formas comerciais de sulfato de alumínio sólido e algumas de suas características. 57 Tabela 8- Forma comercial de sulfato de alumínio sólido Forma do produto Pó Granulado Pedra (britado) Massa específica aparente (kg/m³) 600 a 700 900 a 1000 800 a 850 Granulometria 99% ≤ 0,84 mm 100% ≤ 4,8 mm, 90% ≥ 2,0 mm 100% ≤ 75 mm, 75% ≥ 12,7 mm Fonte: Di Bernardo e Paz (2008b). - Tanato quaternário de amônio: polímero orgânico (vegetal) catiônico de pequena massa molecular Nome comercial: Tanfloc SG Tanfloc SG em pó - umidade varia de 4,5 a 6,5 (massa por massa); massa específica de 0,4kg/L Tanfloc SG líquido: massa específica variando de 1,15 a 1,20 kg/L; pH entre 1,7 e 2,3. Di Bernardo e Paz (2008a) comentam que as unidades de misturas rápidas comumente utilizadas na coagulação podem ser do tipo hidráulico (vertedor Parshall ou retangular, injetores, difusores, etc.), do tipo mecânico (câmara com agitador) e especiais (misturadores estáticos). Na Figura 4, observa-se a unidade de mistura rápida da ETA de Gravatá em Campina Grande, onde se apresenta uma calha Parshal, um dosador de cal e de coagulante. Figura 4 - ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande: (a) Calha Parshal em operação; (b) Dosador de coagulante; (c) Dosador de cal e de coagulante em Calha Parshall. (a) Fonte: Medeiros Filho (2009). (b) (c) 58 Santos (2007) acrescenta que existem vários fatores que poderão interferir no processo da coagulação e mistura rápida, como por exemplo o pH e a alcalinidade da água bruta; o tamanho e natureza das partículas coloidais; a concentração, dosagem e idade do coagulante, além do gradiente de velocidade e o tempo de mistura. De acordo com Padilha et al. (2011), a coagulação também pode ser vista como um processo de desestabilização de partículas que ocorre em intensa agitação no meio. Dalsasso e Sens (2006), analisando os estudos de Di Bernardo et al (2003) concluiram que a natureza e o tamanho das partículas presentes na água também tem sua importância para a decisão da técnica de tratamento, visto que se predominarem partículas com o tamanho médio na faixa de 1 a 3 μm é adequado que o sistema possua a floculação após a coagulação, para reduzir significativamente os custo na ETA. Veras e Di Bernardo (2008), concluíram que nos tratamentos de água que não contemplam a coagulação química não irão satisfazer os padrões para o consumo humano, a não ser que o tratamento contemple a filtração lenta e a cloração, pois essas duas etapas poderão assegurar a qualidade sanitária da água para o consumo. Contudo, a água não poderá ter uma turbidez alta ( > 10 uT), visto que isso afetará a eficiência da filtração lenta e exigirá uma pré-filtração para auxiliar na redução de impurezas presentes na água. 3.4.1.5 Floculação A floculação é o processo de tratamento de água posterior a coagulação. Sua função é permitir o agrupamento das partículas que foram desestabilizadas no processo de coagulação, formando flocos que posteriormente serão sedimentados. A NBR 12.216/92 (ABNT, 1992), define floculador como a instalação que promove a agregação das partículas formadas na mistura rápida, ou seja, originadas a partir da aplicação do agente coagulante. Ainda de acordo com a NBR, o período de detenção e o gradiente de floculação devem ser ensaiados, mas caso não existe a possibilidade de realizá-los, adota-se valores entre 20 e 30 min para floculadores hidráulicos e entre 30 e 40 min, para floculadores mecanizados. Com relação ao gradiente de velocidade máximo, não se deve ultrapassar 70 s-1 no primeiro compartimento, e não menos que 10 s-1 no ultimo compartimento. 59 Pádua (2006) enfatiza que na floculação não há remoção de substância, sendo sua função maior condicionar a água que será encaminhada aos decantadores, ou flotadores ou ainda aos filtros da ETA. Ainda de acordo com o autor, "na prática tem-se observado que o valor do gradiente de velocidade médio ótimo diminui à medida que aumenta o tempo de floculação" (2006, p. 532). A Figura 5 mostra alguns tipos de unidades de floculadores empregados nas ETAs. Figura 5 - Tipos de floculadores empregados na ETAs: a) - Floculador em meio granular; b) Floculador em chicanas; c) Floculador mecanizado Fonte: Pádua (2006). A Figura 6 e a Figura 7 mostram, respectivamente, vistas de um floculador em chicanas eum floculador mecânico da ETA de Alto Branco em Campina Grande. Figura 6 - Floculador em chicanas verticais (seco) vendo-se, à direita, o vertedor para medição de vazão (ETA Alto Branco, CAGEPA, Campina Grande). Fonte: Medeiros Filho (2009). 60 Figura 7 - Vista de uma unidade de floculação mecânica. As tampas amarelas objetivam a proteção do motor de acionamento do misturador (ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande). Fonte: Medeiros Filho (2009). 3.4.1.6 Decantação Consiste em uma parte do sistema de tratamento de água responsável pela remoção das partículas em suspensão e de sólidos dissolvidos que estejam acumulados na água de abastecimento. Comumente utilizada depois do floculador para permitir a sedimentaçãodo que foi gerado através da força da gravidade. Pádua (2006) mencionou que para pequenas comunidades, o decantador servirá de um pré-tratamento, substituindo as unidades de mistura rápida e lenta (coagulação e floculação). Neste caso, a decantação é denominada plena, e tem como desvantagem a exigência de grandes áreas, visto que a velocidade de sedimentação é lenta e exigirá mais espaço para um grande volume de água. Isto é eliminado pela coagulação e floculação pois esses processos geram flocos com velocidade de sedimentação maior, possibilitando uma menor área de decantação. A vantagem da decantação plena é a produção de lodo de fundo menos agressivo ao meio ambiente, visto que não é utilizado coagulante químico. Di Bernardo e Paz (2008a, p. 186) explicam a decantação da seguinte forma: "qualquer partícula não coloidal, suspensa em um meio líquido em repouso e de menor massa específica, será acelerada pela ação da gravidade até que as forças de resistência viscosa e de deformação do líquido sejam iguais à resultante do peso efetivo da partícula”. A Figura 8 apresenta vistas de um decantador convencional de fluxo horizontal e de um detalhe da calha coletora de água decantada da ETA de Gravatá, Campina Grande. 61 Figura 8 - Vistas da ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande: (a) Decantador convencional de fluxo horizontal; (b) Um detalhe da calha coletora de água decantada. (a) (b) Fonte: Medeiros Filho (2009). 3.4.1.7 Flotação Dispositivo utilizado para remoção de flocos que exigem decantadores com baixa taxa de aplicação superficial, tornando sua aplicação muito onerosa para as ETAs, visto que necessitam de grandes áreas para decantação. Possuem geradores de microbolhas que promovem o aumento do empuxo, carreando os flocos ou partículas em suspensão para a superfície do flotador, possibilitando a sua remoção e clarificação da água (PÁDUA, 2006). Ainda de acordo com Pádua (2006), suas principais vantagens com relação aos decantadores são: i) mais compacto do que os decantadores; ii) geração de lodo com maior teor de sólidos; iii) economia no volume do coagulante primário; iv) reduz tempo de floculação; v) reduz a água retirada com o lodo, quando relacionada com a porcentagem da vazão total tratada pela ETA; vi) promovem o air stripping de substâncias voláteis; vii) auxilia a remoção de metais solúveis, por promover um grau de oxidação. O Quadro 8 descreve as técnicas de flotação presentes nas ETAs atualmente e o seu modo de geração de bolhas. Quadro 8 - Classificação das técnicas de flotação Nome da técnica Flotação por ar disperso ou por ar induzido Flotação eletrolítica Flotação por ar dissolvido a vácuo Modo de geração das bolhas Em geral por meio de agitação, usualmente através de rotores, ou passando o gás por placa porosa Eletrólise da água Dissolução do ar na água à pressão atmosférica e sua posterior liberação numa câmara com pressão negativa 62 Flotação por ar dissolvido por pressurização Fonte: Pádua (2006). Dissolução do ar na água sob pressão e sua posterior liberação á pressão atmosférica 3.4.1.8 Filtração rápida Técnica de tratamento responsável pela remoção de partículas suspensas e coloidais e de microrganismos que se encontrem na água, através de um meio poroso pelo qual a água percola, produzindo um efluente mais limpo. A filtração rápida geralmente é utilizada em sistema de ciclo completo, de floto-filtração e de filtração direta (ascendente, descendente e dupla filtração). Di Bernardo e Paz (2008a) descrevem a filtração rápida de acordo com a Figura 9 e destacam os seguintes componentes: i) canal de alimentação (ou de distribuição); ii) entrada de água com a comporta para permitir o isolamento; iii) canal geral da água filtrada; iv) meio filtrante composto por areia e antracito; v) camada de pedregulho que oferece suporte; vi) sistema de drenagem; vii) caixa de saída da água filtrada, incluindo um vertedor; viii) canal geral de água filtrada; ix) tubulação de água para a limpeza do filtro; x) mesa de comando. Figura 9 - Corte longitudinal de um esquema de filtro rápido Fonte: Di Bernardo e Paz (2008a). Medeiros Filho (2009) considera que em torno de 40 a 50% das impurezas são retidas nos filtros e o restante são removidas no processo de decantação. Portanto, considerase o filtro rápido como uma importante barreira sanitária, que retém até os microrganismos patogênicos que resistiram até a filtração. O autor ainda acrescenta que, comumente, são adotadas, no mínimo, 3 unidades para vazão de até 50 litros/s, 4 para 250 litros/s, 6 para 500 litros/s, 8 para 1000 litros/s e 10 para 63 1500 litros/s. Segundo o mesmo autor, o número de filtros dependerá da magnitude da instalação, número de etapas de construção, do arranjo geral e tamanho das tubulações, sendo que fatores econômicos também são predominantes para a quantificação dos filtros. Após a sua carreira de filtração (em torno de 20 a 30 horas, exceto em situações esporádicas, como o período chuvoso) os filtros precisam ser lavados para recuperar a sua eficiência que fora diminuída pelo acúmulo de impurezas entre os interstícios do leito filtrante. Figura 10 - Vista parcial da bateria de filtros da ETA Gravatá Fonte: Medeiros Filho (2009) Na Figura 10 e na Figura 11 são apresemtadas vistas parciais da bateria de filtros da ETA Gravatá e da lavagem dos filtros, respectivamente. Figura 11 - Lavagem de filtros: (a) Início - areia fluidificando; (b) lavagem em pleno funcionamento. (a) (b) Fonte: Medeiros Filho (2009). Na Figura 11 observa-se a realização da limpeza do filtro e o funcionamento da calha coletora da água com as impurezas, conduzindo-as para a calha principal, e posteriormente ao 64 seu destino final. Na Figura 12 observa-se um filtro seco com a malha de tubos do sistema fixo de contra corrente ou lavagem auxiliar. Figura 12 - Filtro seco e cheio Fonte: Medeiros Filho (2009). 3.4.1.9 Desinfecção Etapa pós a filtração na qual adiciona-se um desinfetante na água para que ocorra a eliminação de microrganismos. Medeiros Filho (2009) considera a desinfecção como o processo de melhoria da qualidade bacteriológica da água, pois mantém a segurança sanitária da mesma. Pádua (2006) enfatiza que a desinfecção da água também tem um caráter preventivo, visto que ao fazer o processo, deixa-se um volume residual para possíveis contaminações que ocorram no sistema de distribuição. Em vista disso, é necessário sempre fazer amostragem para quantificar a presença de microrganismo no sistema de distribuição. Ainda de acordo com o autor (2006), os agentes desinfetantes agem por meio de 3 mecanismos: i) destruição da estrutura celular; ii) inativação de enzimas; iii) interferência na biossíntese e no crescimento celular, podendo ser um ou a junção deles. Cabe enfatizar que a utilização dos desinfetantes não é para a remoção de todas as formas vivas, e sim para destruição dos organismos patogênicos. Considerando os agentes químicos, comumente utilizam-se os seguintes desinfetantes: oxidantes de cloro, bromo, iodo, ozônio, permanganato de potássio e peróxido de hidrogênio e os íons metálicos, prata e cobre. Com relação aos agentes físicos, destacam-se 65 a radiação ultravioleta e o calor. É importante levar em consideração que desinfetante não deverá ser nocivo a saúde humana e nem ocasionar sabor e odor na água. A Figura 9 apresenta a quantidade estimada de microrganismo na água para que ocorra uma contaminação e geração de doença. Tabela 9- Quantidade de organismos para iniciar a enfermidade Organismo Giardia lamblia Shigella dysenteriae Vibrio colerae Salmonella typhi Cistos de Entamoeba histolytica Escherichia coli Quantidade 10 10 1.000 10.000 20 1x1010 Nome da doença Giardiase Disenteria Cólera Febre tifóide Disenteria amebiana Gastroenterite Fonte: Pádua (2006). O autor salienta que os números quantificados na Figura 9 são só estimativas e existe variação para cada organismo, visto que a resistência das pessoas não é a mesma. 3.4.1.10 Fluoretação A fluoretação é uma medida indireta para prevenir as cáries na população, principalmente em crianças. Segundo Pádua (2006) a utilização de flúor na água de abastecimento humano não é aprovado por todos os estudiosos na área, sendo alguns favoráveis e outros não. Medeiros Filho (2009, p. 119) comenta que a fluoretação é feita através de aparelhos dosadores, sendo utilizados os seguintes agentes: fluoreto de sódio, o fluossilicato de sódio e o ácido fluossilicico. O autor ainda enfatiza que para o sistema de abastecimento fornecer a água com o flúor, deverá obedecer aos seguintes requisitos mínimos: "abastecimento contínuo da água distribuída à população, em caráter regular e sem interrupção; a água distribuída deve atender os padrões de potabilidade; sistemas de operação e manutenção adequados; controle regular da água distribuída". A Figura 13 apresenta uma vista de um cone de saturação (dosador de flúor). 66 Figura 13 - Cone de saturação ou dosador de flúor. Fonte: Medeiros Filho (2009). 3.4.1.11 Estabilização Depois que a água passa por todos os tratamentos exigidos para garantir os padrões de potabilidade do Ministério da Saúde, ainda se faz necessário a sua estabilização para que não ocorra problemas no sistema de distribuição, ou seja, não provoque incrustações, corrosão do metal, ou agressão ao concreto (dependendo do material utilizado para transportar a água tratada). Pádua (2006, p. 548) cita que, nos últimos anos, vem sendo estudado o ortopolifosfato para amenizar os problemas com as incrustações ocasionada pela água, evitando o aumento da turbidez, sabor e a elevação da perda de carga. 3.4.2 Tecnologias de tratamento de água 67 O principal objetivo do tratamento de águas naturais para abastecimento humano é adequar as características da água aos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e radioativos estabelecidos pela portaria da potabilidade do Ministério da Saúde, para assim prevenir a transmissão de doenças de veiculação hídrica. Segundo Libânio (2010), as técnicas de tratabilidade tem como função retirar partículas suspensas e coloidais, matéria orgânica e microrganismos e outras substâncias ofensivas a saúde humana. Comumente suas açõessão por meio de processos e operações físico-químicas, diferentemente do tratamento de esgotos, em que utiliza-se em sua maioria, tratamento puramente biológico. O autor ainda acrescenta que para escolher a técnica de tratamento, deve-se observar as seguintes primícias: - Característica da água bruta; - Orçamento para implantação, manutenção, e operação da tecnologia; - Manuseio e confiabilidade dos equipamentos empregados no tratamento; - Flexibilidade Operacional; - Característica da população consumidora e a localização; - Disposição final dos resíduos finais (lodo). Libânio (2010) acrescenta que a potabilização da água apresentará basicamente três fases: clarificação - inclui etapas de coagulação, floculação e decantação/flotação para a remoção de sólidos suspensos e parte dos sólidos dissolvidos; filtração - remoção de sólidos dissolvidos e microrganismos e desinfecção - inativação de bactérias e vírus. Caso não haja o processo de coagulação, inevitavelmente será exigido a técnica de filtração lenta. Além das etapas citadas acima, Pádua (2006) acrescenta a fluoretação e a estabilização que exercerão, respectivamente, a prevenção de cáries e controle de corrosão e incrustações da água nas tubulações. A Figura 14 apresenta as técnicas mais usuais de tratamento de água nas ETAs. Figura 14 - Técnicas mais usuais de tratamento de água 68 Filtração lenta Filtração em múltiplas etapas (FIME) Filtração Filtração direta descendente Filtração direta descendente com floculação Filtração direta ascendente Dupla filtração Tratamento convencioanl Filtração direta descendente com floculação Préfiltração Coagulação Coagulação Coagulação Coagulação Coagulação Coagulação Filtração Filtração descendente Floculação Filtração ascendente Filtração ascendente Floculação Floculação Filtração descendente Decantação Flotação Filtração Filtração Filtração descendente Fonte: Adaptado de Pádua (2006). 3.4.2.1 Filtração lenta Processo de tratamento de água no qual não se faz necessário a aplicação de coagulante químico, visto que a sua operação é puramente biológica. Como o próprio nome relata, é um processo lento, permitindo a eficiente remoção das partículas pelos agentes biológicos. Contudo, o processo de filtração lenta exige uma área maior, sendo mais favorável para comunidades rurais (PÁDUA, 2006, p. 551). A filtração lenta pode ter ou não um pré-tratamento. Caso exista, passa a ser o processo de filtração de múltiplas etapas (FiME), esquematizado na Figura 15. Esse tratamento é utilizado quando há excesso de sólidos em suspensão. Medeiros Filho (2009) diz que um dos inconvenientes da filtração lenta é que sua aplicação só será potencialmente eficiente apenas em águas de pouca turbidez (até 50 ppm) e que comumente a taxa de velocidade varia entre 3 e 9 m³/m².dia, sendo mais frequente entre 3 e 4m³/m².dia. Segundo Pádua (2006), o filtro lento é composto de um tanque com uma camada de areia (espessura entre 0,90 a 1,20 m) de pequena granulometria que auxilia na retenção das partículas, sobre uma camada de pedregulho (espessura entre 0,20 a 0,45 m); além dessas camadas, existe um sistema de drenagem que conduz a água filtrada. Ainda de acordo com Pádua (2006), a plena eficiência do filtro só se dará após a formação da camada biológica, ou seja, a maturação do filtro, composta por partículas inertes, matéria orgânica, e por microrganismos, além dos precipitados (ferro, manganês, entre outros), que permite a remoção das partículas e organismos nocivos a saúde humana. A Figura 15 apresenta um esquema proposto por Medeiros Filho (2009) para o filtro lento, onde podem ser observadas as camadas de areia fina, pedregulho e a tubulação que conduz a água filtrada. 69 Medeiros Filho (2009) estima a eficiência do filtro lento da seguinte forma: - Remoção de turbidez: 100%; - Remoção de cor (baixa):< 30%; - Remoção de Ferro: até 60%; boa remoção de odor e sabor; - Grande remoção de bactérias:> 95%. Figura 15 - Esquema vertical de um filtro lento Fonte: Medeiros Filho (2009) Ainda de acordo com o autor, o processo de limpeza é feito quando se atinge a perda de carga determinada no projeto. Realiza-se a remoção de cerca de 2 cm de areia da camada superior, lava-se a mesma e posteriormente recoloca-se no filtro, quando após sucessivas limpezas a área restante de areia chegue a 60 cm. 3.4.2.2 Filtração direta Tipo de tratamento em que a única possibilidade de remoção de sólidos na água é a filtração rápida, fazendo-se necessário primeiramente o processo de coagulação e posteriormente filtração. Pode ser realizada como filtração direta descendente (percurso da água coagulada é de cima para baixo), direta descendente com floculação (o percurso da água coagulada e floculada é de cima para baixo), filtração direta ascendente (o percurso da água 70 coagulada é de baixo para cima), e dupla filtração (o percurso da água coagulada é ascendente e depois descendente), sendo a última a que produz água com pior qualidade entre as demais (PÁDUA, 2006). Di Bernardo e Paz (2008a) relatam que a limpeza dos filtros rápidos é feita com jatos de água no sentido ascensional com velocidade alta para fazer a desobstrução dos poros do meio granular. Medeiros Filho (2009, p. 111), elencou algumas características dos filtros rápidos convencionais de areia com fluxo descendente, que são: - Taxa de filtração: 120m³/m².dia; - Lavagens 1 a 2 vezes por dia, tempo de 10 minutos, taxa de 800 a 1300 m³/m².dia, consumo aproximado de 6% da água produzida; - Características da areia: 0,60mm ≤D≤ 1,41mm com 0,40mm ≤ De≤ 0,60mm e coeficiente de uniformidade inferior a 1,55; - Acamada de pedregulho, suporte do leito filtrante, deve ter uma altura aproximada de 50 cm e ser constituída na seguinte granulometria de cima para baixo: de 3/16 e 3/32” numa espessura de cerca de 0,06 m; de 1/2 e 3/16" 0,07 m; 3/4 e ½" 0,10 m; 1 1/2 e ¾" 0,12 m; 2 1/2 e 1 ½" 0,15 m. Medeiros Filho (2009) atribui como vantagem do filtro rápido um bom rendimento com menor área, visto que sua remoção de bactéria varia de 90 a 95% e ainda, reduz turbidez e cor. Já, as principais desvantagens são: exige um controle rigoroso da ETA, mão-de-obra qualificada, além de consumir cerca de 8% da água tratada para manutenção da ETA. A Figura 16 apresenta um esquema de camadas e dimensões de um filtro rápido convencional, esquematizado por Medeiros Filho (2009). Figura 16 - Esquema vertical de um filtro rápido 71 Fonte: Medeiros Filho (2009). 3.4.2.3 Tecnologia de ciclo completo A tecnologia de ciclo completo ou tratamento convencional é a mais utilizada em todo o Brasil. Esse tipo de tecnologia contempla a mistura rápida, floculação, decantação ou flotação, filtração e desinfecção. Esse tipo de tratamento é mais utilizado principalmente pelas razões sazonais, permitindo adequação a qualidade da água bruta (BRASIL, 2006d). Pádua (2006) comenta que no caso do ciclo completo, os filtros rápidos tem a função de remover as partículas em suspensão que não foram retidas no processo de decantação ou flotação, e que a não eficiência dos processos anteriores aos filtros, podem atingir de modo insatisfatório os outros processos de tratamento, visto que no ciclo completo a coagulação, floculação, decantação ou flotação, são colocados em série. Figura 17 apresenta um esquema em corte dos componentes de uma ETA de ciclo convencional. Figura 17 - Esquema em corte de uma ETA de ciclo convencional Fonte: Pádua (2006). 3.4.2.4 Filtração em membranas A técnica utiliza membranas com aberturas conhecidas, as quais permitem que as bactérias sejam retidas e posteriormente formem a película biológica (BRASIL, 2006d). Pádua (2006), acrescenta que as micro-aberturas também permitirão a retenção de material particulado, micromoléculas, moléculas dissolvidas e íons dissolvidos. A escolha das membranas de filtração dependerá da qualidade final desejada da água e de suas características antes do tratamento. 72 Essa tecnologia é comumente utilizada para o tratamento de águas salobras, sendo que funcionará como pré-tratamento, ou seja, após passar pela membrana, a água ainda terá que ser tratada através da osmose reversa, ou caso não exista as membranas de filtração na ETA, pode-se utilizar todo o processo do tratamento convencional e por último utiliza-se a técnica de osmose reversa (PÁDUA, 2006). Este autor elencou algumas das vantagens do tratamento com filtração em membranas: - Capacidade de tratamento de águas que apresentem turbidez máxima de 100 uT; - Facilidade de adequar a água bruta aos padrões de potabilidade; - Em algumas situações, a coagulação poderá ser dispensada; - Automatização do sistema; - Redução de custos, visto que a área necessária é menor do que a do tratamento convencional; - Remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos com eficiência superior à outras técnicas de tratamento convencionais; - Redução na produção de lodo, consequentemente sem muita agressão ao meio ambiente. Com relação as desvantagens, esse tipo de tecnologia no Brasil se torna mais onerosa do que nos outros países pela especialização da mão-de-obra, consumo de energia e a aquisição da tecnologia. 3.4.3 Seleção de tecnologias de tratamento Como já dito anteriormente, as tecnologias de tratamento de água são utilizadas para adequar a água bruta aos padrões de potabilidade e torná-la mais atrativa a população e menos potencialmente perigosa a saúde humana. Resumidamente, a tecnologia escolhida, tem que ter capacidade de remover sólidos em suspensão e dissolvidos, bactérias patogênicas e protozoários, turbidez, cor, sabor e odor. Pádua (2006) diz que além de obedecer ao padrão de potabilidade, a escolha da tecnologia também está aliada aos custos de implantação, complexidade operacional e porte da instalação, mas esses pontos só serão avaliados quando comprovados que determinada água bruta pode ser tratada com mais de uma tecnologia. Também se faz necessário levar em consideração as mudanças sazonais e não as pontuais. 73 A NBR 12.216/92 (ABNT, 1992) classifica a água natural utilizada para o abastecimento humano em quatro tipos, A, B, C e D, levando em consideração a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) aos 5 dias, coliformes, pH, cloretos e fluoretos. Para determinação da técnica de tratamento, essa classificação se torna fundamental, visto que a mesma já trás consigo algumas das operações necessárias para atingir o padrão de potabilidade exigido pelo Ministério da Saúde. A classificação é descrita a seguir: - Tipo A: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias sanitariamente protegidas, com características que satisfazem aos padrões de potabilidade. O tratamento mínimo necessário a desinfecção e correção do pH. - Tipo B: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não-protegidas, com características que podem se enquadrar aos padrões de potabilidade, mediante processo de tratamento que não exija coagulação. O tratamento mínimo necessário inclui a desinfecção e correção do pH e para alguns casos especificados pela norma, a decantação simples e filtração. - Tipo C: águas superficiais provenientes de bacias não protegidas, com características que exijam coagulação para se enquadrar nos padrões de potabilidade. O tratamento mínimo inclui a coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em filtros rápidos, desinfecção e correção do pH. - Tipo D: águas superficiais provenientes de bacias não protegidas, sujeitas a fontes de poluição, com características que exijam processos especiais de tratamento para que possam se enquadrar aos padrões de potabilidade. O tratamento mínimo é equivalente ao do tipo C com algum tratamento complementar para cada caso. Pádua (2006) apresenta em sua obra, características das tecnologias existentes e os limites de aplicação em função da qualidade da água, que são apresentados no Quadro 9 e Quadro 10, respectivamente. Quadro 9 - Características de algumas técnicas de tratamento de água Parâmetros Operação Consumo de coagulante Resistência à variação da qualidade da água Limpeza dos filtros Simples Nulo Técnicas de tratamento Filtração direta Filtração direta descendente ascendente Especializada Especializada Baixo Baixo Tratamento convencional Especializada Alto Baixa Baixa Moderada Alta Raspagem da Fluxo Fluxo ascendente Fluxo Filtração lenta 74 Porte da estação Custo de implantação (US$/hab.) Necessidade de área. camada superficial Usual limitar a pequenas instalações 10 a 100 ascendente Grande ascendente Sem limitações Sem limitações Sem limitações 2 a 30 5 a 45 10 a 60 Pequena Pequena Média Fonte: Pádua (2006). Nota: Adaptado por Barros et al. (1995). Quadro 10 - Limites de aplicação de diferentes técnicas de tratamento em função da qualidade da água bruta Parâmetros Filtração lenta Pré-filtro + filtro lento FiME Filtração direta ascendente Dupla filtração Filtração direta descendente Filtração direta descendente com floculador Tratamento convencional ** Turbidez (uT) 10 50 Valores máximos para a água bruta Cor Ferro Manganês NMP verdadeira Total (mg/L) Coliformes/100 ml (uH) (mg/L) Totais Fecais 5 1 0,2 2.000 500 10 5 0,5 10.000 3.000 100 100 10 100 3 15 0,5 1,5 20.000 5.000 5.000 1.000 200 25 150 25 15 2,5 2,5 - 20.000 20.000 5.000 500 50 50 2,5 - 2.500 1.000 250 * 2,5 - 20.000 5.000 Fonte: Pádua (2006). Legenda: NMP (número mais provável) * Depende do valor de turbidez; ** para águas que excedem os limites do tratamento convencional, este deverá ser complementado com tratamento especiais, tais como pré-filtração, ajuste de pH, aplicações de polimeros, utilização de carvão ativado etc. 75 4 MATERIAL E MÉTODOS A seguir apresentam-se a descrição do objeto de estudo, período de desenvolvimento, material utilizado e atividades desenvolvidas. O trabalho, como já mencionado, se refere a um estudo de tratabilidade de água em escala de bancada simulando a tecnologia de tratamento de água por filtração direta. O estudo buscou identificar condições da coagulação visando remoção de cor, aparente e real, e de turbidez. Vale ressaltar que a escolha da tecnologia de tratamento estudada teve como referência dois ascpectos: (i) a ETA cuja água do manancial foi utilizada neste estudo é do tipo filtração direta ascendente (ver item 4.1) e (ii) a tecnologia da filtração direta (ascendente ou descente) é indicada para águas com turbidez < 10 uT e cor verdadeira < 20 uH, em 90% das avaliações (DI BERNARDO, 2003). Segundo Di Bernardo (2003), para testes em escala de bancada, utiliza-se o equipamento denominado teste de jarros ou jartest. O equipamento dispõe de seis dispositivos de agitação mecânica com velocidade variável que operam em paralelo. Para simular a filtração pode-se utilizar um sistema de filtração em papel (filtro Whatman 40 ou equivalente) ou sistema de filtração em areia (DI BERNARDO, 2003). Neste estudo, foi utilizado o equipamento jar test e filtração em papel, conforme descrito nos itens subsequentes. 4.1 OBJETO DE ESTUDO A presente pesquisa teve como objeto de estudo a água bruta do rio Piranhas/Açu, município de Assú, Rio Grande do Norte. O rio Piranhas/Açu é o manancial utilizado no abastecimento de água de 34 municípios do Rio Grande do Norte. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), a ETA de Assú é do tipo filtração direta ascendente sendo constituída por 08 (oito) filtros. A água é captada na margem esquerda do rio Piranhas/Açu e recalcada à ETA de Assú. O sistema de captação, tratamento e adução opera desde março de 2000 com uma vazão total de 373L/s (RIO GRANDE DO NORTE, 2012). A referida ETA é operada pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN). 76 4.2 PERÍODO DO ESTUDO A pesquisa foi executada no período de transição entre chuva e estiagem na região de Assú, RN. Os ensaios foram executados entre junho e julho de 2014. 4.3 MATERIAL UTILIZADO Para a realização dos ensaios especificados nas Tabelas 10, 11 e 12 e a caracterização da água bruta, foram utilizados os seguintes equipamentos e material diverso: - Equipamento jartest, marca Nova Ética, modelo 218/6LDB (ver Figura 18) - Medidor de pH, marca Thermo Scientific, modelo Orion 3 Star; - Turbidímetro, marca Hach, modelo 2100Q; - Espectrofotômetro, marca Hach, modelo DR5000; - Medidor multiparâmetro, marca Hach, modelo HQ40D, utilizado como condutivímetro; - Cronômetro digital, marca Instrutherm, modelo CD2800; - Centrífuga de bancada microprocessada, marca Fanem, modelo 206BL Excelsa II; - Vidraria: balão volumétrico, pipetas graduadas, pipetas volumétricas, provetas, béquers, funil, erlenmeyer; - Papel de filtro quantitativo, marca Fusion, referência QFP-12,5 cm black; - Sistema de filtração: papel de filtro dobrado e disposto em um funil apoiado em erlenmeyer (ver Figura 19). - GPS, marca Garmin, modelo GPSmap 62sc A Figura 18,19 e 20, mostram o equipamento jar test utilizado para as análises em bancada, as bombonas com o reservatório utilizado para o armazenamento da água, o sistema filtrante utilizado e alguns dos equipamentos auxiliares. 77 Figura 18 – Vista do equipamento Jar test utilizado para a pesquisa: (a) Jar test; (b) Jarro com água coagulada. (a) (b) Fonte: Autoria Própria (2014). Figura 19 - (a) Vista do reservatório e bombonas utilizadas para armazenar a água bruta; (b) Sistema filtrante para a água pós mistura rápida. (a) (b) Fonte: Autoria Própria (2014). Figura 20 - Equipamentos utilizados em laboratório: (a) Espectrofotômetro; (b) Medidor multiparâmetro - condutivímetro; (c) Turbidímetro. (a) Fonte: Autoria Própria (2014). (b) (c) 78 Com relação aos produtos químicos, foram utilizados: - Sulfato de Alumínio Comercial e Cloreto de Polialumínio (PAC), como coagulantes: as soluções foram preparadas a 0,5% a cada 48 h. Ambos coagulantes foram obtidos junto a CAERN não tendo sido especificadas as concentrações de Al2O3. Esta concentração pode variar de 8 a 14% e de 8 a 23% para sulfato de alumínio e PAC, respectivamente (DUARTE, 2014)1; - Polieletrólito catiônico Floerger como auxiliar de coagulação: a solução foi preparada a 0,1% a cada 24 h. Este produto também foi fornecido pela CAERN; - Ácido sulfúrico (H2SO4) P.A. e carbonato de sódio (Na2CO3) P.A. (também conhecido como barrilha leve) para variação do pH de coagulação. A solução de H2SO4 foi preparada semanalmente a 0,1N. A solução de Na2CO3 foi preparada a 0,5% a cada 48 h. 4.4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES Neste tópico são descritos as atividades realizadas para alcançar os objetivos da pesquisa. 4.4.1 Obtenção e caracterização da água bruta A água bruta foi coletada na margem do rio Piranhas/Açu no mesmo local que a ETA realiza a captação da água para tratamento. A Figura 21apresenta uma vista da localização na BR 304, e a Figura 22, a captação da ETA e o ponto da retirada da água para as análises. Figura 21 - Vista superior da localização da captação da água do Rio Piranhas/Açu. Fonte: Google Earth (2014). 1 DUARTE, M. A. C. Comunicação pessoa em 07/07/2014. Engenheiro da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), 2014. 79 Figura 22–Vistas da captação de água da ETA de Assú. Fonte: Autoria Própria, 2014. No momento da coleta, foram registrados dados de temperatura do ar e da água, pH e as coordenadas geográficas. A Figura 23 mostra os equipamentos utilizados para aferição desses dados. Figura 23 - Aparelhos utilizados em campo: (a) Termômetro e medidor de pH; (b) GPS. (a) (b) Fonte: Autoria Própria (2014). A cada dia de ensaio, a água bruta foi caracterizada através das seguintes determinações laboratoriais: pH, temperatura, cor aparente e verdadeira e turbidez. Além disso, ao longo do período dos testes, foram executadas três medições dos seguintes parâmetros: condutividade elétrica, dureza, carbonatos, bicarbonatos e cloretos. 80 4.4.2 Procedimento experimental Os ensaios foram realizados em três etapas. Nestas, foram utilizadas condições fixas de mistura rápida (MR), tempo (TMR) e gradiente médio de velocidade (GMR), mas distintas entre si. Em cada ensaio, utilizava-se uma dosagem fixa de coagulante e variava-se os valores de pH de coagulação, tendo sido utilizados dois tipos de coagulantes e um auxiliar de coagulação, totalizando 18 ensaios com 6 jarros por ensaio, como mostram as Tabelas 10, 11 e 12. A primeira etapa foi realizada utilizando-se cloreto de polialumínio (PAC) como coagulante. Os valores do TMR e GMR foram mantidos em 30s e 1000s-¹, respectivamente, determinados a partir de experiências feitas nos estudos de Santos (2004). A variação dos valores de pH de coagulação foi obtida utilizando-se solução de H2SO4 0,1N ou de Na2CO3 0,5%. Nesta etapa foram executados 10 ensaios. A faixa testada de valores pH foi de 4,0 a 7,1 para dosagens de PAC entre 1,0 a 6,0 mg/L. Para cada dosagem estudada, foram testados seis valores de pH, resultando em 60 jarros. Um resumo desta etapa é apresentado na Tabela 10. Tabela 10- Primeira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, avaliando-se a remoção de turbidez Condições fixas de mistura rápida (MR): TMR = 30 s e GMR = 1000 s-1 Dosagem de coagulante pH de coagulação Ensaios Jarros (mg/L) (na faixa de 4,0 a 7,1) 1,0 6 valores 1 1, 2, 3, 4,5, 6 1,5 6 valores 2 1, 2, 3, 4,5, 6 2,0 6 valores 3 1, 2, 3, 4,5, 6 2,5 6 valores 4 1, 2, 3, 4,5, 6 3,0 6 valores 5 1, 2, 3, 4,5, 6 3,5 6 valores 6 1, 2, 3, 4,5, 6 4,0 6 valores 7 1, 2, 3, 4,5, 6 4,5 6 valores 8 1, 2, 3, 4,5, 6 5,0 6 valores 9 1, 2, 3, 4,5, 6 6,0 6 valores 10 1, 2, 3, 4,5, 6 Total 10 60 Fonte: Autoria Própria (2014). Na segunda etapa foi realizada 1 ensaios, conforme mostrado na Tabela 11, usando PAC como coagulante e utilizando-se as mesmas condições da mistrua rápida dos testes da primeira etapa (TMR = 30 s e GMR = 1000 s-¹). Todavia, na segunda etapa foram observadas as eficiências de remoção de cor, aparente e verdaeira, e de turbidez para a melhor dosagem obtida na primeira etapa. 81 Tabela 11- Segunda etapa de ensaios visando avaliar a remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeire, para a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, identificados na primeira etapa. Condições fixas de mistura rápida (MR): TMR = 30 s e GMR = 1000 s-1 Dosagem de coagulante pH de coagulação Ensaios Jarros (mg/L) (na faixa de 4,2 a 7,1) 6,0 6 valores 1 1, 2, 3, 4, 5, 6 Total 1 6 Fonte: Autoria Própria (2014). A terceira etapa da pesquisa consistiu em 4 ensaios realizados com coagulante sulfato de alumínio juntamente com polímero catiônico. Em cada ensaio foram mantidas as concentrações de coagulante e de polímero em todos os jarros, variando-se o volume de ácido para ajuste dos valores de pH em cada jarro. Nesta etapa, as condições da mistura rápida adotadas foram baseadas naquelas utilizadas por Santos et al. (2007). O procedimento consistiu em adicionar o sulfato de alumínio à água bruta com GMR = 1000 s-¹ e TMR = 10 s e imediatamente após, adicionar o polímero, diminuindo-se o gradiente para GMR = 800 s-¹ e TMR = 20 s. A Tabela 12 apresenta um resumo dos ensaios realizados nesta etapa. Foram verificadas as eficiências de remoção de cor, aparente e verdadeira, e de turbidez. Tabela 12- Terceira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio com auxiliar de coagulação (polieletrólito Floerger) e respectivo pH de coagulação Condições de mistura rápida dosando sulfato de alumínio: TMR = 10 s e GMR = 1000 s-1 Condições de mistura rápida dosando polieletrólito catiônico: TMR = 20 s e GMR = 800 s-1 Dosagem de Dosagem de pH de coagulação coagulante polieletrólito (na faixa de 3,9 a Ensaios Jarros (mg/L) (mg/L) 7,2) 5,0 0,25 6 valores 1 1, 2, 3, 4,5, 6 5,0 0,50 6 valores 2 1, 2, 3, 4,5, 6 6,0 0,25 6 valores 3 1, 2, 3, 4,5, 6 6,0 0,50 6 valores 4 1, 2, 3, 4,5, 6 Total 4 24 Fonte: Autoria Própria (2014). O procedimento utilizado para execução dos ensaios de tratabilidade em escala de bancada consistiu em: - Homogeneizar a água bruta e coletar amostra representativa para caracterização da mesma; 82 - Medir 2 litros da água de estudo, utilizando-se proveta, e colocar este volume em cada um dos jarros do equipamento jartest; - Ligar os agitadores do equipamento jart est e acertar a rotação de maneira a obter-se o GMR previamente definido; - Adicionar determinado volume de solução de ácido ou de barrilha de maneira a conferir a variação desejada do pH de coagulação para cada dosagem de coagulante; - Medir os volumes da solução de coagulante, utilizando pipeta, de modo a obter-se a dosagem previamente estabelecida e colocar os mesmos nos frascos dosadores do equipamento jartest; - Adicionar o conteúdo dos frascos dosadores nos jarros, cronometrando o tempo para controle do tempo da mistura rápida (TMR); - Ao término do TMR definido previamente, desligar os agitadores e imediatamente dar sequência ao procedimento; - Descartar aproximadamente 5 mL do conteúdo das mangueiras nos pontos de coleta dos jarros do equipamento e imediatamente após, coletar simultaneamente as amostras de água coagulada dos 6 jarros no sistema de filtração em papel,com cerca de 50 mL e medir os valores de pH, temperatura, cor e turbidez. Para determinação da cor, turbidez, pH e condutividade elétrica foram utilizados métodos descritos em Clesceri et al. (1999): (i) cor aparente: método espectrofotométrico; (ii) cor verdadeira: método espectrofotométrico com pré-tratamento por centrifugação durante 1 hora; (iii) turbidez: método nefelométrico; (iv) pH: método eletrométrico; (v) condutividade elétrica (CE): método laboratorial do condutivímetro. 83 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados são apresentados em 4 partes, a saber: caracterização da água bruta, resultados da primeira etapa de testes de tratabilidade (aplicação de PAC como coagulante visando a remoção de turbidez), resultados da segunda etapa de ensaios (utilização de PAC como coagulante visando a remoção de turbidez e de cor) e resultados relativos à terceira etapa da pesquisa (utilização de sulfato de alumínio juntamente com polímero catiônico visando a remoção de turbidez e de cor). 5.1 RESULTADOS RELATIVOS À CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA BRUTA A Tabela 13 apresenta os resultados das verificações realizadas in loco durante as coletas da água bruta estudada neste trabalho. Tabela 13 - Verificações in loco levantadas durante as coletas da água bruta estudada Coleta Data Hora (h:min) 24/06/2014 30/06/2014 14:40 14:30 pH 6,54 7,02 Temperatura da água (°C) 29,2 29,2 Temperatura do ar (°C) 32 32 Coordenadas geográficas S 5º36,884’ W 36º53,736’ Fonte: Autoria Própria (2014). Quanto a outras características físico-químicas da água bruta, na Tabela 14 são apresentados resultados verificados em três amostragens. Tabela 14 - Caracterização da água bruta. Parâmetros pH Temperatura Turbidez Cor Carbonatos Bicarbonatos Cloretos Dureza Condutividade elétrica Fonte: Autoria Própria (2014). Unidade -°C uT uH mmolc/L mmolc/L mmolc/L mg/L µs/cm 10/07/2014 7,38 26,5 1,34 21 0,00 1,80 1,80 70 304 14/07/2014 7,03 26,3 1,38 21 0,40 1,80 2,00 75 306 17/07/2014 7,11 26,6 2,83 23 0,20 2,10 2,00 90 306 84 Di Bernardo (2003), considera algumas caracteristicas da água bruta fundamentais para a escolha da tecnologia de tratabilidade, comparando os dados da Tabela 14 com suas referências, pode-se perceber que as caracteristicas da água estudada coincidem com o da literatura, reafirmando que a tecnologia aplicada é apropriada. Entre os dados relatados por Di Bernardo, citam-se: - turbidez 90% < 10 uT e cor aparente - 90% < 25 uH (Filtração direta descendente e ascendente). Além dos dados de turbide e cor, percebe-se que nas três análises da água bruta (Tabela 14) indicaram valores de pH próximo da neutralidade (7,03 a 7,38). Ainda de acordo com Di Bernardo (2003) antes da escolha da tecnologia de tratabilidade da água, tem que ser realizada um estudo da água bruta de pelo menos 1 ano, sendo que o ideal são mais de 5 anos para conhecer a real situação do corpo hídrico; além disso, realizar uma adequada e eficiente análise estatistica para assim ter subsídeos para uma escolha correta. Di Bernardo ainda complementa que esse estudo de mais de 5 anos se faz necessário pela variação das características da água gerada pelas mudanças de estações do ano. 5.2 RESULTADOS OBSERVADOS NA PRIMEIRA ETAPA: APLICAÇÃO DE PAC COMO COAGULANTE VISANDO A REMOÇÃO DE TURBIDEZ Nesta etapa, são descritos os resultados relacionados à remoção de turbidez nos ensaios de tratabilidade da água do Rio Piranhas/Açú. As Figuras 24 a 28, monstram os percentuais remanescentes de turbidez para as dosagens estudadas de PAC de 1 a 6 mg/L. Na Figura 24, observa-se que para a dosagem de 1 mg/L de Cloreto de Polialumínio as melhores faixas de valores de pH para a remoção de turbidez foram entre 5,3< pH <5,5 e 6,3< pH <6,5, sendo observado para o valor de pH = 6,45 uma remoção de turbidez de 49%. Para a dosagem de 1,5 mg/L, a maior eficiência de remoção de turbidez (41%) foi observada para o valor de pH = 6,35. Ainda percebe-se que para a dosagem de 1,5mg/L obeteve-se um remanescente de 114% para o valor de pH = 5,88, ou seja, houve um acréscimo de turbidez superando o valor aferido na água bruta. Para a dosagem de 2,0 mg/L (Figura 25), obeservou-se remoção de turbidez entre entre 45 e 68%, sendo que a maior eficiência de remoção (68%) foi para o valor de pH de coagulação de 5,77. 85 Figura 24 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 1,0 mg/L e 1,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 1,5 mg/L Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 1,0 mg/L Remanescente (%) 10 Turbidez Remanescente (%) 1.000 100 100 10 Turbidez 1 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). Para a dosagem de 2,5 mg/L (Figura 25), percebeu-se que os menores valores de turbidez remanescente foram obtidos para valores pH de 5,43 e de 6,49, sendo que a maior efiência de remoção (80%) foi obtida para pH de coagulação de 6,49. Figura 25 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 2,0 mg/L e 2,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 2,0 mg/L Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 2,5 mg/L 100 10 Turbidez 1 Remanescente (%) Remanescente (%) 100 10 Turbidez 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). 86 A Figura 26 apresenta, respectivamente, os gráficos para as dosagens de 3,0 mg/L e 3,5 mg/L de PAC. Para a dosagem de PAC de 3,0 mg/L, o menor valor remanescente de turbidez foi obtido para um valor de pH de 4,73, resultando em eficiência de remoção de 78%. Já, para a dosagem de PAC de 3,5 mg/L, o menor percentual de turbidez remanescente foi observado para um valor de pH de 4,85. Figura 26 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 3,0 mg/L e 3,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 3,0 mg/L Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 3,5 mg/L 100 10 Turbidez Remanescente (%) Remanescente (%) 100 10 1 Turbidez 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). Para as dosagens de 4,0 e 4,5 mg/L de PAC, os resultados são apresentados na Figura 27. Para a dosagem de 4,0 mg/L de PAC, para os valores testados de pH, o percentual remanescente de turbidez variou de 51 a 89%. Para a dosagem de 4,5 mg/L, os percentuais remanescentes de turbidez estiveram entre 45 e 80%. Ainda analisando a remoção de turbidez com o Cloreto de Polialumínio, observou-se que para a dosagem de 5 mg/L (Figura 28), o percentual remanescente de turbidez variou entre 40 e 56%. 87 Figura 27 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 4,0 mg/L e 4,5 mg/L de Cloreto de Polialumínio. Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 4,0 mg/L Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 4,5 mg/L 100 10 Turbidez Remanescente (%) Remanescente (%) 100 10 Turbidez 1 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). Para a dosagem de 6 mg/L de PAC (Figura 28), observou-se que para a faixa de valores de pH de coagulação testada o percentual remanescente de turbidez foi de 24 a 74%, cujo a maior remoção se deu para o valor de pH de 4,8. Figura 28 - Fração remanescente de turbidez (t/t0) para as dosagens de 5,0 mg/L e 6,0 mg/L de Cloreto de Polialumínio. Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 6,0 mg/L Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 5,0 mg/L 100 10 Turbidez 1 Remanescente (%) Remanescente (%) 100 10 Turbidez 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). 88 5.3 RESULTADOS OBTIDOS NA SEGUNDA ETAPA: UTILIZAÇÃO DE PAC COMO COAGULANTE VISANDO A REMOÇÃO DE TURBIDEZ E DE COR Nesta etapa da pesquisa, obeservou-se além a remoção de turbidez, outros parâmetros como a cor aparente e cor verdadeira da água bruta e tratada, contudo, os comentários relevantes serão feitos para avaliar a eficiência da remoção que o coagulante Cloreto de Polialumínio tem para a cor aparente e verdadeira, visto que a turbidez já foi comentada na etapa anterior. Figura 29 - Fração remanescente de turbidez (t/t0), cor aparente (c/c0) e cor verdadeira (cv/c0) para a dosagem de 6,0 mg/L de Cloreto de Polialumínio. Dosagem de Cloreto de Polialumínio = 6,0 mg/L Remanescente (%) 100 10 Turbidez Cor aparente Cor verdadeira 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). Para a dosagem de 6,0 mg/L (Figura 29), levando em conta a faixa de pH adotada, as maiores eficiências de remoção de cor aparente e de cor verdadeira foram, respectivamente, de 62 e 87%. 89 5.4 RESULTADOS VERIFICADOS NA TERCEIRA ETAPA: UTILIZAÇÃO DE SULFATO DE ALUMÍNIO JUNTAMENTE COM POLÍMERO CATIÔNICO VISANDO A REMOÇÃO DE TURBIDEZ E DE COR Como realizado na etapa 2, está fase também analisou a remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeira da água bruta e tratada, contudo, utilizando Sulfato de Alumínio como coagulante e um Polímero Catiônico como auxiliar. A Figura 30 mostra os percentuais remanescentes de turbidez, cor aparente e verdadeira para a dosagem de 5,0 mg/L. Porém, ambos os gráficos tem a mesma dosagem de coagulante, variando somente a dosagem do polímero catiônico. Para a dosagem de 0,25 mg/L de polímero catiônico, os percentuais remanecesntes foram de 62 a 83%, de 35 a 54% e de 50 a 70% para turbidez, cor aparente e cor verdadeira, respectivamente, com valores de pH de coagulação variando de 3,9 a 7,2. Ainda para esta dosagem de polímero (0,25mg/L), os maiores valores de eficiência de remoção foram de 38, 65 e 50% para turbidez, cor aparente e cor verdadeira, respectivamente. Para a dosagem de polímero de 0,50 mg/L, as maiores eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeira foram, respectivamente, de 86, 62 e 50%, respectivamente, com valores de pH de coagulação de 5,9 a 6,4. Figura 30 - Fração remanescente de turbidez (t/t0), cor aparente (c/c0) e cor verdadeira (cv/cv0) para as dosagens de 5,0 mg/L de Sulfato de Alumínio e 0,25 e 0,5 mg/L de Polímero Catiônico. Dosagem de Sulfato de Alumínio = 5,0 mg/L e 0,5 mg/L de Polímero Dosagem de Sulfato de Alumínio = 5,0 mg/L e 0,25 mg/L de Polímero 100 10 Turbidez Cor aparente Cor verdadeira Remanescente (%) Remanescente (%) 100 10 Turbidez Cor aparente Cor verdadeira 1 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). 90 Analisando ambos os gráficos (0,25 e 0,50 mg/L de polimero) para a dosagem de 5,0 mg/L, observou-se que a dosagem de 0,5 mg/L de polímero catiônico proporcionou maior eficiência em termos de remoção de turbidez, visto que sua porcentagem remanescente foide 14%, removento cerca de 86%. Porém para cor aparente a remoção foi maior com a dosagem de 0,25%, pois a sua porcentagem remanescente foi de 35% e a de 0,5 mg/L foi de 38%. Para ambos os casos, a remoção máxima de cor verdadeira foi a mesma (50%). Também realizaram-se testes com a dosagem de 6,0 mg/L de Sulfato de Alumínio variando somente a dosagem do polímero catiônico, cujos resultados são mostrados na Figura 32. Figura 31 - Fração remanescente de turbidez (t/t0), cor aparente (c/c0) e cor verdadeira (cv/cv0) para as dosagens de 6,0 mg/L de Sulfato de Alumínio e 0,25 e 0,5 mg/L de Polímero Catiônico. Dosagem de Sulfato de Alumínio = Dosagem de Sulfato de Alumínio = 6,0 mg/L e 0,25 mg/L de Polímero 6,0 mg/L e 0,5 mg/L de Polímero Remanescente (%) 100 Turbidez Cor aparente Cor verdadeira 10 Remanescente (%) 1.000 1.000 100 10 Turbidez Cor aparente Cor verdadeira 1 1 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 pH de coagulação pH de coagulação Fonte: Autoria Própria (2014). Como observa-se na Figura 31, as maiores eficiências de remoção de turbidez (79%) e de cor aparente (71%) foram observadas para dosagem de polieletrólito de 0,50 mg/L, não tendo sido obtida contudo, remoção de cor verdadeira em nenhum dos valores de pH testados. Para a dosagem de 0,25 mg/L de polieletrólito, as maiores eficiências de remoção foram de 67, 61 e 50%, respectivamente, para turbidez, cor aparente e cor verdadeira. De um modo geral, os resultados ressaltaram a importância da realização de testes em escala de laboratório visando a otimização do processo de coagulação, já que, em distintos testes, observou-se uma piora da qualidade da água bruta com relação a cor verdadeira e, em um teste, para turbidez. 91 Veja na Tabela 15 uma síntese dos melhores resultados obtidos em todas as etapas da pesquisa. Tabela 15 - Síntese dos melhores resultados das etapas 1, 2 e 3. Ácido Ácido Sulfurico Coagulante Ensaios de Bancada - 1ª e 2ª Etapa Produtos químicos Coagulante Cloreto de Polialumínio Mistura rápida Auxiliar GMR = 1000 s-¹ TMR = 30 s -Características da água em estudo Auxiliar -- -- Data: 24/07/2014 jarro Ensaios Temperatura = 25,6°C Tubidez = 2,39 uT pH = 7,0 Cor Aparente = 21 uH Cor Verdadeira = 8 uH Dosagem dos produtos químicos Parâmetros Ácido Coagulante Auxiliar Temperatura Turbidez Cor Aparente pH (mL/L) (mg/L) (mg/L) (°C) (uT) uH Cor Verdadeira uH 1 0 6 7,1 25,2 1,77 17 7 2 30 6 6,8 24,9 1,58 15 5 3 34 6 6,1 24,9 0,85 8 5 4 35 6 5,3 24,8 1,33 9 6 5 36 6 4,8 24,8 0,57 8 4 6 37 6 4,2 25,0 1,03 10 3 1 Ensaios de Bancada - 3ª Etapa Produtos químicos Ácido Coagulante Auxiliar Ácido Sulfurico Sulfato de Alumínio Polimero Catiônico Mistura rápida Coagulante Auxiliar GMR = 1000 s-¹ TMR = 10 s jarro Ensaios Data: 23/07/2014 1 1 2 3 4 5 6 Data: 24/07/2014 2 1 2 3 4 5 6 TMR = 20 s Características da água em estudo GMR = 800 s-¹ Temperatura = 24,9°C Tubidez = 3,75 uT pH = 6,0 Cor Aparente = 21 uH Cor Verdadeira = 8 uH Dosagem dos produtos químicos Parâmetros Ácido Coagulante Auxiliar Temperatura Turbidez Cor Aparente pH (mL/L) (mg/L) (mg/L) (°C) (uT) uH Cor Verdadeira uH 10 5 0,5 6,4 24,5 1,85 17 6 15 5 0,5 6,4 24,4 0,54 8 6 20 5 0,5 6,3 24,4 1,31 12 4 25 5 0,5 6,2 24,4 1,36 12 6 0 5 0,5 6,1 24,6 0,74 10 6 30 5 0,5 5,9 24,9 0,83 9 5 Características da água em estudo Temperatura = 23,8°C 0 6 20 6 30 6 27 6 32 6 35 6 Tubidez = 3,34 uT 0,5 6,6 0,5 6,5 0,5 6,1 0,5 5,5 0,5 5,2 0,5 5,1 pH = 6,1 23,3 23,4 23,3 23,6 23,3 23,5 Cor Aparente = 21 uH Cor Verdadeira = 3 uH 1,64 10 5 0,80 8 6 0,69 6 7 1,29 11 5 0,83 8 4 1,26 10 7 92 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da caracterização da água bruta estudada (valores médios de 1,85 uT e de 21,7 uH para turbidez e cor aparente, respectivamente), observou-se que a filtração direta é a tecnologia indicada para o tratamento desta água visto que,tal tecnologia, segundo Di Bernardo (2003), é indicada para valores de turbidez < 10 uT e cor verdadeira < 25 uH, em 90% das avaliações. Com a realização dos ensaios com o uso de PAC como coagulante, na primeira etapa do trabalho, observou-se remoção de turbidez com a tecnologia utilizada para todos os testes. Porém, em termos de padrões de potabilidade, a Portaria do MS 2914/2011 especifica que 95% das amostras ao sair da ETA devem apresentar valor de turbidez ≤ 0,5 uT (BRASIL, 2011b), não tendo sido observado este valor no presente estudo. O menor valor alcançado de turbidez remanescente foi 0,57 uT para a dosagem de PAC de 6,0 mg/L e pH de coagulação de 4,8. Com relação a segunda e terceira etapas da pesquisa, foram observadas eficiências de remoção de cor aparente de 62% para Cloreto de Polialumínio (dosagem de 6,0 mg/L e pH de coagulação de 4,9) e de 71% para sulfato de alumínio como coagulante juntamente com polieletrólito catiônico (dosagem de 6,0 mg/L e de 0,5 mg/L para sulfato de alumínio e auxiliar de coagulação, respectivamente, e pH de coagulação de 6,1). Os testes utilizando sulfato de alumínio como coagulante juntamente com polieletrólito, considerando os valores testados de pH de coagulação, indicaram melhores resultados para dosagem de 5 mg/L de coagulante com 0,5 mg/L de auxiliar de coagulação, tendo sido observadas eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeira foram, respectivamente, de 86, 62 e 50%. Considerando todos os testes realizados, os menores valores remanescentes de turbidez (0,57 uT), cor aparente (8 uH) e cor verdadeira (4 uH) foram observados para a dosagem de PAC de 6 mg/L com respectivo valor de pH de coagulação de 4,8. Para esta condição, os percentuais remanescentes para turbidez, cor aparente e cor verdadeira foram de 24, 38 e 50%, respectivamente. De um modo geral, os resultados ressaltaram a importância da realização de testes em escala de laboratório visando a otimização do processo de coagulação, já que, em distintos testes, observou-se uma piora da qualidade da água bruta com relação a cor verdadeira e, em um teste, para turbidez. 93 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9897-1987: Planejamento de amostragem de efluente líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro: ABNT, 1987a. __________. NBR 9898-1987: Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro: ABNT, 1987b. __________.NBR 12.216-1992: Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1992. __________. NBR ISO/IEC 17025-2005: Requisitos gerais para a competência de laboratório de ensaio e calibração. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria 518: Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. 2004. __________. Manual de Saneamento. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006a. 408 p. __________. Manual prático de análise de água. 2ª ed. rev. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006b. 146 p. __________. Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2006c. 284 p. __________.Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde - Brasília: Ministério da Saúde, 2006d. 212 p. __________. Portaria 2.914: Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância daqualidade da água para consumo humano e seu padrão depotabilidade. 2011a __________. Anexos: Portaria da potabilidade da água para o consumo humano. 2011b. __________. Documento base de elaboração da Portaria MS nº 2.914/2011: Portaria da potabilidade da água para o consumo humano. Brasília, 2012. 148 p. CAJAZEIRAS, Cláudio Cesar de Aguiar. Qualidade e uso das águas subterrâneas e a relação com doenças de veiculação hídrica, região de Crajubar/CE. 137 f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007. CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CME. Manual técnico para coleta de amostras de água. 2009. Disponível em <http://portal.mp.sc.gov.br/portal/conteudo/cao/cme/atividades/agua_limpa/manual_coleta_% c3%a1gua.pdf>. Último acesso: 3 out. 2013 CESA, Márcia de Vicente; DUARTE, Gerusa Maria. A qualidade do ambiente e as doenças de veiculação hídrica. Geosul, Florianópolis, v. 25, n. 49, p 63-78, jan./jun. 2010. CLESCERI, L. S. GREENBERG, A. E.; EATON, A. D. (Eds.) 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Acesso em: 15 mai. 2014 LIBÂNIO, Marcelo. Fundamentos de qualidade e tratamento de água.3. ed. Campinas: Editora Átomo, 2010. 494 p. MEDEIROS FILHO, Carlos Fernandes de. Abastecimento de Água.Campina Grande/PB, 2009. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Abastece.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2014. PADILHA, Diana Janice. CERUTI, Fabiane Cristina. VIDAL, Carlos Magno de Souza; MARTINS, Carlos Humberto. Análise da utilização de três diferentes coagulantes na remoção da turbidez de água de manancial de abastecimento. Anais Eletônico. Paraná, 2011. PÁDUA, Valter Lúcio de; FERREIRA, Andrea Cristina da Silva. Qualidade da água para consumo humano. In: HELLER, Léo; PÁDUA, Valter Lúcio de (Org.). Abastecimento de água para consumo humano. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. cap. 4. PÁDUA, Valter Lúcio de. Introdução ao tratamento de água. In: HELLER, Léo; PÁDUA, Valter Lúcio de (Org.). Abastecimento de água para consumo humano. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. cap. 12. SANTOS, E. P. C. C et al. Estudo da coagulação aplicada à filtração direta descendente. Engenharia Sanitária e Ambiental, vol. 12 - nº 4 – out/dez, 2007, 361-370. SANTOS, Eliane Prado Cunha Costa dos. Coagulação da água da Represa Vargem das Flores visando tratamentopor filtração direta. 146 f. Dissertação (Mestre em Saneamento, Meio 95 Ambiente e Recursos Hídricos) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. VERAS, Luciana Rodrigues Valadares; DI BERNARDO, Luiz. Tratamento de água de abastecimento por meio da tecnologia de filtração em múltiplas etapas - FIME. Eng. Sanit. Ambient. Vol. 13 - Nº 1 - jan/mar 2008, 109-116 96 ANEXO A - Resultados da primeira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, avaliando-se a remoção de turbidez. Ácido Ácido Sulfúrico Ensaios de Bancada - 1ª etapa Produtos químicos Coagulante Cloreto de Polialumínio Mistura rápida Coagulante Auxiliar - jarro GMR = 1000 s ¹ --Características da água em estudo Data: 22/07/2014 Temperatura = 24,3°C Tubidez = 2,24 uT pH = 6,22 Dosagem dos produtos químicos Parâmetros Ácido Coagulante Auxiliar Temperatura Turbidez pH (mL/L) (mg/L) (mg/L) (°C) (uT) 1 0 1,0 6,45 25,9 1,15 2 20 1,0 6,45 24,5 1,45 3 25 1,0 6,29 25,1 1,57 1 4 30 1,0 6,09 25,4 1,64 5 33 1,0 5,49 25,4 1,20 6 34 1,0 5,29 25,8 1,68 Características da água em estudo Data: 22/07/2014 Temperatura = 24,1°C Tubidez = 1,48 uT pH = 6,86 1 20 1,5 6,71 27,6 1,38 2 25 1,5 6,56 27,4 1,30 3 27 1,5 6,35 26,8 0,87 2 4 30 1,5 6,10 26,5 1,15 5 33 1,5 5,88 26,2 1,69 6 35 1,5 4,57 26,2 1,44 Características da água em estudo Data: 18/07/2014 Temperatura = 23,3°C Tubidez = 3,15 uT pH = 6,17 1 0 2,0 6,21 23,7 1,26 2 20 2,0 6,15 23,8 1,06 3 25 2,0 5,95 23,8 1,37 3 4 30 2,0 5,77 23,8 1,01 5 27 2,0 5,75 23,7 1,72 6 36 2,0 4,19 24,1 1,51 Ensaios TMR = 30 s Auxiliar de coagulação - 97 Data: 18/07/2014 4 1 2 3 4 5 6 Data: 18/07/2014 5 1 2 3 4 5 6 Data: 18/07/2014 6 1 2 3 4 5 6 Data: 16/07/2014 7 1 2 3 4 5 6 Data: 24/07/2014 8 1 2 3 4 5 6 Características da água em estudo Temperatura = 22,8°C Tubidez = 3,56 uT 10 2,5 6,49 30 2,5 6,09 32 2,5 5,70 33 2,5 5,43 34 2,5 4,88 35 2,5 4,41 Características da água em estudo Temperatura = 23,4°C Tubidez = 3,84 uT 0 3,0 6,39 30 3,0 6,11 32 3,0 5,82 33 3,0 5,46 34 3,0 4,73 35 3,0 4,15 Características da água em estudo Temperatura = 26,1°C Tubidez = 3,96 uT 0 3,5 6,54 30 3,5 6,28 32 3,5 4,95 33 3,5 4,85 35 3,5 4,79 34 3,5 4,76 Características da água em estudo Temperatura = 26,5°C Tubidez = 2,59 uT 20 4,0 7,10 25 4,0 6,79 30 4,0 6,60 35 4,0 5,81 37 4,0 5,07 40 4,0 4,03 Características da água em estudo Temperatura = 24,8°C Tubidez = 2,44 uT 0 4,5 6,60 20 4,5 6,50 25 4,5 6,40 30 4,5 6,20 33 4,5 6,00 35 4,5 5,00 pH = 6,60 24,2 24,1 23,8 23,9 24,0 24,3 0,71 2,06 1,32 1,06 1,16 1,32 pH = 6,03 24,3 24,3 24,2 24,1 24,2 24,6 1,43 1,02 1,30 0,90 0,86 1,23 pH = 6,43 25,9 25,7 25,8 25,5 25,5 25,5 1,10 1,14 1,35 0,98 1,95 1,82 pH = 7,25 26,30 26,10 26,00 25,80 25,70 25,80 2,30 1,85 1,78 1,75 1,32 1,51 pH = 6,30 24,5 24,3 24,4 24,6 24,6 25,1 1,96 1,56 1,55 1,53 1,17 1,11 98 Data: 17/07/2014 9 1 2 3 4 5 6 Data: 24/07/2014 10 1 2 3 4 5 6 Características da água em estudo Temperatura = 26,6°C Turbidez = 2,83 uT 32 5,0 6,43 31 5,0 6,23 30 5,0 6,09 35 5,0 5,31 36 5,0 4,59 37 5,0 4,47 Características da água em estudo Temperatura = 25,6°C Turbidez = 2,39 uT 0 6,0 7,10 30 6,0 6,80 34 6,0 6,10 35 6,0 5,30 36 6,0 4,80 37 6,0 4,20 Fonte: Autoria Própria (2014). pH = 7,11 26,0 25,8 25,7 25,6 25,6 25,6 1,14 1,23 1,58 1,22 1,14 1,40 pH = 7,00 25,2 24,9 24,9 24,8 24,8 25,0 1,77 1,58 0,85 1,33 0,57 1,03 99 ANEXO B - Segunda etapa de ensaios visando avaliar a remoção de turbidez, cor aparente e cor verdadeire, para a melhor dosagem do coagulante cloreto de polialumínio e respectivo pH de coagulação, identificados na primeira etapa. Ácido Ácido Sulfurico Coagulante GMR = 1000 s-¹ TMR = 30 s jarro Ensaios Data: 24/07/2014 1 Ensaios de Bancada - 2ª Etapa Produtos químicos Coagulante Cloreto de Polialumínio Mistura rápida Auxiliar 1 2 3 4 5 6 -Características da água em estudo Auxiliar -- -- Temperatura = 25,6°C Tubidez = 2,39 uT pH = 7,0 Cor Aparente = 21 uH Cor Verdadeira = 8 uH Dosagem dos produtos químicos Parâmetros Ácido Coagulante Auxiliar Temperatura Turbidez Cor Aparente pH (mL/L) (mg/L) (mg/L) (°C) (uT) uH Cor Verdadeira uH 0 6 7,1 25,2 1,77 17 7 30 6 6,8 24,9 1,58 15 5 34 6 6,1 24,9 0,85 8 5 35 6 5,3 24,8 1,33 9 6 36 6 4,8 24,8 0,57 8 4 37 6 4,2 25,0 1,03 10 3 Fonte: Autoria Própria (2014). 100 ANEXO C - Terceira etapa de ensaios visando identificar a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio com auxiliar de coagulação (polieletrólito Floerger) e respectivo pH de coagulação. Ensaios de Bancada - 3ª Etapa Produtos químicos Coagulante Sulfato de Alumínio Mistura rápida Ácido Ácido Sulfúrico Coagulante jarro Ensaios 1 GMR = 1000 s ¹ TMR = 20 s Características da água em estudo Temperatura = 25,8°C Tubidez = 2,49 uT pH = 6,7 Dosagem dos produtos químicos Ácido Coagulante Auxiliar Temperat pH (mL/L) (mg/L) (mg/L) ura (°C) 1 0 5 0,25 7,2 25,5 2 20 5 0,25 7,2 25,4 3 25 5 0,25 6,9 25,6 4 30 5 0,25 6,4 25,7 5 35 5 0,25 5,4 25,7 6 40 5 0,25 3,9 25,9 Características da água em estudo Data: 23/07/2014 2 1 2 3 4 5 6 Temperatura = 24,9°C Tubidez = 3,75 uT pH = 6,0 10 5 0,50 6,4 24,5 15 5 0,50 6,4 24,4 20 5 0,50 6,3 24,4 25 5 0,50 6,2 24,4 0 5 0,50 6,1 24,6 30 5 0,50 5,9 24,9 Características da água em estudo 1 2 3 4 5 6 Temperatura = 24,3°C Tubidez = 2,87 uT pH = 6,2 0 6 0,25 6,8 24,30 15 6 0,25 6,8 24,20 20 6 0,25 6,7 24,30 25 6 0,25 6,5 24,20 30 6 0,25 6,2 24,50 35 6 0,25 4,9 24,00 Características da água em estudo Data: 24/07/2014 3 Data: 24/07/2014 4 Auxiliar - TMR = 10 s Data: 23/07/2014 Auxiliar Polimero Catiônico 1 2 3 4 5 6 Temperatura = 23,8°C 0 6 20 6 30 6 27 6 32 6 35 6 Fonte: Autoria Própria (2014). Tubidez = 3,34 uT pH = 6,1 0,50 6,6 23,3 0,50 6,5 23,4 0,50 6,1 23,3 0,50 5,5 23,6 0,50 5,2 23,3 0,50 5,1 23,5 GMR = 800 s-¹ Cor Aparente = 26 Cor Verdadeira uH = 10 uH Parâmetros Turbidez Cor Cor Verdadeira (uT) Aparente uH 1,74 13 7 1,56 14 6 2,07 14 7 1,55 12 5 1,86 11 7 1,65 9 6 Cor Aparente = 21 Cor Verdadeira uH = 8 uH 1,85 17 6 0,54 8 6 1,31 12 4 1,36 12 6 0,74 10 6 0,83 9 5 Cor Aparente = 18 Cor Verdadeira uH = 6 uH 1,43 9 7 1,48 12 7 1,10 10 6 0,96 9 8 1,30 10 8 0,88 7 3 Cor Aparente = 21 Cor Verdadeira uH = 3 uH 1,64 10 5 0,80 8 6 0,69 6 7 1,29 11 5 0,83 8 4 1,26 10 7