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Problema Como combater o isolamento social de seniores com deficiência visual. Organização ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal / Delegação do Porto Morada: Rua do Bonfim, 215 4300-069 PORTO Email: [email protected] Contacto telefónico: 22 58 99 100 Missão: Defender, representar e promover o empowerment dos deficientes visuais portugueses, a nível nacional e internacional, garantindo a sua plena participação e exercício da cidadania, através de uma intervenção especializada em todo o território nacional e de uma consistente atuação internacional. Visão: Assumirmo-nos como a instituição de referência na área da deficiência visual na comunidade envolvente, estabelecendo-nos como os seus principais parceiros chave, em prol da inclusão das pessoas cegas e de baixa visão. Público-alvo / beneficiários prioritários: Pessoas com Deficiência Visual (cegueira e baixa visão) Área geográfica de intervenção: Distrito do Porto Descrição das principais atividades: A ACAPO é a única IPSS no concelho do Porto que presta apoio, habilitação e reabilitação às pessoas com deficiência visual, dispondo de uma equipa multidisciplinar especializada. A Delegação do Porto da ACAPO/ Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, celebrou em 2004 Acordo Atípico com a Segurança Social sendo criada a valência CAAAPD - Centro de Atendimento, Acompanhamento e Animação para Pessoas com Deficiência prestando apoio social, apoio psicológico, habilitação/reabilitação funcional nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação, Braille, Atividades da Vida Diária, Estimulação Sensorial e Orientação e Mobilidade, e ainda atividades de cultura e lazer. Os serviços prestados e as atividades desenvolvidas são dirigidos também às famílias dos utentes, e muitas delas são também abertas à participação da comunidade. Desenvolvem-se ainda ações de informação e sensibilização junto da comunidade no sentido de promover a mudança de atitudes em relação às pessoas com deficiência visual. Recursos da Organização Recursos-Chave Descrição O quadro de pessoal do CAAAPD da Delegação do Porto da ACAPO é constituído Recursos Humanos por: 1 Assist. Social, 1 Psicóloga, 1 Terapeuta Ocupacional, 1 Técnica de Orientação e Mobilidade, 1 Técnica de Braille, 1 Administrativa e 2 Auxiliares de Serv.Gerais. Instalações Próprias – dois edifícios, sendo utilizados todos os espaços e gabinetes do edifício principal, e dois espaços em edifício nas traseiras que são utilizados muito esporadicamente em atividades, devido à falta de ligação dos dois edifícios e à acessibilidade reduzida para os utentes. Uma viatura ligeira, de 5 lugares, do ano de 2003, para uso nas deslocações e Recursos Materiais apoio ao domicílio, que é manifestamente insuficiente para possibilitar o transporte dos utentes nas atividades realizadas quer nas instalações da ACAPO, quer no exterior com a comunidade. Equipamentos informáticos adaptados às pessoas com deficiência visual. Equipamento de impressão a Braille. Parceiro técnico 1 Recursos Imateriais O reconhecimento da comunidade, que considera a nossa Instituição como sendo de referência na defesa dos direitos e interesses das pessoas com deficiência visual. O Know-how de uma equipa multidisciplinar no apoio e capacitação das pessoas com deficiência visual, bem como na informação, sensibilização e formação da comunidade. 2 Parceiro técnico Apresentação do Problema Dimensão e gravidade do problema Sendo o isolamento social um fenómeno preocupante na nossa sociedade atual, ele assume proporções ainda mais extensas no grupo das pessoas com algum tipo de deficiência ou incapacidade. As pessoas com deficiência visual, população-alvo da nossa instituição, enfrentam dificuldades acrescidas em todos os planos existenciais, facto que se reflete no acesso à educação, ao emprego e a todos os outros meios de socialização e de autonomização de vida. Naturalmente, essas dificuldades acentuam-se em fases mais avançadas da vida das pessoas cegas ou com baixa visão; é um fenómeno snow-ball, em que as dificuldades trazidas pela incapacidade são multiplicadas pelas contingências que atingem também outros seniores, e que assim formam uma teia que fragiliza, isola e impede a participação das pessoas na sua comunidade. O concelho do Porto apresenta um índice de envelhecimento muito superior à média nacional (158,9), com valores que têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. A ACAPO realizou em 2012 um Estudo com a PPLL Consult no âmbito do Projecto nº 000357402011 e realizado com o apoio do Programa Operacional de Assistência Técnica (POAT), cofinanciado pelo Fundo Social Europeu (FSE) e Governo de Portugal, sobre A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E A PROMOÇÃO DA VIDA INDEPENDENTE- a situação social dos deficientes visuais, com o objetivo da definição de um modelo sustentado de prestação de serviços, numa lógica integrada e holística, orientado para a procura e para as reais necessidades dos clientes e que privilegie a racionalização e optimização dos recursos a envolver, focalizado na promoção da autonomia, da vida independente e da qualidade de vida, implicando que o serviço prestado corresponda à necessidade do cidadão servido e, por isso, que a concepção, planeamento, prestação e avaliação deve estar centrada nele, nas suas necessidades, na sua liberdade de escolha, na realização do seu potencial e na sua satisfação. Deste Estudo alargado, que teve uma amostra de 1325 pessoas com deficiência visual, destacamos as seguintes conclusões: - o risco de isolamento social progride com a idade e é mais de 4 vezes superior nos idosos que nos adultos jovens - o isolamento em termos de lazer cresce com a idade, atingindo 4,5 vezes mais os idosos que os jovens . As sociabilidades intra-domiciliares, que englobam atividades como jogar computador, jogar jogos de tabuleiro, conversa em chats online e redes sociais são minoritárias entre os inquiridos, tal como as práticas culturais de saída (INE, 2003), que integram atividades realizadas fora do domicílio, como visitar museus, assistir a peças de teatro, ir ao cinema, assistir a concertos, ir a biblioteca/mediateca, assistir a eventos desportivos e praticar desporto. As atividades de lazer desenvolvidas pelos inquiridos estão circunscritas ao domicílio e às práticas compatíveis com o isolamento em relação a redes de proximidade. - A possibilidade de estabelecer laços sociais é uma dimensão da vida independente que pode ser potenciada no trabalho entre e com deficientes visuais e com os contextos sociais envolventes, por forma a minorar sofrimentos e discriminações. Assim como pode desenvolver-se, nessa perspectiva, práticas culturais e de lazer que combatam o risco de confinamento ao espaço doméstico. - Cerca de um quarto dos inquiridos configura um risco de problema social, marcado pela sobreposição de dependência e isolamento - pessoas dependentes e em situação de isolamento social. Este grupo reúne 23% dos inquiridos, que não são autónomos nem nas tarefas quotidianas nem no acesso à informação e comunicação, nem na mobilidade; nunca entraram ou já saíram do mercado de trabalho; vivem de uma pensão ou de uma prestação da segurança social, não usam computadores, têm um nível restrito de vida social fora de casa - a ocorrência da deficiência visual na vida adulta é um fator de redução da intensidade de vida social quotidiana (as pessoas tendem a confinar-se ao seu espaço doméstico e ocorre frequentemente um comportamento sobreprotetor da família ou de outros agentes que reduzem a oportunidade de contatos sociais). Parceiro técnico 3 A Delegação do Porto da ACAPO tem cerca de 85 associados/utentes com mais de 65 anos, dos quais apenas metade é apoiada pelos nossos serviços. Atualmente, as pessoas seniores intervencionadas, quer em termos de apoio social, psicológico, e de habilitação/reabilitação, são na sua maioria as pessoas que reúnem condições económicas que lhes possibilitam deslocar-se aos serviços, ou têm algum apoio familiar que lhes permite providenciar o acompanhamento na deslocação ou custear os transportes. De referir que apesar de alguns serviços poderem ser prestados no domicílio, existem áreas de apoio cujas sessões decorrem nas instalações da Delegação. Verificamos ainda que, mesmo aqueles com quem foi possível implementar processo de reabilitação funcional, acabam por ir gradualmente perdendo a autonomia que haviam recuperado uma vez que no seu dia a dia não conseguem manter níveis satisfatórios de atividade e participação em contextos que lhe sejam significativos, uma vez que se encontram confinados ao espaço do seu domicílio. De igual forma, a participação nas atividades culturais e de lazer acabam por registar uma escassa participação dos utentes e sócios, que normalmente referem motivos de dificuldade económica e/ou dificuldades de mobilidade. Atualmente não existe no Concelho do Porto nem a nível do distrito do Porto nenhuma resposta dirigida aos seniores com deficiência visual e as várias respostas existentes em termos de centro de dia na comunidade, p. ex., não estão bem preparadas para integrar pessoas com deficiência visual, por falta de conhecimento, preparação e formação das equipas técnicas e dos recursos humanos envolvidos. O número de seniores com deficiência visual sem apoio por parte da comunidade e por parte dos nossos serviços tem vindo a aumentar. Causas do problema - Dependência das pessoas com deficiência visual (não são autónomas na sua mobilidade, nem no acesso à informação e comunicação, nem nas suas tarefas quotidianas) - Dificuldades económicas (pensões baixas, muitas vezes relativas a percursos profissionais muito curtos ou mesmo inexistentes) - Pouco acesso a informação sobre serviços de apoio disponíveis - Ausência de suporte familiar; dificuldades das famílias em lidar com as especificidades da deficiência visual - Dificuldade de integração em serviços da comunidade - Baixa capacidade de resposta de várias entidades às necessidades específicas das pessoas com deficiência visual Consequências do problema não resolvido - Co-morbilidade - agravamento do estado de saúde físico, mental, emocional das pessoas isoladas e inativas - Dependência crescente de terceiros - Perda acentuada de qualidade de vida - Impacto negativo na estrutura familiar que, devido aos maiores níveis de dependência, se vê confrontada com maiores exigências de apoio - Privação social/ocupacional Parceiro técnico 4 Alternativas de resolução do problema já realizadas A Delegação do Porto da ACAPO presta apoio e promove a reabilitação das pessoas com deficiência visual com uma equipa multidisciplinar especializada no sentido de as capacitar e contribuir para a sua autonomia e melhoria da qualidade de vida. Desenvolve ações de informação e sensibilização sobre a deficiência visual junto da comunidade, envolvendo os técnicos de Instituições e organismos públicos e privados, nomeadamente Escolas (desde jardins de infância a universidades), Centros de Dia, Lares residenciais, empresas, no sentido da capacitação dos técnicos para o apoio e acompanhamento a prestar às pessoas com deficiência visual. Para além da abordagem das principais necessidades específicas deste público e treino de algumas respostas (por exemplo, treino em técnicas de guia), estas ações visam contribuir para a desconstrução de alguns mitos e preconceitos relacionados com as pessoas com a deficiência visual e melhorar a atitude e relação com estes. Presta-se ainda um conjunto de serviços na área do lazer e da cultura, que se tem procurado diversificar no sentido de melhor responder às necessidades e interesses do nosso público. Deixamos aqui alguns exemplos: visitas culturais adaptadas, passeios, convívios/festas e comemorações de datas específicas, Yoga, Tai-chi, Grupo de Manualidades, Workshop’s (no ano passado, por exemplo, foram realizados workshop’s nas áreas de artesanato, cozinha saudável, maquilhagem), colónia de férias, grupo de poesia, clube de leitura, dança, e participação em atividades da comunidade. De referir ainda que a nossa Instituição presta estes serviços de forma aberta, não apenas aos seus associados e utentes mas à comunidade em geral. Tem sido, igualmente desenvolvido trabalho com entidades externas, publicas e privadas, nas áreas do ensino, cultura, turismo, transportes, saúde, etc., no sentido de apoiar e capacitar esses organismos e os seus técnicos para a adaptação e preparação das respostas, na perspetiva de uma cultura de inclusão que permita às pessoas com deficiência visual usufruir plenamente dos serviços e dessa forma possibilitar a sua real participação, combatendo o isolamento social. A nossa Delegação pertence ao CLASP e à Comissão Social da Freguesia do Bonfim, tendo vindo a trabalhar e a participar em eventos abertos e dirigidos à comunidade, apoiando na adaptação e preparação dos mesmos, tendo como objetivo sensibilizar e capacitar para a inclusão das pessoas com deficiência visual nos eventos comunitários. Mantemos uma articulação permanente com a Câmara Municipal do Porto e com a Provedoria Municipal das Pessoas com Deficiência em todas as questões relacionadas com a acessibilidade para as pessoas com deficiência visual. Tem-se desenvolvido também um trabalho conjunto com a Divisão dos Museus e do Património da Câmara Municipal do Porto, no sentido de capacitar os Museus da Cidade do Porto e os seus técnicos, na realização de visitas acessíveis às pessoas com deficiência visual, e a colaboração na impressão da informação em Braille. No sentido de se contribuir para a melhoria dos serviços de transporte, mantemos articulação com a STCP (na sensibilização dos trabalhadores para com as pessoas com deficiência visual, a informação em áudio, a informação em Braille dos serviços), com a METRO do Porto (desde o inicio do projeto de construção e implementação dos serviços da rede do METRO, na análise das questões quer da acessibilidade física, quer da acessibilidade de informação - projeto NAVMETRO), com a ANA-Aeroportos (na melhoria da acessibilidade para as pessoas com deficiência visual e no projeto para a capacitação dos seus trabalhadores, desenvolvendo ações de formação regular). Parceiro técnico 5