Elsa e Fred – Um encontro possível
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Elsa e Fred – Um encontro possível
32 Elsa e Fred – Um encontro possível O amor é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser (Mário Quintana). Ana Carla Nogueira Eliane Ferreira da Silva Maria Alzira Guimarães Mendes Suzuki1 A velhice, última fase do ciclo vital, é um momento esperado por homens e mulheres que imaginam, após as inúmeras lutas travadas ao longo da vida, merecer desfrutar descanso merecido. No entanto, a vida pode reservar muitas surpresas, ou seja, possibilidades de trocar, compartilhar experiências, lidar com as diferenças – mesmo aquelas que nos são intragáveis – aprendizados e, por que não dizer, emoções fortes. Este artigo mostra que o velho, ou idoso, como preferirem, septuagenário ou octogenário, pode sim se apaixonar e viver um grande amor, ou melhor, um amor possível. E para isso escolhemos um filme que retrata esse inusitado encontro. 1 Colaboração da profª Luciana Mussi, durante o curso de Especialização em Gerontologia da PUC-SP-campus Ipiranga/2012. REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 33 Elsa e Fred é uma rara história de amor, incomum, sensível e divertida, que fala do encontro de um homem e uma mulher com idade próxima aos 80 anos, que se apaixonam “estranhamente” em suas diferenças e decidem viver a vida da forma que lhes parece possível: com leveza, pequenas traquinagens e muita descontração. Naqueles dias bem improváveis de acontecer qualquer coisa, Fred conhece Elsa, uma senhora pouco mais velha que ele e que mexe com sua cabeça, e altera tudo que ele julgava adequado em uma mulher e, especialmente, na relação a dois. Depois de muitas trapalhadas e algumas mentiras, os dois aprendem a aproveitar as delícias do encontro, o bom de estar junto e o mistério e possibilidade do amor, aos 80 anos. Elsa e Fred (2005), comédia romântica com locações em Madri e Roma, tem na direção o competente Marcos Carnevale, que recentemente esteve nos cinemas com o bem-sucedido filme Viúvas (2011), produção que aborda as conflituosas relações, encontros, desencontros e segredos entre homens e mulheres. A trama de Elsa e Fred se desenvolve em um contexto de mudança e transformação de vida, e tem seu ponto de partida quando Alfredo, ou Fred, como é chamado, muda-se (após recente viuvez) para um apartamento vizinho ao da excêntrica Elsa. Como bem explica a crítica de cinema Keila Vieira, Em princípio, podemos apresentar Elsa (China Zorrilla) como uma velhinha caloteira e mentirosa que, por consequência, gasta todo o dinheiro que ganha do filho mais velho para sustentar outro pseudoartista. Porém, a foto de Anita, personagem do filme A Doce Vida, de Fellini, mostra que, em tempos áureos, ela fora uma mulher definitivamente de parar quarteirões. Mas, mesmo sem os dotes tenros da juventude, nos apaixonamos pela maneira como essa louca senhora conduz a vida. (disponível em http://www.cranik.com/elsaefred.html.) Razões de um encontro ou sinopse Em Elsa e Fred somos surpreendidos com temas relevantes relacionados à velhice: o direito à vez e voz dos idosos, as duas faces da moeda mostradas pelo avançar dos anos, o enfrentamento da finitude, a controversa sexualidade e a difícil relação familiar. A vida de Fred muda completamente após conhecer Elsa. Ele vive sozinho, acompanhado de seu cachorro; sente-se deprimido e prefere o isolamento, REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 34 desde o falecimento da esposa. Representamos a história desse casal de idosos como um jardim de tulipas amarelas. A Tulipa é uma flor considerada muito luxuosa, com grande charme e requinte; seu nome significa turbante, “rei das flores”. A cor amarela significava “amor sem esperança”, porém evoluiu com o passar dos tempos, e agora é associada à alegria e à esperança. E quem seriam Elsa e Fred? Elsa, com 82 anos, é uma mulher comunicativa, otimista, espirituosa, vaidosa e sedutora. Ela vive a vida de “A até Z”. Fred, 78 anos, é um homem nostálgico, reservado, que, provavelmente, tem a viuvez na alma, além da hipocondria e de ser um “tanto” sistemático em suas ações. Apesar de serem muito diferentes na maneira peculiar de sentir, pensar e agir, encontraram o equilíbrio que precisavam para viver intensamente os últimos momentos juntos. Elsa e Fred têm formas diferentes de lidar com a velhice e a morte. Ela, mesmo com a certeza da própria morte, uma realidade que logo se apresentará – pois estava doente e fazia hemodiálise – vivia intensa, exagerada, criativa e alegremente. Ele, deprimido pela morte recente da esposa, acreditava que era preciso tomar todos os cuidados possíveis e não brincar com a vida. Afinal, já era “um homem velho” e, portanto, de “saúde frágil”. Assim, como pensa a maioria, devia ter e receber cuidados redobrados. No entanto, na relação recém-construída, as diferenças são compreendidas e, juntos, redescobrem o prazer da vida, com cumplicidade, amor e desejo de estar junto. Como tudo começou Elsa bateu no carro da filha de Fred, que estava estacionado na porta do edifício no dia da mudança dele. Mas como Elsa é uma senhora “diferente”, não se preocupou em ressarcir os prejuízos causados. Seu filho Gabriel, homem responsável e honesto, compromete-se a pagar os danos, e deixa um cheque para Elsa entregar à dona do carro danificado. Elsa decide então entregar ao pai da moça, que mora ao lado do seu apartamento, em uma tentativa de aproximação com o vizinho que ela espreita pela janela de sua sala. REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 35 Elsa bate à porta de Fred para entregar-lhe o cheque e conta uma história: diz ter cinco netos, que seu filho, pai das crianças, está desempregado, e teve que pagar pelo prejuízo que ela causou, e que a filha cobrou muito caro o conserto dos faróis avariados. Como Fred não esboça nenhuma reação à história inventada por ela, Elsa se despede e sai, mas não sem antes resmungar um xingamento ao vizinho: - Frio, miserável! (resmunga) - Elsa! - O que esqueci dessa vez? (com ironia) - Isto! (ele acena com o cheque) Se precisa do dinheiro... - Não, não posso aceitar. Sua filha foi grossa comigo (ela é a vítima). - Não ligue para a Cuca, ela é temperamental, mas é boa. - Cuca?! (pergunta com voz de desdém) - Sim. Seu nome é Alicia, mas nós a chamamos de Cuca. Não posso! (Elsa simula escrúpulos). - Tome! Fique com o cheque e pague quando puder. Darei o dinheiro para a minha filha. Vai acalmá-la. O mais importante no momento são seus netos. - Você é um anjo! Diferente da Cuckoo. Sei que foi uma piada de mau gosto. E você não gostou. Não quis ofender (ela faz a piada e tenta se desculpar, mas é apenas para constar). - Tudo bem. - Alfredo, obrigada (agradece, sedutora). A filha deve ter puxado a mãe. Pois este viúvo é um charme, diz Elsa, demonstrando interesse. Elsa usa seu poder de sedução para constranger Fred (ou Alfredo) e ficar com o cheque, que pretende passar ao filho mais novo, que se encontra em situação financeira muito ruim. Elsa começa a observar os hábitos de Fred através da janela da sala, e nota que ele fica muito tempo somente na companhia do cachorro. Assim, essa “louca” mulher se dispõe a mostrar-lhe que o tempo que lhes resta de vida é precioso, e que não só podem como devem desfrutá-lo de forma diferente. A amizade começa quando Elsa bate à porta de Fred e o convida a tomar um vinho do porto. Ele aceita, mas acaba não comparecendo ao encontro. Elsa insiste, e no dia seguinte bate novamente à porta do vizinho levando uma pequena bandeja com copos e uma garrafa de conhaque, pois o vinho prometido havia acabado. Ele fica sem graça diante da insistência, e é criticado por seu médico e amigo, que se convida a tomar o conhaque. Diante da atitude de Elsa ele promete que irá. Fred cumpre a promessa e vai ao apartamento de Elsa. Lá eles conversam e ela tenta saber o máximo de informações sobre Fred, que fica meio constrangido em falar de si com uma desconhecida. Nesse primeiro encontro REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 36 Elsa adota postura de “terapeuta”, mas na verdade é apenas uma mulher curiosa, que a todo o momento interpreta o que é dito. Por exemplo, Fred afirma que sua esposa era organizada e que ele viveu uma “vida organizada” ao lado dela. Elsa argumenta que não é possível que ele veja a esposa apenas como uma pessoa organizada e pergunta sobre as demais qualidades. Elsa pressente que aquele homem não viveu realmente a vida, pois foi sempre muito correto, fiel e controlado, e provavelmente “domesticou” as emoções. Isso provoca incômodo em Elsa, que vive a vida muito intensamente. Assim, começa a desconstruir todo o passado sem emoções de Fred e a aconselhá-lo a viver alguns riscos daí para frente. Em outro dia Elsa o convida a jantarem juntos em um restaurante famoso de Madrid, onde ele declara que está se sentindo muito bem em sua companhia. Ao final do jantar, para total surpresa de Fred, ela avisa que deverão sair de fininho para não pagar a conta. Ele, apavorado, segue o plano proposto e os dois saem tranquilamente, de braços dados. Entram no carro e vão embora antes que o gerente do restaurante os alcance. No meio do caminho ouvem uma sirene de carro de polícia e Fred entra em pânico. Brigam e ele acaba explodindo: fala para Elsa que ela é muito diferente da sua esposa, que jamais faria uma loucura daquelas (comer e dar calote em um restaurante). Fred se sente mal e pensa que está tendo um infarto, e eles acabam a noite no hospital. Acusa-a de ter provocado tudo. Elsa se sente culpada e se despede dele, não sem antes lhe pedir desculpas. Fred, que parecia ser sempre muito correto, volta atrás e lhe diz que irão juntos para casa. Nesse momento, sabemos que Elsa e Fred são um casal. Eles passam a noite juntos no apartamento de Fred, com direito a um despertar romântico e delicado. Relações familiares Ambas as famílias interpretaram os sentimentos como relação “sem muita esperança”, porque entenderam que naquela altura da vida um encontro amoroso era impossível, pois, “velhos”, logo morreriam. Fred passa a ter atitudes “incomuns”: joga fora seus inúmeros medicamentos, sente-se vaidoso, muda a postura sempre submissa que, provavelmente, tinha com a falecida, e adota uma maneira nova de se relacionar com a filha, exigindo liberdade e respeito. Fred ressignifica a vida, retomando seu controle, REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 37 não permitindo intromissões de sua filha e genro. Fred compreende que Elsa estava certa quando disse que ele não vivera até então. O destino reserva uma desagradável surpresa ao “novo” Fred: descobre que Elsa, sempre tão disposta a aventuras, está com a saúde por um fio. Ela diz a Fred que tem um encontro com amigas toda semana, e que fala dele para elas. Na verdade, Elsa esconde de Fred que faz hemodiálise. Ele procura saber sobre a doença e as chances de Elsa com seu amigo médico, e ouve que não há muito tempo. Fred descobre outros problemas, mas a cumplicidade e o amor descoberto falam mais forte, e ele não a confronta. Nesse momento, desperta o novo Fred, não mais o velho Fred depressivo e triste, rígido, mas um Fred capaz de enxergar novas possibilidades e aproveitar a oportunidade que a vida está lhe dando. Decide que Elsa terá o melhor que ele puder lhe proporcionar. As posições se invertem e Fred passa a se preocupar com Elsa, amparando-a, incentivando-a a prosseguir e levar a cabo seus sonhos. Ela tem um sonho de juventude: quando jovem, sendo uma linda mulher, diziam que lembrava muito a atriz Anita Ekberg. Aliás, Elsa tem em sua sala de estar uma foto da atriz em cena, no filme “La Dolce Vita”, estrelado por Marcello Mastroianni e dirigido por Federico Fellini. Elsa acalentou por toda a vida o desejo de fazer a cena em que os personagens entram na “Fontana de Trevi”, imortalizada no filme. Elsa tentou convencer seu ex-marido a viajarem e viverem a cena juntos, mas ele sempre achou uma insanidade. Fred resolve proporcionar a Elsa a satisfação desse desejo tão sonhado. Mostra a transformação sofrida a partir do convívio e a ressignificação de seus valores quando prefere investir todo o seu dinheiro numa viagem a Roma, para viverem o sonho, ao invés de investir num negócio com sua filha e genro. Uma vez em Roma, os dois se hospedam num luxuoso hotel e passam a frequentar excelentes restaurantes, como os personagens do filme de Fellini. Por sua vez, sua filha Cuca, mesmo decepcionada com a atitude do pai, compreende que ele havia priorizado a vida, os momentos felizes que poderia desfrutar com Elsa, ao invés de priorizar a segurança de um investimento financeiro. Assim como Fred se transformou a partir da convivência com Elsa, é possível que sua filha Cuca se transforme em uma pessoa menos controladora e rígida, tendo o exemplo desse novo pai que surge aos seus olhos. REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 38 Fred realiza o sonho de Elsa de ir a Roma, com todos os detalhes que ela conseguia lembrar. Sonho tornado realidade, vida encerrada, assim é. Elsa se vai, deixando um novo Fred. Na despedida Fred e seu neto levam flores a Elsa, a “caloteira”, diz ele de forma carinhosa e divertida. Um novo Fred, pronto para a vida, e uma Elsa que viveu com alegria e pôde viver seus sonhos antes do final de sua existência. Análise à luz da psicanálise Os personagens do filme se comunicam por meio de mecanismos de defesa. Segundo Sigmund Freud, psiquiatra e pai da psicanálise, o aparelho psíquico é permeado, com frequência, por situações e conflitos, levando o indivíduo a experimentar enorme desconforto. O psiquismo, sentindo-se ameaçado, busca afastar ou eliminar a sensação incômoda por meio da utilização dos Mecanismos de Defesa do Ego, estratégia comum a todos os seres humanos, considerada saudável, mas que, utilizada em excesso, denuncia sintoma de neurose. O mecanismo de defesa “isolamento” é utilizado por Fred quando sofre a perda da esposa e prefere viver solitário, tendo como companhia seu cachorro. Ele se isola em seu mundo, sem muitas possibilidades, na tentativa de manter o equilíbrio do ambiente e diminuir seu incômodo com a perda; com isso, deixase dominar e manipular pela filha e genro, tendo como única forma de alegria o convívio com o netinho. A filha, por sua vez, não se sente confortável com o fato de cuidar do pai, pois sua mãe “organizada” tinha essas atribuições. O mecanismo utilizado por Cuca é a “formação reativa”. Ela também vivencia outro mecanismo, o de “deslocamento”, pois, não se sentindo bem com a tarefa de cuidadora, desconta no filho e no marido suas frustrações. Já Fred lançou mão da “repressão” em toda a sua vida. Elsa observa, durante as conversas que mantém com Fred, um homem que viveu para a família, não se dando o direito de viver os desejos mais simples. Ele mantém a reputação de homem sério e respeitável sem nunca exceder os limites em qualquer campo de sua existência, ao contrário dela, transgressora por natureza. REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista 39 O mecanismo de defesa da “identificação” é notado quando Fred consegue superar naturalmente a morte de Elsa, transformando seu estilo de vida, agora identificado com a forma de viver da companheira, que ele aprendeu a amar. Elsa, assim como a bela da Fontana de Trevi, ficou eternizada em Alfredo (ou Fred). A mulher que sinalizou vida, possibilidade de recomeço aos 80 anos. Referências BALLONE, GJ Alfred Adler, in. PsiqWeb. http://www.psiqweb.med.br/. Acesso em 09/08/2012. Disponível em FARO, A.C.M. A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n4/a11v18n4.pdf. Acesso em 01/08/2012. FERNANDES, M.G.M. & SANTOS, S.R. Políticas públicas e direitos do idoso: desafios da agenda social do Brasil contemporâneo. Disponível em <http://www.achegas.net/numero/34/idoso_34.pdf. Acesso em 01/08/2012. GOLDMAN, S.N. Envelhecimento e ação profissional do assistente social. Disponível em <http://www.assistentesocial.com.br/novosite/cadernos/cadespecial8.pdf>. Acesso em 01/08/2012. SILVA, J.C.M. Família: demandas para o serviço social. Disponível em http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1592/1525. Acesso em 01/08/2012. Data de recebimento: 15/11/2012; Data de aceite: 08/03/2013. ____________________ Ana Carla Nogueira – Fonoaudióloga. Especializanda em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica PUC/SP. E-mail: [email protected] Eliane Ferreira dos Santos – Assistente Social. Especializanda em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP. E-mail: [email protected] Maria Alzira Guimarães Mendes Suzuki – Psicóloga clínica, formada pela FMUSP. Especializanda em Terapia Familiar e de Casal e em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP. Psicóloga voluntária no Centro Assistencial Cruz de Malta. E-mail: [email protected] REVISTA PORTAL de Divulgação (São Paulo), 32, Ano III, maio 2013. ISSN 2178-3454. www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista
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