Parasitoses Entéricas

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Parasitoses Entéricas
Parasitoses Entéricas
Universidade Federal De Santa Catarina - Curso De Graduação em Medicina.
Prof.: Luiz Alberto Gastaldi
www.cdc.org e Google – DPDX
1. Classificação: (Critérios: Habitat, quantidade de células, e forma do corpo)
a. Delgado:
i. Protozoários (unicelulares): Giardia lamblia, Cryptosporidium sp, Microsporidium sp, Isospora
belli, Sarcocystis sp, Ciclopora cayatenensis.
ii. Metazoários (Multicelulares):
1. Nematodas (filiformes-cilíndricos): Áscaris lumbricóides, Strongylóides stercoralis,
Ancilostoma duodenale, Necator americanus, Trichinella spiralis, Trichostrongylus
orientalis.
2. Cestodas (achatados-segmentados): Taenia solium, Taenia saginata, Hyminolepis
nana.
3. Trematodas (forma folear): Fasciolopsis buski, Heterophyes heterophyes,
Metagonimus yokogawai
b. Cólon:
i. Protozoários(unicelulares): Cryptosporidium sp, Entamoeba histolytica, Balantidium coli,
Dientamoeba fragilis, Tripanosoma cruzi.
ii. Metazoários:
1. Nematodas (filiformes-cilíndricos): Enteróbios ou Oxiúros vermiculáris, Tricocéfalos
ou Trichuris trichiura, Anisakis, Oesofagostomum sp, Angiostrogylus costaricensis
2. Trematodas (forma folear): Schistosoma sp
2. Enteroparasitas mais freqüentes na criança:
a. Protozoários:
i. Giárdia lamblia: Características: Móvel (flagelado), microscópico. Mais comum
protozoário do homem. Estima-se 2 a 5% países ricos e 20% nos pobres. Ciclo vital: Cistos Água, alimentos delgado trofozoítos enterócitosLesão da mucosa. Clínica: Dor
abdominal, diarréia alta, má-absorção, desnutrição. Diagnóstico: Cistos (fezes duras),
trofozoítos (fezes moles), antígenos em líquido duodenal e fezes (ELISA). Tratamento:
Metronidazol: 15-20mg/kg/dia 2 doses / dia / 5dias. max.:750mg. Furazolidona: 6 mg / kg / dia
4doses / 10dias. max.: 400mg / dia. Secnidazol: 30mg / kg / dia / dose única. max.: 2 g.
Controle de Cura: Exames de fezes no 7º, 14º e 21º dia após término do tratamento.
ii. Entamoeba hystolitíca: Características: Móvel (pseudópodos). Ciclo vital: Ingestão de
cistos ácido gástrico excistamento trofozoítos no delgado intestino Grosso Invasão ou encistamento (condições locais ou cepa: Cepas patogênicas tem hemolisinas e
proteases) podem invadir veia porta, fígado, pulmões, cérebro e olho(abscesso).
Especialmente em desnutridos, imunedeprimidos, corticóide. Clínica: Entérica: Dor abdominal,
anorexia, tenesmo até Colite grave, perfuração e megacólon tóxico. Ameboma: formação
granulomatosa no cólon. Abscesso hepático: dor no hipocôndrio direito, febre e anorexia.
Diagnóstico: Fezes múltiplas amostras: (3 a 6) é 90% positivo trofozoítos. Biópsia endoscópica
do cólon ou punção de abscesso. ELISA: etiologia. PCR: patogenicidade. Tratamento: Colite ou
Abscesso hepático: metronidazol 35 a 50 mg / Kg / 3 doses / 10dias máx.:2 gr / dia. Tinidazol:
50mg /Kg / dia / 3 doses máx.: 2gr / dia / 3 dias. (altamente efetivo no abscesso) Não resposta
após 72 horas é indicativo de outra etiologia).
1
b. Helmintos: Nematodas:
i. Áscaris lumbricoídes: Características: (“Lumbriga”). Maior (15-35cm),mais comum dos
helmintos cosmopolitas. Vida média: 12 a 18 meses. Infestação: Cada fêmea produz até
200.000 ovos/dia. Ovos embrionados após 2 semanas no solo (impossível transmissão
pessoa-pessoa). Por inalação? Ciclo Vital: Fezes terra dedos, água, alimentos bocaingestão larvas de 1º e 2º estágio penetração na mucosa do delgado fígado –
coração – pulmões - via respiratória alta – deglutição – delgado - verme adulto. Clinica: 1)
Geralmente assintomático; 2) ou Inespecífica: Dispepsia, dor abdominal, anorexia, diarréia,
constipação; 3) ou sintomas da migração: colédoco (obstrução colédoco, colangite, abscesso
hepático, pancreatite); apêndice (apendicite); trompa de Eustáquio (otite média); ânus e boca
(eliminação); ou 4) na infestação intensa: Sub ou oclusão entérica e Má-absorção.
Diagnóstico: Ovos nas fezes (parasitológico), eliminação do verme adulto por ânus ou boca, Rx
simples de abdome (sub-oclusão). Eosinofilia só é proeminente durante a passagem pulmonar.
Tratamento: Pamoato de pirantel: 11mg / kg / dia máx.: 1g / dia / 3dias. Mebendazol: 100mg /
2x / dia / 3dias. Albendazol: 400mg / dia / dose única. Levamisol: 80 mg < 7 anos e 150 mg > 7
anos e adultos 2 doses 7 em 7 dias. Sub-ocluão: Piperazina: 75mg Kg / peso em duas doses /
7dias.
ii. Oxiúrus ou Enteróbios vermiculares: Características: Verme pino ou Alfinete.
Semelhante a pequeno fio de algodão (0,5 a 1 cm). Ciclo vital: Duração: 2 a 7semanas. Ovos
embrionados (viáveis:2-6sem.) região perianal contamina roupas de cama e íntima, mãos,
água e alimentos boca ingestão liberação da larva e transformação verme adulto
(macho e fêmea) copulação busca do hábitat (ceco e apêndice) fixação à mucosa
pela região cefálica fêmea repleta-se de ovos (até 10.000/dia) e migra e deposita ovos na
região perianal e genito-urinária ovos embrionados infestantes em horas. Clínica: Ileíte,
tiflite, apendicite. Prurido anal. infecção urinária, vulvo-vaginite, salpingite. Anorexia, insônia,
irritabilidade. (Reações alérgicas: absorção de produtos dos vermes?). Diagnóstico: Fita
adesiva anal, visualização na crise de prurido anal noturno. Pouco no parasitológico de fezes.
Tratamento: Mebendazol: 100mg/2x/dia/3 dias ou albendazol: 400mg/dose única. * Tratar
toda família ao mesmo tempo para evitar infestação recorrente.
iii. Trichuris trichiura ou tricocéfalos: Características: Verme chicote ou fio: cabeça longa
e afilada (3 a 5cm). O macho cauda enrolada. Difere dos outros nematodas por não ter
migração tecidual e habitar o cólon (ceco e ascendente) e não o delgado. Ciclo vital: Ingestão
ovo embrionado (3 semanas no solo) (transmissão pessoa-pessoa impossível) geofagia,
alimentos, água, mãos, vetores: moscas, animais domésticos luz do intestino o embrião
escapa do ovo pelo polo albuminoso verme adulto Fixação com a parte afinada intestinao
grosso alimentando-se de sangue do parasitado. Clínica: Parasitismo é leve é assintomático.
Nos casos graves Anemia, perda de peso, colite crônica com prolapso retal. Apendicite e
possibilidade facilitação de invasão bacteriana na mucosa são descritos. Diagnóstico: ovos nas
fezes. Tratamento: Mebendazol:100mg/2x/dia/3dias. Albendazol: 400mg/dose única.
iv. Ancilostoma duodenale e Necator amiricanus: Características: Verme gancho,
pequeno (0,7 a 1,1cm). Ocorre em regiões tropicais e subtropicais, população descalça e solo
contaminado por fezes humanas. É raro em crianças lactentes. Ciclo vital: Fezes com ovos
fertilizados no solo em 24 horas larvas rabtitóides em 3 a 5 dias larvas filarióides pele ganham linfáticos e vênulas, pulmão, alvéolos , brônquios, traquéia, esôfago, estômago
e, no jejuno vermes adultos macho e fêmea fixando-se através do aparelho bucal. Fêmea
produz 10 a 20 mil ovos/dia. Clínica: Larva: Na pele: dermatite pruriginosa, No pulmão: tosse.
Verme adulto: Na mucosa do delgado: cólicas, diarréia, anemia microcítica, edema por hipoalbuminemia, prostração na infestação intensa. Diagnóstico: Ovos nas fezes. Tratamento:
Mebendazol 100 mg/2x/dia/3 dias. Albendazol 400 mg/1x/dia/3 dias.
2
v. Strongyloides stercoralis: Características: Nematoda pequenas dimensões( 0,6 a 2,2
mm) de regiões tropicais e subtropicais de. Ciclo Vital: Pelesangue pulmãotraquéia maturação em intestino delgado proximal fêmea adulta grávida penetra na mucosa –
postura de ovos e embrionamento dentro da mucosalarvas rabtitóidesfilarióides na luz do
inestino. Auto-infestação interna ( cólon distal) ou externa (períneo). No solo pode infestar ou
transformar-se em macho e fêmea de vida livre e gerar novamente ovos e larvas (ciclo
esterno). * hiper-infestação: nos imune deprimidos disseminação larvária para vários orgãos
com bactérias entéricas. Clínica: Infestação leve: assintomática. Dor epigátrica, síndrome de
má absorção, diarréia protraída. Raramente quadro semelhante a retocolite. Na hiperinfestação: Colite severa, perfuração entérica, sepse por gram (-), e choque. Diagnóstico:
larvas: nas fezes, aspirado e biópsia duodenal. Tratamento: tiabendazol: 25 a 50 mg/dia/2
doses/3 a 5 dias/ máx. 3g/dia 3 ciclos com intervalos de 7 a 10 dias. Albendazol 400 mg/1x/dia
/3 dias e por 15 dias na Hiperinfecção. Ivermectin (200 microg/kg/dia) por 2 dias. Controle de
cura: parasitológicos aos 7, 21, 30 do tratamento ou novo tratamento em 30 dias.
c. Helmintos Cestodas:
i. Hyminolepis nana: Características: Tênia anã (0,5 a 4,5cm). É a Tênia mais comum da
criança. Habita o delgado. Fixação através do escolex seguem-se os proglotes que
desprendem-se, desintegram e eliminam-se ovos que são infestantes. Cosmopolita e mais de
climas quentes. Ciclo Vital: Ingestão do ovo alimentos, água, mãos contaminadas 3 a 4
dias libera o embrião penetra na mucosa e, transforma-se na larva cisticercóide volta à
luz fixando-se a mucosa e torna-se o verme adulto em 2 semanas. *Auto-infestação: pode
produzir parasitismo intenso. Rato e gato são também hospedeiros naturais. Clínica: só na
infestação intensa: diarréia, cólicas, e anorexia. Insônia, cefaléia, tontura (absorção de
produtos tóxicos do parasita?) Diagnóstico: Ovos nas fezes. Tratamento: Praziquantel: 20 a
25 mg/kg dose única.
3. Deficiências que predispõem a infestação:
a. Rede de água tratada, coleta de esgotos, fiscalização sanitária dos alimentos (contaminação da terra,
água, e alimentos).
b. Higiene individual e domicíliar e maus hábitos (Onicofagia, geofagia, alimentação crua)
c. Atenção primária de saúde, além de aglomerações, migrações, vetores (moscas) e animais
contaminados (Cão: amebíse, estrongiloidíase, giardíse, criptosporidiose, toxocaríase, hidatidose).
d. Nutricional e imunológica (Giardia, criptosporídio, ameba, isospora belli).
4. Exame parasitológico das fezes:
a. Cuidados na coleta: Isolar da urina ou água (destroem os trofozoítos). Não deve haver uso de
contraste baritado, óleos laxantes por uma semana (Dificulta identificação dos parasitos). Colher várias
amostras: 3 a 6 com intervalos de 2 a 3 dias. (Vários parasitas tem eliminação intermitente: E.
histolitica, Tenias e Giardia).
b. Conservação: O exame a fresco: até 2 horas. Conservar na geladeira: até 48 horas. Fixar a
amostra: formol 5 -10%. Coletas múltiplas: Meios conservantes: Mif (merthiolate + iodo + formol) Saf
(Sodio acetato + formol). Faf (Fenol + álcool + formol).
c. Técnica adequada: Realizar metodologia indicada a cada parasito: Baermann-Moraes: Larvas
(Estrongilóides). Sedimentação:Ovos pesados (Áscaris e tricocéfalos). Flutuação:Ovos leves e
cistos(Giárdia,Ameba).
5. Apêndice: Esquemas de tratamento:
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6. Outros enteroparasitas (pouco freqüentes na criança):
a. Nematodas:
i. Capilária philipinensis: Parasita de peixes e pássaros de água doce. Ocorre
principalmente na sudeste da Ásia, Filipinas e Tailândia. A infestação se faz por ingestão da
carne mau cozida. Forma infestante: larvas e como o estrongilóides pode fazer o ciclo
internamente com infestação maciça. Coloniza o delgado superior. Clínica: dor abdominal,
diarréia, desnutrição severa, edema. Diagnóstico: ovos, larvas, verme adulto nas fezes e
aspirado duodenal. Tratamento: albendazol ( 400 mg/1x/dia ) por 10 dias ou mebendazol ( 100
mg/2x/dia ) por 20 dias.
ii. Trichinella spiralis: Infestação se dá por ingestão de carne de porco mau cozida . Clínica:
diarréia e dor abdominal alguns dias após ingestão de carne contaminada. Após 1 a 2 semanas
ocorre febre, edema periorbital, rush eritematoso e mialgia severa que pode durar até 6
semanas. As complicações incluem: penumonia, miocardite, encefalite. Diagnóstico: Na
suspeita, elevação de: TGO e CPK e eosinófilos. Confirmação por biópsia de músculo.
Tratamento: tiabendazol ( 25 mg/k/dia - max 1,5 g ) em 2 doses por 4 dias, dentro das
primeiras 24 horas após ingestão do alimento.
iii. Anisakis: infestação se faz por ingestão de peixe crú. Doença encontrada no Japão,
Escandinávia, Costa do Pacífico na América do Sul. A larva adere-se à parede do estômago e
intestino causando ulceração e ocasionalmente perfuração. Tratamento: remoção cirúrgica ou
endoscópica.
iv. Oesophagostomun: infecta ruminantes, porcos, primatas e, ocasionalmente o homem.
Penetra na parede intestinal gerando múltiplos nódulos ao logo do intestino e alguns podem
originar abscessos para-cólicos de tratamento: cirúrgico. Larva migrans visceral: doença
provocada pela a ingestão dos ovos do áscaris do gato e cão. A forma larvária dissemina-se
pelas vísceras pode acometer olhos e produzir cegueira . Clinica: febre, hepatomegalia,
linfadenopatia. Diagnóstico: hiper-eosinofilia e teste sorológico positivo. Tratamento:
Albendazol: ( 400 mg/dia ) por 10 dias ou tiabendazol ( 25 mg/kg/dia em 2 doses - max 1,5 g )
por 5 a 15 dias. Angiostrogylus costaricensis: O verme adulto que vive nas arteríolas
mesentéricas ao depositar os ovos na parede entérica determina processo inflamatório que
envolve ceco, apêndice e íleo terminal. Clinica: Dor em fossa ilíaca direita, febre e anorexia.
Tratamento: cirúrgico.
v. Ancylostoma caninum: O ancilostoma do cão provoca íleo-colite eosinofílica.
Diagnóstico: Embora parasita esteja presente em cães em todo o mundo e infectar crianças,
quadro é pouco mencionado na literatura pois o ancilostoma não produz ovos no homem
exigindo o encontro do verme adulto durante colonoscopia ou teste sorológico. Tratamento:
mebendazol ou albendazol doses habituais.
b. Protozoários:
i. Dientamoeba fragilis: Protozoário flagelado, habitante do intestino grosso e de
distribuição universal (90% das crianças de 5 anos tem soro positivo indicando contato).
Clínica: diarréia alta ou colite, dor abdominal, flatulência e perda de peso. A associação com
oxiuríase não é rara. Tratamento: Metronidazol - 35 a 50 mg/dia - max. 2gr - em 3 doses por 10
dias.Blastocystis hominis: Protozoário anaeróbio estrito habitante comum do ceco e colons.
Sua patogenicidade é controversa embora o parasitismo intenso possa produzir sintoma
semelhantes a dientameba. Tratamento: metronidazol - 35 a 50 mg/dia - max. 2gr - em 3 dose
por 5 dias.
ii. Balantidium coli: Protozoário ciliado grande ( 50 a 200 micras) de distribuição universal.
Os suínos são o maior reservatório sendo fazendeiros, pessoas do abate tem maior risco.
Clinica: dor abdominal, diarréia até colite importante. Diagnóstico: trofozoitos nas fezes.
Tratamento: Metronidazol - 35 a 50 mg/dia - max. 2gr - em 3 doses por 5 dias.
4
iii. Criptosporidium: Forma infestante: Protozoário que infecta vários mamíferos, animais de
fazenda e domésticos. Ciclo vital: complexo que envolve a formação de oocistos (4 a 6 micras)
cheios de esporozoítos infectantes. Pode passar por filtros comuns, e resistir à acidez gástrica.
Habitat: localizam-se principalmente no bordo apical de toda mucosa (delgado e cólon)
produzindo atrofia da mucosa em graus variados e moderado processo inflamatório na lâmina
própria. Além do contato com animais, creches, hospitais e viagens e imune-depressão são
fatores de risco. É causa rara de diarréia (estima-se 1,5% delas nos países ricos e 6% nos
países pobres). Clínica: Em nutridos diarréia aguda que se auto-limita. Em desnutridos ou
imune-deprimidos pode produzir diarréia secretora, cólera símile ou crônica com perda de
peso; e até infestação sintomática para vias biliares, pulmões, seios da face. Diagnóstico: fezes
coradas pelo ácido rápido, imuno-fluorescência e ELISA, e biópsia do orgão afetado ou lavado
brônquico. Tratamento: Permanece problemático. Hospedeiros normais melhoram
espontaneamente em 1 a 3 semanas, mas os imune-deprimidos podem ter quadro severo com
necessidade de suporte nutricional e soro venoso. Várias drogas são usadas com efeito
limitado: metronidazol, sulfonamidas, espiramicina, paramomicina, e azitromicina que parece
ser a mais promisora. Azitromicina: - 25 mg/kg/dia - em 2 doses por 14 dias.
iv. Sarcocystis, Ciclospora e Isospora belli: Coccídios são intra-celulares obrigatórios
Sarcocystis: infestação entérica e em músculo esquelético por ingestão de carne de gado e
porco mau cozida ou assada. Sintomas variam de dor abdominal a obstrução intestinal aguda
cujo tratamento: é ressecção do segmento entérico acometido pois não há tratamento
específico. Cyclospora: produz infecção de espectro similar ao criptosporídio. Oocistos maiores
diferenciáveis pela coloração pelo PAS. Tratamento: sulfametoxazol + trimetoprim. Isospora
belli: produz diarréia prolongada em imune-deprimido é diferente dos outros pois a eliminação
dos oocistos nas fezes é escassa dificultando o diagnóstico. A biópsia do jejuno pode ser útil.
Tratamento: sulfametoxazol + trimetoprim. Microsporídia: Enterocytozoon bienusi e Septata
intestinalis. São parasitas intra-celulares reportados principalmente em aidéticos que produzem
doença similar ao criptosporídio. Tratamento: Albendazol parece útil (em tratamento por 4
semanas).
c. Cestodas:
i. Diphylobotruim latum, T solim, T. saginata e Hyminilepis nana: Os três
primeiros a infestação se faz por ingestão de carne crua e o último é fecal-oral. Escolex,
proglotes, e ovos produzidos nos últimos segmentos são eliminados. D. latum: ingestão de
peixe crú. Assintomáticos ou carência de vitamina B 12 por competição com hospedeiro.
Diagnóstico por ovos e proglotes nas fezes. T. solium: infestação entérica por carne de porco
contaminada por Cisticercus cellulosae mau cozida ou assada. Cisticercose por ingestão de
ovos viáveis de Taenia solium. T. saginata: infestação entérica por carne bovina contaminada
por cistecercus bovis. Clínica: assintomáticos a fenômenos gerais como cefaléia, dor
abdominal, constipação, diarréia, inapetência ou fome intensa. Tratamento: todas as teníases:
Praziquantel - 20 a 25 mg/kg - em dose única.
d. Trematodas:
i. Schistossoma mansoni. Esquistossomose é uma das mais importantes devido a alta
morbi-mortalidade e sua incidência: mais de 200 milhões de doentes no mundo . Existem 5
espécies. A infecção depende de um caramujo que é o hospedeiro intermediário. Ciclo vital:
ovos eliminados pelas fezes - liberam os miracídios (forma larvária) - penetram num caramujo
do gênero Biomphalária - transformam-se em esporocistos - liberam as cercárias - pele
humana. Clínica: forma inicial sem sintomas ou somente a dermatite cercariana e, após 1
semana, aparece a forma aguda ( febre, emagrecimento, mialgia, adinamia, tosse, alergias
cutâneas, hepatoesplenomegalia e diarréia muco-sanguinolenta e eosinofilia ). A colite pode
demorar meses, ou anos, ocorre com ulcerações e formação de pólipos e massas
granulomatosas. Forma crônica: em 90% dos casos são assintomáticos e passam a ser
disseminadores da doença. Os outros podem ter: 1. Forma intestinal (dores abdominais,
constipação e crises de diarréia com muco e sangue ), e outras Hepatointestinal,
hepatoesplênica, vasculopulmonar, forma tumoral ou pseudoneoplásia, e forma ectópica.
Tratamento: Praziquantel - 40 mg/kg em 2 doses- por 1 dia.
5
Apêndice:
Esquemas de tratamento:
Nome
Albendadol
Mebendazol
Piperazina
Pyrantel
Indicação
Äscaris,
oxiúrus
Rota
tricocéfalos, Oral
Dose /dia . Dose: máx.
400 mg/ 1x
Dias
1
Estrongiloidíase:
não complicada
Hiperinfestação
Giardíase
Capailaráse
Larva migrans visceral
Ascaridíase
Tricocefalíase
Estrongilodíase
Tricquinose
Capilaríase
Oral
Oral
Oral
Oral
Oral
400 mg/1x
400 mg/1x
400 mg/1x
400 mg /1x
400 mg/1x
3
15
5
10
10
Oral
Oral
Oral
Oral
Oral
100 mg/1x
100 mg/1x
100 mg/1x
100 mg/1x
100 mg/1x
3
3
3
3
20
Enterobíase
Oral
100 mg/1x
1
Ascaridíase
Sub-Oclusão
Enterobíase
Enterobíase
Ascaridíase
Estrongiloidíase
Oral
Oral
Oral
Oral
Oral
Oral
75mg/kg -3,5gr/1x
75mg /Kg-3,5gr/1x
65 mg /Kg-2,5gr/1x
11 mg/Kg/1x- 1gr
11 mg/Kg/1x-1gr
11 mg/Kg/1x-1gr
2
7
7
1
1
3
5 mg/Kg-350mg/1x
1
200microgr/Kg/1x
1
25 mg/Kg-1,5gr/2x
25mg/Kg-1,5gr2x
25mg/Kg-1,5gr/2x
25mg/Kg-1,5gr/2x
25 mg/g-1,5gr/2x
3
5 _15
30
2–4
5 - 15
Pirvínium
Ivermectin
Enterobíase
Oral
Estrogiloidíase
Ascaridíase
Tricocefalíase
Oral
Tiabendazol Estrongiloidíase
Não complicada
Oral
Oral
Hiperinfecção
capilaríase
Oral
Triquinose(1ª
24
h- Oral
ingestão)
Oral
Larva migrans visceral
Metronidazol Amebiase
Oral
Ou IV
Oral
Balantidíase
Giardíase
Oral
15mg/Kg-750mg/3x 5-10
15mg/Kg-750mg/3x 5
15mg/Kg-750mg/2x 5
Secnidazol
50 mg/kg/ - 2gr
Giardíase
Oral
6
1
Precauções
Tertogênese
Mutagênese
< 2 anos
Doença hepática
Doença hepática
Doença hepática
Efeitos colaterais
Como o mebendadol
(raros na dose única)
Doença hepática
Doença
inflamatória
entérica
Hipersensibilidade
à
droga
Na
hipersensibilidade:
al|opécia,
cefaléia,
neutropenia, desconforto
abdominal, febre e Rush.
Tontura.
Não usar
pyrantel
junto
Não usar
piperazina
junto
Dor
–
desconforto
com abdominal
Ataxia. Hpersensibilidade
Tontura,
sonelência,cefaléia,
com isônia,
desconforto
entérico,
hepersensibilidade.
nenhuma
Não registrados ainda
Doença hepática, renal.
Potencializa efeito da
teofilina
Doença hepática, Rush Desonforto
entérico,
com uso concomitane de gosto metálico, boca
seca,
tontura,
urina
álcool.
Carcinogênse em ratos.
escura,
Leucopenia,
neuropatia
periférica,
convulsões.
hepersensibilidade
Bibliografia:
1.
DPDx - CDC Parasitology Diagnostic Web Site - DPDx - Laboratory Identification of
Parasites. www.dpd.cdc.gov/
2.
Cives - Centro de Informação em Saúde para
www.cives.ufrj.br/ - Infecões por helmintos e entroprotozoários.
3.
Plano nacional de vigilância e controle das
saude.gov.br/bvs/publicacoes/enteroparasitoses.
4.
Enteroparasitoses
em
escolares
na
periferia
de
Porto
revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/viewPDFInterstitial/1890/180
5.
Prevalência de enteroparasitoses em Concórdia, Santa Catarina, Brasil- Revista Latino
Americana de Parasitologia. www.scielo.cl/pdf/parasitol/v60n1-2/art14.pdf
7
Viajantes
enteroparasitoses
(UFRJ)
-
bvsms.
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-

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