EFEITO DA ORDEM DAS UMBELAS NA PRODUÇÃO E
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EFEITO DA ORDEM DAS UMBELAS NA PRODUÇÃO E
EFEITO DA ORDEM DAS UMBELAS NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE SEMENTES DE CENOURA Warley Marcos Nascimento1 Revista Brasileira de Sementes, vol. 13, no 2, p. 131-133, 1991 RESUMO - Com o objetivo de se estudar o efeito da ordem das umbelas de cenoura cv. Brasília na contribuição da produção de sementes e na qualidade das mesmas, nas condições de Planalto Central, foi instalado um ensaio no Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças, Brasília-DF, em 1986. Umbelas das diferentes ordens foram colhidas separadamente em um campo de produção de sementes e, após a trilhagem, as sementes foram pesadas e analisadas quanto à germinação, vigor e peso de 1000 sementes. As plantas apresentaram uma, 11 e 24 umbelas primárias, secundárias e terciárias, respectivamente. As umbelas primárias, secundárias e terciárias contribuíram respectivamente com 11,0, 58,0 e 31,0% da produção de sementes, sendo que as sementes provenientes das umbelas primárias apresentaram uma melhor qualidade às provenientes das umbelas secundárias que, por sua vez, foram melhores que as sementes oriundas de umbelas terciárias. Termos para indexação: cenoura, sementes, produção, qualidade EFFECT OF UMBEL ORDER ON PRODUCTION AND QUALITY OF CARROT SEEDS ABSTRACT - An experiment was conducted at the Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças - CNPH/EMBRAPA, Brasília, DF, in 1986, in order to study the effects of umbel order on production and quality of carrot seeds, cultivar Brasília. Umbels of different orders were harvested separetely from a seed production field, and after threshing, their seeds were weighed and tested for standart germination, vigour and 1.000 seed - weight. The average umbelas/plant was one primary, eleven secondary and twenty four tertiary of which contributed with 11,0%, 58,0% and 31,0% respectively to the total yield. Seeds from primary umbels gave better quality than secondary umbels and these better than tertiary umbel seeds. Index terms: carrot, seeds, production, quality INTRODUÇÃO A planta de cenoura, ao passar da fase vegetativa para a fase reprodutiva, emite uma haste ou pendão floral que alcança a altura de até 1,80m, terminando em uma inflorescêncis tipo umbela, denomnada umbela central, primária ou de primeira ordem. A partir desta, surgem remificações que terminarão em umbelas secundárias ou de segunda ordem. Dessas ramificações surgem novas que serão as umbelas terciárias ou a terceira ordem, e assim sucessivamente. Dessa forma, a maturação das sementes dessas umbelas não é simultânea, iniciando pela umbela primária, seguida pelas secundárias e assim sucessivamente (Hawthorn, 1962). As flores, nas diferentes ordens de umbelas diferenciam-se umas das outras; nas umbelas primárias, predominam flores hermafroditas, enquanto nas demais o número de flores masculinas é maior (Braak, 1958). 1 Eng. Agr., Pesquisador, EMBRAPA/CNPH, Caixa Postal 07.02.18, CEP 70.359 - Brasília-DF Quanto à contribuição destas umbelas na produção total de sementes de uma planta, sabe-se que as umbelas secundárias são responsáveis pela maior parte da produção (Nath, 1969), em função do número de umbelas por planta e do tamanho das sementes. Castro & Andrews (1971), observaram que o número de umbelas primárias, secundárias e terciárias por planta foi de, respectivamente, 1, 11 e 17, enquanto a contribuição em termos de produção de sementes, foi de 13,6% para as umbelas primárias, 71,4% para secundárias e 14,9% para as terciárias. Krarup (1976) verificou que a contribuição das umblas primárias variou de 11,23 a 15,46%, a das umbelas secundárias, de 41,6% a 47,6% e, para as mais ordens, de 41,15 a 42,92%. Umbelas de ordens superiores apresentam sementes de maior tamanho (Shevtora, citado por Castellane, 1982). Assim, Castro & Andrews (1971), determinando o peso das sementes para diferentes ordens de umbelas, observaram que o peso de 1.000 sementes provenientes de umbelas primárias atingiu 1,1g; para as umbelas secundárias foi de 0,86% gramas e, finalmente, 0,79 gramas para as umbelas terciárias. A germinação e o vigor das sementes, também pode variar de acordo com a ordem das umbelas. Umbelas de ordens superiores geralmente apresentam melhor poder germinativo; segundo Gray (1983), este fato está intimamente relacionado ao comprimento do embrião das sementes. Krarup (1977), estudando a qualidade de seme entes de diferentes ordens, observou que a germinação das sementes das umbelas primárias e secunárias foi de 86,33% e as sementes de ordens inferiores foi de 73,00%. Esse autor também observou que o tamanho do embrião foi de 1,262mm, para as sementes provenientes das umbelas primárias, de 1,196mm para as umbelas secundárias e 0,970mm para as umbelas de ordens inferiores, e que existe uma correlação positiva entre o tamanho do embrião e a porcentagem de germinação. O conhecimento destes fatores, como também a ordem de maturação das sementes nas diferentes umbelas é bastante importante no processo de colheita das sementes. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito das diferentes ordens das umbelas de cenoura, cv. Brasília, sobre a qualidade e produção de sementes, em condições do Brasil Central. MATERIAL E MÉTODOS Raízes de cenoura, cv. Brasília, foram produzidas durante o verão e colhidas aos 110 dias após a semeadura. A seguir, foram selecionadas, classificadas de acordo com o padrão da cultivar, lavadas, acondicionadas em sacos de ráfia, comumente utilizados para cebola, e tratadas. As raízes permaneceram por 10 minutos em uma solução contendo Captafol (1,0g p.a/l), Iprodione (1,0g p.a/l), Streptomicina (0,12g p.a/l), Kasugamicina (0,010g p.a/l) e Triclorfon (0,5ml p.a/l). Posteriormente, as raízes tratadas foram armazenadas em câmaras frigoríficas da CEASA-DF, a uma temperatura de 4°C e 90 a 95% de umidade relativa do ar, por um período de 30 dias. Decorrido esse período, as raízes foram levadas ao campo, 24 horas após a retirada da câmara, em 16/04/86. Usou-se delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições, em parcelas com área total de 19,2m2. O espaçamento utilizado foi de 0,80m entre linhas e 0,30m entre plantas, totalizando 80 raízes/parcela. A adubação, feita no sulco de plantio, foi de 2,0t/ha de 4-3-16 + 200kg/ha de sulfato de magnésio + 20kg/ha de sulfato de zinco + 20kg/ha de bórax. Efetuaram-se irrigações por aspersão, sendo o turno de rega de três dias até os 30 dias após o plantio e de 7 dias até o início da maturação das sementes. Foi realizada uma pulverização para o controle de pulgão (Dysaphis foeniculus Theobald). O controle de ervas daninhas foi feito manualmente através de capinas. As umbelas primárias, secundárias e terciárias foram colhidas separadamente à medida que amadureciam, sendo o início das colheitas aos 130 dias após a semeadura (aproximadamente 60 a 70 dias após o florescimento). As colheitas, totalizando cinco, foram realizadas semanalmente. Após as colheitas, as umbelas foram contadas, trilhadas e beneficiadas manualmente. Amostras de sementes foram analisadas no Laboratório de Análise de Sementes do CNPH, determinando-se o peso de 1000 sementes, o vigor (teste de primeira contagem de germinação, aos 7 dias), e a germinação (de acordo com as Regras para Análise de Sementes - Brasil, 1976). Para esses dois últimos testes foram utilizadas 4 repetições de 100 sementes. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de umbelas por planta nas três ordens estudadas foi de 1 para as umbelas primárias, 11 para as secundárias e 24 para as terciárias (Tabela 1). Esses resultados assemelham-se aos mencionados por Castro & Andrew (1971). Quanto à contribuição destas diferentes ordens de umbelas para a produção sementes, observou-se que as primárias participaram com 11,0%, as secundárias com 58,0% e as terciárias com 31,0% (Tabela 1). Os resultados referentes à qualidade das sementes nas diferentes ordens se encontram na Tabela 2. O poder germinativo e o vigor das sementes deresceram à medida que aumentava a ordem das umbelas. Verificou-se, também, correlação significativa (r = 0,64*) entre o vigor e a germinação das sementes. Quanto ao peso de 1000 sementes, a análise estatística não revelou difererença significativa entre as umbelas; entretanto, observou-se uma queda nesse peso à medida que aumentava a ordem das umbelas (Tabela 2), conforme verificaram Castro & Andrews (1971). Não houve correlação significativa entre o peso de 1000 sementes e a germinação (r = 0,20) e também entre o peso de 1000 sementes e o vigor (r = 0,50). Pelos resultados obtidos, observou-se que cerca de 69% da produção de sementes corresponderam às umbelas primárias e secundárias, sendo que as semeentes dessas umbelas apresentam uma qualidade superior às demais. Assim, para se obter uma semente de melhor qualidade, seria recomendável a colheita apenas das umbelas primárias e secundárias, apesar de ocorrer uma redução na produtividade das sementes. Por outro lado, a inclusão das sementes provenientes das umbelas de 3ª ordem no lote representa um acréscimo de aproximadamente 17% na produção de sementes viáveis. REFERÊNCIAS BRAAK, J.P. & KHO, Y.O. Some observations on the floral biology of the carrot (Daucus carota L.). Euphytica, 7:131-9, 1958. BRASIL, Ministério de Agricultura . Departamento Nacional de Produção de Vegetal. Divisão de Sementes e Mudas. Regras para análise de sementes. Brasília, 1976, 188p. CASTRO, L.A.B. de & ANDREWS, C.H. Fatores influenciando o rendimento e qualidade de sementes de cenoura (Daucus carota L.). Ar. Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro, 1(2):19-28, 1971. CASTELLANE, P. Produção de sementes de cenoura (Daucus carota L.). ln: MULLER, J.J.V. & CASALI, V.W. “Ed.” Seminários de olericultura. 2. ed., Viçosa, 1982. vol. 1, p. 36-76. GRAY, D. & STECKEL, J.R.A. Some effects of umbel order and harvest date on carrot seed variabily and seedling performance. J. Hort. Sci., 58(1):73-82, 1983. HAWTHORN, L.R.; TOOLE, E.H.; TOOLE, V.K. Yield and viability of carrot seeds as affected by position of umbel and time of harvest. Proc. Amer. Soc. Hort. Sci., 80:401-07, 1962. KRARUP, A.H.; MONTEALEGREE, J.A. & MORETTI, J.S. Producción de semilla de zanahoria, III - Rendimento, contribución y germinación de semilhas por órdenes florales. Agro. Sur., 4(2):81-7, 1976. KRARUP, A.H. & VILLANUEVA, G. Producción de semilla de zanahoria. VI - Relación entre el tamaño del embrión y el porcentage de germinación de semillas provenientes de distintos órdenes florales. Agro. Sur., 5(1):45-8, 1977. LOVETT DOUST, J. & LOUVETT DOUST, L. Life-history patterns in British Umbelliferae: a review. Bot. J. Lim. Soc., 85:179-94, 1982. NATH, P. & KALVI, T.S. Carrot seed quality as influenced by different order umbel and root and shoot treatnients. Pungas Hort. J., 9: 81- 9, 1969.
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