O Vaso Quebrado: - Parceiros da Educação

Transcrição

O Vaso Quebrado: - Parceiros da Educação
O Vaso Quebrado:
Restaurando a Aprendizagem Através da Arqueologia
E. E. I. Carlos Maximiliano Pereira dos Santos
Sala 14 / 1ª. Sessão
Professor(es) Apresentador(es):
Francisco dos Santos Cardoso
Realização:
Foco
Projeto elaborado no componente curricular de
História, dirigido ao resgate das aprendizagens dos
principais conceitos no estudo da Pré-história e da
Antiguidade, em classe com nível de proficiência baixo
(básico e abaixo do básico), e também voltado para o
resgate da autoestima de alunos com pouca motivação
para aprender.
Contexto de Aplicação
Trata-se de uma Escola de Ensino Integral situada no bairro de Vila
Madalena, habitado de forma majoritária por pessoas da classe média e
pontuado por inúmeros condomínios e edifícios de padrão elevado. A
escola atende tanto moradores próximos quanto jovens vindos de
bairros distantes e que acompanham seus pais, os quais trabalham no
bairro. Existem, portanto, alunos de condições socioeconômicas
diferenciadas freqüentando a escola.
Projeto piloto voltado especificamente para a classe do 6º ano "D",
composta inicialmente por 26 alunos classificados no nível de
proficiência abaixo do básico e com dificuldades profundas de
comunicação escrita e de aprendizagem.
Previsto para ser desenvolvido no 3º bimestre de 2015, o projeto
teve início no final do 2º bimestre e está sendo desenvolvido nos meses
de agosto e setembro. Deverá ser avaliado em meados do mês de
setembro, havendo, no entanto, ações que deverão acontecer também
no 4º bimestre para que a experiência possa ser melhor analisada pelo
professor.
Justificativa
A partir da caracterização das classes de 6º ano em
2015, consideradas homogêneas quanto ao nível de
proficiência, e da observação e avaliação ao longo do 1º
bimestre do ano letivo, confirmou-se uma profunda
necessidade de atenção e resgate da aprendizagem da
maioria dos alunos do 6º ano "D", considerado a classe
com menor condição de acompanhar os estudos da série.
Fui levado a desenvolver um projeto no componente
curricular de História exclusivamente com o 6º ano "D"
devido ao interesse demonstrado nas atividades iniciais
relacionadas à Arqueologia e ao estudo da Pré-História.
Objetivo
Superar as dificuldades de comunicação e de aprendizagem era de
necessidade urgente na classe do 6º ano "D". Resgatar a autoestima
abalada por uma classificação no nível de proficiência "abaixo do
básico" a partir de um único instrumento nivelador, se mostrou
necessário junto a esta turma de alunos. Sem negar as defasagens e as
dificuldades de aprendizagem, mas desenvolvendo as habilidades e
competências da série com autoconfiança e alegria.
Relacionar todo o conteúdo estudado no 6º ano do ciclo II, do
ensino fundamental, ao trabalho do arqueólogo e do
pesquisador/historiador, a partir do interesse dos alunos pelos eventos
do passado remoto, representado por períodos como a Pré-História e a
Antiguidade. Despertar o interesse dos alunos pela pesquisa e pela
compreensão do processo de construção do conhecimento, partindo da
análise das fontes materiais.
Desenvolvimento/ Metodologia
As etapas do projeto consistem na aquisição, no mês de junho,
dos livros norteadores do trabalho e de sensibilização dos alunos para a
leitura sobre o ofício do Arqueólogo, a entrega dos mesmos e sua leitura
nas férias de julho. Após esta etapa, durante o mês de agosto, iniciouse o jogo de buscar as peças de vasos partidos e "enterrados"
estrategicamente pelo professor em diferentes pontos da escola. Estes
deveriam ser procurados a partir de pistas entregues para as equipes de
pesquisa sorteadas previamente para serem remontados e analisados
segundo suas características físicas e possíveis utilidades na sociedade
contemporânea.
Desenvolvimento/ Metodologia
As equipes foram orientadas a registrar suas descobertas e
anotações de campo em cadernos de trabalho. As principais habilidades
visadas no desenvolvimento deste trabalho são aquelas ligadas ao
reconhecimento da importância da escrita como recurso de preservação
da memória e também como fonte histórica; diferenciar as linguagens
das fontes históricas e o desenvolvimento do espírito investigativo e a
autonomia na busca de dados e informações, além de compreender a
importância das fontes materiais para a preservação da memória e o
conhecimento das formas de organização nas sociedades primitivas e
antigas. Tais habilidades são destacadas no estudo da Pré-história e da
Antiguidade. A etapa final prevê a apresentação do processo de
trabalho de todas as equipes através da exposição de todo o material
acumulado, fotografias, depoimentos e o objeto reconstruído com suas
imperfeições e respectivas análises e classificação para a exposição
permanente de objetos do acervo da sala de História.
Recursos Utilizados
Os recursos que viabilizaram a execução do projeto foram:
1- livros sobre a Pré-história e Arqueologia adequados à faixa etária
dos alunos e adquiridos com recursos do parceiro da escola;
2- vasos de cerâmica vulgares, adquiridos com recursos da escola;
cadernos da reserva de materiais pedagógicos da escola, máquinas
fotográficas e aparelhos celulares de uso pessoal dos alunos e do
professor; Cadernos do Aluno (apostilas) impressos pela Secretaria de
Estado da Educação; Documentário em DVD "Descobrindo Ardi"
(Discovering Ardi), Primary Pictures / Dicovery Channel. EUA, 88min.
Direção: David Paul, 2009; Datashow e lousa digital; trabalho de
campo realizado no terreno da própria escola; papéis de diversos
tipos para a classificação, identificação e exposição dos objetos
reconstruídos e do trabalho realizado; fotografias impressas em
equipamento da escola e cola apropriada para a reconstrução dos
vasos; apresentação em power point de fotografias tiradas pelo
professor em exposições de cultura material em diversos museus do
mundo.
Anexos:
Livros utilizados como base informativa do projeto:
Questões geradoras:
 Para que serve o trabalho do Arqueólogo?
 Qual é o tipo de fonte mais utilizado pelo Arqueólogo?
 Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelo
Arqueólogo em seu trabalho?
 Seria possível saber muitas coisas sobre a Pré-história
se não fosse o trabalho do Arqueólogo?
 Você acha importante fazer esse projeto sobre
Arqueologia?
Entrega dos livros adquiridos com recursos do parceiro da escola:
Equipe reconstruindo o vaso quebrado:
Equipe contando os fragmentos de um vaso quebrado:
Equipe classificando e numerando os fragmentos do vaso:
Restauração do vaso quebrado:
Classificação dos fragmentos de um vaso
Restauração do vaso “com significado”:
Resultados
Os resultados verificados até o momento demonstram que os alunos estão
mais motivados a estudar História e realizando melhor as atividades propostas
nas aulas. Paralelamente, no desenvolvimento do projeto, é inegável a alegria e
o envolvimento de todos, atentando para o aspecto da solidariedade e da
cooperação que tem aproximado mais aqueles que se relacionavam de maneira
violenta e agressiva. O desempenho da classe melhorou como mostram os
resultados do 2º bimestre e, acredito, se repetirá no 3º bimestre, ainda em
andamento. Especificamente quanto ao resultado do projeto será necessário
aguardar o seu término para que uma avaliação sobre os conteúdos e conceitos
seja aplicada. A maior dificuldade encontrada foi no sentido de sensibilizar as
demais turmas quanto ao caráter pioneiro do projeto e que este deveria ser
desenvolvido somente com uma turma devido à sua complexidade, mas que
outras ações seriam desenvolvidas com as demais turmas, visando sanar
aspectos específicos de cada uma. Quanto à classe envolvida, o 6º ano "D", foi
difícil esclarecer que a condição para que o projeto acontecesse seria a leitura
de dois livros por todos os alunos, pois, apesar do aspecto lúdico dos trabalhos,
tratava-se de uma sequência de atividades visando ao desenvolvimento de
todos os envolvidos.
Conclusões
Considero um acerto a decisão de desenvolver o projeto "O Vaso Quebrado"
com apenas uma turma de alunos, pois perderíamos toda a sua riqueza ao
tentar atender todas as quatro classes de 6º ano. A escolha da classe com
menor nível de proficiência também foi um acerto pois o projeto foi pensado
para aquelas pessoas que, em minha opinião, são vistas e tratadas pelos outros
como "casos perdidos", vasos quebrados, de fato, que já não servem aos
propósitos dos sistemas educacionais competitivos nos quais estamos inseridos.
Acredito na necessidade do resgate da autoestima para criar condições
generosas de aprendizagem em qualquer situação. Se nós valorizamos a
existência e a relevância de vasos quebrados para o estudo da História, faz-se
necessário também valorizar as memórias vivas que são os alunos, em qualquer
nível de proficiência, para que eles se lembrem futuramente de tudo o que nós,
professores, e a Escola representaram em suas vidas. Até aqui os resultados se
tornam cada vez mais positivos, mas esta é uma história que só terminará
quando o último caco for encontrado, restaurado e colocado em seu devido
lugar.
Referências:
DE FILIPPO, Raphaël. A arqueologia passo a passo (ilustrações de Roland
Garrigue) São Paulo: Claroenigma, 2011.
SWINNEN, Colette. A Pré-história passo a passo (ilustrações de Loïc Méhée) São
Paulo: Claroenigma, 2010.
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