Jun 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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Jun 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
1 jun-jul/10 ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 16 – JUNHO/JULHO 2010 jun-jul/10 2 O ARCO JORNAL é o veículo informativo da ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159 Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefone: 53 3242.8422 Fax: 53 3242.9522 e-mail: [email protected] home page: www.arcoovinos.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Afonso Schwab 1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos 2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira Filho 1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa 2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa 1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares 2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia CONSELHO FISCAL Titulares Carlos Alberto Teixeira Ruy Armando Gessinger Leonardo Rohrsetzer de Leon Suplentes Emanoel da Silva Biscarde Joel Rodrigues Bitar da Cunha Fabrício Wollmann Willke SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O. Superintendente Francisco José Perelló Medeiros Superintendente Substituto Edemundo Ferreira Gressler CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO Presidente: Fabrício Wollmann Willke SUPERVISOR ADMINISTRATIVO Paulo Sérgio Soares GERENTE ADMINISTRATIVO Bismar Augusto Azevedo Soares ARCO JORNAL Coordenação Geral Agropress Agência de Comunicação Edição Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda Jornalista responsável Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03 Diagramação Nicolau Balaszow Colaborador Luca Risi Fotografia Banco de Imagens ARCO e Divulgação Departamento Comercial Gianna Corrêa Soccol [email protected] Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782 A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte. Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] Foto de Capa: Nelson Moreira/Agropress D Dez milhões de consumidores emanda maior que consumo. Consultas constantes para fornecimento ao mercado externo. Aumento de poder aquisitivo e ascensão financeira de classes sociais com o consequente aumento de consumo de alimentos. Existe cenário melhor que este para qualquer segmento da economia? Pois é justamente esta a situação atual da ovinocultura no Brasil. Já há algum tempo o País tem maior procura pelos produtos ovinos que possibilidade de oferta para atender as encomendas do mercado. E isto acontece não só para o consumo de carne, mas a pele, a lã e agora o leite. Portanto, chegamos ao patamar ideal para o agronegócio ovino, e podemos agora somente administrar os processos de comercialização, de concorrência entre produtos e todas as técnicas de vendas que se conhecem até hoje. Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, devemos dizer que seria ótimo SE (e infelizmente temos que colocar esta condicional) tudo isto estivesse funcionando as mil maravilhas. Todos que atuam nesta atividade sabem que nosso rebanho é de apenas 16 milhões de cabeças. E que por conta disto não conseguimos atender nem 50% do consumo interno de carne ovina, tendo que importar (gastando divisas) o restante de outros países, principalmente o Uruguai. Também não temos a produção de peles suficientes para o consumo interno. Na realidade até podemos ter, mas teremos que lutar contra o abate informal, que geralmente carrega estas peles para o lixo ou qualquer outro destino que não os curtumes. Na lã temos mantido uma produção anual em torno de 10 a 11 mil toneladas o que também não nos permite auto-suficiência. E o leite em si, está no início do processo de formação de mercado, mas já tem conquistado boas referências nos consumidores, principalmente através dos produtos industrializados, como o queijo ou o iogurte. A primeira vista ou leitura parece que estou pintando um quadro pessimista de quem acha que tudo vai mal em nossa atividade. Mas em realidade, apenas estou expondo a situação atual em que nos encontramos. O interesse de consumir os produtos advindos do ovino está maior que a capacidade de “fabricação” dos mesmos. Algumas pessoas poderiam até pensar ou mesmo dizer que não é ruim termos maior procura que oferta, pois assim, temos maior preço nos produtos. Em alguns casos até temos, em outros não. E, na verdade, se temos maior preço, esta diferença não está HUMOR Editorial chegando na mão do produtor e sim, ficando em algum dos elos do sistema produtivo. E mais, quando temos maior preço, como sei que acontece em certos supermercados em relação à carne ovina, acaba por inibir o consumo, pois o valor fica até proibitivo para o consumo em maior escala. E neste caewso cabe até uma pergunta para uma reflexão; o que queremos com o nosso produto ou mesmo trabalho. Produzir algo para nicho de mercado ou para consumo em grande escala? Vou deixar esta pergunta no ar porque em realidade, na minha opinião, o que precisamos olhar, neste momento é justamente esta fantástica oportunidade de mercado que se apresenta em nossa frente, para o nosso negócio que é ovinocultura. Quando falei que temos maior demanda que produção e a entrada de novos consumidores no mercado de alimentos, estou definindo um número diante da atual população brasileira. Pegando aleatoriamente partes de cada classe social brasileira que possam se interessar em consumir os produtos ovinos. Imaginemos então que eles somem 10 milhões de consumidores. Quantos cordeiros precisaríamos produzir e entregar mensalmente para que eles possam consumir carne ovina ao menos uma vez por semana, ou sapatos com couro que venham da pele ou produtos que tenham lã ou um queijo para acompanhar um vinho? Já fizeram esta conta? E já perceberam que se produzirmos o volume necessário para atender a esta demanda, ela tende a crescer ainda mais e o processo vai exigir mais animais, mais criadores, mais investimento em genética e vai gerar mais renda para nós? O mais interessante nisto tudo é que não estou falando de algo remoto, de algo que poderia ser e que precisamos lutar para que aconteça. Estou falando de algo que está aí, nas nossas porteiras, gritando em alto e bom som. Algo que se chama mercado consumidor e que está ávido pelos nossos produtos. Sei que este é um assunto que se fala muito em todos os encontros de ovinocultores. Que ficam “batendo cabeça” para encontrar um caminho. Neste momento eu gostaria mais é de deixar uma nova provocação perguntando quanto tempo mais deixaremos o mercado esperando? Quando que realmente todos os produtores irão se unir para agir em conjunto no sentido de dar um retorno aos anseios do Sr Mercado? Percebam que estamos numa situação que não precisamos mais discutir se existe consumo e sim, discutir (por pouco tempo) para determinar formas práticas e de fácil execução, de atender a esta demanda que se hoje já é grande, amanhã será enorme? E então, quanto tempo mais ficaremos olhando o cavalo encilhado passar nas nossas porteiras? Paulo Schwab - Presidente da ARCO EXAME PRÉ-NATAL DA OVELHA 3 jun-jul/10 Entrevista Preservando a história genética da ovinocultura brasileira Foto: Horst Knak/Agência Ciranda Criado com a função de cadastrar e preservar os registros genealógicos de todo o rebanho ovino brasileiro, o Serviço de Registro Genealógico de Ovinos, SRGO, existe há quase 70 anos. De uma certa forma é um setor que com o seu trabalho vem preservando a historia da genética ovina no Brasil. Atualmente tem na superintendência Francisco José Perelló de Medeiros, mais conhecido por Perelló. Perelló: investimentos garantem atualização permanente do SRGO ARCO Jornal - O que é o SRGO? Francisco José Perelló de Medeiros - A sigla SRGO significa Serviço de Registro Genealógico de Ovinos ARCO Jornal - Qual a função do Setor? Perelló - A função do Serviço é manter o Registro Genealógico de todas as raças ovinas em todo o Brasil. ARCO Jornal - Porque ele está ligado à ARCO? Perelló - Porque a ARCO é delegada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para a execução e manutenção do S.R.G.O. ARCO Jornal - Poderia ser um órgão independente? Perelló - Não poderia ser um órgão independente, visto que o MAPA delegou para a ARCO a sua execução. ARCO Jornal - Nos últimos anos o SRGO tem recebido significativos investimentos para modernizar sua forma de atuação. Quais são estes investimentos - em que áreas estão sendo realizados? Perelló - A ARCO tem investido significativamente para modernizar o SRGO. Recentemente inseriu um novo programa de registro, agilizando o mesmo e proporcionando aos associados pesquisa no registro de seus planteis e protocolo. ARCO Jornal - Da mesma forma há investimentos no aperfeiçoamento dos inspetores técnicos. De que forma é feito este investimento? Perelló - A ARCO anualmente investe no aperfeiçoamento dos Inspetores Técnicos, através de Reuniões Técnicas Regionais e Nacionais onde são revisados e uniformizados critérios de procedimentos, proporcionando a oportunidade de pronunciamento dos técnicos, realizando palestras sobre assunto técnico, científicos relacionados a ovinocultura. ARCO Jornal - Quantos Inspetores Técnicos estão credenciados hoje? Perelló - A ARCO conta com 112 Inspetores Técnicos credenciados prestando serviço de registro em todo Brasil. ARCO Jornal - Mesmo com os processos de modernização para a realização dos registros genealógicos parece que ainda ocorrem falhas nos preenchimentos dos papéis. Quais são as mais freqüentes? Perelló - O ocorrem muitas falhas e erros nos preenchimento de documentos de registro, por exemplo: a) Notificação de Cobertura: não informando período de duração, não especificando completamente os reprodutores, notificando coberturas de raças PO e RGB no mesmo documento, rasuras. b) Notificação de nascimento: incompletas informando produtos de TE, monta natural e inseminação artificiais no mesmo documento, informando nascimento de PO e RGB no mesmo documento, rasuras. c) Relatório Genealógico de Embriões, Relatório de I.A. e Relatório de Colheita, Congelamento e Transferência de Embriões, mal preenchidos, faltando informações, sem assinatura do veterinário responsável, sem assinatura do criador. d) Notificação de Cobertura, Nascimento, Inseminação em atraso. e) Documentos sem assinatura do emitente. O associado deve utilizar sempre os formulários específicos e oficiais da ARCO, proporcionados no site da ARCO, nos talões fornecidos pela ARCO e ou no Relatório Anual de Existência. ARCO Jornal - Qual a razão para eles ainda acontecerem? Perelló - A principal razão talvez seja o fato do associado desconhecer o Regulamento de Serviço de Registro Genealógico, disponível no site da ARCO, ou mesmo por não consultar o Setor de Registro da ARCO. ARCO Jornal - O que ocorre quando um documento não vem corretamente? Perelló - Quando um documento não está corretamente preenchido, é devolvido ao associado anexado a uma correspondência explicando o motivo da devolução. ARCO Jornal - As novas tecnologias de fertilização, ou coleta de DNA, promovem mudanças no setor de registros? Perelló - Atualmente o programa de registro está atualizado para os procedimentos relacionados as novas tecnologias. ARCO Jornal - Quais as medidas que a ARCO está tomando para evitar fraudes no registro genealógico de animais? Perelló - A ARCO está utilizando todas as técnicas modernas para evitar fraudes no registro genealógico, valendo-se principalmente das comprovações de parentesco atreves do teste de DNA. • Livro avalia mercado externo ARCO E MDIC lançam estudo sobre o mercado externo de produtos derivados da ovinocaprinocultura O mercado consumidor internacional é marcado por algumas tendências que devem ser observadas por quem quer atingi-lo: segurança alimentar, respeito ao ambiente e aos animais, saúde e bem-estar dos consumidores, rastreabilidade do pasto ao prato, entre outras medidas. Resultado de Arnaldo Vieira Filho um encaminhamento feito pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA, foi lançado no dia 29 de junho, em Brasília, o livro que contém um estudo sobre o mercado externo de produtos derivados da ovinocaprinocultura. O objetivo da publicação é analisar o fluxo internacional da carne ovina e caprina e as oportunidades de negócios para o Brasil. Conforme explica o vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, Arnaldo Vieira Filho, que participou deste trabalho pela ARCO e ASPACO, há muito tempo havia a necessidade de conhecer o mercado externo e o potencial para os produtos brasileiros deste segmento. “Agora podemos ter um norte de como nos prepararmos para conquistar consumidores em outros países”, assinala o dirigente. Ele acrescenta que este estudo só foi possível graças à proposta da Câmara Setorial, que através de um grupo de trabalho coordenou os andamentos do convênio da ARCO junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Este trabalho estará disponível no site das entidades participantes e outras afins. “Estamos envolvidos em um outro estudo que mostrará todo o complexo da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura do Brasil”, finaliza. jun-jul/10 4 Notícias da ARCO Técnicos do Paraná lançam cartilha Bagé sedia 2º Encontro sobre Controle de Parasitose Nacional de Técnicos da ARCO Evento com uma semana de duração reuniu mais de 100 inspetores técnicos da Associação P or determinação do Ministério da Agricultura, toda entidade que administra o Registro Genealógico de Raça precisa manter os seus inspetores técnicos atualizados sobre os padrões raciais e outras determinações. Seguindo esta orientação, a ARCO promove o 2º Encontro Nacional dos Inspetores Técnicos, entre 21 e 25 de junho, em Bagé, RS, com a presença de mais de 100 profissionais de todo o País. Ao longo da semana, assistiram a palestras técnicas e realizaram trabalhos a campo. O primeiro encontro foi realizado em Avaré, SP, em 2008. No ano passado, informa o Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Ovino, (SRGO), Francisco José Perelló de Medeiros, a opção foi por eventos regionais, reunindo os técnicos por regiões brasileiras. “Agora voltamos a este modelo porque os próprios técnicos se beneficiam com o contato entre todos, pois podem trocar experiências e vivências de campo. É uma forma muito dinâmica de aprendizado”, entende Perelló. Temas como padrões raciais, novas instruções normativas, DNA vão estiveram na pauta deste encontro. (Cobertura completa na próxima edição) APECCO elege nova diretoria para o biênio 2010/2011 A Associação Pernambucana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (APECCO) elegeu, neste mês, a sua diretoria para o biênio 2010/2011. Foram escolhidos novos titulares para os cargos de presidente, vice-presidente, diretor-administrativo e seu vice, diretor financeiro e seu vice. Além desses cargos, também foram denominados os integrantes dos conselhos fiscal eletivo e suplente e dos conselhos consultivo e suplente. Por fim, a eleição definiu o nome da nova superintendente técnica da APECCO. Localizada no bairro do Cordeiro, no Recife, a associação tem como objetivo defender os interesses dos criadores de caprinos e ovinos do estado e fortalecer a atividade da ovino-caprinocultura em todo o território pernambucano. Diretoria APECCO - Biênio 2010/2011 - Presidente: Gidalte Magalhães de Almeida - Vice-Presidente: Luiz Abel de Albuquerque Arruda - Diretor Administrativo: Carlos Henrique de Mendonça ereira - Vice-Diretor Administrativo: Amílcar Bastos Falcão - Diretor Financeiro: Aluisio de Freiras Almeida - Vice-Diretor Financeiro: Lais Monte Teixeira Cavalcanti - Conselho Fiscal Efetivo: Luis Esberard Beltrão, José Nilto da Silva, Francisco Xavier de Morais Filho - Conselho Fiscal Suplente: José Flávio Chaves Barbosa, Luciano Dubeaux Monte, Alcides Vieira de Azevedo Bezerra - Conselho Consultivo Efetivo: André Luiz da Silva Chaves Dodô, José Marcos de Lima, Luis Costa Coelho Malta, Paulo Roberto Rabelo Pires, Antônio Valadares de Souza Neto - Conselho Consultivo Suplente: Adauto Heráclio Duarte Filho, Joan Jonas de Siqueira, Manasses de Melo Rodrigues. Superintendente Técnica: Rozangela Maria Lopes Ferreira. • Com o objetivo de disciplinar procedimentos técnicos no controle a Parasitose Ovina e Caprina, um grupo de técnicos do Paraná, teve a iniciativa de escrever um manual técnico denominado de “Parasitoses Gastrintestinais dos Ovinos e Caprinos”, abrindo para contribuição de mais técnicos de renome do Brasil, propiciando à classe produtora um conjunto de práticas, que irão permitir um eficaz controle dos Parasitos. Como é sabido este tema tem tido muitas abordagens e procedimentos na maioria das vezes não sustentáveis sobre o prisma técnico, propiciando um ambiente de resistência parasitaria nos animais, pela prática indevida principalmente no uso dos anti-parasitários. Segundo Cezar Amin Pasqualin , Médi- co Veterinário do Instituto EMATER do Paraná que é um dos responsáveis pela elaboração do manual técnico, esta é uma forma de valorização do saber hospedado em diferentes locais de pesquisa sobre o tema Parasitose, aglutinando as informações e disponibilizandoas democraticamente a todo o segmento produtivo. Pasqualin ressalta que faz parte do projeto a realização de cursos de duração de capacitação no tema, com duração de 12 horas, sendo 8h de aula teórica e 4h de aula prática. “Até o momento já foram treinadas cerca de 420 pessoas em todo o estado do Paraná”, salienta o veterinário, acrescentando que o foco principal do curso é o uso do método Famacha e a distribuição da cartela original aos participantes. Programa de Expansão em Toledo, PR O município de Toledo, oeste do Paraná, conta com o Programa de Expansão da Ovinocultura, iniciativa e coordenação da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento da cidade e organizado pelo médico veterinário Alexandre Emmel Garcia, atendendo inicialmente 58 produtores rurais, como estímulo da diversificação para ampliar a renda do setor. O programa prevê o fornecimento de 1.160 matrizes comerciais e mais 58 reprodutores PO aos criadores. “A carne dos cordeiros abatidos, de 4 a 5 meses, irá se somar ao cardápio de cinco restaurantes populares e à merenda escolar das escolas municipais”, informa Alexandre Garcia. O objetivo é que o produtor aumente o número de matrizes, sempre respeitando os limites de lotação das propriedades. “Como contrapartida, durante os 8 anos que se seguirem o produtor irá devolver 20 fêmeas, que serão repassadas aos novos produtores que estarão ingressando no programa”, destaca o veterinário. Haverá um rigoroso monitoramento através de índices zootécnicos e os produtores seguirão os procedimentos de manejo, conforme orientação da coordenação do programa, que traz uma novidade, pois quer atender produtores que já estão na atividade e os que nunca trabalharam com ovinos. “Para que ocorra o rendimento esperado, já estão acontecendo cursos, palestras, dias de campo e outros treinamentos, com a finalidade de repassar as técnicas de manejo e, com isso, se obter o lucro esperado e também para que se estimulem aos outros pecuaristas a entrarem na atividade”, enfatiza Garcia. Os cordeiros serão abatidos no Frigorífico Municipal, construído com verbas municipais, estaduais e federais. Um dos pontos que mais chama a atenção no Programa é o fato de que o preço das refeições servidas nos restaurantes populares não passará dos R$ 1,50. “A população da região poderá comer carne de cordeiro de qualidade por um preço acessível”, comemora Garcia. 5 jun-jul/10 Parto difícil Reportagem Inúmeras pesquisas já foram realizadas quando o tema refere-se aos cuidados na hora da parição de ovinos. Mas as técnicas de manejo correntes têm sido aplicadas adequadamente? E a observação e o acompanhamento têm acontecido? O criador conhece de fato o seu rebanho de matrizes? Não é à toa que o pecuarista busca conhecer o significado da eficiência reprodutiva dos ovinos, a “galinha dos ovos de ouro”, que precisa estar na ponta do lápis na hora de contabilizar os resultados. Quanto maiores e melhores os cuidados com as parições, maior e melhor será a conta final. C Foto: Embrapa Nicolau Balaszow Se o cordeiro não receber colostro nas primeiros horas de vida, deve ser suplementado onsiderando que as ovelhas venham recebendo um bom manejo, estado nutricional correto e adequado tratamento sanitário, elas podem estar férteis e prontas para o primeiro acasalamento entre dezembro e abril. E a expectativa é produzir de 1 a 2 cordeiros por ano e repetir a cria no ano seguinte. As fêmeas podem entrar em puberdade entre 4 e 8 meses de idade, com 25 a 35 kg de peso vivo. Portanto, o primeiro cio fértil de uma cordeira ocorre antes que tenha completado o seu desenvolvimento corporal. Por isso, é necessária a separação por sexo a partir dos quatro meses de idade para impedir que coberturas indesejáveis venham a ocorrer e comprometam a evolução da fêmea. Estas mesmas fêmeas devem ser descartadas aos seis anos de idade ou após 6 a 7 partos durante a sua vida reprodutiva. Na chegada do parto, a ovelha mostra alterações no comportamento: inquietação, andar em círculos, abaixar-se e levantar-se seguidamente. O tempo até o parto após essas mudanças comportamentais é breve. Ainda dois fenômenos são identificados e que trazem benefícios aos cordeiros, um é a busca de proteção e o outro é o isolamento. O isolamento da ovelha ao pré-parto tem sido registrado em várias raças, no entanto existem diferenças ao maior ou menor isolamento. Muitas vezes a tosquia pré-parto é utilizada justamente para encorajar a busca de proteção dos cordeiros no momento do parto, e alguns trabalhos têm identificado que quando sujeitas ao estresse pelo frio depois da tosquia, ovelhas ao pré-parto procuram mais por abrigo. No entendimento do médico veterinário e pesquisador da Embrapa, José Carlos Ferrugem Moraes, a limpeza da região da vulva e do úbere é uma prática acertada antes do parto, sempre que as ovelhas estejam com Nos três primeiros meses de gestação, embora a exigência do feto ainda seja pequena, a borrega deve ser acompanhada cuidadosamente, assim como seu desenvolvimento corporal, que deve ser avaliado constantemente, opina o zootecnista e professor da Universidade Federal de Lavras (MG), Juan Ramon Olalquiaga Perez. “Nesta fase, ainda é possível ajustar a condição corporal da borrega, que deve estar, numa classificação de 1 a 5, entre 2 e 3. Se estiver obesa, convém uma ligeira restrição para deixá-la em um estado de carne satisfatório. Se estiver excessivamente enxuta, deve-se fornecer uma suplementação adicional para melhorar sua condição”, descreve. O fornecimento alimentar deve ser na forma de forragem verde, feno ou silagem, em quantidade suficiente para que haja uma sobra de pelo menos 20%. “O concentrado deve ser fornecido desde o início da gesta- ção, em média de 200 a 300 g/animal/dia, dependendo do tamanho da raça, e disponibilizar água e mistura mineral completa, para que, se possível, a borrega aumente de peso. Na prática, é aconselhável fornecer um concentrado que contenha de 13% a 14% de proteína bruta”, destaca Perez. No terço final da primeira gestação, a situação torna-se mais delicada: a capacidade de ingestão de alimentos das borregas ainda não é máxima e o maior crescimento do feto, Manejo alimentar da ovelha gestante mais de seis meses de lã. “Isso vai facilitar o parto e o acesso do cordeiro ao úbere para mamar o colostro nas primeiras horas do nascimento. Além disso, um mês antes da parição, como recomendação adicional, o rebanho deve ser vacinado contra clostridioses, aproveitando a oportunidade para uma revisão dos cascos”, recomenda. Deve ser feita uma suplementação energética cerca de quinze dias antes do parto, que resulta em maior produção de colostro pela ovelha e menor mortalidade de cordeiros. A mortalidade, aliás, é o principal ponto de estrangulamento da produção de ovinos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, as perdas anotadas são em média de 25%, variando entre 15% e 45%. “As causas são múltiplas, daí dificilmente a solução pode vir de uma simples prática; as soluções são simples e conhecidas, mas demanda intensificação no cuidado com os rebanhos”, constata Moraes. Assim, salienta-se a importância do controle da reprodução prévio ao momento da parição e o uso de períodos definidos de acasalamento com controle das montas, pois é indispensável para o uso adequado das recomendações mencionadas. “O sistema de controle utilizando os coletes marcadores, ou mesmo marcação com tinta no peito dos carneiros vem sendo divulgado pela Embrapa Pecuária Sul desde o final da década de 80. Sua utilização permite que o criador de ovinos identifique suas ovelhas mais férteis, as que não ficaram prenhas e, também as prováveis datas dos partos, para a execução das outras práticas recomendadas”, reforça o pesquisador. Geralmente, explica, a mortalidade de cordeiros fracos nascidos no período frio decorre da dificuldade de os recém-nascidos se alimentarem nas primeiras horas após o nascimento. • que passa a ocupar espaço, diminui ainda mais a capacidade de ingestão, enquanto aumenta a demanda por nutrientes. Além disso, a borrega ainda tem as exigências para manter seu próprio desenvolvimento, pois ainda está na fase de crescimento. A introdução de feno e concentrados extras nesta fase deve começar por volta dos 90 dias de gestação ou, no mínimo, com 15 dias antes da parição, para compensar a diminuição do consumo alimentar. • >>> jun-jul/10 6 Reportagem Como estimular a ligação entre mãe e filhote O período para a formação do laço entre mãe e filho em ovinos é menor que 5 horas. Depois disso, se não houver contato, há um rápido declínio no interesse materno pelo filhote com aumento de comportamento agressivo contra ele. O vínculo entre mãe e filhote pode ser maximizado por práticas de manejo, como: - Estratégias ótimas de alimentação durante a gestação e o parto, que não só melhoram o peso do cordeiro, como influenciam a qualidade do comportamento materno; - A permanência no local do parto por no mínimo 6 horas, onde ocorre o processo de ligação da mãe com o filhote; devendo evitar nesse período algumas práticas de manejo como, por exemplo, pesagem e identificação. A habilidade para identificar seu filhote em relação aos outros depende do odor do cordeiro, em geral na área anal-genital. Já a habilidade de o cordeiro reconhecer sua mãe desenvolve-se rapidamente na primeira semana de vida, principal- mente pela visão. Comportamento materno Para a zootecnista Camila Raineri, os momentos próximos ao parto são os mais críticos no ciclo produtivo da ovinocultura, determinante para a sobrevivência dos cordeiros recém-nascidos, e portanto para a definição dos custos de produção e disponibilidade do cordeiro para a venda. “Os cordeiros nascem bastante frágeis, com poucos tecidos de reserva e muito dependentes da nutrição e proteção maternas”, reforça. Um fator decisivo para o sucesso do neonato é a rapidez com que fica em pé e consegue mamar pela primeira vez. Sendo o cordeiro uma criatura tão sensível, cabe à sua mãe um papel de destaque: nutri-lo adequadamente, protegê-lo e promover um ambiente adequado. “Para uma reprodutora ser eficiente, não basta parir vários cordeiros ao ano, é necessário que eles cheguem vivos e fortes ao desmame, com o mínimo de intervenção humana”, diz. Isto ANUNCIO OUTRA CABANHA acontece particularmente em sistemas extensivos de criação ou em rebanhos muito grandes, tanto pelo aspecto prático quanto pelo econômico. O comportamento da ovelha antes, durante e após o parto tem grande influência sobre a sobrevivência do cordeiro. A visão e audição no reconhecimento materno variam de acordo com a raça, porém o olfato é importantíssimo para a formação do laço inicial com o filhote. É decisivo que a mãe coopere com as tentativas de mamar do cordeiro, não apresentando agressão ou abandono. A facilitação da mamada pela ovelha é realizada adotando-se uma posição de dorso arqueado e pernas traseiras estendidas, que levanta os tetos e os torna mais proeminentes. “Dois fatores que afetam direto e negativamente a sobrevivência dos cordeiros, explica Camila, são o abandono e o interesse materno por outros cordeiros durante o pré-parto”. Cordeiros abandonados pela mãe demoram mais tempo para mamar pela primeira vez, ou não encontram uma ovelha que os aceite. A ocorrência de abandono de crias pode decorrer do manejo incorreto, como ovelhas muito magras ao parto, altas lotações na instalação, transporte no pré-parto. Demonstrações de abandono e agressão são mais comuns também em mães de gêmeos, que parecem não reconhecer que possuem mais de um cordeiro, e em borregas. Ovelhas em pré-parto frequentemente se aproximam, farejam e permanecem próximos aos recém-nascidos de outras fêmeas. Este comportamento reflete as mudanças fisiológicas que ocorrem no final de gestação e é normal. O interesse pré-natal da ovelha por outros neonatos pode resultar na aceitação de um ou mais cordeiros estranhos, que podem ser “roubados” de suas mães biológicas. “Esta ocorrência não é necessariamente prejudicial para o neonato adotado, já que a produção de leite da ovelha já se encontra avançada; no entanto, as chances de sobrevivência do seu próprio cordeiro serão reduzidas pela possibilidade de rejeição ou por não haver mais colostro disponível”, destaca a zootecnista que se apóia em pesquisas que informam ser este comportamento responsável por 10% a 34% das mortes de neonatos. >>> Preparação para a parição Os preparativos antes da parição são decisivos e podem evitar perdas tanto de cordeiros como das ovelhas. Nesta ocasião, manejos simples possibilitam um rebanho sadio, com vigor para criar e já preparado para a próxima estação de acasalamento ou inseminação. Os procedimentos básicos a serem seguidos estão descritos a seguir. Descole da ovelha Favorece o acesso do cordeiro ao úbere. Permite uma maior higiene e reduz a incidência de bicheira na região vulvar. A limpeza dos olhos - desolhe - é outra operação que pode ser feita junto ao descole. Exame de úbere Permite, em muitos casos, junto com a aparência externa da ovelha, distinguir uma ovelha prenhe de uma falhada. Separar as ovelhas falhadas e colocá-las junto com outras categorias de animais, permite manter as ovelhas que vão parir mais “folgadas” e receberem melhor controle durante o período de parição. Durante este exame, podem ser separadas também, as ovelhas prenhes com “tetas cegas” ou defeitos graves no úbere, que dificultam o aleitamento. Realizar uma melhor supervisão destes animais durante a parição e faça o posterior descarte do rebanho. Dosificação É uma medida estratégica para reduzir a infestação parasitária nas pastagens, no momento em que os cordeiros começam a ingerir pasto. A postura de ovos de parasitos tende a ser maior nas ovelhas durante a parição, favo- recendo a contaminação dos cordeiros. Após a dosificação, é recomendável deixar os animais “presos” na mangueira durante umas 8 horas, para permitir a esterilização dos ovos, evitando-se assim, a recontaminação do pasto. Vacinação Aplicar a vacina mista contra gangrena gasosa e carbúnculo sintomático. Evitar o “stress” dos animais, apartes e manejo em geral. Preparação do ambiente Reservar os melhores potreiros, com pasto suficiente e água, bem abrigados e de fácil acesso para que as ovelhas sejam revisadas diariamente. Durante o período de parição é preferível “apertar” nos potreiros as outras categorias de animais, em favor das ovelhas que vão parir. A prática de deixar os potreiros de parição “em descanso” pelo menos dois meses sem ovinos, permite uma melhor disponibilidade de forrageiras e a utilização de uma lotação mais alta, facilitando o controle das ovelhas durante a parição. Provisão de abrigo Prover cortinas de gramíneas ou bosques de abrigo que protejam a maior parte do potreiro, pois a ovelha tende a isolar-se no momento de parir. Os bosques atuam como protetores do vento, diminuindo os efeitos climáticos e fazendo com que os cordeiros suportem melhor as baixas temperaturas. Estes bosques também protegerão as ovelhas recém tosquiadas, diminuindo as possibilidades de mortandade de ovelhas frente a adversidades climáticas. Fonte: Embrapa Pecuária Sul 7 jun-jul/10 Reportagem Cuidado! O cordeiro pode morrer de frio Fotos: João Guilherme Peres deiro encarangado. Quando for usado colostro congelado, este deve ser descongelado colocando o frasco em um recipiente com água fervente, agitando periodicamente até que descongele e que o colostro fique morno para ser fornecido ao cordeiro. Não descongelar em banho-maria no fogão, pois se o colostro passar de 56 graus de temperatura os anticorpos presentes serão inativados. Um lembrete importante é que cada cordeiro deve receber pelo menos 30 ml por quilo de peso vivo nas primeiras 6 horas de vida, caso não se tenha certeza que ele tenha mamado esta quantidade, administrar para garantir a transferência de imunidade para o animal. O cordeiro precisa mamar na mãe por conta própria A mortalidade de cordeiros após o parto é um dos grandes gargalos da ovinocultura e quase sempre se resolve após a primeira mamada A mortalidade perinatal de cordeiros ainda é um dos grandes gargalos na produção ovina em condições extensivas de criação. Alguns estudos apontam o complexo inanição-exposição (inabilidade de mamar acompanhada de frio e/ou chuva) como responsável por 40% a 80% das perdas de cordeiros. Mesmo em rebanhos em bom estado nutricional acontecem casos de cordeiros hipotérmicos (encarangados), em função das condições climáticas adversas e variações no parto, tais como: idade da mãe, distocia e peso do cordeiro ao nascer. Especificamente quanto a essa questão, diz Moraes, “a recomendação básica é que o produtor concentre sua atenção na data mais provável de início dos partos para intensificar os cuidados com as ovelhas prenhes. Assim, revisar as ovelhas duas vezes por dia durante o período de parição pode contribuir para uma melhoria da taxa de cordeiros desmamados.” As condições climáticas adversas onde as maiores mortalidades ocorreram são em dias com alta precipitação, baixas temperaturas e vento. Equipamentos necessários para salvar o cordeiro O procedimento a ser tomado quando o pecuarista se depara com um caso de hipotermia varia de acordo com a condição e a idade do cordeiro.”Portanto, é importante que o pessoal que vai atender o rebanho durante a parição, além de estar capacitado para auxiliar os animais, também tenha disponível o material necessário para o auxílio”, orienta o pesquisador. “O ponto chave é o uso do termômetro clínico, já que em função da temperatura re- tal e da idade do cordeiro será definido pelo pessoal que assiste a parição o que fazer em cada caso”, esclarece Moraes. Quando o cordeiro tem baixa temperatura corporal, a regra geral para ser usada na prática é que cordeiros mais velhos e que não suportam o peso da cabeça devem receber uma injeção intraperitoneal de glicose a 20% antes de serem aquecidos; cordeiros que ainda suportam o peso da cabeça e que estão levemente hipotérmicos ou tem menos de 5 horas de vida devem receber alimentação por sonda estomacal. “Quando for necessária a aplicação intraperitoneal de solução injetável de glicose a 20%, esta deve ser aplicada no volume de 10 ml para cada quilo de cordeiro. Por exemplo, um cordeiro de 3,5 kg que foi encontrado encarangado, parido há mais de 6 horas e que não consegue aguentar o peso da cabeça, deve receber uma injeção de 35 ml de glicose a 20% antes de ser seco e aquecido”, orienta. O pesquisador explica que quando for necessário utilizar a sonda estomacal deve ser considerada a idade do cordeiro, pois animais com até um dia de vida e especialmente os com menos de 5 horas de vida devem receber colostro. Para tanto é importante que se crie um banco de colostro congelado para atender estes animais. O colostro para o banco deve ser colhido de ovelhas que tenham perdido seus cordeiros ou das ovelhas que pariram e que tenham produzido excedente de colostro após atender sua cria. Os cuidados para aquecer o colostro Outra alternativa, segundo Moraes, é recolher o colostro da própria mãe do cor- Após o atendimento, o cordeiro deve retornar para sua mãe. Entretanto, antes é importante se assegurar que ele está em condições de mamar por conta própria. Às vezes o estado inicial do cordeiro é tão debilitado que pode demorar até que este tenha condições de mamar naturalmente e a ligação entre a mãe e o cordeiro pode ficar comprometida. Portanto é importante garantir que a ovelha ainda aceite seu cordeiro. Caso ela o rejeite, pode ser tentada sua adoção, senão ele terá que ser aleitado artificialmente. Caso a opção seja por criar o cordeiro guacho, fornecer pelo menos 120 ml de leite de vaca para cada quilo vivo de cordeiro em pelo menos três mamadas diárias com intervalos regulares. O uso de leite em pó para terneiros não é recomendado devido ao conteúdo de cobre destes sucedâneos do leite e que pode ser tóxico para os cordeiros. Outro fator a ser lembrado é que o leite de vaca não deve ser diluído para ser oferecido aos cordeiros, inclusive o leite de ovelha é mais concentrado que o de vaca (tem pelo menos 150% a mais de proteína e gordura). No caso de cordeiros que estão sendo aleitados artificialmente é interessante começar a oferecer ração aos animais após a primeira semana de vida. Oferecer ração para ovinos e que não tenha nitrogênio não protéico (uréia) como fonte de proteína, no volume equivalente a 1% do peso do cordeiro. Por exemplo, um cordeiro com 5 quilos deve receber diariamente 50g de concentrado, que deve trocado todos os dias mesmo que o animal não tenha comido todo o volume oferecido. • jun-jul/10 Eduardo Fehn Teixeira Fotos: Nelson Moreira Reportagem 8 Criação intensiva de ovinos A criação de ovinos a campo, de forma extensiva, independentemente da região no Brasil, é assunto praticamente dominado por técnicos e produtores, desde que sejam respeitados aspectos como a lotação e especialmente o manejo (incluída a sanidade), que devem ser adequados ao meio. Mas a criação intensiva, semi-intensiva ou o confinamento propriamente dito, se por um lado são capazes de produzir excelentes resultados em menor tempo e em áreas físicas restritas, por outro também exigem planejamento e investimentos em instalações, genética, alimentação, sanidade, mão-de-obra e outros cuidados especiais, adequados à região onde estão (ao habitat) os animais, para que o produtor efetivamente tenha o sucesso desejado. E a parte mágica, que desafia a conduta de técnicos e produtores, é justamente o equilíbrio entre o que é investido e a receita obtida. De modo geral, os pesquisadores dedicados ao assunto alertam que os sistemas de criação/produção de ovinos no Brasil e no mundo são extremamente variáveis. Não há um sistema padrão, capaz de funcionar adequadamente em todas as zonas do País, pois as condições climáticas, as taxas de lotação, a área disponível para a criação e a disponibilidade e qualidade das forragens são muito diferentes. E essas variabilidades também se expressam através da genética utilizada. Alto custo da terra restringe a criação Em determinados estados, casos evidentes Mágico equilíbrio de São Paulo e Paraná, por exemplo, certas características desses centros podem propiciar o uso de técnicas mais avançadas de criação, como o confinamento de cordeiros. São regiões que apresentam áreas pequenas para a criação dos animais, os rebanhos não são tão numerosos como no Sul do Brasil, a lotação é elevada e a terra é bastante valorizada. Assim, a produtividade por hectare precisa ser elevada, para que a atividade seja economicamente viável. Numa abordagem de maior profundidade, entretanto, o sistema que é utilizado para a produção de cordeiros também afeta de forma decisiva as características da carcaça que é gerada. A idade que o animal atinge o peso de abate, o sexo, e principalmente a alimentação ministrada na fase de recria e engorda dos cordeiros são fatores importantes a serem considerados para melhorar a qualidade final do produto. Pastagem é mais barata As dietas baseadas em pastagens são mais baratas, entretanto, as taxas de crescimento são menores, e o animal acaba indo para o abate com uma idade avançada. Já no confinamento, as dietas são mais caras, entretanto o ganho de peso e a conversão alimentar são melhores. Mas se os cordeiros engordados no confinamento forem castrados, ou se as dietas forem muito ricas em concentrados, ou então, se o peso estipulado para o abate for muito elevado, poderá ocorrer uma alta deposição de gordura na carcaça dos animais, o que, segundo os especialistas, não é nada desejável. • Alimentação: um dos segredos da Mantovinos Como vários outros estabelecimentos Brasil afora, a Cabanha Mantovinos, de Porangaba, SP (próximo a Sorocaba), optou por produzir ovinos de forma intensiva. Para o proprietário, zootecnista Renato Mantovani, a viabilidade para uma propriedade de pequeno porte obter sucesso com uma criação intensiva de ovinos está na dependência de vários fatores, com especial destaque para a área da alimentação. “Esta foi minha opção, e como produzo numa área pequena, não há outra saída senão verticalizar para obter resultados econômicos compensadores”, diz. Atualmente a cabanha opera com um plantel de 600 cabeças, numa área de pastagens de 60 hectares. “Meu objetivo é chegar às 1.200 cabeças”, diz o criador. Renato Mantovani, que trabalha com a raça Texel (cruzamentos absorventes), re- vela ter iniciado seu projeto pela utilização de espécies forrageiras de elevado potencial produtivo e de bom valor nutritivo, citando como exemplos o capim Aruana e o Tifton 85. “Assim posso manter uma boa lotação e uma alimentação ideal para o inverno (alimento conservado). Ele igualmente destaca a construção de um bom centro de manejo, para dar condições de trabalho, além de um dedicado funcionário e uma correta assistência técnica. “O funcionário será a sua sombra. E o veterinário, seu médico de família”, brinca o produtor. Na opinião do criador, a cerca elétrica funciona bem, limitando os piquetes nas pequenas propriedades. “Mas no meu caso não uso, porque na época do inverno, quando preciso aumentar o tempo de pastejo, não consigo, porque a cerca não segura os animais. Assim, ao menos no meu caso, a cerca elétrica somente é uma ferramenta viável quando existe fartura de pasto”, avalia. Olho vivo na sanidade Juntamente com a alimentação, Renato Mantovani atribui grande importância à sanidade dos animais, que segundo ele, precisa ser constantemente controlada. “Tenho que tomar cuidado com a verminose, por exemplo, que é controlada com OPG e o método Famacha, tudo isso aliado a uma correta nutrição”, revela. Na criação da Cabanha Mantovinos, as fêmeas (matrizes) permanecem a pasto o ano inteiro, mas na fase de parição ficam em piquetes mais próximos da sede, onde recebem a necessária suplementação. Depois de paridas, ficam confinadas de 10 a 15 dias com os cordeiros e então é feita a mamada controlada, onde o cordeiro fica confinado e a mãe volta ao pasto, até o cor- deiro atingir seus 60 a 70 dias, quando é realizada a desmama. O cordeiro fica no confinamento ate o abate – de 80 a 150 dias – período no qual alcança o peso de 35 a 40 kg. Os abates são realizados no frigorífico Cowpig, em Boituva, SP, que é uma empresa parceira do Núcleo Sul Paulista de Criadores de Ovinos (com sede em Itapetininga), ao qual Mantovani é filiado. Renato Mantovani sintetiza a questão a partir do seguinte esquema: - Onde chegar = viabilidade econômica - Principais caminhos = raça, genética, venda de carne, animais, etc. - Principais regras = animais saudáveis, produtivos e bem conformados - Atenção permanente = respeito ao bem estar animal, ao meio ambiente, ao controle sanitário “e muito trabalho, sem o qual não se chega a lugar algum”, afirma. >>> 9 jun-jul/10 Reportagem Produção a pasto, mas com suplementação mineral Buscando uma alternativa na produção de carne ovina a pasto, com suplementação mineral, a Tortuga Cia Zootécnica Agrária montou um sistema de rotação de pastagem que denominou RRT / Ovinos, (Rotacional Racional Tortuga / Ovinos), relata o Supervisor Nacional de Equinos, Caprinos e Ovinos da empresa, médico veterinário Alexandre Bombardelli de Melo. Segundo ele, criada há mais de 15 anos para bovinos, e utilizada em diversas propriedades rurais de todo o Brasil, a tecnologia funciona como um sistema de divisão de pastagem, que permite um revezamento de áreas protegidas por cercas, garantindo a qualidade de alimentação dos animais e facilitando o manejo de forma absolutamente planejada. “O RRT proporciona um melhor aproveitamento da área, aumenta a pressão de lotação, respeita a altura e o descanso do pasto”, observa o técnico. Bombardelli de Melo faz questão de explicar que se trata de um método diferente Fotos: Nelson Moreira Sistema Rotacional Racional Tortuga/Ovinos garante a qualidade da alimentação do europeu, chamado Pastoreio Racional Voisin, que possui corredor. “O RRT não tem corredor, sendo composto por uma praça de alimentação com bebedouro e cocho para suplementação mineral”, esclarece. Por outro lado, o especialista da Tortuga Não promovemos raça: buscamos o animal que dá carne! “Nossa criação vem “Calculamos ganhar produzindo hoje o animal cerca de R$ 30,00 por que dá carne”, objetiva a cordeiro vendido em noszootecnista Ana Carolina so sistema. Por isso, optaPrado Zara, à frente de mos por produção rápida, um projeto de produção o que nos faz ganhar tamintensiva de ovinos na Fabém em tempo de pastazenda Santo Antônio, em gem quando comparamos Itatinga, SP,. ”Gosto de com cordeiros produzidos dizer assim, porque sou em sistema extensivo”, contra erguer a bandeira diz a técnica. em favor de uma raça esProdução de pastagem pecífica. Acredito que raPara ela, o cordeiro de ças para corte devem ser sistema intensivo, quanaquelas que efetivamente do comparado ao sistema Ana Carolina Prado Zara depositem carne na carcautilizado pela Fazenda ça, ou que resultem num bom rendimento na Santo Antônio, ganhará no estado de São Paulo relação carcaça/vísceras”, especifica a também uma margem líquida muito parecida, perdendo promotora técnica da empresa Premix. Ela defi- porém para um ponto importante no processo ne a fazenda como uma propriedade constituída de produção: a pastagem! “Para nós, quanto por diversas raças, que vem sendo trabalhadas maior for a nossa produção própria e a sobra na busca dos melhores rendimentos dentro do de pasto, maiores são as chances de fertilidasistema próprio de produção, que preconiza de. Não se justificaria alimentarmos cordeiros desenvolvimento rápido em creep-feeding, me- que serão abatidos, com um dos alimentos mais nor tempo do cordeiro no sistema de produção. importantes da fazenda e caros de serem com“Trabalhamos hoje com animais lanados: Texel, prados, ou seja, pastagens e forragens”, justifica Hampshire Down, Ile de France e mais recente- a zootecnista. mente o semilanado White Dorper”, revela. Bem alimentados Cálculos Mais especificamente com relação a gaSegundo Ana Carolina, o sistema de creep- nhos, Ana Carolina observa que vem consefeeding em pastagem, dentro do que pretende- guindo desmamar cordeiros com média de mos ganhar com os cordeiros vendidos, gera 22 kg a 23 kg de peso vivo para serem coloum lucro líquido aparentemente menor do que cados em confinamento, e saírem com 30 a o sistema intensivo, pois perdemos em ganho 40 dias, com ganho ao dia de 350 a 400 grade peso diário. Sabemos que cordeiros fecha- mas de peso. Mas Ana Carolina faz questão dos em galpões chegam a desmamar com 25 de destacar que esses cordeiros são providos kg de peso vivo aos 60 dias. Porém, os cálcu- de boa alimentação desde o início de suas los que não são feitos são os de aumento sig- vidas, o que lhes confere uma continuidade nificativo de mão-de-obra e galpões, um dos no crescimento e, conseqüentemente, viabigargalos da produção ovina. liza o confinamento. • desfaz o paradigma que existe em muitas regiões do Brasil, de que a ovelha gosta de pasto baixo. “Isto não confere. A verdade é que os ovinos possuem os lábios móveis e selecionam a comida, preferindo a ponta e o meio da planta”, revela. Para ele, o criador deve adequar a permanência dos animais nos piquetes de acordo com as quantidades de divisões e o tipo de pastagem utilizada. “Observamos que o tempo para retorno ao piquete fica entre 28 a 32 dias para a maioria das pastagens. Com este descanso conseguimos manter o pasto acima de 15 cm de altura, o que reduz sensivelmente a infecção parasitária do rebanho. E sabemos que a verminose é um dos principais gargalos da ovinocultura e o pasto alto contribui para a redução da verminose do plantel”, ensina. Outra característica importante do sistema implementado pela Tortuga é a redução no investimento inicial, pois a orientação é que os animais durmam na praça de alimentação, que preferencialmente deve ser de piso, com 1,5 m² por cabeça. Mas apesar das inúmeras vantagens do RRT para ovinos, o técnico ressalta que o produtor só terá sucesso com a implantação do sistema, se tratar a pastagem como cultura, fazendo um bom planejamento forrageiro e utilizando alternativas para os períodos de baixa produção de forragem no inverno ou seca. (Silagens, fenos, pré-secados, cana de açúcar etc.). Com a apresentação de seu RRT, a Tortuga pretende orientar os ovinocultores sobre a importância do manejo de pastagens, e dar o direcionamento inicial para execução dos projetos, sempre considerando as peculiaridades regionais e a necessidade de cada produtor. “Não queremos apenas comercializar nossos produtos, queremos evoluir junto com nossos clientes, os criadores”, destaca Bombardelli de Melo. • >>> jun-jul/10 10 Reportagem Manejo garante ovinos de alta qualidade Fotos: Divulgação Michael Medeiros: aliando bem-estar e produtividade Fotos: Divulgação Animais são criados em ambientes propícios a cada fase de crescimento, sem passarem por estresse, o que garante excelente sanidade e alta qualidade do produto final, a carne A campo ou confinados, os animais precisam estar em situação de conforto A experiência realizada na Fazenda Campomar, situada no distrito de Sucatinga, em Beberibe, no Ceará, prova que é possível aliar bem-estar animal com a criação de ovinos de forma intensiva visando a produção de carne de qualidade. São 600 matrizes criadas em sistema de cruzamento industrial para a produção de animais mestiços a partir da combinação das raças Santa Inês (fêmeas) e Dorper (machos). Os animais chegam à fase de abate precoce aos cinco meses, quando atingem de 38 a 40 quilos de peso vivo. “Produzimos uma carne de alta qualidade, mais macia, que atende a um mercado exigente, com demanda crescente”, afirma o veterinário Michael Medeiros, responsável pela ovinocultura na propriedade, que pertence ao pecuarista Victor Sampaio. O técnico mantém a empresa de reprodução animal Vet&Gen, em Quixadá, que faz parceria com a Campomar. Conforto ambiental Medeiros destaca que uma das preocu- pações do criatório, além de assegurar a qualidade genética do rebanho, é garantir o conforto ambiental para os animais. A meta é livrá-los de qualquer situação de estresse, como forma de obter uma sanidade verdadeiramente integral. O manejo é desenvolvido por etapas. A primeira acontece na estação de monta, por 60 dias, quando as fêmeas são soltas em piquetes no campo aberto para o cruzamento com os machos. Após exame de ultrassonografia, as fêmeas prenhes são separadas em piquetes-maternidade. Na fase seguinte, mães e crias ficam em baias coletivas. Com dez dias de nascidos, os filhotes iniciam no sistema de “creep-feeding” (cocho privado). Nas baias coletivas, há uma área restrita para alimentação das crias, com ração concentrada rica em proteína, energia e mineralização. Após 60 dias, são desmamados, passando a novas baias coletivas, até a fase do abate. Em todas as etapas, o conforto ambiental é assegurado com áreas de sombreamento, água limpa e alimentação adequada a cada fase. >> 11 jun-jul/10 Reportagem D As vantagens do acabamento de cordeiros em confinamento e acordo com o pesquisador Nelson Nogueira Barros, da Embrapa Caprinos - Fazenda Três Lagoas, em Sobral, no Ceará, conceitualmente tudo começa com a seleção e o confinamento de animais jovens (cordeiros), com vistas à preparação para o abate, num curto espaço de tempo. A tecnologia permite a produção de carcaças de boa qualidade, em espaços restritos e de forma bem mais rápida que os resultados obtidos na criação extensiva. As vantagens são várias: reduz a idade de abate de 10 a 12 meses para cinco a seis meses, disponibiliza a forragem das pastagens para as demais categorias animais do rebanho, agiliza o retorno do capital aplicado, permite a produção de carne de boa qualidade, também na época de carência alimentar, resulta na produção de pele de primeira categoria, assegura mercado para os produtos carne e pele e finalmente proporciona uma elevação da produtividade e da renda da propriedade. O pesquisador destaca que o confinamento é uma prática que pode ser utilizada em todas as regiões do País. “No Nordeste brasileiro, ela é especificamente recomendada para as áreas semi-áridas, notadamente durante a época seca, onde se observa uma grande carência de forragem nas pastagens. E para outras regiões do país, onde a preocupação com as helmintoses gastrintestinais são muito maiores, o confinamento poderá ser realizado em qualquer época do ano”, aponta. A relação custo-benefício do confinamento de cordeiros está diretamente relacionada com a precocidade de acabamento dos animais, e inversamente relacionada com o tempo de confinamento, que é curto. Outros fatores de grande importância são a qualidade e o custo da alimentação. Portanto, alerta Nogueira de Barros, na implementação desta prática é importante conciliar estes fatores, com vistas ao seu sucesso econômico. As instalações Considerado um dos itens de vital importância ao sucesso do confinamento de cordeiros para abate, as instalações devem ser simples e de baixo custo, constituídas basicamente de curral, comedouros, bebedouros e saleiros. “O curral poderá ter piso de “chão batido” ou cimentado na área coberta e, neste caso, sempre que possível, é recomendável fazer uso de camas na parte cimentada”, ensina o técnico da Embrapa. Ele também enfatiza que a área total do curral deve Foto: Nelson Moreira/Agropress Barros enfatiza especialmente dois aspectos, que segundo diz, merecem especial atenção: o primeiro refere-se à higienização das instalações (limpeza), que deve restringir-se à retirada periódica das fezes. Caso faça uso de cama, é bom substituí-la sempre que observar maiores teores de umidade. O segundo diz respeito à vermifugação de todos os animais no início do confinamento, para torná-los “isentos” de parasitas gastrintestinais. “Mas quando houver histórico de clostridioses na região, os animais devem ser vacinados contra clostridiose, antes do começo do confinamento”, assevera. Duração do Confinamento ser de três a quatro metros e desta, cerca de 0,8 m/animal deve ser coberta. Os comedouros e os bebedouros devem ser localizados de forma a permitir o acesso do animal somente para comer e beber, além de facilitar sua higienização e abastecimento. É importante também que existam divisões internas para separação dos animais por tamanho corporal. Seleção dos Animais “A saúde dos animais é o critério básico da seleção para o confinamento”, avisa o pesquisador. Outras características importantes citadas por Nogueira de Barros são a idade e o peso do animal, que devem situar-se entre 70 e 90 dias de idade com no mínimo 15kg de peso vivo. “Mas no caso de animais de elevada precocidade, eles podem entrar no confinamento mais jovens”, adverte. Machos e fêmeas podem ser confinados. Mas o ganho de peso das fêmeas é menor que o dos machos. Não há necessidade de castrar os machos, uma vez que serão abatidos em idade precoce. É importante lembrar que animais inteiros (não castrados) apresentam ganho de peso superior aos castrados. Cuidados Sanitários Considerando o curto período de tempo do confinamento e, em especial no semi-árido do Nordeste brasileiro, onde a umidade do ambiente é muito baixa, Nogueira de A maior duração do confinamento significa elevação dos custos. Portanto, quanto maior for o tempo de confinamento, menor será a rentabilidade do negócio. Assim, o confinamento deverá ser de, no máximo, 70 dias (média). Alimentação dos cordeiros A alimentação é responsável por cerca de 70% dos custos de produção de animais em confinamento. E o concentrado é o principal responsável por este fato. Portanto, o tipo e a qualidade do volumoso são de fundamental importância na economicidade do projeto, por determinar a quantidade e a formulação do concentrado a ser utilizado. “Na medida do possível, deve-se dar preferência a ingredientes produzidos na própria propriedade”, indica o especialista da Embrapa. Segundo o técnico, os resíduos agroindustriais são de grande importância na redução dos custos, especialmente se a propriedade situa-se próxima à fonte de produção. As opções são numerosas, das quais se destacam: resíduo de panificação, polpa cítrica, pedúnculo ou bagaço de caju desidratado, dentre outros. Influência na Qualidade da Carne A maciez, a suculência, a cor, o odor, e o sabor da carne ovina são atributos que estão diretamente relacionados com a satisfação do consumidor. “Considerando que cordeiros terminados em confinamento são abatidos em idade precoce (cinco a seis meses), sua carne ainda apresenta todas características organolépticas e sensoriais desejáveis numa carne de elevada qualidade”, diz o pesquisador. • jun-jul/10 12 Notícias do Brete A realização da Feira Nacional Rotativa de Ovinos em um estado fora do Rio Grande do Sul abriu a perspectiva de dar uma conotação bem maior para o evento. Criado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos com o objetivo de incentivar a criação de ovinos em regiões onde ela tinha pouca representação, a Fenovinos nunca tinha saído de solo gaúcho até este ano. E Ponta Grossa, no Paraná, foi a pioneira cidade a ter a iniciativa de buscar a realização do evento para fora do Rio Grande. E teve sucesso. Segundo o Secretário de Agricultura do município paranaense, José Fernando de Paula, foram inscritos mais de 600 animais, de estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. Além disto houve a realização da Exposição Nacional da raça Texel e da raça Ile de France. Estiveram presentes ainda as raças Dorper e White Dorper, Santa Inês e Suffolk. “Creio que plantamos uma semente importante para a nossa região, e vamos estimular os criadores a investir na atividade que cresce forte”, assinalou o Secretário. As prefeituras vizinhas e a de Ponta Grossa estão desde já articulando um evento permanente de ovinos na região dos Campos Gerais. “E ainda um programa de fomento à ovinocultura”, acrescenta ele. Da programação da Fenovinos que foi do dia 25 a 30 de maio, constou ainda um seminário internacional de ovinocultura, a reunião da Câmara Setorial de Caprinovinocultura do Paraná, onde ocorreu a posse dos novos coordenadores, um concurso de gastronomia com carne ovina, leilões e um jantar de encerramento. “Como primeira experiência, acho que atingimos um resultado significativo o que nos anima para pleitearmos a realização de outras Fenovinos aqui no município", diz Fernando de Paula. Ele salienta que a experiência de Ponta Grossa entusiasmou outros municípios de São Paulo que lhe informaram a intenção de organizar esta feira em suas cidades. Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, Paulo Schwab, a Fenovinos em Ponta Grossa foi uma Cordeiro Fortaleza - atração culinária dos Campos Gerais Prato foi destaque no Festival Brasil Sabor e foi oferecido pelo Restaurante Itagy Uma atração a mais foi oferecida para quem esteve na Fenovinos 2010 e que pode ser degustada o ano todo. No pequeno município de Tibagi, (região dos campos gerais do Paraná e a cerca de 200 km de Curitiba) eleito “a melhor cidadezinha do Brasil” pela Revista Viagem e Turismo, foi possível encontrar uma gastronomia com pratos à base de carne ovina, de primeira linha. Feito à base de cortes nobres de cordeiro, temperos regionais e fungui secchi, a iguaria é uma criação do Hotel e Restaurante Itagy, cujo proprietário, Ivo Carlos Arnt Filho, tem adoração pela ovinocultura. Durante o mês de maio eles foram os únicos representantes da cidade no Festival Brasil Sabor, apresentando este prato. O evento é organizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Sebrae e Ministérios do Turismo, e busca valorizar a gastronomia brasileira como importante diferencial competitivo para o turismo do país. “As empresas que participam do festival ganham maior visibilidade e atraem turistas para a região onde atuam”, comenta Simone Arnt, diretora do Hotel e Restaurante Itagy. Seguindo tendências da cozinha sul-italiana, o prato combina de maneira equilibrada e harmônica a suavidade e doçura da carne de cordeiro grelhada com o sabor marcante do molho à base de funghi secchi, um cogumelo comum nas regiões montanhosas da Itália. No tempero prevalecem sal e pimenta - especia- Fotos: Nelson Moreira/Agropress Fenovinos no Paraná – início de uma nova era Fenovinos também inovou ao ser uma exposição indoor boa experiência, tanto que abre a possibilidade para outros estados reivindicarem a Fenovinos. “A partir de Ponta Grossa podemos considerar a Feira realmente nacional. Foi um evento de grande sucesso, com boa estrutura, boa organização, boas oportunidades de negócios e bom público. A cidade está muito bem preparada para receber eventos deste tipo”, disse Schwab. Em 2011, a Fenovinos será realizada em Uruguaiana (RS) e em 2012 pode seguir para outro estado. O evento em Ponta Grossa, observa o presidente da ARCO, teve um foco no setor genético, que superou em muito as discussões de outras edições da Fenovinos. A ovinocultura no Brasil é especialista na seleção genética, explica Schwab, superando os países da América do Norte. “Temos que dar um salto no crescimento do rebanho. Enquanto a seleção genética cresceu dez vezes mais nos últimos dez anos, o rebanho estacionou”, diz. Para incentivar o aumento da produção, Schwab afirma que a partir do ano que vem a Fenovinos passa a focar o rebanho. Ele defende ainda que para essa mudança no perfil de produção brasileiro é necessário que os criadores busquem mais conhecimentos sobre o setor. E esse foi um diferencial da 22ª Fenovinos, com o 1º Encontro Internacional de Produtividade Ovina, reunindo cerca de 80 pessoas. “Com o evento, o Paraná plantou uma semente da ovinocultura no estado e no Brasil. A partir de agora, basta cuidar, ir trabalhando para que o setor progrida cada vez mais”, diz Schwab. • Marketing, um gostoso desafio ria marcante da influência árabe na cozinha italiana -, que realça o sabor da carne, aguça o paladar e aumenta o prazer da degustação. “A carne de cordeiro se associa à culinária do interior de uma forma interessante como um elemento que já pertence à nossa cultura, destacando Tibagi e suas características interioranas”, explica um Ivo, um dos idealizadores da receita e também diretor do Hotel e Restaurante Itagy. Ele conta, ainda, que o prato foi batizado em homenagem ao rio Fortaleza, que atraiu muitos garimpeiros para a cidade à procura de diamantes de aluvião. O rio corta a Fazenda Fortaleza, propriedade que começou o povoado de Tibagi no final do século XVIII, quando foi doada pelo Governo da Capitania de São Paulo à família de José Félix da Silva. Em nosso estabelecimento temos pratos e ambientes que se relacionam a ambientes da região, como o Cânion Guartelar, por exemplo, que serve de inspiração para um dos nossos pratos”, lembra Ivo. A carne ovina no Brasil tem uma enorme oportunidade de crescimento e de conquista dos vários tipos de consumidores, exigindo porém uma atuação planejada de todos os produtores em conjunto com a indústria, para ter produto de qualidade e oferta constante, com preços dentro da realidade salarial brasileira. Esta foi o resumo da palestra do especialista em marketing na área de promoção de carne do Ministério da Agricultura da Inglaterra, Andrew Garvey, durante o 1º. Encontro InAndrew Garvey ternacional de Produtividade Ovina, dia 25 de maio, em Ponta Grossa, Paraná, integrando a programação da 22ª. Fenovinos. No período esteve no Brasil, Garvey constatou que há uma grave falta de sintonia entre o setor produtivo da ovinocultura e a área de processamento e comercialização da carne ovina no País. “Isso leva a uma situação em que as desavenças prevalecem, resultando na paralisia do setor como um todo”, disse. “É preciso que os atores desta atividade resolvam estas pendências o mais rápido possível e passem a trabalhar unidos, assim como fazem os sistemas produtivos do frango e do suíno. Do contrário, nunca conseguirão ter importância econômica nem o respeito das autoridades. Durante sua palestra, Garvey afirmou que a carne suína é hoje mais consumida no mundo, por conta da preferência dos países asiáticos, de alta densidade populacional, seguida do frango, depois bovina e por última a carne ovina. “Mas esta posição na preferência de consumo eu considero mais uma oportunidade de novos negócios do que propriamente uma informação desestimulante para os ovinocultores”, assinalou. Apaixonado por pesquisas de mercado, que pautam boa parte do seu trabalho de promoção da carne ovina na Inglaterra, ele diz que conseguiu distinguir pelo menos oito tipos de consumidores na atual sociedade. “Temos aquela dona de casa que gosta de comer carnes que lembram dos tempos em que morava no campo, e esta sempre vai comprar carne ovina, temos aquela mulher solteira ainda jovem e boa posição profissional, que gosta de convidar amigos para um jantar, oferecendo um prato sofisticado à base de carne de cordeiro, temos aquela que vai procurar comidas prontas, fáceis de fazer ou descongelar porque trabalha muito e quando chega em casa, não perde tempo na elaboração dos pratos. Para cada uma delas precisamos oferecer várias possibilidades de consumo da carne ovina, o que torna nosso trabalho um gostoso desafio”, declara Garvey. O especialista acredita que a reversão do quadro de desestímulo passa obrigatoriamente por um trabalho de endomarketing. “Se forem realizados encontros permanentes com os ovinocultores e lhes apresentada a real demanda em volume nos supermercados, restaurantes e churrascarias, consumo caseiro, entre outros, vamos promover uma mudança na forma de ver a atividade e acredito que passarão a investir mais neste setor procurando ter mais cordeiros para atender a esta demanda”, finaliza. •
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