49 - Pastoral Fé e Política
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49 - Pastoral Fé e Política
Ano I - Nº 49 03 a 09 de Agosto de 2013 “Um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre negativa. A utopia é respirar e olhar adiante." Papa Francisco Atendendo ao chamado de Cristo e do nosso Papa Francisco, nós do IPDM colocamos em suas mãos nosso Informativo nº 49, desejando a todos vocês paz e bem. Caríssimos, o Evangelho deste domingo nos fala exatamente daquilo que tanto enfatizou Francisco, o Bispo de Roma nos dias em que esteve entre nós: a importância da partilha e não do acumulo. José Antonio Pagola reflete sobre o tema chamando nossa atenção contra a insensatez e a importância de reagirmos contra o modelo que guia, hoje, a história humana. Frei Carlos Mesters e Mercedes Lopes, dirigem nossa atenção para uma máxima: “Não acumular: o Reino de Deus em primeiro lugar” mostrando-nos que o Reino deve ser nossa primeira preocupação, pois assim, partilhamos e vivemos em harmonia. Maria Soave, leva-nos a refletir sobre as palavras de Lucas, mostrando-nos um dura realidade: “a riqueza não é dividida, a riqueza divide”. Com muita propriedade, Soave nos propõe uma reflexão profunda e muito clara sobre o santo Evangelho. Você pode ler as três reflexões nas páginas 2 e 3. Ainda na página 03, você encontrará o artigo no nosso querido Frei Betto sob o título “Uma Igreja aberta ao mundo”, no qual nos mostra, que “há algo de novo na barca de Pedro, cujas velas são tocadas pelo sopro do Espírito Santo. HOJE. Escola de Cidadania da Zona Leste -Pedro Yamaguchi Ferreira - Dia 02 de Agosto - Sexta-Feira Leonardo Boff, com sua peculiaridade, fala-nos a respeito do “maior legado que o Papa Francisco nos deixou: a figura de um humilde servidor da fé, despojado de todo aparato, tocando e deixando-se tocar, falando a linguagem dos jovens e as verdades com sinceridade. Representou o mais nobre dos líderes, o líder servidor que não faz referência a si mesmo mas aos outros com carinho e cuidado, evocando esperança e confiança no futuro.” Veja na página 04. Pela primeira vez em nosso informativo, o querido amigo Prof. Fernando Altemeyer Junior, nos brinda com um artigo maravilhoso sob o título: “Papa Francisco e os peregrinos alados: um pequeno ensaio” no qual Altemeyer, numa ligação profunda com as Bem-Aventuranças, nos fala dos sentimentos do Papa. Leia na página 05. Na sequência (página 06) vocês encontrarão as Palavras de Francisco. Desta vez, trazemos as respostas que ele ofereceu aos jornalistas durante a entrevista concedida a bordo do avião no retorno a Roma. Vale a pena! Nas demais páginas, vocês encontrarão nossas agendas de Eventos e Reuniões, para os quais vocês estão mais que convidados. Estamos esperando por todos que queiram cerrar fileiras conosco nesta jornada. A todos os nosso amigos, nosso muito obrigado por todo apoio que recebemos. Esperando melhorar cada vez mais, contaremos sempre com as sugestões e opiniões de vocês, pois um Informativo só tem sentido quando gera diálogo e entrosamento. Recebam nosso fraternal abraço. Equipe de Produção AMANHÃ 4º Encontro das Escolas de Fé, Política, Cidadania e Justiça CIEJA de Campo Limpo Mario Sergio Cortella 03 de Agosto - Sábado Maiores Informações na página 09 Veja mais na página 09 Encontro sobre Animação Bíblica Paróquia São Francisco de Assis Ermelino Matarazzo - 08 de Agosto Veja detalhes na página 09 Encontro IPDM Jovem Paróquia Santa Luzia Jardim Nordeste 02 de Novembro Veja detalhes na página 10 1º Encontro de Leigos e Leigas na Igreja Centro Social Marista Itaquera - 10 de Agosto Maiores detalhes na página 10 Encontro Geral IPDM com Brenda Carranza Santuário da Paz Cidade Líder - 23 de Novembro Veja detalhes na página 10 Assista na íntegra a entrevista concedida pelo Papa Francisco. Vale a pena ouvir as palavras do Bispo de Roma sobre assuntos de grande relevância. Para assistir, basta clicar no link abaixo. http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2013/07/globonews-exibe-integra-da-entrevista-com-o-papa-francisco.html 1ª Leitura: Ecl 1,2; 2,21-23 - Salmo: Sl 89 (90) 2ª Leitura: Cl 3, 1-5.9-11 - Evangelho: Lc 12, 13–21 L I T U R G I A I T U R G I A José Antonio Pagola Cada vez sabemos mais da situação social e econômica que Jesus conheceu na Galileia dos anos trinta. Enquanto nas cidades de Séforis e Tiberíades crescia a riqueza, nas aldeias aumentava a fome e a miséria. Os camponeses ficavam sem terras e os proprietários construíam silos e armazéns cada vez maiores. Num pequeno relato, conservado por Lucas, Jesus revela o que pensa daquela situação tão contrária ao projeto querido por Deus, de um mundo mais humano para todos. Não narra esta parábola para denunciar os abusos e os atropelos que cometem os proprietário mas para desmascarar a insensatez em que vivem instalados. Um rico proprietário vê-se surpreendido por uma grande colheita. Não sabe como gerir tanta abundância. “Que farei?”. O seu monólogo mostra-nos a lógica insensata dos poderosos que só vivem para acumular riqueza e bem-estar, excluindo do seu horizonte os necessitados. O rico da parábola planifica a sua vida e toma decisões. Destruirá os velhos armazéns e construirá outros maiores Armazenará ali toda a sua colheita. Pode acumular bens para muitos anos. De futuro, só viverá para desfrutar: ”deita-te, come, bebe e leva uma boa vida”. De forma inesperada, Deus interrompe os seus projetos: “Imbecil, esta mesma noite, vão exigir-te a tua vida. O que acumulaste, de quem será?”. Este homem reduz a sua existência a desfrutar da abundância dos seus bens. No centro da sua vida está apenas ele e o seu bem-estar. Deus está ausente. Os jornaleiros que trabalham as suas terras não existem. As famílias das aldeias que lutam contra a fome não contam. O juízo de Deus é determinante: esta vida só é estupidez e insensatez. Nestes momentos, praticamente em todo o mundo está a aumentar de forma alarmante a desigualdade. Este é o fato mais sombrio e inumano: ”os ricos, sobretudo os mais ricos, vão ficando mais ricos, enquanto os pobres, sobretudo os mais pobres, vão ficando muito mais pobres” (Zygmunt Bauman). Este fato não é algo normal. É, simplesmente, a última consequência da insensatez mais grave que os humanos, estamos a cometer: substituir a cooperação amistosa, a solidariedade e a busca do bem comum da Humanidade pela competição, a rivalidade e o açambarcamento de bens em mãos dos mais poderosos do Planeta. Desde a Igreja de Jesus, presente em toda a Terra, deveria escutar-se o clamor dos seus seguidores contra tanta insensatez, e a reação contra o modelo que guia hoje a história humana. Em: www.eclesalia.wordpress.com/2013/07/31 Frei Carlos Mesters e Mercedes Lopes OUVIR A PALAVRA DO EVANGELHO DE LUCAS QUE TRAZ LUZ PARA A NOSSA VIDA O texto de hoje traz a seguinte afirmação de Jesus: "Olhem os passarinhos! Olhem as flores! Não se preocupam com comida e roupa! Busquem o Reino de Deus, e estas outras coisas lhes serão dadas em acréscimo". Será que conseguimos colocar essa frase em prática? CHAVE DE LEITURA O texto de hoje é provocado pela pergunta de um rapaz que queria que Jesus o ajudasse para conseguir a herança. Na resposta, Jesus usa três parábolas ou comparações: uma do homem rico, outra de passarinhos e outra de flores. Durante a leitura, sugerimos prestar atenção no seguinte: "Qual é a característica de cada uma destas três parábolas?" (Lc 12,13-32). SITUANDO No início do capítulo 12, Lucas diz que milhares de pessoas se reuniam ao redor de Jesus. Era tanta gente que uns pisavam nos outros (Lc 12,1). Que tipo de povo procurava Jesus? Muitos deles eram vítimas do "fermento dos fariseus" (Lc 12,1). Era gente censurada e controlada pelas autoridades, pois eles eram obrigados a falar às escondidas (Lc 12,3). Era gente explorada pelos impostos dos romanos e pelas taxas do Templo e, por isso mesmo, muitas vezes, amedrontada e ameaçada de morte (Lc 12,4). Jesus anima o povo a não ter medo (Lc 12,4-12). No meio desta multidão, havia uma pessoa que não estava ali por causa dos ensinamentos de Jesus sobre o Reino de Deus. Ela queria que Jesus a ajudasse a receber a herança. Sua preocupação central eram os bens materiais. É neste contexto que Jesus passa a ensinar sobre o perigo das riquezas, contando três parábolas. COMENTANDO Lucas 12,13-15: Cuidado com a cobiça! Do meio da multidão alguém toma a palavra. Ele quer envolver Jesus em brigas familiares. Quer que Jesus atue como juiz na repartição de uma herança. Jesus não aceita a provocação, pois não tem mandato legal como juiz. Então, dirigindo-se à multidão, ele passa a ensinar sobre o relacionamento com os bens materiais: "Tomem cuidado com toda cobiça. A acumulação da riqueza não assegura a vida!" Em seguida, para esclarecer o seu pensamento, conta a parábola do homem rico. Lucas 12,16-21: A parábola do homem rico: não acumular! Jesus conta a parábola do homem que, com muita sorte e boa administração, conseguiu acumular uma grande riqueza. Mas, a riqueza não conseguiu impedir sua morte prematura e inesperada. Justamente quando ele pensava poder gozar com tranquilidade da riqueza acumulada, a morte chegou! No versículo 21, Jesus nos dá a chave para entender o objetivo da parábola: "assim acontece com quem junta tesouros para si mesmo e não é rico para Deus!" ALARGANDO Jesus disse: "Não tenham medo, pequeno rebanho, porque o Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reino!" O Reino de Deus deve ser o centro de toda a nossa preocupação. O Reino pede uma convivência onde não haja acumulação e sim partilha, para que todos tenham o necessário. O Reino é a nova convivência fraterna, em que cada pessoa se sente responsável pela outra. Esta maneira de ver o Reino ajuda a entender melhor as parábolas dos passarinhos e das flores, pois, para Jesus, a Providência Divina passa pela organização fraterna. Preocupar-se com o Reino e sua justiça é o mesmo que preocupar-se em aceitar Deus como Pai e ser irmão e irmã uns dos outros. Isto traz consigo uma boa ordem econômica e social, em que já não é necessário acumular. Se houver preocupação pelo Reino, todos terão o necessário, pois a comunidade estará organizada a partir da solidariedade e da partilha. A solidariedade é um tema preferido de Lucas (Lc 3,11; 6,30; 11,41; 12,33-34; 14,14; 16,9; 18,22; 19,8; At 9,36; 10,2.4.31). Tema fundamental para os nossos dias. Frente ao crescente empobrecimento, causado pelo neoliberalismo econômico, a saída concreta, que o evangelho nos apresenta e os pobres encontraram para sua sobrevivência, é a solidariedade. Aprender das flores e dos passarinhos não é muito comum na nossa cultura. Nosso saber é por demais racional. No entanto, Jesus nos apresenta aqui um caminho para adquirir sabedoria: observar a natureza. Contemplar e admirar o meio ambiente que nos envolve e que é fonte de saúde e de alegria. Em: www.cebi.com.br/2013/07/31 Maria Soave Oração Vem, Divina Ruah, doa-nos de compreender esta Palavra, fale diretamente para as nossas vidas, seja palavra que nos revele o amor que Deus tem conosco, para cada um e cada uma de nós. Jesus, companheiro libertador de todo tipo de morte, ajuda-nos a sermos tuas seguidoras e seguidores e a escolher, sem medo, o teu Evangelho. A riqueza não é dividida, a riqueza divide! Um homem pede a Jesus para intervir a respeito de uma briga entre ele e seu irmão sobre a herança. De novo no evangelho tem alguém que chama Jesus para resolver um conflito. Este alguém não tem nome próprio no texto. Provavelmente porque cada um, cada uma de nós é chamado a identificar-se com esta personagem. Na pergunta sobre a divisão da herança aparece uma grande ilusão. A pergunta ilusória é sobre a divisão da riqueza. Este texto nos diz que a riqueza não é dividida, a riqueza divide! Jesus recusa, neste texto, o papel de mediador do conflito. Na perspectiva da grande ilusão da qual estes dois irmãos são vítimas, a de pensar que a riqueza que divide e violenta possa ser dividida, Jesus não quer ser considerado o juiz conciliador, mas o companheiro de caminhada que quer ajudar a entender e indicar os motivos que determinam o empobrecimento e os conflitos entre as pessoas. Estes motivos se juntam concretamente ao redor do egoísmo e da ganância. São estes os dois sentimentos que habitam os irmãos deste texto do evangelho e Jesus fala deste sentimento de desejo sem entender o que é necessário desejar. A ilusão, de quem não conhece o que é verdadeiramente necessário e por isto pensa de encontrar no possuir a sua segurança. Qual é nossa necessária necessidade? Esta é uma pergunta de fundo para a nossa vida. Desde os tempos antigos da caminhada de libertação no Êxodo, nossos pais e nossas mães na fé tiveram que responder a esta pergunta. No tempo do deserto, no tempo da divisão do poder e da profunda defesa da Vida, seguindo o Deus Libertador, o Povo das tribos no caminho de libertação teve que aprender como dividir algo que não sabiam nomear e por isto chamaram "maná". Tiveram que aprender a partilhar "segundo a necessidade". Lembramos também que, no Primeiro Testamento, uma tribo, a de Levi, a tribo dos homens e mulheres errantes e mendicantes de tenda em tenda, esta tribo não recebia nenhuma herança, nenhuma terra, exatamente para poder testemunhar, na transparência do corpo e das relações, que única herança é Javé libertador. Também no Segundo Testamento o contrário da ganância é a plenitude em Deus. Por isto Paulo, na carta aos Colossenses 3,5, nos diz que a ganância é idolatria! A ganância faz o nosso coração se dividir entre diferentes desejos, e um coração dividido é um coração idólatra, uma alma, transparência de corpo que perdeu o necessário, o testemunhar em todo o respiro da Vida que única herança é Javé Libertador! Os bens não nos livram da morte Neste texto do evangelho de Lucas Jesus faz uma afirmação muito séria: "sua vida não depende de seus bens". Como para dizer que uma pessoa não é dependendo do que possui. Uma pessoa não é humana por causa de seus bens! A dignidade das pessoas não tem nada a ver com os bens que possuem! Para Jesus e seu movimento existe uma condição profundamente humana que é "outra" em relação ao possuir. Viver do necessário, a capacidade de dividir para poder multiplicar, ser transparência comunitária e ecumênica que nossa única herança é Javé libertador de todos os pequenos e empobrecidos, é o nosso caminhar no seguimento de Jesus! Para mostrar como a prática da ganância seja negativa, Jesus nos conta uma parábola. De um rico sem sabedoria, isto é sem a capacidade de olhar com os olhos do essencial que são os olhos de Deus no meio da História da Humanidade. Este rico sem sabedoria acredita de estar no seguro por muitos anos tendo acumulado muitos bens e ao qual na mesma noite é pedida de volta a própria vida. Nesta parábola a abundância é muito presente. O homem é rico e a colheita é abundante. O homem rico pensa entre si sobre o que irá fazer da colheita abundante. Ma só pensar entre si e não partilhar o pensamento leva a uma decisão egoísta e insensata que faz da bênção da abundancia na colheita uma maldição. A bênção não pode ser de uso individual! Uma reflexão individual que não é partilhada em comunidade pode nos levar, como no caso da parábola, a um programa de vida esvaziado de amor. Os bens não nos livram da morte e da nossa finitude. Aliás, podem nos impedir de viver na partilha e na divisão, de aprender a viver do necessário para que ninguém passe necessidade. Os bens podem não permitir que sejamos o que é nossa profunda vocação, desde os mitos bíblicos de criação da Humanidade... gente nua e sem vergonha deste "estado" primordial... a nudez... o que nos faz reconhecer o que gaguejamos com o nome de Deus(...)! Nossa única e verdadeira riqueza... Amém e amem... isto é: continuemos amando! Em: www.cebi.com.br/2013/07/31 L I T U R G I A Frei Betto O papa Francisco cativou o povo brasileiro por sua simpatia, simplicidade, o sorriso sempre estampado no rosto, o cuidado de parar o cortejo para benzer um doente, beijar uma criança, abençoar um fiel. As falhas do poder público na Jornada foram inumeráveis: o carro de Francisco engarrafado na avenida Presidente Vargas; a pane no metrô do Rio; a falta de transporte público suficiente para escoar a multidão; a incompetência de prever que a chuva transformaria o campo de Guaratiba em um grande lamaçal. Apesar de tudo, o papa e o povo foram o melhor da festa. E ele realizou dois milagres: fez a presidente Dilma sorrir como uma menina no dia de sua Primeira Comunhão e os brasileiros amarem de coração um argentino... Francisco evitou tocar nos temas polêmicos que desafiam a Igreja Católica, como a moral sexual. Nenhuma palavra sobre pedofilia, uso de preservativo, homossexualidade, aborto etc. Nada disse sobre ordenação de mulheres, reabilitação dos padres casados (5 mil no Brasil, 100 mil no mundo), fim do celibato obrigatório. Apenas pediu aos bispos que imprimam mais qualidade à formação dos sacerdotes. O papa preferiu delinear seu perfil de Igreja: missionária, voltada "pra fora”, desenclausurada, engajada na periferia e servidora dos pobres. Uma Igreja: "advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas que clamam ao céu”, como disse ao visitar a favela de Varginha. A atuação pastoral da Igreja deve dedicar especial atenção às crianças, aos jovens e aos idosos. Os primeiros, por encarnarem o futuro; os segundos, por guardarem sabedoria. A Igreja deve espelhar a simplicidade de Jesus, como Francisco de Assis e o papa Francisco, que dispensou a capa de arminho, os sapatos vermelhos, o anel e a cruz de ouro, os títulos de Sumo Pontífice e Sua Santidade, por preferir ser chamado apenas de papa, bispo de Roma, servo dos servos de Deus. Ela precisa saber "perder tempo” com os pobres, saber escutá-los. Desafiou os cristãos a combater a "cultura do descartável”, que ignora o valor das pessoas e estimula o consumismo e o hedonismo. A segurança das pessoas de fé deve estar na confiança em Deus, e não no excessivo conforto que os afasta dos pobres e do povo. Falou também de política ao frisar que se deve combater a corrupção e, ao mesmo tempo, alentar a esperança em "um mundo mais justo e solidário”. A solidariedade –"quase um palavrão”, disse o papa– deve ser o eixo de nossa pastoral, disposta a "colocar mais água no feijão”. A política deve "evitar o elitismo e erradicar a pobreza”, condenando os opressores, como fez o profeta Amós ao denunciar que "vendem o justo por dinheiro e o pobre por um par de sandálias.” Francisco deixou claro que a Igreja deve retomar o seu profetismo, ser a voz dos que não têm voz. Salientou que é preciso recuperar a confiança dos jovens nas instituições políticas, alentá-los na esperança; e "reabilitar a política, uma das formas mais altas de caridade.” Sim, com um prato de comida se mata a fome do mendigo. Com a política, se evita ou se promove a miséria, depende como ela é exercida. Apoiou as manifestações dos jovens nas ruas ao frisar que merecem o nosso apoio, pois "eles saíram às ruas do mundo para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna”. Lembrou que a sociedade futura, "mais justa, não é um sonho fantasioso”, mas algo que podemos alcançar. Os jovens devem ser os "protagonistas da história”, construtores do futuro, de um mundo melhor. O papa convocou a todos para promover a "cultura do encontro”, favorecendo o diálogo sem preconceitos, combatendo os fundamentalismos e as segregações. Francisco iniciou a reforma da Igreja pelo papado, como quem está convencido de que, para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a si mesmo. Talvez ele não demore a reformar a Cúria Romana e, quem sabe, extinguir o IOR, o Banco do Vaticano, alvo de graves denúncias de corrupção, e também as nunciaturas apostólicas, as representações diplomáticas do Vaticano no exterior, para valorizar as conferências episcopais e a colegialidade na Igreja. Agora, há algo de novo na barca de Pedro, cujas velas são tocadas pelo sopro do Espírito Santo. Em: adital.com.br – 30-07/13 Leonardo Boff Não é fácil em poucas palavras resumir os pontos relevantes das intervenções do Papa Francisco no Brasil. Enfatizo alguns com o risco de omitir outros importantes. O legado maior foi a figura do Papa Francisco: um humilde servidor da fé, despojado de todo aparato, tocando e deixando-se tocar, falando a linguagem dos jovens e as verdades com sinceridade. Representou o mais nobre dos líderes, o líder servidor que não faz referência a si mesmo mas aos outros com carinho e cuidado, evocando esperança e confiança no futuro. No campo político encontrou um país conturbado pelas multitudinárias manifestações dos jovens. Defendeu sua utopia e o direito de serem ouvidos. Apresentou uma visão humanística na política na economia e na erradicação da pobreza. Criticou duramente um sistema financeiro que descarta os dois polos: os idosos porque não produzem e os jovens não criando-lhes postos de trabalho. Os idosos deixam de repassar sua experiência e os jovens são privados de construir o futuro. Uma sociedade assim pode desabar. O tema da ética era recorrente, fundada na dignidade transcendente da pessoa. Com referência à democracia cunhou a expressão “humildade social” que é falar olho a olho, entre iguais e não de cima para baixo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento apontou uma opção sempre possível: o diálogo construtivo. Três categorias sempre voltavam: o diálogo como mediação para os conflitos, a proximidade para com as pessoas para além de todas as burocracias e a cultura do encontro. Todos tem algo a dar e algo a receber. “Hoje ou se aposta na cultura do encontro ou todos perdem”. No campo religioso foi mais fecundo e direto. Reconheceu que”jovens perderam a fé na Igreja e até mesmo em Deus pela incoerência de cristãos e de ministros do evangelho”. O discurso mais severo reservou-o para os bispos e cardeais latinoamericanos (CELAM). Reconheceu que a Igreja, e ele mesmo se incluiu, está atrasada com referência à reforma das estruturas da Igreja. Conclamou não apenas a abrir as portas para todos, mas a saírem em direção do mundo e para as “periferias existenciais”. Criticou a “psicologia principesca” de membros da hierarquia. Eles tem que ser pobres interior e exteriormente. Dois eixos devem estruturar a pastoral: a proximidade do povo, para além das preocupações organizativas e o encontro marcado de carinho e ternura. Fala até da necessária “revolução da ternura” coisa que ele mostrou viver pessoalmente. Entende a Igreja como mãe que abraça, acaricia e beija. Essa atitude materna os pastores devem cultivar para com os fiéis. A Igreja não pode ser controladora e administradora mas servidora e facilitadora. Enfaticamente afirma que a posição do pastor não é a posição do centro mas a das periferias. Esta afirmação é de se notar: a posição do bispos deve ser “ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se desgarre” e dar-se conta de que “o próprio rebanho tem o seu olfato para encontrar novos caminhos”. Ademais, deu centralidade aos leigos para junto com os pastores decidirem os caminhos da comunidade. O diálogo com o mundo moderno e a diversidade religiosa: o Papa Francisco não mostrou nenhum medo face ao mundo moderno; quer trocar e inserirse num profundo sentido de solidariedade para com os privados de comida e de educação. Todas as confissões devem trabalhar juntas em favor das vítimas. Pouco importa se o atendimento é feito por um cristão, judeu, muçulmano ou outro. O decisivo é que e o pobre tenha acesso à comida e à educação. Nenhuma confissão pode dormir tranquila enquanto os deserdados deste mundo estiverem gritando. Aqui vige um ecumenismo de missão, todos juntos, a a serviço dos outros. Aos jovens dedicou palavras de entusiasmo e de esperança. Contra uma cultura do consumismo e da desumanização convocou-os a serem “revolucionários” e “rebeldes”. É pela janela dos jovens que entra o futuro. Criticou o restauracionismo de alguns grupos e o utopismo de outros. Colocou o acento no hoje:”no hoje se joga a vida eterna”. Sempre os desafiou para o entusiasmo, para a criatividade e para irem pelo mundo espalhando a mensagem generosa e humanitaria de Jesus, o Deus que realizou a proximidade e marcou encontro com os seres humanos. Na celebração final havia mais de três milhões de pessoas, alegres, festivas e na mais absoluta ordem. Desceu um aura de benquerença, de paz e de felicidade sobre o Rio de Janeiro e sobre o Brasil que só podia ser a irradiação do terno e fraterno Papa Francisco e do Sentimento Divino que soube transmitir. Em: leonardoboff.wordpress.com – 30-07/13 Fernando Altemeyer Junior O papa Francisco bateu na porta de nosso coração e entrou de mansinho. Sereno e sempre de janelas abertas, se fez peregrino. E o povo carioca o amou de paixão! E Francisco lhes retribuiu com o sorriso que nasce no coração do Cristo Redentor. Quais os frutos a colher? A esperança em oito facetas evangélicas, nascida no amor de Deus, e transmitida de forma visceral por este querido argentino. O futuro exigirá a política, a fé e a esperança! Daí o pedido e o imperativo categórico do papa aos jovens na missa final em Copacabana: "Queridos jovens, regressando às suas casas, não tenham medo de ser generosos com Cristo, de testemunhar o seu Evangelho”. As felicidades de Francisco são as mesmas bem-aventuranças de Jesus e promovem a cultura do encontro e do diálogo. A primeira felicidade vital do papa: "Felizes os pobres de espírito: deles é o Reino dos céus (Mt 5,3)”. Os pobres da comunidade de Varginha foram os interlocutores do encontro de Francisco com o povo brasileiro. Entrou em uma casa, abraçou e foi beijado, orou com os evangélicos, tocou e foi tocado. Ganhou a bandeira da pastoral de juventude e o anel de tucum. Faltou elogiar as CEBs e a Teologia da América Latina. O povo ficou encantado com o jeito de Jorge Mario Bergoglio, pois viu nele um compadre fiel de lutas e utopias. Não era mais estrangeiro, mas o amigo do peito, companheiro. Ele se fez um "papa cireneu", que ajuda na peleja do viver a enfrentar as cruzes da injustiça. A segunda felicidade do sucessor de Pedro: "Felizes os mansos: receberão a terra em herança (Mt 5,4)”. Os mansos são aqueles que o são não tanto por temperamento, mas pela dura necessidade da sua condição social e política. O afago, o abraço de muitas crianças pelas ruas cariocas, chegou ao clímax naquele menino de doze anos, que aos prantos o abraça repleto de felicidade cordial. Os mansos se exercitam na mansidão e se reconhecem. Mansos repletos da candura das crianças. E este pode ser o caminho de uma nova política: "ouvir o povo, dialogar com todos, respeitar as diferenças", com serenidade e mansidão, dando prioridade às crianças, aos anciãos e aos jovens. A terceira felicidade de Jorge Mario Bergoglio: "Felizes os que choram: eles serão consolados (Mt 5,5)”. Aquele que sofre e é injustiçado, que perde a esperança. Ao ouvir o papa na Via-crúcis na praia de Copacabana, parecia-nos ouvir a ária "Una furtiva lacrima", último ato da ópera O elixir do amor, de Gaetano Donizetti, quando canta: "Uma lágrima furtiva irrompe de seus olhos. Jovens festivos parecem invejá-la. O que mais devo eu buscar. Me ama: eu o vejo! Um só instante e o palpitar de seu coração posso sentir. Seus suspiros se confundem com os meus. Ó Céus, posso morrer! Mais eu não peço! O papa disse haver uma conexão misteriosa entre a cruz de Jesus e a cruz dos jovens. Jesus em sua cruz carrega todos os nossos medos mais profundos e o nosso choro mais doído! A quarta felicidade de Francisco: "Felizes os que têm fome e sede de justiça: eles serão saciados (Mt 5,6)”. Ter fome de justiça é a atitude de quem é um eleito de Deus. Ter fome de justiça é parte fundamental da fé bíblica. O papa não veio para adormecer com discursos melosos e suaves. Veio incomodar as elites e os grupos que oprimem o povo. Veio propor que os jovens caminhem alegres e rebeldes na estrada da justiça. Que façam barulho e mexam com as estruturas obsoletas da sociedade e das Igrejas. Afinal, o sentido ético é um desafio sem precedentes, diz Francisco. O papa foi valente e quer cristãos valentes e sem arrogância. Lutadores e profetas, com memória história, pé no chão e projetos de transformação. Organizados, pois "Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos”. A quinta felicidade do bispo de Roma: “Felizes os misericordiosos: eles alcançarão misericórdia (Mt 5,7). Esta é a felicidade central da vida e do programa de bispo de Francisco, pois ele sabe que quem possui compaixão assume o outro como irmão de verdade. A misericórdia é filha de Deus. E o amor misericordioso não é raquítico nem efêmero. É amor abundante, generoso, forte, feliz, pleno e transbordante. Deus dá Deus. Como diz a bela melodia de padre Zezinho: "Por um pedaço de pão e um pouquinho de vinho, Deus se tornou refeição e se fez o caminho”. Francisco pediu, exigiu, conclamou bispos e padres a saírem das sacristias, a irem para as periferias, para serem impregnados do cheiro das ovelhas e do povo de Deus. A sexta felicidade do papa argentino: "Felizes os corações puros: eles verão a Deus (Mt 5, 8)”. A limpeza e pureza de coração é o coração sincero. Francisco falou para a presidente da Republica, aos indígenas, ao prefeito do Rio, para a elite e para os milhões nas ruas. Aos 500 mil jovens da Jornada e aos 1500 clérigos e religiosas na Catedral. Não foi jogo de marketing, nem teologia da prosperidade. Não propôs proselitismo e muito menos confronto com os irmãos evangélicos. Apresentou o Evangelho de Cristo, como testemunho pessoal e qualitativo de um cristão e pastor engajado pela fé e na fé. Francisco quis estar na verdade mais do que afirmar-se dono ou possuidor exclusivo dos tesouros da revelação. A sétima felicidade do filho de imigrantes: "Felizes os que agem em prol da paz: eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9)”. O papa Francisco não proclamou a paz covarde ou uma ausência de conflitos. Não rezou por uma paz de cemitério ou pela covarde e resignada religião de subserviência ou de preces fundamentalistas. Propôs uma paz inquieta, rebelde, criativa, sonhadora. Paz onde a pessoa humana é o método, a chave e a meta. A dignidade humana como critério divino: a glória de Deus é que o pobre tenha vida! Gritou a cada momento nesta semana no Brasil, contra a corrupção das elites e das instituições e clamou por uma justa distribuição das riquezas no mundo. E disse ao clero brasileiro: tenham a coragem de ir contra a corrente que transforma pessoas em objetos descartáveis. A idolatria é fruto da injustiça social e um maldito sinal que nega vida ao povo negro, aos moradores das periferias e aos camponeses, mulheres, idosos e às crianças. A oitava felicidade do devoto de Maria: "Felizes os perseguidos por causa da justiça: deles é o Reino dos Céus (Mt 5, 10)". Na sua primeira visita internacional nos lembrou do vigor profético de dom Helder Camara e do amor preferencial de Luciano Mendes de Almeida. Hoje o papa Francisco fortalece a fé de quem ficou ao lado dos empobrecidos, ao lado do Cristo crucificado pelo regime ditatorial. Falou da teimosia evangélica. Celebrou a vida dos que deram a vida: vidas pela vida. Faltou recordar a entrega de tantos mártires de nossa Igreja latino-americana como dom Oscar Arnulfo Romero y Gadamez, Frei Tito Alencar Lima, padre Henrique Pereira Neto, irmã Dorothy Stang, Santo Dias da Silva e o jovem torturado Alexandre Vannucchi Leme, entre centenas que entregaram a vida pelos pobres. Será preciso viver obedientes no amor e na fidelidade sem olvidar as testemunhas. Amor verdadeiro é memória celebrada do sangue derramado, como Cristo na cruz. Santa Teresinha de Lisieux escrevia para sua irmã Léonie: "A única felicidade na terra é aplicar-se em achar deliciosa a parte que Jesus nos dá (12.08.1897)". O papa Francisco abriu o nosso imenso apetite para degustar os deliciosos quitutes de Deus. Ao tocar nossa carne, nossa pele, nossa vida, nossa praia ele mexeu com o nosso coração. Ao andar pelas ruas no meio de inverno glacial esquentou a nossa esperança. Nunca mais o Brasil será o mesmo. Os cristãos puderam degustar um gostoso aperitivo da fé. Façamos agora a nossa feijoada. Os ingredientes, já temos. Basta botar fogo na panela e água no feijão, para que ninguém fique excluído! Ninguém mais fora da vida pública! Ninguém fora da mesa da cidadania. Cada qual tornando a fé livre e libertadora, com jeitinho franciscano e sotaque carioca. Ouvimos um convite quente: seguir a Jesus. De forma convicta e apaixonada! O coração da mensagem do papa: sair do centro para a margem, rompendo casulos, para alçar voo de peregrino destemido, envolto no mistério de Deus. Como cantava o poema musical de Ednardo: "Pavão misterioso/ Pássaro formoso/ Tudo é mistério/ Nesse teu voar/ Ai se eu corresse assim/ Tantos céus assim/ Muita história/ Eu tinha pra contar...”. Vai com Deus papa Francisco, te cuida! Volta logo, pois sentiremos muitas saudades de Tu, "mermão Chico”! Tu és sangue-bom! Por enquanto, até Cracóvia, em 2016. Em: www.universovozes.com.br-31/07/13 O Papa Francisco respondeu, no voo de regresso a Roma, às numerosas perguntas que ao longo de quase uma hora e meia, os 70 jornalistas a bordo, lhe dirigiram. Apresentamos a seguir alguns trechos publicados pela Rádio Vaticana. "Foi uma viagem bonita; espiritualmente, fez-me bem": o Papa estava visivelmente satisfeito com a experiência vivida com os jovens da JMJ no Brasil. "Encontrar as pessoas faz bem", continuou ele, "podemos sempre receber tantas coisas bonitas dos outros." E depois, uma referência às medidas de segurança que levantaram algumas preocupações. "Não houve nenhum acidente em todo o Rio de Janeiro, nestes dias, e tudo era espontâneo. Com menos segurança, eu pude estar com as pessoas, abraçá-las, saudá-las, sem carros blindados... E’ a segurança de quem confia no povo. Realmente, há sempre o perigo que haja um louco... oh, sim, que haja um louco que faça alguma coisa, mas também está o Senhor, hein? Mas, fazer um espaço de blindagem entre o bispo e o povo é uma loucura, e eu prefiro este risco". O Papa agradeceu depois aos organizadores e operadores da informação pela preciosa colaboração dada para contar os eventos desta 28ª JMJ. “A bondade e o sofrimento do povo brasileiro”, disse-lhes, são os aspectos que particularmente o impressionaram nesta viagem: "A bondade, o coração do povo brasileiro é grande, é verdade, é grande; mas, é um povo tão amável, um povo que gosta de festa e que, mesmo no sofrimento, encontra sempre uma maneira para procurar o bem de todos os lados. E isto faz bem: é um povo alegre, um povo que sofreu tanto!". Uma referência indireta, esta, à comovente visita à favela de Varginha, em contacto com a pobreza extrema e a dor de tantas famílias. E depois a maravilha do Papa Francisco, pela participação de mais de três milhões de jovens de 178 Países na Missa de encerramento do último Domingo, em Copacabana; mas também a oração, sublinhou o Papa Francisco, foi o leitmotiv desta JMJ, como no dia da visita ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida: "Aparecida, para mim, é uma experiência religiosa forte", disse o Papa. Evidentemente, o Papa Bergoglio recorda aquilo que este lugar, assim tão caro aos brasileiros, significou para a Igreja latino-americana, depois de ter sido a sede da V Conferência do episcopado do Continente, em Maio de 2007. O Papa referiu-se também no colóquio com os jornalistas à próxima canonização dos dois pontífices João XXIII e João Paulo II: vão ser proclamados santos numa única celebração. Quanto à data, pensava-se no dia 8 de Dezembro, mas poderá ser adiada para a próxima primavera porque naquele período, na Polónia, as estradas estão cheias de gelo e os que vêm de autocarros, por não terem a possibilidade de vir a Roma de avião, correm o risco de não estar presentes. Sobre a sua escolha de viver de modo simples, em Santa Marta, o Papa respondeu: “Eu não posso viver sozinho, ou com um pequeno grupo! Sinto a necessidade de estar com as pessoas, de encontrar gente, de falar com a gente… Cada um deve viver como o Senhor lhe pede para viver. Mas, a austeridade – uma austeridade geral – creio que seja necessária para todos aqueles que se põem a trabalhar pela Igreja”. Resolvida, em seguida, com a ironia e a simplicidade próprias do Papa Bergoglio, o grande “mistério” da pasta preta, levada pessoalmente na viagem ao Brasil:“aí não estava a chave da bomba atómica! Mas trazia-a eu porque fiz sempre assim… E o que é que contém!? Está gilete, está o breviário, está a agenda, está um livro de leitura – trouxe um sobre Santa Teresinha a quem sou devoto … andei sempre com a pasta, nas viagens: é normal. Mas temos de ser normais.” O Papa abordou também temas mais delicados, como a reforma do IOR, dizendo: “não sei em que é que será transformado esse Instituto, se numa banca ou um fundo de ajudas, mas transparência e honestidade isto sim, devem ser os critérios em que se inspira esse organismo. O problema do IOR – continuou o Papa é “como reforma-lo, como sanear aquilo que deve ser saneado”. Em seguida o Papa exprimiu a sua dor pelo escândalo criado por um monsenhor que acabou recentemente por ser encarcerado. Mas “existem santos na cúria– especificou –e, mesmo se existe um ou outro que não seja tanto santo, estes são aqueles que fazem mais barulho: sabeis que faz mais barulho uma árvore que cai do que uma floresta que cresce. No que toca a temas éticos como o aborto e o casamento gay, o Papa voltou a sublinhar que não falou deles na JMJ de Rio, porque a posição da Igreja sobre isso é já conhecida e clara. A uma pergunta sobre a questão da lobby gay no Vaticano, o Papa disse: “Bem, escreve-se muito sobre a lobby gay. Eu ainda não encontrei ninguém que me tenha dado o bilhete de identidade no Vaticano com a escrita “gay”. Dizem que há. Creio que quando nos vemos perante uma pessoa assim, devemos distinguir o facto de ser uma pessoa gay do facto de fazer lobby, porque as lobbies não são boas. Não se trata duma coisa boa. Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade… mas quem sou eu para a julgar?” Sobre a questão da comunhão aos divorciados que voltaram a casar-se, o Papa Francisco explicou que é um problema “complexo” que será tido em conta também pelo Conselho dos oito cardeais em Outubro próximo, mas recordou o que já dizia o cardeal Quarracino, segundo o qual metade dos matrimónios são nulos devido à imaturidade com que são contraídos. Respondendo a um jornalista acerca do papel da mulher na Igreja, o Papa considerou que “se deve ir para a frente na explicitação do papel e do carisma da mulher” na Igreja e que não se fez ainda “uma profunda teologia da mulher na Igreja”. O Pontífice falou depois dos movimentos eclesiais dizendo que “são necessários… são uma graça do Espírito”. Falou também da espiritualidade oriental com estas palavras: “temos necessidade… deste ar fresco do Oriente, desta luz do Oriente”. Por fim, sobre a presença de Bento XVI no Vaticano disse: “É como ter um avô em casa, mas um avô sábio. Quando numa família o avô vive em casa, é venerado, é amado, é ouvido. Ele é um homem de grande prudência, não se imiscui. Eu já lhe disse várias vezes: “Mas Santidade, faça a sua vida, receba hóspedes, participe nas nossas iniciativas… “. Participou na inauguração e bênção da Estátua de São Miguel… Para mim, é como ter um avô em casa. O meu pai. Se tivesse uma dificuldade ou algo que não compreendesse, havia de telefonar e dizer “mas diga-me, acha que posso fazer isto, aquilo?”. E quando fui ter com ele para falar daquele grande problema do vatileaks, ele disse tudo com grande simplicidade… ao serviço”. Em:www.zenit.org – 31/07/13 2º Semestre 2013 – Início dia 02 de Agosto – Sexta-Feira Para o 2º Semestre de 2013, o tema a ser estudado será: “Os Conselhos Populares no controle social das Políticas Públicas” Quais são os Conselhos fundamentais para garantir Cidadania, Democracia, Qualidade de Vida e uma Cidade para todos? Como construir um futuro melhor para todos? Dia 02 de Agosto – Aula Inaugural Tema: Política, Cultura e Educação Assessor: Dr. Mario Sergio Cortella Dia 09 de Agosto Tema: Importância do Curso de Direito na Unifesp - Leste Assessor: Dr. Fábio Konder Comparato Dia 16 de Agosto Tema: Conselhos Sociais e de Controle Social Assessor: Dr. Rudá Ricci Dia 23 de Agosto Tema: Por uma Reforma Política profunda (propostas) Assessores: Dep. Federal Luiza Erundina e Dep. Federal Paulo Teixeira Dia 30 de Agosto Tema: Secretaria Municipal de Educação Assessor: Cesar Callegari Secretário Municipal de Educação - São Paulo Faça sua Inscrição no Site: http://escoladecidadaniadazonaleste.zip.net/ Local: CIEJA – Campo Limpo Rua Cabo Estácio Conceição nº 176 – Campo Limpo – São Paulo – SP Data e horário: 03 de Agosto de 2013 das 9h00 às 13h00 (Encerraremos nosso encontro com almoço de confraternização) O estudo de questões que envolvem Fé, Política, Justiça e Cidadania são uma valiosa fonte de aprendizado e formação. Participe você também. Maiores informações podem ser obtidas com: Embu: Valdeci: [email protected] - Escola Novo Encontro: Êda: [email protected] Mogi das Cruzes: Pedro: [email protected] - Zona Leste 1 (Belém): Mônica: [email protected] Zona Leste: Deise: [email protected] - Zona Sul: Joyce: [email protected] Paróquia São Francisco de Assis Rua Miguel Rachid, 997-Ermelino Matarazzo Fone 2546-4254 Neste encontro, teremos a oportunidade de estudar e aprofundar nossos conhecimentos sobre a Palavra de Deus a partir da Constituição Dogmática “Dei Verbum” e da Exortação Apostólica “Verbum Domini”. Não perca esta oportunidade. Organize grupos em sua paróquia, comunidade ou grupo de rua e venham caminhar conosco nesta jornada. Conhecer a Palavra de Deus é conhecer a verdade que liberta. Para maiores informações, envie e-mail para: Caíque: [email protected] - Murinho: [email protected]; Dia– Horário - Local Centro Social Marista de Itaquera Av. do Contorno nº 198 – Itaquera – São Paulo – SP (Junto à Estação Itaquera do Metrô) A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil definiu “Leigos na Igreja” como tema de trabalho para 2014. De nossa parte, sempre nos preocupamos com a condição dos Leigos na Igreja e defendemos maior participação destes nas diversas áreas pastorais intra e extra-eclesial. Este primeiro encontro, será o início de uma trajetória que contará com o Pré-Congresso de Leigos e Leigas, a ser realizado no mês de Maio de 2014, em preparação para o Grande Congresso de Leigos e Leigas que faremos realizar no mês de Outubro de 2014. Um grupo de Leigos e Leigas do IPDM, produziram um conjunto de 7 textos propostos como elementos norteadores para debates e estudos nas paróquias e comunidades, em preparação para o encontro de agosto que está a disposição de todos os interessados. Para maiores informações sobre o encontro ou para obter os textos produzidos, escreva para: André: [email protected] ou Deise: [email protected] Local: Rua da Padroeira, 83 – Jardim Nordeste, São Paulo – SP Tema do Encontro Maiores informações podem ser obtidas com: Eduardo: [email protected] - Lucas: [email protected] Vinicius: [email protected] Com a Teóloga, Socióloga e Escritora Tema do encontro Santuário Nossa Senhora da Paz Av. Maria Luiza Americano, 1550 - Cidade Líder – São Paulo – SP Maiores informações podem ser obtidas com: Eduardo: [email protected] - Lucas: [email protected] - Vinicius: [email protected] R E U N I Õ E S COORDENAÇÃO Os membros da Coordenação do IPDM realizarão suas reuniões bimestrais sempre nas 3as Terças-Feiras dos meses impares. 17 de Setembro / 19 de Novembro As reuniões serão realizadas sempre às 20h00 na Paróquia São Francisco de Assis da Vila Guilhermina Praça Porto Ferreira, 48 - Próximo ao Metro Guilhermina - Esperança PADRES – RELIGIOSOS – RELIGIOSAS As reuniões entre os padres, religiosos e religiosas e Agentes de Pastorais serão realizadas sempre na última Sexta-Feira dos meses pares. 30 de Agosto / 25 de Outubro / 29 de Novembro As reuniões serão realizadas sempre às 9h30 no CIFA – Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Itaquera Rua Flores do Piauí, 182 - Centro de Itaquera Os endereços eletrônicos abaixo indicados contêm riquíssimo material para estudos e pesquisas. Por certo, poderão contribuir muito para o aprendizado de todos nos mais diversos seguimentos. www.adital.org.br - Esta página oferece artigos/opiniões sobre movimentos sociais, política, igrejas e religiões, mulheres, direitos humanos dentre outros. O site oferece ainda uma edição diária especial voltada aos jovens.Ao se cadastrar você passa a receber as duas versões diárias. www.amaivos.com.br - Um dos maiores portais com temas relacionados à cultura, religião e sociedade da internet na América Latina, em conteúdos, audiência e serviços on-line. www.cebi.org.br - Centro de estudos bíblicos, ecumênico voltado para a área de formação abrangendo diversos seguimentos tais como: estudo bíblico, gênero, espiritualidade, cidadania, ecologia, intercâmbio e educação popular. www.cnbb.org.br - Página oficial da CNBB disponibiliza notícias da Igreja no Brasil, além de documentos da Igreja e da própria Conferência. www.ihu.unisinos.br - Mantido pelo Instituto Humanitas Unisinos o site aborda cinco grandes eixos orientadores de sua reflexão e ação, os quais constituem-se em referenciais inter e retrorrelacionados, capazes de facilitar a elaboração de atividades transdisciplinares: Ética, Trabalho, Sociedade Sustentável, Mulheres: sujeito sociocultural, e Teologia Pública. www.jblibanio.com.br - Página oficial do Padre João Batista Libânio com todo material produzido por ele. www.mundomissao.com.br - Mantida pelo PIME aborda, sobretudo, questões relacionadas às missões em todo o mundo. www.religiondigital.com - Site espanhol abordando questões da Igreja em todo o mundo, além de tratar de questões sobre educação, religiosidade e formação humana. www.cartamaior.com.br - Site com conteúdo amplo sobre arte e cultura, economia, política, internacional, movimentos sociais, educação e direitos humanos dentre outros. www.nossasaopaulo.org.br - Página oficial da Rede Nossa São Paulo. Aborda questões de grande importância nas esferas político-administrativas dos municípios com destaque à cidade de São Paulo. www.pastoralfp.com - Página oficial da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo. Pagina atualíssima, mantém informações diárias sobre as movimentações políticas-sociais em São Paulo e no Brasil. www.vidapastoralfp.com - Disponibilizado ao público pela Paulus editora o site da revista Vida Pastoral torna acessível um vasto acervo de artigos da revista classificados por áreas temáticas. Excelente fonte de pesquisa. www.paulus.com.br – A Paulus disponibiliza a Bíblia Sagrada edição Pastoral online/pdf. www.consciencia.net/acervo-digital-disponibiliza-toda-a-obra-de-paulo-freire/ - acervo Paulo Freire completo disponível neste endereço. http://www.news.va/pt - Pronunciamentos do Papa Francisco diretamente do Vaticano. “Queria lançar um apelo a todos que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: não se cansem de trabalhar para um mundo mais justo e solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo”. Papa Francisco