paola mandetta tokumoto efeito da heterogeneidade da
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E EVOLUÇÃO CAMPUS DIADEMA PAOLA MANDETTA TOKUMOTO EFEITO DA HETEROGENEIDADE DA PAISAGEM SOBRE REDES DE INTERAÇÕES PLANTA-POLINIZADOR DIADEMA – SP 2015 PAOLA MANDETTA TOKUMOTO DANILO BOSCOLO EFEITO DA HETEROGENEIDADE DA PAISAGEM SOBRE REDES DE INTERAÇÕES PLANTA-POLINIZADOR Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, Campus de Diadema, UNIFESP, para obtenção do título de Mestre em Ecologia e Evolução. DIADEMA-SP 2015 Tokumoto, Paola Mandetta Efeito da heterogeneidade da paisagem sobre redes de interações plantas-polinizador/ Paola Mandetta Tokumoto. -- Diadema, 2015. 62 f. Dissertação de mestrado (Programa de pós-graduação em ecologia e evolução). Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema, 2015 Orientador: Prof. Dr. Danilo Boscolo 1. Ecologia de paisagem, 2. Heterogeneidade, 3. Polinização, 4.Redes de interações, 5. Visitantes florais. .I. Título CDD 577 CDD 540 No começo pensei que estivesse lutando para salvar as seringueiras, Depois pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica. Agora percebo que estou lutando pela humanidade. (Chico Mendes) ii Agradecimentos Agradeço, primeiramente, aos meus pais, irmão e avôs, pelo apoio e confiança de sempre, sem os quais eu não conseguiria chegar até aqui. Ao meu orientador Danilo Boscolo, com quem aprendi muito. Obrigada pela maravilhosa orientação, pela disponibilidade e apoio sempre que precisei. Espero que continue assim: humano e profissional, tratando a todos com muito respeito e simplicidade. Ao financiamento dos campos através do projeto “New sampling methods and statistical tools for biodiversity research: integrating animal movement ecology with population and community ecology” (FAPESP nº 2013/50421-2), coordenado pelo professor Milton Cezar Ribeiro, por quem tenho muita gratidão e admiração. É sempre um prazer trabalhar com você! À CAPES pela bolsa de mestrado concedida; ao Programa de pós-graduação em Ecologia e Evolução da UNIFESP e à USP de Ribeirão Preto por me “adotar” nesses anos. Ao Prof. Dr. Jean Paul Metzger e Dra. Julia Astegiano, pelas valiosas sugestões ao trabalho na qualificação. Ao professor Marco Aurelio Pizo, por ceder o sítio em Itatiba para nos alojarmos durante as coletas. Ao apoio e receptividade dos proprietários e caseiro de onde os fragmentos estudados se localizam. A todas as pessoas que me ajudaram em campo (vocês foram incríveis): Paty, Maurício, Ricardo, Vinícius, Lucas Tokumoto, Juliana, Pavel, Lucas Gaspar, Kalinka, Luciano Fioroto, Luciano Lopes, Pantoja, Paula, Papete, Laiz, Danilo Oliveira, Guilherme e principalmente ao Urucum, o qual me ajudou em todas as etapas do campo, sem ele seria muito mais difícil passar por tudo isso. Agradeço à Dani pela paciência e ótima companhia! Aos especialistas que identificaram os materiais biológicos. Vocês me ensinaram muito: Sidney (abelhas e pela ajuda e apoio de sempre), Prof. Eduardo Almeida (abelhas), Zé Amilcar (abelhas), Yuri C. Grandine (vespas), Prof. André V. L. Freitas (borboletas, em preparação, rs) e ao Prof Milton Groppo (plantas). Agradeço à Patrícia Alves Ferreira pela ajuda de sempre, por compartilhar seus conhecimentos comigo e me orientar principalmente nos campos e na escrita da dissertação. iii Ao Prof. Marco Mello, pelo excelente material didático disponibilizado, com o qual foi muito mais fácil entender e analisar as redes de interações. Ao Miltinho, Bernardo e Hugo por me ajudar com parte das análises. Ao John W. Ribeiro e Juliana S. dos Santos pela prestatividade com o LS Corridor e Conectividade Funcional. Agradeço imensamente aos membros da banca de defesa, os quais deram sugestões bastante relevantes ao trabalho: Dr. Leandro R. Tambosi, Dr. Marcelo Rossi e Dra. Isabela G. Varassin. Gostaria também de agradecer a algumas pessoas que se tornaram muito especiais nesses anos, possibilitando momentos de descontração e alegria e pelas quais tenho imenso carinho. Aos amigos de Ribeirão Preto: Fabi, pela amizade deliciosa e por me aceitar na sua casa dividindo-a comigo por todo esse tempo; Paula, pelo espírito alegre e pela ótima companhia, adorei conviver com você; Juliana, por topar colaborar ativamente com esse trabalho na parte das características locais dos fragmentos, pela vontade de aprender, prestatividade e amizade; Fábio, Patrícia e Ana pela alegria de todos os dias e, principalmente à Nanda, pela maravilhosa amizade, obrigada por ser tão amiga e companheira em todos os momentos! Ribeirão foi bem mais divertido com vocês por perto. Aos amigos da UNIFESP: Os “da curva” do PPGEE, rs (Principalmente o Zé Mario, Felipe, Bruno, Thiago Bras e Campacci), admiro muito vocês, cada um do seu jeito particular de ser. Obrigada pelos momentos maravilhosos!; à Marina pelas excelentes conversas, desabafos e por toda a ajuda . Agradeço ao curso de campo da Floresta Amazônica (2013), do qual até hoje absorvo e aplico os seus ensinamentos e às pessoas que tive o prazer de conviver intensamente por um mês na Floresta Amazônica, vocês foram demais! Também agradeço a oportunidade de organizar e monitorar o Curso Internacional de campo de Polinização, no qual conheci pessoas muito especiais e aprendi bastante sobre polinização em vários aspectos (em especial aos monitores Tati, Liedson e Victor, amei conviver com vocês). E, finalmente, agradeço ao meu amor, João, que me deu muita força nos momentos mais difíceis, me fazendo acreditar que eu era capaz de seguir em frente. Obrigada por ser tão amigo e companheiro! iv Sumário Resumo ....................................................................................................................................... 6 Abstract....................................................................................................................................... 7 1. Introdução ............................................................................................................................... 8 2. Objetivos............................................................................................................................... 11 3. Métodos ................................................................................................................................ 11 3.1 Área de Estudo ................................................................................................................... 11 3.2 Seleção das unidades amostrais .......................................................................................... 13 3.3 Coleta de dados biológicos ................................................................................................. 15 3.4 Riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis ....................... 17 3.5 Redes de Interação .............................................................................................................. 17 3.6 Características locais dos fragmentos ................................................................................. 19 3.7 Estrutura da Paisagem Circundante .................................................................................... 21 3.8 Análise dos dados ............................................................................................................... 29 4. Resultados............................................................................................................................ 32 4.1 Dados biológicos ................................................................................................................ 32 4.2 Efeito da paisagem sobre a riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis ................................................................................................................................ 33 4.3 Redes de interações entre plantas e visitantes florais ......................................................... 35 4.4 Efeito da estrutura da paisagem sobre redes de interações plantas e visitantes florais ...... 39 5. Discussão .............................................................................................................................. 42 6. Referências Bibliográficas.................................................................................................... 48 APÊNDICE A .......................................................................................................................... 55 APÊNDICE B ........................................................................................................................... 56 APÊNDICE C ........................................................................................................................... 61 v Resumo A maioria dos estudos a respeito dos efeitos das alterações antrópicas na paisagem sobre a biodiversidade focam em parâmetros de riqueza e abundância de espécies. São poucos aqueles que buscam compreender os efeitos dessas perturbações sobre processos ecológicos como a polinização, os quais são importantes para a manutenção de ecossistemas naturais e antrópicos. Os insetos polinizadores são sensíveis às alterações na paisagem, e têm-se observado um declínio global desses organismos. Nesse contexto, análises de redes de interações planta - polinizadores nos permitem melhor entender o quão resistente e resiliente é o processo de polinização frente a diferentes perturbações. Estudos recentes mostram que a abundância e riqueza de polinizadores e a produtividade agrícola tendem a ser maiores em paisagens com maior quantidade de floresta e também mais heterogêneas. Ainda há a necessidade de melhor compreendermos o efeito dos diferentes tipos de ambientes sobre a estrutura de redes de interações inseto-planta de forma funcional. Neste estudo avaliamos a influência da heterogeneidade funcional da paisagem sobre redes de interações plantapolinizador, sobre a riqueza e abundância de visitantes florais e sobre a riqueza de flores disponíveis em fragmentos florestais de Mata Atlântica. Nossa hipótese principal foi que paisagens mais diversas, com mais floresta, com maior qualidade e mais conectadas devem possuir redes de interações mais resistentes, além de comunidades de plantas e visitantes mais ricas. Selecionamos 12 paisagens, de modo a formar um gradiente de diversidade da paisagem e proporção de floresta. Coletamos ativamente visitantes florais e plantas com flores e construímos redes de interações para cada paisagem. Para análise dos dados utilizamos a abordagem de seleção de modelos por múltiplas hipóteses concorrentes, com base na teoria de informação e do Critério de Informação de Akaike – AIC. A comunidade de polinizadores foi mais rica e abundante em paisagens com maior proporção de floresta. As redes de interações foram mais assimétricas em paisagens com maior conectividade funcional; com maior diversidade de interações em paisagens com maior qualidade e proporção de floresta; e mais modulares em paisagens mais diversas, combinadas com maior quantidade de floresta e maior qualidade da paisagem. Em estudos que buscam compreender o efeito das alterações na paisagem sobre a polinização em cenários reais, é importante considerar, além da quantidade de floresta, como a composição e configuração de diferentes ambientes na paisagem influenciam esse processo. 6 Palavras chaves: ecologia de paisagem, heterogeneidade, polinização, redes de interações, visitantes florais. Abstract Most studies about the effects of anthropogenic landscape changes on biodiversity have focused on parameters such as species richness and abundance. Few are those that aim to understand the effects of these disturbances on ecological processes such as pollination, which are important for the maintenance of natural and anthropic ecosystems. Pollinating insects are sensitive to changes in the landscape, what may be one of the leading forces for the global decline of these organisms. In this context, the analysis of plant-pollinators interaction networks allows us to better understand the resistance and resilience of pollination processes against landscape changes. Recent studies show that the abundance and richness of pollinators and agricultural productivity tend to be higher in landscapes that are more heterogeneous and with greater amount of forest. However, there is a necessity to better understand how different types of environments affect plant-pollinator interaction networks with a functional approach. This study evaluated the influence of functional heterogeneity of the landscape on plantpollinator interaction networks, on the richness and abundance of insect flower visitors, and the richness of flowers available in Atlantic Forest fragments. Our main hypothesis was that in more diverse, forested, connected and with higher quality landscapes, we should find more resistant and resilient plant-pollinator interaction networks, as well as richer flower and pollinator communities. For this, we selected 12 landscapes, within a gradient of landscape diversity and forest proportion. In each central forest fragment, we actively collected floral visitors and flowering plants to build plant-pollinator networks for each landscape. We analyzed our data using a multiple competing hypotheses model selection approach based on the Akaike Information Criterion - AIC. Pollinator communities were richer and more abundant in landscapes with higher proportion of forest; more asymmetrical in landscapes with greater functional connectivity; more modular in better quality and more diverse landscapes; and with greater diversity of interactions in landscapes with higher quality and proportion of forest. In studies that aim to understand how landscape changes affect pollination in realistic scenarios, it is important to consider, in addition to the amount of forest, how the composition and configuration of different environments in landscape affect this ecological process. Key words: interaction networks, flower visitors, heterogeneity, pollination, landscape ecology. 7 1. Introdução As alterações antrópicas na paisagem estão entre os principais causadores de extinções de espécies (Pimm et al. 1994, Flannery 2001). Essas extinções implicam na perda de processos ecológicos essenciais para a estrutura e manutenção dos ecossistemas (Dirzo & Miranda 1990, Laurance et al. 2002, Hedblom & Soderstrom 2010). A maioria dos estudos busca entender os efeitos diretos das alterações antrópicas na paisagem, focando principalmente na diversidade de espécies e em parâmetros como riqueza e abundância (Fahrig 2003, Tylianakis et al. 2010). Entretanto, esses estudos não levam em conta que a persistência do grupo específico estudado é também influenciada pela presença de outros grupos de organismos com os quais esse interage (Bascompte et al. 2006, Fontaine et al. 2006). Ainda há poucos estudos que têm buscado compreender os efeitos das alterações antrópicas na paisagem sobre processos ecológicos chaves para a manutenção da biodiversidade, tais como a dispersão e predação de sementes (Galetti et al., 2013), a herbivoria (Clough et al. 2007) e a polinização (Andrieu et al. 2009, Viana et al. 2012). Insetos polinizadores, em sua grande maioria as abelhas (Delaplane & Mayer 2000), promovem um serviço ambiental chave em ecossistemas naturais e em agroecossistemas (Aizen et al. 2008, Winfree et al. 2009). São responsáveis pela manutenção da diversidade de plantas, já que a maioria das plantas polinizadas dependem desses organismos para reprodução (Kearns et al. 1998, Klein et al. 2007). Influenciam, indiretamente, a persistência de outros grupos de organismos que dependem de recursos florais, tais como herbívoros. Além disso, os insetos polinizadores possuem grande importância econômica, já que pelo menos 35% dos cultivos de alimentos dependem de polinização (Klein et al. 2007). Entretanto, os insetos polinizadores são bastante sensíveis às alterações ambientais, principalmente ao uso intensivo do solo e alterações na paisagem (Taki & Kevan 2002, Aguillar et al. 2006, Winfree et al 2009, Viana et al 2012, Ferreira et al 2013, Kennedy et al. 2013). Com a intensificação dessas perturbações têm-se observado um declínio global de polinizadores, mais acentuado nos trópicos do que nas zonas temperadas (Aizen et al. 2009), onde há maior proporção de espécies de plantas que são polinizadas por animais (Ollerton et al. 2011). Esse declínio traz sérias consequências aos ecossistemas naturais e produções agrícolas (Aizen & Feinsinger 1994, Taki & Kevan 2007, Carvalheiro et al. 2010, Isaacs & Kirk 2010). 8 Diante da necessidade de interpretarmos e avaliarmos como intensas alterações antrópicas na paisagem afetam o processo de polinização, análises da estrutura e arquitetura de redes de interações ecológicas bipartidas entre polinizadores e plantas tornam-se de grande valia (Tylianakis et al. 2010). A abordagem de redes de interações nos permite quantificar e comparar os padrões de como o conjunto de interações entre as espécies que compõem uma comunidade com ferramentas de análise bastante desenvolvidas (Bascompte et al. 2009). Alguns estudos recentes encontraram efeitos de alterações antrópicas sobre a estrutura de redes de interações, mesmo quando a riqueza de espécies não é afetada (Tylianakis et al. 2007). Uma vez que, para essas interações ocorrerem, não basta apenas a presença das espécies, mas também de condições que favoreçam a co-ocorrência das espécies que se relacionam positivamente no espaço e no tempo (Tylianakis et al. 2010). Além disso, através da análise de redes, é possível a identificação de grupos de espécies-chaves para a resistência e resiliência das redes em diferentes condições ambientais (Olesen et al. 2007). No entanto, ainda há lacunas no conhecimento a respeito dos efeitos de alterações na paisagem sobre redes de interações planta-polinizador (Sabatino et al. 2010, Rico-Gray et al. 2012, Ferreira et al. 2013). Estudos desse tipo nos permite compreender melhor as consequências das alterações antrópicas sobre processos ecológicos no nível de paisagem, os quais podem ser úteis para planos de gestão a fim de termos paisagens mais produtivas e sustentáveis (Fischer & Lindenmayer 2007, Viana et al 2012). Apesar de ainda haver poucos estudos, já é conhecido que paisagens com maior proporção de floresta tendem a possuir comunidades de visitantes florais mais diversas e redes de interações com características que atribuam maior resistência e resiliência à perda de espécies (Ferreira et al. 2015, Fabian et al. 2013, Spiesman & Inouye 2013). Entretanto, estudos recentes indicam que, principalmente em paisagens com pouco habitat natural, a heterogeneidade de ambientes tende a ser positivamente relacionada à abundância, riqueza de polinizadores e à produtividade agrícola (Holzschuh et al. 2008, Rundlof et al. 2008, Fabian et al. 2013, Kennedy et al. 2013, Pryke et al. 2013, Steckel et al. 2014, ). Paisagens mais heterogêneas devem proporcionar maior diversidade de recursos dentro do raio de forrageio dos indivíduos o ano todo. Além disso, propiciam diferentes condições ambientais, o que possibilita maior variedade de interações entre plantas e visitantes florais (Polis et al 2004, Rundlöf et al. 2007, Holzschuh et al. 2008, Rundlof et al. 2008, Fabian et al. 2013, Pryke et al. 2013, Steckel et al. 2014). Winfree et al. (2008) realizaram um estudo que indicou que 9 tanto características locais do habitat (densidade de flores) como a diversidade de habitats no entorno são mais importantes para diversidade de polinizadores do que a cultura local cultivada apenas. Moreira et al. (2015) também constatou que em paisagens mais heterogêneas, as redes de interação entre plantas e polinizadores possuem características que atribuem maior robustez e resiliência às redes. Embora haja evidências sobre a importância da heterogeneidade da paisagem, ainda há poucos estudos empíricos direcionados a compreender o seu efeito sobre a biodiversidade (Fahrig 2011). O principal motivo é que nos estudos com a abordagem em Ecologia de Paisagens, houve durante muito tempo a predominância do paradigma habitat-matriz (fragmentos de floresta circundados por uma matriz inóspita), uma adaptação da Teoria de Biogeografia de Ilhas (MacArthur & Wilson 1967) e de Metapopulações (Hanski & Gilpin 1991). Entretanto, sabemos que os organismos e processos respondem de forma mais complexa aos diferentes tipos de ambientes (Ricketts 2001, Dunford & Freemark 2005; Fischer & Lindenmayer 2007). Nesse sentido, Fahrig (2011) propôs a abordagem de heterogeneidade funcional da paisagem, na qual devemos levar em conta não só a composição (quais ambientes e em que proporção eles estão organizados na paisagem), mas também a configuração (como esses ambientes estão organizados) e qual o efeito dos diferentes tipos de ambientes para a espécie ou processo estudado. Kennedy et al. (2013), ao modelarem o efeito da estrutura da paisagem sobre comunidades de abelhas, sugerem que, a cada 10% de aumento em habitats com mais qualidade apara as abelhas na paisagem, a abundância dessas deve aumentar 37%. Estudos que buscam compreender o efeito da heterogeneidade funcional da paisagem sobre como as plantas e polinizadores que compõem uma comunidade interagem são de extrema relevância para gerar conhecimentos que subsidiem estratégias de manejo e gestão de áreas de produção agrícola e naturais dependentes de polinização. Neste trabalho avaliamos a influência da heterogeneidade funcional da paisagem sobre redes de interação entre plantas e visitantes florais e também sobre a comunidade desses grupos separadamente, em uma região fragmentada de Mata Atlântica, com variados usos do solo e em paisagens com baixa proporção de floresta (Keitt et al. 2009, Fortuna et al. 2013). Desse modo, a hipótese principal deste estudo é que paisagens mais funcionalmente heterogêneas com baixa quantidade de floresta devem sustentar redes de interações mais resistentes e resilientes à perda de espécies, além de comunidades de visitantes florais e plantas mais diversas. 10 2. Objetivos O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da heterogeneidade funcional da paisagem circundante (diversidade Shannon, forma média das manchas, qualidade da paisagem, conectividade funcional e proporção de floresta) sobre as características das redes de interação entre plantas e visitantes florais (aninhamento, assimetria, modularidade e diversidade de interações); riqueza de flores disponíveis e riqueza e abundância de visitantes florais no sub-bosque do interior de fragmentos florestais de Mata Atlântica, localizados em paisagens com diferentes usos e ocupação do solo, em um gradiente de baixa proporção de floresta. 3. Métodos 3.1 Área de Estudo Realizamos este estudo na região entre as Serras da Cantareira e Mantiqueira (Figura 1), área considerada prioritária para a conservação da Mata Atlântica do Estado de São Paulo por constituir um potencial corredor entre fragmentos florestais destas duas regiões. Além disso, está entre as áreas prioritárias para conservação a nível Federal (Portaria MMA nº 09/2007) e pertence ao perímetro da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo. 11 Figura 1. Área de estudo do trabalho realizado em fragmentos de Mata Atlântica na região próxima à Serra da Cantareira, pertencente ao corredor Cantareira-Mantiqueira (SP). O índice de pluviosidade anual da região varia de 1.300mm à 1.700mm ao ano (DAEE 1972). De acordo com o Mapa de Temperatura, as médias anuais diminuem na medida em que se avança no sentido nordeste variando entre 15 - 18°C (DAEE 1972). A cobertura e uso do solo da região é heterogênea, havendo relevante cobertura florestal (Figura 2b e c), classificada como Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Montana de Mata Baixa e Floresta Ombrófila Densa Montana Aluvial (IBGE, 1992). Nessa área há forte pressão antrópica, havendo supressão de vegetação nativa para silvicultura, turismo, agropecuária, empreendimentos imobiliários e expansão urbana (caracterizada por invasões, ocupações irregulares e especulação imobiliária). Além disso, nota-se caça e queimadas crescentes nos remanescentes florestais (Sartorello 2013, dados não publicados). 12 3.2 Seleção das unidades amostrais Selecionamos 12 paisagens dentro da região de estudo, sendo que, para a seleção consideramos um buffer de 1 km de raio com um fragmento florestal focal no centro (Figura 2a). A distância mínima entre cada fragmento focal foi de 3 km. Essa distância foi definida de acordo com estudos anteriores, fundamentada no raio de vôo médio dos visitantes florais de sub-bosque, a fim de evitar autocorrelação espacial entre os fragmentos amostrados (Gathmann & Tscharntke 2002, Ricketts et al 2008, Zurbuchen et al 2010). Para a seleção, mapeamos manualmente 30 paisagens de raio de 1 km, sendo que o fragmento florestal central (focal) teve área padronizada em 15 a 25 ha. Com base em imagens do Google Satélite de alta resolução da região na escala de 1:5000, recortamos o interior de cada buffer e posteriormente atribuímos diferentes classes de uso do solo a cada recorte. Das 40 paisagens, selecionamos 12, levando em conta verificações de campo (estrutura da vegetação semelhante em estágio sucessional avançado, com sub-bosque arbustivo-arbóreo); viabilização de autorização dos proprietários, já que todos os fragmentos se localizavam no interior de áreas particulares; e de modo que as paisagens selecionadas estivessem contidas em um gradiente de diversidade Shannon da Paisagem (Figura 3), característica mais comumente utilizada para descrever a heterogeneidade da paisagem (Weibull et al. 2003, Rundlöf et al 2008, Slancarova et al. 2014). O gradiente de proporção de florestas das paisagens que estudamos foi abaixo de 40% (Figura 3). Evitamos a correlação entre Diversidade da Paisagem e Proporção de Florestas (P(uncorrel)= 0,27, R2= 0,34). O mapeamento e cálculo das métricas de paisagem foram feitos através dos programas QGis 1.8.0 e 2.8.2 (Módulo Open Layer) e Fragstats 4.0 (McGarigal et al. 2012). 13 a) b) Foto: Calebe P. Mendes c) Foto: Calebe P. Mendes Figura 2. Mapa das paisagens selecionadas de modo a formar um gradiente de Diversidade da paisagem (a) e fotos da região estudada (b e c). Estudo realizado entre as Serras da Cantareira e Mantiqueira, em São Paulo em outubro e novembro de 2014. 14 Figura 3. Distribuição da diversidade Shannon da paisagem e proporção de floresta na paisagem referente a cada paisagem selecionada na região entre as Serras da Cantareira e Mantiqueira, no interior do estado de São Paulo. 3.3 Coleta de dados biológicos Calebe P. Mendes Coletamos os dados biológicos em quatro campanhas nos Foto: meses de outubro e novembro de 2014, por ser o período no qual há maior disponibilidade de recursos florais no sub-bosque das florestas da região (Morelato LPC, comunicação pessoal). Escolhemos esse período porque, como o sub-bosque da Mata Atlântica possui pouca incidência de plantas floridas, houve maior chance de observarmos a quantidade suficiente de interações que possibilite construirmos e analisarmos as redes de interações (Nielsen & Bascompte 2007, Ferreira et al. 2013, dados não publicados, Morelato LPC, comunicação pessoal). No interior de cada fragmento focal, delimitamos um hexágono regular com lados de 25m, distando, no mínimo, 50m de ambientes não florestais para evitar efeito de borda (modificado de Taki & Kevan 2007, Figura 4). Este método vem sendo utilizado por outros 15 estudos semelhantes na Chapada da Diamantina (Moreira et al. 2015) e zona da Mata Baiana (Ferreira et al. 2013, dados não publicados). Em cada hexágono fizemos observações alternadas de 15 minutos em todas as plantas com flores com até dois metros de altura acima do solo. Durante estas observações, coletamos ativamente os insetos visitantes florais destas plantas com redes entomológicas. Realizamos esses procedimentos em dias quentes e sem chuva (21-31°C), das 7:00-16:00h. Realizamos quatro coletas em cada unidade amostral (36 horas/ paisagem), distribuídas em quatro campanhas. Cada campanha consistiu em uma vistoria em cada fragmento focal, concentradas em intervalo de tempo mais curto possível, a fim de reduzirmos ao máximo a variação fenológica das espécies floridas entre as unidades amostrais. O intervalo entre cada campanha foi no máximo de cinco dias. Figura 4. Esquema da coleta de dados de redes de interações no sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica no interior do estado de São Paulo (modificado de Taki e Kevan 2007). Os insetos coletados foram marcados com etiquetas onde constaram as informações de coleta (data, hora, local e código da planta em que foram coletados) e armazenados individualmente em álcool 92%. Utilizamos esse procedimento, pois existe a intenção de usar a informação sobre o pólen aderido ao corpo dos visitantes florais em trabalhos futuros. Ao final do dia, coletamos ramos floridos das plantas observadas (tanto das visitadas, quanto das espécies de plantas floridas não visitadas) no interior do hexágono Todas as espécies de plantas com flor foram devidamente herborizadas. Os materiais coletados foram identificados, 16 com o auxílio de especialistas, no nível taxonômico mais específico possível e depositados no herbário e coleção entomológica da USP – Ribeirão Preto. 3.4 Riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis Calculamos, para cada paisagem, a riqueza (número de espécies) e abundância (número de indivíduos) de visitantes florais. Além disso, também calculamos a riqueza de flores disponíveis, a partir da coleta e identificação de todas as espécies de plantas floridas no interior do hexágono (independentemente de serem visitadas). 3.5 Redes de Interação Para cada unidade amostral, construímos matrizes de frequência para calcular os índices descritores das redes bipartidas (grafo onde há dois grupos de vértices e podem haver interações apenas entre vértices de grupos diferentes), os quais são amplamente utilizados em ecologia e com significado biológico descrito na literatura (Blüthgen et al. 2008; Ings et al. 2009; Tylianakis et al. 2010). Dentre os conceitos de redes de interações, define-se vértice como a menor unidade de uma rede, se refere às espécies; interações são ligações ou arestas que conectam os vértices pertencentes ao grupo de visitantes florais com os pertencentes ao grupo de plantas, cada interação representa um evento de visitação dos insetos nas plantas; especialistas são espécies que interagem com uma ou poucas espécies e generalistas são espécies que interagem com muitas espécies. Selecionamos as seguintes métricas pelo fato de serem consideradas mais sensíveis à variações ambientais (Biesmeijer et al. 2006, Tylianakys et al. 2007, Bascompte 2010): I) Aninhamento - É uma propriedade topológica da rede que aumenta a sua estabilidade à perda de espécies. O aninhamento mede quanto que o conjunto de interações dos vértices menos conectados é um subconjunto das interações dos vértices mais conectados, neste estudo calculado através do índice NODF. Dessa forma, uma rede é mais aninhada quanto mais as espécies especialistas interagem com as 17 espécies que pertencem a um subconjunto das espécies com as quais interagem as generalistas (Bascompte & Jordano 2007). II) Assimetria de interação (ISA) - É a média ponderada das dissimilaridades relativas entre as dependências de cada par de espécies que interagem na rede, sendo que a dependência de uma determinada espécie de planta em relação a um determinado visitante floral é a fração de todas as visitas que a planta recebeu provenientes desta espécie de visitante em particular. Já a dependência do inseto em relação a uma determinada planta é igual à fração de todas as visitas realizadas pela espécie a certa planta em particular (Bascompte et al. 2006). Entretanto, no lugar da frequência das interações, para o cálculo deste índice utilizaremos a proporção relativa entre a frequência de um determinado par e a frequência total de cada espécie desse par, ponderando a assimetria de cada par pela disponibilidade de cada vértice (Blüthgen et al. 2007). Esse índice reflete a dependência entre as espécies dos diferentes lados da rede bipartida. Apesar de não haver um consenso, a assimetria de dependência pode aumentar a estabilidade do sistema, já que as espécies mais dependentes interagem com as espécies menos dependentes (Bascompte et al. 2006). III) Modularidade - mede o quanto a rede é fragmentada em subgrupos (módulos). Cada módulo é um grupo de espécies que estão mais fortemente conectadas entre si do que a outras espécies de outros módulos (Olesen et al. 2007). Não há estudos empíricos sobre a importância da modularidade para a estabilidade das redes de interações (Tylianakis et al. 2010). No entanto, assume-se que redes mais compartimentalizadas são mais estáveis (May 1973, Krause et al. 2003), já que as perturbações devem se espalhar mais lentamente pela rede. IV) Diversidade de interações - É uma medida da diversidade Shannon considerando cada interação como sendo uma espécie e a frequência dessas interações como sendo a abundância delas. Redes de interações com maior diversidade de interações possuem uma maior complementariedade funcional (Hoehn et al. 2008). Além disso, se há maior diversidade de interações, pode haver maior redundância ecológica, a qual torna menos impactante a perda de espécies para a estrutura da rede (Dyer et al. 2010). 18 Estes índices são descritos na literatura como sendo alternativas mais robustas a problemas de amostragem, e mais conservadoras ao comparar comunidades em diferentes unidades amostrais (Banasek-Richter et al. 2004, Blüthgen et al. 2007, Tylianakis et al. 2007), já que para redes de interação entre flores e visitantes florais, quanto maiores, mais resistentes e resilientes essas tendem a ser (Okuyama & Holland 2008, Dunne & Williams 2009). Os índices de redes foram calculados no pacote ‘bipartite’ versão 2.05 do aplicativo R versão 3.2.0, (Dormann et al. 2014), com exceção da Modularidade, que foi calculada no software Modular (Marquitti et al. 2013). Apesar de todos esses índices possuírem um significado biológico particular, existe certa redundância na informação capturada por eles. A fim de otimizar as análises, avaliamos a correlação entre esses índices para então selecionarmos o conjunto de índices menos correlacionados entre si. 3.6 Características locais dos fragmentos Apesar de padronizarmos visualmente a estrutura da vegetação dos fragmentos focais, esses são constituídos de florestas secundárias, com diferentes históricos de ocupação. Para considerar se as condições locais influenciam a comunidade de visitantes florais e redes de interações entre os visitantes e plantas mais do que as características da paisagem, medimos variáveis da estrutura da vegetação. Montamos três parcelas de 25 x 2 m no interior de cada hexágono, em três lados intercalados dos triângulos isósceles de modo a abrangermos maior variação de ambientes no seu interior (Figura 5). Nas parcelas medimos o diâmetro na altura do peito (DAP) de arbustos com mais de 1,91cm de DAP. Para estimarmos a densidade de plantas do estrato arbustivo nos sub-bosques dos fragmentos amostrados, no interior de cada parcela contamos todos os indivíduos com altura entre 80 cm a 2 m. Além disso, estimamos a altura das árvores acima de 2 metros de altura, para registrarmos a altura do dossel de cada fragmento. Para tal, nos fixamos a um metro da planta a ser medida e com o auxílio bastão de um metro de comprimento como referência, estimamos visualmente a altura de cada árvore. Com um densiômetro esférico côncavo a 1,5 m do solo, estimamos a abertura do dossel acima de cada ponto amostral. Fizemos a medida em sete pontos no interior da cada hexágono (no centro e dois pontos no interior de cada parcela), distanciando 12,5 m entre si (Figura 5). Em cada ponto, fizemos quatro medidas (Norte, Sul, Leste e Oeste). Tivemos assim, um 19 indicativo de sombreamento em cada fragmento. As últimas duas medidas, por serem subjetivas, foram realizadas pelo mesmo observador. No APÊNDICE A constam as médias das medidas para cada fragmento. Figura 5. Esquema do hexágono utilizado no estudo, em vista superior. Parcelas indicadas em vermelho; pontos de medida de dossel (centro e dois pontos em cada parcela), em cruz vermelha, representando as quatro medidas coletadas em cada ponto (Norte, Sul, Leste e Oeste). Medidas realizadas em outubro e novembro de 2014 em fragmentos de Mata Atlântica na região da Serra da Cantareira no interior do Estado de São Paulo. Para que fosse possível incluir as variáveis de estrutura da vegetação como uma única variável contínua na análise dos dados, foi feita uma ordenação com o intuito de reduzir a dimensionalidade das variáveis através da análise de componentes principais (do inglês, Principal Component Analysis - PCA). Três das quatro variáveis utilizadas foram correlacionadas com este primeiro eixo (Component 1, Figura 6), que representa aproximadamente 66,4 % da variação dos índices, explicando melhor a cobertura de dossel e o DAP. 20 0,4 Densidade de subbosque 7 3 Component 2 0,2 9 8 1 12 Cobertura de dossel -0,2 5 Altura 4 0,2 0,4 0,8 6 DAP -0,2 11 0,6 2 10 -0,4 Component 1 Figura 6. Ordenamento das variáveis de estrutura da vegetação medidas no interior de fragmentos de Mata Atlântica na região da Serra da Cantareira no interior do Estado de São Paulo., através de uma Análise dos componentes principais (PCA). 3.7 Estrutura da Paisagem Circundante A fim de avaliarmos a influência da estrutura da paisagem circundante sobre características das redes de interação entre plantas e visitantes florais, sobre a riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de plantas, calculamos métricas descritivas da composição e configuração da paisagem, para cada unidade amostral selecionada. Para isso, mapeamos as 12 paisagens selecionadas classificando-as em 14 diferentes classes de uso e cobertura do solo (Figura 7 e Figura 9), do mesmo modo que descrito na seleção de paisagens, no entanto, ampliamos o raio do buffer para 2000m (Figura 9), já que definimos essa distância como a escala máxima em que cada característica das redes e de diversidade de visitantes respondessem às características da paisagem. Consideramos essa distância com base no raio de vôo médio de espécies visitantes florais (Gathmann & Tscharntke 2002). Considerando o maior raio (2000m), a porcentagem de floresta nas paisagens variou de 11% a 39%, incluindo a classe de Floresta madura e Capoeira. Em geral, os tipos de ambientes predominantes na região foram a de pasto “limpo” (12% a 64%), seguido por pasto “sujo” (4% a 31%) e Eucalipto (2% a 26%). 21 100% Classe Agricultura Agricultura arbustiva/ perene 75% Água Porcentagem Eucalipto jovem/ adulto Eucalipto pequeno Floresta Capoeira Floresta Madura 50% Indústria/ Galpão Pasto "limpo" Pasto "sujo" Residencial denso 25% Residencial esparso Rodovia Solo exposto 0% 0.0 1 2 2.5 3 4 5 5.0 6 7 8 7.5 9 10 11 12 10.0 12.5 Paisagem Figura 7. Percentual de cada classe de tipos de ambientes estimado em cada paisagem a partir de mapeamento de imagem de fotografia aérea, no interior do estado de São Paulo. Para o cálculo da diversidade da paisagem, utilizamos o índice de diversidade Shannon aplicado às paisagens (McGarigal et al. 2012, Tabela 1). Este índice é bastante sensível a presença de unidades relativamente pouco abundantes na paisagem, como ambientes ripários e manchas arbustivas mais densas, os quais podem ser importantes para os polinizadores (Turner et al 2001). Além da diversidade da paisagem, selecionamos outras formas complementares de mensurar a heterogeneidade da paisagem, tais como a forma média dos fragmentos, a qualidade da paisagem circundante e a conectividade funcional (Tabela 1). Os dois últimos índices são funcionais e para calculá-los consideramos, respectivamente, a permeabilidade e custo de cada tipo de ambiente para as abelhas. As duas medidas são inversamente proporcionais, sendo que o valor máximo de permeabilidade (100) se refere ao ambiente mais 22 permeável, enquanto o valor máximo de custo (100) se refere ao ambiente mais custoso para as abelhas. Para atribuirmos os valores de permeabilidade e custo a cada classe de ambiente nas paisagens, realizamos consulta a dois especialistas em ecologia de abelhas e pesquisa bibliográfica. Primeiramente, esses especialistas se reuniram e discutiram entre si valores de permeabilidade e custo para cada classe de ambientes. Tais valores foram baseados na disponibilidade de recursos alimentares e de nidificação oferecidos por cada tipo de uso e cobertura da terra e/ou as características não favoráveis de cada ambiente para as abelhas (Tabela 2). Posteriormente, esses especialistas direcionaram determinadas pesquisas na literatura, a fim de aprimorarmos a classificação (Tabela 2). Tabela 1. Descrição de cada métrica da paisagem utilizadas para explicar características das redes de interação entre plantas e visitantes florais, a riqueza e abundância de visitantes e riqueza de flores disponíveis em fragmentos de Mata Atlântica na região da Serra da Cantareira no interior do Estado de São Paulo. 1 McGarigal 2012, Shannon & Weaver 1949 McGarigal 2012 3 Santos et al. 2015 (dados não publicados) 4 Modificado de da Silva et al. (2015) 2 23 Tabela 2. Custo/Permeabilidades atribuídos a cada tipo de ambiente nas paisagens estudadas de Mata Atlântica na região da Serra da Cantareira no interior do Estado de São Paulo. Cada peso foi definido para abelhas, com base em consulta à literatura e orientação de especialistas. Classe Descrição Justificativa Custo Permeab Floresta com copa de árvores maiores Onde a amostragem foi realizada. Grande disponibilidade de recursos para Floresta sobressalentes ao dossel, geralmente são nidificação e forrageio, para espécies com diferentes capacidades de locomoção e 1 100 madura imagens com maior rugosidade. organização social (Keitt et al. 2009). Floresta que possui maior abertura do dossel, Há grande disponibilidade de recursos para forrageio e nidificação. O microclima é com menor densidade de árvores e presença de mais seco e quente que a floresta madura, devido, principalmente à maior abertura 5 95 Capoeira espécies pioneiras. do dossel, o que favorece a floração de plantas herbáceas. (Forup et al. 2008) Água Geralmente são pequenos lagos artificiais Ajuda a melhorar o microclima (maior umidade e temperatura), além de servir de recurso para as abelhas. 10 90 Pasto "sujo" Pasto não manejado, com presença de plantas herbáceas, arbustos e/ou árvores. Rico em plantas ruderais, que oferecem recursos florais utilizados pelas espécies de abelhas que saem da floresta. Além disso, há possibilidade de algumas espécies de abelhas nidificarem no solo, em montes de grama e nas árvores, quando presente (Morandin 2007, Gemmill-Herren & Ochien 2008, Montagnana 2013). 25 75 Agrigultura arbustiva Geralmente culturas perenes, como café e Citrus. Oferecem recursos florais aos visitantes (Barth 2004), porém há uso de agrotóxicos em algumas fases do cultivo, prejudicando os visitantes (Machado et al. 2009). 35 65 40 60 50 50 Oferece recurso floral para as espécies de visitantes (Carvalho et al. 2001, OliveiraAbreu et. al 2014, Nascimento et al. 2015). Em muitos casos, há o crescimento de espécies nativas herbáceas no sub-bosque. Além disso, a estrutura da vegetação se assemelha com a floresta. Algumas culturas oferecem flores, mas a maioria não. Há aração do solo e uso mais intensificado de agrotóxicos Eucalipto jovem/ adulto Eucalipto com altura de 1 - 25m Agricultura Geralmente culturas rotativas, como milho, soja, etc. Residencial esparso Casas com distribuição esparsa, em áreas rurais Muitas vezes há ocorrência de ninhos nas construções (tijolos ou telhados). Além disso, pode haver jardins com flores próximos às casas. Porém, muitos ninhos são destruídos pelos moradores (Zanette et al. 2005). 60 40 Ecalipto pequeno Eucalipto pequeno (até 1m) Ainda não oferece recurso floral para as espécies de visitantes. Tradicionalmente, nos primeiros anos do plantio, há intenso controle de ervas daninhas e plantas ruderais, além de intensa aplicação de inseticida/ herbicida (Wilcken et al. 2008) 65 35 Residencial denso Casas mais adensadas que na classe esparso. Porém não é área urbana de fato. São todos bairros ou condomínios nas áreas rurais. Poucos locais para forrageio. Porém algumas espécies constroem seus ninhos nas residências, em menor quantidade que no urbano esparso (Zanette & Ribeiro 2005, Matteson et al. 2008). 75 25 24 Classe Descrição Justificativa Custo Permeab Solo exposto Solo exposto Não oferece recursos florais. Clima bastante quente e seco. Ocasionalmente espécies de abelhas podem nidificar no solo (dependendo do tipo de manejo, tempo de exposição e destinação do solo exposto). 80 20 Indústria/ Galpão Construções de indústrias ou galpões Geralmente há muito ruído e não há tantos locais disponíveis para a construção de ninhos ou forrageio. 80 20 pasto "limpo" Pasto bastante manejado, sem presença de herbáceas, arbustos e/ou árvores. Não oferece recursos florais, nem para nidificação, por conta do solo ser frequentemente arado. Clima bastante quente e seco. 85 15 Rodovia Rodovias largas e com grande fluxo de automóveis Muito ruído, vento intenso. Geralmente não há locais para nidificação ou forrageio 100 1 25 Para calcular o índice de qualidade da paisagem circundante (em um raio de 500m do fragmento focal), consideramos o produto da proporção das diferentes classes e seus valores de permeabilidade. Utilizamos 500m de raio por estarmos interessado em medir a qualidade da paisagem dentro do raio de forrageio da maioria das espécies de visitantes florais que saem do ambiente florestal (Gathmann & Tscharntke 2002, Knight et al. 2005, Zurbuchen et al. 2010). Quanto maior o índice, maior a qualidade da paisagem circundante do fragmento focal. Para calcular a conectividade funcional da paisagem considerando a permeabilidade dos diferentes tipos de ambientes, foram simulados corredores ecológicos funcionais. A simulação dos corredores foi realizada a partir do software gratuito LSCorridors (Ribeiro et al. 2015, dados não publicados). O LSCorridors utiliza dois mapas matriciais básicos para a simulação dos corredores: i) superfície de resistência, que foi o mapa matricial na qual foram atribuídos os valores de permeabilidade de cada tipo de ambiente e ii) áreas fonte-destino (em inglês, source-target, S-T) que são as áreas de ligação entre os corredores. Neste trabalho, as áreas fontes foram os fragmentos focais de cada uma das paisagens. Como áreas destino foram utilizados pontos aleatórios simulados em cada paisagem para garantir que qualquer uso e cobertura do solo fosse um destino possível. Nesta etapa foram gerados 1000 pontos aleatórios em cada paisagem e foram retirados todos os pontos aleatórios que estavam a menos de 250 m do centro de cada paisagem, a fim de evitar que esses pontos se localizassem no interior dos fragmentos focais. Na sequência, foram sorteados aleatoriamente 30 pontos que serviram como destino na simulação dos corredores (Figura 8). 26 Figura 8. Ilustração da seleção dos fragmentos fonte e destino utilizados para a simulação dos corredores ecológicos funcionais nas paisagens estudadas de Mata Atlântica na região da Serra da Cantareira no interior do Estado de São Paulo. Foram simulados corredores ecológicos funcionais para cada paisagem de 10m de resolução espacial, sendo que para cada fonte-destino foram realizadas 20 simulações. Além da disposição espacial dos corredores foram gerados para cada uma das simulações os valores de distância euclidiana de cada fonte-destino, os valores da distância das rotas de menor custo simuladas pelo LSCorridors, os valores de cada pixel das rotas de menor custo e os valores da freqüência que indicam quantas vezes a rota foi selecionada pelo algoritmo como de menor custo. Na seqüência foram utilizadas os valores gerados pela simulação no LSCorridors para calcular a conectividade funcional das paisagens (Tabela 1). 27 Figura 9. Mapas das 12 paisagens estudadas no interior de São Paulo (outubro e novembro de 2014), círculos utilizados para detectar a escala (círculos de 500, 750, 1000 ou 2000m, do centro para o limite de cada paisagem) das variáveis Diversidade Shannon, Forma média da Paisagem e Proporção de Floresta que melhor explicam cada variável resposta (características das redes de interações). 28 Consideramos também a proporção de floresta na paisagem, já que estudos evidenciam sua influência na comunidade de visitantes florais e na estrutura das redes de interações (Keitt et al. 2009). Para detectar qual é a escala das variáveis Diversidade Shannon, Forma média da Paisagem e Proporção de Floresta que melhor explicam cada variável resposta (características das redes citadas anteriormente; riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis), realizamos regressões lineares simples entre cada escala (500, 750, 1000 e 2000m) das variáveis da paisagem (Figura 9) e cada característica das redes de interações; riqueza e abundância dos visitantes e flores, calculando-se o valor de R2. Selecionamos o maior R2 para regressões significativas entre cada índice da rede. Quando a diferença entre os R2 de duas escalas foi menor que 0,05, selecionamos a menor escala, por estar mais próxima do raio de forrageio de grande parte dos visitantes florais (500m). 3.8 Análise dos dados Para avaliar como as características da paisagem influenciam as características das redes de interação entre plantas e visitantes florais, a riqueza e abundância de visitantes e riqueza de flores disponíveis, utilizamos uma abordagem de seleção de modelos por múltiplas hipóteses concorrentes, com base na teoria de informação Akaike com uma correção de segunda ordem (AICc), adequado para amostras pequenas (Burnhan & Anderson 2002). Para tanto, definimos um conjunto de hipóteses com sentido biológico à priori (Tabela 3) e realizamos regressões lineares simples (dos inglês, Generalized Linear Models - GLM) para relações lineares e modelos aditivos generalizados (do inglês, Generalized Additive Models GAM) para relações não lineares. Foram considerados os pesos de Akaike (W) dos modelos, que expressa a contribuição relativa de cada modelo para explicar o padrão observado, dado o conjunto de dados (Burnham & Anderson 2002). Também foi incluído um modelo nulo, que por possui apenas uma constante de valor um, raramente captura a estrutura inerente aos dados, sendo toda a sua variação atribuída ao componente aleatório. 29 Tabela 3. Hipóteses associadas aos modelos concorrentes. O conjunto de modelos abaixo foi utilizado para explicar cada característica das redes de interações. Modelos Diversidade da paisagem Proporção de Floresta Forma Conectividade Funcional Qualidade da Paisagem Estrutura da Vegetação Hipóteses associadas aos modelos Maior diversidade de ambientes pode implicar em maior disponibilidade de recursos para visitantes florais o ano todo, além de uma maior diversidade de fontes alimentares para visitantes florais (Rundlöf et al. 2007, Holzschuh et al. 2008, Rundlof et al. 2008, Fabian et al 2013, Pryke et al 2013, Steckel et al. 2014). Adicionalmente, maior diversidade de habitats pode propiciar diferentes condições ambientais, o que gera maior variedade de interações entre plantas e visitantes, mantendo redes de interações mais resistentes e resilientes (Moreira et al. 2015), além de comunidades de visitantes florais e de flores disponíveis mais diversas (Fabian et al. 2013). Quanto mais floresta na paisagem, maior a disponibilidade de habitats naturais para visitantes florais se alimentarem e construírem seus ninhos (Fabian et al 2013, Fahrig 2013), proporcionando redes mais resistentes e resilientes e comunidades de visitantes e flores disponíveis mais diversas (Spiesman & Inouye 2013). Quanto mais irregular as manchas na paisagem, maior o contato entre os diferentes ambientes, facilitando o acesso dos visitantes florais a esses diferentes ambientes (Buechner 1989, Moser et al. 2002). O acesso a maior diversidade e disponibilidade de recursos o ano todo matém comunidades de visitantes florais maiores e mais estáveis. Paisagens com combinação das rotas menos custosas e de menor distância euclidiana entre o fragmento focal e as manchas destino são mais permeáveis aos visitantes, permitindo o acesso a diferentes tipos de ambientes e recursos, além de possibilitar maior número e diversidade de interações (Tscharntke and Brandl 2004, Ribeiro et al 2015, dados não publicados). Fragmentos focais que possuem a vizinhança com maior proporção de ambientes de maior qualidade aos visitantes florais, oferecem mais recursos florais e/ou para nidificação dos visitantes florais (Gascon et al. 1999, Kennedy et al. 2013), proporcionando redes mais resistentes e resilientes e comunidades de visitantes e flores disponíveis mais diversas. Fragmentos com florestas mais conservadas (árvores do dossel mais altas, maior DAP médio, sub-bosque mais denso e dossel mais fechado) devem propiciar melhores condições microclimáticas a visitantes florais, possibilitando maior diversidade de flores e visitantes florais. Diversidade da paisagem + Proporção de floresta Diversidade da paisagem + Forma Paisagens com maior quantidade de floresta combinada com grande diversidade de ambientes terão maior diversidade e acessibilidade de recursos disponíveis. Diversidade da Paisagem + Qualidade Entornos que possuam manchas com maior qualidade funcional para os visitantes terão maior disponibilidade de recursos para os visitantes florais. Além disso, se a paisagem possuir maior diversidade de ambientes haverá maior disponibilidade de recursos para visitantes florais o ano todo, além de uma maior diversidade de fontes alimentares para visitantes florais e maior diversidade de interações. Proporção de Floresta + Conectividade Funcional Nulo Paisagens mais permeáveis (mais conectadas funcionalmente) somadas a maior quantidade de floresta propiciarão maior quantidade de recursos e acesso a esses recursos. Paisagens com maior diversidade de ambientes e acessibilidade a esses diferentes ambientes possuem maior diversidade e disponibilidade de recursos, além de aumentar a probabilidade de habitats disponíveis para maior diversidade de interações e espécies de visitantes florais e plantas. As características das redes de interações não são afetadas por nenhuma das métrica de paisagem. Como os dados de contagem tiveram ampla variação, os transformamos em logaritmos. Adotamos a distribuição Gaussiana, quando os dados tenderam a uma distribuição normal (Quinn & Keough 2002). As análises foram realizadas no programa R (versão 3.2), 30 com os pacotes LanguageR, AICcmodavg, bestglm e mgcv. Dentre as correlações (Tabela 4), a mais alta foi entre a qualidade da paisagem e a proporção de floresta, já que essa classe foi considerada a mais permeável (Tabela 2). Sendo assim, nesse índice, paisagens com maior proporção de ambientes permeáveis devem possuir maior qualidade (Tabela 1). Desse modo, optamos por considerar as duas métricas nas análises, pois o significado de cada uma é diferente, já que a primeira leva em conta a permeabilidade dos diferentes tipos de ambientes para as abelhas, enquanto a segunda mede a quantidade de habitat florestal disponível apenas. As variáveis correlacionadas não foram inclusas em um mesmo modelo aditivo (Tabela 3). Tabela 4. Resultado do teste de correlação de Pearson, onde os valores indicam os R2 dos testes com p<0,05. As correlações com “-” possuíram p>0,05. Flo500= Proporção de floresta nas paisagens de 500m de raio; Flo1000= Proporção de floresta nas paisagens de 1000m de raio; Div500= Diversidade Shannon das paisagens de 500m de raio; Div750= Diversidade Shannon das paisagens de 750m de raio; Div1000= Diversidade Shannon das paisagens de 1000m de raio; Forma500= Forma média das paisagens com 500m de raio; Forma1000= Forma média das paisagens com 1000m de raio; Forma2000= Forma média das paisagens com 2000m de raio; Conect= Conectividade Funcional das paisagens; Qualid = Qualidade das paisagens. Flo500 Flo500 Flo1000 Div500 Div750 Div1000 Forma500 Forma1000 Forma2000 Conect Qualid Flo1000 1 1 Div500 Div750 Div1000 Forma500 Forma1000 Forma2000 Conect Qualid - - - - - - - 0,85 - - - - - - - 0,72 0,67 - - 0,70 - 0,63 - - 0,54 - 0,62 - - - - 1 - - 0,60 - 1 - - - 1 - - 1 - 1 1 1 1 31 4. Resultados 4.1 Dados biológicos Coletamos 369 indivíduos de visitantes florais, de 189 espécies (APÊNDICE B). 89% pertencem a ordem Hymenoptera (330 indivíduos, 88 espécies), seguidos por Diptera (29 indivíduos, 17 espécies) e Lepidoptera (10 indivíduos, 7 espécies). Esses visitantes florais foram coletados em 37 espécies de plantas, pertencentes a 22 famílias (APÊNDICE C). A espécie visitante floral mais abundante foi a Plebeia droryana (51 indivíduos), seguida por Apis mellifera (31 indivíduos), Paratrigona subnuda (19 indivíduos) e Paratetrapedia sp4 (19 indivíduos). Plebeia droryana foi a única espécie coletada em todas as 12 unidades. A espécie de planta mais visitada foram Psychotria velgzicha (Rubiaceae), com 72 visitas; Rhipsalis teres (Cactaceae), com 42 visitas; Leandra sp. (Melastomataceae), com 30 visitas e Psychotria sp4 (Rubiaceae), com 28 visitas (Figura 10). Figura 10. Espécies de plantas e visitantes florais mais frequentes em estudo de coleta ativa realizado no subbosque de fragmentos de Mata Atlântica no interior do Estado de São Paulo, me outubro e novembro de 2014. 32 4.2 Efeito da paisagem sobre a riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis A abundância de visitantes florais coletados em cada fragmento variou de 6 a 98 indivíduos, enquanto a riqueza variou de 5 a 27 espécies. Já a riqueza de flores disponíveis variou de 3 a 25 espécies (Tabela 5). Tabela 5. Riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis no sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica no interior de São Paulo, em outubro e novembro de 2014. Paisagem Abundância de visitantes Riqueza de visitantes 1 6 5 Riqueza de flores disponíveis 5 2 31 20 12 3 37 15 25 4 24 14 9 5 98 27 6 6 8 8 9 7 21 13 11 8 57 21 12 9 13 10 7 10 14 6 3 11 13 10 8 12 47 20 20 A abundância e riqueza de visitantes florais foram melhor explicada pela proporção de Floresta em um raio de 2000m. Já a riqueza de plantas floridas foi melhor explicada pela proporção de Floresta em um raio de 1000m (Tabela 6). Através da comparação das múltiplas hipóteses concorrentes (Tabela 7), constatamos que a riqueza de visitantes florais e de flores disponíveis foram maiores em paisagens com maior proporção de floresta (Figura 11). A variável que melhor explicou a abundância de visitantes também foi a quantidade de floresta na paisagem. Porém, o modelo aditivo que considerou Proporção de Floresta + Conectividade Funcional também explicou a abundância de visitantes florais, indicando que em paisagens com maior quantidade de floresta e baixa conectividade funcional, a abundância de visitantes florais é maior (Tabela 7, Figura 11d). Entretanto, é importante considerar que nesse modelo, o efeito mais evidente foi da proporção de florestas, embora a conectividade funcional explique a variação complementar (Tabela 7). 33 Tabela 6. Escala (raio) em que cada variável da paisagem (variáveis explicativas) melhor explicou a riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis (variáveis respostas) obtidas através de amostragens em sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica no interior de São Paulo, em outubro e novembro de 2014. Dados obtidos através da comparação do R2 de regressões lineares. Onde DivSh = Diversidade Shannon da Paisagem; Forma= Média do Índice de forma da paisagem; Floresta= Proporção de floresta na paisagem. Variável Resposta Variável explicativa Raio (m) R2 Abundância de visitantes florais DivSh 500 0.01 Forma 1000 0.03 Floresta 2000 0.34 DivSh 2000 0.02 Forma 1000 0.01 Floresta 2000 0.49 DivSh 2000 0.03 Forma 1000 0.007 Floresta 1000 0.27 Riqueza de visitantes florais Riqueza de flores disponíveis Tabela 7. Sumário dos melhores modelos definidos a priori para a riqueza, abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis (Variáveis resposta), ordenados segundo seus respectivos valores de critério de informação de Akaike corrigido para amostras pequenas (AICc). Na coluna gl constam os graus de liberdade; na coluna ∆AICc estão os valores de delta AICc; em W os pesos de cada modelo. As variáveis explicativas foram: Proporção de floresta (Flo), Diversidade Shannon da Paisagem (Div), Conectividade Funcional (Conect) e Qualidade da Paisagem (Qual). Variáveis Resp Abundância de visitantes Riqueza de visitantes Riqueza de flores disponíveis Modelos Flo Flo+Conect Nulo Flo Qualid Nulo Flo Nulo AICc 29.8 31.4 33.9 15.9 19.4 22.9 23.1 25.2 ∆AICc 0.0 1.6 4.1 0.0 3.4 6.9 0.0 2.1 gl 3 4 2 3 3 2 3 2 w 0.48 0.21 0.06 0.66 0.12 0.02 0.50 0.17 34 a) 60 5 20 40 Abundância de Visitantes 20 15 10 Riqueza de Visitantes 80 25 100 b) 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.15 Proporção de Floresta 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 25 Proporção de Floresta c) 20 15 Riqueza de Flores disponíveis 10 5 5 4 Conectividade Funcional 80 60 40 7 6 20 Abundância de visitantes 100 d) 0 3 0.10 2 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.05 0.10 Proporção de Floresta 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 Proporção de Floresta Figura 11. Relação entre as variáveis dos melhores modelos (∆AICc ≤2), dos efeitos das características da paisagem sobre a riqueza (a) e abundância de visitantes florais (b, c) e riqueza de flores disponíveis (d), coletados em fragmentos de Mata Atlântica no interior de São Paulo em outubro e novembro de 2014. 4.3 Redes de interações entre plantas e visitantes florais As redes estudadas (Figura 12) foram pequenas (7 a 37 espécies no total), principalmente quando consideramos a variação no número de plantas que foram visitadas (1 a 9). A abundância de visitantes florais em cada fragmento focal variou de 6 a 96. O índice de aninhamento (NODF) também foi relativamente baixo (0 a 33). Todas as redes estudadas apresentaram valores positivos de assimetria de dependência, indicando maior dependência dos polinizadores em relação às plantas (Tabela 8). 35 Paisagem 1 Paisagem 3 Paisagem 2 Paisagem 4 Figura 12. Redes de interações de cada uma das 12 paisagens amostradas em sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica em outubro e novembro de 2014. Espécies de plantas são representadas pelos retângulos verdes e espécies de visitantes florais pelos retângulos laranjas. A largura de cada retângulo é proporcional a abundância de cada espécie e o tamanho do triangulo cinza conectando as plantas e visitantes florais representa a frequência de interações registrada. 36 Paisagem 5 Paisagem 7 Paisagem 6 Paisagem 8 Figura 12. Continuação 37 Paisagem 9 Paisagem 11 Paisagem 10 Paisagem 12 Figura 12. Final 38 Tabela 8. Valores das características das redes de interações obtidas a partir de coletas em sub-bosque de fragmento de Mata Atlântica no interior de São Paulo, em outubro e novembro de 2014. Paisagem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 NODF 33,33 11,21 22,61 15,01 36,31 0 7,5 11,13 0 0 10,25 11,6 Assimetria de dependência 0,25 0,3 0,11 0,19 0,39 NaN 0,33 0,47 0,6 0 0,75 0,07 Modularidade 0,36 0,65 0,49 0,56 0,30 0,72 0,67 0,64 0,47 0 0,49 0,83 Diversidade de interações 1,9 3 2,49 2,67 3,06 1,79 2,62 2,9 2,47 1,22 2,25 3,18 De acordo com a análise de correlação, nenhuma das características das redes consideradas tiveram correlação significativa (p<0,05). Dessa forma, mantivemos as quatro métricas nas análises. 4.4 Efeito da estrutura da paisagem sobre redes de interações plantas e visitantes florais Na Tabela 9 constam as escalas das variáveis de paisagem que melhor explicaram cada característica das redes. Sendo assim, com o intuito de não incluirmos duas variáveis correlacionadas no mesmo modelo aditivo (Tabela 3), não inserimos o modelo aditivo Div500+ Forma500 para modularidade. Tabela 9. Escala (raio) em que cada variável da paisagem (variáveis explicativas) melhor explicou cada característica das redes de interações (variáveis respostas) em sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica no interior de São Paulo, em outubro e novembro de 2014. Dados obtidos através da comparação do R2 de regressões lineares. Onde DivSh = Diversidade Shannon da Paisagem; Forma= Média do Índice de forma da paisagem; Floresta= Proporção de floresta na paisagem. Variável resposta Aninhamento Assimetria de Dependência Modularidade Variável explicativa DivSh Forma Floresta DivSh Forma Floresta DivSh Raio (m) 1000 2000 1000 500 1000 1000 500 R2 0,14 0,01 0,22 0,20 0,37 0,23 0,36 39 Variável resposta Diversidade de Interações Variável explicativa Forma Floresta DivSh Forma Floresta Raio (m) 500 500 1000 500 500 R2 0,18 0,23 0,30 0,06 0,45 O aninhamento não foi explicado por nenhuma variável de paisagem (Tabela 10). Já quanto maior a conectividade funcional da paisagem, maior foi a assimetria de dependência das redes (Figura 13b e Figura 14b). As redes amostradas são mais modulares em paisagens que apresentam as combinações da Diversidade da paisagem com maior quantidade de floresta e com maior qualidade da paisagem (Tabela 10, Figura 13). A diversidade de interações das redes foi maior em paisagens com maior proporção de floresta e maior qualidade (Tabela 10, Figura 13 a, c e Figura 14 a, c ). Tabela 10. Sumário dos melhores modelos (∆AICc ≤2), o subsequente (∆AICc >2) e o modelo nulo, definidos a priori para as características das redes de interações (Variáveis dependentes), ordenados segundo seus respectivos valores de critério de informação de Akaike corrigido para amostras pequenas (AICc). Na coluna gl constam os graus de liberdade; na coluna ∆AICc estão os valores de delta AICc; em W os pesos de cada modelo. As variáveis independentes foram: Proporção de floresta (Flo), Diversidade Shannon da Paisagem (Div), Conectividade Funcional (Conect) e Qualidade da Paisagem (Qual). Estudo realizado em fragmentos de Mata Atlântica localizados no interior do Estado de São Paulo, em outubro e novembro de 2014. Variáveis Resp Aninhamento (NODF) Assimetria de dependência Modularidade Diversidade de Interações Modelos AICc ∆AICc gl w Nulo 98 0 2 0,37 Div 100 2,3 3 0,12 Conect 0,9 0 3 0,59 Nulo 3 2,1 2 0,20 Div+Flo -1,2 0 4 0,44 Div+Qualid 0,3 1,5 4 0,21 Div 2,2 3,4 3 0,08 Nulo 2,3 3,5 2 0,08 Flo 21,9 0 4 0,38 Qualid 22,7 0,8 3 0,26 Div+Flo 24,7 2,8 4 0,10 Nulo 25,4 3,5 2 0,07 40 2.5 2.0 1.5 Div Interações 3.0 a) 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 Proporção de Floresta c) 2.5 2.0 Div Interações 0.0 1.5 0.2 0.4 Assimetria de dependência 0.6 3.0 b) 30 4 5 6 40 30 0.4 0.6 0.8 80 1.0 Diversidade Shannon 0.40 0.35 0.30 2.0 1.8 0.25 1.6 1.4 1.2 1.0 0.20 0.15 0.8 0.6 Modularidade 50 1.2 1.0 Qualidade 70 60 1.6 1.4 40 Modularidade 2.0 1.8 0.4 70 0.45 e) 80 d) 0.2 60 Qualidade da Paisagem Conectividade Funcional 0.0 50 7 Prop Floresta 3 0.8 0.6 0.4 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Diversidade Shannon da Paisagem Figura 13. Relação entre as variáveis dos melhores modelos (∆AICc ≤2), dos efeitos das características da paisagem sobre a diversidade de interações (a, c), assimetria de dependência (b) e modularidade (d, e) de redes de interações entre planta e visitantes florais. Dados coletados em fragmentos de Mata Atlântica no interior de São Paulo em outubro e novembro de 2014. 41 a) b) c) Figura 14. Redes de interações de cada uma das 12 paisagens amostradas, organizadas de acordo com gradiente crescente de Proporção de Floresta (a), Conectividade Funcional (b) e Qualidade da Paisagem (c). Espécies de plantas são representadas pelos retângulos verdes e espécies de visitantes florais pelos retângulos laranjas. A largura de cada retângulo é proporcional a abundância de cada espécie e o tamanho do triangulo cinza conectando as plantas e visitantes florais representa a frequência de interações registradas. Amostragem realizada em sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica em outubro e novembro de 2014. 5. Discussão A heterogeneidade da paisagem e quantidade de floresta influenciaram a estrutura das redes de interações e a comunidade de visitantes florais e disponibilidade de recursos florais de diferentes formas. De acordo com os nossos resultados, a riqueza e abundância de visitantes florais e a riqueza de flores disponíveis são maiores quanto maior é a quantidade de floresta. Já as redes de interações planta-polinizadores são mais assimétricas em paisagens 42 com maior conectividade funcional; mais modulares em paisagens mais diversas combinadas com maior qualidade do entorno e quantidade de floresta; e com maior diversidade de interações quanto maior a qualidade da paisagem e quantidade de floresta. Quando consideramos apenas os dados de riqueza e abundância de visitantes florais e riqueza de flores disponíveis, a proporção de floresta na paisagem é o fator que mais influência essas variáveis. Ainda há poucos estudos que relacionam a quantidade de habitat natural na paisagem com a comunidade de visitantes florais ou plantas floridas. Resultados similares relacionados à quantidade de habitat natural foram registrados por outros estudos recentes. Le Féon et al. (2010), com comunidades de abelhas na Europa; Ferreira et al. (2015), com comunidades de abelhas em fragmentos de mata atlântica da Bahia; Flick et al. (2012), com comunidades de borboletas no Canadá; entre outros estudos (Fabian et al. 2013, Spiesman & Inouye 2013). Nesse sentido, quanto maior a quantidade de floresta na paisagem, maior é a disponibilidade de recursos para alimentação e nidificação dos visitantes-florais (Biesmeijer et al. 2006). Além disso, há mais áreas fontes de propágulos florestais, o que mantém as comunidades de plantas floridas mais diversas. Taki & Kevan (2007) discutem o fato das plantas floridas serem menos sensíveis a alterações ambientais do que os insetos visitantes, já que as plantas recebem maior número de visitas, enquanto cada inseto visita menos espécies de plantas. Em nosso estudo, apesar de constatarmos essa maior dependência dos insetos em relação às flores, observamos que a riqueza de plantas floridas também é reduzida com a diminuição de habitat natural, o que deve afetar negativamente a estrutura das redes de interações de forma mais drástica. Diferentemente do esperado, nossos resultados mostram que paisagens que possuem maior proporção de floresta combinadas a baixa conectividade funcional, apesar da baixa influência dessa última variável, tendem a possuir maior abundância de visitantes florais. Pode ser que em fragmentos menos conectados funcionalmente, mesmo que localizados em paisagens com maior proporção de florestas, os indivíduos de visitantes-florais não conseguem acessar outros ambientes, ficando “enclausurados” nos fragmentos, em meio a uma matriz com baixa permeabilidade. Além disso, esse fragmento também pode ser um refúgio para as espécies que não conseguem acessar outras áreas de floresta ou de mais qualidade. Eventos similares foram registrados em fragmentos isolados por estudos realizados em áreas recém fragmentadas na Amazônia, processo denominado crowding effect (Bierregaard & Lovejoy 1989, Hagan et al. 1996, Collinge & Forman 1998). 43 O aninhamento das redes de interações não foi influenciado pelas características das paisagens estudadas. Redes de interações mutualísticas de polinização apresentam estrutura aninhada como característica comum (Bascompte et al. 2003), o que confere maior estabilidade e resistência a perturbações, diminuindo a competição e aumentando o número de espécies que co-existem (Bastolla et al. 2009). Estudos que discutem que o aninhamento é mais acentuado em comunidades mais diversas (Lewinsohn et al. 2006) e estáveis (EncinasViso et al. 2012). Contudo, Nielsen & Bascompte (2007) sugerem que o aninhamento pode não ser tão sensível a alterações ambientais, já que a rede tende a estabilizar o valor de aninhamento rapidamente com o esforço amostral. Isso se dá pelo fato das espécies mais facilmente coletadas são as mais abundantes e são essas as que estruturam o aninhamento primeiro. Adicionalmente, observa-se pouca variação dessa métrica entre diferentes tipos de ambientes (Nielsen & Bascompte 2007). No presente trabalho, as paisagens mais conectadas funcionalmente possuem redes de interações com maior assimetria de dependência. Redes com maior assimetria de dependência possuem maior número de interações generalistas, mas também interações especialistas, o que atribui maior resistência das redes à extinção secundária de espécies (Bascompte et al. 2006) Geralmente, as espécies generalistas possuem maior capacidade de vôo e são mais abundantes, sendo menos sensíveis à perda de habitat quando comparadas com as espécies especialistas (Bommarco et al. 2010). As espécies especialistas comumente são mais raras, especializadas e possuem baixa capacidade de dispersão (Davies et al. 2000; Henle et al. 2004, Weiner et al. 2011). A maior conectividade funcional da paisagem facilita o acesso aos diferentes tipos de ambientes por visitantes florais. Tal condição possibilita que, tanto as espécies generalistas como as especialistas possam utilizar diversificados recursos alimentares e de nidificação em diferentes épocas do ano, o que atribui maior assimetria de dependência das redes como um todo. Moreira et al (2015), ao estudar redes de interações em paisagens com diferentes diversidades de ambientes em uma região de cerrado, detectaram que a assimetria de dependência das redes estudadas foi maior em paisagens que possuíam a forma das manchas mais irregulares, o que também facilita o acesso dos organismos aos diferentes tipos de ambientes. Apesar da forte influência de apenas um ponto (paisagem 10), a modularidade das redes de interações mostrou-se maior em paisagens mais diversas, quando combinadas à 44 maior quantidade de floresta ou qualidade da paisagem. Há poucos estudos sobre os efeitos de distúrbios ambientais na modularidade das redes de interações (Tylianakis et al. 2010). Estudos indicam que a modularidade pode aumentar em comunidades mais especializadas (Tylianakis et al. 2007) e menos diversas (Lewinsohn et al. 2006). Mesmo assim, de um modo geral, assume-se que redes mais modulares são mais resistentes e resilientes, já que as perturbações ambientais se espalham mais lentamente nas redes, alterando menos sua estrutura (Olesen et al. 2007). Paisagens mais diversas apresentam maior complementariedade de recursos alimentares e para nidificação, principalmente em épocas de escassez (Rundlöf et al. 2007, Holzschuh et al. 2008, Rundlof et al. 2008, Fabian et al 2013, Pryke et al 2013, Steckel et al. 2014). Se unimos essas características à maior proporção de floresta e maior qualidade da paisagem no raio de forrageio dos visitantes (o que aumenta o acesso de visitantes a ambientes mais favoráveis), a disponibilidade de recursos aumenta, o que promove condições favoráveis para o acréscimo de diferentes subgrupos de espécies que podem interagir. Neste estudo, a diversidade de interações foi maior em paisagens que possuem maior proporção de floresta e melhor qualidade dos ambientes no raio de forrageio dos visitantes florais. Estudos mostram que a diversidade de interações de redes mutualísticas tende a ser maior em habitats antrópicos menos modificados (Albrecht et al. 2007, Tylianakis et al. 2007) e em áreas de restauração mais antigas (Albrecht et al. 2010, Devoto et al. 2012). Redes com maior diversidade de interações geralmente possuem maior redundância funcional e são mais resistentes a perda de espécies, já que uma perturbação pode não afetar todos os tipos de interações e se dissipar antes de atingir toda a rede (Hoehn et al. 2008, Dyer et al. 2010). Dessa forma, paisagens com maior proporção de ambientes com qualidade para forrageio e nidificação dos visitantes florais aumenta a probabilidade de ocorrer interações diferentes e em maior quantidade, aumentando a resistência e resiliência das redes de interações à extinção de espécies. A região onde realizamos este estudo possui paisagens com quantidade de floresta, em sua maioria, abaixo do limiar de extinção de espécies simulado por alguns estudos. Keitt et al. (2009) sugere que o limiar de extinções para interações em redes de plantas e polinizadores deve ocorrer entre 50 ou 60% de perda de habitat florestal. Fortuna et al. (2013), através de simulações de perda de habitat com redes reais, estimam que o limiar de alteração das 45 características originais das redes de interações esteja por volta de 50% de cobertura florestal. Por conta disso, as redes estudadas foram pequenas e com baixo valor de aninhamento. Por fim, podemos inferir que, para o manejo de paisagens com baixa quantidade de floresta (<39%), precisamos investir em projetos não somente de restauração e preservação florestal, mas também de implementação de ambientes que ofereçam mais recursos aos polinizadores, possibilitando que maior número de indivíduos e espécies interajam em diferentes condições ambientais. Apesar dos estudos que consideram o efeito da heterogeneidade da paisagem em comunidades de visitantes florais serem crescentes nos últimos anos (Rundlöf & Smith 2006, Rundlöf et al. 2008, Fabian et al. 2013, Steckel et al. 2014, Slancarova et al. 2014), todos mensuram a heterogeneidade através do índice de diversidade Shannon/ Simpson, forma das manchas da paisagem ou proporção de habitats naturais e terras aráveis. Dentro desse contexto, apenas um estudo possui abordagem de redes de interações (Moreira et al. 2015). Kennedy et al. (2013) encontraram efeitos positivos da qualidade da paisagem para abelhas (valores também com base em disponibilidade de recursos), porém baseados em estudos já realizados, com diferentes objetivos, amostragens e esforços. Nós fizemos o primeiro estudo com o intuito de melhor compreender o efeito da heterogeneidade da paisagem em redes de interações entre plantas e visitantes florais que considera, além da diversidade e configuração dos diferentes tipos de ambientes, uma abordagem funcional, com base na importância de cada tipo de ambiente para os visitantes florais. Podemos concluir que, no contexto em que estudamos, a qualidade e configuração dos ambientes no entorno de fragmentos florestais é mais importante do que simplesmente o número, proporção e forma dos diferentes tipos de ambientes. Esse tipo de abordagem é essencial para melhorarmos a compreensão do efeito da heterogeneidade da paisagem sobre redes de interações entre plantas e visitantes florais e possíveis consequências ao processo de polinização em cenários reais. Adicionalmente, este estudo ressalta a importância de adotarmos abordagens que busquem uma melhor compreensão de como as espécies interagem nos ecossistemas. Em estratégias de manejo e conservação da biodiversidade acabamos por focar, majoritariamente em parâmetros como riqueza e abundância de espécies (Fahrig 2003). No entanto, para a conservação da estrutura das redes de interações, não basta apenas mantermos as espécies que as compõem, mas também condições que favoreçam a interação entre as essas espécies (Bascompte et al. 2006, Bastolla et al. 2009). Neste estudo, quando consideramos somente a 46 riqueza e abundância das espécies, constatamos que apenas a perda de habitat natural parece interferir nos organismos estudados. Porém, quando acessamos características das redes, constatamos que a qualidade dos ambientes do entorno, a conectividade funcional e a diversidade da paisagem também são características que podem alterar a estrutura das redes de interações, podendo desestabilizar o processo de polinização nas comunidades. Esse tipo de descoberta é essencial para auxiliar estratégias de conservação do processo de polinização mais eficazes. 47 6. Referências Bibliográficas AGUILAR R, ASHWORTH L, GALETTO L, AIZEN MA. Plant reproductive susceptibility to habitat fragmentation: review and synthesis through a meta-analysis. Ecology Letters 9:968-980. 2006. AIZEN M.A., GARIBALDI L.A., CUNNINGHAM S.A. & KLEIN A.M. Long-Term Global Trends in Crop Yield and Production Reveal No Current Pollination Shortage but Increasing Pollinator Dependency. Current Biology 18: 1572–1575. 2008. AIZEN MA, GARIBALDI LA, CUNNINGHAM SA, KLEIN AM. How much does agriculture depend on pollinators? 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Fragmento Cobertura de dossel Altura_subbosque Altura_dossel Dens Subbosque DAP PCA (Eixo 1) 1 99,34 1,8 4,81 233 4,20 0,059 3 98,07 1,76 3,71 92 3,76 -0,13 4 99,51 0 4,26 291 3,27 -0,01 6 99,30 1,8 5,11 145 4,09 -0,02 8 98,94 0 4,94 151 3,81 -0,04 13 99,38 1,68 4,59 301 27,76 0,86 15 99,45 1,8 4,03 325 3,09 -0,02 20 96,60 1,74 3,62 157 2,72 -0,18 22 97,67 1,86 4,01 195 2,70 -0,15 26 98,75 1,8 5,45 85 5,18 -0,01 28 99,16 0 4,82 87 3,23 -0,19 29 99,46 1,71 3,72 163 2,96 -0,14 55 APÊNDICE B Lista de visitantes florais coletados no sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica no interior do Estado de São Paulo em outubro e novembro de 2014. Paisagem Ordem Família Classificação (espécie/ morfoespécie/ família) Número de indivíduos 6 Diptera Antomyiidae Antomyiidae 1 9 Diptera Antomyiidae Antomyiidae 1 8 Diptera Chloropidae Chloropinae 1 3 Diptera Conopidae Stylogaster sp. 1 4 Diptera Conopidae Stylogaster sp. 1 12 Diptera Conopidae Stylogaster sp. 1 2 Diptera Lauxaniidae Lauxaniidae 2 1 11 Diptera Lauxaniidae Lauxaniidae 1 2 1 Diptera Milichiidae Milichiidae 1 1 Diptera Muscidae Muscidae 2 2 Diptera Tchinidae Tchinidae 1 5 Diptera Muscidae Muscidae 1 7 Diptera Muscidae Muscidae 1 7 Diptera Muscidae Philornis sp. 1 8 Diptera Muscidae Muscidae 1 7 Diptera Mycetophilidae Tetragoneura sp. 1 10 Diptera Pipunculidae Pipuncullus sp. 1 8 Diptera Sepsidae Sepsidae 1 5 Diptera Syrphidae Ocyptamus sp. 1 5 Diptera Syrphidae Rhingia sp. 2 7 Diptera Syrphidae Allograpta sp. 1 8 Diptera Syrphidae Rhingia sp. 1 10 Diptera Syrphidae Allograpta sp. 1 12 Diptera Syrphidae Allograpta sp. 1 12 Diptera Syrphidae Ocyptamus sp. 1 7 Diptera Tachinidae Tachinidae 1 11 Diptera Tachinidae Tachinidae 2 9 Diptera Ulididae Ulididae 1 8 Hymenoptera Andrenidae Rhophitulus sp1 11 12 Hymenoptera Andrenidae Anthrenoides sp. 1 8 Hymenoptera Anthidiini Epanthidium sp2 2 9 Hymenoptera Anthidiini Epanthidium sp2 1 12 Hymenoptera Anthidiini Epanthidium sp1 3 3 Hymenoptera Anthidiini Anthidiini 1 2 4 Hymenoptera Anthidiini Anthidiini 3 1 8 Hymenoptera Anthidiini Anthidiini 2 1 56 Paisagem Ordem Família Classificação (espécie/ morfoespécie/ família) Número de indivíduos 9 Hymenoptera Anthidiini Anthidiini 2 1 10 Hymenoptera Anthidiini Anthidiini 1 1 12 Hymenoptera Anthidiini Anthidiini 2 4 2 Hymenoptera Apidae Apis mellifera 3 3 Hymenoptera Apidae Apis mellifera 1 5 Hymenoptera Apidae Apis mellifera 21 8 Hymenoptera Apidae Apis mellifera 5 12 Hymenoptera Apidae Apis mellifera 1 5 Hymenoptera Apidae Bombus brasiliensis 1 7 Hymenoptera Apidae Bombus brasiliensis 1 11 Hymenoptera Apidae Ceratina sp1 1 8 Hymenoptera Apidae Ceratina sp10 1 4 Hymenoptera Apidae Ceratina sp11 1 8 Hymenoptera Apidae Ceratina sp11 2 12 Hymenoptera Apidae Ceratina sp11 3 5 Hymenoptera Apidae Ceratina sp2 1 7 Hymenoptera Apidae Ceratina sp3 1 6 Hymenoptera Apidae Ceratina sp4 1 8 Hymenoptera Apidae Ceratina sp5 1 3 Hymenoptera Apidae Ceratina sp6 1 6 Hymenoptera Apidae Ceratina sp6 1 8 Hymenoptera Apidae Ceratina sp6 1 8 Hymenoptera Apidae Ceratina sp7 2 2 Hymenoptera Apidae Ceratina sp8 1 11 Hymenoptera Apidae Ceratina sp8 1 12 Hymenoptera Apidae Ceratina sp9 1 4 Hymenoptera Apidae Eucerini 1 5 4 Hymenoptera Apidae Eucerini 1 1 4 Hymenoptera Apidae Eucerini 1 1 4 Hymenoptera Apidae Eucerini 2 1 4 Hymenoptera Apidae Euglossa sp1 1 9 Hymenoptera Apidae Euglossa sp2 1 9 Hymenoptera Apidae Euglossa sp3 1 3 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp1 3 3 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp2 1 12 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp3 1 4 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 2 4 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 1 5 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 1 7 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 1 9 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 2 12 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 5 57 Paisagem Ordem Família Classificação (espécie/ morfoespécie/ família) Número de indivíduos 12 Hymenoptera Apidae Paratetrapedia sp4 7 5 Hymenoptera Apidae Partamona helleri 2 2 Hymenoptera Apidae Protosiris sp1 1 4 Hymenoptera Apidae Protosiris sp1 1 6 Hymenoptera Apidae Protosiris sp1 1 7 Hymenoptera Apidae Protosiris sp1 1 12 Hymenoptera Apidae Protosiris sp1 6 1 Hymenoptera Colletidae Hylaeus sp. 1 7 Hymenoptera Eucerini Thygater sp1 3 6 Hymenoptera Halictidae Augochlora sp1 1 4 Hymenoptera Halictidae Augochlora sp2 2 2 Hymenoptera Halictidae Augochlora sp3 1 7 Hymenoptera Halictidae Augochlora sp3 3 8 Hymenoptera Halictidae Augochlorella sp1 4 12 Hymenoptera Halictidae Augochlorella sp1 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochlorini 1 2 8 Hymenoptera Halictidae Augochlorini 1 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochlorini 2 1 12 Hymenoptera Halictidae Augochlorini 3 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochlorini 4 1 2 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis aurifluens 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis aurifluens 1 11 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis aurifluens 1 12 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis aurifluens 1 4 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp1 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp1 1 4 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp2 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp3 1 5 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp4 2 2 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp5 1 3 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp5 1 9 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp5 2 12 Hymenoptera Halictidae Augochloropsis sp5 1 8 Hymenoptera Halictidae Dialictus sp. 2 8 Hymenoptera Halictidae Neocorynura sp. 1 9 Hymenoptera Halictidae Pseudaugochlora indistincta 2 5 Hymenoptera Meliponinae Cephalotrigona capitata 4 2 Hymenoptera Meliponinae Melipona marginata 1 5 Hymenoptera Meliponinae Melipona marginata 1 5 Hymenoptera Meliponinae Melipona quadrifasciata 8 3 Hymenoptera Meliponinae Melipona quadrifasciata 1 12 Hymenoptera Meliponinae Paratrigona sp. 1 58 Paisagem Ordem Família Classificação (espécie/ morfoespécie/ família) Número de indivíduos 2 Hymenoptera Meliponinae Paratrigona subnuda 3 2 Hymenoptera Meliponinae Paratrigona subnuda 1 3 Hymenoptera Meliponinae Paratrigona subnuda 10 3 Hymenoptera Meliponinae Paratrigona subnuda 1 5 Hymenoptera Meliponinae Paratrigona subnuda 4 1 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 1 2 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 5 3 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 10 4 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 1 5 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 4 6 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 1 7 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 6 8 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 9 9 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 1 10 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 8 11 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 1 12 Hymenoptera Meliponinae Plebeia droryana 4 5 Hymenoptera Meliponinae Plebeia nigriceps 2 3 Hymenoptera Meliponinae Plebeia remota 2 5 Hymenoptera Meliponinae Plebeia remota 2 3 Hymenoptera Meliponinae Plebeia subnuda 1 2 Hymenoptera Meliponinae Scaptotrigona xanthotricha 2 2 Hymenoptera Meliponinae Schwarziana quadripunctata 1 5 Hymenoptera Meliponinae Schwarziana quadripunctata 10 12 Hymenoptera Meliponinae Tetragona clavipes 5 11 Hymenoptera Meliponinae Tetragonisca angustula 1 12 Hymenoptera Meliponinae Tetragonisca angustula 1 5 Hymenoptera Meliponinae Trigona barueri 6 8 Hymenoptera Meliponinae Trigona hyalinata 2 1 Hymenoptera Meliponinae Trigona spinipes 1 4 Hymenoptera Meliponinae Trigona spinipes 1 5 Hymenoptera Meliponinae Trigona spinipes 2 8 Hymenoptera Meliponinae Trigona spinipes 3 2 Hymenoptera Vespidae Agelaia multipicta 2 7 Hymenoptera Vespidae Agelaia multipicta 1 10 Hymenoptera Vespidae Agelaia multipicta 1 4 Hymenoptera Vespidae Agelaia vicina 1 7 Hymenoptera Vespidae Agelaia vicina 2 3 Hymenoptera Chalcididae Chalcididae 1 2 Hymenoptera Vespidae Epiponini 1 6 Hymenoptera Ichneumonoidea Ichneumonoidea 1 8 Hymenoptera Vespidae Omicron auropilosum 1 59 Paisagem Ordem Família Classificação (espécie/ morfoespécie/ família) Número de indivíduos 11 Hymenoptera Vespidae Omicron auropilosum 1 8 Hymenoptera Vespidae Pachymenes ater 1 2 Hymenoptera Vespidae Pachymenes ater 1 9 Hymenoptera Vespidae 1 3 Hymenoptera Vespidae 2 Hymenoptera Vespidae Parancistrocerus sp. Pararhaphidoglossa cressoniana Polybia bifasciata 10 Hymenoptera Vespidae Polybia fastidiosuscula 1 2 Hymenoptera Vespidae Polybia fastidiosuscula 2 3 Hymenoptera Vespidae Polybia jurinei 1 11 Hymenoptera Vespidae Polybia jurinei 1 2 Hymenoptera Vespidae Polybia minarum 1 11 Hymenoptera Vespidae Stenonartonia mimica 2 5 Hymenoptera Vespidae Vespidae1 1 2 Hymenoptera Vespidae Vespidae2 1 5 Hymenoptera Vespidae Vespidae3 1 7 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 1 1 9 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 1 2 12 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 2 2 1 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 3 1 9 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 4 1 12 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 5 1 12 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 6 1 8 Lepidoptera ------------ Lepidoptera 7 1 1 1 60 APÊNDICE C Lista de plantas visitadas coletadas no sub-bosque de fragmentos de Mata Atlântica em outubro e novembro de 2014. Família Classificação Número de visitações Apocynaceae Forsteronia 12 Boraginaceae Heliotropum 21 Bromeliaceae Ananas bracteatus 7 Bromeliaceae Bromelia antiacantha 8 Cactaceae Rhipsalis teres 42 Celastraceae Maytenus aquifolia 0 Cyperaceae Cyperus ferax 0 Euphorbiaceae Actinostemon concepcionis 21 Euphorbiaceae Dalechampia 0 Gentianaceae Gentianaceae 1 Lauraceae Nectandra sp. 0 Maytenus aquifolia Celastraceae 12 Melastomataceae Leandra 29 Melastomataceae Miconia sp. 0 Melastomataceae Miconia sp2 2 Meliacaceae Trichilia catigua 4 Menispermaceae Cissampelos andromorpha 6 Monimiaceae Mollinedia schottiana 0 Nyctacinaceae Guapira sp. 5 Nyctaginaceae Guapira opposita 3 Opiliaceae Agonandra 1 Oxilidaceae Oxalis physocalix 19 Oxilidaceae Oxalis triangularis 9 Passifloraceae Passiflora sp. 4 Phytolaccaleae Microtea paniculata 11 Piperaceae Piper aduncum 11 Poaceae Parodiolyra sp. 9 Primulaceae Myrsine 0 Rubiaceae Adenocalymma 5 Rubiaceae Coffea arabica 1 Rubiaceae Coussarea 2 Rubiaceae Psychotria sp 1 2 Rubiaceae Psychotria sp 2 0 Rubiaceae Psychotria sp 3 8 Rubiaceae Psychotria sp 4 30 Rubiaceae Psychotria velgzicha 70 61 Rutaceae Citrus sp 17 Sapindaceae Allaphyl edulis 8 Sapindaceae Serjania lethalis 0 Solanaceae Solanum americanum 0 Solanaceae Solanum sp. 1 Urticaceae Boehmeria 3 Verbenaceae Lantana 0 Violaceae Hybanthus atroporpures 1 Violaceae Hybanthus sp. 1 Violaceae Pombalia atroparpurea 9 Violanaceae Anchietea 0 62