ecológico e competitivo

Transcrição

ecológico e competitivo
ENTREVISTA: Antônio Celidônio Ruette, presidente do Grupo Ruette
Ribeirão Preto SP
Junho - 2011
Ano 4 - Nº 37
R$ 16,90
- Máquinas Canavieiras
- Novo Código Florestal
- V Conferência ISO Datagro
- Cobertura Agrishow
ECOLÓGICO E
COMPETITIVO
Novas tecnologias ampliam o uso do etanol e sua competitividade, um exemplo
é o Iveco Trakker Bi-Fuel apresentado na Agrishow por Renato Mastrobuono,
da Iveco, Evaldo Cruz, da FPT e Rogério Pacheco, da
Raízen-Cosan
REVISTA
CANAMIX | JUNHO | 2011 1
2 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Carta ao leitor
Diretores: Plínio César e Marco Baldan
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Gerente Financeiro: Paulo César
Consultor Técnico: Neriberto Simões
Redação
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Reportagem: Adair Sobczak (freelancer), Caio Campanhão, Luciana Paiva, Renato Anselmi (freelancer) e
Rogério Barros (freelancer)
Colaboraram com essa edição:
André Ricci, Bryan Manuel Julca Briceño, Carmen
Ruete de Oliveira, Eduardo Botelho, Éverton Molina,
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Editor Gráfico: Thiago Gallo
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Eventos:
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Impressão:
São Francisco Gráfica e Editora
Tiragem:
10.000 exemplares
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Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético
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A chata da Agrishow
Luciana Paiva
Expediente
A cana passou a ser
bem-vinda na Agrishow
A
pesar de a Agrishow acontecer na maior região canavieira do mundo, nos
primeiros anos da feira a canade-açúcar não ocupava papel de destaque. Em 1994, na primeira edição da Agrishow, a
lavoura canavieira ainda era movida pela força manual, enquanto as outras culturas como
soja, algodão e milho eram bem mais mecanizadas, isso explica o fato de receberem maior
atenção.
Também, no ano de 1994 entrei para a área de comunicação dirigida ao setor de
cana, lembro-me que nas coletivas de imprensa da Agrishow, ao ouvir falar sobre a dinâmica das máquinas plantando e colhendo grãos durante a feira, eu perguntava se não iria
ter demonstração na área de cana. Acho que os organizadores deveriam pensar: “Que chata, será que ela não vê que usina não compra máquina?” Mas, o Sérgio Magalhães, que por
muito tempo foi o presidente da Agrishow, respondia: “Para fazer demonstração para o setor de cana é preciso uma área muito grande e não a dispomos.”
Com o passar dos anos, a mecanização do corte de cana no setor canavieiro começou a tomar corpo. Eu participava das reuniões do Grupo de Motomecanização do Setor
Sucroalcooleiro (Gmec) e ouvia reclamações e sugestões dos seus integrantes. Aí, insistentemente, nas coletivas de imprensa da Agrishow, perguntava aos fabricantes: “Os integrantes do Gmec dizem que a colheita mecânica da cana provoca muitas perdas. O que estão fazendo para melhorar o desempenho das colhedoras? E a compactação do solo? E os
danos à soqueira? Se o Brasil é o maior produtor de cana, por que vocês não as produzem
aqui e as preparam para as condições do País?”
Novamente eu era a chata da entrevista. Mas o tempo foi passando, e por necessidade, as usinas começaram a se render ao corte mecanizado, aquecendo a demanda por máquinas. As fabricantes aperfeiçoaram as colhedoras seguindo as sugestões dos integrantes
do Gmec. As empresas estrangeiras montaram fábricas no Brasil, as máquinas foram modeladas para atender às circunstâncias da produção brasileira e o custo-benefício do corte mecânico superou o manual.
Enfim, o setor de cana passou a ser um bom cliente e caiu no gosto das fabricantes,
tanto que, exclusivamente para a cultura canavieira abandonaram o termo “colheitadeira”
e adotaram a colhedora. Isso, em decorrência dos vários puxões de orelha que sofriam do
professor Tomaz Caetano Rípoli que, exaustivamente, alertava: “segundo o vernáculo da
língua portuguesa o correto é: colhedora, plantadora, enfardadora.”
Com a expansão canavieira os investimentos em máquinas, tratores, caminhões,
pneus e implementos por parte das usinas cresceu tanto que de patinho feio na Agrishow,
passou a ser o seu principal combustível de vendas. A tecnologia de colheita de cana mecanizada foi dominada, mas nem por isso, deixei de ser a chata nas entrevistas coletivas,
minhas perguntas passaram a ser: “Há muitas reclamações sobre o plantio mecanizado de cana, vocês não vão
investir nesta tecnologia?” ou “E o desenvolvimento de
motor pesado movido a etanol?”
Nesta 18ª edição da Agrishow foi uma grata satisfação encontrar um número bem maior de empresas com
tecnologia dirigida ao setor sucroenergético. Novas plantadoras, enfardadora criada especialmente para o recolhimento da palha da cana, caminhão flex e até um líder
sucroenergético, Maurilio Biagi Filho, como presidente da
Luciana Paiva - Editora
feira. Com esse novo cenário, acho que não terei mais
[email protected]
motivos para ser a chata da Agrishow.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 3
Guia de Compras SA
PG ÁREA ADMINISTRATIVA
91
ADVOCACIA - JURÍDICA E TRIBUTÁRIA
PERSONALITY ASSESSORIA
CONSULTORIA ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
ABRAHAMS EXECUTIVE
COMLINK
HUMANUS
PERSONALITY ASSESSORIA
EVENTOS
GRUPO IDEA
FEIRAS, SIMPÓSIOS E EVENTOS
GRUPO IDEA
MULTIPLUS FORIND
MULTIPLUS FENASUCRO
FEICANA / FEIBIO
SIMTEC / SIMESPI
GESTÃO DE BENEFÍCIOS E
INCENTIVOS TRABALHISTAS
HUMANUS
RECURSOS HUMANOS - CONSULTORIA
ABRAHAMS EXECUTIVE
HUMANUS
SITES / VÍDEOS - DESENVOLVIMENTO
RGB COMUNICAÇÃO
SOFTWARES DE GESTÃO INTEGRADA
AUTEQ
COMLINK
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
COMLINK
TRANSPORTE E LOGÍSTICA
- AÇÚCAR E ETANOL
GTA TRANSPORTES RP
69
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111
105
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135
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35
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47
PG
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81
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69
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11
97
81
100
ÁREA AGRÍCOLA
CAMINHÕES - AROS E RODAS
MARINI
CAMINHÕES - CONCESSIONÁRIAS
ERALDO CAMINHÕES
PRIORE - IVECO
CAMINHÕES - PEÇAS E SERVIÇOS
ERALDO CAMINHÕES
PRIORE - IVECO
CARROCERIAS - REBOQUE E
SEMI-REBOQUE CANAVIEIRO
GUERRA IMPLEMENTOS
RODOFORT
CARROCERIAS - TANQUES E RPVC
EDRA
VETRO
COLETORES DE DADOS
AUTEQ
COLHEDORAS DE CANA
CIVEMASA
TRACAN
COLHEDORAS DE CANA
- PEÇAS E SERVIÇOS
TRACAN
COMPUTADORES DE BORDO
AUTEQ
CONEXÕES - PRFV E RPVC
EDRA
VETRO
CONSULTORIA AGRÍCOLA
CANAVIALIS
EPI - EQUIPAMENTOS
DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
ANSELL
X5 EPI´S
FERTILIZANTES
PRODUQUÍMICA
HERBICIDAS
BASF DO BRASIL
DU PONT
IMPERMEABILIZAÇÃO
DE CANAIS (VINHAÇA)
EDRA
VETRO
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
AGRIMEC AGRO
CIVEMASA
DMB
TRACAN
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
- PEÇAS E SERVIÇOS
AGRIMEC AGRO
CIVEMASA
DMB
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
RODOFORT
INSETICIDAS
BASF DO BRASIL
IRRIGAÇÃO - EQUIPAMENTOS,
TUBOS E CONEXÕES
EDRA
VETRO
70
55
33
68
69
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91
113
148
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46
77
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100
2
57
2
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57
2
68
MÁQUINAS AGRÍCOLAS
TRACAN
MÁQUINAS AGRÍCOLAS - AROS E RODAS
MARINI
MÁQUINAS AGRÍCOLAS
- ASSISTÊNCIA TÉCNICA
MASSEY FERGUSON
VALTRA
MATURADORES E REGULADORES
DE CRESCIMENTO
DU PONT
PÁS CARREGADORAS
ATA - ANTONIOSI
PLANTADORAS DE CANA
CIVEMASA
DMB
TRACAN
PNEUS
MARCHINI
PNEUS - VULCANIZAÇÃO
PNEU FORTE JABOTICABAL
PULVERIZADORES
J.A.INDÚSTRIA
TRACAN
SANITÁRIOS PORTÁTEIS
J.A.INDÚSTRIA
SOFTWARES DE GESTÃO
BIOSALC
COMLINK
SOFTWARES DE GESTÃO - TRANSPORTE
BIOSALC
COMLINK
TERMINAIS HIDRÁULICOS
ATA - ANTONIOSI
TRANSBORDOS
ATA - ANTONIOSI
CIVEMASA
DMB
J.A.INDÚSTRIA
TRACAN
TRANSPORTE E LOGÍSTICA
GTA TRANSPORTES RP
TRATORES
MASSEY FERGUSON
TRACAN
VALTRA
TRATORES - ALONGADORES DE EIXO
MARINI
TRATORES - AROS E RODAS
MARINI
TRATORES - PEÇAS E SERVIÇOS
MASSEY FERGUSON
TRACAN
TUBULAÇÕES
KNOX
KROMINOX
TUBULAÇÕES - PRFV E RPVC
EDRA
VETRO
VEÍCULOS DE APOIO
FIAT
VEÍCULOS E UTILITÁRIOS
ERALDO CAMINHÕES
FIAT
PRIORE - IVECO
VEÍCULOS E UTILITÁRIOS
- PEÇAS E SERVIÇOS
ERALDO CAMINHÕES
FIAT
PRIORE - IVECO
Anunciantes desta edição
20
20
29
20
21
67
43
137
25
78
78
23
83
83
87
17
17
17
75
75
78
75
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37
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73
71
13
77
31
41
63
37
89
71
13
46
77
31
72
81
100
5
19
5
19
137
41
PG
23
89
99
72
99
23
106
136
93
41
67
117
41
78
93
41
23
4 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
ÁREA INDUSTRIAL
ABRASIVOS
ARMO DO BRASIL
ACOPLAMENTOS
HCI HIDRAÚLICA E CONEXÕES
RENK ZANINI
UNIVAL
ACOPLAMENTOS ELÁSTICOS
RENK ZANINI
ADESIVOS E SELANTES
ARMO DO BRASIL
JUNTAS LGT
ANTIBIÓTICOS
BIOFERM
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
PRODUQUÍMICA
ANTIBIÓTICOS NATURAIS
BETABIO 45
PROZYN
ANTIESPUMANTES
PRODUQUÍMICA
VLC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
ANTI-INCRUSTANTES
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
PRODUQUÍMICA
ARTEFATOS DE BORRACHA
ARMO DO BRASIL
99
51
19
21
101
51
5
67
117
107
23
79
51
101
43
78
83
AUTOMAÇÃO - CONSULTORIA / PROJETOS
GRUPO AUTHOMATHIKA
AUTOMAÇÃO - EQUIPAMENTOS
GRUPO AUTHOMATHIKA
STEMMANN
AUTOMAÇÃO - SOFTWARE
GRUPO AUTHOMATHIKA
RAM AUTOMAÇÃO E CONTROLE
BIOTECNOLOGIA APLICADA
BETABIO 45
BOMBAS CENTRÍFUGAS
ANDRITZ
CENTURY
EQUIPE
VLC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
BOMBAS DOSADORAS
VLC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
CABOS DE AÇO
ARMO DO BRASIL
CABOS ELÉTRICOS
NAMBEI
CABOS ELÉTRICOS - ESPECIAIS
NAMBEI
CAL VIRGEM - HIDRATADA
VOTORANTIM CIMENTOS S/A
CALDEIRARIA
CALDEMA
CALDEIRARIA - MANUTENÇÃO
CALDEMA
CALDEIRAS
CALDEMA
CENTRÍFUGAS
GEA WESTFALIA SEPARATOR DO BRASIL
CENTRÍFUGAS DE AÇÚCAR - ACESSÓRIOS
GEA WESTFALIA SEPARATOR DO BRASIL
VLC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
CENTRÍFUGAS DE AÇÚCAR
- ASSISTÊNCIA TÉCNICA
GEA WESTFALIA SEPARATOR DO BRASIL
CHAPAS - AÇO CARBONO
CARBINOX
CENTERVAL
CHAPAS - AÇO INOX
CARBINOX
GRUPO FEITAL - DIV. FEITAL
INOXCONSULT
INTERSTEEL AÇOS E METAIS
KROMINOX
NEOLIDER
CLARIFICANTES
PRODUQUÍMICA
CONEXÕES
CARBINOX
CENTERVAL
HCI HIDRAÚLICA E CONEXÕES
INOXCONSULT
INTERSTEEL AÇOS E METAIS
KNOX
KROMINOX
NEOLIDER
UNIVAL
CONEXÕES - PRFV E RPVC
EDRA
VETRO
CORRENTES
GENERAL CHAINS
PROLINK
CORRENTES TRANSPORTADORAS
GENERAL CHAINS
PROLINK
DIFUSORES
CENTURY
DISPERSANTES
PRODUQUÍMICA
ENERGIA - EQUIPAMENTOS
PARA GERAÇÃO E COGERAÇÃO
RENK ZANINI
ENGENHARIA E PROJETOS
- CONSULTORIA INDUSTRIAL
GEA ENGª DE PROCESSOS
PROLINK
SUGARSOFT
ENGENHARIA E
PROJETOS - EQUIPAMENTOS
DYNAMIC AIR
GEA ENGª DE PROCESSOS
GENERAL CHAINS
ENZIMAS E LEVEDURAS
BETABIO 45
PROZYN
EPI - EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
ANSELL
ARMO DO BRASIL
X5 EPI´S
EVAPORADORES
GEA ENGª DE PROCESSOS
FÁBRICA DE AÇÚCAR - MANUSEIO,
ESTOCAGEM E MOAGEM
DYNAMIC AIR
FILTROS INDUSTRIAIS
ANDRITZ
VLC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
FIOS ELÉTRICOS
NAMBEI
5
27
101
51
75
72
106
93
23
7
93
23
5
27
83
29
95
137
99
137
53
99
43
78
73
77
93
41
27
136
99
53
99
5
99
81
100
51
34
111
21
49
49
49
93
101
43
93
93
63
37
71
13
46
77
31
81
100
37
89
46
31
72
45
63
73
13
31
53
GUINDASTES
GENERAL CHAINS
TUBOS VEROLA
INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS
- AÇÚCAR / ETANOL
DYNAMIC AIR
GEA ENGª DE PROCESSOS
GEA WESTFALIA SEPARATOR DO BRASIL
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
UNIVAL
JUNTAS DE EXPANSÃO
JUNTAS LGT
LIMPEZA INDUSTRIAL
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
LUBRIFICANTES
ARMO DO BRASIL
COSAN COMBUSTIVEIS E LUBRIFICANTES SA
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
MANGUEIRAS
ARMO DO BRASIL
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
- EQUIPAMENTOS
GENERAL CHAINS
TUBOS VEROLA
MATERIAIS ELÉTRICOS
NAMBEI
STEMMANN
MEDIDORES, TRANSMISSORES
DE VAZÃO E NÍVEL
DWYLER
MOENDAS - ACIONAMENTOS
CENTURY
RENK ZANINI
MOENDAS - EQUIPAMENTOS
CENTURY
VILLARES METALS
MULTIPLICADORES
RENK ZANINI
PENEIRAS ROTATIVAS
ANDRITZ
VLC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
PERFIS
GRUPO FEITAL - DIV. FEITAL
KROMINOX
POLÍMEROS
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
PRODUQUÍMICA
PONTES ROLANTES
TUBOS VEROLA
QUÍMICA - PRODUTOS E DERIVADOS
BIOFERM
REDUTORES
RENK ZANINI
VILLARES METALS
REDUTORES PLANETÁRIOS
RENK ZANINI
REPOTENCIAMENTO - SERVIÇOS
GENERAL CHAINS
RENK ZANINI
RESERVATÓRIOS - FIBRA VIDRO / RPVC
EDRA
VETRO
SECADORES
GEA ENGª DE PROCESSOS
SOFTWARE DE GESTÃO
BIOSALC
COMLINK
RAM AUTOMAÇÃO E CONTROLE
SOLDAS - ACESSÓRIOS
A ALUGA A SOLDA
SOLDAS - CONSUMÍVEIS
A ALUGA A SOLDA
SOLDAS - EQUIPAMENTOS
A ALUGA A SOLDA
TORRES DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
TRANSPORTES PNEUMÁTICOS
DYNAMIC AIR
TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
ANDRITZ
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
TRATAMENTOS TÉRMICOS
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES
TUBULAÇÕES
CARBINOX
CENTERVAL
INOXCONSULT
INTERSTEEL AÇOS E METAIS
KNOX
KROMINOX
NEOLIDER
TUBULAÇÕES - PRFV E RPVC
EDRA
VETRO
VÁLVULAS
CENTERVAL
HCI HIDRAÚLICA E CONEXÕES
KNOX
NEOLIDER
UNIVAL
VALVUGÁS
VERGALHÕES
CARBINOX
GRUPO FEITAL - DIV. FEITAL
INTERSTEEL AÇOS E METAIS
NEOLIDER
VILLARES METALS
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 5
Sumário
8
12
Entrevista
16
Coluna Markestrat
20
22
34
38
42
Gestão Industrial
54
68
90
Agrishow
96
Tecnologia Agrícola
- “Apertem os cintos”
112
Pesquisa & Desenvolvimento
118
128
Estilo
140
Marketing Canavieiro
Mercado
- Mercado agitado impulsiona
V Conferência ISO/Datagro
- O setor sucroenergético
precisa de investimentos
- Terceira reunião do Gegis em 2011
Tecnologia Industrial
- Defeito da bomba “estoura” na produção
Espaço TI
- Pioneirismo em TI na região Nordeste
Espaço Datagro
- Uma nova política para o etanol
Capa
- Etanol - combustível
ecológico e competitivo
- É a maior!
Motomecanização
Máquinas canavieiras
Espaço Fitotécnico
- Cana ganha aliado no
controle das plantas daninhas
Gestão de Pessoas
110
Gestão de Negócios
- Retomada de investimentos deve
gerar mais 200 mil postos de trabalho
- Maceió recebe I Workshop
Pós-Safra do Setor Sucroenergético
- Gerindo o maior
patrimônio do agronegócio
- 40 graus e elegante
Eventos
- 32 anos de história
- Abertura do Simtec 2011 contará com
lançamento do Museu do Açúcar e do Etanol
- Forind 2011 terá programação completa
para os profissionais da indústria
- V Workshop de Agroenergia
- V Simpósio Tecnologia de
Produção de Cana-de-Açúcar
- 8ª Fersucro - 4 a 8 de julho
de 2011 - Maceió/AL
- Comemoração dos 30 anos do Ceise Br
- FMC comemora sucesso do
Giro Cana FMC no Nordeste
- Investimentos em Marketing
elevam o faturamento da Valvugás
- Fruto de pesquisa, máquina para afiar
facão garante vantagens aos trabalhadores
- Solução para Tratamento de
Água de Fuligem Alfatec/Ieda Neto
- Presidente mundial da
Trelleborg visita a Agrishow
- Pneu Forte e SBT realizam
campanha pelo meio ambiente
- Segredo da motivação
CORREÇÃO
- Nutrição de canaviais exige
soluções diferenciadas
104
- Irrigação para produzir
mais cana-de-açúcar
- Embrapa obtém primeiras plantas
transgênicas de cana-de-açúcar
Na edição 35 da revista CanaMix na matéria sobre a entrega dos vencedores do Prêmio Cana Invest, foi trocada a foto do representante do Grupo São Martinho que recebeu o
prêmio Cana Invest na categoria:
Gestão Ambiental. A foto correta é essa: Plínio César, diretor da
PC&Baldan, Nelson Marinelli, superintendente das Relações Institucionais e Gestão de Riscos no
Grupo São Martinho, e Marco Baldan, diretor da PC&Baldan
onsumo
Sonho de Cdo
s os gostos
Máquinas para
Conjunt
A luta co ura
ntinua
Espaç
26
86
Controle d o Fitotécnico
e pla
em cana-d ntas daninhas
e-açúcar
to
122
Entrevista – Antônio Celidônio Ruette, presidente do Grupo Ruette
“Apertem os cintos”
Os empresários nacionais no segmento sucroenergético começam a
perder espaço com a entrada dos investidores. Para falar, inclusive sobre isso,
entrevistamos um legítimo representante da classe sucroenergética nacional
Antônio Ruette recebeu,
em 2 de março de 2011, o
Prêmio Cana Invest como
Empresário de Fibra
Luciana Paiva
D
esde o tempo em que frequentava
os bancos escolares, nos anos de
1940, Antônio Celidônio Ruette, preparava turmas para exames de admissão e
supletivo, ministrando aulas de Latim, Português, Geografia e História Geral do Brasil.
Isso lá na cidade de Jaboticabal, SP. Era o
início de sua vida como educador, a partir
de então, ajudou a disseminar a educação
pelo interior paulista em cidades como Viradouro, Pitangueiras, Guaíra, Oswaldo Cruz,
Cafelândia, Pirajuí, Atibaia, Bragança Pau-
REVISTACANAMIX
CANAMIX||JULHO
JUNHO||2010
2011
8 REVISTA
lista e Itapira.
Professor e diretor de escola formado em Letras Clássicas, nas disciplinas
de Português, Latim
e Grego, também formou-se, em 1958,
em Ciências Jurídicas e Sociais, e passou a exercer a advocacia. Em 1959, entrou
para a política e no início da década de 1960
ingressou no segmento de cana de açúcar
para participar da direção da Usina Nossa Senhora Aparecida,
em Itapira. Seu conhecimento não só contribuiu para o crescimento do Grupo Virgolino de Oliveira como foi
combustível para a criação de suas próprias empresas, entre elas a Antonio Ruette
Agroindustrial, localizada em Paraíso, SP, e
a Usina de Açúcar e Álcool, Monterey, em
Uburana, SP.
Esses são apenas alguns detalhes da vida desse senhor que sabe tratar
com carinho as palavras e que ao longo
de seus 82 anos conquistou muitos títulos e reconhecimento como educador. E
no setor sucroenergético figura como um
dos bons exemplos dos empresários nacionais, ao pilotar um grupo que apresen-
ta uma gestão familiar/profissionalizada e
que tem a nada fácil missão de permanecer e crescer de forma sustentável no negócio da cana-de-açúcar.
Neste momento de muitas mudanças no setor, nada melhor que as palavras
de quem tem experiência sobre o tema.
Confira a entrevista com Antônio Ruette.
CanaMix – Como é ter uma vivência de cinquenta anos no setor
sucroenergético?
Antônio Ruette – Vamos, primeiramente, distinguir. Vivência não significa conhecimento. O cortador de cana trabalha
uma existência no corte de cana e se aposenta como cortador de cana, não agrega
valor à sua atividade. Quando passei a trabalhar na Usina Nossa Senhora Aparecida,
em Itapira, a convite de minha irmã, Carmen Ruete de Oliveira, as usinas eram na
sua produção e comercialização controladas por autarquia federal, denominada Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que fixava os preços a serem pagos pela cana,
açúcar e álcool produzidos, bem como os
quantitativos de canas que seriam moídas.
Os preços eram fixados após prévio levantamento pela Fundação Getúlio Vargas, entidade idônea e acatada tanto pelo governo como pelos produtores. Em síntese, não
havia como errar. Com preços de comercialização tabelados e produção controlada pelo governo, os usineiros encarnavam
uma retardatária nobreza imperial, que resistia à modernidade e aos novos tempos
que a sociedade exigia.
CanaMix – E o que ocorreu com o
fim do IAA?
Antônio Ruette – No final do século passado e imitando John Lennon: O so-
Entrevista – Antônio Celidônio Ruette, presidente do Grupo Ruette
“
CanaMix – Como vê o cenário do
etanol?
Antônio Ruette – Já fui mais otimista. Sofremos no governo Fernando Henrique Cardoso com as dificuldades de comunicação e a falta de decisão sobre pleitos
da maior urgência, que o setor reclamava dos poderes públicos. Com o governo
Serra, as dificuldades de comunicação se
agravaram. Houve uma radicalização por
parte de seu governo, que acarretou elevados prejuízos aos produtores: o término da
queima de cana, já equacionado pela legislação estadual abreviou-se; as restrições
ambientais elaboradas sem conhecimento
da realidade dificultaram o exercício da atividade, com reflexos na moagem e no desempenho das safras no Estado de São
Paulo. Acontece que o presidente Lula, matreiro como sempre vislumbrou nestas divergências uma oportunidade favorável aos
seus desígnios e passou a elogiar exagera-
de capital estrangeiro. As empresas nacionais têm dificuldades em obter crédito e planos competitivos?
Antônio Ruette – A análise pelo BNDES de um projeto de grandes proporções,
requer, via de regra, um dispêndio de energias e um tempo menor do que o requerido pela análise de vários projetos de menor porte, que exigem maior número de
viagens, reuniões, despachos, esclarecimentos, etc. Entra em cena, então, a tal de
economia de escala, isto é, fazer mais em
menor tempo. No entanto, não perfilho a
opinião de que a preferência para análise e
aprovação de grandes projetos seja prioritária no BNDES. Os projetos, quer seja das
empresas nacionais ou de capital estrangeiro, estando bem fundamentados, têm
tramitação normal naquela instituição. É o
que se verifica à luz dos fatos. Ocorre, no
entanto, que nem sempre as empresas de
pequeno e médio porte dispõem de condi-
“
nho acabou. O governo do ex-presidente
Fernando Collor desregulamentou o setor
e as usinas passaram a trabalhar livremente, sem tabelamento de preços para o açúcar e o álcool. Apenas a cana, no Estado
de São Paulo, teve o seu preço fixado por
um órgão regulador: o Consecana. O mercado de oferta e procura passou a vigorar
e com o aumento desenfreado e sem limites de produção muitas empresas foram
obrigadas a enfrentar situações inesperadas e de difícil superação que, em menos
de dez anos redundaram na transferência
do controle acionário para grupos nacionais (Cosan, Odebretch, etc) e internacionais (Dreyfus, Tereos, Noble, etc). O setor
mais fragilizado foi o das empresas familiares. Despreparadas para uma gerência
estritamente profissional sofreram na carne os efeitos da desregulamentação e, ao
que tudo indica, ainda está distante o horizonte que dará tranquilidade a essa par-
Uma das alternativas para as pequenas e médias empresas
se manterem no negócio é o ingresso em entidade que
processe em bloco a comercialização dos produtos fabricados
cela de empresários do setor. Portanto, o
cenário que se entremostra, a curto prazo,
é o da permanência e sucesso das usinas
que forem lideradas por uma gestão essencialmente profissional, embora admitida a
permanência de familiares em convivência
com a gestão profissional.
CanaMix – Além da profissionalização, quais as alternativas para uma empresa nacional de pequeno e médio porte
se manter no negócio sucroenergético?
Antônio Ruette – Alternativas que se
viabilizam como factíveis para a sobrevivência de empresas de pequeno e médio
porte do negócio sucroenergético, seriam
a fusão com empresa congênere de maior
porte, ou o ingresso em entidade que processe em bloco a comercialização dos produtos fabricados, dentre as quais, a Copersucar é o melhor exemplo.
damente o setor (heróis...?!) e a fazer a defesa do etanol como combustível ideal para
substituir a energia originária do petróleo,
tanto no País como nas viagens internacionais, provocando nos usineiros visível euforia ao valorizar o etanol brasileiro como
solução ideal para a futura, mas inevitável,
carência do petróleo. Mas também aqui, o
sonho acabou. Inesperadamente, o vivaldino Lula tomou-se de amores, agora, pelo
pré-sal e arvorou-se de propagandista-mor
de nossas reservas, que dormem tranquilamente no fundo do mar da costa brasileira
a mais de 6 mil metros da superfície e previstas para aproveitamento daqui há quinze
anos, se produtivas...
CanaMix – Segundo representantes
de unidades sucroenergéticas nacionais,
o BNDES dirige sua atenção aos grandes
grupos, que em sua maioria passou a ser
ções financeiras para detalhar com precisão seus projetos, havendo, portanto, por
parte do BNDES, a necessidade de solicitar
novos esclarecimentos, o que pode concorrer para retardar a aprovação.
CanaMix – Hoje, o setor sucroenergético está nas mãos de 150 grupos,
analistas projetam que, em um futuro não
muito distante, serão apenas 25 grupos.
O senhor concorda?
Antônio Ruette – Não concordo. O
Brasil de hoje não é o Brasil de amanhã e
perde-se de vista o grande número de futurólogos desempregados no país. Por
mais simulações que se façam, o Brasil,
cujas fronteiras abrangem um continente,
vai ter, em breve espaço de tempo, o dobro das unidades sucroenergéticas, atualmente existentes. Os números dizem tudo:
hoje, apenas a Copersucar já é mais que
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 9
Entrevista – Antônio Celidônio Ruette, presidente do Grupo Ruette
CanaMix – E em relação a investida dos investidores, já recebeu propostas
por suas unidades?
Antônio Ruette – Sim, já recebi propostas para a venda de minhas duas empresas. Porém, foram propostas vagas, sem
consistência, de autoria não identificada.
CanaMix – Um dos principais problemas do País e do setor é a falta de
mão de obra especializada. Como educador qual o parecer do senhor sobre isso?
Antônio Ruette – O ensino no Brasil é um descalabro. Antes, era exageradamente bacharelesco; hoje, piorou: é fraco
“
que com o decorrer do tempo ficam desatualizados, perdendo toda a motivação que
o magistério exige, nosso País oferece, perante as demais nações, um espetáculo deprimente, intolerável em um regime democrático. No quesito Educação, ombreia-se
com os países africanos. O governo, a tudo
assiste, impassível. Leva séculos para se
mover e quando o faz, como dito acima, se
move para o lado errado. Como bem disse
Roberto Rodrigues, autêntica liderança do
agronegócio: “O governo tem muito discurso e pouco percurso”.
CanaMix – O Brasil vive a polêmica do Código Florestal, mais uma vez a
votação foi adiada. Qual seu parecer sobre esse tema?
Antônio Ruette – Creio que quando
esta entrevista for publicada, o País já deverá ter um novo Código Florestal. Assim
mesmo, aflinge-me imensamente o que
estará por vir. Quando penso que em nosso País ambientalistas e corporações es-
produtor. Verifica-se com desalento que, na
safra 2010, pela primeira vez houve um recuo na demanda do álcool hidratado e aumento no consumo da gasolina. Ainda,
nesse sentido, a exportação não oferece
números animadores e os Estados Unidos,
embora com o álcool de milho, estão concorrendo conosco em vantagens. Enfim,
apesar de os esforços de entidades e associações de classe, tudo indica que a batalha
pela superação do álcool, tanto no mercado interno como externo, está longe de proporcionar ao produtor a segurança necessária para promover novos investimentos e
sustentar os já realizados, ou que pretendia programar. Por outro lado, registre-se o
súbito e crescente interesse de investidores
internacionais pelas commodities que estão em franca ascensão, com valorização
impressionante propiciando mais e melhor
suporte ao nosso açúcar.
“
isso: representa 26 grupos do setor, reunindo 48 usinas. Idêntica postura se observa em outros Estados da federação, o que
significa mais usinas se unindo em blocos,
com o objetivo de se fortalecerem.
É mais uma vez o império da lei que
governa o universo: os astros maiores exercendo atração sobre os menores.
CanaMix – Qual é sua visão do setor nos dias de hoje?
O Brasil é o único país do mundo em que foi criada
e existe essa esdrúxula figura da reserva legal
e insuficiente. Manejado por políticos ignorantes, que desconhecem o valor da educação para a formação da criança, revelou, pelas últimas estatísticas, que após
oito anos frequentando a escola, o aluno, aos 14 anos, sai semianalfabeto. Ainda agora, um livro editado pelo Ministério
da Educação, “Por uma vida melhor”, ensina que se deve falar e escrever cometendo erros de português, pois concordância é
uma questão de escolha. Dizer “nós pega
o peixe” ou “nós pegamos o peixe” dá no
mesmo. (eis, aqui, nosso Lula redivivo...).
O assunto é da maior gravidade e revela a
irresponsabilidade de nossos governantes.
Por outro lado, as escolas, mal aparelhadas, e agora fragilizadas por seguidos assaltos e depredações, não cumprem sua
finalidade educacional e o aluno sai ignorante e desguarnecido para os embates da
vida. Com professores mal remunerados,
REVISTACANAMIX
CANAMIX||JULHO
JUNHO||2010
2011
10 REVISTA
trangeiras, a saldo das grandes nações,
atuam com desenvoltura no Congresso,
Nacional, temo pelo novo Código Florestal. Para se ter uma ideia da ousadia dessas corporações infiltradas no País, basta
dizer que elas conseguiram fazer do Brasil
o único país do mundo em que foi criada
e existe essa esdrúxula figura da reserva
legal. Sinto-me regredir ao tempo do Brasil colônia...
CanaMix – A atenção voltada para
o pré-sal dificulta a internacionalização
do etanol?
Antônio Ruette – Sim, em razão disso, o sonho de tornar o álcool uma commodity no mercado internacional continua
distante. Para agravar estamos perdendo
mercado, no País e no exterior, com variações de preços e de produção que se refletem na idoneidade e profissionalismo do
Antônio Ruette – Não existe mais a
euforia dominante de anos atrás. A inflação retornou, os juros estão subindo e a
contínua desvalorização do dólar e consequente valorização do real, concorrem para
que a balança comercial apresente, cada
vez mais, maior déficit em conta corrente. O mundo passa por radicais transformações e novas lideranças estão surgindo, confrontando principalmente com os
Estados Unidos. Aqui, no Brasil, como Lula
nunca foi modelo para quem trabalha o ingresso de novos empregados com carteira
assinada que o governo tanto alardeia não
vai melhorar substancialmente a situação,
pois a maioria desses novos empregos é
remunerada com um ou dois salários mínimos, que nada representam perante a inflação que vem assustando o País. Diante dessa situação, avisa o piloto: Apertem
os cintos...
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 11
Mercado
Mercado agitado impulsiona
V Conferência ISO/Datagro
Caio Campanhão
A
expectativa para a V Conferência ISO/Datagro Internacional de
Açúcar, realizada em 18 de maio
no Waldorf Hotel, em Nova York, era das
melhores, e o resultado foi maior que o
esperado. “Foi extremamente positivo.
Tivemos um número recorde de participantes. Foram mais de 320 participantes de 23 países. Muitos foram os elogios e demonstrações positivas sobre a
qualidade das apresentações, sobre os
temas apresentados”, disse Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, realizadora da Conferência. Em relação ao
evento, Nastari observou que foi um mo-
Marco Baldan
A busca por informações de credibilidade sobre o mercado mundial de
açúcar atraiu 320 participantes a Conferência da Datagro em Nova York
Peter Baron, diretorexecutivo da Organização
Internacional do
Açúcar e Plínio Nastari:
parceiros na realização
da Conferência
mento muito importante de avaliação sobre o que está acontecendo no Brasil e
em outros países. “Tivemos uma participação muito grande de representantes
da América Central, da Europa, dos EUA,
da Índia. Também compareceu o ministro do açúcar da Índia, vários representantes da Tailândia e foi tudo muito produtivo”, salientou.
A Conferência é um evento técnico que dá suporte ao Sugar Dinner, que é
um evento que tem o apoio do Sugar Club
Antonio Padua, diretor-técnico
da União da Indústria da Canade-Açúcar (Unica) e Maurilio
Biagi Filho, presidente do Grupo
Maubisa, prestigiaram o evento
12 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Michael Rinelli,
executivo da LS9, Inc
também foi conferir
as notícias sobre o
mercado de açúcar
de Nova YorK. “É uma parceria que a Datagro desenvolveu com a Organização Internacional do Açúcar e já é o quinto ano
dessa parceria, que está muito forte. Já
estamos programando o evento do ano
que vem”, adiantou Nastari.
O foco de toda
a Conferência, segundo Nastari, foi
o crescimento em
mercados competitivos e como esse
crescimento deve
acontecer nos próximos anos nos principais mercados competitivos do mundo.
Nastari disse que a competitividade relativa dos produtores dos principais países
tem sido muito afetada por taxas de câmbio. Com a apreciação do real o Brasil
perdeu a condição de primazia que tinha
de competitividade, que perdurou durante
boa parte da década passada. A partir de
agora, a expansão da capacidade industrial deve ser compartilhada entre o Brasil e outros países selecionados, e o foco
continuará sendo diversificação e transformação de açúcares totais em produtos de maior valor agregado. O foco será
em logística, aumento de eficiência, redução de custos de logística e, ao mesmo tempo, muita volatilidade.
A expectativa é de que o mercado
continue muito volátil, com a participação
crescente de especuladores e de fundos
operando nesse mercado, reconhecendo
o dinamismo que tem e o fato de que tem
muito a ser otimizado. “Quer dizer, ainda
tem muito a ser melhorado nessa indústria e isso foi muito discutido na Conferência”, contou.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 13
Mercado
Antônio Frazão, da Copertrading,
Pedro Robério, presidente do
Sindaçúcar-AL e Guilherme
Nastari, diretor da Datagro
Perspectivas de mercado – Nastari observa que este ano, por conta do tamanho da safra, pelo fato de que a oferta
de cana não é tão grande, a qualidade da
cana também não é das melhores, já há
indicações claras de que os preços devem se manter em patamares mais elevados do que no ano passado. “É a oportunidade do setor realizar e incorporar
esses ganhos e o segredo será como investir da forma correta essa geração de
valor que será aferido”, salienta. Para o
consultor, mais do que nunca, é importante acompanhar os mercados e tomar
decisões corretas, tanto do ponto de vista estratégico, de como direcionar os investimentos, como também de planejar a
precificação e a comercialização.
Plínio César e Marco Baldan,
diretores da PC & Baldan,
empresa que edita a CanaMix
compareceram ao evento
Além da CanaMix,
com caderno
em inglês, estar
presente na pasta
dos participantes
da Conferência,
a PC & Baldan
apresentou no
evento o mapa
das unidades
sucroenergéticas
no Brasil
14 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 15
Coluna
Marcos Fava Neves Coordenador da Markestrat e
Professor Titular da FEA-RP/USP
A coluna de
estratégia no setor
sucroenergético
Mairun Junqueira Alves Pinto Pesquisador da
Markestrat
Bryan Manuel Julca Briceño Pesquisador da
Markestrat
O setor sucroenergético
precisa de investimentos
P
assou o auge da crise de oferta do
etanol, pois agora boa parte das
usinas entra em operação, abastecendo a rede e baixando os preços aos
consumidores. Pelo menos por enquanto. Crise mais forte que esta virá na próxima entressafra, e também na seguinte.
Apenas se forem tomadas agora as decisões adequadas e emergenciais, poderemos evitar o apagão já na Copa de
2014. Faltavam 15 Usinas em 2010, no
final de 2011 faltarão 36. O cenário não é
dos melhores.
Errou-se feio nas previsões de aceitação do carro flex e da venda de carros
novos, que gerou este tsunami de consumo. Até 1995 se vendia por ano 800
mil carros. De 1995 a 2005 atingiu-se
em média 1,3 milhão. Após 2005 a média passou para 2,2 milhões. Quem acertaria que em 2010 entrariam no mercado
mais 2,9 milhões de carros flex?
Planejando para 2020 (algo raro no
Brasil) com uma simulação conservadora apenas com o etanol hidratado e assumindo o volume atual produzido, será
16 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
necessário produzir 53,6 bilhões de litros
(hoje se produz 18 bilhões), em mais
4,61 milhões de hectares (convertidos de
pastagens degradadas) produzindo 391
milhões de toneladas de cana a serem
processadas em 130 novas usinas (destilarias), demandando US$ 56,7 bilhões
de investimentos industriais e agrícolas.
Só para o hidratado!
A cadeia sucroenergética não precisa de retrocessos, como aumentar tributos no açúcar e muito menos reduzir
a mistura do anidro na gasolina, precisa
é de um choque de oferta, assim todos
ganham.
Algumas sugestões para este choque são a retomada de investimentos
em usinas novas (greenfields) com recursos privados e maiores desembolsos
do BNDES (e outras fontes mundiais), via
um pacote “fast-track”, envolvendo recursos, licenças e outros, para que em dois
anos, se tenham mais usinas distribuídas
pelo país, suprindo localmente etanol.
Também é necessário encorajar o
uso de bioeletricidade. Apesar de poten-
cial de mercado superar os 4.000 MW
médios (volume estimado para a safra
2011/2012) as perspectivas dos especialistas consideram que serão vendidos
somente 500 MW médios, isto devido à
falta de políticas setoriais. Problemas de
conexão, financiamento e tributação continuam prejudicando os avanços e, em
consequência, desarticulando a indústria
nacional de bens e equipamentos. Assim,
as projeções de atender 15% da demanda doméstica de energia em 2020 correm risco de não ser cumpridas, ou seja,
estamos perdendo a oportunidade de gerar em 2015 – a partir de bagaço e palha de cana- o mesmo volume de eletricidade produzido pela Usina Hidrelétrica
de Itaipu.
Nesse sentido, urge desonerar de
tributos o hoje ocioso setor de bens de
capital, tal como foi feito com automóveis, eletrodomésticos, construção e
também maior e mais rápida participação
da capitalizada Petrobras financiando expansão de grupos existentes (participações minoritárias).
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 17
Coluna Markestrat
VARIÁVEIS
UNIDADE
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Frota Automóveis "flex-fuel"
Milhões de unidades
15,5
17,5
19,5
21,5
23,5
25,5
27,5
29,5
31,5
33,5
Consumo Potencial de EH
Bilhões de litros
24,8
28
31,2
34,4
37,6
40,8
44
47,2
50,4
53,6
Faturamento Total com EH
Bilhões de R$
44,6
50,4
56,2
61,9
67,7
73,4
79,2
85
90,7
96,5
Deficit de Litros de EH
Bilhões
6,4
9,6
12,8
16
19,2
22,4
25,6
28,8
32
35,2
Faturamento que se deixa de ter
Bilhões de R$
11,6
17,3
23,1
28,8
34,6
40,4
46,1
51,9
57,6
63,4
Hectares necessários para produzir EH Total
Milhões de ha
3,24
3,66
4,08
4,5
4,92
5,33
5,75
6,17
6,59
7,01
Hectares em falta
Milhões de ha
0,8
1,3
1,7
2,1
2,5
2,9
3,3
3,8
4,2
4,6
Toneladas necessárias de cana para EH Total
Milhões
276
311
347
382
418
453
489
524
560
596
Toneladas de cana em falta
Milhões
71,3 106,9 142,4
Usinas necessárias para o potencial
Unidades
92
104
116
127
139
151
163
175
187
199
Usinas adicionais necessárias
Unidades
24
36
47
59
71
83
95
107
119
130
Valor a ser investido em Usinas
Bilhões US$
10,3
15,5
20,7
25,8
31
36,1
41,3
46,4
51,6
56,7
Também deve-se expandir e facilitar o financiamento de estoques na safra e o preço da gasolina, que passa gradualmente a ser produto de classe alta e
média-alta, não deve ser artificialmente
controlado (o do diesel sim, pois é custo
produtivo). Da mesma forma, as montadoras ainda estão devendo, e já faz tempo, maior eficiência dos motores flex rodando com etanol. Finalmente, no elo da
produção agrícola temos que aumentar a atenção à necessidade de renovação dos canaviais, garantindo o uso de
novas tecnologias e maiores níveis de
produtividade.
Se este plano de expansão começar imediatamente e investirmos US$
30 bilhões, na Copa de 2014 não existirá mais crise, e pode-se criar um fatura-
178 213,5 249,1 284,6 320,2 355,8 391,3
INDICADORES UTILIZADOS
UNIDADE
VALORES
Milhões de l/ano
270.000.000
1 tonelada de cana produz
Litros de EH
90
1 ha produz
Litros de EH
7.650
1 ha produz
Toneladas de cana
85
1 carro "flex-fuel" consome
Litros de EH/ano
1.600
1 carro "flex-fuel" consome
Litros EH/dia
4,38
R$
1,8
Unidades
2.000.000
1 usina produz (so hidratado)
Preço do litro no posto
Acrescimo anual de carros flex
Produção atual de hidratado em litros
Tamanho da usina
Investimento para uma usina nova (EH)*
mento adicional anual de R$ 35 bilhões
na cadeia sucroenergética. Estamos falando de geração empregos, incríveis
Bilhões de litros
18.382.000.000
Milhões de t de cana
3.000.000
US$/t de cana
145
efeitos multiplicadores, excedente energético para o país e exportações do petróleo brasileiro. A hora é agora.
Nossa opinião: Há anos a sociedade brasileira aceitou um grande desafio: ser exemplo mundial de desenvolvimento sustentável: crescimento econômico com o mínimo impacto ambiental e consideráveis ganhos
sociais. Contudo, mais uma vez a falta de foco e planejamento está nos desviando do caminho. Nesta edição, apresentamos uma simulação da necessidade de investimentos na produção de etanol para que consigamos responder à demanda proveniente do crescimento do país. O desafio é grande, mas é possível
superá-lo desde que comecemos agora.
18 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 19
Gestão Industrial
Terceira reunião do Gegis em 2011
Concentração de Vinhaça e Multas por Excesso de Peso Entre Eixos
nas Cargas de Açúcar e Etanol estiveram entre os temas apresentados
Segundo Cristian Poveda Neto, concentração de vinhaça é alternativa economicamente viável
Caio Campanhão
O
Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro, Gegis, se reuniu no dia 29
de abril para realizar sua terceira reunião em 2011. A programação contemplou palestras de parceiros e patrocinadores sobre novidades na área industrial
e com dois destaques: as palestras sobre Concentração de Vinhaça, ministra-
da pelo empresário chileno Cristian Poveda Soto, diretor da Sieng e Multas por
Excesso de Peso Entre Eixos nas Cargas de Açúcar e Etanol, apresentada por
Cleiton Reis Oliveira, advogado da usina
Santo Ângelo.
A outra palestra apresentadas foi
Benchmarking 2011, ministrada por Márcio Mori, gerente industrial da usina Santa Cruz, que falou sobre Parametrização
do Sistema (memorial de cálculos, pro-
[email protected]
(14) 3263-4506
20 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
cedimentos indicados, regra de participação, visualização dos dados). A reunião
foi coordenada pelo gerente industrial da
usina Pitangueiras, Gilmar Galon.
Vinhaça – Há muito tempo a vinhaça deixou de ser um problema para as
usinas. Se antes o subproduto da destilação de etanol era jogado nos rios, hoje
ele é utilizado como fertilizante nas lavouras de cana-de-açúcar. Sendo assim, o
que antes era um grande problema para
as unidades passou a ser solução. Em
média, se produz de 10 a 15 litros de vinhaça por litro de etanol fabricado.
Economicamente viável, a ferti-irrigação foi adotada pela maioria das unidades, que utilizam diversas técnicas para
distribuí-la como o canhão hidráulico, o
carretel enrolador, a aspersão e a distribuição por caminhões (no caso de áreas
mais distantes). No entanto, mesmo sendo útil para os produtores, a vinhaça tornou-se novamente um problema com o
grande aumento na produção das unidades. Quanto mais etanol, mais vinhaça.
Uma das soluções apontadas para a resolução desse problema é concentração
de vinhaça. Ela pode ser feita por evaporação, o que reduz consideravelmen-
te seu volume. O processo ainda permite
que o material aumente seu poder fertilizante e ainda que ele seja queimado em
caldeiras especiais gerando energia. O
processo pode variar, de acordo com a
tecnologia escolhida pela unidade para
que essa concentração seja feita.
Outra vantagem quando se concentra vinhaça é a viabilidade econômica,
já que se reduz o custo com o transporte
do material. De acordo com Cristian Poveda Soto, da Sieng, a instalação de um
sistema para concentração de vinhaça
se justifica economicamente de maneira
muito rápida. “Podemos supor que, para
cada 100 litros de vinhaça, eu precise de
cinco caminhões para fazer o transporte.
Claiton Reis: “É
preciso que se
saiba corretamente
de quem é a culpa
pelas multas”
Concentrando, vou utilizar apenas um caminhão”, afirmou.
Excesso de Peso – Outro tema
discutido na reunião foram as multas recebidas pelas usinas por conta do ex-
Participantes conferiram atentamente as dicas dos palestrantes
cesso de peso no transporte de açúcar e
etanol. O advogado da Usina Santo Ângelo, falou em sua palestra sobre algumas técnicas de defesa administrativa e
sobre as medidas cabíveis para que se
tente reverter as punições. “Alguma vezes, a fiscalização não é feita da maneira
correta. Esses erros podem ser sanados
e revertidos em alguns casos”, afirmou.
O advogado citou como exemplo as balanças que fazem a aferição do peso,
que podem ser de modelos diferentes.
“Isso pode causar diferença nas medições e uma pequena diferença já pode
ser prejudicial”, disse.
De acordo com o advogado, a fiscalização deve sim acontecer, mas de
forma uniforme e segura. Ele afirma
que, caso haja infração, a autuação deve
acontecer, mas de forma que a parte autuada tenha certeza de sua infração. “O
que não pode é deixar esse ponto de interrogação, se o erro foi da unidade ou
da parte que realizou a fiscalização”,
concluiu.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 21
Tecnologia Industrial
Defeito da bomba
“estoura” na produção
Unidades sucroenergéticas devem ser criteriosas na hora de adquirir e fazer a
manutenção deste tipo de equipamento, conforme alertam profissionais da área
Renato Anselmi
O
preço não deve ser o único critério adotado para a compra de
bombas centrífugas. Caso a preocupação de usinas e destilarias fique
restrita a este item, poderá haver um aumento das chances de aquisição de um
produto de qualidade duvidosa. Se uma
bomba parar de funcionar, o problema
vai “estourar” na produção. A troca de
um produto nessa área pode demorar semanas, pois o mercado não costuma ter
disponibilidade de bombas para atender
as usinas de maneira imediata, de acordo
com Eneas Lopes Ribeiro, diretor da Century Bombas, de São Paulo, SP.
“Projeto mal elaborado pode causar grandes prejuízos para usinas”, enfatiza. Ele observa que uma hora de interrupção de algum setor da unidade
industrial já pode causar perdas. O melhor mesmo é procurar fornecedores que
ofereçam produtos com tecnologia diferenciada. A Century fornece, entre outros
destaques, a bomba de rotor fechado,
que não apresenta vazamento na gaxeta
e não tem desgaste na área posterior do
As bombas centrífugas são
utilizadas em vários setores de
uma unidade sucroenergética
22 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
mentos além do sucroenergético. Antes
de serem lançados no mercado, os equipamentos da empresa são rigorosamente testados.
Para usinas e destilarias, a empresa desenvolve bombas para diversas
aplicações, incluindo difusores, moendas, caldo filtrado, tratamento de caldo,
De acordo com Luiz Penachioni,
diretor da Equipe Bombas, a empresa
disponibiliza diversas alternativas
de equipamentos. Além disso, possui
área de teste para diferentes linhas
e produtos, que são testados em
banco de provas com o objetivo de
garantir a performance desejada em
equipamentos novos e usados
rotor, conforme esclarecimentos
do diretor da empresa. O equipamento não exige selo mecânico, é totalmente vedado e sem
gotejamento.
Segundo Eneas Ribeiro,
a Century está programando o
lançamento de duas novas bombas. Uma delas, que está em
fase de testes, será voltada para magma,
considerado “um ponto crítico da usina”,
conforme a opinião do diretor da empre-
sa. As aplicações do outro modelo ainda
estão sendo avaliadas, revela Eneas Ribeiro. A empresa atende diversos seg-
Linha BMAR,
da Equipe Bombas
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 23
Tecnologia Industrial
lodo, destilaria, carregamento de etanol,
entre outras.
Escolha correta - “O equipamento deve trabalhar dentro das condições
previstas no projeto”, alerta o engenheiro
mecânico Roberto Pompermayer, coordenador de engenharia da Equipe Indústria Mecânica, de Piracicaba, SP. Ele explica que é preciso fazer a escolha correta
do equipamento de acordo com o liquido
que vai bombear. É necessário também
optar por um fornecedor que tenha amplo
conhecimento nessa área. Experiência de
45 anos, fundição própria e prazo de entrega são alguns diferenciais da empresa,
conforme detalha Pompermayer.
A Equipe possui área de teste disponível para diferentes linhas e tamanhos. Os produtos são testados em banco de provas, com o objetivo de garantir
a performance desejada em equipamentos novos e usados. A Divisão Fundição
da empresa tem a finalidade de suprir a
demanda de produtos em ferro fundido e
bronze. Com capacidade de produção de
50 toneladas por mês, a fundição possui
três fornos de indução de grande capacidade e está apta a fornecer materiais de
ligas em aços inoxidáveis austeníticos e
martensíticos, aço carbono tipo WCB e
ligas especiais com ou sem tratamentos
térmicos específicos.
Diversas alternativas de equipamentos são disponibilizadas pela Equipe
como a linha BRH, que atende necessidades de bombeamento de líquidos viscosos, como o melaço; a linha BR, para
líquidos de média viscosidade, sendo utilizada para mel rico e mel pobre em unidades sucroenergéticas. Outra opção é
a linha BMAR, projetada para o bombeamento de líquidos altamente viscosos,
que é usada para o transporte de massa
(magma) em usinas. A empresa oferece
ainda bombas de alta pressão – como a
EQD para alimentação de caldeiras -, bipartidas para combate a incêndio, as voltadas para irrigação, entre outras.
24 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Manutenção - Com o objetivo de
prolongar a vida útil das bombas e assegurar o funcionamento dos equipamentos sem maiores problemas, a Equipe
recomenda a realização de manutenção
periódica. A preventiva, que ocorre periodicamente, tem a finalidade de avaliar alterações bruscas de pressão, vazão, ruído, vibração e temperatura; vazamentos
excessivos nas caixas de gaxetas; alinhamento e necessidade de substituir
ainda a manutenção corretiva que deve ser
dividida em duas etapas: o diagnóstico e a
correção, que pode exigir reparo ou substituição de uma ou mais peças, balanceamento, alinhamento, etc, de acordo com informações de Roberto Pompermayer.
As empresas que atuam no segmento de bombas centrífugas procuram
disponibilizar, de maneira geral, soluções às unidades sucroenergéticas que
garantam o funcionamento eficiente des-
ou complementar o lubrificante. É recomendada ainda a realização de inspeções
anuais da bomba, acionador, acoplamento, selos mecânicos e sistemas periféricos auxiliares.
A Equipe orienta que seus clientes façam a manutenção preditiva que consiste
no acompanhamento periódico dos equipamentos baseado no monitoramento de
dados por meio da análise de vibração. Há
ses equipamentos. A Equipe, por exemplo, oferece serviços especializados,
como: instalação e supervisão de montagem; upgrade e retrofit; manutenção de
emergência em bombas especiais. Além
disso, faz a planificação e execução de
manutenção preditiva, a otimização de
contratos de manutenção interna e/ou
assistência técnica e também disponibiliza peças sobressalentes em estoque.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 25
Leonardo Prado- Sefot-Secom
Aldo Rebelo
(PCdoB-SP),
durante a
votação em
Plenário do
novo Código
Florestal
A luta continua
A aprovação no Congresso Nacional do novo Código Florestal foi
apenas o primeiro round dessa luta que continuará exigindo muita
disposição, tempo, articulação e paciência dos produtores rurais
O
projeto do Código Florestal tramita na Câmara desde 1999. Há
quase dois anos, o então presidente da Casa e hoje vice-presidente da
República, Michel Temer, criou uma comissão especial para analisar todas as
matérias relativas ao código. Nesse período, a comissão, que teve o deputado
Aldo Rabelo (PCdoB- SP) como relator,
realizou quase 100 audiências públicas
pelo Brasil e ouviu praticamente todos os
setores envolvidos na questão.
No final do ano passado, a comissão especial aprovou o parecer apresentado pelo relator Aldo Rebelo. De lá
para cá, várias negociações foram fei26 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
tas envolvendo governo, ruralistas, ambientalistas, comunidade científica, entre
outros. Nessas negociações, Rebelo promoveu mudanças em seu parecer e apresentou uma emenda substitutiva global,
que foi votada na Câmara dos Deputados
em 24 de maio último.
Mesmo após essa longa preparação, a votação do relatório
gerou grande polêmica, por
três vezes teve sua votação
suspensa, se arrastando por
quase um mês e, no dia 24 de
Alexandre Andrade: forte
articulação com as bases
políticas para aprovação
do novo Código
maio, quando finalmente foi votado, houve muitas discussões acaloradas. “Faz
um mês e meio que não saio de Brasília por causa da votação do novo Código. Além de enfrentar os cancelamentos,
foi preciso ficar muito atento, porque mudanças no texto surgiam de última hora
sempre prejudicando o produtor rural,
Luciana Paiva
Luciana Paiva
Leonardo Prado - Sefot-Secom
exigindo articulação rápida junto a nossa bancada”, contou Alexandre Andrade, presidente da União Nordestina dos
Produtores de Cana do Nordeste (Unida),
presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco e vicepresidente da Federação dos Produtores
de Cana do Brasil (Feplana).
Emenda 164 – as negociações
para aprovação do novo Código Florestal
começaram na manhã do dia 24 e prosseguiram até 18h30, quando foi anunciado um acordo. Por volta das 17h, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) havia
anunciado que cerca de 350 deputados
eram favoráveis à votação do texto naquele mesmo dia. O conflito que se estendeu ao longo do dia estava em torno
da emenda 164, que dá aos Estados o
poder de estabelecer as atividades que
possam justificar a regularização de áre-
Plenário Ulysses Guimarães, durante a votação do novo Código:
presença de apoiadores e contrários às mudanças
as de preservação permanente (APPs)
já desmatadas. A liderança do governo
manteve-se contrária à proposta e defendeu a regulamentação por meio de decreto presidencial.
No texto da emenda 164 previa a
garantia de que atividades consolidadas em APPs, como o cultivo de maçã
ou plantio de café em área de encostas
e a produção de arroz em várzeas, por
exemplo. “Inicialmente, a cana constava no texto, mas de última hora o texto
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 27
Conjuntura
legislar sobre os limites e cultivos destas APPs.
Alexandre Andrade credita grande
parte dessa aprovação da 164 ao deputado Henrique Alves (PMDB-RN). “O depoi-
aprovado, o parlamentar manteve o mesmo patamar da legislação atual no que se
refere às reservas legais: para propriedades em florestas o índice continua sendo 80%; no Cerrado, 35%; em áreas de
campos gerais, como Pampas e Caatinga, o número fica em 20%; e, em imóveis localizados nas demais áreas do
país, 20%.
Sobre o polêmico item sobre preservação das matas ciliares, que margeiam os rios, o texto do relator mantém em 30 metros a área de proteção de
terreno que margeie um rio com até 10
metros de largura. No entanto, os proprietários que não estiverem com a área
mínima de 30 metros preservada serão
obrigados a recompor a mata ciliar em
até 15 metros. A faixa de terreno à marDiógenis Santos - Sefot-Secom
Arquivo
foi modificado e colocado culturas perenes, a cana não é perene. Tomamos conhecimento sobre isso na noite anterior
à votação. Se a emenda passasse daquela forma afetaria a produção de todo
Deputado Henrique Alves: seu pronunciamento
foi fundamental para a aprovação da emenda
164, por isso, será homenageado pela Unida
o Nordeste e decretaria o fim da atividade canavieira em Pernambuco. No Estado cultiva-se cana há mais de 400 anos
nas encostas. Armamos uma verdadeira
operação de guerra junto a nossa base e
no sufoco conseguimos incluir no texto o
cultivo de culturas de ciclo longo em áreas com topografia acima de 45 graus”,
conta Alexandre.
Assim, ainda na noite do dia 24 a
Câmara dos Deputados aprovou por 410
votos a favor, 63 contrários e 1 abstenção o novo Código Florestal. Já a emenda
164, principal ponto de divergência entre
o governo federal e os parlamentares, só
foi aprovada no início da madrugada do
dia 25, por 273 votos a favor, 182 contra e duas abstenções. A emenda que foi
aprovada separadamente, permite a manutenção das plantações e pastos em
APPs (Áreas de Preservação Permanentes) existentes até julho de 2008 e ainda
transfere aos Estados a possibilidade de
28 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Deputados reunidos em Plenário, durante a votação do novo Código: discussões acaloradas
mento dele na Câmara foi contundente,
apresentou de forma séria e incontestável as razões para a manutenção das atividades nas áreas de encostas e várzeas. Foi tão empolgante que o plenário se
calou para ouvi-lo. Com certeza sua atuação formou opiniões a favor do sim”,
diz Alexandre, completando que, por sua
posição e atuação, o deputado Henrique
Eduardo Alves, que é líder do PMDB na
Câmara, será homenageado pela Unida.
O que muda – no texto de Rebelo
gem do rio que deve ser preservada varia conforme a largura do rio. Os ruralistas reivindicavam uma redução em até
7,5 metros.
Ainda de acordo com o texto, os
proprietários poderão legalizar suas propriedades nos órgãos ambientais de suas
regiões e ainda ter o benefício, conforme
sugeriu o Ministério do Meio Ambiente,
de fazer esta regularização nas prefeituras de todo o País. Além disso, pequenas propriedades (de até 4 módulos fis-
cais) poderão manter a reserva existente
até julho de 2008. O governo defende a
troca de pequenas propriedades por agricultura familiar.
O novo projeto abre a possibilidade
de se reflorestar uma área fora do Estado no qual a propriedade está localizada,
permitindo assim que a recomposição de
reserva legal seja feita em outros biomas.
Mas é preciso atenção para entender melhor o novo Código. Por exemplo, o superintendente do Instituto para
o Agronegócio Responsável (Ares), Ocimar Villela, alerta para a forma equivocada como o novo Código Florestal que
vem sendo abordado pelos grupos que
se colocaram contra o projeto do deputado Aldo Rebelo. “Não se trata de anistia.
Áreas com mais de quatro módulos devem replantar e ou compensar no mesmo
bioma, segundo prevê o texto aprovado
na Câmara”, afirma. “Além disso, proprietários de áreas com mais de quatro
módulos terão de se adequar às exigências ambientais para se inscrever no cadastro ambiental rural.” Outro ponto positivo que deve ser destacado, segundo
Ocimar Villela, é o reconhecimento da linha do tempo, ou seja, áreas desmatadas de acordo com a legislação vigente na época serão consideradas de uso
econômico consolidado, em respeito ao
princípio do direito adquirido.
A luta continua – para a senadora Kátia Abreu (DEM-GO) agora a lei ambiental brasileira não terá mais o selo das
organizações não governamentais, mas
do Brasil, da sociedade, por meio do
Congresso. Ela prevê que a matéria tramitará rapidamente no Senado, e espera que os senadores não façam alteração
para que o texto siga logo para sanção
presidencial. Kátia Abreu também não
acredita em veto presidencial. “A presidente Dilma não vai arrancar os produtores como ervas daninhas. Eles estão
produzindo há anos sem provocar danos
aos rios e ao meio ambiente.”
No entanto, encontrar maior facilidade daqui para frente não é o que espera
as lideranças rurais e nem o que promete
o Governo Federal. Ismael Perina Júnior,
presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) o relatório não passou da forma
como a classe queria, mesmo assim representa um grande avanço e a aprovação no Congresso Nacional deve ser comemorado. “Mas esse só foi o primeiro
passo, tudo o que a Câmara decidiu segue agora para deliberação do Senado.
Se os senadores introduzirem modificações, o texto voltará para apreciação da
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 29
Conjuntura
Câmara. Se não houver alterações no Senado, seguirá para sanção da presidente da República. A luta não será fácil”,
alerta.
O Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) Carlo Lovatelli, acredita que a definição do Código
Florestal ainda não é uma página virada.
“A matéria agora vai para o Senado com
muitas arestas. Já se fala até em prorrogar o prazo de validade do decreto nº
6.514, de 2000 (se o novo Código não
for aprovado em até 15 de junho, o Código aprovado em 1965 passa a ter validade, com a prorrogação desse decreto o Código de 1965 não entra em vigor).
Esse cenário de interrogação não é bom
para o agronegócio e o País”, diz. Sobre o tema, a Abag promoveu um fórum
de discussão em 30 de maio na capital
paulista.
Deputado Cândido Vaccarezza
(PT-SP), líder do Governo na
Câmara, avisou que a presidente da
República Dilma Rousseff poderá
vetar os trechos que discordar
30 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Realmente, o
cenário não é dos
mais animadores,
a provação do novo
Código e, principalmente da emenda
164, não foi engolida pelo Governo
que avisou que
não pretende assinar um projeto que
troque “regularização” das propriedades por “recomposição”, e assim não
vai anistiar os desmatadores de cumprir com deveres antigos de proteção ao
meio ambiente. Os defensores da emenda argumentam que, se o governo federal tiver a prerrogativa de definir sobre
as áreas de preservação ambiental, pequenos agricultores que já desenvolvem
suas atividades em áreas de preservação
poderão ser prejudicados.
A atitude do Governo – como a
presidente Dilma Rousseff já antecipou
que não vai aceitar a anistia de desmatadores, os agricultores que desenvolvem
culturas nessas regiões poderiam ser punidos pelo governo federal. A bancada de
Santa Catarina, por exemplo, estima que
cerca de 80% das propriedades cultivadas no Estado estejam dentro de áreas de
preservação ambiental. O impasse sobre
a especificação de quais culturas poderão ser permitidas ainda deve ser resolvido no Senado. “Vamos intensificar nossa
articulação no Senado para que o cultivo
de cultura de longa duração em topografias superiores a 45 graus se mantenha
no texto”, diz Alexandre.
Segundo Alexandre, o deputado
Sarney Filho (PV-MA) solicitou prorrogação de três meses para a validade do decreto nº 6.514, de 2000, para que o novo
Código seja melhor analisado. Ou seja,
sua votação ainda vai demorar. Alexandre diz que a expectativa é que no Senado o relatório fique a cargo do senador
Luis Henrique (PMDB-SC), um dos parlamentares com mais conhecimento sobre
o tema, no entanto, o Governo está articulando para que a função fique com o
senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) ligado a ONGs ambientais.
“A impressão que temos é que o
Governo está tratando a questão mais
Diógenis Santos - Sefot-Secom
César Matos
Senadora Kátia
Abreu: “agora a lei
ambiental brasileira
não terá mais o selo
das organizações não
governamentais...”
Ismael Perina Júnior:
“o produtor rural quer um Código
Florestal bom para o Brasil”
Nesse campo de batalha até a
aprovação final do Código Florestal, o
cenário é que representantes de entidades ligadas aos produtores rurais, favoráveis ao texto de Aldo Rebelo, disputarão
espaço com ambientalistas, estudantes, integrantes da Via Campesina e da
Central Única dos Trabalhadores (CUT),
para quem a proposta beneficia somente
grandes produtores que não têm responsabilidade ambiental. Outro problema que
os ruralistas têm de enfrentar é a manipulação da opinião pública realizada pelos defensores ambientais. Muitos deles
escondem seus verdadeiros interesses
e se apresentam como cordeiros, dando
a entender que os produtores rurais são
Luciana Paiva
como um fator político do que em bases técnicas”, diz Alexandre. O Presidente da Unida reclama da falta de argumentação por parte dos ambientalistas
e dos que são contrários ao novo Código Florestal. “Parece que estamos dialogando com surdos, eles não nos ouvem, ignoram os pareceres técnicos e
nos chamam de mentirosos. Queremos
um código que contemple o lado produtivo, social e ambiental, e isso é possível”,
observa. Alexandre fica indignado com o
fato de ONGs estrangeiras, patrocinadas
por seus países de origem, manipularem
para que o Código Florestal brasileiro beneficie interesses internacionais em detrimento da produção agrícola nacional. “A
Holanda tem apenas 1% de área preservada, mas articula para que o Brasil tenha
o Código Florestal mais radical do mundo”, ressalta.
vilões ambientais. Ismael, presidente da
Orplana, diz que os produtores de cana
estão se organizando para engrossar e
fortalecer o movimento, pois agora é decisivo. Para ele, é preciso deixar claro
que os produtores rurais não são o “lobo
mau” da história, mas que defendem um
Código que não é apenas bom aos que
vivem no meio rural, mas ao Brasil.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 31
32 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 33
Luciana Paiva
Espaço TI
Usina Caeté S/A Matriz: integrada com
as demais unidades do grupo por meio
da tecnologia da informação
Pioneirismo em TI na região Nordeste
Grupo Carlos Lyra realiza grandes investimentos na área de tecnologia da
informação e torna-se exemplo de pioneirismo na área de TI no Nordeste
O
Grupo Carlos Lyra conta com
três unidades produtoras instaladas no Estado de Alagoas, duas
34 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
em Minas Gerais e uma em São Paulo, para promover e facilitar o intercâmbio entre elas, o Grupo optou por inves-
tir na área de tecnologia da informação
(TI). Ailton Charles, gerente de TI na Usina Caeté S/A, Matriz, localizada em São
Luciana Paiva
Miguel dos Campos, AL, conta que foi
desenvolvido um sistema integrado de
informações e, que no escritório do Grupo, em Maceió, AL, ficam os principais
servidores.
“Em 2008, o Grupo realizou um
grande investimento para reformular a
área de TI e integrar os setores de contabilidade, financeiro, suprimento e estoques, o que facilita bastante as questões
operacionais, por exemplo, no que se refere a nota fiscal, quando há um faturamento, no mesmo instante há um lançamento contábil e financeiro”, diz Ailton,
salientando que Caeté foi o primeiro Grupo sucroenergético do Nordeste a instituir a nota fiscal eletrônica. A empresa
investiu muito em tecnologia da informação e internet para poder suprir a de-
Divulgação
Ailton: “o setor sucroenergético está compreendendo a importância da área de TI”
manda da legislação federal. Nos últimos
dois anos o Grupo também investiu no
sistema de ponto eletrônico com biometria, todos os equipamentos são interligados por uma rede, o operador responsável pela operação consegue acessar os
equipamentos sem que haja outra pessoa
do outro lado.
Outros pioneirismos – a atenção
com a área de TI tem levado o Grupo
Carlos Lyra a quebrar paradigmas na região Nordeste e tornar-se pioneiro na implantação de práticas e tecnologias. Um
exemplo é a Usina Caeté S/A – Unidade Marituba, localizada no município de
Igreja Nova, AL, que tornou-se pioneira
no Nordeste ao implantar o sistema de
Usina Caeté S/A Unidade Marituba, pioneira no Nordeste ao
implantar o sistema de transmissão de dados via celular
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 35
Divulgação
Espaço TI
COI da Usina Caeté S/A Unidade Cachoeira
transmissão de dados via celular. Utilizando a conexão GPRS – uma tecnologia
digital que permite a troca de dados. Para
a implantação do novo sistema, a empresa utilizou duas modernas ferramentas do universo virtual: o Visual Basic.net
– linguagem utilizada para o desenvolvimento do programa e, o Banco de Dados
SQL Server, onde, por meio da tecnologia
Bluetooth, contida nos dispositivos móveis – Palms e nos celulares, são efetuadas as transferências dos arquivos, utilizando o protocolo de FTP (File Transfer
Protocol) os dados podem ser transmitidos de qualquer localidade.
A usina utiliza os Palms para controlar a produção de mão de obra agrícola, movimento de transporte, além de
manter os registros de ponto dos colaboradores. Não é necessário fazer uma
chamada telefônica para efetivar a transmissão dos dados. A cobrança é feita
através de um pacote de dados trafegados na rede e não mais por conexão. O
sistema permite o envio dos dados mantendo a linha livre para receber ou efetuar
chamadas normalmente. Um dos ganhos
36 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
com a implantação dessa tecnologia foi
não só a funcionalidade como, também,
a redução dos custos operacionais. Não
foi mais necessário a vinda dos assistentes agrícolas para descarregarem os dados dos Palms no escritório. A funcionalidade do sistema possibilita, inclusive,
que atualizações referentes ao cadastro
de colaboradores, fazendas e outros serviços sejam feitas automaticamente.
Já a Usina Caeté S/A – Unidade
Cachoeira foi a primeira no Nordeste a
implantar o Centro Operacional Integrado
(COI) que permitiu a automação de toda
a indústria, otimizando com isso todo o
processo de fabricação. Em um ambiente
todos os setores da indústria são monitorados e gerenciados. O sistema processa
durante 24 horas as informações dos diversos setores da indústria e, caso haja
alguma falha no processo, uma mensagem automática aparece na tela, além de
um áudio, permitindo ao operador identificar o local exato da ocorrência além
de operacionalizar o problema, já que da
sala do COI é possível acionar motores,
bombas e abrir válvulas. Todo o sistema
de comunicação é interligado por meio
de fibras óticas, totalmente seguro contra as interrupções de energia.
Evolução na área de TI – Ailton
salienta que o setor de TI tem evoluído muito nos últimos cinco anos e muitas empresas fornecedoras de produtos
e serviços despertaram para o mercado
sucroenergético, com isso, estreitaram
o relacionamento e passaram a produzir produtos mais específicos para atender as necessidades e complexidade da
agroindústria canavieira. Por outro lado,
Ailton observa que o setor também está
descobrindo a importância da área de TI e
que não é mais possível o negócio continuar existindo sem ela. Mas o gerente da
Caeté S/A salienta que a área exige grandes investimentos para que a empresa se
mantenha atualizada, até porque, na área
de TI, o que é moderno hoje, daqui há
quatro safras já está desatualizado. Ailton diz que o ideal é desenvolver projetos na área de TI para pelo menos quatro anos, porque se fizer um projeto de
curta duração e depois necessitar fazer
um up grade, corre o risco de não encontrar os mesmos equipamentos. “Os nossos equipamentos têm capacidade para
acompanhar a evolução por mais quatro
ou cinco anos”, diz.
Por sua atuação na área, o Grupo
Carlos Lyra conquistou o Prêmio Cana
Invest na categoria Tecnologia da Informação na região Norte/Nordeste. O Prêmio foi entregue no dia 2 de março em
Ribeirão Preto.
www.gatua.com.br
[email protected]
(18) 3551-9018
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 37
espaço
Uma nova Política
para o Etanol
Plinio Mário Nastari
A
pós indicar o seu descontentamento com a alta nos preços do etanol,
anidro e hidratado, aos produtores, e
o consequente impacto nos preços ao consumidor do etanol hidratado e da gasolina,
a presidente Dilma Roussef assinou no dia
28 de abril a Medida Provisória 532, alterando pontos fundamentais da politica de
governo para este setor.
Na prática, as mudanças implementadas pelo governo podem ser consideradas bem-vindas, e podem representar um
avanço em relação à condição anterior,
caso gerem as alterações esperadas. O que
não caiu bem foi a ameaça velada, anunciada na forma de um vazamento de informação sobre discusões internas de governo,
levando em conta a possibilidade de implementação de duas outras medidas: a redução do teor de etanol anidro misturado
à gasolina a um percentual além da faixa
de variação consagrada em lei federal, entre 20% e 25% em volume, e a possibilidade de ser imposta uma taxação sobre exportações de açúcar.
A mera cogitação destas duas medidas não representa um bom cartão de visitas para um país, e uma indústria, que mais
do que nunca carece de novos investimentos para expansão de sua capacidade industrial, com o objetivo de fazer frente à expansão vertiginosa na demanda interna e
externa, por etanol e açúcar.
Toda esta discussão, e as mudanças
ocorridas, tiveram origem na elevação dos
preços do etanol, entre o final de fevereiro e
o final de abril de 2011, portanto, num breve período de dois meses.
38 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
A elevação de preços do etanol era
necessária para que houvesse uma redução no consumo, e com isso fosse evitado
o desabastecimento. A frota, que por natureza se torna crescentemente flex, precisava cumprir a sua função de permitir uma
alternativa aos proprietários de veículos
acostumados a usar etanol, pelo seu preço mais vantajoso durante a maior parte do
ano. A redução era necessária porque depois de três anos de produção anormal, os
estoques de etanol estavam correndo o risco de chegar a níveis críticos. Em 2008, a
produção foi afetada pela crise financeira,
em 2009 sofreu com chuvas excessivas
que deixaram mais de 40 milhões de toneladas de cana não-colhidas, e em 2010 enfrentou o revés de um dos anos mais secos
dos últimos tempos, reduzindo o volume
de matéria-prima disponível para moagem.
As condições se tornaram mais críticas ao
ser constatado que a seca de 2010 causou
atraso no desenvolvimento fisiológico das
canas colhidas entre março e agosto de
2010, alongando o período de entressafra
de 2011 pelo fato de não se ter o volume de
cana tradionalmente disponível para o processamento em março e abril de 2011.
Em dezembro de 2010, a Datagro
previu que o estoque efetivo de etanol em 1
de maio de 2011 poderia chegar a 529 milhões de litros, volume equivalente a perigosos sete dias de consumo, quando o recomendável seria um estoque operacional
mínimo de 15 dias.
Esta situação não passou despercebida do governo, tanto que a ANP alterou
temporariamente a especificação do etanol
anidro a ser misturado à gasolina, até 30 de
abril, permitindo o uso de produto com até
1% de água, viabilizando assim a importação de etanol produzido nos EUA onde a
especificação é mais frouxa do que a brasileira, que determina um máximo de 0,5%
de água, em volume.
Mesmo com importações de etanol
anidro realizadas exclusivamente por produtores, em volume estimado de 228 milhões
de litros na região Centro-Sul e 235 milhões
de litros na região Nordeste (estimativas da
Datagro), o preço do etanol anidro ao produtor atingiu incríveis R$ 3,00 por litro, e o preço do hidratado chegou a nível inédito de R$
1,67 por litro, livre de impostos.
A consequência foi a elevação do
preço do etanol hidratado e também da gasolina C, que contém 25% de anidro, em
todo o país. A elevação do preço do hidratado causou a esperada migração do consumo na direção da gasolina, o que gerou
necessidade de importação não apenas de
anidro, mas também de gasolina A, pura.
Em abril, a importação de gasolina A chegou a 170,77 milhões de litros. Esta situação irritou o governo, pois além de afetar
o preço dos combustíveis no curto prazo,
obrigou a importação de gasolina exatamente no momento em que o preço internacional está mais de 20% acima do preço
praticado no mercado doméstico, representando uma importação onerosa para a
Petrobras.
Apesar de todo o barulho, a Medida Provisória 532/11 representa um avanço. Ela finalmente inclui o etanol na Política Energética Nacional. Embora o etanol
espaço
tenha representado em 2010 mais de 45%
do consumo de combustíveis do ciclo Otto,
em gasolina equivalente, até hoje não fazia
parte da Política Energética Nacional.
A MP 532 insere o termo “biocombustíveis” - ou seja, etanol, biodiesel e outros combustíveis produzidos a partir de
vegetais - na lei 9.478/97, que criou a Política Energética Nacional, e na 9.847/99,
que dispõe sobre a fiscalização das atividades relativas ao abastecimento nacional
de combustíveis no País. A MP amplia as
funções do Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE) e atribui ao órgão vinculado à Presidência da República, todas as
ações inerentes aos mercados interno e externo de biocombustíveis. Antes, o CNPE
versava apenas sobre petróleo, gás natural
e outros hidrocarbonetos fluídos.
A partir da promulgação da MP 532,
o etanol produzido da biomassa passa a
ser um produto energético, não mais agrícola, cuja regulação e fiscalização cabe à
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP).
Na parte em que altera a lei 9.847/99,
a MP 532 inclui os biocombustíveis nas
normas para o abastecimento, transporte,
estocagem, revenda e comercialização de
combustíveis no País, bem como na avaliação da conformidade e certificação. A MP
inclui também dois parágrafos nos artigo 1º
da lei, que determina as funções da ANP.
Os parágrafos dão à ANP poderes para regulação e fiscalização de toda a cadeia de
biocombustíveis e ampliam o controle da
agência inclusive sobre estocagem e o comércio externo.
A MP determina que a ANP poderá
estabelecer os termos e condições de marcação dos produtos para sua identificação
e exigir o envio de informações relativas à
produção, à importação, à exportação, à
comercialização, à qualidade, à movimentação e à estocagem dos mesmos. Por fim,
o texto inclui os bicombustíveis nas infrações e punições previstas para infrações
cometidas pelas indústrias.
A MP também amplia a banda de
mistura do etanol anidro à gasolina de 20%
a 25% para entre 18% e 25%, sem implementar na prática uma mudança no atual
teor de mistura, de 25%.
A medida dá ao governo mais poderes para reduzir a mistura em épocas de
possível desabastecimento do anidro. Na
prática, a MP 532 muda o artigo 9º da lei
8.732/93, o qual determina que a mistura do etanol anidro à gasolina comercializada nos postos é de 22%, podendo variar
de 25% a 20%.
Há ainda uma ação de governo que
vem sendo aplicada, mas não anunciada ou oficializada: o controle sobre exportações de etanol. Na prática, desde o final
de março, o SECEX/MDIC tem proibibo novos embarques de etanol de exportação,
através do controle que exerce sobre a liberação dos Registros de Exportação, documento eletronico obrigatório para que o
etanol seja liberado para embarque pelas
autoridades alfandegárias.
A suspensão injustificada das exportações de etanol é uma decisão que contraria todo o esforço realizado pelo Brasil há mais de duas décadas para criar um
mercado para o etanol brasileiro. Esta suspensão tem atingido indistintamente os
embarques de etanol de todos os tipos,
combustível industrial, refinado, e neutro,
e atinge os compromissos comerciais assumidos pelo setor privado junto a vários
clientes no exterior. A suspensão “branca”
das licenças de exportação, sem estar publicada através de instrumento governamental, agrava a situação ao não permitir
aos exportadores sequer justificar a sua falta de performance aos compromissos comerciais assumidos.
Esta intervenção é absolutamente injustificada, cria prejuízos e distorções que
terão impacto no médio e longo prazo, enquanto o governo deveria deixar as forças
de mercado encontrarem o equilíbrio natural, superando a efêmera situação de elevação de preços no mercado interno.
Quem se beneficia da suspensão
“branca” das exportações brasileiras de
etanol são os produtores norte-americanos, que estão avançando sobre mercados
tradicionais e até recentemente cativos dos
produtores brasileiros, principalmente na
Europa, Japão e Coréia. Estes são mercados sensíveis de álcool para uso industrial,
refinado e neutro, em indústrias como bebidas, alimentos, uso farmacêutico, perfumes, etc.
Os produtores norte-americanos exportam etanol para o mundo impulsionados
por incentivos de crédito que o governo
norte-americano oferece. Estes incentivos
representam 30 milhões de dólares num
prazo de 10 anos para cada usina, o suficiente para pagar todo o custo de investimento de uma pequena destilaria de um
grupo de produtores de milho.
Enquanto o governo dos EUA estimula a produção de etanol criando incentivos para o seu setor privado apesar de todas as limitações que tem para expansão
da área agrícola, e a menor eficiencia energética do milho em relação à cana, no Brasil o governo não oferece nenhum programa de estímulo ao investimento privado,
cerceia as exportações de etanol com uma
suspensão não-declarada, e incentiva o setor público a investir na produção.
O resultado está aí para mostrar que
embora pioneiro, o Brasil está perdendo a
corrida na direção da produção de etanol,
limpo e renovável: entre 1998 e 2010, a
produção de etanol nos EUA saltou de 5,3
para 50,1 bilhões de litros, enquanto a do
Brasil, no mesmo período, cresceu de 15,4
para 27,4 bilhões de litros. O Brasil, que tinha uma produção equivalente a 3 vezes a
dos EUA, agora ficou reduzido à metade.
Não é por falta de terras agricultáveis, gente
disposta, tecnologia, e uma competente indústria de bens de capital.
* Plinio Nastari é mestre e
doutor em economia agrícola,
e presidente da Datagro Consultoria
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 39
espaço
40 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 41
Capa
Etanol - combustível
ecológico e competitivo
Divulgação Iveco
Estão em desenvolvimento novas tecnologias para
ampliar o uso do etanol e sua competitividade.
Políticas públicas podem estimular mais
investimentos na área
O primeiro caminhão
etanol-diesel do mundo
Luciana Paiva
O
óleo diesel representa uma nódoa
no balanço verde e renovável da
cana-de-açúcar. Esse combustível de origem fóssil move um exército
de tratores, colhedoras de cana e caminhões que trabalham nos canaviais em
operações de tratos culturais, plantio, colheita e transporte da cana até a indústria.
42 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
É também o diesel que enche os motores dos caminhões para levar o etanol às
distribuidoras e postos – um combustível
fóssil transportando um combustível renovável. Anualmente, o setor sucroenergético consome mais de 2 bilhões de litros de diesel fóssil.
Para por fim a essa incoerência,
Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), disse
que há um bom tempo a entidade passou
a solicitar das montadoras o desenvolvimento de motor pesado movido a etanol.
“A partir do momento em que o etanol
abastecer as máquinas, tratores e caminhões utilizados pelo setor, seu balanço
energético será ainda mais positivo”, salientou Jank.
Talvez esse dia esteja próximo. É
que durante a Agrishow 2011, realizada
Luciana Paiva
Marco Piquini, diretor de Comunicação da Iveco e Marcos Jank, presidente
da Unica, na Agrishow conhecendo o Trakker Bi-Fuel Ethanol-Diesel
de 2 a 6 de maio, em Ribeirão Preto, a
Iveco, a FPT Industrial, a Bosch e a Raízen (empresa resultante do processo de
integração dos negócios da Shell e Cosan) apresentaram o protótipo do Trakker
Bi-Fuel Ethanol-Diesel. O presidente da
Unica foi até a Agrishow para conferir o
caminhão exposto e saber mais sobre a
tecnologia. Marco Piquini, diretor de Comunicação da Iveco, apresentou-lhe o
protótipo e explicou-lhe os detalhes técnicos. Jank gostou do que ouviu –“além de
ecológico parece ser competitivo”, disse.
E também gostou do que viu – “esse ‘e’
que escolheram para a logomarca foi inspirado no ‘e’ de nossa campanha etanol:
uma atitude inteligente”, ressaltou.
Renato Mastrobuono, diretor de
Desenvolvimento de Produto da Iveco,
reforça que o projeto foi desenvolvido a
partir de uma demanda da Unica, e explicou que a nova tecnologia permite a
substituição do diesel pelo etanol em taxas variáveis de acordo com a utilização
do caminhão, podendo chegar a 85% em
certos regimes. A taxa média de substituição do diesel no protótipo chega a
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 43
Capa
Piquini explica a tecnologia para Marco Jank, Vicente Garcia da Case Construções
e Maria Luiza Barbosa, coordenadora de Responsabilidade Social da Unica
Ecológico e competitivo – Luís
Antonio Ferreira Bellini, coordenador do
Grupo de Motomecanização do Setor Sucroalcooleiro (Gmec) contou que há quase três anos o Grupo acompanha o desenvolvimento dessa tecnologia pela
Iveco e a FPT Industrial, inclusive, parte
dos integrantes do Gmec visitou a fábrica da Iveco em Nova Lima, MG, para conhecer melhor o projeto e dar sugestões.
Bellini ressaltou a importância ambiental
da substituição do diesel pelo etanol nas
máquinas e veículos pesados utilizados
pelas usinas. Segundo ele, a média de
diesel utilizado pelo setor é de 3 a 4 litros
de diesel por tonelada de cana colhida.
No entanto, o Coordenador do
Gmec, observou que não basta a tecnologia ser ecológica, é necessário ser economicamente viável, ou seja, como o
consumidor, o empresário também faz a
conta para saber se a troca do diesel pelo
etanol compensa no bolso. “E essa con44 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
tivo que as demais, um diferencial e usálo como marketing, conquistando nichos
no mercado”, disse Bellini.
Mastrobuono concorda plenamente ser fundamental que a tecnologia seja
competitiva e disse que as empresas envolvidas no projeto pensaram nisso, tanto que o protótipo apresenta economia no
custo de combustível por quilômetro rodado. “Uma novidade entre todas as tecnologias de combustíveis alternativos
para caminhões, que
em suas melhores
aplicações apresentam custos no máximo similares àqueles
“Também precisa
ser economicamente
viável”, salienta Bellini
do diesel”, salientou Mastrobuono, complementando que a nova tecnologia oferece um ganho econômico médio de 6%
para o operador. Segundo ele, os cálculos foram feitos levando-se em consideração o preço do etanol da usina para o
distribuidor (preço Cepea) e o óleo diesel a R$ 1,77 o litro (portanto, abaixo do
atualmente cobrado nos postos de combustíveis do País). “A tecnologia apresenta resultados promissores para frotas
que trabalham no ambiente canavieiro”,
informa o diretor da Iveco. Outra vantagem econômica é que o motor pode ser
100% reversível ao diesel, o que aumenta
o valor de revenda do caminhão, quando
a usina quiser disponibilizá-lo.
Informações técnicas – o Iveco
Trakker Bi-Fuel utiliza um motor IvecoFPT de seis cilindros e nove litros, sistema de injeção common rail e 360cv, de
ciclo diesel. O modelo possui dois tanques de combustível, um para etanol, outro para o diesel, que serão abastecidos
durante todo o período de testes com os
mesmos combustíveis encontrados nos
postos da rede Shell, o V-Power Etanol
e o Fórmula Diesel. O etanol hidratado é
injetado no ciclo de admissão e, após a
compressão, é detonado com a injeção
do próprio óleo diesel. “O sistema não
exige aditivo ou antidetonante. As quantidades de cada combustível são dosadas
pela central eletrônica do motor e variam
de acordo com as condições de presLuciana Paiva
ta terá como base o valor do litro comercializado pela empresa, não o valor de
produção do etanol. Se a opção pelo uso
do etanol aumentar o custo de produção,
poucas usinas adotarão a tecnologia, só
aquelas que visualizarem no fato de conseguir um balanço energético mais posi-
Luciana Paiva
40%. O protótipo do Iveco Trakker BiFuel é cavalo mecânico com tração 6x4
para até 63 toneladas de peso bruto total combinado (PBTC), que pode ser utilizado em várias aplicações do setor canavieiro, como transporte de vinhaça, por
exemplo.
Luciana Paiva
Renato Mastrobuono, diretor de Desenvolvimento de Produto da Iveco, Evaldo Cruz,
chefe de engenharia da FPT e Rogério Pacheco, executivo da Raízen-Cosan
são, temperatura e carga”, disse Evandro
Cruz, chefe de Engenharia Diesel da FPT
Industrial.
De acordo com os técnicos, o principal desafio de substituir o diesel pelo
etanol num motor do ciclo diesel é obter a ignição do etanol por compressão
do diesel para queimar o etanol de forma estável e controlada. O caminho encontrado pela Iveco, FPT e Bosch foi con-
siderar o sistema Bi-Fuel, ou seja, com
o uso de dois combustíveis, com injeção
feita de forma separada, gerenciada totalmente por um sistema eletrônico. Essa
opção encontrou no sistema de injeção
common rail, com a injeção multiponto
do etanol diretamente no coletor de admissão do motor, um parceiro ideal. Por
isso, a escolha do motor Iveco-FPT Cursor 9, já dotado desse sistema.
O protótipo do Iveco Trakker BiFuel-diesel funciona da seguinte forma:
1 - O etanol é injetado no coletor de
admissão no início da fase de admissão
e entra na câmara de combustão, após
passar pela turbina de ar.
2 - O etanol é evaporado, otimizando a formação da mistura ar-combustível de forma homogênea, que é então
comprimida.
3 - Ao final do ciclo de compres-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 45
Capa
46 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Nos testes em bancada e na rodagem preliminar do protótipo, o motor bicombustível já alcançou uma taxa
de substituição média de quase 40% so-
bre a quantidade de diesel utilizada, com
uma performance dinâmica idêntica à de
um motor diesel normal. Evandro Cruz
disse que a relação 40-60 etanol-diesel
Luciana Paiva
são, a injeção do diesel é feita de forma
controlada para proporcionar uma combustão otimizada e evitar detonação antecipada do etanol.
4 - No ciclo da exaustão, os gases
queimados são expelidos normalmente.
O trabalho de calibração do motor
levou em conta as características técnicas do motor do ciclo diesel, as características físico-químicas do combustível etanol e também as singularidades de
uma aplicação canavieira. O poder calorífico do etanol é 40% menor do que o do
diesel, o que exige uma quantidade maior
de etanol para produzir a mesma energia
do óleo no processo de combustão. Outro fator de importância era evitar o efeito
de knocking, ou seja, a combustão antecipada do etanol ainda durante o processo de compressão sem o uso de antidetonantes ou aditivos.
Os motores de etanol e de diesel
pode ainda melhorar, mas há um limite,
porque chega um ponto em que a substituição do diesel pelo etanol passa a ser
desvantajosa para o operador, tendo em
vista o preço relativo dos combustíveis.
Com a redução no uso do diesel
existe uma boa oportunidade para se obter a redução simultânea tanto de fumaça (ou fuligem) quanto de óxido de nitrogênio (NOx), os grandes “vilões” entre as
emissões de um motor do ciclo diesel.
O motor Iveco-FPT Cursor 9 recebeu em
adição ao sistema original de injeção uma
bomba para o sistema etanol, uma válvula reguladora para o controle de pressão
de injeção do etanol, um duto específico
e válvula injetora para esse combustível e
uma unidade eletrônica dedicada ao controle de injeção do etanol, que trabalha
com o auxílio de uma sonda tipo lambda.
Os técnicos salientam que tais modifica-
ções têm baixo impacto no custo geral do
caminhão, mas somente poderão ser calculadas de forma precisa ao final do desenvolvimento do veículo.
Na prática – Evandro Cruz disse que a partir do mês de maio os tes-
tes se iniciam na Usina da Barra, unidade da Raízen, em Barra Bonita, SP, que
irá utilizar o Traker Bi-Fuel engatado a um
implemento bitrem para transporte de vinhaça durante a safra de 2011. “Os testes seguem até parte de 2012”, comen-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 47
Luciana Paiva
Capa
Gilvan Falcão, gerente de TI - Unidades Delta e Volta Grande - Usina Caeté S/A, em MG, Marluz Cariani,
da área de Engenharia da Iveco e Osorio Tales Carneiro, supervisor Administrativo - Usina Caeté S/A –
Unidades Delta e Volta Grande: a tecnologia chamou a atenção dos profissionais do setor
48 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Frota de ônibus a etanol na cidade de São Paulo – nesses últimos dias,
Alfred também teve sua atenção voltada para o projeto “Etanol para o Transporte Sustentável”, parceria da Unica
com a Scania Latin América, a Prefeitura
de São Paulo, o Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio),
e a Viação Metropolitana de Transportes
Urbanos.
Desde 2007, um ônibus movido a
etanol aditivado passou a compôr a froDivulgação Scania
ta Cruz, salientando que profissionais da
Iveco e da Raízen acompanharão o desempenho da tecnologia. Entre os pontos que serão observados está a proporção ideal entre os dois combustíveis para
o melhor compromisso entre a utilização
do etanol e o retorno econômico do operador. Rodrigo Pacheco, diretor de Projetos da Raízen, disse que a empresa está
aberta às parcerias que visam o desenvolvimento de tecnologias voltadas aos
combustíveis renováveis, por isso, este
projeto que irá aumentar o balanço positivo do etanol, foi muito bem-vindo.
Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da Unica, elogia o
Trakker Bi-Fuel Ethanol-Diesel, diz ser
bastante interessante esta tecnologia e
que já está em uma fase avançada. Após
os testes que irão realizar a calibração
fina do motor, Alfred acredita que os números melhorarão ainda mais e, o que no
princípio é para ser um produto voltado
ao setor de cana, ao apresentar bons resultados poderá ser ampliado. Evandro
Cruz diz que além dos caminhões, essa
tecnologia poderá ser estendida as colhedoras e tratores da Case, uma vez que integra o Grupo Fiat.
A capital paulista
recebeu 50
ônibus movidos
a etanol: bom
para a saúde
pública
ta de veículos da Viação Metropolitana, e
no dia 26 de maio de 2011, ocorreu a solenidade de entrega de 50 ônibus a etanol da Viação Metropolitana. Alfred conta
que esses ônibus, movidos com 95% de
etanol e 5% de aditivo, entrarão em circulação entre final de maio e meados de junho e deverão circular principalmente em
linhas da Zona Sul da capital paulista. Os
novos carros foram produzidos na fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, SP, são os modelos K 270 4X2, representam a terceira geração de veículos
a etanol da Scania e contam com motor de 9 litros com 270 cavalos de potência. A Metropolitana investiu mais de
R$ 20 milhões, financiados pelo BNDES,
para a aquisição dos 50 veículos a etanol para sua frota, que totaliza 330 ônibus urbanos
Para viabilizar a operação, a Unica
firmou um contrato com a Prefeitura garantindo o fornecimento do etanol aditivado por 70% do preço do diesel, atual
principal combustível da frota da capital
paulista. Mesmo com o preço definido, a
quilometragem por litro do etanol é menor que a do diesel. Por isso, o valor a
ser pago para as empresas que optarem
por esse combustível será cerca de 3%
maior que o referente ao diesel para cobrir os custos da operação.
Cortesia UNICA Foto Niels Andreas
De acordo com convênio firmado
em novembro de 2010 com a Prefeitura de São Paulo, a Scania é responsável
pela produção dos motores e chas-
sis, sendo que a carroceria será montada pela Caio. Os veículos serão operados
pela Viação Metropolitana, ficando o fornecimento do etanol e do aditivo com a
Unica. A entrega do combustível final fica
com a Raízen.
Saúde pública – a expectativa da
Prefeitura da cidade de São Paulo é, até
2013, substituir 30% da frota por veículos movidos a etanol – chegando próximo a 4,5 mil veículos. No entanto, para
isso, Alfred salienta que serão necessários incentivos fiscais, pois, esse etanol
aditivado é menos competitivo que o diesel fóssil. “Para as empresas de ônibus
não importa qual combustível seja, o que
vale é não impactar a tarifa. A Unica tem
buscado, nos diversos níveis de gover-
Alfred: “A tecnologia flex
evoluiu, mas pode melhorar”
no, reduzir a tributação desse etanol, que
não será utilizado em automóvel, mas no
transporte público. Apresentamos estudos na área de saúde pública, mostrando
as razões para desonerar o produto. Se
o diesel fosse comercializado ao preço
do mercado internacional talvez o etanol
nem precisasse de benefícios”, observa.
“Ganha a saúde pública com a redução das emissões, sem contar o fato
de São Paulo tomar a dianteira entre os
municípios brasileiros no combate às
mudanças climáticas. A cidade também
avança no cumprimento da lei municipal
que trata sobre esse tema,” afirmou Marcos Jank da Unica durante a solenidade
de entrega dos ônibus.
Segundo a Prefeitura, testes feitos
com o ônibus movido a etanol na cidade mostraram uma redução de 80% na
emissão de gases do aquecimento global, 90% na emissão de material particu-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 49
Divulgação Fiat Powertrain
lado e a ausência de emissão de enxofre. A Scania estima que, se toda a frota
de ônibus do município fosse trocada por
unidades a etanol, mais de 1 milhão de
toneladas de CO² por ano deixariam de
ser liberadas. Dados da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
(USP) apontam que 12 mil internações e
875 mortes são registradas anualmente
na cidade em decorrência de partículas
inaláveis e ozônio. Os pesquisadores revelam que as doenças oriundas da poluição custam US$ 190 milhões aos cofres
públicos, somente em São Paulo.
A capital paulista tem uma orientação legal de redução de 100% da utilização de combustíveis fósseis até 2018, e
um plano gradativo de redução de 10%
ao ano. Além dos ônibus movidos a etanol aditivado, outros combustíveis alternativos estão em teste, como o biodiesel,
o diesel de cana e a eletricidade. Apesar
de o valor de operação com combustíveis verdes ser maior, a Prefeitura reconhece que há a compensação na diminuição dos gastos com saúde pública
causados pela poluição. E já cria mecanismos para compensar esse aumento
de custos, por exemplo, por meio de uma
multa para aqueles que não tiverem feito
a inspeção veicular.
Divulgação Fiat Powertrain
Capa
Paulo Evando Barbosa: “Fiat Powertrain
sempre deu grande atenção à tecnologia flex”
Do carro a álcool à tecnologia flex
– em julho de 1979, a Fiat lançou no mercado nacional o primeiro carro movido a
álcool combustível. O compacto Fiat 147
chegou às concessionárias quatro meses
depois que os 16 primeiros postos de
combustível começaram a receber o álcool combustível. “De lá para cá a tecnologia evoluiu muito, não só o motor, mas
em conforto, desempenho, segurança e
conceito”, salienta Alfred.
Mas, neste período em que o etanol se apresentou com um valor superior
ao preço da gasolina e foi trocado pelo
combustível fóssil, surgiram comentários
de que a tecnologia do carro flex-fuel –
que circula com qualquer mistura de álcool e gasolina, lançada em 2003 – pode
melhorar, inclusive, reduzir essa diferença energética de 30% do etanol para a
gasolina.
Sobre isso, consultamos a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que respondeu que desde o lançamento do
veículo a etanol, a tecnologia mostrava
que o rendimento do etanol se situava na
Área de montagem da Fiat
Powertrain Campo Largo
50 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
casa de 65% do rendimento da gasolina.
“Tanto isso é verdade que, como regra,
sempre se considerou que o preço do litro de etanol nunca fosse superior a 65%
do preço do litro da gasolina. Esse era o
padrão de eficiência geralmente aceito na
época”, salienta a Anfavea.
Ainda segundo a Associação, com
a evolução tecnológica da indústria automobilística, houve aumento da eficiência
do etanol carburante para cerca de 70%
em relação à gasolina, para motores movidos exclusivamente a etanol. Na etapa
do flex, a partir de 2003, há por definição
compromisso de combinar em um só
motor a eficiência de dois combustíveis
diversos física e quimicamente o etanol e
a gasolina, por ser imponderável o combustível que o consumidor vai escolher a
cada abastecimento. Ainda diante dessa
imponderabilidade que é da natureza do
produto, foi mantida a eficiência de 70%,
o que tem um significado especial no veículo flex.
A Anfavea ressalta que desde o lançamento do carro flex-fuel há melhorias
contínuas em taxa de compressão, eficiência energética, potência e na partida a
frio, “visto que há fabricante que já dispensou o pequeno tanque auxiliar abastecido com gasolina para partida a frio”
exemplifica a Entidade. De acordo com a
Anfavea, na verdade já se trabalha com
novas gerações de veículos flex. O desenvolvimento tecnológico é feito por
empresa, por ser questão de forte apelo
concorrencial. De modo que em um dado
momento de tempo um fabricante pode
estar ligeiramente à frente, mas será logo
alcançado pelos demais fabricantes, cabendo a outros dar passos adiante para
logo serem alcançados e talvez superados e assim por diante. Essa é a lógica da permanente evolução tecnológica,
que não é restrita a motores e combustíveis, mas sim alcançando todos os itens
do produto.
O primeiro motor 1.0 flex – a
Volkswagen foi a primeira montadora a
lançar o carro flex-fuel, mas o primeiro motor 1.0 flex foi da Fiat Powertrain,
isso, segundo Paulo Evando Barbosa,
da Engenharia de Produto da empresa,
é uma prova de que sempre deu grande
atenção à tecnologia flex. “Tanto que foi
responsável pelo popularização dos motores bicombustíveis, ao lançar o primeiro motor 1.0 flex do mercado nacional e
também o primeiro tetrafuel. A Fiat Powertrain aprimora continuamente os sistemas e componentes de modo a garantir o melhor desempenho com o menor
consumo e emissões de poluentes. Por
exemplo, lançamos há pouco menos de
um ano a nova família E.torQ flex no mercado brasileiro. Cerca de 70% dos componentes são totalmente novos em relação aos motores que serviram de base
e funcionavam apenas com gasolina E0.
Cada nova peça foi desenvolvida de forma a se diferenciar em relação ao que já
existia”, informa.
Paulo confirma que atualmente a
eficiência do etanol em relação a gasolina é de 70% também nos carros Fiat.
E que desde o lançamento foram feitas
melhorias no sistema continuamente. “O
motor flex é desenvolvido com o objetivo de buscar o melhor equilíbrio de desempenho e consumo entre as alternativas de combustível possíveis de serem
utilizadas. Dependendo das políticas de
preços dos combustíveis e consequentemente dos interesses do mercado este
ponto de equilíbrio pode ser alterado”,
diz. Mas, Paulo observa que a eficiência
energética do etanol depende das condições químicas desse combustível, o que
não pode ser alterado por meio da engenharia. “Nossos esforços se concentram
no sentido de aumentar o aproveitamento dessa energia, tanto no caso do etanol
quanto no da gasolina.”
Avançou, mas ainda pode melhorar – “A tecnologia do carro flex avançou sim, há carros flex melhores que os
a gasolina, no entanto, essa evolução
não ocorreu de uma forma homogênea,
há montadoras que oferecem mais que
as outras. Mas, em um mercado que está
comprando tudo, poucos se atêm aos diferenciais”, observa Alfred. Um exemplo
é a solução que elimina a necessidade
do tanquinho auxiliar para partida a frio
(o reservatório de gasolina nos veículos
flexíveis). Os carros com essa tecnologia
têm uma resposta mais rápida durante o
processo de partida, contando com mais
conforto e eficácia ao acelerar o veículo.
Alfred explica que a primeira geração do motor flex foi em seu lançamen-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 51
Capa
Divulgação Fiat Powertrain
to em 2003: motores a gasolina que trabalhavam com etanol, com um potencial
de torque pequeno, da ordem de 1% a
2%. Em 2006, surgiu a segunda geração,
com alternativas mais ousadas de tentar tirar mais potencia e torque com 3%
a 4% de ganho médio. Hoje, está em curso a terceira geração com alguns exemplos de motores que já foram otimizados
para trabalhar com etanol, com ganho de
potência e torque em 6%. Já em relação
a redução de consumo, o consultor de
Emissões e Tecnologia da Unica diz que
o avanço foi mínimo e que há algumas
alternativas para melhorar também este
quesito, como a adoção da injeção direta de combustível na câmara de combustão e a diminuição do tamanho de motor
– ao invés de 2 litros para 1.4 com injeção e turbo, o que pode melhorar o consumo e o torque.
Paulo Evando, da Fiat Powertrain,
diz que tecnologias que resultam simultaneamente em queda do consumo e ganho de desempenho já estão circulando
nas ruas, em uma prova de que o “carro ecológico” – entendido como aquele
de baixo consumo e emissão de poluentes – e eficiente não é um sonho distante. “Podemos citar como exemplo não
só a contínua evolução dos propulso52 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
res existentes na atualidade no mercado,
mas também sistemas como o MultiAir,
para controle inteligente das válvulas
de admissão do ar, gerando, entre outros ganhos, aumento de torque, potência, redução do consumo e forte queda
na emissão de poluentes”, exemplifica.
Ainda segundo Paulo, outro forte exemplo é o motor bicilíndrico TwinAir, que
une a tecnologia MultiAir com o downsizing extremo, principalmente nos índices de consumo e emissão de CO2, “merecendo, inclusive, o prêmio Paul Pietsch
– um dos maiores da imprensa automotiva europeia.”
Paulo salienta que a questão da redução do consumo é uma demanda do
próprio cliente, de forma que desenvolver motores cada vez mais econômicos
é uma preocupação natural da indústria
automotiva. “Ou seja, independentemen-
Motor E.torQ flex
da Fiat Powertrain:
cerca de 70% dos
componentes são
totalmente novos em
relação aos motores
que serviram de
base e funcionavam
apenas com gasolina
te de incentivos, é nosso dever atuar nesse sentido”, ressalta. Já Alfred diz que a
evolução não foi maior por causa do custo. O consultor explica que, atualmente,
os motores 1.0 respondem por 49% das
vendas (já foi maior) e essa faixa de público é muito sensível ao preço, assim,
as montadoras não se sentem motivadas
a investir em tecnologia que vai onerar o
produto, temem perder competitividade,
ainda mais com a entrada de veículos da
China com produtos mais baratos.
Índice de eficiência energética –
para estimular a evolução tecnológica, Alfred defende uma política pública voltada
para a eficiência energética e apoia o plano do governo federal de não mais estipular alíquotas para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) baseadas nas
cilindradas dos veículos, mas de acordo
com o nível de emissões de CO2 e menor
consumo, criando um índice de eficiência energética. “A adoção dessa medida
vai incentivar os investimentos em tecnologia automotiva e a tecnologia flex será
cada vez mais aperfeiçoada”, diz.
Alfred ressalta que mesmo com
o aumento do preço do etanol a tecnologia flex não está sendo questionada e
continua sendo desejada pelo consumidor, pois lhe dá o direito de escolher qual
combustível abastecer e não ficar a mercê de crises. Seus números no mercado
é a melhor prova de seu sucesso: lançada em março de 2003, as vendas acumuladas de flex até abril de 2011 (oito
anos) são de 13,3 milhões de unidades,
cerca de 1/3 da frota em circulação. E,
desde 2007, a participação das versões
flex no mercado total de veículos sempre
foi superior a 80%.
Para o consultor, a eficiência do
etanol da cana-de-açúcar como combustível verde é incontestável, e cita o relatório da Agência Internacional de Energia que o coloca como o mais eficiente.
“São eles que estão dizendo, não eu que
milito a favor da causa. Então é imparcial”, brinca Alfred. Hoje, o etanol feito a
partir da cana-de-açúcar representa 17%
da matriz de transportes do Brasil, estimativa realizada pela Anfavea aponta que
em 2017 esta fatia será de 31%. Em decorrência dos investimentos em pesquisa
e tecnologia será um etanol como o balanço energético ainda mais positivo que
encherá o tanque de veículos com maior
eficiência energética.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 53
ReedComunica
A feira contou com 765 expositores
e 178 mil m² comercializados
É a maior!
Luciana Paiva e Caio Campanhão
O
agronegócio em alta foi decisivo
para os excelentes números apresentados pela Agrishow 2011 –
Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação – realizada em Ribeirão Preto,
SP, entre 2 e 6 de maio. Segundo os organizadores, os negócios contabilizados
somaram R$ 1,755 bilhão durante os
cinco dias da mostra. Comparativamente, as operações financeiras deste ano
são 52,6 % maiores em relação a 2010.
Esse volume de negócios é seguramente superior, pois os bancos das montadoras de máquinas, equipamentos e veículos normalmente não divulgam seus
valores por questões estratégicas, mas
alguns deles revelaram que seu movi54 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
ReedComunica
Expectativas se comprovam e a Agrishow 2011 torna-se a maior edição
da história da Feira, com recorde de público, expositores e faturamento
Autoridades, como a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera e o governador de São Paulo,
Geraldo Alckimin, participaram da abertura oficial da Agrishow 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 55
Agrishow
U
traram interessados a construir uma base
fixa no local da Feira.
Para Maurílio é importante que o
espaço passe a ser multifuncional, abrigando vários eventos durante o ano. O
novo Presidente da Agrishow salientou
que a Feira está redonda e muitos progressos já foram feitos de 2009 para cá
e que agora, basta manter o padrão de
qualidade em sua estrutura e trabalhar alguns pontos, como a questão ambiental.
O empresário pretende investir em campanhas educativas e também na questão
de coleta seletiva. Mas quem conhece o
ritmo e o estilo visionário de Maurilinho,
sabe que ele tentará implementar muitas
novidades. É só aguardar.
mento foi de 20% a 25% superior que a
edição de 2010.
O número final do público presente foi de 146.832 compradores e visitan-
cedentes de 50 países de todos os continentes. O evento foi prestigiado por diversas autoridades, como o governador
do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin
Luciana Paiva
m dos maiores representantes do
setor sucroenergético, o empresário Maurilio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa, é o novo presidente da Agrishow. Maurílio foi um dos
fundadores da Feira, em 1994, e sempre trabalhou para seu desenvolvimento.
A concessão da área, para a realização
da Agrishow em Ribeirão Preto, pelo Governo do Estado de São Paulo por mais
30 anos, animou o empresário, pois, segundo ele, agora é possível realizar obras
de infraestrutura e de maior envergadura,
como um centro de convenções e estandes de alvenaria – empresas como John
Deere já iniciaram investimentos e os
bancos do Brasil e Bradesco já se mos-
Público de mais de 146 mil visitantes na 18ª Agrishow
tes institucionais vindos dos Estados de
São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio
Grande do Sul, Nordeste e também pro56 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
e seu secretariado, os ministros Wagner Rossi (Agricultura), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional)
ReedComunica
Maurilio Biagi Filho é o novo presidente da Agrishow
Bom trabalho, Maurílio
e cinco ministros da Agricultura do Cone
Sul – Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai
e Uruguai.
Compareceram inúmeros deputados, senadores, dirigentes de instituições
do agronegócio e de entidades de classe, prefeitos e vereadores de várias regiões, que foram recepcionados pela prefeita de Ribeirão Preto Dárcy Vera. Mais
de 600 representantes da mídia brasileira
e internacional cobriram jornalisticamente o evento. Cerca de 20 mil profissionais
foram empregados nas mais diversas atividades dos 765 expositores brasileiros
e internacionais e para a manutenção da
infra-estrutura da feira.
Ministro anuncia incentivos à irrigação – a Agrishow também foi palco
para anúncios de ações tomadas pelo
governo em prol da agropecuária, o ministro da Integração Nacional Fernando
Bezerra Coelho, esteve, juntamente com
o secretário nacional da Irrigação Ramon
Rodrigues, em visita a Agrishow 2011 –
para assinar a Portaria do Regime Espe-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 57
Agrishow
cial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi). O objetivo é
ampliar a área irrigada no Brasil e estimular investidores privados, por meio das
Parcerias Público Privadas (PPP’s). Trata-se de uma boa notícia para as empresas do setor de irrigação e para produtores que pretendem adquirir equipamentos
e tecnologia para irrigação de suas propriedades, pois os projetos aprovados
terão um abatimento de quase 10% em
dois tributos: PIS e Cofins. O texto da
Portaria também define como será o enquadramento dessas áreas, de acordo
com o ministro Coelho.
O ministro projeta que em quatro anos a área irrigada no País dobre de
tamanho, passando dos atuais 8% para
16%. As definições do perímetro de irrigação devem ser anunciadas em 45 dias.
“Pretendemos avançar na irrigação priva-
58 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Profissionais da Coruripe Matriz, de Alagoas, visitaram o estande da CanaMix
da e pública, notadamente no semiárido
brasileiro”. Ele destacou o apoio da presidenta Dilma e da Câmara Setorial de
Equipamentos para Irrigação, da Abimaq,
nesse processo.
A normatização do Reidi é uma
das primeiras ações da Secretaria Nacional de Irrigação, criada este ano. Du-
rante a cerimônia, Coelho anunciou a
participação de Roberto Rodrigues, exministro da Agricultura, como consultor
da Secretaria.
Tecnologia na área de irrigação –
na área de irrigação a Agrishow recebeu
excelentes representantes. A Tigre ofereceu soluções para irrigação e drenagem,
Tigre: soluções para
irrigação e drenagem
água e de energia, aumento da produtividade e preservação do meio ambiente.
Entre os sistemas levados à feira, alguns
inclusive com utilização recomendada para a cultura de cana-de-açúcar, na
Caio Campanhão
capazes de atender às demandas de produtores rurais e do agronegócio de todos
os portes e para diferentes culturas. São
sistemas que incorporam inovações tecnológicas voltadas para a economia de
qual a importância da irrigação vem sendo cada vez mais percebida. Para saber
quais as opções de irrigação para cana,
basta acessar o site da empresa: www.
tigre.com.br
Já a Lindsay mostrou aos produtores seu lançamento, o Z2, que consiste em um pivô que vai até quatro vãos e
abrange até 25 hectares e que pode ser
fixo ou rebocável. A empresa também levou à feira produtos destinados ao pequeno produtor, como o pivô de um vão,
que pode ser acionado com a pressão da
água e que não necessita do uso de energia elétrica. “Este é um produto que atende ao pequeno produtor e é ideal para pequenas áreas, assentamentos, hortifrutis,
entre outros”, explica Leandro Preuss,
supervisor comercial da Lindsay. A Lindsay apresentou também produtos para as
chamadas culturas altas. “Temos tecno-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 59
logias também para culturas altas, como
o milho e a cana-de-açúcar. Temos o vão
de quatro metros, que atende inclusive as
variedades mais altas de cana”, afirma.
Revitalização do Moderfrota – o
moçambicano Helder Mutéia, representante da Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e a Alimentação (FAO)
no Brasil, alertou para a necessidade de
produzir alimentos. “Hoje, o Planeta tem
uma população de seis bilhões de habitantes e há 925 milhões de pessoas passando fome no mundo, em 2050 teremos
nove bilhões de habitantes, é fundamental aumentar a produção de alimentos”,
disse. Mutéia salientou que o Brasil é um
dos principais atores nesta função de
Caio Campanhão
Agrishow
A Lindsay lançou o Z2, que consiste em um pivô que vai até quatro vãos e abrange até 25 hectares
Luciana Paiva
Atento ao setor sucroenergético
Neilson quer trabalhar no setor sucroenergético
N
eilson Dimas de Lima Silva, de Votuporanga, SP, visitou o estande da
CanaMix na Agrishow. A cultura canavieira está em expansão em sua
região e o jovem, que é tecnico agrícola, formado pelo Instituto Paula Souza e cursa Produção Sucroalcooleira, na Unifev, deseja conquistar uma
vaga no mercado de trabalho sucroenergético. Neilson acredita que estar bem
informado sobre o setor aumenta suas chances de trabalhar no segmento.
E vê na CanaMix uma excelente fonte de informação. No estande, foi atendido por Marcelo Bortolazo, preencheu seus dados e irá receber mensalmente a CanaMix e a primeira edição que receberá será especial, pois está nela.
60 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
produzir alimentos, pois tem terra e água,
mas para facilitar e ampliar sua capacidade produtiva é importante que o produtor tenha acesso a tecnologia, mecanização e crédito.
Para que tudo isso ocorra, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos (Abimaq), Celso Casale, entregou ao ministro da Agricultura,
Wagner Rossi, durante a Agrishow 2011,
documento reivindicando que seja restabelecida a competitividade do Moderfrota (Programa de Modernização da Frota
de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras e, Programa de
Incentivo à Irrigação e à Armazenagem,
Moderinfra), mediante a redução de juros para aquisição de máquinas, implementos e equipamentos agrícolas, uma
vez que os atuais níveis (entre 7,5% e
9,5%) tornaram essa opção de financiamento pouco atrativa. A maioria dos produtores agrícolas tem recorrido à Finame
PSI (Programa de Sustentação de Investimento) para suas operações de crédito,
cujos juros foram fixados em 6,5%.
As taxas de juros sugeridas ao ministro da Agricultura foram de 3%, 4,5%
A
Ônibus canavieiro da Volare
Luciana Paiva
s áreas de Recursos Humanos e Saúde e Segurança no
trabalho também foram destaque na Agrishow. Durante
a Feira, representantes do Instituto Agronômico (IAC), da
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), da Organização
das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e a Associação Nacional dos Distribuidores dos Insumos Agrícolas e Veterinários (Andaf) firmaram parceria com o objetivo de estabelecer normas para garantir a segurança do trabalhador do campo
quando da manipulação de agrotóxicos. Hamilton Humberto Ra-
Ônibus Rural da RF para aplicadores de
herbicidas, tem chuveiro e local para colocar
a roupa utilizada pelos aplicadores
Externamente, o Volare Canavial conta com toldo e mesas
retráteis e cadeiras para acomodar os trabalhadores durante as
refeições e momentos de descanso, geladeira/reservatório climatizado de 40 litros que mantém a refrigeração por até 12 horas, e pia para higienização. No seu interior, o veículo, com capacidade para transportar até 31 passageiros com conforto e
comodidade, poder ser equipado com dois banheiros, masculino e feminino, com chuveiro e ducha higiênica para, por exemplo, descontaminação de trabalhadores que atuam na aplicação
de fertilizantes, herbicidas e/ou produtos químicos.
Carreta abrigo
Luciana Paiva
O uso correto de EPIs com qualidade
gera ganhos maiores de produtividade
e do bem-estar no campo
de proteção individual (EPI).
A Volare, empresa que atua no segmento de miniônibus,
apresentou o Volare Canavial indicado para aplicações severas
no campo e no fora-de-estrada, muito comum nas regiões de
cultivo do País. O veículo possui maior vão livre (altura em relação ao solo), suspensão reforçada, redução dos balanços dianteiro e traseiro, e para-choques desenvolvidos para maior absorção de impactos, o que proporciona maior facilidade para vencer
os obstáculos das estradas de terra, locais de difícil acesso, oferece conforto e segurança para os passageiros.
Luciana Paiva
Luciana Paiva
Segurança do trabalhador foi destaque na Agrishow
Luciana Paiva
mos, idealizador do Programa IAC de Qualidade em Equipamentos de Proteção Individual (Quepia) e diretor geral do IAC expôs
sua preocupação com a qualidade de vida do produtor agrícola em relação ao uso de agrotóxicos, principalmente através do
uso dos equipamentos
Dois banheiros
e revestimento
impermeável
nos bancos
Para as empresas não querem adquirir ônibus, mas realizar adaptações adequadas nos veículos que já possuem, uma
alternativa exposta na Agrishow é a RF Ônibus, que fornece e
monta equipamentos para ônibus rurais, como banheiros, área
de alimentação, caixas para ferramentas, toldos e carreta abrigo.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 61
Agrishow
Luciana Paiva
Helder Mutéia,
representante
da FAO no Brasil
ReedComunica
e 6,5% ao ano para pequenos, médios e
grandes produtores. José Carlos Pedreira
de Freitas, também integrante da Câmara
Setorial, lembra que o Moderfrota, criado em 2000, foi responsável pela grande
revolução ocorrida na agricultura na última década. Teve boa aceitação até 2005,
quando a Finame PSI teve seus juros reduzidos para nível abaixo dos oferecidos pelo Moderfrota. “Essa linha de crédito deve ser destinada exclusivamente
O ministro da Agricultura
Wagner Rossi recebeu
documento reivindicando
que seja restabelecida a
competitividade no campo
62 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
demonstrações de máquinas no campo,
incluindo preparo de solo, cultivadores,
plantio, pulverização, colheita, fenação,
manejo animal, dentre outras, em diversas
culturas como milho, soja, tomate e capim. O público confere com atenção a desenvoltura das máquinas, suas manobras
Luciana Paiva
aos agricultores, responsáveis pela oferta de alimentos”, declarou Pedreira. Segundo o documento, os dispêndios para
a equalização dessas taxas são pouco representativos dado o baixo requerimento em volume de recursos, ainda mais se
comparado ao enorme impacto econômico e social com a revitalização dessas linhas. O setor de máquinas e implementos agrícolas é responsável pela oferta de
cerca de 60 mil empregos diretos (tratores, colhedoras e implementos agrícolas)
e está espalhado pelo interior de vários
estados brasileiros. O faturamento nominal só do segmento de implementos agrícolas é da ordem de R$ 8,3 bilhões anuais e tem sido responsável por superávits
comerciais de US$ 400 milhões anuais.
Show de tecnologia – durante a Feira foram realizadas aproximadamente 800
e o resultado das operações, que acabam
influenciando na decisão de compra.
Porém, o encantamento das máquinas transcende as demonstrações no
campo, mesmo que circula pelas diversa ruas da Feira se surpreende com as
dimensões dos equipamentos agrícolas
expostos na maioria dos estandes. Boa
parte desses produtos foram lançados
durante a mostra e, apesar de seu elevado valor, tem grande procura. A eficiência dessas grandes máquinas, e a rapidez com que realizam as tarefas, levam
muitos produtores a, ao menos, considerar sua aquisição.
Reflorestamento – nessa época
em que o Código Florestal domina os noticíarios, uma das novidades da Agrishow
2011 foi a plantadora Bioflora PD Evo, da
Roster, que tem um sistema de plantio direto de mudas de árvores que realiza subsolagem, destorramento, adubação e plantio na mesma operação, além
Estande do Projeto
Agora na Agrishow
Luciana Paiva
As variedades de Cana IAC mais uma vez marcaram presença na Agrishow
de um mecanismo de distribuição que simula a mão humana e proporciona distribuição uniforme e regulagem de profundidade das mudas.
Plantadora e colhedora de grãos
– segundo o diretor-superintendente da
Marchesan, João Carlos Marchesan, sua
empresa oferece a maior plantadora de
grãos do mercado, para o plantio simultâneo de 35 linhas, que permite plantar
uma área de 165 hectares/dia. A vantagem, em sua opinião, é que o produtor
pode aproveitar a chamada “janela de
plantio”, ou seja, o breve período em que
o índice de umidade e de calor são perfeitos para essa tarefa.
Amendoim – por falar em “janela
de plantio”, as máquinas voltadas para o
amendoim – ótima opção para rotação de
cultura com a cana – também foram destaque, as colhedoras cada vez mais ganham tamanho e funções. Os operadores
de colhedora de amendoim Carlos Alberto Spolian e Sérgio Wilker da Silva Santos, que trabalham na região de Matão,
tiveram uma reclamação e sugestão para
as fábricas de colhedoras, disseram que
na parte que tem os dentes para colher
o amendoim, há um espaço, pode onde
entra os pés de amendoim formando um
bolo, travando a operação. “Já cheguei a
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 63
Agrishow
co de contaminação e perda de qualidade
de grãos como soja, milho e amendoim,
o que permite economia de até 50% de
lenha ou qualquer outra biomassa. O pro-
Luciana Paiva
realizar 10 paradas por dia para retirar as
plantas que ficam presas”, contou Sérgio. Para Carlos Alberto, a solução é reduzir o espaço.
Luiz Roberto Lopes, mecânico e
os operadores de colhedoras de
amendoim Carlos Alberto Spolian
e Sérgio Wilker da Silva Santos
Luciana Paiva
Luciana Paiva
cesso se dá pela produção de vapor que
se transforma em energia térmica evitando que os subprodutos liberados pela
queima da biomassa se incorporem aos
alimentos. O produto foi lançado no fim
de 2010 e é fabricado de maneira customizada, de acordo com a demanda e
da biomassa disponível na propriedade
ou região. Já está presente em algumas
cooperativas.
Nutrição – a área de nutrição animal e vegetal foi reforçada na Agrishow
com a participação da Vale Fertilizantes,
pela primeira vez na Feira. Além de patrocinar o evento, a empresa mostrou ao
público os insumos que oferece ao mercado de fertilizantes e de nutrição animal.
No estande, de 400 m², os visitantes conheceram um pouco mais sobre os macronutrientes que compõem o mercado de fertilizantes: nitrogênio, fósforo e
potássio. Bastante interativo, o estande contou, ainda, com plantas cultivadas
na unidade operacional da empresa em
Araucária, PR. O objetivo é ressaltar os
programas de reflorestamento e de educação ambiental desenvolvidos nos complexos industriais e de mineração da Vale
Fertilizantes.
Produquímica – empresa líder em
micronutrientes para nutrição animal e
vegetal, a Produquímica também esteve
presente na Agrishow. O estande da empresa contou com demonstrações explicativas sobre os produtos para nutrição,
incluindo o CanaMicros, cuja formulação exclusiva favorece o desenvolvimento da cana, especialmente a brotação
antecipada e o rápido desenvolvimento
vegetativo.
Vetro – empresa que está há mais
de 20 anos no mercado de fibra de vidro e é fabricante de tubos e conexões
de PRFV (Plástico Reforçado com Fibra
de Vidro) e RPVC (tubo de PRFV com li-
Esse espaço na colhedora de
amendoim embola as ramas da planta,
provocando paradas na operação: a
sugestão é reduzir o espaço
Secador de grãos – a empresa catarinense Benecke, de Timbó, SC, desenvolveu um equipamento que elimina o ris64 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Josiane Pomim
e Fernando
Barbosa, da
Multiplus Reed,
visitaram a
Agrishow
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 65
Agrishow
Luciana Paiva
ner de PVC), participou pela primeira vez
como expositor da Agrishow. A empresa, que teve as expectativas superadas
com relação ao fechamento de negócios
e a realização de novos contatos, apresentou amostras dos produtos através da
Luciana Paiva
Vale Fertilizantes
pela primeira vez
na Agrishow
Caio Campanhão
O estande da
Produquímica foi
bastante didático, os
visitantes receberam
informações
importantes
sobre a ação dos
micronutrientes
Luciana Paiva
Vetro levou sua
tecnologia para
a Agrishow
Mini-usina para
produção de
etanol dentro dos
padrões da ANP
66 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
demonstração de uma adutora de RPVC,
alem de amostras de tubos de PRFV, de
um reservatório e um tanque de transporte (miniatura) de PRFV. Assim o público
pode ver de perto a qualidade dos produtos Vetro, além do design de acabamento
do produto final.
Etanol fez sucesso – a Embraer
terminou a sua participação na Agrishow
2011 com excelentes resultados. Somente durante os cinco dias de feira a Empresa fechou negócios na ordem de R$
3 milhões com a concretização da venda de quatro aeronaves agrícolas movidas a Etanol. Com mais de 1.150 unidades vendidas, o avião Ipanema, movido
a etanol, é líder no mercado de aviação
agrícola no Brasil, com cerca de 75% de
participação.
Outra novidade na Agrishow que
teve a ver com etanol foi a mini-usina
de etanol da Usinas Sociais Inteligentes
(USI), dirigida para pequenos e médios
produtores de cana-de-açúcar e vem
agregar valor à matéria-prima desses
agricultores e produto aos seus negócios. De acordo com o CEO da empresa,
Eduardo Cauduro Mallmann, a tecnologia
permite produzir etanol hidratado dentro
dos padrões da ANP, colocando esses
produtores na legalidade, tanto para consumo próprio quanto para comercialização. A mini-usina tem certificação do Ministério da Agricultura e financiamento do
Finame BNDES.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 67
Luciana Paiva
Motomecanização
As colhedoras de
cana fazem bonito
na Agrishow
Máquinas canavieiras
Luciana Paiva
J
á houve um tempo em que a cultura canavieira tinha presença tímida na Agrishow, mas de uns anos
para cá, com o crescimento da mecanização nos canaviais, a tecnologia canavieira vem conquistando um espaço
interessante. As colhedoras de cana passaram a competir de igual para igual com
as imensas “colheitadeiras” de soja e de
algodão. Tratores e caminhões ganharam
68 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Lançamentos na área de cana-de-açúcar
estiveram entre as atrações da Agrishow 2011
o estilo canavieiro. A cana ganhou plantadoras e os implementos foram adaptados ou já projetados para atender às necessidades do setor.
A evolução da tecnologia de caminhões, tratores e máquinas destinadas à agroindústria canavieira deve-se
muito ao envolvimento dos profissionais
e integrantes do Grupo de Motomecanização do Setor Sucroalcooleiro (Gmec),
que dão sugestões, realizam testes, ajudam a criar protótipos, visitam as fábricas, tudo para sair um produto eficiente,
que reduza custos, que não compacta o
solo, que não machuque a cana soca, a
gema da cana, enfim uma máquina cana-
vieira perfeita.
Por isso tudo, andar pela Agrishow
está cada vez mais prazeroso, pois, em
cada canto se encontra algum produto para a cultura canavieira, é lógico que
tem aqueles estandes onde a cana é o
foco principal, como acontece no Grupo Tracan, que durante a Agrishow apresentou sua nova marca, a TMA. O Grupo
Tracan começou sua história como concessionário Case IH em 1997, uma parceria tão frutífera que deu ao Grupo representatividade de 20% das vendas da
Case Brasil em 2010. Uma parceria que
trouxe outros desafios e oportunidades, e
que fizeram nascer em 2007 em Ribeirão
Preto a Tracan Indústria, agora TMA. Segundo Dário Wilian Sodré, gerente corporativo comercial, a TMA representa a evolução de um projeto que nasceu atrelado
a uma rede de concessionários, mas que
ficou tão grande e alcançou tanto espaço, que agora alça vôo próprio para atender a demanda dos clientes.
Apesar de ter apenas cinco anos
a indústria tem recebido constantes investimentos, seja em equipamentos ou
na capacitação de mão de obra. A equipe técnica da TMA trabalha em conjunto
com clientes e profissionais especializados de importantes institutos de pesquisas, para colocar no mercado produtos
de ponta, que tragam, além da inovação,
a já consolidada robustez e agilidade atribuídas aos produtos Tracan, agora TMA.
Nesta edição da Agrishow a empresa lançou a Carreta distribuidora de torta
de filtro. De acordo com Dário, a carreta é a maior e mais robusta do mercado,
com grande capacidade de carga, 19 m³,
e maior capacidade de manobras, o que
interfere menos no canteiro de plantio.
A torta de filtro, subproduto da cana-de-açúcar, é comprovadamente um
grande aliado para o aumento da produtiTracan Industrial lançou a
marca TMA na Agrishow
Luciana Paiva
Luciana Paiva
Tecnologia canavieira é destaque
no estande da Civemasa
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 69
Luciana Paiva
Motomecanização
Luciana Paiva
Dário e a
Plantadora
distribuidora
de toletes TMA
Divulgação
Trator T8 da
New Holland
Os tratores da série
MF 7100 Canavieira
ganharam uma
versão com eixo de
três metros
70 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
vidade nos canaviais. “Com a carreta distribuidora da TMA, será possível aplicar
a torta a uma profundidade de 40 centímetros, o que pode diluir o período de
aplicação, feito por georreferenciamento,
e aproveitado nos plantios de leguminosas, no período de renovação dos canaviais, e permanecer no solo para o plantio
da cana. Esta aplicação profunda resultará também em raízes mais profundas,
e em uma cana com mais sustentação”,
explicou Dário.
Outro lançamento na Agrishow
foi a Plantadora distribuidora de toletes, PDTX 9.000, uma tendência atual de
mercado, que significa uma fase intermediária entre o plantio tradicional manual e
plantio mecanizado. “A plantadora distribuidora atende a uma demanda de mercado daqueles produtores que gostam de
conferir como o tolete caiu no sulco de
plantio. Ou para os que já têm parte do
equipamento e querem um produto mais
em conta para incrementar a mecanização”, disse Dário. Segundo ele, o grande
diferencial da PDTX 9.000 é a possibilidade do acoplamento de acessórios, já que
é construída na mesma plataforma das
Plantadoras mecanizadas. O produtor poderá investir, mais tarde, no kit que possibilitará o plantio em uma só etapa. Com
a distribuidora de toletes são três etapas
distintas, com equipamentos separados:
a sulcação, distribuição e cobrição. A
Plantadora distribuidora da TMA se ajusta também aos terrenos com maior declividade, onde a colhedora entra, mas a
Lançamento
tratores linha
Maxxum da
Case
plantadora não.
Tratores canavieiros – fortes, robustos, potentes, gigantes esses são alguns dos adjetivos dos tratores direcionados ao segmento canavieiro. A New
Holland apresentou na Agrishow a nova
linha de tratores T8. Segundo os representantes da empresa, os modelos, que
passam a ser produzidos na planta de
Curitiba, PR, se equiparam aos oferecidos pela marca nos Estados Unidos e Europa, tornando-se a série de maior potência produzida no País.
Os tratores da série T8 foram desenvolvidos para o trabalho em grandes áreas, especialmente para o preparo
de solo e plantio nos segmentos de cana-de-açúcar e grãos. “As máquinas da
série garantem maior produtividade em
função da tecnologia embarcada, o que
também possibilita o redimensionamento da frota de tratores, reduzindo custos.
Em função da potência, a série T8 permite o melhor aproveitamento na janela de
tempo entre o plantio e a colheita, redução da frota, aumento do tamanho dos
implementos e, consequentemente, tempo de operação reduzido”, disse o especialista do produto, Marco Cazarim. Entre os diferenciais do T8 está o sistema
de gerenciamento de potência do motor
EPM™– Engine Power Management garante a performance da operação em algumas situações adversas. A velocidade
de trabalho pré-determinada é mantida
de acordo com a necessidade demandada pela operação, por meio do aumento
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 71
Motomecanização
Luciana Paiva
Protótipo
do trator BH
Geração III
da Valtra
ma de agricultura de precisão de fácil operação e alto desempenho. Ele chega ao
mercado disponível nos tratores das séries MF 7100 e MF 7000 Dyna-6.
Tratores Maxxum BR – a Case IH
Luciana Paiva
temporário da potência do motor.
Motor AGCO Sisu Power – a Massey Ferguson apresentou na Agrishow
seus já consagrados tratores da série MF
4200 e MF 7000 Dyna-6. Os modelos têm
como novidade a inclusão do motor AGCO
Sisu Power, que gera economia ao economizar combustível. Os tratores da série
MF 7100 Canavieira ganharam uma versão com eixo de três metros, o que evita
o pisoteio das soqueiras, causando menor
dano à lavoura e consequente aumento de
produtividade. Outra novidade apresentada foi o Piloto Automático System 150,
que é indicado para quem busca um siste-
O Pulverizador BS3020H canavieiro propicia baixa compactação do solo
72 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
expôs os novos tratores Maxxum, disponíveis com as transmissões mecânica ou semi-powershift. As máquinas
completam a oferta de produtos da linha Maxxum, de média potência com
tecnologia de grande. A linha Maxxum
passa a contar com um kit de expansão
do eixo. Para representates da empresa,
o eixo estendido de 3 metros para a Linha Maxxum 165 e 180 representa o fim
do problema de compactação da soqueira da cana no momento da colheita, resultando ainda em um trator multitarefa
que pode ser utilizado também no preparo do solo e no plantio, graças à possibilidade de extensão do mesmo eixo, ou
seja, um único eixo que pode ser preparado para bitola de 1,8 m até 2,2 m, e de
2,8 m até 3 m. Os prolongadores são facilmente acoplados ao eixo, e estão testados e aprovados pela Case IH, com garantia total de fábrica.
Luciana Paiva
Trator B100, pulverizador e enfardadora – a Valtra destacou sua nova
linha de tratores BH Geração III com os
modelos BH 135i (137 cv), BH200 (200
cv) e o BH210i (210 cv). As novas máquinas apresentadas na Agrishow estarão disponíveis ao mercado no segundo
semestre deste ano. As inovações aparecem em itens da engenharia como o novo
sistema hidráulico (3 pontos e hidráulico
eletrônico) que facilita as diversas aplicações com implementos e a colocação da
bomba de vazão variável. A nova localização do sistema hidráulico no trator e as
novas vigas laterais permitem um menor
raio de giro, melhorando as manobras de
cabeceira, fator indispensável para aper-
Enfardadora de
palha de cana
Challenger
disponibilizada
pela Valtra
feiçoar o trabalho no campo evitando pisoteio nas áreas produtivas. “Os três novos modelos são equipados com motor
AGCO Sisu Power 420 e 620 que trabalham com Diesel ou Biodiesel
B100, ou seja,
até 100% de
Biodiesel. Pos-
Luciana Paiva
Colhedora
Santal:
opção com
pneus e
com esteira
suem ainda intercooler
que
baixa a temperatura de admissão melhorando
a eficiência na combustão, resultando em
economia no consumo e baixos níveis de
emissões de poluentes”, disse Paulo Beraldi, diretor-comercial da Valtra.
A Valtra apresentou o Pulverizador
BS3020H, o oferecido na versão canavieira possui 24 metros de barras divididas e sete seções e com rodado 18.4.26.
“Características que propiciam uma aplicação precisa com menor impacto ambiental e com baixa compactação do
solo, explicou Jak Torreta, diretor de Produto da AGCO.
Outra atração da empresa foi enfardamento de feno, forragem e biomassa,
a Challenger LB34B. Segundo Jak Torreta, a máquina, fabricada na unidade fabril
de Hesston, nos Estados Unidos, chega
ao Brasil trazendo o que há de mais mo-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 73
Motomecanização
colhedoras de cana é formado por vendas com esteiras metálicas. “Para atender a necessidade dos clientes que preferem este tipo de máquina desenvolvemos
esta nova colhedora. Assim vamos con-
Luciana Paiva
derno em tecnologias patenteadas pela
AGCO. Entre os grandes diferenciais da
novidade está a alimentação homogênea da palha, feno ou forragem gerando fardos com densidade mais consis-
Produtores de cana da região de São Joaquim da Barra visitaram o
estande da John Deere para conhecer a plantadora Greensystem PP1102
74 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
tinuar oferecendo a melhor opção de colhedoras de pneus e também mais uma
opção no mercado de esteiras”, explica
Arnaldo.
Luciana Paiva
tente, alcançando em alguns casos mais
de 400 kg. O grande destaque da máquina está no sistema de nó duplo, que ao
invés das demais máquinas de nós simples, faz dois nós, um que termina o fardo anterior e outro que inicia o próximo
fardo. Paulo Berardo disse que a enfardadora, que realizou testes no Grupo Zilor,
apresenta-se como um equipamento indispensável para usinas de cana-de-açúcar que estão investindo em cogeração
de energia. “O investimento em mecanização para reaproveitamento da palha
crescerá nos próximos anos, pois essa
tecnologia permite aumentar a cogeração
de energia por meio do uso da biomassa deixada no campo”, salientou Berardo.
Colhedora de esteira – no universo das colhedoras de cana, apenas a
Santal Equipamentos apresentou novidades, lançou a colhedora de cana S5010
com esteira. De acordo com Arnaldo
Adams Ribeiro Pinto, presidente da empresa, atualmente 95% do mercado de
Segundo Arnaldo, a máquina, que
tem um conjunto de esteiras que em testes de campo já demonstrou ter de 20% a
40% mais vida útil que as atuais do mercado, conta com projeto inovador e capacidade de colheita em todo tipo de canavial, tem vários diferenciais como:
cabine segura e confortável, caixa principal com 5 saídas e motor diesel 12 litros
@1800rpm (o mais econômico da categoria). A colhedora oferece um opcional
específico para a colheita de mudas: o kit
mudas. Através de fácil substituição, é
possível transformar o equipamento para
colheita de muda ou colheita industrial.
Outra novidade apresentada foi o
transbordo VT 10 que teve o seu projeto
aperfeiçoado para atender cada vez melhor o cliente. Entre as melhorias estão:
cilindros embutidos; cabeçalho regulável (importante para posicionar corretamente o transbordo e o trator nas entrelinhas da cana, diminuindo o pisoteio das
soqueiras; chassi único; freios mais altos
e sistema de regulagem de bitolas. “Este
sistema permite trabalhar com o mesmo
produto, mudando somente com a regulagem, nos diversos espaçamentos hoje
utilizados no cultivo da
cana”, enfatiza Arnaldo.
Plantadoras de
cana – nesta edição
da Agrishow a plantadora de cana além de
marcar presença nos
estandes de empresas
como DMB, Civemasa,
Santal e TMA, também
ganhou espaço no estande da John Deere,
mas tratava-se de uma
plantadora diferencia-
No estande da John
Deere o visitante
também encontrava
informações sobre
a tecnologia de
mudas Plene
Luciana Paiva
Auro Pardinho e a plantadora PCP 6000: sucesso de vendas da DMB
da, a Greensystem PP1102, a máquina
para plantio exclusivo da tecnologia de
mudas Plene, desenvolvida pela Syngenta. Tanto a plantadora como Plene chamou a atenção do público que visitou a
John Deere na Feira para conferir a máquina e buscar mais informações sobre
esse novo sistema de plantio.
Durante a coletiva de imprensa da
Case IH, perguntamos aos seus executivos se está nos planos da empresa lançar alguma plantadora de cana associada a alguma tecnologia diferenciada
como o de mudas Plene. Responderam
que a Case enxerga que essa tecnologia
da Syngenta não irá conseguir atender o
mercado em grande escala, por isso, ainda haverá a necessidade de se manter o
plantio convencional, assim, a Case estuda lançar uma plantadora de cana mais
eficiente e que reduzirá perdas. Ainda não
há mais informações e muito menos data
para o lançamento dessa tecnologia.
Aliás, o tema plantio de cana ainda
gera polêmica, as empresas se esforçam
para aperfeiçoar a tecnologia e os profissionais do setor continuam dizendo que a
quantidade de mudas utilizadas no plantio mecânico é muito grande, há usinas
que chegam há 25 toneladas por hectare,
o dobro do plantio manual. Mas, como
cada vez mais, a única opção será a máquina, o jeito é melhorar a tecnologia, as
operações (começando pela colheita das
mudas), enfim, todo o processo.
Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos, lí-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 75
Motomecanização
plantadora realiza todas as operações do
plantio da cultura de uma só vez em duas
linhas, com desempenho operacional de
Luciana Paiva
der no mercado de plantadoras de cana,
disse que a empresa não mede esforços
para atender as necessidades do setor,
Luciana Paiva
José
Theodoro,
operador de
máquinas
da usina
Caçú, da ETH
Bioenergia,
confere a
plantadora
distribuidora
de toletes da
DMB
Luciana Paiva
Aplicador de
inseticida
em soqueira,
outro
destaque
da DMB na
Agrishow
Eduardo
Câmara e a
MK PltCana
3000
tanto que a PCP 6000 é um projeto industrial desenvolvido em parceria com o
Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). A
76 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
aproximadamente 1 ha por hora. A plantadora é tracionada por trator com potência mínima sugerida de 180 hp, através
de torre com engate em três pontos com
articulação tipo pino-bola para facilitar as
manobras e caracteriza-se pela grande
simplicidade de funcionamento. Possui
dois sulcadores tipo beija-flor com desarme automático, regulagem de espaçamento e profundidade do sulco, adubadora tipo caixa de aço inoxidável, com
capacidade para cerca de 1.250 kg de
adubo com sensor de nível, cuja distribuição é feita através de rosca sem fim
de aço inoxidável acionada por motor hidráulico com válvula de regulagem de fluxo de óleo, o que permite calibrar a quantidade de adubo a ser aplicada com maior
exatidão e facilidade.
Mas para aqueles que gostam de
ver a muda caindo no sulco ou para as
áreas de declividade mais acentuada e
em terrenos arenosos, onde a plantadora não entra, a DMB oferece a plantadora distribuidora de toletes de cana DCP
5000, que representa o meio do caminho entre o plantio manual e mecânico. O equipamento estava exposto na
Agrishow e atraiu o público.
O aplicador de inseticida em soqueira foi outro equipamento que mereceu destaque no estande da DMB. Seus
discos cortam a palhada a uma profundidade de 15 centímetros e o inseticida
é automaticamente aplicado. O equipamento serve até mesmo para o controle da broca gigante.
Coloca o tolete em linha – Maksolo, empresa localizada em Matão, SP,
apresentou na Agrishow a sua plantadora MK PltCana 3000, segundo Eduardo Câmara, da área de vendas da empresa, a plantadora é a mais econômica do
mercado. Realiza em uma só operação
o plantio, adubação, aplicação de inseticida, cobertura dos toletes de cana-deaçúcar e o acamamento dos toletes. “É
tudo que o agricultor precisa em uma só
máquina”, salientou.
A máquina que esteve em testes na
Usina Cerradinho, Catanduva, SP, apre-
Luciana Paiva
Este dispositivo
possilita a
colocação do
tolete em linha
Luciana Paiva
Chip inteligente
da Bridgestone
senta caçamba fechada, com chapas lisas sobre um chassi mega reforçado
com perfis tubulares e sistema de rodagem tipo tandem, que reduz os impactos
provocados pelo solo irregular. Tem dois
tanques de inseticida com capacidade
para 500 litros cada, localizados nas laterais; um tanque de adubo líquido frontal
com capacidade de 1200 litros. Eduardo resslata que um grande diferencial da
MK PltCana 3000 é que coloca a muda
da cana em linha no sulco, não joga tudo
de uma vez. Outra vantagem é compacta,
facilitando o trabalho em menores áreas.
Chip inteligente – na Agrishow
2011, a Bridgestone por meio da sua
marca Firestone, apresentou um chip inteligente, acoplado a cada pneu que, por
meio de radiofrequência, fornece uma
série de informações, como identificação numérica, marca, modelo, dimen-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 77
Motomecanização
são, ciclo de vida e desenho de reforma
do pneu.“Com o chip, o frotista tem um
raio-x completo do pneu e tem acesso
à informações que, a olho nu, são muito trabalhosas de se identificar. Combinado com outras soluções em software
que a Bridgestone já possui, como o Profleet®, o DAPM® e o Survey®, o frotista
faz a gestão da frota de maneira fácil e
eficiente”, afirmou Ricardo Drygalla, gerente de marketing da Bridgestone. A tecnologia é composta por um chip e uma
leitora que recebe dados via radiofrequência e os transmite para outro periférico
portátil via Bluetooth, organizando-os em
um banco de dados. Considerando uma
frota de 500 pneus montados, o investimento inicial da solução é de, aproximadamente, R$ 10 mil.
O chip é fixado no pneu por meio
da vulcanização química, um processo
Divulgação
ZF - Eixo AS-3065
proporciona melhor
contato com o solo
que permite a perfeita
união de componentes de borracha em
temperatura ambiente, fazendo com que
as partes fiquem permanentemente unidas. Tudo isso sem
Multicultivador
ter que desmontar
da Agrimec
nada. Resistente às
situações agressivas de uso, como alta
temperatura e choques contra obstáculos, o chip também permanece ativo no
pneu mesmo nos processos de recapagem, o que evita custos secundários.
Eixo dianteiro AS-3065 – A ZF também aproveitou a Agrishow para mostrar suas novidades, com destaque para
a o eixo dianteiro AS-3065, desenvolvido pela empresa especificamente para
aplicação canavieira. O eixo proporciona melhor contato
com o solo e garante elevado nível
de conforto e segurança na condução do trator. Com
as mesmas características técnicas
peculiares à família AS-3000, o eixo
78 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
AS-3065 possui bitola de três metros e é
destinado a tratores com potência de até
185 cavalos. Por ter uma maior extensão,
permite que o trator seja adequado à distância entre uma trilha e outra nos canaviais e evite que as rodas passem na área
de plantio, mantendo o espaçamento ideal entre as fileiras de cana, o que aumenta a produtividade.
Multicultivador e Pulverizador Canavieiro sob Palha – a Agrimec, de Santa
Maria, RS apresentou aos canavicultores
o Multicultivador e Pulverizador Canavieiro sob Palha, recomendado na pós-colheita da lavoura canavieira. Ele executa
quatro operações simultâneas: subsolagem, adubação e pulverização abaixo da
camada de palha, bem como o enleiramento da mesma ao devolver a palha ao
solo. Os outros lançamentos apresentados pela Agrimec na Agrishow foram o
Caio Campanhão
Canavieiro Rodotrem
produzido pela Guerra
Cultivador Quebra-Lombo com Aplicador de Herbicida o Recolhedor de Fardos
Cilíndricos de Feno RFC 1500 e a Capinadeira Rotativa de Lâminas Helicoidais
Rotacarp.
Canavieiro Rodotrem – a Guerra, fa-
o Gerente de Engenharia do produto,
Sérgio Correa, o Canavieiro Rodotrem
tem maior capacidade de cubagem
(que aumentou de
90 m³ para 94,5 m³
em cada reboque e redução significativa
na tara. Outra mudança foi feita na suspensão, onde foi colocada uma mola progressiva que apresenta duas flexibilida-
bricante de implementos rodoviários, foi outra
empresa que aproveitou
a Feira para apresentar novidades. Desta
vez, um dos destaques ficou com o Canavieiro Rodotrem, que apresenta diferenciais em seu design. De acordo com
Caio Campanhão
Getulio Guglielmi,
diretor da Bastiani
des, uma para quando os reboques estão
cheios e outra para quando estão vazios,
o que diminui muito o desgaste do produto. O Rodotrem Canavieiro foi submetido
a um remodelamento total com aumento de 10% na capacidade volumétrica,
graças a mudanças criativas no design
da caixa de carga, e ganhos em tara de
2.520 Kg no conjunto, em relação ao modelo anterior. As mudanças são resultado de pesquisas de mercado e sugestões
de clientes e se refletiram em aperfeiçoamentos que atingiram todas as famílias
de semirreboques Guerra.
Niveladora de Solo Grade Plaina –
Vinda diretamente do Rio Grande do Sul,
a Bastiani implementos agrícolas participou da Agrishow com uma novidade para
o setor canavieiro. Trata-se da Niveladora
de Solo Grade Plaina, aprovada por David
Cox, da Davicom, que visitou o estande
da empresa na feira. Os detalhes da máquina podem ser vistos no site da empresa, www.bastiani.com.br
Alongadores de Eixo para canade-açúcar – os destaques da Marini foram os Alongadores de Eixo para canade-açúcar, os Kits Rodado Duplo com
Engate Rápido, e também a linha de aros
estreitos para pulverização. Os alongadores de Eixo Marini possibilitam aumento
de produtividade através da readequação
do trator às linhas de cultivo, evitando
que o trator passe sobre as linhas que
estão sendo cultivadas ou aumentando
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 79
Motomecanização
do Oswaldo Schmitt, diretor-executivo da
Lapônia Sudeste, concessionária autorizada Volvo, as vendas do FMX 6x4 para
o setor sucroenergético e para os frotistas que prestam serviço às usinas estão
muito aquecidas. O caminhão apresenta motor eletrônico com 420cv de potência, que arrasta com eficiência a compo-
Luciana Paiva
para três; O trator trabalha na mesma largura do transbordo, fazendo com que a
máquina não amasse a soca, ou seja, a
linha de rebrota da cana-de-açúcar.
Caminhão canavieiro – entre os
destaques da Volvo estava o caminhão
modelo FMX 6x4 que incorpora vários
itens necessários a um caminhão que
opera no transporte de cana-deaçúcar. Segun-
Na área canavieira
um dos destaques
da Baldan na
Agrishow 2011 foi
o transbordo TSB
12600, sobre caminhão
com 36 metros de
comprimento, para
abastecer plantadoras
de cana e também
pode ser utilizado no
período de safra
Já de olho na
utilização da palha
da cana para
a produção de
energia, a Baldan
apresentou na
Agrishow o protótipo
de sua Empilhadora
de fardos que irá
agilizar o trabalho.
Logo o produto
estará no mercado
80 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Luciana Paiva
Luciana Paiva
a distância entre o pneu e a planta. Segundo representante da empresa, no cultivo da cana-de-açúcar os Alongadores
de Eixo Marini são essenciais pois possibilitam que o trator obtenha uma largura igual à do transbordo (geralmente de
2,80 à 3,00 metros), e com isso não passe sobre a linha da rebrota, aumentando
sua produtividade. Resultam no aumento
de até 20% da produtividade O número de
linhas cultivadas por vez passa de duas
Alongadores de Eixo para
cana-de-açúcar e os Kits
Rodado Duplo com Engate
Rápido estavam entre os
destaques da Marini
sição (um caminhão rígido arrastando
mais dois semi-reboques). Mesmo nos
trechos de aclive é possível parar e arrancar com o veículo carregado, tal é o
desempenho do seu engenho propulsor.
Um computador de bordo monitora diversas funções do caminhão e possibilita
sempre uma checagem para verificar se
há algum tipo de falha no veículo.
Para os trechos de descida, o sistema de freio motor VEB, utilizado pelos
caminhões da marca, chega a desenvolver 390cv de potência no segundo estágio para segurar o bruto na descida. O
equipamento, com botão no painel, é eficiente e transmite segurança, além de
evitar o aquecimento e desgaste das lonas de freio. A caixa de marchas é a SR
1900 Volvo, de 12 marchas (6+6) e
duas crawler, cujos engates não exigem
nenhum esforço. Esses são alguns dos
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 81
Motomecanização
Jean-Sébastian e a enfardadora criada para transportar palha de cana
N
esta edição da Agrishow, a Kuhn do Brasil trouxe a
enfardadora LSB 1290, criada para atender especificamente a palhada de cana-de-açúcar, visando a produção, alimentação animal, mas, principalmente, a produção
de energia que pode ser gerada através da palha. O francês
Jean-Sébastian Salaud, gerente de produtos da Kuhn, conta
que sua primeira experiência com palha da cana-de-açúcar
foi durante as aulas que recebeu do professor Tomás Caetano Rípoli, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq), em Piracicaba, SP. “Ele vivia falando sobre a potencialidade do palhiço, sobre seu recolhimento, sobre a produção de energia”, relembra Jean-Sébastian.
Depois de estudar na Esalq, o jovem francês atuou na
Açúcar Guarani (atual Guarani S.A), mas foi na Kuhn que
pode pensar e desenvolver esta enfardadora de fardo quadrado. De acordo com Jean-Sébastian, a máquina é a primeira do mundo a aproveitar corretamente a energia proveniente
da palha da cana deixada na lavoura. O novo sistema expande as possibilidades de produção de energia e aumento de
renda nos canaviais. A grande vantagem da máquina, segundo ele, é que proporciona uma alta densidade dentro do fardo, em torno de 180Kg/m³. “Um dos problemas para o transporte da palha da cana é ser muito leve. A ideia é colocar no
fardo o maior peso em um menor volume possível. Dentro do
processo em campo, a palha é compactada, visando reduzir
seu custo logístico. Esse fardo pesará em torno de 440 quilos”, afirma. Ele acrescenta também que um dos diferenciais
da máquina é a alta densidade do fardo, além de um siste-
82 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
ma de rotor que permite trabalhar em condições adversas. O
sistema destrói os restos de cana e ponteiras que podem ser
fontes de pragas e doenças no campo. Após esse procedimento, um caminhão leva o fardo à usina. Esse fardo é então desmanchado e a palha, repicada. Essa palha é misturada ao bagaço.
Jean-Sébastian disse que o Brasil é a maior fonte de
biomassa no mundo. A população cresce cada vez mais e a
necessidade de energia renovável aumenta. “Cada tonelada
de cana colhida tem em torno de 140 quilos de palha, ou seja,
pode-se produzir hoje, com a palhada de cana, de 60% a 70%
de energia que a Usina Hidrelétrica de Itaipu produz”, salienta. De acordo com estudos realizados pela Kuhn, um hectare de cana pode produzir 24% de etanol, 37% de energia elétrica a partir do bagaço e 39% de energia com uso da palha,
porcentagem que não é utilizada atualmente pela grande indústria. O Gerente de produtos observa que hoje, a conservação total da palha da cana no campo é um problema agronômico, já que contribui para o desenvolvimento das pragas
e prejudica a eficiência de diversos tratos culturais. Assim, a
retirada parcial da palhada que será destinada à produção de
energia, vai gerar ganhos agronômicos e financeiros. O setor canavieiro oferece ao mercado o açúcar etanol e cada
vez mais energia. Dentro de todo esse processo, acreditamos que a energia se tornará o principal produto dos produtores de cana. E o bagaço e a palha serão as maiores fontes
de biomassa para a produção de energia e o atendimento às
diversas cidades brasileiras.
Luciana Paiva
Luciana Paiva
Enfardadora personalizada para a palhada da cana
A Kuhn também disponibiliza esse resistente fio que amarra os fardos
Luciana Paiva
Edno Bonando
Filho, Oswaldo
Schmitt e o FMX
6x4 o Volvo
Canavieiro
itens que fazem do FMX 6x4 um sucesso nos canaviais. Edno Bonando Filho,
gerente da Lapônia, disse que a Volvo
tem um excelente relacionamento com
os integrantes do Gmec e sempre procura atender suas sugestões para deixar o
produto mais próximo das necessidades
da lavoura canavieira.
É essa interação entre as fabricantes e profissionais sucroenergéticos que
está produzindo a tecnologia agrícola canavieira e, assim, cada vez mais, teremos
motivos para visitar a Agrishow.
Luciana Paiva
Fornecedor de cana
da região de Jaú, SP,
conferindo a colhedora A
4000 da Case IH: “É muito
bom visitar a Agrishow”
http://gmec.locaweb.com.br
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 83
84 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 85
Espaço Fitotécnico
Luciana Paiva
É fundamental controlar
as plantas daninhas nos
canaviais para reduzir perdas
Controle de plantas daninhas
em cana-de-açúcar
O 10º Herbishow apresentou casos de sucesso, técnicas e manejos
para o controle eficiente de plantas daninhas nos canaviais
A
interação da cana-de-açúcar com
plantas daninhas é uma das causas mais frequentes na interferência do crescimento e na produtividade dessa cultura. As plantas daninhas
provocam problemas que chegam a elevar em até 30% o custo de produção da
cana-de-açúcar. A presença das plantas
daninhas provoca perdas de até 85% no
peso dos colmos das plantas e redução
de 15% na produção. A sua interferência
é mais crítica quando ocorrem durante as
primeiras etapas de desenvolvimento da
cana, sobretudo na germinação da cana-planta ou da soqueira. Existem aproximadamente mil espécies de plantas daninhas espalhadas pelos canaviais em todo
o mundo. Algumas delas se destacam
pela ocorrência e pela severidade dos danos que causam. As principais espécies
de plantas daninhas que atuam nos cana-
86 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
viais são: corda-de-viola capim-marmelada, capim-carrapicho e capim-colchão.
E controlar essas invasoras não é
fácil, mas informações corretas, manejo e produtos adequados ajudam muito o
controle de plantas daninhas. É para isso
que acontece o Seminário Nacional Sobre Controle de Plantas Daninhas na Cultura da Cana-de-Açúcar, o Herbishow. O
evento, já em sua 10ª edição, aconteceu
entre os dias 18 e 19 de maio, no Centro
de Convenções de Ribeirão Preto, no interior paulista. Com o objetivo de apresentar as novidades e casos de sucesso
com relação ao uso de herbicidas nas lavouras de cana-de-açúcar, o evento contou com a participação de profissionais
de renome de empresas e unidades produtoras para retratar suas experiências
sobre o assunto e, assim disseminar formas para o controle das plantas daninhas
nos canaviais.
Para ter sucesso no controle de
plantas daninhas é preciso muito conhecimento e experiência adquirida em
cada situação agroclimática, de modo a
agir no momento certo com os produtos
corretos. Foi sobre isso que o engenheiro agrônomo Rubens Coury falou no 10º
Herbishow. Rubens, com sua sabedoria
de 35 safras, abordou a quebra de paradigmas no controle das principais plantas invasoras até contrariando certas recomendações e cuidados no tratamento
das áreas muito infestadas. Destacou as
segundas aplicações de produtos que
deverão ser feitas após criterioso monitoramento das áreas, e comportamento de
plantas daninhas sob o clima do CentroOeste, onde as mesmas são muito mais
agressivas devido à força climática na
primavera e no verão. Rubens também
Caio Campanhão
Casa cheia
para conferir
as novidades
do Herbishow
diz Dib, completando que a maior parte
dos casos de sucesso e de redução de
custos nas aplicações de herbicidas se
relaciona com a qualidade da aplicação e
de todos os fatores que a envolvem, desde a escolha adequada das pontas, regulagens dos equipamentos, espectro
de gotas etc, tudo isso relacionado com
as condições climáticas (umidade do ar,
Caio Campanhão
apresentou um histórico de bons resultados e alertas contra erros comuns na
utilização de herbicidas nas áreas onde a
cana é colhida na palha. Também explicou como se deve dimensionar os equipamentos para realizar um satisfatório e
econômico controle de plantas daninhas,
incluindo informações muito úteis sobre
a catação das ervas infestantes.
Máquinas e equipamentos agrícolas de pulverização – segundo Dib Nunes Jr, presidente do Grupo Idea, consultoria que realiza o evento, a maior parte
dos profissionais que trabalha com defensivos só conhece superficialmente o
funcionamento das máquinas e equipamentos agrícolas de pulverização. “Esta
é uma das áreas que mais evoluiu ultimamente, sendo que a qualidade da aplicação é tão importante quanto à escolha
correta dos herbicidas e suas misturas”,
taxa de evaporação, ventos e temperatura) predominantes.
“Embora pareça muito simples,
hoje uma aplicação correta de herbicidas é uma verdadeira obra de engenharia. Para se atingir determinadas plantas
daninhas cujo comportamento no solo
se diferencia em função do tipo de colheita realizada, do tamanho da cana e
da intensidade de infestação e do tamanho da planta daninha, o uso correto dos
equipamentos de pulverização, mesmo
os costais de catação, é de fundamental importância”, disse Dib. Em decorrência da importância do tema, o professor da Universidade Estadual do Paraná,
Marco Antônio Gandolfo, ministrou a palestra: “Dicas para Melhor Uso da Tecnologia de Aplicação de Herbicidas”, abor-
Dib Nunes:
“Público do
evento é formado
basicamente por
jovens buscando
atualizar seus
conhecimentos”
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 87
Espaço Fitotécnico
em cada caso de acordo com o acompanhamento das áreas e o período do ano.
Os resultados dessas experiências de sucesso no controle químico e a influencia
da palha deixada em cobertura na lavoura, foram apresentados na palestra: “Es-
Luciana Paiva
dando quais são os erros mais comuns
de calibração e preparação das caldas e
como devemos proceder para corrigi-los.
Salientando que a aplicação bem feita depende muito mais de conhecimentos do
que de investimentos.
O Capim-carrapicho - Cenchrus echinatus está entre as
principais plantas daninhas da cultura da cana-de-açúcar
Controle de plantas daninhas em
áreas de cana crua – a amplitude térmica das queimadas dificulta a germinação das sementes de plantas daninhas,
no entanto, a prática da queima da cana
está cada vez mais reduzida e serão legalmente abolidas. Essa nova realidade
desenvolve um ambiente propício para o
surgimento de outras espécies de plantas daninhas e demanda o desenvolvimento de novos métodos de controle.
A usina São Martinho é uma das pioneiras em colheita mecanizada de cana sem
queimar, perfazendo hoje quase 100% de
sua matéria-prima industrializada na condição de cana crua. Esta empresa desenvolveu, com o passar dos anos, modelos
de controles integrados de plantas daninhas que se utiliza de vários métodos e
técnicas importantes para controlar o largo espectro de plantas nas populações
infestantes nesta que é a maior usina do
Brasil. As plantas daninhas anuais e as
perenes recebem tratamento especifico
88 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
tratégia para Gerenciamento do Controle
de Plantas Daninhas em Canaviais Colhidos Sem Queima Prévia”, proferida pelo
engenheiro agrônomo Edson Baldan Junior, do Grupo São Martinho.
Principais Plantas Daninhas da
Cultura da Cana-de-Açúcar – o engenheiro agrônomo Harri Lorenzi, do Instituto Plantarum, autor do “Manual de
Identificação e Controle de Plantas Daninhas”, um dos livros mais vendidos aos
engenheiros agrônomos que trabalham
na defesa fitossanitária: ministrou a palestra: “Principais Plantas Daninhas da
Cultura da Cana-de-Açúcar: Ciclo de Vida
e Identificação”; ressaltou que é fundamental conhecer todas as fases de desenvolvimento das plantas daninhas para
combatê-las em suas fases mais vulneráveis. Saber como se dá sua propagação é também uma das formas de se
realizar um combate preventivo e a desinfestação. E a identificação das espécies ao nascer proporciona ao técnico
vantagens no momento em que a planta daninha é mais suscetível. Quantas sementes produz uma gramínea em seu ciclo de vida banco de semente)? Qual é a
vida útil destas sementes no solo?Qual é
a sua capacidade germinativa e suas reservas? São plantas com raízes superficiais ou profundas? Estas e outras questões foram respondidas por Harri Lorenzi.
Temas variados – o Herbishow
ainda discorreu sobre os seguintes temas: “Comportamento de Herbicidas na
Cana-Soca Crua, palestra ministrada pela
professora da Unesp de Jaboticabal, Núbia Correia, pelo engenheiro agrônomo
da Usina Cerradinho, Lucas André Lopes
e pelo engenheiro agrônomo da Syngenta, Benedito Braz; “Perdas por Deriva nas
Pulverizações: Como Reduzí-las?, proferida pelo professor Edvaldo Velini, da
Unesp de Botucatu; “Fatores Ambientais
e Agronômicos que Afetam a Recomendação de Herbicidas; Experimentação e
Aplicação Sequencial de Herbicidas em
Cana”, abordado por Pedro Jacob Christoffoleti, da Esalq/USP.
Além dos temas técnicos, houve
uma palestra motivacional do professor
de Economia do Instituto Moura Lacerda, Vicente Golfeto. Falando principalmente sobre trabalho, ele levou o público às
gargalhadas por diversas vezes contando
histórias e citando exemplos para reflexão.
Objetivo – mais uma vez o Herbishow foi sucesso de público e de qualidade de informações. De acordo com o
coordenador do evento, Dib Nunes Jr., o
objetivo é trazer todas as novidades utilizadas pelos profissionais nos últimos
anos e mostrar casos de sucesso. “Este
é um evento bastante prático, voltado
para os profissionais das usinas e produtores de cana. Todos eles recebem informações suficientes sobre práticas adotas que geram resultado. O objetivo então
é mostrar casos que deram resultado no
controle de plantas daninhas”, explicou.
Sobre o público, Dib afirmou que foi
Caio Campanhão
principalmente composto por jovens, que
ingressaram a pouco tempo no setor e
buscam informações e atualização de conhecimento. “São profissionais que já têm
alguma experiência no trabalho de defesa
fitossanitária da cultura, entretanto buscam informação e vem para evento para
trocar informações e fazer um network
com pessoas da mesma área”, disse.
Aprovação – O público presente no
evento aprovou as palestras apresentadas. É o caso de Jaidenilson Lima, engenheiro agrônomo da Energética Serranópolis, da cidade de Serranópolis, GO. “É
um evento de suma importância para nós
do setor sucroenergético, já que traz tecnologias e conhecimento para novas tendências de mercado, tanto em aplicação
quanto com relação a seus benefícios”,
afirmou. Também profissional da Energética Serranópolis, Antonio Acioly concor-
Antonio Acioly, Jaidenilson de Lima
(Energética Serranópolis) e José Roberto
da Silva (Agropecuária Jayoro): de longe
para conferir as novas tecnologias
da. “É um excelente evento para aprimorarmos nosso conhecimento”.
Ténico agrícola da Agropecuária
Jayoro, do Estado do Amazonas, José
Roberto da Silva também destacou as
novidades mostradas no Herbishow. “O
evento foi muito bom. É importante adquirir novos conhecimentos e conhecer
novas tecnologias, e foi isso que o evento trouxe”, afirmou.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 89
Espaço Fitotécnico
Cana ganha aliado no controle
das plantas daninhas
Lançado herbicida para uso em época de seca na cultura da cana-de-açúcar,
com efeito residual prolongado e que controla com apenas uma
aplicação as principais ervas daninhas de folhas largas e estreitas
Teste com Front na Região de Araçatuba, SP – Plantas daninhas: capim-colchão e corda de viola
Luciana Paiva
I
magine o quadro: agora em junho,
você colhe a cana, logo após aplica um herbicida. Em julho, chove.
O que é muito bom para a brotação da
cana, mas, por outro lado, desperta as
sementes das plantas daninhas que estão no solo. No entanto, aquele herbicida
que você havia aplicado, com a chuva, é
acionado inibindo a brotação do mato. As
chuvas param e só voltam no final de setembro, na primavera, dessa vez mais intensas e constantes. Uma maravilha para
90 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
a cana e, também, para o colchão de sementes das plantas daninhas. Mas, aquele herbicida que você havia aplicado em
junho é reativado e, com isso, nada do
mato nascer. Coisa boa, hein? E para deixar esse quadro ainda mais perfeito, esse
herbicida, além do efeito residual prolongado, controla com apenas uma aplicação em pré-emergência as principais ervas daninhas de folhas largas e estreitas.
Para a DuPont Produtos Agrícolas
esse quadro descrito já é perfeitamente possível. A empresa lançou no último mês de maio, em Ribeirão Preto, SP,
o Front, um herbicida para uso em época de seca nas lavouras de cana-de-açúcar (cana soca-seca). De acordo com o
diretor de marketing da DuPont, o engenheiro agrônomo Marcelo Okamura, além
de agir sobre as chamadas ‘ervas-problema’ com apenas uma aplicação em
pré-emergência, o novo Front permite
às empresas otimizar recursos em busca do máximo potencial produtivo para a
cana-de-açúcar.
Fugir da aplicação na época das
chuvas – o uso de herbicidas na cana-de-açúcar visa a impedir que essas
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 91
Espaço Fitotécnico
Teste com Front na Região do Triângulo mineiro – planta daninha- corda de viola
plantas ‘concorram’ com a cultura no
aproveitamento de água e nutrientes do
solo e, assim, interfiram negativamente na produtividade. Porém, diz Okamura, as usinas sempre enfrentaram entraves para aplicar herbicida em época que
chove pouco. “Não é, em suma, a época ideal. Já na estação das chuvas, além
de preocuparem-se em conter os altos índices de emergência de plantas-daninhas,
essas empresas necessitam liberar recursos representativos para outras operações
agrícolas”, afirma Okamura. “Front foi de-
senvolvido, portanto, para que o produtor
antecipe o controle de ervas para a época seca. O produto apresenta efeito residual prolongado, pode ser utilizado tanto
no solo quanto na palha e resulta em excelente relação custo-benefício”, resume.
Ainda segundo o executivo, Front
conta com características exclusivas que
eliminam a demanda por outros herbicidas no programa de controle de plantas-daninhas da cana soca-seca. Já nos
tratamentos convencionais, até hoje realizados na época de chuvas, as empre-
Teste com Front no Mato Grosso – planta daninha: capim camalote
92 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
sas têm de aplicar mais de um produto
ou princípio ativo no enfrentamento da
‘matocompetição’.
“Front faz com que a usina empregue um único produto e realize única
aplicação’”, reforça Okamura. Ele ressalta também que o novo herbicida é altamente eficiente sobre um amplo espectro
de ervas, entre as quais a corda-de-viola,
o complexo de digitárias, as brachiárias e
o capim-colonião, entre outras.
Manoel Pedrosa, gerente de marketing da área de cana-de-açúcar da
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 93
Espaço Fitotécnico
passado, a empresa movimentou US$
435 milhões no segmento, com alta de
15% em relação a 2010. Para este ano,
a meta é a de aumentar o resultado entre
10% e 15% (para em torno de US$ 500
milhões), em sintonia com a margem de
crescimento projetada pelo Sindag para o
mercado nacional de agroquímicos.
Marcelo Okamura: a DuPont amplia
o foco no setor de cana-de-açúcar
DuPont, disse que o efeito residual do
produto dura em torno de 150 dias, a
aplicação é igual as convencionais, assim como o volume de calda que o produtor está acostumado a utilizar em suas
aplicações habituais.
Ser líder no segmento cana – o
novo produto constitui o segundo lança-
Teste com Front na Região de Pereira
Barreto, SP – plantas daninhas:
fedegoso, guanxuma e mamona
94 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Teste com Front na Região Nordeste
- Alagoas – plantas daninhas: leiteiro,
mão de sapo e melão de São Caetano
mento apresentado à cadeia sucroenergética pela empresa num período inferior a dois anos – entre 2009 e 2010, a
DuPont anunciou o inseticida Altacor™,
empregado no controle da broca da cana
e de outros insetos-pragas, inclusive a
broca gigante. Okamura salientou que a
meta da DuPont é, nos próximos cinco
anos, assumir a liderança no segmento
cana e, para isso, a empresa aumentou
seu foco na cultura canavieira e prepara
mais novidades.
Os números do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa
Agrícola (Sindag) apontam que as vendas totais de agroquímicos em cana-deaçúcar totalizaram US$ 703 milhões em
2010, com elevação de 30%. Já no segmento de herbicidas para a cultura a alta
foi de quase 17% - saltou de US$ 407 milhões em 2009 para US$ 476 milhões em
2010. O setor sucroenergético responde
por entre 15% e 20% dos negócios da
DuPont na área de agroquímicos. No ano
Teste com Front no Paraná – plantas daninhas:
braquiaria, corda de viola, caruru
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 95
Arquivo
Canavial bem nutrido aumenta bastante
a chance de maior produtividade
Nutrição de canaviais exige
soluções diferenciadas
O uso de matéria orgânica, a palha deixada no campo, a aplicação
de micronutrientes e até mesmo a qualidade dos produtos
utilizados podem interferir nos resultados gerados pela adubação
Renato Anselmi
A
nutrição de canaviais não está associada à aplicação de uma fórmula única e ideal para correção
do solo e adubação de canaviais. Depende de vários fatores. Além da análise do solo, características de cada área,
variedades utilizadas - entre outros itens
-, é necessário considerar alguns aspectos que podem interferir, por exemplo, na
aplicação de NPK (Nitrogênio, Fósforo e
Potássio), como o uso de adubação verde e orgânica, a palhada deixada no campo e até mesmo a Fixação Biológica de
Nitrogênio (FBN). O uso de micronutrientes é outra variável que faz parte desta
equação. A obtenção de bons resultados,
visando a nutrição dos canaviais, está ligada à adoção de soluções adequadas
para cada situação.
O primeiro passo requer atenção às
96 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
práticas corretivas do solo que têm a finalidade de diminuir a acidez e os altos
teores de alumínio trocável, tanto na camada superficial, como subsuperficial
do solo, por meio da calagem e da gessagem, conforme explica o engenheiro agrônomo Julio Cesar Garcia, pesquisador do Centro de Cana do Instituto
Agronômico (IAC). Segundo ele, outros
procedimentos corretivos, como a fosfatagem e a potassagem, têm como principal objetivo minimizar a deficiência de
fósforo e potássio no solo. “Corrigidos
quimicamente, os solos propiciam grande potencial agrícola, elevando a produtividade do canavial”, ressalta.
Julio Garcia destaca que o gesso
agrícola tem sido muito utilizado em unidades sucroenergéticas, que apresentam
resultado da análise do solo com altos teores de alumínio e baixos teores de cálcio
na camada de 20-40 cm. De acordo com
ele, a gessagem é benéfica para a maioria das culturas, ajudando a elevar a produtividade, pois fornece cálcio e enxofre, auxilia na correção de solos sódicos,
neutraliza o alumínio tóxico em subsuperficie, além de melhorar o ambiente radicular da cultura, propiciando maior resistência a veranicos.
Vinhaça, palha - “A utilização de
adubação verde e orgânica pode não somente reduzir, como também substituir
totalmente, a adubação mineral ou química dos canaviais”, afirma Julio Garcia.
Após a realização de estudos sobre os
efeitos da adubação orgânica, com o uso
de esterco de galinha e esterco de curral,
o pesquisador do IAC verificou que a produtividade do canavial foi similar à aplicação de adubação química com cloreto
de potássio, superfosfato simples e sulfato de amônio, em ciclo de cana planta e
primeira soqueira.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 97
Arquivo
Tecnologia Agrícola
“O gesso agrícola
tem sido muito
utilizado em unidades
sucroenergéticas” diz
Julio Garcia
98 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Nas usinas, a utilização da
compostagem de torta de filtro
substitui a adubação fosfatada
Arquivo
“Nas usinas, a utilização da compostagem de torta de filtro substitui a
adubação fosfatada e a vinhaça substitui
a adubação potássica”, afirma. Em relação ao uso de adubos verdes, ele observa que a incorporação de massa verde
em áreas cultivadas com crotalária, pode
ocorrer um retorno ao solo de aproximadamente 250 quilos de nitrogênio por
hectare.
A maior quantidade de palha no
campo, decorrente do aumento da colheita crua, tem interferido na disponibilidade de nitrogênio nas lavouras de cana-de-açúcar. O agrônomo Julio Garcia
explica que pode haver um aumento da
demanda deste nutriente no inicio do sistema de colheita de cana crua, pois os
microorganismos que irão decompor o
material orgânico necessitam de maior
quantidade de nitrogênio para o metabolismo de degradação da palhada.
“Existe, entretanto, uma tendência
de aumento e estabilização da matéria or-
gânica no solo com
o passar dos ciclos, podendo ocorrer uma diminuição
dos níveis de adubação nitrogenada devido ao fornecimento de N pela
matéria orgânica”,
esclarece.
Outro aspecto
que pode alterar a
adubação química é
a Fixação Biológica
de Nitrogênio (FBN). “De forma geral, o
principal fator relacionado na resposta da
cana-de-açúcar à fixação biológica esta
ligado às diferenças varietais. Nota-se
que uma variedade possui maior capacidade de FBN em relação à outra”, afirma.
Práticas corretas - A otimização
da adubação mineral e orgânica exige a
adoção de diversas práticas de manejo,
como uma amostragem de solo bem feita, análise da amostra em laboratório idôneo, correta aferição e regulagem dos implementos que irão distribuir os insumos
na área de plantio, utilização da agricultura de precisão e utilização de adubos
formulados voltados para a cultura em
questão - no caso, a cana-de-açúcar -,
segundo o pesquisador do Instituto Agronômico. É necessário seguir também as
recomendações referentes a quantidades
corretas, formas e épocas de aplicação.
“O produtor deve sempre levar em conta
a assistência de um profissional da área”,
enfatiza
Para fornecer subsídios referentes a calibrações de adubação com macro e micronutrientes, pesquisadores do
Centro de Cana do IAC, do Polo CentroSul e do Polo Regional do Extremo Oeste
desenvolvem diversas pesquisas na área
de nutrição de cana-de-açúcar, conforme
informações de Julio Garcia.
Os pesquisadores realizam estudos
relacionados à Fixação Biológica de Nitrogênio e a fontes alternativas na nutrição e fertilização do canavial, entre ou-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 99
“As unidades produtoras de
açúcar e etanol perceberam
que vale a pena investir na
utilização de micronutrientes”,
salienta Diego Lopes Funai
tros trabalhos Julio Garcia destaca que
as plantas necessitam também dos micronutrientes para completar seu ciclo
de vida. A ausência de qualquer elemento, seja macro ou micro, poderá afetar de
maneira significativa o desenvolvimento
e consequentemente a produtividade de
uma cultura. “De forma geral, solos cultivados com a cultura da cana-de-açúcar têm apresentado maiores respostas
a aplicação de cobre e zinco”, revela. Ele
observa que as antigas áreas de pastagens degradadas, que estão sendo utilizadas para o plantio de cana, têm mais
chances de apresentar deficiências de
macro e micronutrientes.
100 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Arquivo
Tecnologia Agrícola
Micronutrientes - “Antigamente,
os investimentos eram voltados somente
para a aplicação de herbicidas e de NPK
em cobertura e nas soqueiras. Hoje, a situação é diferente: as unidades produtoras de açúcar e etanol perceberam que
vale a pena investir na utilização de micronutrientes na cultura da cana-de-açúcar por causa dos resultados expressivos
e lucrativos”. Quem afirma isto é o engenheiro agrônomo Diego Lopes Funai, da
área de Pesquisa & Desenvolvimento –
Cana-de-Açúcar, da Agrichem.
Segundo ele, a expectativa da empresa para a safra 2011/2012 é que os
fertilizantes para a cana-de-açúcar tenham um crescimento de 30% nas vendas em relação à safra passada. Além da
melhoria das condições financeiras de
usinas e destilarias, os benefícios proporcionados pelos micronutrientes são
responsáveis pelas projeções positivas.
“Promovem ganhos de produtividade e
ATR e aumentam a longevidade do canavial”, resume.
Diego Funai observa que os produtos da Agrichem possuem a vantagem de
Arquivo
Teste com produto da Agrichem
eliminar os custos com aplicação. “Por
serem líquidos e com altas concentrações, podem ser aplicados em conjunto com outras operações, sem causarem
incompatibilidade com outros produtos.
Para que ocorra a otimização no uso dos
micronutrientes, a empresa trabalha para
que seus produtos tenham grande qualidade e possam ser misturados com in-
seticidas, fungicidas, nematicidas, herbicidas e com os outros produtos da linha
sem que haja problemas de alteração de
pH, decantação dos produtos e entupimento de bicos”, esclarece.
A utilização de micronutrientes
deve ser feita de acordo com a necessidade de cada canavial, que é verificada
após a realização de análise completa do
solo. “Mas, não teremos uma resposta
significativa, mesmo usando os micronutrientes da melhor qualidade, se no canavial não for feita uma correção de solo ou
uma adubação de base adequada. Devemos sempre buscar o equilíbrio do solo,
com todos os nutrientes em doses adequadas e disponíveis para o crescimento
e desenvolvimento do canavial”, orienta.
Na hora de adquirir micronutrientes, o consumidor deve se atentar –
orienta Diego Funai - principalmente para
a qualidade da matéria-prima, o tamanho
das partículas, a condutividade elétrica,
o pH e a composição destes produtos.
A Agrichem possui uma linha de produtos com todos os micronutrientes na forma líquida e de alta concentração. De
acordo com o agrônomo, as pesquisas
e práticas de campo da empresa apontam que zinco, cobre e manganês são os
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 101
Luciana Paiva
Tecnologia Agrícola
O CanaMicros foi desenvolvido pela Produquímica para
equilibrar o metabolismo e favorecer as defesas da planta
micronutrientes mais exigidos pela planta e que não são frequentemente repostos nos canaviais.
“A utilização dos produtos Agrichem vem proporcionando na cultura
da cana-de-açúcar melhor brotação das
gemas, melhor desenvolvimento inicial,
maior número de perfilhos, maturação
uniforme com ganhos de ATR e aumento
de produtividade”, afirma.
Mais investimentos - Nos dois últimos anos, ocorreu um aumento de investimentos em fertilizantes, principalmente em micronutrientes, enfatiza o
engenheiro agrônomo Fabio Vale, gerente de Nutrição Vegetal - Negócios Sucroalcooleiros, da Produquímica. “Existem empresas que utilizam a tecnologia
em 100% dos canaviais. Diversas usinas
desconhecem os benefícios que podem
ser alcançados com esses produtos”,
diz. Ele observa que o uso de fertilizantes
NPK é um benefício já comprovado pelas unidades sucroenergéticas e produtores, constituindo-se numa prática comum e vital ao processo de produção de
açúcar e etanol.
“O que está se introduzindo agora
são novas tecnologias, como os enraizantes, os fertilizantes de melhor aprovei102 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
tamento, e também os micronutrientes”,
revela. Segundo Fabio Vale, o usuário
precisa sempre lembrar que todo investimento deve ser bem avaliado e que o
resultado dependerá muito do tipo e fertilidade de solo, variedade utilizada, tipo
de produto, doses aplicadas, etc. E ainda é necessário considerar que a canade-açúcar é uma cultura de ciclo longo,
por isso o retorno de investimento nessa área deveria contemplar avaliações a
longo prazo. “Uma aplicação de um insu-
mo no plantio pode ter retorno nos cortes
subsequentes”, ressalta.
Para o gerente da Produquímica
- que fornece fertilizantes NPK, micronutrientes, entre outras opções -, é necessário levar em conta pelo menos três
fatores visando a criação de condições
favoráveis para que ocorra um melhor
aproveitamento dos fertilizantes. Um deles é a interpretação das necessidades
nutricionais da cultura por meio de análises de solo e de folhas. “Deve-se também considerar a importância dos implementos e máquinas para aplicação dos
produtos de forma eficiente e segura.
O terceiro parâmetro está relacionado à
qualidade dos produtos”, afirma.
Fabio Vale destaca que a Produquímica possui uma equipe de desenvolvimento industrial e de campo que
consegue gerar produtos focados nas
necessidades dos clientes. “A Produquímica oferece soluções para a melhor nutrição da cultura da cana-de-açúcar. São
fertilizantes destinados tanto para plantio
como para as soqueiras. Temos produtos para serem aplicados na fase de preparo do solo para plantio, com o objetivo
de corrigir deficiências de nutrientes antes da implantação do canavial”, diz.
Durante a Agrishow, em seu estande, a Produquímica
representou a ação dos micronutrientes no solo
SÃO FRANCISCO
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 103
Gestão de Pessoas
Retomada de investimentos deve gerar
mais 200 mil postos de trabalho
Meta de programa de qualificação da Udop é capacitar 30% da demanda por
mão de obra, em parceria com a Embrapa e a EBA Consultoria Empresarial
Estima-se que sejam necessários, ao menos, mais 200 mil profissionais qualificados par atender o crescimento do setor sucroenergético
Rogério Barros
A
palavra de ordem no setor atualmente é crescimento, ou retomada do desenvolvimento. Depois de
três anos quase parado, o setor sucroenergético volta a se expandir, e precisa,
segundo dados conservadores, de mais
100 usinas nos próximos cinco anos
para atender principalmente à demanda interna de etanol, que cresce a cada
ano com o aumento de veículos equipados com motores flex, os chamados
bicombustíveis.
104 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Para importantes grupos, como o
ETH Bioenergia, com pólos nos Estados
de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás, a demanda de etanol no Brasil deve
dobrar nas próximas cinco safras. O presidente da ETH, José Carlos Grubisich,
destacou no lançamento oficial da safra
2011/12, que o grupo estima “um consumo de etanol no mercado interno de 50
bilhões de litros em 2015, o que representa um acréscimo de cerca de 250 milhões de toneladas de cana à moagem do
setor, que hoje tem cerca de 310 milhões
de toneladas de cana destinadas exclusi-
vamente à fabricação de etanol”.
Se somarmos a esta demanda de
etanol o crescimento do consumo de
açúcar por países emergentes e ainda a
quebra de safra de importantes concorrentes do Brasil na produção de açúcar,
a estimativa de processamento de cana
cresce ainda mais, podendo ultrapassar
em poucos anos a casa de 1 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar processadas
por safra, a fim de atender a demanda.
Mas as projeções não param por
aí. Isso porque, ainda existe uma demanda externa de etanol crescente, aumenta-
da ainda com os problemas envolvendo
a energia nuclear gerados pelo terremoto
seguido de tsunami no Japão.
Toda esta demanda, na visão de
Grubisich, deve gerar algo como 100 novas usinas nos próximos cinco anos, o
que com certeza vai abrir milhares de vagas em todas as áreas demandadas por
uma usina, desde o campo, passando
pela indústria e parte administrativa.
Estima-se que sejam necessários, ao menos, mais 200 mil profissionais qualificados. Se hoje o setor já vive
um problema de apagão de mão de obra,
imagine com a entrada em operação destas novas unidades.
Pensando nisso importantes entidades do setor estão engajadas na grande corrida para suprir esta mão de obra
no curto, médio e longo prazo. Entre estas entidades destaca-se a União dos
Produtores de Bioenergia (Udop), entida-
Segundo Grubisich, a demanda pelos produtos da cana deve gerar algo
como 100 novas usinas nos próximos cinco anos, o que com certeza vai
abrir milhares de vagas em todas as áreas demandadas por uma usina
de com representatividade em sete estados brasileiros e que já qualificou desde
a sua fundação, há 25 anos, mais de 90
Salibe: “cursos
rápidos, com até 40
horas de duração
e realizados no
próprio local
de trabalho do
profissional a ser
qualificado”
mil profissionais para este setor.
Qualifica – Numa parceria inédita com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a EBA –
Consultoria Empresarial, a Udop lançou
no início de maio o Projeto Qualifica, que
visa formar 30%, ou 60 mil profissionais,
para este setor nos próximos anos. “Nossa meta é qualificarmos só em 2011 cerca de 10 mil profissionais, em cursos in
company realizados nas próprias usinas
parceiras”, destaca o presidente executivo da Udop, Antonio Cesar Salibe.
“O Projeto Qualifica, um dos mais
audaciosos do setor, oferece cursos de
aperfeiçoamento nas áreas agrícola e industrial, com a vantagem de se tratar de
cursos rápidos, com até 40 horas de duração e realizados no próprio local de tra-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 105
Gestão de Pessoas
“Não adianta ter tecnologia
se não tiver gerência de
recursos humanos, pessoas
qualificadas que possam
potencializar o uso desta
tecnologia”, diz José Geraldo
balho do profissional a ser qualificado, o
que acaba sendo um importante estímulo
e indutor de melhorias de eficiência crescente dos participantes”, destaca Vanessa Olivieri, coordenadora de treinamento
da Udop.
O Qualifica possui importantes parceiros, como os grupos ETH Bioenergia;
Renuka do Brasil; e Unialco, e as usinas
Da Mata Açúcar e Álcool; e São Fernando
Açúcar e Álcool.
Para Salibe a entidade uniu a ex-
106 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
pertise da Udop, que realiza cursos há mais de duas
décadas e meia, e a qualidade dos cursos da EBA,
reconhecidos no mercado sucroenergético. “Assim, ganhamos um potencial operacional importante,
que atenderá a uma demanda crescente por profissionais qualificados de nossas
associadas”, destaca.
Salibe destaca ainda
que passada a pior fase da crise financeira de 2008, o setor agora precisa retomar
os investimentos e crescer, exponencialmente, nos próximos anos, a fim de atender a demanda de biocombustíveis. Esse
crescimento, por sua vez, vai exigir mais
profissionais qualificados para as novas
unidades e as ampliações de capacidade
de usinas já existentes.
José Geraldo Eugênio de França,
pesquisador da Embrapa, destaca também a importância da parceria para a
consecução do Projeto Qualifica destacando que a expertise da Embrapa no desenvolvimento de novas tecnologias se
agrega agora para a formação profissional também. “A bioenergia será um dos
principais pilares de desenvolvimento do
Brasil e do mundo nos próximos anos e a
Embrapa não poderia deixar de estar forte neste setor. A ideia é aplicarmos depois esta expertise com a parceria com
a Udop em outras regiões”, destaca o
pesquisador.
Para o pesquisador, “uma das
questões principais de qualquer cadeia
produtiva é a tecnologia, mas não adianta ter tecnologia se não tiver gerência de
recursos humanos, pessoas qualificadas que possam potencializar o uso desta tecnologia, daí surgiu a ideia da parceria para a criação do projeto”, argumenta
o representante da Embrapa.
Também acreditando na retomada
dos investimentos em construção de usinas e na ampliação das unidades já existentes, é que a consultoria EBA resolveu
apoiar o projeto. “Imaginamos que poderíamos servir mais o setor, caminhando
com o nome Udop, e assim atingirmos
um número maior de pessoas qualificadas”, finaliza o diretor da EBA Consultoria
Empresarial, Antonio Donizeti de Oliveira.
Maceió recebe I Workshop
Pós-Safra do Setor Sucroenergético
O evento discutiu novas tendências para o setor de açúcar e etanol alagoano,
principalmente no que diz respeito à área de Recursos Humanos
Caio Campanhão
A
cidade de Maceió, no Estado de
Alagoas, recebeu nos dias 12 e
13 de maio, o I Workshop PósSafra do Setor Sucroenergético de Alagoas, que teve apoio da revista CanaMix, organização da 3RH Consultoria e
Associados e patrocínio da Personality Assessoria Empresarial. O evento,
que reuniu cerca de 160 participantes,
teve como objetivo discutir novas tendências para o setor de açúcar e etanol alagoano, principalmente no que diz
respeito à área de Recursos Humanos.
Público compareceu em peso
ao evento e ficou satisfeito
com o alto nível das palestras
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 107
Gestão de Pessoas
A programação do primeiro dia se
iniciou com a palestra de Luis Augusto Bruin, especialista em Direito Trabalhista e Previdenciário, que apresentou
a palestra “Novos Rumos do Sesmt.
Segurança Ocupacional: Questão Estratégica para as Empresas”. Em seguida, foi a vez de André Cordeiro, bacharel em administração de empresas e
advogado trabalhista e previdenciário,
falar sobre “Meio Ambiente do Traba-
Determinado – Vantagens e Desvantagens”. Quem também se apresentou durante o workshop foi o Juiz Federal de Trabalho Alonso Filho, que,
numa palestra bastante descontraída,
falou sobre “Responsabilidade: Um
Caminho de Mão Dupla para a Nossa
Sustentabilidade”.
Na parte da tarde, o evento teve
prosseguimento com palestra ministrada por Nain Barros, médica especiali-
Silvano Alves, um dos organizadores do evento, diz que qualidade
do primeiro workshop deve levar a um ainda maior em 2012
lho no Setor Sucroenergético e a Responsabilidade Civil das Empresas”.
O segundo dia de atividades começou com a palestra do Mestre em
Administração e vice-presidente do
Conselho Regional de Administração
de Alagoas, José Queiroz de Oliveira.
Ele falou sobre “Gestão de Pessoas.
Cantando um Mundo de Possibilidades”. A palestra de Queiroz foi seguida
pela apresentação do gerente jurídico do Grupo João Lyra, que discorreu sobre o tema “Contrato por Prazo
108 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
zada em medicina do trabalho, sobre
“Contribuições do Médico do Trabalho no Contexto Organizacional”, seguida por palestra sobre “Contratação
de Trabalhadores Diretamente pela Empresa sem Intermediação de Empreiteiros”, ministrada por Silvano Alves da
Silva, Gerente Administrativo e de Suprimentos da Usina Sinimbu. O fim do
evento se deu após a palestra do administrador de empresas, Jorge Ruivo,
sobre “Perspectivas do Clima Organizacional no Pleno Emprego: Como Es-
tão Me Tratando”.
Impressões – Em sua primeira
edição, o I Workshop Pós-Safra do Setor Sucroenergético de Alagoas foi sucesso de público e agradou tanto à organização quanto aos participantes. De
acordo com Silvano Alves da Silva, palestrante e um dos organizadores do
evento, o bom andamento da primeira edição deve levar a um evento ainda maior no próximo ano. “O workshop
surpreendeu tanto no que diz respeito ao nível dos palestrantes, quanto de
público, o que nos anima a pensar num
próximo, aumentando o número de vagas”, afirmou.
O organizador André Cordeiro também ficou satisfeito com o sucesso do workshop. “Com certeza entrou para o calendário do setor como
um evento de grande importância. O
workshop concorreu com outros dois
eventos de grande porte no mesmo período, mas teve seu sucesso garantido
por conta dos palestrantes de alto nível
que foram elencados pela organização
para abrilhantar o público com suas palestras”, disse.
Também membro da organização do evento, José Queiroz de Oliveira
destacou as reflexões propostas pelo
workshop. “Participar desse evento foi
gratificante. Poder refletir sobre a safra
passada e preparar-se para a futura safra, tendo recebido inúmeras informações estratégicas do setor e compartilhado tanto aprendizado com os
participantes é algo que só quem participou tem a dimensão exata. Parabéns
a todos”, enfatizou.
Presente no evento, a supervisora
de gestão de pessoas da Usina Sinimbu, Tânia Moura, aprovou o workshop.
“Uma importante iniciativa em prol do
enriquecimento teórico dos assuntos
que permeiam o fazer dos profissionais
da área de pessoas do setor sucroenergético do Estado de Alagoas”, disse.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 109
Gestão de Negócios
Gestão
Patrimonial
Eduardo Botelho, gerente da PwC Centro de
Serviços em Agribusiness em Ribeirão PretoSP, Engenheiro Agrônomo (UFPA) e MBA em
Administração de Marketing (FAAP) – e-mail:
[email protected]
C
omo o principal ativo para a produção no agronegócio, a terra é
atualmente no Brasil um capital disputado e que teve uma valorização expressiva nos últimos anos. No entanto, diferentemente do que se imagina,
a sua gestão envolve uma série de riscos e inseguranças jurídicas. Os desafios de gerir terras no Brasil são grandes
e multifacetados, mas também estão
atrelados a oportunidades de mesma
magnitude.
A gestão de terras envolve diferentes dimensões de análise. Por isso, é um
ativo que envolve praticamente todas as
áreas de uma organização. Somente para
listar algumas:
•Gestãotributária:
•Gestãoambiental:
Reserva Legal, APPs (Áreas
de Preservação Permanente)
•Georreferenciamento
•Títulosimobiliários
•Controladoria/ativos
•Gestãonegocial:
avaliação/compra/venda
•Contratos:arrendamento/
comodato/aluguel/parcerias
•Vigilância:invasão.
110 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Gerindo o maior
patrimônio do
agronegócio
Como diferentes departamentos
(jurídico, produção, meio ambiente, entre
outros) cuidam dos assuntos relacionados à gestão imobiliária, muito frequentemente não tem uma visão clara e holística do que acontece com este patrimônio,
muito menos de soluções que reduzam
os riscos, minimizem os custos e agreguem valor.
A área de gestão patrimonial imobiliária surge como uma alternativa para
mitigar riscos, agregar valor, centralizar
as informações e tomada de decisão.
Para tanto, deve ter como objetivo primário a estruturação de mecanismos de
gestão, que permitam a preservação, regularidade, e utilização ordenada do ativo
“terra”, e consequentemente a maximização do retorno no capital aplicado.
Na sua essência, esta é uma área
que coordenará as ações das demais,
mais do que fazer diretamente as ações
que afetam o imobiliário. Em última instancia, é a inteligência que irá gerir, coordenar e trazer valor. Por conta disso,
os benefícios esperados de uma gestão
centralizada do imobiliário são:
•Garantiadapropriedade
•Eficiênciatributária
Everton Molina, gerente da PwC Centro de
Serviços em Agribusiness em Ribeirão Preto-SP,
Engenheiro Agrônomo (UNESP/Jaboticabal)
e Mestre em Administração (FEA-RP/USP) –
e-mail: [email protected]
•Reduçãoderiscosdeautuações
•Aumentodoníveldeadequação
às exigências legais
•Otimizaçãodeinvestimentos
frente à situação atual da gestão
(Plataforma Tecnológica,
Tecnologia Geo Espaciais,
Incremento de Competências)
•Melhoraproveitamentodos
ativos (Ex: risco de não captação
de financiamento por
irregularidade dos imóveis,
reserva legal, troca de ativos
entre unidades, etc.)
•Diagnosticarosriscosepropor
ações de mitigação (Ex: reserva
legal, desapropriações por
parques, reservas, terras
indígenas, etc., riscos de
invasões, riscos de
usucapião, etc.)
•Inteligênciaestratégica
nas decisões de compra
e venda de imóveis.
Espera-se ainda que a área de gestão imobiliária estabeleça diretrizes que
irão:
•Elevaroníveldematuridadedas
diferentes dimensões de gestão
do patrimônio. Ex: centralizar
políticas e diretrizes, atividades
de inteligência, gestão de
informação, ferramentas
tecnológicas, para garantir
padrão e compliance;
•Propiciaracapturadesinergia
entre as unidades, otimizando
a utilização de imóveis
estratégicos e não estratégicos,
a gestão de reservas legais,
a gestão de fornecedores,
eficiência tributaria, etc...;
•Monitorarecoordenar
iniciativas corporativas
para agregação de valor e
compliance, tais como:
regularização das
matrículas nas unidades.
•Definirclaramenteasinterfaces
entre o corporativo e as unidades.
•Modeloevolutivoque
vai adquirindo novas funções
e responsabilidades
ao longo do tempo.
Em um primeiro momento, devido ao nível de maturidade das atividades de gestão imobiliária e a urgência na regularização dos imóveis
do grupo, a área corporativa dedica-
rá maior esforços em funções de controle e estruturação, gerindo projetos
específicos.
Ao longo dos anos, a medida que
se tem um maior controle da gestão com
menor esforço de regularização, a função
de inteligência do negócio ganhará maior
importância, tornando a gestão patrimonial, uma atividade cada vez mais estratégica dentro da empresa.
Fonte: PwC Centro de Serviços em Agribusiness.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 111
Pesquisa & Desenvolvimento
Irrigação para produzir
mais cana-de-açúcar
Tadeu Fessel
O trabalho definiu a lâmina de irrigação
e os níveis de nitrogênio e potássio a
serem aplicados através da ferti-irrigação
Um estudo da Embrapa Meio-Norte sobre ferti-irrigação em cana-de-açúcar,
revelou, em três safras, aumentos de produtividades superiores a 100%
O
s produtores de cana-de-açúcar
do Nordeste e, em especial da
região Meio-Norte do Brasil, têm
agora a perspectiva de maior produtividade a partir de um planejamento melhor
de irrigação e da ferti-irrigação da cultura.
Um estudo da Embrapa Meio-Norte, coordenado e já concluído, pelo pesquisador Aderson Andrade Júnior, revelou, em
três safras, aumentos de produtividades
superiores a 100%.
O trabalho definiu a lâmina de irrigação e os níveis de nitrogênio e potássio
a serem aplicados através da ferti-irrigação. Usando uma lâmina de irrigação de
300 milímetros, no primeiro ano de execução do projeto, em 2007, os pesquisadores obtiveram o primeiro resultado expressivo da pesquisa.
A produtividade de colmos foi de
138 toneladas por hectare, superando em quase 100% a média histórica de
75 toneladas por hectare alcançada pela
Usina Comvap, no município de União,
a 56 quilômetros ao norte de Teresina,
onde a pesquisa foi conduzida.
112 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
“Foi a luz para seguirmos confiantes no estudo”, revelou Aderson Júnior.
Na segunda safra, a produtividade foi ainda mais espetacular. Da média de 75 toneladas por hectare, a produtividade pulou para 170 toneladas por hectare. Neste
experimento, foi aplicada uma lâmina de
água de 490 milímetros.
Na primeira safra, segundo o pesquisador, o nível de aplicação de nitrogênio foi de 60 quilos por hectare e de
40 quilos de potássio por hectare. Na segunda, foram aplicados 120 quilos de nitrogênio por hectare e 100 quilos de potássio por hectare. A produtividade de
colmos na terceira safra atingiu 158 toneladas por hectare. Foram aplicados
uma lâmina de água de 512 milímetros,
associada a 115 quilos de nitrogênio e
130 quilos de potássio por hectare.
Novos estudos – além da irrigação e da ferti-irrigação, o trabalho, pioneiro no Nordeste, revela também um
dado importante à comunidade científica. Na fase de maior exigência, a necessidade hídrica da cana-de-açúcar, nas
condições de solo e clima da microrregião de Teresina, obtida na pesquisa, foi superior a estabelecida pelo boletim da Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação (FAO),
que é de 1,25 (coeficiente de cultivo).
O estudo constatou que a necessidade
hídrica da cana-de-açúcar no Nordeste foi de 1,5, o que sustenta a importância de estudos locais para definir a
exigência hídrica da cultura. Serão feitos estudos complementares a partir de
2011 quando se irá avaliar, através de
um projeto em rede, a viabilidade econômica dos custos com irrigação e fertiirrigação (energia elétrica e fertilizantes).
Os impactos ambientais da produção da
cana-de-açúcar com irrigação, como a
emissão de gases de efeito estufa à atmosfera, provocada por esse sistema,
também serão avaliados.
O projeto, financiado pelo Tesouro
Nacional (Embrapa e CNPq ), consumiu
R$ 60.898,51 nos três anos de pesquisa,
e teve a parceria da Usina Comvap – Açúcar e Álcool Ltda, e da Universidade Fe-
deral do Piauí. Uma equipe de 14 pesquisadores, entre funcionários da Embrapa e
bolsistas, participou do estudo.
Com o avanço da necessidade por
combustíveis limpos, a produção de cana-de-açúcar no Brasil vem disparando a
cada ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de cana moída pela indústria sucroalcooleira no ano passado foi superior a
600 milhões de toneladas. A área plantada foi superior a sete mil hectares, com
destaque para os Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Alagoas,
Pernambuco e Paraíba.
O Brasil continua sendo o maior
produtor de cana-de-açúcar do mundo.
Os números da Conab apontam para uma
direção praticamente consagrada no consumo de biocombustível a partir da canade-açúcar. Segundo a companhia, cerca
O estudo constatou que a necessidade hídrica da cana-de-açúcar no Nordeste foi de 1,5
de 54% da cana esmagada no País, 336
milhões de toneladas, vão para a produção de álcool dos tipos etanol, a maio-
ria, e anidro. O restante da cana moída é
destinada à produção de açúcar.
(Com informações da Embrapa)
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 113
Pesquisa & Desenvolvimento
Embrapa obtém primeiras plantas
transgênicas de cana-de-açúcar
As primeiras plantas transgênicas confirmadas de
cana-de-açúcar são tolerante a seca com o gene DREB2A
Daniela Collares
O
Diretor-Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, Pedro Arraes
anunciou, um importante avanço científico nos laboratórios da Empresa – a obtenção de plantas transgênicas de canade-açúcar. “Esta é uma ação de interesse
para o Brasil”, declarou . As perdas em
cana-de-açúcar devido a seca podem variar de 10% a 50 % dependendo da região de cultivo e da época de plantio. A
Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), que,
completou cinco anos neste 24 de maio,
obteve as primeiras plantas transgênicas
confirmadas de cana-de-açúcar tolerante
a seca com o gene DREB2A.
Buscando-se soluções para o negócio da agroenergia no Brasil, a pesquisa avança em processos e resultados
técnico-científicos, visando ofertar novos conhecimentos, materiais, tecnologias com foco na inovação. Nos laboratórios foram obtidas as primeiras plantas
transgênicas de cana-de-açúcar, e vencida uma etapa crítica do processo de
transgenia, aceleram-se os passos sequenciais para a obtenção de novos cultivares comerciais. As plantas foram selecionadas em laboratório e nos próximos
três meses estarão, em estágio de multiplicação in vitro para serem avaliadas em
casa de vegetação. Até maio de 2012,
serão avaliadas quanto às características
de tolerância à seca. Após estes proces114 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Nos laboratórios foram obtidas as primeiras plantas transgênicas de cana-de-açúcar
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 115
Pesquisa & Desenvolvimento
sos, as que apresentarem melhor desempenho, tanto agronômico quanto das características pretendidas, terão potencial
de avaliação a campo mediante aprovação de processo junto ao Comitê Técnico Nacional de Biossegurança (CTNBio).
As pesquisas com transgenia em
cana-de-açúcar vêm sendo desenvolvidas, desde 2008, sob a coordenação do
pesquisador Hugo Bruno Correa Molinari, da Embrapa Agroenergia (Brasília/DF).
O trabalho é realizado em parceria e conta com o apoio de laboratórios da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(Brasília/DF), que possuem características exigidas pelas normas da CTNBio
para estudos com organismos geneticamente modificados. A pesquisa conta
com o apoio da Japan Internacional Research Center for Agricultural Sciences
(Jircas), empresa de pesquisa vinculada
116 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Hugo Molinari explica que as primeiras plantas foram obtidas pelo método de biobalística
ao governo japonês, o projeto de cooperação técnica visando à inserção do gene
promissor (gene DREB) para tolerância à
seca está sendo feito em outras culturas:
eucalipto, soja, milho, algodão e feijão.
De acordo com o pesquisador da
Embrapa Agroenergia responsável pela
pesquisa com cana-de-açúcar, Hugo
Molinari, a proposta é desenvolver cultivares comerciais com maior tolerância
a seca que poderá potencializar o setor
sucroalcooleiro nas áreas tradicionais e
de expansão da cultura. De forma geral,
as áreas de expansão têm como características solos com baixa fertilidade, altas
temperaturas e baixa precipitação pluviométrica. A tecnologia desenvolvida pode
ser uma alternativa para melhorar o desempenho da planta, visando impulsionar
a produção de cana-de-açúcar no Brasil.
Mudanças climáticas globais cada vez
mais acentuadas, como, por exemplo, o
processo de desertificação, constituem
um problema que afetará seriamente as
gerações futuras. Atenta às mudanças, a
Embrapa Agroenergia, busca, com a pesquisa minimizar os impactos causados
por tal fenômeno.
O método – Hugo Molinari explica
que as primeiras plantas foram obtidas
pelo método de biobalística, que é o mais
utilizado atualmente na produção de cana
geneticamente melhorada devido à maior
simplicidade e praticidade de aplicação.
“Quando se trabalha com transgênicos, é
preciso fazer vários estudos para provar
que eles podem ser utilizados e que são
equivalentes a uma outra planta que não
sofreu a inserção da característica desejada”, salienta Molinari. A introdução de
características para o melhoramento da
cana-de-açúcar por meio da transgenia
deve produzir em alguns anos, variedades mais resistentes a doenças e capazes de tolerar ambientes marginais com
solos salinizados ou com pouca água
disponível.
O melhoramento clássico de canade-açúcar convencional é um processo
demorado e trabalhoso. Atualmente, com
este processo são necessários de 12 a
15 anos para se obter uma nova varieda-
de. Por meio da transgenia é possível a
redução do período para sete anos. Este
método oferece vantagem de modificar
somente a característica de interesse, no
caso da pesquisa em andamento, o aumento da tolerância à seca.
Atualmente, ainda não existe variedade de cana-de-açúcar transgênica comercial. Com isso, um enorme potencial para o aumento da produção física
de cana e seus derivados, como o etanol,
se abre com as alternativas para o melhoramento genético da cana-de-açúcar
via transgenia. A cultura ocupa um papel estratégico como fonte para a produção de etanol que no Brasil é totalmente
oriunda da cana-de-açúcar. A produção
está concentrada principalmente nas regiões Centro-Sul e Nordeste e ocupa uma
área de aproximadamente 8,1 milhões de
hectares.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 117
Estilo
40 graus e
elegante
Carminha Ruete de Oliveira
Mesmo com a proximidade do inverno o sol continua a brilhar
forte nas regiões canavieiras. Confira dicas de como
se manter elegante e confortável sob um calor escaldante
tons de bege, khaki, marrom, camelo, cru,
cinza e azul. Essas calças são muito mais
frescas que os jeans e são superelegantes!
Use com camisas de algodão, linho, cambraia e ficará muito bem vestido. Agora, se
você adora os jeans e não consegue viver
sem eles, use-os com camisas bem leves,
isso ajuda a refrescar.
Dê
preferência
para tecidos
frescos como
algodão,
linho,
cambraia e
aos tecidos
tecnológicos
Clima quente pede ternos com cores claras
A
s regiões canavieiras são sempre
muito quentes, em algumas delas
até mesmo no inverno os dias de frio
são raros. O calor e o alto grau de insolação são requisitos necessários para o desenvolvimento da cana, por isso, a maioria
dos nossos executivos vive grande parte do
ano nesses ambientes tropicais. Nesta edição, trazemos dicas para nossos leitores se
manterem elegantes e confortáveis sob um
calor escaldante.
Vamos começar pela escolha das cores apropriadas, que passam uma sensação
de frescor, como o bege, nude, cru, khaki e
os tons mais claros de todas as cores. Em
relação aos tecidos, dê preferência ao algodão, linho, cambraia e aos tecidos tecnológicos que não absorvem o calor e ajudam
a refrescar.
O jeans é superprático, mas um pouco pesado para o calor, a não ser que eles
118 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
No calor, jeans só os leves
sejam muito leves e soltinhos. Nas calças
dê preferência aos khakis que são tanto uma
cor quanto um tipo de calça – de algodão em
Se tiver que usar um terno quando estiver fazendo 40 graus, (o que às vezes acontece) prefira os ternos claros, bege,
camelo, ou cinza bem clarinho, num tecido
bem fresco que não absorve calor. Use com
camisa azul claro de cambraia ou algodão
bem fininho e uma gravata azul clara, amarelo suave, rosa ou bordeaux. Com sapato
marrom vai ficar lindo! Inspire-se nos ternos
que os ingleses usavam na Índia onde o calor é maior que o nosso e mesmo assim eles
se mantinham elegantes.
A Inglaterra sempre foi e é uma fonte de inspiração para elegância masculina,
e Saville Row ainda é aquela pequena rua
onde ficam os melhores alfaiates do planeta,
pel da calça cheia de bolsos, porém, é mais
bonita. Use-a com uma blusa bem feminina
com babados, ou preguinhas, com uma cor
especial ou um estampado miúdo. As saias
apresentam um comprimento maior o que
ajuda muito no conforto na hora de subir e
descer e cruzar as perna, lembre que a saia
traz de volta certo recato no sentar, andar e
uma delicadeza que é muito feminina (atendendo os pedidos de algumas leitoras em
uma edição farei uma matéria apenas sobre
Vestidos:
a primeira
opção
é a fonte de inspiração para as grandes casas de moda masculina. Da Inglaterra também saem os melhores camiseiros do mundo. Obviamente essa tecnologia se alastrou
e todos aprenderam com eles os segredos
de alfaiataria e camisaria.
Para as mulheres a variedade é maior,
já que podemos usar saias, mas os vestidos devem ser a primeira opção. E o truque
é o comprimento na altura do joelho, que fica
confortável e elegante. Outra opção são as
saias soltinhas, também na altura do joelho,
com blusas, camisas, camisetas soltinhas.
Se você não pode trabalhar de saia (o que é
uma pena), use calças pantalonas que são
muito chics.
A saia traz feminilidade e também uma
elegância diferente da calça. A saia estilo militar, que é normalmente feita de algodão
com um pouco de
elastano, dá muito conforto. Com
seus vários bolsos
faz o mesmo pa-
As calças
pantalonas são mais
frescas porque são
mais larguinhas,
tudo que é mais
justo dá mais calor
Tecido errado
vai fazer você
derreter no calor
saias, pois tem muito o que dizer).
Para as mulheres algumas cores ótimas para o calor são bege, os khakis em todas as variações, marrom, camelo, os azuis
menos fechados, os acinzentados, crus e
nudes. Essas cores são básicas e combinam com qualquer tom de blusa e também
com estampados e listrados. Algumas dessas saias podem ser usadas com rasteiras
presas (não do tipo havaiana,) com sapati-
Saia estilo militar
possui vários bolsos
e faz o papel de calça
com vários bolsos
lhas baixinhas, com tênis tipo All Star – para
aqueles momentos que você precisa de um
sapato com sola de borracha –, com sapato
de salto baixo ou sandália de salto não muito
alto e meio fechada.
A moda do Rio de Janeiro é muito
apropriada para o calor, algumas marcas
como Maria Bonita Extra, Graça Marques e
outras tantas servem de inspiração para o
dia a dia, são ótimas e os tecidos são bem
apropriados para o calor, mas é preciso deixar alguns excessos de lado como decotes
profundos, a estamparia exagerada e o comprimento das saias.
O grande segredo são os tecidos. Tecido errado vai fazer você derreter no calor,
por isso, escolha sempre os mais naturais
como algodão, linho, cambraias e os tecnológicos feitos para o calor, eles ajudam a
manter a elegância e o conforto. Para momentos mais formais no calor de 40 graus,
um vestido tipo chemise (inspirado nas camisas) é lindo! Também vai muito bem terninho com saia e mangas curtas, terninho
com calça pantalona, ou uma pantalona
com um casaqueto de mangas curtas, ou
um vestido de alças mais largas e um casaqueto curtinho por cima. As calças pantalonas são mais frescas porque são mais
larguinhas, tudo que é mais justo dá mais
calor, já as cores mais claras aumentam a
sensação de frescor.
Estão aí as dicas para ficar elegante
mesmo aos 40 graus!!
Bjs,
Carminha
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 119
120 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 121
Luciana Paiva
Pistas radicais foram montadas para
os visitantes realizarem test drive
Máquinas para todos os gostos
Luciana Paiva
Q
uem compra máquinas agrícolas
também compra carro, por isso, a
cada ano aumenta a participação
de montadoras de veículos na Feira Internacional da Tecnologia Agrícola em Ação
(Agrishow), em Ribeirão Preto, interior
paulista. Este ano, estiveram presentes:
Fiat, Chevrolet, Nissan, Honda, Toyota,
Mitsubishi, Ford e Volkswagen.
Algumas montadoras construíram
Hillux durante test drive:
tomba, mas não vira
122 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Luciana Paiva
Não só as máquinas agrícolas compõem o cenário da Agrishow, cada vez mais, os
veículos on e off-Road e até motos ganham espaço e atraem a atenção do público
mas, este ano, a comercialização no período da Agrishow superou em quase 40%
as do ano passado. Isso se deve a grande visibilidade que a Agrishow proporciona aos seus expositores, aos incentivos
financeiros disponíveis e, principalmente,
pelo bom momento em que atravessa o
campo, com produtos em alta.
A Toyota comercializou cerca de
250 picapes, número 50% a mais que no
ano passado. Durante coletiva de imprenDivulgação
pista para test drive de suas picapes. Foi a
oportunidade para quem sonha em dirigir essas máquinas em um terreno off-road vivenciar essa experiência. No percurso mega radical os clientes percebem, na prática, que
elas só faltam subir parede. Para participar,
bastou os visitantes apresentarem a carteira de habilitação válida e preencher uma ficha de inscrição.
Os preços foram diferenciados para
a feira, com descontos que variavam en-
Chevrolet S10 Executive cabine dupla, motor Flex: a preferida
dos executivos sucroenergéticos na região de Ribeirão Preto
tre 10% e 20% para as empresas e produtores rurais. Segundo as fabricantes,
normalmente, a maior parte das vendas
não acontece durante a feira, mas se refletem durante os próximos dois meses,
sa, Wladmir Centurão, gerente Nacional
de Vendas, apresentou os números de
vendas de picapes em 2010. De acordo
com a montadora, houve crescimento de
10% nas vendas da Hilux diesel, passan-
do de 32 mil unidades para 34 mil.
A Hilux é lider de venda na categoria 4x4, e vem novidade por aí, principalmente para o pessoal do setor sucroenergético. Há previsões de que a montadora
irá lançar no final deste ano, ou começo de 2012, a linha Hilux/SW4 com motor flex de 2.7 litros que dará ao carro
uma potência de 160 cavalos abastecida com álcool, e 158 cavalos abastecida
com gasolina.
O novo modelo da Hilux será fabricado apenas nas versões de cabine dupla
e com tração 4×2. Vai brigar com a S10
da Chevrolet pela liderança do segmento
das picapes médias no País. A Chevrolet S10 Executive cabine dupla equipada
com o motor 2.4 Flexpower é a preferida
dos executivos das usinas na região de
Ribeirão Preto.
Uma das atrações da Mitsubishi
na Agrishow foi o ASX, um novo utilitário esportivo. O ASX, (nome oriundo da
abreviação de Active, Smart e Crossover) é um belo exercício de design feito
pelos japoneses. Equipado com tração
AWD (opcional), controle de estabilidade, freios a disco com ABS e EBD, air
bags frontais, laterais e de joelho (novidade no segmento), o ASX começa a ser
vendido no Brasil ainda este ano, impor-
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 123
Luciana Paiva
Divulgação
Sonho de Consumo
Os amantes
dos veículos
fora de estrada
puderam se
aventurar com
as picapes Ford
Ranger e F-250,
além do jipe
Troller
Divulgação
Corolla 2012 foi uma das atrações entre os sedans
ASX poderá ser produzida no Brasil a partir de 2012
tado do Japão, por R$ 82 mil (versão 4x2
com câmbio manual), R$ 87 mil (4x2 automática CVT) e R$ 94 mil (4x4 automática CVT).
Todas as versões do ASX são equipadas com 2.0 16V a gasolina de 160
cv. Se a aceitação do modelo no merca-
124 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
do for boa (e tem tudo pra ser!), a marca avalia a produção do carro a partir de
2012 no Brasil (e quem sabe será flex).
Na foto, o ASX parece ter porte grande, o
que levaria ao modelo ter status de briga
com a Hilux SW4. Mas, pessoalmente, o
modelo é menor, mais apertado que o ri-
val japonês. É muito bonito, moderno e
vem cheio de equipamentos de conforto.
Pelo preço, chega para brigar mais com
o Hyundai ix35, VW Tiguan, Kia Sportage,
Honda CR-V, Suzuki Grand Vitara.
Veículos urbanos e motos – além
Luciana Paiva
Amarok, a picape da Volkswagen
também fez a alegria dos
aventureiros na Agrishow
Luciana Paiva
dos veículos fora de estrada, a Agrishow
também foi palco dos veículos sem tração nas quatro rodas. A Fiat apresentou
toda sua linha e destacou o Fiat Bravo
2012, um carro moderno, repleto de tecnologia, conforto, segurança e desempenho, apresenta: Motor E-torQ, Câmbio
Dualogic, Sky Dome, Rodas em liga leve,
O Fiat Bravo
atraiu a
atenção na
Agrishow
A Stecar marcou presença na Agrishow, em uma parceria com a Case Construção, o
visitante pode admirar exemplares da linha Jeep, como o Wrangler e Cherokee Limited.
Rosana Araújo, gerente de marketing da Chrysler e Marcelo Bekcivanyi, gerente de
vendas da Stecar, foram à feira conferir o sucesso dos veículos na Agrishow
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 125
A família das motos bi-combustíveis visitou a Agrishow
forma benzeno que pode provocar chuva ácida”, diz Alfredo Guedes Junior, relações públicas da Honda. Segundo ele,
com etanol a moto ganha melhor desempenho e potência, mas o consumo também é maior, em decorrência dos 30%
menos de potência energético do etanol
Luciana Paiva
airbag, freios abs, alarme antifurto, entre
outros atrativos.
Na categoria sedans, a atração
da Toyota foi o Corolla 2012. Já a Honda trouxe o New Civic e para brigar com
as montadoras japonesas, a Volkswagen
apresentou o Jetta 2012. Todos com motor flex.
A Honda não se esqueceu daqueles
que gostam de aventuras em duas rodas
e levou para a Agrishow seus novos modelos da Honda Flex 2011, que possuem
tecnologia de ponta, velocidade alta,
acessórios incríveis – como o orientador
que surge no painel com um indicador,
se tiver escrito “ALC” significa que deve
colocar três litros de álcool, caso apareça
Mix basta colocar dois litros de gasolina.
Além de tudo isso, as motos flex
preservam o ambiente. “São menores
as emissões de hidrocarboneto e carbono quando se usa etanol. A gasolina
Luciana Paiva
Sonho de Consumo
para a gasolina, um tanque com 16 litros
de etanol faz 400 quilômetros, já com gasolina chega a 600 quilômetros.
Atualmente, as motos flex ocupam
uma fatia de 12% do mercado da Honda, mas a procura é grande, por isso,
55% da linha de produção da montadora já é dirigida para
as motos bi-combustíveis. E desde
seu lançamento, em
abril de 2009, a família de motos verdes da Honda vem
aumentando, tem a
Titan CG 150, a popular Biz e até as esportivas CRF 230F,
NXR 150 BROS, CG
150 Fan ES. E vem
mais por aí, quem
sabe as novidades já
estarão presentes na
Agrishow 2012.
Alfredo:
motos flex
ganham o
mercado
126 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 127
Eventos
Plínio Nastari abriu o evento com a palestra:
Açúcar e etanol no Brasil:
o desafio da competitividade
32 anos de história
Em sua 32ª edição, Reunião Anual da Fermentec
apresentou novas pesquisas nas áreas agrícola e industrial
Texto e fotos: Caio Campanhão
A
Fermentec, empresa de consultoria especializada em fermentação alcoólica e controle laboratorial para a produção de açúcar e etanol,
realizou, entre os dias 24 e 26 de maio, a
32ª edição da Reunião Anual da Fermentc.
Tradicionalmente realizado na cidade de
São Pedro, SP, este ano o evento aconteceu no Centro de Convenções da cidade de Ribeirão Preto, também no interior
paulista. A mudança aconteceu por conta
da maior proximidade das usinas e destilarias. O Congresso, que voltou a ser fechado apenas para clientes da Fermentec depois de alguns anos aberto ao público em
geral, apresentou alguns diferenciais com
relação aos anos anteriores. Nesta edição,
a parte agrícola ganhou mais destaque e
128 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
muitas novidades foram apresentadas.
Para oferecer uma visão macro sobre o mercado sucroenergético, a Reunião
Anual da Fermentec foi aberta com uma
palestra com Plínio Nastari, presidente da
consultoria Datagro, que falou sobre: Açúcar e etanol no Brasil: o desafio da competitividade. Em seguida, a discussão foi em
torno da utilização do sorgo que foi tema
de duas palestras. O sorgo é uma cultura com grande potencial energético e sua
grande diferença com relação à cana é
o cultivo a partir das sementes, além de
possuir um ciclo vegetativo mais curto.
O sorgo se tornou uma alternativa devido
à sua tolerância à estiagem e em regiões
de solo com menor fertilidade. A moagem
pode ser feita durante a entressafra, o que
pode aumentar a oferta de etanol no mercado nesse período e a fabricação pode
ser feita utilizando-se os mesmos equipamentos utilizados para a produção do etanol de cana. O bagaço do sorgo também
pode ser utilizado para geração de energia.
O etanol foi destaque na palestra
ministrada pelo professor da Esalq/USP,
Carlos Labate, que descobriu que há açúcar fermentável na casca do eucalipto e
que não é necessário fazer um processo
como o do etanol de segunda geração.
Alguns testes foram feitos com hidrólise (transformação da celulose em açúcar
fermentável) para aumentar a produtividade do eucalipto. Com a soma dos processos, seria possível produzir três mil litros
de etanol por hectare.
Indústria – na parte industrial, o
presidente da Fermentec, Henrique Amorim, que encerrou o evento mostrando as
últimas pesquisas com leveduras que são
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 129
Eventos
selecionadas e aplicadas em uma usina
ou destilaria específica, de acordo com
a linha de produção seguida pela unidade. São “leveduras personalizadas”, como
definiu Amorim. Foram apresentados também resultados de diversas pesquisas
com alto teor alcoólico, leveduras de segunda geração, medições, contaminantes,
entre outras, com o objetivo de contribuir
para o aumento do rendimento das usinas.
Como já é tradição, também foi apresentada uma palestra motivacional, que ficou a
cargo do professor Luiz Marins, antropó-
Henrique Amorim: inovações constantes
e credibilidade são responsáveis pela
longevidade da Reunião Anual Fermentec
Público confere as novidades
da feira de tecnologia
logo formado na Austrália, licenciado em
história e direito e autor de 25 livros sobre
motivação, sucesso, administração, vendas e empreendedorismo. O evento contou ainda com uma exposição de várias
empresas do ramo e com palestras dos
expositores, que este ano foram realizadas
no mesmo auditório da reunião e não em
locais separados.
Tradição – São poucos os eventos
que conseguem se manter por tanto tempo, levando sempre um grande e selecionado público. No caso da Reunião Anual
da Fermentec, já são 32 anos de história.
Mas qual será o segredo de tamanho sucesso? “Todo ano temos novidades, já
que não somos apenas uma firma de consultoria, mas também de pesquisa, transferência de tecnologia e treinamento de
pessoal. Não só devido às pesquisas re130 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
alizadas pela Fermentec, mas também por
conta das pesquisas de nossos parceiros,
que são nossos clientes. Então, nada melhor que reunir todo esse pessoal para que
essas novidades sejam disseminadas”,
explica o presidente da Fermentec, Henrique Amorim, considerado autoridade absoluta quando o assunto é fermentação.
Amorim chamou a atenção para as
palestras sobre sorgo e etanol a partir da
casca de eucalipto. Além delas, também
destacou as palestras sobre uma nova
maneira de medir açúcar nos caldos, que
pode diminuir o processo que tem duração média de 1 hora para apenas 15 minutos. Outro destaque apontado foi uma
pesquisa com relação ao aumento da eficiência e redução do custo da fermentação, por meio do estudo do genoma das
leveduras. Destaque também para palestra
sobre leveduras personalizadas. Por fim,
Amorim falou sobre as mudanças que
aconteceram, no evento desde sua primeira edição. “No começo, era apenas um dia
de reunião que contava com cerca de 15
pessoas e não havia feira. Hoje, temos um
número muito grande de clientes participando e o número de pesquisas também
aumento consideravelmente, o que é excelente”, finalizou.
Próximos eventos Fermentec:
14 e 15 de Setembro: Fermentando com Alta Eficiência;
5 e 6 de Outubro: Desenvolvendo Líderes para o setor Sucroalcooleiro;
23 e 24 de Novembro: Parâmetros na Gestão do Processo Industrial nos dias;
Os eventos acontecerão na sede da Fermentec na Avenida Antonia Pizzinato
Sturion 1155 - Jd. Petrópolis, em Piracicaba, SP.
Contato: Luciana Piccoli
Tel. (19) 2105-6136
E-mail: [email protected]
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 131
Arquivo
Eventos
Engenho Central em Piracicaba
será restaurado e será criado
Museu do Açúcar e do Etanol
Abertura do Simtec 2011 contará com
lançamento do Museu
do Açúcar e do Etanol
A
abertura da nova edição do Simtec
(Simpósio Internacional e Mostra
de Tecnologia e Energia Canavieira), no dia 14 de junho, contará com a
apresentação do projeto de restauro do
Engenho Central e dos detalhes da criação do Museu do Açúcar e do Etanol.
De acordo com o Instituto Brasil Leitor,
responsável pela gestão, coordenação
e execução geral do projeto, em parceria com a Prefeitura de Piracicaba, as estimativas são de que o complexo seja
concluído em 2013. A instalação do local e finalização do projeto deve ocorrer
em 2012 e as obras, segundo o Instituto,
terão início, efetivamente, a partir de outubro deste ano. No momento, o órgão
trabalha com o mapeamento histórico e
arqueológico do local e da região.
O Museu do Açúcar e do Etanol
132 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
do Engenho Central, que será implantado nos barracões 5 e 7, contará a história
da cana-de-açúcar no Brasil. “Serão utilizadas técnicas e equipamentos de última
geração, os quais permitirão a criação de
atividades interativas e sensoriais”, revela o diretor-geral do Instituto Brasil Leitor,
William Nacked, que também comandará a apresentação do projeto, no primeiro
dia do Simtec, às 14h45.
Com 3500 metros quadrados, o
Museu contará com objetos, maquetes
e também um espaço dedicado a pesquisa, seminários, congressos e eventos. Segundo Nacked, artistas plásticos
terão oportunidade de expor obras relacionadas a história e influência da cana
na sociedade. “Queremos também realizar programas voltados às escolas da
rede pública e privada, além de projetos
voltados ao lazer”, afirma. O ciclo canavieiro, reconhecidamente ligado a história de Piracicaba e região, será o foco do
espaço, assim também como as etapas
de desenvolvimento no Brasil e no mundo, com ênfase para o estado de São
Paulo.
A 9ª edição do Simtec será realizada de 14 a 17 de junho, no Engenho
Central, em Piracicaba, SP. O evento é
direcionado ao mercado agroindustrial
sucroenergético, com o intuito de criar
oportunidades para concretização de negócios e apresentar as novidades do setor. Durante o simpósio são realizados
seminários técnicos de alto nível, ministrados por empresas e profissionais de
larga experiência no segmento agroindustrial do açúcar e do álcool. Mais informações no site: www.simtec.com.br
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 133
Eventos
Forind 2011 terá programação completa
para os profissionais da indústria
A
Divulgação
quinta edição da ForInd – a Feira
dos Fornecedores Industriais do
Interior de São Paulo, será realizada de 28 a 30 de junho, no Centro de
Eventos Zanini, em Sertãozinho. Promovida pela Reed Multiplus, marca que nasce a partir da união entre a Multiplus Feiras e Eventos, de Ribeirão Preto, e a Reed
Exhibitions, a maior empresa do mundo
no setor de feiras, a ForInd 2011 terá novidades na programação.
São atividades, como seminários e
espaços especiais criados dentro da Feira,
voltados para os profissionais da indústria,
além da tradicional rodada de negócios
entre empresas expositoras e grandes indústrias e toda a diversidade de produtos,
serviços e tecnologias que os fornecedores do setor trazem para Sertãozinho.
A ForInd São Paulo fica aberta ao
público, durante os três dias de feira,
sempre das 14 às 20 horas. São esperados mais de sete mil visitantes. Público
Divulgação
A V Feira dos Fornecedores Industriais do Interior de São Paulo, promovida de
28 a 30 de junho, em Sertãozinho, tem novidades para profissionais da indústria
Exposição de
tecnologia
extremamente qualificado que vai conhecer variadas ofertas
dos 180 expositores
que estarão presentes na edição 2011.
A organização do
evento estima negócios acima da casa
dos R$ 50 milhões,
estimulados pelos contatos e contratos
comerciais gerados a partir da Feira.
Foco no profissional da indústria – dois seminários vão levar informações conceituais e técnicas para o visitante da ForInd. Para os profissionais da área
de gestão em compras de usinas e das indústrias de outros segmentos,
o seminário Indústria, Usina &
Compras ofecererá oportunidades para recicla-
Rodada de
negócios
134 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
gem profissional. Já o seminário Seind - I
Seminário Técnico de Instalações e Manutenção Industrial apresentará informações
técnicas para profissionais da indústria sobre os equipamentos e máquinas expostos
na Feira. Outras iniciativas, como parceria com o Sesi Sertãozinho, também trarão atividades para os visitantes. Os eventos acontecem simultaneamente à ForInd.
De acordo com Fernando Barbosa, diretor da Reed Multiplus, a iniciativa de promover os seminários nasceu
da demanda apontada pelos visitantes.
“Ouvimos o que público pensa sobre a
feira por meio de pesquisas. O visitante
quer ter mais acesso à informação. Vamos oferecer, além de um ambiente que
estimula os negócios, também oportunidades para o desenvolvimento profissional”, destaca Barbosa.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 135
Eventos
V Workshop de Agroenergia
A
Apta Regional Centro Leste e o Instituto Agronômico
(IAC) organizam o V Workshop de Agroenergia que
acontecerá nos dias 29 e 30 de junho, no Centro de Convenções da Cana-de-açúcar (IAC) - Centro Avançado de
Pesquisas em Cana-de-Açucar Apta) em, Ribeirão Preto,
SP.
PROGRAMAÇÃO PRÉVIA
Dia 29 de Junho de 2011 - Quarta-feira
(Período da manhã)
Produção de Alimentos e energia: Como equacionar este
conflito?- Dr. Marcos Fava Neves – MarketEstrat/FEA RP/
USP.
Produção de biocombustíveis por microrganismos – Dra.
Cristina M. Monteiro Machado – Embrapa Agroenergia
Uso potencial de Sorgo para produção de biocombustiveis
– Dr. Rafael Parrella Embrapa Milho e Sorgo/ Monsanto/
Usina Cerradinho
Dia 29 de Junho de 2011 - Quarta-feira
(Período da tarde)
Bioeletricidade e a palhada da cana, problema ou solução?
– Zilmar de Souza - Unica e FGV
Programa Fapesp Bioenergy Program Bioen – Fapesp - Dr.
Heitor Cantarella – IAC
Visita Técnica a ensaio de longa duração – Plantio direto de cana-de-açucar – Engº Agrº Dr. Denizart Bolonhezi Pólo Centro Leste/Apta-SAA
136 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Dia 30 de Junho - Quinta-feira
(Período da manhã)
Agronegócio e os biocombustíveis – Dr. Luiz Correia de
Carvalho – Abag
Fitossanidade, biocombustíveis e alimentos – Dr. Décio Gazzoni – Embrapa Soja
Cenário atual dos biocombustíveis no Brasil – Dr. Manoel
Polycarpo de Castro Neto – ANP – Brasília
Dia 30 de Junho - Quinta-feira
(Período da tarde)
Projetos e Programas em agroenergia
Palmáceas em áreas não mecanizáveis de cana para
biodiesel – Joaquim A. A. Souza - Pólo Leste Paulista/
APTA-SAA
Cendes – Petrobrás – Sr. José Nicomedes Jr.
Diesel de cana – Dra. Luciana Di ciero – Amyrys, Campinas, SP
Biobutanol – Dr. Wilson Araujo - Dupont do Brasil S. A. Paulinia, SP
Tecnologia de Produção de Plástico Biodegradável a partir do açúcar da cana de açúcar - Eduardo Brondi - PHB Industrial S/A
Inscrições e mais informações:
Elaine Abramides - e-mail: [email protected]
Contato: (19) 3014-0148, (19) 8190-7711 e (19) 9112-1952
Nextel (19) 7811-7442 - ID: 99*10452
www.infobibos.com/agroenergia
8ª Fersucro - 4 a 8 de julho de 2011 - Maceió/AL
A
8ª Fersucro, considerada uma das maiores feiras do setor sucroenergético do Norte/Nordeste será realizada no período de
4 a 8 de julho de 2011, no Centro de Convenções de Maceió, das
15h às 21h. Com objetivo de congregar os diversos segmentos
da agroindústria da cana-de-açúcar, tal evento é destinado a pes-
quisadores, técnicos, empresários, administradores, estudantes,
demais profissionais e instituições/empresas que desenvolvem
suas atividades voltadas para o setor sucroenergético nacional.
Mais informações no site: www.fersucro.com.br
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 137
Eventos
Comemoração dos 30 anos do Ceise Br
Rubens Okamoto
Durante o evento, o Ministro da Agricultura anunciou recursos para o setor sucroenergético
Plínio César, Adézio Marques, Maurílio Biagi Filho, Jose Danghesi, Davi Zaia, Wagner Rossi, Nério Costa, Antônio Eduardo Tonielo e Tanielson Campos
Rubens Okamoto
Marco Baldan, Fernando Barbosa, Juan Pablo De Vera,
Paulo Montabone e Plínio César
138 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
trajetória do Ceise nestas três décadas. O presidente da entidade, Adézio Marques, agradeceu pela confiança dos associados
que acreditaram e acreditam no trabalho da Associação e de todos os colaboradores que fazem o Ceise Br funcionar e crescer
a cada ano. Marques também prestou algumas homenagens a
personalidades que ajudaram a construir a história do Ceise.
Rafael Cautela
N
a última sexta-feira, 27 de maio, o Centro Nacional das
Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis
(Ceise Br) promoveu o tradicional Jantar da Indústria. Na
ocasião, foi lançado o livro em comemoração aos 30 anos da entidade. O evento aconteceu em Sertãozinho e reuniu autoridades
e representantes de toda a cadeia produtiva, como o ministro da
Agricultura Wagner Rossi, o secretário Estadual do Emprego e
das Relações Trabalhistas, Davi Zaia, o secretário Estadual Adjunto da Agricultura, Antônio Júlio Junqueira de Queiroz, representando o governador Geraldo Alckmin, o deputado Estadual, Welson Gasparini, Ismael Perina, presidente da Orplana, Leila Alencar
Monteiro de Souza, presidente da Biocana.
A cerimônia foi aberta com um coquetel e a apresentação do saxofonista Jorge Nascimento. A Orquestra Jovem de
Sertãozinho brindou o público com repertório variado. Os convidados também puderam assistir a um vídeo que mostrou a
Adézio Marques (presidente do Ceise Br), Marco Baldan
(diretor da PC & Baldan) e Wagner Rossi (ministro da agricultura)
O Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Wagner Rossi, em seu discurso, enalteceu a região como pólo
de desenvolvimento e anunciou a liberação de recursos para
construção de um centro de exposições em Sertãozinho. O Ministro disse ainda que está em contato permanente com a presidente Dilma Rousseff para garantir investimentos no setor sucroenergético que foi duramente afetado pela crise de 2008 e,
em especial, anunciou recursos para reforma dos canaviais.
Segundo o presidente do Ceise Br, Adézio José Marques,
o evento foi magnífico. “Fiquei radiante com a tamanha organiza-
Rubens Okamoto
Rafael Cautela
ção do espetáculo, com a produção eficiente dos nossos colaboradores, da nossa equipe comprometida e, principalmente, com a
adesão inusitada dos nossos convidados ilustres e autoridades”.
Para a presidente da Biocana, a atuação do Ceise foi – e
continua sendo - fundamental para o crescimento do setor sucroenergético brasileiro. “O setor passou por grandes transformações nos últimos anos, movido pela demanda constante de
fontes de energia limpas e renováveis. Novas tecnologias foram
Rafael Cautela
Plínio César, Adézio Marques e Maurílio Biagi Filho
Maurílio Biagi Filho (Maubisa), José Danghesi (Reed Alcantara)
e Marco Baldan (PC & Baldan)
Rafael Cautela
Rubens Okamoto
Adézio Marques (presidente do Ceise Br), Plínio César (diretor da PC
& Baldan), Wagner Rossi (ministro da agricultura) e Tanielson Campos
(secretário de turismo de Ribeirão Preto)
Rubens Okamoto
Plínio César, Alexandre Martinelli, gerente de marketing
da Caldema, Tanielson Campos e Marco Baldan
Adézio Marques (presidente do Ceise Br), Leila Monteiro
(presidente da Biocana) e Wagner Rossi (ministro da agricultura)
Tanielson Campos, Plínio César, Nério Costa,
prefeito de Sertãozinho, e Marco Baldan
necessárias para atender a necessidade de crescimento da atividade agroindustrial canavieira. E, neste sentido, o Ceise BR
teve papel fundamental; tornou-se ferramenta importante para
fomentar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva. Vale
ressaltar, ainda, o brilhante trabalho da instituição na capacitação de pessoas, contribuindo para formar profissionais cada
vez tecnificados, à altura das exigências do mercado”, disse
Leila, que também parabenizou a associação pelas três décadas de compromisso com o setor sucroenergético.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 139
Marketing Canavieiro
FMC comemora sucesso do
Giro Cana FMC no Nordeste
Empresa promoveu duas etapas de rali de
regularidade com visitas a diversas usinas da região
A ideia, ao agregar esporte e treinamento, é promover a troca de conhecimento de maneira a ampliar o relacionamento com
os clientes. “O Giro Cana FMC atinge cada vez mais adeptos pelo
caráter descontraído como foi elaborado. A princípio a FMC queria se aproximar de seus parceiros de negócios, mas o Giro superou todas as expectativas ao proporcionar uma conexão emocional com os clientes”, aponta João Gonçales, gerente de Marketing
de Cana da FMC. “O sentimento de pertencer a uma equipe é bastante reforçado. E é isso que a FMC busca”, completa.
Parada técnica para conferirem as
áreas tratadas com os produtos da FMC
Aventura e informações técnicas nos canaviais
I
nformação técnica, aventura, diversão e adrenalina em um
dia inteiro de atividades off-road. Essas são algumas características do Giro Cana FMC, um misto de rali de regularidade e dia de campo promovido pela FMC Agricultural Products
que chegou a Alagoas e Pernambuco, com a proposta de oferecer aos gestores técnicos uma ação de campo diferenciada. Sucesso crescente de público, o Giro Cana FMC 2011 contou com
duas etapas em duas datas diferentes: dia 19 e dia 24 de maio.
A primeira etapa (19/05), que abrangeu os Estados de
Pernambuco e Paraíba, teve 70 participantes de usinas destes
dois estados e também do Rio Grande do Norte. A etapa teve
início em Camutanga, PE, passou pelas cidades de Itambé, PE,
Pedras de Fogo, PB, Goiana, PE, até chegar em João Pessoa,
PB, totalizando 90 km de prova. Os participantes tiveram a oportunidade de visitar as usinas Olho Dágua, Giasa LDCSEV e Santa
Teresa CAIG durante as paradas técnicas.
Já a segunda etapa do Giro Cana FMC no Nordeste (24/05)
contou com a participação de cerca de 80 pessoas de usinas
de Alagoas e Sergipe. O percurso somou 120 quilômetros, com
início na cidade de Coruripe, AL, passagem por Teotônio Vilela,
AL, São Miguel dos Campos, AL e chegada na capital Maceió.
Durante as paradas técnicas dessa etapa foram visitadas as usinas de Coruripe, Guaxuma Grupo JL, Sinimbu e Roçadinho.
140 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
Nas paradas técnicas, consultores da FMC apresentaram
áreas tratadas com os herbicidas Boral, Gamit Star, Sinerge e
Discover o inseticida Furadan, além de tirar dúvidas sobre as diversas possibilidades de aplicação dos produtos.
Por conta do interesse e das dimensões que tomou o
evento, a FMC contratou, desde o ano passado, uma empresa
especializada no assunto para realização das provas e investe
de maneira constante na segurança das mesmas.
“Todas as etapas são elaboradas e dirigidas pela equipe da
empresa Chão Batido, especializada na realização de ralis. O grupo fica responsável pelo levantamento dos percursos, instalação
dos computadores de bordo e apuração dos resultados”, explica
Gonçales, completando que “cada carro tem um piloto e um navegador, que recebem GPS e cronômetros para controle de tempo e percurso para controle da prova, além de explicações sobre
medidas de segurança e termo de compromisso com os mesmos. Tudo para promover uma prática de esporte saudável”.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 141
Marketing Canavieiro
Investimentos em Marketing
elevam o faturamento da Valvugás
A
Valvugás, empresa pioneira na fabricação de válvulas industriais para
aquecimento, refrigeração e controle, realizou recentemente a contratação da
profissional Mara Badin, com experiência
no mercado de válvulas, formada em Marketing pela Universidade Mackenzie, para
alavancar as vendas, divulgar produtos de
portfólio e promover lançamentos.
Quinzenalmente, e-mails marketing
de divulgação são enviados, mas
sempre direcionados conforme o
perfil de cada cliente. “Temos excelentes produtos, como a válvula para vapor modelo 200, que tem
qualidade reconhecida por grandes
fabricantes de caldeiras pela durabilidade, menor perda de carga e
Mara Badin, responsável
pelo marketing da Valvugás
confiabilidade, principalmente em relação a estanqueidade que o produto garante. Temos válvulas que estão a mais
de 40 anos funcionando, por isso queremos intensificar a divulgação para que
outros clientes conheçam e se beneficiem da qualidade comprovada de nossos produtos”, explica a responsável pelo
Departamento de Marketing da Valvugás,
Mara Badin.
Mais informações sobre a Valvugás e seus produtos podem ser obtidas
pelo site www.valvugas.com.br , pelo telefone (11) 3604-8833 ou pelo e-mail
[email protected]
Fruto de pesquisa, máquina para afiar
facão garante vantagens aos trabalhadores
F
ruto de pesquisa com foco na inovação tecnológica, a máquina de afiar lâminas de facas de corte, facões ou podões
de corte de cana-de-açúcar Afilatrice veio atender às propostas do Grupo de Trabalho Mesa de Diálogo – Melhoria das
Condições de Trabalho na Lavoura Canavieira. Com ela, além de
garantir maior segurança ao trabalhador, as empresas podem
também reduzir custos, já que a durabilidade do facão aumenta,
podendo prolongar sua vida útil em até 25%. Outra vantagem é
o menor desgaste físico do trabalhador, já que há menor esforço para que o corte da cana seja feito.
Além de aumentar a produtividade dos trabalhadores, a
utilização da máquina proporciona maior conforto no trabalho,
reduz a fadiga e deixa o vasado do facão e afiações rápidas, uniformes e proporcionalmente corretas.
O instrumento que oferece afiação técnica está instalada em um corpo de ferro e alumínio fundido nas dimensões
1000x1000x1150 milímetros e utiliza cabeçote do rebolo diamantado com propriedades para realizar, além do movimento
142 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
circular, também o movimento longitudinal controlado para mover o rebolo na medida em que seu desgaste vai ocorrendo. O
trabalhador passa apenas o facão pela máquina, sem nenhum
contato com a superfície cortante.
O motor fica instalado na base do corpo da máquina, devidamente protegido juntamente com a bomba de refrigeração. A
máquina foi projetada para ser utilizada por qualquer pessoa e é
a prova de falhas, o que evita acidentes durante a afiação e evita o lançamento de fagulhas ou partículas, garantindo agilidade
e qualidade uniforme da afiação.
Afilatrice,
máquina para
afiar facão
desenvolvida
pela Multitec
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 143
Eventos
Solução para Tratamento de Água
de Fuligem Alfatec/Ieda Neto
É
de vital importância o desenvolvimento de soluções otimizadas visando a redução do consumo de
água nas plantas Industriais. Esta é a filosofia da Alfatec/Ieda Neto e a de todos os
profissionais sérios do setor. Dentro deste
panorama se destaca a otimização do Circuito de Tratamento de Água de Fuligem.
O circuito dos lavadores de gases e
descargas de cinzas da limpeza via úmida
das caldeiras é responsável por um consumo relevante de água dentro de uma
unidade de produção de açúcar e etanol.
Antes de falar do circuito em si, é
importante salientar a melhoria na eficiência das caldeiras em operação e a otimização da operação dos lavadores de gases,
para daí se reduzir o consumo de água do
circuito.
Na busca de menor consumo de
água de reposição deste circuito fechado,
a sugestão é a utilização de outras fontes
de água limpa tais como sobras de água
ou condensados, com pH devidamente
ajustados.
No circuito fechado, a água de Fuligem deverá passar por um tratamento composto de duas etapas: floculação do resíduo e decantação dos sólidos
floculados.
O lodo da decantação poderá seguir
para peneiras e/ou prensas e/ou filtros rotativos a vácuo, onde a água limpa volta
para o processo. A escolha de prensa ou
filtro ou a utilização de uma peneira de separação de particulados associada a um
deles dependerá da melhor condição custo/benefício acordada com o cliente.
Os resíduos sólidos (torta) deverão ter baixo teor de umidade para facilitar
o transporte e o manuseio para posterior
aproveitamento como fertilizante.
Além de projetos de implantações
de novas unidades, compactas e totalmente automatizadas, a empresa oferece
projetos de modificações em instalações
existentes, com assessoria na emissão de
cartas-convite, especificações e equalizações técnicas. Pode ainda executar, quando necessário, o projeto e o detalhamento
de equipamentos.
Presidente mundial da Trelleborg visita a Agrishow
R
eferência quando o assunto é pneu
agrícola, a Trelleborg esteve presente na Agrishow 2011 e contou
em seu estande com a presença do presidente mundial do grupo, Maurizio Vischi.
A empresa, que hoje supre as principais
marcas de tratores e implementos agrícolas com seus pneus em todo o mundo, tem forte atuação
no mercado canavieiro,
uma das prioridades da
Maurizio Vischi,
presidente da Trelleborg
144 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
empresa, como explica Vischi. “Hoje, estamos presentes nas principais usinas do
Brasil, porque desenvolvemos pneus específicos para o setor de cana-de-açúcar”,
afirmou.
De acordo com o presidente da Trelleborg, a empresa foi a primeira a desenvolver pneus para transbordo. “Fomos os
primeiros a desenvolver pneus para tranbordos, de alta flutuação”, disse. Este
tipo de pneu tem como característica, entre outras, compactação reduzida e maior
preservação do solo e da cultura.
Vischi falou ainda sobre a importância da cultura canavieira para a Trelleborg. “No Brasil, é nosso principal mercado, embora tenhamos pneus específicos
para outras tantas culturas. Temos grande
presença no mercado de cana-de-açúcar
e muita especialização neste setor”, afirma. E, já que o mercado no Brasil acolheu tão bem a empresa, é possível que
haja uma expansão no País? “É cedo para
falar disso, mas posso afirmar que queremos crescer aqui. O Brasil é um de nossos principais mercados e crescer aqui faz
parte de nossos planos”, finalizou.
REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011 145
Eventos
Pneu Forte e SBT realizam campanha pelo meio ambiente
P
reocupada em disseminar a consciência ecológica, a Pneu
Forte, empresa especializada na vulcanização de pneus
agrícolas e de carga, realiza juntamente com o SBT Regional de Ribeirão Preto, SP, uma grande campanha em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, no dia 5 de junho.
A Campanha consiste na doação de quatro mil sementes de Ipê
de Jardim, que serão distribuídas em escolas públicas da cidade
para incentivar o plantio de árvores. “Escolhemos o Ipê de Jardim por ser uma árvore não tão grande, o que possibilita que ela
seja plantada em diversos ambientes”, disse a diretora do SBT
Ribeirão Preto, Carmem Cardoso. Para complementar a campanha, todo o material distribuído terá caráter sustentável. “O plástico em que as sementes serão distribuídas é biodegradável e o
papel com as instruções de plantio é reciclado”, afirma Carmem.
O projeto, que conta com ainda com inserções na progra-
G
Empresas distribuem sementes em escolas de Ribeirão Preto
mação regional sobre consciência ecológica, terá ampla cobertura jornalística da emissora, afim de que a idéia de conscientização
seja divulgada. A distribuição de sementes será realizada inicialmente junto à crianças do ensino fundamental de escolas públicas, mas pode ser ampliado de acordo com a diretora do SBT de
Ribeirão Preto.
Segredo da motivação
eneral Chains do Brasil na busca pela harmonia e motivação de seu quadro de funcionários investe cada vez mais
em capital intelectual e na sua estrutura organizacional.
Nos dias de hoje a concorrência entre as empresas dos mais diversos segmentos está mais forte do que nunca, sendo assim
toda empresa que busca a parceria com seus funcionários tem
que ter alguns diferenciais para conseguir atingir esta equação entre Capital x Capital intelectual.
A empresa realiza treinamentos de qualificação profissionais, incentiva participações em Cursos de diversas áreas em
parcerias com Instituições como Ciesp, Acipi e Simespi.
Semanalmente promove reuniões com supervisores e funcionários para abordarem os mais diversos assuntos pertinentes ao bom funcionamento da empresa, visando também integração dos departamentos e comprometimento das equipes.
Praticamos uma gestão de pessoas participativa, onde 20% dos
funcionários são voluntários em projetos com a empresa, como:
Kit escolar completo para os filhos dos funcionários, devidamente matriculados em Escolas até a conclusão do ensino médio.
Biblioteca com acervo de 2.000 livros, jornais diários e revistas
mensais, bem como terminais de computadores com acesso a
internet dos quais os funcionários podem imprimir trabalhos e documentos pessoais conforme suas necessidades. Realização de
vários eventos durante o ano, alguns com participação dos familiares (Festa da Criança, Missão de Ação de Graça e Festa de
Confraternização).
A empresa também conta com uma área de lazer comple-
146 REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2011
No início do
expediente é
realizada a
ginástica laboral
utilizando
técnicas
milenares
orientais como
Liangong e
Karate
ta onde os voluntários promovem torneiros de futebol, pebolim,
truco, entre outros aos demais funcionários. No início do expediente é realizada a ginástica laboral (utilizando técnicas milenares orientais como Liangong e Karate), ministrada por voluntários
preparando fisicamente e mentalmente os nossos funcionários
para dia a dia. A General Chains também participa dos projetos
sociais com a comunidade. É madrinha de cinco Instituições de
ensino no projeto “O Brasileirinho” junto com da Polícia Federal e
Secretaria Nacional Antidrogas e do Fundo Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente – Fumdeca, destinando parte do Imposto de Renda as Instituições sociais da Cidade. E através da Lei
Rouanet, a empresa é uma das patrocinadoras no espetáculo da
Paixão de Cristo um dos maiores eventos da região.
A Diretoria da empresa acredita que através dessas ações
esteja no caminho do segredo da motivação, onde busca a Harmonia, Felicidade e o Bem-Estar de toda a Família General Chains.
General Chains do Brasil - Telefone:(19) 3417-2800
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