242 8.9.10. História das Civilizações Nativas da América do Sul A

Transcrição

242 8.9.10. História das Civilizações Nativas da América do Sul A
8.9.10. História das Civilizações Nativas da América do Sul
A DESCONHECIDA MARAVILHA INDÍGENA
A cada dia novas descobertas históricas e arqueológicas vêm comprovar o respeitável grau de
conhecimento dos povos nativos do Brasil e da América do Sul. Ajudando a desmoronar a versão
dos invasores brancos de então, e dos ideólogos imperialistas de hoje, de que a civilização, a
ciência e o bem-estar chegaram às terras americanas com os europeus, e que os indígenas desta
parte do chamado Novo Mundo — à exceção dos incas e outras poucas tribos — eram selvagens,
pouco mais que macacos.
Um desses grandes feitos indígenas pré-colombianos, infelizmente pouco conhecido dos
brasileiros, é o Caminho de Peabiru. Com mais de três mil quilômetros, o Peabiru foi a estrada
transcontinental mais importante da América do Sul antes da chegada dos europeus. Ele ligava,
segundo estudos, os Andes ao oceano Atlântico, servindo como ligação entre os nossos guaranis e
os demais povos sul-americanos. Fascinante, misterioso, polêmico, tido como sagrado, o
Caminho unia o litoral de Santa Catarina e São Paulo ao grande império inca no Peru.
Além de ser uma obra viária de grande competência, a existência do Peabiru revela, entre outras
coisas, que os índios do sul do Brasil — ao contrário do que comumente se pensa — dominavam
um conjunto de informações astronômicas sofisticadas, bem mais além do que as fases da lua ou a
noção de dias e noites.
Buscando recuperar a memória de tão importante realização indígena e levá-la ao conhecimento
de nosso povo, a reportagem de AND conversou com a jornalista e escritora paranaense Rosana
Bond, correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) em
Florianópolis, e autora dos livros O CAMINHO DE PEABIRU e A SAGA DE ALEIXO
GARCIA, O DESCOBRIDOR DO IMPÉRIO INCA, além de pesquisadora do assunto há oito
anos. Nesta entrevista exclusiva, ela afirma, citando o professor Samuel Guimarães que “se o
Egito foi um presente do rio Nilo, a América do Sul foi um presente do Peabiru”.
AND: O CAMINHO DE PEABIRU FOI DESCOBERTO RECENTEMENTE?
Rosana Bond: Digamos que ele foi redescoberto recentemente. Depois de vários
séculos quase esquecidos, o Caminho começou a ser motivo de novas
investigações na década de 90, quando surgiram os primeiros livros específicos
sobre o tema.
Em 1996 saiu o meu, O Caminho de Peabiru, quando, com a ajuda preciosa do
povo de Campo Mourão (PR), levantei o trajeto paranaense, paraguaio, boliviano
e peruano da “estrada”. Foi também nessa época que identifiquei o seu primeiro
vestígio concreto, no município de Pitanga (PR), graças ao trabalho apaixonado
de um funcionário local do IBGE, o Sr. Clemente Gaioski.
Esse livrinho, escrito para as crianças de Campo Mourão, teve distribuição
gratuita em várias cidades do Paraná e esgotou-se rapidamente. Em 1997
Hernâni Donato, do IHGSP, lançou o seu excelente Sumé e Peabiru. E em 2002,
Luiz Galdino publicou Peabiru — Os incas no Brasil.
242
A partir daí alguns outros pesquisadores têm igualmente se dedicado ao assunto.
Mesmo assim, o Peabiru ainda continua fora dos nossos livros escolares. A
louvável exceção foi a editora Ática, que no ano passado o incluiu num de seus
paradidáticos de História, e também numa obra de literatura infanto-juvenil, da
coleção Vaga-Lume, chamada Crescer é uma aventura, escrita por mim. Achei
que seria bom para a gurizada conhecer uma história verdadeira narrada através
das peripécias de um adolescente e uma tia meio maluca.
AND: O QUE ERA O PEABIRU?
RB: Ele foi a mais importante via transcontinental da América do Sul précolombiana, segundo definiu Reinhard Maack, da Universidade Federal do
Paraná (UFPR) em 1959. Era uma “estrada” indígena com um tronco e uma
série de ramais, formando uma rede. O professor Samuel Guimarães da Costa
escreveu nos anos 70, no jornal O Estado do Paraná, que “se o Egito é um
presente do Nilo, a terra hoje paranaense é o legado de um caminho pré-histórico
que se apagou na geografia da colônia”. Vou um pouco além, acho que a América
do Sul é que é o legado do Peabiru, não apenas o Paraná, ou Santa Catarina, ou
São Paulo.
AND: ESSA “ESTRADA” REALMENTE EXISTIU?
RB: Há autores, entre eles Júlio Estrela Moreira (Caminhos das comarcas de
Curitiba e Paranaguá) que negam a existência do Peabiru. Mas há outros que não
opõem a menor dúvida. Partem de relatos feitos desde 1500.
Em 1555 o ex-adelantado (governador) do Paraguai, Álvar Nuñes Cabeza de
Vaca, contava sua caminhada desde a Ilha de Santa Catarina, hoje Florianópolis,
até Assunção usando “o caminho milenar feito por estes índios, o Peabiru...”. Em
1612 o cronista Ruy Díaz de Guzmán falava também do Peabeyú, um caminho
bem marcado.
O padre Antonio Ruiz de Montoya, criador das reduções jesuíticas da região do
Guairá (Paraná) escrevia em 1639 que viu “... um caminho que tem oito palmos
de largura...” Para Hernâni Donato, que considero o maior especialista
brasileiro no assunto, não há o que discutir. “Dezenas de personalidades viram,
testemunharam”, assegura ele no seu Sumé e Peabiru.
AND: POR ONDE PASSAVA O CAMINHO E QUAL A SUA EXTENSÃO?
RB: A linha tronco tinha cerca de 3 mil quilômetros, ligando o Atlântico ao
Pacífico, ou seja, ia do Brasil ao Peru ou vice-versa. Unia o litoral de Santa
Catarina e São Paulo ao litoral peruano. No trajeto, o Brasil (Santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul), Paraguai, Bolívia e Peru.
243
AND: E COMO SE SABE QUE CHEGAVA ATÉ O PERU?
RB: Diversos pesquisadores, entre eles o arqueólogo Igor Chmyz, da UFPR,
verificaram que curiosamente o Peabiru “entrelaçava-se” com as estradas
construídas pelos incas. Além disso, as evidências sobre os contatos entre tribos
brasileiras e os índios peruanos levaram à conclusão de que efetivamente havia
um caminho terrestre fácil e conhecido. Sobre isso, há inúmeras histórias. Uma
delas, interessantíssima, foi narrada em livro por Marcus Acquaviva, do South
American Explorers Club: “Nossa galinha doméstica, introduzida no Brasil em
1502, pouco tempo depois cocoricava perante um assombrado rei peruano, que
jamais tinha visto ave tão estranha!” Sem falar do anzol metálico, que tão logo
chegou ao nosso país, foi levado rapidamente aos incas de Cuzco. E mais, levado
com o mesmo nome tupi-guarani que recebeu aqui: pindá.
AND: É POSSÍVEL SABER A ROTA EXATA DO CAMINHO?
RB: Exata, não. Mas pesquisei diversas fontes, analisei semelhanças e diferenças
e creio que, mesmo sem precisão, é possível traçar um roteiro entre o Brasil e o
Peru. O trecho paulista, que começava em São Vicente e Cananéia, era muito
importante. Histórico também foi o ramal paranaense de Campo Mourão, perto de
onde há até um município denominado Peabiru.
Mas, como estou um pouco mais familiarizada com o ramal sul, aquele que
começava em Santa Catarina, falarei apenas dele. Partindo talvez do atual
município de Palhoça (Massiambu) e Florianópolis, a trilha ia até Barra Velha,
penetrando continente adentro no rumo do rio Itapocu. Cruzava o nordeste
catarinense, passando possivelmente por Guaramirim e São Bento do Sul, e
chegava ao Paraná.
Já dentro daquele estado, passava em Castro e seguia pelas cabeceiras dos rios
Ivaí e Cantu. Chegava ao médio Piquiri, indo pela margem esquerda deste até
cruzar o rio Paraná, acima de Guaíra. Havia outra passagem por Foz do Iguaçu,
mas esta não era a original da linha tronco, segundo afirmaram Reinhard Maack
e Jaime Cortesão. Atravessando o rio Paraná, estava-se no Paraguai.
A entrada do Peabiru na terra paraguaia se fazia por dois ramais. O primeiro era
rio Mondaí-Assunção/rio Paraguai-Chaco. O segundo era rio Iguatemi-Alto
Chaco-Porto Casado. Os dois ramais se juntavam no Chaco. O Peabiru, então,
seguia o rio Paraguai ao norte até a serra de Santa Luzia.
Em Corumbá e Puerto Suarez, guinando a oeste, penetrava na Bolívia, passando
por Cochabamba-Sucre-Potosí. Nesses locais existiam caminhos incas e era
provavelmente ali que o Peabiru já se confundia com eles. A partir de Potosí, a
estrada inca seguia pelo rio Desaguadero, ou por uma linha paralela mais ao
norte. Alcançava depois o lago Titicaca, entrando no Peru. Contornava o lago
pelo norte e sul. A bifurcação se unia em Cacha, voltando a ser uma via única.
244
Essa via rumava para Cuzco, a capital incaica. A partir dali havia várias opções
para alcançar o Pacífico. As mais próximas eram as trilhas para o litoral de
Tacna, Moquegua e Arequipa.
AND: COMO SE SABE QUE O PEABIRU PASSAVA POR SANTA
CATARINA?
RB: Porque desde o século XVI já se falava disso. Primeiro foi a expedição do
português - catarinense Aleixo Garcia, que aproximadamente em 1523 saiu da
Ilha de Santa Catarina, trilhou o Peabiru e descobriu os incas antes dos
espanhóis. Aleixo foi o primeiro homem branco que andou sobre o Peabiru, pouca
gente sabe disso. E também são poucos os que sabem que o império incaico não
foi descoberto pelo espanhol Francisco Pizarro, como dizem os livros de História.
E sim por esse desconhecido “brasileiro”, náufrago, morador de Santa Catarina,
chamado Aleixo Garcia.
Mas essa é uma outra fascinante história, que deixaremos para outra ocasião.
Mais tarde, houve o relato de Cabeza de Vaca no seu Naufrágios e Comentários.
AND: E POR ONDE CRUZAVA ESSA TRILHA DENTRO DO TERRITÓRIO
CATARINENSE?
RB: No momento é difícil dizer porque as informações são contraditórias. Em
breve, se conseguir alguns recursos, devo fazer um levantamento histórico para
tentar identificar corretamente o roteiro.
AND: O PEABIRU NÃO PASSAVA POR FLORIANÓPOLIS?
RB: Ao contrário do que sempre se diz, ou seja, que o Caminho iniciava-se no rio
Itapocu, em Barra Velha, acredito que a atual Florianópolis, a área do
Massiambu e talvez até Laguna tenha sido atendida pelo Peabiru.
É só uma hipótese. Mas há uma certa lógica em pensar o seguinte: se a história
diz que eram os guaranis da Ilha de Santa Catarina e do Massiambu (município
de Palhoça) que praticavam o Peabiru, guiando homens brancos ao Paraguai e
ao Peru, por que esse Caminho começaria apenas no Itapocu e não na área da
capital catarinense?
Embora haja indícios de que se fazia o trecho Florianópolis-Itapocu por mar, não
se pode descartar a presença de uma via terrestre (Peabiru) por ali. A
antropóloga e mestre em arqueologia Deise Montardo, da Univeridade Federal de
Santa Catarina (UFSC), considera possível a ocorrência de uma trilha indígena
entre Florianópolis e o Itapocu. E o geógrafo Augusto Zeferino, também da
UFSC, fala claramente dos peabirus existentes na capital em sua obra Caminhos e
trilhas de Florianópolis.
245
AND: O PEABIRU ERA UMA SIMPLES TRILHA ABERTA NA MATA OU
POSSUÍA CALÇAMENTO?
RB: Tudo indica que dependendo do terreno — selva, pântano, zonas pedregosas,
etc. — o Caminho tinha características diferentes. O padre Lozano o descreveu de
forma interessante: oito palmos de largura e forrado com uma grama miúda.
Moysés Bertoni, grande estudioso da cultura guarani, disse que esses índios
semeavam suas trilhas com gramináceas de sementes glutinosas que grudavam
nos pés e pernas dos viajantes. Assim, ao caminhar, ia-se multiplicando o plantio.
Há relatos de que certos trechos eram pavimentados com pedras, do mesmo modo
que as vias incaicas. Donato menciona dois prováveis achados: um perto da
aldeia de Meruri (MT); o outro a 50 km do rio Miranda (MS).
No norte de Santa Catarina há um trecho de escadaria de pedra, com mais de três
mil degraus, em Garuva, antigamente chamada Estrada das Três Barras, mas
sobre o qual não há confirmação de pertencer ao Peabiru. O padre Tarcísio
Marchiori, antigo investigador de temas indígenas catarinenses, acredita que
várias trilhas empedradas naquela região foram feitas por homens brancos a
partir do século XIX, conforme cópias de ordens de serviço que tem em mãos.
AND: QUE OUTRAS CARACTERÍSTICAS TINHA O CAMINHO?
RB: O astrônomo Germano Bruno Afonso, do Departamento de Física da UFPR,
notou que coincidentemente ou não, existiam diversas marcações astronômicas, a
maioria feita em pedra, ao longo do percurso do Peabiru.Eram gravações
rupestres e monólitos com orientação astronômica (indicando solstícios,
equinócios, pontos cardeais e até constelações) que demonstravam um
conhecimento bastante aprimorado.
Tais pedras, verdadeiras obras científicas, foram trabalhadas por índios
brasileiros. Talvez pelos itararés, talvez pelos guaranis, não se sabe. Uma dessas
peças de pedra, uma espécie de calendário solar, foi localizado pelo professor
Germano em Mangueirinha (PR), numa zona que foi afetada pela usina de
Segredo.
Outro conjunto enorme e interessante de pedras orientadas está em Florianópolis,
na ponta catarinense do Caminho.
AND: O QUE SIGNIFICA O NOME PEABIRU?
RB: A palavra é de origem tupi-guarani e para ela há uma grande variedade de
traduções. Há uma pequena lista: “Caminho forrado, entulhado”; “Por aqui
passa o caminho antigo de ida e de volta”; “Caminho pisado, pegada do caminho,
marca do caminho”; “Caminho ralo, caminho sem ervas”; “Caminho brando,
suave”; “Caminho cujo percurso se iniciou”; “Caminho tortuoso, cheio de
246
voltas”; “Caminho que leva ao céu, ou às alturas”.
AND: E QUEM TERIA CONSTRUÍDO ESSA ESTRADA?
RB: Os estudos não são conclusivos, há diversas teses. Citarei apenas três, que
considero as mais notáveis:
(1) Caminho da Terra Sem Mal: Os guaranis, saídos do Paraguai, teriam se
deslocado para o litoral catarinense entre os anos 1000 e 1300. O Peabiru teria
sido aberto nessa migração, cujo objetivo seria a procura de um paraíso, a
chamada Terra Sem Mal, Yvy marã ey.
“Crêem que (a Terra Sem Mal) está situada na direção leste, onde nasce o sol, e
as migrações dos povos guaranis os levavam à sua busca naquele lado. Muitos
chegaram à costa atlântica...”, afirma o estudioso paraguaio Dionísio Gonzalez.
A motivação religiosa teria transformado o Peabiru em algo sagrado para os
guaranis.
(2) Caminho dos incas: A rede viária incaica no Peru, Equador, Argentina e
Bolívia, com 16 mil quilômetros, era impressionante. Victor von Hagen, da
Sociedade Geográfica dos EUA, que fez um levantamento completo daquele
sistema estradal nos anos 50, chegou a compará-lo com a dos romanos: “(...)
Conquanto não se possa negar a Roma seu lugar ao sol da civilização, os incas,
que viviam num horizonte cultural neolítico, presos a instrumentos de pedra,
conceberam um sistema de comunicação que se situa num ponto elevadíssimo em
confronto com o romano”.
Vários autores levantam a hipótese de que os incas teriam aberto o Peabiru.
Romário Martins, Augusto Pinto, o Barão de Capanema e Caldas Tibiriçá
supunham que os andinos desejassem ligar Cuzco ao Atlântico, dentro de uma
concepção expansionista do império.
Luiz Galdino, autor de Itacoatiaras, uma pré-história da arte no Brasil e Peabiru
— Os incas no Brasil e Hernâni Donato dizem que os incas podem ter estado em
praias sul-brasileiras. Florianópolis (SC), Guaratuba (PR) e litoral santista
incluídos. Sugerem que através do Peabiru, funcionários do soberano inca podem
ter visitado S. Catarina, Paraná e S. Paulo, até com uma certa assiduidade, para
avaliar a possibilidade de contatos comerciais. “Mera prospecção”, diz Donato.
Galdino acredita que as viagens dos batedores incas ocorreram em época recente,
pouco antes da vinda dos europeus, e eram realmente uma tentativa daquele
império de colocar um pé no Atlântico. “Só que aqui a imensa confederação Carió
(Guarani), no sul, e Tupinambá, de Cananéia para cima, botaram-nos para
correr” — afirma ele, bem-humorado. Mesmo sem relações duradouras, as idas e
vindas de guaranis e incas pelo Peabiru deixaram vestígios de uma certa
247
influência cultural. Tenho pesquisado algumas coisas. Por exemplo:
Na astronomia: os meses do ano são relacionados à lua (jassy, em tupi-guarani e
killa, no idioma quíchua praticado pelos incas).
Na estatística: o ainhé (cordão de cipó guarani) é semelhante ao quipu (cordão
com nós, dos incas, usado para contagem).
Na música: grupos guaranis adotaram a flauta de pã dos Andes
Nas armas: a macaná guarani (clava, borduna) é muito parecida com a maqana
dos incas. Na denominação de fauna, flora: sara (espiga, em guarani; milho em
quíchua); cui (animal roedor, nos dois idiomas); jaguar, jaguara (felino, nos dois
idiomas); mandioca (guarani) e ioca ou iuca (quíchua), suri (ema, nos dois
idiomas).
(3) Caminho de São Tomé: Segundo essa versão, o caminho teria sido aberto por
São Tomé, apóstolo de Cristo. A passagem de Tomé pela América foi bastante
mencionada a partir do século XVI. Entre os depoimentos estão os dos padres
Montoya, Lozano, Manoel da Nóbrega e da Newe Zeitung Ausz Persill landt
(Nova Gazeta da Terra do Brasil, 1508).
A versão corrente é a que um homem branco, barbudo, trajando um camisolão —
identificado como o apóstolo — teria chegado ao Brasil “andando sobre as
águas”. Chamado de Zumé, Sumé ou Pay Sumé pelos índios, esse personagem
teria falado de um deus único e transmitido aos nativos uma série de
conhecimentos.
Em sua peregrinação, teria percorrido trechos do Brasil e ido rumo ao Paraguai e
ao Peru, abrindo então o Caminho de S. Tomé (Peabiru). Em terras paraguaias
foi chamado de Sumé. Saindo dali, a figura teria continuado a abertura do
Caminho até os Andes, onde foi chamado de Kon Illa Tijsi Viracocha — também
conhecido por Kon Tiki e Viracocha.
Donato frisa que o fascínio por Tomé-Sumé-Viracocha fez com que Villa-Lobos
compusesse a sinfonia Sumé-Pater Patrium. Para Donato, é possível que esse
homem branco, identificado como o apóstolo Tomé, na verdade fossem várias
pessoas e pertencessem ao grupo do monge Brandão, que saiu da Islândia no
século XII e retornou para lá narrando sua passagem por um distante paraíso
terrestre, talvez a América.
Segundo Sérgio Buarque de Holanda em seu Visão do Paraíso, adevoção
suscitada pela descoberta do Caminho de São Tomé na América no século XVI foi
tamanha que quase desbancou o de Santiago de Compostela: “Pouco faltaria, em
verdade, para que não apenas na Índia, mas em todo o mundo colonial
português... essa devoção tomasse um pouco o lugar que tivera o culto bélico de
248
outro companheiro e discípulo de Jesus, cujo corpo se julgava sepultado em
Compostela.”
AND: AINDA EXISTEM TRECHOS DO PEABIRU?
RB: No Brasil, praticamente não sobrou nada. A ocupação do território pelas
lavouras e cidades fez a trilha desaparecer. Há apenas uns poucos vestígios em
Pitanga (PR). Nos anos 70, o professor Igor Schmyz localizou um pequeno trecho
de um ramal em Campina da Lagoa (PR), mas este, segundo ele, foi destruído pela
atividade agrícola pouco tempo depois.
Os governos e as classes dominantes, nestes 500 anos, têm se lixado para o
patrimônio arqueológico do país. Ainda mais se esse patrimônio envolve a
memória indígena. Nos demais países da América Latina ocorre o mesmo.
A maior parte do acervo pré-colombiano da nossa América foi rapinado pelos
imperialistas europeus e dos USA. Primeiro eles destruíram tudo o que puderam;
depois, o que sobrou levaram para os seus ricos museus.
A parte física — ruínas de cidades indígenas, templos, estradas, etc. — só recebe
(alguma) conservação quando gera dinheiro. Caso de Machu Picchu no Peru,
Teotihuacán no México, ou a Ilha de Páscoa no Chile. O resto está caindo aos
pedaços. As importantíssimas e ainda não decifradas inscrições (itaquatiaras) nas
pedras de Ingá, na Paraíba, estão indo para o beleléu.
As centenas de sítios rupestres de Florianópolis, ligados ao Peabiru, nunca foram
tombados — o primeiro tombamento foi feito há apenas três anos e beneficiou
somente a Ilha do Campeche. Essas pedras sofreram uma destruição bárbara e só
agora devem ter uma pequena parte protegida num parque.
8.9.11. Calendário de Festas e Eventos
249
Araquari
Balneário Barra do Sul
Barra-Velha
Garuva
Itapoá
Joinville
São Francisco do Sul
São João do Itaperiú
Tabela 79: Calendário de Eventos - ARAQUARI
Data:
13 a 16
Móvel/Jan
01 à 05/04
Móvel/Abr
16/04
Maio/Móvel
Maio/Móvel
Maio
Junho
Junho/Móvel
Junho
3/Julho
Agosto/Móvel
Setembro/Móvel
Título da Festa
Festa em Honra a São Sebastião/Local: Corveta / Fone:
Festa da Sagrada Família /Local:Barra do Itapocú /Fone: (47)452-3014
Aniversário do Município/Local: em todo o municpio/ Fone:(47) 4471200
do Maracujá
Festa da Polenta/Local:Comunidade São Paulo/Fone:(47)447-1396
Romaria da Terra/ Local:Na sede do Município/Fone:(47) 447-1149
Festa de São Francisco de Assis/ Local:Comunidade São Francisco de
Assis - Guamiranga/ Fone: (47) 9993-1259
Espírito Santo
São Luiz Gonzaga
Sagrado Coração de Jesus/ Local:Distrito de Itapocú/ Fone:(47)452-0043
Nossa Senhora do Rosário
Festa Padroeiro São Paulo Apóstolo/ Local:Comunidade São Paulo /
Fone:(47)447-1396
Festa do Senhor Bom Jesus de Araquari/ Local:Na sede do Município/
Fone:(47)447-1149
Festa de Nossa Senhora das Dores/ Local:Comunidade Morro do Jacu/
Fone:(47) 492-2780
250
Setembro
Setembro
8 a 16/Outubro
Outubro/Móvel
Novembro/Móvel
Dezembro
Dezembro
Nossa Senhora das Graças
Festa de São Miguel/ Local:Comunidade de São Miguel de Guamirnga/
Fone:(47)492-2725
Festa de Nossa Senhora Aparecida/ Local:Ponto Alto/ Fone:(47)447-1511
Festa do Rosário/ Local: Na sede do Município/ Fone:(47) 447-1149
V Encontro Musical de Gerações/Local:Centro do Município de
Araquari/
Sagrada Família
Nosa Senhora do Rosário Catumbi
Tabela 80: Calendário de Eventos - BALNEÁRIO BARRA DO SUL
Data:
01/jan
01 à 09/jan
09/jan
02/fev
2 quinzena/Junho
28 e 29/jun
Setembro
Setembro/Móvel
Título da Festa
Missa da Paz
Semana do Município
Aniversário do Município
Festa Dia de Nossa Senhora dos Navegantes
Festa da Tainha/ Local:Balneário Barra do Sul/ Fone:
(47)448-1043
Festa de São Pedro
Festa de Nossa Senhora da Graça
Festa do Camarão/Local:Balneário Barra do
Sul/Fone:(47)448-2406
Tabela 81: Calendário de Eventos - BARRA VELHA
Data:
02/fev
Mai
Julho
Setembro
07/dez
Título da Festa
Festa Dia de Nossa Senhora dos Navegantes
Festa do Divino Espírito Santo
Festa de São Cristóvão
FENAPIR - Festa Nacional do Pirão
Aniversário da Cidade
Tabela 82: Calendário de Eventos - GARUVA
Data:
Junho
julho
Outubro
Título da Festa
Festa do Padroeiro
Festa do Colono
Festa da Banana
251
Tabela 83: Calendário de Eventos - ITAPOÁ
Data:
Móvel/Abril
Junho
Título da Festa
Aniversário do Muncípio
Festa do Pescador
Tabela 84: Calendário de Eventos - JOINVILLE
Data:
09/mar
Mai
Mai
6 a 10/Junho
25 a 27/Junho
20 à 27/julho
24 a 28/Agosto
2 a 11/Setembro
13 a 17/Setembro
Setembro/Móvel
Outubro/Móvel
2 quinzena/Novembro
Título da Festa
Aniversário do Muncípio
Festa do Pão
Festa do Arroz
Expogestão/ Local:Expocentro Edmundo Doubrawa(Centreventos Cau
Hansen)/ Fone: (47)451-3000
Feira Catarinense de Beleza/ Local: Expocentro Edmundo Doubrawa/
Telefone: (47) 3028-0002
23 Festival de Dança de Joinville/ Local:Centreventos Cau Hansen/
Fone: (47)423-1010
INTERCON / Local:Expoville/ Fone:(47)451-3000
Home-Art Feira de Móveis e Decorações/ Local:Expocentro Edmundo
Doubrawa/ Fone:(47) 2641728
INTERMACH/ Local:Pavilhão de Exposições da Expoville/
Fone:(47)431-3000
II COMPHAN /Local:Centreventos Cau Hansen /Fone:(71)342-3870
Farmápolis - 13 Edição / Local:Centreventos Cau Hansen/ Fone:(47)
224-0232
67 Festa das Flores/ Local:Expocentro Edmundo Doubrawa/ Fone:(47)
453-2663
Tabela 85: Calendário de Eventos - SÃO FRANCISCO DO SUL
Data:
Jan
Jan
4/01 a 28/02
15/01 a 13/03
28 a 30/01
Título da Festa
SOJOPA - Campeonato de Pesca
FECAM - Festa do Camarão
Estação Verão
Campeonato de Beach Soccer/ Local:Enseada/ Fone:(47)444-5257
Rodeio Summer Country/ Local:Ubtuba/ Fone:(47)444-5257
252
29 30/01
4/fev
19 a 21/02
Móvel/Março
Móvel/Março
Móvel/Abril
Móvel/Junho
Móvel/Junho
Móvel/Julho
Móvel/Julho
Móvel/Julho
Setembro/Móvel
Setembro/Móvel
Setembro/Móvel
Setembro/Móvel
Setembro/Móvel
28 SOJOPA/ Local:Praia Grande/ Fone:(47)444-5257
Baile Municipal de Carnaval/ Local:Clune Náutico Cruzeiro do Sul/
Telefone:(47)444-5257
5 Taça Oceano de Surf/ Local:Prainha / Telefone:(47)444-5257
Escolha da Rainha da Festilha/ Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/
Fone: 444-5257
Lancamento 17 Festilha/ Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul
FESTILHA - Festa das Tradições da Ilha/ Local:Centro Histórico/
Telefone:(47)444-5257
Arraia da Vila- Festa Junina/ Local:Vila da Glória/ Fone: (47)444-5257
Festival da Música Sacra/ Local: Cine Teatro X de Novembro/
Fone:(47) 444-5257
Festa da Tainha/ Local: Forte / Fone:(47)444-5257
4 Balfest/ Local:Enseada/ Fone:(47)444-5357
4 Festa do Pescador/ Local: Paulas/ Fone:(47)444-5257
Festa da Padroeira Nossa Senhora da Graça/ Local:Centro/
Fone:(47)444-5257
Balcão de Negócios/Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/
Fone:(47)444-5257
Festa de Nossa Senhora da Graça/Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/
Fone:(47)444-5257
Tour de Santa Catarina de Ciclismo/Local:Centro e Bairros/
Fone:(47)444-5257
Festa de Nossa Senhora da Graça/Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/
Fone:(47)444-5257
Tabela 86: Calendário de Eventos - SÃO JOÃO DO ITAPERIÚ
Data:
29/mar
24/jun
Título da Festa
Aniversário do Município
Festa de São João
8.9.12. Centros de Eventos / Negócios
Centreventos Cau Hansen
Tem capacidade para receber 600 pessoas no Teatro Juarez
253
Machado, 3000 na área de convenções e 12000 na grande área
Av. José Vieira , 315
Bairro: América
Fone: (047) 3025-2729
Joinville-SC
8.9.13. A Riqueza da Diversidade Cultural
Toda a região da Costa do Encanto é marcada pela diversidade cultural. A dança, o folclore, a
música, o sotaque, o artesanato, as festas tradicionais, as lendas, enfim, todos estes importantes
componentes são peças fundamentais na construção da identidade cultural de um povo.
Para os visitantes, as características locais terão forte influência e marcarão esta passagem,
juntamente com os atrativos naturais.
254
Um passeio pelas festas e tradições
Festival de Dança
Joinville/SC
Em qualquer época do ano é possível conhecer as tradições locais, representadas pelas várias festas
e eventos regionais. Um dos grandes destaques é, sem dúvida, o Festival de Dança de Joinville,
realizado em julho, e considerado, atualmente, o maior evento do gênero no mundo
(Guinness/2005). O Festival reúne mais de quatro mil bailarinos, promove diversos eventos
paralelos e movimenta toda a cidade durante 11 dias. Ainda em julho acontece o Joinville Jazz
Festival e no mês anterior, em junho, é realizado o Festival Gastronômico Arte e Sabor, que
apresenta um banquete de cultura, aromas e saboras.
Festa das Flores
Joinville/SC
Em outubro é a vez da cidade entrar no circuito das festas de Santa Catarina com a realização da
Festa das Tradições de Joinville e em novembro, apresentar um bonito cenário de cores e perfumes
com a tradicional Festa das Flores.
Para quem gosta de uma boa pescaria, uma dica é curtir a Garupesc, uma gincana embarcada
para pesca ao robalo que acontece em maio, na Baía do Palmital, o nosso “Pantanal”, em Garuva. A
255
cidade oferece ainda a tradicional Festa de São João Batista, em junho, e a Festa do Colono, em
julho, uma homenagem à população rural. Bem pertinho dali, em Itapoá, o destaque fica por conta
da Festa do Pescador, em junho, e do Projeto de Verão que engloba atividades esportivas, culturais
e recreativas para o grande público que lota o balneário na temporada.
O verão também é um dos destaques de São Francisco do Sul, mas a diversidade do município
vai além dos agitos da estação. São famosos os grupos folclóricos que representam as diversas
etnias formadoras da cultura local e que resgatam tradições com a do Boi-de-Mamão, da Dança do
Vilão, do Pão-por-Deus, das Pastorinhas e da Dança do Pau-de-Fita. Estas manifestações ganham
espaço privilegiado na Festilha – Festa das Tradições da Ilha, realizada em abril e que reúne alguns
dos costumes deixados pelos portugueses. O Carnaval é outra marca registrada da cidade e um dos
mais tradicionais de toda a região Norte de Santa Catarina.
Festa do Maracujá
Araquari/SC
Passando por Araquari, o turista tem a chance de renovar sua fé com a Festa do Santuário
Senhor Bom Jesus de Araquari, realizada em julho e que culmina no dia seis de agosto (Dia do
Padroeiro). Mas o grande destaque da cidade é mesmo a Festa do Maracujá, realizada no mês de
abril, junto aos festejos de aniversário da cidade, capital da fruta. Em dezembro devoção religiosa e
tradição cultural afro-descendente marcam a festa do Catumbi, na comunidade de Itapocu, de
Araquari.
Em Balneário Barra do Sul é a Festa da Tainha que movimenta o município, em junho.
256
Surfest
Balneário Barra do Sul/SC
No verão, o balneário também é palco do Surfest, campeonato de surf que reúne atletas de
vários estados brasileiros.
Em São João do Itaperiú acontece a Festa de São João Batista, em junho, uma importante
manifestação da comunidade rural. No município ao lado, o balneário de Barra Velha promove,
entre os meses de maio e junho, a Festa do Divino Espírito Santo, evento de tradição açoriana que
concentra grande número de apreciadores. Mas Barra Velha também reúne os visitante em volta da
mesa para conhecer um dos pratos típicos da região durante a Fenapir – Festa Nacional do Pirão,
realizada em setembro.
8.9.14. Gastronomia com Muitas Opções
Quando de fala em pratos típicos, nada melhor que experimentar novos sabores.
A costa litorânea oferece pescados e frutos do mar, bem aproveitada na elaboração de pratos
típicos. Em Balneário Barra do Sul, o destaque é a Tainha, O camarão é outra maravilha bastante
apreciada.
Em São Francisco o cultivo de mariscos vem fortalecendo o desenvolvimento de pratos à base
do mexilhão. A cambira (tainha defumada) recheada e servida com pirão d´água com lingüiça é
outra delícia tradicional. Tem ainda a Vila da Glória, um centro gastronômico de frente para a
Babitonga.
Em Barra Velha, o delicioso pirão é prato que já ganhou uma festa em data especial. E na região
Norte da Costa do Encanto não se pode deixar de provar as trutas de Garuva em suas diversas
receitas, como a famosa truta com amêndoas, prato típico local.
257
Como não poderia deixar de ser, no rico cenário rural que faz parte da Costa do Encanto, os
produtos coloniais são de dar água na boca . Queijos, cucas, geléias, licores, conservas, doces
caseiros, marreco defumado e todas as outras delícias do campo são um forte convite para uma
visita a Garuva e São João do Itaperiú, que tem ainda a fabricação de derivados de farinha de
mandioca (biju, cuscuz, tapioca e rosca) como atrativo.
Joinville não fica de fora e oferece quitutes caseiros da Estrada Bonita, região voltada ao
turismo rural, além de um gostoso café colonial com suas tortas de requeijão e apfelstrudel (torta de
maçã). A cidade é marcada pela combinação de receitas trazidas pelos imigrantes de várias
nacionalidades. Conta comdiversas opções de restaurantes de comidas típicas alemãs, como o
marreco recheado e o Eisbein (joelho de porco), italianas (massas) orientais, além dos rodízios de
carnes e frutos do mar.
Eisbein
INGREDIENTES:
1 joelho de porco
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de colorau
1 folha de louro
1/4 de colher de chá de pimenta-do-reino
2 colheres de sopa de salsinha picada
1 colher de sopa de cebolinha verde picada
1 cebola média cortada em 4
2 dentes de alho cortado em 2 pedaços
MODO DE PREPARO:
Coloque todos os ingredientes numa panela e cubra com água. Tampe a panela e leve ao fogo forte
até ferver. Abaixe o fogo e cozinhe até que a carne esteja macia. A carne deve ser mantida no caldo
até a hora de servir, quando deve ser requentado. Sirva com chucrute e batatas pequenas cozidas
com casca.
Marreco Recheado
INGREDIENTES:
1 marreco limpo com os miúdos
Sal
Limão
Pimenta-do-reino a gosto
3 pãezinhos franceses
258
1/3 de xícara de chá de água
1 colher de sopa de salsinha picada
1 colher de sopa de cebolinha picada
1/3 de xícara de chá de banha
MODO DE PREPARO:
Tempere o marreco com sal, limão e pimenta-do-reino a gosto. Moa os miúdos do marreco
juntamente com os pãezinhos amolecidos na água. Tempere com sal, salsinha e cebola. Misture
bem e recheie o marreco. Cubra-o com a banha e leve para assar em forno moderado preaquecido
(180º) por umas 2 horas.
Dica :
Sirva acompanhado com repolho roxo e purê de maçã
Marisco ao Vinagrete
INGREDIENTES:
400g de Marisco Pioneira;
02 tomates picados;
01 pimentão verde picado;
01 cebola média picada;
03 dentes de alho picados;
Suco de 01 limão;
Azeite de oliva;
01 colher (chá) de orégano;
Sal;
Cebolinha picada;
Salsinha picada.
MODO DE PREPARO:
Tempere os Mariscos Pioneira já cozidos com sal e limão. Misture bem com os outros ingredientes.
Sirva como entrada ou com acompanhamento de sua preferência.
Tainha Recheada
INGREDIENTES:
1 tainha inteira, aberta pelo dorso (é só pedir na peixaria)
1 limão
1/2 kg de camarão sete-barbas limpo
1/2 pimentão vermelho cortado em pedacinhos
1 cebola picadinha
2 colheres (sopa) bem cheias de manteiga
1 xícara (chá) de farinha de mandioca branca fina
2 ovos cozidos
259
50 g de azeitonas pretas sem caroço
sal a gosto
agulha e linha para costurar a tainha
MODO DE PREPARO:
Esfregue toda a tainha com limão, passe sal e reserve. Coloque o camarão só com um pouco de sal
em uma panela de pressão, tampe quando começar a apitar, abaixe o fogo e conte 10 minutos. Em
uma panela, derreta a manteiga, coloque o camarão, o pimentão e a cebola. Deixe refogarem fogo
baixo. Quando estiver bem refogado, corrija o sal e coloque a farinha de mandioca. Deixe dourar a
farinha a ponto de obter uma farofa bem molhada. Apague o fogo e misture os ovos cozidos
amassados e as azeitonas picadas. Encha toda a tainha e reserve a farofa que sobrar. Costure o dorso
da tainha de modo que a farofa não transborde para fora. Embrulhe a tainha em papel alumínio e
ponha em uma assadeira. Coloque no forno alto pré aquecido, por 30 minutos com o papel
alumínio. Retire o papel alumínio, reduza para forno médio, e deixe na assadeira por mais 20
minutos ou até ver que a tainha está dourada. Corte a tainha em fatias de 2 a 3 cm da cabeça até a
calda e espalhe o restante da farofa ao redor. Sirva quente.
8.9.15. A magia das lendas e a religiosidade
Você sabia? Já ouviu falar? Pois é, por aqui também tem muita história para contar. E
histórias das mais variadas, desde as que já mereceram registros pelos antepassados, até aquelas
que correm de boca-em-boca, de geração em geração, mas que nem por isso têm menos
importância. Elas são coadjuvantes da cultura local e atraem pessoas que se identificam com o
tema.
Devoção e mistérios contrastam com a realidade
É o que acontece em Garuva, em uma localidade impregnada de misticismo: o Morro do
Monte Crista, uma montanha por onde passa o Caminho do Peabirú. O caminho é cheio de
mistérios, foi construído pelos incas em tempos imemoriais, servindo de passagem para os povos
pré-colombianos entre o oceano Pacífico e o Atlântico. No Monte Crista o visitante se depara com
uma região repleta de lendas, entre elas a da existência de tesouros soterrados, da presença de
fantasmas de padres guardiões, a de o local ser uma das entradas para o centro da Terra e a da
visita de discos voadores. Mas o que desafia a razão são os indícios de que o local era um palco
de cerimônias religiosas incas como o relógio de sol, o guardião de pedra e um mapa lítico, de
que o local era um palco de cerimônias religiosas incas.Independente de crença, todo visitante
experimenta a experiência única de estar imerso em um santuário ambiental.
260
Praia das Pedras Brancas e Negras
A praia das Pedras Brancas e Negras, em Barra Velha, também é muito visitada por se acreditar
que as pedras de coloração antagônica guardam algo místico. Nos finais de tarde é comum ver
pessoas caminhando descalças pelas pedras, numa espécie de rito de energização positiva. Mas
Barra Velha guarda outros lugares que merecem visitação pelas histórias que os rodeiam.
Costão dos Náufragos
Barra Velha
É o caso do Costão dos Náufragos, onde uma cruz fincada sobre a praça marca um naufrágio,
envolvendo alguns combatentes da Guerra do Paraguai, que teria acontecido no local em 1865.
Conta-se que os náufragos se salvaram graças à fogueira montada na areia da praia e, em
agradecimento, construíram a Igreja de Pedra para o povoado.
A Escultura da Sereia é outro monumento encravado nas pedras do costão e que, segundo a
lenda, representa a filha de Iemanjá, Janaína, que recebe flores e oferendas depositadas por
devotos que vão fazer seus.
Lenda e devoção também se misturam em São Francisco do Sul. O credo popular atribui
intervenções milagrosas a Nossa Senhora da Graça, cuja imagem chegou à cidade em 1.553. Sua
permanência na vila, aliás, está associada ao cumprimento de uma promessa feita pela tripulação
261
e passageiros do La Concepcion durante ameaçadora tempestade. Os ardorosos devotos contam
ainda que nos idos do Brasil Colônia um temível pirata teve sua fragata à deriva, no oceano, por
intervenção de Nossa Senhora. A Igreja Matriz guarda segredos que povoam o imaginário local,
como a existência de um misterioso túnel, onde estariam enterrados os fidalgos e as autoridades
da igreja, e que estaria ligado a cavernas naturais, e destas para um monastério e um convento.
Ainda em São Francisco, mas já na localidade da Vila da Glória, abundas lendas e histórias
especialmente em torno da ocupação francesa no Falanstério do Saí.
Araquari é outra cidade que reserva muita religiosidade e misticismo. A Igreja Matriz do
Senhor Bom Jesus de Araquari é famosa pela "sala dos milagres" em seu interior, recebendo
milhares de romeiros e turistas, principalmente no período da festa ao Santo Padroeiro. Na
comunidade do Itapocu a igreja de Nossa Senhora do Rosário é testemunho de um tempo em que
brancos e negros não eram impedidos de freqüentar a mesma igreja. As tradições africanas, aliás,
ainda são mantidas com a presença do catumbi.
Museu Nacional do Mar
O Brasil tem um imenso litoral com quase 8.000
Km.
Some-se a isso as grandes bacias hidrográficas formadas
por rios, lagoas e lagos.
Por força da utilização pelo homem desses recursos
naturais como meio de sobrevivência, existem mais de 250
estilos de embarcações, mais de 100 tipos de canoas,
dezenas de espécies de jangadas.
O que faz do nosso país o mais rico do mundo em tipos de embarcações.
O Museu do Mar foi criado justamente para preservar um número significativo de
embarcações, instrumentos navais e apetrechos de bordo, valorizando a arte e o conhecimento dos
homens que vivem das águas.
Situado na Ilha de São Francisco do Sul, berço da mais antiga povoação de Santa Catarina, o
Museu do Mar ocupa amplos e centenários galpões com mais de 7.000 m2. A arquitetura eclética
262
tem influência alemã, com impressionante estrutura de madeira, e está implantada à beira da Baía
da Babitonga.
Pelo acervo atual, pelo trabalho que vem sendo desenvolvido e pelo seu potencial, o Museu
do Mar já é o mais importante da América Latina e será o de maior variedade do mundo.
Orgulho de Santa Catarina e do Brasil, um lugar para visitantes de todas as idades.
Convite do Governo do Estado e da Associação dos Amigos do Museu Nacional do Mar Embarcações Brasileiras.
Ranchos dos Pescadores
Diorama em tamanho natural reproduz, com todas as suas características e apetrechos, um rancho
de pesca como os existentes no litoral catarinense.
Coleção de modelos
Destacam-se as coleções de embarcações do Maranhão e traineiras da região Sul e Sudeste. São
modelos de construção artesanal que retratam as características das embarcações reais. O museu
também tem oficina de modelismo.
Trapiche
O museu conta com um trapiche para atracação de Barcos de Recreio dotados de ponto de água e
luz. Inúmeros barcos visitam o Museu notadamente durante o verão.
Sala Amyr Klink
Apresenta a embarcação I.A.T. com o qual o "navegador solitário"cruzou a remo o Oceano
Atlântico. Roupas especiais usadas na expedição à Antártica e objetos de bordo complementam a
sala que possui, ainda, a primeira canoa utilizada por Amyr, a "MAX".
Jangadas
Embarcações de pesca da região Nordeste. São apresentadas as jangadas de Piúba e de Tábuas.
Pesca da baleia
Diorama que produz cena do momento que os pescadores arpoam uma baleia.
Estaleiro
O Museu desenvolve pesquisa e procura restaurar suas embarcações dentro das características
artesanais da carpintaria. As embarcações recebem tratamento especial que visam a manutenção de
suas linhas originais de construção.
Biblioteca
Livros sobre construções de embarcações, aventuras marítimas, personagens famosos, tipos de
embarcações.
263
8.9.17. Notícias II
Campanha da Costa do Encanto é apresentada
A campanha de divulgação do potencial da Costa do Encanto - projeto que visa o
desenvolvimento integrado do turismo em oito municípios do Norte do Estado - foi apresentada
ontem pela manhã, no auditório do Museu do Mar, em São Francisco do Sul, para autoridades e
representantes do trade turístico das cidades abrangidas. O objetivo foi detalhar a campanha
publicitária, realizada em parceria pelo Convention Bureau e o jornal A notícia, e as ações que estão
sendo colocadas em prática para fazer da região uma referência em destino turístico.
O projeto envolve os municípios de Araquari, Barra Velha, Barra do Sul, São Francisco do Sul,
São João do Itaperiú, Garuva e Itapoá. A campanha de divulgação começou em outubro e
continuará até final de novembro. Além da divulgação, já começaram também os investimentos da
Secretaria de Desenvolvimento Regional(SDR) de Joinville na implantação de infra-estrutura, que
inclui obras como a construção e recuperação de rodovias, hidrovia Costa do Encanto, entre outros.
264
Uma das metas do projeto é a busca da integração entre o poder
público e a iniciativa privada. De acordo com o presidente do Convention, Ely Diniz, uma das
medidas principais é a realização de um plano de marketing conjunto de divulgação dos atrativos
turísticos da região. "Uma cidade isolada nunca vai conseguir ser um destino turístico forte, mas
com
a
união
dos
oito
municípios
isso
se
tornará
uma
realidade",
destacou.
As ações também incluem a qualificação da mão-de-obra e o envolvimento da comunidade para
o bom atendimento ao turista. Para o vice-prefeito de São Francisco do Sul, Valmor Berreta Júnior,
a iniciativa será fundamental para o desenvolvimento das cidades. A Santur, segundo o presidente
da entidade, Jorge Nicolau Meira, também é parceiro do empreendimento. "É uma iniciativa de
visão e de futuro", afirmou.
O presidente da SDR/Joinville, José Manoel Mendonça-que representou o governador Luiz
Henrique da Silveira-, destacou a importância da participação de todos os envolvidos para alavancar
o projeto. "Temos que pegar juntos e puxar a corda para o mesmo lado", disse.
265
8.9.18. Potenciais Turísticos da Mesorregião de Joinville
8.9.18.1. Atrativos Naturais
. Dunas
São Francisco do Sul
266
. Lagoas e Rios
Araquari
São Francisco do Sul
. Paisagens
Joinville
São Francisco do Sul
São João do Itaperiú
267
. Praias
Barra do Sul
Barra Velha
Itapoá
São Francisco do Sul
Atrativos Não Naturais
. Festas e Eventos
268
Araquari
São Francisco do Sul
. Igrejas
Araquari
São Francisco do Sul
São João do Itaperiú
269
8.10. Diagnóstico
AMBIENTE INTERNO
POTENCIALIDADES
. Centreventos Cau Hansen
. Escola do Teatro Bolshoi
. Cidadela Cultural Antarctica
. Museu do Mar
. Museu de Sambaqui e sítios arqueológicos
. Museu Nacional da imigração e Colonização
. Centro Histórico de São Francisco do Sul, Araquari e Joinville
. Multiplicidade étnica
. Festivais de Dança e de Jazz
. Carnaval de São Francisco do Sul
. Programas de cidades irmãs de Joinville e São Francisco do Sul
. Acervo Luiz Henrique Schwanke
. Produção cultural intensa com destaque para artes plásticas,
literatura e dança
. Associações culturais comunitárias
. Sociedades culturais de tradição européia
. Manifestações culturais populares (terno de reis, boi-de-mamão,
dança do vilão, catumbi, pau-de-fita etc.)
. Tradição, saberes e ofícios ligados à pesca e navegação
. Programa Monumenta de São Francisco do Sul
. Conselhos municipais de patrimônio e cultura
. Lei e Edital de incentivo à cultura
. Importante patrimônio imaterial
. Trajetória histórica rica
. Patrimônio paisagístico natural
PROBLEMAS
. Identidade cultural enfraquecida
. Atuações individualistas, isoladas, e sem integração
dos agentes culturais
. . Descontinuidade na gestão da cultura
. Ausência de massa crítica
. Carência de fontes referenciais nas diversas áreas
. Universidades enfatizam a formação mais de mão-deobra que a geração de conhecimento
. Ausência de circuitos para circulação de eventos e
produtos culturais
. Insuficiência de espaços para atividades culturais
. Conservação precária de equipamentos e acervos
culturais
. Evasão de talentos
. Corporativismo e ausência de senso crítico
. Oportunidades insuficientes para o desenvolvimento de
talentos
. Carência de equipamentos e instalações em diversas
modalidades
. Escassez de recursos públicos
. Falta de integração entre promotores e praticantes do
setor
. Amadorismo dos empreendedores
. Desarticulação setorial
. Sazonalidade
. Atrativos concentrados em sol e praia
. Vias de acesso com congestionamento sazonais
. Infra-estrutura de acesso insuficientes
. Deficiência do sistema de informações turísticas
. Ausência de um, conceito regional suficientemente
forte
. Comitê temático setorial, articulado e atuante, integrado por todos . Gestão inadequada
os municípios
. Arena Joinville
. Mini Centreventos
. Ambientes propícios para esportes aquáticos
. Programa de iniciação esportiva (Jovem Cidadão)
. Centro Preparatório de Ginástica Rítmica
. Cursos superior em educação física, fisioterapia, terapia
ocupacional
. Oferta de espaços para práticas esportivas
. Aeroclube
. Clubes esportivos: Golfe, Tênis, aeroclube, iate clube
. Sociedades de tiro ao alvo
. Sociedades de bolão
. centro de ensino e prática de artes marciais
. Centro de atletismo
. Práxis de patrocínio empresarial ao esporte
. Programa Costa do Encanto
270
. Instalação do Terminal Turístico Naval
. Multiplicidade de atrativos naturais, culturais, gastronômico e
sociais
. Acessibilidade por rodovias, aeroportos, portos e ferrovias
. Descentralização gerando a integração através do comitê temático
. Convention & Visitors Bureau regionalizado
. Hidrovia Costa do Encanto
. Centro turístico de eventos e negócios
. Equipamentos para realização de eventos do turismo de negócios
(Megacentro, Cau Hansen)
. Estrutura hoteleira de padrão internacional
. Artesanato
. Diversidade étnica
. Elevado grau de preservação ambiental
AMBIENTE EXTERNO
OPORTUNIDADES
AMEAÇAS
. Proximidade com centros culturais pujantes (Curitiba, São Paulo,
. LDB não enfatiza a arte e a cultura
Buenos Aires)
. Descentralização administrativa com regionalização do poder de
. Baixa adesão do empresariado às leis de incentivo
decisão gerando massa crítica local
. Novas mídias
. Custos elevados de produção de eventos e produtos
culturais
. Leis e programas de incentivo
. Uniformização de um padrão cultural imposto pela
massa média
. Locações cinematográficas
. Migração (gaúchos)
. Programas Monumenta ( e outros) do patrimônio material e
. Enfraquecimento das culturas regionais/locais
imaterial
. Interesse externo no artesanato e arte do Brasil
. Evasão de atletas
. Jogos Abertos Catarinenses
. Amadorismo da gestão
. Cobertura midiática
. Dificuldades de obter recursos federais
. Fundesporte
. Atletas de renome internacional nas áreas de tênis,
surf, jet ski
. Descentralização que promove integração dos agentes através do
. Excesso de chuvas
comitê temático setorial e a descentralização de recursos.
. Prodetur-Sul
. Rigor da legislação ambiental
. Integração com o litoral do Paraná formando um único destino
. Consolidação da imagem de um país inseguro
turístico
. Aumento do fluxo de cruzeiros pela costa brasileira
. Ausência de política de financiamento e capacitação
do setor
. Internacionalização do aeroporto
. Recrudescimento do terrorismo internacional
. Proximidade de mercados emissores nacionais e internacionais
. Diminuição da oferta de vôos e opção de transporte
rodoviário
. Valorização internacional do artesanato
. Instabilidade econômica no Mercosul
. Novas mídias
. Aumento da população em terceira idade
. Ampliação do tempo ocioso e a valorização das atividades de lazer
Quadro 18: Diagnóstico do Comitê de Turismo, Cultura e Esporte
271