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INOVAÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIRO: PRODUÇÃO INTELECTUAL EM
PERIÓDICOS INTERNACIONAIS
Sady Mazzioni1
Daniela Di Domenico2
Paulo Roberto da Cunha3
Resumo
O objetivo do estudo é analisar a produção intelectual sobre a temática de inovação e desempenho financeiro,
procedendo-se testes empíricos para verificar o alinhamento às leis e princípios bibliométricos. Quanto aos
procedimentos metodológicos, realizou-se análise bibliométrica da produção indexada na base de
dados Scopus em um conjunto de 265 artigos da área Sciences & Humanities, resultando no período longitudinal
de 1992 a 2013. Os achados empíricos não permitiram confirmar a Lei de Lotka e confirmaram parcialmente os
pressupostos de produtividade, acenando para uma falta de consolidação do tema e para a ausência de um corpo
de autores supostamente de maior prestígio. A temática da inovação constitui-se em abordagem recente no
campo da gestão organizacional, dado que o primeiro artigo encontrado na amostra é de 1992; apesar da falta de
evidências da consolidação investigativa do tema, é crescente o interesse de pesquisadores em relacionar os
efeitos da inovação sobre o desempenho financeiro das organizações.
Palavras-chave: Inovação. Desempenho financeiro. Estudo bibliométrico.
INNOVATION AND FINANCIAL PERFORMANCE: SCIENTIFIC PRODUCTION IN
INTERNATIONAL JOURNALS
Abstract
The aim of this paper is to analyze the scientific production on innovation and financial performance, using
empirical tests to verify the alignment of this production to bibliometric laws and principles. As to
methodological procedures, a bibliometric analysis of the scientific production indexed in Scopus database was
carried out, considering 265 papers in the field of Social Sciences and Humanities, resulting in the longitudinal
period from 1992 to 2013. Although empirical findings did not allow us to confirm Lotka’s Law, they partially
confirmed the productivity assumptions, implying slightly a lack of consolidation of the theme, and an absence
of a body of supposedly more prestigious authors. It was observed that innovation is a new approach in the field
of organizational management, since the first paper found in the sample dates from 1992. Despite the lack of
evidence for investigative consolidation of the theme, the number of researchers interested in relating the effects
of innovation on financial performance of organizations is growing more and more.
Keywords: Innovation. Financial performance. Bibliometric study.
1
Doutorando em Ciências Contábeis e Administração – FURB. Professor da Universidade Comunitária da
Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ. Bolsista do Programa do Fundo de Apoio à Manutenção e ao
Desenvolvimento da Educação Superior – FUMDES. Email: [email protected]
2
Mestre em Ciências Contábeis – FURB. Professora da Universidade Comunitária da Região de Chapecó –
UNOCHAPECÓ.
3
Doutor em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau – FURB. Professor
da Universidade Regional de Blumenau - FURB
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INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas, estudiosos concentraram-se cada vez mais na inovação como
fator-chave na criação de vantagens competitivas sustentáveis de empresas, encontrando
evidências de uma relação entre inovação e desempenho (DAMANPOUR; SZABAT; EVAN,
1989; NARVER; SLATER, 1990; SINKULA; BAKER; NOORDEWIER, 1997; HURLEY;
HULT, 1998).
Para Lev (2001), as inovações são criadas primeiramente pelos investimentos em
ativos intangíveis. Quando tais investimentos são comercialmente bem sucedidos e protegidos
por patentes ou por vantagens de antecipação, eles são transformados em bens tangíveis,
gerando crescimento no valor das empresas. Contudo, argumenta a existência do debate sobre
a deficiência na contabilização e o relato dos investimentos intangíveis nas demonstrações
financeiras das empresas.
A inovação pode ser vista como a propensão das empresas em criar e/ou adotar novos
produtos, processos de fabricação ou sistemas de negócios. Assim, o foco está em produtos,
processos e sistemas de negócios que são novos para uma empresa, mas não necessariamente
novos para o mercado (NYBAKK, 2012; NYBAKK; JENSSEN, 2012).
A inovação proporciona às empresas um meio para criar vantagem competitiva
sustentável, que é imperativo no ambiente turbulento atual (LEE; ROH, 2012), constituindose em um mecanismo pelo qual as organizações podem basear-se em competências essenciais
e convertê-las em resultados tangíveis (ZHOU; WU, 2010).
A partir da importância atribuída à inovação para a formação de vantagens
competitivas de longo prazo e no desempenho financeiro das empresas, é possível que
pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento tenham passado a conduzir seus estudos
com foco nas interferências que a inovação possui sobre as atividades organizacionais.
A pesquisa bibliométrica, utilizando técnicas quantitativas e estatísticas de medição
dos índices de produção e disseminação do conhecimento científico, estuda e avalia as
atividades de produção e comunicação científica (ARAÚJO, 2006), permitindo conhecer de
modo mais aprofundado uma determinada temática e seu estado da arte.
Vanti (2002) argumenta que a expansão da ciência e da tecnologia experimentada
recentemente ressalta a importância da avaliação de tais avanços e de determinar os
desenvolvimentos alcançados pelas diversas disciplinas do conhecimento.
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Neste estudo, a análise bibliométrica é aplicada para responder ao seguinte problema
de pesquisa: Quais as principais características da produção intelectual internacional
relacionada à temática de inovação e desempenho financeiro das empresas? O objetivo do
estudo é analisar a produção intelectual internacional sobre a temática de inovação e
desempenho financeiro das empresas, procedendo-se testes empíricos para verificar o
alinhamento às leis e princípios bibliométricos.
A justificativa do estudo está atrelada à investigação das características da produção
intelectual sobre a temática de inovação e desempenho financeiro, podendo contribuir com
informações a respeito da distribuição da produção ao longo do tempo, por área geográfica e
por subáreas de conhecimento, expor o impacto dos artigos, descrever os autores mais
produtivos e os periódicos que mais publicaram sobre a temática, dentre outros.
A inovação ocupa espaço importante no debate acadêmico, empresarial e na sociedade
em geral, no contexto contemporâneo, apresentando-se como um dos fatores que contribuem
para o surgimento de novos produtos, serviços e soluções para problemas organizacionais,
justificando o interesse pela investigação do tema.
2 INOVAÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIRO
De acordo com a literatura, a inovação é uma das principais fontes de vantagens
competitivas (LI; ATUAHENE-GIMA, 2001). A orientação para a inovação inclui
entendimentos e crenças para melhorias consecutivas e intensas, bem como, na adoção de
abordagens procidimentais mais recentes. Nesse sentido, as empresas com orientação para a
inovação motivam seus funcionários para manter o ritmo com as tendências dos negócios e na
imputação de ideias novas. Assim, a orientação para a inovação retrata o grau em que uma
empresa está disposta aos debates mais recentes, por meio da adoção de tecnologias modernas
e da alocação de recursos, e na motivação para que os empregados considerem a adoção de
inovação (ANJUM et al., 2012).
Elemento importante do processo de inovação é a abertura para a inovação,
reconhecida pela extensão em que os membros de uma empresa estão dispostos a considerar a
adoção de ideias e pensamentos inovadores (BERTHON; HULBERT; PITT, 1999). A
capacidade de inovar sugere a habilidade de criar algum método, produto ou conceito mais
recente na empresa (HULT; HURLEY; KNIGHT, 2004).
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Quando uma empresa está orientada para a inovação, cria um ambiente sem barreiras e
amplia a criatividade, normalmente considera novas ideias e abordagens de forma mais
sensata. Empresas similares consideram isso como desenvolver e transmitir conhecimentos e
talentos (competências) para transferir um novo serviço ao cliente de forma produtiva, a
existência de novas ideias ou razões para enriquecer novos modos de implantação dos
serviços existentes ou como oferecer serviços adicionais ao cliente para completar suas
expectativas pela cultura inovadora. A capacidade da empresa para ajustar ou alterar as
formas dominantes, ou iniciar formas mais recentes de atendimento ao cliente, bem como de
alterar a atividade concorrente, depende da sua orientação para a inovação (HURLEY; HULT,
1998).
Na perspectiva da visão baseada em recursos, se uma empresa acumula inovações com
base em recursos preciosos, raros, únicos e não substituíveis, tais como a excelência e o
conhecimento distinto, gerará níveis superiores de recompensas competitivas (BARNEY,
1991).
Há muito tempo a literatura tem relacionado a intensidade de inovação com a melhoria
no desempenho financeiro de longo prazo das empresas (MCWILLIAMS; SIEGEL;
WRIGHT, 2006; HULL; ROTHENBERG 2008; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).
Para indústrias altamente inovadoras (empresas farmacêuticas, por exemplo), o investimento
estratégico em intensidade de inovação, por meio da pesquisa e desenvolvimento (P & D), é
percebido como uma eficaz fonte de vantagem competitiva (BARNEY, 1991), ao se
considerar que a capacidade de criar novas tecnologias, produtos e melhorar os processos se
torna onerosa de ser copiada pelos concorrentes (RUSSO; FOUTS, 1997).
A intensidade de inovação também tem sido relacionada ao risco das ações da
empresa. Além de seus efeitos de curto prazo no desempenho financeiro, tem sido discutido
que o investimento em P & D cria ativos intangíveis baseados no mercado que podem
aumentar os fluxos de caixa de longo prazo e reduzir a volatilidade do fluxo de caixa (LUO;
BHATTACHARYA, 2006). Além disso, as empresas com maior P & D desfrutam de maior
eficiência dinâmica e maior flexibilidade na adaptação às mudanças ambientais
(MCALISTER; SRINIVASAN; KIM, 2007).
A inovação se constitui de uma temática que tem sido estudada em muitos campos,
podendo ser classificada por sua relação com o produto, com o processo de produção, pelo
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segmento de mercado e/ou sistema de negócios (JENSSEN; RANDØY, 2006; JENSSEN;
NYBAKK, 2009).
A inovação de produtos inclui o desenvolvimento de novos produtos, melhorias de
produtos existentes e a adoção de produtos, sendo amplamente reconhecida como um fator
importante para as empresas de fabricação (COOPER, 1999; MARCH-CHORDÀ;
GUNASEKARAN; LLORIA-ARAMBURO, 2002; CORMICAN; O’SULLIVAN, 2004).
A inovação do processo é definida como a ação que leva à inovação de processo e com
o processo em si (as tecnologias e melhorias usadas na produção) que constitui a inovação
(TATIKONDA; MONTOYA-WEISS, 2001). O processo deve ser novo, melhorado ou recém
adotado para ser inovador (NYBAKK, 2012).
A inovação do sistema de negócios pode ser relacionada a todos os aspectos da
empresa necessários para gerenciar, estruturar, operar e administrar o negócio e seus
ambientes internos e externos (NYBAKK, 2012). Crescente atenção tem sido dada à inovação
e à criatividade como fatores de sucesso para a vantagem competitiva sustentável e o
desempenho financeiro (NYBAKK; JENSSEN, 2012). A ação inovadora simboliza uma
capacidade significativa que melhora o desempenho da empresa (ANJUM et al., 2012).
As empresas que oferecem produtos adaptados às necessidades e aos desejos dos
clientes, e quando estes produtos são disponibilizados no mercado de modo mais rápido e
mais eficiente do que seus concorrentes, colocam-se em condição mais favorável para obter
desempenho superior e criar vantagens competitivas sustentáveis (PRAHALAD; HAMEL,
1990; ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006).
Há uma estreita associação entre vantagem competitiva, atividades inovadoras e
desempenho, admitindo-se que o crescimento da inovação adiciona desempenho à empresa
(DAMANPOUR, 1991; CAPON et al, 1992; PÉREZ-LUÑO; VALLE CABRERA;
WIKLUND, 2007).
A utilização de esforços de inovação, como técnicas de gerenciamento do
conhecimento, investimentos internos e externos em pesquisa e desenvolvimento, em novas
máquinas e softwares, na aquisição de licenças, na formação de pessoal ou na comercialização
de novos produtos, afeta o desempenho da inovação das empresas (AHUJA; LAMPERT;
TANDON, 2008).
A partir dessas considerações, este estudo pretende investigar as produções
intelectuais produzidas e publicadas nos periódicos científicos pertencentes à base de dados
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Scopus, relacionadas à inovação e ao desempenho financeiro. Diversos estudos podem ser
citados como bibliométricos na área da gestão organizacional, a exemplo de Zeff (1996),
Willians e Rodgers (1996), Fogarty (2004), Chung, Pak e Cox (1992), Leal, Oliveira e Soluri
(2003), Santana (2004), Oliveira e Carvalho (2008), Leite Filho (2008), Anjos, Espejo e
Scherer (2011), indicando a viabilidade desta tipologia de pesquisa.
3 METODOLOGIA
O estudo baseou-se em pesquisa bibliométrica, realizada por meio da análise de
artigos publicados em periódicos indexados na base de dados Scopus. De acordo com Guedes
e Borschiver (2005), há uma diversidade de leis e conceitos relacionados à bibliometria, em
que as principais são as Leis de Bradford, Lotka e Zipf. A Lei de Bradford tem foco na
produtividade de periódicos, a Lei de Lotka na produtividade científica de autores e a Lei de
Zipf na frequência de palavras.
No entendimento de Araújo (2006), a Lei de Lotka foi formulada em 1926 a partir de
um estudo sobre a produtividade de cientistas, considerando a contagem de autores presentes
no Chemical Abstracts, entre 1909 e 1916. “Lotka descobriu que uma larga proporção da
literatura científica é produzida por um pequeno número de autores, e um grande número de
pequenos produtores se iguala, em produção, ao reduzido número de grandes produtores”
(ARAÚJO, 2006, p. 13). De modo similar, Guedes e Borschiver (2005, p. 3) descrevem que
um dos pressupostos da Lei de Lotka é de que “alguns pesquisadores, supostamente de maior
prestígio em uma determinada área do conhecimento, produzem muito e muitos
pesquisadores, supostamente de menor prestígio, produzem pouco”.
Em relação à Lei de Bradford, Guedes e Borschiver (2005) argumentam que ela
permite estimar o grau de relevância de periódicos em dada área do conhecimento, ao
considerar que os periódicos que publicam o maior número de artigos sobre dado assunto
constituem um núcleo de periódicos, supostamente de maior qualidade ou relevância para
aquela área. Para Araújo (2006, p. 15), a Lei de Bradford pode ser assim enunciada: “se
dispormos periódicos em ordem decrescente de produtividade de artigos sobre um
determinado tema, pode-se distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente
devotados ao tema e vários grupos ou zonas que incluem o mesmo número de artigos que o
núcleo”.
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Quanto à Lei de Zipf, Roque sustenta que “descreve a relação entre palavras num
determinado texto suficientemente grande e a ordem de série destas palavras (contagem de
palavras em grandes amostras)”. Conforme Araújo (2006), a proposta da Lei de Zipf é de
que, ao se listar as palavras que ocorrem num texto em ordem decrescente de frequência, a
posição de uma palavra na lista multiplicada por sua frequência é igual a uma constante.
O Quadro 1 apresenta as medidas estatísticas para o cálculo da Lei Lotka, de Bradford
e de Zipf.
Quadro 1 – Leis bibliométricas
Lei de Lotka
Lei de Bradford
Listar os periódicos com o número
de artigos de cada um, em ordem
Y = frequência de autores que decrescente, com soma parcial. O
total de artigos deve ser somado e
publicam N número de artigos;
X1 = quantidade de autores que dividido por três; o grupo que tiver
mais artigos, até o total de 1/3 dos
publicaram 1 único artigo;
n = total de autores para o qual se artigos, é o “core” daquele assunto.
O segundo e o terceiro grupo são
deseja conhecer o valor de Y;
as extensões.
Fonte: Guedes, Borschiver (2005) e Araújo (2006).
Lei de Zipf
I1 = número de palavras que têm
frequência 1;
In = número de palavras que têm
frequência n;
2 = constante válida para a língua
inglesa.
Os indicadores bibliométricos são utilizados, na visão de Roque (2012), na verificação
da frequência, da qualidade dos trabalhos científicos e da produtividade dos investigadores,
entre outras situações. Assim, por exemplo, o impacto e a frequência de citações,
normalmente, são utilizados para avaliar o desempenho das revistas científicas, dos
investigadores, das instituições e dos países.
No presente estudo, o universo de investigação compreendeu todos os artigos dos
periódicos disponibilizados especificamente na grande área Social Sciences & Humanities
(Ciências Sociais e Humanas), da base Scopus.
A busca na área selecionada contempla produções nas subáreas de Artes e
Humanidades (Arts and Humanities), Negócios, Gestão e Contabilidade (Business,
Management and Accounting), Ciências da Decisão (Decision Sciences), Economia,
Econometria e Finanças (Economics, Econometrics and Finance), Psicologia (Psychology),
Ciências Sociais (Social Sciences) e Multidisciplinaridade (Multidisciplinary).
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A coleta de dados ocorreu no mês de julho de 2014, período em que a base continha,
na área investigada, mais de 5.000 títulos (SCOPUS, 2014). De acordo com Vanz e Stumpf
(2010, p. 68), a base de dados da Scpous “produzida pela Elsevier desde 2004, oferece ampla
cobertura da literatura científica e técnica publicada a partir do século XIX em várias áreas do
conhecimento”.
A inovação integra uma abordagem abrangente e a escolha pela área de conhecimento
selecionada para a busca dos dados decorre do interesse crescente de investigar a inovação
relacionada ao desempenho das organizações no âmbito econômico e financeiro, sem a
preocupação de investigar outras abordagens possíveis sobre inovação.
As fases integrantes do processo de seleção da amostra podem ser assim descritas: i)
seleção das palavras aplicadas no filtro de busca da base de dados; ii) coleta dos dados na base
Scopus; iii) definição da amostra, por meio da leitura dos títulos, dos resumos e das palavraschave.
Para a coleta dos dados, na página de busca da base Scopus, utilizou-se o seguinte
conjunto de palavras: financial performance e product innovation ou process innovation ou
innovation ou intangibles. A busca foi realizada nos artigos considerando-se todos os anos de
cobertura da base de dados selecionada. Foram filtrados 349 artigos e a seleção foi salva em
pasta específica no próprio site da Scopus. O filtro para a coleta de dados na base Scopus foi
realizado como descrito a seguir: Your query: TITLE – ABS - KEY ("financial
performance") AND TITLE – ABS - KEY ("product innovation") OR TITLE – ABS - KEY
("process innovation") OR TITLE – ABS - KEY (innovation) ORTITLE – ABS – KEY
(intangibles)
AND DOCTYPE
(ar) AND SUBJAREA
(mult OR arts OR busi OR deci OR
econ OR psyc OR soci).
Em seguida, procedeu-se a análise individual de cada artigo, eliminando-se falsas
recuperações e duplicações, obtendo-se uma amostra composta por 265 artigos, em um
recorte temporal dos anos de 1992 a 2013. Foram utilizadas categorias de análise relacionadas
à evolução quantitativa da produção; distribuição geográfica; subáreas do conhecimento onde
foram publicados os artigos; filiação dos pesquisadores; colaboração entre autores;
produtividade dos autores; periódicos em que foram publicados; impacto dos artigos;
frequência das palavras-chave.
No tocante às etapas de processamento e análise dos dados coletados, as mesmas
foram operacionalizadas por meio dos filtros de pesquisa disponibilizados no site da Scopus e
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do software Excel®. Dentre as possíveis limitações do estudo, quatro podem ser elencadas: (a)
inferências a partir da amostra não podem ser generalizadas para outras subáreas do
conhecimento que envolva inovação; (b) a escolha da base de dados Scopus pode representar
um viés de pesquisa; (c) a não recuperação de alguns artigos indicados na base; (d) o filtro
utilizado para a seleção dos artigos.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seção de análise dos resultados considera a investigação dos 265 artigos que
integram a amostra do estudo, contendo publicações que formam o recorte longitudinal entre
os anos de 1992 a 2013.
Para a descrição da análise dos dados obtidos, considerou-se a seguinte sequência: a
evolução quantitativa da produção; a distribuição geográfica das publicações; a filiação dos
pesquisadores; as subáreas do conhecimento relacionadas aos artigos publicados; a
colaboração entre os autores; a produtividade dos autores; os periódicos em que foram
publicados os artigos; o impacto dos artigos; e a frequência das palavras-chave.
Inicialmente, a Tabela 1 demonstra o volume de publicações e a frequência relativa ao
longo do período, separadamente por ano. No Gráfico 1, pode-se constatar a dispersão e a
linha de tendência do volume de artigos publicados.
Tabela 1 – Distribuição da amostra por ano
Ano
n
%
1992
2
1993
Ano
n
%
0,75 2003
9
3,40
2
0,75 2004
6
2,26
1994
2
0,75 2005
10
3,77
1995
5
1,89 2006
8
3,02
1996
3
1,13 2007
15
5,66
1997
2
0,75 2008
18
6,79
1998
2
0,75 2009
27
10,19
1999
0
0,00 2010
24
9,06
2000
6
2,26 2011
27
10,19
2001
7
2,64 2012
34
12,84
2002
5
1,89 2013
TOTAL
Fonte: Dados da pesquisa
Gráfico 1 – Distribuição da produção no período
51 19,26
265 100%
Fonte:
Dados
da
pesquisa
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A distribuição temporal da amostra permite avaliar a ocorrência de evolução
quantitativa das publicações em torno do tema de interesse. A distribuição da amostra, por
ano, conforme se pode constatar no Gráfico 1, tem apresentado um crescimento contínuo,
com alguma oscilação. A partir de 2007 as publicações passaram a ser mais consistentes
quantitativamente, reforçando a ideia do crescimento no interesse sobre a temática.
No que tange à distribuição por área geográfica das publicações investigadas, a Tabela
2 ilustra os maiores volumes de produção por país, considerando-se que 615 autores de 54
países integraram a produção dos 265 artigos investigados.
Tabela 2 – Produção científica por país
País
Quantidade
Estados Unidos
101
Reino Unido
26
Austrália
21
Espanha
20
Taiwan
15
Itália
11
Fonte: Dados da pesquisa
Frequência relativa
38,1%
9,8%
7,9%
7,5%
5,6%
4,1%
A Tabela 2 indica que a maior proporção de produção individual por país foi originada
dos Estados Unidos (38,1%), Reino Unido (9,8%), Espanha (7,9%), Austrália (7,5%), Taiwan
(5,6%) e, por fim, Itália (4,1%). Em relação ao Brasil, a participação ocorreu em 6 artigos,
correspondendo à 2,2% da publicação investigada.
Os estudos de pesquisadores brasileiros identificados na base de dados são: Pellini e
Morris (2002), publicado no European Environment; Padgett e Moura-Leite (2012),
publicado na Intangible Capital; Padgett e Moura-Leite (2012), publicado no Journal of
Technology Management & Innovation; Lazzarini, Brito e Chaddad (2013), publicado na
Brazilian Admnistration Review; Silva (2013), publicado na Revista de Economia
Contemporânea; Ress, Moraes e Salerno (2013), publicado na Journal of Technology
Management and Innovation. A Figura 1 apresenta os atores da rede correspondente às
instituições de vínculo dos autores dos artigos analisados neste estudo, no período de
publicação dos trabalhos.
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Figura 1 - Visualização da rede de coautoria entre instituições
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se pela Figura 1 a baixa densidade da rede de coautorias em inovação e
desempenho financeiro, o que pode se configurar como uma das dificuldades para a
consolidação da produção científica. Hanemann e Ridlle (2005) argumentam que quanto mais
densa a rede, maior a possibilidade de fluxo de informações. Como no caso em análise, a base
é a disseminação de conhecimento científico, a baixa densidade da rede pode dificultar a
estruturação de pesquisas e dos conhecimentos da área.
A análise individual de cada artigo para verificar a afiliação dos pesquisadores indicou
a vinculação com 341 instituições. A produtividade por instituição apresentou a seguinte
distribuição: 282 instituições (82,7%) publicaram apenas um artigo; 43 instituições (12,6%)
estavam representadas em dois artigos; 12 instituições (3,5%) em três artigos; 2 instituições
(0,6%) em quatro artigos; 1 instituição (0,3%) em cinco artigos e a quantidade de sete artigos
por instituição só foi atingida por 2 instituições (0,6%) em ambos os casos. Não foi constatada
nenhuma instituição que tenha publicado mais que sete artigos sobre a temática investigada.
As instituições que apresentaram a maior participação nas publicações foram: Georgia
State University (EUA), com 7 artigos; Michigan State University (EUA), com 7 artigos;
Temple University (EUA), com 5 artigos; Macquarie University (Austrália) e Rutgers
University (EUA), ambas com 4 artigos.
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Em relação às subáreas do conhecimento pertinentes a publicação dos artigos, no
Gráfico 2 é ilustrado como ocorreu a participação na amostra investigada. Considerando que
um periódico pode estar relacionado em mais de uma subárea, ocorreu a descrição de 385
ocorrências entre as subáreas, resultando em um índice de 1,75 artigos por área (385/265).
Esse resultado sinaliza para a ocorrência de produção por meio de parceria entre áreas,
podendo ser considerado como um fator positivo para a construção de novos conhecimentos.
Gráfico
2
–
Distribuição
da
produção
científica
por
subárea
do
conhecimento
Fonte: Dados da pesquisa
A ocorrência quantitativa de publicações em cada área, de forma decrescente, deu-se
nas seguintes subáreas: Gestão de Empresas e Contabilidade (183); Economia, Econometria e
Finanças (56); Ciências Sociais (39); Ciências da Decisão (33); Engenharia (26); Ciências da
Computação (11); Psicologia (10); Profissões da Saúde (6); Enfermagem (5); Medicina (5);
Matemática (4); Agricultura e Ciências Biológicas (3); Ciências Ambientais (3); e,
Multidisciplinaridade (1).
No que se refere ao número de autores por artigo, os dados empíricos evidenciaram
uma variação entre um e sete autores. Na Tabela 3, observa-se que apenas 20,4% dos artigos
foram produzidos individualmente e 79,6% apresentaram pelo menos dois autores, o que
indica boa colaboração entre os pesquisadores.
Tabela 3 – Quantidade de autores por artigo
Autor(es) por artigo
1
2
3
Número de artigos
54
106
76
%
20,4%
40,0%
28,8%
% acumulado
20,4%
60,4%
89,0%
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4
5
7
Total
Fonte: Dados da pesquisa
26
2
1
265
9,8%
0,75%
0,4%
100%
98,9%
99,6%
100,0%
-
Os resultados da Tabela 3 indicam que a maior concentração de artigos está na faixa
de dois autores (40%), seguida pela faixa de 3 autores (28,8%), que no conjunto representam
mais de 68% de todos os artigos da amostra, corroborando a ideia de colaboração entre os
autores.
A Tabela 4 demonstra a produtividade por autor, considerando-se os pressupostos da
Lei de Lotka para o cálculo de contagem completa, ou seja, autores e coautores receberam a
mesma pontuação (URBIZAGASTEGUI, 2008). Observa-se pelo Gráfico 3 a distribuição
gráfica em forma de J inverso com uma longa cauda de pequenos produtores (STWART,
1994).
Tabela 4 – Produtividade por autor
Artigos Número
%
de Nº de autores
por
autores
autores estimados
autor
absoluto
absoluto Lei de Lotka*
(n)
(X)
(Y)
1
531
93,6
531
2
31
5,5
133
3
4
0,7
59
8
1
0,2
8
*
Fonte: Dados da pesquisa
Gráfico 3 – Produções por autor
Fonte:
Dados
da
pesquisa
Na concepção de Urbizagastegui (2008), a cauda em formato de J inverso (Gráfico 3)
condiz com o padrão de queda acentuada dos autores que produzem um artigo para os demais
e tende à linearidade à medida que vai aumentando o número de publicações por autor.
Os resultados constantes na Tabela 4 indicam que a frequência de autores com uma
única produção representa 93,6%. Considerando a inovação como uma temática emergente,
os achados estão em linha com a constatação de Urbizagastegui (2008, p. 96) de que “a
elevada taxa de pequenos produtores parece ser característica das disciplinas em expansão e
desenvolvimento na procura de sua institucionalização”.
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A maior produtividade dentre os autores ficou concentrada em Zahra, S. A. com 8
artigos produzidos, seguido por Covin, J. G., Dunk, A. S., Laforet, S. e Paladino, A. com 3
artigos, respectivamente.
Os pressupostos teóricos da produtividade dos autores (PRICE, 1965, 1976; ARAÚJO,
2006) indicam que 1/3 da literatura é produzida por menos de 1/10 dos autores mais
produtivos, conduzindo a uma média de 3,5 documentos por autor e que 60% dos autores
produzem um único documento.
Araújo (2006, p. 14) menciona, ainda, a Lei do Elitismo de Price, cuja premissa
estabelece que “o número de membros da elite corresponde à raiz quadrada do número total
de autores, e a metade do total da produção é considerado o critério para se saber se a elite é
produtiva ou não”.
A Tabela 5 resume os pressupostos teóricos da produtividade e compara-os com os dados empíricos
obtidos na investigação.
Tabela 5 – Pressupostos da produtividade
Pressuposto
Teórico
1/3 da literatura é 88
artigos
produzida por menos de produzidos por
1/10 dos autores
autores (567÷10)
Produção média por
autor
60%
dos
autores
produzem um único
documento
Elitismo dos autores
Empírico
88 artigos foram produzidos por 42
autores (1/16)
Sim
3,5 artigos/autor
(567÷265) = 2,14 artigos
Não
340 autores (567 x 0,6)
531 autores produziram um único
documento (93,6%)
Sim
São necessários 87 autores para
atingir 50% do total de publicações
Não
(265÷3)
até 57
50% das publicações = 133
artigos
Conformidade
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que os achados empíricos conduzem a resultados mistos, ou seja, dois
pressupostos teóricos foram confirmados (1/3 da literatura produzida por menos de 1/10 dos
autores mais produtivos e 60% dos autores produzem um único documento) e dois
pressupostos teóricos não foram confirmados (produção média por autor e elitismo dos
autores). A causa do não alinhamento dos dados empíricos aos pressupostos teóricos de
produtividade dos autores está atrelada ao elevado número de autores com única publicação
(93,6%), pressupondo fraca consolidação do tema como área de interesse específico de
pesquisa.
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O estudo também investigou os periódicos (Journals) com maior presença de artigos
da amostra investigada. Os resultados indicam que a maior incidência ocorreu nos seguintes
periódicos: Journal of Intellectual Capital, com onze artigos; Journal of Business Venturing,
com sete artigos; Journal of Product Innovation Management, com seis artigos; Strategic
Management Journal, Journal of Business Ethics e Research Policy, com cinco artigos cada;
IEEE Transactions on Engineering Management, Industrial Management and Data Systems e
Journal of Business Research, com quarto artigos cada.
A Tabela 5 mostra os 10 artigos que receberam mais citações, em valores absolutos e
relativos. O valor absoluto quantifica o total de citações obtidas pelo artigo ao longo do tempo
e o valor relativo pondera o volume de citações em relação à idade do artigo (citação absoluta
÷ idade do artigo).
Os dados referentes ao impacto dos artigos foram obtidos na base de dados Scopus
(2014), no mês de julho/2014, em que foram constatadas 10.902 citações, representando uma
média de pouco mais de 41 citações por artigo.
Tabela 5 – Artigos com maior impacto, idade e volume de citações
Artigos
Kaplan, R. S.; Norton, D. P. (1992)
Bharadwaj, A. S. (2000)
Idade
artigo
22
14
12
19
Roberts, P.W.; Dowling, G.R. (2002)
Zahra, S.A.; Covin, J. G. (1995)
Jansen, J. J. P.; Van Den Bosch, F. A. J.; Volberda, H. W.
(2006)
08
Zahra, S.A. (1993)
21
Konar, S.; Cohen, M.A. (2001)
13
Ittner, C.D.; Larcker, D. F.; Rajan, M.V.; (1997)
17
Delios, A.; Beamish, P. W. (2001)
13
Laursen, K.; Foss, N.J. (2003)
11
* Proporção calculada com base na totalidade das citações (10.902)
**Número de citações absolutas ÷ pela idade do artigo em anos
Fonte: Dados da pesquisa
Citação
do absolut
a
3348
1222
407
383
30,71
11,21
3,73
3,51
152,18
87,29
33,92
20,16
348
260
230
219
206
205
3,19
2,38
2,11
2,01
1,89
1,88
43,50
12,38
17,69
12,88
15,85
18,64
%*
Citação
relativa*
*
A Tabela 6 apresenta os termos mais recorrentes utilizados nos artigos analisados,
considerando-se a frequência das palavras-chave definidas pelos respectivos autores. Na
análise dos 265 artigos, foram constatados 956 termos, o que significa uma média de 3,6
palavras-chave por artigo.
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Tabela 6 – Frequência de termos contidos nas key-words dos artigos
Palavras
Quantidade
Innovation
55
Financial performance
43
Performance
19
Intangible assets
14
Firm performance
12
Intellectual capital
11
* Proporção calculada com base na totalidade de termos utilizados (956)
Fonte: Dados da pesquisa
%
5,75%
4,50%
1,99%
1,46%
1,26%
1,15%
As palavras quantificadas na Tabela 6 evidenciam que a maior recorrência individual
se deu em torno dos termos de inovação (innovation) e desempenho financeiro (financial
performance), com 5,75% e 4,5% do total das inserções das palavras-chave, respectivamente.
Constata-se, também, a ocorrência de outras palavras ligadas à inovação, sua tipologia,
aplicação e gerenciamento.
A Tabela 7 apresenta a frequência de termos com innovation contidos nas key-words dos
artigos.
Tabela 7 – Frequência de termos com innovation contidos nas key-words dos artigos
Palavras
Palavras
Quantidade %
Quantidade
Innovation
55
5,75% Technological innovation
2
Open innovation
6
0,63% Competing Innovation
1
Innovation management
4
0,42% Determinants of innovation
1
Service innovation
4
0,42% Financial innovation
1
Innovation performance
3
0,31% Innovation capability
1
Innovativeness
3
0,31% Innovation resources
1
Organizational innovation
3
0,31% Innovation types
1
Innovation diffusion
2
0,21% IT innovation
1
Innovation strategy
2
0,21% Product innovation
1
Process innovation
2
0,21% Sources of innovation
1
Radical innovation
2
0,21% Sustainable innovation
1
* Proporção calculada com base na totalidade de termos utilizados (956)
Fonte: Dados da pesquisa
%
0,21%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
0,10%
As palavras quantificadas na Tabela 7 evidenciam que, entre os 956 termos, 55 contêm
o termo innovation, sendo a maior recorrência individual com 5,75% do total das inserções
das palavras-chave. A ampla presença de termos relacionados à inovação e suas variações
(10,25% do total de palavras-chave) é um indicativo de sua influência nas pesquisas e no
desempenho das organizações.
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CONCLUSÕES
De acordo com a literatura, a inovação se constitui de uma temática que tem sido
estudada em muitos campos (JENSSEN; RANDØY, 2006; JENSSEN; NYBAKK, 2009),
cujos estudos tem relacionado a intensidade de inovação com a melhoria no desempenho
financeiro de longo prazo das empresas (MCWILLIAMS; SIEGEL; WRIGHT, 2006; HULL;
ROTHENBERG 2008; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).
Conforme apresentado na Introdução, o objetivo deste estudo foi analisar a produção
intelectual sobre a temática de inovação e o desempenho financeiro das empresas,
procedendo-se testes empíricos para verificar o alinhamento às leis e aos princípios
bibliométricos.
Para atingir o objetivo proposto, procedeu-se análise bibliométrica da produção
indexada na base de dados Scopus em um conjunto de 265 artigos da área Sciences &
Humanities, resultando no período longitudinal de 1992 a 2013.
De forma abrangente, os principais resultados do estudo são:
- a ocorrência de evolução quantitativa contínua das publicações em torno do tema
investigado, com alguma oscilação;
- o ranking da produção individual por país, em ordem decrescente, é formado pelos
Estados Unidos (38,1%), Reino Unido (9,8%), Austrália (7,9%), Espanha (7,4%), Taiwan
(5,6) e Itália (4,1). O Brasil ocupa posição intermediária com 2,2% da publicação investigada;
- a densidade da rede de coautorias em inovação e desempenho financeiro entre as
instituições é baixa e 82,7% publicou apenas um artigo;
- a principal proporção de artigos foi produzida por dois autores (40,0%), seguida pela
faixa de 3 autores (28,8%), que no conjunto representam mais de 68% de todos os artigos da
amostra;
- a frequência de autores com uma única produção representa 93,6% e o autor com
maior produção publicou oito artigos;
- foram constatadas 10.902 citações, representando uma média de pouco mais de 41
citações por artigo, sendo que dez artigos receberam mais de 200 citações. O artigo mais
antigo e mais citado recebeu 3.348 citações;
- os 265 artigos utilizaram 956 palavras-chave, média de 3,6 palavras-chave por artigo.
As maiores incidências foram de financial performance e innovation, com 98 citações.
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Os achados empíricos não permitiram confirmar a Lei de Lotka e confirmaram,
parcialmente, os pressupostos de produtividade, acenando para uma falta de consolidação do
tema e da ausência de um corpo de autores supostamente de maior prestígio.
Conclui-se que a temática da inovação constitui-se em abordagem recente no campo
da gestão organizacional, dado que o primeiro artigo encontrado na amostra é de 1992, e
apesar da falta de evidências da sua consolidação investigativa, é crescente o interesse de
pesquisadores em relacionar os efeitos da inovação sobre o desempenho financeiro das
organizações.
Recebido em setembro de 2014.
Aprovado em outubro de 2014.
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