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INOVAÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIRO: PRODUÇÃO INTELECTUAL EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS Sady Mazzioni1 Daniela Di Domenico2 Paulo Roberto da Cunha3 Resumo O objetivo do estudo é analisar a produção intelectual sobre a temática de inovação e desempenho financeiro, procedendo-se testes empíricos para verificar o alinhamento às leis e princípios bibliométricos. Quanto aos procedimentos metodológicos, realizou-se análise bibliométrica da produção indexada na base de dados Scopus em um conjunto de 265 artigos da área Sciences & Humanities, resultando no período longitudinal de 1992 a 2013. Os achados empíricos não permitiram confirmar a Lei de Lotka e confirmaram parcialmente os pressupostos de produtividade, acenando para uma falta de consolidação do tema e para a ausência de um corpo de autores supostamente de maior prestígio. A temática da inovação constitui-se em abordagem recente no campo da gestão organizacional, dado que o primeiro artigo encontrado na amostra é de 1992; apesar da falta de evidências da consolidação investigativa do tema, é crescente o interesse de pesquisadores em relacionar os efeitos da inovação sobre o desempenho financeiro das organizações. Palavras-chave: Inovação. Desempenho financeiro. Estudo bibliométrico. INNOVATION AND FINANCIAL PERFORMANCE: SCIENTIFIC PRODUCTION IN INTERNATIONAL JOURNALS Abstract The aim of this paper is to analyze the scientific production on innovation and financial performance, using empirical tests to verify the alignment of this production to bibliometric laws and principles. As to methodological procedures, a bibliometric analysis of the scientific production indexed in Scopus database was carried out, considering 265 papers in the field of Social Sciences and Humanities, resulting in the longitudinal period from 1992 to 2013. Although empirical findings did not allow us to confirm Lotka’s Law, they partially confirmed the productivity assumptions, implying slightly a lack of consolidation of the theme, and an absence of a body of supposedly more prestigious authors. It was observed that innovation is a new approach in the field of organizational management, since the first paper found in the sample dates from 1992. Despite the lack of evidence for investigative consolidation of the theme, the number of researchers interested in relating the effects of innovation on financial performance of organizations is growing more and more. Keywords: Innovation. Financial performance. Bibliometric study. 1 Doutorando em Ciências Contábeis e Administração – FURB. Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ. Bolsista do Programa do Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior – FUMDES. Email: [email protected] 2 Mestre em Ciências Contábeis – FURB. Professora da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ. 3 Doutor em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau – FURB. Professor da Universidade Regional de Blumenau - FURB 126 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica INTRODUÇÃO Ao longo das últimas décadas, estudiosos concentraram-se cada vez mais na inovação como fator-chave na criação de vantagens competitivas sustentáveis de empresas, encontrando evidências de uma relação entre inovação e desempenho (DAMANPOUR; SZABAT; EVAN, 1989; NARVER; SLATER, 1990; SINKULA; BAKER; NOORDEWIER, 1997; HURLEY; HULT, 1998). Para Lev (2001), as inovações são criadas primeiramente pelos investimentos em ativos intangíveis. Quando tais investimentos são comercialmente bem sucedidos e protegidos por patentes ou por vantagens de antecipação, eles são transformados em bens tangíveis, gerando crescimento no valor das empresas. Contudo, argumenta a existência do debate sobre a deficiência na contabilização e o relato dos investimentos intangíveis nas demonstrações financeiras das empresas. A inovação pode ser vista como a propensão das empresas em criar e/ou adotar novos produtos, processos de fabricação ou sistemas de negócios. Assim, o foco está em produtos, processos e sistemas de negócios que são novos para uma empresa, mas não necessariamente novos para o mercado (NYBAKK, 2012; NYBAKK; JENSSEN, 2012). A inovação proporciona às empresas um meio para criar vantagem competitiva sustentável, que é imperativo no ambiente turbulento atual (LEE; ROH, 2012), constituindose em um mecanismo pelo qual as organizações podem basear-se em competências essenciais e convertê-las em resultados tangíveis (ZHOU; WU, 2010). A partir da importância atribuída à inovação para a formação de vantagens competitivas de longo prazo e no desempenho financeiro das empresas, é possível que pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento tenham passado a conduzir seus estudos com foco nas interferências que a inovação possui sobre as atividades organizacionais. A pesquisa bibliométrica, utilizando técnicas quantitativas e estatísticas de medição dos índices de produção e disseminação do conhecimento científico, estuda e avalia as atividades de produção e comunicação científica (ARAÚJO, 2006), permitindo conhecer de modo mais aprofundado uma determinada temática e seu estado da arte. Vanti (2002) argumenta que a expansão da ciência e da tecnologia experimentada recentemente ressalta a importância da avaliação de tais avanços e de determinar os desenvolvimentos alcançados pelas diversas disciplinas do conhecimento. 127 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Neste estudo, a análise bibliométrica é aplicada para responder ao seguinte problema de pesquisa: Quais as principais características da produção intelectual internacional relacionada à temática de inovação e desempenho financeiro das empresas? O objetivo do estudo é analisar a produção intelectual internacional sobre a temática de inovação e desempenho financeiro das empresas, procedendo-se testes empíricos para verificar o alinhamento às leis e princípios bibliométricos. A justificativa do estudo está atrelada à investigação das características da produção intelectual sobre a temática de inovação e desempenho financeiro, podendo contribuir com informações a respeito da distribuição da produção ao longo do tempo, por área geográfica e por subáreas de conhecimento, expor o impacto dos artigos, descrever os autores mais produtivos e os periódicos que mais publicaram sobre a temática, dentre outros. A inovação ocupa espaço importante no debate acadêmico, empresarial e na sociedade em geral, no contexto contemporâneo, apresentando-se como um dos fatores que contribuem para o surgimento de novos produtos, serviços e soluções para problemas organizacionais, justificando o interesse pela investigação do tema. 2 INOVAÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIRO De acordo com a literatura, a inovação é uma das principais fontes de vantagens competitivas (LI; ATUAHENE-GIMA, 2001). A orientação para a inovação inclui entendimentos e crenças para melhorias consecutivas e intensas, bem como, na adoção de abordagens procidimentais mais recentes. Nesse sentido, as empresas com orientação para a inovação motivam seus funcionários para manter o ritmo com as tendências dos negócios e na imputação de ideias novas. Assim, a orientação para a inovação retrata o grau em que uma empresa está disposta aos debates mais recentes, por meio da adoção de tecnologias modernas e da alocação de recursos, e na motivação para que os empregados considerem a adoção de inovação (ANJUM et al., 2012). Elemento importante do processo de inovação é a abertura para a inovação, reconhecida pela extensão em que os membros de uma empresa estão dispostos a considerar a adoção de ideias e pensamentos inovadores (BERTHON; HULBERT; PITT, 1999). A capacidade de inovar sugere a habilidade de criar algum método, produto ou conceito mais recente na empresa (HULT; HURLEY; KNIGHT, 2004). 128 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Quando uma empresa está orientada para a inovação, cria um ambiente sem barreiras e amplia a criatividade, normalmente considera novas ideias e abordagens de forma mais sensata. Empresas similares consideram isso como desenvolver e transmitir conhecimentos e talentos (competências) para transferir um novo serviço ao cliente de forma produtiva, a existência de novas ideias ou razões para enriquecer novos modos de implantação dos serviços existentes ou como oferecer serviços adicionais ao cliente para completar suas expectativas pela cultura inovadora. A capacidade da empresa para ajustar ou alterar as formas dominantes, ou iniciar formas mais recentes de atendimento ao cliente, bem como de alterar a atividade concorrente, depende da sua orientação para a inovação (HURLEY; HULT, 1998). Na perspectiva da visão baseada em recursos, se uma empresa acumula inovações com base em recursos preciosos, raros, únicos e não substituíveis, tais como a excelência e o conhecimento distinto, gerará níveis superiores de recompensas competitivas (BARNEY, 1991). Há muito tempo a literatura tem relacionado a intensidade de inovação com a melhoria no desempenho financeiro de longo prazo das empresas (MCWILLIAMS; SIEGEL; WRIGHT, 2006; HULL; ROTHENBERG 2008; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010). Para indústrias altamente inovadoras (empresas farmacêuticas, por exemplo), o investimento estratégico em intensidade de inovação, por meio da pesquisa e desenvolvimento (P & D), é percebido como uma eficaz fonte de vantagem competitiva (BARNEY, 1991), ao se considerar que a capacidade de criar novas tecnologias, produtos e melhorar os processos se torna onerosa de ser copiada pelos concorrentes (RUSSO; FOUTS, 1997). A intensidade de inovação também tem sido relacionada ao risco das ações da empresa. Além de seus efeitos de curto prazo no desempenho financeiro, tem sido discutido que o investimento em P & D cria ativos intangíveis baseados no mercado que podem aumentar os fluxos de caixa de longo prazo e reduzir a volatilidade do fluxo de caixa (LUO; BHATTACHARYA, 2006). Além disso, as empresas com maior P & D desfrutam de maior eficiência dinâmica e maior flexibilidade na adaptação às mudanças ambientais (MCALISTER; SRINIVASAN; KIM, 2007). A inovação se constitui de uma temática que tem sido estudada em muitos campos, podendo ser classificada por sua relação com o produto, com o processo de produção, pelo 129 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica segmento de mercado e/ou sistema de negócios (JENSSEN; RANDØY, 2006; JENSSEN; NYBAKK, 2009). A inovação de produtos inclui o desenvolvimento de novos produtos, melhorias de produtos existentes e a adoção de produtos, sendo amplamente reconhecida como um fator importante para as empresas de fabricação (COOPER, 1999; MARCH-CHORDÀ; GUNASEKARAN; LLORIA-ARAMBURO, 2002; CORMICAN; O’SULLIVAN, 2004). A inovação do processo é definida como a ação que leva à inovação de processo e com o processo em si (as tecnologias e melhorias usadas na produção) que constitui a inovação (TATIKONDA; MONTOYA-WEISS, 2001). O processo deve ser novo, melhorado ou recém adotado para ser inovador (NYBAKK, 2012). A inovação do sistema de negócios pode ser relacionada a todos os aspectos da empresa necessários para gerenciar, estruturar, operar e administrar o negócio e seus ambientes internos e externos (NYBAKK, 2012). Crescente atenção tem sido dada à inovação e à criatividade como fatores de sucesso para a vantagem competitiva sustentável e o desempenho financeiro (NYBAKK; JENSSEN, 2012). A ação inovadora simboliza uma capacidade significativa que melhora o desempenho da empresa (ANJUM et al., 2012). As empresas que oferecem produtos adaptados às necessidades e aos desejos dos clientes, e quando estes produtos são disponibilizados no mercado de modo mais rápido e mais eficiente do que seus concorrentes, colocam-se em condição mais favorável para obter desempenho superior e criar vantagens competitivas sustentáveis (PRAHALAD; HAMEL, 1990; ALEGRE; LAPIEDRA; CHIVA, 2006). Há uma estreita associação entre vantagem competitiva, atividades inovadoras e desempenho, admitindo-se que o crescimento da inovação adiciona desempenho à empresa (DAMANPOUR, 1991; CAPON et al, 1992; PÉREZ-LUÑO; VALLE CABRERA; WIKLUND, 2007). A utilização de esforços de inovação, como técnicas de gerenciamento do conhecimento, investimentos internos e externos em pesquisa e desenvolvimento, em novas máquinas e softwares, na aquisição de licenças, na formação de pessoal ou na comercialização de novos produtos, afeta o desempenho da inovação das empresas (AHUJA; LAMPERT; TANDON, 2008). A partir dessas considerações, este estudo pretende investigar as produções intelectuais produzidas e publicadas nos periódicos científicos pertencentes à base de dados 130 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Scopus, relacionadas à inovação e ao desempenho financeiro. Diversos estudos podem ser citados como bibliométricos na área da gestão organizacional, a exemplo de Zeff (1996), Willians e Rodgers (1996), Fogarty (2004), Chung, Pak e Cox (1992), Leal, Oliveira e Soluri (2003), Santana (2004), Oliveira e Carvalho (2008), Leite Filho (2008), Anjos, Espejo e Scherer (2011), indicando a viabilidade desta tipologia de pesquisa. 3 METODOLOGIA O estudo baseou-se em pesquisa bibliométrica, realizada por meio da análise de artigos publicados em periódicos indexados na base de dados Scopus. De acordo com Guedes e Borschiver (2005), há uma diversidade de leis e conceitos relacionados à bibliometria, em que as principais são as Leis de Bradford, Lotka e Zipf. A Lei de Bradford tem foco na produtividade de periódicos, a Lei de Lotka na produtividade científica de autores e a Lei de Zipf na frequência de palavras. No entendimento de Araújo (2006), a Lei de Lotka foi formulada em 1926 a partir de um estudo sobre a produtividade de cientistas, considerando a contagem de autores presentes no Chemical Abstracts, entre 1909 e 1916. “Lotka descobriu que uma larga proporção da literatura científica é produzida por um pequeno número de autores, e um grande número de pequenos produtores se iguala, em produção, ao reduzido número de grandes produtores” (ARAÚJO, 2006, p. 13). De modo similar, Guedes e Borschiver (2005, p. 3) descrevem que um dos pressupostos da Lei de Lotka é de que “alguns pesquisadores, supostamente de maior prestígio em uma determinada área do conhecimento, produzem muito e muitos pesquisadores, supostamente de menor prestígio, produzem pouco”. Em relação à Lei de Bradford, Guedes e Borschiver (2005) argumentam que ela permite estimar o grau de relevância de periódicos em dada área do conhecimento, ao considerar que os periódicos que publicam o maior número de artigos sobre dado assunto constituem um núcleo de periódicos, supostamente de maior qualidade ou relevância para aquela área. Para Araújo (2006, p. 15), a Lei de Bradford pode ser assim enunciada: “se dispormos periódicos em ordem decrescente de produtividade de artigos sobre um determinado tema, pode-se distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente devotados ao tema e vários grupos ou zonas que incluem o mesmo número de artigos que o núcleo”. 131 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Quanto à Lei de Zipf, Roque sustenta que “descreve a relação entre palavras num determinado texto suficientemente grande e a ordem de série destas palavras (contagem de palavras em grandes amostras)”. Conforme Araújo (2006), a proposta da Lei de Zipf é de que, ao se listar as palavras que ocorrem num texto em ordem decrescente de frequência, a posição de uma palavra na lista multiplicada por sua frequência é igual a uma constante. O Quadro 1 apresenta as medidas estatísticas para o cálculo da Lei Lotka, de Bradford e de Zipf. Quadro 1 – Leis bibliométricas Lei de Lotka Lei de Bradford Listar os periódicos com o número de artigos de cada um, em ordem Y = frequência de autores que decrescente, com soma parcial. O total de artigos deve ser somado e publicam N número de artigos; X1 = quantidade de autores que dividido por três; o grupo que tiver mais artigos, até o total de 1/3 dos publicaram 1 único artigo; n = total de autores para o qual se artigos, é o “core” daquele assunto. O segundo e o terceiro grupo são deseja conhecer o valor de Y; as extensões. Fonte: Guedes, Borschiver (2005) e Araújo (2006). Lei de Zipf I1 = número de palavras que têm frequência 1; In = número de palavras que têm frequência n; 2 = constante válida para a língua inglesa. Os indicadores bibliométricos são utilizados, na visão de Roque (2012), na verificação da frequência, da qualidade dos trabalhos científicos e da produtividade dos investigadores, entre outras situações. Assim, por exemplo, o impacto e a frequência de citações, normalmente, são utilizados para avaliar o desempenho das revistas científicas, dos investigadores, das instituições e dos países. No presente estudo, o universo de investigação compreendeu todos os artigos dos periódicos disponibilizados especificamente na grande área Social Sciences & Humanities (Ciências Sociais e Humanas), da base Scopus. A busca na área selecionada contempla produções nas subáreas de Artes e Humanidades (Arts and Humanities), Negócios, Gestão e Contabilidade (Business, Management and Accounting), Ciências da Decisão (Decision Sciences), Economia, Econometria e Finanças (Economics, Econometrics and Finance), Psicologia (Psychology), Ciências Sociais (Social Sciences) e Multidisciplinaridade (Multidisciplinary). 132 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica A coleta de dados ocorreu no mês de julho de 2014, período em que a base continha, na área investigada, mais de 5.000 títulos (SCOPUS, 2014). De acordo com Vanz e Stumpf (2010, p. 68), a base de dados da Scpous “produzida pela Elsevier desde 2004, oferece ampla cobertura da literatura científica e técnica publicada a partir do século XIX em várias áreas do conhecimento”. A inovação integra uma abordagem abrangente e a escolha pela área de conhecimento selecionada para a busca dos dados decorre do interesse crescente de investigar a inovação relacionada ao desempenho das organizações no âmbito econômico e financeiro, sem a preocupação de investigar outras abordagens possíveis sobre inovação. As fases integrantes do processo de seleção da amostra podem ser assim descritas: i) seleção das palavras aplicadas no filtro de busca da base de dados; ii) coleta dos dados na base Scopus; iii) definição da amostra, por meio da leitura dos títulos, dos resumos e das palavraschave. Para a coleta dos dados, na página de busca da base Scopus, utilizou-se o seguinte conjunto de palavras: financial performance e product innovation ou process innovation ou innovation ou intangibles. A busca foi realizada nos artigos considerando-se todos os anos de cobertura da base de dados selecionada. Foram filtrados 349 artigos e a seleção foi salva em pasta específica no próprio site da Scopus. O filtro para a coleta de dados na base Scopus foi realizado como descrito a seguir: Your query: TITLE – ABS - KEY ("financial performance") AND TITLE – ABS - KEY ("product innovation") OR TITLE – ABS - KEY ("process innovation") OR TITLE – ABS - KEY (innovation) ORTITLE – ABS – KEY (intangibles) AND DOCTYPE (ar) AND SUBJAREA (mult OR arts OR busi OR deci OR econ OR psyc OR soci). Em seguida, procedeu-se a análise individual de cada artigo, eliminando-se falsas recuperações e duplicações, obtendo-se uma amostra composta por 265 artigos, em um recorte temporal dos anos de 1992 a 2013. Foram utilizadas categorias de análise relacionadas à evolução quantitativa da produção; distribuição geográfica; subáreas do conhecimento onde foram publicados os artigos; filiação dos pesquisadores; colaboração entre autores; produtividade dos autores; periódicos em que foram publicados; impacto dos artigos; frequência das palavras-chave. No tocante às etapas de processamento e análise dos dados coletados, as mesmas foram operacionalizadas por meio dos filtros de pesquisa disponibilizados no site da Scopus e 133 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica do software Excel®. Dentre as possíveis limitações do estudo, quatro podem ser elencadas: (a) inferências a partir da amostra não podem ser generalizadas para outras subáreas do conhecimento que envolva inovação; (b) a escolha da base de dados Scopus pode representar um viés de pesquisa; (c) a não recuperação de alguns artigos indicados na base; (d) o filtro utilizado para a seleção dos artigos. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO A seção de análise dos resultados considera a investigação dos 265 artigos que integram a amostra do estudo, contendo publicações que formam o recorte longitudinal entre os anos de 1992 a 2013. Para a descrição da análise dos dados obtidos, considerou-se a seguinte sequência: a evolução quantitativa da produção; a distribuição geográfica das publicações; a filiação dos pesquisadores; as subáreas do conhecimento relacionadas aos artigos publicados; a colaboração entre os autores; a produtividade dos autores; os periódicos em que foram publicados os artigos; o impacto dos artigos; e a frequência das palavras-chave. Inicialmente, a Tabela 1 demonstra o volume de publicações e a frequência relativa ao longo do período, separadamente por ano. No Gráfico 1, pode-se constatar a dispersão e a linha de tendência do volume de artigos publicados. Tabela 1 – Distribuição da amostra por ano Ano n % 1992 2 1993 Ano n % 0,75 2003 9 3,40 2 0,75 2004 6 2,26 1994 2 0,75 2005 10 3,77 1995 5 1,89 2006 8 3,02 1996 3 1,13 2007 15 5,66 1997 2 0,75 2008 18 6,79 1998 2 0,75 2009 27 10,19 1999 0 0,00 2010 24 9,06 2000 6 2,26 2011 27 10,19 2001 7 2,64 2012 34 12,84 2002 5 1,89 2013 TOTAL Fonte: Dados da pesquisa Gráfico 1 – Distribuição da produção no período 51 19,26 265 100% Fonte: Dados da pesquisa 134 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica A distribuição temporal da amostra permite avaliar a ocorrência de evolução quantitativa das publicações em torno do tema de interesse. A distribuição da amostra, por ano, conforme se pode constatar no Gráfico 1, tem apresentado um crescimento contínuo, com alguma oscilação. A partir de 2007 as publicações passaram a ser mais consistentes quantitativamente, reforçando a ideia do crescimento no interesse sobre a temática. No que tange à distribuição por área geográfica das publicações investigadas, a Tabela 2 ilustra os maiores volumes de produção por país, considerando-se que 615 autores de 54 países integraram a produção dos 265 artigos investigados. Tabela 2 – Produção científica por país País Quantidade Estados Unidos 101 Reino Unido 26 Austrália 21 Espanha 20 Taiwan 15 Itália 11 Fonte: Dados da pesquisa Frequência relativa 38,1% 9,8% 7,9% 7,5% 5,6% 4,1% A Tabela 2 indica que a maior proporção de produção individual por país foi originada dos Estados Unidos (38,1%), Reino Unido (9,8%), Espanha (7,9%), Austrália (7,5%), Taiwan (5,6%) e, por fim, Itália (4,1%). Em relação ao Brasil, a participação ocorreu em 6 artigos, correspondendo à 2,2% da publicação investigada. Os estudos de pesquisadores brasileiros identificados na base de dados são: Pellini e Morris (2002), publicado no European Environment; Padgett e Moura-Leite (2012), publicado na Intangible Capital; Padgett e Moura-Leite (2012), publicado no Journal of Technology Management & Innovation; Lazzarini, Brito e Chaddad (2013), publicado na Brazilian Admnistration Review; Silva (2013), publicado na Revista de Economia Contemporânea; Ress, Moraes e Salerno (2013), publicado na Journal of Technology Management and Innovation. A Figura 1 apresenta os atores da rede correspondente às instituições de vínculo dos autores dos artigos analisados neste estudo, no período de publicação dos trabalhos. 135 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Figura 1 - Visualização da rede de coautoria entre instituições Fonte: Dados da pesquisa Observa-se pela Figura 1 a baixa densidade da rede de coautorias em inovação e desempenho financeiro, o que pode se configurar como uma das dificuldades para a consolidação da produção científica. Hanemann e Ridlle (2005) argumentam que quanto mais densa a rede, maior a possibilidade de fluxo de informações. Como no caso em análise, a base é a disseminação de conhecimento científico, a baixa densidade da rede pode dificultar a estruturação de pesquisas e dos conhecimentos da área. A análise individual de cada artigo para verificar a afiliação dos pesquisadores indicou a vinculação com 341 instituições. A produtividade por instituição apresentou a seguinte distribuição: 282 instituições (82,7%) publicaram apenas um artigo; 43 instituições (12,6%) estavam representadas em dois artigos; 12 instituições (3,5%) em três artigos; 2 instituições (0,6%) em quatro artigos; 1 instituição (0,3%) em cinco artigos e a quantidade de sete artigos por instituição só foi atingida por 2 instituições (0,6%) em ambos os casos. Não foi constatada nenhuma instituição que tenha publicado mais que sete artigos sobre a temática investigada. As instituições que apresentaram a maior participação nas publicações foram: Georgia State University (EUA), com 7 artigos; Michigan State University (EUA), com 7 artigos; Temple University (EUA), com 5 artigos; Macquarie University (Austrália) e Rutgers University (EUA), ambas com 4 artigos. 136 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Em relação às subáreas do conhecimento pertinentes a publicação dos artigos, no Gráfico 2 é ilustrado como ocorreu a participação na amostra investigada. Considerando que um periódico pode estar relacionado em mais de uma subárea, ocorreu a descrição de 385 ocorrências entre as subáreas, resultando em um índice de 1,75 artigos por área (385/265). Esse resultado sinaliza para a ocorrência de produção por meio de parceria entre áreas, podendo ser considerado como um fator positivo para a construção de novos conhecimentos. Gráfico 2 – Distribuição da produção científica por subárea do conhecimento Fonte: Dados da pesquisa A ocorrência quantitativa de publicações em cada área, de forma decrescente, deu-se nas seguintes subáreas: Gestão de Empresas e Contabilidade (183); Economia, Econometria e Finanças (56); Ciências Sociais (39); Ciências da Decisão (33); Engenharia (26); Ciências da Computação (11); Psicologia (10); Profissões da Saúde (6); Enfermagem (5); Medicina (5); Matemática (4); Agricultura e Ciências Biológicas (3); Ciências Ambientais (3); e, Multidisciplinaridade (1). No que se refere ao número de autores por artigo, os dados empíricos evidenciaram uma variação entre um e sete autores. Na Tabela 3, observa-se que apenas 20,4% dos artigos foram produzidos individualmente e 79,6% apresentaram pelo menos dois autores, o que indica boa colaboração entre os pesquisadores. Tabela 3 – Quantidade de autores por artigo Autor(es) por artigo 1 2 3 Número de artigos 54 106 76 % 20,4% 40,0% 28,8% % acumulado 20,4% 60,4% 89,0% 137 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica 4 5 7 Total Fonte: Dados da pesquisa 26 2 1 265 9,8% 0,75% 0,4% 100% 98,9% 99,6% 100,0% - Os resultados da Tabela 3 indicam que a maior concentração de artigos está na faixa de dois autores (40%), seguida pela faixa de 3 autores (28,8%), que no conjunto representam mais de 68% de todos os artigos da amostra, corroborando a ideia de colaboração entre os autores. A Tabela 4 demonstra a produtividade por autor, considerando-se os pressupostos da Lei de Lotka para o cálculo de contagem completa, ou seja, autores e coautores receberam a mesma pontuação (URBIZAGASTEGUI, 2008). Observa-se pelo Gráfico 3 a distribuição gráfica em forma de J inverso com uma longa cauda de pequenos produtores (STWART, 1994). Tabela 4 – Produtividade por autor Artigos Número % de Nº de autores por autores autores estimados autor absoluto absoluto Lei de Lotka* (n) (X) (Y) 1 531 93,6 531 2 31 5,5 133 3 4 0,7 59 8 1 0,2 8 * Fonte: Dados da pesquisa Gráfico 3 – Produções por autor Fonte: Dados da pesquisa Na concepção de Urbizagastegui (2008), a cauda em formato de J inverso (Gráfico 3) condiz com o padrão de queda acentuada dos autores que produzem um artigo para os demais e tende à linearidade à medida que vai aumentando o número de publicações por autor. Os resultados constantes na Tabela 4 indicam que a frequência de autores com uma única produção representa 93,6%. Considerando a inovação como uma temática emergente, os achados estão em linha com a constatação de Urbizagastegui (2008, p. 96) de que “a elevada taxa de pequenos produtores parece ser característica das disciplinas em expansão e desenvolvimento na procura de sua institucionalização”. 138 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica A maior produtividade dentre os autores ficou concentrada em Zahra, S. A. com 8 artigos produzidos, seguido por Covin, J. G., Dunk, A. S., Laforet, S. e Paladino, A. com 3 artigos, respectivamente. Os pressupostos teóricos da produtividade dos autores (PRICE, 1965, 1976; ARAÚJO, 2006) indicam que 1/3 da literatura é produzida por menos de 1/10 dos autores mais produtivos, conduzindo a uma média de 3,5 documentos por autor e que 60% dos autores produzem um único documento. Araújo (2006, p. 14) menciona, ainda, a Lei do Elitismo de Price, cuja premissa estabelece que “o número de membros da elite corresponde à raiz quadrada do número total de autores, e a metade do total da produção é considerado o critério para se saber se a elite é produtiva ou não”. A Tabela 5 resume os pressupostos teóricos da produtividade e compara-os com os dados empíricos obtidos na investigação. Tabela 5 – Pressupostos da produtividade Pressuposto Teórico 1/3 da literatura é 88 artigos produzida por menos de produzidos por 1/10 dos autores autores (567÷10) Produção média por autor 60% dos autores produzem um único documento Elitismo dos autores Empírico 88 artigos foram produzidos por 42 autores (1/16) Sim 3,5 artigos/autor (567÷265) = 2,14 artigos Não 340 autores (567 x 0,6) 531 autores produziram um único documento (93,6%) Sim São necessários 87 autores para atingir 50% do total de publicações Não (265÷3) até 57 50% das publicações = 133 artigos Conformidade Fonte: Dados da pesquisa Observa-se que os achados empíricos conduzem a resultados mistos, ou seja, dois pressupostos teóricos foram confirmados (1/3 da literatura produzida por menos de 1/10 dos autores mais produtivos e 60% dos autores produzem um único documento) e dois pressupostos teóricos não foram confirmados (produção média por autor e elitismo dos autores). A causa do não alinhamento dos dados empíricos aos pressupostos teóricos de produtividade dos autores está atrelada ao elevado número de autores com única publicação (93,6%), pressupondo fraca consolidação do tema como área de interesse específico de pesquisa. 139 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica O estudo também investigou os periódicos (Journals) com maior presença de artigos da amostra investigada. Os resultados indicam que a maior incidência ocorreu nos seguintes periódicos: Journal of Intellectual Capital, com onze artigos; Journal of Business Venturing, com sete artigos; Journal of Product Innovation Management, com seis artigos; Strategic Management Journal, Journal of Business Ethics e Research Policy, com cinco artigos cada; IEEE Transactions on Engineering Management, Industrial Management and Data Systems e Journal of Business Research, com quarto artigos cada. A Tabela 5 mostra os 10 artigos que receberam mais citações, em valores absolutos e relativos. O valor absoluto quantifica o total de citações obtidas pelo artigo ao longo do tempo e o valor relativo pondera o volume de citações em relação à idade do artigo (citação absoluta ÷ idade do artigo). Os dados referentes ao impacto dos artigos foram obtidos na base de dados Scopus (2014), no mês de julho/2014, em que foram constatadas 10.902 citações, representando uma média de pouco mais de 41 citações por artigo. Tabela 5 – Artigos com maior impacto, idade e volume de citações Artigos Kaplan, R. S.; Norton, D. P. (1992) Bharadwaj, A. S. (2000) Idade artigo 22 14 12 19 Roberts, P.W.; Dowling, G.R. (2002) Zahra, S.A.; Covin, J. G. (1995) Jansen, J. J. P.; Van Den Bosch, F. A. J.; Volberda, H. W. (2006) 08 Zahra, S.A. (1993) 21 Konar, S.; Cohen, M.A. (2001) 13 Ittner, C.D.; Larcker, D. F.; Rajan, M.V.; (1997) 17 Delios, A.; Beamish, P. W. (2001) 13 Laursen, K.; Foss, N.J. (2003) 11 * Proporção calculada com base na totalidade das citações (10.902) **Número de citações absolutas ÷ pela idade do artigo em anos Fonte: Dados da pesquisa Citação do absolut a 3348 1222 407 383 30,71 11,21 3,73 3,51 152,18 87,29 33,92 20,16 348 260 230 219 206 205 3,19 2,38 2,11 2,01 1,89 1,88 43,50 12,38 17,69 12,88 15,85 18,64 %* Citação relativa* * A Tabela 6 apresenta os termos mais recorrentes utilizados nos artigos analisados, considerando-se a frequência das palavras-chave definidas pelos respectivos autores. Na análise dos 265 artigos, foram constatados 956 termos, o que significa uma média de 3,6 palavras-chave por artigo. 140 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Tabela 6 – Frequência de termos contidos nas key-words dos artigos Palavras Quantidade Innovation 55 Financial performance 43 Performance 19 Intangible assets 14 Firm performance 12 Intellectual capital 11 * Proporção calculada com base na totalidade de termos utilizados (956) Fonte: Dados da pesquisa % 5,75% 4,50% 1,99% 1,46% 1,26% 1,15% As palavras quantificadas na Tabela 6 evidenciam que a maior recorrência individual se deu em torno dos termos de inovação (innovation) e desempenho financeiro (financial performance), com 5,75% e 4,5% do total das inserções das palavras-chave, respectivamente. Constata-se, também, a ocorrência de outras palavras ligadas à inovação, sua tipologia, aplicação e gerenciamento. A Tabela 7 apresenta a frequência de termos com innovation contidos nas key-words dos artigos. Tabela 7 – Frequência de termos com innovation contidos nas key-words dos artigos Palavras Palavras Quantidade % Quantidade Innovation 55 5,75% Technological innovation 2 Open innovation 6 0,63% Competing Innovation 1 Innovation management 4 0,42% Determinants of innovation 1 Service innovation 4 0,42% Financial innovation 1 Innovation performance 3 0,31% Innovation capability 1 Innovativeness 3 0,31% Innovation resources 1 Organizational innovation 3 0,31% Innovation types 1 Innovation diffusion 2 0,21% IT innovation 1 Innovation strategy 2 0,21% Product innovation 1 Process innovation 2 0,21% Sources of innovation 1 Radical innovation 2 0,21% Sustainable innovation 1 * Proporção calculada com base na totalidade de termos utilizados (956) Fonte: Dados da pesquisa % 0,21% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% As palavras quantificadas na Tabela 7 evidenciam que, entre os 956 termos, 55 contêm o termo innovation, sendo a maior recorrência individual com 5,75% do total das inserções das palavras-chave. A ampla presença de termos relacionados à inovação e suas variações (10,25% do total de palavras-chave) é um indicativo de sua influência nas pesquisas e no desempenho das organizações. 141 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica CONCLUSÕES De acordo com a literatura, a inovação se constitui de uma temática que tem sido estudada em muitos campos (JENSSEN; RANDØY, 2006; JENSSEN; NYBAKK, 2009), cujos estudos tem relacionado a intensidade de inovação com a melhoria no desempenho financeiro de longo prazo das empresas (MCWILLIAMS; SIEGEL; WRIGHT, 2006; HULL; ROTHENBERG 2008; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010). Conforme apresentado na Introdução, o objetivo deste estudo foi analisar a produção intelectual sobre a temática de inovação e o desempenho financeiro das empresas, procedendo-se testes empíricos para verificar o alinhamento às leis e aos princípios bibliométricos. Para atingir o objetivo proposto, procedeu-se análise bibliométrica da produção indexada na base de dados Scopus em um conjunto de 265 artigos da área Sciences & Humanities, resultando no período longitudinal de 1992 a 2013. De forma abrangente, os principais resultados do estudo são: - a ocorrência de evolução quantitativa contínua das publicações em torno do tema investigado, com alguma oscilação; - o ranking da produção individual por país, em ordem decrescente, é formado pelos Estados Unidos (38,1%), Reino Unido (9,8%), Austrália (7,9%), Espanha (7,4%), Taiwan (5,6) e Itália (4,1). O Brasil ocupa posição intermediária com 2,2% da publicação investigada; - a densidade da rede de coautorias em inovação e desempenho financeiro entre as instituições é baixa e 82,7% publicou apenas um artigo; - a principal proporção de artigos foi produzida por dois autores (40,0%), seguida pela faixa de 3 autores (28,8%), que no conjunto representam mais de 68% de todos os artigos da amostra; - a frequência de autores com uma única produção representa 93,6% e o autor com maior produção publicou oito artigos; - foram constatadas 10.902 citações, representando uma média de pouco mais de 41 citações por artigo, sendo que dez artigos receberam mais de 200 citações. O artigo mais antigo e mais citado recebeu 3.348 citações; - os 265 artigos utilizaram 956 palavras-chave, média de 3,6 palavras-chave por artigo. As maiores incidências foram de financial performance e innovation, com 98 citações. 142 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Os achados empíricos não permitiram confirmar a Lei de Lotka e confirmaram, parcialmente, os pressupostos de produtividade, acenando para uma falta de consolidação do tema e da ausência de um corpo de autores supostamente de maior prestígio. Conclui-se que a temática da inovação constitui-se em abordagem recente no campo da gestão organizacional, dado que o primeiro artigo encontrado na amostra é de 1992, e apesar da falta de evidências da sua consolidação investigativa, é crescente o interesse de pesquisadores em relacionar os efeitos da inovação sobre o desempenho financeiro das organizações. Recebido em setembro de 2014. Aprovado em outubro de 2014. REFERÊNCIAS AHUJA, G.; LAMPERT, C. M.; TANDON, V. 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