Viagem no tempo da Cinelândia, na Cinemateca

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Viagem no tempo da Cinelândia, na Cinemateca
Disciplina - Cinema -
Viagem no tempo da Cinelândia, na Cinemateca
Filmes & Educação
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Postado em:15/12/2010
Hoje, na Cinemateca de Curitiba, às 19:30hs, haverá o lançamento do livro "24 quadros: uma
viagem pela Cinelândia curitibana", livro-reportagem que recupera, por meio de depoimentos de
pioneiros, a história dos cinemas de rua em Curitiba entre as décadas de 1950 e 1970.
Memória Viagem no tempo da Cinelândia Jornalistas lançam hoje, na Cinemateca, livro-reportagem
que recupera, por meio de depoimentos de pioneiros, a história dos cinemas de rua em Curitiba
entre as décadas de 1950 e 1970 Publicado em 14/12/2010 Por: Annalice Del Vecchio Curitiba,
1950. Sábado à tarde. Os casais escolhem a melhor roupa, lustram os sapatos, combinam adereços
e chapéus. Assim, impecáveis, rumam à chique Avenida Luiz Xavier para conferir as vitrines
iluminadas e encontrar os amigos na confeitaria Berberi para um chá. Quando finalmente soa o
gongo que anuncia o início da sessão, todos se encaminham às filas dos cinemas Arlequim, Ópera
ou Palácio. Esses eram os chamados cinemas “majestosos”, que atraíam, pela
suntuosidade e localização central, frequentadores da elite curitibana. Mas também havia os
cinemas de bairro, com ingressos mais baratos, considerados de se--gunda categoria, os chamados
cinemas-poeira, como o Mor--ge--nau (antigo bairro Vila Morgenau, atual Cristo Rei), o Guarani
(Por--tão), o Picolino (Juvevê) e o Ribalta (Bacacheri). Telefone Não foi fácil rastrear documentos
para a pesquisa sobre cinemas de rua na Biblioteca Pública, em meio a uma imensidão de
informações sem muita catalogação. As jornalistas se encantaram com uma pasta sobre o assunto
organizada pelo projecionista Zito Alves. “Ele ainda deixou o número de telefone”,
contam. Selo O livro é o nono da coleção A Capital, da Travessa dos Editores, que tem, entre seus
títulos, Dalton Trevisan Encontra o Paranismo, de Luiz Cláudio Soares de Oliveira, editor e colunista
da Gazeta do Povo, e Rubens Meister: Vida e Arquitetura, de Marcelo Sutil e Salvador Gnoato. A
história do tempo em que flanar pela Rua XV era parte integrante da sessão-pipoca é contada pelas
jornalistas Luciana Cristo e Nívea Miyakawa no livro-reportagem 24 Quadros – Uma Viagem
pela Cine--lân--dia Curitibana, que será lançado ho--je, às 19h30, na Cinemateca de Curitiba.
Originado do projeto de conclusão de curso de Jornalismo rea--lizado por Luciana e Nívea na
Uni--versidade Federal do Paraná (UFPR), o livro foi produzido por meio do Mecenato Subsidiado,
uma das leis municipais de incentivo à cultura, e sai com selo da Travessa dos Editores, como parte
da coleção A Capital. Em 24 capítulos – inspirados no número de quadros por segundo na
captação de imagens cinematográficas –, elas narram episódios saborosos sobre a antiga
Cinelândia curitibana, como costumava ser chamada a região da Boca Maldita e arredores, por
abrigar os principais cinemas de rua da cidade entre as décadas de 1950 a 1970. A vontade de
recuperar um período que começa a ser esquecido, pois já não faz parte da memória das novas
gerações, surgiu durante uma expedição de Luciana ao Centro em busca da localização do Ópera
para um trabalho da faculdade. “Interroguei um grupo de se--nhores reunidos na Boca do
Bri--lha, na Praça Osório, e eles co--me--çaram a me contar várias histórias. Fiquei ali, de ouvinte,
por um bom tempo, e daí surgiu a se--men--tinha que originaria a pesquisa”, conta. Para
viajar no tempo, as jornalistas contaram com uma espécie de mentor: seu Jorge de Sousa, que
morreu este ano, fundador do Cine Morgenau, um dos mais antigos do Paraná. “Ligamos
para convidá-lo para o lançamento e descobrimos que ele havia morrido”, contam
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entristecidas. O octogenário aceitou conversar com as duas após certa relutância, em uma das
sessões semanais que realizava na Biblioteca Públi--ca, às terças-feiras – agora
encabeçadas por seu filho, que também se chama Jorge. “Ele dizia que muita gente vinha
procu--rá-lo para entrevistas e depois su--mia”, conta Nívea. Logo, abriu a guarda e decidiu
convidá-las para um dos encontros mensais que organizava (e o filho ainda segue realizando,
se--manalmente) com um grupo de amigos no Cine Morgenau – o es--paço ainda resiste com
a exibição de filmes pornôs, agora à Rua Conselheiro Laurindo, 1.010, após inúmeras mudanças de
endereço. “En--quan--to eles conversam sobre cinema, dá para ouvir os sons dos filmes
exibidos na sala ao lado”, divertem-se. Ali, conheceriam outros personagens fundamentais
para a exibição cinematográfica no Paraná no século passado como o gerente e administrador de
cinemas Zito Alves (que morreu em 2008, com 83 anos), “o grande incentivador de todos do
grupo”, e o dentista e fanático por cinema Harry Luhm. É de Luhm, aliás, alguns dos
episódios engraçados do livro como a primeira sessão de cinema “perfumada” de que
se tem notícias na cidade. “Seu pai, Erich Luhm, dono da famosa perfumaria Lá no Luhm,
queria divulgar a última fragrância de Helena Rubinstein e teve a ideia de borrifá-la na sessão de
inauguração do Cine Luz, no dia 16 de dezembro de 1939”, contam. A iniciativa fez sucesso
e Erich recebeu os cumprimentos, por carta, da própria perfumista norte-americana. O Cine Luz,
aliás, que se localizava próximo à Praça Zacarias, carrega duas ironias tristes. A primeira,
anedótica, diz respeito ao fato de que, apesar de ter sofrido diversas inundações causadas pela
canalização do Rio Ivo, o cinema teve seu fim provocado por um violento incêndio. A segunda, de
tintas mais dramáticas, já que a sala da Fun--dação Cultural de Curitiba batizada de Cine Luz, em
homenagem ao primeiro, fechou suas portas em 12 de novembro de 2009 – restando apenas
a Cinemateca de Curitiba entre as salas da Prefeitura. SERVIÇO: 24 Quadros: Uma Viagem pela
Cinelândia Curitibana (Col. A Capital, Travessa dos Editores, 168 págs. R$ 25. À venda nas
Livrarias Curitiba). Lançamento, hoje às 19h30, na Cinemateca de Curitiba (R. Carlos Cavalcanti,
1.174). Notícia publicada no site do Jorbal Gazeta do Povo, em 14 dez 2010. Todas as alterações
são de responsabilidade do autor original da matéria.
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