Anais do I Simpósio - Centro de Ciências da Saúde

Transcrição

Anais do I Simpósio - Centro de Ciências da Saúde
 SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM
CUIDANDO DO CÉREBRO HUMANO
14 e 15 de Maio de 2015
ANAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ
DIRETORIA DE ENFERMAGEM
Anais
SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM
14 E 15 DE MAIO
COORDENADORAS
Darci Aparecida Martins Corrêa – DEN/UEM
Sueli Mutsumi Tsukuda Ichisato – DEN/UEM
MARINGÁ-2015
Comissão Organizadora/Científica
Ana Carla Borghi
Célia Maria Gomes Labegalini
Darci Aparecida Martins Corrêa
Élia Aparecida Quirino dos Santos
Ellen Santana C. Aleixo
Flávia Maria Derhun
Giovana Aparecida de Souza Scolari Francisco
Leidyani Karina Rissardo
Mislaine Casagrande de Lima Lopes
Paloma Ramos Giselle Fernanda Previato
Paula Cristina Gerhardt
Sueli Mutsumi Tskuda Ichisato
Vanessa Daniele Zambon Valério Pelizzari
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Vivian Carla de Castro
Reitor
Prof. Dr. Mauro Luciano Baess
Vice-Reitor
Prof. Dr. Julio César Damasceno
Pró-Reitoria de Administração
Pró-Reitora: Profª. Drª. Maria Helena Ambrósio Dias
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Pró-Reitor: Prof. Dr. Antônio Carlos Bento
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura
Pró-Reitora: Profª. Drª. Itana Maria de Souza Gimenes
Pró-Reitoria de Ensino
Pró-Reitora: Profª. Drª. Ana Tiyomi Obara
Assessoria de Comunicação
Assessora: Marialva Ferreira Taques
Centro de Ciências da Saúde
Diretora: Profa. Dra. Terezinha Inez Estivalet Svidzinski
Vice-Diretora: Profa. Dra. Sandra Marisa Pelloso
Departamento de Enfermagem
Chefe de departamento: Prof. Dr. Herbert Leopoldo de Freitas Goes
Vice-Chefe de departamento: Profa. Dra. Jussara Simone Lenzi Pupulim
Coordenadora: Profa. Dra. Ana Paula Vilcinski Oliva
Coordenadora Adjunta: Profa. Dra. Cely Cristina Martins Gonçalves
Hospital Universitário Regional de Maringá
Diretor Superintendente: Prof. Msc Maurício Chaves Junior
Diretora de Enfermagem: Msc Marli Aparecida Joaquim Balan
SUMÁRIO
ÁREA TEMÁTICA 1 – CUIDADO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO NOS
DIFERENTES CICLOS DA VIDA
Assistência de enfermagem no núcleo dos ostomizados: relato de experiência
8-12
Atuação da enfermagem em campo ambulatorial no tratamento de lesões de pele– 13-18
relato de experiência
Caracterização de idosos com tendência depressiva em relação a vulnerabilidade e 19-23
capacidade funcional
Motivos que levam à recaída e a busca pelo tratamento da dependência química
24-29
Mortalidade por causas externas em idosos: um estudo comparativo
30-35
Perfil dos clientes atendidos no CTA entre 2010 e 2014, Maringá
36-40
Mudanças no cotidiano da pessoa estomizada
41-45
Validação clinica do diagnóstico de enfermagem: risco de perfusão tissular 46-51
periférica ineficaz em profissionais de enfermagem
Atendimento ao idoso no serviço de urgência e emergência: revisão integrativa de 52-57
literatura
Caracterização das pessoas com deficiência perante as redes de atenção
58-63
Caracterização das gestações acima de 35 anos no município de Maringá-PR
64-67
Atividades instrumentais de vida diária: avaliando a capacidade funcional de idosos 68-72
atendidos pelo PROCERE em Maringá - Paraná
Ação educativa sobre primeiros socorros no curso de graduação em engenharia 73-77
mecânica
Comunicação dos enfermeiros sob a ótica dos pacientes com feridas crônicas
78-83
O Programa de Educação Tutorial e a formação de enfermeiros
84-88
Repercussão do uso de bebida alcóolica nas relações familiares de trabalhadores da 89-93
construção civil
Caracterização da população da vila rural Elza Lerner do distrito de Pulinópolis- PR 94-98
Escuta e acolhimento como ferramentas de avaliação da satisfação do usuário de 99-103
serviço de saúde
Vantagens e dificuldades da acreditação hospitalar: a voz dos gestores da qualidade 104-109
Atuação de acadêmicos de enfermagem no Banco de Leite Humano (BHL) do 110-113
HUM
A visita domiciliar como instrumento para integrar família e o centro de atenção 114-119
psicossocial: pesquisa bibliográfica
Do diagnóstico ao desconhecido: percepções dos familiares de crianças e 120-125
adolescentes com diabetes mellitus
Avaliação do processo de implantação e desenvolvimento do programa rede mãe 126-131
paranaense
Tecnologia educacional impressa da para cognição de idosos: relato de experiência
132-136
Impacto na qualidade de vida relacionada à saúde de portadores de diabetes mellitus 137-142
tipo 1
Cuidando da cognição: relato de experiência de uma atividade com idosos
143-148
Internações por diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica em idosos
149-154
Estratégias de cuidado adotados por familiares na promoção do bem estar de 155-159
crianças com câncer
Idosos e o vinculo familiar: práticas educativas da estratégia saúde da família e do 160-164
NASF do município de Maria Helena/PR
Saúde do homem: importância da educação em saúde junto a indivíduos em 165-169
vulnerabilidade social
Percepções de cuidadores de idosos em relação às atividades educativas
170-174
Perfil sociodemográfico de idosos internados em unidades de terapia intensiva com 175-180
pneumonia por sthaphilococcus associada à ventilação mecânica
O trabalho da pastoral da criança para as famílias atendidas
181-185
ÁREA TEMÁTICA 2 – GESTÃO DO CUIDADO NO DESENVOLVIMENTO
HUMANO NOS DIFERENTES CICLOS DA VIDA
A efetivação da política nacional de atenção integral à saúde do homem
187-194
Aplicação de instrumentos para avaliação do grau de dependência de cuidados
domiciliares de enfermagem em idosos no município de Maringá-PR
Avaliação de notificação de casos novos de HIV em idosos de 2004 a 2013 em
município do noroeste do Paraná
Busca ativa de casos como metodologia de toxicovigilância em um projeto de
extensão universitária
Campanha de higienização das mãos: um relato de experiência
Caracterização de puérperas adolescentes residentes em Maringá-PR
Classificação de risco familiar na estratégia de saúde da família no município de
Maringá-PR
Drogas de abuso e trauma físico: perfil psicossocial e padrão de uso em eventos
sentinela
Fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica: conhecimento de
profissionais de enfermagem
Intoxicação por substância caústica: relato de caso de suicídio
Medidas adotadas em reção à toxoplasmose gestacional/congênita, gestantes soro
não reagentes e toxoplasmose ocular nos serviços de atenção primaria da 15ªRS/PR
Programa de visita domiciliar ao intoxicado: dados de uma equipe interdisciplinar
195-199
200-204
205-210
211-216
217-221
222-227
228-233
234-258
259-243
244-249
250-253
RESUMOS
Área temática – Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da
vida.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO NÚCLEO DOS OSTOMIZADOS:
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Cristina Daiana Bohrer
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Fabieli Borges
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Luis Guilherme Sbrolini Marques
Enfermeiro Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Raissa Ottes Vasconcelos
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Thais Vanessa Bugs
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Lorena Moraes Goetem Gemelli
Enfermeira Estomatoterapeuta, Mestre, CCBS, campus Cascavel/PR.
E-mail: [email protected]
Resumo
Este trabalho justifica-se em virtude da existência de um Núcleo de Ostomizados
localizado em Cascavel/PR que centraliza suas atividades em prol de uma assistência
baseada no papel do enfermeiro em orientação ao paciente ostomizado. O objetivo
consiste em relatar as experiências vivenciadas no Núcleo dos Ostomizados em relação
ao comportamento do público-alvo durante a assistência de enfermagem. Trata-se de um
relato de experiência desenvolvido pelos enfermeiros residentes de um Hospital
Universitário durante o período de março a abril de 2015, durante consultas de
enfermagem no Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná- RENASCER,
também caracterizado como projeto de extensão Universitária. Espera-se que este
trabalho contribua para motivação na área da enfermagem em visualizar o grande e
importante papel no que se refere à assistência daquelas pessoas que passam por
determinadas condições clínicas que afetam física e psicologicamente suas vidas. O
enfermeiro que atua junto da pessoa ostomizada tem o papel de orientá-lo nessa nova
condição, envolver a família nesse contexto para que este se sinta inserido na sociedade
a fim de alcançar maior qualidade de vida.
Palavras Chave: Ostomia; Cuidado; Assistência de Enfermagem.
8 Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
A ostomia é uma intervenção cirúrgica que permite criar uma comunicação entre
o órgão interno e o exterior, esse procedimento cirúrgico pode ocorrer no intestino ou na
bexiga, por um orifício no abdômen, chamado estoma. A presença do estoma gera a
dependência da bolsa coletora de fezes ou urina (SMELTZER; BARE, 2006).
As causas dos estomas são abundantes, diversificadas e têm diferentes formas de
categorização: quanto ao segmento exteriorizado (intestino delgado, grosso ou bexiga),
ao tempo de permanência (reversível ou irreversível), à forma de exteriorização, à
continência, à maturação e à via de acesso (SMELTZER; BARE, 2006).
A adaptação ao novo trânsito intestinal e/ou urinário modifica a identificação
pessoal, ocasionando ao seu portador, na maior parte dos casos, estranhamento, revolta
e até mesmo rejeição. As alterações causadas no corpo dos portadores de uma ostomia
originam também consequências psicológicas e sociais. Muitos ostomizados enfrentam
este nova fato com constrangimento, aversão e pena de si, tornando-os vulneráveis
(SOUSA, GOMES, BARROS, 2009).
De acordo com Brunner e Suddarth (2006) o paciente que se submete a uma
ostomia precisa de cuidados específicos, um acompanhamento especializado que atenda
às suas necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais, e promove um
plano de cuidados de enfermagem abrangente e contínuo. Na recomendação de uma
ostomia, deve-se praticar um programa pré-operatório criterioso a fim de se impedir
problemas pós-operatórios.
Esses dados tendem o melhor a assistência ao usuário, em todos os níveis de
atenção à saúde, desde a atenção primária, passando pela secundária e alcançando a
terciária, desenvolvendo o papel e o compromisso profissional do enfermeiro desde a
prevenção até a reabilitação do paciente, produzindo no cuidar a intervenção da
educação na procura da autonomia para o autocuidado e qualidade de vida (CASCAIS,
MARTINI, ALMEIDA, 2007).
Nesse sentido, em busca de melhor qualidade de vida e convívio social, em 08
de junho de 1988, profissionais de saúde e Ostomizados reuniram-se e fundaram o
Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná (N. R. O. O. P.), associação civil
sem fins lucrativos com o objetivo prevenir, habilitar, reabilitar e integrar o ostomizado
à vida comunitária, desenvolvimento do desejo de aprender a lidar com a sua nova
9 situação; facilitação da relação com seus familiares, buscando manter os seus processos
de desenvolvimento psicossocial e de aceitação dos seus limites e possibilidades,
advindos de sua condição de ostomizado ou incontinente urinário (CASCAVEL, 2015).
Atualmente o Núcleo conta com mais de 200 ostomizados e incontinentes
urinários provenientes dos 25 municípios da 10° Regional de saúde. O atendimento é
realizado de segunda à sexta das 13:30h às 17:30h. As reuniões mensais são
desenvolvidas na primeira quarta-feira de cada mês (CASCAVEL, 2015).
Objetivo
Relatar a assistência de enfermagem realizada aos pacientes portadores de
ostomia em acompanhamento no Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná
– RENASCER.
Materiais e Métodos
Relato de experiência vivenciado por enfermeiros da Residência em
Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE – Campus de Cascavel-PR durante consultas
de enfermagem realizadas no Núcleo dos Ostomizados.
Discussão de Resultados
Papel do enfermeiro em relação às ostomias e causas sociais
No desenvolver das atividades no Núcleo, foi possível realizar a assistência para
as diversas classificações de ostomias. Destacaram-se em sua maioria, pessoas
portadoras de Colostomias seguidos de ileostomias, jejunostomias e cistostomias.
De uma forma geral, para Gemelli e Zago (2002) as ostomias são classificadas
de acordo com o segmento exteriorizado, recebendo nomes diferenciados: no intestino
grosso = cólon = colostomia, no intestino delgado = íleo = ileostomia. A comunicação
da bexiga urinária com o meio externo chama-se cistostomia e a comunicação do
estômago com o meio externo, gastrostomia. As causas que levam à realização de uma
ostomia são variadas. Entre as mais frequentes estão os traumatismos, as doenças
congênitas, as doenças inflamatórias, os tumores e o câncer do intestino (GEMELLI;
ZAGO, 2002). Entre os pacientes atendidos, destacaram-se alguns diagnósticos tais
como: CA (câncer), acidente automobilístico e ferimento por arma de fogo (FAF).
Observou-se também que, dependendo da etiologia da doença havia descrição de
10 ostomia classificadas como temporária ou definitiva. As ostomias temporárias são
realizadas para proteger uma anastomose, tendo em vista o seu fechamento num curto
espaço de tempo. As ostomias definitivas são realizadas quando não existe a
possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal, geralmente na situação de câncer
(GEMELLI; ZAGO, 2002).
Os pacientes com ostomias definitivas requerem apoio contínuo, pois seus
problemas são duradouros e cíclicos. Independentemente de ser temporária ou
definitiva, a realização desse procedimento acarreta uma série de mudanças na vida do
paciente e requer um cuidado especializado de enfermagem (GEMELLI; ZAGO, 2002).
Nessa perspectiva, conforme Mauricio et al (2012), o enfermeiro, como membro
da equipe multiprofissional, tem papel importante ao orientar o ostomizado, possuindo
competência e ferramentas assistenciais, para identificar o paciente em todas as suas
dificuldades de adaptação à nova condição. Também, elabora em conjunto o plano de
cuidados para o mesmo objetivando a minimização e superação de tais dificuldades.
Assim sendo, no Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná, fizemos
acolhimentos e atendimentos às pessoas que estavam procurando pelo serviço pela
primeira vez e aos ostomizados que haviam retornado para fazer reavaliação. Por meio
do prontuário e ao conversar com os ostomizados, tínhamos informações a respeito da
patologia responsável pela ostomia, em relação ao tempo de uso, entre outros.
Verificamos como estava sendo realizado no domicílio o cuidado ao trocar a bolsa,
podendo observar como a mesma estava colocada anteriormente, a maneira de fixação e
posição, a integridade da pele ao redor. Também, observando possíveis alterações nas
ostomias. Nesse momento, orientamos quanto ao seu uso, estilo de vida, alimentação,
cuidados com a higiene e com a pele, fizemos questionamentos quanto ao autocuidado,
ao apoio dos familiares, ouvindo-os e esclarecendo suas dúvidas.
Conclusão e Considerações finais
O Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná exerce um papel social
de suma importância para seus usuários e colaboradores, uma vez que todos participam
direta ou indiretamente do desenvolvimento das atividades do núcleo, e recebem suporte
por parte da instituição que é caracterizado por reuniões que proporcionam
compartilhamento de experiências vividas, recepção dos pacientes que estão entrando
no núcleo pela primeira vez, esclarecimentos de dúvidas e principalmente através das
consultas de enfermagem desenvolver uma avaliação e educação em saúde com o
11 intuito de que o paciente aprenda sobre sua nova condição de ostomizado e desenvolva
a capacidade do auto cuidado, visando qualidade de vida.
Referências
CASCAIS, A. F. M. V; MARTINI J. G; ALMEIDA, P. J. S. O impacto da ostomia no
processo de viver. Texto Contexto Enferm. Jan-Mar; v.16, n.1, p.163-7. 2007.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/tce/v16n1/v16n1a17.pdf>. Acesso em: 11 abr
2015.
CASCAVEL, Núcleo dos Ostomizados do Oeste do Paraná. O núcleo. Disponível em:
<http://www.ostomizadoscascavel.com.br/nucleo.asp>. Acesso em: 11 mar. 2015.
GEMELLI, L. M.; ZAGO, M. M. F. A INTERPRETAÇÃO DO CUIDADO COM O
OSTOMIZADO NA VISÃO DO ENFERMEIRO: um estudo de caso. Rev Latino-am
Enfermagem. São Paulo, v. 10, n. 1, p. 34-40, jan/fev. 2002.
MAURICIO, V. C.; LISBOA, M. T. L.; SOUZA, N. V. D. de O. O enfermeiro e sua
participação no processo de reabilitação da pessoa com estoma. Esc Anna Nery
(impr.). 2013, v. 17, n. 3, pp. 416 – 422. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ean/v17n3/1414-8145-ean-17-03-0416.pdf. Acesso em: 11 abr
2015.
NONINO, E. A. P. M.; ANSELMI, M. L.; DALMAS, J. C.. Avaliação da qualidade do
procedimento curativo em pacientes internados em um hospital universitário. Rev.
Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 16, n. 1, Fev. 2008. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692008000100010&ln
g=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 março 2015.
SMELTZER; S.C; BARE, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem
Médico-Cirúrgica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
SOUZA, J.L; GOMES, G. C; BARROS, E. J. L. O cuidado à pessoa portadora de
estomia: o papel do familiar cuidador. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, out/dez.
v.17, n.4, p.550-5. 2009. Disponível em:<
http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a17.pdf.>. Acesso em: 11 abr 2015.
12 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM EM CAMPO AMBULATORIAL NO
TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE– relato de experiência
Eliane Aparecida Sanches Tonolli
Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Cely Cristina Martins Gonçalves
Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Jorseli Ângela Henrique Coimbra
Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Marli Aparecida Joaquim Balan
Mestre em Enfermagem. Diretoria Enfermagem HURM- UEM
E-mail: [email protected]
Thais Botelho Junqueira
Mestre em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Viviani Camboin Meirelles
Mestre em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Resumo
Este artigo tem como objetivo relatar uma experiência formativa com a ótica na
integração ensino-serviço, por intermédio de um projeto de extensão em Ambulatório
de Especialidades, para assistência ao usuário com lesões de pele. Propõe-se explorar a
memória pedagógica rememorando-se este período da implantação do projeto, o
atendimento e o cuidado do usuário, de outubro de 2013 a dezembro de 2014. Desta
forma, atuou-se em vários momentos, a saber: Na preparação dos acadêmicos,
discussões entre a equipe sobre as atividades de educação para saúde para os usuários,
das condutas na avaliação de lesões de pele. Detectou-se no habitus dos profissionais
deste campo um fazer-saber que necessita a participação ativa do usuário no seu
tratamento. Com isto, enfrentam-se desafios para se ambientar o usuário com este
projeto assistencial, que não represente para ele dificuldade ou estranheza o uso de
tecnologias e assumir novas condutas, que se exige para o tratamento de lesão de pele.
Desta vivencia da equipe percebe-se que, o cuidado com o usuário do ambulatório, que
sofre com lesão de pele carece ainda constituir-se em uma relação dinâmica com os
usuários um conjunto que valorize os recursos e trajetórias pessoais, o habitus se pode
traduzir, em estilos de vida, e importante dizer; valores estéticos. Ele é uma forma de
relações sociais, de forma de socialização que permeia um meio de ação que permite
criar ou desenvolver estratégias individuais ou coletivas de mudança por meio da
educação em saúde.
Palavras Chave: Lesão de pele; Cuidado de enfermagem; Educação permanente.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
13 Introdução
Este relato se refere ao campo do cuidado de enfermagem ambulatorial para a
integridade tissular e tratamento de feridas, de um hospital de universitário do noroeste
do Paraná. Referendamo-nos em BALAN (2012), JORGE (2004), NATIONAL
PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL – NPUAP (1989), DOMANSKY &
BORGES (2012), dentre outros autores que nos tem contribuído para a reflexão sobre a
prática do ensino da saúde e no emprego de tecnologia assistencial no que tange ao
cuidado de enfermagem na atenção ambulatorial, em especial, a temática da integridade
tissular.
A condição de lesão de pele reporta-se a um duplo desafio: a meta da formação
dos profissionais da enfermagem, com perfil científico adequado para o cuidado a este
ser humano, aliada a uma abordagem humanizada e holística. E o segundo, ao foco do
campo de BOURDIEU (1983; 1989) para entender esta prática em meio do trabalho de
enfermagem em equipe e o usuário originado de um meio social, mediado pelos valores,
costumes e culturas especificas. Conformado em termos de habitus individuais mediado
por relações sociais específicas, por diferentes sistemas de disposições produzidos em
condicionamentos e trajetórias diferentes, em espaços distintos como a família, a escola,
o trabalho, os grupos de amigos e a cultura de massa.
O relato passa pela realidade de um campo, isto é, de um sistema de relações,
onde se geram a integração da cultura, do saber, da ciência e da tecnologia, que
fomentam as novas práticas de trabalho e da formação.
Dentro desta perspectiva, o Departamento de Enfermagem em parceria com a
Diretoria de Enfermagem (DEE) do Hospital Universitário Regional de Maringá HURM implantaram o projeto de extensão no ano de 2013 sob titulo: “Socializando o
conhecimento da comunidade de práticas em viabilidade tecidual e tratamento de
feridas na promoção do cuidado de enfermagem” realizado com o objetivo de atuar na
área de lesão tecidual deste hospital nas áreas científico-educacional e assistencial.
O projeto de extensão obteve apoio da Comunidade de Práticas em Viabilidade
Tissular e Tratamento de Feridas do HURM/DEE e conta com a participação de sete
docentes do Departamento de Enfermagem- DEN da UEM, de um enfermeiro
Estomatoterapeuta do ambulatório de Especialidades da Diretoria de Enfermagem do
HURM e de acadêmicos do curso de Bacharelado de Enfermagem da UEM.
14 Objetivo
Relatar uma experiência formativa com a ótica na integração ensino-serviço, por
intermédio de um projeto de extensão em Ambulatório de Especialidades, para
assistência ao usuário com lesões de pele.
Materiais e Métodos
Trata-se de um relato de experiência – memória pedagógica, uma vez que se
propõe explorar um cenário específico (ANDRÉ, 1995) um período no Ambulatório de
Especialidades, de implantação de atendimento e de cuidado do usuário no ambulatório,
com lesões de pele, de outubro de 2013 a dezembro de 2014. No caso, o uso didático da
memória pedagógica rememora este período do projeto de extensão.
O projeto se desenvolve nas dependências do Ambulatório de Especialidades do
Hospital Universitário Regional de Maringá – HURM. O HURM foi criado em 1988,
iniciou suas atividades em 20 de janeiro de 1989 e foi certificado como hospital de
ensino por meio da Portaria Interministerial número 2.378, em 26 de outubro de 2004. E
efetivou a contratualização por meio da portaria GM número 1.885, em 13 de outubro
de 2005. E no ano de 1993 foram ativadas as unidades de clínica cirúrgica, a
ginecologia e obstetrícia, o centro cirúrgico, o berçário, o ambulatório de especialidades
e o serviço social.
O Ambulatório de Especialidades atende a mais de 60 especialidades clínicas, no
horário das 7:00 às 18:00 horas, de segunda a sexta-feira, com consulta agendadas
através dos Postos de Saúde, CISAMUSEP e Secretaria de Saúde de Maringá. E os
usuários com lesões de pele são referidos para o ambulatório após alta do hospital
universitário, em especial, advindos da Unidade de Clinica Cirúrgica, da Unidade de
Clinica Médica e da Unidade de Pronto Atendimento.
Discussão de Resultados
Assim sendo, dentre as atividades, no inicio, buscou-se a integração entre os
docentes, os discentes do DEN e os técnicos do serviço por meio das reuniões de
avaliação das necessidades do serviço, seguidas de planejamento das atividades do
projeto primeiramente centrado no ambulatório.
Desta forma, atuou-se em vários momentos, a saber: Na preparação dos
acadêmicos para atuar na área de tratamento e prevenção de lesões de pele por
intermédio de aulas teórico-práticas e de orientação. Nas discussões entre a equipe das
atividades de educação para saúde para os usuários com afecções cutâneas atendidos no
15 Ambulatório de Especialidades. No estabelecimento de condutas na avaliação de lesões
de pele, baseado na bibliografia e pesquisas atualizadas na área de tratamento de lesões
de pele, e, em no aprofundamento de uma ferramenta tecnológica – o Protocolo de
Feridas do HURM.
Neste projeto assiste-se aos usuários adultos que sofrem o impacto sobre suas
vidas de uma lesão de pele. Muitos deles experimentam sentimentos de rejeição e
exclusão social ao longo de vários anos. Percebe-se que quanto menor a possibilidade
de cura, maiores as contingências a superar ao longo da sua vida, com períodos de
remissão e exacerbação da lesão. A percepção da complexidade do usuário com lesão de
pele remete-nos a Bourdieu (1983) quando salienta as relações algumas vezes
conflitantes, entre o usuário, sua família, seu trabalho, com a equipe, no que tange a
cultura de massa/popular por um lado, e, pelo outro, a equipe com o uso da ciência e da
tecnologia consubstanciado em um projeto assistencial.
Isto posto, detecta-se no habitus dos profissionais deste campo um fazer-saber
que necessita a participação ativa do usuário no seu tratamento. Contudo, ainda
representa um desafio no planejamento das ações dos profissionais enfrentarem as
dificuldades de ambientar o usuário com este projeto assistencial, pois o vínculo com o
usuário deve ser tal, que não represente para o usuário dificuldade ou estranheza o uso
de tecnologias e assumir novas condutas que se exige para o tratamento de lesão de
pele.
Neste aspecto, percebe-se como necessitam de apoio especial da equipe para
obter-se um tratamento adequado frente a processos de revisão de modo de vida que
necessitam fazer mudança de hábitos de vida, de alimentação, de higiene, entre outros.
Desta forma, em que pese os usuários atendidos no cotidiano do trabalho da equipe, que
sofrem com sérias lesões, como do Mal Perfurante Plantar, de Enxertos de Pele, de
Queimaduras, da
Síndrome de Fournieu, e, principalmente, muitos com Ulceras
Venosas, denota-se que a maioria vivencia um processo muito doloroso e, altamente
frustrante em decorrência da cronicidade das lesões.
Portanto, percebeu-se avanço importante em decorrência da efetivação do
protocolo de feridas, decididamente um avanço tecnológico importante criado pelo
serviço, uma ferramenta cientifica e benéfica que orienta a prevenção e o tratamento de
lesões de pele em usuários acompanhados no ambulatório de Especialidades e em
pacientes internados no Hospital Universitário Regional de Maringá. Com a utilização
dele pode-se perceber um melhor assistência direta aos usuários no ambulatório e
16 também no domicilio.
Contudo, pode-se analisar desta vivência até o momento que, o cuidado com o
usuário do ambulatório, que sofre com lesão de pele carece ainda constituírem-se em
uma relação dinâmica criada pelo serviço, professores, alunos e usuários num conjunto
entremeados pelos recursos e trajetórias pessoais.
Em suma, coube ao grupo do projeto e do serviço proceder a uma assistência
com base na avaliação criteriosa e no uso do protocolo adequando o cuidado a cada
necessidade desses indivíduos, apoio para a formação e para a assistência de
enfermagem.
Conclusão e Considerações Finais
Neste trabalho objetivou-se descrever por meio da memória pedagógica o
processo vivenciado pela equipe em um projeto de extensão para o cuidar de usuários
com lesão de pele. Nele todos se empenharam com o fim de atingir o êxito para a
integração do ensino com o serviço em prol da prevenção/ cura do usuário com lesão de
pele. Deste o foco percebeu-se a conquista de espaço para a enfermagem na área
integridade tissular no serviço, na extensão e na pesquisa.
E ainda, amplia-se com o acesso às tecnologias do cuidado por parte da
enfermagem o rol de segurança para a tomada de decisão, aprimora-se a assistência,
implementa-se a educação continuada e pontuam-se desdobramentos para pesquisas
nesta área de conhecimento. Contudo, outro desafio se impôs como ampliar a discussão
de curar/ mudanças enquanto habitus “uma matriz” determinada pela posição social do
indivíduo que lhe permite pensar, ver e agir nas mais variadas situações.
Entende-se que o habitus traduz, dessa forma, estilos de vida, julgamentos
políticos, morais e estéticos. Ele é uma forma de relações sociais, de forma de
socialização que permeia um meio de ação que permite criar ou desenvolver estratégias
individuais ou coletivas de mudança por meio da educação em saúde.
Acredita-se que no campo profissional implantar protocolos assistenciais na área
contribui não apenas para a consolidação do saber, para a pratica social em saúde
fortalece o papel do enfermeiro na área de integridade tissular por meio da atenção
integral, da avaliação de lesões de pele e do planejamento científico do cuidado. E
ainda, que no campo da cultura de massa as experiências que se acumulam e se
constroem no processo do saber popular, na competência e na autoridade das referencias
culturais que sempre estão sujeitas a revisões.
17 Referências
ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. Campinas. Papirus, 1995.
BALAN, M. A. J. Guia terapêutico para tratamento de feridas. 2. ed. São Caetano
do Sul: Difusão, 2012.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, R. (org.) Pierre
Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983, p.46-81.
______. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
DOMANSKY, R. C.; BORGES, E. L. Manual de prevenção de lesões da pele:
recomendações baseadas em evidências. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.
JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. Abordagem multiprofissional do tratamento de
feridas. São Paulo: Atheneu, 2004.
18 CARACTERIZAÇÃO DE IDOSOS COM TENDÊNCIA DEPRESSIVA EM
RELAÇÃO A VULNERABILIDADE E CAPACIDADE FUNCIONAL
Giselle Fernanda Previato
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna
voluntária do Projeto Assistência Domiciliar a Família de Idosos
E-mail: [email protected]
Célia Maria Gomes Labegalini
Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE)
E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira. Doutora em Ciência, Professora na Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
A depressão é a doença psiquiátrica mais comum entre idosos, que quando acometidos
por tal agravo possuem tendência a apresentar maior comprometimento físico, social e
funcional. O objetivo do estudo foi caracterizar os idosos com tendência à depressão em
relação à vulnerabilidade e capacidade funcional. Foi realizado um estudo documental,
transversal, quantitativo e descritivo, onde foram analisadas as fichas cadastrais de
caracterização e condições de saúde de idosos (Escala de Depressão Geriátrica de
Yesavage (GDS-15), Protocolo de Identificação do Idoso Vulnerável (VES-13), Índice
de Katz e a Escala de Lawton e Brody de uma área sem cobertura de Estratégia Saúde
da Família e atendidos pelo projeto de extensão: “Assistência domiciliar de
enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado (ADEFI)” integrante do
PROCERE da Universidade Aberta À Terceira Idade da Universidade Estadual de
Maringá. De um levantamento total de 117 idosos, 10,25% (n=12) apresentaram prédisposição a depressão segundo a GDS-15. Sobre o sexo, 75,0% era feminino (n=9) e
25,0% masculino (n=3). Três idosos (25,0%), apresentaram pré-disposição grave a
depressão e vulnerabilidade de média a grave pelo VES-13 e um com capacidade
funcional prejudicada. Os demais idosos (9- 75,0%) foram classificados com tendência
leve a moderada a depressão geriátrica. No VES-13, dois desses idosos foram
classificados como vulneráveis. Dos 12 idosos, seis (50,0%), não apresentaram
nenhuma fragilidade ou incapacidade funcional. A partir dos resultados encontrados,
surge a necessidade de maior avaliação dos idosos quanto a pré-disposição a depressão,
e os aspectos multidimensionais relacionados a vulnerabilidade e capacidade funcional.
Palavras Chave: Geriatria; Depressão; Enfermagem.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
19 A terceira idade é a faixa etária que mais cresce no Brasil, e em proporção
crescem também doenças causadas pelo envelhecimento, destacando-se a prevalência de
doenças neurológico-degenerativas, crônicas e mentais (NASCIMENTO et al, 2013).
Tais doenças acometem cerca de um terço da população idosa. Dentre elas temos a
depressão, que é a doença psiquiátrica mais comum entre os idosos, e é um sério e
crescente problema de saúde pública, trazendo prejuízos à vida familiar e à comunidade
tendo impacto negativo em todos os aspectos da vida (SILVA et al, 2010).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que em 2020 o transtorno
depressivo será a segunda maior causa de incapacidade no mundo, perdendo apenas
para doenças cardíacas. Indivíduos idosos acometidos pela depressão tem tendência a
apresentar maior comprometimento físico, social e funcional (FELICIANO; MORETTI,
2015).
Visto a importância desse transtorno, se faz necessário uma avaliação
sistemática aos indivíduos idosos, contribuindo assim para melhorar a detecção dessa
patologia e a saúde da população. Portanto, o Ministério da Saúde recomenda que
dentro de uma avaliação global da pessoa idosa sejam incluídos testes que verifiquem o
estado de saúde mental e funcional desse indivíduo para que se estabeleça um
diagnóstico, prognóstico e implementação das ações terapêuticas necessárias (BRASIL,
2012).
Objetivo
Caracterizar os idosos com tendência à depressão em relação à vulnerabilidade
e capacidade funcional.
Materiais e Métodos
Estudo documental, transversal, quantitativo e descritivo. Foram analisadas as
fichas cadastrais de caracterização e condições de saúde de idosos residentes em uma
área sem cobertura da Estratégia Saúde da Família e atendidos pelo projeto de extensão:
“Assistência domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado
(ADEFI)” integrante do Programa Centro de Referência do Envelhecimento
(PROCERE) da Universidade Aberta À Terceira Idade da Universidade Estadual de
Maringá, em parceria com uma unidade básica de saúde do Município de Maringá-PR.
De um total de 117 idosos levantados pelo projeto, compuseram o estudo 12
idosos que apresentaram pré-disposição a depressão através de avaliação feita utilizando
20 a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS-15), e na avalição da fragilidade
por meio do Protocolo de Identificação do Idoso Vulnerável (VES-13), e da capacidade
funcional pelos Índice de Katz e a Escala de Lawton e Brody. Foram ainda analisadas
informações sociodemográficos para caracterização dos sujeitos. Os dados foram
coletados nos prontuários dos idosos e analisados utilizando estatística simples. O
estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de
Maringá, sob número 875.081/2014 - CAAE: 37457414.6.0000.0104 e respeita todos
os preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, preservando
o anonimato e a confidencialidade dos dados.
Discussão de Resultados
De um levantamento total de 117 idosos, 10,25% (n=12) dos idosos
apresentaram pré-disposição a depressão segundo a GDS-15. Estudos apontam que em
idosos vivendo na comunidade, a prevalência de depressão situa-se entre 2 e 14%, indo
de acordo ao nosso estudo (EDWARDS, 2003). Houve predominância do sexo
feminino, com 9 mulheres (75,0%), corroborando com dados da literatura, que sugerem
serem as mulheres mais vulneráveis ao desenvolvimento de sintomas depressivos
durante a velhice (SILVA et al., 2012). Os homens representaram 25,0% da população
estudada (n=3). Em relação a idade, nove idosos se encontravam na faixa etária de 60 a
74 anos de idade (75,0%), entre 75 e 84 anos 16,7% da população (n=3), e apenas um
idoso acima de 85 anos (8,3%). Por meio do escore apresentado na GDS-15, três idosos
(25,0%), do sexo feminino, apresentaram pré-disposição grave a depressão, com escore
12.
Tais idosos, em relação ao VES-13, apresentaram-se como frágeis, dois com alto
risco para vulnerabilidade, com pontuação sete e oito, respetivamente, e um com médio
risco, com escore 6. Pesquisas internacionais verificaram a associação entre síndrome
de fragilidade e depressão. Investigação conduzida com idosos na China evidenciou que
as condições de vulnerabilidade nos idosos estiveram associadas ao aumento do número
de sintomas depressivos, com maior prevalência entre os frágeis (TAVARES et al.,
2014). Um idoso foi avaliado como parcialmente dependente para Atividades
Instrumentais de Vida Diária, com capacidade funcional prejudicada segundo a Escala
de Lawton e Brody, com escore 12. A depressão apresenta associações e impactos
importantes na incapacidade funcional, como mostrou um estudo realizado na Região
Oeste de São Paulo em 2011, onde 25,0% do total de incapacidade funcional grave
21 levantado nos idosos teve como causa a depressão (SILVA, 2013). Apenas um idoso
apresentou-se com escore 5 para Katz, devido a incontinência urinária.
Os demais idosos (9- 75,0%) foram classificados com tendência leve a moderada
a depressão geriátrica, com escore variando de 6 a 10 pontos. No VES-13, dois desses
idosos foram classificados como vulneráveis, com escores maiores que 3. A fragilidade
é considerada um fator de risco para o desenvolvimento e persistência de sintomas
depressivos (TAVARES et al., 2014). Em relação a Lawton e Brody, nenhum idoso
com pré-disposição leve a moderada apresentou alguma dependência, e dois
apresentaram escore 5 para Katz, pela incontinência urinária. Dos 12 idosos, seis
(50,0%), não apresentaram nenhuma fragilidade ou incapacidade funcional, todos com
tendência leve a moderada a depressão. A avaliação da condição funcional em estudos
populacionais é relativamente nova e a prevalência de incapacidade entre idosos pode
variar de 2% a 47%, segundo a população, a faixa etária considerada e as escalas
utilizadas (GIACOMIN et al., 2012).
Conclusão e Considerações Finais
Em síntese, a presente pesquisa permitiu caracterizar os idosos com tendência
depressiva atendidos pelo ADEFI, em relação a presença de vulnerabilidade e
incapacidade funcional, e a partir de demais aspectos como idade e sexo. A presença de
idosos com pré-disposição a depressão foi semelhante ao encontrado na literatura, assim
como a identificação do maior número de mulheres com tendência depressiva. Foi
possível perceber que os três idosos classificados como com pré-disposição a depressão
grave foram avaliados como idosos vulneráveis, indicando que a vulnerabilidade é
considerada um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos, e um
deles com capacidade funcional prejudicada para atividades diárias instrumentais e um
para atividades diárias básicas. Dos idosos com tendência de leve a moderada para
depressão,
dois
apresentaram
vulnerabilidade,
os
demais
não
apresentaram
incapacidades funcionais para atividades diárias instrumentais, e somente um
apresentou certa incapacidade para atividades diárias básicas.
A partir dos resultados encontrados, surge a necessidade de maior avaliação dos
idosos quanto a pré-disposição a depressão, e os aspectos multidimensionais
relacionados a esses idosos, como sua vulnerabilidade e capacidade funcional. Deve-se
buscar maneiras para se subsidiar o planejamento das atividades desenvolvidas nos
serviços que prestam assistência à saúde dos idosos, assim como no Centro de
22 Referência do Envelhecimento, levando a atividades de assistência domiciliar neste
grupo etário e melhorando a qualidade de vida dessa população com tendência
depressiva, vulnerável e dependente.
Novas pesquisas devem ser realizadas analisando a influência de fatores, como
escolaridade, estado civil, presença de patologias e prejuízo cognitivo, que podem estar
associados à depressão geriátrica, e a criação de programas nacionais com o objetivo de
promover a saúde mental, diagnosticar precocemente e diminuir os sintomas
depressivos entre os idosos.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, 2012. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcad19.pdf. Acesso em 29 de abril de
2015.
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FELICIANO, M.F.C; MORETTI. L.H.T. Depressão, suicídio e neuropsicologia:
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psicólogos. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0857.pdf. Acesso
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GIACOMIN, K.C; et al. Estudo de base populacional dos fatores associados à
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NASCIMENTO, D.C; BRITO, M.A.C; SANTOS, A.D. Depressão em idosos residentes
em uma instituição asilar na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. J. Manag Prim
Health Care, V.4, N.3, P.146-150, Juazeiro do Norte, 2014.
SILVA, E. R.; SOUZA, A.R.B; PEIXOTO, H.M; FERREIRA, L.P; Prevalência e
fatores associados à depressão entre idosos institucionalizados: subsídio ao cuidado de
enfermagem. Rev. esc. enferm. USP. v. 46, n. 6, São Paulo, 2012.
SILVA, G.B; SILVA, V.B; LOPES, R.C; SILVA, J.W.F. Caracterizando a depressão no
idoso: Uma revisão bibliográfica. Enciclopédia biosfera. Goiânia, 2010.
SILVA, S.A. Depressão e incapacidade funcional em idosos: um estudo de base
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Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013.
TAVARES, D.M.S; ALMEIDA, E.G; FERREIRA, P.C.S; DIAS, F.A; PEGORARI,
M.S. Status de fragilidade entre idosos com indicativo de depressão segundo o sexo. J.
Bras. Psiquiatria, v.63, n.4, p.347-353, Uberaba, 2014.
23 MOTIVOS QUE LEVAM À RECAÍDA E A BUSCA PELO TRATAMENTO DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Leandro Mocci do Nascimento
Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá –
UniCesumar.
E-mail: [email protected]
Mariana Moreira Kirchner
Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário de Maringá – UniCesumar
E-mail: [email protected]
Rafael Rodrigo da Silva Pimentel
Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá –
UniCesumar.
E-mail: [email protected]
Márcia Glaciela da Cruz Scardoelli
Orientadora Mestre em Enfermagem, Professora do Centro Universitário de Maringá –
UniCesumar.
E-mail [email protected]
Resumo
Este estudo tem como objetivo conhecer os motivos que levam os usuários a recaírem e
a buscarem o tratamento para dependência química. Trata-se de uma pesquisa
exploratória descritiva, de abordagem qualitativa, com 21 dependentes químicos
internados em um hospital psiquiátrico para tratamento de dependência química. A
coleta de dados foi realizada no período de agosto a setembro de 2014, por meio de
entrevistas individuais gravadas, com aplicação de um roteiro semiestruturado,
contendo questões abertas e fechadas. Os dados coletadas foram analisadas por meio da
análise de conteúdo, modalidade temática proposto por Minayo, obtendo duas
categorias temáticas: principais motivos que levam os usuários de drogas a recaírem
após tratamento e principais motivos da aceitação do tratamento da dependência
química. Foi possível observar que existe a necessidade em aprofundar-se nas
investigações associadas à prevenção do uso de drogas, com intuito de diminuir os
fatores de risco que levam a possíveis recaídas, planejando assim um tratamento que
englobe as questões sociais, econômicas, familiares, culturais e pessoais.
Palavras Chave: Dependência Química; Tratamento; Usuários de Drogas.
Área Temática: Cuidado no Desenvolvimento Humano nos Diferentes Ciclos da Vida.
Introdução
O uso abusivo de substâncias químicas é considerado pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) uma doença crônica e frequente que se tornou um problema de saúde
pública ultrapassando os limites sociais e emocionais, afligindo a sociedade como um
todo (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011).
24 Segundo Magrinelli e Oliveira (2006), o elevado número de recaídas dos
dependentes químicos independe da particularidade e da quantidade de tratamentos a
que estes se sujeitam ao longo de suas vidas, pois é agravado pela baixa adesão e falta
de motivação para ingressarem em algum tratamento.
De acordo com Gonçalves (2008), além de não ser considerada como um estágio
motivacional, a recaída pode ser vista como um estado de transição, já que na maioria
dos casos fazem parte do processo de mudança de conduta. Esse o processo de mudança
não é tão simples, pois seus estágios podem ser entendidos como um redemoinho em
que o indivíduo pode trilhar de um estágio para outro sem uma sequência estabelecida.
Neste sentido, se o indivíduo recair, não indica que ele irá regressar para o início do seu
processo de mudança.
Muitas são as consequências do uso abusivo de substâncias químicas,
principalmente no que se refere à dependência. O perfil do usuário, especialmente
aquele que tem um nível econômico e social diminuído, é também outro fator
importante que interfere negativamente na adesão ao tratamento. O tratamento da
dependência química é longo e difícil, visto que se trata de uma doença grave
(KESSLER; PECHANSKY, 2008; RIBEIRO; SANCHEZ; NAPPO, 2010).
Objetivo
Conhecer os motivos que levam os usuários a recaírem e a buscarem o
tratamento para dependência química.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de abordagem qualitativa,
realizada em um Hospital Psiquiátrico localizado na região Noroeste do Estado do
Paraná.
A coleta de dados foi realizada entre agosto e setembro de 2014, por meio de
entrevistas individuais gravadas, com aplicação de um roteiro semiestruturado,
contendo questões abertas e fechadas. Foram entrevistados 21 usuários do sexo
masculino, com faixa etária acima de 18 anos. Utilizou-se como critérios de inclusão,
ser usuário de crack, estar hospitalizado por um período mínimo de 15 dias e encontrarse lúcido, orientado, coerente para participar da entrevista. As informações coletadas
foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, modalidade temática
proposto por Minayo, na qual surgiram duas categorias temáticas: principais motivos
25 que levam os usuários de crack a recaírem após tratamento e principais motivos da
aceitação do tratamento da dependência química
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos do
Centro
Universitário
de
Maringá
(UniCesumar),
sob
o
processo
n°
32118814.4.0000.5539, conforme a Resolução N° 466/12 do Conselho Nacional de
Saúde. Para garantir e preservar a identidade dos entrevistados, os mesmos foram
identificados pela letra U (U1, U2...), por ser a inicial de usuário de drogas.
Discussão de Resultados
Dos 21 entrevistados, 15 eram solteiros, sendo que 8 tinham filhos; destes 4
casados, 2 com filhos e 2 restante divorciados por consequência do uso das drogas e
também possuindo filhos. Nove deles eram evangélicos, oito católicos e o restante não
pertenciam a nenhuma religião. Já a escolaridade, 14 tinham apenas ensino fundamental
incompleto, 05 ensino médio completo e 02 ensino médio incompleto. Identificou-se
também, que todos iniciaram o uso das drogas na fase da adolescência, começando a
usar cocaína e maconha, dando seguimento até o crack. Todos os entrevistados já foram
internados, no mínimo uma vez. Quanto à profissão, a maioria não apresentava vínculo
formal com trabalho, vivendo de “bicos’’ por conta do próprio vício e alguns se
encontravam em situação de rua”.
Principais motivos que levam os usuários de crack a recaírem após tratamento
Observou-se também que o meio social em que vivem, as mesmas rotinas, as
amizades, os lugares em que frequentam e mantém convívio com as mesmas pessoas,
tornam-se um convite para à recaída ao uso das drogas.
“Porquê meus amigos todo é traficante, é bandido, assaltante, eu não tenho uma
companhia pra sair, aí eu pego minha moto a noite saio com dinheiro no bolso, um monte de
dinheiro ai eu vou no bar, numa lanchonete e tudo começa na cerveja, bebo uma cerveja, bebo
outra, olho pro lado, olho pro outro não tem ninguém que me interessa vou lá compro crack e
uso. Toda vez acontece isso”. (U2; “As amizades. Quando eu chego perto dos meus velhos
amigos, eu vejo que eles vão usar ai me da logo vontade e eu vou e recaio”. (U14); “Escolhi a
rua pra viver e morar. Então minha recaída atribui a isso, quando fico na rua abstinente, eu
surto, não dá”. (U16)
A desestrutura do convívio familiar cotidiano decorrente do abandono dos
familiares, esposas, amigos, sejam elas representadas pelas situações de separações e
ausência de um vínculo parenteral é relatada nos depoimentos abaixo como algo
26 significativo na vida do dependente de droga e isso muitas vezes o levam a buscar as
drogas para aliviar o seu sofrimento.
“Ficar longe das pessoas que a gente ama é um dos motivos”. (U3); “É a solidão.
Porque quando eu tinha minha família isso não existia. E ficando sozinho é o que me acolhe”.
(U15)
Percebeu-se nos depoimentos dos entrevistados uma dificuldade em superar os
conflitos vivenciados no cotidiano como, por exemplo, a vivência de estados
emocionais negativos, conflitos interpessoais e familiares e a pressão no meio social,
acabam contribuindo ao retorno ao uso de substâncias psicoativas.
“Brigas familiares, coisas mal resolvidas, não que isso seja desculpa pra uma recaída,
mais ajuda, as vezes você ta com a cabeça quente ai você encontra aquele amigo, aquele outro
e por ai vai. No dia que você não ta muito bem sabe?! Ta meio fraco assim.. E a maioria das
recaídas foi assim que aconteceu”. (U5);“Geralmente são frustrações, ilusões e depressões. A
droga mesmo te deixa depressivo”. (U20).
Outro relato obsevado foi a não realização de uma atividade laboral, de um meio
de distração ou ocupação que resulta na sensação de um vazio e de irritabilidade,
fazendo com que busque o preenchimento dessas sensações com as drogas.
“Problemas. Às vezes falta de um emprego, um bem material, eu ver que não tenho
oportunidade na sociedade e pra não ficar nervoso e fazer besteiras eu uso drogas e sempre
recaio”. (U11)
Principais motivos da aceitação do tratamento da dependência química
A descoberta da impotência de sozinho parar de usar a droga acontece quando há
o reconhecimento pelo usuário da necessidade de tratamento, pois aceita que não
consegue se livrar sozinho do vício e necessita de um acompanhamento profissional.
“É assim quando me sinto revoltado, que eu não aguento mais ai eu busco o
tratamento”. (U1); “Eu busco o tratamento porque quero uma mudança, mas e difícil. Não e
fácil. Eu mesmo busco porque sei que não consigo parar sozinho. Minha família não queria me
internar mais porque eu sempre recaio. (U9)
Percebe-se o desejo de recuperar o afeto perdido dentro do vínculo familiar, que
se perdeu por causa do vício. O medo de perder o amor dos filhos e dos demais
familiares, contribui para o querer parar de usar a droga, resultando assim a busca pelo
tratamento, sendo revelado nos depoimentos seguintes.
“Porque eu não aguento mais ver minha família sofrer. Porque na minha família nos
somo em 10 netos, o único que desandou fui eu, eu fui o primeiro neto”. (U2); “Busquei
27 tratamento porque não aguento mais, to fazendo feriadas em meus familiares, na minha
namorada e em mim mesmo. “ (U18)
Conclusão e Considerações Finais
Os resultados dos estudos apontam que os motivos que atribuem à recaída no
uso das substâncias químicas estão relacionados aos mesmos fatores predispostos ao
início do uso das mesmas, destacando principalmente o vício que a substância origina e
o ambiente favorável para seu uso. Outro fator importante é o relacionamento familiar
apresentado desagradável, um ambiente de brigas e a falta de um convívio estável.
Sendo assim, essas são as principais variáveis que tornam-se um risco grande para
possíveis recaídas.
Quanto aos motivos que levam à aceitação de tratamento, o principal fator
atribuído a esta variável é o reconhecimento da necessidade de ajuda profissional.
Conclui-se, então, que há necessidade em aprofundar-se nas investigações
associadas à prevenção do uso de drogas, com intuito de diminuir os fatores de risco
que levam a possíveis recaídas, planejando assim um tratamento que englobe questões
sociais, econômicas, familiares, culturais e pessoais.
Referências
ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. S. A entrevista motivacional em adolescentes usuários
de droga que cometeram ato infracional. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. n. 2, p. 218226, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v24n2/02.pdf >. Acesso em:
abr 2015.
GONÇALVES, A. M. S. Estudo dos níveis motivacionais em relação ao uso de
substâncias psicoativas e a espiritualidade (Dissertação de mestrado) - Escola de
Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2008. Acesso em
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KESSLER, F; PECHANSKY, F. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na
atualidade. Revista Psiquiátrica. Rio Grande Sul, v. 30, n. 2, p. 96-98, 2008.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rprs/v30n2/v30n2a03>. Acesso em: abr 2015.
MAGRINELLI, M; OLIVEIRA, M. Avaliando a motivação para mudança em
dependentes de cocaína. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 23. n. 1, p. 3-12, 2006.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v23n1/v23n1a01.pdf >. Acesso em: abr
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RIBEIRO, L. A.; SANCHEZ, Z. V. D. M.; NAPPO S. A. Estratégias desenvolvidas por
usuários de crack para lidar com os riscos decorrentes do consumo de droga. Jornal
28 Brasileiro de Psiquiatria, v. 59, n. 3, p. 210-8, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v59n3/a07v59n3.pdf >. Acesso em: abr 2015.
SELEGHIM, M. R; MARANGONI, S. R; MARCON, S. S; OLIEVIRA, M. L. F.
Vínculo familiar de usuários de crack atendidos em uma unidade de emergência
psiquiátrica. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 19, n. 5, [08], 2011.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n5/pt_14.pdf >. Acesso em: abr
2015.
SCHEFFER, M; PASA, G. G; ALMEIDA, R. M. M. Dependência de álcool, cocaína e
crack e transtornos psiquiátricos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 3, p. 533-41,
2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n3/a16v26n3.pdf >. Acesso em:
abr 2015.
29 MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS: UM ESTUDO
COMPARATIVO
Flávia Maria Derhun
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail:[email protected]
Giovana Aparecida de Souza Scolari
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail:[email protected]
Paula Cristina Gerhardt
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Ana Carla Borghi
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Vivian Carla de Castro
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Lígia Carreira
Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
O presente estudo objetivou descrever a mortalidade por causas externas entre idosos
brasileiros no período compreendido entre 2007 e 2012. Os dados foram coletados por
meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade e analisados por meio de coeficientes
de mortalidade. A taxa nacional de mortalidade por causas externas em idosos passou de
108,13 no primeiro triênio analisado para 118,90 no segundo triênio. Os coeficientes de
mortalidade se mostraram mais elevados no sexo masculino em todo período analisado,
no entanto, houve maior percentual de crescimento para as mulheres. Em relação à faixa
etária teve-se que idosos com ≥80 anos apresentaram maior coeficiente e percentual de
aumento. No que se refere à região, apesar da região Centro-Oeste possuir o maior
coeficiente de mortalidade, a região Norte apresentou maior crescimento percentual no
período estudado. Conclui-se que, são necessários estudos mais detalhados que avaliem
as diferentes realidades nas regiões geográficas do país, bem como especifiquem as
causas externas, a fim de subsidiar a elaboração de políticas públicas a essa ocorrência.
Palavras Chave: Idoso; Mortalidade; Enfermagem Geriátrica.
30 Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, e vem ocorrendo de
forma acelerada trazendo inúmeros desafios às políticas públicas, principalmente nos
países em desenvolvimento. Este é um fato preocupante, dado que no Brasil, o número
de idosos (≥60 anos) aumentou nos últimos 50 anos de três para mais de 21 milhões, e
há estimativas que para o ano de 2050 representem um quinto do contingente
populacional (IBGE, 2010).
O envelhecimento como um processo natural, traz consigo alterações anatômicas
e fisiológicas que tornam o indivíduo mais vulnerável, e consequentemente suscetível a
agravos (GRDEN et al, 2014), de modo que, quando vítimas de acidentes ou violência,
morrem pelas mesmas razões que pacientes de outras idades, porém, devido a doenças
preexistentes morrem por lesões menos graves e de maneira mais precoce do que os
jovens (RODRIGUES, CIOZAK, 2012). Deste modo, as mortes por causas externas em
idosos configuram-se como um problema de saúde pública (GRDEN et al, 2014).
Paralelo à transição demográfica, vivenciam-se mudanças no panorama
epidemiológico, com predominância das doenças crônicas degenerativas sobre as
doenças infecciosas que ainda subsistem. Em meio a esse cenário, destaca-se também o
aumento da mortalidade por causas externas, às quais representam atualmente a terceira
causa de morte entre adultos e a sétima causa entre idosos (SIM, 2012).
Entende-se por causas externas as lesões físicas, mentais ou psicológicas, que
podem ou não levar ao óbito, decorrentes de acidentes (trânsito, afogamento,
envenenamento, quedas, queimaduras) e violência (agressão/homicídio, suicídio, abuso
físico, sexual e psicológico) (WHO, 2010). Assim, idosos que vivem em contextos
urbanos são mais suscetíveis a acidentes e violência, devido a sua maior circulação em
espaços públicos. Nesse sentido, analisar os óbitos por causas externas em idosos
constitui elemento importante para a compreensão da problemática, delineando
parâmetros para o planejamento das ações de prevenção e promoção à saúde desta
população, além das informações servirem como subsídio para o planejamento e
desenvolvimento de políticas públicas adotadas para reduzir os índices de violência e
melhorar os serviços de saúde.
Objetivo
31 Descrever a mortalidade por causas externas entre idosos brasileiros no período
compreendido entre 2007 e 2012.
Materiais e Métodos
Tratou-se de um estudo descritivo, retrospectivo de corte transversal. A técnica
de coleta de dados utilizada foi consulta documental na base de dados do Datasus, que
contém sistemas de informações em saúde disponíveis pela Internet, no website
http://www.datasus.gov.br. Os dados sobre mortalidade foram originários do Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM).
Os dados foram coletados no mês de abril de 2015 por meio da utilização do
programa Tabnet que permitiu a tabulação das grandes massas de dados. Os critérios de
inclusão dos sujeitos foram ter 60 anos de idade ou mais e cuja morte tivesse ocorrido
em consequência a causas externas, entre os anos de 2007 e 2012. A tabulação dos
registros do SIM/SUS sobre idosos incluiu as seguintes variáveis: sexo, idade (60 a 69
anos, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais), região (Centro-Oeste, Sudeste, Sul, Nordeste
Norte) e ano do óbito.
Os dados foram agrupados em triênios, sendo intitulados como primeiro triênio
(2007-2009) e segundo triênio (2010-2012) e as taxas de mortalidade calculadas pela
razão entre o número total de óbitos de idosos e o total da população idosa para aquele
mesmo triênio, multiplicando o quociente por 105, tendo o coeficiente de mortalidade
por 100.000 habitantes.
Tendo em vista que a pesquisa se baseou em dados disponibilizados em meio
eletrônico pelo Ministério da Saúde, sendo estes de domínio público, este estudo
dispensa a apreciação e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Discussão de Resultados
O coeficiente de mortalidade por causas externas em idosos passou de 108,13 no
primeiro triênio para 118,90 no segundo triênio, tendo aumento de 9,05%. Esses dados
destacam a relevância de estudos na área e corroboram as implicações políticas, sociais
e decorrentes do processo de envelhecimento populacional (GOMES, BARBOSA,
CALDEIRA, 2010).
Em relação ao sexo, a distribuição de coeficientes de mortalidade por causas
externas também registrou crescimento ao longo dos triênios para ambos os sexos,
variando de 152,46 a 157,95 para o sexo masculino entre o primeiro e segundo triênio, e
32 72,45 a 81,12 para o sexo feminino no mesmo período. Foi notória a maior
vulnerabilidade de homens idosos a acidentes por causas externas em relação às
mulheres, como já registrado na literatura (GOMES, BARBOSA, CALDEIRA, 2010;
JUNIOR, LOFFREDO, 2014). No entanto, notou-se maior percentual de crescimento de
óbitos para o sexo feminino entre os triênios, com aumento de 11,09%, enquanto para o
sexo masculino foi de 3,47%. Estudo realizado no estado do Paraná, demonstrou
predominância de atendimentos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para o
sexo feminino, dos quais, mais da metade foram decorrentes de eventos no próprio
domicílio, o que pode ser justificado pelo exercício de atividades domésticas das
mulheres (aposentadas ou donas de casa) nessa fase da vida (GRDEN et al, 2014).
No que se refere à faixa etária, houve crescimento do coeficiente de mortalidade
por causas externas no decorrer dos triênios. Para idosos entre 60 a 69 anos variou entre
73,25 no primeiro triênio para 77,54 no segundo triênio; para idosos com idades entre
70 a 79 anos ficou entre 105,58 a 112,64 e para idosos com ≥80 anos entre 247,97 a
292,35. Teve-se que, idosos longevos, além de ter coeficiente mais elevado em relação
aos outros, ainda tiveram crescimento de 15,18% entre os triênios. Esse resultado
demonstra que cada vez mais as pessoas chegam à idade avançada, no entanto,
alterações anatômicas e fisiológicas, normais do envelhecimento, podem comprometer o
desempenho funcional do individuo tornando-o mais suscetível aos acidentes por causas
externas (GRDEN et al, 2014).
Comparando as regiões, considerando o coeficiente de mortalidade e a sua
variação entre o primeiro e segundo triênio, teve-se a região Centro-Oeste (136,98152,60); Sudeste (112,14-123,97); Sul (108,57-116,44); Nordeste (97,26-106,32) e
Norte (91,26-106,53). Apesar de a região Norte ter coeficientes de mortalidade menor
no primeiro triênio em relação às outras, foi a que registrou maior crescimento
percentual de óbitos por causas externas, com 14,33% entre o primeiro e segundo
triênio.
Conclusão e Considerações Finais
Em âmbito geral, entre o primeiro e segundo triênio houve aumento dos
coeficientes de mortalidade para todas as variáveis (sexo, faixa etária e região). Em
relação ao sexo, apesar de homens apresentarem maior coeficiente de mortalidade,
registrou-se maior crescimento do número de óbitos para mulheres idosas. No que se
refere à faixa etária, o maior coeficiente de mortalidade foi para idosos maiores de 80
33 anos, os quais também registraram maior crescimento entre os triênios. Sobre a região,
chamou atenção à região Norte, pois apesar de apresentar o menor coeficiente de
mortalidade em relação às outras, foi a que teve maior crescimento no decorrer dos
triênios.
Este estudo buscou contribuir com a ampliação do conhecimento do perfil de
mortalidade por causas externas no Brasil. Espera-se que a identificação das taxas de
mortalidades forneçam subsídios para a formulação de políticas públicas, visando
minimizar a magnitude do problema.
Neste estudo, aponta-se como limitação a não especificação do tipo de
ocorrência que levou aos óbitos dos idosos. Assim, sugere-se que sejam feitos outros
estudos sobre mortalidade por causas externas, especificando as causas, para que se
sejam subsidiados processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas e ações
preventivas assistenciais relativas à morbimortalidade por causas externas.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM/SUS). Disponível em: http://www. datasus.gov.br/catalogo/simsus.htm
DATASUS, SIM/SUS. Acesso em 19 Abr 2015.
GOMES, L.M.X; BARBOSA, T.L.A; CALDEIRA, A.P. Mortalidade por causas
externas em idosos em Minas Gerais, Brasil. Escola Anna Nery. v.14, n.4, p.779-786,
out-dez, 2010.
GRDEN, C.R.B; SOUSA, J.A.V; LENARDT, M.H; PESCK, R.M; SEIMA, M.D;
BORGES, P.K.O. Caracterização de idosos vítimas de acidentes por causas externas.
Cogitare Enfermagem. v.19, n.3, p.506-513, jul-set, 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE. Censo 2010.
[Internet]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home .Acesso em 18 abr 2015.
MAESHIRO, F.L; LOPES, M.C.B.T; OKUNO, M.F.P; CAMAPANHARO, C.R.V;
BATISTA, R.E.A. Capacidade funcional e a gravidade do trauma em idosos. Acta
Paulista de Enfermagem. v.26, n.4, p389-394, 2013.
JUNIOR, R.T; LOFFREDO, L.C.M. Mortalidade de idosos em município do Sudeste
brasileiro de 2006 a 2011. Ciência & Saúde Coletiva. v.19, n.3, p.975-984, 2014.
RODRIGUES, J; CIOSAK, S.I. Idosos vítimas de trauma: análise de fatores de risco.
Revista da Escola de Enfermagem da USP.v.46, n.6.p.1400-14, 2012.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Injury and Violence: The Facts.
Geneva, 2010. [Internet]. Disponível em:
34 http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241599375_eng.pdf?ua=1. Acesso em
19 Abr 2015.
35 PERFIL DOS CLIENTES ATENDIDOS NO CTA ENTRE 2010 E 2014,
MARINGÁ
Suelen Teixeira Faria
Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento. Mestre em Enfermagem
E-mail: [email protected]
Elizabete de Souza Leopoldo
Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento
Especialista em Formação Pedagógica na Área da Saúde: Enfermagem e UTI
E-mail: saú[email protected]
Eliane Aparecida Tortola Biazon
Enfermeira. Especialista em Administração da Assistência de Enfermagem e Gestão em
Vigilância em Saúde
Coordenadora do Centro de Testagem e Aconselhamento
E-mail: saú[email protected]
Resumo
Os Centros de Testagem e Aconselhamento são serviços de saúde de referência em
DST/HIV/Aids, de caráter sigiloso e gratuito, com o objetivo de promover ações de
mudança nos hábitos sexuais, percepção de risco, prevenção e diagnóstico de Doenças
Sexualmente Transmissíveis. Os exames detectam HIV, Hepatite B e C e Sífilis, através
dos Testes Rápidos ou dos Testes Convencionais. O objetivo desse estudo é estabelecer
o perfil de clientes atendidos no CTA de Maringá, a partir de dados obtidos no
Programa SI-CTA 2005, no período de 01 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de
2014. Estudo quantitativo, de caráter descritivo e exploratório, totalizando 11.737
atendimentos. O programa disponibiliza uma serie de informações, e dele foram
analisados: sexo, idade, escolaridade, estado civil, motivo da procura, uso de
preservativo entre parceiros fixos e eventuais e recorte populacional. Os dados
apresentam predominância do sexo masculino (61,11%), sendo os jovens e adultos
jovens (79,65%), e na maioria solteiro (58,81%), que por muitas vezes se expõe ao risco
com o não uso do preservativo. Em 70,36% das fichas, o cliente possuía mais de 8 anos
de estudo. Com relação ao uso do preservativo 42,71% não fazem uso entre parceiros
fixos e 12,58% entre parceiros eventuais. Segundo o recorte populacional, 69,75%
encontra-se na população em geral e 15,96% entre homem que faz sexo com homem.
Conclui-se que a população que buscou atendimento no CTA nos últimos cinco anos
foram homens, jovens e adultos jovens, solteiros e que passaram por exposição de risco
no último ano.
Palavras Chave: Centro de Testagem e Aconselhamento; Doenças Sexualmente
Transmissíveis; HIV.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução O município de Maringá possui 357.077 habitantes, segundo o Censo 2010, e
com característica jovem, devido principalmente a presença de várias Instituições de
36 Ensino Superior (IES), incluindo a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que
recebe por ano aproximadamente 1.590 estudantes de diversos municípios
(BRASIL,2015).
Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) são serviços de saúde de
referência em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), HIV/Aids e Hepatites
Virais, implantados no Brasil em 1988. O atendimento é de caráter sigiloso e gratuito,
oferecido por uma equipe multiprofissional, com o objetivo de promover ações de
mudança nos hábitos sexuais, percepção de risco, prevenção e diagnóstico de DST
(BRASIL, 2015).
O CTA em Maringá está vinculado a Secretaria de Saúde e a Vigilância
Epidemiológica, realizando ações de prevenção e diagnóstico em DST/HIV/Aids e
Hepatites Virais. A demanda é espontânea ou encaminhada por outros serviços de saúde
de Maringá e/ou outros 29 municípios pertencentes a 15ª Regional de Saúde.
Os exames detectam HIV, Hepatite B e C e Sífilis, sendo duas metodologias
utilizadas para a testagem: os Testes Rápidos (TR), através da imunocromatografia, e os
Testes Convencionais (TC), através da metodologia Elisa.
No CTA é gerado um cadastro no Programa SI-CTA, que orienta o atendimento
de cada paciente e nele encontra-se uma grande quantidade de informações, e
consequentemente uma importante fonte de dados epidemiológicos, permitindo não
apenas o conhecimento das características dos usuários desse serviço, mas também o
desenvolvimento de pesquisa, com vista a melhoria da qualidade do atendimento.
Objetivo
Estabelecer o perfil de clientes atendidos no CTA de Maringá, a partir de dados
obtidos no Programa SI-CTA 2005, no período de 01 de janeiro de 2010 a 31 de
dezembro de 2014.
Materiais e Métodos
Estudo quantitativo, de caráter descritivo e exploratório, realizado no CTA de
Maringá, entre o período de 01 de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2014, utilizando
como fonte de dados o Programa SI-CTA de 2005.
Todos os pacientes atendidos no CTA são cadastrados neste programa,
totalizando 12.597 registros, 860 registros foram cancelados e nesta pesquisa, estudadas
11.737 fichas. O programa disponibiliza uma serie de informações, e dele foram
37 analisados: sexo, idade, escolaridade, estado civil, motivo da procura, uso de
preservativo entre parceiros fixos e eventuais e recorte populacional. Após o cadastro os
clientes recebem aconselhamento pré-teste, realizam a testagem, respondem a um
questionário gerado pelo programa e em seguida recebem o resultado e o
aconselhamento pós-teste.
No TR o paciente recebe os resultados em no máximo uma hora após a coleta
dos exames, já no TC em até 15 dias, porém nem todos os pacientes retornam para
buscar-los.
O estudo foi realizado com base em dados secundários, sujeito a limitação, por
se tratar de fichas preenchidas por diferentes profissionais e informações falsas dada
pelo paciente.
Discussão de Resultados
Em 2014, estima-se que, 734 mil pessoas estariam vivendo com HIV/Aids no
Brasil, uma prevalência de 0,4%. Entre 15 e 49 anos a prevalência seria de 0,6%, sendo
0,7% entre os homens e 0,4% entre as mulheres (BRASIL, 2014).
No período estudado, a maioria dos clientes atendidos eram do sexo masculino
7.173 (61,11%), na faixa etária de 15 à 24 anos encontra-se 3.457 fichas (29,45%) e
obtemos mais de setenta por cento quando incluímos os adultos jovens, de 15 à 44 anos,
9.349 fichas (79,65%). Em Maringá 180.653 (50,59%) pessoas encontram-se na faixa
etária entre 15 e 44 anos (BRASIL, 2015).
Segundo o Ministério da Saúde mais de 70% dos casos de Aids estão entre 20 e
39 anos. Acredita-se que no Brasil, uma parcela considerável de pacientes adquiriu o
vírus do HIV ainda na adolescência, situação vivenciada ainda hoje, onde se observa
que mais da metade dos novos casos ocorre entre os jovens, na faixa etária entre 15 e 24
anos (BRASIL, 2006).
Com relação à escolaridade, 8.258 fichas (70,36%) possuíam mais de 8 anos de
estudo, fato justificado pelo elevado número de IES, que concentra um grande número
de jovens oriundos de outros estados e municípios. Segundo o Jornal da UEM de agosto
de 2013, Maringá, apresenta mais da metade da população acima de 18 anos com ensino
médio completo, e 20% dos maiores de 25 anos com curso superior, o que proporcionou
ao município um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhor que o do Brasil,
alto se comparado a algumas cidades próximas, porém baixo se comparado a países
desenvolvidos.
38 Por se tratar de uma população jovem, a maioria dos clientes que buscaram o
CTA para realização das testagens, informaram como estado civil: serem solteiros,
6.902 fichas (58,81%), e tiveram alguma exposição de risco no último ano.
Quando se fala em uso de preservativo entre parceiros estáveis, 5.013 clientes
(42,71%) não fizeram uso de proteção, pois confiavam no parceiro (42%). Aqueles
clientes que responderam a pergunta sobre o uso de preservativo entre parceiros
eventuais, foi possível observar que em 1.476 fichas (12,58%) houve exposição ao
risco, com o não uso de preservativo, e uma grande parcela que preferiu omitir essa
informação. Acredita-se que a dificuldade de acesso, pela exigência de identificação e a
oferta de insumos em locais restritos ao público são fatores limitantes para a aquisição
de insumos básicos para prevenção das DST, que podem comprometer a abrangência e a
efetividade das ações desenvolvidas de prevenção (BRASIL, 2008).
Segundo o recorte populacional, a maioria 8.187 fichas (69,75%) encontra-se na
população em geral, mas a população de homem que faz sexo com homem (HSH) vem
crescendo, nós últimos cinco anos, o CTA atendeu 1.873 clientes (15,96%), uma
população considerada vulnerável. Um estudo realizado em Nova York entre HSH,
entre 18 e 24 anos, mostrou que um em cada cinco, nunca haviam realizado testagem
para o HIV, e destes um terço tiveram envolvidos em comportamentos de risco nos
últimos três meses (RENDINA, et al., 2014).
Conclusão e Considerações Finais
A demanda no CTA vem aumentando a cada ano, e na mesma proporção a
detecção de doenças. O estudo apontou
que a maioria dos clientes que buscam
atendimento no CTA são do sexo masculino, jovens e/ou adultos jovens, que por muitas
vezes se expõe ao risco com o não uso do preservativo.
Observa-se que, as pessoas entendem a necessidade do uso do preservativo,
porém não é uma prática adotada por todos. A cada retorno do cliente ao CTA, ele se
percebe no risco, mas não muda suas atitudes em relação a sua proteção.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Centro
de Testagem e Aconselhamento. Disponível em:
http://www.aids.gov.br/tipo_endereco/centro-de-testagem-e-aconselhamento. Acesso
em 17 de abril de 2015 às 9:32.
39 BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE. Disponível em:
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=411520. Acesso em 20 de abril de
2015 às 07:44.
BRASIL. Ministério da Saúde/ Coordenação Nacional DST/Aids/ Vigilância
Epidemiológica. Boletim Epidemiológico Aids e DST ano III nº 1. Brasília; junho de
2013 à junho de 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional
de DST e Aids. Contribuição dos centros de testagem e aconselhamento para
universalizar o diagnóstico e garantir a eqüidade no acesso aos serviços / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
RENDINA, H. J.; JIMENEZ, R> H.; GROV, C.; VENTUNEAC, A.; PARSONS, J. T.
Patterns of lifetime and recent HIV testing among men who have sex with men in New
York city who use grindr. Aids Behav (2014) 18:41-49, Springer.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional
de DST e Aids. Manual de rotinas para assistência de adolescentes vivendo com
HIV/Aids / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional
de DST e Aids. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
UEM. Universidade Estadual de Maringá. O IDH e a desigualdade na Região
Metropolitana de Maringá. Disponível em:
http://www.jornal.uem.br/2011/index.php/component/content/article/97-jornal-111agosto/902-o-idh-e-a-desigualdade-na-regiao-metropolitana-de-maringa. Acesso em 04
de maio de 2015 às 10:26.
40 MUDANÇAS NO COTIDIANO DA PESSOA ESTOMIZADA
Aline Gabriela Bega
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - UEM
E-mail: [email protected]
Ana Patrícia Araújo Torquato Lopes
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - UEM
E-mail: [email protected]
Amanda Cristina Xavier
Graduanda em Enfermagem na- UEM
E-mail: [email protected]
Amanda Zaupa Pino Moretti
Graduanda em Enfermagem - UEM
E-mail: [email protected]
Pâmela Yumi Watanabe Hirata
Graduanda em Enfermagem na- UEM
E-mail: [email protected]
Maria das Neves Decesaro
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente no programa de Graduação e PósGraduação em Enfermagem na UEM.
E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo foi descrever mudanças ocorridas no cotidiano de vida da pessoa que
necessitou ser estomizada. Estudo qualitativo orientado pela técnica da história oral
temática de Meihy. Foram incluídos os recém-estomizados maiores de 18 anos, com
estomia de eliminação temporário ou definitiva, e que compareceram à consulta de
enfermagem no Ambulatório de Ostomias acompanhados por um familiar, residentes
na cidade sede do ambulatório ou nas adjacências de até 40 km. A amostra final foi de
dez recém-estomizados. As narrativas foram gravadas e posteriormente analisadas por
meio da Análise de Conteúdo Temática de Bardin. Evidenciaram-se as transformações
ocorridas em vários níveis do cotidiano de vida do estomizado, tais como nas atividades
laborais e lazer, no convívio sócio familiar, no modo de se vestir, nos hábitos
alimentares e na sexualidade. Observou-se que a auto exclusão da sociedade, contudo,
como o tempo o estomizado passou a aceitar sua nova condição, melhorando assim sua
qualidade de vida. Conclui-se que os rearranjos sofridos pelo recém-estomizado devem
ser valorizados, possibilitando um maior apoio afetivo e o desenvolvimento de
estratégias de enfrentamento, facilitando a sua adaptação e a reinserção social.
Palavras Chave: Estomia; Acontecimentos que mudam a vida; Enfermagem.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
Atualmente, as enfermidades crônicas são responsáveis por 75% dos gastos
41 públicos mundiais e de 60% dos falecimentos, com uma mortalidade de 38 milhões de
pessoas por ano, onde 85% dessas mortes acontecem nos países em desenvolvimento.
No Brasil as causas dos óbitos estão em primeiro lugar devido às doenças cardiológicas
e, em segundo pelo câncer, Ester ultimo levando, muitas vezes, a necessidade da
efetivação de uma estomia (WHO, 2014; VERA et al, 2014).
A realização de uma estomia gera uma série de mudanças nas pessoas, tais como
no padrão de eliminação, nos hábitos alimentares e de higiene, no uso do equipamento,
na atividade sexual, no padrão do sono e na imagem corporal, que danificam a vida da
pessoa estomizada. Em consequência, o indivíduo sente-se diferente dos seus e pode vir
a excluir-se (SALLES; BECKER; FARIA, 2014; SALOMÉ; ALMEIDA, 2014).
Assim, a estomia pode afetar não só o próprio estomizado com alterações
profundas no seu modo de viver, mas também atingir todo o seu núcleo social,
denotando, muitas vezes, na complexidade da reinserção na sociedade (NIEVES et al,
2013; CETOLIN et al, 2013).
Objetivo
Descrever as mudanças ocorridas no cotidiano de vida da pessoa que necessitou
ser estomizada.
Materiais e Métodos
Estudo de abordagem qualitativa orientado pela técnica da história oral temática
de Meihy. Para a identificação dos sujeitos da amostra utilizou-se de um Ambulatório
de Ostomias e Tratamento de Feridas (AMOF). A coleta de dados ocorreu de dezembro
de 2013 a maio de 2014.
Foram incluídos neste estudo os recém estomizados, com estomia de eliminação
temporária ou definitiva, maiores de 18 anos e que compareceram à consulta de
enfermagem no Ambulatório de Ostomias acompanhados por um familiar, residentes na
cidade sede do ambulatório ou nas adjacências de até 40 km. Excluiu-se os recém
estomizados que recusaram participar. A amostra final contou com dez (10) recémestomizados.
As narrativas foram gravadas, transcritas na íntegra e posteriormente analisadas
por meio da Análise de Conteúdo Temática de Bardin (2011).
O estudo respeitou os preceitos éticos e foi aprovado pelo Comitê Permanente de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Instituição Signatária (Parecer N.º
42 478.982/2013). Todos os colaboradores assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
Discussão de Resultados
Participaram do estudo 07 (sete) mulheres e 03 (três) homens recémestomizados; com faixa etária de 50 a 72 anos. Em relação ao diagnóstico que resultou
na criação do estoma foram identificados o câncer colorretal (07), a infecção intestinal
(01), a Síndrome de Fournie (01) e diverticulite (01). Quanto a classificação dos
estomas, foram associados nos colaboradores deste estudo, seis (06) colostomias e
quatro (04) ileostomias, sendo oito (08) temporárias e duas (02) definitivas
Na análise dos relatos evidenciaram-se as temáticas: Alterações no trabalho e no
lazer devido a estomização; Mudanças relacionadas ao modo de vestir, alimentação e
sexualidade; e, Impacto percebido no convívio sócio familiar.
Alterações no trabalho e no lazer devido a estomização
Nesta categoria os entrevistados revelam que a estomia significa mudanças nas
suas atividades laborais, sejam elas pelo ofício externo que não está se realizando ou nas
obrigações no ambiente doméstico.
[...] Trabalho, não tem nem jeito de trabalhar [...] nem consigo subir na cabine do
caminhão, sinto dor quando tento forçar [...] e eu vou sair com o caminhão e parar no meio da
rua? Aí, como é que faz para limpar essa bolsinha? (Topázio)
A apreciação dos relatos também evidencia que a não realização de tarefas
domésticas e trabalhos externos podem ser considerados penosos, ou seja, aqueles que
exigem pegar peso, abaixar-se e/ou mexer muito o abdômen, levam a alterações
marcantes nas atividades laborais que, anteriores ao estoma, eram desenvolvidas.
Percebe-se que a mudança nas tarefas, hoje não mais realizadas, desconfigura a
relação do estomizado com seu meio, prejudicando o seu viver diário, ou seja,
desequilibrando sua rotina. Estudos semelhantes mostram que essa condição de ser
estomizado leva-os a se sentirem diminuídos ou até mesmo inexistentes neste período
de resguardo, restauração e convivência com seu novo modo de viver (UMPIÉRREZ,
2013; SUN et al, 2014).
Mudanças relacionadas ao modo de vestir, alimentação e sexualidade
Os colaboradores falaram das mudanças que acontecem no modo de se vestir:
Deus nos livre! [...] mudou para essas mais largas, essas roupas assim, tudo que eu
usava não estou usando mais. (Ametista)
43 Algumas narrativas revelam a preocupação em se esconder a bolsa de estomia,
preferindo usar roupas compridas e/ou largas e aderiram, principalmente, ao uso do
vestido.
As declarações feitas pelos estomizados dizem respeito também as alterações
percebidas na sexualidade com o parceiro.
Isso aí (sexo) está pendurado (parado) [...] eu tenho um pouco de receio por causa da
cirurgia. (Azurita)
Percebe-se que quando o estomizado aceita sua condição passa a conviver
melhor socialmente, não se privando das atividades de entretenimento, revelando
superação do problema com o passar do tempo.
Impacto percebido no convívio sócio familiar
No que se refere as relações afetivas os discursos apresentaram divergência,
contudo, a maioria revela a aproximação no convívio sócio familiar durante o processo
de estomização.
Não me senti rejeitada, pelo contrário [...] meus filhos de Cuiabá e Japão vieram me
ver, até meu ex-marido [...] eu sinto que eu sou querida pela minha família (chorou), pelos
meus amigos, por tudo. (Jade)
Os discursos apresentados pelos colaboradores notabilizam alterações nas redes
de apoio sócio familiar, onde pode ocorrer tanto a aproximação de amigos e familiares,
quanto o distanciamento.
Durante o processo de estomização pode surgir dificuldades e inseguranças,
sendo imprescindível nesta fase a presença da família nuclear ou expandida,
funcionando como rede social e auxiliando a mudar as visões negativas do presente,
permitindo a aceitação e a reinserção social (NIEVES et al, 2013). Os depoimentos
comprovam o papel da família perante a situação vivenciada, reafirmando que os laços
entre estomizado, família e amigos devem ser reforçados.
No contexto geral, as pessoas que passam pela estomização vivenciam
modificações no seu dia-a-dia, não somente fisiológicas, como também de origem
psicológica, emocional e social (SUN et al, 2013). Essas mudanças refletem diretamente
no “eu interior” do estomizado, em suas relações biopsicossociais e ainda na qualidade
de vida.
Conclusão e Considerações Finais
44 Esta análise qualitativa forneceu a evidência preliminar que existem desafios e
mudanças persistentes no cotidiano de vida do recém estomizado, e que cada pessoa tem
um tempo próprio de aceitação e adaptação de sua nova condição.
Espera-se que os resultados evidenciados possam ser usados pelos profissionais
da assistência e por pesquisadores para projetar intervenções de promoção baseadas em
evidências, e inclusive, contribuir para o conhecimento dos graduandos, especialmente
os de enfermagem, tecendo uma visão mais crítica-reflexiva diante das pessoas em
condição crônica e de difícil adaptação.
Referências
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45 VALIDAÇÃO CLINICA DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: RISCO DE
PERFUSÃO TISSULAR PERIFÉRICA INEFICAZ EM PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM
Ana Paula Vilcinski Oliva
Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de
Maringá
E-mail: [email protected]
Graziela Lopes de Oliveira
Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
O estudo teve por objetivo levantar os fatores de risco do diagnóstico de enfermagem
risco de perfusão tissular periférica ineficaz em profissionais de enfermagem. Trata-se
de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa realizado no Hospital
Universitário Regional de Maringá localizado no município de Maringá – Paraná. Os
resultados foram avaliados pela frequência preditiva para cada fator de risco que foi
encontrado. Optou-se pela modelo de Fehring de validação clinica de diagnóstico.
Participaram do estudo treze enfermeiras e vinte e sete técnicos de enfermagem. O
índice de massa corpórea dos entrevistados variou dentro de três categorias: treze estão
com peso ideal (IMC= 18,5 a 24,9), dezoito estão sobrepeso (IMC= 25,0 a 29,9) e nove
estão classificados como obesidade gral I (IMC= 30,0 a 34,9). Durante o exame clínico
cinco participantes (12,5%) apresentaram alteração da cor do membro para
avermelhada, oito (20%) aumento da temperatura devido ao tempo em pé; notou-se
edema em nove (22,5%) dos participantes. Contudo, mais da metade dos entrevistados,
vinte e três (57,5%), relataram que no final dos plantões de 12 horas percebem essas
mesmas características, e seis (15%) desses mesmos ainda afirmara sentir dor nas
extremidades. Para concluir o exame foram verificados os pulsos poplíteo, tibial e
pedial observando pulsação rítmica e cheia, sem alterações, em todos os participantes.
Após análise dos resultados conseguimos perceber que os profissionais de enfermagem
estão expostos aos fatores de risco de desenvolverem uma perfusão tissular periférica
ineficaz, porém, não possuem um alto desenvolvimento de doenças vasculares
periféricas como foi esperado na proposta desse estudo.
Palavras Chave: Diagnóstico de Enfermagem; Validação Clínica; Enfermagem
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos de vida.
Introdução
A expressão Processo de Enfermagem (PE) foi pouco utilizada no final do
século XIX, mesmo com os ensinamentos de Florence sobre a importância de observar
e julgar as situações presenciadas (GARCIA; NÓBREGA, 2009). Somente nos anos 50,
o PE foi introduzido ao vocabulário da profissão devido ao método científico de
solucionar problemas pela observação, mensuração e análise de dados (GARCIA;
46 NÓBREGA, 2009). O Processo de Enfermagem auxilia a enfermeira a identificar,
compreender, descrever, explicar e/ou predizer as necessidades humanas do paciente e
organizar o cuidado do mesmo de acordo com as intervenções de enfermagem
(GARCIA; NÓBREGA, 2009). Apesar do Diagnóstico de Enfermagem (DE) fazer parte
de uma das etapas do PE, sua implementação ocorreu mais tardiamente, devido à
necessidade de estruturar a ciência da enfermagem e padronizar uma terminologia
assistencial universal (KRUSE et al., 2008). A Palavra ‘Diagnóstico’ vem de origem
grega (diagnose) e significa “conhecer mediante”, em outras palavras, “é a investigação
cuidadosa dos fatos que determinam a natureza de um evento” (HORTA, 1967).
A enfermagem possui uma visão holística, propondo o bem estar geral da(s)
pessoa(s) por meio da autorealização, portanto é necessário que o indivíduo esteja ciente
do diagnóstico estabelecido e receba as orientações de forma clara, para que o mesmo
possa mudar seus comportamentos visando promover, proteger e recuperar a saúde
(LUNNEY, 2013). A North American Nurses Diagnosis Association (NANDA, 2012)
define o Diagnóstico de Enfermagem como:
“Julgamento clinico das respostas/experiências do individuo, da família ou da
comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou potenciais. O
diagnóstico de enfermagem constitui a base para a seleção das intervenções de
enfermagem para alcançar resultados pelos quais o enfermeiro é responsável”.
Segundo a NANDA o diagnóstico ‘Risco de perfusão tissular periférica ineficaz’
é definido como o “risco de uma redução na circulação sanguínea periférica, que pode
comprometer a saúde” devido a alguns fatores de risco, como: Conhecimento deficiente
de fatores agravantes; Conhecimento deficiente de processo de doença; Diabetes
mellitus; Estilo de vida sedentário; Hipertensão; Idade acima de 60 anos; Procedimentos
endovasculares; Tabagismo.
Além destes fatores de risco citados, dados sugerem que as mulheres possuem
maior predisposição para o desenvolvimento de uma perfusão tissular periférica
ineficaz, devido aos níveis de hormônios encontrados na circulação feminina,
especialmente quando as mesmas se encontram gestantes ou em uso de estrógenos. O
histórico familiar de doenças vasculares periféricas também é um fator de risco (LINS
et al., 2012).
Objetivo
Levantar os fatores de risco do diagnóstico “risco de perfusão tissular periférica
ineficaz” dos profissionais de enfermagem.
47 Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa. O estudo foi
realizado Hospital Universitário Regional de Maringá que localizado no município de
Maringá – Paraná. Foram considerados para o estudo os profissionais de enfermagem
do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) que estavam em atividade no
período da coleta de dados e aceitaram participar do estudo por meio da assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas realizadas com os
profissionais de enfermagem no Hospital Universitário de Maringá (HUM), no período
de 01 de junho de 2014 a 30 de outubro de 2014. Elaborou-se um instrumento para a
coleta contendo duas partes: A primeira parte do instrumento diz respeito à
caracterização da população entrevistada e a segunda parte, sobre os fatores de risco e
características definidoras do DE específico. Para realização do exame físico foi pedido
que o participante ficasse em posição dorsal durante a entrevista, em torno de 5
minutos, a fim de repousar os membros inferiores proporcionando resultados acurados
no exame das onze características definidoras selecionadas. Foi pedido ao participante
que elevasse os membros inferiores acima do nível do coração para observar se haveria
alteração na cor dos membros. Logo depois foi pedido que o entrevistado deixasse os
membros inferiores abaixo do nível do coração observando alguma alteração. Na
continuidade do exame foi verificada temperatura, sensibilidade, elasticidade, presença
de edema e a distribuição dos pelos dos membros inferiores. Além disso, foram
examinadas as unhas dos pés e o tempo de enchimento capilar.
Os resultados foram avaliados pela frequência preditiva para cada fator de risco
que foi encontrado. Optou-se pela modelo de Fehring de validação clinica de
diagnóstico (CHAVES; CARVALHO; ROSSI, 2008). O presente estudo recebeu
parecer favorável do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos da Universidade Estadual de Maringá sob parecer n. 687.311.
Discussão De Resultados
Participaram do estudo treze (32,5%) enfermeiras e vinte e sete (67,5%) técnicos
de enfermagem, sendo quatro (14,8%) desses técnicos do gênero masculino. A idade
dos entrevistados variou bastante, seis (15%) em idade entre 20 e 29 anos, quatorze
(35%) entre 30 e 39 anos, onze (27,5%) entre 40 e 49 anos e nove (22,5%) entre 50 e 59
48 anos de idade. Com relação à raça/cor tivemos vinte e três (57,5%) brancos, treze
(32,5%) pardos, três (7,5%) negros e um (2,5%) amarelo.
O índice de massa corpórea dos entrevistados variou dentro de três categorias:
treze estão com peso ideal (IMC= 18,5 a 24,9), dezoito estão sobrepeso (IMC= 25,0 a
29,9) e nove estão classificados como obesidade gral I (IMC= 30,0 a 34,9). Doze dos
entrevistados (30%) afirmaram histórico familiar de doenças vasculares periféricas
sendo que nenhum deles apresenta histórico pessoal. Contudo, entre os vinte e oito
(70%) que negaram histórico familiar de doenças vasculares periféricas, nove (32,1%)
possuem histórico pessoal de doenças vasculares periféricas. Em relação a pratica de
atividades físicas, dezoito (45%) dos participantes afirmaram que fazem algum tipo de
atividade física, entre elas houve relatos de musculação, caminhada, artes marciais e
natação.
A frequência variou de 2 a 6 vezes por semana, com duração de 30 minutos a 2
horas de exercício. Apenas seis (15%) dos entrevistados afirmaram serem tabagistas,
média de 13 anos desde o inicio do vicio. E vinte e cinco (62,5%) relataram o consumo
moderado de álcool iniciado em média há17 anos. Somente dois (5%) dos entrevistados
afirmaram serem portadores de Diabetes Mellitus há 2 e 8 anos, ambos
insulinodependentes. Não houve relato verbal de hipertensão arterial. Quando
questionados sobre traumas em membros inferiores, apenas três (7,5%) dos
participantes relataram já ter sofrido algum, sendo um acidente automobilístico seguido
de cirurgia ortopédica por fratura de fêmur há cerca de 19 anos. Os outros 2
entrevistados descreveram como trauma algum procedimento cirúrgico que fizeram,
sendo um por rompimento do ligamento do joelho esquerdo e outro por retirada do
menisco esquerdo. Sobre os procedimentos endovasculares, onze (27,5%) afirmaram já
terem passado por algum, dentre eles temos oito escleroterapia (aplicação), duas
cirurgias de varizes e uma safenectomia.
Durante o exame apenas três dessas características foram observadas, cinco
(12,5%) apresentaram alteração da cor do membro para avermelhada, oito (20%)
aumento da temperatura devido ao tempo em pé; notou-se edema em nove (22,5%) dos
participantes. Contudo, mais da metade dos entrevistados, vinte e três (57,5%),
relataram que no final dos plantões de 12 horas percebem essas mesmas características,
e seis (15%) desses mesmos ainda afirmara sentir dor nas extremidades. Para concluir o
exame foram verificados os pulsos poplíteo, tibial e pedial observando pulsação rítmica
e cheia, sem alterações, em todos os participantes.Após analise dos resultados
49 conseguimos perceber que os profissionais de enfermagem estão expostos aos fatores de
risco de desenvolverem uma perfusão tissular periférica ineficaz, porém, não possuem
um alto desenvolvimento de doenças vasculares periféricas como foi esperado na
proposta desse estudo.Apesar da NANDA trazer como uma das características
definidoras do diagnóstico de “perfusão tissular periférica ineficaz” a distância
percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, não foi possível realizar este teste com
os entrevistados devido a entrevista ter sido feita durante a jornada de trabalho dos
participantes e não dispormos dos aparelhos adequados para realizá-lo.
Conclusão e Considerações Finais
Os resultados obtidos nessa validação clínica demonstraram que os fatores de
risco do diagnóstico de enfermagem de “risco de perfusão tissular periférica ineficaz”
mais frequentes nos profissionais de enfermagem entrevistados foram o sedentarismo e
a obesidade. Entretanto, os demais fatores de risco analisados (tabagismo, trauma em
MMII, diabetes mellitus, idade maior que 60 anos e procedimentos endovasculares)
também apareceram no estudo, porém, com menor ocorrência preditiva, sendo
necessários novos estudos com populações maiores ou em outro contexto para validalas.
Referências
CHAVES, E.C.L; CARVALHO, E.C.; ROSSI, L.A. Validação de diagnósticos de
enfermagem: tipos, modelos e componentes validados. Rev. Eletr. Enf. [Internet],
vol.10, n.2, p. 513-520, 2008. Disponível em:
<http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n2/v10n2a22.htm>. Acesso em 05 de outubro de
2013.
Garcia TR, Nóbrega MML. Processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e
de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm, vol.13, n.1, p. 188-193, mar. 2009.
HORTA, W.A. Considerações sobre o Diagnóstico de Enfermagem. Rev Bras Enferm;
vol.20, p.7-13, 1967.
KRUSE, M.H.L.; SILVA, K.S.; RIBEIRO, R.G., FORTES, C.V. Ordem como tarefa: a
construção dos Diagnósticos de Enfermagem. Rev Bras Enferm, Brasilia, vol.61, n.12,
p. 262-266, mar/abr. 2008.
LINS, E.M.; BARROS, J.W.; APPOLÔNIO, F.; LIMA, E.C.; JUNIOR, M.B.;
ANACLETO, E. Perfil epidemiológico de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico
de varizes de membros inferiores. J Vasc Bras, vol.11, n.4, p. 301-304, 2012.
50 LUNNEY, M. Coleta de dados, julgamento clínico e diagnóstico de enfermagem: como
determinar diagnósticos precisos. In: Diagnósticos de Enfermagem da NANDA 2013, p.
113-133.
North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). Diagnósticos de
enfermagem da NANDA: definições e classificação. Artmed, 2012-2014.
RODRIGUES, B. Filhos de mães enfermeiras: o processo de cuidar e suas relações com
os contextos de trabalho. PIC 2012.
51 ATENDIMENTO AO IDOSO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA:
REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Giovana Ap. de S. Scolari
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail:[email protected]
Flávia Maria Derhun
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail:[email protected]
Leidyani Karina Rissardo
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Lígia Carreira
Enfermeira. Doutora. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
RESUMO
Objetivou-se identificar o conhecimento científico produzido na área da saúde sobre
assistência à idosos em serviços de urgência e emergência. Trata-se de uma revisão
integrativa a partir de estudos publicados entre 2010 a 2014 nas bases de dados LILACS
e SciELO. Utilizou-se como descritores emergência, assistência à idosos e serviços de
saúde para idosos, na língua portuguesa. Foram selecionados 13 estudos. Quanto ao
método adotado nos trabalhos elegidos, nove (69%) basearam-se nos princípios dos
estudos transversais, três (23%) são de triangulação de métodos e um (8%) de coorte
prospectivo. Notou-se que mesmo com o aumento da população idosa, tem-se a
precariedade de estudos na área de atendimento de urgência e emergência voltado aos
idosos, e, assim, sugerem-se que mais pesquisas sejam realizadas sobre a temática, uma
vez que a qualidade do atendimento pré-hospitalar é essencial para a sobrevida da
população idosa.
Palavras Chave: Emergência; Assistência a idosos; Serviços de Saúde para idosos.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
Em âmbito mundial, o envelhecimento populacional vem ocorrendo de forma
acelerada nas últimas décadas. Especificamente no Brasil, projeta-se para 2025 um
contingente de 32 milhões de idosos, constituindo-se assim, no sexto país em termos de
população idosa (IBGE, 2011).
52 Nesse contexto, considerando o declínio típico da senescência, o idoso possui
uma combinação de fatores que leva à maior vulnerabilidade às doenças crônicodegenerativas, dentre outras fragilidades que também merecem atenção. Portanto, diante
destes fatores, a demanda dos serviços de saúde aumenta, e, por conseguinte, faz
necessária a adequação do atendimento para esta população, principalmente no que se
refere ao serviço de urgência e emergência (GOMES, 2010).
Um dos serviços que exerce função primordial considerado uma das portas de
entrada imediata aos usuários são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que
unem-se ao componente do sistema de atenção à saúde, instituído pela Política Nacional
de Atenção às Urgências (PNAU) no Brasil.
Têm a finalidade de colaborar na
organização das redes de atendimento integral às urgências e emergências no país,
responsáveis pelo atendimento a usuários agudos ou crônicos agudizados, com ou sem
risco imediato de vida (GEHLEN, 2012).
Ao refletir sobre a complexidade do processo de envelhecimento, associada à
alta demanda dos idosos aos serviços de saúde, especialmente aos serviços de pronto
atendimento, é que surge o seguinte questionamento: qual o conhecimento científico
produzido sobre atendimento aos idosos em serviços de urgência e emergência, nas
publicações da área da saúde? A partir daí, será possível obter informações dos estudos
realizados neste âmbito e localizar as lacunas de conhecimento existentes que precisam
ser trabalhadas no atendimento ao idoso no serviço de urgência e emergência.
Objetivo
Identificar o conhecimento científico produzido na área da saúde sobre
assistência a idosos em serviços de urgência e emergência.
Materiais e Métodos
Utilizou-se como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura. Para a
construção da revisão foram empregadas as seguintes etapas: seleção da questão do
estudo, estabelecimento de critérios para a seleção da amostra e busca na literatura,
definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliação dos
estudos incluídos na revisão, e ainda serão executadas: a interpretação dos resultados e
apresentação da revisão.
Para a seleção das publicações incluídas neste trabalho, utilizou-se como
critérios de inclusão: estudos primários, publicados no período entre janeiro de 2010 a
53 dezembro de 2014, executados no Brasil, com pessoas de 60 anos ou mais em
atendimento no serviço de urgência e emergência. Foram excluídos capítulos de livros,
teses de doutorado, dissertações de mestrado, relatórios técnicos, estudos relativos a
outros tipos de atendimento e com população não idosa.
Realizou-se busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO),
utilizando os descritores controlados: Emergência, Assistência a Idosos e Serviços de
Saúde para idosos.
O levantamento foi realizado no mês de abril de 2015, obtendo-se 3061 estudos
na Base de dados LILACS e 1559 na SCIELO, totalizando 4620 publicações. Em
seguida, executou-se a seleção, considerando-se, a princípio, como potencialmente
elegíveis, os estudos nos quais títulos e resumos informaram ter como sujeito idosos ou
indivíduos em processo de envelhecer, e também atendimento de urgência/emergência;
nesta fase 49 trabalhos foram eleitos. Após esta análise, 12 publicações foram excluídas,
três por se tratar de atendimento de serviço móvel de urgência e emergência, uma vez
que este estudo propõe-se analisar apenas os serviços fixos de urgência e emergência no
atendimento ao idoso. E, nove estudos foram excluídos por não abordarem atendimento
de urgência/emergência, permanecendo 36 estudos. Deste total, 23 estudos
encontravam-se repetidos nas bases de dados, e foram consideradas somente uma vez,
selecionando-se ao final 13 estudos, sendo oito na base de dados LILACS e cinco na
SciELO, os quais foram incluídos na amostra desta revisão.
Para extração dos dados empregou-se um formulário de coleta de dados
elaborado para este fim pelas autoras do estudo, contendo informações sobre autores,
base de dados, periódicos, ano de publicação do estudo, objetivos, resultados e
conclusões dos estudos.
Discussão de Resultados
Os estudos incluídos nesta revisão apresentam os seguintes objetivos: dois
tiveram o objetivo de realizar análise diagnóstica dos sistemas de saúde de pronto
atendimento voltado aos idosos (LIMA et al., 2010; MELLO, MOYSÉS, 2010). Já
estudo de Deslandes, Souza (2010) realizado em cinco capitais brasileira objetivou
realizar análise diagnóstica da atenção dispensada aos idosos vítimas de violências e
acidentes; Referente também a violência, a pesquisa de Correia et al (2012) abordou o
perfil da violência sofrida pelo idoso atendido em serviço de emergência.
54 Por conseguinte, foi encontrado um estudo que versava identificar o perfil
epidemiológico do idoso atendido em unidade de urgência e emergência (LIMA,
CAMPOS, 2010); E outro objetivou identificar os fatores causadores de quedas em
idosos de serviços de pronto atendimento (RAMOS et al., 2011); Pedrosa et al (2012)
em seu estudo no município de Teresina teve o objetivo de descrever as características
dos atendimentos de emergência classificados como “outros acidentes”.
Em relação à caracterização do idoso inserido no contexto de urgência e
emergência foi identificada uma pesquisa realizada no município de Ribeirão Preto, que
caracterizou os idosos internados na clínica médica de um hospital de emergência e
identificou as fragilidades dos mesmos (STORTI et al., 2011); além disso, dois
trabalhos tiveram o mesmo objetivo: caracterizar aspectos sociodemográficos, de saúde,
e o apoio social de idosos usuários do Serviço de Emergência (SERBIM,
GONÇALVES, PASKULIN, 2013; CUNHA, NASCIMENTO, SÁ, 2014).
Os outros manuscritos apresentaram as seguintes finalidades: identificar e
analisar as escolhas e as justificativas de profissionais de saúde pública em situações
hipotéticas de priorização de pacientes em casos de escassez de recursos no atendimento
de emergências médicas (FORTES, 2012); calcular a ocorrência e documentar as
evidências clínicas de trauma vascular em punções periféricas de adultos e idosos em
serviço de urgência e emergência (KREMPSER, ARREGUY-SENA, BARBOSA,
2013); correlacionar a capacidade funcional do idoso com a gravidade do trauma e
compará-la nos momentos antes e após a ocorrência deste (MAESCHIRO et al., 2013);
Quanto ao método adotado nos trabalhos elegidos, nove (69,2%) basearam-se
nos princípios dos estudos transversais, três (23%) utilizaram triangulação de métodos e
um (8%) coorte prospectivo.
Conclusão e Considerações Finais
Os achados preliminares do estudo em questão apontam significativa escassez de
pesquisas referentes ao atendimento de urgência e emergência voltado aos idosos,
principalmente no que concerne o atendimento do idoso nas UPAs, visto que é um
serviço de grande relevância nas políticas de urgência e emergência, não sendo
encontrado até o momento nenhum estudo voltado para a população idosa neste
ambiente pré-hospitalar. Diante desta problemática, sugere-se que mais pesquisas sejam
realizadas sobre a temática, uma vez que a qualidade do atendimento pré-hospitalar é
essencial para a sobrevida da população idosa.
55 Referências
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452-459, 2013.
57 CARACTERIZAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA PERANTE AS
REDES DE ATENÇÃO
Letícia Zito Zulato
Discente de Graduação em Farmácia
E-mail: [email protected]
Herbert Leopoldo de Freitas Góes
Enfermeiro. Professor Adjunto do DEN/UEM, Coordenador PET REDES Deficiência
E-mail: [email protected]
Decio Roberto Calegari
Educador Físico. Professor Associado DEF/UEM, Tutor PET REDES Deficiência
E-mail: [email protected]
Eliane Aparecida Sanches Tonolli
Enfermeira. Professora Adjunta do DEN/UEM, Tutora voluntária PET REDES
Deficiência
E-mail: [email protected]
Edilson Almeida de Oliveira
Farmacêutico. Doutorando em Biociências e Fisiopatologia PBF/UEM
Preceptor PET REDES – Deficiência
E-mail: [email protected]
Larissa Kelen Rossi do Espírito Santo
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva, Preceptora PET REDES – Deficiência
E-mail: [email protected]
Resumo
Estudo descritivo quantitativo cujo objetivo foi caracterizar o perfil epidemiológico
sociodemográfico de pessoas com deficiência em dois bairros de Maringá- PR. Como
instrumento para a coleta de dados utilizou-se a entrevista estruturada com 63 famílias,
de fevereiro a abril de 2015. Identificou-se a prevalência de 63 pessoas com alguma
deficiência, 53% são mulheres, 65% brancos, 35% solteiros, 34% casados, 60% com 1 a
3 filhos, 55% com baixo grau de escolaridade, 92% com baixa renda familiar mensal,
96,8% vivem com a família, 65% não necessitou hospitalização e 68% sofre de alguma
comorbidade. Ademais, no que tange ao tipo de deficiência apresentada: 61,9%
apresentam deficiência física, 19% deficiência mental, 7,9% deficiência auditiva, 7,9%
deficiência visual. Das pessoas com deficiência física foram detectados 7,5% com
paralisia cerebral infantil, 5% com traumatismo raquimedular, 7,5% com deformações
ósseas, 47,5% com seqüelas de AVC, 2,5% com seqüelas da poliomielite, 7,5% com
distrofia muscular, 10% com deficiência postural, 10% com amputação, dentre as
pessoas com deficiência auditiva 50% apresentaram leve perda e 50% severa ou
profunda perda auditiva, das pessoas com deficiência visual, 15,3% são cegos e 84,6%
tem baixa visão. Diante desses resultados, concluiu-se que estas pessoas fazem parte de
uma parcela populacional, que apresentaram alterações na biomecânica corporal.
Palavras Chave: Programa de educação pelo trabalho; deficiência; redes de atenção.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
58 Introdução
Mundialmente, discussões sobre a temática da deficiência física reconhecem que
“as anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações traumáticas,
doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas de natureza transitória
ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade” (SILVA, 1986, p.21).
Ao termo “deficiência” estão associadas, indiscriminadamente, as idéias de
incapacidade, impedimento e invalidez, comprometendo, assim, uma importante
reflexão em torno do significado político, econômico e social das restrições impostas
pelas características das pessoas com deficiência, levando, por consequência, ao
impedimento do exercício pleno da cidadania (CAPUTO & GUIMARÃES, 2003). “A
palavra deficiência não deveria gerar esse reflexo negativo, pois deficiência não é o
contrário de eficiência. O contrário de eficiência é ineficiência”. Quando se refere a
seres humanos, esta palavra não deve ser traduzida como ‘imperfeição ou defeito’, já
que não existe por assim dizer, uma ‘perfeição’ ou ausência total de defeitos em
qualquer ser humano. Desta forma, não podemos dizer que pessoas sem deficiência são
pessoas perfeitas (FÁVERO, 2004, p. 23-24).
A deficiência não deve ser entendida como um problema atribuído à própria
pessoa, considerada culpada pelas desvantagens de suas restrições corporais, mas, antes,
à incapacidade da sociedade em prever e ajustar-se a essas condições (OLIVER, 1990).
O modelo médico vigente promove uma visão de pessoas com deficiência como um
grupo dependente, que necessita ser tratado e curado. O que justificaria, talvez, a forma
como esse grupo tem sido, sistematicamente, excluído da sociedade (RIOUX, 1999). Já
no modelo social, têm-se uma visão mais ampla e afirma que a capacidade de realizar
atividades depende de ambientes acessíveis (HUMPHREY, 2000; SHAKESPEARE &
WATSON, 2002).
A condição de deficiência remete a um duplo desafio: a preocupação com a
formação dos profissionais da saúde com perfil adequado para o cuidado a este ser
humano na lógica da Estratégia em Saúde da Família (ESF) e no contexto da Atenção
Primária. Destacando-se que, ao associar a deficiência com causas sociais, a presença de
alguma lesão deixa de ser significada como uma tragédia pessoal para ser compreendida
como uma das possibilidades de habitar um corpo.
Objetivo
59 Caracterizar as pessoas com deficiência acompanhadas pelo Programa de
Educação pelo Trabalho em Saúde em Rede de Cuidados à Pessoas com Deficiência
(PET REDES), entre os anos 2014 e 2015.
Material e Métodos
Este estudo é do tipo quantitativo, com abordagem descritiva e o delineamento
transversal. Estudos descritivos objetivam observar, descrever e documentar os aspectos
da situação, que nesse caso, trata-se de um estudo sobre a caracterização das pessoas
com deficiência, realizado por acadêmicos, preceptores, tutores e coordenador
envolvidos no Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde em Rede de Cuidados a
Pessoas com Deficiência (PET REDES) que busca geração de conhecimento e solução
problemas de saúde das pessoas com deficiência. O grupo situa-se na sede do Campus
da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e tem desenvolvido abordagem
interdisciplinar desde maio de 2013 na perspectiva de enfrentamento da problemática da
exclusão das pessoas com deficiência por meio do PET REDES.
O projeto é de iniciativa do Departamento de Enfermagem (DEN), em parceria
de outros Departamentos da UEM e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS),
desenvolvendo o projeto PET REDES a fim de oportunizar ações específicas e
realmente eficazes para a realidade da pessoa com deficiência, interagindo com toda
família. Assumimos princípios gerais que fundamentam o respeito pela diferença e
aceitação da deficiência como parte da diversidade humana e humanidade (CORDE,
2007).
O estudo fez parte do processo de desenvolvimento do PET REDES –
Deficiência em parceria com o Ministério da Saúde (MS), por intermédio da Secretaria
de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e da Secretaria de Atenção à
Saúde (SAS), como projeto que se alinham às prerrogativas do PET para a Saúde –
PET/Saúde Redes de Atenção à Saúde, sendo que o projeto está associado às Redes de
Atenção à Saúde: rede de cuidados à pessoa com deficiência iniciado em maio de 2013
e término em julho de 2015.
As ações desenvolvidas contaram com a coordenação do DEN, equipes de
Atenção Básica da SMS, preceptores do PET. Participam como bolsistas os acadêmicos
dos cursos de graduação da saúde, à saber: Odontologia; Educação Física; Farmácia;
Enfermagem, Psicologia e Medicina.
60 Fizeram parte da amostra deste estudo, 63 pessoas com deficiência (n= 63),
pertencentes à área de abrangência das UBS Dr. Primo Marcelo Monteschio (Zona Sul)
e UBS Requião no município de Maringá-PR.
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário de pesquisa
estruturado, cujas questões foram indagadas oralmente. A coleta dos dados
compreendeu o período de fevereiro a abril de 2015. Os dados foram coletados pelos
acadêmicos participantes do PET, com a colaboração dos Agentes Comunitários de
Saúde e sob orientação dos preceptores e tutores. O instrumento de coleta teve por base
a Ficha A do cadastro familiar, utilizada para a territorialização e caracterização sócioepidemiológica das famílias cobertas pela Rede Atenção Primária em Saúde do Sistema
Único de Saúde (SUS) no município de Maringá-PR. Os dados foram organizados e
consolidados em planilha do Microsoft Excel para análise descritiva e a análise foi
realizada por meio do pacote estatístico Stata 12. Os dados foram apresentados sob a
forma de frequência simples.
Em relação aos aspectos éticos, no presente estudo utilizou-se de dados
secundários, oriundos da Ficha A do cadastro familiar da ESF. Bem como, o projeto do
Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde em Rede de Cuidados a Pessoas com
Deficiência (PET REDES) possui aprovação para sua execução por meio da Portaria
Conjunta N° 9, de 24 de junho de 2013, da Secretaria de Gestão do Trabalho e
Educação da Saúde.
Discussão de Resultados
Identificou-se a prevalência de 63 pessoas com alguma deficiência, das quais
53% são mulheres, 65% brancos, 35% solteiros, 34% casados, 60% com 1 a 3 filhos,
55% com baixo grau de escolaridade, 92% com baixa renda familiar mensal, 96,8%
vivem com a família, 65% não necessitou hospitalização, 57% se auto com saúde boa a
excelente, 68% sofre de alguma comorbidade. Ademais, no que tange ao tipo de
deficiência apresentada: 61,9% apresentam deficiência física, 19% deficiência mental,
7,9% deficiência auditiva, 7,9% deficiência visual. Das pessoas com deficiência física
foram detectados 7,5 com paralisia cerebral infantil, 5% com traumatismo
raquimedular, 7,5% com deformações ósseas, 47,5% com sequelas de AVC, 2,5% com
sequelas da poliomielite, 7,5% com distrofia muscular, 10% com deficiência postural,
10% com amputação, dentre as pessoas com deficiência auditiva 50% apresentaram leve
61 perda e 50% severa ou profunda perda auditiva, das pessoas com deficiência visual,
15,3% são cegos e 84,6% tem baixa visão.
A partir do diagnóstico das pessoas com deficiência na área adstrita da UBS
Zona Sul e UBS Requião, as equipes do PET caracterizaram sociodemográficamente
essas pessoas e estabeleceram a etiologia da deficiência.
O programa PET REDES Deficiência da UEM tenta estabelecer um vínculo
participativo em relação à temática. Sair de práticas assistencialistas e envolver o
processo educativo que engloba a inclusão como uma proposta permanente à
comunidade na qual o projeto busca atuar, transcendendo o princípio exclusivamente
biomédico e buscando promover uma nova concepção da pessoa com deficiência, que
valorize a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas,
sensoriais ou intelectuais.
Conclusão e Considerações finais
Por meio dos dados obtidos é possível a elaboração de futuras estratégias de
intervenção em saúde, baseadas no contexto sociodemográfico e etiológico das pessoas
com algum tipo de deficiência, que pertençam a área de abrangência das UBS Zona Sul
e Requião, contribuindo assim, para que os serviços ampliem e qualifiquem
atendimentos articulados em rede, em resposta às demandas em saúde da população em
foco.
Pretende-se assim, desenvolver ciclos de palestras com os usuários permeando
temáticas como a prevenção e auto-cuidado da deficiência, aspectos comportamentais
adjuvantes em tal processo e, como estratégia complementar, será confeccionado
material informativo, na forma de folder/flyer para pessoas com deficiência na rede de
atenção, com abordagem sistemática, linguagem simples e adaptada às características
das pessoas com deficiência, no que tange aos cuidados gerais de prevenção e
autocuidado das deficiências.
Referências
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2003.
CORDE. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília: CORDE, SEDH,
2007.
62 FÁVERO, EAG. Direitos das pessoas com deficiência: garantia da igualdade na
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63 CARACTERIZAÇÃO DAS GESTAÇÕES ACIMA DE 35 ANOS NO
MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR
Mislaine Casagrande de Lima Lopes
Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Nathalia Thais Fava
Enfermeira da Maternidade do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
A gestação tardia é definida como aquela que ocorre após os 35 anos de idade e essa
tem ganhado espaço na mídia e em pesquisas pelo mundo. Essa pesquisa teve como
objetivo caracterizar as mulheres que tiveram gestação após os 35 anos, residentes em
Maringá-PR, nos anos de 1995 a 2010. Foram analisados os dados de mulheres
residentes no município que engravidaram após os 35 anos e de seus bebês. Utilizou-se
um banco de dados de domínio público, o Sistema de Informações sobre Nascidos
Vivos (SINASC), acessado pela internet. Os resultados mostraram evolução crescente
no número de mulheres que engravidaram após os 35 anos, com maior incidência do
parto cesáreo, predomínio da gestação única, a maioria das mulheres realizando 7 ou
mais consultas de pré-natal, com idade gestacional de 37 a 41 semanas. O peso ao
nascer dos bebês variou de 3000g a 3999g, 90% dos recém nascidos não apresentou
anomalias congênitas e o Apgar no 1° e no 5° minuto foi de 8 a 10. Dessas mulheres,
90% eram de raça branca, com 8 a 11 anos de estudo e a maioria era casada. Dessa
forma, fica evidente que apesar da faixa etária foram encontrados resultados perinatais
favoráveis.
Palavras Chave: Gestação tardia; Idade Materna; Resultados Perinatais.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
Durante a última década, a gestação em idade avançada tem ganhado destaque
na mídia e em pesquisas pelo mundo todo. Mesmo estando envolta de preocupações e
riscos, observa-se que, com o avanço da medicina, a gravidez passou a ficar mais segura
em qualquer época da vida reprodutiva da mulher (SILVA; SURITA, 2009).
A gestação tardia é definida como aquela que ocorre após os 35 anos de idade.
A partir dessa idade, a taxa de fertilidade da mulher começa a declinar. A possibilidade
de engravidar espontaneamente dos 35 aos 39 anos é 75% menor do que na segunda
década de vida da mulher (CAETANO et al., 2009).
Segundo a literatura, algumas situações possuem maior probabilidade de
ocorrer em gestações em idade avançada, tais como: doenças crônicas (hipertensão
64 arterial e diabetes mellitus e o impacto da idade da mulher sobre os resultados
perinatais, que pode acarretar efeitos sobre os ovários e sobre as doenças do aparelho
reprodutor feminino, adquiridas ao longo dos anos (BRASIL, 2012). As mulheres com
gestação tardia apresentam risco mais elevado para o abortamento espontâneo, gravidez
ectópica, anormalidades cromossômicas e malformações congênitas (FRETTS, 2009).
Objetivo
Essa pesquisa teve como objetivo caracterizar as mulheres que tiveram
gestação após os 35 anos, residentes em Maringá-PR, nos anos de 1995 a 2010.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo. Foram analisados os dados de
mulheres residentes no município de Maringá-PR que tiveram filho a partir dos 35 anos
nos anos de 1995 a 2010. Para este estudo foi utilizado para definir a gestação tardia a
idade acima dos 35 anos, objetivando a correspondência dos dados no Sistema de
Informação de Nascidos Vivos (SINASC) (SILVA E SURITA, 2009).
Para obtenção destes dados foi utilizado o SINASC, disponível em home page
do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), do
Ministério da Saúde (MS), que utiliza informações das Declarações de Nascidos Vivos
(DNV) para obtenção de seus dados. Este banco possui informações disponíveis desde o
ano de 1995 e o último ano informado é o ano de 2010. Por isso, este é o período em
que as informações foram colhidas. Analisou-se as seguintes variáveis da mãe: idade,
escolaridade, estado civil e cor/raça. Com relação às características da gestação,
observou-se as variáveis duração da gestação, tipo de gestação, número de consultas de
pré-natal e tipo de parto. Para as características do recém-nascido: peso, Apgar do 1° e
do 5° minuto e presença de anomalia congênita.
Discussão de Resultados
O número de gestações acima de 35 anos aumentou gradativamente nos
últimos 15 anos no município de Maringá e revela a necessidade de maiores estudos
sobre o tema, para melhor atender o perfil desta população. Abaixo de 30 anos,
observou-se um redução do número de gestações, o que pode estar relacionado com a
implementação de políticas públicas para a redução da gravidez na adolescência e/ou a
preferência destas mulheres em postergar a gestação para uma idade mais avançada. Em
65 relação ás características das mulheres que gestaram a partir dos 35 anos, observou-se
que em sua maioria, tinham entre 8 e 11 anos de estudo (41,5%), seguido por 12 anos
ou mais de estudo (39,2%), sendo que esses números foram aumentando gradativamente
durante os anos estudados. Esse resultado também foi encontrado em outras pesquisas
(CAETANO; NETTO; MANDUCA, 2011).
A maior parte das mães acima de 35 anos eram casadas no momento do
nascimento do filho (73,1%), o que pode revelar uma estabilidade nos relacionamentos
das mulheres de maior idade. Por outro lado, observou-se um aumento gradativo entre
as mães com estado civil solteira.
A duração da gestação durante os anos de 1999 a 2010 das mães acima de 35
anos foi de 37 a 41 semanas (90%) em sua maioria. Em relação ao número de consultas
de pré-natal, observa-se que a maior parte das mulheres acima de 35 anos realizaram 7
ou mais consultas ao longo da gestação. Também pode-se notar o número de mulheres
que realizou 7 ou mais consultas de pré-natal foi crescente de 1999 a 2010. Esse
resultado está de acordo com a literatura e pode ser relacionado com a pesquisa de
Santos et al. (2009), em que as mulheres acima de 35 anos começam o pré-natal no
primeiro trimestre, possibilitando a realização de maior número de consultas.
A gestação única foi o tipo de gravidez com maior ocorrência em mulheres
com idade acima de 35 anos em todos os anos. O tipo de parto que teve maior
ocorrência em mulheres acima de 35 anos, em todos os anos, foi o cesáreo, seguido pelo
vaginal e após pelo fórceps Este dado corrobora com outros estudos (GRAVENA et al.,
2012) em que encontraram relação significativa entre idade materna avançada e parto
cesáreo. A ocorrência deste tipo de parto pode também estar relacionada com as
condições patológicas maternas (diabetes gestacional, pré-eclânpsia, placenta prévia)
em que o parto cesáreo é o mais indicado (SANTOS et al., 2009).
Em relação ao Recém-Nascido (RN), observou-se que o peso dos bebês que
nasceram de mulheres acima de 35 anos foi em maior número na categoria de 3000g a
3999g com 4.724 bebês, representando 63% do total de bebês nascidos. 53 RNs
apresentaram anomalia congênita, representando 10% do total. Em relação ao Apgar no
primeiro minuto, 89% apresentaram a pontuação entre 8 a 10 e 4% apresentou
pontuação de Apgar menor que 5.
Conclusão e Considerações Finais
66 Em relação às limitações da presente pesquisa, observou-se que o uso de dados
secundários não permite ao pesquisador controlar possíveis erros decorrentes de
digitação e de registro. Porém acredita-se que por se tratar de dados nacionais oficiais e
de preenchimento obrigatório em todos os serviços de saúde, seus resultados permitiram
o alcance do objetivo proposto.
Observando os dados, pode-se considerar que a idade materna acima de 35
anos, por si só, não pode ser considerada um fator de risco sem que haja associação com
outros fatores que podem ocasionar risco para a gestação. O número de consultas de
pré-natal maior que sete e o alto nível de escolaridade das mulheres acima de 35 anos
pode ter contribuído para os resultados perinatais favoráveis encontrados nesta pesquisa.
Referências
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da Rede Mãe Paranaense. 2012.
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GRAVENA, A.A.F.; SASS, A. MARCON, S.S.; PELLOSO, S.M. Resultados perinatais
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67 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA: AVALIANDO A
CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS PELO PROCERE EM
MARINGÁ - PARANÁ
Rayane Nascimbeni Maldonado
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Giselle Fernanda Previato
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. PROCERE – Programa Centro de Referencia do Envelhecimento de
Maringá-PR
E-mail: [email protected]
Paula Cristina Gerhardt
Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
O envelhecimento associado às doenças crônicas é responsável pela perda de
capacidade acentuada dos idosos, podendo levar à dependência destes. Com isso,
objetivou-se avaliar a capacidade de idosos atendidos pelo Programa Centro de
Referência do Envelhecimento no município de Maringá – PR. Trata-se de um estudo
transversal, quantitativo e descritivo, realizado entre julho e setembro de 2014. Foram
entrevistados 116 idosos, observando-se a predominância do sexo feminino (62,07%),
maior número de idosos com idade entre 60 e 74 anos (76,72%) com idade média de 69,
03 anos (DP= 9,19). Em relação à capacidade funcional, cento e onze (94, 87%) dos
idosos foram considerados independentes; cinco (4,27%), parcialmente dependentes e
apenas um indivíduo foi considerado dependente (0,89%). Portanto, pode-se
caracterizar os idosos atendidos pelo PROCERE e avaliar a capacidade funcional destes,
a qual tende a declinar com idade – requerendo o desenvolvimento de atividades de
assistência domiciliar.
Palavras Chave: Saúde do Idoso; Atividades Instrumentais de Vida Diária;
Envelhecimento.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
O envelhecimento normal é responsável pela diminuição da capacidade
funcional, mas não é determinante para a dependência. Porém, quando associado às
68 doenças crônicas, as quais geralmente surgem com o aumento da idade, o déficit das
capacidades é ainda mais acentuado, provocando entao, o surgimento das incapacidades
(OLIVEIRA; MATOS, 2012), causando um impacto negativo na qualidade de vida dos
idosos.
Lourenço (2011) define capacidade funcional como aptidão em desenvolver
atividades ou ações, ou seja, ausência de dificuldade ou impossibilidade de desenvolver
as atividades da vida cotidiana.
Sabe-se que a incapacidade funcional do idoso o torna mais vulnerável à
dependência, gerando implicações para sua família, comunidade, serviços de saúde e
também, principalmente, para o bem-estar e qualidade de vida do próprio idoso (BISPO,
et. al 2012; LOURENÇO, 2011), torna-se necessário a utilização de instrumentos que
avaliem a capacidade funcional e autonomia dos idosos.
Neste estudo, optou-se pela utilização da Escala de Atividades Instrumentais de
Vida Diária de Lawton e Brody (1969), a qual avalia a capacidade funcional dos idosos
em relação às atividades cotidianas.
Objetivo
Considerando-se as implicações trazidas pela incapacidade funcional na vida do
idoso, família, sociedade e serviços de saúde, este trabalho teve como objetivo
determinar a capacidade funcional relacionada às atividades instrumentais de vida diária
de uma população de idosos residentes em uma área descoberta da Estratégia Saúde da
Família (ESF) e que é atendida pelo Programa Centro de Referencia do Envelhecimento
(PROCERE) no município de Maringá - PR.
Materiais e Métodos
Estudo transversal, quantitativo e descritivo, o qual utilizou a Escala de
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton e Brody (1969) para avaliar
a capacidade funcional dos idosos cadastrados por meio do projeto “Assistência
Domiciliar de Enfermagem as Famílias de Idosos Dependentes de Cuidado (ADEFI)” e
que são atendidos no PROCERE em parceria com a Unidade Básica de Saúde NIS III
Pinheiros do Município de Maringá – PR.
Utilizou-se de dois instrumentos para a coleta de dados: o primeiro para coletar
informações sociodemográficas para caracterização dos idosos da pesquisa e uma
pergunta sobre a presença de um cuidador para auxiliá-los na realização das atividades
69 cotidianas. O outro instrumento foi a Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária
(AIVD) de Lawton e Brody (1969), a qual tem como objetivo avaliar a capacidade
funcional dos idosos.
Esta escala é composta por nove perguntas relacionadas às atividades
instrumentais de vida diária, tendo como resposta três opções com escore determinado:
sem ajuda (3 pontos), com ajuda parcial (2 pontos) e não consegue (1 ponto). A
avaliação da capacidade funcional do idoso ocorre mediante somatório das nove
respostas, na qual o valor máximo é de 27 pontos e o mínimo 9 pontos. Sendo assim,
quando o somatório fica entre 19 e 27 pontos, o idoso é considerado independente;
capazes com assistência, quando o somatório fica entre 10 e 18 pontos; e quando o
somatório é 9 pontos, o idoso é considerado dependente.
Neste estudo foram estudados 116 idosos, os quais tinham 60 anos ou mais,
entre julho e setembro de 2014. Os idosos foram divididos em três grupos etários: 60 a
74 anos; 75 a 84 anos e maior ou igual a 85 anos conforme o Protocolo de Identificação
do Idoso Vulnerável (VES – 13) (LUZ, 2013).
Para análise dos dados foi utilizada a estatística simples, considerando-se a
pontuação da variável de Lawton e Brody (1969) em cada faixa etária pré-definida.
Discussão de Resultados
O estudo foi realizado com 116 idosos e foi verificada a predominância do sexo
feminino (n=72), representando 62,07%, assemelhando-se com outros estudos, como de
Bispo et. al (2012) e Marchon; Cordeiro; Nakano (2010), nos quais as mulheres
representaram 55% e 56%, respectivamente. Os homens representaram 37,93% da
população estudada (n=44). Quanto à idade, os idosos tinham entre 60 e 92 anos, com
média de 69,03 anos (DP = 9,19), inferior à média encontrada por Barbosa et. al (2014),
na qual foi de 71,2 anos, variando entre 60 e 103 anos.
Neste trabalho, a maioria dos idosos estava no grupo etário de 60 e 74 anos
(76,72%), o que correspondeu a 89 idosos. Na faixa etária de 75 e 84 anos teve-se 24
idosos (20,69%), e apenas três idosos apresentaram idade igual ou superior a 85 anos
(2,59%). Como a faixa etária foi definida conforme preconizado no VES – 13 e este ser
um instrumento atual, não foram encontrados estudos que utilizaram esta classificação
de idade, porém nota-se que o número de octagenários em estudos como de Barbosa et.
al (2014), Bispo et. al (2012) e Marchon; Cordeiro; Nakano (2010) assim como no
presente estudo, também são inferiores quando comparados com o número de idosos
70 com menos de 80 anos.
De acordo com os resultados obtidos pelos escores da Escala de Atividades
Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton e Brody (1969), 111 idosos (94,87%)
apresentaram pontuação entre 19 e 27, sendo classificados como independentes para
AIVD, ou seja, possuem suas capacidades funcionais preservadas, enquanto no estudo
de Oliveira; Matos (2012), apenas 16,3% da amostra foi considerada independente.
Com escore variando entre 10 a 18 pontos, cinco idosos (4,27%) foram considerados
como capazes com auxílio, ou seja, com capacidade funcional parcial, sendo quatro
indivíduos do sexo feminino e um do sexo masculino. Segundo Pereira et. al (2012), a
maior incapacidade nas mulheres provavelmente está associada também ao fato de as
mesmas apresentarem maior prevalência de condições incapacitantes não fatais e, com
isto, uma sobrevida maior, tornando-se mais suscetíveis ao desfecho em questão.
Quanto à dependência total para AIVD, assim como no estudo de Gomercindo e Garzes
(2012), apenas uma idosa (0,89%) de 92 anos de idade, caracterizando incapacidade
funcional.
Segundo Giacomin et.al (2012), no Brasil, a avaliação da capacidade funcional
em estudos nas populações é relativamente nova e a prevalência de incapacidade entre
idosos pode variar de 2% a 47%, segundo a população, a faixa etária considerada e as
escalas utilizadas, tal variação pode ser também observada no presente estudo, onde
5,13% (n=6) dos idosos apresentaram certa incapacidade quanto a realização de AIVD.
Conclusão e Considerações Finais Em síntese, verificou-se que a maioria dos idosos atendidos pelo Programa
Centro de Referência do Envelhecimento em Maringá tem entre 60 e 74 anos (76,72%)
com média 69,03 (DP= 9,19), além disso, notou-se a predominância do sexo feminino.
De maneira geral, quanto às AIVD, percebeu-se que a população idosa estuda é
totalmente independente (94,87%) segundo a Escala de Lawton e Brody, a qual aborda
a capacidade de utilizar o telefone, se deslocar utilizando algum tipo de transporte, fazer
compras, preparar as refeições, arrumar a cama, realizar pequenos trabalhos manuais
domésticos, lavar e passar roupa, tomar os medicamentos nos horários e em dose correta
e cuidar de suas finanças.
A partir dos resultados encontrados, surge a necessidade de maior avaliação dos
idosos quanto ao seu grau de dependência, e a busca de maneiras para se subsidiar o
planejamento das atividades desenvolvidas nos serviços que prestam assistência à saúde
71 dos idosos, assim como no Centro de Referência do Envelhecimento, levando a
atividades de assistência domiciliar neste grupo etário e melhorando a qualidade de vida
dessa população em questão.
Referências
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associados à incapacidade. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 8, p. 3317 –
3325, ago. 2014
BISPO, E.P.F; ROCHA. M.C.G; ROCHA, M.F.M.R. Avaliação da capacidade
funcional de idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família na comunidade do
Pontal da Barra, Maceió-AL. Caderno de Terapia Ocupacional da Universidade Federal
de São Carlos. v.20, n.1, p.81-87, São Carlos, 2012.
GIACOMIN, K. C; et. al. Estudo de base populacional dos fatores associados à
incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas
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idosos de uma comunidade do município de Porto União em Santa Catarina Rev. Saúde
Públ. Santa Cat., Florianópolis v. 5, n. 2, p. 30- 45, 2012.
LOURENÇO; T. M. Capacidade do idoso longevo admitido em unidades de internação
hospitalar na cidade de Curitiba – PR. 2011. Dissertação (Mestrado em Enfermagem).
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011.
MARCHON, R. M.; CORDEIRO, R. C.; NAKANO, M. M. Capacidade funcional:
estudo prospectivo em idosos residentes em uma instituição de longa permanência. Rev.
Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro v. 13, n. 2, p. 203 – 214, jan. 2010
OLIVEIRA, P. H. de; MATTOS, I. E. Prevalência e fatores associados à incapacidade
funcional em idosos institucionalizados no Município de Cuiabá, estado de Mato
Grosso, 2009 – 2010. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 3, p. 395 – 406, set.
2012. PEREIRA, G.N.; BASTOS, G.A.N.; DUCA, G.F.D.; BÓS, J.A.G. Indicadores
demográficos e socioeconômicos associados à incapacidade funcional em idosos. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.28, n.11, p. 2035 - 2042, 2012.
72 AÇÃO EDUCATIVA SOBRE PRIMEIROS SOCORROS NO CURSO DE
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
Luciana Casavechia
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail:[email protected]
Embert Luan Corrêa Pereira
Graduando em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Gabriela Roscosz Marçal
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Giselle Fernanda Previatto
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Mayara Marcelino da Penha
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Paloma Luana de Azevedo Ramos da Silva
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM.
E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo do trabalho é relatar a experiência de uma atividade de formação em
primeiros socorros junto a estudantes de um curso de graduação em Engenharia
Mecânica. Trata-se de um relato de experiência de alunos bolsistas do Programa de
Educação Tutorial (PET) - Enfermagem que envolveu uma ação educativa realizada em
maio de 2014, com 35 alunos formandos, cujos temas solicitados foram: maceramento,
amputações, quedas, queimaduras e choque elétrico. Foi utilizado o data show como
recurso didático-pedagógico para orientar exposição dialogada sobre o tema. A temática
sobre primeiros socorros e cuidado de enfermagem ao ciclo de vida adulto se fez
necessária uma vez que os futuros profissionais ingressantes no mercado de trabalho
estão suscetíveis a acidentes de trabalho e possuem carência de conhecimento em
relação à temática. Conclui-se que os alunos de Engenharia Mecânica, enquanto futuros
profissionais em sua área, poderão ser disseminadores do conhecimento apreendido,
bem como estar aptos a atuar rápida e eficientemente em situação de emergência. Além
disso, evidencia-se a grande a importância da atuação de enfermeiros nas mais diversas
áreas do conhecimento, inclusive na saúde do trabalhador, com ações de promoção,
prevenção, cuidado e reabilitação em saúde.
Palavras Chave: Primeiros socorros; Educação em saúde; Saúde do trabalhador.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
73 Introdução
Os seres humanos passam por vários estágios de crescimento e transformações
em todo o seu ciclo de vida, tanto no aspecto físico quanto no desenvolvimento mental e
biopsicossocial. A idade adulta é a fase mais duradoura do ciclo da vida humano, que se
estende a partir de 20 anos até os 50, sendo que por volta dos 35 anos os adultos são
considerados de "meia-idade” (AUGUSTINE, 2015). Quando se tornam adultos
maduros, geralmente os indivíduos são mais independentes e estão inseridos de forma
ativa no mercado de trabalho. Contudo, é nessa fase que também aumentam os riscos e
a probabilidade de mortes resultantes de acidentes no trabalho. Há diversas razões para
explicar o elevado número de ocorrências, podendo envolver falhas nos projetos dos
sistemas de trabalho, nos equipamentos, o uso incorreto das ferramentas, o uso
inadequado ou o não uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e em destaque o
fator humano como uma das principais causas, por englobar inúmeras características
biopsicossociais do trabalhador.
É crescente o número de profissionais brasileiros que sofrem acidentes de
trabalho. O afastamento do trabalho pelos acidentes e doenças, além de incapacitar o
trabalhador, encarece a produção e reduz a competitividade do Brasil no mercado
externo. O Ministério do Trabalho estima que o tempo de trabalho perdido, ocasionado
pelos afastamentos, chega a 106 milhões de dias (BRASIL, 2004). Acidentes que
ocorrem no ambiente de trabalho não somente trazem danos físicos ou emocionais ao
trabalhador, mas podem levá-lo à morte, com repercussões negativas em sua família e
na sociedade em geral (BUDEL, 2012).
Portanto, em uma situação perigosa e, em local distante do ambiente hospitalar,
a vítima fica dependente de quem presencia a situação, ou seja, geralmente um
companheiro de trabalho. Este irá realizar a prestação dos primeiros cuidados em casos
de acidentes de trabalho, os quais podem salvar a vida do trabalhador ou minimizar
muitos danos (FERREIRA, et al., 2001). Mas, não é incomum encontrar nas empresas
muitos trabalhadores e gestores despreparados ou mesmo incapazes de prestar qualquer
tipo de cuidado quando necessário, principalmente em casos com maior gravidade. Por
ser esta uma lacuna muitas vezes presente também nos cursos de graduação, nas
diferentes áreas do conhecimento, houve o convite ao grupo do Programa de Educação
Tutorial (PET) - Enfermagem para desenvolver atividade educativa sobre primeiros
socorros junto a uma turma de alunos formandos do curso de Engenharia Mecânica,
foco do presente trabalho.
74 Objetivo
Relatar a experiência de uma atividade de formação em primeiros socorros junto
a estudantes de um curso de graduação em Engenharia Mecânica.
Materiais e Métodos
Trata-se de um relato de experiência de uma ação educativa sobre primeiros
socorros realizada junto a 35 alunos do quinto ano do curso de Engenharia Mecânica de
uma universidade pública do noroeste do Estado do Paraná. Os itens solicitados foram:
maceramento, amputações, quedas, queimaduras e choque elétrico, por serem estes
alguns dos principais acidentes que ocorrem nos espaços de trabalho desta área de
atuação. A atividade ocorreu no dia 16 de maio de 2014, no período da tarde, em sala de
aula do respectivo curso. A ação educativa foi realizada por estudantes do curso de
Enfermagem da mesma instituição de ensino, bolsistas do grupo PET Enfermagem, com
a presença do docente responsável pela turma. Foi utilizado o data show como recurso
didático-pedagógico para orientar a exposição dialogada sobre o tema.
Discussão de Resultados
Alunos do último ano de um curso de graduação em Engenharia Mecânica estão
prestes a adentrar o mercado de trabalho. E, tratar com eles o tema de primeiros
socorros significa orientá-los sobre como agir e reagir diante de um acidente de trabalho
de risco. Essa temática compõe o seu cotidiano, principalmente por serem trabalhadores
da indústria mecânica, da construção civil e da indústria transformadora e afins. Tal fato
justifica os esforços de capacitação para situações em que possam presenciar qualquer
tipo de acidente em seu ambiente de trabalho, consigo mesmos ou com colegas.
Ao exercer suas atividades laborais, os colaboradores podem se envolver em
acidentes que implicam na súbita interrupção do trabalho e o consequente ferimento
humano (DWAYER, 1989). Um atendimento eficaz, ou seja, os primeiros socorros
antes da realização dos cuidados especializados aumenta a sobrevida e colabora com a
recuperação precoce da vítima (FERREIRA; GARCIA, 2001). Os primeiros socorros
compreendem os atendimentos que podem ser realizados pela população em geral, que
possua o conhecimento e capacidade mínimos para realizar os primeiros cuidados em as
pessoas doentes ou feridas (VELDE, et al., 2007).
A assistência de enfermagem à saúde do trabalhador vem ampliando o seu
campo de atuação. Nessa perspectiva, o cuidado como um sistema dinâmico e contínuo
75 em que os enfermeiros promovem ações de trabalho com o fim de produzir e proteger a
vida constitui a base filosófica de articulação entre a enfermagem como profissão e a
saúde do trabalhador como foco de intervenção (ERDMANN, et al., 2006). As ações na
área são voltadas à formulação e implementação de políticas de proteção à saúde,
visando à redução e eliminação do adoecimento e morte resultantes das condições, dos
processos e dos ambientes de trabalho, bem como o aprimoramento da assistência à
saúde dos trabalhadores. Assim, a atuação do enfermeiro frente à vigilância à saúde do
trabalhador consiste na atuação contínua e sistemática, no sentido de promover e
proteger a saúde, por meio da execução de programas e avaliação do processo saúdedoença e da realização de ações educativas, como esta realizada com os futuros
profissionais de Engenharia Mecânica.
Durante a exposição dos temas, ou seja, a atuação frente a cortes, quedas,
choque elétrico, queimaduras, esmagamento e amputação, os alunos mostraram-se
bastante interessados e participativos, quando indagados sobre quais os primeiros
socorros, procedimentos e condutas a serem tomadas em diferentes situações de
emergência. Também mostraram-se apreensivos e impressionados com várias imagens
apresentadas, evidenciando a carência de informações e principalmente da vivência com
tais situações de risco, o que pode tornar-se uma grande dificuldade no momento em
que sua atuação imediata possa vir a ser requerida, aumentando os riscos do acidente
para a vítima.
Além de dados e cuidados específicos sobre os agravos citados, alguns aspectos
gerais foram enfatizados e tiveram grande receptividade por parte do público-alvo.
Entre eles: em qualquer tipo de trauma, principalmente decorrente de quedas, jamais se
deve movimentar a vítima; deve-se ligar imediatamente para o número 192, do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), comunicando o maior número possível
de informações para os socorristas; em caso de a vítima estar consciente, deve-se
tranquilizá-la e orientar para que não se movimente; em caso de perda de consciência,
verificar respiração e batimentos cardíacos; ainda, é muito importante que, antes de
prestar qualquer atendimento à vítima, deve-se atentar para a sua própria segurança,
evitando contato com sangue e fluídos corporais que podem transmitir doenças graves
como AIDS, Hepatite B e outras.
Ao final, todos avaliaram como extremamente positiva a abordagem realizada e
a interação entre graduandos de cursos diferentes sobre um tema que os aproximou.
76 Conclusão e Considerações Finais
As informações e orientações sobre primeiros socorros, oportunizadas mediante
uma ação de educação em saúde, possibilitam a tomada de decisão diante de um
acidente de trabalho de risco. Os alunos de graduação em Engenharia Mecânica serão
futuros profissionais em sua área e poderão ser disseminadores do conhecimento
apreendido, além de estarem aptos a atuar rápida e eficientemente em situação de
emergência.
Para
os
bolsistas
do
PET
Enfermagem,
a
atividade
proporcionou
desenvolvimento pessoal e exigiu habilidades de pesquisa, oratória e interação com o
público-alvo. Além de contribuir para a formação profissional, evidenciou a importância
da atuação de enfermeiros nas mais diversas áreas do conhecimento, inclusive na saúde
do trabalhador, com ações de promoção, prevenção, cuidado ou reabilitação em saúde.
Referências
AUGUSTINE, R. Ciclo de Vida dos Seres Humanos. Disponível em:
<http://www.ehow.com.br/ciclo-vida-seres-humanos-fatos_96530/>. Acesso em: 27 de
abril de 2015.
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BUDEL, DGO. Acidente do trabalho: caracterização, conceito e competência. 2012.
DWAYER, T. Acidentes do Trabalho: em busca de uma nova abordagem. Rev adm
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ERDMANN, A.L.; ANDRADE, S.R.; MELLO, A.L.S.F.; MEIRELLES, B.H.S. Gestão
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VELDE, SV; BROOS, P; BOUWELEN, MV; WIN, R; SERMON, A; VERDUYCKT,
J. European first aid guidelines. Resuscitation. n.72, vol. 2, 2007, p.240-51.
77 COMUNICAÇÃO DOS ENFERMEIROS SOB A ÓTICA DOS PACIENTES
COM FERIDAS CRÔNICAS
Josemar Batista
Enfermeiro. Especialista em Enfermagem e Saúde no Trabalho. Pós-graduando em
Gestão em Saúde pela Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Rita de Cássia Martins da Silva Carneiro
Enfermeira. Especialista em Docência do Ensino Superior. Docente do Departamento de
Enfermagem da Faculdade Assis Gurgacz.
E-mail: [email protected]
Veronice Kramer da Rosa Reis
Enfermeira. Mestre em Educação. Docente do Departamento de Enfermagem da
Faculdade Assis Gurgacz.
E-mail: [email protected]
Resumo
A comunicação verbal e/ou não verbal como instrumento facilitador do processo de
interação entre enfermeiro/paciente torna-se de extrema relevância no processo de
cuidar e essencial na promoção e recuperação à saúde. Estudo descritivo-exploratório
com abordagem qualitativa com o objetivo de levantar a percepção dos pacientes com
feridas crônicas sobre a comunicação enfermeiro/paciente e identificar iatrogenia na
comunicação do enfermeiro no atendimento aos pacientes com feridas crônicas. Em
relação ao número de sujeitos entrevistados foi considerado o critério de saturação dos
dados e, desta forma, 10 pacientes constituíram o grupo estudado. A coleta de dados
ocorreu entre os meses de Agosto e Setembro de 2011 por meio de entrevista
semiestruturada, e analisados pela técnica de análise de conteúdo proposta por Laurence
Bardin emergindo quatro categorias: Percepção do usuário quanto à comunicação
enfermeiro/paciente; Comunicação na prática profissional do enfermeiro; Falha
comunicacional versus consequências e Iatrogenia comunicacional versus impactos
profissional/paciente. Os resultados revelam que os pacientes estão mais atentos a
comunicação verbal e reconhecem que o ato de conversar é fundamental para o cuidado.
Os enfermeiros comunicam-se suficientemente, contudo, essa comunicação seja ela
verbal ou não, é falha e constituíram fator iatrogênico, que relacionada ao cuidado acaba
acarretando em consequências como abandono da terapêutica e perda da credibilidade
profissional. Conclui-se que é necessário praticar a comunicação entre
enfermeiro/paciente com proficiência diante da sua importância como qualquer outro
procedimento técnico e assim, minimizar os desconfortos provenientes do processo
comunicacional.
Palavras Chave: Comunicação; Relações Enfermeiro-Paciente; Iatrogenia.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
78 O desenvolvimento linguístico está em constante modificação, onde indivíduos
aprendem e vivenciam por meios de gestos, sinais e através da fala. A linguagem desde
o nascer faz parte da vida, adquirindo-se habilidade em decorrência da convivência com
outros sujeitos da sociedade. (BATISTA; FACHIN, 2010)
A linguagem serve com um instrumento de comunicação fortalecendo nas
relações sociais, capaz de promover mudanças perante as situações vivenciadas no
âmbito dos serviços de saúde. A comunicação é toda interação que ocorre em um
determinado contexto, regido por regras sociais e depende essencialmente do tipo de
relação existente e das necessidades dos indivíduos. (SEQUEIRA, 2014)
Nesse sentido, existem duas principais modalidades para ocorrer o processo
comunicacional que são a “comunicação verbal quando utiliza-se da linguagem escrita e
falada e a não verbal realizada através de gestos e símbolos gráficos,
e ambas
necessitam de interação de emissão, recepção e compreensão das mensagens.
(MOURÃO et al., 2009, p. 140) Estudos demonstram que 55% dos sentimentos são
expressos através da comunicação não verbal; 38%, pela voz, e somente 7% são
representados por palavras. (SILVA, 2010 apud FREITAS et al., 2014, p.929)
Dessa forma, a comunicação em saúde quando bem utilizada proporciona bem
estar psicológico, atendimento acolhedor, melhora a adesão do paciente ao serviço de
saúde e minimiza os eventos adversos à saúde. (ORMONDE JUNIOR; LIMA, 2014)
Assim sendo, “a promoção de uma assistência holística que envolva as
necessidades bio-psico-sócio-espirituais e emocional devem passar por um processo
comunicativo eficaz entre terapeuta-sujeito”, (RAMOS; BORTAGARAI, 2012, p. 168)
que neste estudo resume-se a eficácia da comunicação entre enfermeiro e paciente.
Aliás, “a comunicação deve fazer parte do exercício profissional dos
enfermeiros, para que estes possam garantir o êxito dos procedimentos técnicos”,
(COELHO; SIQUEIRA, 2014, p.32) tornando-se a comunicação uma ferramenta
indispensável para a realização do cuidado, este considerado a essência da enfermagem.
Através do relacionamento interpessoal entre enfermeiro e paciente é possível
desenvolver ao longo do cuidado uma ação ou ato terapêutico.
A comunicação assume um papel fundamental na relação entre um
profissional e uma pessoa, grupo, família ou comunidade, alvo de
atenção e de cuidados, na medida em que, a comunicação é o contexto
em que se desenvolve a relação e é, ou pode ser uma ação terapêutica,
por si só ou completar a ação terapêutica de outra intervenção.
(SEQUEIRA, 2014, p.06)
79 Portanto, define-se como comunicação terapêutica a habilidade a ser
desenvolvida pelo enfermeiro, consistindo de uma ferramenta para a obtenção de
informações acerca do cliente. (STEFANELLI, 1993 apud OSMONDE JUNIOR;
LIMA, 2014, p.3393)
Ademais, é utilizada por profissionais de saúde para apoiar, informar,
educar e capacitar às pessoas no processo de transição de saúde
doença, e/ou na adaptação a dificuldades, requerendo a capacidade de
escuta, disponibilidade, aceitação. Para sua operacionalização é
necessário à utilização de um conjunto de técnicas/habilidades de
comunicação verbal e não verbal, nas quais a empatia e a assertividade
desempenham um papel central. (SEQUEIRA, 2014, p.07)
Há, porém, estudos relatando que o relacionamento interpessoal e a
comunicação não estão sendo efetivos entre a enfermagem. (ARAÚJO et al., 2007 apud
MOURÃO et al., 2009) Outra investigação sugere o aprofundamento de aspectos
relacionados com a comunicação terapêutica na formação dos enfermeiros. (COELHO;
SEQUEIRA, 2014, p.31)
A ideia de que vivemos numa sociedade onde a comunicação é bastante
generalizada e difundida, comunicar-se mais não significar obrigatoriamente
comunicar-se melhor, (COELHO; SEQUEIRA, 2014) e, diante das premissas
apontadas, justifica-se o presente estudo que visa contribuir para a prática dos
profissionais enfermeiros, desvelando a relação existente entre enfermeiro/paciente com
ferida crônica durante o processo comunicacional.
Objetivos
Levantar a percepção dos pacientes com feridas crônicas sobre a comunicação
enfermeiro/usuário e identificar iatrogenia na comunicação do enfermeiro.
Materiais e Métodos
Estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa, realizado no
ambulatório de feridas do Município de Cascavel/Paraná, durante os meses de Agosto e
Setembro de 2011, com coleta de dados por meio de entrevistas individuais através de
um roteiro semiestruturado, sendo gravadas e transcritas na íntegra. Em relação ao
número de sujeitos entrevistados foi considerado o critério de saturação dos dados e,
desta forma, 10 pacientes constituíram o grupo estudado. As entrevistas foram
agendadas conforme a disponibilidade dos entrevistados, em local, data e horário
80 previamente combinado. Para analisar os resultados utilizou-se a técnica de análise de
conteúdo segundo a proposta de Bardin (2011) emergindo assim quatro categorias:
Percepção do usuário quanto à comunicação enfermeiro/paciente; Comunicação na
prática profissional do enfermeiro; Falha comunicacional versus consequências e
Iatrogenia comunicacional versus impactos profissional/paciente. Os entrevistados
foram identificados em seus depoimentos com nomes de personagens de desenhos
infantis, para manter o rigor da pesquisa científica.
Discussão de Resultados
Entre os participantes do estudo, seis eram do sexo masculino e quatro do
feminino com tempo médio de 16 anos convivendo com a ferida, variando entre 02 e 30
anos. Os resultados revelam ainda que a comunicação é fundamental no cuidado, sendo
entendida pelos pacientes com feridas crônicas como o ato de conversar. Foi
identificado que a comunicação é importante para o tratamento, auxiliando na cura e
podendo tornar-se terapêutica na interação entre enfermeiro/paciente, e quando a mesma
é ineficaz acarreta em prejuízos na assistência prestada, colocando em risco a
credibilidade e competência do profissional enfermeiro e abandono da terapêutica. Em
relação ao uso do silêncio como forma terapêutica, gerou nos pacientes momentos de
tensão, ficando aflitos, sem saber o que poderiam estar acontecendo, se o problema era
com eles ou com o profissional que estava executando o procedimento técnico do
curativo. O fator iatrogênico está equivalente entre a comunicação verbal e não verbal
trazendo desconforto ao paciente do serviço de saúde. Mostra-se que os enfermeiros não
estão tendo controle na sua comunicação verbal, por ela ser consciente equiparada a não
verbal que ocorre por meio inconsciente.
Conclusão e Considerações Finais
A efetividade da comunicação esta relacionada ao processo de empatia
demonstrada pelo enfermeiro e paciente dentro dos serviços de saúde. A comunicação
auxilia na promoção de saúde, e deve ser utilizada por todos os profissionais que atuam
diretamente ou indiretamente ao paciente com ferida crônica.
Percebe-se neste estudo que para a comunicação ser eficaz e terapêutica, é
necessário primeiramente ter habilidade de relacionamento interpessoal e que este seja
capaz de auxiliar em mudanças comportamentais e atender as necessidades básicas do
paciente.
81 Nessa perspectiva, a comunicação entre enfermeiro e paciente no âmbito da
assistência de enfermagem é primordial para a persuasão de políticas de saúde, ou seja,
é impossível acolher e humanizar o atendimento aos pacientes, se os profissionais de
saúde, inclusive os enfermeiros não desenvolvem ou apresentam extrema dificuldade
em adquirir habilidades e competências comunicacionais. Assim sendo, é necessário
criar estratégias nos serviços de saúde, entre capacitações e formação acadêmica
profissional para aprofundar os conhecimentos dos enfermeiros perante a comunicação
terapêutica.
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: 70; 2011.
BATISTA, J; FACHIN, P.C. Educação, identidade e linguagem: algumas
considerações sobre o ensinar e o aprender [monografia]. Cascavel (PR): Universidade
Pan-americana; 2010.
COELHO, M. T. V; SEQUEIRA, C. Comunicação terapêutica em enfermagem: como a
caracterizam os enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental.
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FREITAS, F.F.Q; COSTA, K.N.F.M; REBOUÇAS, C.B.A., et al. Comunicação não
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comunicação terapêutica nas consultas de enfermagem em unidades de saúde da família.
Enciclopédia Biosfera: Centro Científico Conhecer. v.10, n.18, p.3392-3409. Goiânia,
2014. Disponível
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SEQUEIRA, C. Comunicação em saúde mental. Revista Portuguesa de Enfermagem
de Saúde Mental. n.12, p. 06-08. 2014. Disponível em:
82 <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S164721602014000300001&script=sci_arttext>. Acesso em 28 Abr 2015.
83 O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL E A FORMAÇÃO DE
ENFERMEIROS
Gabriel Zanin Sanguino
Graduando em Enfermagem, bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Gabriela Roscosz Marçal
Graduanda em Enfermagem, bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Giselle Fernanda Previatto
Graduanda em Enfermagem, bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Lilian Denise Mai
Docente do Departamento de Enfermagem, tutora do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Nayara Sâmela Oliveira Souto
Graduanda em Enfermagem, bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Rafaela Marioto Montanha
Graduanda em Enfermagem, bolsista do PET Enfermagem. UEM
E-mail: [email protected]
Resumo
O trabalho tem como objetivo descrever a influência do Programa de Educação Tutorial
(PET) na formação acadêmica dos discentes do curso de graduação em enfermagem na
Universidade Estadual de Maringá. O relato se baseou na análise dos documentos
‘planejamento anual’ e ‘relatório anual’, inseridos no sistema de gestão do programa, no
período de 2009 a 2014, com enfoque para algumas atividades e temáticas consideradas
centrais pelo grupo nesse período e o seu impacto na formação dos petianos de
enfermagem. Desde 2009, quando o grupo iniciou suas atividades, a tríade ensino,
pesquisa e extensão vem sendo alcançada mediante ações diversas e com temáticas
como o controle social, cidadania fiscal, educação em saúde, educação sexual, controle
da dengue, o trabalho em equipe multiprofissional, medicação, entre outros. O trabalho
do grupo pauta-se em metodologias de ensino que privilegiam a avaliação formativa e a
tomada de decisão individual e coletiva, sendo que as vivências, reflexões e discussões
do grupo ocorrem em clima de cooperação e respeito. Observa-se que alunos egressos,
desde 2011, estão inseridos no mercado de trabalho ou em programas de pós-graduação,
tanto lato quanto stricto senso, no Estado do Paraná e fora dele, situação que pode ter
sido favorecida pela influência do PET. Conclui-se que a experiência do grupo PET
Enfermagem tem proporcionado resultados que convergem com as metas gerais do
programa, com resultados positivos sobre todo o curso de graduação a que se vincula.
Palavras Chave: Enfermagem; Educação tutorial; Formação de profissionais da saúde.
84 Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
O Programa de Educação Tutorial (PET) visa formar profissionais críticos e
atuantes, produzir uma formação acadêmica de alto nível, estimular a melhoria do
ensino de graduação e pós-graduação e integrar a formação cidadã com a formação
profissional (BRASIL, 2010; BRASIL, 2013). Para isso, o ensino, a pesquisa e a
extensão constituem a tríade central sobre a qual os grupos planejam e desenvolvem as
suas atividades anualmente, resultando no fortalecimento da formação universitária e na
produção do conhecimento, em estreita articulação com a extensão, um dos braços
sociais da universidade. Integrando há mais de vinte anos a história nacional do
programa, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) conta atualmente com quinze
grupos ligados aos seus respectivos cursos em diversas áreas, quais sejam: Agronomia,
Educação Física, Economia, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Química,
Engenharia Têxtil, Farmácia, Física, Informática, Matemática, Odontologia, Pedagogia,
Química e Zootecnia. Todos esses grupos reúnem-se por meio da União dos Grupos
PET (UniPET).
O PET Enfermagem da UEM, criado em 2009, está em seu sétimo ano de
atuação. O perfil proposto pelo grupo tem como objetivo capacitar os seus integrantes a
atuarem como agentes de mudança na sociedade e na área da saúde, envolvendo a
comunidade universitária, trabalhadores, gestores e usuários dos serviços de saúde e
demais recursos do município e região. As vivências, reflexões e discussões do grupo
ocorrem em um clima de cooperação, baseando-se em metodologias variadas de ensino
e de trabalho. O PET-Enfermagem atualmente é composto por uma docente tutora e
doze alunos bolsistas, os quais, além de planejarem e organizarem as atividades do
grupo, também participam ativamente das reuniões quinzenais e ações conjuntas do
UniPET.
Objetivo
Descrever a influência do Programa de Educação Tutorial (PET) na formação
acadêmica dos discentes do curso de graduação em enfermagem na Universidade
Estadual de Maringá.
85 Material e Métodos
O relato foi pautado na análise dos documentos denominados ‘planejamento
anual’ e ‘relatório anual’, inseridos anualmente no sistema de gestão do programa de
educação tutorial junto ao MEC. O período de abrangência foi de 2009 a 2014, com
enfoque para algumas atividades e temáticas consideradas centrais pelo grupo nesse
período e o seu impacto na formação dos petianos de enfermagem.
Discussão de Resultados
Com temáticas e ações diversas, o PET Enfermagem da UEM realiza
anualmente um projeto construído em conjunto entre tutor e petianos, de modo a dar
continuidade às atividades que vão se consolidando como específicas do grupo e incluir
novos assuntos e/ou metodologias de trabalho.
A tríade ensino, pesquisa e extensão norteia a proposição das atividades do PET
Enfermagem, e o aprendizado não se limita aos alunos integrantes do grupo, mas aos
demais discentes do curso e demais membros da comunidade universitária e
comunidade externa. Assim, sua influência na formação ocorre mediante os diferentes
temas e formas de organização e execução das atividades. Baseando-se em
metodologias de ensino e trabalho que privilegiam a avaliação formativa e a tomada de
decisão individual e coletiva, as vivências, reflexões e discussões do grupo ocorrem em
um clima de cooperação.
O ensino tem proporcionado o desenvolvimento de diversas atividades, como
palestras abordando diversos temas e o ciclo de seminários, com temas de interesse dos
graduandos, organizados e ministrados pelos próprios petianos.
A extensão tem viabilizado a descoberta de recursos da comunidade nos campos
da saúde e da cidadania, a otimização de espaços da mídia para a educação em saúde e a
participação em espaços formais de organização popular e controle social sobre o SUS,
como Conselhos Locais de Saúde. Projetos como o intitulado ‘Atividades Volantes’
permite aos petianos desenvolver atividades diversas em variados locais, como escolas e
Organizações Não Governamentais, onde há uma troca de experiências entre o público e
os alunos do PET.
Além de projetos, há uma efetiva atuação na participação ou organização de
eventos de extensão, em parcerias com outros PETs e cursos da graduação para
abordagem de temas diversos e de comum interesse, como a questão ambiental com o
PET Agronomia, medicação com o PET Farmácia, prevenção de acidentes de trabalho
86 com alunos da graduação da Engenharia Mecânica, ações de educação em saúde em
uma casa de reabilitação para usuários de drogas em parceria com o PET Zootecnia,
entre tantos outros.
Na pesquisa, iniciativas individuais e coletivas procuram construir novos
conhecimentos ou compartilhar experiências sobre temas diversos. Ao longo de seis
anos, como um aprendizado e como oportunidade para compartilhar as experiências,
procurou-se sempre estimular o interesse do grupo pela produção científica,
concomitante àquela produção oriunda das demais atividades acadêmicas desenvolvidas
na universidade. Os resultados envolvem alguns textos publicados, trabalhos em
eventos científicos, organização de eventos, participação em comissões entre outros.
Em relação à qualificação acadêmica, o programa PET ajuda a manter um alto
nível na formação de seus alunos, preparando-os tanto para a prática profissional quanto
para programas de pós-graduação, tanto lato quanto stricto senso. Exemplos disso são
os egressos do programa que, desde 2011, após a conclusão do curso de graduação têm
sido aprovados em cursos de Residência ou cursos de Especialização no Estado do
Paraná e em outros Estados, e/ou em Programa de Pós-Graduação de Mestrado em
Enfermagem, além da aprovação em concursos públicos ou processos seletivos em
serviços de saúde. Atualmente, aqueles que já finalizaram seus estudos sequenciais à
graduação, atuam como enfermeiros em diferentes serviços e/ou como docentes em
cursos de nível técnico e de graduação em Enfermagem, com uma excelente inserção no
mercado de trabalho. Tais resultados são indicativos da qualidade do curso de
graduação ofertado, enriquecido com os inúmeros projetos extracurriculares, a exemplo
do PET.
Conclusão e Considerações Finais
Considera-se que o Programa de Educação Tutorial desenvolve atividades
acadêmicas em padrões de qualidade de excelência, mediante grupos de aprendizagem
tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar e também contribui para a elevação da
qualidade da formação acadêmica dos alunos de graduação. Ainda, estimula a formação
de profissionais de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica,
estimulando também o espírito crítico bem como a atuação profissional pautada pela
cidadania e pela função social da educação superior. Conclui-se que a experiência do
grupo PET Enfermagem tem proporcionado resultados que convergem com tais metas
87 gerais do programa, com resultados positivos sobre todo o curso de graduação a que se
vincula.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Portaria MEC nº 976, de 27 de julho de 2010:
Dispõe sobre o Programa de Educação Tutorial – PET. Brasília/DF, 2010.
BRASIL, Ministério da Educação. Portaria MEC nº 343, de 24 de abril de 2013: Altera
dispositivos da Portaria MEC nº 976, de 27 de julho de 2010, que dispõe sobre o
Programa de Educação Tutorial – PET. Brasília/DF, 2013.
88 REPERCUSSÃO DO USO DE BEBIDA ALCÓOLICA NAS RELAÇÕES
FAMILIARES DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Beatriz Ferreira Martins
Enfermeira. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá - PSE/UEM
E-mail: [email protected]
Laís Fernanda Ferreira da Silva
Enfermeira. Mestranda em Enfermagem no PSE/UEM
E-mail: [email protected]
Bárbara Reccanello Beraldo
Graduanda em Enfermagem no Departamento de Enfermagem da UEM
E-mail: [email protected]
Suellen Moura Rocha
Enfermeira. Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de
Maringá/UEM
E-mail: [email protected]
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente da Graduação em Enfermagem e do
PSE/UEM.
E-mail: [email protected]
Resumo
O estudo objetivou analisar a repercussão do uso de álcool em famílias de trabalhadores
da construção civil e usuários de álcool. Metodologia descritiva de abordagem
qualitativa, com delineamento em uma série de casos de 11 famílias de trabalhadores do
Noroeste do Paraná. A coleta de dados deu-se pela aplicação de roteiro para entrevistas
semiestruturadas, analisado por meio de análise de conteúdo, com configuração de três
unidades temáticas: Relações familiares e uso abusivo de álcool, apontando a
preocupação recorrente da família com a segurança e a saúde do trabalhador, e a
sobrecarga emocional e física dos membros da família; O álcool destruindo os laços
conjugais, com indicação de conflitos e stress nestes relacionamentos; e Violência na
família e reflexos na comunidade de convivência, com relatos de violência doméstica,
desemprego e instabilidade financeira na família. O consumo álcool foi determinante na
co-dependência, no adoecimento do trabalhador e de membros de sua família.
Palavras-chave: Relações familiares; Alcoolismo; Enfermagem.
Área temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da
vida.
Introdução
O consumo de drogas de abuso é considerado pelas organizações internacionais
de saúde como um grave problema de saúde pública que afeta a população do mundo
89 com problemas sociais, de saúde – acidentes, doenças, e mortes; com predomínio de
dependentes químicos no sexo masculino. Esse consumo tem crescido entre os
trabalhadores, ocasionando intercorrências indesejáveis no trabalho e na família
(GAVIOLI et al., 2014; BERNARDY; OLIVEIRA, 2012).
Na família, geralmente, ocorrem atos hostis do trabalhador, como agressões
verbais e físicas, mentiras recorrentes, desfalque no orçamento da família que geram
prejuízos econômicos, uma vez que uma grande quantia de dinheiro é gasta no consumo
de drogas de abuso. No trabalho, podem ocorrer acidentes, imposição a tarefas menos
interessantes, rebaixamento de função e o desemprego, levando a dificuldades
econômicas familiares, ou findar em vivência de situação transitória ou permanente de
rua, com exposição do trabalhador aos riscos da marginalidade e exclusão social
(NAPPO; OLIVEIRA, 2010).
Estudos relacionados ao uso abusivo de drogas em trabalhadores da construção
civil apontaram o álcool como a droga mais frequente. A Construção Civil é
responsável por grande parte dos empregos das camadas pobres da população masculina
e é considerada uma das áreas mais perigosas em todo o mundo pelo trabalho em alturas
significativas, o manejo de máquinas de grande porte e de equipamentos, posturas
antiergonômicas. Inseridos nesta situação, refugiam-se no uso abusivo de álcool
(GAVIOLI et al., 2014; NAPPO; OLIVEIRA, 2010).
Objetivo
O presente estudo objetivou analisar a repercussão do uso de álcool em famílias
de trabalhadores da construção civil de um município da região Noroeste do Paraná.
Materiais e Métodos
O estudo foi descritivo de abordagem qualitativa, com delineamento em uma
série de casos de 11 famílias de trabalhadores do Noroeste do Paraná. Foi realizado no
município de Maringá - Paraná, com casos originários do banco de dados do Centro de
Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá (CCI/HUM),
unidade de referência macrorregional para atenção às urgências toxicológicas.
A população foi composta por 11 familiares de trabalhadores da construção civil
que foram atendidos em unidades de urgência com diagnóstico médico de intoxicação
alcoólica, aguda ou crônica, e cadastrados no CCI/HUM no período de janeiro a junho
90 de 2013. O critério para a escolha do familiar a ser entrevistado seguiu a disponibilidade
e prontidão da pessoa de contato.
A fonte de dados foi a Ficha de Ocorrência Toxicológica de Intoxicação
Alcoólica e/ou Outras Drogas de Abuso - OT/IA, onde foram compilados dados
relativos à idade e ao sexo do trabalhador, agente e tipo de intoxicação e histórico e
evolução clínica do caso. Os instrumentos de coleta de dados foram dois roteiros para
entrevista semiestruturada: Roteiro Trabalhador, constituído pela caracterização do
trabalhador e dados da ocorrência toxicológica e desfecho clínico; e Roteiro Família. A
coleta de dados foi realizada nos meses de abril a julho de 2013, no domicilio dos
trabalhadores.
Para análise dos dados, foram utilizados os preceitos da análise de conteúdo
temática (MINAYO, 2010). A partir da organização dos dados foram compostas três
unidades temáticas, que refletem as dificuldades e transformações familiares,
sentimento das famílias frente ao uso de álcool pelo trabalhador: Relações familiares e o
uso abusivo de álcool; O álcool destruindo os laços conjugais e Violência na família e
reflexos na comunidade de convivência.
Para assegurar o anonimato e facilitar a apresentação dos dados, as famílias
foram identificadas de acordo com a ordem da entrevista e representadas pelo número
do caso, a inicial do trabalhador e sua idade. Todos os aspectos éticos envolvidos na
pesquisa foram cumpridos rigorosamente e o projeto recebeu parecer favorável do
COPEP-UEM (207.377/2013).
Discussão de Resultados
Todos os trabalhadores eram do sexo masculino, com faixa etária entre 26 a 67
anos, e média de 44 anos de idade, a maioria pedreiro. Nove eram casados e/ou em
união estável, com pelo menos um filho. A maior parte tinha baixa escolaridade - nove
com ensino fundamental incompleto; e baixa renda individual - seis trabalhadores com
remuneração menor de três salários mínimos. O número de familiares dos trabalhadores
da construção civil habitando na mesma residência variou de duas a sete pessoas.
Relações familiares e o uso abusivo de álcool
As relações interpessoais entre a pessoa alcoolista e os demais membros
familiares modificam o cotidiano familiar - da pessoa alcoolista e das pessoas com ela
convive (SAIDE, 2011). No presente estudo, as principais repercussões na vida familiar
foram adoecimento do trabalhador e preocupação recorrente com a saúde do familiar,
91 segurança, afastamento e/ou rejeição entre os membros da família e sobrecarga
emocional e física dos membros familiares.
Diversos sentimentos são vivenciados por famílias de usuários de álcool, tais
como angústia, tristeza, dor, insegurança, dificultando o enfrentamento da doença. A
preocupação com o ente usuário de álcool interfere, ainda, negativamente no trabalho,
pois, para o cuidador, é difícil administrar as tarefas de cuidar com o tempo dedicado ao
emprego; a tarefa de cuidar pode dificultar a execução das atividades extradomiciliares
(BERNARDY; OLIVEIRA, 2012).
O álcool destruindo os laços conjugais
Para duas respondentes do estudo, o uso abusivo de álcool foi responsável pela
separação do casal, apesar da reaproximação posterior. O álcool no seio da relação
conjugal aumenta a probabilidade de ocorrência de rupturas e divórcios, pois os
cônjuges consideram a separação como forma de solução do problema. As relações
conjugais de casais álcool discordantes, em que um dos parceiros não é alcoolista, são
afetadas por efeitos destrutivos na vida da família, preditores de uma baixa qualidade na
relação e de instabilidade conjugal (MONTEIRO, 2011).
O uso dessa substância pode ocasionar elevados níveis de conflitos, violência,
agressividade e stress (NAPPO; OLIVEIRA, 2010), corroborando o presente estudo, em
que as esposas demonstraram sofrimento e descontentamento com o casamento. A
violência doméstica também foi evidenciada nas entrevistas, três respondentes
familiares informaram que os trabalhadores “brigam” com as esposas quando ingerem
álcool, com agressões verbais e ameaças, culminando em problemas na relação marido e
mulher.
Violência na família e reflexos na comunidade de convivência
Além da repercussão na família e na vida conjugal, o consumo de bebida
alcoólica pode ter consequências no meio laboral e interferir na vida da comunidade de
convivência e no contexto de vida social da família (NAPPO; OLIVEIRA, 2010),
Os relacionamentos descritos pelos familiares mostraram, também, que a
violência estava presente no cotidiano, após o uso abusivo de álcool. A convivência
com a família, muitas vezes, mostrava-se “desgastada”, com presença constante de
ameaças verbais aos familiares e à comunidade e, então, não conseguiam manter uma
relação pacífica com os usuários de álcool. Quatro entrevistados citaram alguma forma
de agressividade após a ingestão da bebida alcoólica.
92 Conclusão e Considerações Finais
O consumo abusivo do álcool foi causa determinante de adoecimento, crise
conjugal, afastamento da família nuclear, desemprego e sobrecarga de outros membros
familiares, corroborando outras investigações constantes na literatura. Diante das
entrevistas e o histórico dos trabalhadores, foram apontadas preocupações recorrentes
da família com a segurança e a saúde do trabalhador e a sobrecarga emocional e física
de membros da família, indicação de conflitos e stress nestes relacionamentos, e relatos
de violência doméstica, desemprego e instabilidade financeira na família.
O estudo em questão contribui para que nós, enfermeiros, (re)pensemos atitudes
frente a essas famílias, assim como prestemos assistência ao usuário e ao conjunto
familiar de forma menos preconceituosa e repressiva, a partir do apoio biopsicossocial e
da busca, junto à família, por meios efeitos para a recuperação do dependente químico.
Referências
BERNARDY, C. C. F.; OLIVEIRA, M. L. F. Uso de drogas por jovens infratores.
Cienc. Cuid. Saude, Maringá, v. 11, supl, p. 168-175, 2012.
GAVIOLI A, MATHIAS, T.A, ROSSI, R.M; OLIVEIRA, M.L. Risco relacionado ao
consumo de drogas em homens trabalhadores da construção civil. Acta Paul Enferm,
São Paulo, v. 27, n.5, p. 471-478, 2014.
GONÇALVES, J. R. L.; GALERA, S. A. F. Assistência ao familiar cuidador em
convívio com o alcoolista, por meio da técnica de solução de problemas. Rev. LatinoAm. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 18, n. esp., 2010.
LOURENÇO, S. T.; MONTEIRO F. O. “O Álcool entre Nós”: impacto do consumo de
álcool no casal. Revista CES Psicología, Medellín, v. 4, n. 2, p. 15-28, 2011.
NAPPO, S.; OLIVEIRA, L. G. O crack em São Paulo, 20 anos depois: consciência
alterada o universo paralelo das drogas. Sci. Am., São Paulo, v. 8, n. esp., 2010. Edição
especial. Brasil. Editora Duetto.
SILVA, M. C. M.; SOUSA, R. M. C.; PADILHA, K. G. Destino del paciente después
de recibir el alta médica de la unidad de cuidados intensivos: ¿unidad de internación o
intermedia?. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 18, n. 2, 2010.
93 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DA VILA RURAL ELZA
LERNER DO DISTRITO DE PULINÓPOLIS- PR
Jessika de Oliveira Cavalaro
Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Camile do Amaral Marino Dias
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna
bolsista do projeto “Estratégias para monitoramento do Programa de Humanização na
Atenção Básica”
E-mail: [email protected]
Vanessa dos Santos Macedo
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Ana Cláudia Saito
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Rayane Nascimbeni Maldonado
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Herbert Leopoldo de Freitas Góes
Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
Estudo descritivo, quantitativo, de corte transversal com resultados parciais, cujo
objetivo foi caracterizar clinicamente e sociodemograficamente os residentes da Vila
Rural Elza Lerner, pertencente ao distrito de Pulinópolis, através do projeto de extensão
“Promovendo saúde em Vila Rural”. A principio foram mapeado 86 domicílios (100%)
com prevalência de pessoas acima de 60 anos (22,22%). Desta população 49,21%
pertence a raça branca e 91,27% está com a carteira de vacinação em dia, 45,24% possuí
o grau de escolaridade ate o ensino fundamental incompleto, 66,67% apresentam apenas
uma doença, prevalecendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (33,39%). Através da
realização deste estudo foi possível conhecer fatores significantes sobre os residentes da
Vila Rural Elza Lerner, de forma a possuir informações necessárias para que ações de
promoção em saúde sejam aplicadas futuramente nesta área.
Palavras Chave: Vila Rural; Caracterização; Promoção em saúde.
Área Temática: Gestão do Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
A territorialização é um instrumento muito utilizado na prática da saúde pública
94 uma vez que possibilita a elaboração de estratégias em saúde por meio do mapeamento
das áreas de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) e cadastramento das
famílias. Ela fornece aos gestores públicos informações referentes à qualidade de vida
da população, permitindo a elaboração do plano de Estratégia de Saúde da Família
(ESF), o qual se baseia nas necessidades e fragilidades encontradas e permite que as
intervenções em saúde sejam coerentes e adequadas a uma determinada população. Este
instrumento também possibilita que os profissionais de saúde compreendam a dinâmica
que envolve o meio onde se estabelece o processo saúde/doença, por meio de
observação
da
área
de
abrangência,
localização,
recursos,
espaços
geográficos/população, riscos, fixos e fluxos (GADELHA et al, 2010).
Para promover a saúde é necessário que haja uma interação entre meio ambiente
e população, tendo em vista que o primeiro pode causar forte impacto na saúde. Por isso
é necessário que se tenha um monitoramento das mudanças tecnológicas, do trabalho,
da produção de energia e urbanização, elementos que afetam o meio ambiente e,
consequentemente a saúde. Mas para que isso ocorra há a necessidade de uma
reorientação dos serviços de saúde, de modo que os profissionais desenvolvam uma
visão holística do individuo com estratégias que estimulem a participação popular
direcionada ao serviço de saúde gerando uma troca de conhecimentos entre a população
e profissional de saúde, e levando a uma preparação para as diferentes fases da vida.
Essa educação em saúde deve ser inserida no meio de vivencia da pessoa com: escolas,
lares e locais comunitários. Segundo Paulo Freire, o diálogo deve receber enfoque, ao
passo que através dele há a criação do vinculo entre a sociedade e o profissional de
saúde, tornando a aprendizagem e a transmissão do conhecimento mais proveitosa para
ambos (HEIDEMANN, 2006)
Objetivo
O estudo tem como objetivo a caracterização sociodemográfica e levantamento
do perfil de saúde dos residentes da vila rural Elza Lerner, pertencente ao distrito de
Pulinópolis. Espera-se que os resultados auxiliem na averiguação das necessidades e
posteriormente na proposta de ações para promoção em saúde.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo de corte transversal, de um
projeto de extensão do Departamento de Enfermagem (DEN) da Universidade Estadual
95 de Maringá (UEM), intitulado “Promovendo a Saúde em Vila Rural”, o qual atua na
vila rural Elza Lerner, pertencente ao distrito de Mandaguaçú, Pulinópolis, região
noroeste do Paraná.
O processo de caracterização da população requereu primeiramente a
territorialização e mapeamento da vila rural, que permitiu a verificação das condições
de vida dos indivíduos, necessidades e riscos de saúde. Posteriormente, iniciou-se o
cadastramento das famílias por meio de um instrumento elaborado pelas próprias
acadêmicas, o qual aborda aspectos sociodemográficos e de saúde. Os dados de
caracterização dos moradores da vila rural Elza Lerner levantados são preliminares e
referem-se ao cadastramento de 39 famílias, realizado até abril de 2015.Os dados
coletados foram tabulados e analisados através do Microsoft Excel 2010® utilizando
estatística simples. Seguindo as categorias de idade do DATASUS do Ministério da
Saúde, os indivíduos foram agrupados da seguinte maneira: 0 a 14, 15 a 19, 20 a 29, 30
a 39, 40 a 49, 50 a 59 e > a 60 anos.
Discussão de Resultados
Com o mapeamento da Vila Rural Elza Lerner, verificou-se que há 86
domicílios no local. Até o momento, foram cadastradas 39 famílias, totalizando um
número de 126 pessoas, das quais 62 (49,29%) são do sexo feminino e as outras 64% do
sexo oposto, o que difere dos dados da região sul e do Paraná, nos quais a porcentagem
de mulheres é superior à masculina, 51,03% e 50,88%, respectivamente (DATASUS,
2012). Em relação à idade, esta variou entre 11 meses e 81 anos, com média de 38,80
(DP= 22,69), verificando-se a predominância de indivíduos com 60 anos ou mais, os
quais representaram 22,22% da amostra, sendo superior à porcentagem de idosos no
Paraná em 2012, a qual foi de 11,20%, segundo o Datasus. Comparando o número de
indivíduos por faixa etária entre a vila e o estado paranaense, verificou-se que, as
maiores diferenças são encontradas na faixa etária de 0 a 14, 30 a 39 e maior ou igual a
60 anos. No Parána, em 2012, a população idosa representava 11,20%, crianças de 0 a
14 anos, 22,90% e adultos com 30 a 39 anos, 15,55%, enquanto no local de
caracterização essas porcentagens são de 22,22%, 18,25% e 7,14%, respectivamente.
(DATASUS, 2012). Em relação à cor da pele, referida pelos próprios entrevistados,
observou-se que, assim como nos dados disponibilizados pelo IBGE (2010) sobre o
estado do Paraná, a maioria dos indivíduos declara-se branco. Nesta pesquisa, 62
indivíduos (49,21%) declararam-se da cor branca, número ainda inferior divulgado pelo
96 IBGE (2010), o qual totalizou uma porcentagem de 70,1%. Os outros moradores
declararam-se como pardos (23,82%), morenos (13,49%) e negros (4,76%). Quanto ao
consumo de bebida alcoólica e uso de tabaco, assim como na região Sul do Brasil
(DATASUS, 2012), a prevalência foi de não-consumidores de álcool (102 indivíduos),
representando 80,95% e 105 pessoas (83,33%) não-fumantes.
No que se refere à escolaridade dos moradores, 10 relatam ser analfabetos
(7,94%), 57 relatam ter Ensino Fundamental incompleto (45,24%), 10 relatam ter
Ensino Fundamental completo (7,94%), 9 tem Ensino Médio incompleto (7,14%), 16
tem Ensino Médio (7,14%), 16 tem Ensino Médio completo (12,70%), 2 tem Ensino
Superior incompleto (1,59%), 15 não responderam (11,90%) e 7 indivíduos estavam
com idade pré-escolar ou menos (5,55).
Sobre o estado vacinal, 115 indivíduos
(91,27%) referiram que estão com a carteira de vacinação atualizada e 11 dizem estar
desatualizada (8,73%). Dentre os 126 moradores, 87 referiram não possuir alguma
doença (69,07%) e 39 referem possuir uma doença ou mais (30,95%). Dos 126
entrevistados, 26 pessoas dizem ter apenas uma doença (66,67%), 09 tem duas doenças
(29,08%), 3 tem três doenças (7,69%) e 1 pessoa tem quatro doenças (2,56%). Foram
referidas 22 doenças pelos moradores, dentre estas se destacam a hipertensão arterial
sistêmica (HAS), a qual foi referida por 19 pessoas (33,39%); Diabete Mellitus (DM), a
qual acomete 10 pessoas (17,54%) e hipercolesterolemia, acometendo 03 moradores
(5,26%), sendo apontadas como as doenças mais prevalentes na região sul do Brasil
também (DATASUS, 2012).
Conclusão e considerações finais
Com a caracterização da população da Vila Rural Elza Lerner, foi possível tomar
conhecimento da realidade social, demográfica e de saúde dos moradores considerando
que a área não possui cobertura da Estratégia Saúde da Família, sendo assistida pela
Unidade Básica de Saúde de Pulinópolis com a colaboração do projeto 'Promovendo
Saúde em Vila Rural'.
Os resultados desse estudo contribuem com o planejamento realizado no projeto
de extensão e na promoção de ações que visam melhorias na qualidade de vida e bemestar dos moradores, prezando pela promoção da saúde e do cuidado de forma coletiva,
humanizada, integral e de acordo com os princípios do SUS.
Referências
97 BRASIL. Ministério da Saúde. Datasus: informações de saúde. Disponível em:
<http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060804/tabnet.htm>. Acesso
em: abr. 2015.
GADELHA, Carlos Augusto Grabois et al. Saúde e territorialização na perspectiva do
desenvolvimento. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n.6, p.3003-3016,
mai/jun 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n6/38.pdf >. Acesso
em: abr.2015
HEIDEMANN, Ivonete Teresinha Schulter Buss. As cinco principais estratégias da
nova promoção da saúde. In:______. A promoção da saúde e a concepção dialógica
de Freire: possibilidades de sua inserção e limites no processo de trabalho das equipes
de Saúde da Família. 2006. 296 f. Tese (Doutorado)- Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006, p.63-82. Disponível
em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-15012007-170858/ptbr.php>. Acesso em: abr.2015
IBGE. "Censo populacional 2010". - Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:
<http://cod.ibge.gov.br/235RJ > Acesso em: abr. 2015
98 ESCUTA E ACOLHIMENTO COMO FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DA
SATISFAÇÃO DO USUÁRIO DE SERVIÇO DE SAÚDE
Alan Henrique De Lazari
Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá PR
E-mail: [email protected]
Jessica Sanches da Silva
Bolsista de extensão da Fundação Araucária,Discente do Curso de Psicologia da
Universidade Estadual de Maringá - PR
E-mail:[email protected]
Caroline Aparecida Amaral
Bolsista de extensão da Fundação Araucária. Discente do Curso de Psicologia da
Universidade Estadual de Maringá – PR
E-mail: [email protected]
Bruna Portes Maciel
Psicóloga. Residente em Urgência e Emergência Multidisciplinar pela Universidade
Estadual de Maringá - PR
E-mail: [email protected]
Maiara Cristina Pereira
Discente do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá – PR
E-mail: [email protected]
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva.Docente Adjunta da Universidade Estadual de
Maringá PR,
E-mail: [email protected]
Resumo
O presente estudo tem o objetivo de relatar as atividades desenvolvidas no projeto de
extensão universitária “Jovens Acolhedores: avaliando a satisfação dos usuários do
Hospital Universitário Regional de Maringá”. Trata-se de um relato de experiência da
aplicação da pesquisa de satisfação de usuários, com utilização de dados de fonte
documental. O projeto tem como objetivo principal o acolhimento e a escuta dos
usuários nos diversos setores de atendimento do Hospital Universitário Regional de
Maringá (HUM). Esse processo é realizado por estudantes de cursos de Graduação e
Pós-graduação vinculados a Universidade Estadual de Maringá. Para a realização da
Pesquisa de Satisfação dos Usuários do HUM são utilizados dois modos avaliativos:
modo espontâneo (autoaplicável) e modo dirigido, realizado por meio da abordagem
direta aos usuários e/ou acompanhantes, utilizando um roteiro para entrevista
semiestruturada. A coleta de dados ocorre diariamente e os resultados são tabulados e
apresentados em relatórios mensais, enviados à Direção, ao Colegiado Gestor e ao
Conselho Local de Saúde do Hospital. Constitui-se uma ferramenta institucional do
Serviço de Ouvidoria, para avaliação contínua da qualidade da assistência prestada.
Essa ferramenta tem potencial para conhecer como o SUS está acontecendo para o
cidadão atendido no HUM, identificando como analisa sua permanência neste ambiente
e disponibilizando um meio de verbalizar suas reclamações e/ou elogios com relação ao
99 atendimento, e assim, oferecer subsídios para que os gestores do Hospital realizem
planejamento adequado para melhor atendimento as demandas do dia-a-dia e para
(re)pensar novas práticas.
Palavras Chave: Humanização da assistência; Satisfação do usuário; Acolhimento.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida
Introdução
Para qualificar a relação estabelecida entre o usuário/família e os profissionais
responsáveis pela atenção à saúde, o Ministério da Saúde desenvolve ações de
aproximação do serviço de saúde à população, por meio da Política Nacional de
Humanização – PNH. Implementada no ano 2000, a PNH tem o objetivo de fortalecer a
atenção integral ao usuário dos serviços e humanizar a relação entre eles (BRASIL,
2008).
O conhecimento da satisfação do usuário contribui no direcionamento de ações
que visam à melhoria dos serviços oferecidos e da relação entre usuários e profissionais
de saúde. A satisfação dos usuários é um marcador fundamental para se estabelecer
padrões de gerenciamento e qualidade do SUS, portanto avaliá-la constitui uma
ferramenta que aproxima o cliente do serviço, mostrando suas necessidades e suas
perspectivas em relação ao atendimento prestado. Inúmeros problemas do
relacionamento entre usuários e serviços de saúde poderiam ser minimizados por meio
de um atendimento humanizado e uma escuta qualificada (SELEGHIM et al., 2013).
A Pesquisa de Satisfação dos Usuários colabora para a promoção de mudanças
dos serviços prestados e, proporciona um canal de acesso para a população demonstrar o
que ela realmente pensa e almeja dos serviços de saúde prestados pelo SUS,
possibilitando a reflexão de novos comportamentos que se convertam em melhoria no
convívio entre os profissionais e os usuários (REIS et al., 2013).
Objetivo
O objetivo deste estudo consiste em relatar as atividades desenvolvidas no
Projeto de Extensão Universitária “Jovens Acolhedores: avaliando a satisfação dos
usuários do Hospital Universitário Regional de Maringá”, que está vinculado ao Serviço
de Ouvidoria e ao Grupo Técnico de Humanização do Hospital.
Materiais e Métodos
100 Trata-se de um relato de experiência da aplicação da pesquisa de Satisfação dos
Usuários do Hospital Universitário Regional de Maringá – HUM.
O HUM é um hospital de ensino público, vinculado à Universidade Estadual de
Maringá - UEM, onde são desenvolvidas atividades de assistência, ensino e pesquisa
voltadas a qualidade e a humanização das ações de saúde. Desde junho de 2009 realiza a
Pesquisa de Satisfação dos Usuários.
Foram utilizados dados de fonte documental. Será descrito como se dá tal
pesquisa e serão apresentadas considerações quanto à vivência das participantes, tendo
em vista a importância do acolhimento e da escuta qualificada aos usuários.
Discussão de Resultados
O Projeto Jovens Acolhedores: avaliando a satisfação dos usuários do Hospital
Universitário Regional de Maringá tem como objetivo principal o acolhimento e a
escuta dos usuários e busca acolher e avaliar a satisfação do usuário nos diversos setores
de atendimento do Hospital. Esse processo é realizado por estudantes do curso de
Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
Para a realização da Pesquisa de Satisfação dos Usuários do HUM - PSE são
utilizados dois modos avaliativos. O primeiro é o modo espontâneo (autoaplicável), no
qual o usuário responde espontaneamente a um questionário e o deposita preenchido em
“urnas” de coleta, instaladas no Ambulatório de Especialidades, no Pronto Socorro e na
Recepção Social. O segundo modo é a entrevista dirigida, que é obtida por meio da
abordagem direta aos usuários e/ou familiares ou acompanhantes nos setores
Ambulatório de Especialidades, Clínica Cirúrgica, Clínica Ginecológica e Obstétrica,
Clínica Médica, Clínica Pediátrica e Pronto Socorro, utilizando um roteiro para
entrevista semiestruturada.
O roteiro de entrevista é constituído de uma área destinada à coleta de dados
sóciodemográficos do usuário (idade, sexo, escolaridade, cidade de origem e tempo de
internação), e outra, denominada parte específica, composta por questões que avaliam a
satisfação do usuário com a estrutura e o processo de atendimento dos serviços e
ambientes do hospital: recepção, serviço de radiologia, laboratório de análises
clínicas/coleta de material para exames; distribuição de alimentos, limpeza e higiene,
acomodações e repouso e silêncio; equipes de enfermagem, médica, serviço de social,
psicologia, e equipe multiprofissional do Ambulatório de Especialidades, das unidades
101 de Internamento e do Pronto Socorro. No roteiro, há espaços onde o usuário pode
registrar sugestões para a melhoria dos serviços, expor suas críticas e queixas, e o
entrevistador pode destacar aspectos observados no decorrer do diálogo.
A coleta de dados ocorre diariamente.Cada participante do projeto fica
responsável por um setor, no qual são realizadas no mínimo três entrevistas por dia. Os
resultados são tabulados e apresentados em relatório mensal, enviado à Direção, ao
Colegiado Gestor e ao Conselho Local de Saúde do Hospital.A PSE constitui uma
ferramenta institucional do Serviço de Ouvidoria, para avaliação contínua da qualidade
da assistência prestada.
A escuta qualificada realizada é uma forma de acolhimento tanto verbal quanto
emocional do paciente e/ou acompanhante. No trabalho desenvolvido preconiza-se uma
escuta empática, isto é, ouvir a todos os conteúdos apresentados pelo sujeito sem fazer
julgamento algum, de modo a valorizar sua fala como algo legítimo e digno de respeito
e atenção (ROGERS, 1987).
Conclusão e Considerações Finais
Ao utilizar essa ferramenta, há a possibilidade de conhecer como o SUS está
acontecendo para o cidadão atendido no HUM, além de informar como os usuários
analisam sua permanência neste ambiente hospitalar e, principalmente, disponibilizar
aos usuários um meio de verbalizar suas reclamações e/ou elogios com relação ao
atendimento. Tudo isso oferece subsídios para que os gestores do Hospital identifiquem
possíveis problemas e reavaliem suas ações, serviços e programas, para que o
atendimento prestado seja aperfeiçoado, dando suporte para (re)pensar novas práticas.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da
Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde.
2a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
REIS, L. M.; BELENTANI, L.; SILVA, L. F. F.; SELEGHIM, M. R.; BELLASALMA,
A. C. M.; OLIVEIRA, M. L. F. Avaliando a satisfação do usuário: a experiência do
projeto jovens acolhedores. Revista de Enfermagem UFPE, v.7, p.1-7, 2013.
ROGERS, C. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
102 SELEGHIM, M. R.; TOFFOLI, A. L.; BELLASALMA, A. C. M.; OLIVEIRA, M. L. F.
Avaliação da satisfação dos usuários e acolhimento em âmbito hospitalar. Revista
Universo& Extensão UFPA, v. 1, n. 1, p. 2013.
103 VANTAGENS E DIFICULDADES DA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR: A VOZ
DOS GESTORES DA QUALIDADE
Nadia Raquel Suzini Camillo
Enfermeira. Gerente de Enfermagem do Hospital Rural João XXIII, São Jorge do IvaíPr. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR.
E-mail: [email protected]
João Lucas Campos de Oliveira
Enfermeiro. Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel- Pr.
Doutorando em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá, Maringá-Pr.
E-mail: [email protected]
Kelly Cristina Inoue
Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Docente da Faculdade Ingá e intensivista do
Hospital Universitário Regional de Maringá, Maringá-PR.
E-mail: [email protected]
Laura Misue Matsuda
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR.
E-mail :[email protected]
Resumo
Pesquisa descritivo-exploratória, qualitativa, com o objetivo de apreender as percepções
de gestores da qualidade hospitalar quanto às vantagens e dificuldades advindas da
Acreditação. Participaram cinco gestores da qualidade de hospitais de cada um dos três
níveis de certificação de Acreditação nacional e também, de um hospital cuja
certificação foi cancelada. Realizou-se entrevista gravada e norteada pela questão:
Conte-me sobre as vantagens e dificuldades de obter e manter a certificação pela
Acreditação. Os dados foram transcritos na íntegra e submetidos à análise de conteúdo,
modalidade temática. Os resultados foram sistematizados nas categorias referentes às
“vantagens” e às “dificuldades” relacionadas à Acreditação. As vantagens advindas da
Acreditação se referem à qualidade gerencial e, também, assistencial, com maior
segurança do paciente; mas, para que a Acreditação seja implantada e mantida, é preciso
superar dificuldades quanto à cultura organizacional e rotatividade de pessoal.
Palavras Chave: Acreditação hospitalar; Gestão da qualidade; Enfermagem.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
A Acreditação hospitalar tem ganhado visibilidade internacional no que
concerne à avaliação externa da qualidade. Trata-se de um processo sistemático e
periódico de apreciação dos serviços do hospital à luz de padrões previamente definidos
que além da possibilidade de certificação, tem-se traduzido como um sistema de gestão
para o desenvolvimento institucional (ONA, 2014; ALVES, 2012).
104 Para aquisição da certificação e manejo do processo de Acreditação, há
necessidade de práticas de gestão modernas e inovadoras (ALVES, 2012). Por isso,
considera-se importante que estudos sobre a percepção de gestores que lidam
diretamente com esse sistema sejam realizados, inclusive no que tange às vantagens e
dificuldades relacionadas à Acreditação, a fim de elucidar questões que possam
direcionar as suas próprias tomadas de decisão, ou ainda, daqueles que almejam
aderir/buscar a certificação.
Ante ao exposto, questiona-se: Como gestores da qualidade hospitalar percebem
as vantagens e dificuldades advindas da Acreditação?
Objetivo
Apreender as percepções de gestores da qualidade hospitalar quanto às
vantagens e dificuldades advindas da Acreditação.
Materiais e Método
Pesquisa descritivo-exploratória, qualitativa, realizada no mês de maio de 2014,
com gestores da qualidade de quatro hospitais do Sul do Brasil, assim relacionados com
a Acreditação nacional: Hospital Acreditado; Acreditado Pleno; Acreditado com
Excelência e certificação cancelada.
Como critério de inclusão, considerou-se: ser o gestor da Acreditação, ou seja,
exercer cargo de responsabilidade à implantação e manejo do sistema na organização
hospitalar. Participaram cinco gestores da qualidade hospitalar (GQH1, GQH2,...
GQH5), pois no hospital Acreditado Pleno, havia dois gestores responsáveis pelo
manejo da Acreditação, enquanto nos demais, essa atribuição era designada a um único
gestor.
Após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos
participantes, realizou-se entrevista semiestruturada pré-agendada, gravada e norteada
pela questão: Conte-me sobre as vantagens e dificuldades de obter e manter a
certificação pela Acreditação. Os relatos foram transcritos na íntegra e, posteriormente,
submetidos à análise de conteúdo, na modalidade temática, respeitando-se as etapas de
pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados (BARDIN, 2011).
Após tratamento analítico, os resultados foram sumarizados nas seguintes
categorias: “Vantagens resultantes da Acreditação hospitalar” e “Dificuldades
105 relacionadas à implantação e manutenção da Acreditação hospitalar”, cada qual com
duas subcategorias.
As exigências éticas e legais vigentes foram cumpridas e esta pesquisa se
encontra registrada sob o n.º de CAAE: 28867014.7.0000.0104 e Parecer n.º
691.924/2014 do Comitê Permanente de Ética em Pesquisas Envolvendo Seres
Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Discussão de Resultados
As vivências e experiências abordadas pelos gestores da qualidade entrevistados
neste estudo coadunam com o fato de que a Acreditação hospitalar está embasada em
práticas gerenciais dinâmicas e modernas que resultam em vantagens multifacetadas
para a instituição (OLIVEIRA, 2014). Todavia, para a implantação e manutenção dessa
certificação, algumas dificuldades foram pontuadas pelos participantes.
Vantagens resultantes da Acreditação hospitalar
A certificação pela Acreditação hospitalar possibilita vantagens diretamente
relacionadas com a melhoria da qualidade do gerenciamento, pois favorece a gestão
participativa, inovadora e ativa, onde a busca incessante por melhorias contínuas e
manutenção de ações bem-sucedidas são primordiais (ALVES, 2012; MANZO et al.,
2012). Neste sentido, na subcategoria vantagens à qualidade do gerenciamento, os
gestores da qualidade pontuaram:
[...] Acho que são as questões do gerenciamento mesmo. A Acreditação facilita o
gerenciamento [...] você começa a nortear. Para onde eu quero ir, quando eu quero chegar.
Então, essa foi a grande diferença (GQH4).
Acredito que a gente [através da Acreditação] consegue ter os processos muito mais
mapeados, mais bem definidos (GQH2).
Os excertos indicam que as melhorias gerenciais são produto da Acreditação.
Para isso, é indispensável que o gerenciamento se paute na padronização das atividades,
com minimização de riscos e mapeamento de processos assistenciais (MANZO et al.,
2012).
Além do planejamento, houve menção de que a Acreditação influencia na
satisfação das pessoas:
[...] organização dos seus processos [...] Discussão clara do que tem planejamento
na instituição. Organização da sua estrutura para a satisfação das necessidades dos seus
clientes internos e externos (GQH3).
106 O excerto GQH3 explicita que as vantagens advindas da Acreditação extrapolam
as questões administrativo-burocráticas, viabilizando melhorias assistenciais. Esse
resultado converge à subcategoria vantagens à qualidade da assistência, com os
seguintes relatos:
[...] você foca em quem é o interessado: o cliente. O dia que você centraliza o cliente
nesses processos de atendimento, tudo se resolve (GQH3).
Em relação ao paciente, eu acho que é a soma. Tanto no nível 1, como nos níveis 2 e 3,
o foco é sempre o paciente (GQH5).
A Acreditação foi apontada também, como um sistema de gestão da qualidade
que coaduna para a melhoria do cuidado, com influência sobre a segurança do paciente:
Então, assim: eu não vou deixar de errar, eu vou minimizar. Então, saber que por mais
que existam dificuldades, a gente ainda tem processos estabelecidos e que a gente sempre
almeja a melhoria daquele atendimento para a segurança do paciente, eu acho que essa é a
vantagem número um da Acreditação (GQH2).
O depoimento de GQH2 denota a segurança do paciente como outra grande
vantagem advinda da Acreditação hospitalar. Isso é importante porque, a Acreditação,
intenta promover melhorias em todos os setores do atendimento à saúde.
De modo geral, percebe-se que as vantagens advindas da Acreditação se
relacionam ao gerenciamento hospitalar, mas se à assistência. Para que isso seja
possível, certamente é necessário trabalho árduo, já que existem potenciais dificuldades,
especialmente relacionadas à implantação e manutenção da certificação.
Dificuldades relacionadas à implantação e à manutenção da Acreditação
hospitalar
Especialmente nas etapas de implantação e manutenção da Acreditação, a voz
dos gestores sinalizam às dificuldades vivenciadas, principalmente àquelas relacionadas
a cultura organizacional e à rotatividade de pessoal.
No
que
concerne
à
subcategoria
dificuldades
relacionas
à
cultura
organizacional, os participantes mencionaram:
A dificuldade maior é aquela questão de quebrar o paradigma. Tem lá, a questão da
cultura. Querendo ou não, você vai ter que quebrar paradigmas [...]. No começo foi muito
difícil, mas nós conseguimos (GQH4).
Eu acho que o grande desafio da qualidade e da segurança do paciente é você
implantar a cultura da qualidade na organização [...]. A implantação da cultura, eu acho que é
o maior desafio (GQH2).
A questão da cultura organizacional como um problema de gestão pode ser
intensificada no contexto dos hospitais, já que a peculiaridade do serviço e as heranças
107 históricas, desfavoráveis às mudanças, influenciam negativamente na mudança de
cultura.
Outra dificuldade elencada à manutenção da Acreditação deu origem à
subcategoria dificuldades relacionadas à rotatividade de pessoal:
Nós estamos com muita dificuldade [para manter o processo de Acreditação] de mãode-obra. Você prepara para o mercado hoje e amanhã, você não tem mais o profissional para
atender com qualidade e segurança (GQH4).
Então, essa rotatividade dos colaboradores, de ter que treinar sempre, me desgasta
muito e encarece o processo trabalho (GQH2).
A rotatividade de pessoal (ou turn over) é um importante indicador de gestão da
qualidade e que se alia ao aumento de custos devido à necessidade de treinamento de
novos trabalhadores (GABRIEL et al., 2011). Especialmente na área da enfermagem, a
rotatividade de pessoal pode influenciar negativamente na segurança e na qualidade da
assistência porque, a enfermagem atua no cuidado direto ao paciente e, perfaz o maior
contingente de trabalhadores dos hospitais.
Conclusão e Considerações Finais
Constatou-se que as vantagens advindas da Acreditação se referem à qualidade
gerencial e, também, assistencial, inclusive com possibilidade de melhorias na
segurança do paciente. Contudo, para que a Acreditação seja implantada e mantida,
torna-se necessário superar dificuldades referentes à cultura organizacional e à
rotatividade de pessoal.
O fato de este estudo ter foco na percepção de gestores da qualidade, pode
impulsionar a implantação da Acreditação, já que estes são os responsáveis em manejar
o processo. Apesar disso, limitações relacionadas ao recorte transversal e entrevistas
pontuais foram evidenciadas, sinalizando à necessidade de novas investigações com
participantes de diversas localidades e outros objetos de estudo, como por exemplo, a
mensuração do impacto da Acreditação na qualidade do atendimento e na segurança do
paciente.
Referências
ALVES, V. L. S. Gestão da qualidade: ferramentas utilizadas no contexto
contemporâneo da saúde. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2012.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
108 GABRIEL, C. L.; MELO, M. R. A. C.; ROCHA, F. L. R.; BERNARDES, A.;
MIGUELACI, T.; SILVA, M. L. P. Utilização de indicadores de desempenho em
serviço de enfermagem de hospital público. Rev. Latino-Am. Enferm., Ribeirão Preto,
v. 19, n. 5, 9 telas, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n5/pt_24.pdf>. Acesso em: 15 set. 2014.
MANZO, B. F.; BRITO, M. J. M.; CORRÊA, A. R. Implications of hospital
accreditation on the everyday lives of health care professionals. Rev. Esc. Enferm.
USP, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 388-394, 2012.
OLIVEIRA, J.L.C. Compreendendo a acreditação hospitalar na perspectiva de
gestores e de trabalhadores. 2014. 117 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)–
Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Drª. Laura Misue Matsuda. Maringá,
2014.
ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO. Manual das organizações
prestadoras de serviços de saúde. Brasília, DF, 2014.
109 ATUAÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM NO BANCO DE LEITE
HUMANO (BLH) DO HUM
Andressa Hirata Cervilheri
Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Deise Serafim
Enfermeira. Professora doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade
Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Christyna Beatriz Genovez Tavares
Enfermeira. Coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Universitário de
Maringá.
E-mail: [email protected]
Bruna Rodrigues Souza
Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Letícia Yatsuda Bernardo
Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Sueli Mutsumi Tsukuda Ichisato
Enfermeira. Professora doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade
Estadual de Maringá, coordenadora do projeto de extensão Acadêmicos de Enfermagem
no Banco de Leite Humano.
E-mail: [email protected]
Resumo
O Banco de Leite Humano é um centro de lactação ligado a um hospital de atenção
materna e infantil, especializado em promover, proteger e apoiar o aleitamento materno,
sendo também responsável pela execução de coleta da produção lática da nutriz,
seleção, classificação, processamento e controle de qualidade do leite humano, para
posterior distribuição sob prescrição médica ou de nutricionista. O projeto de extensão
“Atuação do Acadêmico de Enfermagem no Banco de Leite Humano (BLH) do
Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM)” possibilita a participação dos
acadêmicos nas atividades de enfermagem desenvolvidas no BLH, conferindo-lhes
maior experiência prática e vivências, levando ao aprimoramento na formação
profissional nesta área. O presente relato de experiência tem como proposta descrever as
atividades desenvolvidas no BLH do HUM por acadêmicas de enfermagem, da
Universidade Estadual de Maringá, nos oito anos de existência do projeto. Atuaram 45
acadêmicas do curso de enfermagem, tendo sido 11 bolsistas, às quais são atribuídas o
desenvolvimento de pesquisa na área e apresentação dos resultados em eventos
científicos. As demais atividades estão relacionadas a orientações sobre os benefícios do
leite materno e ao manejo da lactação. O projeto capacita as acadêmicas a atuarem de
forma segura e com conhecimento no manejo do aleitamento materno e nos problemas
110 da lactação, bem como possibilita o desenvolvimento de habilidades de comunicação
com a nutriz, que implica em acolher e ajudar, contribuindo com o sucesso da
amamentação. Além disso, vivenciam o funcionamento de um banco de leite humano e
o trabalho em equipe multiprofissional.
Palavras Chave: Banco de Leite Humano; Amamentação; Enfermagem.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos de vida
Introdução
O projeto de extensão “Atuação do Acadêmico de Enfermagem no Banco de
Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM)”
possibilita o aprimoramento na formação profissional no manejo clínico da
amamentação e funcionamento de bancos de leite humano (BRASIL, 2006; BRASIL,
2008).
Objetivo
Divulgar as atividades desenvolvidas no BLH do HUM por acadêmicas de
enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá, nos oito anos de existência do
projeto.
Materiais e Métodos
Trata-se de um relato de experiência no período de oito anos de existência do
projeto.
Discussão de Resultados
Atuaram 45 acadêmicas do curso de enfermagem, tendo sido 11 bolsistas. As
bolsistas têm atribuição de desenvolver pesquisa na área e apresentar os resultados em
eventos científicos obtendo publicações de resumos e artigos. Com a finalidade de
capacitação básica para iniciar as atividades de orientação e assistência à clientela alvo,
as estudantes realizam o curso de Manejo Clínico da Lactação, com duração de 20
horas. Com este conhecimento, iniciam as atividades no alojamento conjunto da
unidade de ginecologia e obstetrícia do HUM que segue a rotina da IHAC - Iniciativa
Hospital Amigo da Criança (OMS, 2001): informações sobre os benefícios do leite
materno e o manejo da lactação. Ensinam a técnica do copinho para as mães
impossibilitadas de amamentar. As orientações são oferecidas a grupo de gestantes e
111 puérperas do alojamento conjunto ou, individualmente, onde são esclarecidas as dúvidas
e entregues folders informativos. É realizado o exame clínico das mamas para avaliar o
tipo de mamilo, a presença de lesões e ingurgitamento. É demonstrada a técnica de
ordenha manual. São atendidas, também, mães de bebês internados em UTI-Neonatal ou
UTI-Pediátrica. Foram assistidas 551 mães e seus bebês. Recebem atendimento mães
que tiveram bebês em outros serviços e estão com dificuldades no aleitamento materno.
O total destes atendimentos foi de 327. As acadêmicas aprendem a orientar o manejo da
lactação e atuar na resolução de problemas de forma prática e integrada com uma equipe
multiprofissional (médico, fonoaudióloga, enfermeiras, técnicas de enfermagem,
psicóloga e nutricionista). A assistência de enfermagem é desenvolvida por meio da
escuta qualificada, do apoio e conforto às mães e familiares, sob a supervisão da
coordenadora do projeto, bem como das funcionárias do setor (JUNGES et al., 2010).
As acadêmicas do projeto aprendem a rotina da pasteurização do leite materno, desde o
recebimento do leite das doadoras externas, acondicionamento e posterior processo de
qualificação e pasteurização do leite materno. Preenchem as fichas de cadastro de
doadoras, fazem ligações telefônicas para as doadoras cadastradas para confirmar a
visita domiciliar e acompanham as profissionais de enfermagem do BLH nas visitas
domiciliares. A assistência oferecida no domicílio qualifica o leite recebido, pois as
doadoras recebem orientações de higiene do ambiente e da geladeira. É explicada a
ordenha, utilizando o kit de higiene (touca, máscara, frasco esterilizado, folder
explicativo e etiqueta de identificação), o transporte e o armazenamento adequado do
leite ordenhado. As alunas incentivam a amamentação exclusiva durante os primeiros
seis meses de vida da criança. Quando ocorre excesso na produção do leite materno, as
mesmas são incentivadas a doar o leite excedente.
Conclusão e Considerações Finais
A atuação no projeto capacita as acadêmicas a atuarem de forma mais segura e
com conhecimento no manejo do aleitamento materno e nos problemas frequentes da
lactação. Possibilita o desenvolvimento de habilidades de comunicação com a nutriz,
auxiliando-a na tomada de decisões com maior confiança contribuindo, assim, com o
sucesso da amamentação. E, ainda, vivenciam todo o funcionamento de um banco de
leite humano e o trabalho em equipe multiprofissional. Pode-se afirmar, ainda, que a
vivência adquirida propicia melhor compreensão da importância da assistência
112 educativa em alojamento conjunto e da rotina de hospital amigo da criança para
favorecer a prática da amamentação.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
RDC nº 171, de 04 de setembro de 2006. Dispõe sobre o regulamento técnico para o
funcionamento de bancos de leite humano. Brasília, DF, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Banco de
leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos. Brasília, DF, 2008.
JUNGES, C. F.; RESSEL, L. B.; BUDÓ, M. L. D.; PADOIN, S. M. M.; HOFFMANN,
I. C.; SEHNEM, G. D. Percepções de puérperas quanto aos fatores que influenciam
o aleitamento materno. Rev Gaúcha Enferm., v. 31, n. 2, p. 343-350, 2010.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Evidências científicas dos dez passos
para o sucesso no aleitamento materno. Brasília, DF: OMS/CHD/98.9, 2001.
113 A VISITA DOMILIAR COMO INSTRUMENTO PARA INTEGRAR FAMÍLIA
E O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Carolina Dominique Dos Santos
Enfermeira. Pós-graduada em Saúde Mental. Prefeitura Municipal de Mauá da
Serra, Mauá da Serra (PR), Brasil.
E-mail:[email protected]
Célia Maria Gomes Labegalini
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá (PSE/UEM), Maringá (PR), Brasil.
E-mail: [email protected]
David Roberto do Carmo
Enfermeiro. Professor da Universidade Estadual de Londrina (PR), Brasil.
E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo desse trabalho foi compreender a visita domiciliar como instrumento para
integrar a família ao Centro de Atenção Psicossocial. Trata-se de um estudo
bibliográfico de publicações da equipe multidisciplinar sobre essa temática, utilizando
as bases de dados do LILACS, Scielo, Bireme e MEDLINE. A visita domiciliar/busca
ativa representa um instrumento que permite ao familiar um maior entendimento sobre a
patologia e formas de lidar com o seu ente doente, favorecendo assim um vínculo entre
o serviço e a família, melhorando a autonomia, reinserção e reintegração social desse
portador de transtorno mental.
Palavras Chave: Saúde Mental; Núcleo Familiar; Equipe Multidisciplinar.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
No Brasil, as lutas por uma abertura política e pela saúde pública de acesso
universal caminharam juntas, em busca de uma assistência psiquiátrica mais humana,
voltadas para a melhoria da qualidade de vida, por redes afetivas e sociais. Na saúde
mental, essa luta deu origem à chamada Reforma Psiquiátrica, impulsionada pelo
Movimento da Luta Antimanicomial (CAVALCANTI, 2008).
A Reforma Psiquiátrica é processo muito complexo que envolve o setor político
e social, e é composta de diferentes organizações, que incidem em territórios diferentes
nos governos federal, estaduais e municipais, nas universidades, nas associações de
pessoas com transtorno mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos
territórios do imaginário social e da opinião pública. Sendo um conjunto de
transformações práticas, saberes, valores culturais e sociais; é no cotidiano das
114 instituições, dos serviços e das relações interpessoais que ela avança, marcada por
impasses, tensões, conflitos e desafios (BRASIL, 2005).
A visão e o cuidado para a assistência psiquiátrica estão sendo modificados, pois
o modelo tradicionalmente hospitalocêntrico, vem sendo trocado por serviços que
prestam atendimento ao indivíduo nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), bem
como na família e sociedade, e com isso, os profissionais vem aderindo uma postura
tecno-política constante, a qual envolve a participação da comunidade. Para isso,
deveria haver maior envolvimento e compreensão das pessoas e das famílias, para que
juntos, busquem uma melhor qualidade de vida do paciente (SILVA; LIPPI; PINTO,
2005).
Os CAPS têm como função a articulação da política de saúde mental num
determinado espaço e a organização da rede de atenção às pessoas com transtornos
psíquicos, dando um atendimento de regime de atenção diária e promovendo a inserção
social desses usuários por intermédio de ações intersetoriais (CAVALCANTI, 2008).
A participação dos usuários e de seus familiares não se dá, somente nas
instâncias previstas pelas estruturas do SUS, mas sim, no cotidiano desses serviços, nos
movimentos sociais, na luta pela sociedade sem manicômios. Com isso, os usuários e
familiares vêm conseguindo garantir seus direitos, apoiando-se mutuamente e alterando
as políticas públicas e a terrível cultura, a qual ainda considera que deve ocorrer a
exclusão desses indivíduos na sociedade. O grande desafio da Reforma Psiquiátrica é
construir um novo lugar social para esses excluídos, que ainda são taxados de “loucos”
(BRASIL, 2005).
Objetivo
Compreender a visita domiciliar como instrumento para integrar a família ao
Centro de Atenção Psicossocial.
Materiais e Métodos
Neste trabalho utilizou-se a modalidade de pesquisa bibliográfica, que foi
definida a partir de referências teóricas publicadas em documentos. A qual procura
conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existente sobre
determinado assunto, tema ou problema (CERVO; BERVIAN, 1983). Utilizou-se a base
de dados LILACS (Literatura Latino Americana de Ciências da Saúde), Scielo e
115 Medline, que se encontram disponíveis na rede da Biblioteca Setorial do Centro de
Ciências de Saúde, para a busca do material analisado.
Através das palavras chaves Saúde Mental; Equipe Multidisciplinar e Núcleo
Familiar, encontrou-se 8.173 publicações, onde 25 artigos foram utilizados, devido os
seguintes critérios: idioma português, com publicações dos últimos 10 anos,
compreendendo o ano de 2000 a 2010, e referentes ao CAPS.
O material analisado foi analisado através da abordagem qualitativa. Os
trabalhos foram agrupados pelos significados manifestos sobre as estratégias de
inserção familiar. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo Temática
pela sua proposta de organização para estruturação do conteúdo pautado em três polos
cronológicos: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados
(BARDIN, 2002).
Discussão de Resultados
A visita domiciliar é considerada uma medida de intervenção de saúde, que
averigua o objeto dos problemas e as necessidades de saúde de um núcleo familiar, com
a ajuda de uma equipe multidisciplinar que coloca em pauta o aprimoramento de
escolhas saudáveis e cabíveis (BRASIL, 2007).
A visita domiciliar vem para promover a participação familiar no conjunto com
a equipe multidisciplinar. Com essa atividade é possível que a equipe conheça a
dinâmica familiar e compreenda o relacionamento desse meio, salientando também um
vínculo entre a família e a equipe, em busca de um melhor tratamento para esse paciente
(BRASIL, 2007).
Esse tipo de assistência ressalta a importância de direcionar uma pessoa da
família à compreensão das experiências relacionadas ao sofrimento mental, às ações de
prevenção e cura (SAIDEL et al., 2007).
A visita domiciliar é uma prática assistencial, a qual se define em um cuidado
mais perspicaz com a família e o usuário, pois propicia o acolhimento no meio no qual
habitam. Mostra o quanto importante é, pois nos dá modos alternativos nos cuidados,
através da real visão que esses usuários e familiares necessitam (SAIDEL et al., 2007).
O cenário domiciliar permite uma assistência diferenciada, atendendo todo o
núcleo familiar, não somente o doente. Salientando que a doença não atinge somente o
individuo, mas todos aqueles que os rodeiam, pois estão no mesmo convívio diário
(SAIDEL et al., 2007).
116 Por ser uma atividade que envolve uma equipe multidisciplinar, facilita a
identificação de quais famílias estão ou não participando das atividades que o CAPS
fornece quais são as maiores dificuldades que elas têm no cuidado com o seu familiar
com psicopatologia, com isso ocorre à aproximação entre a família e o núcleo familiar
facilitando um cuidado adequado para o paciente, através da fundamentação na
realidade experimentada (BRASIL, 2007; SAIDEL et al., 2007).
O atendimento prestado por essa equipe consiste nas ações que visam a melhora
da qualidade de vida do paciente e de sua família como um todo, de forma a colaborar
com esse portador afim de coloca-lo na reintegração social, diminuir ou eliminar os
surtos e tornar esse núcleo familiar mais participativo, sempre cooperando e
colaborando com o mesmo e com os profissionais de saúde (CAVALCANTI, 2008).
A inserção no domicílio faz com que os profissionais utilizem a humildade,
respeito, criatividade e paciência, pois é uma estratégia que exige atenção que abre
espaço para o acolhimento, cuidado eficaz e humanizado, relacionamento terapêutico e
aceitação da família (6).
Através da visita domiciliar, ocorre a possibilidade da equipe compreender e
intervir no cuidado desse individuo doente. Tendo um modo de intervir preservando a
vida de cada um dessa família, com a finalidade de aumentar as possibilidades de
acordo com o meio em que vivem, para que sua potencialidade fique mais eficaz (6).
A família sente que nesse serviço ocorre comprometimento, acolhimento das
necessidades e responsabilidade por parte da equipe que ultrapassa a estrutura física das
práticas assistenciais. Para a equipe, esse modo de trabalho faz com que veja se esse
núcleo familiar está distante do serviço, com alguma dificuldade com relação ao
cuidado ou até mesmo sem ela tem horário que não possibilita a sua ida ao CAPS (14).
Esse modo da prática assistencial é importante porque une a equipe
multidisciplinar, a comunidade e a família fazendo fluir as ideias desse serviço (19).
Essa estratégia auxilia essa família, retirando suas dúvidas sobre o medicamento
ou da patologia do seu portador. Sendo necessário enquadra lá para ser tratada, expondo
suas dificuldades, anseios, medos, angústias e ansiedades, realizando um acolhimento.
Salientando também a constituição da família, a sua interação, comunicação e
relacionamento, para que seja elaborado um plano de cuidados específico, e de acordo
com a necessidade dela (9).
Porém, devemos colocar a responsabilidade nessa família, pois durante os dias
de trabalho do CAPS haverá dias em que não será possível a ocorrência de visita
117 domiciliar, com isso, essa família tem que estar ciente que ela tem responsabilidade com
esse doente (16).
Vimos que através da visita domiciliar e busca ativa, temos uma visão real desse
ambiente familiar, vemos quais são suas dificuldades, relacionamento, o histórico
familiar, podendo intervir de modo mais eficaz, tirando seus mitos e estigmas, fazendo
com que eles se sintam importantes e com isso possam colaborar mais e melhorar o
tratamento do portador de psicopatologia.
Conclusão e Considerações Finais
A visita domiciliar é um instrumento que aproxima a equipe multiprofissional
de saúde as famílias dos usuários do CAPS, pois permite compreender mais
profundamente as relações e a organização daquele núcleo familiar, dessa forma
promove o vínculo entre família e o serviço, e os benefícios refletem no cuidado do
paciente.
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Política nacional de Promoção da Saúde. 2. ed. Série Pactos
pela Saúde 2006, v.7, Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007. 52p.
BRASIL. Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil. In:
Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de
Caracas, nov. 2005. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. p. 1-56. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>. Acesso
em: 02 maio 2015.
CAVALCANTI, M. T. A. Reforma Psiquiátrica brasileira: ajudando a construir e
fortalecer o Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública, v. 24, n. 9, p. 1962-1963,
2008.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia cientifica: para uso dos estudantes
universitários. 3. ed. São Paulo: MC Graw-Hill do Brasil, 1983.
SILVA, V. A.; LIPPI, P. C. M.; PINTO, C. J. M. Doença mental: dificuldades
enfrentadas pela família e o familiar - cuidador. 2008. Disponível em:
<http://74.125.93.132/search?q=cache:s9kOJzQ7U7YJ:www.seufuturonapratica.
com.br/intellectus/PDF/02_ART_Enfermagem.pdf+DOEN%C3%87A+MENTAL+(LI
NO,1997)&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 02 maio 2015.
118 SAIDEL, M. G. B.; TOLEDO, V. P.; AMARAL, G. R.; DURAN, E. C. M. O
enfermeiro psiquiátrico numa instituição estatal: estudo exploratório descritivo. Rev.
Gaúcha de Enfermagem, v. 28, n. 2, p. 200-206, 2007.
119 DO DIAGNÓSTICO AO DESCONHECIDO: PERCEPÇÕES DOS
FAMILIARES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES
MELLITUS
Rafael Rodrigo Da Silva Pimentel
Acadêmico do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá UniCesumar.
E-mail: [email protected]
Thaise Targa
Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário de Maringá - UniCesumar.
E-mail: [email protected]
Leandro Mocci Do Nascimento
Acadêmico do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá UniCesumar.
E-mail: [email protected]
Marcia Glaciela Da Cruz Scardoelli
Mestre em Enfermagem, Docente no curso de Enfermagem do Centro Universitário de
Maringá - UniCesumar.
E-mail: [email protected]
Resumo
O Diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crônica que afeta milhares de pessoas em todo
o mundo, principalmente jovens e crianças. A presença da doença crônica na criança
gera na família profundas transformações no contexto social e familiar, fazendo com
que essas famílias, muitas vezes, modifiquem seus hábitos e costumes. Esta pesquisa é
do tipo exploratório descritiva de natureza qualitativa, cujo objetivo foi compreender a
vivência da família de criança e adolescente com diabetes mellitus. Participaram desse
estudo onze familiares de crianças e adolescentes portadoras de diabetes mellitus, sendo
todas pertencentes à Associação de Diabéticos de Maringá (ADIM). Os dados foram
coletados em setembro de 2012, por meio de um questionário semi estruturado. Da
análise temática dos dados emergiram duas categorias temáticas: Vivenciando o
diagnóstico; Sendo transformado pela doença. Constatamos que o diagnóstico é um
momento que gera desespero, sofrimento e ansiedade, e após a sua vivência, a vida se
transforma, tendo a família que se adaptar a lidar com seus incômodos físicos,
emocionais e sociais. Palavras Chave: Diabetes mellitus; Enfermagem; Família.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução A incidência do diabetes mellitus do tipo 1 é de aproximadamente 0,5 casos
novos para cada 100.000 habitantes por ano, sendo as crianças, os adolescentes e os
120 adultos jovens os principais acometidos, e a maior idade de ocorrência acontece na
adolescência. Vários estudos apontam que a principal incidência mundial do diabetes
mellitus do tipo 1 está em crianças menores que 5 anos de idade (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2012).
O diabetes mellitus do tipo 1 (DM1) é uma doença de cunho metabólico
autoimune e multifatorial, que provoca o excesso de glicose no sangue, podendo
ocasionar complicações ópticas, vasculares, renais e neurológicas (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2012).
O apoio social, as relações familiares e a confiança depositada nos profissionais
da saúde influenciam no autocuidado e no autocontrole, melhorando a adesão ao
tratamento e o controle glicêmico (NASCIMENTO et al., 2011). A doença requer
cuidados especiais e exige do paciente comportamento disciplinar, obediência na
terapêutica e conhecimento de tudo que envolva o tratamento (RUBIN; AZZOLIN;
MULLER, 2011).
Quando a doença afeta a criança ou o adolescente o abalo que essa notícia
provoca na família, na maioria das vezes, pode ser muito maior, já que é na criança que
projetam muitos dos seus sonhos e suas expectativas (MARCON et al., 2007).
Diante desse quadro, a assistência às crianças/adolescentes e seus familiares
devem visar o viver saudável, indo além do conhecimento sobre as alterações físicas e
psíquicas do diabetes, sendo de extrema importância compreender as experiências
construídas por essas pessoas no processo de viver com a doença (FRAGOSO et al.,
2010).
Objetivo
Compreender a vivência da família de criança e adolescente com diabetes
mellitus.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo tipo exploratório descritivo de natureza qualitativa.
Fizeram parte deste estudo onze familiares de crianças e adolescentes que possuem o
diagnóstico de Diabetes mellitus tipo 1 (DM1). A idade das crianças e adolescentes
variou de 5 a 17 anos. Adotou-se como critério de inclusão: ser da família de
criança/adolescente com DM1; ter idade igual ou superior a 18 anos; estar consciente e
orientado no tempo e espaço; independente das funções que exerça; do nível social; da
121 escolaridade e que aceitaram livre e espontaneamente a participar da pesquisa e
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Essas famílias foram
localizadas através do cadastro de seus filhos na Associação dos Diabéticos de Maringá
e Região (ADIM), após a autorização do mesmo. O primeiro contato do pesquisador
com os sujeitos da pesquisa foi por telefone, no qual foi falado sobre os objetivos da
pesquisa e mediante a aceitação foi marcado um encontro no domicílio ou em local de
preferência da família. A coleta de dados correu no período de setembro de 2012. Para obtenção dos
dados foi utilizada uma entrevista semiestrutura e um diário de campo. Essas entrevistas
foram gravadas e posteriormente transcritas na integra para análise dos dados. Após a
coleta de dados, passamos a sua exploração utilizando à análise de conteúdo,
modalidade temática proposta por Minayo, sendo identificadas duas categorias
temáticas: Vivenciando o diagnóstico; Sendo transformado pela doença. A pesquisa foi submetida à avaliação e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
do Cesumar (CEP) conforme parecer nº75645/2012, atendendo a Resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Os familiares que fizeram parte
deste estudo, foram identificados por codinomes de sentimentos que vivenciamos
durante as entrevistas: Preocupação, Superação, Serenidade, Aceitação, Apego,
Esperança, Carinho, Amor, Afetuosa, Cumplicidade e Dedicação.
Discussão de Resultados
Dessa maneira, os sujeitos dessa investigação foram constituídos por onze
familiares, das quais nove foram representados pelas mães das crianças/adolescentes e
apenas dois foram representados pelos pais. Observou-se que os familiares tem idade
compreendida entre 33 a 46 anos, sendo todos casados, com um bom grau de instrução.
Vivenciando o diagnóstico
Nos depoimentos pode-se perceber a vivência dos primeiros sinais da doença,
antes do diagnóstico médico, nos quais os familiares relataram que o filho apresentava
sede insaciável, não controle da urina e emagrecimento súbito:
[...] onde foi que ela emagreceu tanto que as perninhas dela era grossa assim e ela
emagreceu quase 5 quilos [...] (Apego); Então aconteceu assim, o G. começo a fazer muito xixi
na cama, aí eu pensava que isso não é normal [...] (Amor)
122 Na fala de Superação, pode-se evidenciar esse divisor de águas já que após a
descoberta a família procurou se reestruturar para, prioritariamente, atender as
necessidades do membro doente:
[...] ele (pai) dividiu por fotos, porque ele vê fotos e diz “a aqui ela não era doente e
nessa ela já ficou doente” e até hoje ele sofre muito e ele ainda precisa de tratamento e até hoje
ele sofre muito. (Superação) A maioria dos familiares descreveu o momento do diagnóstico como o mais
difícil de suas vidas:
Aí o mundo desaba você não ta vendo mais nada e já manda você procura
nutricionista, marca uma endócrino pediátrica, já manda fazer exercício, aquela coisa toda [...]
(Carinho) Outro ponto merecedor de destaque é o papel dos profissionais de saúde no
momento do diagnóstico da doença, o prognóstico exacerbado, ou seja, a ênfase
exagerada nos sinais e sequelas, bem como na sobrecarga de responsabilidades aos
familiares, evidenciados no depoimento de Dedicação:
[...] e as próprias enfermeira falavam “ai porque tem que se adaptar e é assim pra
sempre”, a médica também apavorou muito falou que eu tinha que me preparar para o pior,
assim me acabou e eu pensei “pronto ta morrendo”. (Dedicação) Sendo transformado pela doença As famílias de criança sem condição crônica têm o cotidiano alterado a partir do
estabelecimento do diagnóstico. Após esse impacto, uma das primeiras preocupações da
família é saber como será o futuro da criança:
Então você muda todo a sua vida de um minuto pro outro e isso é muito difícil né, e é
uma coisa pro resto da vida porque você sabe que você vai ter que lidar com aquilo pro resto
da vida. (Afetuosa) A diabetes pode ser vista como um estressor que afeta o desenvolvimento
normal da criança e do adolescente e também atinge as relações sociais dentro do
sistema familiar. A rotina da família muda com constantes visitas ao médico,
medicações e hospitalizações:
Mudança radical, quer queira, quer não, muda muito. (Dedicação) Dentre as adequações que a família tem que realizar, nesse estudo, a
alimentação é citada pela pluralidade dos familiares como a mais radical:
Ah foi total né, porque de repente a gente teve que mudar toda a alimentação e junto
com ela (filha), como era no começo, a gente mudo todos os nossos hábitos, a gente não tinha
mais refrigerante em casa [...] (Serenidade).
123 Umas das exigências que causam sentimentos de aflição, medo e sofrimento aos
pais das crianças é a aplicação da insulina. A maioria dos familiares, descreveram esse
momento como difícil no tratamento da DM1:
No inicio quando foi pra eu aplicar a insulina eu ficava meu Deus, eu não vou
conseguir, eu chorava que eu não queria fazer isso, a minha filha era um bebê, meu marido até
hoje, ele não mede, ele não aplica, ele acompanha ela mais não faz não e se eu não to em casa
tem que faze uma aplicação ele me liga pra eu fazer, ele não faz de jeito nenhum, então essa
responsabilidade foi tudo em cima de mim. (Apego) Toda essa superação é um esforço que parte das crianças/adolescentes e seus
familiares, e infelizmente os profissionais de saúde não são parte dessa vitória. Essa
dificuldade que os familiares enfrentam fica explicito na fala de Afetuosa:
Eu sinto que aqui em Maringá, falta muito esclarecimento em relação a diabetes, falta
muito apoio aos familiares das crianças diabéticas, falta movimentos, falta união entre essas
pessoas sabe?! (Afetuosa)
Conclusão e Considerações Finais
Conclui-se que o envolvimento de familiares e pessoas próximas influencia o
controle e prevenção da doença, seja de forma positiva ou negativa. Os próprios
familiares evidenciaram o quanto o surgimento de uma doença como a DM1 pode
originar sentimentos diversos, mas que na grande maioria das vezes geram esperança de
cura. E que o momento inicial, a descoberta da doença, interfere consideravelmente no
modo de vida da família e do próprio diabético. Assim, torna-se fundamental a
abordagem inicial dos profissionais de saúde, à criança e ao adolescente diabético, bem
como aos seus familiares, principalmente os enfermeiros, que historicamente, são os
profissionais que estão próximo das famílias e a realidade que esses estão inseridos.
Referências
FRAGOSO, L. V.C. et al. Vivencias cotidianas de adolescentes com diabetes mellitus
tipo 1. Texto e Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 19, n. 3, p. 443-51, 2010.
MARCON, S.S. et al. Dificuldades e conflitos enfrentados pela família no cuidado
cotidiano a uma criança com doença crônica. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 6,
n. 2, p. 411-9, 2007.
NASCIMENTO, L.C.et al. Diabetes mellitus tipo 1: evidências da literatura para o seu
manejo adequado, na perspectiva das crianças. Revista da Escola de Enfermagem da
USP, Ribeirão Preto, v.45, n. 3, p.764-9, 2011.
124 RUBIN, O.; AZZOLIN, K; MULLER, S. Adesão ao tratamento de Diabetes Mellitus
tipo 1 atendidos em um programa especializado em Porto Alegre*. Medicina, v. 44, n.
4, p. 367-76, 2011.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABESTES. Diagnóstico e tratamento do diabetes
do tipo 1: atualização 2012. Posicionamento oficial da SBD n° 1 - 2012, São Paulo,
2012, 32 p. 125 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
DO PROGRAMA REDE MÃE PARANAENSE
Fernanda de Castro Pereira
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
E-mail: [email protected]
Maria Aparecida Baggio
Doutora em Enfermagem. Docente do Ensino Superior da Unioeste.
E-mail: [email protected]
Ana Tereza Bittencourt Guimarães
Doutora em Ecologia e Recursos Naturais. Docente do Ensino Superior da Unioeste.
E-mail: [email protected]
Claudia Silveira Viera
Doutora em Enfermagem. Docente do Ensino Superior da Unioste.
E-mail: [email protected]
Sebastião Caldeira
Doutor em Enfermagem. Docente do Ensino Superior da Unioste.
E-mail: [email protected]
Ana Paula Pereira Moreira
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
E-mail: [email protected]
Resumo
Estudo descritivo, retrospectivo, com objetivo de analisar o processo de implantação e
desenvolvimento do Programa Rede Mãe Paranaense referente à estratificação de risco
da gestante, na 10ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, no período de 2012 a 2013.
As variáveis quantitativas (avaliadas por municípios) foram descritas quanto às suas
estatísticas descritivas (média, mínimo, máximo, desvio padrão). Para as análises
estatísticas estabeleceu-se um nível de significância de 0,05. Os testes foram realizados
no programa XLStat (Addinsoft, 2014). Identificou-se que, em média, 66% das
gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, ocorrendo, em média, 3,6
consultas obstétricas por gestante. Referente à cobertura de pré-natal, 18 (72%)
municípios apresentaram menos de 70% das gestantes com sete consultas obstétricas ou
mais. Referente à quantidade de consultas odontológicas e de gestantes imunizadas, não
se evidencia nenhum registro, em nenhum período (ano). A identificação de
classificação de risco das gestantes e a vinculação ao serviço de saúde para o parto não
foram evidenciadas no período do estudo. Quanto à existência comitê de análise dos
óbitos maternos, dentre os 25 municípios da 10ª Regional de Saúde do Paraná, há
Comitê de óbitos em Cascavel, contudo cada município procede a investigação das
causas de óbitos, respectivamente. Conclui-se que os índices de adesão às estratégias em
saúde não estão em conformidade ao que recomendam a Organização Mundial de
Saúde, o Ministério da Saúde, no Brasil e, principalmente o Programa Rede Mãe
Paranaense, no Paraná, Brasil, para garantir qualidade na assistência à gestante e ao
feto.
126 Palavras Chave: Assistência Pré-natal; Mortalidade Materna; Atenção Primária à
Saúde.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos de vida.
Introdução
O pré-natal efetiva-se pelo acompanhamento periódico e sistemático da gestante
e do bebê, desde a confirmação da gravidez, até momentos antes do nascimento da
criança. No estado do Paraná, a saúde da mulher e a saúde da criança são assistidas de
maneira conjunta a partir do Programa Rede Mãe Paranaense, fundamentado a partir
dos programas Rede Cegonha, do Ministério da Saúde e Mãe Curitibana, do município
de Curitiba, os quais serviram de modelo para um novo Programa de abrangência
estadual, denominado Rede Mãe Paranaense.
Rede Mãe Paranaense é um programa que visa à implantação de ações e atenção
materno-infantil, que tem como base a análise dos indicadores de mortalidade infantil e
materna, que apresentam atualmente uma diminuição lenta e desigual. É um programa
definido como prioritário, que abrange 339 municípios do Paraná. Propõe a vinculação
das gestantes a um serviço de parto solidário, que ofereça segurança e encaminhamentos
necessários para as gestantes e as crianças, conforme classificação de risco
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2012).
Objetivo
Analisar o processo de implantação e desenvolvimento do Programa Rede Mãe
Paranaense referente à estratificação de risco da gestante, na 10ª Regional de Saúde do
Estado do Paraná, no período de 2012 a 2013.
Materiais e Métodos
O estudo foi do tipo descritivo, retrospectivo. A pesquisa foi desenvolvida na 10ª
Regional de Saúde (RS), situada no município de Cascavel, Paraná, a qual comporta 25
municípios. A coleta de dados foi referente aos anos de 2010 a 2013.
Para a coleta e registro de dados foi elaborado um instrumento a partir das
matrizes do Programa Mãe Paranaense. Esse instrumento é composto dos seguintes
indicadores de avaliação: Quantidades de gestantes cadastradas no SIS-Prénatal no
município, de gestantes que iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre; de gestantes
com sete ou mais consultas obstétricas; Quantidade total de consultas obstétricas por
127 gestante; de gestantes que realizaram consultas odontológicas; de gestantes imunizadas;
de gestantes que realizaram teste rápido de gravidez, de sífilis, de HIV, de exames
realizados por trimestre gestacional, entre outros.
A partir dos dados coletados, as variáveis quantitativas (avaliadas por
municípios), foram descritas quanto suas estatísticas descritivas (média, mínimo,
máximo, desvio padrão). Para as análises estatísticas foi estabelecido um nível de
significância de 0,05, sendo os testes realizados no programa XLStat (Addinsoft, 2014).
Discussão de Resultados
Sobre as variáveis Quantidade de gestantes, Quantidade de consultas obstétricas,
Quantidade de gestantes que iniciaram o pré-natal no 1º trimestre, o registro de tais
informações iniciou apenas em 2013, não havendo informações referentes ao período
anterior (2010 a 2012).
Quanto a variável quantidade de gestantes cadastradas no SIS-Prénatal, no ano
de 2013, identifica-se que 58% dos municípios apresentam 7 a 14 gestantes / 1000 hab.;
13% dos municípios apresentam de 14,1 a 17,5 gestantes / 1000 hab.; 30% dos
municípios apresentam de 0 a 7 gestantes / 1000 hab. Quanto à consistência dos dados
do SIS-Prénatal, o estudo pode apresentar fragilidade, visto que a coleta dos dados
aponta possível incongruência entre número de habitantes e número de gestantes
cadastradas no sistema. Exemplo disso é o município de Cascavel, PR, que, segundo
dados do IBGE (2015), possui uma população superior a 300 mil habitantes, e, no
entanto, apresenta cinco gestantes cadastradas no ano de 2013.
Ao avaliar a quantidade de gestantes que iniciaram o pré-natal no primeiro
trimestre, em média, 66% das gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre. Em
52% municípios, mais de 70% das mulheres iniciam o pré-natal no primeiro trimestre.
Porém, em 48% municípios, menos de 70% das gestantes iniciam o pré-natal no
primeiro trimestre.
A atuação das equipes de saúde da atenção básica visa à captação precoce das
gestantes de sua área de atuação para início do pré-natal e o monitoramento das
gestantes por meio da visita domiciliar, considerando prioritárias àquelas em situações
de risco e recorrendo à busca ativa, se necessário (SECRETARIA DE ESTADO DA
SAÚDE DO PARANÁ, 2012). No entanto, provavelmente a falta de sensibilização das
gestantes pelos profissionais de saúde para ingressarem precocemente no serviço, a falta
de informação das mães sobre a importância desse atendimento, a busca ativa e
128 captação de gestantes não eficazes ou falta de vínculo entre profissional de saúde e
gestante (VILARINHO, NOGUEIRA E NAGAHAMA, 2012) podem justificar o início
tardio do pré-natal.
Referente ao ano de 2013, quanto à cobertura de pré-natal, 72% municípios
apresentaram menos de 70% das gestantes com sete consultas obstétricas ou mais.
Identificou-se, em média, 3,6 consultas obstétricas por gestante. Salienta-se que o
preconizado pelo Programa Rede Mãe Paranaense totaliza sete consultas.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que as gestantes realizem, no
mínimo, quatro consultas durante o período gestacional (WHO, 2015). No Brasil, o
Ministério da Saúde (2012), de acordo com o Programa de Humanização do Pré-natal e
Nascimento, instituído por meio da Portaria/GM n.569, de 1/6/2000, preconiza a
realização de, no mínimo, 6 consultas no pré-natal e uma no puerpério (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2002). No Estado do Paraná, Brasil, o Programa Rede Mãe Paranaense
segue as recomendações do Ministério da Saúde, discriminando que das consultas a
serem realizadas, uma deve ocorrer no primeiro trimestre gestacional, duas no segundo
trimestre, três no terceiro trimestre e uma no puerpério (SECRETARIA DE ESTADO
DA SAÚDE DO PARANÁ, 2012).
Portanto, conforme o estudo, os dados de cobertura do pré-natal encontrados não
estão em consonância com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (WHO,
2015), com os critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento, do
Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002), nem com o que preconiza o
Programa Rede Mãe Paranaense (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO
PARANÁ, 2012), sendo também inferiores aos de outras realidades brasileiras
(POLGLIANE et al., 2014; VIELLAS et al., 2014; ROCHA, SILVA, 2012).
Sobre a variável Quantidade de consultas odontológicas e gestantes imunizadas,
não há evidência de registro em nenhum período. Atribui-se a esses achados que,
provavelmente não tem ocorrido o adequado registro dessas informações nos sistemas
de saúde. Contudo, assevera-se que é a partir dos registros / dados da realidade em
saúde de uma determinada população que se determinam as ações e estratégias para
promoção da saúde, prevenção de doenças e assistência em saúde (POGLIANE, NETO,
ZANDONADE, 2014).
Quanto à realização de exames e testes rápidos, responsáveis por detectar
precocemente possíveis problemas de saúde da mãe ou do feto, como diabetes, AIDS,
sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatite, entre outros, identifica-se baixa porcentagem de
129 mães que realizaram os exames / testes de HIV e sífilis, situação que alega a baixa
aplicabilidade desses pelos profissionais de saúde (POGLIANE et al., 2014).
Conclusão e Considerações Finais
De acordo com o que é preconizado pelo Programa Rede Mãe Paranaense, os
municípios da 10ª Regional de Saúde do Estado do Paraná obtiveram resultados
insatisfatórios no que diz respeito ao início do pré-natal no primeiro trimestre de
gestação, visto que em sua totalidade, não alcançaram nem 70%. Além disso, neste
estudo, também foram encontradas fragilidades relacionadas à falta de informações
referentes aos dados de quantidade de gestantes imunizadas e quantidade de mulheres
que realizaram consultas odontológicas.
Considerando os dados que foram obtidos, outros estudos devem ser realizados
para que seja possível avaliar as ações de saúde e seus registros, com o objetivo de
melhorar a qualidade e as condições de assistência à mulher gestante. Entendemos que
as ações em saúde têm melhorado a cada dia, porém, é necessário que os índices de
adesão às estratégias em saúde atendam o que recomendam a Organização Mundial de
Saúde, o Ministério da Saúde, no Brasil e o Programa Rede Mãe Paranaense, no Paraná,
Brasil, para que seja possível garantir uma qualidade na assistência à gestante e ao feto.
Referências
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2015. Disponível
em:<http://www.who.int/gho/maternal_health/reproductive_health/antenatal_care
_text/en/>. Acesso em 22 de janeiro de 2015.
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Humanização no parto. Humanização no Pré-natal e Nascimento. Brasília, DF, 2002.
Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto.pdf>. Acesso em 12
de fevereiro de 2015.
POLGLIANE, Rúbia Bastos Soares et al. Adequação do processo de assistência prénatal segundo critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e da
Organização Mundial de Saúde. Ciênc. saúde coletiva, 2014, v. 19, n. 7, pp. 1999 –
2010.
POGLIANE, Rúbia Bastos Soares; NETO, Edson Theodoro dos Santos;
ZANDONADE, Eliana. Informações dos cartões de gestantes e dos prontuários da
atenção básica sobre assistência pré-natal. Rev Bras Ginecol. Obstet. 2014, v.36, n.6,
pp. 269-275.
130 ROCHA, Rebeca Silveira; SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Assistência pré-natal na
rede básica de Fortaleza – CE: uma avaliação da estrutura, do processo e do resultado.
Rev Bras Promoç Saúde. 2012, v. 25, n. 3, pp. 344-355.
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ. Programa Rede Mãe
Paranaense. Linha guia. Paraná, 2012.
VIELLAS, Elaine Fernandes, et al. Assistência pré-natal no Brasil. Cad. Saúde
Pública. 2014, v.30, supl. 1.
VILARINHO, Lílian Machado; NOGUEIRA, Lidya Tolstenko; NAGAHAMA,
Elizabeth Eriko Ishida. Avaliação da qualidade da atenção à saúde de adolescentes no
pré-natal e puerpério. Esc Anna Nery. 2012, v. 16, n. 02, pp.312-319.
131 TECNOLOGIA EDUCACIONAL IMPRESSA DA PARA COGNIÇÃO DE
IDOSOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Geisieli Maria Sgrignoli Dias
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
E-mail: [email protected]
Rayane Nascimbeni Maldonado
Acadêmica do Curso de Enfermagem da UEM. Aluna bolsista do Programa Centro de
Referência do Envelhecimento (PROCERE), Maringá (PR), Brasil
E-mail [email protected]
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. PROCERE/UEM, Maringá (PR), Brasil.
E-mail: [email protected]
Célia Maria Gomes Labegalini
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UEM
Maringá (PR), Brasil
. E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem UEM
Maringá (PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Lígia Carreira
Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da UEM, Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
Este estudo relata a experiência dos acadêmicos de enfermagem durante a elaboração de
uma tecnologia educacional impressa para a cognição dos idosos, atendidos pelo projeto
de extensão: Assistência domiciliar de Enfermagem às Famílias de Idosos Dependentes
de Cuidado (ADEFI) vinculado ao Programa Centro de Referência do Envelhecimento
(PROCERE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). A tecnologia educacional
impressa foi desenvolvida no período de janeiro e fevereiro de 2015 pelos integrantes
do referido projeto que optaram por desenvolver um folheto composto por exercícios
simples de estimulação cognitiva, pautado na questão: “Você sabe como estimular sua
memória?”, tendo em vista que esta temática tem sido amplamente discutida por vários
estudiosos em diversas áreas da saúde, em especial no envelhecimento ativo, o mesmo
foi realizado para ser aplicado na sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde
localizada no município de Maringá-Paraná.
Palavras Chave: Envelhecimento; Tecnologia Educacional; Enfermagem.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
132 Introdução
O envelhecimento populacional é um fato marcante do século XXI e foi
resultante das evoluções científica, tecnológica e social que aconteceram no século
anterior. O aumento da expectativa de vida é, portanto, um grande desafio para os
setores sociais (MENDONÇA et al., 2013; DANTAS et al., 2015).
O envelhecer traz novas demandas, sobretudo de cuidado e organização dos
serviços de saúde. Nesse sentido, conhecer as necessidades de saúde dos idosos torna-se
imprescindível para a gestão e para o cuidado permitindo a promoção da saúde. Nesse
contexto, as práticas educativas integram-se aos cuidados de enfermagem, objetivando
construir
em
conjunto
saberes
relativos
ao
processo
saúde-doença-cuidado
(SANTIAGO; LUZ, 2012; BORBA et al., 2012).
Afirma-se que as práticas educativas podem fomentar tecnologias educacionais
na medida em que os materiais forem elaborados a partir dos resultados concretos das
experiências cotidianas e da pesquisa, em conjunto com os conhecimentos científicos,
provocando intervenções sobre uma determinada situação prática (TEIXEIRA, 2010).
Dessa forma, o uso da tecnologia educacional impressa pode auxiliar na
manutenção cognitiva durante o envelhecimento.
Objetivo
Relatar
a
experiência
dos
acadêmicos
de
enfermagem
durante
o
desenvolvimento de uma tecnologia educacional impressa para a promoção cognitiva
dos idosos.
Materiais e Métodos
Trata-se de um relato de experiência baseado nas atividades de planejamento e
elaboração de uma tecnologia educacional impressa para a promoção da memória dos
idosos, realizadas por acadêmicos de Enfermagem do projeto “Assistência Domiciliar
de Enfermagem às famílias de Idosos Dependentes de Cuidado” (ADEFI), vinculado ao
Programa Centro de Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Estadual de
Maringá (UEM).
O projeto ADEFI tem como objetivo assistir aos cuidadores familiares de idosos
da área sem cobertura da Estratégia Saúde da Família de uma Unidade Básica de Saúde
133 localizada no município de Maringá-PR, a partir das demandas relativas às condições de
vida e dependência dos idosos e é desenvolvido desde 2014.
A tecnologia educacional impressa foi desenvolvida, no formato de um folheto,
no período de janeiro e fevereiro de 2015 pelos integrantes do referido projeto em cinco
encontros, composto de 05 acadêmicos de enfermagem (2 bolsistas), 04 mestrandos em
enfermagem, 01 enfermeira e 02 professoras. Realizada para ser aplicada na sala de
espera de uma Unidade Básica de Saúde localizada no município de Maringá-Paraná.
Discussão de Resultados
O desenvolvimento de materiais educativos voltados à promoção da saúde
cognitiva de idosos iniciou a partir da reflexão sobre a necessidade da população idosa
da UBS pelos participantes do projeto. Assim, foram realizados cinco encontros com os
integrantes do projeto, dos quais dois foram destinados à discussão dos assuntos
relevantes à população idosa atendida pela referida unidade e nestes escolhidos, como
prioridade, o tema ‘promoção da cognição’, tendo em vista que esta temática tem sido
amplamente discutida por vários estudiosos em diversas áreas da saúde, em especial no
envelhecimento ativo (ARAÚJO et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2013). A estimulação
continuada favorece a melhora da cognição, a eficiência na compreensão de conceitos
abstratos e a agilidade de pensamento, além de promover a vivacidade mental e
contribuir na compreensão de conceitos abstratos e na agilidade de pensamento. Neste
sentido, o treino cognitivo tem potencial para promover mudanças no funcionamento
cognitivo e colaborar para a funcionalidade e independência (SATO et al., 2014).
Após a definição do tema, optou-se por desenvolver um folheto composto por
exercícios simples de estimulação cognitiva, pautado na questão: “Você sabe como
estimular sua memória?”. Foram realizados dois encontros para a elaboração do referido
folheto que é composto por seis exercícios de memória, em duas páginas. Todos os
exercícios são seguidos por uma ilustração referente ao mesmo. O primeiro exercício
teve como foco à estimulação da memória passada, quando os idosos descreveram um
acontecimento antigo, tais como: casamento, viagem, aniversário, lembrando-se do
local, pessoas que estavam presentes, e um marco daquele momento. O segundo
exercício focou na memorização de objetos: o familiar/aplicador do material mostrou
dois objetos ao idoso e pediu para que os memorizasse, e após cinco minutos solicitou
que falasse os nomes de tais objetos. Quando o idoso lembrou-se dos dois objetos sem
134 dificuldade, o número de objetos foi aumentando para três, e assim sucessivamente,
conforme necessidade e desempenho do idoso.
O terceiro exercício objetivou estimular a memória de curto prazo. Foi mostrada
ao idoso uma imagem por alguns segundos, e posteriormente pedido à ele que
memorizasse a imagem e descrevesse seus detalhes. Em casos que não se obtinha
sucesso, pode-se questionar: “Qual animal havia na imagem? ”, “Quantas crianças havia
no desenho?”, e “Como era o lugar que eles estavam?”.
No quarto exercício, também se estimulou a memória de curto prazo. Foi lido
um breve texto ao idoso e, após, se fez perguntas sobre o mesmo. Um exemplo utilizado
no exercício foi: “O João tem doze anos, adora jogar futebol e a professora disse que ele
não gosta de estudar”. “Qual no nome do personagem? ”, “É uma criança ou um adulto?
”, “Qual a idade do personagem? ” e “Ele gosta de estudar? ”.
No quinto exercício utilizamos perguntas relacionadas à família do idoso. Nesse
exercício foram aplicadas as seguintes perguntas: “Qual o nome dos seus pais?”, “Quais
são os nomes dos seus irmãos”, “Quais são os nomes dos seus filhos”, e “Quais são os
nomes dos seus netos”. Nesse exercício pôde-se também mostrar uma foto de família
ao idoso e pediu-se para que ele listasse os nomes das pessoas.
O sexto e último exercício foi um exercício simples de procurar as
diferenças/erros entre duas imagens, promovendo a memória a curto prazo.
Foi realizado um encontro para avaliação do material educativo pelos integrantes
do grupo.
Elaborar um material educativo impresso é um processo interessante para a
formação de enfermeiros, profissionais educadores em saúde, pois há a necessidade de
aprofundamento na temática e também na forma de apresentação, além de representar
um material de auxilio no cuidado prestado às famílias.
Conclusão e Considerações Finais
A elaboração do folheto/tecnologia educacional impressa de acordo com a
necessidade dos idosos atendidos na referida unidade por meio de encontros com os
integrantes do grupo, foi de extrema relevância para o sucesso do resultado final.
A
temática foi importante e enriquecedora para a graduação, além de inovadora para a
atenção básica.
Referências
135 ARAÚJO, Pricila Oliveira et al. Promoção da saúde do idoso: a importância do treino
da memória. Kairós. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Saúde. ISSN
2176-901X, v. 15, n. 4, p. 169-183, 2012. Disponível em
<http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/18998/14150>. Acesso em 25
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OLIVEIRA, Cecília Souza et al. Oficina de Memória para idosos: espaço para
conhecimento, socialização e ludicidade. Revista Brasileira de Ciências do
Envelhecimento Humano, v. 9, n. 2, 2013.
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abr. 2015
MENDONÇA, E.R.T.; AIRES,L.E.; AMARO, M.OL.; MOREIRA, T.R.,
HENRIQUES, B. D.; ALMEIDA, L.C.; CASTRO, J.A.; FERNANDES, V.C.;
BRINATI. L.M. A Experiência De Oficinas Educativas Com Idosos: (Re)Pensando
Práticas À Luz Do Pensamento Freireano. Revista APS.n.16, v.4, p.479-484, 2013.
SANTIAGO, R.F.; LUZ M.H.B.A.; Práticas de educação em saúde para cuidadores de
idosos: um olhar da enfermagem na perspectiva freireana. Revista Mineira de
Enfermagem.n.16, v.1, p.136-142, 2012.
SATO, A.E.; BATISTA, M.P.P.; ALMEIDA, M.H.M.; Programas de estimulação de
memória e funções cognitivas relacionadas: opiniões e comportamentos de idosos
participantes. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. N.25, v.1, p.51-9, 2014.
TEIXEIRA, E. Tecnologias em Enfermagem: produções e tendências para a educação
em saúde com a comunidade. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.12, n.4, p.598,
2010.
136 IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE
PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 1
Michelly Fernanda dos Santos
Graduanda do 5º ano de Enfermagem, Unioeste, campus Cascavel, PR
Email: [email protected])
Carla Konieczniak Aguiar
Especialista em Saúde Pública pela Unioeste, Assistente social da 10ª Regional de
Saúde, Cascavel, PR
E-mail: [email protected]
Ariana Rodrigues da Silva Carvalho
Doutora em Ciências pela EERP/USP. Professor Adjunto do Colegiado de Enfermagem
da Unioeste, campus Cascavel, PR
E-mail: [email protected]
Resumo
Estudo exploratório, transversal, objetivando investigar a qualidade de vida relacionada
à saúde (QVRS) de adultos com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1), atendidos pelo
Programa Farmácia do Paraná da 10ª Regional de Saúde. A coleta dos dados foi
realizada por entrevistas individuais, utilizando o Perfil de Saúde de Nottingham (PSN)
e o Diabetes Quality of Life-Brasil (DQOL-Brasil), instrumentos válidos e confiáveis,
além de uma Escala Visual Analógica (EVA), no período de fevereiro a outubro de
2013, totalizando 67 indivíduos. Foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman
para análise da correlação dos escores dos domínios do DQOL entre si e com os escores
do PSN. Os dados evidenciaram predominância de mulheres (62,7%), idade média de
39,8 anos, nível médio de instrução de 11,1 anos e renda familiar média de quatro
salários mínimos (valor nacional). O tempo médio de diagnóstico de DM1 do grupo foi
de 13,2 anos. O grupo apresentou baixo controle glicêmico (hemoglobina
glicada=9,2%, em média), sendo que 62,7% deles tinham comorbidades associadas ao
DM1, destacando a hipertensão arterial sistêmica (13,4%) e obesidade (13,4%). Obtevese ótima avaliação do estado global de saúde nos domínios totais (média de 8,04), com
destaque para a interação social, habilidades e dor, segundo o PSN. A EVA indicou boa
avaliação da QVRS do grupo (média de 66,2). O DQOL-Brasil indicou boa QVRS no
domínio total (média de 103,4), com destaque no domínio preocupações
(social/vocacional). Esperamos que estes resultados colaborem para uma prática que
ultrapasse os aspectos fisiológicos, visando melhoria da QVRS dos indivíduos com
DM1.
Palavras Chave: Diabetes mellitus tipo 1; Tratamento; Qualidade de vida.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
Estima-se que a população mundial com diabetes é composta por 382 milhões de
pessoas e que poderá atingir 471 milhões em 2035. Aproximadamente 80% desses
indivíduos com diabetes vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem
137 maior intensidade, com crescente proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais
jovens (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015).
O foco deste estudo, neste momento, está voltado aos portadores de diabetes
mellitus tipo 1 (DM1).
Mediante as novas necessidades que a condição crônica do portador de DM1
exige, incluindo o uso contínuo de medicação injetável, as mudanças nos hábitos de
vida, frequentes punções venosas para realização do teste glicêmico (seja ela a forma
rápida, com uma gota de sangue de capilares, ou uma amostra maior, com punção
venosa, para coleta de exames laboratoriais), bem como o acompanhamento médico
ambulatorial, é natural que isso gere impacto na qualidade de vida desses sujeitos.
A investigação da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) tem ocupado
lugar de destaque entre pesquisadores, no intuito de conhecer e descrever os vários
aspectos das populações, lidando com o enfoque pessoal e subjetivo de como cada um
reage ao processo da doença (CARVALHO, 2010).
Diante disso, o presente estudo se justifica, pois se propôs avaliar a QVRS dos
portadores de DM1, intencionando conhecer, estudar e analisar como essa condição
crônica interfere na sua vida diária, como influencia nas suas atividades corriqueiras, no
seu trabalho, nas horas de lazer, no convívio com a família, amigos e em grupos sociais.
Objetivo
Investigar a qualidade de vida relacionada à saúde de adultos portadores de
DM1, vinculados e atendidos pelo Programa Farmácia do Paraná da 10ª Regional de
Saúde.
Materiais e Métodos
Tratou-se de um estudo observacional do tipo transversal e exploratório para
avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde dos portadores de DM1, atendidos e
vinculados à Farmácia do Paraná da 10ª Regional de Saúde, no município de Cascavel,
PR, no período de fevereiro a outubro de 2013.
A amostra deste estudo se constituiu de 67 indivíduos portadores de DM1. O
estudo seguiu as normativas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde,
com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foi submetido ao
Comitê de Ética em Pesquisa da Unioeste e aprovado conforme Parecer nº 194/2012 –
CEP de 27/09/2012.
138 A coleta de dados aconteceu por meio de entrevista face a face, com a utilização
de instrumentos válidos e confiáveis. O instrumento de caracterização sociodemográfica
e clínica dos participantes foi construído e validado (face e conteúdo) por especialistas.
Para a avaliação da QVRS foram utilizados três instrumentos: um genérico, para avaliar
o perfil de saúde geral, denominado Perfil de Saúde de Nottingham (PSN); um
instrumento específico, para avaliar a qualidade de vida relacionada ao DM1, o
Diabetes Quality of Life-Brasil (DQOL-Brasil) e ainda uma escala visual analógica
(EVA) para avaliar a percepção do sujeito sobre seu estado geral de saúde no dia da
entrevista.
O PSN é um instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida,
multidimensional formado por 38 itens. É um questionário com formato de resposta
sim/não, sendo que cada resposta positiva corresponde ao escore de um (1) e cada
resposta negativa a zero (0). Abrange seis categorias: nível de energia, dor, reações
emocionais, sono, interação social e habilidades físicas. O cálculo do escore é realizado
por somatória simples, quanto menor, melhor a QVRS. Foi adaptado para uso no Brasil
e validado para o português por Teixeira-Salmela (et al., 2004).
O DQOL-Brasil é um instrumento específico de avaliação de qualidade de vida
de adultos diabéticos tipo 1, composto por 44 perguntas distribuídas em uma escala tipo
Likert de 1 a 5 pontos conforme o nível de satisfação ou frequência. O cálculo dos
escores é realizado pela média simples dos valores dos itens individuais, quanto mais
baixo, melhor a qualidade de vida relacionada à saúde. Abrange quatro domínios:
satisfação, impacto, preocupações: social/vocacional e preocupações relacionadas a
diabetes, sendo que o valor total do DQOL com 44 itens pode variar entre 44 e 220. Foi
adaptado e validado para o português do Brasil para adultos com DM1 por Brasil
(2011).
A Escala Visual Analógica (EVA) apresenta-se como uma linha horizontal de 10
cm, sem marcação. Na extremidade da esquerda está indicado o valor zero (pior estado
de saúde) e na outra ponta está indicado o valor 100 (melhor estado de saúde). Foi
perguntado ao sujeito da pesquisa: “De modo geral, como você avalia a sua saúde
hoje?” e o mesmo deveria marcar um “X” num ponto ao longo da linha que melhor
correspondia ao questionamento realizado.
Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social
Sciencies (SPSS) version 21.0. Foram realizadas análises descritivas dos dados. A
confiabilidade dos instrumentos utilizados (DQOL-Brasil e PSN) foi medida pelo
139 Coeficiente de Alfa de Cronbach, sendo considerados com evidência de confiabilidade
os valores acima de 0,70 (FAYERS; MACHIN, 2007). Foi utilizado o coeficiente de
correlação de Spearman para análise da correlação dos escores dos domínios do DQOL
entre si e com os escores do PSN.
Discussão de Resultados
Os dados evidenciaram predominância de mulheres (62,7%), idade média de
39,8 anos (variando de 18 a 78 anos), renda familiar média de quatro salários mínimos
(valor nacional). O nível médio de instrução foi de 11,1 anos (variando de três a 20
anos), concentrando-se no grupo com mais de 11 anos de estudo (46,3%), ou seja,
correspondente ao ensino médio completo, corroborando com outro estudo (BRASIL,
2011). Tal fato apresenta-se como fator positivo na QVRS do portador de DM1, pois o
indivíduo necessita de habilidades cognitivas mais complexas para compreender o
tratamento medicamentoso, sua adesão e para a manutenção do controle glicêmico
(LIMA, 2009).
O tempo médio de diagnóstico de DM1 do grupo foi de 13,2 anos. O grupo
apresentou baixo controle glicêmico (hemoglobina glicada=9,2%, em média), sendo que
62,7% deles tinham comorbidades associadas ao DM1, destacando a hipertensão arterial
sistêmica (13,4%) e obesidade (13,4%). O valor médio do resultado mais recente de
HbA1c dos participantes do estudo foi de 9,2% (D.P.=1,9), ou seja, com baixo controle
glicêmico; similar ao obtido por Brasil (2011), com valor médio de 9,1% (D.P.=1,92).
Os dados do presente estudo indicam que a avaliação do estado global de saúde
foi ótima nos domínios totais do PSN (média de 8,04), sendo que a escala varia de 0 a
38. No presente estudo, a média do valor total do PSN foi alta, ou seja, indicando uma
boa avaliação do estado global de saúde. Isto pode ser justificado pela predominância de
participantes na faixa etária entre 31 a 50 anos, isto é, adultos e não idosos, com níveis
mais altos de habilidade.
O resultado da avaliação pela EVA indicou uma boa avaliação da QVRS (média
de 66,2), sendo que a escala varia de zero a 100 pontos; quanto maior, melhor a
percepção do estado global de saúde.
Os resultados coletados no presente estudo, por meio do instrumento DQOLBrasil, indicam que a avaliação da QVRS foi boa nos domínios totais (média de 103,4),
com variação da escala de 44 a 220, sendo que quanto mais baixo o valor do escore,
melhor é a QVRS.
Os domínios com melhores avaliações da QVRS para este
140 instrumento foram: preocupações: social/vocacional (média de 12,7), seguido do
domínio impacto (média de 42,5) e satisfação (média de 38). O domínio relacionado a
preocupações com a DM (média de 10,5) também indicou boa avaliação da QVRS,
apesar de ter apresentado escore médio, próximo da média do domínio, que varia entre
quatro e 20.
Os bons índices de QVRS apontados pelo DQOL-Brasil, podem se justificar,
segundo especialistas, pelo fato de o impacto da doença na QVRS dos portadores de
DM1 depender da percepção do sujeito e de sua família sobre a doença, de como lidam
com o autocuidado e o manejo da doença e até da própria dinâmica familiar.
Conclusão e Considerações Finais
De maneira geral, os resultados indicam que os participantes do estudo
apresentaram boa qualidade de vida relacionada à saúde. Os resultados obtidos neste
estudo apontam a importância de se medir e avaliar a QVRS em portadores de DM1,
pois através dos resultados podem-se nortear ações para um melhor tratamento e
acompanhamento do DM1, possibilitando uma maior compreensão das consequências
da doença na vida do indivíduo, bem como subsidiar políticas públicas destinadas a
indivíduos com DM1.
Referências
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Brasil) Para Portadores de Diabete Melitos Tipo 1. Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 2011.
CARVALHO, A. R. S. Qualidade de Vida Relacionada à Saúde e Adesão ao
Tratamento de Indivíduos em uso de anticoagulação oral: avaliação dos seis
primeiros meses de tratamento. Tese de Doutorado - Ribeirão Preto, (SP) Escola de
enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2010.
FAYERS, P.M.; MACHIN, D. Scores and measurements: validity, reliability and
sensivity. Quality of life. Assessment, analisis and interpretation. Chichester,
England: JohnWiley & Sons. 2007.
LIMA, L. A. P. Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus tipo 1. 2009.
129f. Dissertação (Mestrado em Atenção à Saúde) - Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Atenção à Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Tratamento e
acompanhamento do diabetes mellitus: Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Diabetes. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2015. Disponível em:
141 <http://www.diabetes.org.br/images/2015/area-restrita/diretrizes-sbd-2015.pdf > Acesso
em: 30 abr. 2015.
142 CUIDANDO DA COGNIÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA
ATIVIDADE COM IDOSOS
Ana Caroline Oliveira Gomes
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
(UEM),Maringá (PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Rayane Nascimbeni Maldonado
Acadêmica do Curso de Enfermagem da UEM. Aluna bolsista do Programa Centro de
Referência do Envelhecimento (PROCERE),Maringá (PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Flávia Maria Derhun
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UEM
Maringá (PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. Programa Centro de Referência do Envelheciemnto - PROCERE, Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da
UEM, Maringá (PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Lígia Carreira
Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da UEM, Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
Esse estudo tem com objetivo relatar a experiência de planejamento, execução e
avaliação de atividades relacionadas à preservação e estimulação da cognição dos
idosos atendidos em uma unidade básica de saúde. A atividade foi realizada em três dias
alternativos entre os meses de fevereiro a março de 2015 por meio da aplicação de um
folheto de estimulação cognitiva desenvolvido por acadêmicos de Enfermagem do
projeto de extensão “Assistência Domiciliar de Enfermagem às Famílias de Idosos
Dependentes de Cuidado” vinculado ao Programa Centro de Referência do
Envelhecimento da Universidade Estadual de Maringá. Durante a realização das
atividades, os folhetos foram explicados e entregues aos idosos, e a seus familiares
quando presentes, e, notou-se interesse, boa aceitação e participação dos mesmos, o que
contribuiu para o bom resultado da atividade. Além disso, esta atividade contribui para
formação acadêmica e profissional dos alunos envolvidos.
Palavras Chave: Promoção da Saúde; Cognição; Serviço de Saúde para Idosos.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
143 Introdução
O envelhecimento populacional é considerado um fenômeno mundial decorrente
da queda da fecundidade e mortalidade, do controle das doenças infecciosas, do avanço
científico e tecnológico na assistência à saúde (FLORIANO, 2013).
Concomitante ao processo de envelhecimento e a aumento da expectativa de
vida, por vezes, cresce também a prevalência de quadros relacionados a alterações
cognitivas, dentre os quais estão alterações relacionadas à memória e atenção
(CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010; DE PAULA et al, 2012). A saber, cognição é
definida como a função cerebral, formada pela memória, função executiva e viso
espacial, linguagem, capacidade de executar ato motor e capacidade de reconhecimento
de estímulos visuais, auditivos e táteis (ARAÚJO et al, 2012).
Tendo em vista essa problemática, um detalhe importante relativo à cognição é
que, idosos que passam por algum tipo de treino cognitivo, demonstram capacidades de
aprender e empregar estratégias de auxílio da memória, tornando a gravação e a
evocação de novas informações mais eficazes, principalmente relacionados às
habilidades que envolvam velocidade de processamento, raciocínio indutivo e memória
(CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010). Essas atividades auxiliam ainda, no
fortalecimento das capacidades relacionadas à manutenção de sua autonomia e
qualidade de vida, além de possibilitar a prevenção, promoção e manutenção da saúde
do individuo atrelado a um envelhecimento sadio e bem sucedido (MASUCHI, 2010;
ARAÚJO et al, 2012) e ainda, diminuem os riscos de institucionalização do idoso
(CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010).
Dentro dessa ótica, se fazem necessárias orientações por parte dos profissionais
e estudantes da área da saúde de como realizar exercícios que estimulem a cognição dos
idosos, de modo que proporcionem a eles condições para conhecer seus recursos
cognitivos auxiliando-os em relação ao uso de suas capacidades de memória envolvidas
(MASUCHI, 2010).
Objetivo
Relatar a experiência de planejamento, execução e avaliação de atividades
relacionadas à preservação e estimulação da cognição dos idosos atendidos em uma
Unidade Básica de Saúde.
144 Materiais e Métodos
Trata-se de um relato de experiência baseado nas atividades de estimulação da
cognição realizadas por acadêmicos de Enfermagem do projeto Assistência Domiciliar
de Enfermagem às famílias de Idosos Dependentes de Cuidado (ADEFI), vinculado ao
Programa Centro de Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Estadual de
Maringá (UEM).
O planejamento das atividades de estimulação da cognição com os idosos foi
realizado por meio de, cinco encontros dos integrantes do projeto destinados à discussão
dos assuntos que seriam relevantes para a população idosa atendida pela referida
unidade. Foi, então, escolhido como prioridade o tema “Cognição”, tendo em vista que,
esta temática tem sido amplamente discutida por vários estudiosos em diversas áreas da
saúde, em especial no envelhecimento ativo (ARAÚJO et al, 2012; OLIVEIRA et al,
2013).
Após a definição do tema, optou-se por desenvolver um folheto com exercícios
simples de estimulação cognitiva, e que focasse na seguinte questão: “Você sabe como
estimular sua memória?”.
A atividade de estimulação da cognição foi realizada na sala de espera da
Unidade Básica de Saúde do Núcleo Integrado de Saúde III (NIS III) Pinheiros do
município de Maringá-PR, por quatro graduandas em enfermagem, supervisionada pela
enfermeira do PROCERE, durante três manhãs, no período de fevereiro a março de
2015. Destinou-se ao idoso, e ao familiar ou acompanhante, caso o mesmo estivesse
presente, enquanto aguardavam o atendimento. Na abordagem, optou-se por explicar
sobre os exercícios e investigar os hábitos de promoção à cognição dos participantes.
Resultados e Discussão
Participaram aproximadamente 100 pessoas entre idosos e familiares nas
atividades de estimulação da cognição. Notou-se receptividade e interesse em relação à
temática pelos mesmos. Além disso, observou-se que, as outras pessoas que estavam
presentes no local também se interessaram pelo assunto, tendo em vista que solicitaram
esclarecimentos acerca da temática, seja pelo fato de possuírem um familiar na terceira
idade ou até mesmo por julgarem interessante a dinâmica de exercitar a cognição de
forma fácil com atividades que não são exclusivos para idosos.
Posteriormente, procedeu-se com a leitura do folheto ao idoso e seu familiar. Na
abordagem, optou-se por explicar e demonstrar a aplicação dos exercícios, os benefícios
145 que o exercício da cognição a curto e longo prazo proporcionam à saúde mental e a
importância do familiar incentivar o idoso a exercitar sua cognição por meio de leituras,
caça-palavras e outros exercícios de cognição.
Os idosos apresentaram-se participativos e colaborativos, questionando a
temática, com as seguintes indagações: “Eu preciso me preocupar caso, às vezes,
esqueça o local onde guardei a chave do carro ou de casa?”, “É normal esquecer o nome
de uma pessoa da minha família em algum momento?”, “Será que o remédio que eu
tomo pode causar perda de memória?”, “Existe algum remédio para memória?”. Essas
questões foram sendo respondidas conforme a demanda, buscando conhecer os idosos
de forma individual e contextualizada.
A literatura demonstra que, muitas vezes, as alterações na cognição não são
suficientes para interferir de maneira significativa na manutenção das atividades de vida
diária do idoso, contudo, observa-se que o desconhecimento dessas características
típicas levam os idosos a acreditarem que estão sendo acometidos por algum tipo de
demência, deixando-os angustiados com esse fato (OLIVEIRA et al, 2013;
CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010). Buscando atender essa demanda, durante a
aplicação da atividade também foi explicado sobre a diferença entre a perda de memória
patológica e fisiológica.
Araújo et. al. (2012) realizou estudos cujos resultados coadunam com os
encontrados em nossa atividade, pois os idosos puderam compreender as reais
dificuldades da cognição e os fatores que influenciam seu funcionamento; além disso,
desmistificou-se que as perdas de memória são exclusivamente relacionadas ao aumento
da idade e reforçou-se a importância da estimulação da memória para um
envelhecimento saudável.
A interação entre os acadêmicos e usuários do serviço, assim como a criação de
vinculo entre usuário e serviço, foi um ponto positivo da atividade. Contudo, acredita-se
que a realização das atividades na sala de espera foi um ponto negativo para o
desenvolvimento do trabalho, já que os idosos e familiares apresentavam-se muitas
vezes ansiosos e preocupados quanto ao atendimento, apesar da boa aceitação da
população. Outro ponto que deve ser ressaltado é a impossibilidade de
acompanhamento dos idosos e familiares, o que não nos permite conhecer a aplicação
dessas atividades em âmbito doméstico.
Na perspectiva dos acadêmicos, a atividade teve sucesso devido à temática ser
diferente daquelas frequentemente abordadas em ações de promoção à saúde. Além
146 disso, destaca-se o folheto desenvolvido pelos mesmos, o qual trouxe exercícios de fácil
compreensão, objetivos, simples e que, principalmente, servem de lazer e promoção de
sua saúde. Também se notou que a atividade favoreceu a construção coletiva do
conhecimento, pois os alunos precisaram aprofundar seus conhecimentos acerca da
temática para poder, primeiramente, elaborar o folheto de forma simples e didática, e
também para responder os questionamentos e esclarecer as dúvidas da população.
Quanto aos participantes, estes puderam perceber que é possível, a partir de
exercícios simples e com custo mínimo, estimular a cognição, a qual é de fundamental
importância para um envelhecimento saudável e funcional.
Conclusão e Considerações Finais
Os resultados encontrados através do desenvolvimento dessas atividades
mostram a necessidade que se tem de trabalhar o assunto “cognição”, pois, nota-se o
desconhecimento da população quanto a essa temática. Para tanto, ao final da aplicação
da atividade de promoção de memória, chegou-se à conclusão de que é imprescindível
abordar essa temática por um tempo maior. Posteriormente será discutida a
possibilidade de desenvolver uma oficina de estimulação de cognição com os idosos
atendidos por essa Unidade Básica de Saúde, pois favoreceria o desenvolvimento de
atividades mais amplas e dinâmicas, além de possibilitar maior interação entre idosos,
serviço de saúde e academia.
Por fim, considera-se que a enfermagem possa colaborar com intervenções de
estimulação da cognição, sobretudo ensinando técnicas para que idosos realizem de
forma autônoma, tal qual fizemos nessa experiência.
Referências
FLORIANO, A. L. et al. Cuidado realizado pelo cuidador familiar ao idoso dependente,
em domicílio, no contexto da estratégia de Saúde da Família. Texto contexto enferm., v. 21, n. 3, 2012.
CARVALHO, F. C. R.; NERI, A. L.; YASSUDA, M. S.. Treino de memória episódica
com ênfase em categorização para idosos sem demência e depressão. Psicologia:
Reflexão e Crítica, v. 23, n. 2, p. 317-323, 2010.
DE PAULA, J. J. et al. Fidedignidade e validade de construto do Teste de
Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey em idosos brasileiros.Revista de Psiquiatria
Clínica, v. 39, n. 1, p. 19-23, 2012.
147 ARAÚJO, P. O. et al. Promoção da saúde do idoso: a importância do treino da
memória. Kairós. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Saúde. v. 15, n. 4, p.
169-183, 2012.
MASUCHI, M. H. et al. Intervenção da Terapia Ocupacional com idosos que
apresentam queixas de memória da Liga de Saúde do Idoso da Faculdade de Medicina
do ABC. Arq Bras Ciênc Saúde, v. 35, n. 2, p. 95-8, 2010.
OLIVEIRA, C. S. et al. Oficina de Memória para idosos: espaço para conhecimento,
socialização e ludicidade. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento
Humano, v. 9, n. 2, 2013. 148 INTERNAÇÕES POR DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL
SISTÊMICA EM IDOSOS
Ana Carla Borghi
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Paula Cristina Gerhardt
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Lígia Carreira
Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Resumo
O presente estudo objetivou analisar a tendência temporal das internações por
Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus entre idosos residentes no Estado do
Paraná, Brasil, no período de 2001 a 2013. Trata-se de um estudo ecológico, de séries
temporais, que utilizou dados secundários, coletados no Sistema de Informação
Hospitalar do Sistema Único de Saúde. A idade foi estratificada em três faixas etárias a
partir do 60 anos e analisada por sexo. A análise de tendência das internações foi feito
por meio dos diagramas de dispersão dos coeficientes e dos anos de estudo e na análise
das tendências de regressão utilizou-se o modelo polinomial. Os resultados mostraram
declínio nas taxas de internação por diabetes na população idosa feminina residente no
Estado do Paraná e aumento no sexo masculino, nas faixas etárias de 60 a 69 anos e 80
anos e mais. E os coeficientes de internação por hipertensão arterial diminuíram tanto
para mulheres quanto para homens, em ambas as faixas etárias, entre o período
estudado.
Palavras Chave: Idoso; Hipertensão; Diabetes Mellitus.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabete Mellitus (DM) configuram
importantes problemas de saúde coletiva no Brasil, pelas suas elevadas prevalências, e
complicações agudas e crônicas. A HAS é considerada um dos principais fatores de
risco modificáveis, de alta prevalência e baixas taxas de controle.
A HAS e a DM fazem parte da classe das chamadas doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), que representam a maior causa de morte no mundo atualmente.
No Brasil, cerca de 60 a 80% dos casos de HAS e DM podem ser tratados na rede
149 primária de saúde, com o emprego de medidas preventivas e de promoção de saúde. A
atenção primária trata-se do primeiro nível de atenção à saúde, que funciona com o
apoio do Programa de Agentes Comunitário (PACS) e do Programa de Saúde da
Família (PSF). O país, através do Ministério da Saúde (MS), também criou inúmeros
programas para o controle das doenças de maior impacto na população. No caso da
HAS e do DM, o MS publicou o Programa Nacional de Hipertensão e Diabetes Mellitus
- Hiperdia.
Entretanto, a simples criação de políticas e/ou programas para a prevenção das
DCNT pode não ser garantia de resolutividade do problema. Assim, estudos
epidemiológicos são de grande importância para o monitoramento destas doenças,
visando estipular medidas de controle e prevenção, para que ocorra detecção precoce e
melhor distribuição de recursos humanos e financeiros, para o devido tratamento e
controle das mesmas.
Objetivo
Analisar a tendência temporal das internações por HAS e DM entre idosos
residentes no Estado do Paraná, Brasil.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais, no qual foi analisada a
tendência da taxa de internação por HAS e DM, no período de 2001 a 2013, em idosos
residentes no Estado do Paraná, Brasil. Os registros de internações hospitalares foram
obtidos do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), a
partir das Autorizações de Internações Hospitalares (AIHs) compiladas no SIH-SUS, e
as estimativas da população idosa residente no Estado, obtidas através do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram coletados segundo sexo e
faixa etária. Os idosos foram classificados em três grupos etários: 60 a 69 anos; 70 a 79
anos e 80 anos e mais.
Para internações por diabetes adotou os códigos E10, E11, E12, E13 e E14 e
para hipertensão os códigos I10 e I11 da classificação fornecida pela CID 10a revisão.
Os coeficientes de internação foram calculados dividindo-se o número total de
internações de idosos residentes no Estado pelo popular de idosos e multiplicando-se
por 10.000, segundo sexo e grupo etário, para o período estudado. Os cálculos das taxas
de internações e figuras com as séries históricas foram elaborados em planilhas do
150 software Microsoft Office Excel (versão 2007) e as análises de tendências realizadas
pelo software SPSS (versão 18.0).
Tendo em vista que a pesquisa se baseou em dados disponibilizados em meio
eletrônico pelo Ministério da Saúde, sendo estes de domínio público, este estudo
dispensa a apreciação e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Discussão de Resultados
Ocorreram no Paraná no período de 2001 a 2013, 117.428 internações por DM e
HAS, sendo 59.623 internações por DM e 57.805 por HAS em indivíduos acima de 60
anos. Quando classificadas por sexo, foram 21.633 internações no sexo masculino e
37.960 no sexo feminino para DM, e 23.615 no sexo masculino e 34.190 no sexo
feminino para HAS.
Os coeficientes de internação por DM para o sexo feminino apresentaram
tendência decrescente de 0,787 internações por 10.000 habitantes ao ano (p<0,011). Por
outro lado, para o sexo masculino, houve aumento anual médio de 0,776 internações ao
ano. Essa redução pode ser explicada pelo fato da maior demanda pelos serviços de
saúde de atenção primária ser majoritariamente por mulheres (SANTOS et al., 2013), ou
seja, elas procuram com mais regularidade os serviços básicos de saúde, além de
apresentarem maior adesão ao tratamento medicamentoso, melhorando os cuidados com
prevenção e promoção da saúde.
Para os homens a tendência de internações crescente, pode ser justificada devido
a pouca procura dos homens pelos serviços de saúde voltados a promoção e prevenção
de doenças, limitando as ações de saúde voltadas a essa clientela (TAVARES et al.,
2014). Desta forma, quando vivenciam alterações mais graves no estado de saúde
acabam procurando o hospital, e sua entrada nos serviços de saúde acaba ocorrendo na
alta complexidade, observado pelo aumento das taxas de internações.
Quando observamos as tendências de internações por diabetes segundo faixas
etárias, constata-se que quanto mais longevo o grupo etário maior a magnitude do
incremento anual. Resultados semelhantes foram encontrados em outros dois estudos, o
primeiro realizado em âmbito nacional, do ano de 1999 a 2001 com população adulta, e
o segundo no estado do Ceará, no período de 2001 a 2012, com indivíduos adultos e
idosos. Este quadro pode ser justificado pelas inúmeras alterações fisiológicas ligadas
ao processo do envelhecimento, ou ainda, pode ser reflexo das complicações
decorrentes da duração da doença (SANTOS et al., 20140.
151 Observa-se que os coeficientes de internação por HAS diminuíram tanto para
mulheres quanto para homens, em ambas as faixas etárias, entre o período estudado.
Para o sexo feminino, houve decréscimo de 4,569 internações ao ano para cada 10.000
habitantes e para o sexo masculino o decréscimo foi de 3,112. Duas pesquisas, a
primeira referente às internações hospitalares por Condições Sensíveis à Atenção
Primária no SUS de 1998 a 2009 (BOING et al., 2012), e a segunda, referente a
internações por hipertensão arterial essencial no período de 2008 a 2012, apontam a
redução das internações HAS nos períodos estudados, corroborando com os resultados
encontrados na pesquisa (SANTOS; VASCONCELOS, 2013).
O decréscimo nas internações por HAS no Paraná podem estar relacionadas com
o melhor acesso e a qualidade do cuidado na atenção primaria de forma oportuna e
eficaz (REHEM et al., 2013), o que leva a melhoria dos cuidados preventivos e
consequente redução das hospitalizações. Desta maneira, considerando o aumento da
população acompanhada e tratada pela atenção primária, as taxas de internações por esta
doença tendem a decrescer (WALKER et al., 2013). O acompanhamento e o controle da
DM e HAS pelos serviços de atenção primária se fazem necessários e representam
medidas importantes de controle do agravamento destas doenças, bem como do
surgimento de complicações, tais como as doenças cardiovasculares, internações e
mortalidade (MALFATTI; ASSUNÇÃO, 2011).
O maior e melhor monitoramento da pressão arterial, a grande disponibilidade de
medicamentos gratuitos ou de baixo custo, e o amplo incentivo financeiro para os
municípios implementarem programas de controle da pressão arterial, também podem
influenciar positivamente na redução das internações por HAS. Sendo que, a longo
prazo, estas medidas na atenção primaria, terão grande impacto não só na HAS, como
também naquelas doenças as quais tem a hipertensão arterial como fator de risco, como
o AVC (CARDOSO et al., 2013).
As tendências dos coeficientes de internação por HAS segundo sexo mostraram
decréscimo constante maior para a população feminina. Em ambos os sexos a população
de 80 anos e mais se destaca pela magnitude do coeficiente anual médio.
Segundo pesquisa realizada em 2013 pela Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), a prevalência
média de HAS autorreferida na população acima de 18 anos, foi de 24,1%, sendo de
26,3 em mulheres e em homens 21,5%. A frequência de HAS tornou-se mais comum
com a idade, alcançando cerca de 60,4 % na faixa etária de 65 anos ou mais de idade 4.
152 Tal resultado pode ser observado neste estudo, onde o coeficiente anual médio (β0)
tende a aumentar nas faixas etárias mais elevadas.
Conclusão e Considerações finais
Observou-se um maior número de internações no sexo feminino em ambas as
doenças, DM e HAS. Entretanto, houve tendência decrescente das taxas de internações
no sexo feminino, o que difere no caso da DM para o sexo masculino, que foi crescente
no período. Para HAS as tendências foram decrescentes em ambos os sexos e faixas
etárias. Os resultados mostraram-se similares a outros estudos brasileiros, reforçando a
necessidade de uso dos sistemas de informação como fonte para o planejamento de
ações em saúde voltadas para a população idosa.
Referências
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E.Y. Internações por Condições Sensíveis a Atenção Primaria em uma metrópole
brasileira. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 47, n. 4, p. 884-890, 2013.
SANTOS, F.A.L.; LIMA, W.P.; SANTOS, A.L.; TESTON, E.F.; MARCON, S.S.
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SANTOS, S.S.; VASCONCELOS, D.F.S.A. Hospitalizações por hipertensão arterial
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SANTOS, V.C.F; KALSING, A; RUIZ, E.N.F; ROESE, A; GERHARDT, T.E. Perfil
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Saúde da Família. Ciênc Saúde Colet,2011; v. 16, Supl. 1, p. 1383-1388, 2011.
CARDOSO, C.S.; PÁDUA, C.M.; RODRIGUES-JÚNIOR, A.A.; GUIMARÃES, D.A.;
CARVALHO, S.F.; VALENTIN, R.F.; et al . Contribuição das internações por
condições sensíveis à atenção primária no perfil das admissões pelo sistema público de
saúde. Rev Panam Salud Publica, v. 34, n. 4, p. 227-234, 2013.
154 ESTRATÉGIAS DE CUIDADO ADOTADOS POR FAMILIARES NA
PROMOÇÃO DO BEM ESTAR DE CRIANÇAS COM CÂNCER
Michele Cristina Santos Silvino
Enfermeira. Hospital Universitário Regional de Maringá. Mestranda do Programa de
Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. Programa Centro de Referência do Envelhecimento. Universidade Estadual
de Maringá
E-mail: [email protected]
Beatriz Caroline Dias
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected].
Carla Simone Leite de Almeida
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade
Estadual de Maringá.Professora do Instituto Federal de Santa Catarina
E-mail: [email protected]
Sonia Silva Marcon
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-graduação em
Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, Paraná, Brasil
E-mail: [email protected]
Catarina Aparecida Sales
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-graduação em
Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, Paraná, Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
O estudo objetivou apreender as estratégias utilizadas por familiares cuidadores para
promover o bem estar de crianças com câncer em tratamento quimioterápico. Estudo de
natureza qualitativa, descritivo e exploratório. Foram sujeitos do estudo sete familiares,
cadastrados em uma instituição filantrópica de apoio a pacientes com câncer, localizada
em um município do Paraná. Os dados foram coletados em maio de 2014, por meio de
entrevista gravada e semiestruturada, realizada no domicilio e após submetido à análise
de conteúdo modalidade temática. Os resultados permitiram identificar duas categorias
temáticas: “Cuidados adotados para o enfrentamento da doença” e “Repercussões
decorrentes do cuidado familiar”. Apreender as adaptações familiares no contexto de ter
uma criança com câncer mostra a importância de trabalhar de forma singular e
humanizada no cuidado centrado na família, levando-nos a não assisti-los meramente de
forma técnica e cientifica, mas também ao ouvir seus anseios, medos, dúvidas e
contemplar suas necessidades biopsicossociais.
Palavras Chave: Cuidado da criança; Relações familiares; Cuidadores.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
155 Introdução
O câncer exerce um impacto negativo na vida dos indivíduos, oriundos da sua
repercussão social e econômica, mas também pelos desgastes emocionais a que o
paciente e sua família são expostos. Embora, em inúmeras situações o câncer possa ser
curado, principalmente quando diagnosticado precocemente, permanece estigmatizado
socialmente com dúvidas e sofrimentos. Essa enfermidade provoca uma série de
debilidades na vida do doente, implicando em condições de dependências que geram a
necessidade de um cuidador, geralmente apresentado na figura familiar (SENA,
CARVALHO, REIS, ROCHA, 2011).
As vicissitudes causadas pelo câncer ao paciente e a sua família estão presentes
na literatura há várias décadas, contudo, surge na atualidade, uma tendência para que a
responsabilidade com os cuidados do paciente seja transferida diretamente à
família, aumentando a responsabilidade familiar com o cuidado do membro doente
(FERREIRA, DUPAS, COSTA, SANCHEZ, 2010).
Contudo, ter um filho com câncer representa um evento extremamente
desgastante para os pais, sendo capaz de comprometer diversos aspectos de suas vidas (CASTRO, 2010). As complicações advindas e a intensidade do tratamento são
raramente modificáveis, levando-os a enfrentar, desde o início da doença, uma realidade
de ameaças caracterizadas por separações, perdas, frustrações e mudanças (BRASIL,
2010).
Objetivo
Apreender as estratégias utilizadas por familiares cuidadores para promover o
bem estar de crianças em tratamento quimioterápico.
Material e Métodos
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e exploratória.
Foram sujeitos do estudo familiares que vivenciam o cuidar de uma criança com câncer
em tratamento quimioterápico, cadastrados em uma instituição filantrópica de apoio a
pacientes com câncer e seus familiares, localizada em um município do noroeste do
Paraná. Para ter acesso aos sujeitos do estudo, inicialmente levantou-se junto à
instituição os registros de todos os pacientes pediátricos com câncer em tratamento
quimioterápico. Os dados foram coletados no mês de maio de 2014 por meio de
156 entrevista aberta gravada em mídia digital. Estas tiveram duração média de 25 minutos
e durante a mesma foi utilizado um questionário abordando dados de caracterização
sociodemográficas e seguinte questão norteadora: “Conte-me como é cuidar de uma
criança com câncer em tratamento quimioterápico?”. Fizeram parte do estudo sete
famílias. Os depoimentos emitidos foram transcritos na íntegra e os relatos foram
analisados por meio da análise de conteúdo temática. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê Permanente de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual
de Maringá, parecer Nº667. 943. Evitando designar os sujeitos de forma genérica, foram
usados como pseudônimos nomes de flores.
Discussão de Resultados
A partir da exploração e da análise das alocuções dos depoentes, emergiu a
categoria temáticas contextualizadas a seguir:
Cuidados adotados para enfrentamento do processo de tratamento
Com as preleções dos depoentes foi possível identificar as estratégias de
conforto adotadas por seus familiares para o enfrentamento do processo de tratamento
quimioterápico e para manutenção das atividades diárias da vida da criança.
Deixamos ele bem à vontade em casa, ele brinca a vontade. Tentamos fazer com que ele
tenha uma vida normal e mais à vontade. Os dias que ele pode sair ou se tem alguma criança
que a gente sabe que não está indo para a escola e que não está doente, a gente deixa ela vir
brincar com ele. Porque ele se sente muito feliz quando fazemos isso (Tulipa).
Para a manutenção das atividades as cuidadoras, utilizam distintos recursos na
tentativa de promover essa motivação, como o diálogo, o apoio emocional e adaptações
no meio social.
Estava com dois anos e dois meses, ai eu falei [...] “Meu marido é careca, eu falei você
vai ficar careca igual o papai”, ai pronto (risos). Ela nunca mais se queixou por ter que raspar
o cabelo (Orquídea)
Os aspectos intrínsecos às experiências de pais e mães de filhos com câncer, que
já passaram ou que estão passando por tratamento, e que vivenciaram as mudanças
ocorridas na vida da família, leva-os a desejar não somente o controle da doença, mas,
sobretudo, a cura, para amenizar o sofrimento do filho (WAIDMAN, BENEDETTI,
OLIVEIRA, SALES, 2013).
157 As famílias buscaram formas de reorganização da dinâmica familiar, por meio
da utilização de adaptações e rearranjos na busca por albergar as necessidades físicas e
emocionais das crianças no seu cotidiano.
De vez enquanto ele sai, ele joga bola de guarda-chuva, joga “bets” de guarda-chuva e
ele vai tomando o rumo dele [...] Nós adaptamos um guarda-chuva pra ele [...] Nós morremos
de dar risada do jeitinho dele (Azaleia).
Então agora mesmo sem querer ele come, ele pede assim para o pai dele, “Nossa pai
hoje é segunda né? Bem que a gente podia fazer um churrasquinho para mim” [...] Ele acha
que carne de churrasco não é igual à carne normal, então a gente sempre faz carne assada na
churrasqueira (Margarida).
A família, durante o processo de tratamento do câncer, desempenha um papel
fundamental, atuando como rede de apoio, realizando os cuidados necessários,
fornecendo suporte físico, social e psicológico, bem como auxiliando e motivando o
enfermo no enfrentamento da sua doença (SOARES, 2014).
Conclusão e Considerações Finais
Os recursos e as reorganizações utilizados pelas cuidadoras e familiares frente às
imposições da doença e tratamento, foram fundamentais para a manutenção das
atividades diárias da criança e a transcendência de todos. Utilizaram estratégias de
cuidado, conforto, diálogo e apoio emocional, na busca de tornar mínimos os
sentimentos de angústias, medos, e incertezas apresentados por todos.
Referências
SENA, E. L. S.; CARVALHO, P. A. L.; REIS, H. F. T.; ROCHA, M. B. Percepção de
familiares sobre o cuidado à pessoa com câncer em estágio avançado. Texto Contextoenferm, v.20, n.4, p.774-81, 2011.
FERREIRA, N. M. L.; DUPAS, G.; COSTA, D. B.; SANCHEZ, K. O. L. Câncer e
família: compreendendo os significados simbólicos. Ciênc cuid Saúde, v.9, n.2, p. 269277, 2010.
CASTRO, E. H. B. A experiência do câncer infantil: repercussões familiares, pessoais
e sociais. Ver mal estar subj., v.10, n.3, p.971-994, 2010.
Ministério da Saúde (Br). Instituto Nacional do Câncer – INCA. Estatísticas do câncer.
2010 [Internet]. Brasília (Brasil): Ministério da Saúde;2010. [Acesso em: 10 abril
2014]. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/vigilancia/morbidade.html
WAIDMAN, M. A. P.; BENEDETTI, G. M. S.; OLIVEIRA, W. T.; SALES, C.A.
Relações de cuidado entre enfermeiros da atenção básica e cuidadores familiares de
pessoas. Revista Eletrônica de Enfermagem [Internet]. v. 15, n. 2, p.391-399. 2013.
158 [Acesso em: 17 jun de 2014];.Disponível em:
http://www.fen.ufg.br/fen_revista/v15/n2/pdf /v15n2a11.pdf.
SOARES, F. G. M. A influência do apoio emocional no enfrentamento da
terminalidade do paciente oncológico. Cadernos de Graduação - Ciências biológicas e
da saúde Unit, v.2, n.1, p.131-139, 2014.
159 IDOSOS E O VINCULO FAMILIAR: PRÁTICAS EDUCATIVAS DA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E DO NASF DO MUNICIPIO DE MARIA
HELENA/PR
Daysi Mara Murio Ribeiro Rodrigues
Enfermeira Estratégia Saúde da Família - Maria Helena-Pr.
Fernanda Pires Vieira Marques
Nutricionista Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família - Maria Helena-Pr.
Marcilene Marques de Freitas
Enfermeira Vigilância Epidemiológica - Maria Helena-Pr.
Aparecida da Silva Vanderoski
Gestora Municipal - Maria Helena-Pr.
Resumo
O envelhecimento populacional é considerado um fenômeno mundial decorrente da
queda da fecundidade e mortalidade, controle das doenças infecciosas, avanço científico
e crescimento das tecnologias na assistência à saúde. As demandas dos idosos em
cuidados são diversas e frente à ponderação dos profissionais da estratégia saúde da
família e do núcleo de apoio a saúde da família acerca das dificuldades apresentadas
pelos cuidadores como preocupação das equipes propôs se a realização de visitas
domiciliárias a cuidadores, bem como grupo de educação em saúde para cuidadores
com o enfoque do acolhimento, como um instrumental para o enfrentamento da questão
do cuidado prestado. O presente trabalho, então relata esta experiência. Apresentado o
desafio de cuidar de idoso e em circunstâncias de vida familiar das mais diversas, não
bastam à disposição e a solidariedade dos cuidadores em assumir o cuidado do idoso, é
fundamental que haja apoio institucional e orientações básicas de cuidado conforme as
especificidades de cada situação e inovações de como educar em saúde, a troca de
experiência e a construção do conhecimento através da criação do grupo de cuidadores
de idosos tornou-se a melhor e mais efetiva ferramenta.
Palavras Chave: Educação em Saúde; Cuidadores; Idosos.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
O envelhecimento populacional é considerado um fenômeno mundial decorrente
da queda da fecundidade e mortalidade, controle das doenças infecciosas, avanço
científico e crescimento das tecnologias na assistência à saúde.
Minayo (2012) destaca a revolução demográfica brasileira. No início do século
XX, a esperança de vida no país não passava dos 33,5 anos. Segundo o Instituto
160 Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela atingiu mais de 73 anos em 2009 (76,5
para as mulheres e 69 anos para os homens). A proporção de idosos subiu de 9,1% em
1999 para 11,3% em 2009, compondo hoje um contingente acima de 22 milhões de
pessoas, superando a população de idosos de vários países europeus como a França, a
Inglaterra e a Itália, de acordo com estimativas das Nações Unidas.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio, existia no Brasil
cerca de 19 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa,
pelo menos, 10% do total da população geral. Estimativas apontam que de 1950 a 2025
a quantidade de idosos no país aumentará quinze vezes, contra cinco vezes a população
total, fruto da já citada redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de
vida no país. Com isso o Brasil ocupará o sexto lugar quanto ao número de idosos,
alcançando, em 2025, aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de
idade (IBGE, 2013).
Farias; Santos (2012) afirmam que o envelhecimento populacional acontece em
decorrência das mudanças de alguns indicadores de saúde, especialmente da queda da
fecundidade, da mortalidade e do aumento da esperança de vida.
Com o avanço das políticas e a mudança no perfil populacional, sabe-se que
existe a possibilidade de as pessoas vivenciarem o processo de envelhecimento com
saúde, disposição física e desenvolvendo atividades laborais. Da mesma forma, é
possível que adoeçam devido às alterações fisiológicas naturais, que limitam o
organismo humano, com tendência ao aparecimento de condições crônicas, o que pode
ocasionar perda da autonomia, dependência física, uso de múltiplas medicações, além
de alterações emocionais e sociais (TRELHA, et al 2006).
As alterações de saúde que ocorrem em alguns idosos pode levá-los à condição
de dependência. Surge, então, a necessidade de modificar a forma e o local de cuidado
dessa população (domicílios, instituições hospitalares e asilares). Nesse sentido, se
destacam os cuidadores que prestam cuidados a estes idosos.
Um desafio ao familiar cuidador de idoso é manter no seu familiar a qualidade
de vida, respeitando suas individualidades, anseios, e nível de dependência de cuidados.
Para Fernandes; Garcia (2009) a experiência de assumir a responsabilidade por
idosos dependentes tem sido colocada pelos cuidadores familiares como uma tarefa
exaustiva e estressante, pelo envolvimento afetivo e por ocorrer uma transformação de
uma relação anterior de reciprocidade para uma relação de dependência em que o
161 cuidador, ao desempenhar atividades relacionadas ao bem-estar físico e psicossocial do
idoso, passa a ter restrições em relação à sua própria vida.
A equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e ao Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF) é relegada a responsabilidade pelo provimento de orientações e
prestação de cuidados aos idosos, visto que essas equipes têm acesso aos domicílios
onde estão presentes os idosos e seus cuidadores. Na pratica diária de tais equipes se
pode observar que o cuidado realizado pelo cuidador familiar em domicílio é complexo,
pois gera sobrecarga física, psicológica e isolamento social; falta de apoio institucional
e da família, dificuldade com o ambiente/infraestrutura para realizar o cuidado e
dificuldade financeira.
Assim sendo, frente à ponderação dos profissionais da Estratégia Saúde da
Família e do Núcleo de Apoio a Saúde da Família acerca das dificuldades apresentadas
pelos cuidadores como preocupação das equipes propôs se a realização de visitas
domiciliárias a cuidadores, bem como grupo de educação em saúde para cuidadores
com o enfoque do acolhimento, como um instrumental para o enfrentamento da questão.
O presente trabalho, então relata esta experiência.
Objetivo
Relatar a experiência das equipes Estratégia Saúde da Família e Núcleo de
Apoio a Saúde da Família com o trabalho educativo em saúde para com os familiares
cuidadores de idosos do município de Maria Helena-Pr.
Materiais e Métodos
O presente trabalho trata-se de relato de experiência das equipes Estratégia
Saúde da Família e Núcleo de Apoio a Saúde da Família do município de Maria HelenaPr.
Discussão de Resultados
Cotidianamente, na realização das visitas domiciliares da ESF juntamente com o
NASF, nos deparamos com freqüência com idosos que necessitam de cuidados
domiciliares e com cuidadores familiares de idosos que demonstram necessidade de
apreender a cuidar.
Os cuidadores encontram angustiados com as demandas de
cuidados e com a não compreensão de como realizá-los. O que se depreende desse
cenário é uma carência de suporte e uma falta de estrutura mais eficaz, que
162 proporcionasse a esses cuidadores familiares melhor capacidade para prestar um
cuidado efetivo ao idoso.
As equipes, portanto, reconheceram a necessidade de os cuidadores informais
receberem formação em como melhor cuidar dos seus familiares dependentes, tendo em
conta as tarefas realizadas serem inadequadas e provocarem acentuados problemas
físicos, emocionais, psicológicos e pessoais, e as orientações nas visitas domiciliares
não se tornavam efetivas para aliviar as angústias referente aos cuidados com
alimentação prestadas pela nutricionista do NASF e de cuidados de higiene, curativos e
medicações prestadas pela enfermeira, exigiu-se a formulação de novas estratégias para
a educação em saúde para com esse grupo.
Após estudo realizado no município onde os próprios cuidadores referiam o
anseio para a troca de experiência entre cuidadores como mecanismo de aprendizado, se
percebeu a necessidade de inovar, criou-se o grupo de cuidadores de idosos, a fim de
disseminar o conhecimento sobre o cuidado de forma mais leve e proporcionar ainda,
um momento empático para essa construção de conhecimento.
Apresentado o desafio de cuidar de idoso e em circunstâncias de vida familiar
das mais diversas, não bastam à disposição e a solidariedade dos cuidadores em assumir
o cuidado do idoso, é fundamental que haja apoio institucional e orientações básicas de
cuidado conforme as especificidades de cada situação e inovações de como educar em
saúde, a troca de experiência e a construção do conhecimento através da criação do
grupo de cuidadores de idosos tornou-se a melhor e mais efetiva ferramenta.
Considerações Finais
A implantação de grupos de cuidadores de idosos como forma de oportunizar
espaços de trocas de experiências favoreceu os cuidadores na sua prática diária, tem
minimizado angústias referente ao cuidado e surpreendeu as equipes de saúde
apresentando um novo horizonte de como fazer educação em saúde.
Referências
FARIAS, R. G; SANTOS, S. M. Azevedo dos. Influência dos determinantes do
envelhecimento ativo entre idosos mais idosos. Texto e Contexto
Enfermagem., Florianópolis , v. 21, n. 1, Mar. 2012 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010407072012000100019&lng=en&nrm=iso >. Acesso em 30 Abr. 2015.
163 FERNANDES, M.G. M; GARCIA, T. R. Atributos da tensão do cuidador familiar de
idosos dependentes. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n.
4, dez. 2009. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342009000400012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 30 Abr. 2015.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios 2013. Rio de Janeiro, 2013.
MINAYO, M. C. de Souza. O envelhecimento da população brasileira e os desafios
para o setor saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 28, n.
2, Feb. 2012 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2012000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 Mai. 2015.
TRELHA, C.S. et al. Caracterização de idosos restritos ao domicílio e seus cuidadores.
Revista Espaço para a Saúde. v. 8, n. 1, p. 20-27. 2006.
164 SAÚDE DO HOMEM: IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE JUNTO A
INDIVÍDUOS EM VULNERABILIDADE SOCIAL
Tamiris Sales Ronchi
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM.
Email: [email protected]
Fernanda Caroline Mattos Silva
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM.
Email: [email protected]
Lilian Denise Mai
Docente do Departamento de Enfermagem. Tutora do PET Enfermagem. UEM.
Email: [email protected]
Paloma Luana de Azevedo Ramos da Silva
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM.
Email: [email protected]
Rafaela Ghiraldi Rocha
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM.
Email: [email protected]
Rafaela Marioto Montanha
Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM.
Email: [email protected]
Resumo
O objetivo é relatar a experiência de uma ação educativa em saúde a um grupo de
homens em vulnerabilidade social. Trata-se de um relato de experiência sobre uma ação
extensionista realizada junto a um centro de reabilitação de dependentes químicos, em
maio de 2014, cujo tema foi ‘cuidados com higiene pessoal’. Em forma de talk show e
com o uso de imagens ilustrativas, participaram quatro palestrantes bolsistas do PET
Enfermagem; após exposição dialogada, deu-se início a um debate com os 30 participantes, homens de diferentes faixas etárias, sobre suas dúvidas e
questionamentos, garantindo a interação entre ministrantes e o público alvo. O tema foi
uma demanda da diretoria do centro de reabilitação, pois agravos associados a ele
compõem riscos eminentes a essa população. A atividade contribuiu para divulgar o
curso de Enfermagem da UEM e proporcionou ao grupo PET Enfermagem maior
aprendizado, a busca por atualização no campo da saúde e a possibilidade de uma ação
de intervenção real, despertando os discentes para a importância da promoção à saúde,
prevenção de doenças e a participação dos enfermeiros em ações e locais diversos
inseridos na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.
Palavras-chave: Educação em saúde; saúde do homem; enfermagem.
Área temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
A saúde do homem vem sendo muito estudada devido às elevadas taxas de
165 morbidade e mortalidade, e a baixa procura pelos serviços de atenção primária à saúde
por esse grupo específico. Isso é decorrente do fato de que a sociedade criou um
estereótipo de masculinidade, onde estar doente remete à fraqueza e fragilidade,
características típicas da feminilidade, o que torna comum a não valorização da saúde
por parte dos homens.
Visando reverter esse quadro da saúde do homem, em 2009, o Ministério da
Saúde (MS) criou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens, com a
finalidade de promover ações que contribuam para o conhecimento dos fatores de risco,
e sensibilizar o homem para a importância de desenvolver bons hábitos cotidianos
(banhos diários, higiene oral, lavagem das mãos, entre outros), prevenindo doenças e
melhorando a qualidade de vida (MENDONÇA, ANDRADE, 2010).
No cenário da saúde do homem, existe um grupo mais vulnerável, os
dependentes químicos. Esses dependentes podem ser de diversas faixas etárias, e devido
ao uso das substancias, são mais suscetíveis a contrair outras doenças. Hoje em dia, a
dependência química é reconhecida como uma doença, e não tem uma causa única. Ela
é proveniente de vários fatores que atuam ao mesmo tempo, relacionados à instabilidade
emocional e/ou social pelo qual o indivíduo esteja passando.
Objetivo
Relatar a experiência de uma ação educativa em saúde a um grupo de homens
em vulnerabilidade social.
Material e Métodos
Trata-se de um relato de experiência sobre uma atividade de extensão, de caráter
social, realizado pelo grupo PET Enfermagem por convite do grupo PET Zootecnia, no
dia 09 de maio de 2014, no período da tarde, em um centro de reabilitação localizado
em um distrito do município de Maringá/PR. É um centro de reabilitação de
dependentes químicos que acolhe homens jovens, adultos e idosos provindos das ruas e
que se encontram em situação de alta vulnerabilidade social. Esse ponto de atenção tem
como objetivo resgatar a dignidade humana, bem como promover a reinserção do
indivíduo na família e na sociedade. Por sugestão da direção do centro, o tema geral da
palestra foi ‘cuidados com higiene pessoal’, cuja ausência de cuidados é tida como uma
grave problemática dos internos. Os aspectos abordados no encontro foram: cuidados de
higiene geral; dermatoses; higiene oral; cuidado com os pés; compartilhamento de
166 objetos; lavagem de mãos e gastroenterites, procurando-se evidenciar os cuidados que
devem ser tomados no convívio diário com outras pessoas, visando diminuir as doenças
causadas por essa convivência. Em forma de talk show e com o uso de imagens
ilustrativas, participaram quatro palestrantes bolsistas do PET Enfermagem; após
exposição dialogada, deu-se início a um debate com os participantes sobre suas dúvidas
e questionamentos, garantindo a interação entre ministrantes e o público-alvo.
Discussão de Resultados
O talk show contou com 30 participantes, homens de diferentes faixas etárias em
situação de vulnerabilidade social. Os objetivos da atividade foram alcançados uma vez
que possibilitou, além da integração entre os grupos de graduação envolvidos, também a
integração da universidade com a comunidade externa, desenvolvendo-se uma ação de
educação em saúde com o público-alvo, levando informações e empoderando os
indivíduos para práticas de higiene pessoal e corporal, prevenindo riscos e agravos no
processo saúde/doença.
Os principais aspectos apontados pelos palestrantes com enfoque nos cuidados
de higiene pessoal foram: tipos de infecções inflamatórias que envolvem a pele como
dermatoses, foliculites, impetigo, larva geográfica, parasitoses do couro cabeludo e péde-atleta, citando os cuidados necessários para não contrair tais doenças. Higiene oral,
entre cáries, gengivite e a importância da limpeza correta e regular dos dentes, assim
como as técnicas corretas de escovação e uso do fio dental. Foi abordado também sobre
os cuidados com os pés, incluindo micoses, frieiras, bicho geográfico, unha encravada,
rachaduras e um enfoque especial ao portador de pé diabético. O uso de objetos e a
importância do não compartilhamento dos mesmos, como escovas de cabelos sob os
riscos de transmitir dermatite seborreica (caspas) ou piolhos, cortadores de unha,
alicates e barbeadores, que podem estar infectados e a importância da lavagem de mãos,
pois são as principais vias de transmissão de vírus, como herpes, resfriados e
conjuntivite, além de evitar a transmissão de gastroenterites como rotavírus.
Os assuntos relatados foram importantes na medida em que abordaram situações
vivenciadas pelos indivíduos no dia a dia, discutindo e sanando as dúvidas expressadas
pelos participantes. Ainda, atendeu a uma necessidade do local, visto que o tema
abordado foi sugerido pela diretoria do centro de reabilitação. E, a atividade contribuiu
para divulgar o curso de Enfermagem da UEM e proporcionou ao grupo PET
Enfermagem maior aprendizado, a busca por atualização no campo da saúde e a
167 possibilidade de uma ação de intervenção real, despertando os discentes para a
importância da promoção à saúde e prevenção de doenças.
Também como um feedback positivo da atividade, alguns meses após a sua
realização um dos indivíduos presentes reconheceu uma das alunas na sala de
emergência de um hospital público do município, quando deu entrada vítima de um
ferimento por arma branca. A aluna desenvolvia neste local suas atividades finais de
estágio curricular supervisionado, prestes a concluir o curso de graduação em
Enfermagem. Esse encontro reafirmou dois aspectos: primeiro, o estado de alta
vulnerabilidade social do grupo abordado; e, segundo, o vínculo estabelecido na
oportunidade da ação educativa, pois houve uma relação de respeito e reconhecimento
mútuos no atendimento em sala de emergência, quando a vítima referiu sentir-se mais
confiante e tranquilo diante do atendimento prestado e de suas condições físicoemocionais naquele momento.
Tal experiência reforça a idéia de que o enfermeiro é um dos profissionais mais
envolvidos com a população usuária, também quando se trata de saúde do homem, pois
além da atenção individualizada nos momentos de acolhimento, de consultas e práticas
assistenciais, também participa de atividades em grupos de educação em saúde
(JULIÃO, WEIGELT, 2011). Este foi o caso do presente relato, que inclusive otimizou
outros espaços de educação em saúde que não os serviços de saúde propriamente ditos.
Esse contexto de aproximação deve facilitar às equipes dos serviços o desenvolvimento
de um trabalho de promoção da saúde junto à população, com ações de informação e
educação em saúde visando difundir a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do
Homem. Ainda, compete a este profissional participar na organização das ações pautada
nas reais condições detectadas por ele e pela equipe de saúde, estimulando e apoiando o
processo de discussão sobre a qualidade de vida da população, com a participação dos
demais setores da sociedade (JULIÃO, WEIGELT, 2011).
Conclusão e Considerações Finais
A ação educativa em saúde para um grupo de homens em situação de alta
vulnerabilidade social proporcionou um aprendizado recíproco. O grupo PET
enfermagem avaliou a atividade como positiva tanto para a capacitação dos alunos,
englobando ensino e extensão, como também, contribuiu para a saúde dos participantes
presentes. A abordagem do tema, a exposição dos conteúdos de forma visual e lúdica, e
168 a participação dos homens em uma roda de conversa, expondo suas dúvidas,
contribuíram para o ensino humanizado, técnico e cientifico de todos os sujeitos
envolvidos. Conclui-se que a atividade educativa proporcionou recursos e técnicas de
aprendizado para os futuros profissionais enfermeiros, com o intuito de promover
benefícios e uma melhor qualidade de vida para a comunidade externa; e, que o
programa de educação tutorial oportuniza experiências extracurriculares importantes
para a formação universitária em saúde e a vida pessoal dos seus integrantes.
Referências
JULIÃO, GG; WEIGELT, LD. Atenção à saúde do homem em unidades de estratégia
de saúde da família. R. Enferm. UFSM, Santa Maria, n.1, vol.2, 2011, p.144-152.
MENDONÇA, VS; ANDRADE AN. A Política Nacional de Saúde do Homem:
necessidade ou ilusão? Rev. Psicol..polít. v.10. São Paulo dez. 2010.
169 PERCEPÇÕES DE CUIDADORES DE IDOSOS EM RELAÇÃO ÀS
ATIVIDADES EDUCATIVAS
Amanda Zaupa Pino Moretti
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna
bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Rayane Nascimbeni Maldonado
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna
bolsista do Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE), Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE), Maringá
(PR), Brasil
E--mail: [email protected]
Célia Maria Gomes Labegalini
Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá, Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. – Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo do estudo foi conhecer as percepções de cuidadores de idosos em relação as
atividades educativas que auxiliem no cuidado. Trata-se de um estudo exploratório
descritivo de caráter qualitativo, no qual os participaram 03 cuidadores de idosos. Os
dados foram coletados entre outubro de 2014 e março de 2015, por meio de entrevista
semiestruturada. Os depoimentos foram gravados e transcritos na íntegra, respeitando-se
a fidedignidade dos discursos e para tratamento dos dados foi utilizada a análise de
conteúdo do tipo temática. Em relação as falas analisadas, emergiram as seguintes
categorias: 1. O cuidado: auxílio nas necessidades humanas básicas; 2. Sentimentos ao
cuidar: relação de troca e gratificação; 3.Apoio no cuidado: orientações da equipe de
saúde; 4. Importância das orientações: apoio e ajuda no cuidado. O estudo possui
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Maringá, sob
número 875.081/2014 - CAAE: 37457414.6.0000.0104 e respeita todos os preceitos
éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, preservando o
anonimato e a confidencialidade dos dados.
Palavras Chave: Cuidador; Saúde do Idoso; Envelhecimento.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
170 Introdução
O aumento da longevidade da população brasileira traz desafios para a atenção à
saúde, uma vez que os idosos apresentam limitações, sejam pelo aparecimento de
doenças crônicas não transmissíveis e suas consequências, ou pelas perdas cognitivas e
funcionais do avançar da idade, vem demandando cuidados domiciliares e mudanças no
cotidiano de muitas famílias (PEDREIRA; OLIVEIRA, 2012).
Nesse contexto, surge o cuidador informal, que presta cuidado não profissional,
representado, principalmente, por familiares, podendo ser também amigos e/ou vizinhos
(VIEIRA et al., 2011), o qual assume a responsabilidade de dar suporte ou de assistir as
necessidades do individuo, garantindo desde cuidados básicos, como alimentação e
higiene, e outras atividades como ir ao supermercado e realizar tarefas financeiras
(OLIVEIRA; D’ELBOUX, 2012).
Nesta perspectiva, tornam-se necessárias ações de enfermagem que melhorem o
enfrentamento do cuidador por meio do ensino sobre saúde e que reforcem a
colaboração dele no planejamento dos cuidados.
Objetivo
Conhecer as percepções de cuidadores de idosos em relação as atividades
educativas que auxiliam no cuidado.
Materiais e Método
Trata-se de um estudo exploratório descritivo de caráter qualitativo, no qual os
três cuidadores foram eleitos por meio do levantamento dos idosos com dependência de
cuidados identificados no projeto de extensão: “Assistência domiciliar de enfermagem
as famílias de idosos dependentes de cuidado (ADEFI)” integrante do Programa Centro
de Referência do Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Aberta À Terceira
Idade da Universidade Estadual de Maringá, em parceria com uma unidade básica de
saúde do Município de Maringá-PR.
Os dados foram coletados entre outubro de 2014 e março de 2015, por meio de
entrevista semiestruturada, utilizando-se como instrumento um roteiro elaborado pelas
pesquisadoras, dividido em duas partes: uma para coletar dados referentes à
caracterização sociodemográfica e a outra com questões abertas referentes às demandas
171 educativas dos cuidadores familiares de idosos com dependência. Os depoimentos
foram gravados e transcritos na íntegra, respeitando-se a fidedignidade dos discursos.
Para tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo do tipo temática a
qual se desenvolve em cinco etapas: pré-análise; exploração do material; tratamento dos
dados com a sua organização sistemática em unidades temáticas; e construção de
inferências e interpretação das categorias significativas. A análise temática é a unidade
de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo critérios
relativos à teoria que serve de guia à leitura, e consiste em descobrir os núcleos de
sentido que compõem a comunicação e cuja presença ou frequência de aparição possa
significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido (BARDIN, 2011).
O estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual de Maringá, sob número 875.081/2014 - CAAE: 37457414.6.0000.0104 e
respeita todos os preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de
Saúde, preservando o anonimato e a confidencialidade dos dados.
Discussão de Resultados
Participaram do estudo três cuidadores de idosos dependentes de cuidados. Cada
cuidador será caracterizado individualmente, sendo representados por números, devido
à ordem de entrevista.
O cuidador 1, exerce atividades de cuidado familiar, do sexo feminino, tem 61
anos, ensino fundamental incompleto, é esposa do idoso. Cuida de 1 idoso do sexo
masculino, 70 anos, com 1 à 4 anos de escuto, aposentado, casado, renda de 1 salário
mínimo. Em relação às condições de saúde, possui hipertensão arterial sistêmica,
gastrite, estrabismo, e história pregressa de infarto e aneurisma, em relação a cognição
não apresentou déficit, no que tange a funcionalidade, apresentou independência nas
atividades de vida diária (AVD) instrumentais avaliadas pela Escala de Lawton-Brody e
dependência nas AVD básicas aferidas pelo Índice de Katz, apresentou baixa
vulnerabilidade pelo VES-13 e médio risco para tendência depressiva.
O cuidador 2, exerce atividade profissional, do sexo feminino com 43 anos, com
ensino médio completo. Cuida de 1 idosa do sexo feminino com 81 anos, sem instrução,
aposentada, viúva, com renda de 2 salários mínimos. Em relação às condições de saúde,
possui hipertensão arterial sistêmica e osteoporose, em relação a cognição não
apresentou déficit, no que tange a funcionalidade, apresentou dependência parcial nas
AVD instrumentais avaliadas pela Escala de Lawton-Brody e dependência total nas
172 AVD básicas aferidas pelo Índice de Katz, apresentou alta vulnerabilidade pelo VES-13
e baixo risco para tendência depressiva.
O cuidador 3, exerce atividade profissional, do sexo feminino com 45 anos,
ensino médio completo. Cuida de 1 idoso do sexo feminino com 85 anos, com 1 à 4
anos de escuto, aposentada, viúva, renda de 2 salários mínimos. Em relação às
condições de saúde, possui transtorno mental não especificado, em relação a cognição
não foi possível avaliar, no que tange a funcionalidade, apresentou dependência total
nas AVD instrumentais avaliadas pela Escala de Lawton-Brody e dependência total nas
AVD básicas aferidas pelo Índice de Katz, apresentou alta vulnerabilidade pelo VES-13
e alto risco para tendência depressiva.
Em relação as falas analisadas, emergiram as seguintes categorias: 1. O cuidado:
auxílio nas necessidades humanas básicas; 2. Sentimentos ao cuidar: relação de troca e
gratificação; 3.Apoio no cuidado: orientações da equipe de saúde; 4. Importância das
orientações: apoio e ajuda no cuidado.
Apesar de o cuidado oportunizar ao cuidador e ao ser cuidado a construção de
relações de solidariedade, favorecendo o convívio e o fortalecimento dos vínculos
afetivos nas famílias, sabe-se que a repetitividade e o desgaste que representa o ato de
cuidar podem trazer várias consequências maléficas ao cuidador, interferindo nas
relações familiares, que poderão tornar-se conturbadas, afetando, assim, a sua qualidade
de vida do cuidador, já que a maioria dos cuidadores são mulheres que geralmente
possuem não apenas essa atividade e acabam conciliando-a com outras tarefas
(NOVAIS et al, 2013).
Dessa forma, os cuidadores tornam-se carentes de orientação e necessitam de
suporte dos profissionais. É imprescindível que haja uma reflexão acerca dessa temática
para que se tenha uma visão mais ampla acerca do envelhecimento. A tarefa de cuidar
do idoso deflagra diferentes sentimentos que são vivenciados pelos cuidadores
constantemente. Muitas vezes, no cotidiano surgem situações conflituosas que
culminam na insatisfação com a satisfação do cuidador, produzindo assim um enorme
descontentamento no cuidador (MOREIRA; CALDAS, 2007).
Frente á isso, o envolvimento do profissional de saúde é de extrema importância,
para o estabelecimento de uma relação horizontal com a família, permitindo uma
minimização de sentimentos negativos que permeiam esse contexto, promovendo uma
assistência integral de qualidade focada nas reais necessidades e expectativas, da família
e do idoso (RODRIGUES et al, 2014).
173 Conclusão e Considerações Finais
Os participantes relataram satisfação em participar da pesquisa. Desta forma
percebeu-se que tanto o método como a temática foi de encontro com as necessidades
das participantes.
Foi visto que os cuidadores necessitam de orientações de profissionais da saúde
para promover uma melhor assistência como também para minimizar seus sentimentos
negativos. Foi pertinente caracterizar os idosos em relação a dados socioeconômicos e
de saúde, a fim de conhecê-los mais detalhadamente e possibilitar a criação de
atividades educativas que vão de encontro com a sua realidade.
Diante disso, é de extrema importância ressaltar que há muito que se
desenvolver na área da saúde para se melhorar a assistência que pode ser oferecida a
uma família que está enfrentando a situação de cuidar de um indivíduo idoso no que
tange a educação e saúde e o preparo para a promoção da saúde.
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011. 280 p.
MOREIRA, M.D.; CALDAS, P.C. A importância do cuidador no contexto da saúde do
idoso. Escola Ana Nery, Rio de Janeiro, v.11, n.3, p. 520-525, 2007.
NOVAIS, N. et al. Qualidade de vida e saúde de cuidadores de idosos longevos:
Interferências intrafamiliares. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 27, n. 1, p.
64-75, jan./abr., 2013.
OLIVEIRA, D. C.; D’ELBOUX, M. J. Estudos nacionais sobre cuidadores familiares de
idosos: revisão integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 65, n. 5, p.
829-38, 2012.
PEDREIRA, L. C.; OLIVEIRA, A. M. S. Cuidadores de idosos dependentes no
domicílio: mudanças nas relações familiares. Revista Brasileira de Enfermagem,
Brasília, v. 65, n. 5, p. 730-6, 2012.
RODRIGUES, JS. et al. Apoio Informacional À Família Do Idoso com Câncer. Revista
Espaço para a saúde. Londrina, v. 15, n. 1, p. 14-24, abr., 2014.
VIEIRA, C. P. B. et al. Prática educativa para autonomia do cuidador informal de
idosos. REME – Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 15, n. 1, p.
135-140, jan./mar., 2011.
174 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE IDOSOS INTERNADOS EM UNIDADES
DE TERAPIA INTENSIVA COM PNEUMONIA POR STHAPHILOCOCCUS
ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA
Raquel Cristina Luis Mincoff
Enfermeira, Mestre, Professora do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR)
Maringá (PR), Brasil.
E-mail: [email protected]
Indianara de Oliveira Alencar
Enfermeira, Professora do UNICESUMAR
E-mail: [email protected]
Célia Maria Gomes Labegalini
Enfermeira, Mestranda em Enfermagem no Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem na Universidade Estadual de Maringá (PSE/UEM). Maringá (PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
O estudo tem como objetivo conhecer perfil sócio demográfico dos idosos internados
em unidade de terapia intensiva com pneumonia por Sthaphilococcus associada à
ventilação mecânica. Trata-se de pesquisa exploratória documental, retrospectiva, com
abordagem quantitativa. Foram analisadas 101 fichas NNISS dos clientes com 60 anos
ou mais diagnosticados com pneumonia por S. aureus e S.C.N., das UTIs Geral e
Cardíaca nos anos de 2011 a 2013. Os dados foram processados e tabulados em planilha
do Microsoft Excel 2010, por meio de frequências simples, absolutas, percentual, média
e mediana. A análise resultou em 42,6% dos idosos foram do gênero feminino e 57,4%
do gênero masculino, com idade média de 73,3 anos. Na UTI Cardíaca evidenciou-se a
presença de 40% do Staphylococcus, e 38% na UTI Geral, com prevalência do S.
aureus em ambas UTIs. Concluiu-se que o número de indivíduos do sexo masculino
infectados é maior, dessa forma é fundamental o papel do profissional enfermeiro na
identificação dos pacientes vulneráveis para o controle e prevenção das infecções
hospitalares, no intuito de instrumentaliza-los na elaboração de protocolos preventivos.
Palavras-chave: Infecção; Idoso; Enfermagem.
Área temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
A população idosa cresce em número a nível mundial e nacional. Nos países
desenvolvidos é considerado idoso àquele indivíduo com 65 ou mais anos etários
(ALVES et al., 2009). No ano de 2011, a população de idosos somava 800 milhões de
pessoas, correspondendo a 11%, e as projeções estimadas pelas Nações Unidas, indicam
que para o ano de 2050 haverá um contingente de mais de 2 bilhões de idosos (22%) da
população (UNIDAS, 2010).
175 O envelhecimento nesses países, assim, como no Brasil, decorreu da diminuição
da mortalidade e pelo aumento da expectativa de vida, por meio das conquistas médicas,
da urbanização, do avanço nutricional, do aumento das condições de higiene pessoal e
ambiental, assim como, pelos avanços tecnológicos (MENDES et al., 2005).
A população brasileira atual corresponde a 190.755.199 milhões de pessoas, em
relação ao último censo, realizado em 2010, a população de idosos no Brasil era de
20.588.890, 7,4% da população (IBGE, 2010). Há estimativas de que essa proporção
chegue a 14% em 2025, ou seja, 32 milhões de idosos (ALVES et al., 2009), assim
sendo, as mulheres correspondem a 51% e os homens correspondem a 49% da
população total (IBGE, 2010).
Com o aumento da expectativa de vida, os indivíduos idosos em consequência
da fragilidade e debilidade de suas funções fisiológicas e imunitárias tornam-se
suscetíveis às infecções (DALCIN; BARBOSA; FIORINI, 2013). Desta maneira, os
indivíduos idosos têm maior risco de internação em Unidade de Terapia Intensiva
(SCHEIN; CESAR, 2010).
Objetivo
Conhecer perfil sócio demográfico dos idosos internados em unidade de terapia
intensiva com pneumonia por Sthaphilococcus associada à ventilação mecânica.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa exploratória documental, retrospectiva, com
abordagem quantitativa. A pesquisa exploratória procura descrever dados a respeito de
um determinado fenômeno, para que se tenha melhor seleção do fenômeno a ser
estudado, o qual permite dar andamento a pesquisa explicativa e a pesquisa exploratória
tem como finalidade fundamental o aperfeiçoamento de idéias ou a descoberta de
intuições. Já a pesquisa documental é aquela realizada por meio de materiais que não
receberam tratamento minucioso, tais como jornais, fotos, filmes, gravações,
documentos legais, etc (GIL, 2010).
Segundo Polit, Beck e Hungler (2004) na pesquisa quantitativa há uma coleta
organizada de conhecimentos numéricos, proveniente da medição formal a qual é
realizada por condições controladas e utiliza-se de recursos e técnicas estatísticas para a
análise.
176 O plano amostral compreendeu 235 indivíduos internados nas UTIs, no período
entre 2011 a 2013. A população estudada compreendeu 101 pacientes com 60 anos ou
mais portadores de pneumonia por Sthaphylococcus que estiveram internados nas UTIs
Geral e Cardíaca de um Hospital Filantrópico de um Município localizado no Noroeste
do Paraná. A escolha do local para a realização do estudo foi devido a atuação da
pesquisadora no setor S.C.I.H. e maior afinidade com a temática.
A coleta de dados realizou-se nos meses de agosto a setembro de 2014, o estudo
foi dividido em duas fases, na primeira foram selecionadas as fichas de notificação de
infecção - National Nosocomial Infections Survellance System (NNISS) de todos os
clientes internados nas UTIs Geral e Cardíaca. Posteriormente foram separadas as fichas
dos clientes portadores de pneumonia, em seguida dos idosos com diagnóstico de
pneumonia, confirmado pelo teste positivo de cultura antimicrobiana.
Na segunda fase, foi utilizado o instrumento de coleta de dados elaborado pela
pesquisadora, contendo dados sócios demográficos e informações clínicas extraídas da
NNISS. Este instrumento foi desenvolvido e padronizado pelo Center for Disease
Control (CDC) de Atlanta, Estados Unidos para coleta e análise das taxas de Infecção
Hospitalar (CDC – NNISS/MS, 1994).
O instrumento de pesquisa apresenta informações referentes ao sexo, idade, ano
da notificação da PAV, alta, óbito, unidade de internação e permanência em Unidade de
Terapia Intensiva Geral e Cardíaca, internamento clínico ou cirúrgico, realizado coleta
de cultura (sim/não), microrganismo encontrado (S. C. N. resistente à oxacilina, S. C. N.
sensível à oxacilina, S. aureus resistente à oxacilina, S. aureus sensível à oxacilina),
utilizado antimicrobiano (sim/não/qual utilizado), permanência sob aporte ventilatório
invasivo, reintubação e realização de traqueostomia.
Os dados foram processados e tabulados em planilha do Microsoft Excel 2010,
por meio de frequências simples, absoluta, percentual, média e mediana.
O projeto foi autorizado pelo Comitê de ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos do Centro Universitário – Unicesumar, sob parecer nº 794.595 em
conformidade com a Resolução 466/2012do Conselho Nacional de Saúde que apreciou
e o aprovou mediante parecer de liberação nº 794.595. Foi dispensado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido por se tratar de pesquisa documental.
Discussão de Resultados
177 Dos 235 indivíduos internados nas UTI´s Geral e Cardíaca nos períodos de 2011
a 2013, foram selecionados 176 pacientes com pneumonia, destes, avaliados 101 idosos
(42,6%) eram do gênero feminino e (57,4%) do gênero masculino.
A idade variou entre 60 a 95 anos, com a média de 73,3 anos, sendo que 39%
encontravam-se na faixa etária de 60 e 69 anos; 40% entre 70 e 79 anos; 19% entre 80 e
89 anos e 3% entre 90 e 99 anos.
Neste estudo, 57,4% dos idosos eram do gênero masculino, semelhante ao
encontrado por Anõn (2012), que investigou o prognóstico de pacientes idosos em
ventilação mecânica em UTI, onde 67,9% dos 1661 recrutados foram homens, com uma
média de idade de 62,1± 16,2 anos.
Lisboa et al. (2007), na pesquisa sobre prevalência de infecção nosocomial em
unidades de terapia intensiva, dos 174 pacientes, 56% eram homens, e a idade média foi
de 56 ± 18 anos. Observou-se que os dados corroboram com os resultados, entretanto a
média de idade do presente estudo foi maior em comparação a referida pesquisa.
Quanto ao total de pacientes sem pneumonia, observou-se maior proporção de
indivíduos internados na UTI Geral, em ambas as idades, porém, o total das internações
ocorreram no ano de 2013 em ambas UTIs.
Em comparação ao total de pacientes internados sem pneumonia com os
internados com pneumonia, os dados apresentaram semelhanças. Houve maior
internamento na UTI Geral, em ambas as idades e no ano de 2013. Entretanto, nos anos
de 2012 e 2013, 27% dos pacientes com idade menor de 60 anos e com pneumonia
apresentaram a mesma proporção em relação ao total de internamentos.
O fato do número maior das internações acontecerem na UTI Geral, se justifica,
pois esta unidade é responsável pelo atendimento e tratamento de enfermos com
multipatologias e variados diagnósticos. Grande parte, oriundos de outros setores, como
clínica médica, centro cirúrgico, pronto socorro, maternidade, além, das vagas externas
provenientes de outros hospitais e ou unidades de pronto atendimento (UPA).
Em relação aos internamentos por pneumonia, maior proporção de
internamentos foi evidenciado na UTI Geral e Cardíaca em ambos anos etários.
Percentual semelhante, porém menor (5%) de internamentos observou-se entre os anos
de 2011 e 2012 na UTI Cardíaca.
Os resultados demonstraram que a UTI Cardíaca é o setor o qual são
encaminhados os pacientes especificamente para tratamento pós-cirúrgico, ou próprio
das comorbidades cardíacas, por isso o número reduzido de internamentos. Entretanto,
178 se considerarmos que do total de 83 pacientes internados no período estudado, 11%
tiveram pneumonia, um dado considerável e que agrava as condições dos pacientes
cardíacos.
Conclusão e Considerações Finais
Concluiu-se que os idosos mostraram-se mais suscetíveis as infecções, pois
apresentaram elevado índice de infecção por PAV na UTI geral. Predominou o gênero
masculino, assim como outras variáveis sociodemográficas foram relevantes. A PAV é
fator de risco independente para a mortalidade na UTI. O S. aureus foi o patógeno
presente em ambas UTIs, tendo-se prevalência na UTI Geral e o S.C.N. não demonstrou
ser um patógeno característico da UTI Cardíaca estando apenas na UTI Geral.
Neste contexto, observa-se um crescente no número de infecções por ventilação
mecânica, principalmente em idosos hospitalizados em UTIs, o que gera um grande
desafio ao referido setor, no que se diz respeito à elaboração de protocolos que auxiliem
no controle destas infecções.
Referências
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em unidades de terapia intensiva. Rev. bras. ter. intensiva, v.21, n.1, p. 1-8. 2009.
AÑON, J. M. et al. Pronóstico de los ancianos ventilados mecánicamente en la UCI.
Med Intensiva. v. 37, n. 3, p. 149-155. 2012.
DALCIN, E. C.; BARBOSA, R.; FIORINI. D. L. S. Pneumonia no âmbito hospitalar:
susceptibilidade a idosos. Universo da Enfermagem. v. 02, n. 01, p. 36-50, 2013.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. 2011. Disponível
em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa/>. Acesso em: 16 out. 2014.
LISBOA, T. et al. Prevalência de infecção nosocomial em Unidades de Terapia
Intensiva do Rio Grande do Sul. Rev. bras. ter. Intensiva. v.19, n.4, p. 414-420. 2007.
MENDES, M. R. S. S. B. et al. A situação social do idoso no Brasil: uma breve
consideração. Acta paul. enferm. v.18, n.4, p. 422-426, 2005.
POLIT, D.F.; BECK, C.T.; HUNGLER, B.P. Fundamentos de Pesquisa em
Enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SCHEIN C. E. L., CESAR, A. J. Perfil de idosos admitidos em unidades de terapia
intensiva gerais em Rio Grande, RS: resultados de um estudo de demanda. Rev. Bras
Epidemiol, v.13, n. 2, p. 289-30, 2010.
179 UNIDAS, Pesquisa Nacional 2010. Disponível em:
<http://www.unidas.org.br/periódicos/arq_periódicos/pesquisa2010.pdf >. Acesso em:
16 out. 2014.
180 O TRABALHO DA PASTORAL DA CRIANÇA PARA AS FAMÍLIAS
ATENDIDAS
Roberta Tognollo Borotta Uema
Mestranda em Enfermagem no Programa de Pós-graduação em Enfermagem
da Universidade Estadual de Maringá (PSE/UEM)
E-mail: [email protected]
Célia Maria Gomes Labegalini
Mestranda em Enfermagem no PSE/UEM
E-mail:[email protected]
Hellen Pollyanna Mantelo Cecilio
Doutoranda na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Doutora, Professora do PSE/UEM
E-mail: [email protected]
Sonia Silva Marcon
Doutora, Professora do PSE/UEM
E-mail: [email protected]
Ieda Harumi Higarashi
Doutora, Coordenadora e Professora do PSE/UEM
E-mail: [email protected]
Resumo
Estudo desenvolvido com o objetivo de analisar o trabalho da Pastoral da Criança na
perspectiva das famílias atendidas. Pesquisa descritiva exploratória, com abordagem
qualitativa. Os dados foram coletados no período de maio a julho de 2014, por meio de
entrevistas semiestruturadas e, posteriormente submetidas a análise de conteúdo. Foram
entrevistados 16 familiares de crianças atendidas pela Pastoral da Criança. Percebe-se
que a Pastoral representa para as famílias, fonte de vinculo e apoio no cuidado a sua
família. Conclui-se que as famílias atendidas pela Pastoral da Criança recebem
orientações e cuidados em relação à promoção, prevenção e cuidado em saúde. Avaliase que estas ações são efetivas e bem aceitas pelas famílias por serem realizadas por
meio da formação de um vinculo família-pastoral e de uma estrutura de apoio famíliar.
Palavras Chave: Família; Cuidado; Enfermagem.
Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida.
Introdução
A Pastoral da Criança (PC) criada pela Dra. Zilda Arns, médica sanitarista, em
parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no ano de 1983, é
181 uma organização sem fins lucrativos e de natureza filantrópica que conta com a atuação
de voluntários para realização de acompanhamento a famílias carentes. Atualmente, a
Pastoral atua em todos os estados do Brasil, envolvendo uma rede de 230 mil
voluntários, sendo 92% deles do sexo feminino. A cada mês, cerca de 1,7 milhões de
crianças menores de seis anos e 80 mil gestantes são assistidas pela organização
(SANTOS; PIERANTONI; SILVA, 2010; CNBB, 2015).
A base da pastoral é a família e a comunidade. Seu trabalho é visto como uma
das organizações mundiais mais importantes que atuam nas áreas de saúde, nutrição e
educação da criança. O foco de atenção da PC engloba cinco frentes: cuidados com a
gestante, aleitamento materno, vigilância nutricional, soro caseiro e vacinação. Os
voluntários também ajudam a plantar hortas comunitárias, participam de programas de
rádio e orientam as famílias a melhorar a nutrição por meio do aproveitamento
adequado dos alimentos, utilizando farelos e folhas verdes, enquanto outros ensinam a
preparação e uso do soro caseiro, discutem a utilização de plantas medicinais,
incentivam o aleitamento materno, auxiliam no conhecimento do desenvolvimento
infantil, atuam em atividades de geração de renda e alfabetização de jovens e adultos
(SANTOS; PIERANTONI; SILVA, 2010).
Os voluntários da pastoral compartilham informações com as famílias assistidas
de um modo positivo e útil, contribuindo para a formação de vínculos e criando forças
para a participação de atividades que melhorem não somente sua qualidade de vida, mas
também das crianças acompanhadas, construindo uma rede de cuidados entre a pastoral,
a unidade básica de saúde e a própria família (BENGOZI; et al, 2010).
Objetivo
Analisar o trabalho da PC na perspectiva das famílias atendidas.
Materiais e Métodos
Tratou-se de um estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa.
Participaram da pesquisa 16 familiares de crianças atendidas pela PC.
O estudo deu-se em dois municípios do estado do Paraná: o município “A”,
localizado na região Noroeste do Estado do Paraná, com área total de 47,052 Km2 e
população de 357.077 habitantes (IBGEa, 2015); e o município “B”, localizado na
região Norte do Estado do Paraná, com área total de 208,470 Km2 e população de 4.603
182 habitantes (IBGEb, 2015). A escolha de ambos os municípios foi intencional, visando
captar distintas realidades do voluntariado.
O processo de seleção dos familiares ocorreu de formas diferentes nas duas
localidades: no município “A”, por tratar-se de município de grande porte, a escolha das
participantes foi intermediada pela coordenação da PC, que indicou seis paróquias com
maior atuação dentro da organização, com participação de um familiar por paróquia. No
município “B”, município de pequeno porte e com uma única paróquia, foram
abordadas 10 famílias que participam com regularidade das atividades da Pastoral.
A coleta de dados ocorreu no período de maio a julho de 2014, por meio de
entrevistas utilizando um roteiro semiestruturado, cujos relatos foram registrados com
auxílio de um gravador digital e, posteriormente, transcritos na íntegra, no sentido de
preservar a completude e fidedignidade das informações.
As entrevistas transcritas foram submetidas à análise de conteúdo temática, que
consiste em três fases: pré-análise dos dados, exploração do material e formação de
categorias e tratamento das categorias obtidas e interpretação (BARDIN, 2011).
O projeto de pesquisa foi analisado quanto à sua eticidade pelo Comitê
Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual
de
Maringá
(COPEP/UEM),
e
aprovado
conforme
parecer
n0653.826
(CAAE: 29326814.7.0000.0104). Assim, todos os preceitos éticos preconizados pela
Resolução n0 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) foram respeitados.
Discussão de Resultados
Os dados foram coletados em dois municípios pois, a princípio, as pesquisadoras
tinham questionamentos se haveria discrepância entre as percepções acerca do trabalho
da Pastoral em municípios com portes diferentes. Contudo, em função de não haver se
constatado divergência nas respostas, estas serão apresentadas em conjunto.
Foram entrevistadas dezesseis familiares, todas do sexo feminino, com idade
entre 17 e 72 anos, sendo que dez concentravam-se na faixa de 20 a 39 anos. Entre as
participantes, 14 possuíam companheiro (nove eram casadas, cinco viviam em união
estável), uma era solteira e uma separada. Sobre o grau de parentesco com as crianças,
doze eram mães, uma bisavó e três avós.
Em relação ao grau de escolaridade, sete possuíam ensino médio completo,
quatro incompleto, quatro possuíam ensino fundamental incompleto e uma era
analfabeta. A maioria delas eram donas de casa, duas aposentadas, uma Agente
183 Comunitária de Saúde, uma vendedora, uma cabelereira, uma auxiliar de produção e
uma auxiliar de serviços gerais.
A renda familiar mensal variou de um salário mínimo e meio a cinco salários
mínimos. Na maioria das famílias havia duas pessoas contribuintes, em três famílias
havia um responsável pela renda; uma única família apresentava três contribuintes da
renda e duas famílias apresentavam quatro contribuintes da renda.
As residências possuíam entre quatro e sete cômodos, quatro eram de madeira,
três mistas e as demais de alvenaria. O número de integrantes em cada família variou de
três a sete pessoas, sendo que sete famílias possuíam quatro pessoas. A quantidade de
crianças por família variou de uma a cinco, sendo que seis famílias possuiam apenas
uma criança e uma família possuía cinco.
Assim, tomou-se conhecimento de vinte e nove crianças atendidas pela Pastoral,
sendo dezoito meninas e onze meninos, com idade variando de cinco meses a treze
anos. Dentre as crianças, dois tinham anemia e um autismo. Todas as crianças em idade
escolar estavam matriculadas e frequentando as aulas.
O tempo de acompanhamento variou de um ano e quatro meses a treze anos. A
PC realiza o acompanhamento da gestação até os seis anos de idade; contudo o tempo
que as famílias relataram foi maior, na medida em que várias delas encontravam-se em
acompanhamento do segundo ou terceiro filho.
A maior parte das famílias conheceu a Pastoral por meio de voluntárias que
foram visita-las ainda durante a gestação. Duas relataram que foram convidadas por
vizinhas e amigas que já faziam acompanhamento, uma pela mãe que também era
voluntária, uma por indicação da irmã que já foi acompanhada e uma por ter participado
ainda quando criança.
Após análise dos relatos das participantes, ficou evidenciado que o vínculo e o
apoio recebido pela Pastoral são os principais fatores que as fazem participar das
atividades.
As ações desenvolvidas pela PC compõem um conjunto de práticas educativas
simples, baratas e facilmente replicáveis, focalizadas na capacitação das famílias para os
cuidados com a criança (EICKHOFF; NOGUEIRA, 2013).
Depreende-se que, no trabalho voluntário, o ensino do cuidado permeado por
uma relação de carinho, vínculo e acolhimento, promove a continuidade da atenção
prestada pela PC, fortalecendo as práticas de saúde, não só através da atuação dos
profissionais, mas também por meio de outras entidades dispostas a executar políticas
184 sociais destinadas à redução de mazelas geradas pelo sistema vigente. Neste sentido, a
PC auxilia na construção de planos de responsabilização, para maior integralidade da
atenção à saúde e exercício do direito à saúde, destacando as ações em favor da criança,
um ser especialmente vulnerável (ANDRADE ET AL, 2013).
Conclusão e Considerações Finais
O trabalho concluiu que as famílias atendidas pela PC recebem orientações e cuidados
em relação à promoção, prevenção e cuidado em saúde, e que estas ações são efetivas e
bem aceitas pelas famílias, na medida em que são realizadas por meio da formação de
um vinculo família-pastoral e de uma estrutura de apoio familiar.
.
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185 RESUMOS
Área temática – Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes
ciclos da vida.
186 A EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À
SAÚDE DO HOMEM
Aldenisia Bento de Freitas Giovanni
Especialista em Gestão em Saúde – UEM
Coordenadora do Curso Técnico em Enfermagem da SEED/PR
E-mail: [email protected]
Jéssica Carvalho de Matos
Mestre em Enfermagem – UEM. Doutorando em curso – UNIFESP
E-mail: [email protected]
Silvio Cesar Franco Giovanni
Especializando em Gestão Pública - UNICENTRO
E-mail: [email protected]
Resumo
Este artigo caracteriza os momentos históricos nos quais se consolidaram as políticas
públicas de saúde no Brasil, em especial a Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde do Homem (PNAISH), como via de garantia da Seguridade Social, dever do
Estado expresso no artigo 194 da Constituição Federal de 1988. Os determinantes
epidemiológicoscos, embasados nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)
universalidade, equidade e integralidade, evidencia os objetivos dessa Política e aponta
as responsabilidades dos envolvidos direto e indiretamente à sua implementação e
efetivação, bem como elenca fatores que subsidiaram sua elaboração. Para tanto fez-se
uma revisão bibliográfica ressaltando a contextualização histórica das políticas públicas
no país, enfocando as políticas públicas de saúde e principalmente a Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem e suas contribuições para promoção da saúde e
melhoria da qualidade de vida da população em destaque - a masculina.
Palavras Chave: Saúde do Homem. Políticas Públicas. Sistema Único de Saúde.
Área Temática: gestão do cuidado no desenvolvimento humano dos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
Na tentativa de reduzir a pobreza e as desigualdades sociais necessárias à
efetivação da democracia de fato, o Estado brasileiro vem desenvolvendo políticas
públicas eficazes especialmente direcionadas à Proteção Social, possibilitando aos
segmentos sociais que por variados motivos não obtêm sucesso na sociedade de
mercado, a incorporação à cidadania plena. No bojo destas políticas, a Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem corrobora para o alcance dos objetivos da
União expressos na Constituição Federal de 1988 (SANTOS, 2009).
187 Torna-se imperioso conhecer as contribuições da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem para a melhoria da qualidade de vida da população
masculina e consequentemente da sociedade brasileira visando à prevenção à saúde num
contexto de nova configuração do sistema público de proteção social, que tem como
base a universalização, democratização e descentralização das políticas sociais
(FLEURY, 2003).
Os homens adentram os sistemas de saúde, público e ou privado, por meio da
atenção
especializada,
terapia
curativa.
Levando
ao
conseqüente
agravo
e
morbimortalidade pela morosidade na atenção à saúde, causando prejuízos para o
próprio homem, sua família e sociedade, também, o aumento dos custos financeiros
para o Sistema Único de Saúde (SUS) (SCHRAIBER ET AL, 2005; BRASIL, 2009a).
Culturalmente e historicamente a doença denota sinal de fragilidade, a qual não
condiz à condição biológica masculina. Ao julgar-se invulnerável, o homem cuida
menos de si aumentando as chances dos agravos de saúde, pela maior exposição às
situações de riscos. (FIGUEIREDO, 2005; PINHEIRO ET AL, 2008).
Objetivo
Contextualizar historicamente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
do Homem, identificando seus objetivos e contribuições para a melhoria da saúde e
aumento da expectativa de vida da população masculina sob a perspectiva de gênero.
Materiais e Métodos
Realizou-se revisão bibliográfica no período de julho a dezembro de 2011 junto
às bases de dados Scientifc Eletronic Library Online – SCIELO (www.scielo.br).
Buscou-se artigos científicos tendo como palavras-chaves Saúde do Homem e Políticas
Públicas e gênero, foram encontrados 27 artigos. Os mesmos foram selecionados a
partir do enfoque dado à relação gênero – saúde. Também foram consultados os
documentos do Ministério da Saúde (PORTARIA Nº. 1.944, DE 27 DE AGOSTO DE
2009) e a Constituição Federal Brasileira de 1988. Os 27 artigos selecionados foram
publicados entre os anos de 2000 a 2011 tendo em vista que somente a partir de 1980 as
questões sobre masculinidades sob a perspectiva de gênero se acentuaram e a instituição
da PNAISH pela Portaria nº 1.944/GM, do Ministério da Saúde, de 27 de agosto de
2009.
188 Discussão de Resultados
Estudo realizado por Eyken e Moraes (2006) com o objetivo de estimar a
prevalência e o grau de simultaneidade dos fatores de risco para doenças
cardiovasculares achou que 80% dos pesquisados apresentaram pelo menos um fator de
risco para a doença. Em análise da simultaneidade dos fatores, achou que 45,2%
apresentavam dois ou mais dos seguintes fatores: sobre-peso/obesidade, atividade física
irregular/sedentarismo, tabagismo, hipertensão arterial e pressão arterial limítrofe.
Nascimento, Trindade e Nascimento (2011), em estudo com 100 homens de 18 a
25 anos para identificar as representações sociais de saúde e de doença e avaliar o
motivo da procura por serviços de saúde, concluíram que, menos da metade (46%)
declarou cuidar sempre da própria saúde, 13% referiram que não cuidam, e 41% que
cuida às vezes. Culturalmente o cuidado é tido como tarefa das mulheres.
Conforme Machin et al (2011) o aspecto cultural está diretamente associado a
um ser homem idealmente construído socialmente onde força, virilidade, objetividade,
distanciamento emocional, comportamento de risco constituem seu perfil, em oposição
ao perfil fragilizado feminino.
Estudos como o de Paiva et al (2011), Iser et al (2011), Ministério da Saúde
(2008) inferem sobre a desvantagem da população masculina em qualidade e
expectativa de vida quando comparada à população feminina, em média eles vivem de
06 a 07 anos menos que elas.
Conforme o documento do Ministério da Saúde que prescreve os princípios e
diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (BRASIL, 2009)
dos oito principais determinantes de mortalidade masculina analisados de 1980-2005,
observou variação positiva, para três deles: homicídios (101,4%), acidentes de
transporte (9,8%) e doença do fígado/cirrose (24,1%). Os homens lideram os índices de
mortes relacionadas ao consumo de álcool (89,1% dos óbitos 2000-2006) e aos
acidentes de transporte terrestre (82% em 2006), como principais causas de
internamentos no mesmo ano, aparecem causas externas de morbimortalidade em
primeiro lugar, seguido de transtornos mentais e comportamentais, com predominância
para o sexo masculino (NASCIMENTO, TRINDADE E NASCIMENTO, 2011;
BRASIL, 2009b; LAURENTI ET AL, 2005).
Segundo o Ministério da Saúde (PORTARIA Nº. 1.944, DE 27 DE AGOSTO
DE 2009), as doenças que acometem a população masculina constituem verdadeiros
problemas de saúde pública, portanto, formula a Política Nacional de Atenção Integral à
189 Saúde do Homem para nortear as ações de atenção integral à saúde do homem: “Art. 1º
Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem”.
De acordo com o exposto no Parágrafo único desse Artigo, a PNAISH objetiva
promover a melhoria das condições de saúde da população masculina, contribuindo para
minorar a morbidade e mortalidade dos homens de 20 a 59 anos, pelo enfrentamento
racional dos fatores de risco e facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de
assistência integral à saúde dessa população.
Neste sentido, a PNAISH foi lançada com os seguintes objetivos, conforme o
Artigo 4 da Portaria nº. 1.944/2009 GM/MS:
I - mudança de paradigma em relação à percepção dos homens
sobre cuidados em saúde; II - captação precoce da população
masculina nas ações preventivas às doenças cardiovasculares e
todo tipo de câncer; III - organizar, efetivar, qualificar e
humanizar a atenção integral à saúde do homem; IV fortalecimento da atenção básica, facilidade de acesso e
qualidade na atenção ao enfrentamento aos fatores de risco à
saúde; V - capacitar e qualificar os profissionais da atenção
básica no atendimento à população masculina; VI - implantar
efetivar a atenção à saúde sexual e reprodutiva; VII - aumentar e
qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo; VIII estimular a participação dos homens no planejamento da vida
sexual e reprodutiva, com ações educativas especialmente
relativas à paternidade; IX - garantia a vasectomia voluntária; X
- promoção da prevenção das DSTs e HIV; XI - garantia do
acesso aos serviços especializados (atenção secundária e
terciária); XII - promoção e atenção integral à saúde do homem
nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com
deficiência, em situação de risco, em situação carcerária, e
outros; XIII - articulação entre as ações governamentais e
sociedade civil organizada, mostrando as reais condições da
saúde do homem brasileiro e divulgação das medidas de
prevenção; XIV - ampliação do acesso às informações de
medidas preventivas aos agravos à saúde da população
masculina; XV - inclusão do enfoque de gênero, orientação
sexual, identidade de Gênero e condição étnico- racial nas ações
de cunho social e educativo; XVI - motivar os homens aos
cuidados com sua própria saúde, na realização de exames
preventivos e
adoção de hábitos saudáveis e XVII aperfeiçoamento dos sistemas de informação visando melhoria
do monitoramento a assertiva tomada de decisão (BRASIL,
2009).
190 Soares e Assunção (2011) e Carrara et al (2009) salientam o pioneirismo do
Brasil em lançar e fazer cumprir uma Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem. A PNAISH está inserida no contexto do Programa “Mais Saúde: Direito de
Todos”, alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica, priorizando as ações do
Programa Saúde da Família enfatizando a estratégia de “reconhecer a saúde como um
direito social básico e de cidadania da população masculina”, através de ações
estratégicas integralizadas contribuindo para a redução da morbimortalidade destes.
Conclusão e Considerações Finais
O percurso das políticas sociais no mundo e no Brasil foi desenvolvido sob a
égide de garantir a melhoria da qualidade de vida da humanidade. Historicamente, para
apaziguar as mazelas sociais e, promover a sustentabilidade do modo de produção
capitalista que se impunha e se impõe até hoje. As políticas sociais assumem diferentes
enfoques, ora tem carater negativo – Estado de Bem-Estar Social sob a ótica neoliberal,
ora carater positivo enquanto propulsoras da conquista de direitos sociais universais.
A atual conjuntura econômica globalizada reduz ao máximo o orçamento do
gasto social sob a orientação de políticas neoliberais e políticas focalizadas. No bojo das
focalizações a PNAISH de acordo com seus objetivos e princípios, quer garantir a
melhoria da qualidade de vida da população masculina, minorar os índices de
morbidade e mortalidade contribuindo para o aumento da expectativa de vida da
população masculina.
É fato que a instituição de uma política que venha a atender homens de 20 a 59
anos não dará conta de resolver os agravos de saúde que acometem os homens caso não
sejam de fato desenvolvidas ações efetivas para tal. Faz-se necessário compreender o
contexto histórico, político, econômico, construções socioculturais de masculinidade os
quais “formatam” o tipo de homem real o qual a saúde pública tem o dever de atender e
resolver através de atenção integral seus problemas de saúde.
O presente trabalho apresentou sob quais determinantes sociais, políticos e
econômicos e epidemiológicos a PNAISH fora elaborada. Novos estudos devem ser
realizados no sentido de avaliar quais as contribuições dessa política para a população
masculina e suas famílias bem como para a sociedade brasileira, considerando o
potencial produtivo da população foco.
Referências
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194 APLICAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO GRAU DE
DEPENDÊNCIA DE CUIDADOS DOMICILIARES DE ENFERMAGEM EM
IDOSOS NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR
Iara Sescon Nogueira
Enfermeira. PROCERE – Programa Centro de Referência do Envelhecimento - Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Rayane Nascimbeni Maldonado
Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna
bolsista do PROCERE – Programa Centro de Referência do Envelhecimento – Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Paula Cristina Gerhardt
Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá – Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Lígia Carreira
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá – Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá – Maringá
(PR), Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo do presente estudo foi descrever os critérios para priorização de visitas
domiciliares aos idosos residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da
família. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, realizado junto aos idosos
residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da família pertencentes a uma
área de abrangência de uma unidade de saúde de um município do norte do estado do
Paraná-Brasil. A fonte de dados foi os registros armazenados no projeto ‘Assistência
domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado’ (ADEFI),
integrante do ‘Programa Centro de Referência do Envelhecimento’ (PROCERE). A
escala de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de enfermagem
para priorização de visitas domiciliares foi elaborada a partir de discussões e leituras em
grupo baseadas na literatura e adequadas à realidade da população e território em
questão. Conforme pontuação, os idosos foram classificados em sem dependência, baixa
dependência, média dependência e alta dependência. Foram avaliados 116 idosos, sendo
90 (77,5%) classificados como sem dependência e 26 (22,5%) com algum grau de
dependência. Dos idosos que apresentavam dependência parcial ou total, 19 (73%)
foram classificados apresentando baixa dependência, cinco (19,3%) com média
dependência e apenas dois (7,7%) idosos com alta dependência. A aplicação da escala
195 de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de enfermagem voltada
para o idoso possibilitou o planejamento adequado das ações e a melhoria da qualidade
da assistência, através da priorização das visitas.
Palavras Chave: Saúde do Idoso; Cuidados de Enfermagem; Envelhecimento.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
O princípio de equidade do Sistema Único de Saúde garante aos indivíduos
ações e serviços em todos os níveis de complexidade conforme a necessidade de cada
pessoa, ou seja, todo cidadão é igual perante o SUS e tem o direito de ter acesso a todos
os serviços disponíveis no sistema (BRASIL, 2011).
Nesse sentido, na saúde pública, destaca-se a visita domiciliar (VD) de
enfermagem como um instrumento que garante a assistência em saúde. Ela permite que
o profissional aproxime-se da família, permitindo que este entenda o contexto de vida
do indivíduo e identifique suas necessidades e, consequentemente, sugira condutas
coerentes (KEBIAN; ACIOLI, 2011).
Em relação à população idosa, sabe-se que junto ao aumento da idade há o
surgimento de doenças crônicas, podendo diminuir a capacidade funcional do idoso
(OLIVEIRA; MATTOS, 2012), o que reforça a importância das visitas domiciliares,
tendo em vista que, de acordo com a atual assistência em saúde, o idoso incapacitado e
acometido por doenças crônicas deve ser cuidado no local onde sempre viveu e
adoeceu, ou seja, o próprio lar (SILVA; GALERA; MORENO, 2007).
Para que se possam realizar as visitas domiciliares e oferecer cuidados com
equidade na assistência, é necessário que o enfermeiro tenha um bom planejamento. Um
dos instrumentos utilizados para auxiliar esta organização foi a utilização da Escala de
Instrumentos para avaliação do grau de dependência de cuidados de enfermagem. É um
instrumento que foi construído por meio do projeto “ADEFI – Assistência de
enfermagem as famílias com idosos dependentes de cuidado”, com o intuito de auxiliar
na avaliação de dependência de idosos cadastrados no projeto, permitindo desta forma
uma priorização das visitas domiciliares por meio do grau de dependência desses
idosos.
Considerando o aumento da população idosa e sua crescente demanda pelos
serviços de saúde, é necessária a organização e estratificação do atendimento desta
196 população, principalmente no que diz respeito aos idosos que necessitam de maiores
cuidados.
Objetivo
O objetivo do presente estudo foi descrever os critérios para priorização de
visitas domiciliares aos idosos residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde
da família.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo de natureza descritiva, realizado junto aos idosos
residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da família, pertencentes a
uma área de abrangência de uma unidade de saúde de um município do norte do estado
do Paraná, Brasil.
A fonte de dados foi os registros armazenados no projeto ‘Assistência domiciliar
de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado’ (ADEFI), integrante do
‘Programa Centro de Referência do Envelhecimento’ (PROCERE). São eles: Protocolo
de identificação do Idoso Vulnerável – VES-13 (LUZ, 2013), Índice de Katz (KATZ,
1963), Escala de Lawton/Brody (LAWTON e BRODY, 1969), Escala de depressão
Geriátrica (YESAVAGE, 1983) e registros das reuniões em que esses dados foram
discutidos e as respectivas ações de saúde foram planejadas.
Discussão de Resultados
A escala de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de
enfermagem para priorização de visitas domiciliares foi elaborada a partir de discussões
e leituras em grupo baseadas na literatura e adequadas à realidade da população e
território em questão.
Assim, foram atribuídas pontuações para os instrumentos aplicados, entre
mínima, que corresponde á ausência de dependência, e máxima, que corresponde à
presença de dependência: Três pontos - Idoso Frágil (VES-13), Muito dependente
(Katz), Dependentes (Lawton/Brody) e Depressão Grave; Dois pontos – Idoso com
Risco (VES-13), Dependência Moderada (Katz), Capazes com Auxilio (Lawton/Brody)
e Depressão leve ou Moderada; Um ponto – Idoso Robusto (VES-13), Independentes
(Katz), Independentes (Lawton/Brody) e Sem depressão. Após a soma, e conforme
pontuação, os idosos foram classificados em sem dependência (até 4 pontos), baixa
197 dependência – D1 (5 e 6 pontos), média dependência – D2 (7 e 8 pontos) e alta
dependência – D3 (acima de 9 pontos).
Foram avaliados 116 idosos, sendo 90 (77,5%) classificados como sem
dependência e 26 (22,5%) com algum grau de dependência. Dos idosos que
apresentavam dependência parcial ou total, 19 (73%) foram classificados apresentando
baixa dependência, cinco (19,3%) com média dependência e apenas dois (7,7%) idosos
com alta dependência.
Podemos observar que apesar da maioria dos idosos serem classificados como
sem dependência, é expressivo o número de indivíduos que apresentam algum grau de
dependência. Assim, a sistematização das visitas domiciliares torna-se essencial para a
que os indivíduos mais vulneráveis tenham um atendimento prioritário, reforçando
assim o princípio da equidade (BRASIL, 2011). Desta forma, é considerado um
importante instrumento que pode ser utilizado no planejamento e organização das ações
da equipe.
A elaboração da escala utilizando os instrumentos que avaliam o grau de
dependência e funcionalidade dos idosos possibilitou com eficiência, a partir dos
instrumentos previamente aplicados e utilizados, identificar os indivíduos com maiores
fragilidades e grau de dependência, priorizando assim as visitas domiciliares.
Conclusão e Considerações Finais
A aplicação da escala de instrumentos para avaliar o grau de dependência de
cuidados de enfermagem voltada para o idoso possibilitou o planejamento adequado das
ações e a melhoria da qualidade da assistência, através da priorização das visitas. É
também um instrumento objetivo e de fácil aplicação, e por utilizar o banco de dados do
projeto, não requer outros instrumentos ou fichas, além de otimizar o trabalho.
Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Atenção Primária e Promoção da
Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília: CONASS, 2011.
KATZ, S., et al. Studies of illness in the aged. The index of ADL: a standardized
measure of biological and psychosocial function. JAMA., Chicago, v. 185, p. 914-919,
1963. 18.
KEBIAN, L. V. A; ACIOLI, S. Visita domiciliar: espaço de práticas de cuidado do
enfermeiro e do agente comunitário de saúde. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v.
19, n. 3, p. 403 – 409, set. 2011.
198 LAWTON, M. P.; BRODY, E. M. Assessment of older people: self-maintaining and
instrumental activities of daily living. Gerontologist, Washington, v. 9, p. 179-186,
1969.
LUZ, L. L. et al. Primeira etapa da adaptação transcultural do instrumento The
Vulnerable Elders Survey (VES-13) para o Português First stage of the cross-cultural
adaptation of the instrument The Vulnerable Elders Survey (VES-13). Cad. Saúde
Pública, 2013.
OLIVEIRA, P. H. de; MATTOS, I. E. Prevalência e fatores associados à incapacidade
funcional em idosos institucionalizados no Município de Cuiabá, estado de Mato
Grosso, 2009 – 2010. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 3, p. 395 – 406, set.
2012.
SILVA, L; GALERA, S. A. F; MORENO, V. Encontrando-se em casa: uma proposta de
atendimento domiciliar para família de idosos dependentes. Acta paul. Enferm., São
Paulo, v. 20, n. 4, p. 397 – 403, dez. 2007.
YESAVAGE J. et al. Development and validation of a geriatric depression screening
scale: a preliminary report. Journal of Psychiatric Reserch. V.17, n.2,1983.
199 AVALIAÇÃO DE NOTIFICAÇÃO DE CASOS NOVOS DE HIV EM IDOSOS
DE 2004 A 2013 EM MUNICÍPIO DO NOROESTE DO PARANÁ
Paula Cristina Gerhardt
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Vanessa Daniele Zambon Valério Pelizzari
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Ligia Carreira
Doutora em Enfermagem Fundamental. Docente do curso de Graduação e PósGraduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
Carlos Alexandre Molena Fernandes
Doutor em Ciências Farmacêuticas, Docente do programa de pós-graduação em
enfermagem da Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: [email protected]
RESUMO
Com o aparecimento da Aids, pensava-se que haviam grupos mais suscetíveis, como os
homossexuais e prostitutas, assim, as populações, como os idosos, não eram
considerados grupos de risco, e as campanhas de prevenção acabaram sendo deficientes.
Desse modo a doença apresentou uma tendência crescente nessa população, e tem
ganho cada vez mais espaço na atualidade devido ao seu grande impacto na saúde da
população idosa. Destarte, o objetivo do estudo foi verificar o número de diagnósticos
de pacientes com HIV entre idosos de 2004 a 2013 em Maringá, Paraná, e no estado do
Paraná. Trata-se de uma pesquisa de avaliação das informações obtidas no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAM) sobre casos de HIV diagnosticados em
Maringá e no Paraná de janeiro de 2004 a dezembro de 2013 em idosos com 60 anos ou
mais por ano de diagnóstico. O total de casos novos de HIV em Maringá foi de 34.
Homens foram a maioria, 70% dos casos. No Paraná o total de casos foi 835, sendo que
a maioria foi na faixa etária de 60 a 69 anos, correspondendo a 681 novos casos. Os
homens paranaenses também foram maioria, 495, com a maioria (404) na faixa dos 60 a
69 anos. Quando comparamos o município com o estado ambos tiveram uma taxa de
incidência igual (0,07) de novos casos diagnosticados. Assim, idosos começam a
aparecer no cenário dos que vivem com HIV, este fato deve ser visto como um grande
problema de saúde pública a ser enfrentado.
Palavras Chave: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Idoso; Epidemiologia.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
200 Introdução
Mais de trinta anos após a primeira descrição da síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS), casos da doença ainda são diagnosticados em todas as partes do
mundo. Mais de 34 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo HIV e a maioria
delas vive em países com baixa e média renda econômica. Somente no ano de 2011,
morreram 1,7 milhões de pessoas por causas relacionadas a AIDS no mundo todo
(UNAIDS, 2012).
Com o aparecimento da AIDS, nos anos 80, pensava-se que haviam grupos mais
suscetíveis, como os homossexuais e prostitutas, assim, as outras populações, como os
idosos, não eram considerados grupos de risco, e as campanhas de prevenção focadas
para esse público eram deficientes. Dessa maneira, doenças transmissíveis sexualmente,
como a AIDS, apresentaram ao longo do tempo uma tendência de aumento nessa
população, e tem ganho cada vez mais espaço na atualidade devido ao seu grande
impacto na saúde da população idosa (ANDRADE; SILVA; SANTOS, 2010).
Apesar das inúmeras mudanças de paradigmas relacionadas à sexualidade,
grande parte da sociedade ainda não a avalia como saudável e natural em idosos. A
desinformação e o grande preconceito acentuam a ideia da velhice assexuada,
aumentando a fragilidade do idoso não só ao HIV/AIDS, mas também a todas as DSTs.
Campanhas nacionais e ações de promoção e proteção da saúde, realizadas a partir de
2008, têm amenizado a invisibilidade da transmissão do HIV na população geriátrica
(SANTOS, 2011).
Apesar dos tabus existentes sobre a sexualidade do idoso, o aumento de casos de
AIDS em pessoas com idades mais avançadas pode estar relacionado à disponibilidade
de medicamentos que auxiliam na ereção e no desempenho sexual, à falta de
informações específicas sobre a doença e até às melhores condições financeiras de
alguns idosos, o que contribui para o acesso a prazeres e serviços disponíveis,
permitindo uma vida sexual mais ativa (SILVA; SALDANHA; AZEVEDO, 2010).
Objetivo
Verificar o número de diagnósticos de pacientes com HIV em idosos no decênio
2004 a 2013 no município de Maringá, Paraná, e no estado do Paraná.
Materiais e Métodos
201 Trata-se de um estudo descritivo transversal no qual desenvolveu-se uma
avaliação das informações obtidas na base de dados do DATASUS, do Ministério da
Saúde, sobre casos de HIV identificados e diagnosticados em Maringá e no Paraná para
o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2013 em idosos com 60 anos ou mais por
ano de diagnóstico. O instrumento da coleta de dados foram as notificações de casos
novos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM) disponível no do
DATASUS.
Para a avaliação foram comparados os casos novos de HIV dos idosos residentes
em Maringá, Paraná, com uma população estimada de 44.628 idosos no ano 2012
(IBGE, 2012) com os casos novos diagnosticados do estado do Paraná no mesmo
período. Os dados foram coletados segundo sexo e faixa etária. Os idosos foram
classificados em três grupos etários: 60 a 69 anos; 70 a 79 anos e 80 anos e mais.
Tendo em vista que a pesquisa utilizou base de dados do Ministério Público
disponibilizados em meio eletrônico, sendo estes de domínio público, este estudo
dispensa a apreciação e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Discussão de Resultados
No período de 2004 a 2013, no município em estudo, o número de casos de HIV
em indivíduos com 60 anos ou mais incidiu em 34 pessoas. Nesta pesquisa, entre os
idosos notificados como portadores de HIV, o grupo etário mais acometido foi aquele
com idade entre 60 e 69 anos (91%), resultado similar foi encontrado em uma pesquisa
realizada no estado de Pernambuco, em que esta foi a faixa etária mais acometida
(79,5%) (SILVA; VASCONCELOS; RIBEIRO, 2013)
Quando observamos o sexo, os homens foram a maioria, apresentando 24 (70%)
casos, sendo 22 de 60 a 69 anos. As mulheres corresponderam a 10 (30%), sendo nove
casos novos de 60 a 69 anos e somente um de 70 a 79 anos. Este estudo mostrou- se
semelhante ao de OKUNO et al, (2012) onde observaram que 62,8% dos pacientes eram
do gênero masculino.
Na segunda fase da pesquisa, foi comparada a frequência de casos novos
apresentados no decênio do município com os valores apresentados para estado do
Paraná.
No estado do Paraná o total de casos novos de HIV foi de 835 registros no
mesmo período. Sendo que a maioria também foi na faixa etária de 60 a 69 anos,
202 correspondendo a 681 novos casos. Além disso, 12 (1,4%) dos casos comprometiam
indivíduos com 80 anos ou mais.
Os homens paranaenses também foram maioria, 495, com a maioria (404) na
faixa dos 60 a 69 anos. No sexo feminino o maior número de casos também foi nesta
faixa etária com 277 casos dos 340 novos casos.
Mas quando comparamos o município com o estado ambos tiveram uma taxa de
incidência igual (0,07) de novos casos diagnosticados em relação ao número de idosos
residentes no mesmo período.
Conclusão e Considerações finais
Pessoas com faixa etária mais elevada começam a aparecer no cenário dos que
vivem com HIV, este fato deve ser visto como um grande problema de saúde pública a
ser enfrentado. Embora não possa ser possível generalizar os resultados deste estudo
para outras populações e regiões do país, eles fornecem informações úteis para subsidiar
as políticas de saúde na prevenção e no tratamento do HIV/AIDS de pessoas que vivem
com a doença.
Dessa forma, faz-se necessário investir fortemente em campanhas de prevenção
do HIV/AIDS e DSTs, voltadas especificamente para essa população idosa, além de
incluir essa temática no cotidiano dos serviços de saúde durante o atendimento ao idoso,
conscientizando a população da importância da prevenção dessas doenças.
Referencias
ANDRADE, H.A. dos S.; SILVA, S. K. da; SANTOS, M. I. P. de O. . Aids em idosos:
vivências dos doentes. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 14, n. 4, p. 712719, Dez. 2010 .
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais para
os municípios brasileiros. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2012/default.shtm>.
Acesso em: 28 de abril de 2015.
OKUNO, M.F. P. et al . Conhecimento e atitudes sobre sexualidade em idosos
portadores de HIV/AIDS. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 25, n. spe1, p. 115121, 2012.
SANTOS, A. F. de M.; ASSIS, M. de. Vulnerabilidade das idosas ao HIV/AIDS:
despertar das políticas públicas e profissionais de saúde no contexto da atenção integral:
revisão de literatura. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro , v. 14, n. 1, p. 147157, Mar. 2011 .
203 SILVA, J. da; SALDANHA, A. A. W.; AZEVEDO, R. L. W. de. Variáveis de impacto
na qualidade de vida de pessoas acima de 50 anos HIV+. Psicol. Reflex. Crit., Porto
Alegre , v. 23, n. 1, p. 56-63, Abril 2010 .
SILVA, M. M. da; VASCONCELOS, A. L.R. de; RIBEIRO, L. K. de N. P..
Caracterização epidemiológica dos casos de AIDS em pessoas com 60 anos ou mais,
Pernambuco, Brasil, 1998 a 2008. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 29, n.
10, p. 2131-2135, Oct. 2013 .
UNAIDS. Global report: UNAIDS report on the global AIDS epidemic 2012.
Disponível em: http://www.unaids.org.br/documentos/UNAIDS_GR2012_em_en.pdf.
Acesso em: 28 de abril de 2015.
204 BUSCA ATIVA DE CASOS COMO METODOLOGIA DE
TOXICOVIGILÂNCIA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Érica Gomes de Almeida
Graduanda em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Mirella Machado Ortiz
Graduanda em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil.
Natalina Maria da Rosa
Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Marcelo da Silva
Mestrando em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Flavia Antunes
Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Enfermeira, Doutora em Saúde Coletiva, Professora do Departamento de Enfermagem e
do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá,
Maringá- PR- Brasil
Resumo
O método de vigilância epidemiológica por busca ativa permite registrar casos por
agentes pouco alcançados pela notificação passiva e dá visibilidade às ocorrências
toxicológicas pelo do uso abusivo de drogas, que acarretam evoluções clínicas de alta
complexidade. O estudo objetivou apresentar os resultados de um sistema de
toxicovigilância por busca ativa em ambiente hospitalar. Estudo descritivo, com
abordagem quantitativa, com dados coletados das fichas de Ocorrência Toxicológica
notificadas arquivadas no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário
Regional de Maringá referentes a janeiro de 2010 a dezembro de 2014. Foram
encontrados 540 casos novos de intoxicação e o perfil evidenciou predomínio do sexo
masculino, faixa etária de 40 a 59 anos, baixa escolaridade e residentes no município de
Maringá. A principal circunstância da intoxicação foi o abuso crônico de drogas
alcoólica crônica e o agente causal bebida alcoólica. A evolução clínica da maioria foi a
alta hospitalar, com menos de cinco dias de internação, no entanto, 41 evoluíram a
óbito. O expressivo número de casos subnotificados, espontaneamente encontrados,
demonstra a importância do método de busca ativa dos casos como medida efetiva para
205 promover a captação e maior número de registros para o centro de assistência
toxicológica, assim como a difusão do conhecimento técnico-científico relativo à
prevenção da intoxicação.
Palavras Chave: Vigilância Epidemiológica; Toxicologia; Unidades de Internação.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
A toxicovigilância representa um conjunto de ações que buscam eliminar ou
minimizar as situações que podem afetar a integridade física, mental e social dos
indivíduos pela exposição às substâncias químicas. O reconhecimento de possíveis
efeitos tóxicos que podem ocorrer durante o processamento de um produto, desde sua
manufatura, comercialização, transporte, armazenamento, manejo e utilização, é uma
medida tomada pela toxicovigilancia, com vistas a evitar o índice de morbimortalidade
ocasionada pela ocorrência de uma intoxicação (SINITOX, 2014; BRASIL, 2010).
Considerando que a intoxicação representa o efeito da exposição a substâncias
químicas na saúde humana, a notificação das intoxicações passou a ser obrigatória com
a publicação da Portaria MS 2.472, de agosto de 2010, formalizando um sistema de
toxicovigilância (BRASIL, 2010).
O ambiente hospitalar, por ser uma importante fonte para a detecção de doenças
e agravos de notificação compulsória e outros eventos de importância para a saúde
pública, principalmente os emergentes e reemergentes, foi considerado, então, um elo
importante para o desenvolvimento dessa rede de vigilância epidemiológica. Os
registros dos centros de informação e assistência toxicológica, integrados às unidades
hospitalares, são considerados sentinelas e captadores de problemas sociais passíveis de
atuação da Saúde Pública (SILVINO et al., 2012).
Neste contexto, o projeto de extensão universitária Toxicovigilância: Busca
Ativa e Educação em Saúde é realizado desde 2005 no Centro de Controle de
Intoxicações (CCI) do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Realizado
por alunos do curso de graduação e pós-graduação em Enfermagem, mestrandos e
técnicos do HUM, a partir da procura de casos diretamente nos prontuários e fichas de
atendimento das unidades Clínica Médica, Cirúrgica, Pediátrica, Ginecologia e
Obstetrícia, Terapia Intensiva e Pronto Socorro, visa à redução de subnotificação dos
casos de intoxicação por meio da busca ativa à beira do leito; bem como a realização de
206 atividades de educação em saúde, fornecendo informações aos pacientes e familiares
para a prevenção de agravos e alertando-os sobre os danos do uso indevido de drogas de
abuso.
Para todo caso encontrado, considerado novo e subnotificado de forma passiva, é
preenchida a ficha epidemiológica de Ocorrência Toxicológica (OT), e os dados são
cadastrados no Banco de Dados do CCI/HUM e, posteriormente, no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Objetivo
Apresentar os resultados de um sistema de toxicovigilância por busca ativa em
ambiente hospitalar.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo do tipo documental, de abordagem quantitativa,
exploratório-descritivo, realizado com dados coletados das fichas de Ocorrência
Toxicológica notificadas pelo método busca ativa e arquivadas no CCI/HUM, referentes
ao período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014.
O CCI/HUM é um órgão de assessoria e consultoria na área de urgências
toxicológicas, funcionando nas dependências do HUM desde abril de 1990, com as
finalidades de fornecer informações toxicológicas a profissionais de saúde e à
população leiga, e adicionalmente serve de fonte de informações aos profissionais do
HUM. Além disso, o CCI/HUM coleta e armazena dados de ocorrências toxicológicas
em âmbito macrorregional, representando uma importante fonte para a avaliação da
realidade dos acidentes tóxicos no Estado do Paraná (REIS et al., 2013; SILVINO et al.,
2012).
Como fontes de dados foram utilizados os dados dos relatórios anuais de
acompanhamento do Projeto de Extensão: Toxicovigilância: Busca Ativa e Educação
em Saúde no HUM para a seleção dos sujeitos de pesquisa e a ficha de O dos casos
selecionados. A ficha epidemiológica OT é o instrumento de registro de casos de
intoxicação, com dados referentes ao paciente e da ocorrência toxicológica, bem como,
um importante instrumento de notificação e acompanhamento clínico de pacientes. O
armazenamento das fichas OT tem objetivo a posterior avaliação da realidade dos
acidentes toxicológicos na região Noroeste do Paraná (BRASIL, 2010).
207 Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário composto pelas
variáveis sócio-demográficas e da intoxicação: sexo (masculino e feminino), faixa
etária, escolaridade (fundamental incompleto e completo; nível médio incompleto e
completo; nível superior incompleto e completo, não alfabetizado), município de
residência do paciente (pertencentes à 15ª Regional de Saúde), circunstância da
exposição (intoxicação alcoólica crônica e aguda; por maconha; por crack; reação
adversa a medicamentos; por múltiplas drogas), agente causal (bebida alcoólica; drogas
de abuso ilícitas; drogas de abuso ilícitas + bebida alcoólica; reação adversa),
diagnóstico (primário e secundário), evolução clínica do caso (alta e óbito), o tempo de
internação (agrupado em dias: 0 a 5, 6 a 10, 11 a 20, 21 a 30 e superior a 31dias).
Os dados foram compilados no software Microsoft Office Excel 2013, organizados
em tabelas com frequências absolutas e percentuais, apresentados descritivamente.
Discussão de Resultados
Nos cinco anos de estudo foram notificadas 540 ocorrências toxicológicas. O
perfil dos casos notificados pelo processo de busca ativa foi de indivíduos do sexo
masculino 449 (83,1%), com faixa etária entre 40 a 59 anos com 184 (34,1%), grande
parte tinha baixa escolaridade - não concluíram o ensino fundamental 220 (40,7%), e
residiam no município de Maringá - 332 (61,5%). A maioria das ocorrências foram
ocasionadas pela intoxicação crônica por drogas - 399 (73,9%) e como agente causal a
bebida alcoólica - 444 (82,2%). Ressalta-se, portanto, que a predominância do álcool
como agente causal pode ser uma das causas da tendência a masculinização das
ocorrências subnotificadas, visto que é comprovado que os homens fazem mais uso de
bebida alcoólica quando comparados às mulheres (MOTA et al., 2012).
O uso nocivo do álcool é um fator causal em mais de 200 doenças e transtornos.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em nível mundial, com na
base no cálculo de nos anos de vida perdidos Disability-Adjusted Life Years, 5,1% da
carga global de doenças e lesões são atribuíveis ao consumo de álcool (DALY) (WHO,
2015). Essa relação causal entre o uso abusivo do álcool versus doenças não
transmissíveis e traumas, também foi observada no presente estudo, em que a soma dos
diagnósticos por trauma 175 (32,4%) e os efeitos clínicos secundários ao seu uso, como
a doença do trato gastrointestinal 116 (21,5%) foram responsáveis por dos 53,9% das
internações.
208 O processo de moralização do uso de droga de abuso é proporcionalmente
inverso ao resultado e qualidade da assistência. A constatação do grande número de
casos de intoxicação alcoólica subnotificados pode inferir pela invisibilidade
epidemiológica dessas pessoas nos serviços de saúde.
Quanto a evolução clínica, a alta hospitalar aconteceu em 362 casos (67,0%),
com tempo de permanência na instituição inferior a cinco dias - 246 (45,6%), no
entanto, 41 (7,6%) pacientes evoluíram a óbito. Anualmente, no mundo morrem cerca
de 3,3 milhões de pessoas, como resultado do uso nocivo do álcool, o que representa
5,9% de todas as mortes (WHO, 2015).
Ressalta-se portanto a importância dos profissionais de saúde, particularmente os
da equipe de enfermagem, no processo de educação em saúde e na vigilância de casos,
alertando jovens e adultos à prevenção das intoxicações, reconhecendo precocemente os
casos de pacientes intoxicados e estabelecendo a vigilância em saúde quanto à
disponibilidade de substâncias químicas passíveis de intoxicação.
Conclusão e Considerações Finais
Conclui-se que o perfil dos casos notificados pelo projeto é de indivíduos do
sexo masculino, com faixa etária de 40 a 59 anos, com diagnósticos médicos
decorrentes da exposição crônica do uso de drogas de abuso. Como aspectos positivos
do projeto, pode-se citar o seu potencial de ampliação do número de registros do
CCI/HUM, para que este exerça de forma mais abrangente a sua finalidade básica de
promover a sistematização, a ampliação e a difusão do conhecimento técnico-científico
relativo à prevenção e que a estruturação do Projeto contribui para uma melhor
formação de estudantes nas áreas da Toxicologia, Assistência Toxicológica e Cuidado,
além de proporcionar-lhes a compreensão da importância dos registros hospitalares e
das notificações epidemiológicas.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.472, de 31 de agosto de 2010. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt2472_31_08_2010.html>.
Acesso em: 18 jan. 2015.
SINITOX.
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Módulo
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Disponível
<http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mI.toxic.htm>. Acesso em: 18 jan. 2015.
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209 em:
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SILVINO, M. C. S. et al. Operacionalização de evento sentinela para vigilância do uso
de drogas de abuso. Saude & Transformação Social, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 59-66,
2012.
MOTA, D. M.; MELO, J. R. R.; FREITAS, D. R. C.; MACHADO M. Perfil da
mortalidade por intoxicação com medicamentos no Brasil, 1996-2005: retrato de uma
década. Ciênc. saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 61-70, 2012.
REIS, L. M.; MARTINS, B. F.; GAVIOLI, A.; MATHIAS, T. A. F.; OLIVEIRA, M. L.
F. Saúde do homem: internações hospitalares por intoxicação. Esc Anna Nery, v. 17, n.
3, p. 505-511, 2013.
210 CAMPANHA DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Denise de Fátima Hoffmann Rigo
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Fabieli Borges
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Luis Guilherme Sbrolini Marques
Enfermeiro Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Raissa Ottes Vasconcelos
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Thais Vanessa Bugs
Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica –
UNIOESTE/HUOP
E-mail: [email protected]
Anair Lazzari Nicola
Enfermeira, Doutora, Docente da área de Gerenciamento em enfermagem do Curso de
Enfermagem da UNIOESTE, CCBS, campus Cascavel/PR
E-mail: [email protected]
Resumo
A higiene das mãos é de primordial importância, quando se trata de Infecções
Relacionada a Assistência em Saúde – IRAS, e abrange o profissional de saúde,
pacientes, cuidadores e a instituição de saúde como um todo. Segundo o Ministério da
Saúde (2009) a higienização das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a
prevenção e controle das infecções hospitalares (IH). O objetivo deste trabalho foi
realizar um Relato de a experiência vivenciada por Enfermeiros Residentes do HUOP
referente ao desenvolvimento da campanha de higienização das mãos, bem como sua
importância para a prática assistencial no Hospital Universitário do Oeste do Paraná –
HUOP. A campanha consistiu em abordagens coletivas e individuais em todas as
unidades de atendimento, totalizando 13 setores do hospital. entrega de panfletos,
bottons, fixação de cartazes que demonstravam a técnica de higienização das mãos
próximo as pias e dispense de álcool em gel. Essa atividade foi desenvolvida durante
três dias em todos os turnos de trabalho. Em um primeiro momento houve uma boa
aceitação da campanha, por parte da equipe de saúde. Posteriormente foi observada a
retirada dos cartazes em alguns setores, baixa adesão a higienização das mãos em várias
211 oportunidades onde é recomendada a higiene das mãos, vislumbramos ainda que diante
da situação atual dos funcionários que estão em greve, com numero reduzido de
funcionários, com uma demanda de trabalho exacerbada e muitas vezes com falta de
materiais básicos nas unidades a campanha deve ser retomada, juntamente com a
Comissão de Controle de Infecção – CCIH.
Palavras Chave: Higiene das Mãos; Enfermagem; Segurança do Paciente.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
Reconhecendo a magnitude do problema da segurança do paciente a nível
global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu em 2004 a Aliança
Mundial para a Segurança do Paciente em que a finalidade foi definir e identificar
prioridades na área da segurança do paciente em diversas partes do mundo contribuindo
dessa forma para uma agenda mundial para a pesquisa no campo a respeito desta
temática (REIS; MARTINS; LAGUARDIA, 2013).
Nesse sentido, o Protocolo de Higienização das Mãos visa uma forma de
melhor assistência segura ao paciente.
O Protocolo de Higienização das Mãos em Serviços de Saúde desenvolvido
pelo Ministério da Saúde e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em
2013 tem por finalidade instituir e promover a higiene das mãos nos serviços de saúde
do país com o intuito de prevenir e controlar as infecções relacionadas à assistência à
saúde (IRAS), visando à segurança do paciente, dos profissionais de saúde e de todos
aqueles envolvidos nos cuidados aos pacientes (ANVISA, 2013).
A higienização das mãos consiste na fricção manual vigorosa de toda a superfície
das mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em
água corrente, deve ocorrer preferencialmente por 30 a 45 segundos (ANVISA, 2009)
Segundo o Ministério da Saúde (2009) a higienização das mãos é, isoladamente, a
ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares (IH).
Visa remover micro-organismos da flora transitória e alguns da flora residente, de
células descamativas, de pelos, de suor, de sujidades e de oleosidade. O objetivo da
higienização das mãos é reduzir a transmissão de micro-organismos pelas mãos,
prevenindo as infecções (OLIVEIRA, 2005).
212 O protocolo de higienização das mãos recomenda: Unhas bem aparada; de
preferência sem esmalte; uso de papel-toalha que possibilite uso individual folha a
folha; a lavagem das mãos pode ser completada com a fricção de álcool a 70% por 15
segundos (ANVISA, 2009)
Para tanto, a lavagem das mãos devem ser feitas por profissionais que trabalham em
serviços de saúde quando: contato direto ou indireto com os pacientes; manipulação de
medicamentos; alimentos; material estéril ou contaminado (ANVISA, 2009)
A técnica consiste em molhar as mãos com água; aplicar sabão neutro para cobrir
todas as superfícies da mão; esfregar as palmas das mãos umas nas outras; os dorsos das
mãos e punhos; espaço interdigital; proeminências ósseas; polegares; polpas digitais e
unhas; na sequência podem-se enxaguar as mãos respeitando o sentido: ponta dos dedos
até punho; secar com papel toalha e por fim fechar a torneira com o papel toalha. Essa
técnica deve ocorrer em cinco momentos: antes do contato com o paciente; antes da
realização de procedimentos assépticos; após contato com o paciente; após contato com
o ambiente próximo ao paciente.
Objetivo
Relatar a experiência vivenciada por Enfermeiros Residentes do HUOP referente
ao desenvolvimento da campanha de higienização das mãos, bem como sua importância
para a prática assistencial no Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP.
Materiais e Métodos
Relato de experiência vivenciado por enfermeiros da Residência em Gerenciamento
de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná - UNIOESTE – Campus de Cascavel-PR, relacionado a implantação do
programa de Segurança do Paciente, entre os tópicos do programa esta a higiene das
mão. Durante a disciplina de Segurança do Paciente vigente na grade curricular da
Residência Multiprofissional do HUOP, foram discutidas e elaboradas estratégias de
educação em saúde a fim de sensibilizar a equipe de profissionais da saúde, comunidade
acadêmica, pacientes e cuidadores.
A campanha consistiu em abordagens coletivas e individuais em todas as
unidades de atendimento, setores administrativos, setor de nutrição, serviço de apoio e
setor ambulatorial, no total foram abordados 13 setores do hospital. Por meio de estudo
do protocolo da ANVISA, foi elaborado a campanha de higiene das mãos, por meio de
213 entrega de panfletos, bottons, fixação de cartazes que demonstravam a técnica de
higienização das mãos próximo as pias e dispense de álcool em gel. Essa atividade foi
desenvolvida durante três dias em todos os turnos de trabalho, com o intuito de
sensibilizar os profissionais da área da saúde, pacientes e cuidadores sobre a
importância da higienização das mãos.
Discussão de Resultados
A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HUOP adotou o
protocolo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária de 2013, como referência para a
higienização das mãos e elaboração da normativa (035/2004) revisada em 2014, que
padroniza a pratica de higiene das mãos. A comissão disponibiliza ainda a normativa
(073/06) que trata da eficácia da higienização das mãos na eliminação da microbiota
residente e transitória.
Foi abordada a importância da higiene das mãos com água e sabão ou álcool a 70%
e orientação quanto ao uso de adornos vinculado ao controle de infecção hospitalar.
Além disso, foram distribuídos bottons adesivo para os funcionários com o slogan “Eu
higienizei as minhas mãos para tocar em você” e cartazes fixados nos quartos com o
slogan “você higienizou as mãos para tocar em mim?” com o intuito de sensibilizar a
todos sobre a importância da pratica para a segurança do paciente. Também, foram
distribuídos cartazes com a ilustração da técnica correta de higiene das mãos e caixa em
forma de cubo ilustrando os cinco momentos para a higiene das mãos. Em um primeiro
momento houve uma boa aceitação da campanha, por parte da equipe de saúde.
Posteriormente foi observado a retirada dos cartazes em alguns setores, baixa adesão a
higienização das mãos em várias oportunidades favoráveis a higienização das mãos.
De acordo com a cartilha da ANVISA (2010) embasado no guia da OMS há
cinco momentos da assistência em que se devem higienizar as mãos, sendo eles: Antes
de tocar no paciente, após o contato com o paciente, antes de realizar procedimento,
após risco de exposição a fluidos orgânicos, após contato com área próxima ao paciente.
Visto isto percebemos no dia a dia que há muita falha na adesão da pratica de higiene
perante essas oportunidades, bem como no desempenho correto da técnica.
Segundo Oliveira; ET AL (2009) a adesão à higiene das mãos pode variar de
acordo com fatores individuais, cognitivos e psicológicos, podendo desempenhar papel
determinante relacionado ao comportamento dos profissionais, ou seja, conhecer as
214 atitudes, as intenções, as crenças e as percepções, pode favorecer insigth direcionados a
adesão da higienização das mãos.
Com a realização da campanha, podemos vislumbrar que diante da situação atual
dos funcionários que estão em greve, com numero reduzido de funcionários, com uma
demanda de trabalho exacerbada e muitas vezes com falta de materiais básicos nas
unidades a campanha deve ser retomada, assim que melhorar alguns aspectos citados,
visando atividades mais práticas com o intuito de impactar e conscientizar mais a cerca
desta boa pratica no serviço de saúde.
Conclusão e Considerações Finais
Percebe-se que apesar de a higienização das mãos ser uma pratica rotineira, pode
ser muito negligenciada pela equipe, necessitando que sempre haja projetos de educação
continuada nas instituições de saúde, bem como o incentivo da pratica pela Comissão de
Controle de Infecção do Hospitalar, uma vez que este setor contempla os principais
indicadores de infecção hospitalar, o que tem relação direta com a higiene das mãos na
prevenção de infecções cruzadas e disseminações.
Referências
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Segurança do paciente: Higiene das
mãos. Brasília – DF. 2013. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf. Acesso em: 20
abr 2015.
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em
serviços de saúde. Brasília – DF. 2009. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizacao_maos/apresentacao.htm. Acesso em: 20
abr 2015.
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Meus 5 momentos para a
higienização das mãos. Projeto Nacional para a Melhoria da Higienização das mãos.
Unidade de investigação e prevenção das infecções e dos eventos adversos
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OLIVEIRA, A.C. Infecções hospitalares: epidemiologia, prevenção e controle. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
OLIVEIRA, A.C. et al. Infecções relacionadas à assistência em saúde: Desafios para
a Prevenção e controle. REME - Rev. Min. Enferm. jul./set., 2009.
REIS, C.T.; MARTINS, M.; LAGUARDIA, J. A segurança do paciente como dimensão
da qualidade do cuidado de saúde: um olhar sobre a literatura. Ciênc. saúde
coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 7, Jul 2013. Disponível em:
215 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232013000700018&l
ng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Março 2015.
216 CARACTERIZAÇÃO DE PUÉRPERAS ADOLESCENTES RESIDENTES EM
MARINGÁ-PR
Ana Claudia Saito
Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Thais Aidar de Freitas Mathias
Doutora em Saúde Pública, Professora Titular da Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Emiliana Cristina Melo
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual
de Maringá.
E-mail: [email protected]
Resumo
A adolescência representa um período de transição da infância para a vida adulta
caracterizado por mudanças biopsicossociais, representando muitas vezes a maturação e
iniciação à sexualidade. A gravidez na adolescência pode gerar complicações
obstétricas que colocam em risco mãe e filho. Neste sentido o acompanhamento prénatal de qualidade é fundamental para assegurar sua saúde e prevenir complicações.
Para tanto é preciso considerar também o ambiente social, econômico e físico no qual a
pessoa está inserida. Este estudo tem por objetivo a caracterização sociodemográfica e
obstétrica de puérperas adolescentes atendidas pela saúde pública do município de
Maringá-PR através de abordagem quantitativa, descritiva e transversal. Das 99
entrevistadas, 98% apresentou idade de 15 a 19 anos sendo que apenas 30,3%
trabalhavam. Infere-se, portanto que 69,7% depende financeiramente de outro; 75,8%
eram primigestas e 41,7% das multigestas apresentou história de abortamento. A maior
parte iniciou o pré-natal no primeiro trimestre de gestação (60,2%) e somente 18,2%
não atingiram o número mínimo de consultas preconizadas pelo Ministério da Saúde.
Houve maior percentual de nascimentos a termo (83,8%) do que nascimentos pré-termo
(16,1%), entretanto 52,5% foram submetidas à cesárea. A avaliação do pré-natal
evidencia a baixa qualidade do acompanhamento no município uma vez que em 89,9%
dos casos o acompanhamento foi inadequado, sendo apenas 2% considerado adequado.
Esse estudo permitiu traçar o perfil das adolescentes puérperas residentes em Maringá e
atendidas pelo sistema público de saúde. Espera-se que os resultados encontrados sejam
úteis para a programação de atividades direcionadas às necessidades dessa população
específica.
Palavras Chave: Perfil de saúde; Avaliação de Serviços de Saúde; Gravidez na
Adolescência.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
217 A adolescência é um marco importante e representa um período de transição da
infância para a vida adulta no qual ocorrem mudanças físicas, psíquicas e sociais. Ela
abrange a faixa etária entre 10 a 19 anos e muitas vezes representa a maturação e início
da vida sexual (SILVA et al., 2013). Entretanto, o início precoce da atividade sexual
pode levar a uma gravidez nos anos iniciais da vida reprodutiva devido a fatores como a
falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos e dificuldade de acesso a tais
métodos, violência, ânsia de obter um relacionamento estável, entre outros (COSTA;
SENA; DIAS, 2011).
O aumento no número de gestações nessa faixa etária é considerado um
importante problema para a Saúde Pública do país uma vez que pode gerar
consequências psicossociais, econômicas e complicações obstétricas que colocam em
risco o binômio mãe-filho (SANTOS et al., 2014). Nesse contexto o acompanhamento
pré-natal de qualidade é fundamental para assegurar a saúde e prevenir complicações
além de garantir a continuidade no atendimento da gestação em diferentes níveis de
atenção à saúde. Para tanto é preciso ter uma visão holística e considerar não somente o
corpo e a mente, mas também o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual a
pessoa está inserida (BRASIL, 2006).
Diante da necessidade de delinear o perfil das adolescentes usuárias do serviço
público de saúde no município de Maringá, este estudo tem por objetivo a
caracterização sociodemográfica e obstétrica de adolescentes púerperas atendidas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivo
Traçar o perfil sociodemográfico e obstétrico de puérperas adolescentes
assistidas pela rede pública de atenção à Saúde no município de Maringá-PR nos anos
de 2013/2014.
Materiais e Métodos
Estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa. A população estudada
foi composta por puérperas na faixa etária de 10 a 19 anos, residentes em Maringá, que
realizaram pré-natal e parto financiados pelo SUS. A coleta de dados foi realizada por
meio de formulário eletrônico, aplicado por uma equipe composta por três doutorandas
do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UEM e uma enfermeira, com a
participação e apoio de alunas de Iniciação Científica (PIBIC) no período de outubro de
218 2013 a fevereiro de 2014. Além das informações do questionário estruturado foram
utilizados dados do cartão da gestante. A pesquisa faz parte do projeto aprovado em
Edital da Chamada Universal – 14/2013, com o título “Nascimento pré-termo e fatores
associados no estado do Paraná: ferramentas para predição e prevenção” sendo
aprovado também pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o parecer
nº. 412.422/2013. Foi solicitado à puérpera autorização por escrito no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) salientando que sua participação seria
totalmente voluntária, podendo a mesma recusar-se a participar ou desistir a qualquer
momento.
Discussão de Resultados
A amostra foi composta por 99 puérperas estratificadas em faixas etárias de 10 a
14 anos e 15 a 19 anos sendo que a segunda representou 98% das adolescentes. Entre as
entrevistadas a raça parda predominou (58,6%) e 73,7% possuíam um companheiro.
Constatou-se que 22,2% tem o ensino fundamental incompleto, 19,2% ensino
fundamental completo, 33,3% ensino médio incompleto, 23,2% ensino médio completo
e apenas 2% superior incompleto. No que diz respeito à ocupação 30,3% eram
remuneradas, com a renda per capita familiar variando entre menos de um salário
mínimo (56,6%), de um a dois salários mínimos (37,4%) e mais de dois salários
mínimos (2%) sendo que 4% não possuíam renda familiar mensal ou não souberam
informar. Estudo realizado em uma comunidade no Recife-PE apresentou resultados
semelhantes, com predominância da gestação em adolescentes de 15 a 19 anos (94,12%)
de raça parda (82,35%). 41,17% estavam em uma união consensual e apenas 23,53%
trabalhavam podendo ser inferido que, assim como no presente estudo, a grande parte
era sustentada financeiramente por um terceiro (OLIVEIRA et al., 2011).
Com relação à história obstétrica e de saúde das entrevistadas poucas referiram
consumo de álcool, uso de tabaco e de drogas ilícitas durante a gestação (9,1%; 10,1% e
3% respectivamente). 75,8% eram primigestas e entre 24,2% multigestas, 41,7%
apresentou história de abortamento e 50% foi submetida à cesárea. Esses resultados
corroboram com estudo realizado em um hospital universitário de Porto Alegre no qual
o percentual de primigestas foi superior ao de multigestas (85,6% e 14,4%
respectivamente). Porém analisando o número de partos anteriores, 74,4% das
multigestas tiveram filhos por parto vaginal, situação oposta à encontrada no município
de Maringá (RIGOL; ESPÍRITO SANTO, 2001).
219 O delineamento das características obstétricas e da assistência pré-natal na
gestação atual evidenciou que apenas 28,3% planejaram engravidar. Apesar da gravidez
inesperada, 99% realizou o pré-natal e somente 18 entrevistadas (18,2%) não atingiram
o número mínimo de consultas preconizadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006).
A maior parte da amostra iniciou o acompanhamento pré-natal no primeiro trimestre da
gestação (60,2%) e 5,1% iniciou no último trimestre. Com relação ao risco gestacional,
48,5% das adolescentes foram classificadas como risco habitual, 7,1% como risco
intermediário, 7,1% como alto risco e em 37,4% dos casos o risco não foi preenchido.
Apesar dos riscos elevados de uma gestação na adolescência e da associação entre idade
materna e nascimento prematuro mencionada em diversos estudos, os resultados
encontrados demonstram maior percentual de nascimentos a termo (83,8%) do que
nascimentos pré-termo (16,1%). Contribuindo com esses achados, Santo et al. (2014)
traz em sua pesquisa que em 86,5% da amostra o nascimento ocorreu com 37 semanas
ou mais. Entretanto o número de consultas pré-natal realizadas foi inferior com apenas
2,2% das gestantes atingindo o mínimo de consultas preconizadas.
Apesar de 82,7% terem alegado preferência pelo parto vaginal, 52,5% foram
submetidas à cesárea. As altas taxas deste tipo de parto causam maior morbimortalidade
e aumentam o custo para saúde já que o tempo de internação e medicamentos
dispensados é maior (WHO, 2009). A estratificação do pré-natal em adequado,
intermediário e inadequado considerando número de consultas realizadas, início do
acompanhamento, registro de exames laboratoriais e registro de procedimentos clínicos
evidencia a baixa qualidade do acompanhamento pré-natal no município uma vez que
em 89,9% dos casos o acompanhamento foi inadequado, sendo apenas 2% considerado
adequado. Outro aspecto que deve ser considerado é a importância do registro de
exames e procedimentos clínicos durante o acompanhamento pré-natal, instrumento
importante que servirá como guia para avaliação das condições para o parto.
Conclusão e Considerações Finais
Esse estudo permitiu traçar o perfil das adolescentes puérperas residentes em
Maringá e atendidas pelo sistema público de saúde. Observa-se ainda que o município
não alcançou as metas propostas pelo Ministério da Saúde para o pré-natal adequado. É
preciso atentar para a importância da qualidade do cuidado prestado, uma vez que
apenas o número de consultas não garante a qualidade da assistência. Espera-se que os
220 resultados encontrados sejam úteis para a programação de atividades direcionadas às
necessidades dessa população específica.
Referências
SILVA, A.A.A. et al. Fatores associados à recorrência da gravidez na adolescência em
uma maternidade escola: estudo caso-controle. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.
29, n.3, p. 496-506, 2013.
COSTA, E.L.; SENA, M.C.F.; DIAS, A. Gravidez na adolescência-determinante para
prematuridade e baixo peso. Com. Ciências Saúde, v. 22, Sup. 1, p. 183-187, 2011.
SANTOS, N.L.A.C. et al. Gravidez na adolescência: análise de fatores de risco para
baixo peso, prematuridade e cesariana. Ciênc. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 19, n.
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Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério:
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OLIVEIRA, S.C. et al. Análise do perfil de adolescentes grávidas de uma comunidade
no Recife-PE. Rev. Rene. Fortaleza, v. 12, n. 3, p. 561-567, 2011.
RIGOL, J.L.; ESPÍRITO SANTO, L.C. Perfil das gestantes adolescentes atendidas em
consulta de enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v.22, n.2, p. 122-140,
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Countries. World Health Organization. Rising caesarean deliveries in Latin America:
how best to monitor rates and risks. 2009. Disponível em:
<http://whqlibdoc.who.int/hq/2009/WHO_RHR_09.05_eng.pdf?ua=1>.
221 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO FAMILIAR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE MARINGA – PR
Anderson da Silva Rêgo
Enfermeiro. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Rafaely de Cássia Nogueira da Paz
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Elza Monteiro da Silva
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Fernanda Gatez Trevisan
Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Victória dos Santos Laqui
Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Cremilde Aparecida Trindade Radovanovic
Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde, Docente da Graduação e do Programa de
Pós Graduação em Enfermagem – UEM
E-mail: [email protected]
Resumo
Este estudo objetiva identificar fatores de riscos e classificar famílias conforme o grau
de risco familiar em uma Equipe de Saúde da Família de Unidade Básica de Saúde em
Maringá-PR. Trata-se de estudo transversal – descritivo de caráter quantitativo,
realizado na Unidade Básica de Saúde do NIS II Tuiuti, onde foram avaliadas 1345
famílias. Os dados foram coletados do Sistema SIAB e analisados utilizando a Escala de
Coelho, entre os meses de Setembro e Outubro de 2014. A escala classifica os riscos em
R1 – risco baixo (5 e 6 pontos), em R2 - risco médio (7 e 8 pontos) e R3 – risco alto
(acima de 9 pontos). Nos resultados pode ser verificado que a microárea 01 abrange o
maior número de famílias, com 21,18% das famílias atendidas, enquanto que a
microárea 03 atende o menor número de famílias, com 17,25% do total de famílias. O
número de famílias que apresentaram algum risco foi de 131, sendo que 69,4% destas
famílias apresentaram R1, 24,4% R2 e 6,2% das famílias foram classificadas em R3. Os
fatores de risco mais prevalentes na população estudada foram a Hipertensão Arterial
com 28,7%, o analfabetismo com 20,67%, a deficiência mental com 10,92% e Diabetes
Mellitus com 8,78%. Os achados contribuem para que a Equipe de Saúde da Família
tenha a possibilidade de planejar ações que aperfeiçoem o seu processo de trabalho,
implementando estratégias que visem a melhoria da qualidade de vida da população de
acordo com o conhecimento dos agravos a saúde da coletividade atendida.
222 Palavras Chave: Estratégia de Saúde da Família; Vulnerabilidade; Fatores de Risco.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
O movimento da Reforma Sanitária, na década de 80, culminou em manifestos
populares devido à avaliação negativa do acesso as ações em saúde daquela época,
instituindo em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS), pela Constituição da República
Federativa do Brasil (CARVALHO et al., 2014). Pautado nas diretrizes de
universalidade, equidade e integralidade, o SUS definiu seus princípios e estabeleceu as
Leis Orgânicas da Saúde nº 8.080/90 e 8.142/90, para viabilizar o acesso, promovendo e
restabelecendo a saúde, com a participação popular e ainda, sobre os financiamentos de
recursos responsáveis pelas esferas governamentais (SILVEIRA; ROBAZZI, 2012).
Em cumprimento a estes propósitos básicos, para reorganizar a assistência
prestada, o Ministério da Saúde (MS) propôs, em 1991, o Programa de Agente
Comunitário de Saúde (PACS) com o intuito inicial de suprir o território sem cobertura
de atendimento à saúde, onde o Agente Comunitário de Saúde (ACS) realizaria seus
trabalhos de forma integrativa em visita ao individuo e sua coletividade familiar,
estabelecendo vínculo entre profissional e usuário. Logo depois, em 1994, foi
implementado o Programa de Saúde da Família (PSF) (OLIVEIRA; ZANETTI, 2011).
O MS classifica o PSF como um modelo assistencial voltado ao sujeito e a
família e é caracterizada no intuito promocional a saúde, tornando um novo modelo de
atenção prestado e na reorganização do processo de trabalho, com o objetivo de
extinguir as diferenças no atendimento das ações em saúde e do modelo assistencial
focado na doença (DUARTE et al, 2013). No PSF é importante a identificação de
fatores de risco para compreender como as famílias vão reagir frente as dificuldades de
saúde. Além dos fatores de riscos que acometem a família, também existem os fatores
aliados que auxiliam numa qualidade de vida melhor. Porém, as famílias culminam em
estilos de vida que caracterizam condutas favoráveis ou não e, quando negativas,
interferem no processo saúde-doença (BRASIL, 2012).
Objetivo
223 Identificar fatores de riscos e classificar o grau de risco das famílias
acompanhadas por uma equipe de Saúde da Família de Unidade Básica de Saúde em
Maringá-PR.
Materiais e Métodos
Trata-se de estudo transversal – descritivo de caráter quantitativo, realizado na
Unidade Básica de Saúde NIS II Tuiuti, do município de Maringá. A população
estudada compreendeu todas as famílias cadastradas no sistema SIAB e acompanhadas
por uma equipe de Saúde da Família (SF), divididas em 5 microáreas, totalizando 1.345
famílias.
Para distinguir e categorizar as famílias conforme a classificação de risco foi
utilizada a escala de risco familiar, adaptada de Coelho (2002). A escala é formada por
14 fatores de risco a saúde familiar: Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS), Indivíduo com idade maior ou igual a 70 anos, indivíduo com idade
menor ou igual a 6 meses, analfabetismo e tabagistas (um ponto); o desemprego e o
alcoolismo (dois pontos); a desnutrição grave, deficiência mental (DME), deficiência
física e acamados (três pontos). Estes fatores citados representam a individualidade do
sujeito que compõe a família estudada. Os fatores de risco como as baixas condições de
saneamento básico (três pontos) e a relação cômodo/morador (pontua conforme o
número de morador para o número de cômodos na residência) são os fatores não
individuais, abrangendo a coletividade familiar.
Para o preenchimento deste instrumento foram utilizados dados cadastrados na
ficha A do SIAB entre o período de janeiro a dezembro de 2014. Para cada família foi
preenchida uma ficha de avaliação, identificada com o número da família especificada
no sistema de coleta de dados. Esta fase ocorreu entre os meses de agosto e setembro de
2014, e as fichas foram posteriormente identificadas por microáreas e encadernadas,
ficando disponível para a equipe na UBS. Os dados foram tabulados no programa Excel
e analisados por meio de estatística descritiva.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro
Universitário Cesumar – Unicesumar, com o parecer de nº 743.544. Foi assinado pelos
pesquisadores o Termo de Proteção de Risco e Confiabilidade dos dados utilizados para
a pesquisa, impedindo à utilização em prejuízo a terceiro.
Discussão de Resultados
224 A equipe de Saúde da Família estudada, atende aproximadamente 1.345
famílias, divididas em cinco microáreas (MA). A MA 01 abrange o maior número de
famílias, totalizando 21,18% das famílias atendidas, seguida pela MA 04, MA 05 e
MA02 que atendem 20,82%, 20,53% e 20,22% das famílias, respectivamente; MA 03
atende o menor número de famílias, com 17,25% das famílias atendidas.
A MA 05, segundo a classificação de risco, apontou o maior número de famílias
classificadas com risco baixo (R1), diferenciando da MA 03 que apresentou risco alto
(R3), e as famílias da MA 02 mostrou uma proporção maior de famílias com risco
médio (R2). No geral, o número de famílias que apresentaram algum risco familiar foi
de 131 famílias, sendo que 69,4% destas famílias apresentaram R1, 24,4% R2 e 6,2%
apresentaram maior probabilidade de risco e foram classificadas em R3.
É possível identificar que as famílias estudadas possuem diferentes aspectos
sociais, econômicos e demográficos, mesmo pertencentes à mesma área de abrangência,
que influenciam na qualidade de vida desta população e nos manejos das ações em
saúde. Os fatores de risco mais prevalentes na população estudada foram a Hipertensão
Arterial, com 28,7% (386); o analfabetismo, com 20,67% (278); a deficiência mental,
com 10,92% (147); e a Diabetes Mellitus com 8,78% (118).
Neste aspecto, a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, prevalentes
na pesquisa, caracterizam não só os agravos biológicos, como também os sociais e
econômicos do sujeito, incapacitando o indivíduo a executar suas atividades diárias,
ocasionando criação de medidas intervencionistas e gerando custos para sua execução
(VIRGOLINO et al., 2013).
O analfabetismo, considerado uma vulnerabilidade social importante no
processo de adoecimento, possui uma alta incidência no processo de qualidade de vida
da população, já que o analfabeto possui um risco maior em adoecer devido às
dificuldades em obter as informações e compreender as orientações (DONOSO et al.,
2013).
Por sua vez, Moreno et al (2013) relata que os novos modelos assistenciais
destinados aos sujeitos portadores de algum distúrbio mental, possui uma nova ótica,
minimizando as internações hospitalares, optando por uma intervenção terapêutica
voltadas ao acesso, prevenção e restabelecimento da saúde, contextualizando a
Estratégia de Saúde da Família, inserindo novamente o indivíduo na comunidade,
cumprindo suas ações sociais e seu direito de cidadania.
225 Conclusão e Considerações Finais
As vulnerabilidades sociais e de saúde estão presentes na área estudada,
apontando que 131 famílias apresentam algum grau de risco à saúde. O instrumento que
nos possibilitou a identificação dos riscos mostrou-se importante na classificação das
vulnerabilidades, bem como na organização do processo de trabalho da equipe e na
criação de ações estratégicas que busquem a melhoria da qualidade de vida da
população. Este estudo possibilita, ainda, a discussão da Equipe de Saúde da Família em
estabelecer o controle dos agravos, de acordo com as diretrizes do programa,
promovendo, principalmente, a educação em saúde como foco nas estratégias
assistencialistas a população.
Referências
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2012.
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Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 07, n. 07, p. 4740-4746, jul. 2013.
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Integrative Review. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 07, n. 12, p.
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COELHO, Flavio Lucio; SAVASSI, Leonardo Cançado Monteiro. Aplicação da Escala
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MORENO, Emilly Anne Cardoso; BARBOSA, Fernanda Elizabeth Sena; LEITE,
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226 SILVEIRA, Renata Cristina da Penha; ROBAZZI, Maria Lúcia do Carmo Cruz.
Articulation in teaching-service within the Sistema Único de Saude and the implications
for nursing. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 06, n. 04, p. 947-955,
2012. Disponível:
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/2554/pdf _1096
VIRGOLINO, Joyce Lane Braz; SANTOS, Sérgio Ribeiro dos; OLIVEIRA, Clecia
Kelly do Nascimento; CUNHA, Rafaela Jeane Pereira. Sistema Hiperdia: Estudo
Longitudinal em um Distrito Sanitário. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife,
v. 07, n. 10, p. 6006-6012, out. 2013. 227 DROGAS DE ABUSO E TRAUMA FÍSICO: PERFIL PSICOSSOCIAL E
PADRÃO DE USO EM EVENTOS SENTINELA
Lúcia Margarete dos Reis
Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Cleiton José Santana
Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Érica Gomes de Almeida
Graduanda em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Mirella Machado Ortiz
Graduanda em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Marcelo da Silva
Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Doutora em Saúde Coletiva, Professora do Departamento de Enfermagem e do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá,
Maringá- PR- Brasil
Resumo
A investigação de eventos sentinela é um método inovador de vigilância epidemiológica
e monitoramento locorregional dos efeitos sociosanitários das drogas de abuso na saúde
da população. No presente estudo foi investigado o evento sentinela internação
hospitalar com diagnóstico de trauma associado à intoxicação por drogas de abuso,
considerando-o como evitável por meio de políticas públicas e indicador de maior
gravidade das condições de vida e de saúde dos pacientes internados. O estudo
objetivou identificar o perfil psicossocial e o padrão de abuso de drogas em usuários
internados por trauma físico. Estudo exploratório-descritivo, por meio de investigação
epidemiológica de eventos sentinela registros de um centro de assistência toxicológica
no período de abril a setembro de 2014, com análise documental e entrevista com
familiar. A renda familiar per capita média era de R$ 689±652,06 reais. O perfil dos
usuários apontou predomínio do sexo masculino, idade entre 13 e 65 anos e média de
40,1 anos, baixa escolaridade e desemprego. A droga mais utilizada foi o álcool, isolada
ou associada a outras drogas, e a metade deles fazia uso diariamente. Houve relatos de
violência na infância, manobras ilícitas para aquisição da droga, ocorrência de traumas
anteriores, alterações de comportamento no âmbito domiciliar e comportamento aditivo
nas famílias. A amostra estudada não se assemelha a de inquéritos transversais, mas
228 trata-se de casos que deveriam ter sido acessadas pelas políticas públicas de
enfrentamento do uso de drogas, uma vez que os resultados apontam para famílias
vulneráveis.
Palavras Chave: Vigilância de evento sentinela; Drogas de abuso; Internação
Hospitalar.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
O abuso de drogas constitui-se como fator de risco para acidentes, violências,
com consequentes traumas físicos, que culminam em mortes, perdas funcionais
temporárias, permanentes, e em agravos, gerando elevados custos sociais e econômicos
(JANG et al., 2013).
Considerando que, não existem ferramentas padronizadas de vigilância
epidemiológica e monitoramento locorregional efetivo das intoxicações e dos efeitos
sociosanitários das drogas de abuso na saúde da população, a investigação de eventos
sentinela configura-se como um método inovador nesta área. Tem sido utilizada por
grupo de pesquisadores, em sistemas locais de saúde, seguindo o referencial proposto
por Rutstein e colaboradores (SANTANA et al., 2014; SILVINO et al., 2012;
RUTSTEIN et al., 1976).
No presente estudo foi investigado o evento sentinela internação hospitalar com
diagnóstico de trauma associado à intoxicação por drogas de abuso, considerando-o
como evitável por meio de ações de políticas públicas e indicador de maior gravidade
das condições de vida e de saúde dos pacientes e familiares.
A identificação do perfil de usuários e do padrão de uso de drogas é uma das
primeiras ações para a elaboração de políticas públicas, sendo útil para classificar os
usuários quanto aos tipos de drogas, estabelecer o nível de consumo, identificar as razões de uso e a gravidade do quadro da dependência, que permitirão avaliar a eficácia e
os resultados da terapêutica pela mudança no padrão de consumo (REIS; UCHIMURA;
OLIVEIRA, 2013; ARNAUTS; OLIVEIRA, 2012).
Objetivo
Identificar o perfil psicossocial e o padrão de abuso de drogas em usuários
internados por trauma físico.
229 Materiais e Métodos
Estudo exploratório-descritivo, por meio de investigação epidemiológica de
eventos sentinela, com seleção de casos a partir dos registrados em um centro de
informação e assistência toxicológica – CIAT, localizado no município de Maringá –
Pr.
A amostra foi escolhida intencionalmente, sendo composta por 30 pacientes,
registrados no período de abril a setembro de 2014, considerados eventos sentinela,
independente do sexo e idade, com vínculo familiar, e residentes no município de
Maringá – Pr; e um familiar, denominado informante-chave.
Como fontes de dados foram utilizadas a Relação de Pacientes Internados, para
identificar os casos intoxicação por drogas de abuso; e, a Ficha de Ocorrência
Toxicológica de Intoxicação Alcoólica e/ou outras Drogas de Abuso (Ficha OT/IA)
arquivadas no CIAT, e o prontuário hospitalar do paciente arquivado no Serviço de
Prontuário do Paciente, que permitiram a identificação de eventos sentinela, a análise
epidemiológica dos casos, e o acesso às famílias utilizando os dados cadastrais.
A coleta de dados foi realizada a partir da análise documental, e da entrevista
domiciliar com um familiar elegido pela família como informante-chave. O instrumento
de coleta de dados foi composto por dados socioeconômicos e demográficos; dados do
evento sentinela; dados do domicílio e da família, e da conclusão da investigação.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (COPEP/ UEM) com
parecer favorável Número 458.185.
Discussão de Resultados
A renda per capita das famílias variou entre R$ 150,00 e R$ 3500,00, com
média de R$ 689±652,06 e mediana R$ 512,50. Embora a média nacional de
rendimento domiciliar per capita fosse de R$ 668,00 em 2010, 25% da população
recebia até R$ 188,00 e metade dos brasileiros recebia até R$ 375,00 – menos do que o
salário mínimo naquele ano que era R$ 510,00 (IBGE, 2010).
Os eventos sentinela eram majoritariamente do sexo masculino (29 – 96,7%),
mas já se sabe que, o sexo masculino é predominante em todas as estatísticas,
independente das drogas de abuso. Fogem ao padrão etário – idade de 13 a 65 e média
de 40,1 anos, que é menor na literatura. Dez usuários (33,3%) possuíam menos de
230 quatro anos estudados e um adolescente (13 anos) não estudava e não trabalhava. O
índice de baixa escolaridade encontrado no presente estudo é maior que o padrão
nacional (LARANJEIRA et al., 2012; IBGE, 2010) .
O álcool foi a droga referida pela maioria dos eventos sentinela (28 – 93,3%),
mas 13 deles faziam uso associado de várias drogas - álcool, maconha e crack (9),
álcool e maconha (2), álcool, maconha, cocaína/crack (2), metade dos usuários fazia
uso diário da droga de abuso. Este padrão acompanhou a tendência nacional e
caracterizou-se pelo uso múltiplo ou poliuso, com início de drogas lícitas e ilícitas na
adolescência/juventude. Essa trajetória confirmou uma escalada no uso das substâncias
psicoativas, iniciando com o tabaco e/ou álcool e finalizando com o uso de crack
(LARANJEIRA et al., 2012).
Em relação aos antecedentes para a iniciação ao uso de drogas no âmbito
individual e familiar, verificou-se que (12 - 40,0%) eventos sentinela tinham vivenciado
algum tipo de violência na infância; (14 - 46,7%). Segundo estudos de vertente
psicossocial, quanto mais precoce o trauma vivenciado mais prematuro poderia ser o
primeiro contato com as drogas de abuso consideradas "porta de entrada", como álcool e
maconha, ainda que esse efeito possa estar associado igualmente à experimentação de
cocaína tipo crack (SANTANA et al., 2014; BERNARDY; OLIVEIRA, 2012).
Metade dos usuários realizavam manobras ilícitas para aquisição da droga, sete
mendigavam dinheiro na rua e dois “trabalhavam em troca de droga”; e vinte e seis
usuários (83,3%) sofreram traumas anteriores ao evento sentinela investigado. Tais
manobras ilícitas para aquisição de drogas configuram uma situação de extrema
vulnerabilidade e marcadoras de gravidade do abuso de drogas, pois o indivíduo se
expõe a vários fatores de risco que podem contribuir para situações de violências e
traumas (SELEGHIM et al., 2011)
Em relação ao comportamento do indivíduo na família e na sociedade, a maioria
dos familiares (17 – 56,7%) relatou que o usuário apresentava comportamento agressivo
com violência doméstica e social devido ao abuso de drogas. Além disso, apresentava
dificuldade para estabelecer vínculos familiares e de trabalho. Treze familiares
indicaram outro membro alcoolista, casos nos quais nove eram os pais e um irmão era
dependente de crack; por influência de amigos ou más companhias (18 – 60%). Sabe-se
que fatores como relacionamento ruim com os pais, ter membro da família que abusa
e/ou é dependente de alguma substância, violência doméstica, desorganização familiar,
viver apenas com um dos pais, pouca comunicação entre familiares e falta de suporte e
231 monitoramento familiar têm sido associado ao uso de álcool, tabaco e outras drogas,
sendo estes fatores encontrados na amostra estudada (SANTANA et al., 2014;
BERNARDY; OLIVEIRA, 2012; SELEGHIM et al., 2011).
Conclusão e Considerações Finais
Conclui-se que o perfil dos casos investigados apresenta alguns aspectos
diferentes ao descrito na literatura, mas trata-se de eventos sentinela que deveriam ter
sido acessados pelas políticas públicas de enfrentamento do uso de drogas, uma vez que
os resultados apontam para famílias vulneráveis. Nesse sentido, sugere-se que a
metodologia de investigação de eventos sentinelas seja um processo contínuo, pois
permite identificar os casos mais graves que necessitam de intervenção imediata das
políticas públicas.
Referências
ARNAUTS, I.; OLIVEIRA, M. L. F. Padrão de consumo de álcool por jovens vítimas
de trauma e usuários de álcool. REME: Revista Mineira de Enfermagem, Belo
Horizonte, v. 16, n. 3, p. 410-418, 2012.
BERNARDY, C. C. F.; OLIVEIRA, M. L. F. Uso de drogas por jovens infratores;
perspectiva da família. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 11, p. 168-175, 2012.
Suplemento 1.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico:
resultado final – Paraná. 2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/total_popul
acao_parana.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2015.
JANG, H. S. et al. Comparative analysis of acute toxic poisoning in 2003 and 2011:
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10, p. 1424-1430, 2013.
LARANJEIRA, R. et al. (Org.). II Levantamento nacional de álcool e drogas. São
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REIS, L. M.; UCHIMURA, T. T.; OLIVEIRA, M. L. F. Perfil socioeconômico e
demográfico em uma comunidade vulnerável ao uso de drogas de abuso. Acta Paulista
de Enfermagem, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 276-82, 2013.
RUTSTEIN, D. D. et al. Measuring the quality of medical care: a clinical method. New
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epidemiológica do abuso de drogas. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife,
v. 8, n. 12, p. 321-327, dez. 2014.
SELEGHIM, M. R. et al. Aspectos da estrutura familiar de jovens usuários de crack: um
estudo do genograma. Revista Ciência Cuidado e Saúde, Maringá, v. 10, n. 4, p. 795802, 2011.
SILVINO, M. C. S. et al. Operacionalização de evento sentinela para vigilância do uso
de drogas de abuso. Saúde & Transformação Social, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 59-66,
2012.
233 FRICÇÃO ANTISSÉPTICA DAS MÃOS COM PREPARAÇÃO ALCOÓLICA:
CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Andressa Martins Dias Ferreira
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação de Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Flávia Maria Derhun
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Maria Antonia Ramos Costa
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Docente da Universidade Estadual do Nororeste do
Paraná – Campus Paranavaí
E-mail: [email protected]
Verusca Soares de Souza
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. Docente da Universidade Estadual do Noroeste do
Paraná – Campus Paranavaí
E-mail: [email protected]
Kelly Cristina Inoue
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Faculdade Ingá e Intensivista do
Hospital Universitário Regional de Maringá
E-mail: [email protected]
Laura Misue Matsuda
Enfermeira. Docente do Curso de Graduação e de Pós Graduação em Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
Estudo descritivo-exploratório, quantitativo, realizado em janeiro de 2014, com objetivo
de analisar o conhecimento de profissionais de enfermagem sobre fricção antisséptica
das mãos com preparação alcoólica. Participaram 267 trabalhadores de dois hospitais do
interior paranaense que responderam ao Teste de Conhecimento a Respeito da
Higienização das Mãos para Profissionais de Saúde. O conhecimento foi considerado
“Seguro” (IP=84,6%) à necessidade de as mãos estarem secas para o uso da solução;
“Adequado” à necessidade de cobertura total das mãos (IP=96,6%) com a solução e
também, dispensa de secagem mãos após fricção (IP=90,3%). O conhecimento foi
considerado “Sofrível” no que diz respeito ao tempo mínimo do procedimento
(IP=30,3%). Concluiu-se que, nas instituições investigadas, há lacunas no conhecimento
da enfermagem relacionado à fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica.
Palavras Chave: Segurança do paciente; Higiene das mãos; Enfermagem.
234 Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
A higienização das mãos é uma ação simples, primária e reconhecida
mundialmente como medida de controle das infecções relacionadas à assistência à saúde
(IRAS) e se relaciona diretamente com a segurança do paciente por levar à ruptura do
elo de transmissão de patógenos (BRASIL, 2010).
As mãos dos profissionais de saúde, principalmente da equipe de enfermagem,
devido ao contato direto e frequente com o paciente, podem se tornar vetores de
disseminação de microrganismos quando não higienizadas de forma correta; seja pela
sobrecarga de trabalho ou tempo insuficiente à realização deste procedimento (LOCKS,
2011; SOUZA et al., 2013).
Em substituição à higienização das mãos com água e sabão, tem-se
recomendado a fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica, que viabiliza a
eliminação da maioria dos germes em curto período de tempo (BRASIL, 2010).
A saber, a fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica deve durar em
torno 20 a 30 segundos, e consistem na aplicação desse produto em quantidade
suficiente, de modo a abranger todas as áreas de ambas as mãos não necessitando,
portanto, de enxágue e nem de secagem com papel toalha ou outro tipo de
material/equipamento (BRASIL, 2013).
No Brasil, em 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou a
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº. 42, de 25 de outubro, que aborda sobre a
obrigatoriedade das instituições de saúde em disponibilizar a preparação alcoólica para
fricção antisséptica das mãos (BRASIL, 2010) e em 2013, reforçou a importância da
higienização das mãos, por meio da Portaria 2095 (BRASIL, 2013).
Considerando que a prática de higienização das mãos se constitui medida
importante para a segurança do paciente, a obtenção de dados atuais sobre o
conhecimento de profissionais de enfermagem sobre a sua realização, possibilita
identificar lacunas para o estabelecimento de ações efetivas que contribuíam à
prevenção e/ou redução de IRAS.
Objetivo
235 Analisar o nível de conhecimento de profissionais de enfermagem acerca da
fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica.
Materiais e Métodos
Estudo descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa, realizado no mês de
janeiro de 2014, em um hospital público de ensino e um hospital próprio de operadora
de plano privado de saúde da região Noroeste do Paraná, que juntos possuem o quadro
de 354 profissionais de enfermagem (122 enfermeiros e 232 técnicos de enfermagem).
A amostragem ocorreu por meio de censo, com reposição consecutiva de perdas,
até obtenção de pelo menos 80% dos profissionais de ambas às instituições. Com isso,
participaram 267 (81%) profissionais, dos quais 92 (34,5%) eram enfermeiros e 175
(65,5%) eram técnicos de enfermagem.
Para a coleta dos dados, utilizaram-se questões de identificação pessoal e
específicas sobre a técnica de fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica
(questões 18, 19a, 19b e 19c) contidas no Teste de Conhecimento a Respeito da
Higienização das Mãos para Profissionais de Saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL
DA SAÚDE, 2008). Os dados foram compilados e tratados em planilhas eletrônicas e após, foi
realizada análise estatística descritiva no programa Statistical Package for Social
Sciences 20 (SPSS). Às respostas das questões específicas sobre a técnica de fricção
antisséptica das mãos com preparação alcoólica, foram analisadas de acordo com o
Índice de Positividade (IP).
O IP é calculado a partir do percentual de respostas positivas (corretas) para cada
questão e interpretado da seguinte forma: Desejável (100% de positividade); Adequado
(90% a 99% de positividade); Seguro (80% a 89% de positividade); Limítrofe (71% a
79% de positividade); e Sofrível (70% ou menos de positividade) (SAUPE, HORR,
1982).
O Projeto desta Pesquisa foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em
Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá
sob Parecer de no. 435.164/2013, CAAE no. 22926613.1.0000.0104.
Discussão de Resultados
Dentre os 267 profissionais de enfermagem que participaram do estudo, houve
predomínio do sexo feminino (88,4%); a média de idade foi de 41,54 anos (desvio
236 padrão = 10,203); o tempo médio de trabalho na Enfermagem foi de 194,49 meses
(desvio padrão = 112,685); e o tempo de trabalho na instituição foi de 119,89 meses
(desvio padrão = 94,906). Desses, 241 (90,3%) participaram de treinamento sobre
higienização das mãos e 262 (98,1%) afirmaram conhecer a disponibilidade/existência
de preparação alcóolica na sua instituição.
A afirmativa quanto à disponibilização da preparação alcóolica por parte da
instituição, indica adaptação das instituições à normativa da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2010).
Em relação às questões direcionadas ao uso da preparação alcóolica para a
fricção antisséptica das mãos, nenhuma questão atingiu nível de conhecimento
Desejável (IP=100%). Contudo, identificou-se nível de conhecimento Adequado
(IP=96,6%) para “cobertura total das mãos pela preparação alcóolica”; secar as mãos
(IP=84,6) e; Dispensa de secagem das mãos após fricção (IP=90,3%).
Apesar dos resultados satisfatórios, os profissionais apresentaram nível de
conhecimento Sofrível em relação ao tempo mínimo exigido para o procedimento de
fricção antisséptica das mãos (IP=30,3%).
A coexistência de dificuldades para aplicabilidade correta do procedimento de
higienização pode ser justificada, pela preferência de profissionais ao uso de água e
sabão (SOUZA et al, 2013), mas também, à falta de conhecimento na íntegra, da
técnica orientada em protocolo (ANVISA, 2010). Desta forma, cabe aos gestores se
atentarem às fragilidades existentes e propor intervenções à adesão e melhorias na
higienização das mãos.
Diante da problemática apresentada e da necessidade de se promover melhoria
contínua nos indicadores que abordam a higienização das mãos, a literatura
(KRUMMENAUER, 2013) sugere que às instituições de saúde adotem estratégias
educativas eficazes como a Educação Permanente, para sensibilizar, motivar e orientar
os seus trabalhadores.
Conclusão e Considerações Finais
Obteve-se índices de conhecimento que remetem à cuidados “Seguros” sobre a
Necessidade de as mãos estarem secas; “Adequados” para a necessidade de Cobertura
total das mãos com a solução e Dispensa de secagem das mãos após fricção. Além
disso, obteve-se índice “Sofrível” para o conhecimento sobre o Tempo mínimo de
fricção das mãos. Tais resultados apontam que o conhecimento acerca da higienização
237 das mãos, por meio da preparação alcóolica possui espaço para melhorias, sendo
necessário o desenvolvimento de estratégias de educação permanente que supram as
lacunas de saberes e motive a adesão dos profissionais.
Pondera-se que é pertinente conhecer a aplicabilidade da higienização na
prática assistencial, e por esta razão sugere-se a realização de estudos observacionais
que avaliem a qualidade e a adesão dos profissionais a esse procedimento.
Referências
BRASIL. Portaria nº. 1.377, de 9 de julho de 2013. Brasília, DF: Diário Oficial da
União, 2013. [Anexo 01: Protocolo para a prática de higiene das mãos em serviços de
saúde].
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Oficial da União, 2010. Seção 1:27-8.
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Acess: 22 setembro, 2014.
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higienização das mãos a observadores. Brasília, DF: Organização Pan-Americana da
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Florianópolis, v.1, n. 1, p.23, 1982.
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entendimento e atitudes dos profissionais de saúde. Revista de Pesquisa Cuidado é
Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 142-150, 2013. Disponível em:
<http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/viewFile/3399/pdf_11
40>. Acesso em: 22 set. 2014.
238 INTOXICAÇÃO POR SUBSTÂNCIA CAÚSTICA: RELATO DE CASO DE
SUICÍDIO
Camila Cristiane Formaggi Sales
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Universidade
Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Gesica Aparecida Giopato Piraccini
Psicóloga. Centro de Controle de Intoxicações. Hospital Universitário Regional de
Maringá
E-mail: [email protected]
Jessica Torquetti Heberli
Graduanda em Psicologia – Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Jessica Sanches da Silva
Graduanda em Psicologia – Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Laís Fernanda Ferreira da Silva
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Universidade
Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente graduação e pós-graduação em
Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
A tentativa de suicídio é considerada um agravo multidimensional e uma das causas
mais frequentes de atendimento em urgências toxicológicas. O presente estudo teve por
objetivo descrever um caso de intoxicação fatal atendido no Centro de Controle de
Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá - CCI/HUM, com
diagnóstico de tentativa de suicídio por ingestão de substância cáustica, a soda cáustica.
Delineamento descritivo e documental, na modalidade estudo de caso, com base nos
documentos hospitalares e na ficha epidemiológica de ocorrência toxicológica, realizado
mediante autorização da instituição hospitalar e consentimento dos familiares. Caso
feminino, 17 anos, casada, vítima de acidente de motocicleta após ingerir
intencionalmente grande quantidade de soda cáustica e conduzir o veículo em
movimentos erráticos. Encaminhada ao HUM pelo serviço de saúde do município de
origem. O caso foi orientado pelo CCI/HUM segundo o protocolo de procedimentos
para tratamento de intoxicação por substâncias cáusticas e corrosivas. Após
estabilização inicial e avaliação dos riscos e benefícios para a continuidade dos
procedimentos, a jovem foi encaminhada ao centro cirúrgico para procedimento de
laparoscopia exploratória e transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Evoluiu ao óbito no terceiro dia de internamento e alguns fatores chamaram a atenção
no caso: sexo e faixa etária vulnerável, história de tentativa de suicídio anterior, a
239 ingestão de grande quantidade de soda cáustica e a utilização de substância de fácil
acesso adquirida em supermercado.
Palavras-chave: Envenenamento; Centro de Controle de Intoxicações; Suicídio.
Área temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
O suicídio tornou-se um problema de saúde pública em âmbito mundial e
estima-se que uma morte decorrente do suicídio ocorra a cada 35 segundos, e o número
de tentativas de suicídio sejam ainda maiores: para cada suicídio existem pelo menos 25
tentativas. O enforcamento e o uso de armas de fogo são os métodos mais violentos, e
frequentemente fatais em todas as idades, porém o uso de agentes tóxicos, caracterizado
como método de menor letalidade, tem aumentado e indicado novos parâmetros para o
comportamento suicida (ROSA et al., 2015).
O suicídio é considerado ato consciente de aniquilação autoinduzida, encarado
como enfermidade multidimensional. O suicídio não é um ato casual ou sem finalidade,
representa a “melhor” solução para uma situação conflituosa, de muita ansiedade e
intenso sofrimento. Está presente em nosso cotidiano, seja nos noticiários ou na
vivência de conhecer alguém suicida (AVANCI et al., 2009).
A tentativa de suicídio é uma das causas mais frequentes de atendimento em
urgências toxicológicas. O serviço de urgência desempenha papel importante na
intervenção, mas também na prevenção do suicídio, pois a pessoa é vulnerável a novas
tentativas. Os profissionais de várias áreas da saúde devem ajudar a perceber o contexto
social, biológico e psicológico da pessoa, a fim de suprir as necessidades do intoxicado
em na sua integralidade (SANTANA et al., 2011).
Objetivo
O presente estudo teve por objetivo descrever um caso de intoxicação fatal de
uma jovem atendida no Centro de Controle de Intoxicações, com diagnóstico de
tentativa de suicídio por ingestão de substância cáustica- soda caustica.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo descritivo e documental, na modalidade estudo de caso,
com base nos documentos hospitalares e na ficha epidemiológica de Ocorrência
240 Toxicológica, arquivada no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital
Universitário Regional de Maringá.
Os centros de informação e assistência toxicológica brasileiros são unidades
especializadas, cujas funções variam segundo sua inserção e recursos. Entre essas
funções estão: o fornecimento de informação e orientação telefônica sobre o
diagnóstico, o prognóstico, o tratamento e a prevenção de intoxicações e sobre a
toxicidade das substâncias químicas e os riscos que elas ocasionam para a saúde, e o
registro dos atendimentos e a disponibilização dos dados; e a capacitação de
profissionais de saúde para atendimento nessas áreas (ABRACIT, 2009; TAVARES;
OLIVEIRA, 2012).
O Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de
Maringá (CCI/HUM) é um órgão de assessoria na área de urgências toxicológicas para a
região Noroeste do Paraná. A partir de uma equipe multidisciplinar técnica e de
estudantes, realiza vários tipos de serviços toxicológicos, destacando os atendimentos
ambulatoriais e a assistência domiciliar, por meio do Programa de Visita Domiciliar ao
Intoxicado.
O estudo foi realizado mediante autorização da instituição hospitalar e
consentimento dos familiares, e será apresentado nos aspectos descrição e discussão do
caso.
Discussão de Resultados
Feminino, 17 anos, casada. Vítima de acidente de motocicleta, choque com
obstáculo, após ingerir intencionalmente grande quantidade de soda cáustica,
aproximadamente um litro, segundo informação da família e conduzir o veículo em
movimentos erráticos, provavelmente pela franca dor abdominal. Encaminhada ao
HUM pelo hospital do município de origem, apresentou vários episódios de vômitos no
trajeto, e foi admitida na Sala de Estabilização e Reanimação do HUM, com índice 3 na
Escala de Coma de Glasgow, edema e lesões de grande intensidade em cavidade oral e
orofaringe. Foi instituída a ventilação mecânica, com sangramento intenso à intubação
orotraqueal, e medidas de suporte.
O caso foi notificado ao CCI/HUM e orientado segundo o protocolo de
procedimentos para tratamento de intoxicação por substâncias cáusticas e corrosivas.
Após estabilização inicial e avaliação dos riscos e benefícios para a continuidade dos
procedimentos, a jovem foi encaminhada ao centro cirúrgico para o procedimento de
241 laparoscopia exploratória e em seguida transferida para unidade de terapia intensiva
(UTI).
Evoluiu com diagnóstico médico de tentativa de suicídio, acidente de moto,
lesões em face, anasarca, necrose e perfuração de vários pontos do trato gastrointestinal,
pós-operatório de laparoscopia exploratória (esofagostomia, gastrectomia, enterectomia,
jejunostomia, insuficiência respiratória aguda, hemorragia digestiva alta e choque
hipovolêmico. Manteve-se em estado grave, com múltiplas disfunções orgânicas, em
choque séptico refratário sem resposta ao aumento progressivo de drogas vasoativas
(noradrenalina e vasopressina). Evoluiu ao óbito no terceiro dia de internamento na
UTI.
A ingestão de substâncias cáusticas e corrosivas é ainda motivo de preocupação
em nosso meio pela gravidade dos casos. Em virtude do seu fácil acesso, já que estão
presentes em vários produtos de uso doméstico, a ingestão proposital ou acidental
ocorre frequentemente. A esse fato, soma-se a falta de informações da população sobre
os efeitos deletérios dessas substâncias e a desobediência às instruções de segurança de
armazenamento destes produtos (CREMA et al., 2007).
Neste relato de caso, destaca-se os seguintes fatores: trata-se de uma intoxicação
grave por suicídio em uma paciente do sexo feminino, que geralmente utilizam produtos
químicos de baixa toxicidade para tentativa de suicídio, como os medicamentos;
paciente jovem, em faixa etária vulnerável para o suicídio; história de tentativa de
suicídio anterior, o que poderia ser considerado um fator de risco para uma tentativa
fatal e oferecido oportunidades de prevenção; a ingestão de grande quantidade d produto
para o suicídio pode indicar um transtorno mental grave; além disso, a jovem utilizou
uma substância de fácil acesso, que pode ser adquirida em supermercados como
saneante.
Conclusão e Considerações Finais
O fortalecimento de estratégias nacionais que debatam o assunto e proponham
melhorias no sistema de saúde pública, com desenvolvimento de atividades de
promoção à saúde e de prevenção de danos e linhas de cuidado integrais em todos os
níveis de atenção, são necessárias e urgentes.
Também ressalta-se a importância de valorizar as medidas de prevenção de
intoxicações intencionais, e cabe aos profissionais da saúde atuarem como educadores
em ambulatórios, escolas, centros de saúde e hospitais, envolvendo desde crianças até
242 idosos, com vistas à Saúde Mental.
Referências
ABRACIT. A inserção dos centros de informação e assistência toxicológica nas
redes de atenção à saúde como serviços de apoio e referência em Toxicologia
Clínica. Florianópolis: Abracit; 2009.
AVANCI, R.C.; FUREGATO, A.R.F.; SCATENA, M.C.M.; PADRÃO, L.G. Relação
de ajuda enfermeiro-paciente pós tentativa de suicídio. Rev Eletrônica Saúde Mental
Álcool e Drogas (SMAD). Ribeirão Preto, v.5, n.1, p.1-15, 2009.
CREMA, E.; FATURETO, M.C.; GONZAGA, M.N.; PASTORE, R.; SILVA, A.A.
Fístula esôfago-traqueal após ingestão caústica. J. bras. pneumol. São Paulo, v.33, n.1;
jan/fev. 2007.
ROSA, N.M.; CAMPOS, A.P.S.; GUEDES, M.R.J.; SALES, C.C.F.; MATHIAS,
T.A.F.; OLIVEIRA, M.L.F. Intoxicações associadas às tentativas de suicídio e suicídio
em crianças e adolescentes. Rev enferm UFPE online. Recife, v.9, n.2, p.661-8, fev.
2015.
SANTANA, J.C.B. et al. Caracterização das vítimas de tentativa de autoextermínio
atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no município de
Sete Lagoas e região. Revista - Centro Universitário São Camilo, v.5, n.1, p.84-92.
2011.
TAVARES, E.O.; OLIVEIRA, M.L.F. Padrões mínimos de atendimento inicial à
urgência toxicológica para abordagem à criança intoxicada. Rev Rene; vol.13, n.1,
p.147-57, 2012.
243 MEDIDAS ADOTADAS EM REÇÃO À TOXOPLASMOSE
GESTACIONAL/CONGÊNITA, GESTANTES SORO NÃO REAGENTES E
TOXOPLASMOSE OCULAR NOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMARIA DA
15ªRS/PR
Fernanda Ferreira Evangelista
Acadêmica do curso de Enfermagem e membro do grupo de pesquisa de
Toxoplasmose, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná
E-mail: [email protected]
Ana Lucia Falavigna Guilherme
Professora Associada da Universidade Estadual de Maringá no Programa de pósgraduação em Ciências da Saúde
E-mail: [email protected]
Carlos Alexandre Zanzin Manrique
Acadêmico do curso de Medicina e membro do grupo de pesquisa de
Toxoplasmose, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná
Resumo
Na literatura, pouco se conhece sobre as condutas adotadas por profissionais de saúde
no Brasil que trabalham com gestantes não reagentes ou sob suspeita de toxoplasmose
aguda. Programas eficazes de controle da toxoplasmose são medidas essenciais de
prevenção com fins de impedir a transmissão vertical às gestantes soronegativas, bem
como medidas de intervenção para aquelas com suspeita de toxoplasmose aguda. A
operacionalização do serviço em rede tem gerado o fluxo de cuidados às gestantes sob
suspeita de toxoplasmose aguda na maioria dos municípios da 15ª RS/PR, mas há
municípios que ainda não buscaram os serviços da rede desenvolvido entre a 15RS/PR e
nosso grupo de pesquisa junto ao HU/UEM. Assim, o objetivo deste estudo é observar
as medidas adotadas em relação à toxoplasmose gestacional/congênita, às gestantes soro
não reagentes e em casos de toxoplasmose ocular atendidos em serviço de atenção
primária pertencentes à 15ª RS/PR, bem como atualizar os profissionais com materiais e
cursos de atualização sobre profilaxia e medidas adotas em casos suspeitos. As UBS’s
serão escolhidas por sorteio e a seguir será levantado o número de profissionais
envolvidos nos cuidados às gestantes e em casos de coriorretinite. Da mesma forma,
será pesquisado nos últimos dois anos, a quantidade de gestantes atendidas sob suspeita
aguda da toxoplasmose, de gestantes soro não reagentes e de casos envolvendo o globo
ocular. A seguir, construído um banco de dados que será analisado estatisticamente,
com produção de relatório e resumos.
Palavras Chave: Toxoplasmose; Profilaxia; 15ª RS/PR
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
244 A toxoplasmose, causada pelo Toxoplasma gondii, parasito intracelular
obrigatório, é uma zoonose que acomete um terço da população mundial, com infecções
normalmente assintomáticas (ROBERTS, FRENKEL, 1990).
Aproximadamente cinco em cada 1000 gestantes não imunes podem adquirir a
infecção, sendo as chances de transmissão ao feto entre 10% a 100% (KRAVETZ,
2010). O parasito pode atravessar a placenta e causar morte intrauterina, retardamento
mental, coriorretinite, cegueira, meses ou anos após o nascimento (KRAVETZ, 2010).
De maneira geral, os riscos de transmissão ao feto são maiores nos dois últimos
trimestres, mas a gravidade é inversamente proporcional (KRAVETZ, 2013). Este
protozoário apresenta genótipos altamente diversos na população da América do Sul
(KHAN et al, 2011), sendo que nesta região tem sido observado casos mais graves de
coriorretinite por toxoplasmose.
Há diversas maneiras da gestante se contaminar, como a ingestão de oocistos
presentes em água, frutas e verduras, a partir de fezes de felídeos, ingestão de cistos em
produtos de origem animal, crus ou mal cozidos e por fim a possibilidade de
transmissão
congênita
pela
presença
dos
taquizoítas,
via
transplacentária
(REMINGTON et al, 2011). Na literatura, pouco se conhece sobre as condutas adotadas
por profissionais de saúde que trabalham com gestantes não reagentes ou sob suspeita
de toxoplasmose aguda. Apesar do Manual Técnico de Gestação de Alto Risco
recomendar a realização de duas avaliações sorológicas, IgM e IgG anti-T. gondii, uma
no início do pré-natal e outra no sétimo mês de gestação, é necessário medidas de
prevenção da toxoplasmose às gestantes soronegativas, auxiliado por profissionais da
saúde. Todavia, na sistematização destas práticas as medidas se encontram diluídas e as
secretarias de saúde dos municípios têm encontrado dificuldades, inclusive no
acompanhamento de recém nascidos sob suspeita ou em casos confirmados de
toxoplasmose
aguda,
assintomáticos
ou
sub-clínicos
(ROBERT-GANGNEUX,
DARDÉ, 2012).
Há sete anos foi criada uma rede regional de atendimento para o controle da
toxoplasmose gestacional e congênita nos serviços de atenção pública na 15ª Regional
de Saúde do Paraná (15RS/PR) juntamente com nosso grupo de pesquisa e o Hospital
Universitário da Universidade Estadual de Maringá (HU/UEM), pertencente à região
noroeste do Paraná, sul do Brasil. No período do projeto foram entregues às Unidade
Básicas de Saúde (UBSs), secretarias municipais de saúde e secretaria regional da
15RS/PR, material instrucional sobre principais medidas preventivas da toxoplasmose, a
245 serem repassados junto às gestantes, de maneira lúdica e de fácil entendimento,
produzido de acordo com Breganó et al (2010). Também foram realizadas palestras
sobre medidas preventivas, formas de diagnóstico, tratamento e do suporte que o
Ambulatório de Gestação de Alto Risco do HU/UEM realiza no tratamento e no
acompanhamento das gestantes e seus conceptos diante da suspeita laboratorial e ainda
enfatizada a importância da repetição do exame laboratorial no segundo e terceiro
trimestre de gravidez às gestantes IgM e IgG anti T. gondii não reagentes (LOGAR et
al., 2002).
Objetivo
Observar as medidas adotadas em relação à toxoplasmose gestacional/congênita,
gestantes soro não reagentes e em casos de toxoplasmose ocular atendidos em serviço
de atenção primária pertencentes à 15RS/PR e atualizar os profissionais dos locais
pesquisados.
Materiais e Métodos
A região da 15RS/PR será dividida em cinco microrregiões, quatro periféricas e
uma central. Um município dentre os municípios de cada uma das microrregiões será
sorteado para a presente pesquisa. Em cada um destes será investigado os seguintes
critérios: Município, quantidade de UBSs e de Estratégias Saúde da Família (ESFs)
existentes e de profissionais envolvidos no cuidado de gestantes, em cada UBS nos
últimos dois anos a quantidade observada de gestantes IgM e IgG sororreagentes e
soronegativas
à
toxoplasmose
e
pacientes
com
coriorretinite
ou
qualquer
comprometimento ocular diagnosticado como toxoplasmose ocular, procedimento
adotado pela UBS e PSF a cada um dos casos acima mencionados, se os pacientes
tiveram ou ainda tem acompanhamento dos profissionais destes serviços, e em caso
afirmativo, as medidas que são adotadas, o conhecimento que os profissionais têm sobre
o suporte que o HU/UEM disponibiliza para os casos com suspeita de toxoplasmose
gestacional e congênita, a observância de quais são os materiais instrucionais
disponíveis para informar as gestantes soro não reagentes nas UBSs.
Em cada um dos cinco municípios será distribuído material instrucional, após
palestras com os profissionais das UBSs e PSFs, de acordo com Breganó et al. (2010),
após a coleta de dados dos profissionais que assistem as gestantes ou os casos de
246 toxoplasmose ocular e para registrar será realizado uma compilação dos dados no
programa Microsoft Excell e aplicação de estatística não-paramétrica.
Discussão de Resultados
Baseado no relatório parcial, neste período foi trabalhado o município de
Maringá que por ser o maior da regional apresenta várias UBSs e foi necessário sortear
25% para que fosse possível contemplar todo o trabalho. Ainda necessitamos trabalhar
outras microrregiões. Em Maringá, de maneira geral, pôde-se observar que as gestantes
soronegativas não são seguidas mensalmente e que as instruções fornecidas às mesmas
são pífias, e falta orientações mais detalhadas e especificas para a prevenção da
toxoplasmose. Diante de um quadro de suspeita aguda 64% dos funcionários não
sabiam em qual setor do HU/UEM deveria ser encaminhado, 20% não encaminhavam,
16% encaminhavam adequadamente ao HU/UEM ou Hospital Santa Casa, que é o
referencial em tratamento das gestantes com suspeita de toxoplasmose. Os casos de
toxoplasmose ocular ocorridos nos dois últimos anos foram raros, mas mesmo assim
muito desconhecida e o encaminhamento geralmente é feito de forma inadequada pela
falta de conhecimentos ou informações atualizadas.
No município de Maringá foi realizado atividade educativa com os funcionários
em seis Unidades Básicas de Saúde, sendo elas: UBS do conjunto Requião , Posto de
atendimento do Jardim Aclimação, UBS Mandacaru, e dos distritos, São Domingos,
Floriano e Iguatemi. Em algumas dessas unidades, os profissionais envolvidos foram
em geral médicos, enfermeiros, ACS, administrador, nutricionistas, dentistas e
psicólogos. Na unidade básica do conjunto Requião estiveram presentes na orientação
aproximadamente 13 funcionários, na UBS do Jardim Aclimação estiveram presentes 5,
UBS Mandacarú 8, atendimento em São Domingos foram 4, Floriano estiveram 11 e
Iguatemi 14 funcionários. Avaliando o número de gestantes sob suspeita aguda de
toxoplasmose, nas UBSs acima mencionadas foram detectadas, nos últimos dois anos a
média de, seis, quatro, três, dois, três e quatro respectivamente, e os casos oculares
foram, respectivamente, dois, um, dois, nenhum caso, um e dois pacientes.
Algumas gestantes são soronegativas são bem orientadas, outras são orientadas a
cuidar da alimentação de maneira muito geral. Pensando nessa melhoria de qualidade de
vida para essas pacientes, foram realizadas atividades educacionais com esses
profissionais, no mínimo duas em cada unidade básica para reforçar e esclarecer
qualquer duvida que ocorresse em relação à toxoplasmose, seus desdobramentos e os
247 encaminhamentos que poderiam dar aos pacientes. Está sendo entregue materiais
específicos (panfletos, cartazes, CD’s) para essas equipes de PSF. E por fim, esses
funcionários estão sendo orientados em relação ao encaminhamento adequado de
pacientes soropositivas, sob suspeita de infecção aguda, e foi observado que 75% do
total de funcionários que participaram das palestras educativas não sabiam para qual
setor do HU/UEM ou do Hospital Santa Casa que devem fazer o encaminhamento, e
mesmo não encaminhavam.
O diagnóstico precoce na toxoplasmose congênita e o tratamento antiparasitário
da gestante podem modificar o risco de transmissão ou de sequelas ao feto na medida
em que a terapêutica for iniciada precocemente (Gangneux and Darde, 2012). Deve ser
considerado que os medicamentos disponíveis atuam sobre os taquizoítas, encontrados
durante os processos agudos, não sendo eficazes nas formas císticas do T. gondii,
prevalentes na fase crônica (Remington, 2011). Estudo de coorte com neonatos, no
Brasil, revelou que 80% apresentaram coriorretinite, com 63% de lesões bilaterais
(Vasconcelos et al, 2009). Por tudo isso é importante as medidas de controle à gestante
soronegativa, apesar de pouco valorizada, conforme pôde ser observado entre as
gestantes e profissionais de saúde, mas que são de importância fundamental na
profilaxia.
Conclusão e Considerações Finais
A operacionalização do serviço em rede, gerando o fluxo de cuidados às
gestantes sob suspeita de toxoplasmose aguda, contribuiu para que tivesse maior
atenção para os métodos profiláticos com as gestantes soro negativas, que tivesse o
acompanhamento das gestantes que já tiveram contato o parasita e cuidado com
pacientes com coriorretinite. Embora a toxoplasmose congênita tenha sido incluída na
lista de agravos de notificação compulsória em unidades sentinelas, e mesmo assim
existem casos sub-notificados, ou não diagnosticado corretamente. Foi observado
também que o controle da toxoplasmose encontra ainda desafios mesmo que tenha
havido a difusão dos conhecimentos, medidas de integração e de controle junto aos
profissionais dos serviços de saúde. Estes por sua vez são os primeiros a manter contato
com as gestantes e o seu grau de conhecimento é relevante para conscientizar as
gestantes sob risco.
Referências
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2010;104: 400–5.
249 PROGRAMA DE VISITA DOMICILIAR AO INTOXICADO: DADOS DE UMA
EQUIPE INTERDISCIPLINAR
Caroline da Costa Tamayo Sanches
Graduanda em Enfermagem - Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Aline Gonçales Gabriel
Graduanda em Enfermagem - Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Jessica Sanches da Silva
Graduanda em Psicologia – Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Márcia Regina Jupi Guedes
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Universidade
Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Catiuscia Rodrigues Guerreiro
Psicóloga. Centro de Controle de Intoxicações. Hospital Universitário Regional de
Maringá
E-mail: [email protected]
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente graduação e pós-graduação em
Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá
E-mail: [email protected]
Resumo
O Programa de Visita Domiciliar ao Intoxicado – PROVIDI, caracteriza-se como um
projeto de extensão universitária, realizado desde 1992 no Centro de Controle de
Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá – CCI/HUM, junto às
famílias de pacientes egressos de intoxicação por diversas circunstâncias. A partir de
1997 atende famílias de egressos de tentativa de suicídio por agentes químicos. A
equipe visitadora é constituída de alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em
Enfermagem e Psicologia, supervisionados pela equipe técnica do CCI/HUM, que se
subdivide em duas equipes de visitadores – Equipe de Enfermagem e Equipe de Saúde
Mental -, Atuando integradas. As visitas são agendadas após auditoria semanal das
fichas de ocorrência toxicológica, e realizadas aos sábados, sendo três sábados/mês com
atividades da Equipe de Enfermagem e um sábado/mês para a Equipe de Saúde Mental.
O presente trabalho tem como objetivo caracterizar as visitas domiciliares realizadas
pelo PROVIDI no ano de 2014. Estudo descritivo e exploratório, com abordagem
quantitativa, com dados coletado das fichas de Ocorrência Toxicológica do CCI/HUM e
das fichas de Visita Domiciliar. Foram agendadas 98 visitas, sendo efetuadas 50 (51%),
predominância de agendamentos para intoxicação na primeira infância (1 - 4 anos) –
33,6 %. Entre os agentes de intoxicação, destacaram-se os medicamentos (51%). O
PROVIDI desenvolve no aluno o cuidado com o outro, num espaço que integra
250 profissionais e usuários dos serviços de saúde,estabelecendo seus papeis sociais no
processo, para formação em saúde e garante uma troca que possibilita crescimento e a
assistência integralizada ao intoxicado e sua família.
Palavras Chave: Visita domiciliar; Envenenamento; Assistência à saúde.
Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos
da vida.
Introdução
A visita domiciliar - VD, considerada como uma categoria da atenção
domiciliar, e um instrumento de intervenção que prioriza o diagnóstico da realidade do
indivíduo-família-comunidade, subsidia as ações educativas de forma programada com
o intuito de identificar demandas e potencialidades, com visão das condições de vida
das famílias (SELEGHIM et al., 2011).
O Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de
Maringá - CCI/HUM é um serviço de atendimento às urgências toxicológicas que presta
informação toxicológica profissionais da saúde e à população leiga, por meio telefônico,
online ou presencial. Considerando que a intoxicação representa um fenômeno
complexo, o CCI/HUM atua por meio de uma equipe interdisciplinar e em diversas
áreas, incluindo o PROVIDI – Programa de Visita Domiciliar ao Intoxicado.
O PROVIDI é um projeto de extensão universitária, desenvolvido desde 1992
junto às famílias de pacientes egressos de intoxicação por diversas circunstâncias e, a
partir de 1997, atende aos egressos de tentativa de suicídio por agentes químicos. Visa
acolher a família e orientar sobre a prevenção de intoxicações e autocuidado, e a
continuidade ao tratamento, e atende famílias residentes em Maringá e municípios de
seu entorno.
A equipe visitadora é constituída por alunos dos cursos de graduação e pósgraduação em Enfermagem e Psicologia, supervisionados e acompanhados pela equipe
técnica do CCI/HUM, composta por uma enfermeira e uma psicóloga. A equipe
subdivide-se em dois grupos de visitadores: a Equipe de Enfermagem, que atua com
egressos de diversos tipos de intoxicação, e a Equipe de Saúde Mental, que atua junto a
pacientes egressos de tentativas de suicídio. O público alvo prioritário do PROVIDI são
pessoas que sofreram algum tipo de intoxicação classificadas como graves,
principalmente em casos de tentativa de suicídio, e intoxicação infantil, priorizando as
intoxicações que possam ter recidivas ou causar efeitos tardios.
251 A partir da auditoria semanal das fichas de ocorrência toxicológica, que contém
informações sobre o paciente, sua intoxicação e a evolução de seu caso, são agendadas
as VD, realizadas aos sábados: três sábados/mês com atividades da Equipe de
Enfermagem e um sábado/mês para a Equipe de Saúde Mental. Realizada a VD, ocorre
a avaliação dos procedimentos e situação das famílias, condições sociais das famílias,
forma de recepção à equipe visitadora, atenção e compreensão da família quanto às
orientações fornecidas pelos visitadores, conduta frente às queixas referidas,
dificuldades encontradas e as impressões pessoais dos visitadores.
Os principais objetivos do PROVIDI são avaliar a evolução clínica dos sujeitos
que
sofreram
intoxicação,
diminuir
reincidências
de
intoxicações,
difundir
comportamentos preventivos às famílias, em seu contexto sociocultural, e estabelecer
vínculo serviço de saúde – família.
Objetivo
Caracterizar as visitas domiciliares realizadas pelas equipes do PROVIDI no ano
de 2014.
Materiais e Métodos
Trata-se de estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa dos
dados das visitas domiciliares.
A população do estudo é composta por egressos de intoxicações notificados ao
CCI/HUM, independente da faixa etária, circunstância ou agente tóxico, residentes em
Maringá e municípios de seu entorno.
Os dados foram coletados das fichas de Ocorrência Toxicológica do CCI/HUM e
das fichas de Visita Domiciliar – Equipe de Enfermagem e Equipe Saúde Mental, e
apresentado a frequência absoluta e relativa.
Discussão de Resultados
Em 2014 foram agendadas 98 visitas domiciliares, sendo a maioria para o sexo
feminino (60,2%). Considerando ambos os sexos, a predominância de faixa etária das
visitas agendadas foi para a primeira infância (1 - 4 anos) - 33,6%, seguidos da faixa
etária de 30 - 39 anos (12,2%).
No que diz respeito ao agente de intoxicação, destacaram-se os medicamentos
(51%), os animais (20,4%) e os domissanitários (13,2%). Quanto à circunstância da
252 intoxicação, a maioria ocorreu por acidente individual, com 58,1%, seguido das
tentativas de suicídio, com 34,6% e, erro de administração de medicamentos, com 4,1%.
Com base nesses dados pode-se perceber que as intoxicações acontecem, muitas
vezes, com agentes de fácil acesso e na própria residência do indivíduo. Durante as VD
percebeu-se que as pessoas ainda não apresentavam comportamentos preventivos com
os produtos químicos, mantendo-os em recipientes inadequados ou em locais de fácil
acesso às crianças, e a pessoas vulneráveis ao suicídio.
Vale ressaltar que, das 98 visitas programadas, 50 (51%) foram efetivadas. Os
motivos mais recorrentes da não efetivação das visitas foram nenhum morador na
residência - 18 (37,5%), endereço incorreto na ficha de ocorrência toxicológica - 16
(33,3%).
Pode-se apreender, na percepção das equipes visitadoras que houve uma
receptividade considerada boa em todos as VD.
Desenvolveu-se atividades de educação em saúde, com informações sobre
sintomatologia, agente causal, tratamento e prevenção de outras intoxicações. A equipe
visitadora informou às famílias como prevenir eventuais acidentes, entregando folders
ilustrativos, e proporcionou ao egresso possibilidade de acompanhamento ambulatorial
no CCI/HUM.
Conclusão e Considerações Finais
O PROVIDI desenvolve na equipe visitadora um olhar de cuidado para com o
outro, num espaço que integra os profissionais e usuários dos serviços de saúde,
estabelecendo seus papéis no processo de visita, bem como auxiliar e acompanhar
intoxicados notificados no CCI/HUM, visando acolher a família e orientar sobre a
prevenção de intoxicações e autocuidado, e ainda a continuidade do tratamento. Isso
propicia a formação em saúde e garante uma troca que possibilita crescimento e a
assistência integralizada ao intoxicado e sua família. Além de promover uma integração
multidisciplinar que enriquece a trajetória acadêmica dos alunos.
Referências
SELEGHIM, M.R.; OLIVEIRA, M.L.F.; BALLANI, T.S.L.; TAVARES, E.O.;
TREVISAN, E.P.T.; FRANÇOZO, N.R.R. Cuidado de enfermagem a famílias:
experiência vivenciada em visitas domiciliares a intoxicados. Sau. & Transf. Soc.
Florianópolis, v.2, n.1, p.65-72, 2011.
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