Estocolmo - Sweden Abroad

Transcrição

Estocolmo - Sweden Abroad
Estocolmo
mexe
Há novos lugares para descobrir na
capital da Suécia – e outros tantos,
de cara lavada, para revisitar
Gabriela Lourenço
18 v&V
visão vida & viagens junho 2012
design
Não há top ten de cidades, nem lista de destinos prediletos ou eleição de lugares
com melhor qualidade de vida que não inclua Estocolmo, a capital da Suécia. Recentemente, o Lonely Planet chamou-lhe «cozy mas cosmopolita» – «tão perfeita
como sempre foi», acrescentou. Estocolmo atrai pelo seu way of living escandinavo, mas sobretudo por conseguir manter o encanto dos séculos passados enquanto
se renova constantemente. Fomos à procura do que há de novo na cidade e, pelo
caminho, encontrámos lugares renovados – e não resistimos, claro, a espreitar o
que de imperdível nos espera nos lugares do costume. Museus, lojas, galerias e hotéis – o design, já sabemos, está espalhado por todos os cantos de Estocolmo.
junho 2012
visão vida & viagens
v&V 19
design
ESTOCOLMO
1
Imagens
que marcam
Abriu há pouco mais de um ano e rapidamente se transformou em the place to go em Estocolmo. O novo Museu de Fotografia ocupou um antigo armazém de alfândegas, construído
no início do século XX, nas docas de Stadsgården, e tem atraído visitantes, não só pelas suas
exposições, mas também pelas bonitas vistas sobre os canais, cortesia das enormes janelas que
antes serviam de portas por onde os barcos carregavam as mercadorias. Para lá da fachada de
tijolos vermelhos, nasceu um lugar para «ser o que quiser», define Michelle Marie Roy, curadora do Fotografiska. «A fotografia é tanta coisa! Não somos um museu de arte, porque não
mostramos só arte. Podemos ter exposições de fotografia artística, mas também de fotografia
científica, de fotojornalismo ou de fotografia de moda», acrescenta esta americana rendida há
anos a Estocolmo. São várias as exposições em simultâneo, de fotógrafos mais e menos conhecidos. Já passaram por ali as imagens de Annie Leibovitz, Robert Mapplethorpe, Helen Levitt,
Anton Corbijn e Steve Schapiro, entre muitos outros – ao todo, o museu já conta com mais de
40 exposições – e, até setembro, o destaque vai para The Image of Strindberg, com imagens do
dramaturgo sueco desaparecido há 100 anos. No último piso, a cafetaria recorda-nos onde estamos, com as traves de madeira no teto, ainda com marcas do tempo em que por ali passavam
barcos. E é aqui que as vistas se espraiam até às ilhas centrais da cidade.
Fotografiska Stadsgårdshamnen, 22 .
www.fotografiska.eu
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Aberto todos os dias, das 10h às 21h.
garrafa mais
2 A
famosa do mundo
Um museu dedicado às bebidas alcoólicas não é novidade em Estocolmo, mas
o Vin & Sprithistoriska Museet resolveu
mudar de nome e de conceito: novinho
em folha, chama-se agora Spritmuseum
e reabriu as portas há apenas alguns dias,
a 24 de maio. Nos antigos edifícios do
século XVIII onde antes se guardavam os
barcos, na ilha de Djurgården, há agora
um espaço totalmente renovado, para
conhecer a relação entre os suecos e o álcool (na exposição permanente Sweden:
Spirits of a Nation), mas, mais do que
isso, há finalmente um lugar para conhecer a imensa Absolut Art Collection, que
o Estado Sueco conseguiu manter dentro
de portas. São cerca de 850 obras de arte
de mais de 500 artistas diferentes, feitas
para a marca de vodka Absolut, algumas
delas, nunca mostradas ao público. Para
começar, organizou-se a exposição Face
it!, com uma seleção de obras criadas entre 1986 e 2004, que incluem a famosa
pintura de Andy Warhol da garrafa de
Absolut, mas também trabalhos de Keith
Haring, Damien Hirst, Ed Ruscha, entre
outros. Até janeiro de 2013, a ideia é que
enfrentemos de vez esta coleção de arte
tão controversa – «sabemos que muitas das obras não têm qualidade, mas
isso também faz parte do encanto desta
coleção», diz a curadora Mia Sundberg.
Melhores ou piores, as obras acabam por
fazer o retrato das artes nas décadas de
80 e 90 – e na Absolut Art Collection cabem nomes como Warhol e Haring, mas
também Robert Indiana, Vik Muniz, Annie Leibovitz, Helmut Newton, Jean Paul
Gaultier, Ben, Miguel Barceló, Francisco
Clemente… um universo vasto a explorar
durante os próximos anos.
Spritmuseum • Djurgårdsvägen, 38
Aberto todos os dias, das 10h às 18h, com o
restaurante a fechar às 22h (horário de verão)
www.spritmuseum.se
design
ESTOCOLMO
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Luxo
sueco
Quem não se impressiona à entrada do Nobis Hotel, não consegue, no entanto, ficar indiferente à
sala de estar central, com cerca de 800 metros quadrados e um pé direito de 25 metros (a altura dos
quatro andares). Menos ainda, se olhar para cima,
para as duas cúpulas de vidro e o enorme lustre,
original dos dois edifícios de apartamentos de 1857
que deram origem a este novo espaço. Completamente renovado pelos arquitetos e designers suecos
Claesson Koivisto Rune (um trio imparável em
Estocolmo, que assina também o mobiliário do espaço), o hotel reabriu em dezembro de 2010, para
oferecer um serviço de luxo, a condizer com a praça
de Norrmalmstorg onde está inserido. Espaços amplos, tanto nas áreas comuns como nos 201 quartos
(uma curiosidade: os números, em porcelana, nas
portas são fabricados de Portugal…), vale a pena
uma visita mesmo que não se fique aqui alojado o restaurante Caina e o Gold Bar vão acumulando
elogios e distinções.
Nobis Hotel
tel.se
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Norrmalmstorg, 2 - 4
www.nobisho-
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Na era
digital
Há cantigas espalhadas pelas paredes do Scandic
Grand Central. Em pequenos quadros, as frases
dão música aos quartos e às áreas comuns do hotel: «It’s such a perfect day I’m glad I spent it with
you», «once upon a time you dressed so fine», «for
what it’s worth I love you and what is worse I really
do». De Lou Reed aos The Cardigans, passando
por Bob Dylan, vamos adivinhando os nomes por
detrás das mensagens. Aberto há pouco mais de
seis meses no bairro de Norrmalm, junto à Estação
Central da cidade, o hotel quer atrair um público
mais jovem e cosmopolita. Prova disso é o Blogger’s
Inn, um quarto destinado a receber – gratuitamente – bloguers que se queiram candidatar a passar
ali uns dias, totalmente equipado para as atividades
cibernáuticas destes clientes.
Scandic Grand Central Hotel
Kungsgatan, 70 www.scandichotels.com/grandcentral
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ESTOCOLMO
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O gosto
francês
Pascale Cottard-Olsson é uma francesa em Estocolmo e nunca
deixa de o dizer. Há 14 anos apaixonou-se por um sueco, pela
cidade e pelo design escandinavo e resolveu abrir uma galerialoja, que é também produtora de objetos de design. «Sou maluca nas minhas escolhas, tenho um gosto francês», repete, a
rir, enquanto apresenta uma das suas últimas novidades: os
coloridos candelabros Lumière, criados por Fredrik Mattson. Pascale orgulha-se de dar largas aos projetos de novos e
consagrados designers, na sua maioria escandinavos. É aqui
que se encontra, por exemplo, a premiadíssima pulseira Eve,
de Claesson Koivisto Rune, ou o serviço Lux do promissor
Jens Fager. No número 15 da Humlegårdsgatan, abre-se uma
grande porta de vidro para este pequeno espaço aberto entre
quinta-feira e sábado.
Gallery Pascale
gallerypascale.com
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Humlegårdsgatan, 15
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www.
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Mundo
gráfico
Aqui há talento e nem seria preciso o
nome desta loja-galeria para termos a
certeza disso. Fica em Södermalm e segue
a linha trendy do bairro do sul de Estocolmo. Na Talent Gallery organizam-se
exposições e vendas de trabalhos de designers gráficos e ilustradores de todo o mundo (sim, estão lá os cadernos e os posters
do Serrote, em nossa representação), muitas vezes, mediante candidatura dos artistas. Ao longo de um pequeno corredor, há
posters e desenhos afixados nas paredes
brancas, com molas de alumínio, enquanto cartões, carimbos, cadernos, autocolantes e outros pequenos objetos de papelaria
se mostram nas prateleiras. Em junho, as
paredes enchem-se com os trabalhos de
Blandine Minot, uma francesa a trabalhar
em Milão. Um lugar para descobrir novos
grafismos.
Talent Gallery
talentgallery.se
Kocksgatan, 23
www.
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design
ESTOCOLMO
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Objetos
que pensam
Karin Eriksson é ceramista e junta na sua loja
Manos as peças que cria e outras escolhidas pelo
seu «gosto eclético», explica. «Gosto de objetos
que pensam, descomplicados, inerentemente
bonitos, um bocadinho esquisitos, sustentáveis,
com humor e que se saiba de onde vieram», diz.
Por isso, ali cabem várias coisas, de peças em
cerâmica a cadernos, toalhas, cartões ou jarras.
Tudo se pode comprar online também, mas nada
se compara a entrar no número
22 da comprida Renstiernasgata, para assistir à forma
delicada como Karin faz
nascer as suas peças de
cerâmica, no atelier envidraçado por onde se prolonga a loja.
Manos Renstiernasgata,
22 www.manos.se
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O segredo
da longevidade
Foi fundada em 1893 e é uma
das mais antigas produtoras
de mobiliário sueco, apostando sempre no saber fazer dos artesãos nacionais.
A nova loja-showroom
abriu em Estocolmo, no
final de novembro do ano
passado, no rés-do-chão do
também recente Sven-Harrys
Konstmuseum, um edifício dourado em pleno Vasaparken. Ali, encontramos as peças
do designer Åke Axelsson (desenha para a Gärsnäs
há 50 anos e a sua primeira cadeira, de 1963, ainda
está em produção), mas também nomes como Nina
Jobs, Monica Förster ou Inga Sempé – linhas simples
e matérias-primas naturais e de qualidade, um design
tipicamente sueco.
Gärsnäs
Eastmansvägen, 12
www.garsnas.se
9
Estampas
suecas
10
A casa
do design
Aberta em 1924 por Estrid Ericson, a Svensk Tenn é
uma das lojas mais emblemáticas de Estocolmo e
os padrões de Josef Frank (espalhados por tecidos
a metro, almofadas, mobiliário, toalhas, luvas
de cozinha, tabuleiros e tantos outros acessórios) tornaram-me imagem de marca do design
sueco (são cerca de 120…). A enorme loja da rua
Strandvägen foi renovada no ano passado e abriu,
no final de outubro, com espaço comercial e de
exposições – propriedade de uma fundação, os seus
lucros são utilizados em investigação
de medicina e ciência. Preservando o legado de Ericson e Frank,
a Svensk Tenn aposta também
na produção de novos objetos
para a casa desenhados por
designers contemporâneos.
É daqueles lugares onde nada
muda, desde que abriu no
início dos anos 90, mas
onde há sempre novidades.
É aquele lugar, também,
onde devemos ir se quisermos comprar design escandinavo e não podermos ir a
mais lado nenhum. Na loja
dos armazéns NK ou na da rua
Smålandsgatan, encontram-se sempre os clássicos do design sueco e as mais recentes
criações - são mais de 60 os criadores com peças ali
à venda, de mobiliário a iluminação, de acessórios a
têxteis e moda. As novidades deste ano incluem peças dos suecos Fredrik Färg e Form Us With Love,
entre várias outras.
Svensk Tenn Strandvägen,
www.svenskttenn.se
Design House Stockholm Smålandsgatan, 16
NK, Hamngatan, 18-20 www.designhousestockholm.com
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design
ESTOCOLMO
guia do viajante
A não pe rde r
Magasin 3
Imperdível, só até 10 de
junho, a exposição de Ai
Wei Wei.
Co m o i r
A TAP (www.flytap.
com) tem voos diretos,
diários, entre Lisboa e
Estocolmo.
An da r po r l á
À chegada ao
aeroporto, o comboio
Arlanda Express é
a melhor e a mais
rápida solução para
ir para Estocolmo
(são 45 quilómetros
percorridos em 20
minutos). Depois, o
ideal é andar a pé – não
é difícil orientarmo-nos
e diz-se que basta meia
hora para atravessar o
centro da cidade – mas
o metro e os autocarros
podem ser úteis para
chegar mais longe.
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Os bairros
Glama Stan é o bairro
antigo da cidade – um
dos centros medievais
mais bem preservados
da Europa, garante-se.
É também a zona mais
turística (é aqui que se
encontram as lojas de
souvenirs – o que, em
Estocolmo, pode significar
trolls ou objetos de
design). Ruas estreitas e
empedradas para percorrer
a pé e descobrir lugares
como a Catedral de
Estocolmo, o Palácio Real
ou o Museu do Nobel.
Södermalm é a ilha na
parte sul de Estocolmo.
É aí que fica o chamado
SoFo (abreviatura para
South of Folkungagatan,
visão vida & viagen s junho 2012
uma área de Södermalm),
a zona mais trendy e
boémia do momento,
com gente nova, artistas
e designers. Lojas de
moda, design, música,
galerias, pequenos
cafés e restaurantes
são a alternativa aos
lugares mais turísticos e
mainstream.
Norrmalm é a zona nova
da cidade, com edifícios
modernos, hotéis (muitos
e vários design hotels,
claro), lojas (pequenas,
grandes ou armazéns…
não há marca conhecida
que não tenha aqui a porta
aberta) e restaurantes,
mesmo à mão de quem
chega à Estação Central,
vindo do aeroporto.
Moderna Museet
Entre junho e setembro,
há uma exposição
dedicada a Yoko Ono e,
entre agosto e março,
a mostra Picasso/
Duchamp.
Arkitekturmuseet
A partir de 17 de junho e
até finais de setembro,
a moda de Jean Paul
Gaultier estará em
exposição.

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