comportamento de uso do ninho e desempenho produtivo

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comportamento de uso do ninho e desempenho produtivo
Revista Educação Agrícola Superior
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.27, n.2, p.119-123, 2012.
ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756X.v27n02a07
COMPORTAMENTO DE USO DO NINHO E DESEMPENHO
PRODUTIVO DE POEDEIRAS ALOJADAS EM DIFERENTES
DENSIDADES E TAMANHOS DE GRUPO
Edna dos S. Batista1, Danilo F. Pereira2, Filipe T. Sanchez3, Michelly A. Guimarães1,
Douglas K. Nagai1, Nilce M. Soares4, Cristina K. Togashi5 & Leda G. de F. Bueno1
RESUMO
Este trabalho comparou a produção de ovos e o comportamento de postura de poedeiras em produção em dois tamanhos de grupo
e duas densidades de alojamento, criadas sobre cama de maravalha em ambiente enriquecido com ninho tipo caixa e poleiro. Foi
conduzido em trêsrepetições sendo o mesmo desenvolvido em modelos de escala reduzida e distorcida. As aves foram divididas
em quatro grupos e alojadas em compartimentos dentro desses galpões, consistindo em um experimento fatorial 2x2, no qual
foram testadas as influências de duas densidades (774 e 1.440 cm² ave-1), em dois tamanhos de grupos diferentes (6 e 12 aves),
nos comportamentos de visitas ao ninho, na produção e na qualidade dos ovos. Não foram observadas diferenças significativas
para as variáveis porcentagem de ovos colocados e porcentagem de ovos trincados, para os tratamentos densidade, tamanho de
grupo e interação dos dois tratamentos. A combinação de 6 aves em densidade de 1.440 cm² ave-1 foi observada maior frequência
de ovos colocados fora do ninho. A interação densidade e tamanho de grupo afetou o tempo de permanência no ninho das
poedeiras no período da tarde, sendo que nos grupos de 6 aves alojadas na densidade de 1.440 cm² ave-1 a permanência foi menor.
As aves alojadas na densidade de 1.440 cm² ave-1 tiveram frequência total de visitas ao ninho maior. A densidade e o tamanho do
grupo afetaram o comportamento de postura e visita do ninho, devendo ser consideradas em projetos de sistemas de produção
em ambiente enriquecido.
PALAVRAS-CHAVE: bem estar animal, enriquecimento ambiental, zootecnia de precisão, qualidade do ovo
NESTING BEHAVIOR AND PRODUCTIVE PERFORMANCE
OF LAYING HENS HOUSED IN DIFFERENT DENSITIES
AND GROUP SIZES
ABSTRACT
This research compared the egg production and laying behavior of laying hens in two group sizes and two densities, reared on
wood shavings in an environment enriched with nest of type box and perch. Was conducted in three repetition, in sheds with
reduced scale and distorted. The birds were divided into four groups and housed in the sheds. This experiment consisted a 2x2
factorial, where we tested the influences of two densities (774 and 1,440 cm² bird-1), two different group sizes (6 and 12 birds),
in the behaviors of visits to the nest, production and quality of eggs. No significant differences were observed for the variables
“percentage of eggs” and “percentage of cracked eggs” for treatments density, group size and interaction of the two treatments.
The combination of 6 birds density of 1,440 cm² bird-1 showed a higher frequency of eggs laid outside the nest. The interaction
density and group size affected the time of stay in the nest of the birds in the afternoon, and in groups of 6 birds housed in density
of 1,440 cm² bird-1 to stay was shorter. Birds housed in density of 1,440 cm² bird-1 had frequency of visits to the nest higher. The
density and group size affected the behavior of visiting the nest and should be considered in the design of production systems in
an enriched environment.
KEY WORDS: animal welfare, environmental enrichment, animal precision production, egg quality
Graduando em Administração, Campus de Tupã/Univ Estadual Paulista - UNESP
Prof. Adjunto, Campus de Tupã/Univ Estadual Paulista - UNESP. Av. Domingos da Costa Lopes, 780, Jd Itaipu. CEP 17602-496 - Tupã/SP. E-mail: [email protected]
3
Graduando em Zootecnia - Campus de Dracena / Univ Estadual Paulista - UNESP
4
Pesquisadora da Unidade Laboratorial de Patologia Avícola de Bastos/IB - Bastos
5
Profa. Dra., Universidade Federal Fluminense - UFF
1
2
120
Edna dos S. Batista et al.
INTRODUÇÃO
Devido à intensificação do processo de produção de ovos,
a bateria de gaiolas é o sistema de alojamento mais utilizado
atualmente. Esse sistema de alojamento foi preferido pelos
produtores por facilitar o manejo sanitário, reduzir custos com
mão-de-obra e permitir maior densidade de criação (Pavan et
al., 2005). Nessas condições, as aves não podem expressar
comportamentos sociais importantes como esticar as asas,
tomar banho de areia, nem movimentar-se adequadamente.
Sistemas alternativos para alojamento de poedeiras têm sido
estudados, sendo que as gaiolas enriquecidas têm apresentado
os melhores resultados no provimento do bem estar, permitindo
que as aves expressem os comportamentos naturais, sem que
se perca o controle sanitário da produção. Vits et al. (2005)
confirmaram que a produção de ovos nas gaiolas enriquecidas
é comparável com a de gaiolas convencionais.
Uma das preocupações com relação a esse sistema recai
sobre a qualidade do ovo, no entanto a utilização de ninhos
tipo caixa é um enriquecimento ambiental importante para o
repertório comportamental de galinhas poedeiras em condições
comerciais (Riber, 2010).
O provimento do bem estar dos animais em sistemas
de produção constitui uma exigência de um novo tipo de
consumidor, preocupado não só com o bem estar dos animais,
mas principalmente com a qualidade dos alimentos consumidos
(Silva et al., 2006). Dessa forma é necessário considerar a
importância de se propiciar às aves um espaço suficiente para
que elas possam expressar seu comportamento natural. Utilizar
ninho para postura, tomar banho de areia, empoleirar ou ainda
bater e esticar as asas são expressões comportamentais que
contribuem para o bem estar das aves.
Para este trabalho levantou-se a hipótese de que a densidade
de alojamento e o tamanho do grupo de poedeiras pode afetar
o comportamento de nidificação em ambiente enriquecido,
sendo importante a sua quantificação para projetos de gaiolas
enriquecidas.
O objetivo deste trabalho foi comparar a produção de
ovos, a qualidade dos ovos e o comportamento de postura de
poedeiras em produção em dois tamanhos de grupo e duas
densidades de alojamento, criadas sobre cama de maravalha
em ambiente enriquecido com ninho e poleiro.
Todas as repetições tiveram duração de quatro semanas,
sendo que a primeira semana foi destinada para a adaptação
das aves e o restante do tempo compreendendo um ciclo de
produção de 21 dias. Em cada repetição foram utilizadas
36 galinhas da linhagem Isa Brown com idade inicial de 30
semanas, obtidas em granjas comerciais da região.
As aves foram alojadas em dois tamanhos de grupos
diferentes (6 e 12 aves) e em duas densidades, que tiveram
pequenas variações decorrentes das áreas dos boxes
construídos: 766 a 782 cm² ave-1 e 1.426 a 1.453 cm² ave-1.
Para as análises consideraram-se os valores médios dessas
densidades (774 e 1.440 cm² ave-1).
Cada galpão foi dividido em compartimentos (baias)
conforme demonstrado na Figura 1. Em todas as baias o
ambiente foi enriquecidocom ninho e poleiro, além da cama de
maravalha em toda a área. Nas baias que receberam os grupos
menores de aves (6 aves) foram dispostos dois bebedouros tipo
nipple, 50 cm de comedouro, um ninho de 40 x 40 cm e 60 cm
de poleiro. Nas baias que receberam os grupos maiores de aves
(12 aves) foram dispostos quatro bebedouros tipo nipple, 100
cm de comedouro, um ninho de 40 x 40 cm e 120 cm de poleiro.
A disposição dos equipamentos e objetos de enriquecimento
podem ser observados na Figura 1.
A.
B.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado em dois galpões de escala
reduzida e distorcida localizados no Campus Experimental
de Tupã da UNESP, município de Tupã, situado na latitude
21°56’05” Sul, longitude 50°30’49” Oeste e altitude 511m,
localizado na região da Alta Paulista na região oeste do estado
de São Paulo. O clima da região é o Aw pela classificação de
Köppen, caracterizado por um clima tropical, com estação seca
bem definida no período de inverno e temperaturas médias
anuais maiores que 22 ºC (Rolim et al., 2007).
O experimento foi conduzido em três repetições. A primeira
repetição foi conduzida durante o mês de maio/2010, a segunda
repetição durante os meses de novembro e dezembro/2010 e a
terceira repetição no mês de janeiro/2011.
Figura 1. Esquema das baias dentro dos galpões. A) para
grupos de seis aves e B) para grupos de 12 aves
Durante os experimentos todas as aves foram submetidas
ao mesmo manejo de luz e a ração foi fornecida ad libitum,
conforme formulação e manejo praticado na granja que cedeu
as aves.
Sobre cada baia foram instaladas câmeras de vídeo modelo
Mythos CCD Color com lentes de 1,5 e 2,5mm para as baias
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Comportamento de uso do ninho e desempenho produtivo de poedeiras alojadas em diferentes...
de menor e maior tamanho, respectivamente. Tais câmeras
estavam conectadas a uma placa de captura de vídeo instalada
em um computador localizado no Laboratório de Conforto
Ambiental do Campus de Tupã da UNESP, distante cerca de
30m do local das baias.
Em cada experimento, o comportamento de frequência
de uso e tempo de permanência no ninho pelas aves foram
registrados por meio dessas câmaras de vídeo, obtendo-se
amostras diárias de filmagem de 15 minutos durante o período
da manhã (entre 9e 10h) e 15 minutos durante o período da
tarde (entre 15e 16h). Foram analisados os vídeos gravados
dos três últimos dias de cada semana.
Para o monitoramento do ambiente, foi instalado no centro
geométrico de cada aviário um datalogger modelo HOBO
da fabricante Onset® programado para registrar a cada 15
minutos a temperatura de bulbo seco, umidade relativa do ar
e temperatura de globo negro. A partir dos dados do ambiente
térmico interno dos aviários, foram calculados o Índice de
Temperatura e Umidade (ITGU) mostrado na Eq. (1).
ITGU = Tgn + 0, 36Tpo − 330, 08
(1)
onde:
Tgn - temperatura de globo negro (K)
Tpo - temperatura de ponto de orvalho (K).
peso ovo
peso casca
(2)


peso casca
PCSA = 
 × 1000
 ( 3, 9782 × ( peso ovo^0,7056 ) ) 
os ovos foram imersos em recipientes com diferentes soluções
salinas, sendo anotada a densidade em que cada ovo flutuou.
As soluções salinas foram ajustadas com a utilização de um
densímetro, em concentrações que variaram de 1,062 a 1,098
g/cm3, com intervalos de 0,004.
Em seguida, os ovos foram quebrados para coleta das
cascas que, depois de separadas da gema e do albúmen, foram
secas à sombra por 48h para pesagem posterior. A porcentagem
de casca foi obtida por meio da relação do peso da casca com
o peso do ovo.
O ambiente térmico resumido no índice de conforto ITGU
dos dois aviários foi comparado pelo teste t-student pareado.
Para verificar os efeitos dos tratamentos (densidade e tamanho
do grupo), foi inicialmente utilizado o teste de normalidade de
Kolmogorov-Smirnov. Assim, para os conjuntos de dados que
apresentaram distribuição normal foi realizada uma Análise de
Variância (ANOVA), sendo necessária a posterior comparação
das médias entre os tratamentos (densidade e tamanho de
grupo) pelo teste de Tukey. Para os conjuntos de dados que
não apresentaram distribuição normal, o teste realizado foi
o não-paramétrico de Kruskal-Wallis, sendo posteriormente
aplicado o teste de Student Newman Keuls para comparação
das medianas de postos dos tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O índice acima foi utilizado para comparar o ambiente entre
os aviários com o objetivo de mostrar possíveis diferenças de
ambiente térmico entre os tratamentos.
O desempenho produtivo das aves foi determinado por meio
da contagem da produção diária de ovos de cada tratamento. Os
ovos foram coletados manualmente quatro vezes ao dia sendo
duas vezes no período da manhã e duas no período da tarde. A
cada coleta os ovos eram identificados quanto ao dia, horário
de coleta, galpão, baia, local de postura (chão ou ninho) sendo,
também, identificados os ovos sujos e quebrados. Os dados da
coleta foram utilizados para analisar a média de produtividade
e comparar a característica da produção entre as baias.
Para a análise da qualidade dos ovos, separaram-se todos os
ovos produzidos nos três últimos dias de cada ciclo de produção.
Esses ovos foram analisados na Unidade Laboratorial de
Patologia Avícola de Bastos (IB-Bastos). Foram registrados as
variáveis de qualidade externa dos ovos: peso do ovo, peso da
casca e gravidade específica.
A partir das variáveis acima foram calculadas as variáveis
porcentagem de casca (PC) e porcentagem de casca por
superfície de área (PCSA), utilizando as fórmulas a seguir.
PC =
121
(3)
Os ovos de cada parcela foram pesados em balança com
precisão de 0,01 g e, posteriormente, utilizados na avaliação
da gravidade específica. Para medida de gravidade específica,
O teste t-student pareado aplicado nos dados de ITGU não
mostraram evidencias para rejeitar a hipótese de igualdade
entre os ambientes térmicos dos dois aviários (P < 0,001)
portanto, as diferenças encontradas nas variáveis estudadas
podem ser atribuídas aos tratamentos.
Não foram observadas diferenças significativas (P >
0,05) no teste Tukey para as variáveis porcentagem de
ovos colocados e porcentagem de ovos trincados, para os
tratamentos densidade, tamanho de grupo e interação dos dois
tratamentos. A porcentagem de ovos sujos mostrou diferença
significativa entre as densidades testadas, sendo que para a
densidade de 774 cm² ave-1 a média de ovos sujos foi 1,5 vezes
maior que para a densidade de 1.440 cm² ave-1. Já a variável
porcentagem de ovos colocados no ninho, foi observado que
as aves com densidade de 774 cm² ave-1 colocaram 98,2% dos
ovos no ninho, contra 96,0% dos grupos com densidade de
1.440 cm² ave-1. O grupo de 12 aves colocou 99,4% dos ovos
no ninho, enquanto que o grupo de seis aves colocou 94,8%
dos ovos no ninho. As diferenças em ambos os resultados
foram significativos (P < 0,05) pelo teste de Tukey. A Tabela 1
mostra o resultado estatístico da interação entre os tratamentos
densidade e tamanho de grupo para a variável porcentagem de
ovos colocados no ninho, na qual se observa que a combinação
de seis aves em densidade de 1.440 cm² ave-1 apresentou
porcentagem de postura fora do ninho significativamente
maior quando comparadas com as outras condições.
Menezes et al. (2009) e Lopes et al. (2006) alojaram
aves em gaiolas sob diferentes densidades e não observaram
diferenças na produtividade de ovos por unidade de área.
Comparando diferentes sistemas de criação para poedeiras,
Alves et al. (2007) concluíram que o sistema de criação em
cama pode propiciar melhores índices produtivos em condições
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Edna dos S. Batista et al.
Figura 2. Diferenças entre as porcentagens ovos colocados
por ave, porcentagem de ovos colocados no ninho e
porcentagem de ovos sujos, entre os tratamentos
tamanho de grupo (6 e 12 aves) e densidade
(774 e 1.440 cm² ave-1), pelo teste Tukey a 5%
de conforto térmico, quando comparado com o sistema de
criação em gaiolas, além de permitir os comportamentos
naturais dos animais. O sistema de criação em cama, quando
devidamente projetado, pode ser compatível ao sistema de
criação em gaiolas, pois possibilita a obtenção de mesmo
desempenho produtivo e qualidade de ovos produzidos (Silva
& Miranda, 2009). Tactacan et al. (2008) e Edmond et al.
(2005) não observaram diferenças significativas na produção
diária de ovos entre poedeiras criadas em gaiola enriquecida e
gaiola convencional, todavia os ovos produzidos pelas aves em
ambiente enriquecido foram mecanicamente mais fortes nos
testes (Edmond et al., 2005).
A alta porcentagem de ovos colocados no ninho também
foram observados por Barnett et al. (2009) e Alves et al. (2007).
Observou-se nesse trabalho que as aves alojadas em
grupo de seis aves e densidade de 1.440 cm² ave-1 tiveram
uma porcentagem significativamente maior (7,5 %) de ovos
colocados fora do ninho. Zupan et al. (2008) relatam que
quando os ninhos oferecidos não são usados pelas aves,
é possível que as aves não os considerem adequados para
postura. Kruschwitz et al. (2008) não observaram diferenças
significativas no comportamento de postura entre ninhos de
bandeja e ninho de caixa, e recomendaram que os dois tipos
de ninho estejam disponíveis nos ambientes enriquecidos
entretanto, nas três repetições realizadas, essa combinação
de tratamentos (grupo de seis aves e densidade de 1.440 cm²
ave-1), que foram realizados com diferentes indivíduos, sempre
apresentou maior porcentagem de ovos colocados fora do
ninho, o que sugere que nestas condições de alojamento uma
porcentagem maior de aves preferem fazer seus ninhos em
locais abertos.
A quantidade significativa de ovos sujos (Figura 2) foi
também observado por Alves et al. (2007), que destacaram que
na criação em cama os ovos tendem a apresentar mais sujeiras
na casca, pois entram em contato com as excretas das aves
e/ou com o material de cama do piso ou do ninho, quando
comparados aos ovos colocados em sistemas de gaiolas de
arame.
Observou-se diferença significativa (P < 0,001) para a
variável peso do ovo apenas entre os tamanhos de grupo, não
havendo diferença significativa entre as densidades e interação
tamanho de grupo e densidade pelo teste ANOVA. O grupo
de seis aves apresentou média de ovos mais pesados (64,0 g)
quando comparado com o grupo de 12 aves (61,6 g). Rios et
al. (2009) verificaram em seu experimento que o aumento do
peso dos ovos está relacionado com o aumento da ingestão
alimentar por aves de acordo com a curva de crescimento.
Para o parâmetro gravidade específica, a diferença
encontrada pelo teste ANOVA foi entre as densidades avaliadas
(P < 0,05), sendo que a 774 cm² ave-1 apresentou média de
1,088 g dm-3 e a densidade de 1.440 cm² ave-1 apresentou
média 1,090 g dm-3.
O parâmetro porcentagem de casca apresentou diferença
significativa apenas para a interação densidade e tamanho de
grupo no teste ANOVA, sendo que a combinação de alojamento
na densidade de 774 cm² ave-1 e tamanho de grupo de seis aves
apresentou porcentagem de casca significativamente menor
(9,407 %, P < 0,05) que as demais combinações cuja média foi
9,947 % ± 0,055%.
Os parâmetros peso da casca e porcentagem de casca
por superfície de área (PCSA) não apresentaram diferenças
significativas dentro dos tratamentos e sua interação.
Os comportamentos de frequência de entradas e tempo
de permanência nos ninhos foram analisados. A densidade
e tamanho de grupo não afetaram o tempo de permanência
no ninho das poedeiras, entretanto, as aves ficavam
significativamente mais tempo no ninho no período da manhã
(325,2±277,7 s) do que no período da tarde (171,3±210,4 s). A
maior utilização do ninho na parte da manhã se confirmou na
maior proporção de ovos recolhidos nesse período para todos
os grupos. Barnett et al. (2009) observaram que 75% dos ovos
foram colocados entre as 08h e 10h da manhã.
Observa-se na Tabela 1 diferenças significativas no
comportamento de uso do ninho para a interação dos
tratamentos apenas no período da tarde, no qual o tratamento
combinado de seis aves e densidade de 1.440 cm² ave-1 o tempo
Tabela 1. Diferenças no comportamento de nidificação entre os tratamentos tamanho de grupo e densidade estratificados
por período do dia
Letras minúsculas diferentes entre as linhas indicam diferenças significativas entre as médias pelo teste Tukey (α=10%). FNinho: número de visitas ao ninho e TNinho: tempo médio de permanência dentro do ninho
a cada visita
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Comportamento de uso do ninho e desempenho produtivo de poedeiras alojadas em diferentes...
de permanência no ninho foi menor para cada visita, indicando
que as visitas ao ninho nessa densidade eram mais rápidas.
A frequência de uso do ninho não foi afetada pelo período do
dia, sendo que as aves frequentaram em média 0,363±0.4244 vezes
por período. Entretanto, a densidade de alojamento teve efeito
nesse comportamento, que apresentou média maior (0,433±0,522
visitas) na densidade de 1.440 cm² ave-1 quando comparado com
a densidade de 774 cm² ave-1 (0,266±0,197 visitas). O aumento
da frequência de visitas ao ninho nessa densidade pode estar
relacionado ao comportamento da ave de avaliação da adequação
do local para a postura (Zupan et al., 2008).
CONCLUSÕES
Não foi observada diferença significativa na produção e
qualidade dos ovos entre as densidades e tamanhos de grupo
testados. O comportamento de uso dos ninhos foi observado
em todos os tratamentos, comprovando que a expressão
desse comportamento pela ave é muito importante. Este
comportamento foi afetado pela combinação dos tratamentos,
sendo que a combinação de seis aves alojadas na densidade de
1.440 cm² ave-1 apresentaram maior número de ovos colocados
fora do ninho.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pelas bolsas de Iniciação
Científicas e a FAPESP pelo auxílio à pesquisa.
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