jucélia tramontin da.. - NEAD
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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO JUCÉLIA TRAMONTIN DALPIÁS MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM FLORIANÓPOLIS 2010 JUCÉLIA TRAMONTIN DALPIÁS MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação da Universidade Federal do Rio Grande como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Mídias na Educação. Orientadora Prof.ª Msc. Luciana Netto Dolci FLORIANÓPOLIS 2010 JUCÉLIA TRAMONTIN DALPIÁS MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM FOLHA DE APROVAÇÃO Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Especialista em Mídias na Educação, sob a orientação da Prof. Msc. Luciana Netto Dolci. Florianópolis, 2010. Examinador ..........................................................................................................Nota DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de modo especial à “Você que deixou seus sonhos para que eu sonhasse. Derramou lágrimas para que eu fosse feliz. Você que perdeu noites de sono para que eu dormisse tranquilo. Acreditou em mim, apesar de meus erros. Ser educador é ser poeta do amor. Jamais esqueça que eu levarei para sempre Um pedaço do seu ser dentro do meu próprio ser...” (Augusto Cury) AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por ter nos dado a inteligência, a coragem para superarmos as dificuldades. A minha família que foram grandes auxiliadores, de um modo muito carinhoso, meu filho. Em especial a minha querida sogra Maria, que acolhe todos em seu coração maternal. Aos tutores e coordenadores do Mídias, que nos auxiliaram em toda essa trajetória. A Secretaria Municipal de Educação do município de São João do Sul pelo apoio. A minha “Amada” orientadora, Luciana Netto Dolci, que semeia por onde passa alegria, amor, dedicação e carinho. Com certeza seus exemplos ficarão guardados em meu coração, para assim como ela, eu possa fazer a diferença, onde quer que eu esteja... Chegará o dia, em que a escola Será o lugar dos sonhos! Onde a família não pedirá mais Licença para entrar... Pais e professores Acreditarão no futuro, E de mãos dadas, Expressarão sentimentos De amor, respeito, gratidão e alegria... (Profª Jucelia) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................10 2 REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................................8 2.1 AS MÍDIAS NA SALA DE AULA........................................................................8 2.2 A APRENDIZAGEM AO LONGO DOS ANOS ................................................10 2.3 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E O SEU COMPROMETIMENTO COM A EDUCAÇÃO...........................................................................................................14 2.4 PLANEJAMENTO ...............................................................................................15 2.5 AVALIAÇÃO ......................................................................................................17 2.6 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO COTIDIANO ESCOLAR......................19 2.7 A FORMAÇÃO CONTINUADA.........................................................................21 3 METODOLOGIA.........................................................................................................24 3.1 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA........................................................24 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE ...................................................................................25 .................................................................................25 3.2.1 NAPE, PRECONCEITOS E OBSTÁCULOS...........................................26 4 RESULTADOS DA PESQUISA.................................................................................29 4.1 ANÁLISE DAS ATIVIDADES USUALMENTE REALIZADAS......................29 4.2 LISTAGEM DE ALGUNS SOFTWARES TRABALHADOS:...........................31 4.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................................................34 4.4.1 ANALISANDO OS DADOS DOS ALUNOS QUE NÃO PARTICIPARAM DO PROJETO ......................................................................41 4.4.2 ANALISANDO OS DADOS DOS PROFESSORES ...............................41 4.4.3 ANALISANDO OS DADOS DOS ALUNOS QUE PARTICIPARAM DO PROJETO............................................................................................................44 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................48 6 REFERÊNCIAS...........................................................................................................50 __________________. Desafios na Comunicação Pessoal.(2007, p. 162-166) Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm. Acesso: junho de 2010.................................................................................................................................51 APÊNDICE 4..................................................................................................................55 LISTA DE ABREVIATURAS NAPE: Núcleo de Apoio Pedagógico LDB: LEI DE DIRETRIZES E BASES RESUMO O presente trabalho de pesquisa propõe demonstrar a importância do Computador, TV, Vídeo e Softwares Educacionais no desenvolvimento da aprendizagem no Núcleo de Apoio Pedagógico – NAPE, no município de São João do Sul, que atende diariamente, crianças das séries iniciais, encaminhadas pelos professores titulares, apresentando dificuldade na aprendizagem. Esta pesquisa tem o objetivo de compreender e de perceber a importância do Computador, TV, Vídeo e Softwares Educacionais para auxiliar as crianças com dificuldades de aprendizagem. Comprovando assim, que as mídias são fatores importantíssimos e inovadores para proporcionar um novo olhar diante da forma de lecionar e de utilizar estes recursos possíveis de serem aplicados dentro e fora da sala de aula, diminuindo também o índice de reprovação que é bastante alto, dentre as crianças que recebem este apoio semanalmente, e enriquecendo o processo educativo, tornando realidade a proposta de uma educação mais dinâmica, mais atraente e mais significativa para todos nós. Palavras-chave: Mídias; Educação; Aprendizagem. 1 INTRODUÇÃO Este projeto de pesquisa tem como finalidade construir registros a respeito da importância das Mídias no desenvolvimento da aprendizagem; demonstrando que a ausência destes recursos na sala de aula aumentam ainda mais as dificuldades dos alunos na compreensão e na aquisição de conhecimentos, trazendo também, registros reflexivos referentes à ação docente e a prática pedagógica diante do tema abordado. A referente pesquisa se caracteriza como um estudo de caso de cunho qualitativo, tendo sido utilizada a técnica da observação e da intervenção, onde verificaremos o processo de integração para melhor descrever os sujeitos, as atividades, as atitudes, os comportamentos, relacionados ao processo de integração das mídias para melhor explicar os resultados obtidos. Contando com a importância de estarmos próximos da realidade dos educandos; a pesquisa será desenvolvida em uma turma de alunos do NAPE – Núcleo de Apoio Pedagógico –, que recebe diariamente crianças com dificuldade na aprendizagem, advindas de toda a rede municipal de educação. Neste ambiente, pretendemos observar, registrar e analisar antes e durante as atividades desenvolvidas que a interação das mídias: TV, Vídeo, Computador e Softwares Educacionais na sala de aula são fatores importantíssimos para o enriquecimento das aulas e para uma maior absorção com qualidade dos conteúdos abordados, propiciando o desenvolvimento do educando em sua totalidade. Observando assim, cada criança, analisando seu desenvolvimento, atitudes, interesse, evidenciando a importância das referidas mídias para o desenvolvimento da aprendizagem destas crianças. Sendo assim, criando um novo olhar diante da forma de lecionar e dos recursos possíveis de serem aplicados dentro e fora da sala de aula, para enriquecer o processo educativo que se encontra um tanto monótono, sem vida e bem distante da realidade dos alunos. Por muito tempo, a escola pensou e, infelizmente, ainda pensa que as crianças ao chegarem ao ambiente escolar são obrigadas a se adaptarem a sua forma e a sua maneira de repassar conteúdos, excluindo aqueles que não se encaixam nos moldes apropriados pela grade curricular. Cada um de nós, no decorrer de sua vida acadêmica, necessitou de variadas estratégias para compreender determinados conteúdos, monótonos e bem distantes da realidade vivida, cujo conteúdo nem recordamos, ou não compreendemos até hoje. Na maioria das vezes, esta dificuldade na aprendizagem, diagnosticada de várias maneiras erroneamente, é conseqüência apenas pela forma como o professor aborda determinados conteúdos em sala de aula; desprovido de auxílio para facilitar uma maior compreensão por parte das crianças. Sendo assim, faz-se necessário, a utilização de auxiliadores para que este processo aconteça de maneira mais alegre, dinâmica e criativa. Sendo imprescindível nesta tarefa a utilização, o auxílio do Computador, Softwares Educacionais, TV e o Vídeo, pois a interação dessas mídias na sala de aula são fatores essenciais para promover o enriquecimento das aulas, para a aquisição com qualidade dos conteúdos abordados; tendo como conseqüência o desenvolvimento do educando como um todo. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de explorar a seguinte questão: Qual é a importância do uso das Mídias – TV, Vídeo, Computador e Softwares Educacionais – na sala de aula no desenvolvimento da aprendizagem? Diante deste questionamento, estabelece-se como objetivo geral desta pesquisa compreender e perceber a importância do Computador, TV, Vídeo e Softwares Educacionais para auxiliar as crianças com dificuldades de aprendizagem. Para que ocorra esta compreensão, norteia-se a presente pesquisa no sentido de atingir os seguintes objetivos específicos: 1. Evidenciar que as Mídias são fortes auxiliadores no desenvolvimento da aprendizagem; 2. Observar o desempenho, as dificuldades e o desenvolvimento das crianças do NAPE (Núcleo de Apoio Pedagógico) no seu dia-a-dia e 3. Verificar, comparar, questionar e analisar as atividades desenvolvidas, bem como os dados coletados. O referencial teórico desta investigação alicerça-se em diferentes fontes selecionadas em materiais impressos e eletrônicos. No que se refere à coleta e à análise dos dados, escolhese o uso do questionário que será aplicado aos alunos e aos professores do NAPE – Núcleo de Apoio Pedagógico Núcleo de Apoio Pedagógico. Sendo assim, estes dados serão utilizados junto ao referencial teórico no desenvolvimento do trabalho. Realizada a introdução ao tema desta pesquisa, seu problema de investigação e objetivos traçados, pertencentes ao primeiro capítulo, a seguir apresenta-se a forma como o trabalho está organizado. No segundo capítulo expõe-se o referencial teórico que ampara esta investigação. No terceiro capítulo a metodologia utilizada. No quarto capítulo estão os resultados obtidos, contendo as análises dos dados e as reflexões acerca do tema pesquisado. Por fim, no quinto capítulo apresentam-se as considerações finais da pesquisa 2 REFERENCIAL TEÓRICO O capítulo destinado ao referencial teórico foi subdividido em quatro seções. Na primeira, trataremos a respeito das mídias na sala de aula, a aprendizagem ao longo dos anos, bem como a formação dos professores, seu comprometimento com a educação ressaltando: o planejamento, avaliação, a importância da família e a formação continuada. Em seguida trataremos a respeito da metodologia utilizada, os resultados, análises e reflexões a respeito da pesquisa realizada e por fim as considerações finais. 2.1 AS MÍDIAS NA SALA DE AULA Estamos vivendo em uma época, onde a cultura digital já faz parte de nossas vidas e por mais que pensemos o contrário, estamos pronunciando e até mesmo escrevendo de acordo com a cultura própria. O ritmo de trabalho e a forma de viver, também estão sendo contagiados a ponto de se tornarem insubstituíveis. A escola não é diferente, pois nossas crianças, oriundas desta cultura, não suportam mais aulas monótonas e repetitivas, quando a sua volta a cultura digital oferece inúmeras formas de entretenimento e de interação, possibilitando interações e aprendizagens em um processo dinâmico e contagiante, invejável pela escola. Percebemos que o fazer pedagógico nos últimos anos, vem sendo repensado e consequentemente melhorado, os professores estão buscando proporcionar aulas mais dinâmicas, mais condizentes com a realidade dos alunos, tendo auxílio das novas tecnologias que possibilitam um ambiente de aprendizagem mais dinâmico criativo, onde as atividades levam os educandos a pensar, comparar, estabelecer relações significativas com os conteúdos estudados e fazer uma seleção dos conhecimentos necessários para interagir com a realidade, com o meio em que vive, trocando experiências e consequentemente crescendo com essas trocas. E é nessa troca de experiências que este, aos poucos vai se desenvolvendo, aprendendo não somente palavras, mas costumes, adquirindo valores e formando a sua personalidade. Segundo Vigotsky (1986), é nessa convivência em contato com a realidade em que vive, o ser vai se constituindo em um ser pensante, atuante, dotado de opiniões e vontades; que amadurece à medida que vai se relacionando com as pessoas interações que realiza. que o rodeiam, através das 9 O que a criança é capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz de fazer sozinha amanhã. Portanto, o único tipo positivo de aprendizagem é aquele que caminha a frente do desenvolvimento, servindo de guia. (...) O aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não para o passado. (VIGOTTSKY, 1986, p.89) Nesse sentido, a educação torna-se um processo social, de troca de experiências, de construção; e é necessário que o professor tenha um trabalho bem planejado para que isso ocorra. Pois a aprendizagem está relacionada com fatores externos e internos; sendo difícil separá-los, pois ambos se entrelaçam. Portanto, torna-se ponto principal a motivação, sem ela, não há aprendizagem. A mesma desencadeia ações que culminam numa modificação dos aspectos cognitivos, afetivos, psicomotores e sociais do educando de maneira muito particular. Este processo é único e individual, possuindo um ritmo, e cada criança evolui de uma maneira própria; sendo assim se concretiza a necessidade de respeitar a individualidade de cada criança e priorizar também o atendimento mais individualizado, pois a convivência em grupo as crianças já desfrutam no ambiente escolar. Onde trocam experiências, se confrontam com outras realidades e opiniões, obrigando-as a observar e repensar conceitos, e ampliam seus conhecimentos através das trocas que realizam dentro e foram da sala de aula. Portanto, as crianças ao apresentarem dificuldades necessitam de um olhar mais atento, onde o professor possa junto com eles trabalhar as dificuldades apresentadas, tentando saná-las. Auxiliar as crianças de forma mais individualizada, não é limitar o conhecimento a si próprio, negando o grande poder da troca de experiência e a convivência em grupo, mas é exatamente parar, analisar, questionar, e perceber onde há limitações que impedem a crianças de realizar estas trocas, auxiliando-as a superarem estas dificuldades existentes, para que a mesma possa depois no grupo, encontrar, formular respostas para suas dúvidas e questionar perguntas, chegando as suas próprias conclusões, pois não é possível termos uma consciência crítica se não sabemos quem somos o que sabemos e para onde queremos ir. Um fator indispensável nesse processo é a linguagem, que segundo Vigotsky (1986), é um veículo pelo qual as experiências são apropriadas e transmitidas, através das gerações. Sendo sempre repassados valores formativos com fins positivos ou negativos, sendo estes, fonte de preconceito ou verdades acumuladas ao longo dos tempos, conforme o ponto de vista de cada um. Destaca-se então, a importância da escola nesse processo de integração, pois se a mesma é considerada construtora de conhecimentos, faz-se necessário que crie oportunidades para o diálogo, a troca de experiências, e a integração entre os alunos. Onde possam através dessas interações, debater, ouvir, e com auxilio de todos, chegarem a possíveis soluções para variadas situações problemas que são apontadas diariamente. 10 Percebe-se que esta não é uma realidade adotada atualmente pela maioria de nossas escolas; pois vemos alunos enfileirados, impedidos de conversar ou olhar para seus colegas. Sendo proibido o diálogo, e questionamentos “inoportunos” que não dizem respeito ao conteúdo do livro didático ou da aula proposta trabalhada pelo professor denominado “dono do saber”, que pela sua auto-suficiência ou insegurança, impede e impossibilita a troca de experiências ou opiniões do grupo; podando o crescimento de seus alunos, sua criatividade. E ao contrário de formar seres críticos e ativos, está contribuindo para aumentar a cota de seres passivos e alienados, distantes da realidade em que vivem, incapazes de tomarem suas próprias decisões, de serem críticos e contribuírem para a formação de um país melhor, pois foram ensinados a se calarem, a não olhar para os lados, a pensarem individualmente. Isso é constatado claramente ao observarmos os conteúdos-disciplinas, mais solicitados pelos professores titulares, que enviam as crianças para um atendimento pedagógico resumindo-se as disciplinas de matemática, as quatro operações, principalmente divisão; e língua portuguesa a leitura: decodificação. Sendo exigidos estes conteúdos como base para desenvolver todo o trabalho no atendimento pedagógico, como o tempo é muito pequeno fica impossível desenvolver todo o processo sonhado no planejamento piloto, pois há fortes cobranças diante da forma e do modo como é desenvolvido o trabalho com estas crianças; onde as mesmas têm que saber calcular e ler, o restante é apenas uma consequência. 2.2 A APRENDIZAGEM AO LONGO DOS ANOS Ao longo dos anos o conceito de desenvolvimento e aprendizagem vem sendo debatido e, consequentemente, reavaliado, bem como a forma de ver e interpretar o mundo. Muitos autores escrevem a respeito da aprendizagem, sendo a mesma, um termo fundamental para quem é educador, pois este é um processo único e possui um ritmo de desenvolvimento para cada um de nós. Sendo esta relação única e diferente para cada pessoa. Cada criança evolui os seus conceitos segundo seu próprio ritmo, daí, então, a necessidade de respeitar e estar atento a individualidade de cada educando. Nesse sentido, os conceitos de aprendizagem que acreditamos e utilizamos irão se manifestar de maneira significativa na vida de cada indivíduo, trazendo-lhes consequências positivas e negativas para cada época, bem como a reprodução de atitudes dentro e fora das salas de aula. Na concepção Inatista, acreditava-se que “o homem é o resultado de suas características hereditárias” (CADERNO PEDAGÓGICO UDESC, 2000, p.55) e por mais que tentasse, não 11 modificaria sua conduta social. O nascimento trazia consigo os dotes inerentes a sua personalidade sendo determinante a influência biológica no desenvolvimento. Ou seja, ele aprenderá aprimorando o que já é inato. Agregando neste contexto, o aluno como o único responsável pelo seu sucesso ou fracasso. O professor só iria facilitar esse processo. Fruto desta concepção ainda enraizadas em nossas escolas nos dias atuais são os ditados que ouvimos diariamente: “filho de peixe, peixinho é”; “ela nunca aprenderá é igual ao seu pai”... A concepção Ambientalista também chamada de Behaviorista (comportamento) ou Comportamentalista defendia acreditava que: Nem todas as crianças saem parecidas com seus pais. Há inúmeras possibilidades genéticas. Além desse fator genético, há outros fatores que determinam as diferenças entre pessoas. Não há determinismo hereditário. (CADERNO PEDAGOGICO UDESC. 2000 p.61). Sendo assim, acreditavam que existiam condicionamentos capazes de direcionar a aprendizagem humana privilegiando um elemento chamado estímulo. Controlando os estímulos poderia controlar o comportamento. (conexão entre estímulos e respostas: punição para eliminar comportamento desaprovado; ou reforço para que se repita). Em muitas escolas esta concepção de aprendizagem se encontra presente e bem viva através das falas e ações dos professores: “Se você não fez as tarefas, não irá para o recreio”; “quem acertou todas as questões ganhará uma estrela”. Também podemos perceber que esta concepção se efetiva nos dias atuais, quando os professores iniciam determinados conteúdos na sala de aula, sem buscar o que as crianças já sabem a respeito do tema proposto, acreditando que todas chegam ao ambiente escolar como páginas em branco, sem história, sem conhecimentos, sem nenhuma experiência a respeito do mundo que a cerca. Piaget (CADERNO PEDAGOGICO UDESC, 2000, p. 68) também contribuiu de maneira significativa a respeito do desenvolvimento e a aprendizagem, destacando que as crianças não aprendem porque o mestre as ensina ou estimula, mas só aprendem quando interagindo com o ambiente, constroem suas próprias hipóteses; trabalhando assim em igualdade sujeito e ambiente. Ou seja, não é inato, nem resultados de condicionamentos; diferente das teorias apontadas anteriormente (Inatista e Ambientalista), que privilegiam um ou outro aspecto de forma independente. Piaget (2000) também descreve sobre o desenvolvimento infantil em diferentes períodos: sensório-motor; pré-operatório concreto-concreto e operatório-formal, sendo estes períodos formados por estruturas cognitivas diferenciadas dependendo de cada escritor. Diante disto, percebemos que o Construtivismo de Piaget sustenta-se no seguinte princípio: 12 O conhecimento não representa um saber que “vem de fora” ou que se capta no meio e que, portanto não pode ser transmitido pelo professor através de exposições programadas para alunos imobilizados em suas carteiras. Ao contrário, o aluno efetivamente aprende a partir de experiências em sua interação com o ambiente e seu simbolismo e com os outros, em que se produzam ações físicas e mentais, interagindo e construindo assimilações que se compõem com os saberes que já possui, alternando-se reciprocamente (ANTUNES, 2004, p. 87). Muitos professores atualmente utilizam as teorias piagetianas em sala de aula, porém, ao contrário de focar aspectos positivos desta teoria, acabam sustentando erroneamente a idéia de que os professores não possuem papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, destacando assim, somente a figura do aluno como único e principal responsável pela construção do conhecimento, (sozinho cria hipóteses e faz assimilações). Esquecendo do seu papel de incentivador e encorajador nesse processo. “A criança tem que pensar e chegar as suas próprias conclusões sozinhas”; “os erros cometidos devem ser destacados para que não se repitam”. Vygotsky (2000) com sua teoria procura explicar o homem inserido no meio social. Acentuando que a própria construção da mente é social. Segundo Vygotsky (CADERNO PEDAGÓGICO UDESC.2000 p.77), três elementos são fundamentais no processo de conhecimento humano: o Ambiente, em que está colocado, a História e a Linguagem. Todos são mediados pelo cérebro, ou seja, os processos psicológicos ocorrem e se desenvolvem a partir da relação entre sujeito e os instrumentos e símbolos presentes em sua realidade que são transmitidos pela linguagem. Nesse sentido, a educação torna-se um processo social, onde as relações humanas são colocadas no centro do desenvolvimento do indivíduo e conferindo ao outro papel determinante de mediador, negando assim, um caráter individual na construção do conhecimento. Onde ambos se transformam e um influi sobre o outro. Não sendo resultado de uma cultura ou consequência, mas um sujeito ativo que realiza interações age sobre o meio em que está inserido. Nesta perspectiva, o professor desempenha papel fundamental para que ocorra a aprendizagem, pois o mesmo não é considerado o dono do saber, mas aquele que irá mediar todo esse processo de busca e aquisição do conhecimento. Utilizando o que Vygotsky (2000) chamou de zona de desenvolvimento real, (o que a criança já sabe), para agir assim na zona de desenvolvimento proximal (nível intermediário, o que ela faz com colaboração, mediação, interação), para chegar ao desenvolvimento potencial (desejado, que poderá construir). Desta maneira, o fazer pedagógico é concebido de maneira social, onde professores e educandos se defrontam com situações que os obrigam a comprovar pontos de vistas, reverem suas 13 hipóteses, colocar novas questões, deparar com outros conhecimentos e, assim, construir e dar novos significados aos antigos conceitos, ampliando seus conhecimentos de maneira social por meio da linguagem. Muitos professores são adeptos a teoria Vygotskyana, acreditando que ambos, alunos e professores podem aprender em sala de aula. Criando espaços para a busca do conhecimento, para desafios, para troca de experiências, construção e reconstrução do conhecimento. Isso é observado diante de depoimentos de alguns professores: “Acredito no trabalho com projetos pedagógicos, pois partem do interesse da criança e do que ela já sabe”; “enquanto não modificarmos estas disciplinas de “gavetas” e trabalharmos de maneira interdisciplinar, não acredito que teremos êxito”; “pudera que as crianças não consigam aprender inglês, em nada as aulas se aproximam da sua realidade”. Assim como Piaget e Vygotsky, Wallon fez um estudo integrado do desenvolvimento humano, o estudo da pessoa completa, destacando o fator emocional no desenvolvimento. Fator este, que daremos prioridade. Visto que ao abordarmos o tema aprendizagem, entramos em um assunto bem delicado, pois as emoções, segundo o autor, ocupam um papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. Moran (2000, p. 24), nos aponta que: Aprendemos pelo prazer, porque gostamos de um assunto, de uma mídia, de uma pessoa... aprendemos mais, quando conseguimos juntar todos estes fatores, temos interesse, motivação clara, desenvolvemos hábitos que facilitam o processo de aprendizagem e sentimos prazer no que estudamos e na forma de fazê-lo. Percebemos diariamente a distância existente entre sentimentos e a sala de aula, ou seja, observamos consequentemente inúmeros problemas nas escolas, onde crianças “tachadas de problemas”, “revoltadas”, entre outras denominações; elas são oriundas de famílias problemáticas, pedem socorro diariamente, necessitando serem ouvidas, serem compreendidas. E a respostas que recebem diariamente são: “Vamos fazer silêncio”; “este não é o momento para conversas dispersas”; “a professora da disciplina X, deve abordar este conteúdo”. E os resultados de tudo isso, todos nós já conhecemos: rebeldia, desinteresse, revolta e evasão escolar, pois a prática escolar é totalmente contraditória aos planos e ações traçadas nos documentos oficiais. Não é causa de admiração, nossas crianças detestarem as salas de aula, pois em seu interior na maioria das vezes lhe é podado o direito de falar, expressar seus desejos, vontades, sonhos e, principalmente, seus problemas. Diante disso, uma pequena história ilustra essa realidade, triste, mas tão real e presente nas instituições de ensino: 14 Era uma vez uma escola para animais. Os professores tinham certeza que possuíam um programa de estudos inclusivo, porém, por algum motivo, todos os animais estavam indo mal. O pato era a estrela da classe de natação, porém não conseguia subir nas árvores. O macaco era excelente subindo em árvores, mas era reprovado em natação. Os frangos se destacavam nos estudos sobre os grãos, mas desorganizavam tanto a aula de subir nas árvores que sempre acabavam na sala do diretor. Os coelhos eram sensacionais nas corridas, mas precisavam de aulas particulares de natação. O mais triste de tudo era ver as tartarugas, que, depois de vários exames e testes foram diagnosticadas como tendo "atraso de desenvolvimento. De fato, foram enviadas para uma classe de educação especial numa distante toca de esquilos. A pergunta é: Quem eram os verdadeiros fracassados? (CARRERA, 2009, p. 81) Fracassam nossos alunos com nossas teorias mal elaboradas e confusas e fracassamos nós, por fazer parte e compactuar com um sistema educacional ultrapassado, com um índice de evasão vergonhoso. As teorias de aprendizagem são inúmeras e junto com elas agregam-se as dificuldades para ensinar e fazer com que a criança aprenda. Entretanto, esse é um conjunto, onde está intimamente ligada a forma de ensinar e o resultado deste processo. Diariamente vemos “tartarugas” serem encaminhadas para as classes de recursos e atendimento especializado, quando na realidade quem realmente necessitava de auxilio e atendimento especializado não são as crianças, mas sim os professores. 2.3 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E O SEU COMPROMETIMENTO COM A EDUCAÇÃO Não adianta nossas escolas investirem e estarem envolto das melhores e mais atuais tecnologias, se os professores não souberem utilizar estes recursos em sala de aula. Ou aplicá-los de maneira errônea, não contribuindo de forma efetiva para auxiliar o desenvolvimento da aprendizagem. Desta maneira, a formação dos professores, desempenha um importante e fundamental papel, que pode contribuir de maneira positiva diante do fazer pedagógico; formando alunos críticos, ativos, cooperativos e também responsáveis pela busca e pela construção do conhecimento. A educação brasileira passou por vários períodos, a formação dos professores acompanhou toda essa trajetória, sendo a mesma marcada por políticas educacionais determinadas por interesses políticos e econômicos que consequentemente definem a prática pedagógica nesse conjunto de relações. 15 Ao longo de toda essa história, podemos perceber que desde o tempo dos Jesuítas aos dias atuais, os professores vêm procurando definir sua identidade através das práticas pedagógicas, que diversificavam muito o modo de ver e fazer a educação. Nos tempos atuais, percebemos que essa angústia ainda existe e muitos professores possuem formação, mas caminham sem saber para onde ir. Estão nas salas de aula, porém encontram-se desprovido de capacidade e, principalmente, de conhecimento, onde promovem um ensinamento aboleto e distante da realidade do educando. Segundo Nóvoa (1992), O processo de formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que possibilite criar estratégias para o exercício do pensar... e que o ato educativo implica um olhar desprendido do formalismo pedagógico...buscando romper com a rotina que assola a prática docente. (NÓVOA - CADERNO PEDAGÓGICO UDESC, p. 37) Este processo de formação deve partir do próprio educador, que ao refletir sobre sua prática docente, percebe que os conhecimentos de ontem já não mais se enquadram nos de hoje, e que a realidade atual não mais comporta um saber que se restringe a mera reprodução e memorização; mas sim adotar um conceito de formação permanente, onde o educador procura descobrir, organizar e, principalmente, construir uma prática fundamentada num processo reflexivo constante. Para Maturana (1998, p. 37), A formação realmente se efetiva quando se concretiza na aceitabilidade recíproca, onde devemos repensar a respeito de uma cultura, que valida a competição e o conflito entre os indivíduos, gerando competitividade, abuso opressão e rejeição. Repensar tudo isso significa, rever formas e dar novos significados ao ato de educar. Compreendendo que a educação deve ir muito além dos muros da escola, muito além das salas de aula ou de memorizações desprovidas de significados; é fornecer suporte para que o aluno possa criar, debater, questionar, que se sinta desafiado a ir além do que é proposto em sala de aula. 2.4 PLANEJAMENTO Outro fator muito importante é o planejamento, pois o educador ao planejar precisa trabalhar sobre as necessidades trazidas pelas crianças, no sentido de ajudá-los a perceber até que ponto aquelas necessidades são reais e resgatar o verdadeiro valor do conhecimento para com eles. 16 Segundo Arroyo (1982, p. 89), “parece que ninguém pode ensinar bem alguma coisa se não consegue para si uma resposta sobre a finalidade do conhecimento que aprofundou". É necessário ao professor entender que planejar dentro das necessidades da criança significa colocar-se dentro de sua realidade para entendê-lo. Infelizmente, evidencia-se que na parte pedagógica do planejamento há uma resistência, porque geralmente todos seguem aquele que já vem pronto. E tudo isso se concretiza também através do processo de investigação e leitura que o professor é capaz de desenvolver para si e para seus alunos. Segundo o PCN de Língua Portuguesa (1997, p. 30) Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade eficaz da linguagem, uma linguagem que satisfaça as necessidades pessoais que podem estar relacionadas às ações afetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informações para o exercício da reflexão. O trabalho do professor deve contribuir nesse processo de desalienação, mas faz-se necessário aqui a superação de ideologias que hoje ainda persistem fortemente. Cabe ao professor planejar atividades que realmente irão ajudar os educandos a criar espaços de busca de alternativas para a superação dessas necessidades. Para isso faz necessário estar consciente do papel do planejamento, pois “o planejamento deve ajudar as crianças a se desenvolverem, nele todos os objetivos devem estar voltados às possibilidades de atividades para o desenvolvimento intelectual, social e moral dos alunos". (FUSARI, 1984, p. 100) O objetivo do processo de ensino e de educação é de que todas as crianças desenvolvam suas capacidades físicas e intelectuais, seu pensamento independente e criativo, tendo em vista tarefas teóricas e práticas, de modo que se preparem positivamente para a vida social. O Planejamento Participativo assumido como processo de crescimento pessoal e de transformação social também é um caminho viável para se conseguir a renovação das estruturas e das relações na educação formal. Sendo assim, um trabalho realizado de maneira organizada de forma colaborativa, nos dá maior suporte para termos bem claro o que queremos e onde desejamos chegar, também nos possibilita buscar variados recursos que poderão nos auxiliar nesse caminho. E adotar esses procedimentos, unindo-os aos meios tecnológicos, mais especificamente as mídias, podem nos proporcionar novas possibilidades de trabalho coletivo, propiciando a interação não somente entre os alunos, como também entre os professores de maneira interdisciplinar. 17 2.5 AVALIAÇÃO Devemos destacar nesse processo outro fator imprescindível: a avaliação. A mesma em sua totalidade é um processo do qual participamos também nós educadores, pois ao observar atentamente nossas crianças, passamos a refletir a respeito da nossa própria atuação junto a eles. Procedendo assim, uma auto-avaliação. E ela poderá nos possibilitar redirecionar nossos objetivos, reestruturar, reorganizar a todo o momento nossos trabalhos em sala de aula. Avaliando se as estratégias e recursos que estamos utilizando estão dando certo, também, fazendo-nos rever e buscar experiências novas e diversificadas para atender as diferenças individuais e criar condições para que cada uma de nossas crianças manifeste suas potencialidades, estruturando à sua maneira seu próprio saber, pois “um processo avaliativo mediador não entra em sintonia com um planejamento rígido de atividades realizadas com rotinas inflexíveis” (CADERNO PEDAGOGICO UDESC, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EDUCACIONAL, p. 86). Atualmente, também, percebemos nas escolas mais do que nunca, o professor vem fazendo sozinho sua listagem de conteúdos sem conhecer seus alunos, sem uma maior interação entre as disciplinas, sem procurar uma integração entre os demais educadores, impossibilitando o desenvolvimento de um conhecimento mais harmônico e mais significativo. Os conteúdos também são inadequados, distantes da realidade do aluno, fragmentados, com aulas monótonas e sem vida. Tudo isso, contribui e muito para o fracasso escolar de um grande número de alunos, que desmotivados, com ritmo lento e com dificuldades na aprendizagem, desistem logo nos primeiros anos do ensino fundamental. Dentro desta perspectiva, podemos dizer que a avaliação ocupa um lugar opressor, ou de punição, onde é concebido um ensinamento fragmentado e descontextualizado da vida dos alunos. Avaliar não é sinônimo de medir ou quantificar, mas sim um processo de crescimento mútuo entre alunos e professores, sendo fonte de aprendizagem para ambos. Sendo fonte de diagnóstico e auto-avaliação para professores e alunos, pois a maneira como encaramos a avaliação, demonstra claramente nossa forma de ver e conceber a educação. Cabe, então, repensarmos tudo isso, pois, não podemos mais proporcionar aulas fragmentadas e fora da realidade dos educandos. Frigotto (1995, p. 27) nos demonstra a necessidade da interdisciplinaridade na produção do conhecimento, como um conjunto da coletividade, da parceria entre os educadores, proporcionando um conhecimento mais dinâmico, mais real e menos individualista. Proporcionando assim oportunidades para que todos tenham condições de aprender independente das suas particularidades. A nova LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1997), assegura aos educando currículos, métodos e recursos específicos para atender as necessidades dos educandos, 18 porém, isto só se efetivará quando os educadores realmente aderirem a desenvolverem um trabalho de modo coletivo e interdisciplinar. É válido ressaltar que não adianta colocar a culpa nos governantes, na falta de materiais, na falta de formação se o verdadeiro problema encontra-se no modo como são aplicadas e desenvolvidas as aulas, pois se nem os professores acreditam na importância das aulas que desenvolvem como nossas crianças irão crer e se esforçar para assimilar o que esta sendo ensinado. Hamilton Werneck, em seu livro: “Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo” (1992), nos relata lições muito importantes sobre o fazer pedagógico e sobre a ética e a responsabilidade do ato de ensinar. Mais do que repassar conteúdos, estes devem ser realmente significativos e em prol de uma sociedade mais humana e menos desigual, ressaltando a importância de um fazer pedagógico que gere vida. Sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver: câmaras de gás construídas por engenheiros formados; crianças envenenadas por médicos diplomados; recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas; mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados em colégios e universidades. Assim, tenho minhas dúvidas a respeito da educação. Meu pedido é este: ajudem seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados. Aprender a ler e a escrever, aprender aritmética só serão importantes quando servem para fazer nossos jovens mais humanos. (WERNECH,1992, p. 87). Esse é o grande desafio dos tempos atuais, ensinar as crianças valores como: humanidade, responsabilidade, solidariedade, entre tantos outros significativos para ser um sujeito solidário, ético e comprometido com os problemas circundantes. Tudo isso não se ensina através de currículos ou provas, mas através dos exemplos, pois se os professores não são capazes de transmitir valores, qual sua importância na sala de aula? As informações nos tempos atuais são adquiridas através das várias mídias que são expostas diariamente aos nossos educandos dentro de suas casas. Percebe-se, então, a necessidade de uma educação menos mecânica, onde a repetição e o individualismo são concebidos como a única e a mais correta maneira para educar. Tendo o aluno como um ser passivo desprovido de experiências e saberes culturalmente adquiridos. Esta forma de fazer educação é bem clara em nossas salas de aula quando os alunos são encaminhados para sala de informática para digitarem um texto, sem significado algum, somente para fins técnicos, quando são obrigados a assistirem filmes e fazerem resumos, sem contextualização. Em toda essa dimensão, segundo Cury (2003, p.65), o educador só não será substituído por máquinas, porque as mesmas não são capazes de ensinar a gentileza, a tolerância, à solidariedade, e 19 isso só é possível por seres humanos. Entretanto, alguns professores deixam totalmente a desejar em sua prática pedagógica, abrindo assim um grande questionamento quanto a sua importância na sala de aula. Ao repensar a prática docente, percebemos que muitos conceitos ainda necessitam de mudanças, a sociedade mudou, os tempos são outros, conceitos se transformaram, alguns preconceitos caíram, a forma de ver e de fazer a educação se modificou muito nos últimos anos, exigindo do educador uma postura mais sólida, mais crítica e mais criativa diante do fazer pedagógico; indo a busca constante de conhecimento, aprimorando ainda o próprio saber, tendo como meta a responsabilidade, a ética profissional, com uma visão aberta para mudanças com conteúdos voltados dentro da realidade de interesse do próprio aluno; porém, o modo de fazer a educação, infelizmente, ainda caminha a passos bem lentos. E diante da utilidade das novas tecnologias da informação e comunicação na sala de aula percebe-se que a maior dificuldade enfrentada, não são as novas idéias, mas sim os antigos paradigmas enraizados como verdadeiros e absolutos que os impedem de criar um novo olhar. Uma vez que estes estão impregnadas como corretos e verdadeiros, e muitos professores resistem muito às mudanças, pois as mesmas são causas de dúvidas, medos e incertezas. E quando estamos abertos as mudanças, temos que estar em constante busca, assumindo um papel de investigador, de pesquisador; e tudo isso não se consegue estando acomodado, isolado em um pequeno e fragmentado mundo de disciplinas isoladas. 2.6 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO COTIDIANO ESCOLAR Além dos problemas diante do fazer pedagógico, encontramos na sala de aula vários outros desafios como: ausência dos pais, desmotivação dos alunos, falta de atenção e indisciplina. Havendo necessidade de encontrar novos caminhos, novas possibilidades, pois muitas crianças estão indo para a escola para serem criadas, pois os pais deixam sua responsabilidade para os professores, atribuindo à escola, deveres que são exclusivos da família; acarretando assim, uma série de consequências, pois, a família pode ser considerada como o grupo social inicial mais importante, pois dela depende a satisfação das necessidades humanas básicas e as primeiras orientações na vida da criança. E nesse importante grupo social que as crianças aprendem (ou deveriam aprender) os valores e atitudes como cooperação, respeito às diferenças, participação, entre outros... (LISBÔA, 2004, p. 63). 20 Desta maneira, cada vez mais percebemos que esta ação deve ser conjunta, a cada um cumprindo seus papeis, não permitindo que nem escola e nem família cumpram papeis que não são seus, mas complementem-se, cada um com suas atribuições, cumprindo seus deveres e suas responsabilidades. E é neste contexto que a escola não pode ser considerada mais um espaço fechado, distante. De acordo com Gadotti (1997), a escola deve se unir ao mundo exterior (família, comunidade), pelos espaços sociais das múltiplas atividades humanas. Sua função social é de possibilitar que os educandos adquiram, elaborem e reelaborem conhecimentos no campo da ciência e da tecnologia, que se desenvolvam com competências e habilidades necessárias para recriar, rever, redirecionar tais conhecimentos no universo coletivo, na perspectiva da colaboração, cooperação, da solidariedade da ética, tendo sempre como horizonte, colocar os avanços dos conhecimentos a serviço da humanização da solidariedade. Portanto, faz-se necessário que a escola dê um novo significado ao seu fazer pedagógico ao qual seja mais condizente com o mundo atual, ao qual possa efetivamente estar voltada a formação de sujeitos ativos, reflexivos, cidadãos atuantes e participativos. Sendo fundamental nesse processo a participação da família, para que a mesma possa sentir-se parte importante nesse processo. Sentir que a escola é um espaço que irá complementar o trabalho da família de forma conjunta. Oportunizando espaço para participação, para o diálogo, para a troca de experiências, para o crescimento recíproco, para que todos possam perceber que as famílias dos sonhos não são perfeitas, que todas apresentam problemas, frustrações, e essa família “...é aquela que os pais e filhos tem coragem de dizer um para o outro: “eu te amo”, “eu exagerei”, “desculpe-me”, “vocês são importantes para mim”. Na família dos meus sonhos não há heróis nem gigantes, mas amigos. Amigos que sonham, amam e choram juntos.” (CURY, 2003, p. 155). Constatamos que a maioria das famílias ainda se encontra distante da escola, exatamente por não se dar conta dessa realidade. E a escola também deixa a desejar quando só exige a presença dos responsáveis na escola quando é para criticar. Sendo assim, Moran (2007), nos aponta a necessidade de grandes mudanças que comprometa não somente a escola, mas a sociedade como um todo: • Um currículo, mais integrado, mais próximo do cotidiano, com muita mais liberdade de percurso, de escolhas, de integração significativa. • Metodologias, mais ativas e focadas em pesquisa e produção, em jogos, na relação práticateoria-prática. 21 • Maior integração com os pais, com a família. Se a família é educadora, a aprendizagem se torna muito mais fácil e a escola avança mais. • Melhor organização do tempo e de espaço, muito mais flexível (educação multiespacial e multitemporal). Uma parte em sala de aula, outra na Internet, e outra na cidade, em contato com os lugares significativos para a aprendizagem e para o trabalho. • Professores mais preparados, melhor formados, melhor remunerados, escolhendo os melhores alunos para serem preparados para a docência. Professores mais humanos, afetivos, acolhedores, além de competentes. • Gestores pró-ativos, dinamizadores, bem preparados e com visão humanista. • Uma educação social mais organizada e continuada, que atenda a públicos específicos: jovens casais-pais, pessoas marginalizadas, pessoas com dificuldade de empregabilidade, idosos, pessoas presas. Ensinando valores importantes para a convivência, para o equilíbrio pessoal, para a não dependência emocional, para a valorização pessoal. • Utilizando as mídias possíveis e de forma integrada nos novos nichos educacionais. Todas estas mudanças, são necessárias e possíveis de serem realizadas, se houver um comprometimento de todos, professores, governantes, família, comunidade. Todos trabalhando em prol de uma educação mais verdadeira, mais humanizada, mais coerente com o tempo e a realidade que vivemos. 2.7 A FORMAÇÃO CONTINUADA A formação continuada é uma ótima oportunidade para atingir todos os ideais listados anteriormente; além de ser uma necessidade nos tempos atuais, ela nos dá suporte para acompanharmos e reavaliarmos todo o processo educacional, nossa prática pedagógica e consequentemente rever, repensar nossa maneira de ver e conceber a educação, apontando condição, possibilidades de mudanças numa escola que se redireciona em busca de saberes e práticas mais condizentes, mais humanas, mais voltadas para a realidade vivida, para o dia a dia do educando. Enquanto educadores não podemos ficar estagnados no tempo, pois diante de novos desafios somos obrigados a encarar novas formas de ver e de fazer a educação. Uma educação “bancária” como nos aponta Freire (1987), não responde mais as necessidades atuais, pois não depositamos conhecimentos na sala de aula, mas construímos juntos, não apenas repassamos 22 conteúdos prontos e acabados, acreditando que as crianças são seres passivos e desprovidos de qualquer conhecimento. Porém, apesar de termos isso bem claro, ainda assim, infelizmente, nossos currículos insistem que devemos ficar longos períodos ensinando conteúdos fragmentados e descontextualizados Conforme nos aponta Leite (2008), o espaço virtual quando utilizado de forma ética, cria oportunidades, amplia relações sociais, há a troca de experiências, contribuindo, assim, para a aquisição de novos valores e atitudes. Dessa forma, as novas oportunidades que surgem vão se ampliando; a forma de fazer a educação vai mudando e não somente para os alunos, pois também nós, professores, somos obrigados, desafiados a acompanhar todo esse processo. E é exatamente com todo esse processo, nesse grupo que atuamos que devemos criar oportunidades para crescer, trocar experiências; professores e alunos; através do diálogo, da vivência no grupo como professores e também como aprendizes: Temos que valorizar a pessoa para não gerarmos em nossas salas de aulas crianças intelectualmente passivas. Vamos incentivar a liderança, a participação e crianças com espíritos cooperativos e colaboradores. As aulas devem estar centradas na capacidade de raciocinar, de fazer com que a criança desenvolva o saber pensar. Temos que evitar as respostas prontas, provocar conflitos salutares, discutir e chegar a acordos, apresentar sugestões reais para problemas do dia a dia. (LISBÔA, 2004, p. 106) Estamos vivendo em um mundo de constantes transformações e tais mudanças afetam diretamente a sociedade e, consequentemente, a escola. Portanto, não podemos ficar alheios a tudo isso, continuando a utilizar a mesma maneira de educar que usávamos há décadas atrás. Somos obrigados a rever nossos conceitos e mudar nossa concepção, rompendo barreiras, criando situações que propiciem interações na sala de aula e rompendo as “gavetas” disciplinares. Criando, assim, situações de aprendizagem condizentes com a realidade dos alunos. Realidade esta, caracterizada pela chegada das tecnologias na vida dos educandos e, consequentemente, no ambiente escolar. Todas essas mudanças não devem ser encaradas como uma obrigação imposta, ou uma tarefa impossível de se conseguir, mas um meio ao qual irá nos possibilitar novas formas de fazer a educação, novos olhares, novas oportunidades. E quando nos identificamos, quando gostamos do que fazemos, esse processo não é encarado como uma obrigação, tediosa e infeliz, mas como uma necessidade. Segundo Lisboa, (2004, p. 93), 23 A escola deve e pode ser um lugar onde o aprender e o ensinar estejam envolvidos numa das mais importantes tarefas do ser humano: ser feliz, apesar dos problemas...Gostar do que se faz é a nossa primeira sugestão para você nos ajudar a fazer da escola um lugar feliz. Percebemos ao observar nossos alunos que a escola não está sendo esse lugar feliz que desejamos. E precisamos mudar essa realidade, buscando novas formas de ensinar. Acreditando que realmente as mídias podem fazer a diferença na sala de aula; não como fins em si mesmo, mas como fontes auxiliadoras, que podem favorecer a troca de experiências, o diálogo, a imaginação, a criatividade. E essa combinação de diferentes linguagens, são fatores essenciais para que a aprendizagem ocorra de maneira efetiva e significativa. Mas isso só acontecerá de fato se nós educadores acreditarmos realmente na educação. Acreditarmos que é por nós e através de nós, de nossos exemplos que tudo se inicia, que “devemos olhar nos olhos de cada pessoa e aprender a cumprimentar, a receber com carinho o outro que chega e vai. Realmente ouvir o que está sendo dito, tentar não responsabilizar o outro por tudo o que acontece e aprender a resolver sozinhos nossos próprios problemas” (LISBÔA, 2004, p. 106). Sabemos que a formação dos professores ainda necessita de uma série de transformações, e que a realidade dos educadores hoje, exige que se faça a diferença, desenvolva o conhecimento de maneira, dinâmica e prazerosa, com bastante criatividade e bem poucos recursos. Mas de uma maneira geral, a sociedade atual, com todas as suas exigências e transformações, já não comportam mais professores, cujo pensar não está contribuindo para desenvolver nos educando uma consciência crítica, um pensar questionador e, principalmente, desenvolver a responsabilidade social. 24 3 METODOLOGIA A abordagem desta pesquisa é qualitativa. Conforme Engers (1999), o paradigma qualitativo é estrutural e tem o propósito de aprofundar o conhecimento para obter uma compreensão da realidade nas suas diferentes manifestações. A presente pesquisa é de ordem qualitativa descritiva, visto que todas as perspectivas do fenômeno, do método de análise e de compreensão possuem valor. Todos os cenários são dignos de estudo. O pesquisador é o principal instrumento de investigação, visto que ele tem contato direto e prolongado com o campo, possibilitando que este descreva detalhadamente as situações vivenciadas (ALVES, 1991). Nesse sentido, a pesquisa qualitativa concebe a realidade com toda a sua diversidade, sendo assim não pode ser compreendida fragmentada do seu contexto. 3.1 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA O método de coleta de dados desta pesquisa baseia-se na pesquisa bibliográfica, na entrevista com perguntas abertas para os professores titulares, cujas crianças participaram do projeto (Apêndice 1), professores do NAPE (Apêndice 2), alunos que freqüentam o NAPE e não participaram do projeto (Apêndice 3) e na observação direta com perguntas abertas para das crianças da 3ª Série que freqüentam o Núcleo de Apoio Pedagógico, no município de São João do Sul, uma vez por semana e participaram do projeto.(Apêndice 4) Na investigação qualitativa a entrevista é uma das técnicas utilizadas para obter os dados a serem investigados. Igualmente importante nesta pesquisa é a observação, a fim de registrar dados que vão acontecendo no universo pesquisado. Assim, coletam-se os dados, observando e registrando o andamento das atividades aplicadas em sala de aula e o interesse demonstrado pelos alunos ao realizarem as atividades propostas antes e depois da aplicação de diversas atividades, tendo como auxilio os Softwares Educacionais, TV e Vídeo. Observando assim o desenvolvimento, entusiasmo, dificuldades e o interesse dos alunos nas atividades realizadas, comparando os dados obtidos aos dos alunos que não participaram deste projeto. Esta investigação busca, por meio de entrevistas, de observação direta, da análise dos dados coletados e da pesquisa bibliográfica, compreender melhor a importância do uso do Computador, da TV, do Vídeo e dos Softwares Educacionais na sala de aula para promover e facilitar o desenvolvimento da aprendizagem, com o intuito de verificar se a sala de aula torna-se mais alegre, dinâmica, social e mais condizente com a realidade em que vivemos. 25 O grupo que foi escolhido, com um total de seis alunos, do terceiro ano, sendo selecionados devido aos grandes, e supostamente apontados como um dos maiores, problemas apontados pela professora. Havendo necessidade de uma intervenção imediata. Não que as mídias iriam fazer milagres, mas poderiam deixar as crianças com mais entusiasmo, com mais vontade de participar do NAPE, coisa que não estava acontecendo no momento. 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE O NAPE (Núcleo de Apoio Pedagógico) surgiu diante da necessidade de atendimento mais individualizado para crianças que apresentavam dificuldades na sala de aula. Como as turmas eram muitos grandes e as dificuldades iam aumentando de forma significativa, bem como os percentuais de reprovação, um grupo de professores diante de muitos dias de estudos, debates, diálogo, chegou a conclusão de que somente o professor titular, apesar do esforço, não conseguiria atender as necessidades de toda turma, de maneira homogênea, visto que cada criança apresentava dificuldades e necessidades diversificas para aprender. Sendo assim, surgiu a idéia do NAPE, onde foram apontadas propostas e sugestões para que este projeto pudesse ser aplicado e procurasse através do trabalho mais individualizado, apresentar respostas positivas diante das necessidades apontadas. Este projeto iniciou-se no ano de 2005, visando a atender alunos das séries inicias, com objetivo de desenvolver o espírito de iniciativa, responsabilidade, solidariedade, liberdade, bem como oferecer oportunidades de resolver problemas, atendendo as diferenças individuais, oportunizando atividades sociais de integração, auto-estima e criatividade, observando e respeitando a diversidade, as capacidades e as possibilidades. Utilizando para isso, metodologias diversificadas e motivadoras, visando os conceitos ainda não apropriados pelos alunos. Para realizar este trabalho, este projeto contaria com um professor de quarenta horas semanais, um professor de vinte horas semanais, apoio da equipe técnica da secretaria municipal de educação: orientadora, supervisora, fonoaudióloga e psicóloga. O critério observado para participação no NAPE seria a insuficiência durante o processo regular de apropriação de conhecimentos e de competência pelo aluno, bem como estar matriculado na rede municipal de educação, sendo aluno das séries iniciais. Para realização da coleta de dados e análise dos alunos que ingressariam no NAPE, seria utilizado o histórico escolar, ficha de dados do aluno: escola, nome completo, filiação, contato telefônico, medicamentos e doenças, quais os projetos que participa, enfim uma ficha completa de 26 cada aluno, com parecer sempre que fosse possível da fonoaudióloga e da psicóloga, acompanhando um parecer do professor titular, bem como os objetivos a serem alcançados com os alunos enviados ao NAPE. As estratégias e intervenções pedagógicas seriam a partir do estudo dos itens apresentados, contato com os pais, com o professor titular, definindo assim o perfil dos alunos e montando os grupos, seguindo o critério de agrupamento pela natureza do problema de aprendizagem, montando grupos de até dez alunos. Estes alunos seriam atendidos em horário inverso ao da escola, uma vez por semana, das oito horas da manhã as onze e trinta, recebendo alimentação no próprio estabelecimento, tendo uma servente a disposição do projeto. Os trabalhos pedagógicos seriam distribuídos de maneira individual, em grupos, com atividades variadas, utilizando jogos pedagógicos, recursos audiovisuais, materiais concretos, livros de literatura, permeados com recreação para tornar as aulas mais prazerosas e elevar a auto-estima dos alunos, promovendo, assim, a sucesso escolar. O diálogo entre o professor do NAPE e o professor titular seria constante, visando à troca de informações referentes aos alunos e ao desenvolvimento dos mesmos na sala de aula. A avaliação será realizada de forma contínua, cabendo ao coordenador do projeto e a professora titular acompanharem o desenvolvimento do aluno, identificando os problemas e as conquistas durante esta trajetória. Tendo a mesma um caráter investigativo e processual, contribuindo com a função da escola que é de promover o acesso ao conhecimento. Contando também com o parecer da orientadora educacional, supervisora, fonoaudióloga e psicóloga, estes, utilizando registros individuais, para análise de dados e acompanhamento dos rendimentos obtidos. 3.2.1 NAPE, PRECONCEITOS E OBSTÁCULOS Durante o período de observação do NAPE, podemos perceber ao comparar com projeto inicial, apontado anteriormente, que muitos dos sonhos e planos que foram traçados para este projeto, mudaram sua trajetória, pois apesar da diretora e da professora titular serem comprometidas e ótimas profissionais, o antigo projeto precisa de mudanças, necessitando de readaptação. Uma das principais mudanças seria o número de alunos, pois quando os mesmos são encaminhados para o NAPE, apontam dificuldades, havendo necessidade, pela dificuldade na aprendizagem apontada, de trabalhar de forma individual; o que atualmente não é possível, pois o número de crianças é bastante grande, impedindo um atendimento mais direcionado a cada criança de acordo com sua dificuldade específica. 27 Alguns alunos são oriundos de turmas com onze ou doze alunos, e são encaminhados para o NAPE, em turmas de seis a sete crianças, agrupando um total, que torna praticamente cinqüenta por cento da turma. Sendo assim, praticamente, equivalente ao número de alunos da sala de aula, pois todos os que participam do NAPE, apresentam algum tipo de dificuldade, necessitando de atenção especial, torna-se inviável realizar um trabalho com qualidade desta maneira, devido a grande diversidade; e atender toda essa diversidade que é encontrada não somente no NAPE, mas em todas as salas de aula, exige que os professores estejam preparados e com olhar voltado para uma sala de aula heterogênea, conforme nos aponta os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 97): A atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levem em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos que o aluno dispõe, mas também seus interesses e motivações. Esse conjunto constitui a capacidade geral do aluno para aprendizagem em um determinado momento. Dessa forma, a atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais, culturais e a história educativa de cada aluno, como também características pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico ou de superdotação intelectual. Deve-se dar especial atenção ao aluno que demonstrar necessidade de resgatar a auto-estima. Trata-se de garantir condições de aprendizagem a todos os alunos, seja por meios de incrementos de intervenção pedagógica ou de medidas extras que atendam as necessidades individuais. Conseguir atingir todos estes objetivos não é tarefa fácil, sendo assim, este processo deve ser respeitado. Principalmente no NAPE, onde as crianças que são recebidas já trazem consigo um amontoado de traumas e dificuldades, onde na maioria das vezes os maiores problemas são emocionais ou de socialização. Agrupar um número muito grande de crianças só irá reforçar ainda mais os problemas apresentados. Visto que é real o grande índice de reprovação entre as crianças que freqüentam o NAPE semanalmente. Outro fator significativo observado é a falta de materiais diversificados para desenvolver o trabalho com as crianças. Deixando o professor com poucas opções para desenvolver as atividades, tornando-as cansativas e um tanto monótonas. As crianças apresentam interesse apenas no início, ficando dispersas e desmotivadas com o desenvolvimento das atividades, sem muitas opções em uma aula que tem duração de quatro horas com exceção aos lanches, fica complicado a professora ser tão criativa para atingir o interesse de todos. As professoras titulares ao encaminharem as crianças, também exigem que sejam trabalhados disciplinas e conteúdos específicos como português ou matemática. Criticando quando este pedido não é atendido. 28 O grande problema é que as dificuldades apresentadas pelas crianças, não tem um conteúdo específico, na maioria das vezes é necessário trabalhar com a raiz do problema, não com o conteúdo que não foi aprendido. Sendo assim, há uma grande cobrança por resultados, não somente dos professores, que necessitam fazer “milagres”, como das crianças que apesar do empenho não atingem os objetivos esperados. Diante de todas as necessidades apontadas no NAPE (Núcleo de Apoio Pedagógico), haveria várias prioridades, sendo a mais urgente, renovar, readaptar o processo pedagógico, utilizando meios que possibilitassem formas mais atrativas, mais dinâmicas e mais interativas, que levassem as crianças a se interessarem mais e ficassem mais entusiasmadas em estar na sala do NAPE. Em que pudessem aprender os conteúdos solicitados pelas professoras titulares, mas de maneira diferente das já utilizadas na sala de aula, pois essas já não respondem as necessidades destas crianças, caso contrário, não estariam no NAPE. 29 4 RESULTADOS DA PESQUISA Esta seção destina-se a análise das atividades realizadas, e reflexões a respeito resultados obtidas durante a elaboração e o desenvolvimento da pesquisa, através da observação, atividades realizadas e coleta de dados dos professores e alunos que participaram e os que não participaram do projeto, construindo assim, uma reflexão, comprovando a importância das mídias na sala de aula como fortes e atraentes auxiliadores no desenvolvimento da aprendizagem. 4.1 ANÁLISE DAS ATIVIDADES USUALMENTE REALIZADAS Diante de um novo tempo, exige-se uma nova forma de educar. Não podemos continuar educando da mesma maneira que se educava há décadas atrás, pois na antiguidade as palavras bastavam, mas nos tempos atuais, as crianças apresentam outro nível de concentração, exigindo uma concretização das palavras para que a aprendizagem realmente aconteça. As mídias nos oferecem diversas maneiras para que isso possa acontecer efetivamente. Possibilitando novas formas de trabalhar em sala de aula de maneira criativa e dinâmica. Proporcionando aulas mais alegres, onde as crianças sintam prazer, alegria em estar na sala de aula. Infelizmente, essa não é uma realidade presente em todas as salas de aula, pois percebemos que a maioria das crianças tem um conceito de escola, como um lugar triste e sem graça, monótono, onde as crianças são obrigadas a freqüentarem anos seguidos como se estivessem cumprindo uma sentença de prisão. A escola nos seus planejamentos diários e anuais, orientada pela LDB (1996), prega e escreve discursos notáveis de aulas dinâmicas, criativas, voltadas para realidade do educando, sua preparação para vida, seu pleno desenvolvimento, sua liberdade de aprender, de pensar, etc. Porém, o que presenciamos nas salas de aula é totalmente contraditório: alunos enfileirados, turmas com um número enorme de alunos, professores com péssimas condições de trabalho, etc. Tudo isso, vai fazendo da escola e da sala de aula um lugar penoso, triste, com períodos intermináveis, onde nem professores e muito menos alunos sentem-se felizes, realizados, contentes por estarem lá, e consequentemente esta realidade vai acarretando uma série de problemas envolvendo alunos e professores, que fica difícil solucionar. (...) Se formos relacionar todos os itens que se pode ou não se pode fazer na escola com certeza a caracterizaríamos como algo ruim para as crianças, vejamos: não pode correr, pular, cantar, jogar bola, não pode sujar, comer, fazer bolinha de 30 chiclete, sentar no chão, rolar na grama, pisar na poça de água, subir na árvore, não pode (...), não pode (...).!(LISBÔA, 2004, p.14) Estas são palavras que constantemente ouvimos nas salas de aula, não pode, não deve, não, não... Fora deste espaço escolar, a criança é alegre, brinca, tem seus sonhos, suas dúvidas e resolve problemas reais, envolvendo situações concretas, mas dentro da sala de aula, tudo é diferente, sem graça, sem vida, a maioria das aulas são monótonas e distantes da realidade das crianças. A matemática é incompreensível, difícil de desvendar e a língua portuguesa que deveria propiciar novos conhecimentos, novas aventuras, torna-se uma “decoreba”, uma memorização de palavras e letras vazias, sem significado e sem aplicabilidade alguma. Portanto, a escola deve oportunizar novas formas de ensinar, propiciando atividades mais lúdicas e menos decorebas. Visto que através das brincadeiras, dos jogos, a criança vai desenvolvendo, proporcionando um avanço social e cognitivo, vai adquirindo valores e desenvolvendo suas potencialidades. (...) as instituições de ensino ainda tem explorado muito pouco o jogo como recurso...O recomendável seria que as disciplinas curriculares responsáveis pela expressão e práticas corporais utilizassem o jogo como objeto de estudo e como ferramenta pedagógica, considerando que já faz algum tempo que investigações relacionadas ao tema vem atribuindo valor destacado ao jogo infantil como alavanca de desenvolvimento e de aprendizagem. (NEGRINE, 1994, p. 11) É exatamente neste contexto que as mídias podem auxiliar nesse processo, pois quando bem utilizadas, as mesmas podem auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem, tornando esse processo mais dinâmico, mais desafiador e mais significativo para professores e alunos, pois ambos podem ir em busca do conhecimento, sendo desafiados, instigados a irem além dos muros da escola para buscarem e reformularem respostas as questões apresentadas em sala de aula, pois ambos assumem um papel ativo e investigativo no processo de desenvolvimento da aprendizagem. Os softwares desenvolvem um papel fundamental neste processo, pois são atividades que podem ser desenvolvidas na sala de aula, indo ao encontro das necessidades apontadas de acordo com cada turma, bem como com as suas dificuldades. São jogos atraentes, que podem proporcionar aulas alegres e desafiadoras, onde o grupo de alunos é desafiado a encontrar respostas para as questões apresentadas de maneira lúdica, criativa e dinâmica. Pensando assim, ao escolher as atividades para serem trabalhadas no NAPE, visto as necessidades apontadas pelas professoras titulares, foram selecionados alguns softwares que pudessem ir ao encontro da realidade e da necessidade das crianças. 31 4.2 LISTAGEM DE ALGUNS SOFTWARES TRABALHADOS: a) Sebran É um software gratuito para crianças, que nos possibilita brincar, utilizando doze tipos de atividades, que irão nos auxiliar de maneira descontraída, a realizar atividades de cálculos, leitura, digitação e interpretação. Podemos utilizá-lo para desenvolver atividades, materiais concretos, como palitinho, tampinhas, etc. enquanto interagem com a atividade, que é bem ilustrada e sonora, podem também utilizar materiais concretos para auxiliá-los a desenvolverem as atividades propostas. Este programa apresentou possibilidades diferenciadas para trabalharmos as atividades de matemática de maneira diferenciada da sala de aula. Podemos comprovar isso através das falas das crianças: “Eu ficaria o dia todo aprendendo assim...”; “Porque estudar matemática aqui é tão legal e na sala eu não entendo”... Enfim, o programa não é milagroso, mas quando bem utilizado, com auxílio de materiais concretos: tampinhas, pedrinhas, palitinhos, torna-se uma atividade dinâmica, e possibilita a aquisição dos conceitos básicos da matemática. Mas o resultado positivo deste processo dependendo muito do modo como o professor irá desenvolver o trabalho na sala de aula. b) BR 105 Apresenta uma viagem pelo Brasil, onde as crianças irão adquirir noções de geografia, cálculos, leitura, interpretação, raciocínio lógico, para interpretar as situações problemas que surgirão no percorrer a viagem proposta, sem levar multas ou ficar sem dinheiro para concluí-la. 32 Ao desenvolver as atividades com este programa, podemos perceber o entusiasmo das crianças para começarem a “viagem” que o mesmo oferecia. Desenvolver este jogo exige alguma habilidade e raciocínio lógico para enfrentar as dificuldades apontadas, e os mesmos buscavam auxílio dos colegas para determinadas situações problemas aos quais não conseguiam concluir. “Que legal, eu vou viajar para Brasília!”; “Ei, me ajuda a fazer as contas da gasolina... se eu abastecer 25 litros a $ 3,00 reais cada litro?”; “Usa a calculadora... é só multiplicar, você não aprendeu ainda...”; “No tanque do meu carro cabem 50 litros de gasolina, tenho que abastecer, mas ainda tenho 12 litros, já tentei colocar 50, mas não deu... me ajuda...” “Ai, mas você e t... são sabe que é só fazer conta de menos, de tirar, e colocar o resultado lá...” “Viu no que deu, acelerei o carro de mais e levei uma multa”. Este foi um momento muito interessante, pois mostra o interesse em buscar ajuda, para determinadas situações, mostrando que nossas crianças, apesar da fragmentação da escola, do modelo de individualização, vêem nos provar que a melhor solução, ainda é a troca de experiências, é a aproximação com o colega é a busca de soluções para pequenas situações diárias, que irão formulando hipóteses, criando conceitos e reformulando conhecimentos para sanar os inúmeros problemas que irão enfrentar em toda sua vida. Não podemos esquecer que pedir ajuda, está extinto em nossas escolas, contradizendo tudo o que pregamos com nossas teorias nas escolas. c) Software Mathforkids 2 + 2 Estes programas nos oferecem inúmeras possibilidades para trabalharmos matemática em suas diversas etapas, nos possibilitando atividades bem variadas de cálculos, interpretação, raciocínio lógico, etc, deixando as atividades matemáticas e a própria tabuada mais interessante e mais divertida para estudar, propondo desafios, e atividades interativas, criativas, que despertem o interesse dos alunos. 33 Ao desenvolver atividades com este software, o professor necessita ter um olhar atento aos educandos, observando quais as suas necessidades e as suas dificuldades, para que configure o programa, a fim de que possa atender as necessidades dos alunos, não propondo atividades muito difíceis aos quais os mesmos não irão conseguir desenvolvê-las, bem como não propor atividades aos quais os mesmos não se sintam desafiados, instigados a concluí-las. Necessita, portanto, de acompanhamento contínuo do professor, para que atinja e solucione as dificuldades especificas de cada grupo, de cada aluno, caso contrário, o professor dificilmente irá atingir os objetivos esperados. “Professora, eu não consegui entender ainda essa atividade”; “Que legal eu já estou na fase final”; “Professora, preciso dos palitinhos para calcular”. d) Tabuada Divertida (POSITIVO) Assim como o software acima, a “tabuada divertida Positivo” nos possibilita inúmeras atividades dinâmicas e atraentes para trabalharmos conceitos matemáticos. Este, porém, está mais direcionado as tabuadas-divisão; onde o professor, assim como no exemplo do 3, poderá configurar e especificar as tabuadas que deseja trabalhar dependendo da realidade de cada educando. “O que eu mais gostei nesse joguinho foi o boliche é bem divertido”; “Vou estudar em casa para ser o campeão dos jogos semana que vem”. 34 e) Tabuada divertida Outro programa de tabuada utilizado foi “Tabuada divertida”, que assim como todos os outros, nos abrem caminhos para trabalhar conceitos matemáticos atualmente tão complicados pra algumas crianças. Este programa permite que a própria criança e o professor, observe o andamento da criança nesta atividade, seus erros e acertos, percebendo quais as sua maiores dificuldades, permitindo assim, que o professor possa durante e posteriormente interagir com os resultados obtidos. “Oba! Acertei mais uma... eu sou o bonzão”; “Nunca pensei que fosse gostar de estudar tabuadas”; “Assim é bem mais legal”. 4.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS a) Leitura, Interpretação A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, partindo do seu conhecimento sobre o assunto. E cabe a escola trabalhar com a diversidade de textos, selecionando, graduando e diversificando, o material de leitura de acordo com as características, as necessidades e os interesses dos alunos, sendo o professor o mediador e o incentivador dessas leituras. É fundamental que os alunos se sintam desafiados a interpretarem e a compreenderem os textos que leram, adquirindo assim, o prazer e o gosto pela leitura, tornando-se pessoas realizadas, talentosas e perspicazes, visto que a vida intelectual está relacionada aos modos e efeitos de leitura de cada época e segmento social. É o que com muita insistência Freire (1984, p.11) afirma: 35 Ler e escrever são atividades comprometidas com o mundo e com as pessoas. Separados do mundo, os textos não tem sentido. A leitura do mundo precede a leitura da palavra escrita e a leitura do texto se prolonga na inteligência do mundo. A leitura é um modo de viver, uma maneira peculiar de exercer a consciência. Ler é pensar, raciocinar, dialogar, criticar. Ler é exercer o papel de crítico. Não interessa a quantidade de textos lidos. O que interessa é como se lê. Aprender a ler é iniciar um processo de amadurecimento que se prolonga ao longo de toda a vida. A leitura crítica é diálogo porque supõe estar disposto a entender tanto os argumentos do texto como os fatos do mundo. O diálogo com a palavra e com o mundo é compromisso vital com o ambiente humano e material. Deve-se proporcionar aos educandos não apenas “leitura”, mas todas as leituras que se apresentam no dia-a-dia, que abordem a linguagem das crianças, histórias em quadrinhos, jornais, reportagens, catálogos de propaganda, poesias e também textos para buscar informações práticas, satisfazer curiosidades, informar-se sobre o que acontece no mundo, divertir-se, aprender, relacionar-se com os amigos. Com um detalhe muito importante: utilizar estratégias e comportamentos diferentes para cada uma dessas atividades. Afinal, ninguém lê uma notícia apresentada em um jornal do mesmo modo como quem lê um livro de romance. Ao desenvolver as atividades no NAPE, trabalhamos com várias formas de materiais impressos: livros, jornais, gibis, revistas. Proporcionando as crianças variadas fontes de leituras de diferentes linguagens; possibilitando a aquisição de conhecimentos através das diferentes fontes apresentadas. “Eu gosto muito de ler gibis, mas não gosto de ler livros de histórias, acho um saco, quando a professora manda... eu queria era só ler gibi”; “Nós não temos muitos livros para ler na escola”; “Odeio ler os livros da sala” (livros didáticos). Percebemos através destas atividades, apesar da grande dificuldade apresentada pelas crianças ao ler e interpretar o que liam, seu gosto e curiosidade por estes materiais apresentados. 36 Mas o mais importante com tudo isso, é perceber que a crianças apresenta suas particularidades, expressando gostos diferenciados no momento de ler. Portanto, o professor tem que estar atento para perceber estes detalhes e deixar que a própria criança defina o tipo de material que deseja ler, tendo sempre em mente, é claro, o tema que deseja abordar. Saindo um pouco da rotina em relação a utilização somente de livros didáticos como fonte única de leitura. E deixar que as crianças percebam que as páginas que lemos, podem nos mostrar e nos apresentar, realidades que não conhecemos, lugares que nunca fomos. Sendo assim, é fundamental que o gosto por diferentes leituras se inicie bem cedo com as crianças. Mas estes exemplos devem começar em casa e, também, na escola, pois estamos cansados de ouvir vários professores relatarem sua aversão por leitura. “Eu não gosto de ler nem nunca gostei”; “Não tenho tempo pra nada, imagina ler”; “Leio o jornal só a página do horóscopo”. Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho educativo para que experimentem e aprendam isso na escola. Principalmente quando os alunos não tem contato sistemático com bons materiais de leitura e com adultos leitores, quando não participam de práticas onde ler é indispensável, a escola deve oferecer materiais de qualidade, modelos de leitores proficientes e práticas de leituras eficazes. (PCN, vol., 2, 1997, p.55). Todo esse trabalho em torno da leitura deve ser mais que uma exigência, mas uma necessidade, pois vivenciamos atualmente uma cultura de não-leitores, várias outras formas de informação e conhecimentos são mais atraentes: a televisão, por exemplo, o indivíduo não precisa pensar, questionar, apenas ser um ser passivo que recebe todas as informações de forma mecânica e, na maioria das vezes, as recebe como fonte única e verdadeira. Modificar essa realidade é uma tarefa essencial, que a escola deve assumir. crianças conforme aponta ilustração abaixo: (PITANGA) Pois estamos cansados de acompanhar casos de 37 “A professora explica, explica, mas eu não consigo entender”; “Tudo parece tão confuso, não entra na minha cabeça”; “Eu gosto mesmo é dos meus cavalos, não da escola”. b) Filme: O Pequeno Príncipe Esta atividade foi muito proveitosa e significativa, pois ao trabalharmos com o filme “O Pequeno Príncipe”, podemos trabalhar dentre todas as exigências das disciplinas, valores humanos. Valores estes, quase esquecidos pela humanidade. Nossas escolas, devido a esse esquecimento carecem e necessitam vivenciar esses valores, pois estamos cansados de escutar nos noticiários absurdos ocorridos por falta de amor, de diálogo, de paciência, de compreensão, de respeito. Saber ouvir e aprender a escutar é uma grande necessidade não só no NAPE, por parte de professores e alunos, mas de toda uma sociedade que não tem mais tempo para ouvir ninguém. Percebemos nos relatos de algumas crianças algumas frustrações, mas principalmente, percebemos que nossas crianças repetem e fazem aquilo que observam em casa, nas escolas. E infelizmente, inúmeras vezes, os próprios professores contribuem com isso, de maneira negativa. “Minha mãe fala que meu pai também era como eu na escola”; “Eu não consigo aprender porque tomo muitos remédios”; “O aluno X, apresenta inúmeras dificuldades para aprender, mas isso é normal, pois todos os seus irmãos foram assim...” Segundo Cury (2003. p. 148), “um professor influencia mais a personalidade dos alunos pelo que é do que pelo que sabe”. “Somente com o coração nós podemos ver com clareza. O essencial é invisível para os olhos” Filme: O Pequeno Príncipe d) Teatro com Fantoches 38 O teatro assim como a leitura nos permite desenvolver inúmeras habilidades e expressar sentimentos aos quais estão no mais íntimo do nosso ser. Percebemos através das atividades desenvolvidas pelas crianças, falas, sentimentos, que no dia a dia não são percebidos por nós professores na sala de aula durante as atividades desenvolvidas. “A florzinha era muito triste porque ninguém gostava dela, porque ela era feia”; “O pequeno príncipe vivia viajando porque seu pai era muito bravo...”. Quando a criança interpreta um personagem, de maneira involuntária, inconsciente, acaba passando para ele um pouco de si mesma e, ao fazer isso, revela um pouco de seu próprio ser, que é omitido por diversos fatores na sala de aula, seja por introversão, desinteresse, vergonha de alguém, agressividade, preconceitos, etc. E este é um momento ideal para que possamos através de nossa experiência e sensibilidade, ajudar estas crianças a acreditarem em si mesmas, nas suas potencialidades. Sabemos que as crianças que freqüentam o NAPE, estão lá encaminhadas pela professora titular, por apresentarem dificuldades na aprendizagem, porém, por trás destas dificuldades, está um amontoado de problemas, traumas, enfim, toda uma história de vida. E por mais que seja exigido pelas professoras titulares um resultado imediato, exigindo que sejam trabalhadas somente as disciplinas de língua portuguesa e matemática; o professor não pode ficar alheio a estas situações vivenciadas na sala de aula. Porque muito mais que aprender e compreender os conceitos destas disciplinas, estas crianças precisam aprender a se conhecerem, a saberem quem são, como solucionar seus próprios problemas e, principalmente, a superar os traumas adquiridos dentro e fora da sala de aula. “Eu queria ser diferente...”; “Moro com a minha avó, e minha mãe já morreu...”; “Eu não queria ter estes ataques e viver desmaiando”. 39 4.4 ANALISANDO OS DADOS Atualmente o NAPE. Atende sessenta crianças, sendo este grupo dividido por séries e por escolas. E incluir as mídias nesse processo escolhendo apenas um pequeno grupo, foi um pouco difícil, pois quando instalamos algumas máquinas na sala de atendimento do NAPE, todas as crianças que passavam por ali, nos dias da semana, por ser uma novidade, gostariam de participar do projeto. Ao iniciar as atividades propostas, percebeu-se que a professora não exagerava quando falava a respeito das dificuldades das crianças. Todas, de uma maneira individual, apresentavam uma série de problemas. A princípio um grupo com seis crianças não representa uma grande quantidade para trabalhar, porém, analisando todas as dificuldades apontadas, neste grupo, o trabalho a ser realizado haveria muita necessidade de individualização no momento de ensinar, apesar de estarem no grupo. “Este grupo é o mais difícil que tenho para trabalhar, pois todos apresentam muitos problemas, traumas, etc. São apenas seis crianças, mas pela conversa e indisciplina, parecem bem mais”. Mais do que aprender conteúdos do currículo, essas crianças precisavam acreditar em si mesmas. Acreditar que poderiam acompanhar grupo, acreditar que são importantes no grupo escolar, que possuem qualidades, habilidades. Acreditar que as maiores dificuldades que apresentam não são as dos conteúdos curriculares, mas consigo mesmas. De acordo com Moran (2007)1: Todos podemos aprender a nos construir como pessoas mais livres, abertas, humanas, alegres. Todos podemos ser pessoas mais interessantes, realizadas e produtivas. A educação precisa focar mais, junto com a competência intelectual, a construção de pessoas cada vez mais livres, evoluídas, independentes e responsáveis socialmente. Uma educação interessante, aberta e estimulante, que descortine novos horizontes profissionais, afetivos, sociais e favoreça escolhas mais significativas em todos os campos. Uma educação que ajude as pessoas a acreditarem em si, a buscar novos caminhos pessoais e profissionais, a lutar por uma sociedade mais justa, por menos exploração, a dar confiança a crianças e jovens para que se tornem adultos realizados, afetivos, inspiradores. Infelizmente em nossas escolas os professores estão tão ocupados tentando dar conta dos conteúdos curriculares, que não tem tempo para trabalhar o grupo como um todo. A socialização, a 1 MORAN. José Manoel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.(2007) Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/livres.htm 40 importância do trabalho coletivo, a aceitação de cada um nas suas especificidades, os valores, a humanização. Para Cury (2003 p.137) “humanizar o conhecimento é fundamental para revolucionarmos a educação”. O trabalho com o filme o Pequeno Príncipe pode nos dar suporte para iniciarmos esta atividade a respeito das qualidades, humanização e valores humanos. Todos participaram a princípio um pouco inseguros, mas o filme nos contagia nos emociona e nos faz questionar nossa forma de ver o mundo e as pessoas. “Precisamos cativar mais as pessoas que vivem com a gente”; “Ele só queria um amigo”; “Temos tantas flores aqui e nenhuma e especial, nem damos valor, pisamos em cima”; “O príncipe vivia sozinho, é muito triste não ter mãe nem pai”; “Deveríamos cuidar do nosso planeta como o príncipe”. Nossas escolas precisam deixar de ser tão técnicas e acreditar mais em uma educação que tenha como meta principal não repassar conteúdos, mas desenvolver valores, educar para viver em sociedade, não de forma competitiva, mas humana. “A educação moderna está em crise, porque não é humanizada, separa o pensador do conhecimento, o professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto.” (CURY. 2003 p.139). E, diante desta constatação, de nada adianta evoluirmos em todos os aspectos materiais, com as melhores tecnologias e termos em nossas escolas equipes multidisciplinares, se não estamos trabalhando para diminuir a desigualdade, a exclusão, os preconceitos sociais. Estes desafios são apontados diariamente no olhar de tristeza e nas atitudes das crianças em nossas salas de aula, que não suportam mais ficar, horas seguidas enfileirados ouvindo, memorizando conteúdos fragmentados, descontextualizados, cujos objetivos levam a formação de seres passivos, alienados, acríticos. Sendo assim, BARBERO (1996)2, nos relata que: A simples introdução dos meios e das tecnologias na escola pode ser a forma mais enganosa de ocultar seus problemas de fundo sob a égide da modernização tecnológica. O desafio é como inserir na escola um ecossistema comunicativo que contemple ao mesmo tempo: experiências culturais heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da comunicação, além de configurar o espaço educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu encanto. Acreditando nessas possibilidades de mudança, podemos juntamente com todos os recursos que temos disponíveis nas escolas, possibilitar uma educação de qualidade, pois se 2 BARBERO. Jesús Martín. Heredando el Futuro.Pensar la Educación desde la Comunicación, in Nómadas, Boggotá, septiembre de 1996, n. 5, p. 10-22. 41 acreditamos e realizamos verdadeiramente uma educação significativa e de qualidade, não podemos mais conceber salas como a do NAPE, com um número exagerado de alunos e outro maior na lista de espera. 4.4.1 ANALISANDO OS DADOS DOS ALUNOS QUE NÃO PARTICIPARAM DO PROJETO Ao analisar a coleta de dados oriundos dos alunos, que não participaram do projeto, um total de cinquenta e quatro crianças, podemos perceber claramente seus anseios e desejos de participarem do mesmo, devido a necessidade de espaços que possibilitem a eles aprender de maneira mais alegre, mais descontraída, brincando, interagindo com diversas fontes, produzindo conhecimento. Deste grupo, ao verificar algumas as respostas obtidas diante dos dados coletados, a respeito da importância das mídias para auxiliar no processo de aprendizagem, no NAPE, de maneira unânime responderam que haveria uma melhora e um maior interesse diante destes recursos. Destacaremos a seguir algumas falas: “Eu acredito que aprenderia bem melhor, com esses recursos”; “Seria bem mais divertido”; “Seria diferente e divertido e nós ficaríamos mais interessados”; “Faria toda a diferença”; “Eu acredito que seria mais fácil de eu aprender”; “Porque agente além da gente aprender a gente se diverte”; “No mesmo tempo a gente aprende e brinca”. Percebemos diante destes relatos, que apesar destas crianças não utilizarem estes recursos na sala de aula, carecem, necessitam, de atividades diferenciadas no NAPE, pois os recursos tradicionais, já foram utilizados na sala de aula e não surtiram os resultados esperados. Portanto, percebemos que mais que uma opção, é uma necessidade, integrar meios inovadores, no atendimento das crianças do NAPE, pois a exemplo não somente destas crianças, muitas delas estão indo para as escolas obrigadas, sem estímulo, sem vontade, sem interesse algum. E, isso, gera muitas conseqüências negativas, para todos. Percebemos isso de forma bem clara quando sem receio algum relatam:“Que abuso ir à aula”; “Não vejo a hora de chegar o sábado”. 4.4.2 ANALISANDO OS DADOS DOS PROFESSORES Ao analisar os dados obtidos dos professores titulares a respeito do questionamento referente à importância das mídias no desenvolvimento da aprendizagem, podemos perceber que todos acreditam que realmente elas podem fazer a diferença na sala de aula e são fortes 42 auxiliadores, porém, ao questionar seu uso em sala de aula, a resposta negativa também é unânime: “Como vou ensinar se nem eu sei direito trabalhar com o computador”, ou ainda, “as crianças já estão utilizando essas tecnologias uma vez por semana na sala de informática,”. A secretaria municipal de educação oferece a todas as crianças uma aula de informática, com tempo de quarenta e cinco minutos; porém, os professores não acompanham o trabalho que é realizado nas mesmas. Havendo lá um professor responsável. Alguns também apontaram a grande dificuldade para trabalhar com o computador e suas possibilidades por não saberem utilizar/manusear esta máquina. Diante disso, Moran (2007)3, nos aponta que: Precisamos, em conseqüência, estabelecer pontes efetivas entre educadores e meios de comunicação. Educar os educadores para que, junto com os seus alunos, compreendam melhor o fascinante processo de troca, de informação-ocultamentosedução, os códigos polivalentes e suas mensagens. Educar para compreender melhor seu significado dentro da nossa sociedade, para ajudar na sua democratização, onde cada pessoa possa exercer integralmente a sua cidadania. Diante das outras fontes, os mesmos apontam a grande dificuldade para trabalhar com um número muito grande de alunos, com poucos recursos, poucos conhecimentos.“Como vou ensinar se nem eu mesmo sei trabalhar com os computadores”. Os recursos mais utilizados em sala de aula, apontado pelos professores, são os livros didáticos e os vídeos. Porém nem sempre estes vídeos são bem utilizados de maneira a facilitar a aprendizagem e criar uma relação pedagógica. Nesse sentido, Moran (2000, pag. 36) nos mostra que: o vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, e entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. Mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula. Sendo assim, muitas vezes, percebemos em nossas salas de aula, trabalhos realizados sem planejamento algum, onde o vídeo é utilizado apenas como entretenimento, sem criar nenhuma relação com a sala de aula. Com os projetos realizados. 3 José Manoel Moran. Desafios na Comunicação Pessoal.(2007, p. 162-166) Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm 43 Diante disso, Moran (1995)4, nos aponta cinco maneiras errôneas de utilizar o vídeo na sala de aula: • Vídeo-tapa buraco: colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se • for feito com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa - na cabeça do aluno - a não ter aula. • Vídeo-enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso. • Vídeo-deslumbramento: O professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma empolgar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas. • Vídeo-perfeição: Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos podem ser usados para descobri-los, junto com os alunos, e questioná-los. • Só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes. Infelizmente, estamos deixando de utilizar as múltiplas linguagens que os vídeos nos oferecem, em prol de uma educação de qualidade. De uma educação mais dinâmica, pois “...o vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.” (MORAN, 2000) E a educação que está em volto da emoção, da afetividade será mais significativa, proveitosa é mais absorvida pelos alunos, pois meche com a imaginação, com a sensibilidade e, consequentemente, será guardado de maneira mais efetiva. Quem de nós recorda dos conteúdos que estudamos no ensino fundamental? Porém ao solicitar dos acontecimentos que mais nos marcaram nesta época com certeza vamos relatar vários, pois foram guardados atribuídos de emoção, nem sempre esses acontecimentos foram positivos, mas devido aos vários sentimentos a eles conferidos, não conseguimos esquecer. Sendo assim, quando a escola realizar uma educação movida pela emoção ela será bem mais eficiente e bem menos excludente também. 4 MORAN.José Manoel. Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995. 44 Diante disso, alguns fatores apontados de forma positiva no levantamento de dados, pelos professores, foram que as crianças começaram a acreditar mais em si mesmas, consequentemente, melhoraram na sala de aula como um todo: produção textual, raciocínio lógico, em fim como começaram a acreditar em si e em suas potencialidades; e essa segurança, faz toda a diferença. “Antes estavam desanimados e agora estão com mais vontade de vir ao NAPE e maior entusiasmo nas aulas”. “Melhorou a autoestima, produção de texto, raciocínio”; “Estão com mais vontade de estudar”; “Começaram a acreditar mais em si mesmos”. Um ponto apontado como negativo, foram as aulas semanais no NAPE, os mesmos acreditam que uma vez por semana é muito pouco tempo para que seja realizado um trabalho que possa surtir um resultado de maneira mais rápida e com qualidade. “O NAPE deve ser mais de uma vez por semana”. Diante deste fato, podemos perceber que a maioria dos alunos ao participarem apenas uma vez por semana acabava não exercitando o que aprendiam e, consequentemente, esquecendo alguns conceitos que eram trabalhados; ou acabavam deixando-se desanimar novamente quando surgiam as primeiras dificuldades da sala de aula. Se os mesmos pudessem ter um acompanhamento mais periódico de duas a três vezes na semana, com certeza, o trabalho no NAPE, seria bem mais eficaz e surtiria um resultado mais efetivo e mais rápido também. “Não é possível fazer um trabalho pleno só em um dia, precisamos mais tempo e mais recursos”. Percebemos também que durante o trabalho realizado, com as crianças, foi um pouco difícil manter contato com os professores titulares, esse diálogo é de suma importância, pois através dele, é possível acompanhar o desenvolvimento destas crianças durante sua trajetória no NAPE. Perceber como estão caminhando na sala de aula, se ouve melhora, ou piora da criança como um todo. O ideal seria que a família pudesse estar em contato também, participando de todo esse processo, porém sabemos que isso é bem mais complicado. 4.4.3 ANALISANDO OS DADOS DOS ALUNOS QUE PARTICIPARAM DO PROJETO Ao iniciar o trabalho com as seis crianças que foram selecionadas, podemos perceber todas as suas dificuldades, seus anseios, seus sonhos, frustrações, pois, todas as crianças que freqüentam o NAPE, mesmo que de maneira inconsciente, são “tachadas”, “rotuladas” de inferiores, problemáticas. Mais do que ensinar os conteúdos solicitados pelas professoras titulares, precisávamos resgatar a auto-estima destas crianças, fazê-las acreditar em si mesmas, nas suas potencialidades. E 45 isso não é tarefa fácil, pois muitos traumas já vêm enraizados de casa, pela própria família que já rotula a criança como incapaz, como “coitadinha”, fazendo com que ela se conforme com suas dificuldades: “O seu pai era assim, nunca aprendeu na escola, ela é igual”. Tudo isso, contribui ainda mais para o fracasso e, posteriormente, para a evasão destas crianças da escola. Diante de todos estes fatos, trabalhar valores, atitudes, auto-estima, era primordial; e fazer com estas crianças acreditassem que por meio de vários auxílios, que elas poderiam conseguir alcançar suas expectativas, onde seu modo e seu tempo de aprender seriam respeitados, onde estariam à vontade para perguntarem quantas vezes sentissem necessidade sem que ninguém fizesse piada de suas dúvidas, de suas incertezas. Os Parâmetros Curriculares nacionais (1997, p. 97) nos apontam que: A atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levem em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos que o aluno dispõe, mas também seus interesses e motivações. Esse conjunto constitui a capacidade geral do aluno para aprendizagem em um determinado momento. Desta forma, a atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais, culturais e a historia educativa de cada aluno, como também características pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico, ou de superdotação intelectual. Deve-se dar especial atenção ao aluno que demonstrar necessidade de resgatar a autoestima. Trata-se de garantir condições de aprendizagem a todos os alunos, seja por meios de incrementos de intervenção pedagógica onde medidas extras atendem as necessidades individuais. Sendo assim, o trabalho realizado com estas crianças, jamais poderia ser concebido de forma homogênea, pois cada criança, diante de sua individualidade, apresentam problemas peculiares, havendo necessidade de diferentes intervenções; apesar de estarmos trabalhando em grupo. E os softwares educacionais nos possibilitam estas trocas, pois ao mesmo tempo em que a criança trabalha com o computador e com um colega, ela necessita de intervenções individuais para que consiga realizar determinadas tarefas, e isso, nos possibilita exatamente mediar estes momentos para que a criança consiga superar suas dificuldades e criar novos conhecimentos. Possibilita-nos também, desenvolver a aprendizagem através dos jogos, das brincadeiras, da leitura das imagens e dos sons que são disponibilizados. Tudo isso se torna muito atrativo e interessante para criança. Confirmamos isso, nos diálogos observados durante a aplicação das atividades: “Assim é muito legal aprender as tabuadas”; “Vou me esforçar bem mais nas tabuadas para ser o campeão na outra aula”; ou ainda, “não me passe para trás, que agora sou eu que vou calcular”; e “ Por que as aulas passam tão depressa aqui, e na escola não tem mais fim”? 46 São vários os comentários que ouvimos e em todos eles, estava um pedido para que a sala de aula fosse mais dinâmica, mais divertida, mais animada, com recursos diferenciados que pudesse possibilitar mais alegria no momento de ensinar. Em muitas escolas, sabemos que os recursos são bem poucos e resumem-se na maioria das vezes a um quadro negro e giz. Porém, o professor deve utilizar um pouco de criatividade no momento de ensinar, aproveitando o que ele tem ou criando junto com os alunos seus materiais. Um exemplo bem prático e interessante que utilizamos foram as cartas de baralho para somar, calcular e multiplicar. Em que necessitamos apenas de alguns sinais para que as operações pudessem acontecer. Ou seja: as cartas valem de um (ás) até treze o rei; sendo que precisamos contar cada uma valendo seus respectivos números. Depois é só criar as sentenças. No início do jogo todos irão receber dez cartas, quando é iniciada a primeira sentença, todos do grupo deverão respondê-la, utilizando as cartas que tem na mão. Caso isso não seja possível, deverá comprar as cartas até conseguir o resultado da sentença apresentada. Esta atividade é bem simples e fácil de ser aplicada. Basta o professor ter um pouco de interesse e criatividade. Sem dúvida alguma, ela fará bastante diferença na sala de aula e proporcionará momentos mais atrativos e desafiadores para toda turma. Diante das várias atividades desenvolvidas, destaquei algumas falas e depoimentos mais marcantes: “A aula fica mais show”; “muito melhor estudar com ajuda do computador”; “a gente se interessa muito mais”; “não vejo a hora de ser dia de vir para o NAPE”; “teria que ser mais vezes na semana”; “prof. eu quero você na aula, no ano que vem”. Diante de todas essas falas, sentimo-nos emocionados e, também, realizados por ter auxiliado, pelo menos um pouco estas crianças. Sabemos que pelo pouco tempo, como as crianças mesmas relataram, não foi possível atingir todos os objetivos esperados. Acredito que conseguiríamos auxiliá-las ainda mais, se tivéssemos mais tempo e possibilidades para que o projeto tivesse continuidade, com os professores que continuam atuando no NAPE. 47 Sabemos que alguns recursos a mais seriam necessários, porém, os resultados que seriam obtidos, valeriam a pena e seriam muito positivos para professores e alunos. Sabemos que alguns professores pensam que os jogos, os softwares, as músicas, histórias, teatros são perda de tempo e que o que vale é a forma tradicional de repassar conteúdos, porém, percebemos que essa forma de conceber e fazer educação, já não responde mais as exigências atuais. Precisamos rever todo esse processo e acreditar que as tecnologias que estão a nossa volta, quando bem utilizadas, podem fazer a diferença em sala de aula e na vida de muitas crianças. 48 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão das mídias no processo de ensino aprendizagem vem sendo cada vez mais uma necessidade; porém, junto com ela, vem um olhar de rejeição e medo por parte de alguns educadores, cujo olhar sustenta discursos educacionais ultrapassados e similares a idade média, promovendo uma educação através da repetição e memorização. Sendo assim, devemos repensar a prática pedagógica, desmistificando antigos paradigmas de que todas as crianças aprendem de maneira homogênea e em determinados períodos. Quando superarmos esta forma fragmentada de educação que temos, rompendo modelos tradicionais muito presentes em nossas escolas, conseguiremos estar abertos a mudanças. Conseguiremos perceber que a forma de ver e fazer a educação, atualmente, passa por uma grande crise, onde teoria e prática caminham entre um grande abismo, onde quem faz as leis relacionadas à educação, encontram-se muitos distantes das salas de aula e mais distantes ainda da realidade das crianças que são os principais sujeitos envolvidos nesse processo. De uma maneira geral, a escola já não responde as necessidades da sociedade atual, com todas as suas exigências e transformações. Faz-se necessário, então, uma mudança imediata. Não somente nas estruturas físicas, mas humanas e, também, pedagógicas cujo olhar esteja voltado à formação de educandos críticos, com um pensar questionador, humanizado, onde possam interagir com o grupo, com objetos, redescobrindo valores, formando seus próprios conceitos e sendo também responsável pela busca do conhecimento. Somente neste contexto é que compreenderemos a importância e a necessidade das mídias no processo educacional; meios estes, que quando bem utilizados, podem fazer a diferença dentro e fora da sala de aula, desenvolvendo o conhecimento de maneira mais crítica, mais prazerosa e mais condizente com a realidade vivida. Creio de que nada adianta estarmos envoltos das melhores e mais atuais tecnologias se não sabemos o que queremos, quem são nossos alunos, suas necessidades e, principalmente, não sabemos onde queremos chegar e o que nossos alunos realmente precisam e necessitam aprender. A utilização das mídias no NAPE foram fortes auxiliadores, não somente para desenvolver a aprendizagem dessas crianças, como também para que as mesmas pudessem desenvolver sua auto-estima; acreditar em si e em suas capacidades; e, como conseqüência, é claro, obteve-se o desenvolvimento dessas crianças como um todo. Assim, como é fundamental escolher e utilizar os recursos mais adequados no momento de ensinar, o olhar do professor é essencial diante das necessidades de cada grupo, de cada educando, 49 pois é exatamente este olhar que irá fazer a diferença para cada criança na sala de aula e, logo, irá determinar sua vida escolar de maneira positiva ou negativa. O trabalho no NAPE pode nos comprovar que é possível em parceria com as mídias, realizar aulas diversificadas, atraentes, onde ao entrarem na sala de aula as crianças não precisem deixar do lado de fora seus sentimentos, seus problemas, o que fez no dia anterior ou assumir uma postura que não é sua para que possa aprender. É possível sim fazermos a diferença e tornar a sala de aula um pouco mais alegre, mais estimulante, mais desafiadora para alunos e professores, onde ambos se sintam felizes por estarem lá e desafiados a crescerem um pouco mais todos os dias; crescendo como aluno, como professor e como sujeito, estando preparado para participar e enfrentar uma sociedade em constante transição e totalmente excludente. 50 6 REFERÊNCIAS ALVES, Alda Judith. O Planejamento de Pesquisas Qualitativas em Educação. São Paulo: 1991, Cad. Pesq. ANTUNES, Celso. Educação Infantil: imprescindível. Petrópolis: Vozes, 2004. BARBERO. Jesús Martín. Heredando el Futuro.Pensar la Educación desde la Comunicación, in Nómadas, Boggotá, septiembre de 1996, n. 5. Disponivel em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm. Acesso: 07/06/2010. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto. 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Vozes, Petrópolis 1995. 53 APÊNDICE 1 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO PROJETO DE PESQUISA: MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Avaliando o Projeto Questionário para os professores Titulares 1- Você acredita que as Mídias: a tv, o vídeo, computador, materiais impressos e softwares educacionais, podem melhorar a qualidade do ensino na sala de aula? 2- Estes recursos fazem a diferença e auxiliam no desenvolvimento da aprendizagem? 3- Como você avalia seus alunos antes e depois do projeto aplicado com o auxilio das Mídias? 4- Ao observar os alunos que participaram do projeto, ouve diferença nas aulas, no desempenho e desenvolvimento de cada um durante este percurso? Quais? 5- Faça uma listagem dos pontos positivos e negativos que você observou durante a aplicação deste projeto. APÊNDICE 2 54 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO PROJETO DE PESQUISA: MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Avaliando o Projeto Questionário para os professores do NAPE 1- Você acredita que as Mídias: a tv, o vídeo, computador, materiais impressos e softwares educacionais, podem melhorar a qualidade do ensino na sala de aula? 2- Estes recursos fazem a diferença e auxiliam no desenvolvimento da aprendizagem? 3- Como você avalia seus alunos antes e depois do projeto aplicado com o auxilio das Mídias? 4- Ao observar os alunos que participaram do projeto, ouve diferença nas aulas, no desempenho e desenvolvimento de cada um durante este percurso? Quais? 5- Faça uma listagem dos pontos positivos e negativos que você observou durante a aplicação deste projeto. APÊNDICE 3 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE 55 PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO PROJETO DE PESQUISA: MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Avaliando o Projeto Questionário para os alunos que não participaram do Projeto 1- Você gostaria de estudar com ajuda da tv, do vídeo, computador e softwares educacionais? Por quê? 2 - Você acredita que aprenderia melhor com ajuda destes recursos ou não faria diferença? 3 - Por que você acha que estes recursos poderiam ajudá-lo a estudar na sala de aula? APÊNDICE 4 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE 56 PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO PROJETO DE PESQUISA: MÍDIAS: UM MEIO FACILITADOR NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Avaliando o Projeto Questionário para os alunos que participaram do Projeto 1- Você acredita que as Mídias: a tv, o vídeo, computador e softwares educacionais, tornam as aulas melhores? 2- Qual a diferença entre estudar com ajuda destes recursos e sem eles? 3- Como você avalia as aulas antes e depois do projeto aplicado com o auxílio das Mídias? 4- Gostaria de continuar estudando desta maneira? Por quê? 5- Faça uma listagem dos pontos positivos e negativos que você observou durante a aplicação deste projeto.