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GT 7
Produção e Comunicação da Informação
em CT&I
O GT 7 aborda Medição, mapeamento, diagnóstico e avaliação da informação nos processos de produção, armazenamento, comunicação e uso, em ciência, tecnologia e inovação.
Inclui análises e desenvolvimento de métodos
e técnicas tais como bibliometria, cientometria, informetria, webometria, análise de rede
e outros, assim como indicadores em CT&I.
SUMÁRIO
INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA: A PRODUTIVIDADE CIENTÍFICA DOS
INVENTORES DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Tatiana Hyodo, Asa Fujino.............................................................................................................2085
VISIBILIDADE DOS PESQUISADORES NO GT7 DA ANCIB: UM ESTUDO DE
COCITAÇÕES
Ely Francina Tannuri Oliveira, Maria Cláudia Cabrini Grácio ...................................................2104
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA UFRGS REPRESENTADA NA WEB OF SCIENCE (2000-2009)
Sônia Domingues Santos Brambilla, Ida Regina C. Stumpf ..........................................................2120
A DOCUMENTALIDADE DAS CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Marcia Regina Silva, Solange Puntel Mostafa ..............................................................................2138
RESPONSABILIDADE SOCIAL: PRODUÇÃO
NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Joana Coeli Ribeiro Garcia, Maria das Graças Targino, Iran Cavalcanti da Silva......................2150
PROFESSORES/ PESQUISADORES DA PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA NO BRASIL:
ANÁLISES MÉTRICAS DE PRODUTIVIDADE
Cristiana Maria Vasconcellos Goulart Amarante .........................................................................2165
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA CIENTÍFICA PERIÓDICA DE ECONOMIA E
EDUCAÇÃO NO BRASIL: DUAS ÁREAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Tatiane Ferreira, Suzana Pinheiro Machado Mueller ...................................................................2179
CARACTERÍSTICAS E TENDÊNCIAS NA PRODUTIVIDADE CIENTÍFICA: A PUBLICAÇÃO
DE ARTIGOS CIETÍFICOS NA ÁREA DE HISTÓRIA (1985-2009).
Renata Regina Gouvêa Barbatho ..................................................................................................2193
INDICADORES REDE DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR SOB O PROGRAMA
BRASILEIRO DE NANOTECNOLOGIA
Saulo Campos Oliveira, Leandro Innocentini Lopes de Faria ......................................................2209
PUBLICAÇÕES EM ACESSO LIVRE: TENDÊNCIAS ENTRE PESQUISADORES DE
UNIVERSIDADES PÚBLICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tania Chalhub, Lena Vania Pinheiro Ribeiro.................................................................................2225
ÍNDICE DE CITAÇÃO DOS PERIÓDICOS BRASILEIROS:
UMA ANÁLISE DOS TÍTULOS INDEXADOS NO SCOPUS
Rosângela Schwarz Rodrigues, Patrícia da Silva Neubert.............................................................2242
PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL PUBLICADA
NA BIBLIOTECA ELETRÔNICA SCIELO BRASIL ENTRE 2005 E 2010
Márcia Marques, Marcelo Souza de Jesus ....................................................................................2259
GT72082
ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS PARA A GERAÇÃO DE INDICADORES CIENTÍFICOS:
USO DA PLATAFORMA LATTES
Fábio Mascarenhas Silva, Raimundo Nonato Santos, Guilherme Alves Santana, Natanael Vitor
Sobral, Márcio Henrique Wanderley Ferreira................................................................................2274
RELAÇÕES TEMÁTICAS E DE AUTORIAS EM ESTUDOS MÉTRICOS DA INFORMAÇÃO
REPRESENTADOS NA BRAPCI
Rene Faustino Gabriel Junior, Juliana Lazzarotto Freitas, Leilah Santiago Bufrem ...................2290
OBSERVAÇÃO COMO TÉCNICA DE PESQUISA: ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA
EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Leilah Santiago Bufrem, Juliana Lazzarotto Freitas, Sônia Maria Breda.....................................2306
A ORIENTAÇÃO ACADÊMICA NOS ARTIGOS EM AUTORIA MÚLTIPLA DE PERIÓDICOS
CIENTÍFICOS DAS ÁREAS DE INFORMAÇÃO
Jayme Leiro Vilan Filho, Gabriela Bentes de Mello, Suzana Pinheiro Machado Mueller ...........2326
CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADORES EM TRATAMENTO TEMÁTICO DA
INFORMAÇÃO: UM ESTUDO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA POR MEIO DA ANÁLISE DE
DOMÍNIO
Luciana Garcia da Silva Santarem ................................................................................................2341
MAPEAMENTO DO USO DE ÍNDICES DE CITAÇÃO E INDICADORES BIBLIOMÉTRICOS
NA AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA
Rogério Mugnaini, Denise Peres Sales ..........................................................................................2361
ACCESO A LA INFORMACIÓN VS. DERECHOS DE AUTOR: DILEMAS ÉTICOS DE LOS
PROFESIONALES DE LA INFORMACIÓN
Juan Carlos Fernandez Molina, Mário Barité e José Augusto Guimarães...................................2373
REDE COLABORATIVA DOS PESQUISADORES DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM FONOAUDIOLOGIA NO BRASIL
Jane Coelho Danuello, Jesús Pascual Mena-Chalco, Ely Francina Tannuri Oliveira .................2385
O PERIÓDICO CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO EM FOCO: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
NO PERÍODO 2006 A 2009.
Bruno Henrique Alves, Ely Francina Tannuri Oliveira .................................................................2391
REVISTAS CIENTÍFICAS DA UFRGS: CONSIDERAÇÕES ACERCA DA AVALIAÇÃO DO
QUALIS CAPES
Ana Gabriela Clipes Ferreira, Sonia Elisa Caregnato .................................................................2398
DOMÍNIOS CIENTÍFICOS NA UFRJ: ANÁLISE E VISUALIZAÇÃO DAS INTERAÇÕES E
COMPETENCIAS (2000-2008)
Roberto Mario Lovón Canchumani, Jacqueline Leta, Antonio MacDowell de Figueiredo ..........2404
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COLABORAÇÃO NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE: ANÁLISE DE
CINCO DÉCADAS DE COAUTORIAS
Maria Fatima Maia, Sônia Elisa Caregnato .................................................................................2411
PRODUÇÃO CIENTÍFICA ANTÁRTICA: ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DOS REPOSITÓRIOS
INSTITUCIONAIS
Fabiano Couto Corrêa, Marcelo Vinicius de La Rocha Domingues, Marilene Zimmer, João Carlos
Centurion Rodrigues Cabral .........................................................................................................2417
CONSIDERAÇÕES SOBRE PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E COLABORAÇÃO NA
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2007 A 2009
Pedro Ivo Silveira Andretta, Eduardo Graziosi Silva, João Paulo Borges da Silveira,
Renan Carvalho Ramos .................................................................................................................2422
A INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA OFICIAL PRODUZIDA PELO IBGE E A SUA DIFUSÃO
GEOGRÁFICA
Sonia Regina Zanotto, Samile Andréa de Souza Vanz, Ida Regina Chittó Stumpf ........................2429
A PRODUÇÃO DE LIVROS DIGITAIS POR EDITORAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS:
MAPEANDO A INOVAÇÃO EDITORIAL PARA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM CT&I
Stella Moreira Dourado, Nanci Oddone ........................................................................................2437
GT72084
COMUNICAÇÃO ORAL
INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA: A
PRODUTIVIDADE CIENTÍFICA DOS INVENTORES DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Tatiana Hyodo, Asa Fujino
RESUMO: A pesquisa teve como objetivos identificar e testar indicadores para avaliar impactos da
pesquisa tecnológica na produção científica dos inventores da Universidade de São Paulo (USP).
Partiu do pressuposto que a análise das inovações patenteadas, no âmbito da cooperação universidadeempresa (U-E), forneceria indícios sobre a emergência de um novo modelo de inovação e tornaria
possível identificar novos critérios de avaliação dos impactos da produção científica na produção
tecnológica e vice-versa. Do ponto de vista metodológico, caracteriza-se como pesquisa exploratória,
de abordagem qualitativa, baseada na análise de indicadores bibliométricos e análise de conteúdo de
relatórios descritivos de patentes. Foram coletados dados sobre a tecnologia reivindicada e sobre os
autores/inventores. As fontes de pesquisa utilizadas foram: os arquivos da Agência USP de Inovação,
o banco de patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e o banco de dados de
currículos da Plataforma Lattes, mantida pelo Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq. Identificou-se
36 pedidos de depósito de patente USP em co-titularidade com empresa, sendo a amostra constituída
por 23 pedidos fora do período de sigilo, com a participação de 75 inventores e 24 empresas, além de
01 agência de fomento e 01 universidade que não a própria USP. A pesquisa confirmou a existência de
um novo modelo de inovação, baseado em estratégias não lineares de pesquisa tecnológica adotadas
pela universidade e o potencial de uso dos indicadores bibliométricos, complementados por análises de
conteúdo, para estabelecer relações entre a produção científica e a produção tecnológica. Resultados
revelam que a atividade inventiva tem impactos positivos sobre a produção científica, propiciando
aumento significativo em produções qualificadas, a exemplo de artigos em periódicos científicos, e
impactos quantitativamente positivos no desenvolvimento das atividades acadêmicas dos docentes
envolvidos, bem como na ampliação das atividades de formação de novos pesquisadores.
PALAVRAS-CHAVE: Produção científica. Produção tecnológica. Patentes. Inventores acadêmicos.
Cooperação universidade-empresa.
ABSTRACT: The research aimed to identify and test indicators for evaluating impacts of technological
research in the scientific production of the inventors at the University of São Paulo (USP). Assumed
that the analysis of the patented innovations within the university-industry cooperation can provide
clues about the emergence of a new model of innovation and make it possible to identify new
criteria for evaluating the impact of scientific production technology and inverse way too. From
the methodological viewpoint, it is characterized as exploratory and qualitative approach, based on
bibliometrics and content analysis of descriptive reports of patents. We collected data about the claimed
GT72085
technology and the authors / inventors. The research sources were: files from USP Innovation Agency,
the patent database from National Institute of Industrial Property (INPI) and resumes from Lattes
database, maintained by the National Research Council - CNPq. We identified 36 applications for
registration of a patent USP in co-ownership with the company, the sample consists of 23 applications
out of the period of secrecy, with the participation of 75 companies and 24 inventors, as well as a
funding agency and a university not own USP. The survey confirmed the existence of a new model
of innovation based on strategies non-linear adopted by the technological research university and the
potential use of bibliometric indicators, complemented by content analysis to establish relationships
between the scientific and technological production. Results show that the inventive activity has
positive impacts on the scientific production, providing a significant increase in qualified productions,
such as articles in scientific journals, and impacts quantitatively on the development of academic
activities of the teachers involved, as well as the expansion of training activities for new researchers.
KEYWORDS: Scientific production. Technological production. Patents. Academic inventors.
University-industry cooperation.
1. INTRODUÇÃO
As relações entre Ciência e Tecnologia (C&T) têm sido objeto de estudos em várias áreas de
conhecimento, especialmente a Administração, que procura compreender as variáveis que interferem
positiva ou negativamente na consolidação de sistemas nacionais de inovação (SNI). Tais estudos
partem da análise das relações entre os vários atores do processo de inovação e do pressuposto de
que é necessário maior aproximação entre Universidade e Empresa, visando facilitar a apropriação
de resultados da pesquisa desenvolvida nas universidades pela empresa. Tal processo facilitaria a
transformação desses resultados em inovação a ser introduzida no mercado. São estudos que buscam
centrar o foco do problema na gestão da propriedade industrial da universidade e os desafios para seu
licenciamento às empresas (FUJINO; STAL, 2004).
Políticas de C&T foram implementadas com base em indicadores de produção científica,
medida por artigos, e produção tecnológica, medida por patentes, focando sempre a discrepância
existente entre ambos indicadores. Por outro lado, no âmbito da Ciência da Informação, discute-se a
conveniência ou não de adoção de modelos lineares de medição das relações entre produção científica
e produção tecnológica, a partir de indicadores bibliométricos. Embora tais indicadores permitam a
identificação do que está sendo pesquisado e projeções de tendências decorrentes dessas análises,
Fujino (2006) questiona o potencial de uso de tais indicadores para possibilitar relações adequadas
entre eles, principalmente relações de causa-efeito entre tais indicadores. A autora chama a atenção
para a necessidade de utilizar metodologias próprias da Ciência da Informação, a exemplo das análises
de conteúdo e estudos de citações, para melhor contextualizar tais indicadores e traçar panorama real
sobre a participação dos pesquisadores acadêmicos na produção de patentes e vice-versa.
No Brasil, identificam-se pesquisas voltadas mais para a análise da produção científica da
universidade (MOREL, MOREL, 1977; PINTO, 2006). Nos últimos anos destacam-se, porém, os
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estudos que relacionam patentes acadêmicas e produção científica, como a pesquisa pioneira realizada
por Moura (2009), na área de Biotecnologia. Em sua pesquisa, Moura (2009) partiu do entendimento
que artigos e patentes, entendidos como suportes da informação, poderiam ser analisados sob as
mesmas técnicas cientométricas, pelas similaridades documentais, apesar das diferenças significativas
no que tange sua produção. A autora demonstra a efetividade das análises cientométricas de coautoria e co-classificação, mas recomenda o desenvolvimento de outros estudos de cunho qualitativo,
para considerar as motivações nos trabalhos colaborativos no âmbito da Ciência e Tecnologia – C&T.
Desenvolveram-se, também, com vistas à melhor compreensão entre as relações entre
Produção Científica e Produção Tecnológica, estudos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da USP, com o objetivo de testar métodos que permitam avaliar impacto da
produção científica na produção tecnológica em diferentes áreas. O primeiro deles, desenvolvido
por Prado (2009), tratou da aplicabilidade de construção de mapas conceituais, a partir de relatórios
descritivos de patentes, com o objetivo de se identificar conhecimento científico utilizado na geração
de inovações. Partindo do pressuposto de que o uso de mapas conceituais permite estabelecer relações
entre a produção científica e a produção de patentes, o estudo exploratório se mostrou eficiente para
explicitar o assunto e suas facetas, mas não para se identificar o conhecimento básico utilizado
na sua concepção. O segundo estudo, realizado por Maricato (2010), analisou as relações entre a
Produção Científica (artigos) e a Produção Tecnológica (patentes) por meio de técnicas bibliométricas
e cientométricas. A pesquisa demonstrou a possibilidade de se comparar as produções científica e a
tecnológica através dessas técnicas, de maneira que os indicadores bibliométricos e cientométricos
demonstraram grande potencial para o estabelecimento de relações entre a C&T.
Este artigo apresenta os resultados de pesquisa realizada com foco na compreensão da
produtividade científica dos inventores acadêmicos, tendo por objetivo investigar, junto ao contexto
de geração da tecnologia, os eventuais impactos da pesquisa tecnológica na produção científica dos
inventores da Universidade de São Paulo, que atuam no âmbito da cooperação universidade-empresa
(U-E).
Isto porque, a literatura (MOREIRA; VELHO, 2008) tem mostrado a emergência de modelo
de inovação no qual o conhecimento é produzido no contexto das aplicações, de tal modo que se
romperia o modelo tradicional no qual a pesquisa se realiza a partir da curiosidade intelectual dos
pesquisadores e a inovação seria decorrência da aplicação dos resultados da pesquisa científica.
Assim, se, por um lado, estudos tradicionais buscam mostrar o impacto da produção científica na
produção tecnológica (FUJINO, 2006), por outro lado, estudos conduzidos por Breschi, Lissoni,
Montobbio (2008) na Itália, mostram que o impacto também é positivo no caso inverso, isto é, ocorre
a melhoria da produtividade científica dos pesquisadores que são simultaneamente inventores de
produção tecnológica.
Nesse sentido, cabe também destacar os estudos conduzidos por Meyer (2006a; 2006b),
conduzidos com foco na análise da produtividade e índice de citação dos inventores autores com
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seus pares não-inventores. Em suas pesquisas, o autor demonstra a alta produtividade científica
de inventores-autores, no que tange a freqüência da publicação e citação de seus trabalhos, muito
embora não figurem entre os mais citados dentro da própria categoria de autores-inventores. Entre
suas conclusões, aponta que a atividade de patenteamento aparenta não gerar grande impacto na
produtividade dos pesquisadores, mas ressalta que uma análise através de suas redes sociais científicas
poderá fornecer outros elementos para entendimento do fenômeno de co-autoria e co-invenção.
A pesquisa partiu do pressuposto que a análise das inovações patenteadas, no âmbito das
atividades de cooperação U-E, poderia fornecer indícios sobre a emergência deste novo modelo de
inovação e identificar impactos paralelos da produção tecnológica na produção científica abrindo
caminhos para a identificação de novos critérios para avaliação dos impactos da relação produção
científica-produção tecnológica.
Do ponto de vista metodológico, caracteriza-se como pesquisa exploratória, de abordagem
qualitativa, baseada na análise de indicadores bibliométricos e análise de conteúdo de relatórios
descritivos de patentes. Dados sobre a tecnologia reivindicada e dados sobre os autores/inventores
foram coletados nos arquivos da Agência USP de Inovação (http://www.inovacao.usp.br), no banco
de patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI (http://www.inpi.gov.br) e no banco
de dados de currículos da Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br).
A consulta na Agência USP de Inovação, no mês de junho de 2010, revelou que a USP possui,
desde 1982, 36 pedidos de patentes em co-titularidade USP- empresas, sendo que até aquela data 13
(treze) estavam sob sigilo. Assim, como corpus da pesquisa considerou-se 23 pedidos de patentes que
se encontravam fora do período de sigilo e incluía participação de 75 inventores e 24 empresas, além
de 01 agência de fomento e 01 universidade que não a própria USP.
Constituído o corpus da pesquisa, procedeu-se a obtenção das informações sobre os
pedidos de patente junto ao INPI, e o levantamento dos currículos dos inventores na Plataforma
Lattes. Paralelamente, foi feita consulta aos próprios processos internos junto à Agência USP de
Inovação, para coleta de informações complementares sobre o contexto de surgimento da tecnologia
reivindicada. A análise dos dados foi conduzida de modo a possibilitar: identificação cronológica e
análise da produção científica dos inventores tendo como base a data de depósito da solicitação da
patente; estabelecimento de relações temáticas entre a produção científica e a produção tecnológica;
estabelecimento de relações entre atividades acadêmicas de ensino e pesquisa e a produção da patente;
identificação da origem da parceria U-E que levou à produção da patente; identificação das relações
de co-autoria entre membros internos da USP e com membros externos da empresa; identificação e
análise das citações bibliográficas presentes nas patentes analisadas e aquelas referentes à patente,
presentes na produção científica posterior ao depósito da patente.
Foram analisadas todas as referências bibliográficas identificadas na produção científica
constante no Currículos Lattes de cada um dos inventores. Para categorização temporal da produção
científica foi utilizada tabela de temporalidade, conforme Noronha (1998). O cálculo médio anual da
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produção científica do autor / inventor, antes e após depósito da patente, foi calculado tomando por
base a soma total de produções, dividida pelo número de anos cobertos pela produção. O número de
anos foi calculado a partir da mais antiga produção anterior ao depósito da patente até a mais recente
posterior ao depósito, mas dentro do limite de 20 anos anterior e posterior ao depósito.
Para identificar se havia relação temática entre a produção científica e a patente, efetuou-se
a análise dos relatórios descritivos constantes nos pedidos de depósito das patentes reivindicadas.
A análise visou à identificação dos assuntos presentes na reivindicação da nova tecnologia para
determinar quais documentos da produção científica do inventor teriam relação direta com a pesquisa
tecnológica que resultou no pedido de patente. Por último, a identificação do ramo de atividade das
empresas baseou-se na classificação da ANDIMA – Associação Nacional das Instituições do Mercado
Financeiro (ANDIMA, 2010).
2. A RELAÇÃO ENTRE GOVERNO, EMPRESA E UNIVERSIDADE
No Brasil, as características atuais dos três atores do processo de inovação são reflexos de um
processo histórico, onde as políticas de C&T influenciaram, por décadas, as ações desses agentes.
Desde o início dos anos 1990, o termo “inovação” foi incorporado aos discursos políticos e do
empresariado, e passou a assumir papel de destaque nas políticas públicas recentes, como na Política
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE, em 2004. O que antes era apenas C&T Ciência e Tecnologia, agora se apresenta sempre como C,T&I – Ciência, Tecnologia e Inovação. No
entanto, o termo inovação é tratado com um significado diferente do passado, onde o conceito era
vinculado aos segmentos de alta tecnologia ou às pesquisas científicas de longa duração (ARBIX,
2007, p. 28-29).
Nos estudos recentes, desenvolvidos nos países centrais, a inovação é tida como um processo
essencialmente colaborativo e comunicativo, resultante de um fluxo contínuo de informações entre
o setor produtivo, pesquisadores e usuários, e entre as organizações que interagem com o entorno
produtivo e o ambiente social, sendo sua esquematização representada pela “hélice tríplice”
(ETZKOWITZ 2005; ETZKOWITZ; LEYDESDORFF 2000; LEYDESDORFF; ETZKOWITZ
1998). Segundo Etzkowitz e Leydesdorff (2000), o modelo da hélice tríplice tem seu foco na
universidade, atribuindo a ela um papel chave no processo de inovação em sociedades cada vez mais
baseadas no conhecimento.
Assim, a proposta da Hélice Tríplice apresenta-se como um modelo de análise para os diferentes
arranjos institucionais e suas políticas, através da explicação de suas dinâmicas. Nesse contexto, a
competitividade é alcançada através do resultado de um esforço contínuo de aprimoramento das
tecnologias e de desenvolvimento de inovações. No entanto, segundo Viotti (2003), em economias de
industrialização tardia – como é o caso do Brasil – há carência de estudos que se dediquem a análise
dos processos de difusão e absorção de tecnologias-chave para elevação do seu potencial competitivo.
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No entanto, segundo Fujino (2006, p.374), não se pode atribuir à universidade a responsabilidade
única sobre o desenvolvimento da inovação, pois “a empresa é o instrumento necessário para
transformar resultados de pesquisa em produtos e processos que permitam o atendimento das demandas
da sociedade e o retorno do investimento público em pesquisa”. Deste modo, o papel da universidade
está no desenvolvimento de novas pesquisas que possibilitem propostas de soluções aos problemas de
produção, integrando a teoria e a prática à inovação. Conclui-se que, se as pesquisas acadêmicas têm
por objetivo o avanço do conhecimento, e, conseqüentemente, um retorno a sociedade, esse retorno
somente é possível através do esforço conjunto com o setor privado. Isso porque, conforme aponta
diferentes pesquisadores, é na empresa que a inovação acontece (ANDREASSI, 2007; FUJINO;
STAL; PLONSKI, 1999; FUJINO, 2006), uma vez que as universidades não dominam o processo
produtivo, e as empresas são o instrumento necessário para transformar resultados das pesquisas
em produtos ou serviços que venham a beneficiar a sociedade, pois funcionam como “canais de
distribuição do conhecimento” (FUJINO; STAL; PLONSKI, 1999, p. 7).
A questão para a Ciência da Informação é, segundo Fujino (2006), buscar melhor compreensão
das relações entre a produção científica, representada por artigos em periódicos especializados, e a
produção tecnológica, representada por documentos de patentes, para identificar mútuas influências
no fortalecimento do sistema de inovação nacional.
3. A RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E PRODUÇÃO TECNOLÓGICA
Artigos e patentes, apesar de serem tipos de documentos diferentes, resultam de atividades de
pesquisa e muitas vezes são produzidos pelos mesmos agentes: pessoas, grupos ou instituições. No
entanto, Fujino (2006) observa que a avaliação isolada do número de artigos e do número de patentes,
não é suficiente para delinear as relações entre a produção científica e a produção tecnológica ou para
garantir critérios adequados de valorização de uma em detrimento de outra. Existem também diferenças nos processos de colaboração entre as redes científicas e
tecnológicas. Meyer e Bhattacharya (2004), em estudo sobre co-autoria e co-invenção, observaram
que as redes formadas apenas por inventores são mais fracas e de menor conectividade, se comparadas
as redes de pesquisadores que produziram artigos científicos.
Santos (2003), discorrendo
sobre as possibilidades de “medir” a atividade de pesquisa, menciona que, independentemente
das dimensões na qual os pesquisadores se engajem, a materialização de suas atividades ocorre
apenas pela produção de documentos escritos. O autor explica que dentro de cinco dimensões –
na esquematização por ele rotulada como a “rosa dos ventos” da pesquisa – temos a geração de
diferentes impactos da atividade de pesquisa, e que podem resultar na geração de conhecimentos
científicos, originar novas vantagens econômicas (novos produtos ou processos), resultar em ações
de “interesse geral” (investigações epidemiológicas, por exemplo), contribuir nas atividades de
formação pelas competências incorporadas nos indivíduos (no caso de estudantes que irão colocar
GT72090
em prática na indústria), e mobilizar a opinião pública para o apoio à resolução de problemas
maiores (como exemplo, proteção do meio ambiente).
Nesse sentido, e originárias de uma atividade única, as duas tipologias documentais – artigos e
patentes – podem ser diferenciadas pelas funções que cada uma cumpre. Pelas suas funções, percebe-se
que os dois tipos de documentos têm em comum a divulgação de conhecimentos gerados no processo
da pesquisa, para garantir a prioridade de quem publica. Porém, os motivos que levam à divulgação é
algo que difere entre ambas e que interfere nas informações veiculadas nesses documentos.
Quando o pesquisador publica os resultados de suas pesquisas por meio de artigos científicos,
busca a validação desses pelo reconhecimento de seus pares, o que envolve o sucesso de sua carreira e
também a continuidade de seu trabalho de investigação, uma vez que a concessão de recursos públicos
também avalia essa produção, conforme demonstra Población e Oliveira (2006), ao discutir a eficácia
do sistema da ciência em termos de insumos (input) e produtos (output). No caso das patentes, a
validação é feita por órgão competente, que fará o seu registro, atendidos os requisitos definidos por
legislação própria, garantindo a proteção do valor econômico decorrente da exploração comercial do
conhecimento gerado pela atividade inventiva. O interesse na transformação do conhecimento em
produto ou serviço para a sociedade depende de vários fatores, entre eles a detenção dos direitos de
produção e comercialização pela empresa ou indústria. O reconhecimento do valor do invento está
associado ao sucesso da inovação no mercado.
De maneira que, segundo Fujino (2006), os públicos usuários das informações contidas em
ambos documentos (artigos e patentes) têm interesse divergentes, assim como é diferente a motivação
entre o pesquisador / autor de artigo científico e o pesquisador/inventor titular da patente quanto
aos mecanismos de divulgação. Deste modo, as avaliações que concluem como baixo o impacto da
produção científica sobre a produção tecnológica, são análises deficitárias. Para tanto, a autora baseia
sua argumentação em três pontos principais (FUJINO, 2006, p. 380-381):
a) Autoria: na produção científica, há preocupação quanto à vinculação do autor aos resultados
divulgados, firmando a reputação do pesquisador em sua área de atuação, através do
reconhecimento de seus pares. Na produção tecnológica, a autoria de um novo invento é
atribuída a quem registra a patente;
b) Sigilo: o artigo científico é elaborado para divulgar o conhecimento resultante da atividade de
pesquisa. Quanto maior a divulgação, maior reconhecimento terá o autor perante a comunidade
científica. O documento de patente, ao ser elaborado, visa reivindicar autoria sobre inovação
específica e não é de interesse dos depositários que a informação sobre o objeto reivindicado
seja divulgada. A patente, após período de sigilo, veicula as informações necessárias para
possibilitar que outros verifiquem se a reivindicação não atinge direitos proprietários de
terceiros. Entretanto, mesmo sendo obrigatória informação que possibilite a reprodução da
nova tecnologia, sua utilização só é permitida após acordos de licenciamento com os titulares
da patente e por isso há a preocupação de não se revelar totalmente os procedimentos (por
GT72091
questões ligadas à competitividade mercadológica). E, mesmo que a produção tecnológica
utilize evidências científicas, sua explicitação não necessariamente irá constar, por meio de
citações bibliográficas;
c) Linguagem: a linguagem científica difere da utilizada pelos inventores e/ou setor produtivo,
que é a linguagem técnica ou senso comum. Essa diferença influi na capacidade de apropriação
dos conhecimentos científicos por parte da empresa. Também dificulta o estabelecimento de
relações entre essas duas produções, pelas diferenças terminológicas; além disso, cada uma é
indexada nas bases de dados por meio de linguagens documentárias distintas.
Fujino (2006) conclui suas exposições mencionando outras perspectivas de avaliação dos
impactos da produção científica na produção tecnológica, através de procedimentos mais adequados
para essa mensuração, pelo uso de ferramentas bibliométricas, combinadas aos procedimentos de
análise de conteúdo e ferramentas de organização e representação do conhecimento, advindas da
Ciência da Informação, que possibilita verificar quem são os principais pesquisadores de cada área
e, conseqüentemente, identificar a produção anterior desses autores constantes em outros meios de
divulgação científica. Desse modo, haveria a possibilidade de se analisar quais foram as contribuições
dos conhecimentos científicos na geração de uma nova tecnologia (FUJINO, 2006, p. 381-383).
4. RESULTADOS
A partir dos dados dos currículos da Plataforma Lattes, identificou-se o vínculo institucional
do inventor e sua relação com a USP por ocasião da data do depósito do pedido da patente e o tipo de
vínculo institucional atual (Gráfico 1):
Gráfico 1 – Vínculo institucional dos inventores à época do pedido de patente
GT72092
A consulta aos processos revelou que, em todos os casos, quem conduziu a pesquisa que deu
origem à nova tecnologia foi sempre um ou mais docentes da USP, exceto em uma, onde a pesquisa
foi conduzida por docentes da Unicamp.
As análises demonstram que a participação das empresas, na geração de novas tecnologias ou
processos, advém de cinco situações ou contextos:
• Pesquisa contratada: empresa procura a universidade para que essa desenvolva uma
solução para problema do mercado;
• Parceria para desenvolvimento de pesquisa tecnológica: os inventores acadêmicos
procuram na empresa a infra-estrutura necessária para viabilizar o desenvolvimento
de suas pesquisas;
• Orientação acadêmica: a nova tecnologia é fruto de trabalho de pós-graduação
(mestrado ou doutorado), sendo que o aluno traz para a universidade o problema do
mercado;
• Consultoria: inventor acadêmico desenvolve pesquisa na empresa como serviço de
consultoria;
• Outro: inventor acadêmico desenvolve nova tecnologia, mas esta não tem relação
direta com suas atividades de pesquisa – fruto de situação casual.
A pesquisa partiu do pressuposto que a análise de contexto das inovações patenteadas pela USP
poderia fornecer indícios sobre a emergência de modelo de inovação não linear, no qual a inovação
tecnológica contribui para revigorar a pesquisa cientifica e a prática abre possibilidades de reflexão
e revisão da própria teoria e, de fato, as atividades entre U-E analisadas permitem concluir sobre a
existência deste modelo. O quadro síntese abaixo mostra como se deu a participação dos docentes inventores da USP, em patentes em co-titularidade com empresas (Quadro 1):
Número de pedidos de
patentes resultantes
Número de
inventores docentes
participantes
Pesquisa Contratada
7
9
Pesquisa tecnológica
10
17
Orientação
acadêmica
4
4
Consultoria
1
2
Outros
1
1
TOTAL
23
311*
Tipos de pesquisa
Quadro 1 - Total de pedidos de patente e pesquisadores, por tipo de contexto da pesquisa.
GT72093
Na análise dos processos que culminaram com o registro das patentes analisadas foi possível
obter novos elementos para compreensão da produtividade científica dos inventores da USP e confirmar
estudos que apontam que a atividade inventiva também tem impactos positivos sobre a produção
científica, propiciando produções qualificadas para publicação em periódicos e impactos altamente
positivos entre ambas produções. Seguem-se as principais evidências colhidas no decorrer da pesquisa:
I) Em relação ao tipo de cooperação que deu origem à patente
O tipo de pesquisa desenvolvido por inventores/docentes da USP em cooperação com o
setor produtivo (empresas), com maior freqüência, foi àquele relacionado à “pesquisa tecnológica
em parceria”, gerando maior número de pedidos de depósito de patente (10 dos 23 pedidos) e que
mobilizou maior número de recursos humanos para o desenvolvimento da pesquisa (17 do total de
31). Como são os processos iniciados a partir do interesse da própria universidade em estabelecer
parceria com as empresas, mostram a necessidade de cooperação para viabilizar pesquisas e não
apenas para transformar resultados de pesquisa em inovação.
II) Em relação ao perfil dos inventores docentes:
- Unidade de origem: No total, 12 unidades da USP foram representadas através das patentes
em co-titularidade com empresas. A unidade USP que participa no maior número de pedidos de
patentes, na amostra analisada, foi o Instituto de Ciências Biomédicas – ICB (07 pedidos de patente),
seguido pela Escola Politécnica – POLI (06 pedidos), e em terceiro lugar figura a Faculdade de
Ciências farmacêuticas de Ribeirão Preto – FCFRP (04 pedidos), sendo que essa última é a Unidade
de origem da maioria dos docentes que são inventores de dois pedidos de patente. As demais Unidades
representadas são:
- Instituto de Física de São Carlos – IFSC (03 pedidos de patente);
- Escola de Engenharia de São Carlos – EESC, Faculdade de Medicina – FM e Fac. de
Medicina Ribeirão Preto – FMRP (todas com 02 pedidos cada Unidade);
- Instituto de Física – IF, Fac. de Ciências Farmacêuticas – FCF, Fac. Saúde Pública – FSP,
Escola Sup. Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ e Instituto de Química – IQ (todas com 01
pedido de patente cada uma).
Ressalta-se que em todos os casos em que foi possível identificar as informações de vínculo
institucional, a temática da patente está diretamente relacionada com a área do conhecimento dos
departamentos de origem dos inventores.
- Tempo médio de docência na universidade: Com base nas informações disponibilizadas nos
currículos dos docentes, a média é de 18,9 anos de atividades como docentes da Universidade de São
Paulo.
GT72094
- Co-titularidade (características): Dos 31 inventores docentes, 17 figuram em co-titularidade com
outro docente da USP no mesmo pedido de patente. Essa co-titularidade entre docentes da USP, nos
pedidos de patente em parceria com empresas, pode ser verificada: a) entre aqueles originários do
mesmo Departamento e Unidade, relacionando-se com outros docentes de diferentes Unidades; b)
com inventores de Departamentos diferentes de uma mesma Unidade; c) com docentes de um mesmo
Departamento, que se unem com outros docentes de um segundo Departamento da mesma Unidade,
e daí formam grupos com mais outros docentes de outras Unidades pertencentes a um mesmo grupo
de pesquisa.
A co-titularidade entre docentes e alunos ocorre em 11 patentes, sendo que 4 foram resultado
de orientação a pesquisa na pós-graduação. Excetuando-se os 4 alunos, cujos projetos de pósgraduação resultaram em um novo invento, temos a participação de outros 26 alunos nas atividades
inventivas, sendo que 15 eram vinculados a USP na ocasião do depósito do pedido da patente, e 11
eram vinculados a outra universidade (Quadro 2):
ALUNOS
USP
NÃOUSP
Graduação
3
4
Mestrado
3
2
Doutorado
5
5
PósDoutorado
4
0
Total
15
11
Quadro 2 – Vínculo dos inventores discentes na ocasião do depósito da patente
Detalha-se que, dos alunos vinculados à USP: a) um dos alunos de graduação era bolsista de
Iniciação Científica no projeto de pesquisa que resultou na patente; b) dos alunos de mestrado, apenas
um era orientando de um dos docentes /inventores da patente, mas seu projeto de pesquisa não tinha
relação temática com o invento; c) entre os alunos de doutorado, um deles estava sob orientação de
um dos docentes / inventores, e seu projeto de pesquisa tinha relação temática diretamente relacionada
ao escopo das invenções; d) os alunos de pós-doutorado, que figuraram como inventores, todos eram
vinculados ao mesmo Departamento de origem dos docentes / inventores da USP. Sobre os 11 alunos
vinculados a outras universidades, temos: a) dois alunos de graduação vinculados a duas outras
universidades (CETEPES e UNIMAR), mas não foi possível identificar a relação com os docentes /
inventores da USP; b) nove alunos todos vinculados à UNICAMP, e participantes da mesma atividade
de pesquisa que resultou em um mesmo pedido de patente. Nenhum deles desenvolveu atividade em
conjunto diretamente relacionado com o docente / inventor da USP. Os alunos de mestrado e doutorado
GT72095
da UNICAMP eram todos vinculados aos departamentos de origem dos docentes / inventores que não
pertenciam à USP.
Sobre a co-titularidade com outros docentes, não pertencentes ao quadro da USP, temos apenas
dois docentes, vinculados à UNICAMP, e que também participaram da mesma atividade de pesquisa
em que figuram os alunos dessa instituição, e cuja atividade inventiva resultou no mesmo pedido de
patente. Não foi identificada nenhuma outra relação entre os dois docentes da UNICAMP e o docente
da USP, apenas uma comunicação no período compreendido em até dois anos antes do depósito do
pedido de patente, relacionada a temática da tecnologia reivindicada.
A participação de funcionário da USP na co-titularidade ocorre apenas em uma patente, com
apenas um funcionário, que atua em laboratório de pesquisa da unidade de origem dos dois docentes
/ inventores.
Destaca-se ainda a participação de inventores vinculados com as empresas, sendo essas cotitulares nas patentes. Dos 23 pedidos de patentes USP - Empresas, 05 contaram com a participação
de pessoal vinculado ao setor produtivo. No total, foram 08 funcionários de empresas, sendo: a) 02
funcionários em Pesquisa Contratada; b) 05 funcionários em Pesquisa Tecnológica em Parceria; e c)
01 sócia-proprietária em Pesquisa Tecnológica.
Por último, têm-se a distribuição das empresas por ramo de atividade, conforme a classificação
da ANDIMA (Quadro 3):
Ramo de Atividade
Nº Empresas
Alimentos
Comércio (Atacado;
Varejo)
Emp. Adm.
Participações
Energia Elétrica
Extração Mineral
Papel e Celulose
Serviços Médicos
Têxtil e Vestuário
Total
1
Nº
Patentes
1
2
2
6
6
3
1
1
8
2
24
2
1
1
8
2
23
Quadro 3 – Distribuição das empresas co-titulares por ramo de atividade
Através da análise do ramo de atividade das empresas, nota-se que a maioria das empresas
são ligadas ao ramo de “Serviços Médicos”, o que se relaciona diretamente com o fato de a maioria
das patentes em co-titularidade USP - Empresa serem da área/segmento “Saúde e Cuidados Pessoais
(humano e animal)”.
- Produtividade científica: Sobre o total de trabalhos constantes na produção científica dos
inventores docentes da USP, para o período anterior temos a média geral de 6,4 documentos publicados
GT72096
por ano. Para o período posterior, contados a partir do ano de depósito do pedido de patente, a média
elevou-se para 10,32 documentos publicados por ano. Tais dados mostram que os docentes inventores
da USP são altamente produtivos, com inserção significativa em periódicos especializados.
Sobre a produtividade de trabalhos, relacionados à temática com a patente, a média para o
período anterior era de 1,96 trabalhos publicados elevando-se, no período posterior para 3,9 trabalhos
publicados por ano.
De modo geral, pode-se concluir que a cooperação com a empresa e o desenvolvimento
de atividades inovadoras conjuntas teve impactos positivos na produção científica posterior. Há,
inclusive, evidências significativas sobre a melhora qualitativa da produção de docentes inventores
que, passaram a publicar mais artigos em revistas científicas, com redução gradativa no indicador de
comunicações.
A redução quantitativa na produtividade, quando ocorreu, pode ser resumida em três situações:
1) Redução apenas na média temática, com aumento na média da produção total anual;
2) Redução na média total da produção científica, porém ocorre aumento na média de trabalhos
produzidos com relação temática com a temática da patente;
3) Redução em ambas as médias de produção, no entanto, há incremento qualitativo na produção,
pois passaram a publicar maior número de artigos científicos, melhorando significativamente
o índice anual neste tipo de produção. A diminuição é causada, sobretudo, pela diminuição
da produção em comunicações, o que é explicado pelo fato de eventos serem fóruns para
discussão de pesquisas em andamento.
-Meio de divulgação: Em relação ao meio de divulgação mais utilizado, para publicação da produção
científica, temos a seguinte distribuição entre os docentes, para os dois períodos: anterior e posterior
à patente (Quadro 4):
ANTERIOR
Meio de Comunicação
POSTERIOR
Nº. Docentes
%
Meio de Comunicação
Nº. Docentes
%
Comunicações
25
81
Comunicações
17
55
Artigos
4
13
Artigos
11
36
Cap. Livros
2
6
Cap. Livros
2
6
Outros
0
0
Outros
1
3
Quadro 4 – Distribuição da produção científica por meio de divulgação
No período anterior ao depósito da patente, aproximadamente 81% dos docentes da amostragem
analisada publicavam a maior parte de sua produção científica em “comunicações de eventos”. Já para
o período contado a partir da data de depósito da patente, permanece esse meio como o que concentra
a maior parte dos trabalhos dos docentes. No entanto, há um aumento na divulgação dos resultados de
GT72097
suas pesquisas por meio de artigos de periódicos, confirmando a qualificação da produção. A diferença,
em relação à publicação de artigos em periódicos científicos, pode ser visualizada no Gráfico 21*:
Gráfico 2 - Comparação da produtividade anterior/posterior em artigos de periódicos científicos
A média de artigos, publicados no período anterior ao depósito da patente era de 2,08 trabalhos/
ano. No período posterior, a média eleva-se para 4,8 artigos /ano.
- Atividades acadêmicas: Dos 31 docentes / inventores, não foi possível identificar o envolvimento de
dois docentes com as atividades acadêmicas. Nos demais 29, todos registram aumento em atividades
relacionadas à carreira docente, como pode ser visualizado no Quadro 5:
Atividades Acadêmicas
Nº. Docentes
% amostra
Mestrado
13
42
Doutorado
6
19
Proj. Pesquisa
5
16
Disc. Graduação
2
7
Especialização
1
3
Linha Pesquisa
1
3
TCC
1
3
S. Informação
2
7
Quadro 5 - Atividades nas quais os docentes mais participaram após o depósito da patente.
No Quadro 5 destaca-se a atividade em que o docente mais participou, após o período de
depósito da patente. Por exemplo, dos 31 inventores/docentes, a maioria desses (aproximadamente
1 * Legenda: onde “D” significa docente, uma vez que para preservar o sigilo das informações, a pesquisa originalmente adotou
códigos alfanuméricos.
GT72098
42%) apresentaram maior participação em orientações de mestrado, dentre as atividades em cuja
participação constata-se elevação após depósito.
Esse ranqueamento ilustra, por número de docentes, as atividades que tiveram aumento
na dedicação dos docentes após patente. Observa-se que o aumento na dedicação em atividades
acadêmicas concentra-se, simultaneamente, nas orientações de mestrado, doutorado, pós-doutorado e
desenvolvimento de projetos de pesquisa.
III- Perfil dos discentes
Do total de 19 alunos, 14 estão atualmente vinculados a outras instituições, e 05 continuam
como discentes da USP, conforme demonstra o quadro abaixo (Quadro 6):
TIPO DE PESQUISA
VÍNCULO ATUAL
Docente (03)
Tecnológica
Aluno USP (04)
Pesquisador - Universidade (01)
Empresa (01)
Docente (01)
Orientação Acadêmica
Aluno USP (01)
Pesquisador - Universidade (01)
Empresa (04)
Outro
Empresa (01)
Quadro 6 – Vínculo atual dos inventores (ex-alunos USP)
Excetuando-se aqueles que continuam sua carreira discente na USP, percebe-se que parte
significativa (6 dos 14 ex-alunos) está exercendo atividade profissional no setor empresarial. Em
segundo lugar, figuram os antigos discentes, que hoje seguem carreira profissional enquanto docentes
de outras universidades, e por último, têm-se dois que continuam as atividades como pesquisadores
em universidades (um deles na própria USP).
Durante as análises dos dados identificou-se que dois alunos, constantes em duas patentes
resultantes de pesquisa desenvolvida durante orientação acadêmica, eram também vinculados à
empresa co-titular na patente, sendo que um deles era proprietário da empresa.
Por último, destaca-se a ascensão profissional de três alunos que participaram de atividade
de pesquisa inventiva. São os casos de: um discente de graduação que passa a atuar posteriormente
como pesquisadora de empresa do setor privado; um orientando de doutorado, que no período
posterior torna-se pesquisador da empresa co-titular na patente; e no último caso, de uma aluna
de pós-doutorado, que no período pós-depósito vai atuar, enquanto pesquisadora de laboratório
industrial, em empresa parceira da co-titular na patente.
GT72099
IV – observações sobre citações de produção científica nos documentos de patentes
No total de 23 patentes, apenas em 14 ocorre citação bibliográfica nos relatórios
descritivos. No entanto, excetuando-se um caso onde há citação de patente estrangeira
(no estado da técnica), a ocorrência nos demais é de citação de trabalhos de autoria de um
dos próprios inventores, ou de outros trabalhos que não pertencem à produção científica
dos próprios participantes na patente. Entretanto, em nenhuma das ocorrências, é possível
identificar as referências, de maneira a localizar quais pesquisas contribuíram diretamente no
desenvolvimento da pesquisa tecnológica.
5. CONCLUSÕES
Os diferentes modelos de representação e análise da geração de inovações demonstram a
complexidade dos processos envolvidos no dinamismo dos chamados “Sistemas Nacionais de
Inovação” (SNIs), e também refletem os esforços em melhor elucidar a identificação dos nexos
causais entre ciência, tecnologia, economia e sociedade, frente a aceleração das mudanças do papel
do conhecimento.
Esses modelos “dinâmicos” buscam superar a antiga visão do “modelo linear de inovação”,
e sua adoção por parte dos gestores de países de economia avançada estaria fundamentando uma
reforma no setor de Ciência e Tecnologia no Brasil, através de políticas para a inovação tecnológica.
Os programas e leis que o governo federal apresentou nos últimos anos como, por exemplo, a “Lei
de Inovação” (Lei nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004), “Lei do Bem” (Lei nº 11.196, de 21 de
novembro de 2005, alterada pela Lei nº 11.487, de 15 de junho de 2007) e o “Plano de Ação C,T&I:
2007-2010”do Ministério da Ciência e Tecnologia, demonstram a preocupação em se articular o
empreendimento científico com a inovação no setor produtivo, com vistas à competitividade
econômica e alavancagem do desenvolvimento social do país.
A pesquisa partiu do pressuposto que a análise das inovações, patenteadas no âmbito das
atividades de cooperação universidade-empresa (U-E), poderia fornecer indícios sobre a emergência
de um novo modelo de inovação e identificar impactos paralelos da produção tecnológica na produção
científica, abrindo caminhos para a identificação de novos critérios para avaliação dos impactos da
relação produção científica-produção tecnológica.
De fato, no caso analisado, pode-se concluir quanto à existência desse novo modelo, onde se
percebe que a universidade ao adotar estratégias não lineares de pesquisa tecnológica exerce duplo
papel no processo de inovação: o de indutor, mas também aprendiz, de modo que a prática gera
possibilidades de reflexões que induzem a novas pesquisas e ao avanço do conhecimento científico,
contrariamente ao modelo tradicional que pressupõe a pesquisa tecnológica decorrente da pesquisa
científica.
GT72100
Na avaliação do impacto da atividade inventiva sobre a produtividade científica, foi possível
evidenciar a melhora significativa dos índices de produção em periódicos qualificados posterior ao
patenteamento, contrapondo-se à concepção de que a prática seria decorrência da pesquisa e mostrando
que a ciência contemporânea se faz pela interação entre teoria e prática, tornando-as inseparáveis.
A literatura aponta que os canais informais também são indicativos do processo de interação
social entre pesquisadores, e que o contato informal entre os investigadores vêm se modificando pela
utilização de mecanismos de comunicação no meio eletrônico, o que favoreceu a maior velocidade
na troca de informações. Uma perspectiva de estudo seria analisar o fluxo de informações entre os
pesquisadores que atuam no desenvolvimento de pesquisas tecnológicas, para avaliar os impactos
desses canais informais na atividade de pesquisa.
A maior freqüência no tipo de pesquisa desenvolvido em parceria com as empresas foi aquele
onde a universidade procura o setor produtivo para viabilizar suas pesquisas, o que também evidencia a
necessidade de contextualização das pesquisas para possibilitar avanço no conhecimento. Há significativa
ocorrência de alunos de pós-graduação, que tanto vêm das empresas em busca de uma solução tecnológica,
quanto retornam ao setor produtivo com novas soluções. As atividades de pesquisa desenvolvidas por
esses discentes são registradas em teses e dissertações, que tem potencial contributivo ao desenvolvimento
de novas pesquisas científicas, e que não necessariamente deram origem a pedidos de patente. Uma análise
da produção gerada nos programas de pós-graduação pode revelar outras contribuições dos conhecimentos
gerados no âmbito da universidade ao setor empresarial.
Por outro lado, constatou-se que a Ciência da Informação, por intermédio dos estudos
bibliométricos e cienciométricos - complementados por estudos de citação - permite estudos
contextualizados, com contribuição significativa para melhor compreensão das relações entre
Universidade-Empresa e Política C, T& I; ao mesmo tempo em que abre espaços para estudos que
visem à melhoria da infra-estrutura de apoio à gestão da pesquisa e inovação nas universidades.
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GT72101
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GT72103
COMUNICAÇÃO ORAL
VISIBILIDADE DOS PESQUISADORES
NO GT7 DA ANCIB:
UM ESTUDO DE COCITAÇÕES
Ely Francina Tannuri Oliveira, Maria Cláudia Cabrini Grácio
Resumo:
Esta pesquisa objetiva analisar os pesquisadores de maior inserção e impacto na comunidade
participante do GT7 ENANCIB, por meio do estudo de análise de citação e cocitação, no período
de 2003 até 2010. Propõe-se evidenciar os pesquisadores citados em maior número de trabalhos,
bem como o número de citações recebidas, e descrever a rede de cocitação, a fim de analisar a
rede de interlocução construída pelos citantes em relação aos citados e calcular os indicadores
de densidade e centralidade da rede. Como fundamento teórico-metodológico, utilizou-se a
Análise de Domínio (A.D.), entendida como o reflexo de uma comunidade discursiva. Dentre as
11 abordagens sobre A.D., destacam-se os estudos bibliométricos. Foram levantados os dados
das 124 pesquisas apresentadas no período em estudo e identificaram-se 1446 pesquisadores
citados, para um total de 2307 citações. Do total de pesquisadores citados em maior número de
trabalhos, 33 foram considerados autores de maior impacto e visibilidade, citados em pelo menos
8 trabalhos, recebendo pelo menos 8 citações. Utilizou-se o software Ucinet, a fim de mapear e
visualizar a rede de interlocução estabelecida pelos trabalhos citantes. Como resultados, verificouse que, do total dos 33 pesquisadores, 23 são brasileiros, 20 são vinculados a programas de
Pós-Graduação e 11 são bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq. Destacaram-se ainda
as temáticas mais citadas e analisou-se a relação número de citações por número de trabalhos
em que o pesquisador foi citado e o número de pesquisas citadas de cada pesquisador. Quanto
à estrutura da rede, observa-se que os autores formam um único componente, indicando que o
conjunto de pesquisadores cocitados apresenta proximidade e articulação teórico, conceitual e
metodológica. Conclui-se que a comunidade citante adota correntes teóricas comuns e ainda se
pode caracterizar o núcleo de pesquisadores reconhecido como alicerce do conhecimento na
temática do GT7.
Palavras-chave: Análise de citações. Análise de cocitações. Rede de cocitações. Impacto dos
pesquisadores no GT7.
GT72104
1 INTRODUÇÃO
Para se avaliar a interlocução entre pesquisadores e seu papel em diferentes áreas da ciência,
os estudos de citações e cocitações constituem procedimentos relevantes de análise, na medida em
que contribuem para a visualização do processo comunicativo e interativo, bem como da estrutura
subjacente de um domínio do conhecimento.
O presente trabalho busca destacar os pesquisadores de maior impacto na temática Produção
e Comunicação da Informação em CT&I em Ciência da Informação sob o olhar de pesquisadores
brasileiros, com base na análise de citação e cocitação. Esta temática constitui foco de pesquisa do
Grupo de Trabalho GT7 do Encontro Nacional de Pesquisa da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação em Ciência da Informação - ENANCIB.
No âmbito dos ENANCIBs, o GT7 teve, no decorrer das suas edições, as seguintes denominações:
Produção Científica/Literatura Cinzenta (1994 a 1997), Comunicação Científica (2000), Comunicação e
Produção Científica/Literatura Cinzenta (2003), Informação para Diagnóstico, Mapeamento e Avaliação
(2005 e 2006) e Produção e Comunicação da Informação em CT&I (a partir de 2007).
Nesta pesquisa, focam-se os trabalhos referenciados na produção científica do GT7- Produção
e Comunicação da Informação em CT&I dos sete últimos ENANCIBs, realizados no período de 2003
a 2010.
Este trabalho se justifica em razão dos inúmeros registros em estudos realizados, que chamam
a atenção para a inexistência de trabalhos que evidenciem o estágio atual da Ciência da Informação, no
Brasil. Justifica-se ainda pelo fato de se obter melhor visualização dos pesquisadores de maior inserção
e impacto na temática em estudo, bem como da interlocução estabelecida entre eles na área, uma
vez que pode elucidar domínios específicos desse campo científico e seus possíveis desdobramentos
epistemológicos. Acrescente-se, ainda, que o GT7 do ENANCIB apresenta uma massa documental
crescente e representativa da produção científica na temática, especialmente pelos pesquisadores que
estão na pós-graduação, no Brasil.
Deste modo, considerando a importância das atividades dos GTs do ENANCIB, que totalizam
dez em diferentes temáticas da Ciência da Informação no Brasil, a proposição é investigar os
pesquisadores de maior inserção e impacto, bem como a interlocução estabelecida entre eles na área,
em âmbito nacional e internacional, sob a perspectiva dos pesquisadores brasileiros, por meio da
análise do que foi citado e cocitado pelos mesmos na produção científica do GT7 - Produção e
Comunicação da Informação em CT&I, da ANCIB.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar os autores de maior inserção e impacto na comunidade
participante do GT7 ENANCIB, por meio do estudo de análise de citação e cocitação, no período de
2003 até 2010.
De forma mais específica, busca-se identificar e evidenciar os pesquisadores citados em maior
número de trabalhos, bem como o número de citações recebidas, a fim de caracterizar o núcleo de
GT72105
pesquisadores que a comunidade reconhece como alicerce do conhecimento na temática do GT7.
Objetiva-se também construir e descrever a rede de cocitação destes pesquisadores, a fim de analisar
a rede de interlocução construída pelos citantes em relação aos citados em maior número de trabalhos.
Busca-se, ainda, calcular os indicadores de densidade e centralidade da rede, a fim de avaliar a coesão
e evidenciar os pesquisadores mais centrais na rede construída.
2 ANÁLISE DE DOMÍNIO CIENTÍFICO: VISUALIZAÇÃO POR MEIO DOS ESTUDOS
DE CITAÇÃO E COCITAÇÃO
Para se avaliar questões de produtividade científica, a Análise de Domínio (A.D.) aparece
hoje como o principal respaldo teórico, utilizado pela primeira vez em 1980, na área de Ciência da
Computação, por Neighbors, enquanto “uma tentativa de identificar objetos, operações e relações
entre o que peritos de determinado domínio percebem como importante” (KERR, 2003). No âmbito
da Ciência da Informação, Biger Hjǿrland foi o primeiro a usar esse conceito, em parceria com Hanne
Albrechtsen, fundamentando sua teoria e metodologia (HJǾRLAND, 2002b, p.259).
O conceito de Domínio, de entendimento bastante polêmico, pode ser compreendido, por
exemplo, como “uma área de especialidade, um conjunto literário ou um grupo pessoas trabalhando
juntas em uma organização” (MAI, 2005, p.605). Sob o ponto de vista desta pesquisadora, é uma área
de conhecimento, atividade, interesse, onde é demarcado um determinado conhecimento com limites
definidos e onde profissionais ou grupos estão articulados tanto em pensamento como em linguagem.
Aprofundando um pouco mais o conceito de domínio em uma perspectiva histórica, Lloyd
(1995, p. 38) considera que “os conceitos referenciais e as teorias gerais que as ciências avançadas
empregam pertencem ao que alguns filósofos da ciência denominam de domínios do conhecimento”.
Segundo o autor, os “domínios são corpos temáticos que se delinearam do modo como as entidades, as
forças e os sistemas do mundo têm sido teorizados e descobertos para serem naturalmente delineados e
inter-relacionados” (LLOYD, 1995, p.38). E acrescenta: “o que torna científico um discurso científico
não é sua lógica, mas a combinação da racionalidade (da estrutura de raciocínio), orientação para o
mundo e aplicação prática” (LLOYD, 1995, p.51).
Para Hjǿrland e Albrechtsen (1995), um domínio científico é entendido como o reflexo de
uma comunidade discursiva e do seu papel na ciência. Sob essa perspectiva, Hjǿrland (2002 a) afirma
que são 11 as abordagens sobre Análise de Domínio, dentre elas os estudos bibliométricos, e destaca
que o uso conjunto de mais de uma dessas abordagens enriquece a análise e a compreensão de um
domínio. Segundo o mesmo autor, os estudos bibliométricos constituem uma abordagem consistente
para analisar e caracterizar um domínio científico.
Dentre os estudos bibliométricos, Hjǿrland (2002a, p.432) destaca a contribuição dos estudos
de citação e cocitação, especialmente no que se refere à construção de mapeamentos bibliométricos
ou para a visualização das áreas do conhecimento científico.
GT72106
O conjunto de referências dos trabalhos científicos pode, assim, ser analisado como
reflexo de uma comunidade discursiva, de modo a constituir um domínio. Seu estudo baseia-se
em análises das frequências de citações, quer sejam de autores ou documentos, e das frequências
de coocorrência (cocitação) entre as mesmas, possibilitando a visualização de um domínio,
entendendo-se visualização como a “capacidade ou ato de formar na mente imagens visuais de
coisas que não estão à vista, ou a imagem daí resultante” (HOUAISS, 2001, p.2872). Assim,
a visualização permite a transformação de conceitos e fenômenos em imagens perceptíveis ou
visíveis mentalmente, permitindo a apreensão de determinados dados e de algumas relações e das
estruturas subjacentes, que não estão apresentados de forma explícita.
Uma citação é tomada como indicador objetivo e claro da comunicação científica, que
permite a identificação de grupos de cientistas e suas publicações, com a finalidade de evidenciar
os pesquisadores de maior impacto de uma área, apontando seus paradigmas, procedimentos
metodológicos pertinentes, bem como os pesquisadores de “vanguarda” que constroem o novo
conhecimento na área. Desse modo, a análise de citação contribui para o entendimento de
uma comunidade científica ao identificar os pesquisadores com maior impacto na área e dar
visibilidade às referências teóricas que a sustentam, bem como seus conceitos, objetos e métodos.
(OLIVEIRA; GRACIO; SILVA, 2010).
Assim, a “análise de citações mapeia a comunicação científica” (VANZ; CAREGNATO,
2003, p.248), dá indicadores de como está ocorrendo a comunicação de uma área do conhecimento,
contribuindo para a construção da rede de relações, e explicita a comunicação e o relacionamento
entre seus pesquisadores.
O estudo de cocitações, derivado da análise de citações, trata da frequência com que dois
autores ou documentos são citados de forma conjunta na produção científica de uma área.
Segundo Miguel, Moya Anegon e Herreno Solana (2008), a análise de cocitação, seja de
documentos, autores, jornais, especialidades ou campos de conhecimento, produz representações
válidas da estrutura intelectual de um domínio científico. Ainda segundo estes autores, sua
premissa fundamental estabelece que quando dois ou mais documentos, autores ou periódicos
são citados juntos, em um terceiro trabalho posterior, existe, pelo menos na perspectiva do
autor citante, uma similaridade de assunto entre os citados, e que quanto maior a frequência
de cocitação, mais próxima a relação entre os mesmos. Não só a similaridade, mas também a
contraposição de ideias é detectada por meio da cocitação.
Segundo Gmür (2003), a frequência de cocitação entre dois autores determina também
como a estrutura de conhecimento de uma área é percebida pelos pesquisadores.
Os estudos de análise de cocitação começam pela seleção dos objetos cocitados, que
podem ser documentos, autores ou periódicos, entre outras possibilidades.
Outros estudiosos dão suporte teórico à questão de análise de citação e cocitação. Henry
Small, um dos primeiros estudiosos em análise de cocitação, trata da frequência conjunta de
GT72107
documentos citados em uma literatura posterior. Segundo o autor, “quando os cientistas concordam
quanto ao que constitui a literatura relevante a priori, incluindo o que é significante naquela
literatura, eles estão de fato definindo as estruturas de suas comunidades” (SMALL, 2004, p.72).
E prossegue: a “estrutura da ciência é gerada por padrões de co-reconhecimento” (SMALL,
2004, p.71). Assim, “quando documentos são cocitados, autores citantes estão atribuindo coreconhecimento bem como criando uma associação de significados” (SMALL, 2004, p.76). O
autor observa ainda que a cocitação pode ser usada para estabelecer o núcleo da literatura dentro
de determinado tema ou área em particular.
Segundo Spinak (1996, p.16), os agrupamentos de cocitações “podem representar tanto
as redes cognitivas, como as redes sociais entre os investigadores. As redes de co-citações
podem traduzir-se em mapas ou nós, onde os pontos denotam documentos e as linhas de união
representam as relações de cocitações”.
Segundo White e McCain (1998), estudos relativos à cocitação de autores tiveram como
precursores White e Griffith, já em 1981, e sua principal função é identificar os autores influentes
e mostrar suas inter-relações, a partir das citações registradas.
Em relação à cocitação de autores, Spinak (1996) registra que a análise de cocitação é uma
ferramenta limitada pela seleção inicial dos autores, que deverá ser adequada e representativa,
observando que aqueles citados em maior número de trabalhos, isto é, os “clássicos”, fazem
parte, em geral, desta seleção.
O uso das cocitações como instrumento para a visibilidade de pesquisadores em determinado
tema vem sendo representado por meio da construção de redes sociais de comunicação científica.
A aplicação da metodologia de análise de redes sociais nos estudos de coautoria, cocitação e de
fluxo e transferência de informação, entre outros, vem se consolidando rapidamente nos últimos
anos.
Segundo Wasserman e Faust (1994, p.9), “o termo ‘rede social’ refere-se ao conjunto de
atores e suas ligações entre eles”. A análise de rede tem por objetivo modelar as relações entre os
atores, a fim de retratar, descrever e representar a estrutura de um grupo.
Para Otte e Rousseau (2002), pesquisadores da área de Cientometria, a Análise de
Redes Sociais (ARS) é um procedimento interdisciplinar desenvolvido sob muitas influências,
principalmente da Matemática e da Ciência da Computação, para a investigação da estrutura
social. Os autores salientam que tanto os laços relacionais como as características individuais
são necessários para um amplo entendimento de um fenômeno social.
A fim de aprofundar a análise da estrutura de uma rede, utilizam-se diversos indicadores,
entre eles a densidade (density), que permite avaliar a estrutura e coesão da rede, e a centralidade
de grau (centrality degree), que permite analisar a posição de cada ator individualmente, bem
como destaca os pesquisadores mais articulados e significativos na rede em seu conjunto.
GT72108
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O levantamento dos dados deu-se a partir de súmula constituída das 124 pesquisas apresentadas
no período de 2003 até 2010, onde constaram o título do trabalho e o conjunto de referências. Esse
universo constituiu-se da apresentação dos seguintes trabalhos: 15 trabalhos, no V ENANCIB,
que ocorreu em 2003 (Belo Horizonte); 15 trabalhos, no VI ENANCIB, em 2005 (Florianópolis);
12 trabalhos, no VII ENANCIB, em 2006 (Marília); 29 trabalhos, no VIII ENANCIB, em 2007
(Salvador); 14 trabalhos, no IX ENANCIB, em 2008 (São Paulo); 14 trabalhos, no X ENANCIB, em
2009 (João Pessoa); e 25 trabalhos, no XI ENANCIB, em 2010.
Para cada trabalho, foi levantado o rol de referências e feito o devido tratamento, isto é, as
autorias múltiplas foram desdobradas para que se contemplasse o nome de todos os autores citados,
substituição dos traços sublineares pelo nome do próprio autor e realizada uma triagem e limpeza
geral nas citações, que, colocadas em ordem alfabética, possibilitaram verificar aqueles citados em
maior número de trabalhos, bem como o número de citações recebidas.
No período sob análise, foram identificados 1446 pesquisadores citados, para um total de 2307
citações, destacando-se que 946 (65,4%) pesquisadores foram citados apenas uma vez. Tendo em
vista o grande volume de dados, foram considerados autores de maior impacto e visibilidade a fração
de 20% do total de pesquisadores que foram citados em maior número de trabalhos, em um total de 33
pesquisadores. Esses pesquisadores foram citados em pelo menos 8 trabalhos, recebendo pelo menos
8 citações e respondem por um total de 537 citações.
A seguir, construiu-se a matriz quadrada e simétrica de tamanho 33x33 autores, registrando-se
a frequência de cocitação entre os autores mais citados, nos diferentes trabalhos. Utilizou-se o software
Ucinet, a fim de mapear e visualizar a rede de interlocução estabelecida entre os pesquisadores, pelos
trabalhos citantes, com a ferramenta MDS (Multidimensional Scaling) como opção de layout, na
medida em que ela aproxima na disposição visual os autores mais similares em relação às frequências
de cocitação.
Para análise dos indicadores da rede, por meio deste mesmo software, calcularam-se a
densidade e a centralidade de grau.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A Tabela 1 apresenta os 33 pesquisadores citados em maior número de trabalhos e o número
de citações recebidas.
Desse conjunto de pesquisadores, 23 (70%) são brasileiros atuantes em universidades e
instituições de diferentes regiões do Brasil.
GT72109
TABELA 1. Pesquisadores com pelo menos 11 citações e número
de trabalhos em que foram citados.
Pesquisador (país)1, 2
Nº de trabalhos
em que foram
citados
Nº de Citações
39
36
22
19
16
16
14
14
14
13
12
12
12
12
12
11
11
11
11
11
11
10
10
10
10
9
9
9
8
8
8
8
8
50
37
34
21
22
16
16
18
14
18
17
16
16
14
13
21
15
14
11
11
11
10
11
11
10
11
15
10
09
11
11
08
10
MUELLER, S. P. M. (Brasil)*
MEADOWS, A. J. (Reino Unido)
PINHEIRO, L. V. R. (Brasil)*
BUFREM, L. S. (Brasil)*
OLIVEIRA, M. (Brasil)*
VELHO, L. (Brasil) *
PRICE, D. J. de S. (E.U.A.)
STUMPF, I. R. C. (Brasil)*
MACIAS-CHAPULA, C. A. (México)
POBLACIÓN, D. A. (Brasil)*
NORONHA, D. P. (Brasil)*
MIRANDA, A. (Brasil)*
CAREGNATO, S. E. (Brasil)*
TARGINO, M. das G. (Brasil)*
SPINAK, E. (Uruguai)
BARRETO A. de A. (Brasil)*
MENEGHINI, R. (Brasil)
GOMES, M. Y. S. F. (Brasil)*
KATZ, J. S. (Reino Unido)
MARTÍN, B. R. (Reino Unido)
PECEGUEIRO, C. M. P. de A. (Brasil)
VANTI, N. (Brasil)*
MUGNAINI, R. (Brasil)*
BRAGA, G.M. (Brasil)*
LE COADIC, Y.F.A (França)
LETA, J. (Brasil)*
SANTOS, R. N. M. dos (Brasil)*
PACKER, A. L. (Brasil)
GLÄNZEL, W. (Bélgica)
MARTELETO, R. M. (Brasil)*
GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N. (Brasil)*
ROUSSEAU, R. (Bélgica)
BOURDIEU, P. (França)
No.cit/nº
trab. em
que foram
citados
1,3
1,0
1,5
1,1
1,4
1,0
1,1
1,3
1,0
1,4
1,4
1,3
1,3
1,2
1,1
1,9
1,4
1,3
1,1
1,2
1,0
1,0
1,1
1,1
1,0
1,2
1,7
1,1
1,1
1,4
1,4
1,0
1,3
Fonte: Elaboração dos autores
1 Pesquisadores registrados em negrito são bolsistas Produtividade em Pesquisa CNPq;
2 Pesquisadores registrados com * possuem vínculo com a pós-graduação.
GT72110
Nº de
pesquisas
citadas
18
4
16
10
9
10
8
14
1
14
11
9
9
9
5
15
8
9
1
1
2
5
7
4
2
4
12
5
6
6
10
5
5
Do conjunto de pesquisadores brasileiros, 11 (48%) são bolsistas de produtividade em pesquisa
do CNPq. Sua produção científica é aceita como própria da área da Ciência da Informação, uma vez
que são reconhecidos por um órgão oficial como os pesquisadores mais representativos das correntes
teóricas e do pensamento predominantes na área, no Brasil. Por esses motivos, considera-se que esse
grupo pode expressar o que a comunidade científica produz na temática em estudo (ALMEIDA, 2005).
Desse grupo de 23 pesquisadores brasileiros, 20 (87%) são vinculados a programas de PósGraduação, portanto possuem significativa produção científica e socializam seu conhecimento por
meio de orientação de pesquisa no âmbito da graduação e pós-graduação.
Em relação às temáticas nas quais foram citados, destacam-se: comunicação científica,
periódicos científicos, financiamento de pesquisa, canais de comunicação, domínio epistemológico,
infra-estrutura de pesquisa, disseminação da informação, produção, estrutura e fluxo do conhecimento,
ensino superior, tendências metodológicas, incluindo análises e procedimentos da bibliometria,
cientometria, webometria, como análise de citação, indicadores em CT&I, redes, redes sociais, redes
eletrônicas, entre outras compreendidas pela Produção e Comunicação da Informação.
Observa-se ainda que dez pesquisadores são estrangeiros, com prevalência para o Reino
Unido, Bélgica e França. Os dois primeiros países mostram consistência teórica consolidada na
área, em especial nas temáticas: comunicação do conhecimento, colaboração científica e avaliação
da ciência por meio de abordagens bibliométricas e cientométricas. Glänzel, da Bélgica, é coeditor
do Scientometrics, um dos mais relevantes periódicos da temática em estudo. Quanto à França, os
enfoques encontrados na literatura analisada abordam conceitos basilares da Ciência da Informação,
tais como “informação”, “campo científico”, “sociologia” e “uso social da ciência”.
Esse conjunto de 33 autores é, na quase totalidade, formado por pesquisadores próprios e
consignados da área de Ciência da Informação, o que indica que a temática em estudo já possui
consistência teórica, especialmente no âmbito do Brasil, aqui representado pelos 22 pesquisadores
brasileiros, que ratificam a existência de um grupo consolidado do ponto de vista teórico-metodológico.
Na Tabela 1, a variável número de trabalhos em que se citou o pesquisador (primeira coluna de
dados) foi utilizada para a ordenação dos mesmos, considerando que é mais representativa dos autores
reconhecidos por um maior número de citantes da comunidade sob análise e, portanto, de maior
impacto. Sob este aspecto, destacam-se os pesquisadores Mueller e Meadows, citados em 31% e
29%, respectivamente, dos trabalhos analisados, apontando que, aproximadamente, 1/3 dos trabalhos
apresentados neste GT faz referências a esses dois autores. Acrescente-se que a segunda coluna de
dados, relativa ao número total de citações recebidas por autor, apresenta alta correlação (95%) com
a primeira variável, sinalizando que as duas crescem no mesmo sentido. Portanto, apresentar alto
número de total de citações significa ser referenciado também em uma grande quantidade de trabalhos,
ou seja, há uma tendência de as citações recebidas pelos pesquisadores estarem equitativamente
distribuídas pelo conjunto de trabalhos analisados.
Na terceira coluna de dados, apresenta-se a relação número de citações por número de trabalhos
em que o pesquisador foi citado, o que permite destacar que a maior relação entre essas duas variáveis
GT72111
ocorre para o pesquisador Barreto, com 1,9 citações por trabalho em que foi citado, seguido por
Santos e Pinheiro, com 1,7 e 1,5, respectivamente. Os demais apresentam valores entre 1,0 e 1,4, o
que aponta uma tendência de receber uma citação por trabalho em que foram citados.
Em relação ao número de pesquisas citadas, destacam-se Mueller, Pinheiro, Barreto e Stumpf,
com, respectivamente, 18, 16, 15 e 14 pesquisas, com grande amplitude de produção e lastro na área.
Por outro lado, os pesquisadores Macias-Chapula, Katz e Martin têm todas as citações recebidas
referentes a um único trabalho publicado: as do primeiro autor referem-se à pesquisa “O papel da
informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional”, publicado na revista Ciência
da Informação, em 1998; as citações recebidas por Katz e Martin são referentes a um trabalho publicado
em coautoria na pesquisa “What is research collaboration?”, publicada no periódico Research Policy,
em 1997. Destacam-se ainda: o livro “A Comunicação Científica”, de autoria de Meadows, publicado
em 1999 com 33 citações; o artigo “O periódico Ciência da Informação na década de 90: um retrato
da área refletido em seus artigos”, de autoria de Mueller e Pecegueiro, publicado no periódico Ciência
da Informação em 2001, com 10 citações; e o artigo “Indicadores cienciométricos”, de autoria de
Spinak, também publicado na revista Ciência da Informação, em 1998, com 9 citações.
Os trabalhos de maior impacto na área foram publicados a partir da segunda metade da década
de 90, quando então para as questões de avaliação da produção e comunicação do conhecimento em
CT&I se começa a delinear um corpo teórico-metodológico de fundamentação para as temáticas
relativas ao GT7. Entre eles, citam-se: conceitos teóricos e metodológicos das diversas subáreas da
Informetria; questões e debates associados à colaboração científica, trazendo novos olhares para a
comunidade acadêmica sobre o tema; questões de fundo sobre a comunicação científica, panorama
da área e as temáticas mais pesquisadas no Brasil; e a mensuração da ciência, via indicadores
cienciométricos para a política científica.
Analisaram-se também as autocitações desses 33 pesquisadores, onde 21 não fizeram
autocitações e 10 correspondem a pesquisadores estrangeiros. Dos 12 restantes, apenas 3 apresentaram
porcentagem mais significativa de autocitação, com variação entre 30% e 45%. Para outros 7
pesquisadores, a autocitação ocorreu entre 10% e 30% dos trabalhos em que foram citados. Alguns
estudiosos condenam a autocitação por considerá-la um meio de um autor reforçar sua posição na
comunidade científica, ao inflacionar artificialmente seus indicadores de citação; outros consideram
que as autocitações são uma parte essencial da comunicação científica. Assim, um pesquisador ou
grupo de pesquisadores que apresenta uma parte razoável de autocitação em suas comunicações
científicas pode indicar uma atividade de publicação dinâmica e exitosa, desde que a quantidade
de autocitação no conjunto de citações não exceda a extensão normal. Destaca-se, contudo, que as
autocitações não revelam o impacto do autor na área em que atua (GLÄNZEL, 2003).
A partir das considerações anteriores e dos valores observados para as autocitações no grupo
dos 33 pesquisadores, o comportamento de autocitação deste grupo não introduziu viés na análise de
impacto e visibilidade dos mesmos junto à comunidade do GT7.
Além das análises referentes à Tabela 1, acrescente-se que, do total dos 124 trabalhos analisados,
GT72112
somente 15 (12%) não fazem referência a nenhum dos autores mais citados. Destes 15 trabalhos,
9 foram apresentados no ENANCIB 2003, no então GT7, denominado Comunicação e Produção
Científica/Literatura Cinzenta. Isso sugere que, a partir de 2005, começa a se consolidar o atual
GT7 denominado Produção e Comunicação da Informação em CT&I, em torno de uma literatura e
pesquisadores reconhecidos por essa comunidade, como um grupo da frente de pesquisa da temática.
Apresenta-se a seguir, na Figura 1, a rede de cocitações, gerada no Ucinet, em que a cor verde
representa os autores brasileiros e a espessura dos segmentos, a frequência de cocitação entre eles.
Utilizou-se o layout MDS, no qual a ideia central é colocar indivíduos na rede, de tal forma
que a distância entre eles reflita sua proximidade em relação à frequência de cocitação. Análises
qualitativas possibilitam a descrição de quais atributos aproximam os pesquisadores na rede sob
análise. Para tal, recorreu-se às temáticas presentes nas pesquisas realizadas pelos autores da rede e
que foram citadas nos trabalhos analisados.
Figura 1. Rede de cocitações
Fonte: Elaboração dos autores
Nesta rede, as maiores frequências de cocitações foram 21, 11, 10 e 9, e a maior delas (21)
ocorre na díade formada pelos autores Mueller e Meadows, visualizada pelo segmento mais intenso
da rede. Em seguida, das 3 ocorrências de 11 cocitações, duas envolveram a pesquisadora Mueller,
a saber: Mueller e Pecegueiro; Mueller e Pinheiro. A outra ocorrência de 11 cocitações ocorreu na
GT72113
díade Pinheiro e Oliveira. Com 10 cocitações, aparece somente a díade Pinheiro e Meadows. Com 9
cocitações, observam-se 6 díades, sendo que 3 envolvem a pesquisadora Mueller com os pesquisadores
Oliveira, Bufrem e Miranda; outras duas envolvem Oliveira e os autores Gomes e Población; a última
díade envolve Katz e Martin. Registre-se que a alta frequência de cocitação entre Mueller e Pecegueiro,
bem como entre Katz e Martin, se deve a um único trabalho realizado em coautoria.
Ainda em relação à cocitação decorrente de coautorias dentro do grupo em análise, destacamse Packer e Meneghini, coautores de cinco trabalhos, e em dois deles há a presença de Mugnaini. As
pesquisadoras Población e Noronha são coautoras de três trabalhos; Miranda e Barreto são coautores
de dois trabalhos. Como coautores de um único trabalho, aparecem: Mueller e Miranda; Mueller e
Stumpf; Leta e Glänzel; e Población e Oliveira.
Salienta-se, principalmente, que a pesquisadora Mueller centra a rede e é cocitada com todos
os outros 32 autores da rede.
Destacam-se as duas tríades de maior intensidade de cocitação, a saber: Mueller-PinheiroMeadows e Mueller-Pinheiro-Oliveira. O primeiro grupo, em sua literatura citada, aborda questões
associadas à epistemologia, interdisciplinaridade, comunicação científica, financiamento e infraestrutura de pesquisa e redes. No segundo grupo, além destas temáticas, aparecem ainda questões
associadas a canais de comunicação e grupos de pesquisa, via pesquisadora Oliveira.
Outras tríades aparecem na rede de cocitação, porém com menor intensidade: Mueller-PriceLeta, Mueller-Velho-Glänzel, Mueller-Glänzel-Katz/Martin, Santos–Macias Chapula-Bufrem e
Gomes-Oliveira-Población.
Assim, retomando o pressuposto fundamental de análise de cocitação, os autores citados juntos
apresentam, pelo menos na perspectiva dos autores citantes, uma similaridade, complementaridade,
sobreposição ou mesmo contraposição de ideias.
Quanto à estrutura geral da rede, observa-se que os autores formam um único componente,
pois a rede não apresenta subredes desconectadas ou autores isolados, significando que o conjunto de
pesquisadores cocitados apresenta proximidade e articulação teórico, conceitual e metodológica na
temática em apreço. Em geral, a comunidade citante adota as mesmas correntes teóricas, com autores
comuns em seu conjunto de referências citadas. Ainda, retomando Miguel, Moya Anegon e Herreno
Solana (2008), essa rede produz uma representação válida da estrutura intelectual de um domínio
científico, quer seja, da temática em estudo.
Destaca-se que a rede de cocitação entre os 33 pesquisadores citados foi gerada a partir de
97 (78%) dos 124 trabalhos analisados, uma vez que 15 trabalhos, como já mencionado na análise
da Tabela 1, não fizeram menção a nenhum dos pesquisadores da rede, e outros 12 trabalhos
fizeram referência a um único autor entre os 33 mais citados, não gerando cocitação. Isso sugere a
representatividade da rede da Figura 1, como o núcleo da literatura científica na temática.
Quanto à coesão da rede, determinada pelo cálculo de densidade, resultou 81%, significando
que, do total de 528 possibilidades de cocitações entre os 33 autores citados, ocorreram 429 delas, o
GT72114
que aponta uma rede altamente densa e com alto co-reconhecimento pelos citantes em relação a uma
associação de significados entre os cocitados e coerente com a unicidade da rede, conforme já apontado.
Apresentam-se, na Tabela 2, os diferentes graus de centralidade, bem como os graus
normalizados e a centralidade média de grau do grupo.
TABELA 2. Centralidade de grau e centralidade de grau normalizada dos 33 pesquisadores
PESQUISARORES
MUELLER, S.P. M.
PECEGUEIRO, C. M. A.
MEADOWS, A. J.
NORONHA, D. P.
POBLACIÓN, D. A.
STUMPF, I. R. C.
CAREGNATO, S. E.
PINHEIRO, L. V. R.
TARGINO, M. das G.
BUFREM, L. S.
VELHO, L.
OLIVEIRA, M. de
PRICE, D. J. de S.
MACIAS-CHAPULA,C.A.
MARTELETO, R.M.
SPINAK, E.
BRAGA, G.M.
BARRETO A. de A.
GLÄNZEL, W.
PACKER, A.L.
MENEGHINI, R.
MUGNAINI, R.
GOMES, M.Y.S.F.
LE COADIC, Y.F.A.
VANTI, N.
MIRANDA, A.
BOURDIEU, P.
GONZÁLEZ DE G.M.N.
ROUSSEAU, R.
SANTOS, R.N.M.
KATZ, J.S.
MARTIN, B.R.
LETA, J.
MÉDIA
Fonte: Elaboração dos autores
GT72115
GRAU
32
31
31
30
30
30
30
30
29
28
28
28
27
27
27
27
26
26
25
25
25
25
25
24
24
24
23
23
22
21
19
19
17
26
GRAU NORMALIZADO
100
97
97
94
94
94
94
94
91
88
88
88
84
84
84
84
81
81
78
78
78
78
78
75
75
75
72
72
69
66
59
59
53
81
A totalidade do grupo está com pelo menos 53% de conexões entre os pesquisadores, destacando-se a pesquisadora Mueller com 100% de conectividade, portanto fazendo interlocução com
todos os outros elementos do grupo. A seguir, Pecegueiro e Meadows com 97% de conexões com o
grupo, destacando-se a coautoria entre Mueller e Pecegueiro. A média de cocitação, representada por
81%, indica alta tendência de conectividade dentro do grupo.
Em relação à centralidade de grau, não há diferença da tendência de conectividade entre os
grupos de brasileiros e estrangeiros, havendo uma distribuição equitativa dos mesmos em relação à
média dos graus observados, apontando que, para os pesquisadores citantes, a interlocução estabelecida entre os 33 autores de maior visibilidade e impacto não está associada à nacionalidade do pesquisador. Assim, embora o maior grupo de referente teórico da comunidade do GT7 seja de autores brasileiros, a dialogicidade estabelecida entre estes e o grupo de estrangeiros citados ocorre em equilíbrio.
5 CONCLUSÕES
Considerando que a proposta desta pesquisa é analisar os pesquisadores de maior inserção
e impacto na comunidade participante do GT7 ENANCIB, utilizando a análise de citação e
cocitação, destaca-se a maior presença de autores brasileiros, muitos deles já com lastros acadêmicos
consolidados, ratificados pela presença dos mesmos em ambientes de pesquisa de relevância no país,
como os bolsistas Produtividade em Pesquisa PQ e vinculados aos programas de Pós-Graduação.
Entre os autores mais citados, registra-se a presença daqueles da temática em estudo e de
outros que oferecem subsídios epistemológicos, teóricos ou metodológicos.
A variável número de trabalhos em que se citou o pesquisador foi considerada mais
representativa dos pesquisadores reconhecidos por um maior número de citantes da comunidade sob
análise e, portanto, de maior impacto, destacando-se Mueller e Meadows. Essa variável apresenta
alta correlação com o número total de citações recebidas, sinalizando que alto número de total de
citações significa ser referenciado também em uma grande quantidade de trabalhos. A relação número
de citações por número de trabalhos em que o pesquisador foi citado permite destacar que a maioria
apresenta a tendência de receber uma citação por trabalho em que foi citado.
Em relação à rede de cocitação, com base na análise de sua estrutura, pode-se concluir
que os pesquisadores citantes dos 124 trabalhos atribuem alto co-reconhecimento entre os autores
cocitados da rede. Estabelecem relações de conteúdo entre aqueles citados, criando uma associação
de significados de conteúdos trabalhados, na medida em que fazem, no geral, intensa referência
simultânea aos pesquisadores citados.
Assim, a análise estrutural de coesão da rede de cocitação aponta um alto grau de associação
entre os autores citados no modo como são percebidos pelo conjunto dos autores citantes da literatura
analisada. Dessa forma, pode-se apontar uma alta similaridade e/ou complementaridade de conteúdos
GT72116
entre os pesquisadores componentes da rede. Os mais centrais dessa rede são considerados, pelos
autores citantes, o núcleo da área.
Finalizando, considera-se que a comunidade citante, autora das 124 pesquisas, utiliza
referenciais teóricos comuns, de forma a caracterizar o núcleo de pesquisadores reconhecidos como
alicerce do conhecimento na temática do GT7.
RESEARCHERS VISIBILITY IN THE GT7 FROM ANCIB: A CO-CITATION STUDY
Abstract
This research aims at analyzing the researchers with major insertion and impact within the GT7
ENANCIB community, through an analysis study of citation and co-citation from 2003 to 2010. We
propose to highlight the researchers cited in a greater number of papers, as well as the number of
citations received. Also, to describe the co-citation network intending to analyze the interlocution
network built by the writers towards the cited ones and calculate the indicators of density and centrality
of the network. As for the theoretical-methodological basis, we used the Domain Analysis (D.A.),
seen as the reflexion of a discourse community. Among the 11 approaches about D.A, the bibliometric
studies stand out. Data from the 124 researches presented in the period of this study showed 1446
cited researches for a total of 2307 citations. From the total number of cited researchers in a greater
number of papers, 33 were considered authors of major impact and visibility, being cited in at least
8 papers, thus getting at least 8 citations. The software Ucinet was used to map and visualize the net
of interlocution established by the citing papers. As for the results, we could notice that, from the
total of 33 researchers, 23 are Brazilian, 20 take part in Post-Graduation Programs and 11 are granted
CNPq scholarships of productivity. Furthermore, we highlighted the most cited themes and analyzed
the relationship involving the number of citations according to the number of papers in which the
researcher was cited and the number of researches cited from each researcher. Regarding the network
structure, we could observe that the authors form a single component, indicating that the group of
researchers co-cited reveals proximity and theoretical, conceptual and methodological articulations.
We concluded that the citing community adopts ordinary theoretical schools; moreover, we might
characterize the core of the known researchers as a foundation for the knowledge of the GT7 theme.
Keywords: Citation analysis. Co-citation analysis. Co-citation network. Impact of researchers in the
GT7.
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GT72119
COMUNICAÇÃO ORAL
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA UFRGS REPRESENTADA NA
WEB OF SCIENCE (2000-2009)
Sônia Domingues Santos Brambilla, Ida Regina C. Stumpf
Resumo: Este trabalho utiliza indicadores bibliométricos para analisar os artigos publicados por
autores vinculados a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), representados na base de
dados Web of Science (WOS) no período 2000-2009. A justificativa para a investigação ser sobre a
UFRGS baseia-se na inexistência de um estudo que exponha sua atividade científica com visibilidade
internacional. O objetivo principal é analisar os artigos da UFRGS representados na WOS, utilizando
medidas de atividade, de impacto e de co-autoria. A revisão teórica aborda diversidades entre as
ciências, avaliação e indicadores da produção científica. Os artigos estão classificados pela tabela da
CAPES/CNPq em nove grandes áreas: Ciências Agrárias (CA), Ciências Biológicas (CB), Ciências
Exatas e da Terra (CET), Ciências Humanas (CH), Ciências da Saúde (CS), Ciências Sociais Aplicadas
(CSA), Engenharias (E), Letras, Linguística e Artes (LLA) e Multidisciplinar (M). Compõem a
amostra 9.250 artigos, posteriormente desdobrados por áreas, autores, periódicos e artigos citados.
Os principais resultados mostram que a produção da UFRGS na WOS aumentou de 512 artigos
em 2000 para 9.250 em 2009 (1.800%), com taxa média de crescimento anual de 12,69%. A maior
parte está registrada em inglês (8.196 artigos - 89%) e em periódicos de impacto. Por meio das
medidas de citação, verificam-se sete artigos altamente citados, sendo três de CET, três de CS e um
de M, todos em inglês, em co-autoria, colaboração internacional e publicados em periódicos de alto
impacto. CET aparecem com 33,19% das citações recebidas (2.393 artigos citados), seguida por CB
e CS. Pelas medidas de co-autoria, percebe-se que 97,8% dos artigos são publicados por mais de um
autor e 417 autores produziram um trabalho. A forte tendência para a co-autoria permite comprovar
que a produção científica da UFRGS, na maioria das áreas, é feita em colaboração, sendo a faixa
predominante a de 2 a 10 autores por trabalho.
Palavras-chave: Bibliometria. Comunicação Científica.Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Abstract: This study uses bibliometric indicators to analyze the articles published by authors affiliated
to the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), indexed at Web of Science (WOS) in
the period 2000-2009. The justificative for research based on the absence of a study that exposes the
international visibility of UFRGS scientific activity. The main objective is to analyze the production
of UFRGS represented at WOS, using measures of activity, impact and co-authorship. The literature
review has addressed diversity between the sciences, beyond the aspects of evaluation and indicators
of scientific output. The articles are classified according to the table of CAPES/CNPq in nine broad
areas: Agrarian Sciences (CA), Life Sciences (CB), Exact and Earth Sciences (CET), Humanities
(CH), Health Sciences (CS), Applied Social Sciences (CSA), Engineering (E), Languages, Linguistics
& Arts (LLA) and Multidisciplinary (M). The sample is composed of 9.250 articles, then splitting
GT72120
the articles in areas, authors, journals and cited articles. The main results show that UFRGS in WOS
increased from 512 in 2000 to 9,250 in 2009 (1.800%), with average annual growth rate of 12.69%.
Most of the scientific production of UFRGS is recorded in english (8196 articles - 89%) and in
journals of impact. By using measures of citation, it was found seven highly cited articles, three of
CET, three of CS and one of M. All in English (89%), co-authored with international collaboration
and published in journals with high impact. CET appears with 33.19% (2393 cited articles), followed
by CB and CS. Using co-authorship indicators, it was possible to infer that 97.8% of articles (9.046)
are published under collaboration and 417 authors have produced a single job. The single authorship
appears in 204 articles (2.2%). The strong trend towards co-authorship has showed that the scientific
production of UFRGS, in most of areas, is done mostly in co-authorship, by the main form of 2 to 10
authors working in collaboration.
Keywords: Bibliometrics. Scientific Communication. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
1 INTRODUÇÃO
No âmbito da Comunicação Científica e utilizando fundamentos da Bibliometria, é possível
avaliar a dimensão da ciência produzida em uma universidade, as áreas do conhecimento melhor
representadas, os recursos empregados, processos e produtos científicos. O uso frequente e atual
de indicadores bibliométricos permite obter medidas a partir da análise estatística dos resultados
científicos, cumprindo a finalidade de mensurar e apontar os impactos dos esforços em C&T, tornando
a pesquisa visível e analisável. Segundo Maltrás Barba (2003), a noção de resultado científico é a
chave que permite integrar os aspectos cognitivos e sociais da ciência, ao estabelecer as ligações
entre seus objetivos e funções próprias com as consequências observáveis pela análise bibliométrica.
Assim, os indicadores são instrumentos que, bem utilizados, dentro dos limites impostos pela técnica
quantitativa de avaliação da ciência, podem funcionar como um filtro de controle e qualidade, dando
acesso à estrutura e orientando a direção das políticas de gestão institucional.
Nesta abordagem, foram analisados os artigos publicados por autores vinculados à
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disponíveis na base de dados multidisciplinar
de citações Web of Science (WOS) do Institut for Scientific Information (ISI) / Thompson Reuters, no
período 2000-2009. A justificativa para a investigação ser sobre a UFRGS baseia-se na inexistência
de um estudo que exponha a representatividade da produção científica da instituição e por ser uma
universidade pública que deve prestar contas da sua produção à sociedade. A utilização da WOS
apóia-se no fato da base ser uma das mais usadas nos estudos de citação (IRIBARREN MAESTRO,
2006; VANZ, 2009).
Sendo a universidade um importante espaço de atividade científica, pode-se considerar
representativo um estudo descritivo e avaliativo a respeito de algumas facetas da pesquisa realizada
na UFRGS, que permita a análise das informações sobre as publicações geradas pelos pesquisadores
GT72121
no desempenho de sua função investigativa, no intuito de refletir sobre a natureza, a dinâmica e
a magnitude dessa literatura. Além disso, os trabalhos sobre a produtividade de uma instituição
evidenciam elos e provêem o reconhecimento dos autores, auxiliam a apontar comportamentos e
tendências evolutivas nas áreas do conhecimento e constituem importantes fontes de informação para
a gestão de políticas em C&T. Pretende-se, com o estudo, dar visibilidade à produção científica da
UFRGS, mostrando a importância e o impacto do trabalho acadêmico realizado pelos atores desse
sistema científico. Espera-se também que outras universidades façam o mesmo com respeito a sua
produção para que se tenha um panorama atual da produção científica universitária brasileira.
As questões que permearam o estudo, portanto, partem da avaliação da ciência produzida em
uma universidade, visando pesquisar: quais as características dessa produção científica e que áreas
do conhecimento estão representadas na base de dados, estimadas pelas medidas de atividade? De
que forma a produção científica da UFRGS é citada por outros autores, estimada pelas medidas de
impacto? Como se configura a colaboração entre autores na produção científica da UFRGS, estimada
pelas medidas de co-autoria? Qual a visibilidade da produção científica de pesquisadores da UFRGS,
em termos de artigos publicados em periódicos representados numa base de dados internacional,
estimada pelas medidas de impacto e de co-autoria?
Com base nestas questões, o objetivo principal do trabalho foi o de avaliar a produção científica
da UFRGS, em termos dos artigos publicados em periódicos nacionais e estrangeiros representados
na base de dados Web of Science, utilizando medidas de atividade, de impacto e de co-autoria. Para
atingir este objetivo, foram utilizados indicadores de atividade, para avaliar séries temporais e o
quadro geral da produção científica da UFRGS representada na WOS, em relação ao número de
artigos; áreas do conhecimento; idioma dos artigos; título dos periódicos; e autores mais produtivos.
Utilizando medidas de impacto, que inferem a importância das publicações, pelo número de vezes em
que são citadas, foi avaliada a produção da UFRGS em relação aos seguintes indicadores: números
de citação; citação por área do conhecimento; e citação por periódico. Por último, pelas medidas de
co-autoria, que verificam a intensidade da colaboração entre pesquisadores, foi avaliada a produção
da UFRGS em relação aos níveís de co-autoria; instituições e países colaboradores.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A ciência, instalada dentro das universidades, encontrou o locus adequado para seu
desenvolvimento. Neste ambiente, começaram a se formar grupos por especialidade, onde o professor
formava assistentes, constituindo um seminário, que se tornava, com o tempo, uma “escola”. Esta
foi a origem da atual organização universitária, que reuniu cientistas por especialidades, formando
comunidades e subcomunidades de acordo com as especificidades e os interesses em comum.,
nos quais os alunos ingressavam para ter acesso à supervisão de pesquisa e a estudos avançados
GT72122
(ZIMAN, 1981). Essa estrutura departamental persiste até a atualidade, representando a divisão do
conhecimento, que, por consequência, leva a uma especialização dos saberes em partes sempre mais
específicas.
Se coube à universidade ser o locus da ciência, esta teve que prover seu corpus científico,
elevando o ensino superior para um padrão mais avançado, voltado à formação pós-graduada de
pesquisadores. Este modelo, iniciado pela Alemanha no início do séx. XIX, na Universidade de Von
Humboldt, foi adotado pela Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, em 1879, e rapidamente
incorporado ao modus americano (STUMPF, 1994). Consiste em cursos e exames formais, combinados
com alguns anos de pesquisa e, ao final, apresentação de trabalho em forma de tese escrita, para a
obtenção de grau, conforme o nível de estudos (mestrado, doutorado). No Brasil, o desenvolvimento
da pós-graduação começou a partir dos anos 50, quando as universidades, sobretudo as públicas,
qualificaram-se para a pesquisa. Foi criado um sistema de bolsas de estudo, incentivando a formação
de professores e pesquisadores no exterior, através da CAPES, destinando os recursos para fomento
por meio do CNPq (PANIZZI, 2003). Atualmente, a pós-graduação é responsável pela maior parte
da pesquisa realizada no país, que envolve em seu sistema pesquisadores/docentes, estudantes de
mestrado e doutorado, bolsistas de iniciação científica (estudantes de graduação) e técnicos. Contudo,
como situa Schwartzman (2001), a questão crucial, quanto à comunidade científica e a ciência
produzida no Brasil, consiste em traçar uma perspectiva para a maturidade e o futuro. As novas
universidades e programas de pós-graduação, a independência tecnológica, a preocupação com o bem
social sugerem um ambiente de vigor, mas é preciso muito mais, pois o universo do conhecimento
é diversificado, não há unanimidade e sim ilhas de competência, nas quais a ciência se desenvolve
durante certo tempo.
A departamentalização das universidades, para Meadows (1999, p.60), seria um reconhecimento
das diferenças entre áreas do conhecimento. O autor destaca que: “Ao contrário de falar sobre
diferenças entre disciplinas, é possível perguntar aos pesquisadores universitários quais são os outros
departamentos dos quais eles se sentem mais próximos [ . . .] acadêmicos costumam dividir as matérias
em rígidas (ciências naturais e tecnologias), flexíveis (humanidades) e as que se situam no meio
(ciências sociais).” Se os pesquisadores pensam e agem diferentemente, também se comunicam dessa
forma, e uma das maneiras de verificar essa hipótese seria pela análise dos trabalhos que publicam e
das referências que contêm a outras publicações, constituindo uma frente de pesquisa, através da rede
de citações que traça a distribuição e a proximidade entre os pares na ciência. Por fim, pode-se afirmar
que a ciência somente se materializa na produção de documentos, que necessitam de canais formais
e informais para divulgação, escolhidos pelos autores por sua adequação ao formato, propósito e
público a que se destina. A comunicação da ciência é um sistema fechado, no qual a informação é
criada, processada em canais de divulgação e avaliada. (GARVEY, 1979).
Esses canais têm importância relativa, de acordo com o padrão de produção de cada área.
Desse modo, alguns cientistas preferem apresentar seus trabalhos em eventos, antes de escrever
GT72123
sobre eles. Outros, participam de grupos de trabalho e discussão, onde novas ideias são debatidas
pelos pares. O principal canal formal de divulgação da ciência, em praticamente todas as áreas,
ainda é o periódico científico, por agrupar, num único meio, artigos de diversos autores. O livro, por
outro enfoque, vai perdendo espaço como meio de publicação da pesquisa original, pelo custo da
produção e pelos prazos dilatados de edição, que, muitas vezes, tornam a informação desatualizada,
embora algumas áreas, como as humanidades, continuem preferindo esse canal. (MEADOWS,
1999; STUMPF, 1996).
Diferente deste, outro aspecto leva em conta o nível de atividade cooperativa dos pesquisadores
entre disciplinas de qualquer nível (autor, instituição, país), adotando como premissa que muitos
autores e grupos compartilhando idéias, tecnologias e experiências podem gerar trabalhos mais
qualificados do que os realizados por autoria simples (BORDONS, GOMEZ, 2000). Meadows
(1999) chama a atenção para este fato, alertando que a necessidade de trabalhar em grupo é maior nas
ciências “duras” do que nas ciências sociais e, por sua vez, maior do que nas humanidades, apontando
como causa o custo das pesquisas nas áreas físicas e biológicas, que fica diluído quando repartido
por grupos. A co-autoria também foi abordada por Vanz (2009), que analisou mais de 40.000 artigos
publicados por autores brasileiros e indexados no ISI, para investigar as relações de colaboração
científica internacional na comunidade brasileira, revelando as áreas mais produtivas da ciência
nacional no SCI: a Química, a Biologia, a Física e a Medicina Clínica e Experimental II. Apontou
ainda tendência de crescimento ao longo dos anos (2004-2006), com 96% dos artigos publicados por
mais de um autor e média de 6,3 por trabalho.
Outra hipótese seria medida pelo impacto, determinado pelo número de vezes em que um
artigo é citado por outro autor. Logo, também estaria relacionada com o periódico, pois quanto
maior o prestígio da fonte, maior é o seu potencial de fazer com que os trabalhos sejam acessados,
principalmente se forem publicados nas revistas internacionais e em inglês. Para medir o impacto de
uma publicação, pode-se utilizar o Fator de Impacto (FI), índice formulado por Garfield e disposto no
Journal Citation Reports (JCR) do ISI, que revela os periódicos mais citados, por área do conhecimento,
das bases de dados de citação Science Citation Index e Social Science Citation Index, calculado como
“[. . .] a razão entre o número de citações feitas no corrente ano a itens publicados nesse periódico
nos últimos dois anos, e o número de artigos (itens fonte) publicados nos mesmos dois anos pelo
mesmo periódico” (MUGNAINI, STREHL, 2008). Na avaliação da produção científica, um trabalho
publicado em um periódico com alto FI teria maior visibilidade do que um publicado em periódico
com FI menor. Assim, o indicador estaria diretamente associado à aceitação de duas premissas:
(a) as publicações relevantes são frequentemente citadas; (b) o conjunto de publicações indexadas
pelo ISI é suficiente para apreender os resultados das pesquisas a serem avaliadas. (STREHL, 2003,
MUGNAINI, STREHL, 2008). O FI, dentro dessa perspectiva, tem se estabelecido como parâmetro
para avaliar a relevância acadêmica de um pesquisador, grupo ou instituição, mesmo em países que
tem pouca representatividade em bases de dados internacionais, pois quanto mais visíveis forem os
GT72124
periódicos, mais visíveis serão também os trabalhos neles publicados. (STREHL, 2003, MUGNAINI,
STREHL, 2008; PACKER, MENEGHINI, 2006).
Considerando, então, que o impacto é uma característica indispensável aos periódicos
como canais de comunicação da ciência, a visibilidade seria uma contrapartida, obtida mediante o
compartilhamento dos trabalhos com a publicação dos resultados e a admissão pelos pares, gerando o
pertencimento a uma comunidade científica. (MALTRÁS BARBA, 2003; PACKER, MENEGHINI,
2006; MUGNAINI, STREHL, 2008). Surgiria, assim, um corpus comum, ou sistema, conectando
novos conhecimentos mediante a exposição e crítica (ZIMAN, 1979). Esse seria o sistema científico,
constituindo agregados de agentes organizados - as comunidades - que compartilham objetivos,
tem relações ou influências uns sobre os outros, são afetados por regras, restrições e dependem
de recursos do mesmo âmbito externo de planejamento e atuação. Quando um artigo é altamente
citado, os pesquisadores apropriam-se desse conhecimento e a visibilidade aumenta a probabilidade
deste ser ainda mais citado. Assim, índices elevados de citação são o resultado da decisão de vários
pesquisadores em citar um trabalho em particular, sendo o indicador de visibilidade usualmente
operacionalizado pela contagem de citações, para verificar o impacto total da produção científica dos
autores na comunidade.
Percebe-se a importância desse indicador, mas cabe ressaltar a complexidade de medir
qualidade em qualquer âmbito. Além disso, países periféricos não têm a mesma representação
em bases de dados internacionais. Na última lista de periódicos representados na WOS, o Brasil
aparece com 124 (1,1%) de um total de 11.260 títulos publicados por 87 países, um número ainda
relativamente baixo se comparado com os Estados Unidos, que está em primeiro lugar, com 4.079
títulos (36,2%). Pode-se esperar, portanto, que a representação das revistas brasileiras não atinja os
mesmos patamares das publicadas pelos países com números mais significativos. Entretanto, sem que
se verifique com profundidade o uso dessas fontes, não se pode emitir conceito de prestígio ou de
qualidade de qualquer publicação.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta pesquisa, avaliou-se, no detalhe, uma parte da produção científica de uma universidade,
pelos artigos representados na base de dados WOS. Embora não seja um estudo exaustivo, pois se
sabe que muitos periódicos brasileiros não aparecem na base, pode dar uma dimensão do resultado,
uma vez que a WOS tem abrangência e cobertura internacional. Por outro lado, a base tem ampliado,
significativamente, o número de periódicos e, consequentemente, o número de artigos indexados.
Outro fator relevante é o aumento do período de cobertura das revistas, podendo-se afirmar, nesse
sentido, que a visibilidade da pesquisa brasileira deve aumentar com a evolução dessa cobertura.
Em relação à série temporal, foi selecionado o período 2000-2009 por permitir dotar os
resultados de estabilidade e detectar possíveis mudanças na atividade científica. Optou-se pelo
GT72125
agrupamento dos artigos em grandes áreas temáticas do conhecimento, de acordo com a classificação
elaborada pelo CNPq e CAPES. Embora esta classificação apresente limitações, continua servindo ao
propósito das instituições e agências de fomento brasileiras, apesar das dificuldades que apresentam
os esquemas para conciliar os interesses dos gestores e da comunidade científica (SOUZA, 2006). A
tabela CAPES/CNPQ sofre constantes atualizações desde sua concepção, em 1986, tendo natureza
hierárquica, de quatro níveis, divididas em grande área, área, subárea e especialidade, agregadas pelas
seguintes categorias principais, que foram adotadas neste estudo: Ciências Exatas e da Terra; Ciências
Biológicas; Engenharias; Ciências da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências
Humanas; Lingüística, Letras e Artes. Para atender a necessidades específicas, a tabela foi acrescida da
grande área “Multidisciplinar”, arrolando itens novos, que não estavam representados originalmente,
e também como uma alternativa para reunir disciplinas de caráter inter/multidisciplinar. Souza (2006),
ao comparar tabelas classificatórias do conhecimento, verificou que a da CAPES/CNPq inicia com as
ciências formais, de cunho mais teórico (Ciências Exatas e da Terra e Ciências Biológicas), prossegue
com as aplicações especializadas do conhecimento científico e tecnológico (Engenharias, Ciências
da Saúde e Ciências Agrárias) e termina pelo conjunto das ciências humanas, sociais e humanidades
(Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas, Lingüística, Letras e Artes).
Neste estudo, foi realizada a aproximação entre a tabela da CAPES/CNPq e a indexação utilizada
pela WOS, que se baseia na classificação das revistas em subcampos ou disciplinas científicas (disciplinas
ISI), elaborada pela ISI Thomson Reuters. Entretanto, como foi identificado por Mueller (2005): “[.
. .] pode ter havido simplificações excessivas, por reunir numa mesma categoria pesquisadores cujos
interesses específicos, afiliações paradigmáticas e métodos de pesquisa sejam diferentes a ponto de
influenciar hábitos de comunicação.” Por tal motivo, a adoção da classificação da CAPES/CNPq, apesar
das limitações, possibilitou a agregação por granes áreas a partir das temáticas da base.
A Web of Science (WOS) é a principal fonte de dados da pesquisa. Outra fonte de coleta
foi o Journal Citation Reports (JCR), criado na década de 1960, por Garfield e Sher. Foi utilizado,
ainda, o Sistema de Pesquisas da UFRGS, da Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPESQ) da UFRGS e
buscadores da Internet, como fontes secundárias, para identificação da procedência e do vínculo dos
autores analisados. Em relação às entradas de autores, foi vital a colaboração da equipe de Automação
de Bibliotecas da UFRGS, que forneceu a listagem da produção intelectual no período 2000-2009,
indexada no Sistema de Bibliotecas (SABi). A coleta final dos dados foi realizada em março de 2010,
para possibilitar a inclusão de grande parte dos artigos publicados no ano de 2009. A partir do campo
address da base, foram selecionados os artigos com um autor vinculado à UFRGS, limitado ao tipo
de publicação (artigo) e ao período (2000-2009). Para selecionar os artigos vinculados à UFRGS, foi
criada uma lista de autoridades, utilizando informações fornecidas por Vanz (2009, email pessoal),
com a forma autorizada de entrada da instituição e as formas sinônimas - não autorizadas.
A normalização de dados referente a autores e instituições, apesar de consumir tempo, é
essencial na coleta de dados em estudos bibliométricos, uma vez que não há uniformização nos
GT72126
registros das revistas e, consequentemente, na WOS (VANZ, 2009; IRIBARREN MAESTRO, 2006;
BORDONS; GÓMEZ, 2000). Ocorre também a limitação no campo de afiliação, pois a informação
contida na base nem sempre aparece completa ou da forma correta. Além disso, pode-se citar o limite
de salvamento da base, restrita a 500 registros por operação. Devido a esse motivo, a produção da
UFRGS foi coletada ano a ano, para se ter um conjunto conciso de dados por busca. Os registros foram
organizados no software MSEXCEL®, para facilitar a normalização por autor, afiliação, periódico,
assunto, idioma de publicação, ano de publicação e número de citações recebidas. Com esses dados,
foi consultado JCR, para identificar o fator de impacto (FI) das publicações e outras fontes, como o
Currículo Lattes e o banco do SABi, para dados sobre os autores.
Para viabilizar os objetivos deste estudo, atribuiu-se a contagem de um artigo a cada autor,
conforme a metodologia utilizada em outros estudos bibliométricos (VANZ, 2009; MALTRÁS
BARBA, 2003, SANZ CASADO, 1999; PACKER, MENEGHINI, 2006; ZIMBA, MUELLER,
2004). Desta maneira, o total de ocorrência de autores não reflete o total de artigos (9.250), que
geraram mais de 49.000 entradas por autor.
Desde a importação da base, em que foram encontrados 41 diferentes termos para identificar
a UFRGS, a tarefa de padronização dos registros mostrou-se complexa, tornando obrigatória a
conferência manual, em especial dos campos de autoria, afiliação e assunto. Esta amostra permite
afirmar que, desprezada a etapa de normalização dos dados, ficariam comprometidos os resultados
do estudo. Cabe destacar os problemas de grafia dos nomes das instituições, que aparecem de
diferentes formas e em mais de um idioma, como ocorreu neste trabalho, em que foram encontradas
40 entradas para identificar a UFRGS. Vanz e Stumpf (2010, p. 69) citam que “[. . .] diferentes
grafias alteram o resultado de rankings de produtividade, estudos de co-ocorrência, como co-autoria
entre pesquisadores e instituições, e como co-citação.” A normalização institui padrões, tornando os
processos de comunicação mais confiáveis, reduzindo e simplificando procedimentos. Para Mugnaini
(2006), essa tarefa consiste em “[. . .] transformar dados bibliográficos em dados bibliométricos”,
para garantir a homogeneidade e permitir a análise estatística das informações.
A fonte para informação sobre o assunto de cada artigo, adotada pelo ISI, é a classificação dos
periódicos em que os artigos foram publicados, que pode permear diversas áreas, sendo possível a
indexação em até cinco subáreas Foi realizada, então, uma aproximação entre os termos que aparecem
no campo assunto (Subject Category - SC) da WOS com as grandes áreas da tabela da CAPES/CNPq,
respeitando o caráter multidisciplinar das revistas. É comum na ciência e uma prática da pesquisa a
colaboração entre autores de campos diferentes, refletindo-se essa premissa na organização dos dados
coletados nesse estudo. Portanto, foram considerados todos os assuntos constantes nos registros,
tendo sido repetidos os que contiveram assuntos em mais de uma grande área da tabela CAPES/
CNPq. Desta maneira, o total de ocorrências não reflete o total de trabalhos representados na WOS.
Outras questões, também relacionadas à interdisciplinaridade, foram evidenciadas, recebendo
o devido tratamento, na tentativa de evitar análises enviesadas, que privilegiassem um campo em
GT72127
detrimento de outro. Maiores detalhes desses procedimentos estão contidos na tese que gerou este
trabalho (BRAMBILLA, 2011).
Classificar os trabalhos em campos apropriados é condição básica para a realização
de análises bibliométricas, como apontado por Vanz (2009), que adotou a tabela de Glänzel e
Schubert (2003) para realizar um estudo sobre colaboração entre autores brasileiros com
publicações na WOS. Para os autores, a categoria Ciências Multidisciplinares deveria ser analisada
individualmente, visto que alguns periódicos publicam artigos de diversas áreas. Esta tarefa foi
realizada, procurando dar fidelidade às análises, restando, após o desdobramento dos registros
considerados inter/multidisciplinares, 12.256 ocorrências, agrupadas segundo as grandes áreas da
tabela CAPES/CNPq. Para atingir o objetivo principal da pesquisa, três etapas operacionalizam os
objetivos específicos, descritos a seguir:
a) Primeira Etapa - Medições de Atividade: número de artigos; áreas temáticas; idioma dos
artigos; títulos de periódicos; autores mais produtivos.
b) Segunda Etapa - Medições de Impacto: número de citações; citação por área do conhecimento;
citação por periódico.
c) Terceira Etapa - Medições de Co-autoria: níveis de co-autoria; instituições e países
colaboradores.
Foram utilizadas, para verificar as características dessa produção científica, diferentes técnicas
estatísticas, como segue:
Quadro 1 - Indicadores e Análises
Análises Estatísticas
Indicadores Quantitativos
Atividade
Número de artigos / Periódicos /
Áreas / Autoria / Idioma
Evolução / Frequência e Interdisciplinaridade /
Distribuição / Dispersão
Índice de Atividade
Co-Autoria
Colaboração
Graus de Colaboração / Perfis de Colaboração
Artigos altamente citados
Visibilidade
Relação Colaboração/Citação
Citações recebidas
Citações recebidas X produção / Índice Relativo de
Citação / Índice Relativo de Não Citação
País / Instituição / Área / Periódico
Impacto
Fator de Impacto (FI) / Fator de Impacto Normalizado
(FIN) / Distribuição por quartis
Fonte: IRIBARREN MAESTRO, 2006.
O Índice de Atividade (IA) é um indicador de atividade relativa, que compara a produtividade
de uma instituição em uma área frente ao conjunto da produção:
GT72128
IA = nº documentos da área no ano /
total da produção da instituição no ano
nº de documentos da área em todo o período analisado /
total de documentos da instituição em todo o período e em todas as áreas
A metodologia foi proposta por Iribarren Maestro (2006), para calcular o esforço global de cada
área ao longo dos tempos, ao comparar o que produz uma área num ano com o total do período. Com este
índice, é possível verificar a temática observada e prever a temática esperada, para observar a tendência
de crescimento constante ou negativa ou a área que concentrou esforços no ano. Entretanto, são avaliadas
apenas as áreas com produção acima de nove por cento (9%) do total, pois campos que não tem a mesma
tradição de pesquisa costumam apresentar picos em certos períodos, devido, possivelmente, à inclusão
retrospectiva de novos títulos na WOS. Isso acontece, principalmente, no âmbito das Ciências Humanas,
Sociais Aplicadas, Lingüística, Letras e Artes, que não tem a mesma representação na WOS em relação às
demais ciências. Outro indicador, o número de citações, mede o impacto de uma determinada publicação.
Nesse estudo, se calcula as citações recebidas pelos artigos cujos autores são afiliados à UFRGS, para
verificar o índice relativo de citação (IRC) e o índice relativo de não citação(IRNC):
IRC = número de citação por documento de cada área
número de documentos da UFRGS
IRNC = percentual de documentos não citados por área
percentual de documentos citados da UFRGS
A análise de citações costuma estar relacionada ainda com o Fator de Impacto (FI). Como este
trabalho pretende avaliar áreas temáticas, não seria viável, devido à variação dos hábitos de citação
existentes entre as disciplinas científicas, uma simples comparação dos FIs dos periódicos. Por esse
motivo, os valores foram contabilizados por área, sem a preocupação com o FI total da UFRGS, para
poder analisar o impacto de cada área e a distribuição das publicações em quartis, obtidos ao dividir
a lista de periódicos, ordenada do maior ao menor FI de cada temática, em quatro partes iguais, para
saber a posição da revista em relação às demais da mesma temática.
As medições de co-autoria verificaram os níveis de autoria única e múltipla nos trabalhos
publicados pela UFRGS. A colaboração foi medida nos sete artigos mais citados, com análise
descritiva sobre as instituições e países colaboradores, nos moldes do artigo publicado por Meneghini
e Packer (2006), que identificaram os autores brasileiros mais citados, considerando estes trabalhos
os núcleos de excelência da ciência brasileira.
As limitações relativas ao tratamento de dados da pesquisa dizem respeito às restrições
impostas pelo uso de indicadores bibliométricos para medir a ciência produzida em uma instituição.
Segundo Rousseau (2001), a comparação entre diferentes grupos de pesquisa pode não ter significado,
pois os hábitos de publicação variam entre campos e áreas. Os indicadores, para o autor, teriam como
GT72129
objetivo tornar a pesquisa visível e analisável. Uma das limitações mais importantes foi o número de
trabalhos da UFRGS representados na WOS. Obviamente, não se poderia esperar que a maior parte
da produção da universidade fosse visível na base, ou que as áreas fossem igualmente representadas.
Entretanto, sabe-se que os resultados vão evidenciar áreas como as Ciências Exatas e da Saúde, por
exemplo, que terão maior visibilidade do que as Ciências Sociais e Humanas. Essa limitação natural
reflete a prática dos cientistas, mas, de certa forma, pode influenciar nas análises, exigindo cuidado
para não resultar em avaliações equivocadas.
Com base nesses aspectos, foi composta a primeira amostra com 9.250 artigos, que embasaram
a análise geral em termos de atividade, impacto e co-autoria. Após, foi formada a segunda amostra, com
12.257 ocorrências, para dar suporte à analise das áreas, pelo desdobramento dos artigos classificados
pela tabela da CAPES/CNPq, cujas categorias foram denominadas: CA, para as Ciências Agrárias;
CB, para as Ciências Biológicas; CET, para as Ciências Exatas e da Terra; CH, para as Ciências
Humanas; CS, para as Ciências da Saúde; CSA, para as Ciências Sociais Aplicadas; E, para as
Engenharias; LLA, para Letras, Linguística e Artes; e M, para a área Multidisciplinar. Foram também
formadas amostras pelo desdobramento dos autores de cada artigo (49.613 ocorrências); 2.194 títulos
de periódicos; e 6.941 artigos citados.
4 RESULTADOS PRINCIPAIS
Pode-se considerar que a produção da UFRGS representada na WOS, nos dez anos da análise,
aumentou consideravelmente, já que em 2000 eram 512 artigos e, no final do período, 9.250. A taxa
de crescimento anual foi significativa, sendo de 3,32 em 2001, 21,17 em 2002, 10,14 em 2003, 13,45
em 2004, 11,18 em 2005, 11,38 em 2006, 25,25 em 2007, 14,8 em 2008 e 3,55 em 2009 e média de
12,69 ao ano, como mostra a figura 1:
Figura 1 – Representação da Produção da UFRGS na WOS – 2000/2009
2500
25,25
2000
21,17
1500
13,46
11,86
10,14
1000
500
529
512
706
641
14,64 1486
11,38
801
896
1250
1433
998
3,70
3,32
0
2000
2001
2002
2003
Ano de Publicação
2004
2005
Nº de Artigos
GT72130
2006
2007
2008
2009
Taxa de Crescimento Anual
Nas primeiras análises, utilizando Medidas de Atividade, foi calculado o Índice de Atividade
entre as áreas (figura 2). Verificou-se que as Ciências Exatas e da Terra apresentaram alto índice no
início do período, com ápice em 2001, decaindo ao longo dos anos. As Ciências Agrárias tiveram
o maior crescimento, tendendo fortemente para o aumento de atividade ao longo do período.
Engenharias também acompanharam essa tendência, em patamares levemente inferiores. As demais
áreas temáticas variaram pouco em torno da média. O ano de 2009 não deve ser considerado em iguais
condições ao restante do período, uma vez que o número de artigos desse ano pode ter aumentado
após a coleta dos dados (março de 2010).
Figura 2 – Índice de Atividade das Áreas do Conhecimento
Índice de Atividade
1,6
IACB
1,2
IACET
0,8
IACS
IACA
0,4
0
2000
IAE
2002
2004
2006
2008
2010 Ano de
Publicação
Em relação à produtividade, as áreas apresentaram os seguintes resultados: Ciências Biológicas,
com 28%, Ciências Exatas e da Terra, 23% e Ciências da Saúde (23%) detêm a maior produção em
valores absolutos, sendo responsáveis por mais de 74% do total da UFRGS. As Ciências Agrárias
aparecem na seqüência, com 10%. A somatória dos artigos publicados nas demais áreas é de 16%. O
idioma principal de publicação d foi o inglês, com 90% das ocorrências. Os autores utilizaram 2.097
periódicos estrangeiros (95%) e 97 nacionais (5%) para publicação dos artigos.
Foram, em seguida, analisados os 59 títulos de periódicos de preferência dos autores, que
publicaram pelo menos 30 artigos em cada área, sendo estes, então, considerados os principais veículos
de divulgação da ciência produzida na universidade. Foram 16 títulos nacionais e 43 estrangeiros.
Dos 3.998 artigos, após o desdobramento dos artigos em áreas, evidenciou-se, na figura 3, que:
1.417 (35%) estão publicados em periódicos nacionais e 1.164 (29%) em títulos norte-americanos,
compondo mais de 60% do total da preferência dos autores da UFRGS. Os demais artigos estão
distribuídos em revistas de seis países europeus, liderados pela Holanda (17%), seguindo a Inglaterra,
com 12%, França (3%), Suíça (2%), Irlanda e Alemanha (1% cada). Traçando um paralelo com a
análise do idioma preferido para publicação, o inglês apareceu em 89% dos artigos produzidos e 99%
dos artigos citados. O Fator de Impacto médio das publicações foi 2,510 e apenas dois periódicos,
ambos nacionais, não apresentaram impacto: “Ciência Rural”, e “Acta Scientiae Veterinariae, das
Ciências Agrárias.
GT72131
Figura 3 - Procedência dos Periódicos da Amostra
69
45
119
34
480
Brasil
EUA
1417
Holanda
Inglaterra
670
França
Suiça
Irlanda
Alemanha
1164
Para analisar os autores da UFRGS mais produtivos na WOS no período (2000-2009), os
9.250 artigos coletados, foram desdobrados por autor, gerando 16.068 entradas autorais e 47.645
registros. A figura 4 apresenta, por categorias, a quantidade de artigos por autor:
Figura 4 – Número de Artigos por Autor
210
1 1%
101 a 179 2,80%
1359
11 a 100
32,80%
2 a 10
44,50%
1
19,20%
0
15635
21210
9171
5000
10000
Nº de Artigos
15000
20000
25000
%
Observa-se que 9.171 autores (19,2%), aparecem com apenas um artigo na WOS. A segunda
categoria é a mais representativa, com 21.210 autores (44,5%) que publicaram de dois a dez
trabalhos, seguida da classe “11 a 100 artigos”, com 15.635 autores (32,8%). Na ordem inversa, 1.359
autores (2,8%) publicaram mais de 100 artigos e um pesquisador (menos de 1%), tem 210 artigos
GT72132
representados. A média de artigos por autor foi 2,9 (valor central (mediana) = 1), o que novamente
revela alto índice de autores com baixo número de artigos publicados (máximo = 210 e mínimo =
1).
Os autores que apresentaram pelo menos 30 artigos na WOS aparecem com 5.810 trabalhos.
Destes, 2.268 são de 40 pesquisadores da área CB, 1.979 são de 36 autores nas CET, 564 foram
produzidos por 13 autores das CS, 542 artigos por 11 autores das CA, 50 são de um pesquisador da
UFRGS das Engenharias (E) e 407 foram produzidos na área interdisciplinar “CBCS”. Os resultados
seguem a tendência das demais análises desse estudo, em que as Ciências Biológicas e as Ciências
Exatas e da Terra aparecem com a maior representação da produção científica da UFRGS na WOS.
Os 10 autores com maior número de artigos estão dispostos no quadro 2, abaixo:
Quadro 2 – Autores mais Produtivos da UFRGS na WOS (2000-2009)
Nome do Autor
Nº Artigos
Área
1 Wajner, Moacir
210
CB
2 Souza, Diogo Onofre Gomes de
179
CET
3 Wyse, Angela Terezinha de Souza
172
CET
4 Wannmacher, Clovis Milton Duval
123
CET
5 Fonseca Moreira, Jose Claudio
114
CB
6 Bica, Eduardo Luiz Damiani
112
CET
7 Dutra Filho, Carlos Severo
110
CB
8 Giugliani, Roberto
106
CB CS
9 Pegas Henriques, Joao Antonio
102
CB
101
CB
10 Sarkis, Joao Jose de Freitas
Fonte: da pesquisa
Pelas Medidas de Impacto, verificou-se que, dos 9.250 artigos da UFRGS representados na
WOS (2000-2009), 6.937 (74,9%) foram citados. No período da pesquisa, houve 66.738 citações
a trabalhos da UFRGS. Os resultados sobre o fator de impacto de 36 periódicos com mais de 100
citações cada, revelou, no 1º quartil, que agrupou os títulos de maior impacto, 11 títulos. Os 2º e 3º
quartis apresentaram 10 títulos e o 3º quartil é o menos representativo, com cinco revistas. Entretanto,
no 4º quartil, que agrupa os periódicos com menor FI, está o maior nº de citações (9.341). Observouse também que as Ciências Exatas e da Terra (CET) apareceram com o maior percentual de citações
recebidas (33,19%), seguida pelas Ciências Biológicas (CB) e Ciências da Saúde (CS).
Pelas medidas de co-autoria, foi identificado o principal nível de colaboração, com 2 a
10 autores produzindo um trabalho. Também foi possível inferir que, na maior parte (97,8%), os
artigos são publicados por mais de um autor, sendo a colaboração uma preferência e um padrão
na comunicação da ciência na atualidade. Nas duas pontas, autores únicos publicaram 204 artigos
(2,2%) e 417 autores (-1%) colaboraram para a produção de um único trabalho.
GT72133
Tabela 1 – Níveis de Co-autoria nos artigos da UFRGS
representados na WOS (2000-2009)
Número de Autores
Nº Artigos
1
%
204
2,2
2 a 10
8665
93,7
11 a 20
317
3,4
21 a 30
33
0,4
31 a 50
18
0,2
51 a 100 9
0,1
mais de 100
1
0,0
Total
9250
Fonte: da pesquisa
100
A tabela 1 permite que se identifique o principal nível de co-autoria, com 2 a 10 autores
trabalhando em colaboração na produção científica (93,7%). Também é possível inferir que, na
maior parte (97,8%), os artigos são publicados por mais de um autor, sendo essa uma preferência
e um padrão na comunicação da ciência na atualidade. Nas duas pontas, 204 artigos (2,2%) foram
publicados em autoria única e 417 autores colaboraram para a produção de um único trabalho, cuja
análise virá no próximo subitem.
O artigo com maior número de autores foi classificado na área Multidisciplinar, por ter
sido publicado na revista “Nature”. No grupo mais forte, de 2 a 10 autores, as Ciências Biológicas
apresentaram o maior grau de colaboração, seguidas pelas Ciências Exatas e da Terra, das Ciências
da Saúde. As Ciências Exatas e da Terra apresentaram o maior número de trabalhos escrito em autoria
única. As Ciências Humanas e as Ciências Sociais Aplicadas, apesar dos hábitos diferenciados em
comunicação científica, seguiram a mesma tendência, com maior número de artigos publicados em
multi-autoria. Lingüística, Letras e Artes foram a área de exceção pois, como indica a literatura,
costumam preferir o livro como canal preferencial de publicação.
Sete artigos foram altamente citados, com mais de 300 citações cada, sendo três das Ciências
Exatas e da Terra, três das Ciências da Saúde e um da área Multidisciplinar. Todos foram escritos no
idioma inglês, em co-autoria, seis com colaboração internacional e todos publicados em periódicos
de alto impacto. Em relação à análise sobre colaboração, realizada nestes sete artigos, foi apontado
que a produção científica dos autores vinculados à UFRGS com maior visibilidade acompanha
as tendências da pesquisa científica nacional. Todos os artigos foram publicados em inglês, em
colaboração, em periódicos estrangeiros de alto impacto e com grande número de citações recebidas
(≤ 300), tendo, portanto, visibilidade internacional. Sobre isto, cabe inferir que a UFRGS participa de
grupos mundiais de pesquisa, que reúnem os cientistas e instituições mais importantes e conceituados
GT72134
na atualidade, mesmo que isto tenha sido mostrado por vias indiretas, uma vez que o tamanho da
amostra não permite maiores generalizações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, foram abordados os resultados principais da pesquisa, que permitiram avaliar
a visibilidade da produção científica de autores vinculados à UFRGS representados na WOS no
período da análise. O detalhamento dos resultados obtidos será posteriormente apresentado em outras
publicações.
Pode-se concluir, preliminarmente, que os artigos da UFRGS são, na maioria, feitos em coautoria, registrados em inglês e em periódicos nacionais e estrangeiros de impacto, sendo esta a
produção com maior visibilidade. Além disso, as áreas do conhecimento têm grande influência sobre o
número de citações que os artigos recebem de outros autores. Cabe à Universidade, portanto, incentivar
a colaboração e a troca de experiências entre os seus pesquisadores e os de outras instituições e países,
em todos os campos, apesar dos padrões diferenciados de produção e de comunicação da ciência.
Neste âmbito, as diferenças refletem maneiras diferentes de fazer pesquisa. No estudo, a análise
dos dados revelou padrões e comportamentos da ciência produzida na UFRGS e tornou possível a
visualização dos núcleos preferenciais de cada área, verificados pelas Medidas de Atividade, Impacto
e Co-autoria.
A pesquisa mostrou-se complexa, pois a UFRGS é uma Universidade que abrange todas as
áreas do conhecimento e, além disso, apresenta alto índice de interdisciplinaridade entre elas. O
estudo, portanto, não é conclusivo, pois diversos enfoques ainda devem ser explorados, para que se
conheçam outras facetas desta produção científica, abrindo fronteiras que devem ser exploradas e
debatidas continuamente.
Uma das principais recomendações diz respeito ao escopo do trabalho. Poucos estudos já
foram realizados sobre a produção científica de universidades brasileiras. Seria importante, utilizando
as medidas de atividade, impacto e co-autoria, testar novamente a metodologia deste estudo.
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GT72137
COMUNICAÇÃO ORAL
A DOCUMENTALIDADE DAS CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Marcia Regina Silva, Solange Puntel Mostafa
Resumo: A bibliometria agrega aportes sócio-cognitivos e se apresenta de maneira mais contextualizada, no qual a rede de associações implica aspectos até políticos na constituição do saber. De uma
simples contabilidade de documentos que chamávamos bibliometria, passamos a entender as referências bibliográficas como distribuídas em redes, como corpus de análises. O objetivo desta pesquisa é
refletir sobre as citações bibliográficas no contexto da Documentação. Partimos de Bernd Frohmann
para a compreensão do conceito de “Documentalidade” e discutimos termos da literatura recente,
como a neobibliometria e a neodocumentação. Sob o prisma filosófico, aproximamos nossa análise a
de Deleuze e Guattari para afirmar que as citações portam uma documentalidade, isto é, uma potência, um virtus, ou mesmo uma força informativa.
Palavras-chave: Citações Bibliográficas. Documentalidade. Neobibliometria. Aspectos filosóficos.
1 INTRODUÇÃO
A bibliometria nasceu com o surgimento dos bancos de dados na década de 70; como o
caldo cultural embasa o movimento das epistemologias, a bibliometria também passou, na década
de 80, por um recrudescimento trazido talvez pelo conteudismo que também atingiu a Ciência da
Informação; nos anos 90 ganhou novo fôlego com o surgimento de áreas gerenciais como Gestão de
Ciência e Tecnologia, Inteligência Competitiva e Gestão do Conhecimento, mas o fato é que, com
uma metodologia própria da política científica, desenvolveu nesses 30 anos o seu próprio aparato
técnico-científico como dicionários, conferências internacionais e periódicos especializados.
Há também departamentos de Bibliometria em centros de documentação científica e tecnológica
como no caso espanhol (http://www.cindoc.csic.es/info/ biliometcyt.html) onde a literatura científica
e tecnológica é analisada, resumida, indexada, enfim, ‘tratada’ em formas compendiadoras como
catálogos, listas ou diretórios. Nada disso é simples: as avaliações de periódicos científicos que estamos
vivenciando no Brasil nas várias áreas de conhecimento é um exemplo da complexidade que envolve
o ‘tratamento’ da literatura científica e tecnológica. A base de dados Scielo é talvez um exemplo desta
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complexidade, uma vez que sua função não é apenas a disponibilização de texto completo das revistas
nacionais, mas, e como conseqüência, a geração automática do índice (nacional) de citações.
Os estudos métricos da informação vêm ganhando adeptos nas diversas áreas do conhecimento.
O interesse por esses estudos está calcado, principalmente, na necessidade do campo científico em
medir e caracterizar a produtividade científica. Embora os estudos métricos da informação estejam
associados ao campo da Ciência da Informação, seu desenvolvimento se deu nas diversas áreas do
conhecimento (SILVA; HAYASHI, 2011).
Ainda conforme Silva, Hayashi e Hayashi (2011, p. 121),
as análises da produção científica, muitas vezes, ultrapassam as dimensões quantitativas,
associando os resultados da pesquisa aos pesquisadores e aos conhecimentos e inovações que
eles produzem, e com isso sendo objeto de interesse de governos e países para orientar suas
políticas científicas e tecnológicas.
Observamos assim, que há demanda crescente para estudos dessa natureza. As principais bases
de dados internacionais, por exemplo, a Web of Science e Scopus, apresentam, instantaneamente, com
base nas estratégias de pesquisas utilizadas pelos usuários, indicadores bibliométricos dos resultados
obtidos. Indicam, por exemplo, a freqüência de um assunto determinado em relação aos autores, a
freqüência de artigos por anos de publicação, etc. As análises bibliométricas também se tornaram
instrumento de avaliação para as agências de fomentos obterem indicadores sobre programas de pósgraduação, pesquisadores individuais ou grupos de pesquisa, entre outros (SILVA; HAYASHI, 2011).
Se observamos uma demanda crescente para os estudos bibliométricos, também é verdade que
a bibliometria, hoje, agrega aportes sócio-cognitivos e se apresenta de maneira mais contextualizada,
onde a rede de associações implica aspectos até políticos na constituição do saber. Esta rede hoje é
percebida de maneira mais rica do que percebíamos na década de setenta ou oitenta.
De uma simples contabilidade de documentos que chamávamos bibliometria, passamos a
entender as referências bibliográficas como distribuídas em redes; se olhadas por um prisma mais
humanista diríamos que as referencias de um texto configuram uma zona de desenvolvimento
proximal ZDP, no importante conceito vigotiskiano (RYDER, 2003). Em que pese o autor entender a
organização das citações na web, como práticas de comunidades anônimas; ao usar um conceito tão
humanista como o de ZDP o autor não dispensa a teoria da atividade para migrar para posturas menos
humanistas.
De fato, no seu relato há a constatação, de que ele transformou páginas da web relacionadas aos
seus textos online, em listas bibliográficas de utilidade de qualquer internauta. Processos automáticos
configurando práticas de comunidades anônimas. Da mesma maneira, o documento antes visto como
prova do mundo dos objetos e dos processos científicos (as evidências de Suzanne Briet), hoje é visto
como rede de saber-poder. Algo mudou neste início de século e para melhor.
Para além das discussões e polêmicas que costumam cercar os métodos quantitativos, esclarecese que a análise bibliométrica, embora seja associada à ciência da ciência se funda também em
GT72139
análises qualitativas, como as que foram desenvolvidas pelas correntes mais recentes da antropologia
ou da história social das ciências. As estatísticas não constituem um fim em si, mas são mobilizadas
para analisar a dimensão coletiva da atividade de pesquisa e o processo dinâmico da construção de
conhecimentos (SILVA, 2004).
Assim, vários exemplos estão sendo desenvolvidos em vertentes mais epistemológicas
configurando a neobibliometria, como os desenvolvidos por Mostafa e Máximo (2002; 2003) ou
Sacardo e Hayashi (2010). No primeiro, as referencias de trabalhos apresentados aos congressos de
duas associações científicas, são a base para o delineamento de correntes epistemológicas atuando na
área analisada. Já o segundo, investiga por meio da produção científica as tendências epistemológicas
predominantes das pesquisas em Educação Física desenvolvidas nos Programas de Pós-Graduação
em Educação e Educação Física da região centro-oeste do Brasil.
Nesses casos, é mister que o pesquisador se aproprie de bases conceituais epistemológicas
mínimas, a fim de cruzar a teoria com os dados analisados. Por exemplo, abordagens humanistas
na educação são maneiras mais apaziguadoras de interpretar os fenômenos educacionais do que
abordagens sócio-históricas, essas tidas como mais críticas das realidades sociais; e abordagens póscríticas na educação envolvem outras categorias não compreendidas por aquelas, como etnia, raça,
religiosidade, gênero ou sexualidade, todas particularidades que, embora sejam histórico-culturais,
mobilizam literatura e autores de outras formações dircursivas, que não somente as determinações
econômico-sociais.
Ora, cada abordagem identificada no estudo das citações bibliográficas de áreas do
conhecimento irá mobilizar um conjunto de autores específicos, visíveis num acúmulo bibliométrico,
a tal ponto que elas foram consideradas citações epistemológicas em Mostafa (2002), na identificação
de três grandes correntes como humanismo educacional, criticismo e pós-criticismo.
O conjunto de citações pode ser visto como uma rede de relações. O estudo dessas redes
permite o desenvolvimento de indicadores que podem revelar padrões e características de um grupo.
Segundo Alvarenga (1998, p. 2),
por privilegiar os discursos publicados, os resultados de estudos bibliométricos no que tange
especialmente à quantificação da literatura publicada e ao mapeamento da rede de relações
estabelecida entre autores e textos, por meio das citações, podem se constituir em insumos
empíricos da maior importância para que se evidenciem ângulos peculiares do processo
de produção de conhecimentos, ensejando o desenvolvimento de posteriores análises de
natureza qualitativa.
O sociólogo francês Pierre Bourdieu (1983), a partir de seus conceitos de campo e capital
científico relaciona as citações bibliográficas a uma forma de capital científico. Segundo Bourdieu,
essa relação surge a partir do momento em que se observa que toda a produção científica delineia
uma relação bibliográfica, a qual expressa sua fundamentação em conceitos, métodos e teorias
potencialmente validadas no campo de estudos específico, além de contextualizar a obra dentro desse
espaço.
GT72140
Romancini (2010, p. 22), declara que
o entendimento da citação como indicador de impacto, influência o desempenho de um
pesquisador, instituição ou país (a unidade da análise), é a principal proposta prática da
junção entre os cientistas da informação, interessados na mensuração e análise das citações,
e a sociologia da ciência de Merton, Solla Price e outros.
Observamos que o estudo das citações bibliográficas seja de interesse de diversos campos
científicos, trata-se de um tema recorrente na literatura. Embora haja diversos prismas de análises, o
objetivo desta pesquisa é refletir sobre as citações bibliográficas no contexto da Documentação. Para
alcançar este propósito, faremos considerações filosóficas a respeito do conceito de neodocumentação
e de neobibliometria.
2 NEOBIBLIOMETRIA E NEODOCUMENTAÇÃO
Iremos apresentar nesta oportunidade, uma nova visão da bibliometria, aquela em que ela pode
ser pensada no contexto da neodocumentação. A adoção do termo neobibliometria trata-se, a nosso
ver, da evolução dos estudos teóricos no campo da bibliometria. Conforme assinalaram Noronha e
Maricato (2008), os estudos teóricos nessa área são de extrema importância para a interpretação dos
dados coletados, das metodologias e das tecnologias de informação e comunicação, amplia o universo
dos estudos métricos e, sobretudo, proporciona o surgimento de novas abordagens e das variáveis
possíveis de serem analisadas.
Falaremos então da neobibliometria. Os dois termos, neobibliometria e neodocumentação,
são novos e como qualquer novo conceito, há premissas e conseqüências em ambos: neobibliometria
é neologismo utilizado pelo pesquisador peruano Alberto Quintana Peña (1996, 2006) em que o
autor agrega outros métodos para a análise dos dados e não apenas os apresenta, em estado bruto. A
neodocumentação é o neologismo sugerido por Gonzalez de Gomez (2009) para expor os trabalhos de
Frohmann, este autor canadense, que ao lado de Buckland, Rayward e Day podem ser considerados os
neodocumentalistas americanos; mas do lado europeu, observa-se maior permanência na centralidade
do documento em países como França ou Espanha, conforme a historiografia da área informacional
apresentada por Ortega e Lara (2008) e referida por Freitas (2009).
Mas como aponta Freitas (2009), os movimentos de retomadas não são homogêneos em suas
abordagens e propósitos, havendo mesmo cisão entre abordagens mais pragmáticas e outras mais
filosóficas. As primeiras apenas sistematizam os objetos considerados como documentos, enquanto
as filosóficas investigam o processo material de produção da documentação, no sentido de perguntar
como tais ou quais objetos se transformaram em documentos. Pois os documentos não caem do céu
prontos: eles precisam ser criados, no sentido forte de invenção. Assim, exploraremos o conceito
filosófico de documentalidade em Frohamann, tal como ele se apresenta em sua conferência na
Universidade da Carolina do Norte (2009), disponível em sua página de internet no formato áudio.
GT72141
Trata-se do conceito filosófico de documentalidade. O autor mobiliza pensamentos de vários filósofos
que o antecedem, dos quais podemos citar Suzanne Briet, Gilles Deleuze, Bruno Latour e Manoel De
Landa.
Agenciado com esses intercessores, Frohmann apresenta o seu conceito de documentalidade.
E vemos nele todas as características de um conceito filosófico capaz de movimentar o mundo da
Ciência da Informação. Temos enfatizado, em várias oportunidades, a importância dos conceitos
filosóficos e o que o diferencia dos conceitos da ciência. Filosofar sobre a Ciência da Informação é
para nós, criar conceitos filosóficos, na nova imagem de pensamento trazida por Deleuze e Guattari,
diferentemente do que atuar no plano referencial desta ciência.
Deleuze e Guattari abrem o livro O que é filosofia? com um primeiro capítulo intitulado O que
é um conceito? Não é por acaso que vão tratar de conceitos no primeiro capítulo; é porque o conceito
como ideia filosófica é todo o negócio da filosofia. Sempre foi, desde que a filosofia se instaura entre
os gregos. Então falar de conceitos é falar de filosofia. A novidade trazida neste livro, é que, para
conceituar, são necessárias várias condições diferentes daquelas já ensinadas em manuais de filosofia.
Na imagem de pensamento que estamos trazendo, a filosofia não é uma reflexão que fazemos
da vida ou dos processos societários quaisquer que sejam. A maior novidade é o aspecto de antevisão
que os conceitos promovem em contraposição à reflexão ou à compreensão do vivido trazidas pelas
ciências referenciais como sociologia, antropologia ou psicologia
A filosofia é criação. Mas não a simples arte de inventar conceitos. Não se inventa conceitos
do nada. Antes, esta invenção tem pressupostos e é esta visitação de pressupostos tipificam o conceito
como ideia filosófica. Não é qualquer coisa que dizemos que são conceitos filosóficos. Todos os
substantivos de uma língua, por exemplo, professor, aluno ou escola, não constituem conceitos
filosóficos. Pois os conceitos filosóficos são mais revolucionários que os substantivos de uma língua
com os quais nomeamos o mundo.
Não somente porque na filosofia de Deleuze e Guattari, os conceitos apontam para coisas
singulares e não para o geral como supõe os substantivos de uma língua, mas, ainda e principalmente,
porque não há conceitos simples, como Deleuze e Guattari (1996, p. 27) explicam já na primeira frase
do capítulo: “Todo conceito tem componentes, e se define por eles”. Com esta constatação de que o
conceito filosófico possui componentes (no plural) os autores desenvolvem vários exemplos numa
espécie de pedagogia do conceito.
Já que filosofar, para os autores, é um movimento perpétuo de reconceituar a existência e para
isso, é necessário explicitar aos problemas que os conceitos novos estão resolvendo. O que implica
relançar ou modificar conceitos antigos. Isto só é possível ascendendo ou voltando aos problemas
implícitos nos conceitos filosóficos já criados em outros tempos e em outros planos. Portanto, se é
verdade que a filosofia não é o mesmo que a história da filosofia, uma vez que a filosofia olha sempre
para frente, comprometida que está com a antevisão de novos mundos e de novas formas de vida,
também é verdade que ninguém sai filosofando sem conhecer o que os filósofos já pensaram antes de
GT72142
nós. Pois como nos explicam os autores, se os conceitos são criados, eles jamais são criados do nada.
Assim, Frohmann apresenta o conceito de Documentalidade ligado a quatro propriedades,
a saber: funcionalidade, contingência, complexidade e agência (ou agenciamento). Os documentos
funcionam e fazem acontecer coisas e processos; os documentos são produzidos em circunstanciais
específicas e de forma alguma, essas circunstâncias são simples: é a complexidade das relações sociais
que os fazem nascer, permanecer ou desaparecer. Por isso, a necessidade de acompanhá-los e apanhálos em suas redes de ambulantes, se quisermos conhecê-los para além de suas formas e tipologias.
Frohmann abre a conferência retomando a materialidade da documentação, posição que lhe é
peculiar, na recusa ao mentalismo informacional ao se dizer interessado nos documentos: o que são
os documentos, o que fazem, como acontecem e como funcionam. Recusa a noção de documentos
como meros suportes informacionais ou como veículos de comunicação. Interessa-lhe explorar a
documentação e os documentos como agenciamentos heterogêneos ou ainda associações complexas,
contingentes e, sobretudo heterogêneas (documentos podem ser papéis, mas há sempre pessoas,
processos e coisas em volta dos papéis) e afinal, os papéis ou as ideias referem-se às coisas do mundo.
Documentos são então potencialmente, tudo o que existe no mundo. Pois tudo suscinta
informação. Dissemos potencialmente porque nem tudo o que existe irá se transformar em documento.
O conceito de agenciamento interessa, então, a Frohmann, por se prestar muito bem para explicar o
que acontece com as coisas que se “transformam” em documentos.
Tanto para Foucault quanto para Deleuze o conceito de agenciamento importa: em Foucault,
são os dispositivos que precisam ter uma existência material. Para Deleuze e Guattari, a materialidade
se traduz em agenciar: a linguagem agencia fluxos e devires. A linguagem não é apanágio apenas
dos seres humanos e ela percorre homens, plantas e animais. Quem se expressa na linguagem é uma
máquina de expressão. A expressão é uma máquina semiótica coletiva que enuncia. Uma máquina
abstrata. E o conteúdo expresso pela máquina de expressão é uma prática, um regime de corpos e
opera modificações no mundo exterior, o conteúdo age no mundo, dando visibilidade ao mundo.
Os agenciamentos são conjuntos de vizinhança homem-utensílio-animal-coisa. Os
agenciamentos são invenções, são culturas, são “idades” da história, são quadros, são livros,
são encontros, no belo dizer de Eliana Pougy (2006). Queremos também dizer que as citações
bibliográficas configuram agenciamentos, encontros. O agenciamento é uma das propriedades do
conceito de documentalidade, assim como Frohamann no-lo apresenta. Vejamos como: a conferência
de Frohmann leva-nos diretamente ao antílope de Suzanne Briet, uma das primeiras intercessoras
do autor, nesta palestra chamada A documentalidade do antílope da madame Briet. Suzanne Briet
escreve o seu famoso texto O que é a documentação em 1951, mas apenas na década de noventa, após
quarenta anos de existência é que seu texto foi traduzido para o inglês.
Pois bem: por que então o antílope da madame Briet porta documentalidade? E o que isto quer
dizer? Segundo Briet os objetos e as coisas podem mostrar sua documentalidade na medida em que
são relacionadas ou associadas a outras e por alguém ou por grupos e instituições. Ao mesmo tempo
GT72143
em que Briet amplia a noção de documento, ela também o contingencia em situações determinadas.
Nem tudo é documento (secundário) e os documentalistas não vão catalogar ou indexar todos os
objetos do mundo. É preciso fazer uma seleção. O documento então vai além de papéis, livros ou
revistas, podendo ser objetos em circunstancias determinadas, mas o mais importante é que serve de
evidência aos fatos científicos.
Frohmann toma de Briet o antílope, as fotos e tudo o mais o que se disse sobre ele, para
entender como o antílope se transformou em documento. Frohmann segue os passos de madame
Briet e os passos do antílope, entendendo que assim irá motivar a associação entre documentalidade
e agenciamento. Tomando de Latour (2008) a não separação entre qualidades primárias e secundárias
das coisas, Frohmann entende a documentalidade como uma propriedade das coisas, de tal maneira
não ser possível separar o antílope, em sua forma material, de suas qualidades supostamente
secundárias, como cor, cheiro ou textura. Para a sua análise, objetos portam documentalidade, na
medida em que suscitam informação. Mas esta informação não está dada; ela será criada no interior
de um agenciamento maquínico compreendendo elementos heterogêneos de humanos e não humanos,
configurando uma rede de associações. A diferença desta compreensão para a compreensão original
de Susanne Briet, é que aqui, o agenciamento é analisado como uma rede saber-poder. Enquanto lá,
tratava-se de variação na tipologia documentária (filmes, vídeos, palestras sobre o antílope) para fins
de evidência científica.
Ao problematizar a divisão do empirismo setecentista entre qualidades primárias e secundárias
das coisas e objetos, o autor problematiza também as noções de documentos primários como sendo os
artigos científicos das revistas acadêmicas. Problematiza também a noção de documentos secundários,
como índices, catálogos ou base de dados para ampliar o escopo do trabalho documentário, dotando-o
de densidade política e ética. Pois como teorizamos em outra oportunidade, os catálogos são
dispositivos de interpelação (MOSTAFA; MÁXIMO, 2003 ), para o bem ou para o mal.
Frohmann quer explicar como, a partir do antílope da madame Briet, há um mundo grávido
de virtualidades documentárias. A documentalidade como conceito filosófico expressa esse mundo
de virtualidades documentárias. Pois todo objeto é virtualmente um documento. Mas sua atualização
depende de coordenadas espaço-temporais, as mais diversas. Documentalidade como um conceito
filosófico se encarna nas coisas, mas não se confunde com elas. O conceito é um incorporal, dizem
Deleuze e Guattari: embora se encarne ou se efetue nos corpos, não se confunde com o estado de
coisas no qual se efetua.
Os conceitos filosóficos não tem coordenadas espaço-temporais, mas apenas ordenadas
intensivas. Frohmann entende que, ao criarmos documentos e nos reunirmos em torno deles, para
analisá-los, disputá-los, refutá-los ou tê-los como aliados, temos que também criar os conceitos para
articular essas relações. Assim, o autor oferece o conceito filosófico de documentalidade para resolver
problemas no campo da documentação. O curioso é que Bernd Frohmann é um autor reconhecido
na defesa da materialidade da informação (2008). Os exemplos de que lança mão para combater
GT72144
o mentalismo informacional são sempre advindos de processos sociais irrefutáveis, como alguns
frenesis documentários percebidos em épocas de crise, como o controle dos dissidentes políticos na
Alemanha pré-nazista ou o processo documentário usado no apartheid sul-africano. Todos exemplos
do papel da documentação na estabilidade da informação; o autor volta-se também, em oportunidades
anteriores, para o paper de ciência, especificamente (FROHMANN, 1998). Ultimamente tem apontado
também os efeitos sociais dos enunciados eletrônicos configurando um novo tipo de documentação,
no mercado de ações, todos tipos de agenciamentos maquínicos, os quais não envolvem a consciência
humana. Por isso a noção de agenciamento interessa tanto a este autor.
Nesta conferencia sobre a documentalildade, o percurso experimentado pelo autor parece ser
o inverso dos apontados nos exemplos acima. Ele foi do atual (o antílope na savana) ao virtual, àquilo
que, estaria atuando como uma força, um virtus, isto é, a documentalidade do antílope. O conceito
filosófico é sempre um virtual, um acontecimento. O virtual é a insistência do que não é dado. Mas
isto não significa obscurantismo, transcendência ou ainda existência psicológica. É que o dado puro,
está intimamente conectado com o virtual.
Entre a ciência e a filosofia há uma diferença básica de concepção: a ciência volta-se para
o empírico, também chamado estado de coisas enquanto que a filosofia basta-se com o imaterial, o
incorporal, aquilo que não se efetua num estado de coisas e que não se confunde com as coisas.
O acontecimento está na ordem de um tempo que não se espacializa, um tempo intensivo, um
entretempo, pois o acontecimento não é o que acontece, mas é o efeito do que acontece, vapor que
sai do estado das coisas. Dizem Deleuze e Guattari que o entre-tempo é um tempo morto, aí onde
não se passa nada, uma expectativa, uma espécie de reserva. Este tempo morto não vem depois do
que acontece, ele coexiste com o instante ou o tempo do acidente, num tempo vazio, ainda por vir e
já chegado.
A ciência e a Ciência da Informação como tal atualizam o virtual de suas infinitas possibilidades
num corpo, num tempo e num espaço singulares. A filosofia segue o caminho contrário da ciência:
a filosofia vai do estado das coisas ao virtual. Enquanto a ciência parte do virtual e se plasma
referencialmente no espaço e no tempo. A conferência sobre a documentalidade do antílope da
madame Briet ganha assim ares filosóficos na mais pura tradição deleuze-guattariana, aproximando o
autor de nossas próprias posições.
Mais do que tipificar o documento científico em sua função de evidência factual, as
citações bibliográficas são elementos constitutivos dos documentos científicos e por isso, portam
uma documentalidade nos mesmos termos propostos por Frohmann. Conforme salienta Coracini
(1991, p. 148): “[...] um texto qualquer resulta do entrecruzamento de uma série de outros
textos, de outros autores, outros indivíduos, diferentes grupos ideológicos, enfim de diferentes
discursos”.
Sendo assim, as citações bibliográficas de um documento são dispositivos que, de um lado
ajudam a estabilizar a informação científica (para o bem ou para o mal) e de outro, vistas no contexto
GT72145
da neodocumentação aqui apresentada, possibilita pensar a produção de conhecimento adensada
também com uma ética e uma política. Acompanhar o documento através dos passos de suas citações
bibliográficas é traçar um mapa espaço-temporal das ideias por ele percorridas. Mas pensá-lo
filosoficamente, nos termos aqui propostos, é talvez subir à montante do documento, inserindo-o
em virtualidades documentárias, para ser possível sempre novas atualizações entre o documento, a
informação e o mundo.
Quisemos trazer a neobibiometria para o campo da nova documentação, para, na esteira de
Frohmann, extrair virtualidades de mais campos atualizados da Ciência da Informação. Da mesma
maneira que pudemos criar conceitos novos a partir das linguagens documentárias, no conceito
filosófico de linguagem documentária menor ou informação afeto (MOSTAFA; NOVA CRUZ, 2011a,
2011b)
No conceito filosófico de documentalidade apresentado temos mais um exemplo de
interrelação entre ciência e filosofia, tal como proposto pela filosofia deleuze-guattariana. A
filosofia movimenta-se em direção à consistência dos acontecimentos, enquanto a ciência anda
na direção dos acontecimentos vistos como referências do estado das coisas. Os acontecimentos
atualizados pelos conceitos filosóficos são como o sorriso sem gato de Alice no país das
maravilhas; quando referenciados por funções científicas, os acontecimentos explicitariam os
gatos como estado de coisas. Documentalidade e documentação são multiplicidades de naturezas
muito diferentes, mas tanto as funções da ciência quanto os conceitos da filosofia bifurcam-se
e não param de bifurcar, produzindo relações e conexões com outras variáveis e com outras
referências em seu devir.
Ambas as formas de pensamento, ciência e filosofia, resolvem problemas do vivido, mas
são diferentes, tanto a colocação dos problemas quanto as soluções encaminhadas por essas
formas de pensamento. A despeito disso, o cruzamento dos planos produzem ressonâncias entre
ambas as formas de pensamento, movimentando ambas em novas conexões e associações. Assim,
Frohmann adverte que não é possível prever o devir do conceito documentalidade, pois será o
uso dele para resolver problemas do vivido que dará a dimensão da sua funcionalidade. Mas a
julgar pelo seu conceito regime de informação, a Documentalidade tem tudo para devir-outro
neste mesmo plano da filosofia ou nos planos da própria Ciência da Informação, dando muitos
frutos. Quando Deleuze e Guattari dizem que o conceito filosófico possui uma história, resolve
problemas, se conecta com outros conceitos no mesmo plano e aponta ou ressoa (devém), possui
um devir no plano referencial da ciência ou no plano de composição da arte, eles estão dando
conta do deslizamento de planos entre as três grandes formas de pensamento: filosofia, ciência
e arte.
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3 CONCLUSÕES
As citações bibliográficas de um texto ou de uma área de conhecimento portam
documentalidade, no conjunto e em cada uma isoladamente. Pois as relações entre os textos mudam a
cada agenciamento, em que pese o estilo e a escola epistemológica a que o texto se filia. Entendemos
que os traços epistemológicos de cada filiação teórica em um texto são mais ou menos claros. Mas,
dependendo do agenciamento, os traços se modificam da mesma maneira que as 90 espécies de
antílopes mencionados por Frohmann.
Da mesma maneira que cada animal demonstra variações de acordo com as adaptações à
sobrevivência, variações de comportamento no acasalamento, nos graus de agressividade, no tamanho
dos corpos, assim também os documentos representados pelas citações bibliográficas apresentam
variações de sentido em cada conjunto que ajuda a significar. Não estamos falando apenas do
conhecido fenômeno de citar para agregar valor ao texto ou para se afastar dele, negando-o. Citar
para concordar ou para discordar.
Há incontáveis estados para os documentos se relacionarem entre si. É na cadeia completa dos
estados provocados por uma citação que estamos vendo a documentalidade das citações bibliográficas.
Pois como dizem Deleuze e Guattari, o livro (diremos a citação bibliográfica) é feito de matérias,
datas e velocidades muito diferentes, existe apenas pelo fora e no fora, mas quando se atribui sujeitos
e autores a um livro, negligencia-se este trabalho das matérias e a exterioridade de suas correlações.
Continuam os filósofos dizendo que se podemos identificar em um livro uma multiplicidade de forças,
não se sabe ainda o que o múltiplo implica.
Só sabemos que as citações portam uma documentalidade, isto é, uma potência, um virtus,
uma força informativa. É este momento destacado por Frohmann em sua reflexão, sobre o antílope da
Madame Briet, que quisemos apontar, também para as citações bibliográficas.
Abstract: Bibliometrics has accumulated socio-cognitive contributions and has become more
contextualized as the network of associations implies many aspects, even political ones, in the
constitution of knowledge. Having started as a simple accounting of documents, which was called
bibliometrics at the time, bibliographic references are now understood as being distributed in
networks, as corpus of analysis. The aim of the present study is to consider bibliographic references
under the concept of “Documentality” and discuss terms used in recent literature, as neobibliometry
and neodocumentation. In a philosophical perspective we bring our analysis close to Deleuze and
Guattari’s, in order to acknowledge references possess a documentality, which means it presents
potency, a virtus or even an informative force.
Keywords: Bibliographic references. Documentality. Neobibliometrics. Philosophical aspects.
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GT72149
COMUNICAÇÃO ORAL
RESPONSABILIDADE SOCIAL: PRODUÇÃO
NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Joana Coeli Ribeiro Garcia, Maria das Graças Targino, Iran Cavalcanti da Silva
Resumo: Na Ciência da Informação, as relações entre homem, informação, conhecimento e
sociedade fazem-na assumir práticas sociais com as características de responsabilidade social. Assim,
a pesquisa em dissertações e teses do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB), objetiva: (1) identificar descritores utilizados,
autores e orientadores; (2) verificar a continuidade do envolvimento dos pesquisadores (orientadores
e orientandos) com a responsabilidade social, mediante análise continuada de sua produção científica.
A relevância e a contribuição da pesquisa persistem em acompanhar a evolução do conceito de
responsabilidade social, o uso / a variação dos descritores e o avanço da área. Para a consecução
da proposta, adotamos a abordagem descritiva, com técnicas quantitativas, interpretados à luz das
teorias da CI. Ao acompanhar conceitos e significados adotados pelos autores, é possível inferir que
há similitude entre os conceitos da área.
Palavras-Chave: Produção científica sobre Responsabilidade social. Responsabilidade social na
Ciência da Informação. Responsabilidade social.
1 INTRODUÇÃO
A Ciência da Informação (CI) configura um campo do saber interdisciplinar e socialmente
responsável, por meio de sua atuação ou por sua produção científica, para atender às demandas
informacionais e tecnológicas da sociedade contemporânea. É, portanto, uma ciência que se interrelaciona com outras áreas do conhecimento, preocupada em corresponder às expectativas e às
necessidades de informação das coletividades. Nessas relações, invariavelmente, desenvolvem-se
atitudes éticas como as que visam estabelecer princípios ou comportamentos na escolha de formas
alternativas de ação para apoiar indivíduos ou segmentos sociais determinados. Não necessariamente
ações inscritas em códigos de ética, mas princípios éticos e valores morais intrínsecos que culminam
com o estabelecimento de atividades que aderem a critérios socialmente éticos ou socialmente
responsáveis.
GT72150
Em virtude da importância que a responsabilidade social (RS) assume no âmbito institucional
em vários países e no Brasil, inferimos que, assim como a cultura integra nosso cotidiano, também
a ética, a moral e a responsabilidade estão em situações assemelhadas. No entanto, diante da
impossibilidade de os códigos de ética reunir todas as atividades desempenhadas pelo ser humano em
sua globalidade, os princípios éticos e os valores morais devem culminar em atividades socialmente
éticas ou socialmente responsáveis como princípio altruísta de inclusão e de solidariedade em relação
aos demais. Exercitar a ética não é fácil, uma vez que não basta conhecer seus fundamentos ou
como utilizá-los. É preciso aplicá-los verdadeiramente, dentro, por exemplo, dos preceitos indicados
por Morin (2005) sobre auto-ética, porquanto respaldam a responsabilidade social. Estes podem ser
acrescidos de atitudes variadas, como fraternidade, dignidade, liberdade, integridade, bem comum e
equidade social, desenvolvimento sustentável e apreço à diversidade.
São abstrações, idéias e / ou conceitos formulados por cientistas, que necessitam ser conhecidos,
refletidos, respeitados e, sobretudo, postos em prática. Desses princípios, surge a expressão que engloba,
além das questões éticas e morais, as de responsabilidade para com o outro, os deveres de cidadania:
responsabilidade social baseada na ética e na reflexão de aspectos afins, ainda que algumas vezes
confundida com filantropia, porque o conceito evoluiu a partir da adoção de gestos filantrópicos. No
entanto, importa compreender a responsabilidade social para além da doação, mantendo uma ação
progressiva, como Ashley (2003, p. 7) destaca: “trata-se de [...] toda e qualquer ação que possa contribuir
para a melhoria da qualidade de vida da sociedade [...] feita de maneira continuada e não fortuita”.
A responsabilidade social, intimamente ligada às ações desenvolvidas pelas organizações,
amplia-se para atividades profissionais e campos do conhecimento. Tais ações, mesmo que não dispostas
em leis, fazem com que indivíduos, áreas de conhecimento e organizações as adotem diante do receio
de rejeição, julgamento negativo pela sociedade e conseqüente comprometimento da colaboração
de seus stakeholders. Embora a responsabilidade social deva ser assumida pelo Estado, empresas,
campos do conhecimento e universidades assumem essas atividades por perceberem possibilidade de
benefícios, tais como: melhoria da imagem diante da sociedade, reconhecimento público, diversidade
de estratégias de marketing, potencializando seu avanço e sua aceitação no contexto social.
Para revelar os conteúdos temáticos empregados em dissertações e teses, iniciamos a
sistematização de estudos sobre a temática no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI / UFPB). Isto porque a atual área de concentração –
informação, conhecimento e sociedade –, anteriormente informação e sociedade, fazem-na assumir
práticas sociais, com freqüência, com características de responsabilidade social. O estudo pretende
identificar os descritores utilizados, seus autores, orientadores e ainda verificar a continuidade de
envolvimento dos pesquisadores (autores das dissertações e orientadores) com a responsabilidade
social ou assemelhada, mediante acompanhamento de sua produção científica.
Isto possibilita analisar se a CI desenvolve responsabilidade social própria, adequando-a
às expectativas e às mudanças evolutivas da área. Por outro lado, é possível também registrar
GT72151
evolução do conceito e, portanto, mudança dos termos ou descritores no sentido de acompanharem o
desenvolvimento da área, o que justifica a relevância e contribuição deste estudo.
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Em 1966, Mukherjee, filósofo indiano, publica Librarianship: its philosophy and history.
Isto ocorre pouco tempo depois dos eventos de 1961 e 1962 do Georgia Institute of Technology
terem conceituado o campo da Ciência da Informação. Esse autor usa o conceito de biblioteconomia
para nomear a produção, a organização e o uso dos registros do conhecimento humano. Tal conceito
assemelha-se ao de CI, como fluxo da informação compreendendo produção, organização, acesso e
uso. Os eventos citados contaram com 59 participantes, dos quais 27 ligados à biblioteconomia, na
qualidade de professores da área, administradores de biblioteca e bibliotecário (GARCIA, 2002).
De fato, a concepção de Ciência da Informação inclui a biblioteconomia como uma das
áreas com a qual têm estreita relação. Por outro lado, Mukherjee (1966) conceitua responsabilidade
social como elemento atrelado ao papel de função social relacionado a indivíduos ou grupos sociais,
contribuindo com os cidadãos no que respeita aos interesses culturais, educacionais, profissionais e à
vida comunitária. Em outras palavras, em sua visão, a responsabilidade social está integrada às ações
em prol da sociedade.
Na Ciência da Informação, Wersig e Neveling (1975) chamam a atenção para atuação
definida a partir da função social da comunicação de mensagens entre emissor e receptor humanos,
cabendo aos cientistas da informação atuar como mediadores e facilitadores da comunicação desse
conhecimento. Essa atuação, independente de espaços sociais e dos papéis que os cientistas da
informação desempenham nos sistemas, amplia a responsabilidade social tanto dos profissionais da
informação quanto dos cientistas como produtores de conhecimento e facilitadores desses novos
conhecimentos para quem deles necessitem.
Esses estudiosos reforçam que a CI, historicamente, desenvolveu-se porque os problemas
informacionais modificaram completamente sua relevância para a sociedade: transmitir conhecimentos
para quem demanda constitui responsabilidade social e tal responsabilidade social parece ser o
fundamento da Ciência da Informação. Problemas informacionais existem há longo tempo e sempre
estiveram mais ou menos presentes. Sua importância crescente, real ou percebida, vem mudando
mais e mais, e essas transmutações são responsáveis pelo surgimento / fortalecimento da área. Quer
dizer, a Ciência da Informação é um campo que incorpora tanto “[...] a pesquisa científica quanto a
prática profissional pelos problemas que propõe e pelos métodos que escolheu, ao longo do tempo,
para solucioná-los”. (SARACEVIC, 1996, p. 41). Logo, a responsabilidade social nas instituições
de ensino superior (IES) e, também, na esfera da CI é de vital importância, pois tudo o que a ciência
produz deve surtir efeitos na sociedade a partir da premissa mais elementar de que a ciência é realizada
pelo homem e para o homem.
GT72152
Du Mont (1991, p. 3) conceitua responsabilidade social direcionada à “[...] ética que envolve
noções de mudança de como as necessidades humanas devem ser satisfeitas e, enfatiza o interesse
pelas dimensões sociais do serviço de informação que tem a ver com a melhoria da qualidade de vida”.
A responsabilidade social provê, assim, uma maneira que permite às profissões / aos profissionais da
informação se interessarem pelas dimensões sociais dos serviços desenvolvidos e se conscientizarem
dos impactos daí advindos. Ao refletir sobre a proposição da responsabilidade da CI, Freire (2004,
p.12) aponta a transmissão do conhecimento como responsabilidade social e fundamento essencial
da ciência da informação, antevendo “[...] sua relevância para a produção econômica e cultural, na
sociedade contemporânea”.
Atribuições consideradas por autores da área são adotadas por Dumont (1991), ao focalizar os
quatro estágios de responsabilidades assumidas no desempenho profissional: (1) com a manutenção
e a preservação dos acervos; (2) com os participantes das IES onde a unidade de informação está
inserida; (3) com os usuários de tal unidade; (4) com a totalidade da sociedade. Estamos próximos
das atribuições corporativas, e se nos aproximarmos da analogia feita por Ashley e Ferreira e Reis
(2006) e Bolan e Motta (2008), qualquer área de informação se adapta perfeitamente às características
referidas.
A partir das referidas atribuições, os profissionais se ocupam do atendimento das necessidades
de informação dos recursos humanos da corporação onde está a unidade de informação, mas também
com a sociedade, incluindo usuários e não usuários. A disseminação da informação e sua conseqüente
recuperação, dentro do continuum da responsabilidade social do profissional da informação estudado
por Du Mont (1991), se enquadram como segundo, terceiro e quarto estágios, no contexto de funções
sociais. Para essa autora, as demandas supridas significam informações recuperadas. No entanto, ela
vai além e amplia as atribuições do profissional da informação que atua com responsabilidade social.
Afirma que lhe cabe promover ativamente a justiça social, apoiar iniciativas culturais, assumir posições
políticas e, também, seguir valores e princípios éticos, com o objetivo de atender às necessidades de
informação, sejam consultas uma simples, sejam informações para fornecer respaldo a pesquisas que
reverterão em novos saberes.
Na CI, os programas que mantêm área de concentração ou linhas de pesquisa voltadas para
aspectos sociais têm também número considerável de dissertações e teses com descritores que
atendem a essa condição, sobretudo, porque expressões, tais como mediação, informação e sociedade
são vistas por Wersig e Neveling (1975) como responsabilidade da CI. Como atribuições de categoria
profissional, a RS também está presente na biblioteconomia, na condição de ampliação das funções
dos bibliotecários relativas ao atendimento das demandas dos cidadãos que, conscientemente,
decidem usar recursos de informação e atuam como responsáveis pela mediação entre os estoques de
informação e a sociedade em geral.
No Brasil, o Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência
da Informação (Ancib), em seu evento anual de 2008, tratou das políticas de diversidade cultural,
GT72153
tema que se aproxima com o teor deste texto. Em 2009, o Enancib, realizado em João Pessoa sob a
responsabilidade do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal
da Paraíba (PPGCI/UFPB), teve como tema central a responsabilidade social. Em 2011, o X Encontro
Nacional de Ensino e Pesquisa em Informação (CINFORM), Salvador, de 19 a 22 de setembro,
focalizará, também, a responsabilidade social na representação, preservação e disseminação de
conteúdos.
Tais eventos são evidências que fortalecem a importância de se estudar a temática nas
dissertações do PPGCI/UFPB, até porque se trata de Programa com vasta tradição no campo social,
como comprova sua área de concentração desde o Mestrado em Biblioteconomia, ano 1977, até os
tempos atuais.
2.1 A Ciência da Informação no PPGCI/UFPB
Reitera-se que a Pós-Graduação em Biblioteconomia (1977-1996) e posteriormente em Ciência
da Informação (1997-2001) na UFPB tem considerável tradição histórica. Inicia-se um Curso de
Mestrado em Biblioteconomia (CMB) com área de concentração em Sistemas de Bibliotecas Públicas
(1977-1987), oficializado em 1977, com duas linhas de pesquisas: Hábito de Leitura e Planejamento
e Gerência de Bibliotecas Públicas, com a oferta de 20 vagas, aglutinando candidatos de sete Estados
do País (BRITO; LUCENA; GARCIA, 1991).
Desde então, a referida área de concentração considera a biblioteca pública um equipamento
social que desempenha funções significativas para a sociedade. A primeira função de atendimento
cultural, por meio do suporte à educação, reforçando os programas de educação formal e informal,
transmitindo valores e atitudes em alunos e crianças. A segunda, por meio da função de integração
comunitária, aglutinadora de instituições educacionais e culturais, irradiando programas educacionais,
culturais e artísticos. Por fim, a de constituição de sistemas e redes, englobando bibliotecas estaduais
e municipais.
Segundo as autoras supracitadas, os argumentos para implantação de um curso desse nível
na Região Nordeste, num momento em que o Brasil dispunha de somente quatro cursos na área,
tomam como base a ampliação de pesquisas e aprofundamento do conhecimento técnico-científico
da área. Objetivos adotados ao mesmo tempo em que se incentivam e se inserem em comunidades
carentes equipamentos educacionais e os resultados da produção acadêmica em grupos que vivem
em condições vulneráveis do ponto de vista econômico, social e educacional. Tal proposição atendia
a política de expansão da UFPB, de fortalecimento de funções formativas e de pesquisa por meio
da pós-graduação, em conformidade com o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) que previa a
expansão quantitativa e qualitativa do ensino, transformando as IES em centros de atividades criativas.
A par do aprofundamento do conhecimento e da formação de pesquisadores, a preocupação
com as demandas culturais provenientes das exclusões impostas pelas desigualdades sociais e
GT72154
econômicas, que incidem no restrito acesso ao livro, ao conhecimento e à cultura caracterizou o
CMB. Isto o tornou conhecido no Brasil e em países com os quais estabeleceu interações e parcerias
(BRITO; LUCENA; GARCIA, 1991).
De outra parte, a visibilidade em pauta suscitou estudo aprofundado da estrutura curricular,
de uso de estratégias alternativas para expansão do curso, realizando-se avaliação, da qual resultaram
substanciais modificações na área de concentração e nas linhas de pesquisa (1988-1996). Diante da
incompatibilidade entre disciplinas e a área de concentração Sistemas de Bibliotecas Públicas, cria-se
a área Biblioteca e Sociedade para estudar a atuação das bibliotecas na estrutura social; evidenciar
avanços na perspectiva de conexão do equipamento com a sociedade; e, ao mesmo tempo, estudar as
interveniências sociais, políticas e culturais na criação, no desenvolvimento, e na sua existência; situar
a prática profissional do bibliotecário no contexto social, observando as demandas de informação e de
leitura, além de suas relações em âmbito global.
A tendência expansiva dos cursos de pós-graduação em nível nacional, a demanda local
/ regional e o perfil do corpo docente transformam o curso de Mestrado em Biblioteconomia em
Mestrado em Ciência da Informação. A mudança na denominação motiva alteração da área de
concentração para Informação e Sociedade e das linhas de pesquisa para Informação e Cidadania e
Informação para o Desenvolvimento Regional permanecendo assim até 2001, quando a Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulga a nota 2. Durante essa fase, foram
aprovados e formados mestres, provenientes de Estados brasileiros do Norte ao Sul e de Leste a Oeste
do Brasil.
O Programa esteve descredenciado até 14 de julho de 2006, data em que a Capes formalizou a
aprovação de projeto, autorizando o funcionamento do atual PPGCI, do qual incluímos 34 dissertações,
envolvendo as linhas de pesquisa: Memória, organização, acesso e uso da informação; e Ética, gestão
e políticas de informação.
3 METODOLOGIA
No que se refere à abordagem metodológica, a presente pesquisa classifica-se como
quantitativa por tratar numericamente os descritores das dissertações, e a produção científica de
autores e orientadores sobre a temática de responsabilidade social.
3.1 Coleta de informações
Utilizamos as 148 dissertações do PPGCI referentes ao período de 1979 a 2009, salvo duas que
não foram localizadas, e que correspondem a 1,35% da amostra analisada, 98,65%. Especificamos
os descritores que abordam a temática responsabilidade social e termos correlatos da forma como os
próprios autores estabeleceram, coletando-a uma a uma de cada dissertação arquivada no PPGCI e à
GT72155
disposição na Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e na Biblioteca Central da
UFPB.
Registramos as informações coletadas em banco de dados no Excel contendo os seguintes
dados: autor; orientador; título da dissertação; e os descritores nelas identificados.
Posterior à identificação das dissertações, utilizou-se a Plataforma Lattes, repositório com
tradição no fornecimento de informações confiáveis sobre acadêmicos e pesquisadores, com o intuito
de acompanhar o currículo de autores e orientadores, com o intuito de identificar, via produção
científica, quem permaneceu ou permanece trabalhando o tema, até porque a RS deve ser compreendida
como atividade continuada e permanente.
4 RESULTADOS DA PESQUISA
Do total das 146 dissertações analisadas, 65 (36,72%) apresentam descritores sobre função
social ou termos correlatos ao de responsabilidade social encontrados nos conceitos de biblioteconomia
e de CI. Nessas 65 dissertações, identificamos o total de 137 descritores, com a ressalva de que há
repetição. Exemplificando: ação cultural se repete em quatro dissertações; cidadania, em seis.
4.1 Identificação dos descritores
Dos 137 descritores, 59 integram o período de 1979 a 1996 que corresponde ao período do
Mestrado em Biblioteconomia e 78 estão entre 1997 a 2009, que corresponde ao Mestrado em Ciência
da Informação. Os descritores localizados nas dissertações, correspondentes às duas fases, associados
à responsabilidade social, estão identificados no Quadro 1.
Quadro 1 – Descritores associados à Responsabilidade Social – Dissertações do PPGCI/UFPB
CURSO e PERÍODO
Biblioteconomia
1979 a 1996.
DESCRITORES
Ação Cultural
Biblioteca como Dispositivo de Ação Cultural
Biblioteca como Instituição Social
Biblioteca como Instrumento de Ação Cultural
Biblioteca e Ação Cultural
Biblioteca Pública e Ação Cultural
Bibliotecário como Agente Social
Bibliotecário e Ação Social
Desenvolvimento Sócio / Cultural da População
Informação para Pessoas Idosas
Informação como Instrumento para Desenvolvimento Social
GT72156
Ciência da Informação
1997 a 2009.
Fonte: Dissertações do PPGCI / UFPB
Atores Sociais
Atores Sociais e Práticas Informacionais
Cidadania
Cidadania Social
Exclusão Social
Função Social da Literatura Infanto-juvenil
Inclusão Digital
Inclusão Social
Informação e Cidadania
Leitura e Cidadania
Movimentos Sociais
ONGs, Informação e Cidadania
Organizações Sociais
Práticas Sociais
Relações Socioculturais
Responsabilidade Social
Responsabilidade Social Corporativa
Responsabilidade Social e Ética
Responsabilidade Social Empresarial
Ao comparar os descritores com os conceitos formulados sobre responsabilidade social na
biblioteconomia e Ciência da Informação, percebe-se predominância das funções e atividades sociais
vinculadas ao equipamento biblioteca e ao profissional bibliotecário, como indicados por Du Mont (1991)
e Mukherjee (1966). Embora o termo mediação adotado por Wersig e Neveling (1975) não tenha sido
adotado em qualquer das dissertações, isto não significa que a mediação não seja praticada e estudada.
Ao contrário. Quando, por exemplo, identificamos descritores, como práticas informacionais, práticas
sociais, inclusão social, dentre outros, entendemos existir uma ação de intermediação exercida por um
profissional responsável ética e socialmente vinculado a uma organização. Se essa ação é ou não uma
atitude filantrópica isto não se pode inferir, mas este fato não descaracteriza a atividade de responsabilidade
social, uma vez que esta se inicia em áreas, a exemplo da gestão, e exatamente desta maneira.
4.2 Sobre a produção dos autores das dissertações
Com relação à produção científica, dentre os autores das 65 dissertações não foi possível
localizar o currículo Lattes de 19 (29,23%). No caso de três autores (4,61%), não há menção de produção
científica nos respectivos currículos, enquanto para outros oito (12,31%), apesar das dissertações de seus
GT72157
autores apresentarem descritores sobre responsabilidade social ou termos relacionados, os currículos
não apontam produção associada ao tema. Por conseguinte, permanecemos com 35 autores, o que
corresponde à maioria deles. Isto é, 53,85% continuam produzindo sobre a temática, e, portanto, podem
ser categorizados como socialmente responsáveis, porquanto sua produção não é eventual.
Gráfico 1 Currículos dos autores das dissertações
12,31%
4,61%
53,85%
29,23%
Latte s com prod. RS
Latte s Não Encontrado
Latte s se m prod.
Latte s se m/ prod. RS
Fonte: Plataforma Lattes.
\
Diante deste resultado concreto, vê-se que a temática RS é trabalhada no PPGCI desde o início
do Curso de Mestrado em Biblioteconomia e persiste até a atualidade.
Para acompanhar a produção de autores e orientadores, adotou-se o recorte temporal do
triênio 2007 /2009, que corresponde ao último período de avaliação da Capes, e que permite, ainda,
detectar se, nos dias de hoje, eles continuam estudando o assunto. Embora o estudo não se dedique
a egressos, há autores, que no momento, atuam como docentes universitários, inclusive no próprio
PPGCI. Dos 35 autores, 16 publicaram sobre RS no triênio. Entre eles, cinco, apesar de defenderem
suas dissertações em 2009, já apresentaram produção na temática. Somados aos 11 que publicaram
desde anos anteriores, atinge-se o percentual de 45,71%, como explicitado no Gráfico 2.
Gráfico 2 Autores que produziram sobre RS no triênio 2007 a 2009
45,71%
54,29%
Publicaram sobre RS no triênio
Não Publicaram sobre RS no triênio
\sFonte: Plataforma Lattes.
GT72158
Os 16 autores produziram 110 textos bibliográficos com abordagem em responsabilidade
social. Os produtos podem ser assim subdivididos:
• 15 artigos completos publicados em periódicos.
• Dois livros publicados / organizados ou edições.
• Seis capítulos de livros.
• Dois textos em jornais de notícias / revistas.
• 29 trabalhos completos publicados em anais de congressos.
• 27 resumos publicados em anais de congressos.
• 19 apresentações orais de trabalhos.
• 10 outros tipos de produção bibliográfica.
Gráfico 3 Produção dos autores sobre RS período 2007/2009
9,09%
13,64%
17,27%
1,82%
5,45%
1,82%
26,37%
24,54%
Artigos completos publicados em periódicos
Livros publicados/organizados ou edições
Capítulos de livros publicados
Textos em jornais de notícias/revistas
Trabalhos completos publicados em anais de congressos
Resumos publicados em anais de congressos
Apresentações de Trabalho
Demais tipos de produção bibliográfica
sFonte: Plataforma Lattes
\
Nas produções bibliográficas dos autores destaca-se a maior quantidade de trabalhos completos
e resumos publicados em anais de congressos, canais de comunicação científica de maior acesso a
estudantes de qualquer nível universitário, com ênfase para os alunos de pós-graduação.
4.3 Sobre a produção dos orientadores das dissertações
Em se tratando da produção dos orientadores, registrou-se que as 65 dissertações foram
orientadas por 32 docentes, um dos quais atuou como tutor de sete trabalhos finais do Mestrado. Eis
a síntese da distribuição:
• 19 orientadores orientaram uma dissertação cada um.
• Quatro orientaram duas dissertações cada um.
• Quatro orientaram três dissertações cada um.
GT72159
• Um orientou quatro dissertações.
• Três orientou cinco dissertações cada um.
• Um orientou sete dissertações.
Com relação à produção científica dos 32 orientadores por meio de análise dos currículos
lattes, não se localizou o total de oito, ou seja, 25%. A explicação plausível é que, no primeiro período
do programa, na fase dedicada à biblioteconomia, se adotava, prioritariamente, currículos impressos
e, em decorrência de mais de 30 anos de história, há orientadores já aposentados.
Em cinco currículos (15,63%), apesar das dissertações dos orientandos apresentarem descritores
sobre responsabilidade social e termos relacionados, não houve qualquer publicação dos orientadores
sobre a temática. Assim foi possível identificar a produção de 19 orientadores, perfazendo 59,37%,
ou seja, a maioria.
Gráfico 4 Currículos dos orientadores dissertações
15,63%
25,00%
Latte s com prod. RS
59,37%
Latte s Não Encontrado
Latte s se m a te mática RS
\
sFonte: Plataforma Lattes.
Sobre os 19 orientadores que publicaram sobre RS entre 2007 a 2009, foi possível
identificar a produção de 12 orientadores, o que corresponde a 63,16%.
Gráfico 5 Orientadores que produziram sobre RS no triênio de 2007 a 2009
63,16%
36,84%
Publicaram sobre RS no Triê nio de 2007-2009
Não publicaram sobre Rs no Triê nio 2007-2009
sFonte: Plataforma Lattes.
GT72160
\
Os 12 orientadores produziram um total de 104 textos bibliográficos com abordagem em
responsabilidade social:
• 24 artigos completos publicados em periódicos.
• Sete livros publicados/organizados ou edições.
• Oito capítulos de livros.
• Um texto em jornais de notícias / revistas.
• 17 trabalhos completos publicados em anais de congressos.
• Oito resumos publicados em anais de congressos.
• 27 apresentações orais de trabalhos.
• 12 demais tipos de produção bibliográfica.
Gráfico 6 Produção dos orientadores sobre RS período 2007/2009
11,54%
23,08%
25,96%
6,73%
7,69%
16,35%
7,69%
0,96%
Artigos completos publicados em periódicos
Livros publicados/organizados ou edições
Capítulos de livros publicados
Textos em jornais de notícias/revistas
Trabalhos completos publicados em anais de congressos
Resumos publicados em anais de congressos
Apresentações de Trabalho
Demais tipos de produção bibliográfica
Fonte: Plataforma Lattes.
\s
Diferentemente das produções bibliográficas dos autores, os orientadores (12) se destacam
com artigos completos publicados em periódicos (24), apresentações orais de trabalhos (27), livros
publicados ou organizados (sete) e capítulos de livros (oito). A produção mais expressiva para um
número menor de indivíduos advém de alguns fatores. Em primeiro lugar, a conscientização frente
à RS com a ciência, tornando a sociedade conhecedora dos resultados de pesquisa. Em segundo,
face às exigências das agências de fomento com relação à produtividade docente. Em terceiro, como
decorrência do incentivo da Capes para que a produção docente se faça juntamente com os discentes
para que estes sejam iniciados e estimulados a produzir.
Em contrapartida, os autores superam os orientadores com trabalhos completos em anais de
congressos (29) e resumos publicados em anais de congressos (27). Isso também encontra explicação
no fato de que os autores das dissertações, em geral, têm pouca penetração nas revistas científicas,
GT72161
tornando-se mais fácil a divulgação em eventos. O tipo de produção que mais se aproxima em termos
numéricos é o denominado demais tipos de produção bibliográfica: 12 para os orientadores e 10 para
os autores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se, no estudo realizado, a preocupação da biblioteconomia e CI diante das expectativas
da sociedade no que se reporta às necessidades de informação, por meio de estudos e pesquisas
que tratam de ações responsáveis e éticas, direcionadas a ajudar as pessoas, individualmente ou em
grupos. Isso ocorre quando se estudam as dissertações do Mestrado em Biblioteconomia, cuja primeira
dissertação foi aprovada em 1979, e continua ao transformar-se em CI, confirmado pelo estudo das
dissertações defendidas até 2009, ao se identificar em 65, dentre as 146 localizadas, descritores sobre
RS ou termos relacionados.
Na realidade, os números da pesquisa visam consolidar a RS como ação progressiva, que
contribua, de fato, para melhor qualidade de vida da sociedade, de forma sistemática, contínua e
transparente, o que encontra evidência no fato irrefutável de que há tanto autores como orientadores que
continuam interessados com as temáticas subjacentes à responsabilidade social. E no caso específico
da RS em CI, pode-se identificar similitude com o conceito usado na área da gestão, aparecendo
naquela como mediação, algumas vezes voltando-se para a responsabilidade social corporativa; e
como benefício para a sociedade ao estudar práticas de ação e de inclusão sociais.
Por fim, reforça-se que, ultimamente, a responsabilidade social está sendo vista de maneira
holística, com consciência social para prover o desenvolvimento e eliminar a discriminação
em seus diferentes aspectos. A preocupação é tanto com os profissionais da empresa quanto
com usuários e fornecedores para que mantenham envolvimento social e ambiental, e, por
conseguinte, maior preocupação com o bem estar das populações. Decerto, é arriscado afirmar
que há evolução do conceito de RS ou fase substitutiva no continuum da responsabilidade social.
Afinal, inexiste atividade com prioridade sobre as demais. Há, sim, ampliação no conceito com
incremento de atribuições para todos aqueles que se sentem responsáveis socialmente, o que se
percebe na análise das dissertações do PPGCI/UFPB. Assim, há relevância nas dissertações que
tratam a memória social, tanto quanto naquelas envolvidas com as carências mais significativas
das comunidades e do meio ambiente, isto porque autores e orientadores necessitam também da
memória informacional, tecnológica e cultural. E em termos de responsabilidade ética e social é
o conjunto dessas ações que garantirá o futuro.
GT72162
SOCIAL RESPONSIBILITY: PRODUCTION IN INFORMATION SCIENCE
Abstract
In the Information Science, the relationships between men, information, knowledge, and society
make the Information Science undertake social practices that have the characteristics of social
responsibility. Thus, the search in theses and dissertations of the Graduate Program in Information
Science at Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aims to: (1) identify the descriptors used,
authors, advisors, and co-advisors; (2) verify the continuity of researchers’ involvement (advisors,
co-advisors and students) in social responsibility through an ongoing analysis of their scientific
production. The relevance and contribution of this research consist of monitoring the evolution of the
social responsibility concept, the use/variation of descriptors, and the progress in the field. To achieve
our proposal, we adopted a descriptive approach, with quantitative techniques and data interpretation
based on Information Science theories. By following the concepts and meanings adopted by authors,
it is possible to infer whether there is similarity among the concepts of the field.
Keywords: Scientific production on Social Responsibility. Social Responsibility in Information
Science. Social Responsibility.
REFERÊNCIAS
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ASHLEY, P. A.; FERREIRA, R.N.; REIS, H. L. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior:
oportunidades para a responsabilidade social na gestão estratégica de instituições de ensino superior.
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ABMES, v.3, n.3, p.11-20, jun. 2008.
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FREIRE, I. A responsabilidade social da Ciência da Informação na perspectiva da consciência
possível. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 5, n.1, fev. 2004
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Informação: “de volta para o futuro”. Informação e Sociedade: estudos, João Pessoa, v. 12, n, 1, p.
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MUKHERJEE. A. K. Librarianship: its philosophy and history. Calcuttta: Asia Publishing House,
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Informação, Belo Horizonte, v.1, n.1, 1996
WERSIG, G.; NEVELING, U. The phenomena of interest to information science. The Information
Scientist. Universidade da Califórnia, v.9, n.4, 1975.
GT72164
COMUNICAÇÃO ORAL
PROFESSORES/ PESQUISADORES DA PÓS-GRADUAÇÃO
EM BOTÂNICA NO BRASIL: ANÁLISES MÉTRICAS DE
PRODUTIVIDADE
Cristiana Maria Vasconcellos Goulart Amarante
Resumo: Pesquisa exploratória sobre a produtividade científica de professores/pesquisadores de Cursos de Doutorado de Botânica, no Brasil, adotando métodos bibliométricos e cuja fundamentação teórica se sustenta na Comunicação Científica. Foram levantados e analisados esses Cursos, num total de
16, as Instituições promotoras, áreas de concentração e linhas de pesquisa, a partir dos quais a análise
foi direcionada aos seus professores, foco central da pesquisa, especificamente os padrões de produtividade da elite ao longo dos anos e o volume de citações aos seus artigos. Foram adotadas diferentes
fontes para o desenvolvimento da pesquisa e instrumentos bibliométricos como a Lei do Elitismo, a
análise de citações, o fator de impacto e o índice-h. A elite foi composta por 18 professores/pesquisadores que atuam nas seguintes instituições, todas públicas - UFV, UFRPE, IBT, UFRJ, UNESP, USP,
UEFS, UFMG, UNB, UFPE, e UNICAMP, nas áreas da Botânica, Agronomia, Ecologia, Química,
Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Farmácia, Genética, Ciências Ambientais, Geociências,
Microbiologia e Antropologia, o que reflete a interdisciplinaridade da área. A produtividade dos professores atinge um total de 2.489 artigos, publicados em 521 títulos de periódicos, distribuídos entre
os nacionais e estrangeiros, que predominam. A análise de citação da elite, na Web of Science, demonstrou um índice já significativo de artigos indexados e citados, numa relação evidente. O fator de
impacto dos periódicos onde a elite publica foi verificado e indicou a tendência à publicação em revistas de maior impacto. Nesta pesquisa foram identificados poucos estudos existentes em nosso País
sobre a produção em Botânica, bem como a sua lacuna no tempo, o que justifica a presente pesquisa
e mostra a sua relevância e oportunidade.
Palavras-chave: Comunicação Científica. Produtividade científica. Bibliometria. Botânica.
1 INTRODUÇÃO
A comunicação científica faz parte do fazer ciência e é essencial ao processo de pesquisa
científica. Para Meadows (1999, p.vii), “a comunicação situa-se no próprio coração da ciência. É
para ela tão vital quanto a própria pesquisa, pois a esta não cabe reivindicar com legitimidade este
nome enquanto não houver sido analisada e aceita pelos pares. Isso exige, necessariamente, que seja
comunicada”.
Por outro lado, a gestão das atividades de pesquisa exige o desenvolvimento e a formulação
de métodos e técnicas para quantificar os seus resultados. As avaliações quantitativas e qualitativas
GT72165
da produção científica e os indicadores quantitativos permitem compreender os fenômenos da
criação do conhecimento e transformá-los em resultados mensuráveis. Esses indicadores funcionam
como instrumentos para o planejamento de políticas e tomadas de decisão, permitindo melhor
alocação de recursos físicos e financeiros, bem como determinar a estratégia de pesquisa e as áreas
que devem ser incentivadas.
Os indicadores mais utilizados para a avaliação da produção científica são: o número total
de artigos publicados; o total de citações; o número de citações por artigo, o fator de impacto
(FI) (ver item 3) medido pela publicação Journal of Citation Reports (JCR), o número de artigos
“significativos”, isto é, artigos com determinado número de citações, e o índice-h (ver item
3). O índice-h, apesar de ter sido criado recentemente, em 2005, tem suscitado uma série de
publicações e foi tema de um artigo de revisão no Annual Review of Information Science and
Technology (ARIST) (EGGHE, 2010).
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a produção científica publicada dos professores dos
cursos de doutorado em Botânica no Brasil. Esta análise permite conhecer os padrões da comunicação
científica, o fator de impacto, o índice-h, a identificação da elite mais produtiva entre os professores
permanentes e, também, dimensionar a representatividade da produção dos pesquisadores indexada
na base internacional Web of Science.
Como mencionado no parágrafo anterior, nesta pesquisa a área analisada é a Botânica,
atividade que tem reconhecida a sua importância no mundo inteiro e nos dias atuais, cuja relevância
aumentou devido à preocupação e às ações para a conservação da biodiversidade. A pesquisa Botânica
ocupa posição estratégica para o desenvolvimento das indústrias farmacêuticas e de cosméticos, na
biotecnologia e na agricultura e, atualmente, com o advento dos alimentos transgênicos.
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do planeta e, com sua grande extensão
territorial, distribuída em seus diferentes biomas. Em 1992, na Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, conhecida como Eco-92, o Brasil
foi o primeiro país a assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica e entre os compromissos que
assumiu destaca-se a implementação da Estratégia Global para a Conservação de Plantas (GSPC),
com o objetivo de facilitar o acordo e a sinergia para estimular o conhecimento e a conservação das
plantas. Das 16 metas estabelecidas pela GSPC, a primeira foi a elaboração de uma lista das espécies
conhecidas de plantas de cada país, como um passo para a elaboração de uma lista completa da flora
mundial.
Considerando a importância da Botânica e a ausência de trabalhos atualizados de metrias sobre
a área, há a demanda de estudos com análises métricas da produtividade da literatura de Botânica no
Brasil no sentido de contribuir para o debate sobre o assunto. Os dados quantitativos possibilitarão
melhor compreensão do comportamento da comunidade Botânica brasileira, a dinâmica de sua
produção do conhecimento e a mensuração do desenvolvimento científico.
GT72166
2 A COMUNICAÇÃO E A PRODUÇÃO CIENTÍFICA
O marco teórico-conceitual abrange: a Comunicação Científica, a produção científica, estudos
sobre a produção científica no Brasil e a produção científica na Botânica.
As diferentes áreas da ciência têm a sua forma de comunicação e como o cientista transmite a
informação depende da natureza de seu campo do conhecimento, que determina os meios preferenciais.
Em estudo realizado sobre os padrões da produção científica publicada, Meadows (1999)
mostra que estes variam de acordo com o campo do conhecimento. Para Pinheiro (1999, p.155),
o pesquisador “... faz parte de comunidades científicas com padrões específicos de comunicação e
busca de informação e cânones próprios na estrutura da literatura, decorrência natural da essência
e ‘etnografia’ de cada campo do conhecimento...” . Esta característica da comunicação científica
também é constatada por Mueller (2005), ao mostrar que diferentes campos do conhecimento utilizam
diferentes canais para comunicar os resultados de suas pesquisas. Esse estudo mostra que cientistas
das áreas de Ciências Exatas, Biológicas e da Saúde publicam mais artigos de periódicos e procuram
canais internacionais. Estas idiossincrasias das diferentes áreas se devem às suas necessidades de
difusão nacional ou internacional, do nível de rapidez ou de ser necessário um texto muito longo para
a comunicação de sua pesquisa.
Em termos de comunicação científica, para Meadows (1999, p.8) “... as duas mais importantes
características do pesquisador são a quantidade de informações que comunica e sua qualidade [...]
Uma medida de quantidade, no caso de pesquisadores acadêmicos, é o número de artigos de periódicos
que publicam”.
Em seu livro Uma História da Botânica Brasileira, Nogueira (2000) apresenta um estudo
sobre os padrões de publicação dos botânicos brasileiros, no qual identifica os canais de comunicação
utilizados para disseminar suas pesquisas. A autora analisou a produtividade dos botânicos Bolsistas
de Produtividade do CNPq, cobrindo os anos de 1947-1997 e a identificação das principais revistas,
nacionais e estrangeiras que publicaram seus artigos científicos. Entre os seus resultados obteve que
o canal preferencial desses pesquisadores é o periódico científico, com 67% das ocorrências.
As instituições de ensino e pesquisa, assim como a comunidade botânica brasileira publica,
preferencialmente, em periódicos indexados em bases internacionais e com fator de impacto e na base
Web of Science, do Institute for Scientific Information/Thomson Reuters, o maior número dos artigos
científicos de autores brasileiros indexados são da área da Biologia Aplicada e Ecologia (CONTINI;
SECHET, 2005). Outro estímulo vem da Capes e das agências de fomento, ao estabelecerem
critérios de avaliação que valorizam a publicação em periódicos estrangeiros e em periódicos
nacionais indexados nas principais bases internacionais, a fim de alcançar disseminação e visibilidade
internacional das pesquisas.
Para Scarano (2008), tendo em vista que o Brasil detém a maior parte da biodiversidade
mundial, para que alcance independência intelectual e soberania no que se refere ao uso de suas
GT72167
reservas naturais, o País deve se incluir entre as nações de mais destaque do mundo, produzindo
artigos sobre Biodiversidade e Botânica. Esta realidade é mais um impulso para a publicação no
exterior, devido à demanda mundial pelo conhecimento da diversidade vegetal brasileira e, para
despertar o interesse mundial, o artigo deve ser escrito, preferencialmente, em inglês. Estes aspectos
têm, de fato, concorrido para que a elite da comunidade científica de Botânica venha publicando seus
trabalhos nos mais conceituados periódicos internacionais, repercutindo na produtividade científica
da área.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa é de natureza exploratória e recorre à Bibliometria como método para a sua
efetivação, o quadro teórico desenvolve-se em torno da comunicação científica, da produção cientifica
e da informação em Botânica. O embasamento metodológico instrumental abrange as seguintes
ferramentas bibliométricas: a Lei do Elitismo, a análise de citações, o fator de impacto e o índice-h;
e os instrumentos para análise da produção científica, as bases dados: Currículo Lattes, Catálogo
Coletivo Nacional, Web of Science e Journal of the Citation Reports.
A Bibliometria foi estudada por vários cientistas de diferentes áreas que desenvolveram leis,
princípios e análises bibliométricas. Entre estes, o físico inglês Derek de Solla Price que formulou
a Lei do Elitismo (PRICE, 1971), com base nos padrões de publicação ele identificou a elite mais
produtiva de uma Instituição ou de uma área do conhecimento, e tem como enunciado que toda
população de tamanho n tem uma elite formada por √n.
Entre os indicadores bibliométricos e cientométricos mais usados atualmente tem-se o
fator de impacto e o índice-h, medidas derivadas da análise de citações. O fator de impacto, criado
por Garfield e Ster, em 1963, é calculado pelo número de citações correntes a um determinado
periódico publicado nos últimos dois anos, dividido pelo número de artigos publicados no mesmo
período de tempo. O fator de impacto é calculado e divulgado pelo Journal of the Citation
Report, que divulga o fator de impacto dos principais periódicos mundiais, indexados na Web of
Science (WoS) (GARFIELD, 2006).
O índice-h, criado por Jorge Hirsch, em 2005, é calculado pelo maior número de artigos de um
determinado autor ou instituição que tem pelo menos o mesmo número de citações, ou seja, o índice-h
é igual ao número de artigos com citações maiores ou iguais a esse número (HIRSCH, 2005).
A principal característica deste índice é combinar a análise do impacto da pesquisa, medido
através do número de citações, com a produtividade, medido pelo número de artigos publicados.
Jorge Hirsch desenvolveu o estudo do índice-h na Física e nas Ciências Biológicas, e afirma que este
índice pode ser utilizado em outras disciplinas. A proposta do índice-h é medir o amplo impacto do
trabalho de um pesquisador, podendo ser facilmente calculado através da base de dados da Web of
Science (http://www.isiwebofknowledge.com/).
Nesta pesquisa foram utilizadas as seguintes fontes:
GT72168
a) portal institucional da Capes;
b) portais institucionais dos cursos de doutorado em Botânica no Brasil;
c) a base Currículo Lattes, do CNPq;
d) o Catálogo Coletivo Nacional, do IBICT;
e) a base de dados Journal of the Citation Reports; e
f) a base de dados Web of Science da Thomson Reuters.
E as ferramentas bibliométricas adotadas compreendem:
a) Lei do Elitismo;
b) análise de citações;
c) fator de impacto; e
d) índice-h.
4 PRODUÇÃO CIENTÍFICA E ANÁLISE DE CITAÇÃO DE PROFESSORES/
PESQUISADORES DE BOTÂNICA
Os resultados são apresentados por grupos de análise: primeiramente os professores/
pesquisadores são analisados em suas idades científicas, produtividade e áreas de pesquisa; e o
segundo grupo enfoca a citação, a aplicação do fator de impacto e do índice-h aos periódicos e aos
professores, respectivamente.
4.1 Cursos de doutorado em Botânica
Na consulta ao portal institucional da Capes (2010b) foram identificados os programas de
Botânica, a partir da grande área Ciências Biológicas com os cursos de doutorado aprovados e
recomendados pelo seu Sistema de Avaliação da Pós-Graduação. Em 14 instituições foram aprovados
16 cursos.
Quanto ao número de professores, os 16 cursos de doutorado reúnem o total de 330 professores
e apresentam a média de 20 professores por programa. Os professores dos cursos de doutorado em
Botânica no Brasil, cujas características (produtividade, idade científica e área de atuação) serão
analisadas no próximo tópico.
4. 2 Análise da elite: produtividade, idade científica e áreas de atuação
Na produção de artigos científicos, identificados a partir do Currículo Lattes, foi observado
que estes 330 professores publicaram, de 1960 até o final de 2010, o total de 14.757 artigos, numa
GT72169
variação de 260 artigos, total do autor mais produtivo, a quatro artigos, do professor que menos
publicou.
Com base nesta informação foi aplicada a Lei do Elitismo, de Price, explicitada no item 3,
identificando-se os 18 pesquisadores que formam a elite mais produtiva.
No quadro 1 estão os professores, suas instituições, o Estado e o número de artigos publicados
até 2010.
Quadro 1 – Professores, instituições e o número de artigos publicados
Pesquisador
Instituição
Estado Número de
artigos
Pesquisador
Instituição Estado
Número
de
artigos
P1
UNESP/
BOT
SP
260
P10
UFRJ
RJ
127
P2
UFRJ
RJ
182
P11
USP
SP
122
P3
UFV
MG
158
P12
IBT
SP
122
P4
UFPE/BF
PE
149
P13
UNB
DF
120
P5
UNICAMP
SP
143
P14
IBT
SP
119
P6
UFV
MG
138
P15
UFRPE
PE
116
P7
UFMG
MG
136
P16
USP
USP
112
P8
UEFS
BA
132
P17
UFRPE
PE
112
P9
UNESP/
BOT
SP
130
P18
UFV
MG
111
Fonte: Capes (2011); Currículo Lattes (2011)
Pode ser observado que os professores da elite estão distribuídos nas seguintes instituições:
UFV, três, UFRPE, IBT, UFRJ, UNESP e USP (dois em cada Universidade); e UEFS, UFMG, UNB,
UFPE/BF, e UNICAMP (um professor cada). E que São Paulo reúne sete professores, isto é, tem
participação de 39% neste conjunto, que publicaram 1008 artigos, participando com 41% da produção
total. Todas essas instituições são instituições públicas, a maioria federal e quatro estaduais, e apenas
uma é um instituto de pesquisas, as demais são Universidades.
O total produzido pela elite, segundo parâmetros de produtividade, foi de 2.489 artigos, até o
ano de 2010, significando 17% da produção total de todos os professores, que foi de 14.757 artigos. A
produção dos professores que compõem a elite variou de 260 (UNESP) a 111 (UFV) artigos ao longo
de suas carreiras científicas, sendo a mediana igual a 129 artigos.
Do total da elite predominam pesquisadores do sexo masculino e a presença feminina
corresponde a 22%, com quatro (4) pesquisadoras.
Na análise da idade científica dos pesquisadores, verificou-se que esta varia de 17 a 51 anos,
sendo a mediana 36 anos, e significando que 67% dos professores analisados estão na faixa entre 20 e
GT72170
39 anos de carreira e são, portanto, professores de longa experiência. Comparando-se a produção com
a idade científica, verifica-se que a média da produção anual, variou de três a oito artigos, ficando a
mediana em quatro artigos anuais.
As áreas de atuação destes professores são, em ordem de ocorrências: Botânica, Agronomia,
Ecologia, Química, Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Farmácia, Genética, Ciências
Ambientais, Geociências, Microbiologia e Antropologia. Conforme declarado no Currículo Lattes,
alguns deles atuam em mais de uma área de pesquisa, ou melhor: 15 professores pesquisam a Botânica;
sete a Agronomia; quatro a Ecologia, a Química, e os Recursos Florestais e Engenharia Florestal; dois
a Farmácia; e a Antropologia, as Ciências Ambientais, a Genética, a Geociências e a Microbiologia são
pesquisadas por um professor cada. Nesta análise, fica evidente a interdisciplinaridade da Botânica,
compreendida segundo conceito de Japiassú (1976) e Pombo (2005). Para Japiassú (1976, p.53-54), a
interdisciplinaridade “se afirma como reflexão epistemológica sobre a divisão do saber em disciplinas
para extrair suas relações de interdependência e de conexões recíprocas”, ou como sintetiza, um
“diálogo entre disciplinas”.
Segundo avaliação da Capes (2010), os programas de pós-graduação da área de Ciências
Biológicas I tem tido um crescimento contínuo, com significativa evolução em relação à sua produção
intelectual e inserção nacional e internacional de suas atividades.
4.3 Análises de citações, fator de impacto dos periódicos e o índice-h
O ato de citar envolve uma série de motivações conforme Braga (1973, p.11) aponta:
“[...] a prática da citação seja influenciada por diversos fatores (lealdade, interesses pessoais,
conhecimento da literatura e do assunto, idioma etc.) pode-se afirmar que os documentos
realmente importantes são normalmente citados e os sem importância, ignorados. Além disto,
o impacto produzido por um documento pode ser avaliado por sua incidência de citação em
outros documentos – e apesar de impacto não significar qualidade, pode-se asseverar que, de
maneira geral, os documentos mais importantes são mais citados”.
Na área das Ciências Biológicas, Albuquerque (2010) relata estudos de caso que mostram fatores que influenciam no número de citações recebido por um artigo cientifico, tais como: o número de
co-autorias; o gênero e a nacionalidade dos autores; o idioma do artigo, este já mencionado anteriormente por Braga; campo do conhecimento, a auto-citação, entre outros. Para Garfield (1998), quando
se trata de avaliação de departamentos e cientistas, a análise de citação deve ser sempre usada em
combinação com outros indicadores.
A análise de citações foi desenvolvida a partir do levantamento dos artigos dos pesquisadores
da elite indexados na base Web of Science e apresentados no quadro 2.
GT72171
Quadro 2- Número de artigos da elite indexados na base Web of Science
N. total de
Artigos
Pesquisador
N. total de
Artigos
Pesquisador
artigos
indexados
artigos
indexados
WoS
WoS
P1
P10
260
48
127
4
P2
P11
182
94
122
40
P3
P12
158
111
122
100
P13
P4
149
21
120
66
P5
P14
143
84
119
29
P6
P15
138
74
116
51
P7
P16
136
42
112
69
P8
P17
132
28
112
40
P9
P18
130
26
111
53
Total: Número de artigos = 2489 ; Artigos indexados WoS = 980
Fonte: Web of Science (2011)
Do total de 2.489 artigos publicados pela elite, 980 estão indexados nessa base, correspondendo
a 39%, e o número de artigos indexados variou de 111 a quatro, ficando a mediana em 50 artigos
indexados.
Os pesquisadores com maior número de artigos indexados, P3, P12 e P2, atuam respectivamente
nas áreas de Química e Recursos Florestais-Engenharia Florestal, o primeiro, Química, Farmácia e
Botânica, o segundo, e em Química, o terceiro.
Artigos publicados em periódicos indexados na base Web of Science têm suas citações computadas automaticamente, facilitando o estudo de citações, e serve de base para o cálculo do fator de impacto, publicado pelo Journal Citation Reports, também pertencente a Thomson Reuters. Conforme
mencionado anteriormente, a Web of Science oferece diversas ferramentas para a análise da produção
científica publicada. A seguir são abordados a citação, o fator de impacto e o índice-h. No quadro 3
está o número de citações recebidas pela elite.
Quadro 3 – Número de citações da elite na Web of Science
N. total
de artigos
N. artigos
WoS
N.Citações
na
WoS
N.de citações/
N.artigos
WoS
P1
260
48
80
1,7
P2
182
94
725
P3
158
111
P4
149
P5
143
Pesquisador
N. total
de artigos
N. artigos
WoS
N.Citações
na
WoS
N.de citações/
N.artigos
WoS
P10
127
4
0
-
7,7
P11
122
40
226
5,7
655
5,9
P12
122
100
808
8,1
21
57
2,7
P13
120
66
412
6,2
84
739
8,8
P14
119
29
59
2
GT72172
Pesquisador
P6
138
74
365
4,9
P15
116
51
583
11,4
P7
136
42
458
10,9
P16
112
69
631
9,1
P8
132
28
21
0,8
P17
112
40
116
2,9
P9
130
26
83
3,2
P18
111
53
399
7,5
Fonte: Web of Science (2011)
No quadro 12 foi constatado, ainda, que o número de citações variou de 808 a zero, e que 12
pesquisadores receberam mais de 100 citações na base Web of Science. A mediana do número de
citações recebidas por pesquisador/publicações, ao longo de sua carreira científica foi de 382 citações
e a mediana do número de citações por artigo foi 5,9, vide a relação entre o número de citações na
Web of Science e o número de artigos indexados nesta base.
Como já mencionado na metodologia, os indicadores bibliométricos fator de impacto e índice-h,
são calculados com base no número de citações ao periódico e ao artigo científico, respectivamente.
A próxima análise refere-se ao fator de impacto, indicador criado há quase 50 anos e que, apesar
de todas as críticas e limitações, se consolidou e é largamente utilizado na avaliação de periódicos
científicos e, consequentemente, na avaliação de pesquisadores e instituições. Este indicador não se
propõe a avaliar a qualidade de um periódico científico e sim o seu impacto, entretanto, está sendo usado
como um critério de qualidade, influenciando promoções de pesquisadores e o futuro de departamentos
e instituições (GARFIELD, 1998, 2006; PLOS MEDICINE EDITORS, 2006; ALBUQUERQUE,
2010). O fator de impacto é atualizado anualmente e nesta pesquisa foi considerado o JCR de 2009,
publicado em 2010, para os títulos ao longo de toda carreira científica dos pesquisadores.
A mediana do fator de impacto das revistas é um dos critérios utilizados pela Capes (2009)
para a definição do Qualis Periódicos.
A mediana do fator de impacto dos periódicos que publicaram artigos da elite, considerada
individualmente, é mostrada no quadro 4.
Quadro 4 - Mediana do fator de impacto dos periódicos contendo artigos da elite
Pesquisador
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
P9
N. total
de
artigos
260
182
158
149
143
138
136
132
130
N. de
artigos em
periódicos
com FI
96
126
114
21
94
88
52
32
42
Mediana
FI
0,681
1,458
1,266
0,786
1,984
0,491
1,318
1,422
0,565
GT72173
Pesquisador
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
N. total
de
artigos
127
122
122
120
119
116
112
112
111
N. de
artigos em
periódicos
com FI
9
33
100
66
38
57
75
55
60
Mediana
FI
1,074
0,868
1,590
0,844
0,400
0,681
1,251
1,356
0,681
Fonte: Currículo Lattes, Journal Citation Reports (2011)
No cálculo da mediana dos periódicos dos professores/pesquisadores foram considerados
todos os trabalhos ao longo de sua carreira científica. Os valores das medianas obtidos variaram de
0,4, à 1,984, dos quais 83% dos pesquisadores, 15, alcançaram a mediana de fator de impacto acima
do padrão levantado pela Capes. Foi verificado que oito pesquisadores, 45%, atingem na mediana de
suas publicações o dobro do valor obtido pela Capes, que é de 0,61. A mediana do fator de impacto
geral foi de 1,074. No uso da mediana no fator de impacto, o resultado não é influenciado pela
publicação de um ou outro artigo em periódicos com altíssimo fator de impacto como, por exemplo,
a Nature.
Depois de muitos anos de adoção do fator de impacto, foi criado em 2005 o índice-h por Jorge
Hirsch (2005), embora alguns autores como Egghe (2010) afirmem que este índice foi criado 35 anos
antes pelo astrofísico Sir Arthur Eddington, com outra denominação.
O índice-h é uma maneira simples e facilmente computável para caracterizar a produção
científica de um pesquisador, servindo como parâmetro de avaliação. Entretanto, como Hirsch
ressalta, não deve ser usado sozinho, mas sim em conjunto com outros indicadores na avaliação do
pesquisador, pois um único número não pode refletir todas as suas realizações científicas. O autor
ressalta, ainda, que este índice pode ser usado em diversas disciplinas científicas, mas são necessárias
mais pesquisas para a identificação das distribuições do índice-h nos diferentes campos da ciência. Esta
diferença se deve, em parte, ao número médio de referências em um artigo científico de determinado
campo do conhecimento e o número de cientistas nessa área. Hirsch alerta para o fato de que áreas
em que se publica com maior número de co-autorias tem um índice-h maior, em função do aumento
no número de citações (EGGHE, 2010).
O índice-h dos pesquisadores da elite é mostrado no quadro 5.
Quadro 5 – Índice-h dos pesquisadores da elite
Pesquisador
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
P9
N. total de
Artigos
260
182
158
149
143
138
136
130
132
Índice-h
Pesquisador
5
14
14
5
17
11
10
3
6
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
GT72174
N. total de
Artigos
127
122
122
120
119
116
112
112
111
Índice-h
0
10
15
11
4
12
12
6
9
Fonte: Web of Science (2011)
O índice-h dos pesquisadores analisados, de acordo com a base Web of Science, variou de 0 a
17, e a mediana do índice-h é 10. O mais alto índice é de P5, 17, seguido pelo de P12, 15, e de P2 e
P3, ambos com 14. Destes quatro pesquisadores, o primeiro, P5, tem como área de atuação a Botânica
e a Agronomia e entre os demais apenas um pesquisador, P2, desenvolve pesquisa numa única área,
a Química, uma vez que os dois restantes atuam em mais de uma área, P12, em Química, Farmácia
e Botânica, e P3, em Química e Recursos Florestais. A partir daí pode-se levantar a questão de que
pesquisadores com múltiplas áreas de atuação em pesquisa têm maiores probabilidades de citação, até
pelas perspectivas de interdisciplinaridade.
Este índice, originalmente criado para ser um indicador de impacto da carreira do pesquisador,
vem sendo aplicado também em periódicos científicos, grupos de pesquisa e instituições, em países,
patentes, tópicos e avaliação da carreira científica (EGGHE, 2010). Além desses aspectos não pode
deixar de ser destacado que o índice-h é uma ferramenta muito nova que ainda precisa ser testada e
aplicada em diferentes áreas e, nesse sentido, a presente pesquisa foi desenvolvida com essa finalidade,
na perspectiva de contribuir para clarificar e diversificar as aplicações do índice-h.
5
CONCLUSÕES
Esta pesquisa, centrada nos métodos quantitativos, especificamente a Bibliometria, em
diversos momentos mencionou as críticas em torno dessa metodologia e sobre a relatividade e limites
de suas diferentes ferramentas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Foi possível levantar questionamentos e debates sobre os resultados e suas causas e a
necessidade da análise do contexto destas informações, a fim de melhor compreendê-las e usá-las pois,
como ressaltou Velho (2008, p.3), “a bibliometria é um instrumento importante de avaliação. Mas
deve ser usada sempre em conjunção com outras maneiras de avaliação, a partir de um conhecimento
prévio da dinâmica de produção de conhecimento em algumas áreas”.
Sabe-se que a quantidade não é qualidade mas, em geral, dela se origina. Por este motivo,
procurou-se adotar vários métodos conjugados, para melhor representar o estágio da Botânica no
Brasil e aquilatar o seu desenvolvimento, evolução e lacunas.
Ficou evidente, ainda, que a análise de uma comunidade científica de determinada área, sua
produção e impactos se inserem num panorama de estudos mais amplo, das políticas de C&T, da
História da Ciência e dos estudos sociais da ciência, entre outras áreas.
Especificamente em relação ao resultado da elite, ficou patente o desequilíbrio interno em
nosso País, quanto ao desenvolvimento econômico, científico, tecnológico, educacional e cultural
entre as regiões, notadamente o Sudeste, em franco progresso, e o Norte, ainda incipiente nesses
setores.
GT72175
As especialidades dos professores / pesquisadores indicam a acentuada interdisciplinaridade
da Botânica, sobretudo com a Agronomia, a Química, e, mais recentemente, com a Ecologia.
A idade científica da elite traduz a longa experiência de seus integrantes e o quanto esses
pesquisadores são fundamentais para os avanços da área, ao mesmo tempo, aponta a necessária
renovação das equipes, que permite a continuidade das pesquisas. No Brasil, pelo longo período
sem concursos, que só foram retomados mais recentemente, diversas áreas foram prejudicadas, pela
desaceleração ou até suspensão de atividades de pesquisa.
O índice-h, que surge como uma alternativa para minimizar os problemas identificados no
fator de impacto, também passa por questionamentos e críticas, por parte de diferentes estudiosos e a
busca de novos instrumentos tem sido permanente.
Estudos e pesquisas de avaliação são geralmente subjetivos – e criticados - uma vez que é
quase impossível delinear parâmetros suficientemente abrangentes e inclusivos de todas as variáveis
importantes para o estudo ou pesquisa. Mas não é possível fazer ciência sem avaliação, e a Bibliometria,
como avaliação quantitativa, oferece ferramentas que permitem a avaliação de inúmeros parâmetros.
Talvez mais estudos e mais pesquisas permitam uma junção/comparação de resultados que levem
diferentes áreas mais perto de uma avaliação ideal.
Abstract: Exploratory research of scientific productivity of professors/researchers of Botany doctorate courses in Brazil using bibliometrics methods anchored in Scientific Communication. Sixteen Botany doctorate courses were identified; retrieved data on these courses refer to promoting
institutions, concentration areas and research lines – all data leading to professors/researchers target of this research. Special attention was paid to productivity patterns of the elite along the time
period as well as their citation numbers. Bibliometrics methods and techniques used include Elitism Law, citation analysis, impact factor and h-index. The Elite consists of 18 professors/researchers linked to the following public institutions: UFV, UFRPE, IBT, UFRJ, UNESP, USP, UEFS,
UFMG, UNB, UFPE and UNICAMP in the areas of Botany, Agronomics, Ecology, Chemistry, Forestry and Engineering Resources, Pharmaceutics, Genetics, Environmental Sciences, Geosciences,
Microbiology and Anthropology – reflecting the interdisciplinary character of the area itself. Geographical concentration of courses points to the Southeast region, especially the state of São Paulo.
Professors/Researchers productivity amounts to 2.489 papers, published in 521 journals Brazilian
and foreign, with an expressive increase of these latter in recent years, the Web of Science citation
analysis of the elite shows an expressive number of indexed and cited papers. The Impact factor
of journals where the elite publishes shows the elite’s tendency to publish in journals of very large
impact factor. This research identified few former Bibliometrics studies in Botany – which adds to
its relevance and opportunity.
Keywords: Scientific Communication. Scientific productivity. Bibliometrics. Botany
GT72176
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concedida a Fabrício Marques e Ricardo Zorzetto. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.
br/?art=3423&bd=1&pg=1&lg=>. Acesso em: 22 jun. 2010.
GT72178
COMUNICAÇÃO ORAL
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA CIENTÍFICA
PERIÓDICA DE ECONOMIA E EDUCAÇÃO NO BRASIL:
DUAS ÁREAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Tatiane Ferreira, Suzana Pinheiro Machado Mueller
Resumo: O objetivo deste trabalho foi testar a hipótese de que as diferenças na forma de comunicação
entre disciplinas, notadas por Hjørland, entre outros, estariam associadas não apenas ao seu objeto
de estudo ou aos seus objetivos ou métodos, mas também à sua origem e desenvolvimento. Foram
escolhidas a Economia e a Educação, duas disciplinas das ciências sociais, por apresentarem diferentes
históricos. O estudo se baseia na argumentação de Hjørland quanto à análise de domínio e limitouse à análise dos periódicos dessas áreas listados na Qualis da Capes, complementadas por títulos
incluídos na SciELO. O estudo foi desenvolvido em duas fases. O método escolhido foi o levantamento
quantitativo. Na primeira fase - análise dos periódicos - foram examinadas as seguintes características
em cada lista: quantidade de títulos, distribuição pelos estratos, proporção entre periódicos nacionais
e estrangeiros, interdisciplinaridade (representada por inclusão de títulos de outras áreas nas listas) e
idioma. Na segunda fase - análise de artigos, a amostra foi reduzida a cinco periódicos de cada área,
dos quais foi examinado apenas o fascículo mais recente disponível para consulta. As características
levantadas foram: número de páginas por artigo, composição predominante de autoria, quantidade de
referências citadas por artigo, tipo de documento e idioma. Os resultados mostraram que as diferenças
ocorrem em algumas das características estudadas, mas não todas. A Economia se mostrou mais focada
em seus próprios temas e mais internacional. Os resultados obtidos para a Educação a mostram mais
abrangente ou difusa em seus interesses, que seriam mais regionais ou nacionais que internacionais.
A análise dos artigos, no entanto, não mostrou muitas divergências na extensão dos textos publicados
nem no número de citações por artigos. Mas as formas de autoria, o idioma das obras citadas e o tipo
dessas obras, de novo, apontam para as diferenças pressupostas.
Palavras-chave: Periódicos em Economia: características de publicação. Periódicos em Educação:
características de publicação. Qualis/Capes.
1 INTRODUÇÃO
As diferenças que existem entre as diversas áreas científicas, de acordo com Hjørland e colaboradores
(HJØRLAND, 2002; HJØRLAND, ALBRECHETSEN 1995; FJORDBACK SØNDERGAARD;
ANDERSEN; HJØRLAND, 2003), se refletem também na maneira como é feita a comunicação de seus
resultados de pesquisa. Seria natural esperar diferenças nas características da comunicação entre as áreas
exatas e naturais e as sociais e humanas, e também seria natural supor que dentro de cada grande área
tais características fossem semelhantes. No entanto, há indícios de que as disciplinas integrantes de uma
mesma grande área apresentam diferenças em seus hábitos de comunicação. Se tais diferenças de fato
GT72179
existirem, não se poderia atribuí-las às mesmas características que as credenciaram como ciências exatas
ou naturais, ou ciências sociais e humanas, mas a outros fatores. Neste trabalho, parte-se da hipótese de que
há diferenças na forma de comunicação entre disciplina de uma mesma grande área e que essas diferenças
estariam associadas não apenas ao seu objeto de estudo (a natureza ou a sociedade) ou aos seus objetivos
ou métodos, mas também à sua origem e desenvolvimento.
Para testar essa hipótese, recorre-se à análise de domínio proposta por Hjørland. Esse autor
defende em vários de seus textos (HJØRLAND. 2002; HJØRLAND 2004; CAPURRO; HJØRLAND,
2007) a análise de domínio como método proveitoso para ciência da informação. O estudo do uso de
informação por grupos sociais (domínios), inclusive áreas científicas, segundo Hjørland, deveria ser
centrado nas comunidades ou domínios. Hjørland (2004) acrescenta ainda que “a visão comparada
– o exame de como os domínios de conhecimento diferem em alguns pontos e são similares em
outros pontos -- é importante para a construção de uma ciência da informação que não seja apenas
uma abstração vazia”. E continua “a análise de domínio [...] não concebe usuários em geral, mas os
vê como pertencentes a culturas, estruturas sociais e domínios de conhecimento diferentes” (p.3).
De acordo com esse autor, a ciência da informação tem sido direcionada por um individualismo
metodológico onde o conhecimento é visto como um estado mental subjetivo do indivíduo, oposto
ao coletivismo metodológico, no qual o conhecimento seria um processo cultural, social e histórico
(HJØRLAND; ALBRECHETSEN 1995). A análise de domínio tem como foco primário o domínio
e não o indivíduo, embora também considere os processos cognitivos dos indivíduos, no que o autor
denomina de “abordagem sócio-cognitiva” (HJØRLAND 2004).
Para testar a hipótese proposta foram escolhidas duas áreas das ciências socais e humanas,
a Economia e a Educação, cujos periódicos serão examinados como descrito mais adiante. Embora
incluídas entre as ciências sociais e humanas, essas duas áreas apresentam diferenças marcantes, tanto
em sua origem e formação como área científica quanto na forma de comunicação, tendo sido, por isso,
consideradas apropriadas para um primeiro estudo. A Economia é considerada uma ciência nomotética
enquanto a Educação seria oriunda da prática social e profissional, que se preocupa com problemas
de âmbito local mais que internacional. Tais diferenças aparecem até mesmo na sua classificação
como ciência social: enquanto não há dúvidas em relação à Economia, não parece haver unanimidade
para a Educação. Além de um perfil apropriado à pesquisa, a razão da escolha dessas áreas também
levou em consideração a tradição que já estabeleceram no país e seu grau de amadurecimento como
instituições sociais: oferecem cursos de graduação e pós-graduação, estabeleceram sociedades
científicas, conseguiram a regulamentação das profissões e o reconhecimento público.
O universo do estudo se restringe aos periódicos incluídos nas respectivas listas Qualis de
Economia e Educação, mantidas pela Capes, complementadas por alguns títulos incluídos apenas
na SciELO, biblioteca eletrônica de periódicos mantida pela Bireme, Fapesp e CNPq. Quanto à
representatividade da lista Qualis para cada área, buscou-se essa informação junto às então titulares
das sociedades científicas de cada área (ANPEC para Economia e ANPED para Educação). Ambas
GT72180
informaram que os coordenadores de cursos de pós-graduação em suas áreas são consultados sobre a
inclusão e classificação dos títulos. Essa informação confere legitimidade às listas.
Este texto está organizado da seguinte forma: após esta introdução, as áreas de Economia e
Educação são comentadas sob o ponto de vista de interesse deste trabalho; seguem-se a descrição dos
procedimentos metodológicos e a análise dos dados e descrição dos resultados. O texto se encerra
com a conclusão.
2 A ECONOMIA E A EDUCAÇÂO
A economia é considerada uma ciência nomotética e a educação não nomotética. Wallerstein
(2007) comenta que foi Wilhelm Windelband, filósofo alemão do final do século XIX, que propôs
a classificação das ciências sociais como nomotéticas ou ideográficas. Ampliando a sua explicação,
Wallerstein (2007, p.4) afirma que estudo da realidade social, “[...] pode ser dividido entre as disciplinas
nomotéticas - que tomaram as ciências naturais como exemplo e se firmam na previsibilidade, no
controle e no rigor da quantificação, e as idiográficas - que não se preocupam com esse rigor mas
com o registro verdadeiro do passado.“ A Psicologia, Economia e a Sociologia estão entre as ciências
nomotéticas. Assim como as ciências naturais, as ciências nomotéticas, de acordo com Wallerstein
(2007, p. 4), buscam normas gerais que possam reger o comportamento humano e se preocupam
com método e hipótese, seguindo o princípio de que toda ciência deve-se basear em argumentos de
validade universal. O termo foi solidificado com os critérios positivistas de August Comte, na França
do século XIX, para quem apenas o conhecimento passível de ser testado empiricamente pode ser
considerado ciência (WALLERSTEIN, 2007, p.4).
Em oposição às ciências nomotéticas, que buscam leis gerais, as ciências idiográficas, como
a História e a Antropologia, estão interessadas em fatos únicos, valorizando o detalhe e a narrativa
(WALLERSTEIN, 2007, p. 4).
A Educação, por outro lado, não é considerada nomotética nem idiográfica. Enquanto a origem
da Economia está documentada na literatura, e seu objeto de estudo é acordado por todos os praticantes
e estudiosos da área, a origem da Educação não é clara. Parece ter-se originado de práticas sociais,
ligadas à cultura e à religião, e seu objeto de estudo e métodos ainda são alvo de discussão. A Economia
foi classificada como nomotética porque consegue propor leis de abrangência global que explicam
acontecimentos estudados pela área. A Educação persegue interesses mais localizados, em nível nacional e
regional. A Educação tende para as áreas chamadas Humanidades da mesma forma que a Economia guarda
semelhanças com as Ciências Naturais. Ao contrário da Economia, cujo interesse parece ser bem definido,
a Educação é, em sua essência, uma área interdisciplinar atuando em diversos campos do conhecimento.
Os pesquisadores da área de Economia e os pesquisadores da Educação constituem
comunidades específicas, com interesses próprios e literatura específica, dentro da grande área das
ciências sociais e humanas.
GT72181
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
De acordo com Hjørland (2003, p.1) a
análise de domínio afirma que o horizonte mais proveitoso para a ciência da informação
é o estudo de ‘knowledge domains’ (domínios ou áreas do conhecimento) ou thoughts or
discourse communities (comunidades unidas por uma mesma crença ou discurso) que
formam as partes na divisão de trabalho da sociedade. (tradução nossa, grifo do autor).
No mesmo texto, Hjørland lista 11 abordagens para conduzir estudo de domínios, comentando
que “embora essas abordagens possam ser usadas separadamente [...] a aplicação de mais de uma
ao mesmo domínio pode propiciar entendimento mais profundo das dinâmicas em que se baseiam”.
Mas neste estudo, ainda uma primeira abordagem ao problema proposto, será feito apenas um estudo
bibliométrico, uma dos caminhos mencionados por Hjørland. Os domínios escolhidos são a Economia
e Educação, que foram estudadas por meio das listas Qualis, tidas como resultado das manifestações
de hábitos e valores das duas comunidades. Partiu-se do pressuposto que as características dos
periódicos escolhidos e os estratos em que estão classificados refletem o consenso de cada grupo. A
comparação entre os dois grupos segue também recomendação de Hjørland (2004,), que afirma que “a
perspectiva da comparação – o exame de como domínios do conhecimento diferem em alguns pontos
e são similares em outros pontos – é importante para que se construa uma ciência da informação geral
que não seja apenas uma abstração vazia”.
Para atingir os objetivos propostos, o estudo foi realizado em duas fases, um levantamento
quantitativo de características das listas e dos periódicos que as integram, e um levantamento de
características de artigos.
Primeira fase
Na primeira fase foi feito um levantamento quantitativo de características das publicações periódicas
incluídas no Qualis. O universo foi composto pelos periódicos nacionais das duas áreas já identificadas,
Economia e Educação, incluídos nas bases Qualis/Capes (CAPES 2009) e SciELO, ambas disponíveis
para consulta pública na Internet. As listas Qualis classificam os periódicos em estratos, indicativos de
qualidade. Há oito níveis. De acordo com o site do WebQualis1, “a classificação de periódicos e eventos é
realizada pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados
em estratos indicativos da qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero.”
O universo de periódicos no período estudado, para cada área, incluía 269 títulos em Economia
e 1162 títulos em Educação. Mas o levantamento das características desta fase se restringiu aos títulos
1
Disponível em http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-noticias/2550-capes-aprova-a-nova-classificacao-doqualis
GT72182
situados entre os estratos Qualis A1 e B3 nacionais de Economia e Educação, conforme classificação
de junho de 2009. A amostra resultante incluiu 219 títulos em Economia e 547 em Educação. Os
demais títulos, situados nos estratos B4, B5 e C e os títulos estrangeiros foram analisados somente
numa primeira etapa da pesquisa, para que se tivesse a noção do contexto. Os estratos mais altos
foram escolhidos porque eles incluem os títulos considerados de qualidade mais alta. Dos títulos
incluídos na base SciELO, 32 títulos na área de Economia e 51 na área de Educação, apenas quatro
não constavam das listas Qualis.
Características estudadas (periódicos)
a) quantidade de periódicos – número de periódicos de Economia e de Educação indexados
nas bases Qualis e SciELO. Representa a escolha da comunidade de seus periódicos mais
conceituados.
b) distribuição dos títulos por estratos Qualis. A quantidade em cada estrato permite visualizar
julgamento de valor da comunidade sobre os títulos e seu rigor na classificação
c) proporção entre periódicos nacionais e estrangeiros. Possibilita visualizar a dependência e
importância relativa atribuída pela comunidade à literatura estrangeira.
d) interdisciplinaridade dos títulos - representada pela inclusão de títulos oriundos de áreas
que não a própria. Possibilita visualizar o interesse e dependência de literatura oriunda de
outras áreas.
e) idioma em que os artigos do periódico são publicados. Indicativo de grau de
internacionalização.
Segunda fase
Na segunda fase da pesquisa foi feito um levantamento em algumas características dos artigos
de cada área, como complementação às características dos periódicos como um todo. Essas foram as
características estudadas nos artigos:
Características estudadas (artigos)
a) número de citações por artigo
b) idioma da obra citada (português, inglês ou outra língua)
c) tipo da obra citada (livro e capítulo de livro, periódico, evento ou outro tipo de
documento)
d) número de páginas do artigo
e) autoria simples ou múltipla dos artigo
f) idioma do artigo
A amostra examinada nesta segunda fase foi bem reduzida: foram sorteados cinco títulos nacionais
de cada área, situados nos estratos mais alto. Todos os artigos publicados no último fascículo disponível de
cada título foram examinados. Na Figura 1 estão listados os periódicos e fascículos examinados.
GT72183
Economia: títulos
Volume e número e ano
Economia
1517-7580
Rev. Bras. De Energia
Revista Brasileira de Finanças
ISSN: 16790731
Economia e Sociedade
ISSN 0104-0618 impressa
ISSN 1982-3533 digital
Análise Econômica
SSN: 2176-5456
v. 11, n.13, ano 2009
Educação: títulos
Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua Portuguesa
INNS 1980-7686
Acta Scientiarum. Human and Social Sciences,
ISSN 1679-7361 impressa
1807 8656 digital
Anos 90
ISSN 0104-236X | E-ISSN 1983-201X
Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior
ISSN 1414-4077 impressa
ISSN 1982-5765 digital
Cadernos de pesquisa
Volume e número e ano
v. 5, n.9. 2010/2011
v. 15 n1, 2009
v.8, n. 4, 2010
v.19 n.3, Dec. 2010
v. 28, n. 53 (2010)
março de 2010
v. 32, n. 2. 2010
v. 16, n. 29. 2009
v. 15, n.3. 2010
v. 40, n.140, maio/ago. 2010
QUADRO 1 – Títulos e fascículos examinados na fase 2 da pesquisa
4 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Primeira fase: Análise dos periódicos.
a) Quantidade de periódicos de Economia e de Educação indexados nas bases Qualis e SciELO.
O gráfico representado na Figura 1 mostra a distribuição dos periódicos do universo considerado
nesta pesquisa entre as duas áreas estudadas. Em 2009, segundo a Capes (2009), havia 98 programas
de pós-graduação em Educação e 52 em Economia. É razoável supor que quanto maior o número de
cursos, maior a possibilidade de dispersão dos tópicos de interesse, pois cada curso tem a liberdade de
adotar a área de concentração e linhas de pesquisa, o que leva à escolha de periódicos especializados
nesses temas. Como são os programas os responsáveis pelas indicações de periódicos para compor
a lista Qualis, a diversidade nas áreas de concentração provocará maior dispersão nos periódicos
considerados de maior interesse. O menor número de títulos em Economia poderia ser decorrência
não apenas do menor número de cursos, em relação à Educação, mas também á sua natureza de
disciplina nomotética e seu grau mais alto de consenso quanto aos seus conteúdos e objeto.
GT72184
Figura 1 –Periódicos de Economia e Educação nas listas Qualis e SciELO em 2009
b) Distribuição dos títulos por estratos Qualis.
A comparação da distribuição dos títulos de Economia e de Educação pelos estratos das listas
Qualis revela diferenças. Em Economia, há concentração de títulos nos estratos mais altos com queda
brusca nos estratos mais baixos, a partir do estrato B4, chegando a zero no estrato C. O ápice se situa
entre os estratos centrais da escala, B1 e B3. Já em Educação, há concentração de títulos em estratos
mais baixos, a partir de B2. Há periódicos situados no estrato C. O ápice está nos estratos B4 a C.
No estrato B4, as duas áreas apresentam uma quantidade de títulos semelhantes. Resumindo, em
Economia, o total de títulos é menor e a maior parte dos periódicos escolhidos para compor a lista é
considerada de qualidade, revelando consenso entre membros da área; e em Educação, os mais de mil
títulos se concentram nos estratos mais baixos, apenas cerca de 20% dos títulos estão nos estratos até
B2, revelando, ao contrário da Economia, menor consenso entre membros da área.
A curva mostrada na Figura 2, feita com dados em percentagens, distancia Educação de
Economia nos estratos mais baixos, deixando clara a diferença entre as duas áreas.
Figura 2 - Distribuição dos periódicos em Economia e Educação pelos estratos Qualis (2009)
c) Proporção entre periódicos nacionais e estrangeiros.
Na Figura 3, o gráfico mostra diferença marcante entre os periódicos de Economia e Educação
quanto à sua origem, nacional ou estrangeira, sugerindo orientações diferentes das áreas quanto aos
GT72185
seus interesses e influências. O gráfico sugere confirmação da maior internacionalização da Economia.
Apenas periódicos classificados até o estrato B3 foram considerados.
.
Figura 3 - Percentagem de periódicos por área e origem*
*Inclui periódicos da Qualis nos estratos entre A1 e B3 e periódicos SciELO
d) Interdisciplinaridade dos títulos
A interdisciplinaridade dos periódicos foi entendida como representada pela presença
de títulos editados por outras áreas nas listas examinadas. As categorias para a variável
interdisciplinaridade foram definidas como da Economia, para os periódicos declarados dessa
área e da Educação para aqueles que declararam ser dessa segunda área. Os periódicos de
outras disciplinas, devido à variedade de assuntos encontrados, foram distribuídos segundo a
grande área da Tabela de Áreas do Conhecimento, da Capes2. Os periódicos declaradamente
interdisciplinares ou com foco em mais de uma área do conhecimento, foram classificados na
categoria denominada interdisciplinar.
O levantamento dessa variável foi por feito meio de consulta ao conteúdo dos periódicos.
Geralmente, as revistas trazem em seu escopo os dados sobre sua área fim, à qual destina suas
publicações. No entanto, nem todos os periódicos traziam estas informações de maneira clara e foi
necessário, para esses títulos, acessar os artigos para reconhecer áreas de interesse predominante.
Na Figura 4, o gráfico mostra que mais de 50% dos periódicos incluídos na lista de
Economia são editados por instituições ligadas à própria área de Economia. Entre os restantes,
foram identificados periódicos publicados por entidades ligadas especialmente às áreas das
Ciências Sociais Aplicadas e Ciências Humanas. Entre os periódicos da área de Educação, 30%
foram publicados por entidade dedicada prioritariamente a essa área. Os demais periódicos
foram publicados pelas áreas: Ciências Sociais Aplicadas; Ciências Humanas; Ciências Exatas
e da Terra; Ciências Agrárias; Linguística, Letras e Artes; Ciências da Saúde. Esses resultados
confirmam um interesse em temas diversos mais amplo que o revelado pelos dados da Economia.
Quando se considera que os periódicos Qualis são em grande parte os veículos escolhidos para
2
disponível no endereço: http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/TabelaAreasConhecimento_042009.pdf.
GT72186
publicação por membros de cada área, pode-se concluir que a comunidade da Educação mantém
interação acentuada com diversas outras áreas. Aponta, também para o caráter interdisciplinar da
Educação. Os resultados obtidos para Economia reforçam a ideia de que a área possui métodos
e leis próprias, não dependendo de teorias fora de seu campo de estudo. E ainda, as disciplinas
incluídas em sua lista que não são oriundas da própria Economia foram editadas por áreas
próximas das Ciências Sociais Aplicadas, como Planejamento e Administração.
Figura 4 - Área principal declarada pelo periódico*
* Inclui periódicos da Qualis nos estratos entre A1 e B3 e periódicos da SciELO
IDIOMA
O idioma aqui se refere ao empregado nos textos dos artigos publicados. Para identificar
a variável idioma foi necessário acessar cada revista e consultar as instruções aos autores. Nos
casos em que a informação não foi encontrada, anotou-se a língua em que os dados da revista
estavam escritos.
O gráfico da Figura 5 mostra que os periódicos da Economia incluídos na lista Qualis
têm como idioma preferencial o inglês, em 86% dos periódicos. Que periódicos em idiomas
estrangeiros seriam mais numerosos era previsível pelos dados sobre origem, na Figura 3. A
informação importante, agora, é a concentração no idioma inglês. Entre os periódicos da área de
Educação predomina o português, e como segunda e terceira línguas o espanhol e o francês, mas
com baixa representação. Mais uma vez fica caracterizada a natureza nomotética da Economia,
pois utiliza mais uma língua considerada universal, em oposição à Educação, cujos interesses
tendem a ser regionais.
GT72187
Língua em que o periódico é publicado
86%
64%
17%
15%
10%
2%
Inglês
1%
Espanhol
Português
Economia n=216
3%
Francês
0%
2%
Outros
Educação n=547
Figura 5 - Idioma em que o periódico é publicado*
*Inclui periódicos da Qualis nos estratos entre A1 e B3 e periódicos SciELO.
Segunda fase: Análise dos artigos.
a) Número de páginas por artigo
Os cinco fascículos sorteados da área de Economia publicaram juntos o total de 43 artigos.
A extensão mínima encontrada nesses artigos foi de 9 páginas (dois artigos), e a máxima foi de 38
páginas (um artigo). A média foi de 23 páginas. Há mais de uma moda, cada uma com 4 artigos: 17,
22, e 23 páginas. A mediana se situou em 23 páginas.
Os cinco fascículos sorteados da área de Educação publicaram juntos o total de 52 artigos. O
artigo mais curto tem apenas 6 páginas e o mais longo, 44 páginas. A média situou-se em 20 páginas,
a moda, bem pronunciada com 6 artigos, em 21 páginas, e também a mediana, entre 20 e 21 páginas.
O gráfico da Figura 6 mostra esses dados, deixando visível que nesse quesito, há pouca diferença
entre as duas áreas estudadas.
número de páginas por artigo
Número de páginas por artigo
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
ECONOMIA (43 artigos)
EDUCAÇÂO (52 artigos)
número
número
mínimo de máximo de
páginas
páginas
número
médio de
páginas
moda
Figura 6 - Número de páginas por artigo, por área.
GT72188
mediana
b) Número de autores por artigo
O gráfico da Figura 7 apresenta o número de autores por artigo nos dois conjuntos estudados,
em percentagens. Os artigos da área de Economia foram escritos em sua maioria por mais de um autor,
35 entre os 43 examinados. Os artigos da área de Educação, por outro lado, têm a maioria de seus
artigos assinados por um só autor, 29 entre 52. As médias de autor por artigo, nas duas áreas, foram
de 2,53 para Economia e 1,42 para Educação. A autoria única tem sido característica das humanidades
e de algumas áreas sociais, que também privilegiam, tradicionalmente, os livros e capítulos de livros
como veículo de divulgação. Mas essa característica tem apresentado mudanças, talvez influenciada
pela tecnologia ou outros fatores externos (VILAN FILHO, 2010; MUELLER, 2005).
percentagem de artigos
80
70
60
50
ECONOMIA (43 artigos)
40
EDUCAÇÂO (52 artigos)
30
20
10
au
to
re
s
8
au
to
re
s
7
au
to
re
s
6
au
to
re
s
5
au
to
re
s
4
au
to
re
s
3
au
to
re
s
2
1
au
to
r
0
Figura 7 - Número de autores por artigo
c) Número de citações por artigo
Os 43 artigos de Economia examinados citaram, juntos, 1611 obras, uma média de 37,4 citações
por artigo. Os 52 artigos de Educação fizeram referência a 1901 obras, média por artigo de 36,5.
Os números mínimos e máximos de citações encontrados nos conjuntos examinados foram de duas
(mínimo) e 138 (máximo) citações em um artigo em Economia e 4 (mínimo) e 132 (máximo) citações
em um artigo em Educação. A moda, tanto em Economia quanto em Educação não foi significativa.
A mediana se situou em 27 artigos em Economia, e em 25 artigos em Educação. Portanto, em média,
as duas áreas apresentaram hábitos bastante semelhantes quanto a quantidade de títulos citados por
artigo.
d) Idiomas das obras citadas
Embora o número médio de citações por artigo nas duas áreas não tenha apresentado muita
diferença, como visto acima, em relação ao idioma houve, sim, diferenças, como mostra o gráfico da
Figura 8. Os dados estão em percentagem, deixando clara a predominância do idioma português para
os pesquisadores da área de Educação e o inglês para aqueles da Economia. O fato remete, mais uma
vez, para a natureza nomotética da Economia e a interesses mais regionais da Educação.
GT72189
percentagens de citação
80
70
60
50
ECONOMIA (total 1611
citações))
40
EDUCAÇÂO (total 1901
citações)
30
20
10
0
português
inglês
outros idiomas
Idioma da obra citada
Figura 8 – Idioma da obra citada
e) Tipos de obras citadas
Os dois conjuntos de artigos examinados mostraram alguma diferença quanto ao tipo de obras mais
citadas. Os artigos de Economia privilegiaram os artigos de periódico, e em segundo lugar, os livros e
capítulos de livros. Os artigos de Educação invertem essa ordem. As duas áreas citaram poucos trabalhos
apresentados em eventos e também não citaram de maneira relevante outros tipos de materiais. As
citações feitas a papers pelos artigos de Economia chamam a atenção, uma característica da área. São
trabalhos ainda em evolução, às vezes chamados de textos para discussão e outras denominações.
5 CONCLUSÕES
O trabalho partiu da hipótese de que as diferenças na forma de comunicação das várias
disciplinas científicas estariam associadas não apenas ao seu objeto de estudo ou métodos, mas
também à sua história e desenvolvimento. A opção pelo estudo das listas Qualis de periódicos, que
refletem hábitos e valores de duas comunidades científicas, foi inspirada nas ideias de Hjørland, para
quem o estudo do uso de informação, inclusive da informação científica, deveria ser centrado nas
comunidades ou domínios. A adoção da análise bibliométrica dos dados, que permitiu a comparação
entre as duas áreas, também se baseou em recomendações daquele autor.
A Economia, como ciência nomotética e próxima em seus métodos das ciências naturais, e a
Educação, derivada de costumes e da prática profissional, deveriam segundo a tese adotada, apresentar
diferenças nas características estudadas de seus periódicos e artigos. Os resultados mostraram que
as diferenças ocorrem em algumas dessas características, mas não todas. Refletindo sua origem e
desenvolvimento, a Economia se mostrou mais focada em seus próprios temas, que pode explicar a
quantidade menor de títulos incluídos pela sua comunidade nas listas Qualis. Também se mostrou mais
internacional, como se percebe na forma como atribui valor aos títulos nacionais e estrangeiros de sua
lista (estratos) e pelo número de periódicos estrangeiros que a integram. O idioma de publicação pode
ser considerado outro indicativo dessa tendência à internacionalidade. A Educação, por outro lado,
GT72190
pelo alto número de títulos incluídos em a sua lista Qualis poderia ser considerada mais abrangente ou
difusa em seus interesses, os quais se revelaram mais regionais ou nacionais que internacionais, como
sugere a importância dada aos títulos nacionais, à inclusão de títulos de muitas áreas e ao idioma
português, dominante em seus artigos.
A análise dos artigos não mostrou muitas divergências na extensão dos textos publicados
nem no número de citações por artigos. Mas as formas de autoria, o idioma das obras citadas e o tipo
dessas obras, de novo, apontam para as diferenças pressupostas.
Em conclusão, embora a amostra estudada tenha sido reduzida, tanto em número de itens
quanto em áreas estudadas, os resultados apontam para a confirmação da hipótese, de que a origem
e o desenvolvimento das áreas, além da sua condição de pertencente às ciências naturais e exatas ou
humanas e sociais, podem explicar alguns hábitos de publicação e comunicação. Pretende-se realizar
estudos mais abrangentes para que se possa, de fato, confirmar a essa afirmação. Na continuação deste
estudo, a recomendação de Hjørland de se aplicar mais de uma abordagem aos mesmos domínios será
seguida, assim como a ênfase na perspectiva obtida pela comparação entre eles.
ABSTRACT
The study aimed at verifying whether the differences in communication habits among disciplines
are associated to their origins and history, instead of just their object of study (nature or society).
Economics and Education were chosen for the exercise because they present different histories, even
though both are considered social sciences: Economics has been classified as nomothetic, whereas
Education is probably an evolution of social practice. Hjørland ideas about domain analysis inspired
the choice of method. The Qualis/Capes lists of each area, as presented in 2009, supplied the titles
for study, which was developed in two parts: first, periodicals were examined for quantity of titles,
distribution in quality strata, proportion between Brazilian and non-Brazilian titles, and inclusion of
titles from other areas. In the second part, articles from a reduced sample of the most recent issue
of five titles in each area were examined for number of pages, authorship, amount of citations, type
of publication cited and language of cited items. Results showed that differences occur in some but
not all characteristics examined. Economics came out as more focused on its own themes and more
international while Education’s interests were perceived as less well defined, but more centered in
regional or national matters. The two areas presented similar number of pages per article and in
citations made, but authorship, language and type of publications cited showed differences pointed
to the hypothesis.
Keywords: Economic periodicals: characteristics of publications. �����������������������������������
Education periodicals: characteristics of publications. Qualis/Capes (Brazil).
GT72191
REFERÊNCIAS
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Cardoso, Maria da Glória A. Ferreira e Marco Antônio de Azevedo. Perspectiva em Ciência da
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HJØRLAND, B. Domain analysis in information science: Eleven approaches - traditional as well
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HJØRLAND, B.; ALBRECHETSEN, Hanne. Toward a new horizon in information science: domainanalysis. Journal of the American Society for Inf. Science, v. 46, n. 6, p.400-425, jul. 1995.
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. A publicação da ciência: áreas científicas e seus canais
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:
<http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/980/2/ARTIGO_PublicacaoCiencia.pdf>.
Acesso em 10 dez. 2010.
VILAN FILHO, J.L. Autoria múltipla em artigos de periódicos científicos das áreas de informação
no Brasil. 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Informação da Faculdade de Ciência da Informação)
Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
WALLESRTEIN, I. As Ciências Sociais no Século XIX. Trad. Carina Morgado. História agora. Rio
de Janeiro, n. 3, p. 1-15, out. 2007. Disponível em: < http://www.historiagora.com/dmdocuments/
Historia3_ciencias_sociais_seculo_XXI.pdf>. Acesso em: 21 mai.2010.
GT72192
COMUNICAÇÃO ORAL
CARACTERÍSTICAS E TENDÊNCIAS NA PRODUTIVIDADE
CIENTÍFICA: A PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS CIETÍFICOS NA
ÁREA DE HISTÓRIA (1985-2009).
Renata Regina Gouvêa Barbatho
Resumo: O Objetivo desta pesquisa foi analisar a literatura produzida dos historiares e seus canais de
comunicação preferenciais ao longo dos últimos 25 anos, para então observar as mudanças na Historiografia. Para isso, foram utilizadas as informações acadêmicas dos Bolsistas de Produtividade 1 do
CNPq que estão disponíveis em seus Currículos Lattes. A metodologia utilizada foi a Bibliometria,
que permitiu quantificar e avaliar o perfil comunicativo da comunidade científica em questão. Foi
possível concluir que a área de História está realmente crescendo, e que seu crescimento está influenciando em sua produção. Em relação aos canais comunicativos, assim como Ferrez (1981) concluiu, e
Brasil (1992) concordou, esta pesquisa corrobora a importância do livro nesta área do conhecimento,
no entanto, outros canais começam a emergir na literatura analisada, surgindo como uma alternativa
as novas demandas produtivas, como os artigos em periódicos científicos, que se apresentam em larga
expansão. Foi identificado que três idiomas estrangeiros estão presentes nas publicações mensuradas
e são: espanhol, francês e inglês, no qual o inglês é mais freqüente. Por fim, esta pesquisa conclui
que, mais uma vez como já havia sido identificado por Ferrez e Brasil, o historiador publica predominantemente em autoria individual, havendo apenas mais abertura para trabalhos publicados com
dois autores.
Palavras-chave: Produção Historiográfica. Comunicação Científica - História. Bibliometria. Indicadores.
1. A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EO DESENVOLVIEMNTO DAS CIÊNCIAS
Os historiadores no Brasil representam uma comunidade de cientistas consolidada, mas nos
últimos dez anos tem apresentou uma expansão, tanto geográfica, quanto produtiva, e essas mudanças
foram capazes de introduzir e expandir canais de comunicação até então excluídos na área. Estas
transformações são frutos de políticas públicas de incentivo à pesquisa presentes em diversas áreas do
conhecimento, sendo responsável pela expansão das universidades e da ciência no Brasil.
Em função deste cenário intelectual, os estudos de Comunicação Científica são fundamentais,
como base para a compreensão dos processos de comunicação entre cientistas.
GT72193
Na Ciência da Informação, autores clássicos como Price (1976), Meadows (1999) e Ziman
(1979) têm propiciado os fundamentos teóricos nesse campo. Como afirmou Meadows (1999), a
comunicação científica é inerente à produção de conhecimento e pode ser concretizada de diferentes
formas e intensidade, de acordo com a natureza de cada área, daí a importância da identificação dos
distintos padrões de geração e de comunicação existentes.
Entre esses autores, Price (1976) desenvolveu estudos sobre comunicação e produtividade
científica, crescimento da ciência, características da produção, tais como autorias únicas e coletivas,
procedimentos do colégio invisível, entre outras questões que constituem a base da Comunicação
Científica.
Como Meadows já na década de 1970 apontou, não é possível que todas as ciências apresentem
os mesmos padrões de comunicação científica e, conseqüentemente, as mesmas formas de produção
do conhecimento.
No contexto social atual, a valorização do conhecimento científico e o seu uso como recurso
estratégico de Estado para desenvolvimento econômico e social fizeram da ciência um novo segmento
social, com relações internas e externas de hierarquia e poder, já que envolve questões de disputas e
de investimentos constantes (BOURDIEU, 1983). Em função do próprio desenvolvimento histórico
das ciências, foi possível observar as relações hierárquicas não só entre os cientistas das diversas
áreas, como entre as próprias ciências, em que padrões de comportamento são impostos como ideais
e não idéias. A Física detém, hoje, o statu quo de padrão ideal de comportamento (MUELLER, 2005).
No entanto, cada área tem em si um sentido e se comporta atendendo a este sentido, portanto, tentar
padronizá-las significa correr o risco de mudar suas essências.
Assim, é fundamental estudar os canais de comunicação de cientistas da área de História, a fim
de contribuir para o melhor entendimento das características da mesma, e proporcionar meios para
o seu desenvolvimento, percebendo suas tendências e demandas, pois assim os órgãos de fomento
poderão desenvolver formas de avaliação e políticas de promoção de pesquisas adequadas às áreas de
Ciências Humanas, especialmente a História.
Esta é uma pesquisa de caráter exploratório, que utilizou métodos bibliométricos para analisar
a produção de artigos científicos na historiografia brasileira, entre os anos de 1985 a 2009, a partir dos
pesquisadores de produtividade 1 e sênior do CNPq, cadastrados em 2010, sendo todos vinculados a
uma Instituição de Ensino Superior, nos programas de pós-graduação localizados no Brasil, somando
um total de 70 bolsistas.
O período estipulado para análise compreende os anos de 1985 a 2009, assim distribuído:
1985-1989, 1990-1994, 1995-1999, 2000-2004 e 2005-2009. Tal procedimento foi adotado para
perceber possíveis flutuações no tempo e os possíveis impactos dos sistemas informatizados na
ciência e tecnologia. GT72194
2. PRODUTIVIDADE CIENTÍFICA EM HISTÓRIA Em 2005, a professora adjunta de Ciência da Informação da Universidade de Brasília (UNB),
Suzana Mueller, publicou os resultados de sua pesquisa sobre a produção de conhecimento no Brasil,
buscando identificar os canais preferenciais das diversas áreas do saber, a partir do currículo Lattes
dos bolsistas do Programa Pós-Doutoral no Exterior, da CAPES, para aquilatar se havia alguma
proximidade ou disparidade entre as mesmas.
A autora justificou sua pesquisa afirmando ser necessário estabelecer padrões de produção
e produtividade de pesquisadores, para que os mesmos sejam utilizados na formulação de critérios
de avaliações às (diferentes áreas da?) ciências, pois, segundo Mueller (2005), é possível criar um
critério adequado quando se reconhece sua forma de comportamento.
Em relação à avaliação da produtividade, para Mueller (2005 s/p.), existem os defensores de
um padrão único para todas as áreas, reconhecendo como o “padrão ideal” de produção o estabelecido
na Física, em que o pesquisador deve ter como meta publicar em periódicos internacionais e em inglês,
ou em idiomas de ampla aceitação. Por outro lado, existem aqueles que “advogam adequações às
especificidades de cada área”, principalmente os integrantes das Ciências Sociais e das Humanidades,
pois argumentam que formas diferentes de produção do conhecimento demandam formas diferentes
de comunicação, logo, também de avaliação.
Para trazer o debate acerca da questão do comportamento, Mueller (2005) lembra que Meadows
(1999) já havia indicado ser a tarefa de comparar determinados comportamentos, descabida, pois
cada grupo agrega valores próprios na produção, de acordo com suas necessidades - cada área adota
suas próprias formas de pesquisar e de se comunicar.
No entanto, se por um lado, as comparações são descabidas, por outro, proporcionam algum
tipo de parâmetro, mesmo que seja para posteriormente concluir que não existia similaridade. Pinheiro
(1997), em sua tese, sobre aspectos epistemológicos da Ciência da Informação, no qual disserta sobre
os conceitos, métodos e princípios, leis e teorias da área, retoma a discussão da reformulação da Lei
de Bradford, proposta pela mesma autora no ano de 1982, no qual se questiona, se seria possível ser
aplicada a lei em uma área de conhecimento na qual não foi gerada originalmente.
Quando em 1982 apresentamos dissertação de mestrado em Ciência da Informação, propondo
uma reformulação conceitual da Lei de Bradford, a grande questão que ficou em aberto foi se
uma lei, originalmente aplicada em informação gerada numa área como a Geofísica Aplicada
e Lubrificação, teria validade ou poderia chegar aos mesmos resultados em informação de
outros campos do conhecimento como Medicina, Engenharia e Filosofia, se as ciências têm suas
similaridades mas diferem, substancialmente, na sua natureza, processos, teorias e metodologias?
(PINHEIRO, 1997. p. 1.)
Os questionamentos da autora perpassaram tanto por aspectos gerados internamente nas
comunidades científicas, quanto pela própria interação dinâmica e constante do homem com o seu
meio, seja o científico, seja o social e político.
GT72195
[...} como tratar uma ciência social cujo objeto, informação, é produzido pelo homem e
também por ele absorvido, num ciclo autofágico, dinâmico e singular? Se este homem
faz parte de comunidades científicas com padrões específicos de comunicação e busca de
informação e cânones próprios na estrutura da literatura, decorrência natural da essência
e “etnografia” de cada campo do conhecimento? Ou se o indivíduo, parte integrante de
uma determinada cultura e circunstâncias educacionais, sociais, políticas e históricas bem
definidas reage aos estímulos de informação de acordo com esses fatores determinantes?
(PINHEIRO, 1997. p. 1.)
Os dados obtidos pela pesquisa desenvolvida por Mueller (2005) corroboram a visão defendida
por Meadows (1998) e de Pinheiro (1997), pois as oito grandes áreas classificadas pelo CAPES
apresentam comportamentos internos típicos, contendo algumas proximidades.
Os resultados apresentam distinções: as ciências normais ou experimentais, apesar das
diferenças entre si, geralmente são conduzidas por equipes, apoiadas em paradigmas aceitos
universalmente e produzem artigos não muito longos, publicando prioritariamente em periódicos
de circulação internacional e em língua inglesa; já nas áreas de tecnologias e de Ciências Aplicadas,
percebe-se o freqüente uso de relatórios e congressos, chegando ao “mesmo prestígio que artigos
científicos ou capítulos de livros em outras áreas”; e, por fim, a área de Humanidades, com um
comportamento bem peculiar, pois “parecem produzir textos mais longos e não necessariamente
publicados como artigos, mas também são importantes os capítulos de livros e livros, freqüentemente
assinados por apenas um pesquisador”. Além disso, suas bases teóricas e metodológicas não seguem
um padrão único, podendo haver a coexistência de correntes de pensamento divergentes e do uso
de métodos quantitativos e qualitativos “em suas várias versões e uso de diversas combinações”.
(MUELLER, 2005. s/p.)
No levantamento numérico levantado por Mueller (2005), as disparidades entre as publicações,
com números elevados na publicação de periódicos nacionais, livros e capítulos de livros apresentados
pelas Ciências Humanas. Nesta área, a publicação de livros (479) é quase quatro vezes maior que a
segunda que mais publicou este tipo de comunicação (282), no caso a Lingüística, Letras e Artes,
campo mais próximo das Humanidades.
No Brasil, duas pesquisas bibliométricas de dissertação foram destinadas exclusivamente à
História, sendo a primeira da década de 1980, desenvolvida por Helena Ferrez e a segunda da década
de 1990, por Irene Brasil, em que ambas constataram o não enquadramento da área entre as ciências.
A pesquisa de Helena Ferrez (1981. p. 23.), objetivou “estudar a literatura contemporânea
de História do Brasil e detectar padrões de comportamentos, especificamente no que se refere às
citações e citados”. Sobre a literatura citante, relativa às citações, a autora almejou conhecer o
perfil da comunidade a qual pertencem os historiadores, verificar a função do periódico na área de
História, e identificar possíveis tendências temáticas na historiografia. Já em relação à literatura citada
buscou estabelecer padrões relacionados à existência ou não de um equilíbrio no uso de documentos
primários, as formas físicas da literatura, o local de publicação ou de localização dos documentos e a
distribuição dos títulos citados.
GT72196
Em sua pesquisa foram escolhidos os Anais de História, Estudos Históricos, Revista de
História e a Revista do Instituto Histórico e Geográfico, entre os anos de 1975 e 1976, utilizando a
Bibliometria como metodologia. Foram levadas em contas outras leis e discussões de autores sobre
a área.
A partir de uma pesquisa densa de dissertação, Ferrez (1981) publicou seus resultados como
artigo na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, incluindo a discussão detalhada
das informações obtidas, sendo possível chegar a conclusões pertinentes ao conhecimento do
funcionamento da Ciência Histórica. Entre estes foi constatada a existência de uma concentração
da comunidade analisada no Rio de Janeiro e principalmente São Paulo e mais, vinculadas à
universidade; a predominância da historiografia tradicional; a participação de autores tanto
“autodidatas” quanto acadêmicos, demonstrando assim a importância da Universidade para
a produção historiográfica; a predominância de pesquisa sem colaboração, com publicações
individuais; a baixa produtividade; o predomínio do Império como tema de estudo; a atuação de
outros cientistas sociais na área como sociólogos, economistas e antropólogos; e a presença de
fontes primárias - documentos produzidos no período estudado e que servem de material para a
pesquisa histórica.
Sobre as escolhas de temas a serem desenvolvidos e a vinculação do historiador com a
universidade, cabe explicar a existência de uma tendência natural pela opção de temas abordando a
História Regional, primeiro, por haver uma valorização da cultura local e, segundo, pela limitação
do historiador, dependendo diretamente da existência de fontes primárias para dar continuidade à sua
pesquisa. Já quanto à questão envolvendo a produtividade, deve ser mencionado que a capacidade
produtiva de um pesquisador não está relacionada somente à “habilidade intrínseca do cientista, mas
também com suas motivações para a pesquisa, o que parece ocorrer mais freqüentemente no meio
acadêmico. Nas Universidades a publicação de trabalhos é um item importante para a promoção e
prestígio” (FERREZ, 1981. p. 53, 65)
Além desses resultados, outros também foram encontrados, como a não “predominância
de nenhum tipo de documento” e a demonstração do periódico não ser o “principal veiculo de
comunicação formal dos historiadores”, apesar da revista especializada em História não divergir do
periódico científico, ao mesmo tempo em que não se limita à publicação de novas informações ou
artigos. Em relação à nacionalidade e origem do material, foi observada na produção a presença de
documentos históricos de Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Estados Unidos.
Esta pesquisa possibilitou a constatação de ser a Ciência Histórica uma área que apresenta
um padrão de comunicação diferenciado das outras ciências, impossibilitando “a sua generalização,
pelo menos no que diz respeito à pesquisa em colaboração, produtividade de autores, número médio
de referências por artigo, tipo de material bibliográfico mais utilizado, núcleo de literatura e frente
de pesquisa”. A História apresentou uma peculiaridade em relação à utilização de referências, pois
segundo a autora, “as referências bibliográficas exercem duplo papel, no sentido de que ora são o
GT72197
próprio material de estudo, ora são a literatura, que serviu de subsídio ao historiador”. Este fato é
explicado pela História ter também como objeto de interesse a evolução cientifica inclusive a sua
própria.
A utilização de fontes primárias e secundárias na produção do conhecimento histórico
é peculiar. A fonte primária é um documento que apresenta elementos representativos de seu tempo,
mesmo não havendo uma intenção preestabelecida de utilização futura à História, já a fonte secundária
é relativa a obras intencionais produzidas a partir de um processo de análise sobre um determinado
assunto. Porém, a relação com a fonte secundária pode ser relativizada, como pôde constatar Ferrez,
quando observou o uso de bibliografia em dupla função. Isso se justifica pelo reconhecimento
dos “processos de manipulação que se manifestam em todos os níveis da constituição do saber
histórico” e da História “também ser uma prática social”. As interpretações do historiador podem ser,
posteriormente, objeto de um colega de profissão de gerações posteriores, pois é constatada a visão
de que “um mesmo passado muda segundo as épocas” e que o “historiador está submetido ao tempo
em que vive” (LE GOFF, 2003. p. 11 e 13).
O trabalho de Ferrez (1981) representou uma pesquisa inédita para a área de História, tanto
metodologicamente quanto do seu objetivo, sendo de suma importância tanto para historiografia,
quanto para a Bibliometria, pois indicou que um campo científico pode se comportar de forma diferente.
Evidenciou a necessidade de desenvolvimento de pesquisas bibliométricas em outras áreas, assim
como na própria História, já que sua pesquisa apresentou uma limitação de tempo, tendo mensurado
apenas dois anos de produtividade e por ter se dedicado à análise de um canal de comunicação que
demonstrou não ter expressividade na área.
Já a pesquisa desenvolvida por Brasil (1992), também em dissertação de mestrado, intitulada
Estruturas bibliométricas e fontes historiográfica no setor de História da Fundação Casa de Rui
Barbosa, de 1992, foi estudada a literatura produzida e citada por historiadores e suas trajetórias
profissionais dentro dessa fundação, como o tempo de vinculação institucional e formação acadêmica.
A partir dos dados foi possível mais uma vez observar o comportamento peculiar da área de História.
3. A Produtividade de artigos científicos em periódicos
Os artigos publicados por pesquisadores 1 do CNPq de História cresceram 242,6%, num
intervalo de tempo de 24 anos, como uma conseqüência do próprio crescimento e expansão da área,
que vem passando por este processo intensamente, desde fim da década de 1980. Este crescimento
pode ser observado no gráfico 01.
GT72198
Gráfico 01: Artigos completos publicados em periódicos pelos bolsistas de produtividade 1 do CNPq.
400
350
335
300
286
250
200
185
161
150
145
142
136
133
118
107
104
100
103
74
99
102
59
58
50
109
28
23
0
1985 - 1989 1990 - 1994 1995 - 1999 2000 - 2004 2005 - 2009
PQ 1A Total 183
Total Geral 2507
74
103
142
145
109
PQ 1B - Total 592
58
104
161
136
133
PQ 1C - Total 401
23
59
102
118
99
PQ 1D - Total 941
28
107
185
335
286
Fonte: A autora, a partir de informações da Plataforma Lattes. Disponível em: <http/www.lattes.cnpq.
br>. Acesso em: 18 de dez. de 2010.
Estes números são referentes à produção registrada no Currículo Lattes dos professores, tendo sido
contados mais de uma vez no caso de autorias coletivas em que ambos os autores eram pesquisadores
1.
O gráfico 01 indica a produção científica dos pesquisadores 1, entre os anos de 1985 a 2009, sendo
possível observar que o número de artigos aumentou ao longo dos anos, destacando-se o crescimento em
fins dos anos 1980 e início da década de 1990, com o aumento de mais de 100% da produção, não deve
esquecido que em 1985 apenas metade desses pesquisadores obtinham o título de doutor.
O aumento da produtividade, primeiro em grande intensidade e posteriormente em queda
analisado diretamente nos currículos Lattes, pode ser explicado pelo fato do próprio envolvimento
dos pesquisadores 1 com a academia, tanto em seus períodos de doutoramento quanto depois, já
desenvolvendo pesquisas nas IES onde atuam. A sua maturidade científica também deve ser um
elemento que ajuda a entender este crescimento.
GT72199
Os primeiros anos do século XXI somaram 54,2% de todos os artigos, fazendo pensar,
primeiro, como um reflexo da pressão dos órgão de fomento pela produtividade e, segundo, pela
própria existência de mais canais de comunicação onde publicar, pois hoje, só através do site da
Anpuh é possível acessar 67 periódicos de História, sendo 31 destes exclusivamente eletrônicos.
Até 1981, nem a própria Associação editava uma revista, que antes só contava com a publicação dos
anais de seu congresso, e atualmente já dispõe de dois periódicos, a Revista Brasileira de História a
Revista Eletrônica História Hoje. Além disso, com o crescimento do número de programas também
aumenta o número de revistas, pois cada programa busca criar a sua, isso quando não duas, uma do
corpo docente e outra do corpo discente.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, além de uma revista dos docentes
e outra dos alunos, tem também a revista Latinidades, produzida por um de seus laboratórios, o
Laboratório de Estudos Políticos das Américas/PPGH/NUCLEAS, no qual “reúne textos de professores
e pesquisadores da UERJ e de outras instituições do país e estrangeiras”. O periódico dos docentes,
a Revista Maracanan, também é aberta a publicação de professores de outras instituições, já que um
dos seus objetivos é exatamente “o intercâmbio com outros Programas de Pós-Graduação e áreas de
produção científica afins, nacionais e internacionais”, além de divulgar a sua produção acadêmica,
e por fim, a revista Diá-logos que “é uma produção dos alunos do PPGH/UERJ”, mas que assim
como as revistas dos docentes, busca a interação com outras instituições, e por isso, “publica artigos
de alunos de pós-graduação de diversas instituições do país”1. Além disso, os artigos publicados são
apresentados na Semana de História Política, organizada também pelos discentes:
Em sua maioria, os textos resultam das leituras realizadas para suas teses e dissertações,
exprimem a qualidade das pesquisas e dos projetos e apontam a brilhantismo dos novos mestre
e doutores da UERJ. Enfatizam ainda, o caráter multicultural dos estudos desenvolvidos. 2
No que se refere ao decréscimo dos artigos, entre 2004 e 2009, este fato pode ter como
explicação um movimento de aumento de outro tipo de publicação, como as publicações de capítulos
de livro.
Foram mensuradas também as publicações em idiomas estrangeiros, podendo ser observado
nos gráficos 02, 03 e 04. Entre os 331 artigos em idioma estrangeiro, 77 (23,2% entre os estrangeiros)
são espanhóis, 57 (17,2%) franceses e 197 (59,5%) ingleses, com uma concentração de 202 (61%)
entre 2000 e 2009.
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação em História: Publicações. Disponível em: <http://www.
ppghistoria.com.br/publicacoes.php.>. Acesso em 8 de fev. de 2011.
2 Ibid.
GT72200
Gráfico 02: Artigos completos publicados em periódicos pelos bolsistas de produtividade 1 do CNPq
em espanhol.
2005 - 2009
2
2
20
3
11
3
2000 - 2004
1995 - 1999
2
5
4
5
3
1990 - 1994
PQ 1D
PQ 1C
PQ 1B
PQ 1A - Total 77
6
6
3
1985 - 1989
2
0
5
10
15
20
25
Fonte: A autora, a partir de informações da Plataforma Lattes. Disponível em: <http/www.lattes.cnpq.
br>. Acesso em: 18 de dez. de 2010.
Estes números são referentes à produção registrada no Currículo Lattes dos professores, tendo sido
contados mais de uma vez no caso de autorias coletivas em que ambos os autores eram pesquisadores 1.
Como pode ser observado no gráfico 02, dos 2507 artigos publicados, apenas 3% foram
em espanhol, sendo os pesquisadores 1A os primeiros a publicarem em outro idioma e os 1B os
últimos, já em fins da década de 1990. Note-se que são os pesquisadores 1D que obtiveram os maiores
rendimentos a partir de 1995, com destaque para os anos de 2005 a 2009, que publicaram quase três
vezes (20) a soma das outras três categorias (7).
Gráfico 03: Artigos completos publicados em periódicos pelos bolsistas de produtividade 1 do CNPq
em francês.
6
2
2005 - 2009
2000 - 2004
2
1995 - 1999
2
2
2
4
5
5
3
4
PQ 1D
PQ 1C
PQ 1B
6
PQ 1A - Total 57
2
1990 - 1994
1
1
1985 - 1989
1
0
7
2
2
4
6
8
Fonte: a autora, a partir de informações da Plataforma Lattes. Disponível em: <http/www.lattes.cnpq.
br>. Acesso em: 18 de dez. de 2010.
Estes números são referentes à produção registrada no Currículo Lattes dos professores, tendo sido
contados mais de uma vez no caso de autorias coletivas em que ambos os autores eram pesquisadores 1.
GT72201
A presença de publicações em francês se deve principalmente em função da França ter uma
forte tradição na área e de sua atuação no Brasil, onde compuseram parte do corpo docente nas
universidades brasileiras, assim como ocorreu também com ingleses, porém em menor intensidade.
A historiadora Maria Yedda Leite Linhares (2002. p. 25), em entrevista comentando sobre seu início
de graduação na Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em 1939, expõe o assunto
quando afirmou “tive aí grandes mestres franceses em História e em Geografia, Victor Tapié, Antoine
Bon, um inglês jovem e competente, especialista nas civilizações antigas do Oriente Próximo”. Esta
presença estrangeira citada por Linhares é explicada pelo fato da CAPES, sob liderança de Anísio
Teixeira, ter contratado professores visitantes estrangeiros para impulsionar a ciência no Brasil. 3
A partir do gráfico 03 observa-se que a discrepância entre os 1A e 1D permanece, assim
como as publicações em francês, porém, a predominância é dos pesquisadores da mais alta categoria.
Foram contados 57 artigos, representando 2,2 % entre todos os publicados, distribuídos em quinze
dos 1D, sete dos 1C, treze dos 1B e vinte dois dos 1A. A forte presença dos 1A é explicada por sua
tradição francesa, marcado na sua formação, afinal o corpo docente do primeiro Programa de PósGraduação em História do Brasil, a USP (responsável por formar 49, dos 70 pesquisadores bolsistas)
tinha “famosos” franceses em seu corpo docentes, que foram convidados para contribuir na fundação
do mesmo (CANABRAVA, 1981, p. 4).
Gráfico 04: Artigos completos publicados em periódicos pelos bolsistas de produtividade 1 do CNPq
em inglês.
2005 - 2009
3
52
4
9
2000 - 2004
37
8
2
10
PQ 1D
18
1995 - 1999
3
PQ 1B
PQ 1A - Total 197
15
1
1990 - 1994
PQ 1C
6
7
3
6
3
1985 - 1989
2
0
8
10
20
30
40
50
60
Fonte: a autora, a partir de informações da Plataforma Lattes. Disponível em: <http/www.lattes.cnpq.
br>. Acesso em: 18 de dez. de 2010.
Estes números são referentes à produção registrada no Currículo Lattes dos professores, tendo sido
contados mais de uma vez no caso de autorias coletivas em que ambos os autores eram pesquisadores
1.
3 BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Op. Cit. “Missão e História”. Disponível em: <http://
www.capes.gov.br/sobre-a-capes/historia-e-missao>. Acesso em: 08 de fev. de 2011.
GT72202
O número de artigos em inglês soma 197, sendo 7,8% do total (gráfico 04), e uma das
explicações é a maior oferta e abertura dos periódicos em inglês à produção brasileira, além disso,
nota-se que apesar da tradição e da presença francesa, alguns aspectos mudaram ao longo do tempo,
sendo hoje a historiografia inglesa e americana muito influentes também na historiografia brasileira.
O que segundo Costa (2002. p. 87 -88.), significou um enorme avanço, pois “imprimiu um tom mais
empírico aos trabalhos”.
E se a presença inglesa e americana representam as novas tendências historiográficas, os
professores 1D representam de fato compõem uma “geração” mais atualizada, pois foram responsáveis
por 125 dos artigos em inglês (63,4%), e o século XXI o revolucionário, pois concentra 63,4% (125)
das publicações. A distribuição ficou com 19 artigos dos 1C, 20 dos pesquisadores 1B e 33 dos 1A.
Outro fato de grande contribuição à inserção da língua inglesa na historiografia brasileira foi
à atuação de americanos especializados na História do Brasil, os chamados brasilianistas, que nas
décadas de 1960 e 1970 foram financiados pelo governo americano a se especializarem na História
do país. Na ocasião existia o interesse do mesmo em aprofundar o conhecimento sobre as nações
latino-americanas após Revolução Cubana, possibilitando uma avaliação de sua política externa, num
contexto de Guerra Fria. Isto levou o termo brasilianista a ter uma conotação pejorativa, chegando
esse pesquisador a ser acusado, por parte da imprensa, de perigoso, já que acumulava informações
sobre o Brasil e tinha acesso a arquivos fechados aos historiadores brasileiros (MOREIRA, 1990. p.
69-70).
Por outro lado, como ressalta Moreira (1990), os brasilianistas foram responsáveis por
evidenciar problemas existentes na pesquisa histórica no Brasil, como o precário estado dos acervos
de memória do país, principalmente os produzidos na república.
Hoje, os brasilianistas estão inseridos num novo contexto social. Segundo o historiador Maxwell
(apud MARTINS, s/d), que apesar de ser um estadunidense voltado à História do Brasil, rejeita o
termo, o atual interesse dos americanos pelo Brasil se faz por suas características sociais e por sua
recente democracia, além disso, a universidade americana passa pelo processo de internacionalização,
demandando intercâmbios e assim favorecendo a pesquisa voltada ao nosso país.
Já a presença do espanhol deve-se a aproximação territorial, pois se trata de um dos idiomas
da comunidade da América Latina. A aparente baixa produção em francês deve-se ao fato destes
artigos serem publicações de um único país, a França, enquanto que em espanhol e em inglês, estão
relacionadas a mais países cada um, principalmente o último, que se refere, entre outros lugares, aos
EUA e à Inglaterra, duas nações que estão crescendo como referencia para a produção historiográfica
brasileira e que são reconhecidos como incentivadores da ciência.
Além disso, existem mais periódicos em inglês, enquanto que, e apesar da tradição francesa,
os periódicos deste país por serem tradicionais e de renome, são de difícil aceitação para publicação.
Já os periódicos em espanhol, que poderiam ter uma presença forte por ser também de países vizinhos,
se mostram mais restritos às comunidades brasileiras.
GT72203
Ainda sobre as publicações de artigos em língua estrangeira, cabe destacar que seis
pesquisadores não apresentaram nenhuma publicação em outro idioma e houve o registro de quatro
artigos em alemão, todos de pesquisadores 1D.
Outro objeto de análise desta pesquisa foram os artigos científicos em colaboração (gráfico
05).
Gráfico 05: Artigos completos publicados em periódicos pelos bolsistas de produtividade do CNPq
com autoria coletiva.
PQ 1D
PQ 1C
PQ 1B
PQ 1A - Total 283
1985 - 1989 1990 - 1994 1995 - 1999 2000 - 2004 2005 - 2009
1985 - 1989
1990 - 1994
1995 - 1999
2000 - 2004
2005 - 2009
5
8
5
14
11
PQ 1B
14
5
13
5
25
PQ 1C
4
2
7
13
18
PQ 1D
3
9
11
32
79
PQ 1A - Total 283
Fonte: A autora, a partir de informações da Plataforma Lattes. Disponível em: <http/www.lattes.cnpq.
br>. Acesso em: 18 de dez. de 2010.
Estes números são referentes à produção registrada no Currículo Lattes dos professores, tendo sido
contados mais de uma vez no caso de autorias coletivas em que ambos os autores eram pesquisadores 1.
Como pode ser observado no gráfico 05, apesar de 17 professores não publicarem em autoria
coletiva, este tipo de produção está aumentando, principalmente entre os pesquisadores 1D, que
são os que mais publicaram ao longo dos anos em colaboração, e principalmente na última década.
Ainda não é possível afirmar que esta prática é comum na História, ao contrário, a autoria individual
permanece como característica básica, assim como Ferrez (1981) identificou, porém, com ressalva,
da área estar mais aberta a esta possibilidade, somando 283 artigos em colaboração, compondo 11,2%
do total.
Apesar da autoria coletiva não ser tradicionalmente uma prática comum na História, isto pode
ser comum em outras áreas, o que Price (1976) apresentou em números estatísticos extraídos do
Chemical Abstracts sobre a produção científica, que indicam que “em 1900, mais de 80% de todos
GT72204
os artigos eram de um único autor e que quase todo o resto era de dois, cuja maioria vinha assinada
pelo professor e seu doutorando”, e baseado nisso, em conjunto com a proporção de crescimento das
autorias coletivas, o autor estimou que por volta 1980 os artigos individuais, na física, desapareceriam.
Price (1976, p. 55), escreveu sobre crescimento dos grandes laboratórios e de grupos de
pesquisa, citou um caso de publicação na Physical Review Letters, no qual o nome dos cientistas
envolvidos nas pesquisadas desenvolvidas nesses laboratórios não eram citados nem como nota
de rodapé quando algum artigo de resultados das pesquisas era publicado. Outra história em que
a colaboração coletiva também foi destacada por Price, quando um grupo de 10 a 20 matemáticos,
na maioria franceses publicaram uma coleção famosa sobre matemática superior e assinaram como
Nicolas Bourbaki, e não pelos nomes dos pesquisadores, transformando-se no “maior pseudônimo
matemático do mundo”.
Sobre as publicações coletivas na História, também foi observado qual era o número de
autores por artigo, para então saber qual o perfil dessas obras (ver gráfico 06).
Gráfico 06: Artigos completos publicados em periódicos pelos bolsistas de produtividade 1 do CNPq
com autoria coletiva - número de autores.
1
7
4
2005 - 2009
121
1
2000 - 2004
6
57
1
2
1995 - 1999
mais de 4 autores
4 autores
3 autores
33
2 autores - Total 283
1990 - 1994
2
22
1
1985 - 1989
6
0
19
50
100
150
Fonte: A autora, a partir de informações da Plataforma Lattes. Disponível em: <http/www.lattes.cnpq.
br>. Acesso em: 18 de dez. de 2010.
Estes números são referentes à produção registrada no Currículo Lattes dos professores, tendo sido
contados mais de uma vez no caso de autorias coletivas em que ambos os autores eram pesquisadores
1.
Dos 283 artigos de autoria coletiva, 252 são dois autores, o que indica que esta abertura a
produção coletiva é basicamente uma prática a produções em parcerias que perduram por anos, muito
possivelmente proporcionadas por uma identificação de assunto e pensamentos, possibilitada pela
GT72205
proximidade física, como por exemplo, a produção das pesquisadoras Lúcia Maria Bastos Pereira das
Neves (1B), Lúcia Maria Paschoal Guimarães (1C) e Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
(1C), que são três professoras da UERJ, e apesar de não terem temas de pesquisas necessariamente
congruentes, elas se convergem, e por isso já produziram ao longo dos anos artigos em conjunto, seja
com as duas ou as três. É preciso lembrar que a História é uma área discursiva, e não de produção em
série.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise da área de História por meio da caracterização da produção de artigos científicos
possibilitou conhecer e dimensionar a comunidade científica historiográfica, no que tange a sua
capacidade produtiva mais intensa.
A periodização estipulada, de 1985 a 2009, permitiu observar o crescimento da área, que
acompanha uma tendência nacional de expansão das ciências, não sendo um fato isolado da História.
Este fenômeno de crescimento está em pleno desenvolvimento, o que significa não ser possível ainda
dimensioná-lo por completo e nem ter exatidão de sua capacidade transformadora nas diversas áreas
de produção do conhecimento. A esta pesquisa coube apenas a constatação da repercussão do atual
contexto social e os avanços e institucionais na História.
Foi possível, ainda, perceber algumas mudanças nos canais preferenciais de comunicação
da historiografia brasileira, pois mesmo sendo a História uma ciência clássica, esta não conseguiria
permanecer com o mesmo perfil diante do seu grande crescimento nos últimos anos no Brasil,
em conjunto com as transformações sociais e o aperfeiçoamento dos sistemas de avaliação das
instituições de pesquisa universitária. A História que antes foi detectada por Ferrez (1981) como uma
área que tendia a não ter o periódico como canal preferencial, atualmente utiliza este recurso com
mais intensidade.
Além disso, especificamente em relação a suas características de tipologia autoral, assim
como Ferrez (1981) identificou ser a autoria individual uma característica da História, nesta pesquisa
também, porém, hoje é possível observar uma abertura às produções coletivas, com dois ou três
autores.
A produção científica dos historiadores, que tradicionalmente privilegiou as publicações
de livros e ainda mantém esta característica, hoje está permitindo uma abertura a outras formas de
publicação, como os artigos em periódicos científicos, que são tão comuns em outras áreas. A História,
em meio à pressão por apresentar produtividade, além de seus próprios conflitos historiográficos, a
outros embates, está tendo que se adaptar e ao mesmo tempo tentando resistir.
Abstract: The goal of this research was to analyze the literature produced by historians, observing
their preferred communication channels over the past 25 years, to observe then the impacts of changes in Historiography. For this, we used the academic information of CNPq Productivity 1 Scholarship
GT72206
Fellows that are available in their Lattes Curriculum. The methodology used was Bibliometrics that
allowed quantifying and assessing the communicative profile of the scientific community in question.
It was possible to conclude that the area of history is really growing, and that growth is influencing
their production. Regarding communicative channels, as well as Ferrez (1981) concluded, and Brasil
(1992) agreed, this research supports the importance of book in this area of expertise, however, other
channels are beginning to emerge in the literature reviewed, emerging as a new alternative production
demands, such as articles in scientific journals, which are present in great expansion. It was identified that three foreign languages are found in measured publications, they are Spanish, French and
English, in which English is more frequent. Finally, this research concludes that, once more as it had
been identified by Ferrez and Brasil, the historian publishes predominantly on individual authorship,
existing exceptionally published works with two authors.
Keywords: Historiographic Production;�����������������������������������������������������������
Scientific Communication in History; Bibliometric Scientific Production. Indicators.
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GT72208
COMUNICAÇÃO ORAL
INDICADORES REDE DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICA:
UM OLHAR SOB O PROGRAMA BRASILEIRO DE
NANOTECNOLOGIA1
Saulo Campos Oliveira, Leandro Innocentini Lopes de Faria
Resumo: Esta pesquisa aborda a colaboração científica na rede de pesquisadores em Nanotecnologia,
analisando seus efeitos antes e depois da criação da rede, que se inicia em 2001, sob a expectativa
de melhora nas observações sobre a pesquisa colaborativa. A pesquisa objetiva a análise dos dados
das publicações brasileiras na área de Nanotecnologia destacando o posicionamento dos autores pertencentes à rede e comparando com os indicadores bibliométricos e de colaboração, dando destaque
para as medidas de centralidade de rede. A pesquisa de caráter quantitativo fez uso da recuperação
dos dados das publicações da área de Nanotecnologia na base de dados Web Of Science no período
de 1998 a 2009, que possibilitaram a formação de dados bibliométricos da produção e da colaboração
científica da área. Medidas de análise de redes sociais foram utilizadas para interpretar as relações
entre os autores desta rede, aprofundando as analises na medida de centralidade de grau. Os resultados mostram o avanço da pesquisa em Nanotecnologia com o aumento do número de autores por
artigos, colaboração com outros países e aumento da colaboração interna. A análise das medidas
de centralidade demonstra o apoio em pesquisadores estrangeiros para consolidação das pesquisas
iniciais da rede e o amadurecimento ao longo do tempo com a centralização de pesquisadores brasileiros. Conclui que a utilização da análise de redes colaborativas de pesquisa mostra-se para a área
de Nanotecnologia como uma ferramenta para identificação de parceiros e focos de pesquisa no país,
além de representar mais uma alternativa metodológica para estudos de desenvolvimento da ciência.
O uso das medidas de centralidade de rede, apesar das necessidades de mais estudos, pode servir de
novo indicador para verificar o status de implantação de redes de colaboração, abrindo espaço para
novos estudos que questionem o uso da metodologia desta pesquisa, confirmando ou estabelecendo
novos indicadores com uso das medidas de análise de redes sociais.
Palavras-chave: Análise de Redes Sociais. Redes de Colaboração Científica. Indicadores.
1 INTRODUÇÃO
O empenho para a criação de programas de incentivo a formação de redes de pesquisa tem
aumentado nos últimos anos, principalmente quando observamos iniciativas de órgãos de fomento
1
Trabalho adaptado da dissertação de mestrado do autor.
GT72209
como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e a formação de políticas por parte do
governo. Pode-se destacar como razões da criação de programas de rede de colaboração a busca
pelo aumento das publicações internacionais em coautoria, a ampliação da multidisciplinaridade
(envolvimento de mais de uma área do conhecimento) e o incremento de inputs para novas pesquisas
(informações para surgimento de ideias).
A ação de pesquisa em rede encontra embasamento para sua idealização no contexto da atual
percepção do encadeamento de atividades para obtenção de melhores resultados, isto é, a busca de
força para aumentar a qualidade e diminuir do tempo de execução e a possibilidade de erro. Outro
pensamento para o agrupamento de pesquisadores apresenta-se na tendência de se unificar, cooperando
para ter maior participação em publicações que transpassam as discussões locais e regionais para
atingir as discussões em nível continental e transcontinental, dando assim maior visibilidade a suas
pesquisas, aumentando a eficiência das metodologias e atingindo novos resultados, além de garantir
novos e melhores investimentos para futuras pesquisas.
a ciência passou a se desenvolver com mais velocidade e presença quando novas necessidades
de pesquisa chegavam aos cientistas e a divulgação dos resultados atingiram um público
maior de especialistas, impulsionando, em quantidade e qualidade, a produção científica por
volta de 1945-1960 (MEADOWS, 1999, p. 65).
Aumentar a conexão entre os pesquisadores para a formação da rede e garantir a publicação dos
resultados da pesquisa em grandes periódicos teve grande contribuição a partir do desenvolvimento das
ferramentas de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s). As TIC’s transformaram a forma
como as descobertas científicas eram comunicadas tornando a cadeia de produção de conhecimento
muito mais dinâmica (SOUSA, 2008). O aumento da comunicação científica está ligado diretamente
ao aumento do número de pesquisadores, conforme comprovam dados da pesquisa de Persson,
Glänzel e Danell (2004 apud VANZ, 2009) que observa o crescimento de 64% em dados do ISI
(International Institute for Scientific Information) de 1980 a 2000. Os pesquisadores aumentaram a
colaboração com o apoio das TIC’s justamente por diminuir as fronteiras impeditivas geográficas e
colocar agilidade na tramitação de dados e informações.
Apesar do incentivo financeiro e institucional para a formação de redes e o contexto favorável
(com ferramentas e maior fluxo de informação) ainda não é possível determinar o quanto uma rede
é efetiva. Atualmente os indicadores para uma rede consistem no investimento empregado para as
pesquisas (recursos humanos, financeiros e tecnológicos) em uma ponta e a quantidade de publicações
(livros e capítulos, artigos e patentes) em outra.
O desenvolvimento de métodos para melhor avaliar a colaboração científica em rede é um dos
desafios que envolvem as pesquisas neste assunto. Visando contribuir com a caracterização das redes
de colaboração, o presente estudo buscou observar a dinâmica das redes de colaboração na área de
Nanotecnologia.
GT72210
A escolha desta área está ligada à sua importância no cenário mundial quanto ao fator de
desenvolvimento tecnológico e científico, se configurando para o futuro como uma tecnologia
revolucionária com poder de atuação em diversos segmentos da indústria, trazendo benefícios na
prática da medicina, dentre outras aplicações, inclusive de preocupação ambiental (SILVA JÚNIOR,
2002). A pesquisa em Nanotecnologia no Brasil possui desde 2001 iniciativas que incentivam a
pesquisa em redes colaborativas envolvendo diversas instituições e pesquisadores que têm como
objetivo ampliar os estudos na área e consequentemente, aumentar a participação brasileira em
publicações no assunto (BRASIL, 2001).
A Rede de Pesquisa em Nanotecnologia pode ser entendida como o trabalho cooperativo
de pesquisadores do assunto, em seus diversos níveis de instrução, atuando instituições diferentes,
trabalhando em direção do objetivo comum de desenvolver a pesquisa no Brasil ampliando a
participação brasileira nas discussões e assegurando o domínio de tecnologia de alto impacto.
O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o CNPq não apresentam uma definição
específica sobre as Redes de Pesquisa em Nanotecnologia, porém, em interpretação do primeiro
edital (CNPq/MCT nº1/2001), a Rede de Pesquisa em Nanotecnologia é correspondente à articulação
entre os centros de pesquisa, universidades e empresas que possuem conhecimento e interesse no
desenvolvimento da tecnologia de modo a representar inicialmente uma massa crítica para o assunto e
posteriormente um sistema de informação especializada em Nanotecnologia; e a rede seria o resultado
do trabalho colaborativo entre os pesquisadores destas instituições (BRASIL, 2001).
Iniciativas para o desenvolvimento da Nanotecnologia brasileira guinaram para a formação
de redes de pesquisa e surgiram por parte do MCT e do CNPq, que em 2001 deram início à Iniciativa
Brasileira em Nanotecnologia ou Rede Brasileira de Nanotecnologia (SILVA JUNIOR, 2002,
KNOBEL, 2002 e DURAN; MATTOSO; MORAIS, 2006). O marco mais significativo da pesquisa
no país se deu por conta do Edital CNPq/MCT 01/2001, que tinha como objetivo a formação de
redes colaborativas de pesquisa básica e aplicada em Nanotecnologia e Nanociência, que buscava
projetos de pesquisa em três assuntos específicos, os Materiais Nanoestruturados, Nanobiotecnologia/
Nanoquímica e Nanodispositivos, visando atingir três metas iniciais, sendo elas (BRASIL, 2001):
a) dar início a um processo de criação e consolidação de competências nacionais;
b) identificar grupos ou instituições de pesquisa que desenvolvam ou possam vir a desenvolver
projetos relacionados com a área de Nanociências e Nanotecnologias, e;
c) estimular a articulação desses grupos e instituições com empresas potencialmente
interessadas ou atuantes no setor, além de seu intercâmbio com centros de reconhecida competência
no país e no exterior.
Em 2003, as ações de planejamento para a pesquisa em Nanotecnologia, tiveram como base
a criação de um Grupo de Trabalho que recebeu a incumbência de preparar o Documento Base2 para
2
É um texto abrangente, que discute aspectos referentes ao estado-da-arte da nanociência e da nanotecnologia no país, identifica
GT72211
a formulação de um programa que integraria o Plano Plurianual (PPA) de 2004 a 2007, “evitando a
problemática decorrente da provável perda de competitividade da indústria brasileira em seus diversos
setores produtivos”(ZANETTI-RAMOS; CRECZYNSKI-PASA, 2008, p. 97). Este programa,
composto por determinadas ações, seguiria as recomendações deste Documento Base e estabeleceria
objetivos e metas para o desenvolvimento das pesquisas. O Programa de Desenvolvimento da
Nanociência e Nanotecnologia surgiu em 2004 com o objetivo “desenvolver novos produtos e processos
em Nanotecnologia, visando o aumento da competitividade da indústria nacional” (MCT, 2008, p. 1).
Em 2005, com a aprovação em agosto do Programa de Nacional de Nanotecnologia (PNN), este apoiado em ações e recursos orçamentários do PPA 2004-2007 e dos Fundos Setoriais - um nova
chamada (Edital CNPq/MCT 29/2005) foi aberta em outubro para a formação de dez novas redes,
criando o Programa Redes BrasilNano, com previsão de recursos de 12 milhões de reais e vigência
de quatro anos, possivelmente prorrogáveis (MARTINS, 2007; BRASIL, 2006; ZANETTI-RAMOS;
CRECZYNSKI-PASA, 2008).
Em novembro de 2007, um conjunto de planos do governo foi lançado junto com o PPA
2008-2011. Entre eles o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação (PACTI), que pretende
dar maior governança e articulação às ações necessárias ao desenvolvimento e ao fortalecimento da
ciência, da tecnologia e da inovação no país (MCT, 2008). O PACTI, com orçamento previsto até
2010 no valor total de 69,9 milhões de reais (verba prevista no PPA e Fundos Setoriais), é composto
por quatro prioridades estratégicas, e as ações destinadas à Nanotecnologia integram a prioridade
de fortalecer as atividades de pesquisa e inovação em áreas estratégicas, juntamente com as ações
voltadas à Biotecnologia.
A estrutura atual da formação de redes apresenta como indicadores de sucesso, apenas a
quantificação dos seus resultados (artigos, patentes e eventos realizados) em detrimento dos recursos
financeiros investidos e recursos humanos utilizados. Aspectos ocultos, inerentes a absorção de
conhecimento ou inputs para formulação de novos temas de pesquisa, não são observados, por
exemplo, com a formalização de acordos de cooperação internacional ou na tentativa de verificar
o grau de interação entre os pesquisadores ou instituições. Assim, o gap de informação acerca da
efetivação das redes permanece oculto pelos avanços generalizados da área.
2 OBJETIVOS
Diante do exposto, este estudo com vistas à colaboração científica em rede, serve ao propósito
de identificar os principais participantes e seus grupos e procura analisar a criação das redes de pesquisa
através de indicadores bibliométricos e indicadores de colaboração científica da pesquisa em Nanotecnologia no Brasil.
a infra-estrutura laboratorial mínima desejável, as competências instaladas e as perspectivas de desenvolvimento. (MCT, 2008) Disponível no endereço: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/2174.html.
GT72212
De maneira específica almejou-se criar de indicadores bibliométricos da colaboração científica
na área, utilizar a medida de grau centralidade de rede para representar o posicionamento dos atores
nas redes e comparar os resultados de centralidade com os dados bibliométricos.
3 METODOLOGIA
O cerne do procedimento adotado nesta pesquisa consistiu-se a coleta de dados bibliográficos
das publicações científicas brasileiras da área de Nanotecnologia ocorridas no período de 1998 a 2009
e indexadas na base de dados Web of Science (WoS). As publicações recuperadas foram processadas
com ferramentas específicas para a elaboração de indicadores bibliométricos de colaboração científica
e redes sociais. Os indicadores e redes foram analisados isoladamente e comparados com o contexto
em que se encontram.
A Web of Science, sistema de base de dados multidisciplinar desenvolvida pelo ISI
(Institute for Scientific Information), foi escolhida como fonte de dados bibliográficos para
avaliar a relação entre os autores, instituições, estados, áreas do conhecimento e países das áreas
analisadas. Das bases de dados que compõem a Web of Science, foram utilizadas as três Science
Citation Index - Expanded (SCI), Social Science Citation Index (SSCI) e Arts & Humanities
Citation Index (A&HCI) para ampliar o universo de recuperação dos dados. A WoS é citada
na literatura como a principal base de dados para a realização de pesquisas que visam avaliar a
evolução da produção científica por conta de sua abrangência em número de periódicos indexados,
compilação de aproximadamente 10 mil periódicos de alto impacto e sua multidisciplinaridade;
órgãos governamentais e apoiadores de pesquisa utilizam os dados contidos nestas bases para
avaliar a produção e tomar decisões sobre investimentos em áreas de pesquisa, como é o caso da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, 2004), como exemplo do Brasil
e do National Science Board - NSB (2010) e European Comission (2003) nos Estados Unidos
e Europa, respectivamente. A literatura ainda tem ressalvas à utilização da WoS como fonte
principal de informação sobre a produção científica para alguns países, principalmente países
com variação linguística e que estão em processo de desenvolvimento, isto pelo fato desta base
possuir um grande número de indexações de periódicos de áreas cujos países são considerados
como maiores produtores de ciência, assim consequentemente, periódicos que se apresentam em
idiomas anglo-saxônicos (DAVYT; VELHO, 2000), que poderia estabelecer uma relação desigual
em caso de comparações de produção científica ou desenvolvimento tecnológico. Entretanto, o
que justifica a escolha da WoS para este trabalho é, apesar das ressalvas, a escolha da área a
ser analisada, onde estima-se que grande parte das publicações sejam realizada em periódicos
internacionais. Outra questão que corrobora para a utilização da base são outros trabalhos já
realizados, o que não modificaria a lógica básica dos estudos (HULLMANN; MEYER, 2003;
PORTER et al, 2008).
GT72213
O período estabelecido para a recuperação dos dados foi estimado em 12 anos, considerando
os últimos anos, de 1998 a 2009. Apesar de não caracterizar o início da rede de colaboração para a
área de Nanotecnologia, o período escolhido possibilita a visualização da dinâmica da rede nos dias
atuais e sua evolução. A expressão de busca utilizada para a recuperação dos dados bibliográficos em
Nanotecnologia visou recuperar todo o universo de artigos que tivessem o radical “nano” no título,
resumo e palavras-chave, limitando-se aos artigos que contenham pelo menos um endereço do Brasil
e palavras que não representavam estudos em Nanotecnologia utilizando operadores booleanos.
Desta forma, termos como “nano2”, “nano3” e “nanoscope” e “nanosecond” foram retirados da
busca. Nano2 e Nano3, pois representam o nitrato (NaNO³) e o nitrito de sódio (NaNO²); Nanoscope
representa um equipamento com lente, e nanosecond uma escala de medida de tempo. A escolha da
expressão de busca para delimitar os estudos na área de Nanotecnologia é discutida por Porter et
al (2006) que desenvolvem um refinamento de termos para estudos bibliométricos. A escolha dos
termos é complicada pelos inúmeros campos e subcampos, além das aplicações que envolvem a
Nanotecnologia (HULLMANN; MEYER, 2003; PORTER et al, 2008; ROCCO, 2001). Hullmann e
Meyer (2003) alegam que a execução da busca pelo radical “nano*” apesar de parecer simplista, é a
expressão mais utilizada em pesquisas até que se tenham definidas exatamente as fronteiras da ciência
em Nanotecnologia. Com base nisso a expressão de busca utilizada na base WoS foi:
TS=(Nano*) AND AD=(Brazil OR Brasil) NOT TS=(nano2 OR nano3 OR Nanosecond
OR nanoscope)
Essa expressão recuperou um total de 4.945 publicações e foi realizada no mês de Março de
2010.
A não padronização dos dados que constam nas bases de dados exige que seja feito um trabalho
de tratamento para remoção das imperfeições para depois serem quantificados. Estas imperfeições
nas bases de dados também são observadas em trabalhos como o de Faria (2001) e Lima, Hayashi e
Hayashi (2008) e exigem um trabalho de tratamento.
O Software bibliométrico utilizado para quantificar os dados bibliográficos foi o VantagePoint®,
desenvolvido pelo grupo da Georgia Technology Institute – EUA, e permite a organização, o tratamento
e o cruzamento dos dados. Por esta característica funcional o Software também recebe definições de
Dataming justamente por facilitar o entendimento dos dados. Como resultados do processamento dos
dados, o VantagePoint® fornece listas, matrizes e mapas estatísticos dos dados analisados. Muitas
das informações foram transferidas para o Microsoft Excel® para ampliar a diversidade de gráficos e
tabelas, para posteriormente serem discutidas com o especialista da área.
Asequência das atividades do desenvolvimento da pesquisa pode ser visualizada através da Figura
GT72214
1:
Figura 1 – Procedimento de recuperação dos dados
Fonte: Elaboração própria com uso software Microsoft Word e Microsoft Paint.
Para os resultados em redes foi utilizada a metodologia de Análise de Redes Sociais, onde é
possível mensurar as relações e obter medidas como a de Grau de Centralidade, Grau de Proximidade
e Grau de Intermediação, obtidas com o Software Ucinet. A representação matemática/estatística do
comportamento das redes está relacionada com a análise da colaboração científica entre os autores.
O procedimento descrito para produção e análise dos dados permitiu, além da visualização das
redes de colaboração, a reprodução de alguns indicadores de colaboração descritos principalmente
nos trabalhos de Chaimovich e Leta (2002), Vanz (2009), Okubo (1997), FAPESP (2001 e 2004),
Rossoni, (2006), NSB (2010) Sciecnce-Metrix (2008) e Dal Poz (2006), sendo eles:
•
Quantidade de publicações de colaboração externa e colaboração interna
•
Quantidade de autores por publicação e participação no total de publicações
•
Quantidade de colaboração por país
•
Quantidade de países por publicação
Por fim, foi conduzida uma entrevista (roteiro disponível no Apêndice A) com o Professor Dr.
Élson Longo, participante da rede analisada, para obter detalhes acerca do tema de redes de colaboração
científica, relatos de experiência quanto à participação na rede de pesquisa em Nanotecnologia e
pontos relacionados aos resultados da pesquisa que vieram facilitar a análise e alcançar considerações
mais próximas da realidade da pesquisa em Nanotecnologia.
4 RESULTADOS
A área de Nanotecnologia apresentou um total de 4.748 publicações recuperadas em março
de 2010, compreendendo um total de 9.344 autores publicando em 706 periódicos diferentes. Os
dados bibliométricos mostram o constante avanço das pesquisas em Nanotecnologia com o número
publicações, número de autores e número de periódios.
Os dados apresentam que o Brasil efetuou colaboração direta com 69 países, sendo os
mais colaborativos justamente os países que mais avançados nesta área (Estados Unidos, países
GT72215
Europeus e Japão), abaixo são apresentados na Figura 2 os 15 principais países com quem o
Brasil colabora.
Figura 2 – Colaboração com outros países em Nanotecnologia, Web of Science, 1998 a 2009.
Fonte: WoS (2010).
A participação dos países geograficamente próximos ainda se mostra pequena. Argentina e
Chile são os países com os quais o Brasil mais possui participação, 88 e 71 artigos respectivamente,
refletindo o que é observado em outros estudos bibliométricos sobre a colaboração brasileira com
outros países (KRIEGER, 2006). A aproximação destes dois países, em especial a Argentina, pode
refletir o impacto de ações do Programa Nacional de Nanotecnologia e da criação do Centro BrasileiroArgentino de Nanotecnologia no fim de 2005 (MCT, 2005), que previa o estreitamento das relações
e o aumento da colaboração brasileira com este país. Outros países como Colômbia, Peru, Uruguai,
Venezuela, Paraguai e Bolívia compõem o item de “outros países” representados na Figura 2, com
pequena participação entre 18 e 1 artigos. A colaboração científica com países da América do Sul foi
destacada na entrevista com o professor Élson Longo como um relacionamento amplo envolvendo
principalmente alunos de pós-graduação que desenvolvem pesquisa juntamente com os pesquisadores
brasileiros.
Outro indicador de colaboração é avaliação quanto ao número de colaboradores por publicação.
Neste contexto, foram contabilizados os artigos até “6 autores” e os artigos com mais autores foram
categorizados em artigos com “7 ou mais autores”. A representação do percentual de autores por
artigo está representada na figura 3.
GT72216
Figura 3 – Distribuição das publicações brasileiras em Nanotecnologia por número de autores, Web of Science, 1998 a 2009.
Fonte: WoS (2010).
A figura 3 mostra uma maior presença de artigos com 7 ou mais autores e um baixo percentual
de artigos sem colaboração (1 autor), demonstrando a característica altamente colaborativa da área,
onde, do total de artigos, 98% dos artigos são publicados em colaboração e entre estes 80% tem 4 ou
mais autores, estes dados revelam o crescimento da colaboração em Nanotecnologia no Brasil.
Outro indicador, utilizado também por Vanz e Stumpf (2009), é a medida do número de países
por artigos, conforme ilustra a Figura 4:
Figura 4 – Quantidade de países por artigo em publicações brasileiras em Nanotecnologia, Web of Science, 1998 a 2009.
Fonte: WoS (2010).
GT72217
Do total de artigos recuperados, 1.330 são em colaboração com um único país, desse número
os Estados Unidos representa um total de 299 publicações, confirmando como maior colaborador
com o Brasil, estando presente também nas outras frações da Figura 4. A Colaboração com mais 2
países é realizada com Japão e Estados Unidos em 81 das 352 colaborações deste tipo. Com mais 3
países, o Brasil possui dois grupos (Áustria, Alemanha e Espanha e o grupo de Japão, China e EUA)
com 4 publicações dentro das 82 realizadas. A formação de um grupo mais equilibrado somente com
países europeus, permite inferir que o mantenha grandes projetos envolvendo os grandes centros de
pesquisa em Nanotecnologia, de modo a garantir estar sempre envolvido no core das pesquisas da
área, contribuindo e aprendendo novas técnicas em nanoescala. Este indicador reforça a identificação
dos principais parceiros internacionais e comprova o aumento da colaboração internacional. Nota-se
que entre os artigos com mais de 4 países houve registro de até 9 países assinando o mesmo trabalho.
A Figura 5 mostra o percentual de colaboração interna e colaboração externa na produção
científica da área. Em todo o período analisado vemos que a colaboração interna prevalece sobre
a colaboração externa, que supera a interna somente em 1998, momento inicial das pesquisas em
Nanotecnologia no Brasil que demonstra certa dependência científica junto a outros países que
iniciaram anteriormente suas pesquisas sobre Nanotecnologia.
Figura 5 – Colaboração externa e colaboração interna em Nanotecnologia e Ações do Governo em Nanotecnologia, Web of
Science, 1998 a 2009.
Fonte: WoS (2010).
GT72218
Outra análise acerca do primeiro triênio refere-se a não organização das pesquisas em países
como EUA e Japão, que só em 2000 e 2001, respectivamente deram início as políticas de incentivo
a pesquisa em Nanotecnologia, até estas datas é possível que estes países também buscassem
novos métodos em parceria com outros países e buscassem parcerias com o Brasil, caracterizando
assim prevalência de uma colaboração internacional mais alta neste período nos artigos brasileiros.
O aumento real da colaboração interna, a partir de 2002, reflete o fortalecimento da pesquisa em
Nanotecnologia no Brasil e uma melhor articulação entre os autores nacionais para a formação de
grupos e consequentemente redes de colaboração implementadas em 2001 pelo CNPq e ampliadas
em 2005. A colaboração interna, além da formação das redes contou com o financiamento do Fundo
Setorial para implementação de equipamentos, laboratórios e recursos, e que segundo a entrevista
com professor Élson Longo, contribuiu significativamente para garantir a autonomia das pesquisas
brasileiras sem ter a necessidade de buscar em outro país contato para realização de um simples
experimento ou teste de uma nova técnica.
A colaboração científica pode ser evidenciada através da visualização das redes de colaboração.
A análise do posicionamento dos atores da rede de Nanotecnologia pode ser realizada através das
medidas de centralidade da rede, conforme pode ser verificado nos trabalhos de Molina (2004) e
Gomes (2003). A configuração no menor nível de agregação (pessoal) apresenta a participação de
autores estrangeiros como os mais centralizados da rede nos nove primeiros anos do período analisado
e uma sequência de seis autores brasileiros nas posições mais centrais no último triênio analisado,
conforme demonstra a tabela 1.
O comparativo entre o ranking de publicações com o ranking em grau de centralidade revela
que os autores com maior número de publicações não estão relacionados diretamente com uma posição
mais central na rede. O grau de centralidade é medido através da quantificação do número de relações
GT72219
existentes para um autor, o grau de centralidade normalizado varia entre 0 e 1, sendo o valor mais próximo de 1 o mais central.
A pesquisadora Mildred S. Dresselhaus (DRESSELHAUS, MS) de nacionalidade norte-americana, é a autora da rede com maior centralidade entre 1998 e 2006, entretanto, apesar de não ser o autor
com maior número de publicações, esta pesquisadora é referência mundial em Nanotubos de carbono3.
Os três últimos anos desta rede já demonstram maior amadurecimento tendo os atores brasileiros mais centrais em sua maioria e ocupando os primeiros lugares, é o caso do pesquisador Élson Longo
(LONGO, E), Edson Roberto Leite (LEITE, ER) e do pesquisador José Arana Varela (VARELA, JA),
que juntos fazem parte de grupos de pesquisa da UFSCar, de acordo com dados do diretório de grupos
de pesquisa do CNPq.4
5 CONCLUSÕES
A pesquisa quantitativa sobre a Rede Brasileira de Nanotecnologia mensurou o período de
quatro triênios (de 1998 a 2009) e contribuiu para verificar o perfil colaborativo da área. Verificou-se
que tanto as publicações quanto número de autores e periódicos varia o crescimento entre 10% e 40%,
caracterizando o desenvolvimento da pesquisa nacional, tendo como a maioria das publicações a
presença de colaboração científica. Durante o acompanhamento da quantidade de autores por artigos,
é visual a mudança no perfil de publicação, passando a partir de 2004 a ter uma predominância das
colaborações com mais de 6 autores, o que nos leva a inferir, pelas comparações com as ações de
implentação da rede, que o aumento dos pesquisadores e aumento no número de artigos com mais
autores é uma característica da formação destas redes.
Quanto aos indicadores da rede, as medidas de centralidade (grau de centralidade, intermediação
e proximidade) já foram utilizadas por Perianes-Rodríguez et al (2009) para destacar o grau de
proximidade em formação de grupos e merecem melhor atenção dos pesquisadores cientométricos. A
medida de grau de centralidade para autores (redes de nível pessoal) mostra que a rede formada em
1998 apresentava autores estrangeiros com maior grau de centralidade. Estes resultados comprovavam
a referência de autores de outros países para exposição de suas pesquisas e pouca articulação da
rede brasileira, uma vez que os autores brasileiros com maior publicação se apresentavam apenas
como intermediadores, ligando os autores com menor publicação a autores estrangeiros. Tal fato
se confirma com a análise das redes que a partir de 2001 tende a apresentar os autores brasileiros
com maior publicação como atores mais centralizados e com melhor posicionamento das redes,
transparecendo a organização e articulação das redes internas, o que resulta num maior aumento das
pesquisas, reconhecimento e preferência na escolha de colaboradores nacionais.
3
4
Dado extraído da Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Mildred_Dresselhaus
Acesso em 10 de Julho de 2010 pelo endereço: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhepesq.jsp?pesq=1025598529469393
GT72220
Apesar de ainda faltarem estudos correlacionando a centralidade da rede a outros fatores que
influencie no comportamento colaborativo dos autores, a utilização do grau de centralidade neste
estudo serviu de base para outros estudos sobre colaboração científica utilizando a metodologia
de análise de redes sociais. A medida de centralidade em específico mostrou-se como um possível
indicador para avaliar o status do andamento de uma rede, apesar de ser um estudo inicial, ao identificar
o ranqueamento dos principais autores desta rede.
Este estudo serviu para identificar em primeiro momento os atores participantes da Rede
Brasileira de Pesquisa em Nanotecnologia e analisar o desenvolvimento colaborativo das redes
dentro do período de início de atividade até o presente momento, demonstrando indícios de sucesso
das redes unido os esforços de pesquisadores nacionais e ampliando as pesquisas na área.
Abstract: This research approaches the scientific collaboration network in Nanotechnology research,
analyzing their effects before and after the creation of the network, starting in 2001, under the expectation of improvement in remarks on collaborative research. The research aims to analyze the data of
Brazilian publications in the field of Nanotechnology highlighting the position of authors belonging
to the network and comparing it with the bibliometric indicators and collaboration, with emphasis on
measures of network centrality. The research made use of a quantitative nature of data recovery from
publications in the field of Nanotechnology in the database Web of Science from 1998 to 2009, which
enabled the formation of bibliometric data of production and scientific collaboration in the area. Measures of social network analysis were used to interpret the relationship between the authors of this
network, as deepening the analysis of degree centrality. The results show the progress of research in
nanotechnology with the increasing number of authors for articles, collaboration with other countries
and increase internal collaboration. The analysis of measures demonstrates the centrality of foreign
researchers to support the consolidation of the early research network and maturing over time with the
centralization of Brazilian researchers. Concludes that the use of network analysis for collaborative
research shows to the area of Nanotechnology as a tool for identifying partners and focus of research
in the country, and represents an alternative methodology for the development of science studies. The
use of measures of network centrality, despite the need for more studies, can serve as a new indicator
to check the status of implementation of collaborative networks, making room for new studies that
question the use of the methodology of this research, confirming or establishing new indicators using
measures of social network analysis.
Keywords: Social Network Analysis. Networks of Scientific Collaboration. Indicators.
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GT72224
COMUNICAÇÃO ORAL
PUBLICAÇÕES EM ACESSO LIVRE: TENDÊNCIAS ENTRE
PESQUISADORES DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tania Chalhub, Lena Vania Pinheiro Ribeiro
Resumo: Pesquisa descritiva qualitativa sobre os fatores intervenientes nas publicações brasileiras
de acesso livre, segundo pesquisadores de universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro. Tem
como objetivos identificar os principais canais de comunicação científica de acesso livre, utilizados
por pesquisadores e analisar os fatores intervenientes na adesão ao auto-arquivamento da sua produção
científica. Foram identificados os vinculados a essas universidades com programas de mestrado e
doutorado. Foi enviado, via eletrônica, formulário a 62 pesquisadores com Bolsa Produtividade de
Pesquisa do CNPq em 2010, atuantes em todas as áreas do conhecimento. O formulário é composto
de questões reunidas por conjuntos: comportamento informacional, publicações de acesso livre e
adesão a repositórios institucionais. Dos 28 pesquisadores que participaram da pesquisa, a maioria
(24) afirmou que já publicou em mais de um canal de comunicação de acesso livre, sendo as revistas
científicas e os repositórios (institucionais ou temáticos), os mais presentes, geralmente conjugados.
Os resultados apontam, como principal vantagem do acesso livre, a democratização do conhecimento,
principalmente relacionado às pesquisas desenvolvidas com financiamento público, bem como a maior
visibilidade da produção. A importância do acesso livre para as relações entre pares e pesquisadorsociedade é também ressaltada. Embora tenham sido unânimes em se manifestar favoravelmente,
ao mesmo tempo eles demonstram resistência em depositar os trabalhos em repositório institucional
devido ao desconhecimento das questões, as políticas e ações desenvolvidas em torno da mesma.
Finalmente, os resultados são significativos, pois refletem receptividade ao acesso livre e prática de
publicação em repositórios institucionais.
Palavras-chave: Comunicação científica. Acesso livre. Repositórios institucionais. Pesquisadores
brasileiros
1 INTRODUÇÃO
A relação entre ciência e comunicação de resultados de pesquisas tem sido ampla e
profundamente discutida, principalmente a comunicação por meio de periódico científico que,
segundo Mueller (2006, p. 19) é o “canal mais eficiente e desejado para a divulgação do texto e
também para dar visibilidade ao seu autor”, uma vez que é legitimado pela comunidade científica por
meio do processo de revisão por pares.
GT72225
Esta relação de legitimidade vem de longa data, numa evolução que teve início com os
primeiros periódicos o Philosophical Transactions of the Royal Society of London e o Journal de
Sçavant, ambos de 1665, originários de sociedades científicas européias.
Na atualidade, uma das principais mudanças ocorridas na comunicação científica teve seu
ápice com a crise dos periódicos na década de 1990, quando o abusivo aumento das assinaturas
tornou inviável a manutenção de coleções por universidades e instituições de pesquisa, e mesmo por
pesquisadores individualmente.
Uma das principais alternativas foi a mudança do paradigma do movimento de acesso livre
à informação científica, marco para a comunicação científica. Este movimento teve o primeiro
documento, a Declaração de Budapeste, lançada em dezembro de 2001, em reunião promovida pelo
Open Society Institute (OSI), marco inicial com definições de princípios e estratégias para concretizar
e assegurar o acesso livre à informação científica.
Seguindo o modelo Open Access, o Laboratório Nacional de Los Alamos, EUA, desenvolveu
e implantou um repositório digital nas áreas de Ciência da Computação, Física e Matemática. Além
de constituir uma resposta à crise, o repositório de Los Alamos representou também uma conquista
com relação ao tempo de espera para a publicação dos resultados de pesquisa (KURAMOTO, 2006).
Num processo contínuo de discussões envolvendo diversos atores sociais, outros documentos
de apoio ao acesso livre foram divulgados, como a Declaração de Bethesda e a Declaração de Berlim,
lançadas em 2003 (KURAMOTO, 2008; 2006; MUELLER, 2006). No Brasil, o Manifesto Brasileiro
de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica, lançado pelo IBICT em 2005, e endereçado à
comunidade científica, universidades e institutos de pesquisa, agências de fomento e editoras
comerciais de publicações científicas, tem como objetivos:
promover o registro da produção científica brasileira em consonância com o paradigma
do acesso livre à informação; promover a disseminação da produção científica brasileira
em consonância com o paradigma do acesso livre à informação; estabelecer uma política
nacional de acesso livre à informação científica; buscar apoio da comunidade científica em
prol do acesso livre à informação científica. (IBICT, 2005)
O acesso livre é um conceito que, apesar de ser discutido há alguns anos, ainda apresenta
variações quanto às possíveis combinações de barreiras de permissão de uso e de custos. Um resumo
destas combinações é apresentado nos trabalhos de Suber e Harnard (COSTA, 2008), com dois modos
para se distinguir acessos livres de acessos com algumas barreiras.
Nesta pesquisa é utilizada a definição de acesso livre contida na Declaração de Bethesda para
publicação, na qual no primeiro critério
O(s) autor(es) e os detentores dos direitos de reprodução (copyright) concedem a todos os
usuários o direito de acesso gratuito, irrevogável, universal e perpétuo ao trabalho, bem
como a licença de copiá-lo, utilizá-lo, distribuí-lo, transmiti-lo e exibi-lo publicamente, e
ainda de produzir e de distribuir trabalhos dele derivados, em qualquer meio digital, para
qualquer finalidade responsável, condicionado à devida atribuição de autoria, e concedem
adicionalmente o direito de produção de uma pequena quantidade de cópias impressas,
GT72226
destinadas a uso pessoal.
O segundo critério, posterior à publicação e licença para utilização e publicação, está
relacionado ao depósito em repositórios:
Uma versão integral do trabalho e de todo o material suplementar, incluindo uma cópia
da permissão como acima enunciada, num formato eletrônico padronizado conveniente, é
depositada imediatamente após a publicação inicial em um repositório online mantido por
uma instituição acadêmica, por uma associação científica, por uma agência governamental
ou por outra organização solidamente estabelecida, a qual vise a propiciar o acesso livre, a
distribuição irrestrita, a interoperabilidade e o arquivamento de longo prazo.1
Para a concretização desse novo paradigma da comunicação científica era necessário o
desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação (TICs) que possibilitasse o aumento
de interatividade dos usuários com o computador e de cooperação nas atividades científicas à
distância, bem como velocidade na publicação dos resultados de pesquisas. No Brasil, o trabalho de
Pinheiro (2003) abordando a produção de 1.307 pesquisadores, aponta alto índice dessa tecnologia no
desenvolvimento de pesquisas, compreendendo acesso a serviços e produtos de informação. Pinheiro
conclui que, tanto na comunicação formal quanto informal,
a comunidade de pesquisadores brasileiros parece ter incorporado, no seu cotidiano
científico, as tecnologias de rede, na ação de desenvolver pesquisas e gerar conhecimentos, e
tem consciência dos impactos decorrentes das redes eletrônicas, favorecendo a expansão das
comunidades científicas, facilitando e intensificando a comunicação e ampliando o acesso
aos diversos recursos de informação criados na rede (2003, p. 72).
À medida que esta nova forma de trabalho se estabelece nas últimas décadas, as mudanças
provenientes das novas tecnologias da informação e comunicação reforçaram as diferenças entre
as áreas, “diferenças disciplinares estão relacionadas tanto a padrões de comunicação quanto
a padrões de comportamento informacional” (COSTA, 2008, p. 219). Allen (2005) estudou estas
diferenças disciplinares no Reino Unido tendo como foco a adesão aos repositórios institucionais por
pesquisadores das áreas sociais, humanas, naturais e exatas.
2 ACESSO LIVRE VIA REPOSITÓRIOS
Atualmente, os canais mais importantes de acesso livre são “periódicos científicos eletrônicos
com avaliação prévia pelos pares; servidores de e-prints para áreas específicas – repositórios para
assuntos específicos; repositórios institucionais de universidades específicas; auto-arquivamento em
páginas pessoais dos autores.” (MUELLER, 2006) Segundo Lawrence (2001) os artigos em acesso
livre apresentam 336% (mediana 158%) mais citações que artigos impressos.
1
http://www.earlham.edu/~peters/fos/bethesda.htm#definition
GT72227
Reconhecendo a importância dos demais canais citados, neste estudo a discussão tem como
foco os repositórios.
O acesso livre em repositórios institucionais maximiza o uso, impacto, produtividade
e progresso da pesquisa (HARNAD, 2010). A tabela 1 apresenta os países com maior número de
repositórios registrados no Registry of Open Access Repositories - ROAR.2
Tabela 1 – Ranking de Países com Repositórios de Acesso Livre Registrados no Registry of
Open Access Repositories - ROAR em 2011
Países
Estados Unidos da America
Reino Unido
Alemanha
Japão
Brasil
Espanha
Índia
Taiwan
Canadá
França
Itália
Fonte: Registry of Open Access Repositories - ROAR
Número de repositórios
340
186
116
88
96
76
62
59
57
53
53
Muitos países criaram repositórios, mas ainda há relativamente poucos depósitos nos mesmos,
e esta relação está, segundo Harnad, relacionada à não obrigatoriedade do depósito nos repositórios
instituicionais. No entanto, em alguns países é obrigatório, dentre esses estão os que lideram o ranking
de número de repositórios - Reino Unido, EUA, Alemanha (HARNAD, 2010). A posição neste ranking
até o sétimo colocado é a mesma desde maio de 2010, todos os países aumentaram proporcionalmente
o número de repositórios, enquanto Taiwan e França, que no período não constavam da lista das 10
com maior número de repositório, ascenderam algumas posições.
As conquistas brasileiras relacionadas ao acesso livre à informação científica são fruto de
políticas e ações de acesso livre de órgãos governamentais do Ministério da Educação e do Ministério
da Ciência e Tecnologia, como o Portal de Periódicos da CAPES; Programas do IBICT para
implantação de Repositórios Institucionais (RI) em instiuições de ensino e pesquisa3, e editoração
eletrônica de periódicos científicos (SEER); e parcerias com órgãos internacionais, como ocorre no
SciElo. Porém, os avanços relacionados ao auto-arquivamento são ainda incipientes, se comparados
2 - Os dados foram coletados em 18 de julho de 2011 em < http://roar.eprints.org/view/geoname/>
3 - Edital da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), em convênio com a Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep), oferece kit tecnológico, com objetivo de “apoiar projetos de implantação de repositórios institucionais (RI) nas
instituições públicas (federais, estaduais e municipais) de ensino e pesquisa e sua integração ao Portal Oásis.Br, com vistas a possibilitar
o registro e a disseminação da produção científica dessas instituições e proporcionar maior visibilidade à sua produção científica”.
Disponível em http://www.ibict.br/anexos_noticias/ed.distribuicao.kits.2010.pdf . Acesso em 02 ago 2011.
GT72228
aos dos periódicos científicos. Ou seja, com relação aos repositórios há progressos a efetuar.
No Brasil, após anos tramitando no Congresso, o Projeto de Lei 1120/2007, que dispõe
sobre o depósito compulsório em repositórios institucionais dos resultados de pesquisas realizadas
por professores e pesquisadores de unidades de ensino e pesquisa, com financiamento público
foi arquivado por desconhecimento ou má interpretação sobre seu conteúdo.4 Nova tentativa de
política nacional foi lançada com o Projeto Lei 387/2011 que “não propõe um novo mecanismo de
comunicação científica. A ideia é manter a mesma rotina de publicação de artigos, complementando-a
com o depósito desses artigos em um RI.” (KURAMOTO, 2011).5 Kuramoto, em artigo no Jornal
da Ciência (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) endereçado a pesquisadores, aponta
alguns dos principais benefícios do acesso livre via repositórios institucionais, como o “aumento de
citações e de prestígio”, e solicita o apoio ao projeto lei.6
No Brasil, a disponibilização de resultados de pesquisas em canais de comunicação de acesso livre,
principalmente em repositórios não é, ainda, realidade para todas as áreas de conhecimento. Para Leite e
Costa (2006) e Swan (2008) esta situação de não adesão ao acesso livre está relacionada ao desconhecimento
sobre alguns aspectos do tema (por exemplo, o direito autoral), e de suas vantagens (aumento de citações).
Dessa forma, é fundamental que as agências de fomento à pesquisa e instituições de pesquisa e ensino
assumam um papel mais ativo na informação e apoio das ações já desenvolvidas.
A pesquisa proposta tem como objetivos identificar os principais canais de comunicação
científica com acesso livre, utilizados por pesquisadores de universidades públicas do Estado do Rio
de Janeiro; e analisar os fatores intervenientes da adesão ao auto-arquivamento da produção científica
pesquisadores de universidades públicas em acesso livre por área de conhecimento.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa é de caráter descritivo e qualitativo7 sobre os fatores intervenientes para
publicação em acesso livre por pesquisadores de universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro.
Foram aplicados formulários, enviados eletronicamente para pesquisadores de todas as grandes áreas
do conhecimento, segundo classificação do CNPq.
Foi utilizada a listagem de 47 Comitês Assessoramento do CNPq para Bolsas Produtividade
em Pesquisa8 e efetuada amostragem probabilística estratificada por área de conhecimento, por meio
do Comitê de Assessoramento (Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra,
4 - Postado por Kuramoto em seu blog, disponível em < http://kuramoto.wordpress.com/2011/02/01/pl-11202007-e-arquivadopela-commissao-de-ccjc/ Acesso em 26 jul 2011.
5 - Disponível em < http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=78478> Acesso em 20 jul 2011.
6 - Blog de Kuramoto está disponível em < http://kuramoto.wordpress.com/>
7 - Os dados quantitativos são utilizados neste estudo para contextualizar os aspectos qualitativos.
8
A Bolsa de Produtividade em Pesquisa se destina a pesquisadores que se destaquem entre seus pares, valorizando sua produção
científica segundo critérios normativos, estabelecidos pelo CNPq, e específicos, pelos Comitês de Assessoramento (CAs) do CNPq.
Disponível em: <http://www.cnpq.br/normas/rn_06_016_anexo1.htm> . Acesso em: 14 jan 2011.
GT72229
Ciências da Saúde, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, e Linguística Letras
e Artes). A partir da seleção dos pesquisadores contemplados pelo programa do CNPq de Bolsa
Produtividade em Pesquisa no ano de 2010, cuja relação está disponibilizada no site deste órgão
federal9, foram identificados os vinculados a universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro com
cursos de pós-graduação stricto sensu10:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ;
Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF;
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO;
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ;
Universidade Federal Fluminense – UFF; e
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ.
Da listagem de 131 pesquisadores foi realizada amostragem sistemática por intervalo,
resultando a amostragem de 62 pesquisadores.
Após a identificação dos endereços eletrônicos dos selecionados foi enviada correspondência
contendo em anexo o formulário com questões fechadas e abertas sobre as categorias: comportamento
informacional; publicação de acesso livre; e adesão a repositório institucional.
Para a análise das categorias, os dados foram organizados por pesquisador, em planilha com
informações sobre área de conhecimento, unidade de ensino, tempo de bolsa e ano de doutoramento.
4 PESQUISADORES E PUBLICAÇÃO DE ACESSO LIVRE
Os resultados da pesquisa foram organizados em dois grupos, o primeiro composto por dados
quantitativos que permitem caracterização dos pesquisadores estudados – área de atuação, afiliação,
tempo de doutoramento e de vinculação à bolsa do CNPq – e a atitude dos mesmos com relação à
publicação em canais de comunicação em acesso aberto. O segundo grupo é formado pelos dados
qualitativos, que possibilitam maior compreensão da adesão, ou não, ao acesso livre, com espaço
para descreverem tanto as vantagens quanto os fatores impeditivos para participação em repositórios
institucionais.
4.1 Caracterização dos pesquisadores
As respostas correspondem a 45,16% (28) dos formulários enviados, divididos entre sete
das oito áreas inicialmente incluídas na amostragem conforme o Gráfico 1. As grandes áreas estão
representadas por uma a três disciplinas, de acordo com a organização das bolsas pelo CNPq. Os grupos
9 - Relação dos pesquisadores por Comitês de Assessoramento http://efomento.cnpq.br/efomento/divulgacao/divulgacaoResultados.
do?metodo=listaComites&codigoLinhaFomento=58&seqChamada=39&codigoPeriodoSubmissao=1107&hf=true%20%20
10 - A seleção de universidade com cursos de pós-graduação stricto sensu foi decidida por sua relação inerente com a atividade
investigativa.
GT72230
estão assim constituídos: Ciências Biológicas - pesquisadores da Biotecnologia; Ciências da Saúde
– Medicina; Ciências Exatas e da Terra – Física; Ciências Humanas – Antropologia, Arqueologia,
Ciências Políticas, Direito, Relações Internacionais e Sociologia; Ciências Sociais Aplicadas – Artes,
Ciência da Informação e Comunicação; Ciências Agrárias -Agricultura e Zootecnia; Engenharias –
Engenharia Mecânica, Naval e Oceânica e Aeroespacial; Letras e Linguística - Linguística, Letras.
Gráfico 1 – Relação entre formulários enviados e respostas recebidas de pesquisadores com
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq por áreas.
6
Letras e Linguística
Ciências Sociais Aplicadas
11
4
Ciências Humanas
3
Engenharias
2
1
14
6
2
Ciências da Saúde
Ciências Agrárias
13
5
Ciências Exatas e da Terra
Ciências Biológicas
13
5
6
4
2
Respostas
Formulários Enviados
As áreas que obtiveram maior número de respostas foram as Ciências Sociais Aplicadas
e Letras e Lingüística, ambas com 21% das respostas, seguidas pelas Ciências Exatas e da Terra
com 19% e Ciências Humanas, 14%. As Engenharias (11%) e Ciências Biológicas (7%), apesar de
apresentarem percentagem mais elevada nas respostas, comparadas com os formulários enviados, 9%
e 6% respectivamente, estão com baixa representatividade no grupo estudado, o que reflete o número
total de bolsistas por comitê selecionado pelas grandes áreas. As Ciências da Saúde, que receberam
9% dos formulários enviados, assim como as Ciências Agrárias (6%), retornaram uma porcentagem
um pouco abaixo, 7% e 3% do total analisado.
Há um equilíbrio da amostra com relação ao gênero, de uma forma geral, 53% de pesquisadores
masculinos e 47% de pesquisadoras, bem como por áreas, com representatividade de ambos os
gêneros em todas as áreas.
Com relação ao tempo de titulação, mais de 1/3 dos pesquisadores (67,85%) terminaram
o doutorado entre 1970 e 1998, o que configura um grupo já consolidado em pesquisa, com mais
experiência. Essa consolidação também se reflete no tempo de bolsa no CNPq, 53,57% há mais de
cinco anos (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Tempo de Bolsa Produtividade de Pesquisa dos pesquisadores de universidades
públicas do Estado do Rio de Janeiro
GT72231
15
15
8
10
mais de 5 anos
5
1 a 5 anos
menos de 1 ano
5
0
mais de 5 anos
1 a 5 anos
menos de 1 ano
Mesmo tendo sido feita seleção por amostragem probabilística estratificada somente por área
de conhecimento, o grupo estudado é composto por pesquisadores de todas as universidades públicas
com programas de mestrado ou doutorado, conforme explicitado na metodologia. Os resultados
sobre a distribuição dos pesquisadores por instituição apontam para uma proporcionalidade similar
ao número de pesquisadores e programas por unidade de ensino. (Gráfico 3)
Gráfico 3 – Distribuição dos pesquisadores por instituição
4%
4%
25%
42%
UFRJ
UERJ
UFF
UENF
25%
UFRRJ
Os resultados apresentam grande concentração na UFRJ (42%), seguida da UERJ e UFF,
cada uma com 25% da amostragem. A UENF e UFRRJ, ambas com 4% das respostas denotam
situações diferenciadas, a primeira, uma universidade relativamente nova, criada em 1992, cujos
cursos de pós-graduação stricto-sensu (espaço preferencial de desenvolvimento de pesquisa) tiveram
início em 199311, e a segunda, mais antiga (1913) e com tradição de pesquisas em número menor de
áreas, somente aquelas relacionadas ao seu campo de atuação - Agronomia, Veterinária e Engenharia
Florestal12-, uma vez que só recentemente diversificou suas atividades e abriu cursos em outras áreas.
11 - Ver http://www.uenf.br/index.php e <http://www.uenf.br/Uenf/Pages/Reitoria/Pos-Graduacao/index.html?grupo=POSGRADUACAO> Acesso em 19 de julho de 2011.
12 - Ver http://www.ufrrj.br/portal/modulo/reitoria/index.php?view=historia Acesso em 19 de julho de 2011.
GT72232
Apesar de terem sido enviados formulários, na mesma proporção que para a UENF e UFRRJ,
a UNIRIO não está representada na pesquisa por não ter havido retorno das respostas.
Esses dados traçam o contexto para a análise dos resultados sobre a publicação científica em
canais de acesso livre no Estado do Rio de Janeiro.
4.2 Adesão dos pesquisadores ao acesso livre
A publicação de resultados de pesquisa desenvolvida por pesquisadores de universidades públicas
do Estado do Rio de Janeiro tem se concretizado, ao longo dos últimos anos, por meio de diversos
espaços virtuais conforme apresentado no Gráfico 4.13
Gráfico 4 – Canais de comunicação científica em acesso livre utilizados por pesquisadores do
Estado do Rio de Janeiro
Revistas
8%
Repositórios
4% 4% 4%
Sites e blogs pessoais
12%
Sites do Grupo Pesquisa
79%
17%
Sites Institucionais
Bancos de teses
25%
Bancos de preprints e
reprints
Sites de organizações e
movimentos sociais
Dos 28 pesquisadores estudados somente quatro (um da área de Ciências Biológicas e três
de Engenharia) nunca fizeram uso de nenhum canal de acesso livre. Os 24 que utilizam canais de
comunicação em acesso livre, a maioria recorre a mais de um canal, sendo as revistas científicas
(79%) o mais utilizado. Os repositórios, institucionais ou temáticos, aparecem em segundo lugar
(25%), geralmente, conjugados com as publicações em revistas. Um dos repositórios utilizados para
depósito de trabalhos é o arXiv,14 originário do Laboratório Los Alamos (Novo México, EUA) que,
segundo um pesquisador, físico com Bolsa do CNPq há mais de cinco anos,
permite a divulgação imediata dos resultados de um trabalho, mesmo antes de avaliação
pelos árbitros de uma revista. A divulgação [...] permite que outros pesquisadores vejam
13 - O total dos números ultrapassa 100% uma vez que as respostas foram múltiplas.
14 - O repositório arXiv, mantido pela Cornell University Library e apoiado pela National Science Foundation, conta
com depósito de 692.014 e-prints de Física Matemática, Ciência da Computação, Estatística, dentre outros. Informação
de 02 de agosto de 2011.
GT72233
facilmente toda a minha produção científica recente e pode aumentar a repercussão do meu
trabalho. (Pesquisador 10, Física)15
Outras pesquisas apresentam situação similar à apresentada pelos pesquisadores estudados,
com relação a depósito em repositórios e a publicação de artigos em revistas. Swan e Brown (2005),
concluíram que 49% dos pesquisadores haviam realizado auto-arquivamento de pelo menos uma
cópia de artigo publicado em repositório (institucional ou departamental, temático, ou em websites
pessoais ou institucionais) nos últimos três anos. Os autores reconhecem que algumas áreas utilizam
o depósito mais que outras e esclarecem que
é verdade que alguns repositórios institucionais contem diferentes tipos de materiais [...]
mas, o ponto crítico é que a literatura científica que é depositada como postprint é a cópia
do artigo publicado com avaliação por pares em seu formato convencional, em periódico
de qualidade. […] Postprint não são formas quaisquer de auto-publicações, alternativas de
segunda categoria para artigos convencionais: eles são esses artigos. (SWAN; BROWN,
2005, p. 3) (grifos dos autores)
Os sites dos grupos de pesquisa, assim como sites e blogs pessoais são utilizados para
disponibilização de trabalhos por 29% dos pesquisadores estudados, sinalizando que iniciativas
particulares muitas vezes se antecipam às ações institucionais. Interessante ressaltar a combinação
dessas duas abordagens, particular e institucional, com o uso do site da universidade para hospedagem
de página particular. Os sites institucionais estão presentes em 8% das opções de disseminação de
resultados de pesquisa.
A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da universidade foi apontada por um dos
pesquisadores como espaço virtual onde considera importante disponibilizar os trabalhos acadêmicos:
“mesmo não sendo obrigatório meus orientandos enviam” (pesquisador 17, Literatura). Na universidade
em questão, a biblioteca digital de teses e dissertações ainda está em fase de implementação e ainda
não foi desenvolvida nenhuma política institucional para depósito dos trabalhos acadêmicos,
ficando a decisão a cargo dos orientadores. Mais uma vez a iniciativa pessoal se antecipa à política
institucional.
Houve unanimidade com relação a vantagens na publicação em canais de acesso livre à
informação científica, com discursos curtos e diretos como
“o conhecimento deve ser aberto para a humanidade, principalmente aquele financiado
com recursos públicos” (Pesquisador 26, Física);
“acesso livre à produção científica significa a oportunidade igual a todos que fazem
pesquisa de obterem todas as informações existentes sobre o assunto de seu interesse. É a
democratização da informação científica” (Pesquisador 28, Biotecnologia);
“maior visibilidade” (Pesquisador 21, Medicina);
15 - Para preservar o anonimato dos pesquisadores, os dados qualitativos são identificados por números de 1 a 28, seguidos das
respectivas áreas.
GT72234
“acesso à informação mais democratizado e animação do debate público sobre temáticas
específicas” (Pesquisador 15, Sociologia);
“democratização do conhecimento.” (Pesquisador 16, Engenharia); e
“maior e rápido acesso à produção científica recente, e melhor divulgação da nossa
produção. Isso permite interlocuções mais ágeis, mas rápidas, mais eficazes”. (Pesquisador
23, Antropologia)
Essas falas, assim como a do pesquisador 10, apresentada anteriormente, apontam de forma
clara algumas das principais preocupações da comunicação científica: a redução do ciclo da pesquisa,
disponibilidade para todos interessados no tema, aumento de citações e impacto da pesquisa (SWAN;
BROWN, 2005; HARNAD, 2006)16.
A democratização do conhecimento também está presente nas falas dos pesquisadores, o que
Kuramoto (2006) traduz como expressão da preocupação com as relações entre pares e pesquisadorsociedade de uma forma geral, com a democratização do conhecimento, principalmente ao produzido
com financiamento público.
Alguns citam, inclusive, como têm sido beneficiados como cientistas e pesquisadores, com a
maior visibilidade da produção:
“A busca por textos de minha autoria na área em que pesquiso é muito grande. Artigos que
estão publicados pela SciElo, por exemplo, possuem uma média de busca elevada todo
mês. Os que possuem acesso restrito são menos lidos e as pessoas pedem para que eu envie
diretamente. Assim, o acesso livre possibilita maior divulgação das publicações e acesso por
parte de um público bem mais amplo e diversificado, que possui interesse pelos temas que
abordo.” (Pesquisador 11, Linguística)
“Permite o acesso de mais pesquisadores aos seus resultados. Aumento da sinergia”.
(Pesquisador 22, Engenharia Mecânica)
Há ainda aqueles que analisam o duplo papel do pesquisador, em duas instâncias:
“Como usuário: mobilidade e ampliação das possibilidades de consulta de publicações
científicas, sem a necessidade de estar vinculado a um microcomputador institucional (ex:
Portal de Periódico da Capes); Como autor: atinge um número maior de pesquisadores
aumentando a publicização das pesquisas.” (Pesquisador 7, Biotecnologia)
“Na minha área especificamente os periódicos estão cada vez mais cobrando para a publicação
dos artigos assim como para os usuários terem acesso aos artigos. A justificativa é sempre
os altos custos para publicação, mas efetivamente algumas Editoras/ Sociedades Científicas
estão ganhando uma quantia expressiva com esta postura. No caso do livre acesso um número
infinitamente maior de pessoas teria possibilidade de ler os artigos, sem custo.” (Pesquisador
19, Medicina)
16 - Cópias depositadas no RI da University of Southampton. Disponível em:< http://eprints.ecs.soton.ac.uk/10999/> e http://eprints.
ecs.soton.ac.uk/12094/2/harnad-jacobsbook.pdf
GT72235
Ou apontam, além da preocupação com a democratização do conhecimento, para os impactos
em áreas com pouca tradição de produção e publicação científicas:
“Me parece óbvia a importância de tornar pública a investigação, sobretudo na área de artes,
onde a tradição de pesquisa acadêmica é tão recente. As revistas que não disponibilizam
seus conteúdos se tornam praticamente inacessíveis e inúteis. Para um artista-professorpesquisador é essencial permitir o acesso de seu trabalho aos estudantes e colegas, sem
falar que os acervos públicos de arte ainda são precários entre nós. O espaço virtual acaba
se tornando um meio de pesquisa em si, um lugar público singular, com suas vantagens e
limitações.” (Pesquisador 8, Artes)
Outro aspecto que se desvela nas falas dos pesquisadores é o benefício da comunicação entre
pares, “trocas”, “parcerias” e “diálogos” entre pesquisadores:
“Os motivos são óbvios: disseminação de conhecimento e trocas entre pesquisadores
ligados ao mesmo tema de outras instituições; fonte de consulta para alunos e orientandos;
a possibilidade de diálogos mais frequentes e, além de tudo isto, uma forma de combater
a pirataria e as cópias, disponibilizando legal e francamente os textos”. (Pesquisador 3,
Comunicação)
“Divulgação de pesquisa realizada; fortalecimento de diálogo acadêmico; reconhecimento
de pesquisas que estão sendo desenvolvidas; acesso a informações, desenvolvimento de
parcerias acadêmicas, grupos de pesquisa e contribuição para melhor formação de alunos de
graduação e pós-graduação.” (Pesquisador 2, Letras)
“Alcance da produção a um número variado de pesquisadores localizados em diferentes
lugares do país e/ou do exterior. O fato do acesso ser livre também amplia o número de
leitores e/ou interessados nesses produtos, especialmente junto ao grupo de estudantes da
graduação, bem como pesquisadores ligados à organizações institucionalmente mais frágeis.”
(Pesquisador 27, Agronomia)
As falas da maioria dos pesquisadores demonstram uma acentuada utilização da rede
como fonte de pesquisa e canal de comunicação e informação, tema do estudo de Pinheiro com
pesquisadores de diversas áreas. Na pesquisa a autora conclui que já havia, há aproximadamente
uma década, incorporação das tecnologias de rede por parte dos pesquisadores brasileiros que já
expressavam “consciência dos impactos decorrentes das redes eletrônicas, favorecendo a expansão
das comunidades cientificas, facilitando e intensificando a comunicação e ampliando o acesso aos
diversos recursos de informação criados na rede.” (PINHEIRO, 2003, p. 72)
Esse acesso livre a publicações científicas no desenvolvimento da pesquisa é apontado por
alguns pesquisadores como facilitadores de trabalho:
“Facilidade e praticidade de consulta, sem depender de estar na instituição ou possuir uma
senha dada pela mesma, como é o caso do Portal de Periódicos da CAPES”; (Pesquisador 1,
Engenharia Mecânica)
“Acesso mais fácil dos pesquisadores, evitando deslocamentos”. (Pesquisador 6, Literatura)
Finalmente, um dos argumentos para o depósito da publicação em acesso livre aponta como
positiva a proteção contra plágio que esse tipo de publicação propicia:
GT72236
“O trabalho é mais divulgado e mais protegido”. (Pesquisador 17, Literatura)
Segundo Harnad (2006), todo trabalho publicado pode ser plagiado, “mas o plágio de textos
em acesso livre online OA é mais fácil de detectado e documentado”
4.3 Motivos para não publicar em acesso livre
Ao serem questionados sobre que motivos teriam para não disponibilizarem seus trabalhos
em repositórios institucionais, a maioria (68%) afirmou que não teria nenhum motivo. Entre os que
apontaram algum motivo estão alguns que já utilizam canais de comunicação em acesso livre e deixam
claro as condições que poderiam configurar impeditivos para tal:
“Apenas a ausência de controle, que possibilita plágio. Conheço mais de um caso, nas áreas
de Ciências Humanas. Ressalto que teria que solicitar permissão aos periódicos, pois eles
exigem transferência de direitos autorais.” (Pesquisador 1, Engenharia Mecânica)
“Compreendo que há certa insegurança na disponibilização por usos indevidos, furto virtual
de informações e de ideias, comércio de trabalhos acadêmicos e desrespeito ao direito
autoral.” (Pesquisador 20, Antropologia)
“O único cuidado que se faz necessário é o do plágio mas é um risco que não justifica a não
disponibilização.” (Pesquisador 3, Comunicação)
“Considero que haverá sempre mais vantagens na disponibilização do material de pesquisa
através de acesso livre na internet desde que aí se incluam os modos de citação do artigo. É
esta a única forma de a autoria ser preservada quando honestamente utilizada, o que, como
sabemos, nem sempre é o caso. A “pirataria” pela internet vem-se tornando um processo cada
vez mais comum infelizmente.” (Pesquisador 4, Letras)
“Não o faria em casos que envolvam a proteção de direitos autorais de produções tais como
livros ou capítulos de livro.” (Pesquisador 20, Antropologia)
“As transferências de copyright para as editoras.” (Pesquisador 22, Engenharia Oceânica)
“Alguns periódicos não permitem a divulgação de textos completos em páginas particulares,
na minha opinião isto pode ser um entrave, no quesito artigos científicos.” (Pesquisador 7,
Educação)
A proteção dos direitos autorais, pirataria e plágio sinalizados pelos pesquisadores são
reconhecidos pela literatura, nacional e internacional como os principais fatores impeditivos de
publicação de acesso livre, principalmente em repositórios (COSTA, 2006; HARNAD, 2006;
KURAMOTO, 2008). Contudo, há diversas formas que podem ser trabalhadas para contornar alguns
desses fatores. Harnad (2006) apresenta contra-argumentos para a superação do que chama Zeno’s
Paralysis. A permissão do copyright e pirataria são as preocupações mais frequentes dos autores,
porém, há crescente número de periódicos que autorizam o depósito em repositórios17 e Harnad
(2006) argumenta também que, diferente de pirataria está relacionada a roubo, o auto-arquivamento
o “produtor” entrega seu produto para aumentar o acesso e impacto.
Nessa linha de pensamento Ortellado (2008) esclarece que importantes editoras internacionais
17 - Harnad cita exemplo da Física, repositório arXiv com aproximadamente meio milhão de artigos depositados e menos de 0.0001%
retirados por razões de quebra de copyright.
GT72237
(394) que editam 10.199 revistas, concediam aos autores autorização para o depósito de preprint ou
postprint em repositórios institucionais.
Com relação ao plágio Harnad (2006) firma, ainda, que “todo trabalho que é tornado público
pode ser plagiado, mas o texto em acesso livre é detectado e documentado mais facilmente.” Qualquer
trabalho corre o risco de ser plagiado e há inúmeros casos, inclusive de artigos e teses impressos que
foram vítimas de plágio.
Além dos argumentos dos pesquisadores estudados, acrescentamos os que Harnad (2006)
discute e aponta a partir de autores em todo o mundo como fatores intervenientes na adesão ao
acesso livre a associação de trabalhos em repositórios com artigos não submetidos à avaliação por
pares e consequentemente sua falta de prestígio; e auto-arquivamento não é auto-publicação, mas sim
disponibilização de artigo publicado em periódicos avaliados por pares.
Apesar dos inúmeros avanços há, ainda, alguma resistência a publicações de acesso livre, de
uma forma geral, por desconhecimento da temática, as políticas e ações desenvolvidas, conforme
discutido anteriormente por Leite e Costa (2006) e Swan (2008). Um dado importante e desconhecido
dos pesquisadores é o grande número de editoras que autorizam que o depósito de artigos que
publicaram. (ORTELLADO, 2008)
Mesmo com algumas restrições à publicação de acesso livre, todos pesquisadores
responderam afirmativamente sobre a possibilidade de depósito em repositório institucional,
inclusive aqueles que nunca haviam utilizado canal de comunicação de acesso livre. Essa disposição
é também encontrada no trabalho de Swan e Brown (2005), no qual 81% dos pesquisadores
responderam afirmativamente desde que houvesse política institucional mandatória e somente
13% o fariam de forma relutante.
Os resultados da presente pesquisa denotam uma tendência para o acesso livre de pesquisadores
brasileiros em todas as áreas, algumas com maior número de publicações e utilização de diferentes
tecnologias para a comunicação científica, outras questionando e buscando inserção diferenciada.
5 CONCLUSÕES
A pesquisa realizada, mesmo que restrita a um grupo de pesquisadores de determinada região
brasileira, Estado do Rio de Janeiro, reflete, ainda que parcialmente, padrões e tendências específicos
da comunicação científica de pesquisadores bolsista no Brasil. Todas as áreas estão representadas no
grupo estudado. Porém, estes resultados devem ser relativizados por serem de um Estado localizado
na Região Sudeste com características específicas, como alto percentual de recursos, além de
apresentar dados da universidade brasileira mais antiga (UFRJ) que conta com número expressivo de
pesquisadores de diversas áreas.
De maneira geral, os resultados da pesquisa apontam para uma mudança na postura desses
pesquisadores com relação à publicação de resultados de pesquisa canal de acesso livre. Algumas áreas
apresentam publicações em canais formais de comunicação científica como os periódicos eletrônicos
GT72238
e auto-arquivamento em repositórios institucionais ou temáticos, outras se inserem mais em iniciativas
individuais ou dos grupos de pesquisa, muitas vezes antecipando as políticas institucionais.
A maioria dos pesquisadores utilizam canal de acesso livre, geralmente mais de um canal revistas científicas e repositórios, institucionais ou temáticos – e conjugados entre si ou com outras
formas de disseminação do conhecimento – sites institucionais, de grupo de pesquisa ou pessoais e
blogs.
Os pesquisadores foram unânimes com relação às vantagens na publicação em acesso livre
e a democratização do conhecimento foi apontada pela maioria como a principal vantagem para sua
adesão. Além desse aspecto, aparece, também, nas falas dos pesquisadores o benefício da comunicação
entre pares, “trocas”, “parcerias” e “diálogos”, ou seja, no processo de produção do conhecimento.
É também sinalizada a importância desse canal livre de comunicação para que o pesquisador utilize
em dois momentos distintos: para acessar a informação para suas pesquisas e disponibilizar seus
resultados, possibilitando maior visibilidade e impacto de sua pesquisa.
Os possíveis fatores impeditivos para o depósito em repositórios são as preocupações
com plágio, pirataria e direitos autorais, são passíveis de ser contornados com esclarecimentos e
sensibilização dos benefícios.
Os resultados desta pesquisa apontam uma tendência positiva para o desenvolvimento
de políticas nacionais e institucionais e implementação de RI, devido à disposição de todos os
pesquisadores, mesmo os que nunca publicaram em acesso livre, em depositar seus resultados de
pesquisa em repositórios institucionais, o que denota a existência de um espaço favorável a essas
iniciativas em instituições públicas brasileiras.
Abstract:
This work presents a qualitative descriptive research on the intervenient factors in open access
Brazilian publications, from the perspective of researchers from public universities located in Rio de
Janeiro State. It aims to identify the main open access communication channels used by researchers
and to analyze the intervenient factors in the adhesion to practices of self-archiving research articles.
A set of 62 researchers, from all areas of knowledge, with Productivity Fellowship granted by CNPq
in 2010 was selected. All of them working in public universities located in Rio de Janeiro State that
run Master and PhD program. A questionnaire was sent by e.mail to all components of this group. The
questionnaire was composed by questions related to informational behavior, open access publications
and adhesion to institutional repositories. Out of the 28 researchers that answered it, the majority (24)
has used more than one open access communication channel, scientific journals and the repositories
(institutional and subject) were the most commonly used, normally conjugated. The results point,
as the main advantage of open access the democratization of knowledge, mainly related to research
developed with public support, as well as the increase of work visibility. The researchers also say that
open access is very important to promote the relationship among peers and between them and the
society. Although the use of open access channels has unanimous approval, the researchers still show
some resistances to the deposit on institutional repositories given the lack of awareness of policies
and initiatives already developed. The results are meaningful, as they disclose willingness to adhere
to initiatives to deposit on institutional repositories.
GT72239
Keywords: Scientific communication. Open Access. Institutional repositories. Brazilian researchers.
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recursos eletrônicos de comunicação e informação na pesquisa. Ciência da Informação. v. 32, n.
3, p. 62-73, 2003. Disponível em: <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/27/24> Acesso
em: 19 de jul 2011.
SWAN, A.; BROWN, S. Open access self-archiving: An author study. JISC Technical Report, Key
Perspectives, Inc. 2005. Disponível em: <http://eprints.ecs.soton.ac.uk/10999/> Acesso: em 02 ago.
2011
SWAN, A. Why open access for Brazil? Liinc em Revista, v. 4, n. 2, p. 159-172, 2008. Disponível
em: http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/viewFile/279/166. Acesso em: 19 de jul 2011.
GT72241
COMUNICAÇÃO ORAL
ÍNDICE DE CITAÇÃO DOS PERIÓDICOS BRASILEIROS:
UMA ANÁLISE DOS TÍTULOS INDEXADOS NO SCOPUS
Rosângela Schwarz Rodrigues, Patrícia da Silva Neubert
Resumo: Analisa a visibilidade dos periódicos indexados na base de dados Scopus. Para tanto,
utiliza os índices de citação disponibilizados pelo SCImago para classificar as publicações científicas
indexadas na bases de dados. Os objetivos são: a) identificar os periódicos brasileiros indexados; b)
coletar os indicadores de citação dos periódicos; e c) identificar a existência de correlação entre os
indicadores de citação. Foram coletados dados referentes aos índices H e o SJR de 161 periódicos,
distribuídos em três áreas do conhecimento: agricultura e ciências biológicas (50), medicina (69),
e ciências sociais (42). A análise descritiva dos dados foi realizada por meio da representação em
tabelas das freqüências observadas e pelo cálculo das medidas descritivas. O teste de Pearson foi
empregado para analisar a correlação entre as variáveis Índice H e SJR. Os resultados apontam a
medicina como área que possui os maiores valores dos índices H e SJR e onde existe maior amplitude
dos índices. O teste de Pearson indica a existência de uma correlação positiva entre as variáveis SJR
e índice H em geral. Ao aplicá-lo sobre as áreas individualmente, constatou-se a existência de uma
forte correlação entre estes índices nas áreas de medicina e agricultura e ciências biológicas e, uma
correlação fraca nas ciências sociais.
Palavras-chave: Periódico científico. Bases de Dados. Índice de citação.
1 INTRODUÇÃO
A ciência serve como indicativo do desenvolvimento econômico e social das nações, e é
considerada determinante para este desenvolvimento. Neste sentido, Stumpf (1997, p.1) salienta que
o desenvolvimento científico é tido como o “principal ponto de diferenciação entre países centrais
e periféricos”, e que a questão do acesso e compartilhamento do conhecimento científico acentua a
diferença entre estes países.
A indexação dos periódicos em bases de dados contribui para o aumento da visibilidadee
serve também como indicador de qualidade. De acordo com Erdmann et al. (2009) algumas bases
de dados disponibilizam indicadores de citação dos artigos publicados pelas revistas que indexam.
Neste sentido, a qualidade e o número de bases de dados em que determinado periódico está indexado
tem repercussão significativa sobre sua visibilidade e amplia o potencial de citação dos artigos, o que
interessa não só aos editores, mas especialmente aos autores.
GT72242
Mugnaini, Jannuzzi e Quoniam (2004) destacam a importância de índices de medição da
qualidade, impacto e citação da produção científica, especialmente para a definição de políticas,
diretrizes e investimentos no desenvolvimento dos estudos sobre publicação científica. De acordo com
Bolaño, Kobashi e Santos (2006, p.120), o objetivo das bases de dados é “[...] sinalizar a existência
da maioria dos documentos específicos, cobrindo uma área de conhecimento, com a finalidade de
facilitar a identificação e o acesso à informação que se encontra dispersa em um grande número de
publicações [...]”, sendo, portanto, fontes de informação essenciais para o avanço das áreas, pois
permitem ampliar o número de resultados possíveis de ser obtidos, com maior abrangência e precisão.
Este trabalho faz uma análise sobre a visibilidade dos periódicos indexados na base de dados
Scopus, da Editora Elsevier. Para tanto, utiliza os índices de citação produzidos e utilizados pela
ferramenta SCImago Journal & Country Rank1, desenvolvida pelo grupo SCImago para classificar
as publicações científicas listadas na base de dados Scopus. Os objetivos são: a) identificar os
periódicos brasileiros indexados na base de dados Scopus; b) coletar os indicadores disponíveis
sobre os periódicos das áreas com maior representatividade na base; e c) identificar a existência de
correlação entre os indicadores dos periódicos.
2 PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA
Guédon (2001) explica que no século XVII a crescente necessidade de divulgação das
descobertas científicas levou ao surgimento dos primeiros periódicos científicos como esforço
e articulação das comunidades científicas em diversas áreas do conhecimento para a reunião,
organização e divulgação do conhecimento científico produzido e, sua utilização para a produção de
novos conhecimentos.
A comunicação é indissociável da ciência e, conforme Targino (2000, p.5) destaca, “[...]
está no âmago do método científico. Não há ciência sem comunicação”. E que se desdobra em
comunicação informal com os pares (para trocas, discussões, etc.) e a comunicação formal (a
publicação dos resultados da pesquisa) mediante revisão, avaliação e aprovação pelos pares, como
forma de certificação deste conhecimento.
Fujino et al. (2007) destacam a importância da comunicação formal dos resultados de
pesquisas e sua contribuição para a geração de novos conhecimentos, servindo assim de insumo ao
desenvolvimento científico, ao colocar que:
É através do conhecimento da produtividade científica e acadêmica, em qualquer suporte
utilizado para sua disseminação, que se pode conhecer o que vem sendo pesquisado e como
o produto dessas pesquisas divulgadas pode influenciar o meio científico. (FUJINO, et al.,
2007, p.199-200)
1
http://www.scimagojr.com
GT72243
Deste modo, de acordo com Mueller (2007, p.128) a publicação é essencial a certificação
do conhecimento científico. “Publicado e acessível aos demais pesquisadores, esse conhecimento
poderá servir de ponto de partida para outras pesquisas e, portanto, poderá provocar a geração de
novos conhecimentos, que por sua vez repetirão o ciclo de avaliação e publicação” (MUELLER,
2007, p.128).
A indexação dos periódicos em bases de dados contribui para o aumento de sua visibilidade,
pois estas são importantes fontes de divulgação do conhecimento científico, proporcionando assim, o
aumento da audiência do periódico (ERDMANN, et al., 2009).
A rapidez na divulgação faz com que descobertas sejam colocadas à disposição de outros
pesquisadores, no menor espaço de tempo possível, permitindo que o conhecimento circule e
alimente outras pesquisas, mantendo o fluxo da informação e a retroalimentação da ciência.
(PINTO; IGAMI; BRESSSIANI, 2010, p.200).
2.1 INDICADORES
As bases produzem e divulgam indicadores que permitem a ‘contabilização’ do número
de citações recebidas pelos periódicos que indexam. A análise dessas citações são importantes
instrumentos de avaliação da produção científica e da importância dos títulos (GONZÁLEZPEREIRA; GUERRERO-BOTE; MOYA-ANEGÓN, 2009; MUGNAINI; JANNUZZI; QUONIAM,
2004). A Scopus, por meio do SCImago divulga índices de citações dos periódicos que indexa: o
índice H e o SJR (SCImago Journal Rank).
O Índice H foi desenvolvido em 2005 por Jorge Hirsch para avaliar o impacto da produção
individual de um pesquisador (ARENCIBIA-JORGE; CARVAJAL-ESPINO, 2008; ERDMANN, et
al, 2009; RAU, 2008). No entanto, muito embora tenha sido formulado como “[...] um modo particular
de avaliar os cientistas no final de suas carreiras profissionais [...]” (RAU, 2008, p.77), o Índice H
também pode ser utilizado para medir o impacto dos periódicos científicos – uma espécie de análise
do prestígio da publicação (ARENCIBIA-JORGE; CARVAJAL-ESPINO, 2008; RAU, 2008).
Arencibia-Jorge e Carvajal-Espino (2008) colocam, em relação ao cálculo do Índice H, que
“[...] H é o número atribuído a um pesquisador que tem H trabalhos, que tenham sido citados pelo
menos H vezes”. O índice H é o número de artigos com citações iguais ou maiores do que o valor do
índice, ou seja, “[...] um pesquisador com H = 5 tem 5 artigos que receberam 5 ou mais citações; um
pesquisador com índice H 30 é aquele que publicou 30 artigos científicos, sendo que cada um deles
recebeu ao menos 30 citações em outros trabalhos” (BARBOSA FILHO, 2009). Conforme coloca
Rau (2008, p.77, tradução nossa), o Índice H “[...] integra em um único valor tanto a produtividade
científica (número de artigos publicados) como sua visibilidade (número de citações recebidas)”.
O SJR é um índice baseado no Page Rank - algoritmo de ranking dos resultados apresentados
pelo Google. O Page Rank é um algoritmo para análise das redes de citações entre páginas web,
que determina pesos numéricos (entre 0 e 1) a cada ligação entre os elementos de uma coleção
GT72244
de documentos hiperligados (MARCHI, 2010, p.86). Deste modo, o Page Rank atribui um valor
de classificação aos sites, de acordo com as ligações externas que este possui (quantas outras
páginas apontam para o site), considerando que quanto maior o número de páginas que apontam
para um determinado site, maior é a relevância do conteúdo desta página (PEREIRA JUNIOR,
2008). Além disso, este algoritmo atribui pesos diferentes considerando a autoridade da página. O
SJR é um índice similar ao Page Rank, pois se baseia na quantidade de links para cada página e
atribui pesos para as citações bibliográficas baseando-se na importância das revistas que emitem as
citações, de modo que as citações emitidas por revistas consideradas de maior importância sejam
mais valiosas do que as emitidos pelas demais (GONZÁLEZ-PEREIRA; GUERRERO-BOTE;
MOYA-ANEGÓN, 2009).
O SJR é calculado por meio de um esquema interativo através da rede de citações entre os
periódicos que fazem parte da Scopus, onde as revistas representam os nós, e as citações representam
as conexões entre os nós; o esquema interativo distribui os valores de prestígio entre as revistas até
atingir um estado estacionário (GONZÁLEZ-PEREIRA; GUERRERO-BOTE; MOYA-ANEGÓN,
2009).
González-Pereira, Guerrero-Bote e Moya-Anegón (2009) descrevem o cálculo do SJR
salientando que o algoritmo começa atribuindo um valor idêntico de prestígio a cada periódico e que
em seguida, há a redistribuição deste valor, por meio do processo interativo baseado nas redes de
citação. Cada uma destas interações atribui novos valores de prestígio para cada periódico, valendose de três critérios: a) atribuição de um valor mínimo de prestígio pelo fato de o periódico fazer parte
da coleção; b) um valor de prestígio da publicação dada pelo número de trabalhos incluídos na base;
e c) um valor de prestígio das citações, dado pelo número de citações e pela importância destas.
4 METODOLOGIA
A pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva quanto aos objetivos, e quanto a
forma de abordagem como pesquisa quantitativa. O universo da pesquisa é composto pelos periódicos
brasileiros indexados na base de dados Scopus, e que conforme González-Pereira, Guerrero-Bote e
Moya-Anegón (2009) é considerada a base que melhor representa a estrutura geral da ciência mundial.
Segundo Silva (2011), deve-se observar também que o índice de citação da Scopus, obtido por meio
do SCImago é praticamente idêntico ao fator de impacto do ISI.
A análise descritiva dos dados foi realizada por meio da representação em gráficos e tabelas
das freqüências observadas, e pelo cálculo das seguintes medidas descritivas: médias, desvio padrão,
mediana, moda, quartis e extremos das variáveis quantitativas (Índice H e SJR).
A fim de verificar a existência de relação entre as variáveis, o teste de Pearson foi empregado
para analisar as correlações lineares entre as variáveis Índice H e SJR. Duas variáveis estão
associadas quando elas possuem semelhanças na distribuição dos seus valores pelo compartilhamento
de variância e quando ‘caminham num mesmo sentido’ (BARBETTA, 2008), ou seja, a correlação
GT72245
linear supõe que o aumento ou diminuição de uma unidade em uma variável X gera o mesmo impacto
na variável Y (FIGUEIREDO FILHO; SILVA JÚNIOR, 2009).
É necessário adotar uma classificação para os coeficientes de correlação a fim de atribuir
pontos de corte e valores que permitam indicar o grau de correlação. (FIGUEIREDO FILHO; SILVA
JÚNIOR, 2009). Neste trabalho optou-se pela classificação do coeficiente de correlação conforme os
pontos de classificação apontados por Santos (2007) que estabelece que correlações na faixa entre 0,1
e 0,5 indicam uma correlação fraca, e que abaixo desta faixa de valor a correlação entre as variáveis é
ínfima e, considera coeficientes entre 0,5 e 0,8 como uma correlação moderada e acima de 0,8 como
indicativos de uma correlação forte entre as variáveis, conforme exposto no Quadro 1.
Coeficiente de correlação
Correlação
r=1
Perfeita positiva
0,8 ≤ r < 1
Forte positiva
0,5 ≤ r < 0,8
Moderada positiva
0,1 ≤ r <0,5
Fraca positiva
0 < r < 0,1
Ínfima positiva
0
Nula
-0,1 < r < 0
Ínfima negativa
-0,5 < r ≤ -0,1
Fraca negativa
-0,8 < r ≤ -0,5
Moderada negativa
-1 < r ≤ -0,8
Forte negativa
r = -1
Perfeita negativa
Quadro 1 – Classificação do grau de correlação
Fonte: SANTOS, 2007
Os testes estatísticos foram realizados no programa SPSS, versão 17.0, tendo como nível de
significância de 5%.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O universo da pesquisa é composto pelos periódicos brasileiros indexados na base de dados
Scopus. Dos 18.750 periódicos constantes no ranking do SCImago (lista 2010), 304 são brasileiros
(1,62% do total de periódicos). Os 304 títulos brasileiros no SCImago estão classificados em áreas
conforme o Quadro 2, a seguir :
GT72246
Periódicos - Brasil
Área do conhecimento
(conforme classificação do SCImago)
Freqüência
%
Agricultural and Biological Sciences
50
16,45
Arts and Humanities
11
3,63
Biochemistry, Genetics and Molecular Biology
11
3,63
Business, Management and Accounting
4
1,31
Chemical Engineering
4
1,31
Chemistry
5
1,64
Computer Science
1
0,33
Decision Sciences
1
0,33
Dentistry
6
1,97
Earth and Planetary Sciences
13
4,27
Economics, Econometrics and Finance
7
2,3
Energy
0
0
Engineering
10
3,3
Environmental Science
12
3,96
Health Professions
4
1,31
Immunology and Microbiology
5
1,64
Materials Science
7
2,3
Mathematics
2
0,66
Medicine
69
22,7
Multidisciplinary
1
0,33
Neuroscience
5
1,64
Nursing
5
1,64
Pharmacology, Toxicology and Pharmaceutics
5
1,64
Physics and Astronomy
3
0,99
Psychology
15
4,94
Social Sciences
42
13,81
Veterinary
6
1,97
304
100
Total
Quadro 2 – Periódicos brasileiros indexados no Scopus classificados conforme a área no SCImago
GT72247
A análise foi realizada sobre os 161 periódicos das três áreas selecionadas como as as mais
representativas: agricultura e ciências biológicas (n=50), medicina (n=69), e ciências sociais (n=42),
pois juntas representam 52,96% dos periódicos brasileiros indexados na Scopus.
Os dados referentes aos indicadores de citação dos periódicos das áreas selecionadas foram
coletados diretamente no site do SCImago Journal & Country Rank (http://www.scimagojr.com/), por
meio da seleção do país e de cada área individualmente e referem-se aos indicadores do Ranking 2010.
Foram coletados os dados referentes ao índice H e ao índice SJR dos 161 periódicos selecionados.
O Quadro 3 apresenta as variáveis que serão analisadas e os valores que podem ser atribuídos a cada
uma destas variáveis.
Variáveis
Atributos/Valores
1- Agricultura e Ciências Biológicas
2 – Medicina
3 – Ciências Sociais
Valores entre 0 e 1
Valores a partir de 0 (n...)
Área
SJR
Índice H
Quadro 3 – Variáveis analisadas
A análise contempla o cálculo das medidas descritivas e do coeficiente de correlação para o
total dos periódicos analisados e por área do conhecimento. A Tabela 1 contém os dados referentes a
média, desvio padrão, mediana, moda, quartis inferiores e superiores e extremos inferiores e superiores
das variáveis SJR e índice H dos 161 periódicos que compõem a amostra, das áreas de agricultura e
ciências biológicas, medicina, e ciências sociais.
Tabela 1 – Medidas descritivas das variáveis SJR e Índice H
Variável n
%
Média
Desvio
Quartis
Mediana
Padrão
Moda
(Md)
QI
QS
(S)
SJR
161 100
0,036435
0,022266
0,029
Índice H
161 100
7,5
8,349
5
0,025 0,026 0,034
2
2
9
Extremos
EI ES
0
0,184
0
48
Pode-se observar que a média dos valores do Índice SJR é de 0,036435 (S= 0,022266, n=161),
a mediana é 0,029 e que o valor mais freqüente é 0,025 (moda). Os 25% menores valores atribuídos
para esta variável estão abaixo de 0,026 (QI). Os 25% maiores valores do índice SJR estão acima de
0,034 (QS), sendo que o maior valor atribuído é 0,184 (ES).
O Índice H tem média de 7,5 (S= 8,349, n=161), a mediana é 5 e a moda é 2. Os extremos
desta variável indicam valores entre 0 (EI) e 48 (ES) que é um valor bastante elevado, e quer dizer que
GT72248
há periódicos que tiveram 48 de seus artigos citados pelo menos 48 vezes. Os 25% menores valores
atribuídos a variável Índice H estão abaixo de 2 (QI), enquanto que os 25% maiores valores estão
acima de 9 (QS).
A Tabela 2 contém as medidas descritivas referentes a variável Índice SJR por área
do conhecimento. De modo geral, pode-se observar que a maior média é da área da medicina
(0,044667), que o menor valor de quartil inferior está na área de ciências sociais (QI =0,025) e,
que o maior valor do quartil superior está na medicina (0,053), pode-se observar que há uma
significativa diferença entre o valor deste e os valores de QS nas demais áreas. Além disso,
verifica-se uma diferença considerável entre os extremos da área de ciências sociais (ES= 0,029)
e os extremos das áreas demais áreas (agricultura e ciências biológicas ES= 0,121, medicina ES=
0,184).
Tabela 2 – Medidas descritivas da variável SJR por área do conhecimento
Área
n
%
Média
Desvio
Mediana
Padrão
Moda
(Md)
(S)
Quartis
Extremos
QI
QS
EI
ES
Agricultura
e
Ciências 50
Biológicas
31,05 0,03394
0,013522 0,032
0,032
0,029
0,034
0,025 0,121
Medicina
69
42,86 0,044667
0,029866 0,032
0,027
0,027
0,053
0
Ciências
42
Sociais
26,09 0,025881
0,001064 0,026
0,025
0,025
0,026
0,025 0,029
Total
100
0,022266 0,029
0,025
0,026
0,034
0
161
0,036435
0,184
0,184
O Índice SJR da área de agricultura e ciências biológicas tem média de 0,03394 (S=
0,013522, n=50), a mediana é 0,032, e o valor mais freqüente nesta área, para esta variável é 0,032
(moda). Os 25% menores valores atribuídos a está variável estão abaixo de 0,029 (QI), e os 25%
maiores valores estão acima de 0,034 (QS). O maior valor atribuído a esta variável é 0,121 (ES) e
refere-se ao Brazilian Journal of Medical and Biological Research2, periódico indexado no Scielo
e publicado pela Associação Brasileira de Divulgação Científica, criada em 1981 e publicado
anteriormente sob o título Revista Brasileira de Pesquisas Médicas e Biológicas, cujos artigos são
publicados em inglês.
Na área da medicina está o maior valor atribuído a está variável entre todas as áreas ES=
0,184, referente ao SJR do periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz3 criado em 1909 e
cuja orientação para submissão de artigos destaca que os textos devem estar preferencialmente
2
3
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0100-879X&lng=en&nrm=iso
http://memorias.ioc.fiocruz.br/
GT72249
em inglês. O segundo maior valor do índice JCR refere-se ao Brazilian Journal of Medical and
Biological Research, periódico também categorizado na área de agricultura e ciências biológicas
além da área de medicina e primeiro colocado no ranking SJR desta área.
A medicina é também a área que possui maior heterogeneidade entre os valores atribuídos ao
índice SJR dentre as áreas analisadas (S = 0,029866). Os menores valores atribuídos a variável SJR
na área de medicina estão abaixo de QI= 0,027, e os maiores valores acima de QS= 0,053. A média
do Índice SJR dos periódicos brasileiros da medicina é de 0,044667 (S= 0,029866, n=69), superior a
média total das três áreas.
Os periódicos da área de ciências sociais possuem os valores do Índice SJR situados na
faixa entre 0,025 e 0,029 (EI e ES) e são os periódicos que possuem em média os menores valores do
Índice SJR. O valor mais alto é o do índice da Revista Brasileira de Estudos de População4 criada
em 1984, indexada pelo Scielo e publicada pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais.
O segundo maior valor deste índice para os periódicos da área de ciências sociais é 0,028, atribuído
a três periódicos: Estudos Avançados5 criado em 1987 pelo Instituto de Estudos Avançados da
Universidade de São Paulo, a Revista Brasileira de Educação Especial6 publicada desde 1992
pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, e a Interface: Comunicação,
Saúde, Educação7 lançado em 1997 e pela Universidade Estadual Paulista – UNESP. A média é
0,025881 (S= 0,001064, n=42) bem inferior a média das demais áreas analisadas, e o valor mais
frequentemente atribuído ao índice SJR destes periódicos é 0,025, dos 42 títulos indexados na
base 20 possuem SJR igual a 0,025. Os menores valores situam-se abaixo de QI= 0,025 e, os 25%
maiores valores acima de QS 0,026. É possível perceber que não há uma grande variabilidade
para os valores deste índice nesta área, o que demonstra certa uniformidade entre os periódicos.
A Tabela 3 contém as medidas descritivas referentes a variável Índice H conforme as
áreas do conhecimento. Pode-se observar que há uma diferença significativa entre os valores
do Índice H na área de ciências sociais em relação às áreas de medicina e agricultura e ciências
biológicas. Enquanto nas áreas de agricultura e ciências biológicas e medicina existem periódicos
que tiveram 48 de seus artigos citados pelo menos 48 vezes (ES), nas ciências sociais o maior
Índice H obtido por um periódico é 9 (ES), sendo este número mais de cinco vezes inferior ao
Índice das demais áreas e os valores atribuídos com maior freqüência (moda) aos periódicos
das ciências sociais são de duas a três vezes menores do que os valores do Índice H com maior
freqüência nas demais áreas.
Tabela 3 – Medidas descritivas da variável Índice H por área do conhecimento
4
5
6
7
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=0102-3098&script=sci_serial
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-4014&nrm=iso&rep=&lng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1413-6538&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1414-3283&lng=pt&nrm=iso
GT72250
Área
n
%
Desvio
Média Padrão Mediana (Md) Moda
(S)
Quartis
Extremos
QI
QS
EI
ES
Agricultura
e Ciências
Biológicas
50
31,05
8,52
7,95
7
7
4
9
0
48
Medicina
69
42,86
9,768
9,78
6
5
4
12
1
48
Ciências
Sociais
42
26,09
2,57
1,669
2
2
2
3
0
9
Total
161
100
7,5
8,349
5
2
2
9
0
48
Os periódicos da área de agricultura e ciências biológicas tem como valor médio do Índice
H 8,52 (S= 7,95, n=50). Os valores da mediana e da moda são 7. Os menores valores atribuídos
ao índice H nesta área estão abaixo de QI= 4 e, os maiores acima de QS= 9, sendo que o maior
valor atribuído a está variável é ES= 48, referente ao índice H do periódico Brazilian Journal of
Medical and Biological Research que também possui o maior valor de SJR na área de agricultura
(conforme Tabela 2) e o segundo maior valor na área de medicina. O segundo colocado no
ranking do Índice H (21) é o periódico Brazilian Journal of Plant Physiology8 publicado pela
Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal desde 1989 em língua inglesa.
O Índice H da área de medicina tem média de 9,768 (n=69), e assim como em relação ao
Índice SJR é a área que possui a maior média dentre as áreas estudadas; da mesma forma, é a área
que possui o maior desvio padrão (S= 9,78). Os valores atribuídos ao Índice H nesta área estão na
faixa de 1 a 48, sendo que os 25% menores valores situam-se abaixo de QI= 4 e, os 25% maiores
acima de QS= 12 (Md = 6). O maior índice H é do Brazilian Journal of Medical and Biological
Research, seguido pelo índice H de 41 do periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.
Nas ciências sociais o Índice H tem a menor média 2,57 (n=42), os valores desta variável
situam-se entre EI=0 e ES=9 e apresentam os valores mais homogêneos dentre as áreas analisadas
(S= 1,669), sendo o valor mais frequente o 2. A revista Dados9 9 publicada desde 1966 pelo
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro tem o maior índice H dos periódicos
indexados na categoria de ciências sociais, seguida pelo periódico criado em 1994 pela Fundação
Oswaldo Cruz: História, Ciências, Saúde - Manguinhos10 com índice H=7.
De modo geral, observa-se uma proximidade entre as áreas de medicina e agricultura e
8 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1677-0420&lng=en&nrm=iso
9 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0011-5258&lng=en&nrm=iso
10 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0104-5970&lng=en&nrm=iso
GT72251
ciências biológicas, embora exista uma distância significativa entre as medidas destas áreas, a
mesma não é nítida, e percebe-se uma acentuada diferença entre o Índice H dos periódicos da
área de ciências sociais em relação a estas áreas.
5.1 Coeficiente de correlação
De acordo com Barbetta (2008) uma maneira de visualizar a existência de correlação entre
duas variáveis é através do Diagrama de Dispersão. Deste modo, temos na Figura 1 o diagrama de
dispersão dos dados provenientes das variáveis Índice H e SJR.
Figura 1 -Diagrama de dispersão das variáveis Índice H e SJR.
O diagrama de dispersão indica a existência de uma correlação positiva entre as variáveis
estudadas, uma vez que percebe-se uma tendência de que quanto maior for o valor de um dos índices
maior será o do outro. É possível perceber ainda, uma maior concentração dos dados entre os valores
de 0 a 10 para o índice H, e de 0,02 a 0,06 para o índice SJR.
O diagrama de dispersão por área do conhecimento permite visualizar melhor a distribuição
dos dados das variáveis estudadas. A Figura 2 representa os dados das variáveis índice H e SJR na
área de agricultura e ciências biológicas. É possível observar a concentração dos dados na faixa de 0 a
20 para valores do índice H, com alta concentração na faixa de 0 a 10 e com pouco dados discrepantes
(acima de 20). Além disso, verifica-se claramente a concentração dos dados entre os valores de 0,02
a 0,04 para o índice SJR e o destaque do periódico Brazilian Journal of Medical and Biological
Research que possui os maiores Índices H e JCR.
GT72252
Figura 2 -Diagrama de dispersão das variáveis Índice H e SJR para a área de agricultura
e ciências biológicas.
Percebe-se no diagrama a ascendência dos valores das variáveis e a correlação existente entre
as variáveis Índice H e SJR na área de agricultura e ciências biológicas na medida em que quanto
maiores são os valores em um índice maiores são os do outro.
A Figura 3 refere-se ao diagrama de dispersão das variáveis em relação a área de medicina,
onde é possível observar uma distribuição um pouco mais homogênea dos dados e, valores
mais altos para ambas as variáveis. Também percebe-se o destaque dos índices dos periódicos
Brazilian Journal of Medical and Biological Research (Índice H= 0,121 e JCR= 48) e Memórias
do Instituto Oswaldo Cruz (Índice H= 42 e JCR= 0,184) que se revezam nas primeiras posições
dos índices estudados.
Figura 3 -Diagrama de dispersão das variáveis Índice H e SJR para a área de medicina.
GT72253
Assim como a figura anterior, é possível perceber a ascendência dos valores dos índices,
identificando assim, a existência de correlação entre estas variáveis.
A área de ciências sociais está representada na Figura 4. Observando o diagrama de dispersão
verifica-se que esta é a área onde estão concentrados os valores mais baixos para ambos os índices,
destacando-se os valores entre 0,025 e 0,028 para o índice SJR e valores de 0 a 8 para o índice H, com
uma maior concentração de dados entre 0 e 5. Percebe-se ainda, que diferentemente das demais áreas,
o periódico que possui o SJR mais alto, a Revista Brasileira de Estudos de População com SJR 0,029,
apresenta o Índice H igual a 2 e portanto, dentro dos menores valores desta variável e, do mesmo
modo, o periódico que apresenta o maior valor deste índice (9), a Revista Dados tem o SJR de 0,027,
em uma faixa intermediária.
Figura 4 -Diagrama de dispersão das variáveis Índice H e SJR para a área de ciências sociais.
O diagrama de dispersão dos índices H e SJR da área de ciências sociais, não demonstra tão
claramente a existência de correlação entre as variáveis, uma vez que os dados concentram-se em
uma faixa menor de valores e que não parecem apresentar uma forte tendência em terem valores
elevados em ambas as variáveis.
Os diagramas de dispersão indicam que as variáveis SJR e Índice H estão positivamente
correlacionadas, o que é confirmado pela aplicação do teste de correlação de Pearson (conforme
os dados da Tabela 5). A existência de correlação entre as variáveis indica que quanto maior for
o valor do Índice H de um periódico maior será o valor de seu SJR e vice-versa. O coeficiente
de correlação de Pearson (r) é de 0,811 (pvalor < 0,001, n= 161), o que indica, conforme a
classificação de Santos (2007) a existência de uma forte correlação positiva entre as variáveis
SJR e índice H.
GT72254
Tabela 5 – Coeficiente de correlação entre as variáveis SJR e Índice H por área do conhecimento
Área
n
%
Coeficiente
de
correlação
(r)
Agricultura e Ciências Biológicas
50
31,05
0,854
< 0,001
Medicina
69
42,86
0,819
< 0,001
Ciências Sociais
42
26,09
0,286
0,066
Todas as áreas
161
100
0,811
< 0,001
pvalor
O coeficiente de correlação de Pearson (r) é de 0,854 (pvalor < 0,001, n=50) entre os periódicos
da área de agricultura e ciências biológicas, este é o coeficiente de correlação mais alto entre as três
áreas analisadas. Este valor de r indica a existência de forte correlação positiva entre as variáveis SJR
e Índice H nos periódicos da área de agricultura e ciências biológicas.
Na medicina o valor de r é de 0,819 (pvalor < 0,001, n=69), indicando uma correlação forte
positiva entre as variáveis SJR e Índice H nos periódicos deste área. Os periódicos classificados na
área de ciências sociais apresentam o coeficiente de correlação de 0,286 (pvalor <0,066, n=42), valor
este que indica uma correlação fraca positiva, conforme a classificação de Santos (2007), entre as
variáveis SJR e Índice H.
Observa-se que as variáveis estão positivamente correlacionadas, há uma correlação mais
forte entre os Índices H e SJR nos periódicos da área de agricultura e ciências biológicas (r = 0,854),
e uma menor correlação nas demais áreas, havendo uma maior diferença na área de ciências sociais
(r = 0,286, correlação fraca).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As medidas descritivas das variáveis estudadas apontam a área da medicina como, dentre as
áreas analisadas, a área que possui os maiores valores dos índices H e SJR. Este área também é a área
onde existe a maior heterogeneidade dos dados, seguida pela área de agricultura e ciências biológicas.
Os periódicos das ciências sociais são os que possuem os menores valores entre as variáveis Índice H
e SJR, e como seus valores situam-se em uma faixa menor de variação, são o conjunto de dados cuja
distribuição apresenta maior homogeneidade.
De modo geral, observa-se certa proximidade entre as áreas de medicina e agricultura e
ciências biológicas, a medida em que não existem grandes diferenças entre os indicadores destas
áreas, embora a medicina se sobressaia em relação aos valores dos índices. E, comparativamente,
percebe-se uma acentuada diferença entre os índices dos periódicos da área de ciências sociais
GT72255
em relação as demais áreas analisadas. O diagrama de dispersão das variáveis estudadas, em
relação a área do conhecimento, ilustra bem as diferenças entre os índices conforme a área do
conhecimento.
O teste de correlação de Pearson indica a existência de uma forte correlação positiva entre
as variáveis SJR e índice H. Ao aplicá-lo sobre as áreas estudadas, individualmente, constatou-se a
existência de uma forte correlação entre estes índices nas áreas de medicina e agricultura e ciências
biológicas e, uma correlação fraca na área de ciências sociais. Os resultados dos testes evidenciam
uma diferença significativa entre os índices dos periódicos da área de ciências sociais em relação as
demais áreas.
A existência de correlação positiva entre os índices estudados, permite afirmar que quanto
maior for o valor de um índice maior será o valor do outro, o que neste caso quer dizer que quanto
maior for o número de citações de um artigo de periódico (indicado pelo Índice H), maior será o
número de ligações entre documentos que o apontarão e que há uma maior tendência em ser citado
por periódicos de maior destaque ou importância, e do mesmo modo, quanto maior for o número de
publicações de visibilidade referindo-se a um determinado artigo, maior será o número de citações
que este receberá. Podemos dizer que a relevância de uma publicação depende do seu uso como
insumo para a produção de novos conhecimentos, gerando novas citações. Pode-se inferir a partir daí,
a importância de mecanismos que registram a visibilidade das publicações periódicas, tais como as
bases de dados e o uso de tecnologias da informação e da comunicação, como formas de disseminação,
acesso e uso do conhecimento científico.
BRAZILIAN PERIODICS CITATION INDEX:
an analysis of titles indexed in Scopus
Abstract: Examines the visibility of the journals indexed in the Scopus database. To do so, utilises the citation
indexes provided by SCImago to classify scientific publications in indexed databases. The objectives are: a)
identify the indexed Brazilian journals b) collect the journals citation indicators, and c) identify the existence
of a correlation between citation indicators. The data was collected on rates of H and SJR 161 journals, divided into three subject areas: agriculture and life sciences (50), medicine (69), and social sciences (42). The descriptive analysis was conducted through charts of observed frequencies and the calculation of descriptive
measures. The Pearson test was used to analyze the correlation between the H and SJR Index variables. The
results shows medicine as the area that has the highest values ​​of the indexes H and SJR and also a greater
range. Pearson’s test indicates the existence of a positive correlation between the SJR and H index in general. By applying it on individual areas, it was found that there is a strong correlation between these indexes in
medicine, agriculture and life sciences, and a weak correlation in the social sciences area.
Keywords: Scientific Journal. Databases. Citation Index.
GT72256
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GT72258
COMUNICAÇÃO ORAL
PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA DA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO NO BRASIL PUBLICADA NA BIBLIOTECA
ELETRÔNICA SCIELO BRASIL ENTRE 2005 E 2010
Márcia Marques, Marcelo Souza de Jesus
Resumo: O presente artigo faz o levantamento da produção bibliográfica da Ciência da Informação no
Brasil publicada na biblioteca eletrônica Scielo Brasil entre 2005 e 2010. Os artigos publicados foram
analisados quanto ao volume e distribuição dos artigos; características da autoria, como identificação,
colaboração e produtividade; tendência temática dos artigos. No período analisado foram produzidos
99 artigos, publicados em oito publicações diferentes, com um total de 128 autores distribuídos pelas
regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. A maior parte destes artigos concentrou-se
na análise da produção bibliográfica, em questões teóricas e sobre formação profissional.
Palavras-chave: Ciência da Informação, bibliometria, periódicos.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo realizar a identificação da literatura científica em artigos que
tenham em seu escopo a Ciência da Informação publicados por pesquisadores de pós-graduação
no período de 2005 a 2010 no banco de dados Scielo Brasil. Estudos sobre publicações científicas
não são raros e têm importância, como levantamento bibliométrico, para oferecer a compreensão do
estado da arte de um assunto em determinado recorte histórico.
GONZALEZ de GÓMEZ (2001), ao abordar a cientificidade da Ciência da Informação, cita
a bibliometria, cientometria e infometria como técnicas de meta-ciência. Ela afirma que:
são algumas das formas principais de um metaconhecimento de orientação nomológica,
que se caracteriza pela busca de regularidades empíricas e leituras estruturais de tendências,
pressupondo como condição a disponibilidade de um corpus de textos ou de dados ou
suficientemente amplo e consistente para sustentar generalizações empíricas de certa grandeza
(GONZALES DE GOMES, 2001, p. 12).
Macias-Chapula (1998) vê a ciência como um amplo sistema social com as funções de
disseminar conhecimento, assegurar a preservação de padrões e dar crédito e reconhecimento aos que
o produzem. A avaliação de um conjunto de artigos científicos, com metodologia, permite acompanhar
o desenvolvimento da pesquisa na região observada, no período delimitado. É instrumento para a
definição de políticas públicas e também auxilia novos pesquisadores a compreenderem o campo e
se situarem nele.
GT72259
O presente artigo se apóia em dois outros da mesma categoria: de comunicação, divulgação e
produção de artigos científicos. O primeiro, de Mueller e Pecegueiro (2001), apresenta um estudo que
busca identificar características da literatura científica da Ciência da Informação na década de 1990 e
que teve como objeto de estudo a revista Ciência da Informação. Dele foram extraídos os elementos
a serem observados: volume e distribuição dos artigos; características da autoria, como identificação,
colaboração e produtividade; tendência temática dos artigos. Apenas não analisamos, como fazem as
autoras no trabalho citado, os grupos de autores por interesse temáticos.
O segundo artigo que nos orientou na pesquisa, de Silva e Pinheiro (2008), resolveu nossa
problemática de classificação dos temas, pois o material agrupado e organizado por afinidade
correspondia às temáticas encontradas naquele estudo, que analisou 161 artigos publicados entre
2001 e 2005 em publicações classificadas como Qualis A Nacional, num total de cinco títulos. Estas
categorias serão elencadas mais adiante.
Escolhemos como ambiente de coleta de informações a Scientific Electronic Library On-Line
(Scielo), mais especificamente a Scielo Brasil1, que reúne os artigos de publicações brasileiras. Esta
opção nos permite ter a dimensão da visibilidade da produção científica brasileira no meio eletrônico,
uma vez que esta biblioteca dá acesso à produção científica do país publicada no meio digital.
Esta biblioteca eletrônica2 resulta de uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp) e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências
da Saúde (Bireme). O projeto, iniciado em 1997 para oferecer publicações científicas do Brasil e da
América Latina no meio eletrônico, conta atualmente com 261 títulos de periódicos. Desde 2002, o
Projeto conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O objetivo da Scielo, segundo consta na página de apresentação do projeto, é “implementar
uma biblioteca eletrônica que possa proporcionar um amplo acesso a coleções de periódicos como
um todo, aos fascículos de cada título de periódico, assim como aos textos completos dos artigos”3. O
acesso pode ser feito através de índices e de formulários de busca e o site é constantemente atualizado
tanto no conteúdo quanto na tecnologia do banco de dados.
A Scielo Brasil traz publicações organizadas em torno dos seguintes assuntos: Ciências
agrícolas, ciências sociais aplicadas, ciências biológicas, engenharia, ciências exatas e da terra,
ciências da saúde, ciências humanas e lingüísticas, literatura e artes. A revista Ciência da Informação,
responsável pelo maior número de artigos encontrados na presente pesquisa, está classificada como
ciência social aplicada. Este banco é semelhante ao DataGramaZero, onde também estão armazenadas
as edições da revista Ciência da Informação.
Ainda para compreender o quadro apresentado em nosso levantamento, buscamos a
contextualização histórica da pesquisa sobre a literatura científica que envolve o campo interdisciplinar
1 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_home&lng=pt&nrm=iso (sobre a Scielo consulta em 26/06/2011)
2 Neste artigo consideramos biblioteca eletrônica aquela que permite acesso a bancos de dados no formato eletrônico, em base de
dados online.
3 conforme publicado na página institucional da Scielo, consulta em 26/06/2011.
GT72260
da Ciência da Informação. Apresentamos, também, a metodologia utilizada em nossa coleta e análise
dos dados, bem como os resultados encontrados.
2. CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA
A década de 1940 foi marcada pelos avanços tecnológicos proporcionados pela Segunda
Guerra Mundial, onde o tratamento da informação foi aplicado para o controle das pesquisas e da
literatura como uma resposta aos problemas gerados pela explosão da informação (AZEVEDO, 2009).
Após a Segunda Guerra Mundial em julho de 1945, Vannervar Bush, a pedido do presidente
Roosevelt, dos Estados Unidos, foi colocado à disposição para resolver o problema da informação.
Neste período, ele produziu o artigo considerado por muitos como o nascimento de uma nova etapa
do trabalho da informação científica, As we may think (Como nós pensamos), que trata dos problemas
da informação além de relatar as possíveis dificuldades para organização e repasse informacional.
Na época da publicação daquele artigo, ele citou a mudança de paradigma envolvendo a Ciência da
Informação e a Tecnologia e seus profissionais. Bush introduziu, ainda, associações ao processo de
armazenamento e recuperação da informação, que, segundo ele, seria basicamente operacionalizado
como nos pensamentos, em que se transforma a informação em conhecimento (BARRETO, 2008).
No Brasil, a Ciência da Informação surge segundo Pinheiro e Loureiro (1995), no início
da década de 1970 com a implantação do primeiro curso de Mestrado em Ciência da Informação da
América do Sul, no IBBD (Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, em convênio com a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1976, refletindo a transformação ocorrida
em outros países e a própria designação como curso de mestrado, a instituição abandona os termos
Bibliografia e Documentação e passa a denominar-se Instituto Brasileiro de Informação em Ciência
e Tecnologia – IBICT, órgão vinculado ao CNPq. Pouco antes podemos assinalar a criação da revista
Ciência da Informação, diretamente associada às atividades acadêmicas do curso de mestrado.
Com atividades decorrentes da implantação do mestrado no país, Pinheiro e Loureiro (1995)
identificam três fases:
1. A primeira, de implantação, 1970 - 1982;
2. A segunda, transitória, de 1983 a 1986;
3. A terceira, de consolidação, a partir de 1987.
O mestrado tem início semelhante a outros cursos de pós-graduação brasileiros, contando
com a participação de professores estrangeiros.
Entre os professores vindos do exterior, conhecidos e reconhecidos internacionalmente,
destacamos Frederick Wilfrid Lancaster, Tefko Saracevic, LaVahn Marie Overmyer, Bert
Roy Boyce, Jack Mills, John Joseph Eyre, Ingetraut Dahlberg e Suman Datta47. Até 1981,
esses professores também exerceram o papel de orientadores: Lancaster, com 34 orientações;
Tefko Saracevic, 13; Lavan Overmyer, 3; Jack Mills e Bert Boyce, ambos responsáveis por
duas orientações (PINHEIRO E LOUREIRO, 1995)
GT72261
Neste período, os pesquisadores Pinheiro e Loureiro (1995) descrevem a influência norteamericana e da Grã-Bretanha, onde a CI teve maior desenvolvimento. Na implantação desta ciência
participaram do mestrado professores brasileiros de outras áreas, o que possibilitou a compreensão e
a interpretação dos problemas da informação no Brasil. Sabendo desta abrangência foram propostos
métodos e teorias de disciplinas. Na primeira fase, a pós-graduação concentrou-se em planejamento
de sistemas e processamento de informação, que incluía cinco disciplinas obrigatórias:
1.Organização de serviços de informação;
2.Catalogação avançada;
3.Sistemas de classificação;
4.Técnicas de indexação e resumo; e
5.Processamento de dados na documentação.
Estas disciplinas demonstram que, no início, o curso esteve fortemente voltado ao
processamento técnico da informação, tendência que foi se diluindo, ao longo do mestrado. O
conjunto de disciplinas optativas constitui-se de programação, epistemologia, didática, teoria dos
conjuntos, metodologia da pesquisa, lingüística e teoria da comunicação. Posteriormente, a disciplina
Organização de Serviços de Informação passou a ser chamada Organização de Sistemas de Informação
(PINHEIRO E LOUREIRO, 1995).
Pinheiro e Loureiro (1995) ressaltam que às alterações do programa curricular é importante
mencionar a inclusão tardia da disciplina eletiva Bibliometria, anteriormente parte integrante de
recuperação da informação, uma vez que dissertações tendo como tema estudos bibliométricos
vinham sendo apresentadas desde o início do curso. A primeira a tratar desta disciplina foi Gilda
Braga, em 1972, seguida, em 1973, por Laura Maia de Figueiredo, ambas tendo como orientador
Tefko Saracevic.
No inicio dos anos 1980, a ênfase é feita em cima dos sistemas de informação – recuperação
da informação e automação de sistemas de informação – e gestão dos sistemas. Neste mesmo
período, o IBICT foi transferido para Brasília. Em 1983 é assinado convênio pelo qual o curso passa
a fazer parte da estrutura curricular da Escola de Comunicação (ECO), da UFRJ, na forma de área
de concentração do mestrado em comunicação. Mas em 1986, por recomendação do Ministério da
Educação o mestrado em Ciência da Informação readquiriu autonomia.
Nos anos 1990, a CI deu um grande passo, com a criação do doutorado em Ciência da
Informação, após 22 anos do início do mestrado. Nessa mesma década, Neves (1992) analisa 129
dissertações e as categoriza em cinco áreas temáticas:
e) Comunicação científica e tecnológica – 15 dissertações;
f) Estudos bibliométricos – 38 dissertações;
g) Estudos de uso/usuários e de transferência da informação – 48 dissertações;
h) Gerência da informação e de sistemas de informação – 37 dissertações, e
i) Processamento e recuperação da informação – 23 dissertações.
GT72262
Em 1995, o primeiro encontro da Pós-Graduação em Ciência da Informação, foram
apresentadas 44 pesquisas. O evento teve mais de 300 especialistas da área, o que evidenciou a
vitalidade desta ciência, comprovada pela produção cientifica (PINHEIRO E LOUREIRO, 1995).
Wersig (1997) ressalta a natureza da Ciência da Informação como uma ciência pós-moderna.
A explosão da informação e a aspiração a novos conhecimentos provocam um novo entendimento e
novos usos para a utilização do conhecimento, ou seja, o desenvolvimento de estratégias para resolver
em particular aqueles problemas causados pelas ciências clássicas e pelas tecnologias. Wersig ainda
define Ciência da Informação como o conjunto de modelos, desenvolvidos sob o ponto de vista do
problema do uso do conhecimento nas condições pós-modernas de informatização.
No início do século XXI, Paiva (2003) ressalta que o avanço tecnológico e científico do século
XX, levou ao surgimento de uma nova sociedade, e que seus pilares estruturam-se na informação e
no conhecimento, como elementos essenciais. Sendo, portanto, a Ciência da Informação, sob tais
condições, um campo do conhecimento que discute, identifica e propõe os elementos intervenientes
para a formação de um corpo orgânico de conhecimento.
A Ciência da Informação, no decorrer de sua trajetória como área de conhecimento, é
considerada uma ciência interdisciplinar devido às relações estabelecidas com outros campos
científicos (SARACEVIC, 1996).
No Brasil a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação
(ANCIB), o campo conta com 13 programas de pós-graduação, conforme a figura 01 abaixo relaciona.
Figura 01 – Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação no Brasil 2011 (anexo 01).
Fonte: Pós-Graduações em CI. www.ancib.org.br.
GT72263
3. METODOLOGIA UTILIZADA
Como dissemos na introdução, o presente trabalho objetiva fazer a identificação da literatura
científica em artigos científicos que tenham em seu escopo a Ciência da Informação publicados por
pesquisadores de pós-graduação no período de 2005 a 2010 na biblioteca eletrônica Scielo Brasil.
Fizemos o levantamento nesta base eletrônica entre os dias 8 e 15 de junho de 2011 e buscamos o
assunto ciência da informação, o que resultou num total de 137 artigos.
Desta primeira seleção, mais ligada ao tema geral, fizemos uma leitura dos resumos e
palavras-chave para refinar a pesquisa e limitá-la ao foco de nosso levantamento, restrito a artigos
científicos. Excluímos, portanto, editoriais, anúncios de teses e dissertações, bem como entrevistas e
traduções de capítulo de livros e chegamos ao número real de artigos aqui analisados: 99.
Organizamos o conjunto de artigos por ano de edição: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010,
acompanhados das informações que nos permitissem verificar volume e distribuição dos artigos;
características da autoria, como identificação, colaboração e produtividade; tendência temática e
freqüência de publicação dos artigos. Todo este material foi inscrito em planilha eletrônica em que
colunas e linhas correspondiam aos dados que buscávamos avaliar. Cada um dos artigos foi copiado
da página da Scielo Brasil com as seguintes indicações: publicação, título (com link para o artigo
completo), autoria, resumo e palavras-chave.
Como também adiantamos na introdução, fizemos a organização dos temas, segundo
classificação apresentada por Silva e Pinheiro (2008) que se mostrou adequada aos conjuntos
temáticos que encontramos em nosso levantamento. Consideramos que este grupo de artigos
representa o conhecimento científico do campo, na medida em que esse conhecimento só é válido
quando publicado em periódicos reconhecidos pelo próprio campo. A categorização dos artigos em
CI, utilizada pelas autoras e por nós reproduzida, é a seguinte:
g) Comunicação, divulgação e produção;
h) Gerência de serviços e unidades de informação;
i) Estudos de usuários, de demandas e de usos de informação;
j) Processamento, recuperação e disseminação da informação;
k) Formação e mercado de trabalho;
l) Aspectos teóricos e gerais de CI;
m) Legislação e políticas de informação;
n) Informação, cultura e sociedade;
o) Tecnologias da Informação;
p) Outros e correlatos.
Embora as pesquisadoras tenham utilizado base de dados diferente – no caso delas, artigos
publicados em publicações Qualis A – a utilização das mesmas categorias pode nos permitir alguma
comparação, uma vez que elas analisaram os trabalhos científicos nos cinco anos anteriores ao que
GT72264
foi nosso objeto. Duas das revistas científicas, a Ciência da Informação e Perspectivas em Ciência da
Informação, coincidem nos dois universos estudados.
3.1 Produção científica periódica brasileira em CI na Scielo Brasil
Apresentamos, aqui, os resultados encontrados neste universo de artigos que investigamos.
Analisaremos três aspectos: volume e distribuição dos artigos, autoria e classificação temática. Como
informado, foram publicados na biblioteca eletrônica Scielo Brasil, entre 2005 e 2010, 99 artigos,
a distribuição ano a ano está indicada na figura 02 a seguir. Como se poderá observar, o número de
artigos é baixo em 2005, quando a Scielo estava recém-implantada. O pico de publicações se dá no
ano de 2007, mas há uma queda acentuada em 2010, provavelmente porque não foram publicadas as
três edições anuais da revista Ciência da Informação naquele ano.
Figura 02 – Distribuição, ano a ano, de artigos sobre CI publicados na base de dados da Scielo Brasil
No que diz respeito à origem da publicação, a maioria vem das revistas científicas especializadas
no campo: as revistas Ciência da Informação, com 46 artigos, e Perspectivas em Ciência da Informação,
com 45. Juntas, elas representam 91% do total publicado. Os outros trabalhos foram publicados nas
revistas Jistem (Journal of Information Systems and Technology Management – Revista de Gestão da
Tecnologia e Sistemas de Informação), com dois artigos; Ciência e Saúde Coletiva, com dois artigos;
e Novos Estudos Cebrap, Educação & Sociedade, Revista de Administração de Empresas (RAe) e
Sociologias, com uma publicação cada. Para melhor visualização, organizamos estes dados na tabela
01.
GT72265
Tabela 01 – Periódicos onde os artigos foram publicados originalmente.
Ano
2005
Publicação
Ci Inf.
Jistem
QTD
7
1
2006
Ci Inf.
Perspect Ciênc. Inf
13
5
2007
Ci Inf.
Perspect Ciênc. Inf
Novos Estudos Cebrap
Ciênc. saúde colet.
11
9
1
1
2008
Ci Inf.
Perspect Ciênc. Inf
Ciênc. saúde colet.
Sociologias
Educ. & Soc.
8
8
1
1
1
2009
Ci Inf.
Perspect Ciênc. Inf
Jistem
RAe
4
12
1
1
Ci Inf.
Perspect Ciênc. Inf
3
11
2010
Total
Legenda
CI Inf
Jistem
Perspect Ciênc. Inf
Cebrap
RAe
Educ. & Soc.
Ciênc. saúde colet.
Ciência da Informação
Journal of Information Systems and Technology
Management
Perspectiva da Ciência da Informação
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
Revista Administração e Empresa
Educação & Sociedade
Ciência e Saúde Coletiva
GT72266
99
Quanto à autoria, encontramos um total de 128 autores para os 99 artigos produzidos. Foram
encontrados 43 (28%) autores únicos e 85 (55%) autores com trabalhos publicados coletivamente.
Encontramos 26 (17%) autores que assinam mais de um artigo. Para melhor visualização dessa relação
entre autores e artigos, fizemos o gráfico representado abaixo como a figura 03.
Figura 03 – Número de autores e artigos publicados na Scielo Brasil
Os autores que mais publicaram (não diferenciamos se em autoria única ou coletiva) foram
Leilah Santiago Bufrem – com seis artigos, Isa Maria Freire – com cinco artigos; e Carlos Alberto
Ávila Araújo – com quatro artigos. Conforme ranking da figura 04.
Figura 04 – Ranking dos autores com maior número de artigos publicados
Estes três autores são professores e têm o resumo curricular apresentados a seguir:
GT72267
1. Leilah Santiago Bufrem – Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de
São Paulo, pós-Doutora pela Universidade Autônoma de Madrid, professora Titular do
Departamento de Ciência e Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná
UFPR.
2. Isa Maria Freire – Graduada em Ciências Sociais, com mestrado e doutorado em Ciência
da Informação, professora no Departamento e no Programa de Pós- Editora da revista
Informação e Sociedade: Estudos e editora chefe da revista Pesquisa Brasileira em Ciência
da Informação e Biblioteconomia. Universidade Federal da Paraíba - UFPB.
3. Carlos Alberto Ávila Araújo – Doutor em Ciência da Informação, com mestrado e
graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pósdoutorando pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal. Professor
adjunto III da Escola de Ciência da Informação da UFMG.
De acordo com Mueller e Pecegueiro (2001), não é surpresa a predominância de professores
como autores, pois pesquisar e escrever artigos faz parte da carreira universitária. Os autores
relacionados na figura 04 foram os que tiveram dois ou mais artigos científicos publicados entre 2005
e 2010 na Scielo Brasil. Neste contexto, verificou-se ainda a presença de autores de quase todas as
regiões do país. Na figura 05 relacionamos os principais autores publicados por região.
Figura 05 – Autores com mais de duas publicações e regiões dos autores
GT72268
Durante a pesquisa não encontramos curso de pós-graduação na região Norte. No CentroOeste apenas a Universidade de Brasília possui Programa de Pós-Graduação. Os autores, no entanto,
não são exclusivamente oriundos da CI, o que se justifica pela característica interdisciplinar do
campo. A região Sul, que possui três cursos, teve três autores publicados. São os mesmos os números
encontrados na região Nordeste. A região Sudeste, com cinco cursos de pós-graduação, registrou o
maior número de autores: 17 no total.
Durante a pesquisa também verificamos como se deu a autoria dos artigos: únicos e em
colaboração. A análise dos dados indica que houve aumento da produção de artigos com vários
autores entre 2008 e 2010, ou seja, vemos uma tendência de cooperação para publicações científicas,
como pode ser observado na figura 06, abaixo:
Figura 06 – Dados por ano sobre autoria única e em colaboração.
Os artigos pesquisados se concentram em três temas: Comunicação, divulgação e produção,
com 24 artigos; Aspectos teóricos e gerais de CI, com 22; e Formação e mercado de trabalho, com
15. Neste caso específico, cremos que o aumento se deva ao grande volume de artigos publicados
por pesquisadores da UFMG focados na mudança de currículo da Escola de Ciência da Informação,
daquela instituição federal de ensino. Há uma diluição de artigos (entre seis e oito, cada) nas temáticas
Gerências de serviços e unidades de informação, Estudos de usuários, demandas e usos, Informação,
Cultura e Sociedade e Tecnologia da Informação. O tema Legislação e Políticas tiveram apenas um
artigo publicado e Processamento, recuperação e disseminação da Informação quatro artigos. Embora
tenha aparecido em variados temas, à questão da inclusão digital mostrou-se bastante significativa,
citada como parte do objeto de estudo em 8% do total.
GT72269
No artigo de Silva e Pinheiro, o tema Comunicação, divulgação e produção também foi o que
apresentou maior freqüência, com 28% do universo pesquisado pelas autoras. Os temas Gerência
de serviços e unidades de informação, Estudos de usuários, demandas e usos e Processamento,
recuperação e disseminação da Informação tiveram registros significativos nos dados analisados
por elas. Esses resultados não coincidem com os de nossa mostra, em que identificamos um
crescimento significativo na temática de Aspectos teóricos e gerais de CI, com 22% em nosso
levantamento, contra 6,8% encontrado por Silva e Pinheiro. Naquele estudo, a questão de formação
e mercado de trabalho registrou apenas 8,7% do total de artigos. Embora os universos analisados
não sejam os mesmos, cremos que é possível comparar os dois períodos, uma vez que usamos as
mesmas categorias.
Os dados sobre os temas que encontramos em nossa mostra estão representados na figura 07 a
seguir, onde também reproduzimos os dados da pesquisa de Silva e Pinheiro e o desta pesquisa.
Figura 07 – A distribuição dos artigos por categorias temáticas e a comparação das categorias temáticas de Silva e
Pinheiro (2008) e levantamento nosso feito neste artigo (2005 a 2010).
4. CONCLUSÕES
Buscamos com este trabalho identificar as regularidades, na literatura científica, dos artigos
científicos sobre Ciência da Informação publicados por pesquisadores de pós-graduação no período
de 2005 a 2010 na biblioteca eletrônica Scielo Brasil. Cremos que deter o olhar sobre este material
empírico, com base na bibliometria, nos permite sustentar “generalizações empíricas”, como aponta
Gonzales de Gomes, que podem auxiliar novos pesquisadores a se situarem no campo.
GT72270
Ao analisarmos os temas em que os 99 artigos pesquisados foram agrupados – comunicação,
divulgação e produção; gerência de serviços e unidades de informação; estudos de usuários, de
demandas e de usos de informação; processamento, recuperação e disseminação da informação;
formação e mercado de trabalho; aspectos teóricos e gerais de CI; legislação e políticas de informação;
informação, cultura e sociedade; tecnologias da Informação – percebemos que há uma concentração
de pesquisas, neste período, em três deles.
Juntos, os três temas com maior número de citações representam mais de 60% do que se
publicou, na Scielo Brasil, sobre Ciência da Informação. São eles: comunicação, divulgação e
produção, com 24 artigos; aspectos teóricos e gerais de CI, com 22; e formação e mercado de trabalho,
com 15. Mais do que mercado de trabalho, os artigos deste tema concentraram-se em formação.
Neste caso específico, cremos que o aumento se deva ao grande volume de artigos publicados por
pesquisadores da UFMG focados na mudança de currículo da Escola de Ciência da Informação,
daquela instituição federal de ensino.
Cabe também ressaltar alguns padrões encontrados e que consideramos merecem reflexão.
Comparamos os dados que encontramos com os resultados de Silva e Pinheiro no levantamento
realizado entre 2000 e 2005 nas publicações brasileiras Qualis A dedicadas ao assunto. Como também
dissemos anteriormente, é fundamental compreender que há muita semelhança entre os universos
observados, inclusive organizamos pela mesma temática e duas das revistas científicas, a Ciência da
Informação e Perspectivas em Ciência da Informação, coincidem nos dois universos estudados.
Quanto ao volume, houve uma queda de produção de artigos, especificamente a produção da
revista Ciência da Informação, o que representou uma queda que se refletiu no conjunto de artigos
científicos publicados no período, principalmente em 2010. Quanto à autoria, encontramos um
movimento no sentido da publicação coletiva e colaborativa, bem como identificamos o surgimento
de novos autores – principalmente mestrandos e doutorandos – especialmente na região Sudeste.
Cabe, a nosso ver, neste último caso investigar se há relação entre este crescimento de publicações
coletivas de artigos científicos e exigências de crescimento do volume de publicações nos programas
de pós-graduação.
No que diz respeito às temáticas, destacamos que, embora tenha concentrado o maior
interesse dos pesquisadores, comunicação, divulgação e produção sofreu uma queda de quatro
pontos percentuais. Apenas um acompanhamento poderá indicar se há alguma tendência de queda.
Consideramos de extrema relevância o crescimento significativo de artigos relacionados ao tema
aspectos teóricos e gerais de CI, que na pesquisa de Silva e Pinheiro sequer alcançava 7% do total
analisado.
Outro resultado que consideramos significativo diz respeito aos temas sobre gerência de
serviços, processamento e também estudos de usuários, que tiveram queda percentual no conjunto de
artigos publicados.
GT72271
Abstract: This article is a survey of bibliographic production of Information Science in Brazil published in the electronic library Scielo Brazil between 2005 and 2010. The published articles were analyzed for volume and distribution of articles, authored features, such as identification, collaboration
and productivity; and trend themes of the articles. In the period under review produced 99 articles
were published in eight different publications, with a total of 128 authors spread across the Northeast,
South, Southeast and Midwest regions of Brazil. Most of these articles focused on the analysis of the
scientific literature, and on theoretical issues in vocational training.
Keywords: Information Science, bibliometrics, periodicals.
REFERÊNCIAS
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Dialética histórica. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação,Campinas, v6, n. 2,
p. 71-82, jan./jun. 2009
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2008.
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da Informação. Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 5 - 18, jan./jun. 2001
MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cientometria e sua perspectiva nacional e
internacional. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 27, n. 2, p. 134-140, maio/ago. 1998.
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ABREU. O periódico Ciência da Informação na década de 90: um retrato da área refletido em seus
artigos. Ci. Inf., Brasília, v.30, n.2, p. 47-63, mai/ago 2001.
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informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Rio de Janeiro, UFRJ/
ECO, CNPq/ IBICT, 1992.
PAIVA, L. F. R de. O Brasil na sociedade da informação, 2003. 104f. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2003.
PINHEIRO, L.V.R.; LOUREIRO, J.M.M. Traçados e limites da ciência da informação. Ciência da
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WERSIG, GERNOT. Information science: the study of postmodern knowledge usage. Information
Processing & Management, v. 29, n. 2, p. 155-166, 1997.
GT72273
COMUNICAÇÃO ORAL
ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS PARA A GERAÇÃO
DE INDICADORES CIENTÍFICOS: USO DA PLATAFORMA
LATTES
Fábio Mascarenhas Silva, Raimundo Nonato Santos, Guilherme Alves Santana, Natanael Vitor
Sobral, Márcio Henrique Wanderley Ferreira
RESUMO
Percebemos um grande potencial da base de currículos da Plataforma Lattes para a produção de
indicadores, em parte pelo o fato de haver constantes exigências por parte de órgãos de pesquisa para
que os pesquisadores atualizem os dados referentes à sua atuação. Assim, o objetivo deste estudo
é apresentar um conjunto de procedimentos metodológicos voltados à geração de indicadores de
produção científica e indicadores de ligação a partir de dados extraídos desse dispositivo. Adotou-se
como corpus para o presente estudo os dados dos pesquisadores que publicaram trabalhos nas três
últimas edições do ENANCIB (2008-2010) no GT 7 - Produção e Comunicação da Informação em
CT&I. Tal escolha seguiu um princípio ilustrativo, desta forma o recorte inicial estabelecido foi o
conjunto de autores dos trabalhos publicados no GT7 dos ENANCIBs no triênio 2008, 2009 e 2010. Em
seguida foram coletados os currículos de todos os autores utilizando-se a ferramenta SCRIPTLATTES,
delimitando a coleta à produção no período de 2005 a 2010. Foram apresentados três conjuntos de
indicadores: o primeiro voltado à qualificação da produção do conjunto de autores analisados, o
segundo à co-relação temática entre os trabalhos publicados nos ENANCIBs por este mesmo grupo,
e por último o grau de colaboração entre esses autores. Para cada um desses itens serão apontados o
percurso metodológico e sugestões de aplicações do modelo. Por fim, considera-se que os membros
do grupo que desenvolvem essa pesquisa já se encontram em bom estágio de amadurecimento e
devidamente treinados nos processos e técnicas bibliométricas, os passos futuros da pesquisa a serem
empreendidos estão centrados na aplicação da metodologia acrescida de análises mais aprofundadas
e contextualizadas dos dados. Nesse estágio, considera-se necessária a participação e contribuição de
gestores, aqui configurados como público-alvo principal dos resultados ora apresentados.
ABSTRACT
We noticed a large potential base of Lattes curricula for the production of indicators, in part by the
fact that there are constant demands by research institutions for researchers to update information
concerning its atuation. This study aim to present a set of methodological procedures expected at
generating scientific production indicators and link indicators from data taken from this device. It was
adopted as a amount data for this study from researchers who have published papers in the last three
editions of ENANCIB (2008-2010) in WG 7 - Information and Communication Production in ST&I.
This choice followed a illustrative principle n, so the initial cut was set at the set of authors of papers
published in the WG7 ENANCIBs in the three years 2008, 2009 e 2010. They were then collected at
Lattes Curricullum of all the authors using the tool scriptLattes, limiting the collection to production
GT72274
in the period 2005 to 2010. We presented three sets of indicators: the first intended at the production
of the qualifying group of authors analyzed, the second co-relation between the subject published in
ENANCIBs by this same group, and finally the degree of collaboration between these authors. For
each of these items will be pointed to the course and suggestions for methodological applications
of the model. As a final point, it is considered that the group members who develop this research
are already in good stage of maturity and qualified in the processes and bibliometric techniques, the
future steps of the research to be undertaken are focused on implementation of the methodology in
addition more analysis depth and contextualized data. At this stage, it is necessary the participation
and contribution of managers, here configured as a primary target audience of the results presented
here.
PALAVRAS-CHAVE
Indicadores científicos; Plataforma Lattes; Produção Científica; Bibliometria; Cienciometria.
KEYWORDS
Scientific Indicators; Lattes Data Base; Scientific Production; Bibliometrics; Scientometrics..
1INTRODUÇÃO
A configuração atual da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) origina-se de um processo de
instalação de uma estrutura nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) iniciada há décadas. A
história demonstrou que a forte influência governamental e política permitiram avanços e retrocessos,
e ensinou também que os modelos de gestão adotados ao longo dos anos foram caracterizados por
estratégias de indução e estímulo nem sempre constituídos a partir de recursos gerenciais minimamente
adequados aos processos de planejamento e tomada de decisões.
Contudo, a conjuntura e as perspectivas favoráveis de avanços sociais e econômicos têm
demandado novas posturas por parte dos gestores públicos. Tem se percebido que as variáveis de
articulação, antes influenciadas por relações pessoais, cedem espaço cada vez mais aos critérios e
modelos avaliativos pautados no rigor técnico e pragmático. Nesse ínterim se insere a necessidade de
produção e oferta de indicadores científicos e tecnológicos que possam servir como recurso de gestão
para reitores, diretores de centros, chefes de departamento, coordenadores de programas de pósgraduação e demais atores que assumam a posição de gestores de instituições vinculadas ao universo
científico nacional.
No Brasil, é observada a carência na produção de indicadores científicos, com raras exceções
como os esforços empreendidos pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) que tem proporcionado um sistemático e organizado conjunto de indicadores estaduais em
CT&I. Mas, ainda pode ser considerado um esforço tímido e insipiente para um país de dimensões
continentais como o nosso.
Essa problemática tem motivado grupos a buscarem alternativas e soluções que resultem no
desenvolvimento de metodologias e ferramentas úteis à construção de indicadores confiáveis. Alguns
GT72275
estudos têm apontado para a adoção de dados organizados e disponibilizados por grandes bases de
dados especializadas na ofertas de informações sobre a produção científica mundial, tal qual a Web of
Science e a Pascal.
Em nosso caso percebemos um grande potencial da base de currículos da Plataforma Lattes
para a produção de indicadores, em parte pelo fato de haver constantes exigências por parte de órgãos
de pesquisa para que os pesquisadores atualizem os dados referentes à sua atuação. Atualmente, o
número de atores cadastrados ultrapassa dois milhões.
Cabe, no entanto, destacar o registro do fato dos dados da Plataforma Lattes não serem
ofertados em estrutura apropriadas para a produção de indicadores, o que, para tanto, requer exaustivo
esforço extra de coleta e de retrabalho, com o uso de ferramentas e técnicas ad hoc, para reformatar e
padronizar dados estatísticos.
Desafio de monta que deve ser superado, entendido que a construção de ferramentas e
técnicas aptas a construção de indicadores é imprescindível à gestão de políticas científicas,
e a ausência de análise e contextualização destes indicadores em um ambiente ou atividade
específica pode limitar a eficácia do processo, tornando-o indicador sem sentido e utilidade,
apenas números sem significado.
No contexto de uma perspectiva nacional não é novidade considerar que boa parte da
publicação dos pesquisadores brasileiros não está indexada nas principais bases de referências
utilizadas com freqüência em estudos bibliométricos tais como a Web of Science e a LISA
(Library Information Science Abstracts). Observa-se ainda, segundo Mugnaini, Jannuzzi e
Quoniam (2004, p.125) que há “questionamentos acerca da validade de uso dessas bases do ISI
para análise da produção científica de países em desenvolvimento. Entre as limitações dessas
bases, uma das principais críticas é a não-indexação de grande número de revistas científicas
desses países, oferecendo um perfil parcial da ciência produzida nos países em desenvolvimento
[...]”.
Como exemplo ilustrativo e de alerta, corroborando com a opinião dos autores em referência,
apresenta-se os baixos índices de incidência da produção brasileira da área da Ciência da Informação
na LISA. O Quadro 1 apresenta o quantitativo de artigos de periódicos brasileiros (constantes na Base
Qualis/ da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES) produzidos
entre 2005 e 2010 indexados na LISA.
PERIÓDICO CIENTÍFICO
QUALIS
2005
Perspectivas em Ciência da
Informação (Impresso)
A2
7
0
Ciência da Informação
A2
12
Informação & Sociedade. Estudos
(UFPB)
B1
14
GT72276
2006 2007
2008
2009
2010
0
0
0
0
39
37
28
32
0
28
24
40
19
22
Encontros Bibli
B2
0
0
0
0
0
0
Transinformação
B2
0
0
0
0
0
0
Datagramazero (Rio de Janeiro)
B2
0
0
0
0
0
0
Em Questão (UFRGS. Impresso)
B2
0
0
0
0
0
0
Informação & Informação (UEL.
Online)
B3
0
0
0
0
0
10
Revista Digital de Biblioteconomia
e Ciência da Informação
B3
0
0
0
0
0
0
Tendencias da Pesquisa Brasileira
em Ciência da Informação
B3
0
0
0
0
0
0
Brazilian journal of information
science
B3
0
0
0
0
0
0
PontodeAcesso (UFBA)
B5
0
0
0
0
0
0
Biblionline
C
16
16
21
10
8
12
Quadro 1- Periódicos nacionais em Ciência da Informação no Qualis e LISA
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
Percebe-se que há lacunas comprometedoras, demonstrando haver um distanciamento entre
as produções nacionais e respectivas representações em sistemas de indexação da produção científica.
Diante da situação apresentada, já em 2004 Mugnaini, Jannuzzi e Quoniam defendiam ser importante
a investigação da produção da C&T brasileira em outras bases bibliográficas e citam incipientes
esforços do SCIELO e a Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
É pois, na utilização da Plataforma Lattes do CNPq que estão concentrados nossas atividades.
Assim, o objetivo deste estudo é apresentar um conjunto de procedimentos metodológicos voltados
à geração de indicadores de produção científica e indicadores de ligação a partir de dados extraídos
desse dispositivo.
Tais procedimentos resultam de estudos desenvolvidos por integrantes do Grupo Scientia,
que concentra duas linhas de pesquisa: Indicadores de Produção Científica e Institucionalização
Cognitiva e Social da Pesquisa Científica. Para expor e validar as estratégias e resultados da
metodologia, adotou-se como corpus para o presente estudo os dados dos pesquisadores que
publicaram trabalhos nas três últimas edições do Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da
Informação (ENANCIB) (2008-2010) no Grupo de Trabalho 7 (GT)- Produção e Comunicação
da Informação em CT&I .
GT72277
2
A CIENTOMETRIA E O USO DE INDICADORES CIENTÍFICOS
É aceito pela academia que há uma relação mútua e intercambiável entre a Ciência, Tecnologia
e Inovação (CT&I), e ainda que, tanto nas pesquisas científicas como no desenvolvimento e melhoria
de novos produtos, um dos principais insumos é a informação especializada, denominada Informação
Científica e Tecnológica (ICT) que engloba, por exemplo, artigos, trabalhos de eventos, patentes, relatórios,
dados estatísticos, dentre outros. Assim, a ICT representa, segundo trabalho coordenado pelo Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) (GÓMEZ, CANONGIA, 2001, p.12):
toda a informação que os cientistas e as organizações de P&D precisam para desenvolver
suas atividades [...]; as demandadas pelas interfaces da produção científico-tecnológica
com o Estado e suas instâncias decisórias, no planejamento e gestão de C&T; e finalmente,
informações destinadas a ampliar a participação da cidadania e suas expressões organizadas
nos processos de elaboração de políticas públicas.
Desta forma, o conceito de ICT proposto pelo IBICT engloba as informações que apóiam
a gestão e o planejamento da CT&I, e que também sirvam como instrumento de disseminação e
acesso a novos conhecimentos. Para avaliar esse escopo informacional, há técnicas e instrumentos
genericamente contidos no conjunto de estudos cientométricos, que de acordo com a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, 2002) são métodos usados para a análise do
sistema de CT&I. Assim, a cientometria se ocupa com o desenvolvimento de metodologias para
a construção e a análise de indicadores, com base em abordagem interdisciplinar, envolvendo a
Ciência da Informação, a Economia, a Administração, entre outras áreas do conhecimento.
A cientometria abarca o estudo das ciências físicas, naturais e sociais, preocupando-se assim
com a “dinâmica da ciência, como atividade social, tendo como objetos de análise a produção, a
circulação e o consumo da produção científica” (SANTOS, KOBASHI, 2009, p. 159). Ressalta-se
ainda que ela baseia-se em indicadores científicos construídos a partir de documentos publicados
em canais especializados e envolve inúmeros parâmetros, tais como a quantidade de publicações,
co-autorias, citações, co-ocorrência de palavras e outros (FAPESP, 2002).
A respeito do uso de indicadores da atividade científica como forma de visualização e
mapeamento da relação entre a ciência e o desenvolvimento social, percebe-se que sua utilização
pode ser fator indutor para a mobilização e amadurecimento de diversos segmentos da sociedade,
tais como os setores governamentais e políticos. Haja vista a importância desse uso, ressalta-se a
existência de incentivos da comunidade acadêmica e dos gestores de CT&I que, por meio dos citados
instrumentos, buscam compreender melhor a dinâmica da produção científica no intuito de subsidiar
e avaliar o planejamento e resultados das políticas voltadas a esse ambiente.
De acordo com Santos e Kobashi (2005) há um conjunto expressivo de indicadores empregados
na análise da produção científica que podem ser divididos em indicadores de produção científica, de
citação e de ligação, conforme Quadro 1.
GT72278
Indicadores
Utilidades
Construídos pela contagem do número de publicações por tipo de
De Produção
documento (livros, artigos, publicações científicas, relatórios etc.), por
Científica
instituição, área de conhecimento, país, dentre outros;
De Citação
Estabelecidos pela contagem do número de citações recebidas por
uma publicação de artigo de periódico. É o meio mais reconhecido de
atribuir crédito ao autor;
De Ligação
Criados pelas co-ocorrências de autoria, citações e palavras, sendo
aplicados na elaboração de mapas de estruturas de conhecimento e
de redes de relacionamento entre pesquisadores, instituições e países.
Emprega técnicas de análise estatística de agrupamentos.
Quadro 1 – Indicadores e utilidades para a análise da produção científica
Fonte: Adaptado de Santos e Kobashi (2005)
Embora esses indicadores sejam aproximações da realidade ou uma expressão incompleta
sobre o estado da ciência e da tecnologia em nações, eles não representam uma “verdade”
absoluta sobre a área e por isso sua abordagem deve ser comparativa e deve-se evitar excesso
de confiança nesses (ASTON, KLAVANS, 1997; SPINAK, 1996 e 1998; TRZESNIAK, 1998;
OKUBO, 1997).
Para fins de gerenciamento do setor de CT&I, gestores objetivam elaborar indicadores
a partir de dados contidos em bases de dados bibliográficas Estas últimas foram concebidas para
o armazenamento e a recuperação da informação, e não tendo sido utilizadas como fontes para a
produção de indicadores. Nota-se que cada base utiliza critérios próprios de abrangência, seleção
de conteúdos, estruturação de dados, níveis de organização e de padronização de registros. Sendo
assim, estudos de produção científica requerem, em função dessas particularidades, a reorganização
dos dados antes de serem submetidos a operações analíticas (OKUBO, 1997; TRZESNIAK, 1998;
MACIAS-CHAPULA, 1998).
3
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Conforme explicitado anteriormente, este trabalho apresenta estratégias metodológicas
orientadas à construção de indicadores científicos gerados a partir de dados extraídos da Plataforma
Lattes. Tais estratégias são originárias de ações previstas no projeto de pesquisa intitulado “Sistemas
Nacionais de Informação Científica & Tecnológica como geradores de indicadores em C&T: uma
análise da Plataforma Lattes”. A aplicação de tais estratégias metodológicas é importante para
situações como: processos de tomadas de decisão, mapeamento institucional, planejamento de
políticas públicas, monitoramento do status de produção científica, etc.
O princípio básico é delimitar-se o contexto a ser estudado, ou seja, de qual universo se desejará
indicadores elaborados a partir da Plataforma Lattes. Como universo entenda-se, por exemplo, uma
GT72279
universidade, uma faculdade, um centro de pesquisa, um programa de pós-graduação. A condição
mínima é que o conjunto de indivíduos dos quais se deseja conhecer a produção científica precisa
cadastrar e atualizar dados dos seus respectivos currículos individuais.
Assim, para este trabalho optou por delimitar uma dada situação relacionada ao GT7 dos
ENANCIBs. Tal escolha seguiu um princípio unicamente ilustrativo, apenas intentando expor
as aplicações e utilidades de uma metodologia, desta forma o recorte inicial estabelecido foi o
conjunto de autores dos trabalhos publicados no GT7 dos ENANCIBs no triênio 2008, 2009 e
2010. Em seguida foram coletados os currículos de todos os autores utilizando-se a ferramenta
SCRIPTLATTES, delimitando a coleta à produção no período de 2005 a 2010, que é um universo
temporal suficiente para gerar análises consistentes. Também é importante expor os seguintes
aspectos a respeito das análises feitas: a produção científica analisada não se restringiu aos
trabalhos publicados nos ENANCIBs, ou seja, foram mapeadas todas as produções bibliográficas
(artigos, trabalhos de eventos, livros e capítulos publicados) dos atores que publicaram nos anais
dos ENANCIBs 2008 a 2010; e, foram contempladas todas as mencionadas produções no período
de 2005 a 2010.
Serão apresentados três conjuntos de indicadores: o primeiro voltado à qualificação da
produção do conjunto de autores analisados, o segundo à co-relação temática entre os trabalhos
publicados nos s por este mesmo grupo, e por último o grau de colaboração entre esses autores. Para
cada um desses itens serão apontados o percurso metodológico e sugestões de aplicações do modelo.
3.1
QUALIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DO CONJUNTO DE AUTORES ANALISADOS
Apesar de o modelo moderno de Ciência iniciar suas primeiras investidas a partir da Revolução
Industrial, é somente a partir das duas grandes guerras mundiais, com a convergência de esforços
entre o governo, a academia e a indústria, o denominado triângulo de ferro, que a Ciência alcança o
status que Price (c1963) denominou de Big Science.
Com ares de instituição profissionalizada, urge a necessidade de se estabelecer mecanismos
mais eficientes de avaliação de um regime meritocrático. Os indicadores do Journal Citation Reports
(JCR) do Institute for Scientific Information (ISI) “passaram a ser usados como parâmetro de avaliação
de pesquisadores e instituições. São publicados anualmente no JCR três indicadores, por título de
periódico: o índice de citação imediata (immediacy index), a meia-vida das citações (cited Half- Life)
e, finalmente, o índice bibliométrico mais conhecido e utilizado, o fator de impacto (impact Factor)
(STREHL,2005, p. 20)”.
No que diz respeito aos títulos de periódicos brasileiros, após longo período de inexpressiva
participação no sistema ISI, muito recentemente – últimos cinco anos, de cerca de duas dezenas de
títulos indexados, os periódicos nacionais alcançaram a marca de mais de uma centena de títulos que
fazem parte do JCR. Entre esses, apenas três são da área da Ciência da Informação: Transinformação
GT72280
(6 artigos indexados), Informação e Sociedade (34 artigos indexados) e Perspectivas em Ciência
da Informação (38 artigos). Deve-se registrar a não inclusão do periódico Ciência da Informação,
reconhecidamente um dos mais importantes pela comunidade brasileira, além de estar classificado no
Estrato Qualis da CAPES na categoria A2.
Assim, pelos motivos expostos assumiu-se, enquanto instrumento de mapeamento da
produção, preferível avaliar aspectos qualitativos da produção de artigos da Base Qualis, gerenciada
pela CAPES. Pesa a favor dessa base o fato de a lista de periódicos e respectiva pontuação ter sido
elaborada por representações das próprias áreas de conhecimento da ciência nacional, além do fato de
contemplar com maior exaustividade os veículos da comunicação científica.
Logo, uma vez que a metodologia para a geração de indicadores científicos proposta neste
trabalho baseia-se na compilação de diversas tipologias documentais, a análise qualitativa de artigos
científicos publicados em periódicos torna-se essencial. Para tanto, devem ser consideradas questões
pertinentes ao Sistema de avaliação Qualis da CAPES para o desenvolvimento de indicadores voltados
a publicação em periódicos científicos.
Aplicações: mecanismo de análise que permite apontar novos comportamentos e tendências na
publicação de artigos pela rede de pesquisadores da área de Ciência da Informação.
Estratégias de elaboração
Para a elaboração dos indicadores da produção em periódicos dos pesquisadores do GT7 dos
ENANCIBs, primeiro, foram tabulados os artigos publicados por ano. Em seguida, todas as listas
foram unidas, gerando uma lista integrada com toda a produção de 2005 a 2010.
Para essa tabulação de dados, utilizou-se a ferramenta “Microsoft Excel”, que serviu para
a contagem absoluta da produção em periódicos e para a análise de seus estratos Qualis. Tal
estrato foi obtido no site “Web Qualis” (mantido pela CAPES) e mais especificamente na lista da
Área de Ciências Sociais Aplicadas na qual, a Ciência da Informação está contemplada. Assim
confrontaram-se os periódicos e seus estratos para a elaboração dos gráficos, também gerados no
“Microsoft Excel”.
A produção do grupo de pesquisadores do GT7 dos ENANCIBs avaliado totalizou 437
produções entre 2005 e 2010 (figura 1). Este valor resulta da publicação de artigos em periódicos
com estratos diferentes, sejam eles nacionais ou internacionais. Conforme se verifica no Gráfico 1,
111 artigos, ou seja, 25,4% do total de artigos foram publicados em periódicos não qualificados no
estrato Qualis.
GT72281
Figura 1 - Distribuição das publicações em periódicos pelos autores do GT7 (2005-2010)
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
A figura 2 representa a distribuição dos artigos de periódicos presentes exclusivamente na
Base Qualis:
Figura 2 - Artigos dos autores segundo Base Qualis
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
Da produção em periódicos do estrato A2, registra-se a concentração na Perspectivas em
Ciência da Informação da UFMG e Ciência da Informação, com 46 e 22 publicações respectivamente.
Tais números por si já favorecem a justificativa de uso também de outras formas de avaliação da
produção científica já que os dados referentes ao periódico Ciência da Informação não constam no
JCR.
GT72282
Situação ainda mais ilustrativa é percebida em veículos com estrato B2 (17,85% da produção
total), dos quais mais da metade da produção está concentrada nos periódicos Encontros Bibli e
Datagramazero. Considerando que ambos não estão presentes na Base JCR, tornar-se-ia difícil
elaborar instrumentos de avaliação qualitativa da produção que não fossem por meio de informações
extraídas da Plataforma Lattes e confrontadas com a Base Qualis da CAPES.
Este panorama inicial aponta uma tendência dos autores do GT7 dos ENANCIBs em publicar
seus textos em periódicos com alta classificação no Qualis. Constatou-se que a soma dos percentuais
de publicação dos periódicos com estrato A2, B1 e B2 (ou seja, três dos oito estratos existentes), é de
44,4%, o que representa aproximadamente metade da publicação absoluta dos pesquisadores do GT7
entre 2005 e 2010. Além disto, chama a atenção que os veículos com maior número de publicações
são periódicos eletrônicos da área de Ciência da Informação em contexto nacional, corroborando a
tendência de aceitação e uso dessa mídia pela comunidade científica brasileira para a publicação de
artigos, previamente identificada por Oliveira (2006) em um estudo com discentes e docentes de uma
instituição de ensino superior.
3.2
CO-RELAÇÃO TEMÁTICA ENTRE OS TRABALHOS PUBLICADOS NOS
ENANCIBs
A utilização de indicadores bibliométricos é uma ferramenta de análise capaz de apresentar
dados relativos a um ambiente de estudo específico do conhecimento, entretanto, em muitos momentos,
somente os indicadores não são suficientes para uma melhor análise e identificação dos parâmetros
a serem estudados. Dessa maneira, a análise de agrupamento surge como uma técnica classificatória
multivariada para identificar as similaridades entre os indicadores.
Aplicações: instrumento de análise utilizado, segundo Kobashi e Santos (2008), para descobrir
padrões na estrutura dos campos científicos identificar processos de disseminação do conhecimento
e visualizar as dinâmicas do desenvolvimento científico. Essas análises consistem na comparação
de todos os pares possíveis dos descritores representados por meio de dendogramas - gráficos de
classificação hierárquica.
Estratégias de elaboração
A estratégia inicial previa a coleta das palavras-chave registradas, no currículo Lattes pelos
pesquisadores, nos seus trabalhos publicados no GT7 dos ENANCIBs, período de 2005 a 2010.
Contudo, duas inconsistências comprometedoras foram identificadas: a primeira referiu-se a
incompletude, ou seja, nem todos os trabalhos registrados nos currículos continham as palavras-chave
ou apenas alguns autores (para trabalhos em co-autoria) as inseriam; a segunda inconsistência já foi
apontada por Silva e Smit (2008) ao perceberem que as palavras-chave adotadas pelos autores além
de serem diferentes daquelas utilizadas na própria publicação, se diferenciavam entre os próprios
GT72283
autores, proporcionando ampla diversidade de representações com significativo número de termos
semanticamente similares, mas com diferentes grafias.
Se por um lado a disparidade de palavras-chave cria um rico aspecto semântico bastante útil
aos processos de recuperação da informação, por outro lado essa “pulverização” de termos dificulta o
processo de agrupamento por similitude, o que torna a construção de gráficos um processo complexo
e custoso.
Diante da situação optou-se por utilizar as palavras-chave dos próprios trabalhos dos
ENANCIBs, desconsiderando, por enquanto, os dados da Plataforma Lattes. Desta forma, o primeiro
passo foi coletar todos os trabalhos dos ENANCIBs, em seguida todas as palavras-chave, contabilizado
e totalizando as suas ocorrências no grupo de todos os trabalhos no período e espaço amostral
analisados (GT7 de 2005 a 2010). Em seguida foram excluídas as palavras-chave com freqüência
menor ou igual a 2,procedendo-se, na seqüência a re-indexação ad hoc das demais palavras-chave,
aplicando como critério, para tanto, a afinidade semântica entre os termos.
Uniformizado os termos, gerou-se uma matriz quadrada dos mesmos para o estudo de
correlação entre descritores por meio de dendograma (ver Figura 3). Utilizou-se para geração desse
recurso de classificação hierárquica – análise de clusters – o software PAST.
Figura 3 – Termos utilizados para representação dos trabalhos publicados no GT7 dos ENANCIBS (2008-2010)
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
A partir da análise do dendograma foi possível visualizar um conjunto de palavras-chave –
agrupamentos de subconjuntos com graus de similaridade. Esse agrupamento organiza as informações
disponíveis inferindo o grau de similaridade entre as ocorrências.
Esse tipo de artifício possibilita, por exemplo, relacionar temáticas como “bibliotecas digitais”
e “portal de periódicos” ou “co-autoria” e “colaboração científica” a partir do nível de incidência
em que constem mais freqüentemente juntos, em um mesmo artigo. Destaca-se a significativa
influência do elemento “bibliometria” na produção do GT7, que além de obter a maior incidência dos
GT72284
descritores, manteve intrínsecos laços com agrupamentos igualmente relevantes no conjunto total
de descritores.
3.3
GRAU DE COLABORAÇÃO ENTRE AUTORES
A interação entre os pesquisadores contribui para a organização de redes sociais, nas quais
diversas competências favorecem a construção do conhecimento, proporcionando vantagens. Sob a
ótica da racionalidade econômica, o trabalho compartilhado otimiza recursos materiais e humanos,
o que explica a iniciativa de agências financiadoras de pesquisas estimularem a formação de redes
sociais entre pesquisadores.
Sob esse ponto de vista, é de suma importância e ao, mesmo tempo, estratégico para
universidades, agências de fomento, pró-reitorias de pesquisa e órgãos gestores da CT&I como a
CAPES, CNPq e MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) a realização de estudos de monitoramento
da produção científica e de comportamento da prática dos grupos de pesquisa.
Aplicações: A estratégia dos indicadores científicos produzidos com o propósito de subsidiar a tomada
de decisão de gestores de CT&I que, com base em um plano de ação, pode proporcionar ajustes entre
o que e como se produz e, o que e como se almeja produzir.
Estratégias de elaboração
As análises a seguir remetem à rede de colaboração científica construída a partir dos dados
extraídos e compilados dos currículos dos autores que publicaram artigos no GT7 dos ENANCIBs,
no período de 2005 a 2010. As figuras 4 e 5 apresentam redes que se sustentam além do esforço de
produção para comunicação nos ENANCIBs, representando um mapa de relações co-existentes no
contexto da comunidade da área de Ciência da Informação e possivelmente atores de outras áreas,
indicando inclusive as respectivas regiões das instituições de origem dos atores.
Para a construção das redes foi utilizado o software UCInet. O processo de construção consistiu
na alimentação de uma matriz quadrada, binária - presença / ausência, composta pelo nome de todos
os pesquisadores que publicaram trabalhos no referido GT, (apresentados nos gráficos como Px e,
Py)), dentro do recorte temporal definido para este estudo, acrescentado dos dados sobre as relações
de produção científica entre estes atores.
O software NetDraw, incorporado ao próprio UCInet, gerou-se o gráfico dos dados. Uma
das análises refere-se à medida de centralidade (determinação da centralidade de um determinado
ator em uma rede social, estando associada à quantidade de atores com o qual este se encontra
relacionado). Esse recurso permitiu a visualização dos pesquisadores centrais na rede analisada. Pelo
que se demonstra, percebe-se que os pesquisadores P14, P31 e P22 (destacados com círculos verdes
pontilhados) destacam-se com 13, 12 e 10 interações respectivamente (ver figura 4, abaixo).
GT72285
Figura 4 – Medida de centralidade e regiões dos pesquisadores do GT7 dos ENANCIBS 2008-2010
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
O gráfico abaixo 5 apresenta a intensidade das relações entre os atores estudados, denominado na
ferramenta ScriptLattes como Collaboration Rank. Os quadrados maiores destacam os pesquisadores
que possuem maior ranking de colaboração, com alto potencial de produção colaborativa e
principalmente considerável capacidade de articulação com os demais atores. As linhas mais grossas
indicam a intensidade da interação entre um ator e outro, este recurso permite explicitar quantas
produções o pesquisador realizou em conjunto, e com qual indivíduo da rede isto ocorreu com maior
amplitude. Como exemplo, pode-se destacar a relação entre os indivíduos P33 e P28 – maior índice
da rede -, com 33 produções realizadas em colaboração.
Figura 5 – Medida de intensidade das relações dos pesquisadores do GT7 dos ENANCIBS 2008-2010
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
GT72286
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apresentados, em forma de estratégias metodológicas, por enquanto não podem
ser aplicados em larga escala, pois trata de um estudo em processo de desenvolvimento e aplicação de
testes, mas que já apresentam resultados animadores e confiáveis quanto à capacidade de mapeamento
da produção científica a partir de dados extraídos da Plataforma Lattes.
No exemplo apresentando – focado na produção dos atores que publicaram no GT7 dos
ENANCIBs de 2008 a 2010 - foi possível perceber determinados comportamentos, seja referente
aos índices de produção e qualificação dos veículos de comunicação científica (confrontados com a
base Qualis da CAPES), seja no que diz respeito às relações temáticas entre os trabalhos publicados,
apresentados em forma de dendograma, ou mesmo, no que se refere relações entre os atores, em
forma de redes sociais, apresentando um panorama nacional da origem das instituições os atores, os
graus de centralidade e articulação entre os pesquisadores.
Por fim, ressalta-se que a importância e real utilidade das estratégias apresentadas se
revelam a partir de perguntas que podem ser formuladas, pelos atores que atuam diretamente
no contexto científico e tecnológico das seguintes ordens: quem e quais são os indivíduos mais
articulados com o grupo de pesquisadores de determinada temática? Encontra-se a produção
científica dos docentes permanentes de um programa de pós-graduação devidamente qualificada
segundo o estrato Qualis? A produção científica de determinado grupo de pesquisa está mais
centrada em qual tipologia documental (artigos, livros, resumos, trabalhos) e qual os anos mais
produtivos?
Do momento em que os membros do grupo de pesquisa já se encontram em bom estágio
de amadurecimento e devidamente treinados nos processos e técnicas bibliométricas, os passos
futuros da pesquisa a serem empreendidos estão centrados na aplicação da metodologia acrescida de
análises mais aprofundadas e contextualizadas dos dados. Nesse estágio, considera-se necessária a
participação e contribuição de gestores, aqui configurados como público-alvo principal dos resultados
ora apresentados.
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GT72289
COMUNICAÇÃO ORAL
RELAÇÕES TEMÁTICAS E DE AUTORIAS EM ESTUDOS
MÉTRICOS DA INFORMAÇÃO REPRESENTADOS NA
BRAPCI
Rene Faustino Gabriel Junior, Juliana Lazzarotto Freitas, Leilah Santiago Bufrem
Resumo: Identifica e discute estudos quantitativos no âmbito das pesquisas em metrias da informação.
Explora a literatura sobre a investigação científica em ciência da informação e aborda os termos
utilizados para definir suas atividades de mensuração. Realiza um levantamento de artigos científicos
na Base de Dados Referenciais de Artigos e Periódicos em Ciência da Informação (Brapci), no período
de 1972 a 2011, com recorte específico relacionado às atividades métricas da informação. Produz
indicadores de produção e ligação para identificar o core dos autores mais produtivos das revistas que
publicam sobre a temática, assim como os autores mais citados. Pretende também contribuir com o
resgate de fundamentos epistemológicos que sustentam os autores da área, assim como do próprio
domínio. Considera que a Brapci é um instrumento indispensável para esse tipo de análise, não só por
concentrar toda produção de CI no Brasil, mas por possibilitar a extração de indicadores para análise
dos resultados das pesquisas.
Palavras-chave: Bibliometria, produção científica, Brapci.
1 INTRODUÇÃO
Os estudos métricos da informação despertaram nesta última década, principalmente com
as novas tecnologias da informação, grande interesse nas comunidades científicas, em especial na
Ciência da Informação (CI) no Brasil, uma vez que se destina ao estudo dos aspectos relativos às
possibilidades de mensuração da informação e a todo que é concernente a este objeto. A CI, como
domínio científico, cada vez mais vêm angariando pesquisadores no contexto das metrias com o
intuito de ampliar estudos sobre metodologias para a organização e produção de indicadores.
Quando se pretende avaliar questões de produtividade científica, a Análise de Domínio
aparece hoje como principal suporte teórico. O termo análise de domínio foi utilizado primeira vez
em 1980 por Neighbors na área de Ciência da Computação, em “uma tentativa de identificar objetos,
operações e relações entre o que peritos de determinado domínio percebem como importante” (KERR,
2003). No âmbito da CI, Birger Hjǿrland foi o primeiro a usar esse conceito em parceria com Hanne
Albrechtsen, fundamentando sua teoria e metodologia (HJǾRLAND, 2002).
GT72290
Para a compreensão e análise de domínio é necessário, segundo Hjørland (2002), romper a ideia
do domínio como uma disciplina, ou um ramo do conhecimento, mas compreender que o domínio é
o reflexo de uma comunidade discursiva que considera o contexto e a coletividade. O autor relaciona
os domínios específicos às práticas da Ciência da Informação, demonstrando como o domínio pode
contribuir para melhorar as práticas informacionais, prover avanço nos serviços de informação e
integrar diversos campos de pesquisa, como a bibliometria e a recuperação da informação.
A abordagem sócio-epistemológica privilegiada nesse estudo procura localizar as bases
da CI desgarrando-a das percepções individualistas e subjetivas dos usuários, desse modo afastase da abordagem exclusivamente cognitiva. O conceito de informação só pode ser passível de
atribuição de valor quando situado em relação a pressupostos conhecidos e compartilhados
por membros de uma comunidade (Hjørland, 2002). Com o intuito de apreender as potenciais
aplicações práticas de uma análise de domínio evidenciam-se aqui, as onze abordagens
apresentadas pelo autor: produção de guias de leitura; construção de classificações e tesauros;
indexação e recuperação da informação especializada; estudos empíricos de usuários; estudos
bibliométricos; estudos históricos; estudos de documentos e gêneros; estudos epistemológicos
e críticos; estudos terminológicos; estruturas de comunicação científica e cognição científica,
conhecimento especializado e inteligência artificial.
Observa-se que as posições teóricas de Hjørland (2002) estão relacionadas a domínios
específicos do conhecimento. Utilizando a abordagem bibliométrica busca-se neste estudo a
identificação e análise do domínio relacionado aos estudos das questões métricas da informação.
Na perspectiva epistemológica de análise de domínio, busca-se a análise de como o conhecimento é
produzido, organizado e comunicado, na compreensão da própria constituição da ciência. A abordagem
bibliométrica, segundo Oliveira e Moraes (2008), possibilita indicar quais áreas temáticas, revistas
científicas, autores, instituições, e países são os mais representativos, nos domínios em questão. Além
da informação relativa à produtividade científica, os estudos bibliométricos possibilitam identificar,
segundo os autores, as frentes de pesquisa e fontes de influências científicas. Assim, a Bibliometria
pode ser entendida como um conjunto de procedimentos que emprega a matemática, a estatística
e a análise computacional para medir a produção e a comunicação científica em suas diferentes
abordagens. Estes estudos quantitativos subsidiam e dão consistência às análises qualitativas de
domínio.
Destaca-se a importância de se identificar a influência ou os fundamentos epistemológicos
nas pesquisas e, com apoio nas reflexões de Guimarães e Sales (2010), reforça-se a justificativa deste
estudo em favor da reflexão da comunidade acadêmica sobre os fundamentos da área.
Os estudos métricos ganham conotação e interesse principalmente quando considerados como
formas objetivas de identificar a produção de pesquisadores com o escopo de avaliação de programas
e concessão de recursos financeiros para pesquisadores e instituições, entre outros benefícios,
garantindo também maior credibilidade às pesquisas.
GT72291
Considerando o exposto, destaca-se que as bases de dados são fontes indispensáveis para
a Análise de Domínio, pois elas se constituem em registros dos conhecimentos acumulados e
consensuais gerados pela ciência moderna (BUFREM; COSTA; GABRIEL JUNIOR; PINTO,
2010). Estes registros, organizados e passíveis de análise contribuem para o reconhecimento das
configurações resultantes de opções e tendências temáticas em domínios específicos do conhecimento.
Os autores destacam que a publicação científica tornou-se, em seu processo histórico, um instrumento
indispensável e consolidado, tanto para elevação acadêmica quanto como modalidade de promoção e
fortalecimento do ciclo criação, organização, difusão e socialização do conhecimento.
Desta forma, utilizaram-se os dados da Base de Dados Referenciais de Artigos e Periódicos
em Ciência da Informação (Brapci) como fonte de informação para esta pesquisa, por ter em sua
temática a área de Ciência da Informação, e por ter seus dados sistematizados e organizados para uma
fácil recuperação. Na Brapci está organizado um conjunto de 34 revistas, impressas e ou eletrônicas,
disponibilizando acesso a referências e resumos de mais de 8314 textos publicados na área, dos quais
6722 são artigos científicos com acesso aberto.
A oportunidade do estudo se deve principalmente ao fato de que a construção da Brapci pelo
Grupo de Pesquisa E3PI, na Universidade Federal do Paraná, vem contribuindo para estudos analíticos
e descritivos sobre a produção editorial no domínio da CI, assim como oferecendo subsídios aos
alunos, professores e pesquisadores para a visualização da área por meio das publicações com um
período de cobertura de 40 anos.
O objetivo desta pesquisa é identificar a produção, as relações temáticas e autorias que
sustentam os estudos métricos da informação a partir dos artigos publicados nas revistas de Ciência
da Informação no Brasil disponíveis na Brapci.
De forma mais específica, procura-se produzir indicadores sob o enfoque dos autores mais
produtivos, analisar as citações dos pesquisadores, as temáticas mais presentes e suas subtemáticas,
por meio das palavras chave, bem como mapear a rede de coesão do referencial teórico, a partir dos
artigos publicados nos periódicos da área de Ciência da Informação no Brasil, compreendendo o
período de 1972 a 2011.
Dos indicadores produzidos enfatizam-se os de produção, que se constituem na contagem do
número de publicações de livros, artigos, publicações científicas, relatórios, por instituição, área de
conhecimento ou país, e nos indicadores de ligação, baseados na co-ocorrência de autoria, de citações
e de palavras para o mapeamento e construção da rede de relacionamento entre os pesquisadores.
Na pesquisa identificaram-se temas relacionados à metria da informação pelas palavraschave bibliometria, cienciometria, informetria, webometria, sociometria, econometria e isctometria.
Buscou-se, ao se analisar o referencial teórico, a identificação das definições destes conceitos.
A bibliometria refere-se a um conceito usualmente definido como um processo de medida
relacionada ao livro ou ao documento. Como prática multidisciplinar, começou a ser usada para
identificar comportamentos da literatura e sua evolução em contexto e época determinados. Definida
GT72292
pela primeira vez por Otlet, em 1934, como parte da bibliografia “que se ocupa da medida ou da
quantidade aplicada ao livro” (1986, p. 20), a bibliometria procura identificar uma estrutura dos
registros do conhecimento, servindo-se de um método quantificável. Ao voltar-se ao estudo de
problemas sociológicos, essa vertente das opções de pesquisa procura atingir uma realidade concreta,
para além do quantificável.
A bibliometria é baseada em três leis que regem basicamente seus estudos e que se apresentam
nos estudos aqui analisados sob diversos enfoques. A lei de Lotka, relacionada ao número de autores,
parte de ideia de que uma larga proporção da literatura científica é produzida por um reduzido número
de autores, e um grande número de pequenos autores se iguala, em produção, ao reduzido número de
grandes autores. A Lei de Bradford, ou lei da dispersão, estuda a distribuição dos artigos em termos
de variáveis de proximidade ou de afastamento do core de periódicos. Por sua vez, a Lei de Zipf
descreve a relação entre palavras num determinado texto suficientemente grande e a ordem de série
destas palavras.
Dentro das diversas possibilidades da bibliometria, a análise de citações permite a identificação
e descrição de uma série de padrões na produção do conhecimento científico. Com os dados retirados
das citações pode-se descobrir: autores mais citados e mais produtivos; elite de pesquisa; frente de
pesquisa; fator de impacto dos autores; procedência geográfica e/ou institucional dos autores mais
influentes em um determinado campo de pesquisa; tipo de documento mais utilizado; idade média da
literatura utilizada; obsolescência da literatura; procedência geográfica e/ou institucional da bibliografia
utilizada; periódicos mais citados; core de periódicos que compõem um campo (Araújo, 2006).
A Cientometria utiliza-se de métodos quantitativos para estudar as atividades científicas ou
técnicas, do ponto de vista de sua produção ou comunicação. Costuma-se denominar esse conjunto
de métodos quantitativos de cientometria quando são utilizados para estudar as atividades científicas
ou técnicas, do ponto de vista de sua produção ou comunicação (Bufrem; Prates, 2005). Está
associada ao nome de Derek de Solla Price (1965), que analisou um pequeno conjunto de autores e
de publicações destacados por sua influência em determinado campo, identificando-os como líderes
na área, por receberem a maior parte das citações. As demais citações são distribuídas, de maneira
regular e uniforme, com frequência decrescente. Acredita-se que um estudo muito citado representa
a aceitação do grupo citante.
A infometria caracteriza-se pelas práticas de mensuração dos aspectos quantitativos de
conteúdo em qualquer formato. Utiliza-se de unidades definidas, tais como palavras, documentos,
textos, fontes ou bases de dados, como focos de análise, podendo priorizar variáveis como a
recuperação, a relevância, a revocação ou outras características da informação que possam ser
consideradas relevantes. Com essas finalidades, recorre a métodos estatísticos, tais como modelo
vetorial, modelos booleanos de recuperação, modelos probabilísticos, linguagem de processamento,
abordagens baseadas no conhecimento e tesauros, com o objetivo de melhorar a eficiência na
recuperação. (BUFREM; PRATES, 2005)
GT72293
Constituindo-se em conjunto de ferramentas estatísticas com o objetivo de entender
a relação entre variáveis econômicas por meio da aplicação de um modelo matemático, a
econometria nasceu como uma disciplina científica em, aproximadamente, 1930. Nos primeiros
anos, a maioria de suas aplicações voltava-se a questões macroeconômicas para ajudar governos
e grandes empresas a tomar suas decisões de longo prazo. Atualmente a econometria é uma
ferramenta indispensável para modelar a realidade em quase todas as disciplinas econômicas e
de negócios (ROUSSEAU, 1998).
A Patentometria é o estudo de patentes, que segundo Callon, Courtial e Penan (1995) são
documentos públicos que descrevem as características técnicas do produto, processo, sistema ou
programa realizado (forma, conteúdo, propriedade de produtos ou de processos industriais) e são
empregadas no contexto de um sistema jurídico nacional ou internacional de propriedade industrial.
A Sociometria é uma ferramenta analítica para estudo de interações entre grupos que, segundo
Blau e Scot (apud FORTES, 1996), busca identificar e mensurar as relações sociais, os contatos
entre pessoas e os valores e crenças correspondentes, que embora não previamente definidos pela
organização formal, são pertinentes ao grupo informal. Podem ocorrer nesses estudos as combinações
mais variadas, pois incluem amizade, simpatia e antipatia, ou seja, a Sociometria busca analisar as
relações de grupos sociais.
A Isictcometria ou IsTICometria é o conjunto de princípios, normas éticas e regras gerais para a
organização, construção e utilização dos esquemas que permitem uma avaliação aberta e participativa
das conseqüências sociais da aplicação das TICS. Ou seja, são os esquemas para análises ou medidas
e os indicadores da sociedade da informação (MENOU, 2001).
Essa menção sintética aos destaques que historicamente apresentaram os estudos métricos, com
as respectivas denominações que receberam, caracteriza por si só uma evolução que bem demonstra os
esforços concretos para desenvolver modos de representar quantitativamente a expressão qualitativa
da produção científica.
2 METODOLOGIA
Como procedimento de pesquisa, partiu-se de um estudo exploratório na Brapci com os sufixos
“metria” e “métrica”, procedendo-se a busca nos campos título, palavra-chave e resumo, no período
de 1972 até 2011. Adotou-se como modalidade de pesquisa a análise de conteúdo apoiada em estudos
métricos para facilitar a identificação de padrões da informação registrada nos artigos pesquisados e,
assim, construir um corpus representativo de artigos sobre ou sob enfoque das metrias da informação
publicadas em periódicos brasileiros, desta forma identificando as palavras-chave mais incidentes, os
autores mais produtivos e os autores mais citados no corpus selecionado.
Com resultado da estratégia de busca foram recuperados 204 artigos, dezesseis foram
descartados do corpus de análise, por abordarem temas correlacionados a assimetria da informação e
geometria. Dos 188 artigos identificados, doze não estavam disponíveis em conteúdo integral.
GT72294
Todos os artigos disponíveis do corpus foram acessados e, a seguir, coletadas suas referências
criando-se com esse conjunto um banco de dados. Empregaram-se as referências para realizar a
análise de citação, e não a incidência de citações do autor (citado) no texto. Desta coleta resultou um
banco de dados com 4.042 referências.
Inicialmente foram identificados todos os autores com artigos científicos em um dos periódicos,
assim como suas instituições de afiliação. Tal identificação possibilitou a ordenação dos autores e das
instituições de sua produção em um relatório da Brapci, por ordem decrescente. Foram considerados
autores mais produtivos aqueles que tivessem ao menos três publicações no período, critério definido
após a coleta de dados, de forma a representar um número mínimo de 20% do total de autores.
Para identificar as temáticas mais abordadas em metrias, foram reunidas todas as palavraschave dos artigos conforme sua incidência. Os resultados proporcionaram a construção de uma tabela
que permite identificar todos os estudos métricos de informação disponíveis na Brapci.
A identificação dos autores mais citados foi possível por meio de um software para realizar a
contagem e incidência de palavras em caixa alta no banco de referências. O resultado desta contagem
foi analisado, descartando-se palavras que não se referiam a autores. O recorte para indicar os mais
citados foi de dez citações, do que resultou a identificação de 42 autores mais citados.
Foi criada uma planilha dicotomizada em Excel de matriz 42x28 cruzando-se os autores mais
produtivos na área com os autores mais citados. Esta planilha possibilitou a análise do referencial
teórico utilizado pelos autores mais produtivos.
Utilizando-se esta planilha, foi criada uma segunda, dessa vez numa matriz simétrica de 42x42
somente com os autores mais citados, tendo como fonte os autores mais produtivos. Identificaram-se,
desse modo, os autores cujos referenciais teóricos dialogam entre si. Esta matriz foi importada pelo
software Ucinet para cálculo de indicadores de rede, especialmente os de densidade e centralidade.
A fim de aprofundar a análise da estrutura de uma rede, utilizam-se os indicadores de ligação,
densidade (density), que permitem avaliar a estrutura e coesão da rede, e a centralidade de grau
(centrality degree), que permite analisar a posição de cada ator individualmente, bem como destaca
os pesquisadores mais articulados e significativos em seu conjunto.
3 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Com a formação do corpus de pesquisa foi extraída a incidência das palavras-chave, o que
resultou na identificação de todos os termos referentes à metria da informação: bibliometria com 93
incidências, cienciometria (ou cientometria) com 42, informetria (ou infometria) com 23, análise
bibliométrica com 15, webometria com 10, cibermetria com 2, econometria com 2, isictcometria
com 1 e patentometria com 1. A cibermetria para alguns autores é um termo considerado sinônimo
de webometria.
Em decorrência da geração de indicadores da produção descritos anteriormente, pode-se
estabeler uma tabela com o número de artigos produzidos em determinado ano. De forma a criar uma
GT72295
visão mais ampla, estabeleceu-se o agrupamento a cada cinco anos, constituindo-se oito períodos
para representar os quarenta anos de procução em CI no Brasil.
GRÁFICO 1 – Proporção de estudos métricos em relação ao total de trabalhos publicados a cada
cinco anos
No Gráfico 1 pode-se observar que os estudos métricos tiveram um grande interesse entre os
anos de 1972 e 1976 com mias de 4% de todos os estudos do período. Esse resultado corrobora as
considerações de Araujo (2006), enfatizando que os primeiros estudos foram realizados no Instituto
Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), hoje Instituto Brasileiro de Informação Científica
e Tecnológica (IBICT). Deste período destaca-se a primeira publicação sobre o tema em 1973 na
revista Ciência da Informação, representada pelo estudo resultante da dissertação de Braga (1973),
pelo estudo bibliométrico da literatura sobre geologia de Figueiredo (1973) e a análise de literatura
de Fonseca (1973). Ressaltam-se também neste período a um artigo em duas partes de Price e Gürsey
(1975a, 1975b), Price é o autor mais citado sobre estudos métricos no Brasil, creditando a ele a
disseminação do conceito de cienciometria no país, neste período.
Entre os anos de 1977 e 1981, os trabalhos relacionam-se a estudos empíricos de análises
bibliométricas, destacando-se o artigo de Fonseca (1979), apresentando uma crítica sobre a pesquisa
bibliográfica e a bibliometria. O autor recupera a aplicação da estatística à análise de uma bibliografia
de anatomia comparada, pelos ingleses Cole e Eales e defende a ideia de que as pesquisas bibliométricas
reafirmaram a natureza científica da bibliografia, considerada por Zoltowski como ciência concreta
e institucionalizada com o advento dos índices de citações (Science Citation Index e Social Sciences
Citation Index), marcos da bibliometria microbibliográfica.
No terceiro grupo (1982-1986) surgem novos autores que demonstram interesse pela temática,
destacando-se o primeiro trabalho de Urbizagástegui Alvarado (1984) em bibliometria, autor com
a maior produção sobre o tema em revistas de CI brasileiras, três trabalhos de Silas M. Oliveira
(1982; 1984a; 1984b) com estudos bibliométricos aplicados e Regina Célia Montenegro Lima (1984;
1986), sobre temas diversificados. Neste período existe a predominância de análises quantitativas,
GT72296
em estudos cujos propósitos voltavam-se especialmente à otimização das assinaturas de periódicos
pelas bibliotecas. Essa ênfase já prenuncia a necessidade de avaliação para racionalização gerencial,
expressão dos tempos de crise na ciência e tecnologia, mais precisamente no final dos anos 1980 e na
primeira metade dos anos 1990. Rumores sobre a extinção do MCT, criado em 1985, já preocupavam
a comunidade científica na época, segundo estudo de Rezende (2010).
Entre os anos de 1987-91 e 1992-1996 o tema e a metodologia perdem interesse para a
comunidade acadêmica, podendo-se perceber a redução de trabalhos relacionados à categoria de
estudos em pauta.
Somente no período de 1997 a 2002 a temática e a metodologia retornam com destaque no
panorama das publicações periódicas da área de CI, como a demonstrar o interesse dos pesquisadores,
cuja publicação eleva-se a 22 trabalhos. É neste período que as idéias de Rousseau (1998) e Spinak
(1998) começam a ser disseminadas no Brasil, principalmente sobre indicadores bibliométricos e
econométricos.
No período de 2002-2006 a quantidade de artigos dobra, atingindo 44 trabalhos.
Ainda em 2002, as pesquisas de Vanti (2002), fundamentadas em Almind e Ingwersen (1997),
Braga (1974) e Quoniam e Rostaing (2001) e a obra de Le Coadic (2005) auxiliam a consolidação
dos conceitos métricos de informação, com a distinção e compreensão das áreas de bibliometria,
cienciometria, informetria e webometria. O grande impulso ocorrido a partir de 1997 está ligado
diretamente às tecnologias da informação, com a facilidade de acesso, velocidade de processamento
de grandes massas de dados e criação de bases de dados específicas.
O mesmo efeito ocorreu entre 2007 e 2011 com o total de 94 trabalhos publicados. Vale
ressaltar que do ano de 2011 foram analisados somente os artigos até julho. A opção de utilizar na
análise o ano de 2011, mesmo incompleto, justifica-se pela possibilidade de fechar grupos de cincos
anos e pelo fato de que a temática está presente na literatura neste ano.
A Tabela 1 representa as revistas que publicaram estudos métricos, a quantidade de artigos,
a porcentagem em relação ao total e a quantidade de artigos publicados pela revista em todos seus
fascículos. Os dados demonstram a forte ligação da revista Ciência da Informação, sendo a que mais
publicou sobre o assunto, com 32,4% do total de artigos analisados. A Perspectiva vem em segundo
com 12,8% e Encontros Bibli com 9,6%.
Se analisarmos da perspectiva do total dos artigos publicados pela revista e a quantidade
sobre a temática, observa-se que a revista Brazilian Journal of Information Sicence (BJIS) publicou
16,7% de seus artigos do gênero, seguida da revista Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência
da Informação (TPBCI) com 12% e com 6% cada, as revistas Ciência da Informação, Perspectiva
e Encontros Biblio. Porém, as revistas BJIS e TPBCI por serem recentes têm pouco impacto na
representatividade do gênero de estudos.
Desta forma, as revistas Ciência da Informação, Perspectivas em Ciência da Informação,
Encontros Bibli, Transinformação e Informação e Sociedade formam o core da produção sobre
GT72297
metria da informação com 67% de toda produção. Destaca-se também a revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG, que publicou apenas dois artigos da categoria, e que, com a mudança
de seu nome para Perspectivas em Ciência da Informação em 1996 aumentaram significativamente
os estudos métricos.
Tabela 1 – Revistas da área de CI que publicaram a temática de metria da informação
Quant.
Art. sobre
temática
% total
Total de
artigos
publicados
% da
revista
Ciência da Informação
61
32,4%
998
6,1%
Perspectivas em Ciência da Informação
24
12,8%
392
6,1%
Encontros Bibli
18
9,6%
283
6,4%
Transinformação
15
8,0%
405
3,7%
Informação & Sociedade: Estudos
8
4,3%
411
1,9%
Em Questão
7
3,7%
203
3,4%
DataGramaZero
6
3,2%
334
1,8%
Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação
6
3,2%
143
4,2%
Informação & Informação
5
2,7%
205
2,4%
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação
5
2,7%
360
1,4%
Brazilian Journal of Information Science
5
2,7%
30
16,7%
BIBLOS
4
2,1%
395
1,0%
Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação
3
1,6%
25
12,0%
Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina
3
1,6%
264
1,1%
Ponto de Acesso
3
1,6%
86
3,5%
Revista de Biblioteconomia de Brasília
3
1,6%
531
0,6%
Arquivística.net
2
1,1%
55
3,6%
Liinc em revista
2
1,1%
93
2,2%
ETD - Educação Temática Digital
2
1,1%
382
0,5%
Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG
2
1,1%
342
0,6%
Informare
1
0,5%
50
2,0%
Comunicação & Informação
1
0,5%
168
0,6%
InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação
1
0,5%
33
3,0%
Biblionline
1
0,5%
108
0,9%
188
100%
6296
-
Título da Publicação
Total de 188 artigos
GT72298
Uma variação de enfoques bibliométricos é a teoria epidêmica da transmissão de idéias,
desenvolvida por Goffman e Newill, em 1967, que explica a propagação de idéias dentro de uma
determinada comunidade como um fenômeno similar à transmissão das doenças infecciosas (ou seja,
pelo processo epidêmico). Este enfoque pode ser utilizado para analisar o crescimento da produção
em bibliometria nos últimos anos.
A tabela 2 apresenta os autores que mais produziram artigos da categoria aqui analisada nas
revistas em CI no Brasil. Nesta tabela utilizou-se o recorte de três ou mais trabalhos.
TABELA 2 – Autores mais produtivos sobre a temática
Nome do autor
Instituíção
URBIZAGASTEGUI ALVARADO,
Ruben
UCR (Universisdade da California)
SANTOS, Raimundo Nonato Macedo
dos
UFPR
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila
UFMG
RUMMLER, Guido
UEFS
ALVARENGA, Lídia
UFMG
CAREGNATO, Sônia Elisa
UFRGS
PINTO, Adilson Luiz
UFSC
STUMPF, Ida Regina Chitto
UFRGS
VANZ, Samile Andréa de Souza
UFRGS
FARIA, Leandro Innocentini Lopes de
UFSCar
HAYASHI, M. C. P. Innocentini
UFSCar
VANTI, Nadia
UFRN
BUFREM, Leilah Santiago
UFPR
HAYASHI, Carlos Roberto Massao
UFSCar
HERRERO-SOLANA, Victor
Universidad de Granada
KOBASHI, Nair Yumiko
USP
Universidad Nacional de Mar del
LIBERATORE, Gustavo
Plata
LIMA, Ricardo Arcanjo de
UNICAMP
LIMA, Regina Célia Montenegro
UFRJ
MARICATO, João de Melo
USP
MOURA, Ana Maria Mielniczuk de
UFRGS
MUGNAINI, Rogério
USP
NORONHA, Daisy Pires
USP
OLIVEIRA, Ely Francina Tannuri de
UNESP
OLIVEIRA, Silas Marques de
PUCCampinas
PRICE, Derek de Solla
Yale University
SILVEIRA, Murilo Artur Araújo da
UFPE
VELHO, Lea Maria Leme Strini
UNICAMP
GT72299
Total Trab.
12
9
7
6
5
5
5
5
5
4
4
4
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
Dos autores que mais publicaram em revistas de CI no Brasil, destacam-se Ruben Urbizagastegui
Alvarado com doze publicações, Raimundo Nonato Macedo dos Santos, com nove, Carlos A. A.
Araújo com sete, Guido Rummler com seis, e demais autores com cinco ou menos. Urbizagastegui é
bibliotecário da Universidade da Califórnia e teve sua maior produção quando realizou no Brasil seu
curso de Pós-Graduação.
Das instituições que mais pesquisadores abordam o tema, destacam-se a USP e UFRGS com
quatro pesquisadores, a UFSCar com três e com dois a UFMG, UFPE e Unicamp. Estes 28 autores
são responsáveis por 119 (63,3%) de toda publicação da área sobre a temática.
A tabela 3 apresenta os autores mais citados por todos os autores que publicaram artigos
extraídos das referências por estes utilizados.
TABELA 3 – Autores mais citados nas referências
Autor
Citação
Autor
Citação Autor
Citação
PRICE
79
PAO, ML
23
FORESTI, NAB
13
URBIZAGASTEGUI
52
EGGHE, L
22
ROBREDO, J
13
ROUSSEAU
46
FIGUEIREDO,
Nice
19
GARCIA , JCR
12
GARFIELD
40
BUFREM, LS
19
SCHUBERT, A
12
12
BOURDIEU
39
CALDEIRA, PT
19
MOYAANEGON, F
BRAGA
38
COURTIAL, JP
19
LOTKA
12
11
34
THELWALL, M
19
FIGUEIREDO,
Laura
VELHO, L
30
LEYDESDORFF,
L
18
MACHADO, RN
11
MUELLER, S
30
MOED
17
COX, RAK
11
MEADOWS
28
CAMPELLO
17
OHIRA, MLH
11
PRITCHARD, A
27
WHITE, HD
17
GUPTA, B
26
BRADFORD
15
SARACEVIC
25
FARIA, LIL
15
WITTER, GP
25
WORMELL, I
15
ARAÚJO, C
24
KOBASHI,
14
BROOKES
GT72300
Dos autores mais citados, Price lidera, com 79 citações, seguido de Urbizagastegui com
52, Rousseau com 46 e Garfield com 40 citações. Destacam-se na lista dos mais citados autores
brasileiros como Braga, Velho, Mueller, Araújo, Figueiredo, Bufrem e Caldeira, demonstrando uma
consolidação do referencial epistemológico sobre o tema.
Analisando-se a matriz 42x28 descrita na metodologia, observa-se que Araujo é o autor que
mais tramita entre o arcabouço dos autores, citando 24 deles, seguido por Santos e Urbizagastegui com
20, Bufrem e Vanz com 17 e Stumpf com 15 autores citados. Estes dados representam a possibilidade
do diálogo entre os diversos autores citados.
Para a análise dos autores que fundamentaram as pesquisas publicadas nas revistas brasileiras,
utilizou-se a matriz quadrada simétrica dicotomizada de 42x42, respeitando-se a definição dos
números atribuídos para cada autor.
O Gráfico 2 apresenta a relação dos autores citados extraídos da matriz 42x42. Este gráfico
demonstra uma alta densidade (80,6%). O cálculo da densidade da rede demonstrou uma forte coesão
da citação entre os autores. Isto significa que, das 861 possibilidades de ligações totais (C 42,2),
ocorreram 694 (80,6%), demonstrando que todos os autores mais citados têm relação em suas bases
teóricas, dialogando entre si.
GRÁFICO 2 – Rede de citação entre autores citados
Dos autores citados que apresentam maior centralidade em relação aos autores citantes mais
produtivos, destacam-se Price, citado em 17 artigos, Velho, citado por 16, Meadows e Campello,
citados cada um por 12 e Rousseau, Braga, Faria citados por 11 autores.
GT72301
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise de dados sobre a produção científica em CI, de 1972 a 2011, da categoria selecionada
para este estudo, metrias de informação, a partir dos dados da base Brapci, encontra forte respaldo nas
necessidades dos pesquisadores na identificação de um core de revistas e autores sobre a temática,
bem como apresenta um estado atual da construção do conhecimento na área em estudo baseados
em estudos métricos, sustentando de forma empírica a identificação de domínios específicos do
conhecimento.
Foram apresentados os autores mais produtivos, com pelo menos três publicações, concluindose que estes autores representam mais de 60% de toda publicação sobre metria da informação.
Identificam-se também seis grandes pólos de pesquisa envolvendo mais de dois pesquisadores na
USP, UFRGS, UFSCar, UFMG, UFPE e UNICAMP.
Na identificação das temáticas pelas palavras-chave, observou-se predominância da
bibliometria, mas foram apresentados estudos em número menos expressivo como econometria,
sociometria e com um único trabalho a Isictcometria.
A densidade da rede de autores citados demonstrou as possibilidades de ligações entre os
diversos autores, não localizando nenhum autor que não pudesse dialogar com outro dos mais citados.
Desta forma identificou-se o core dos autores em métricas da informação.
Como consideração final desta pesquisa, pondero que foi possível identificar as correntes
epistemológicas que sustentam os estudos métricos da informação, e que a Brapci é um instrumento
indispensável para esta análise, não só por concentrar toda produção de CI no Brasil, mas por
possibilitar a extração de indicadores para análise dos pesquisadores.
Reforça-se, desse modo, a possibilidade de realizar esforços metodológicos para melhor
compreensão de domínios teóricos e epistemológicos, relacionados aos contextos em que foram
produzidos.
A caracterização dos esforços que se destacam na presente análise, que bem demonstra os
modos de representar quantitativamente a expressão qualitativa da produção científica, corrobora a
convicção de Durkheim (1983) de que a ciência é coisa eminentemente social, por maior que possa
ser a parte que tomam nela os indivíduos.
Abstract: Identifies and discusses quantitative studies in the information Science domain about
metrics applied to information. Explores the literature about scientific research in this field, and
deals with terms used to define information measuring activities. Conducts a survey in Base
Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci) in the period between
1972 and 2011, with specific focus related to information metrics. Produces output indicators about
this scientific literature in order to identify the core of most productive authors about the subject
metrics on Information Science, who publishes in scientific journals about it, as well as the most
cited authors. Pretends to contribute with the rescue of epistemological currents that sustains this
authors and consequently, the Information Science area. Considers that Brapci is an indispensable
GT72302
tool that permits this kinds of analysis not only by concentrating all the scientific production of the
field in Brazil, but by promoting indicators extraction for analysis of the research results.
Keywords: Bibliometrics, Scientific Production, Brapci.
REFERÊNCIAS
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GT72305
COMUNICAÇÃO ORAL
OBSERVAÇÃO COMO TÉCNICA DE PESQUISA:
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
Leilah Santiago Bufrem, Juliana Lazzarotto Freitas, Sônia Maria Breda
Resumo: Análise da observação como técnica de pesquisa na produção científica no domínio da
Ciência da informação (CI). Objetiva verificar como a metodologia de observação se consolida empiricamente nos estudos da área, suas denominações tipológicas, de que forma se conjuga às outras
ferramentas metodológicas de investigação para a melhor adequação aos objetos de pesquisa e quais
características tornam a observação nesse domínio um modo de apreensão da realidade apropriado ao
enfoque qualitativo. Adota como modalidade de pesquisa a análise de conteúdo em corpus da Base
Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci), no período de 2000 a 2010,
recuperado pelo termo descritor Observação. Com esta finalidade, categoriza o conteúdo de acordo
com o contexto de aplicação da observação. Identifica as categorias contextuais: contexto documental, contexto organizacional, contexto educacional, contexto de sistemas de informação o qual abarca
o ambiente de biblioteca e contexto cultural. Constata que metodologias de pesquisa qualitativas são
constantemente utilizadas no domínio da CI com vistas à apreensão de realidades organizacionais.
Conclui que a observação empírica no contexto organizacional ocorre especialmente em relação aos
processos de Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento. O corpus analisado também revela
uso expressivo da observação no contexto documental, representado por um terço dos artigos do
corpus, e em segundo contexto com maior número de artigos encontra-se o educacional, com estudos
empíricos diversos. Despontam na análise do corpus as limitações relativas a uma categorização da
observação decorrentes, principalmente das diferentes denominações e apropriações teóricas e de
aplicação das modalidades da técnica, ou da ausência dessa identificação ou da percepção da observação como um elemento integrante ou pressuposto indissociável na aplicação de outras técnicas.
Palavras-chave: Observação. Técnica de Pesquisa. Técnica de Observação. Ciência da Informação.
Produção científica.
1 INTRODUÇÃO
Caracterizada pela constante busca do conhecimento, a vida acadêmica exige o contínuo
repensar das práticas de pesquisa, provocando questionamentos sobre posições e condutas marcadas
pela dialética entre objetividade e subjetividade, quantidade e qualidade, homogeneidade e
GT72306
heterogeneidade. Essas questões apontam para a necessidade de um olhar mais rigoroso e crítico
quando se aplica uma modalidade de observação científica a uma realidade concreta. Embora o método
e a lógica sejam, desde a Grécia Antiga, fundamentos que permitem a construção do conhecimento e o
consequente desenvolvimento das ciências, a formalização desse processo passa por transformações
históricas determinantes de novas posturas e condutas científicas. É importante ponderar, portanto,
que a observação científica tem um caráter particular que a distingue da atitude curiosa do homem ao
contemplar o mundo.
Considerando-se que a observação é a utilização dos sentidos a fim de se obter determinada
informação sobre algum aspecto da realidade, nela se presumem o rigor do método e a importância de
regras e critérios que o estabeleçam. Por meio dessa técnica, buscam-se evidências concretas capazes
de reproduzir os fenômenos em estudo em seus fundamentos, obtendo-se o máximo de informação e
aprendizado sobre o objeto em análise, o que, com a convergência de outras técnicas e ferramentas,
possibilita uma apreensão mais dinâmica e fiel da realidade observada.
De acordo com Chalmers (2000, p. 46), a ciência inicia com a observação, forma de apreensão
da realidade que permite a consolidação objetiva e mais próxima do real de um determinado contexto.
Entretanto, a objetividade propiciada pela observação sem intermediação, em que o pesquisador
estabelece uma relação de proximidade com o objeto estudado, não apresenta critérios absolutos
de cientificidade ou parâmetros de avaliação nas ciências humanas e sociais. A percepção de um
fenômeno por meio de instrumentos e técnicas adequadas que propiciem um conhecimento acurado
sobre tal fenômeno, e seu registro pautado em critérios, mesmo que não absolutos, com objetivos
definidos, caracteriza pesquisas com propósitos científicos em todas as áreas do conhecimento. É
por meio do próprio processo de investigação, permeado pela trajetória metodológica moldada a
uma melhor apreensão de seu objeto, que o pesquisador legitima a construção do conhecimento que
produz.
A Ciência da Informação (CI), em fase de consolidação como área científica, tem-se utilizado
da observação como meio de obtenção de informações, sob diversos enfoques, desenvolvendo
trajetórias específicas de construção do conhecimento. A adequação da técnica de observação
à realidade da CI e consequentemente ao objeto informação, produto de relações interativas e de
comunicação estabelecidas entre sujeitos e contextos e entre sujeitos e sujeitos, não deve escapar
ao rigor metodológico demandado à construção de conceitos, arcabouços e teorias científicas, que
propiciem a consolidação e desenvolvimento da CI como domínio científico e a resolução de aspectos
relativos à informação nas organizações públicas e/ou privadas.
A observação científica e suas possibilidades, como técnica de pesquisa na área de CI merecem
atenção, portanto, como objeto de estudo. É com essa motivação que se pretende identificar e descrever
os tipos de observação utilizados nas pesquisas da área em um período de dez anos, por meio da
literatura periódica científica. Com a análise do corpus, busca-se verificar como a metodologia de
observação se consolida empiricamente nos estudos da área. Questionam-se quais suas denominações
GT72307
tipológicas, de que forma se conjugam às outras ferramentas metodológicas de investigação para a
melhor adequação aos objetos de pesquisa e quais características tornam a observação nesse domínio
um modo de apreensão da realidade apropriado ao enfoque qualitativo.
2 METODOLOGIA
Visando-se reconhecer as mais recentes aproximações metodológicas a objetos de pesquisas
em CI, adota-se como modalidade de pesquisa a análise de conteúdo de um corpus de artigos científicos
retirados da Base Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci). Para a
categorização do estudo, busca-se explorar o estado da arte na literatura periódica internacional, de
modo a aprimorar o esclarecimento sobre a aplicação de tipos de observação na área. Assim, realizase uma busca nos repositórios internacionais de artigos da área de Ciências Sociais por meio da Base
Web of Science. A revocação relativa à subárea de CI foi pouco expressiva, representada por seis
artigos. O termo de busca utilizado foi Observation combinado com o termo Methodology, visto que,
com a palavra-chave Observation combinada com Technique, não se obteve resultado.
Destaca-se que a busca nesse repositório somente pelo termo Observation não apresentou
êxito, e quando aberta a todas as bases de dados abrangidas pela Web of Science, os resultados
voltaram-se a artigos da área de ciências exatas e da saúde, que apresentam o termo Observation
nos campos de busca quando se referem às metodologias de pesquisas de observação experimental,
especialmente em estudos de laboratório.
Da literatura nacional encontrada na Brapci, foram recuperados 73 artigos entre os anos de
2000 e 2010, com o termo observação, nos campos título, palavras-chave e resumo. Entretanto,
após leitura dos respectivos resumos, evitou-se a duplicidade de artigos, quando o mesmo texto foi
publicado em duas revistas distintas no mesmo período, assim como foram retirados alguns estudos
que não utilizam a observação em seu encaminhamento metodológico, mas usam o termo observação
em algum momento no resumo. Do corpus inicial, restaram apenas 61 artigos que efetivamente
utilizaram da técnica de observação. Somente um deles tratou teoricamente sobre a observação
etnográfica.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Na literatura internacional sobre a observação como técnica de pesquisa há estudos com
distintas finalidades, como identificação e análise de comportamentos de grupos para subsidiar a
melhoria dos serviços de informação específicos, observação de mecanismos de busca em redes
sociais, ou também o seu uso sob um enfoque antropológico.
O estudo de Sturges (2010) foi o primeiro, segundo o próprio autor, a tratar do tema comédia
no contexto da CI, considerando a prática de comediantes para aprofundar a compreensão das
GT72308
questões de prestação de serviços de informação, mais especificamente, das expressões das práticas
de comediantes como ofensivas ou não ao público. Lança mão do uso de um conjunto de técnicas para
analisar a cobertura jornalística sobe o tema, no Reino Unido em 2008, aplicando a observação para
estudar a performance de comediantes e utiliza de entrevistas informais com os sujeitos comediantes
com o intuito de investigar a prática desses atores em relação à liberdade de expressão e como o seu
uso é entendido pelo público, a fim de contribuir com a melhoria de serviços de informação.
Diferentemente de Sturges, Scale (2008) traz um estudo sobre redes sociais que analisa o
Facebook como uma ferramenta social de busca online e suas implicações às bibliotecas do século
XXI. Avalia seu desempenho para explorar o conceito de pesquisa social e compreender a relação
entre sites de relacionamento social e as redes, as quais permitem a utilização do mecanismo de busca
do Facebook. Para tanto, realiza uma observação participante, descreve suas experiências pessoais e
experimentos na rede. Como etapa final, identifica duas sentenças de busca que, ao final dos resultados
da revocação, são comparadas e avaliadas.
Seadle e Greifeneder (2007) usam a técnica de observação e análise baseada em tradições da
pesquisa antropológica para dimensionar um curriculum comum às iSchools. O estudo, além de fazer
uso da observação como método, aborda a interdisciplinaridade da CI que promoveu a consolidação
das iSchools1 como bibliotecas escolares com ideais diferenciados. Vale dizer que o ideal de iSchools
busca relacionar a informação, as pessoas e a tecnologia. Segundo a iSchool Organization (2005), a
especialização em qualquer forma de informação é necessária ao progresso da ciência, dos negócios,
da educação e da cultura. Logo, visa contribuir com a compreensão dos possíveis usos e usuários
de informação bem como das tecnologias da informação e suas aplicações. Considera ainda que a
Biblioteconomia e a Ciência da Computação, historicamente, foram as primeiras ciências a alimentar
o campo da iSchool, mas os estudos da informação são também alimentados por outras áreas como
a Educação, a Psicologia, a Antropologia, a Administração, a Comunicação e de fato o conjunto das
ciências sociais. (iSCHOOLS, 2011). Para propor um curriculum unificado às iSchools, os autores
partem de três princípios: 1) todo serviço de informação, hoje, gira em torno da interação entre
homem-computador; 2) deve-se ensinar estudantes a pensarem como antropólogos e olharem os
problemas e questões por múltiplas perspectivas, múltiplas culturas e contextos, e por último, 3) os
estudantes precisam lembrar que a linguagem habilita ou limita nossa capacidade de comunicação com
os sistemas de informação e que, sem uma forte consciência das questões linguísticas, é impossível
fornecer informações.
Ainda utilizando a observação, uma pesquisa de diagnóstico de ambiente organizacional é
realizada por Mabawonku (2006), sobre a busca de informação por mulheres no serviço público
na Nigéria. Combinando o questionário e a observação, coleta dados de 158 mulheres nos quadros
superiores do Governo Federal, três ministérios selecionados e paraestatais, com o objetivo de
1
O Projeto iSchools é um consórcio de 31 instituições em oito países com programas que enfocam as relações entre informação,
tecnologia e pessoas. As iSchools são interdisciplinares, incluindo escolas da CI, Biblioteconomia, Ciência da Computação, Educação,
Comunicação e Administração (iSCHOOLS, 2005, tradução nossa).
GT72309
identificar as necessidades informacionais relacionadas ao trabalho dessas mulheres e avaliar o
ambiente de informação existente no escritório.
Em outro artigo intitulado “Uma ontologia na análise de imagens”, relacionado às tecnologias
da informação, Bittner e Winter (1999) tratam da reconstrução de imagens de sensoriamento remoto em
visão computacional, fotogrametria e CI espacial. Os autores destacam que é essencial compreender
as bases ontológicas e fundamentos epistemológicos da imagem, a fim de uma melhor apreensão de
conhecimentos propiciados por tal processo de sensoriamento e reconstrução de imagens.
Essas são ilustrações com exemplos da produção científica internacional sobre métodos de
observação relacionados à área de CI que, embora quantitativamente inexpressivos, destacam a
diversidade de objetos, contextos e enfoques relativos ao domínio científico em questão. Entretanto, nas
áreas exatas e da saúde é comum a presença de artigos que se utilizam de observações experimentais,
de laboratório, como meio para a consolidação das pesquisas, ou mesmo de estudos de observação
em campo, o que não ocorre nas ciências humanas e sociais.
4 OBSERVAÇÃO COMO MÉTODO CIENTÍFICO APLICADO À CI
Com a finalidade de analisar estudos que fazem uso da técnica de observação no campo da CI,
categorizou-se o conteúdo de acordo com o contexto de aplicação da observação. Com esse critério,
os grupos contextuais encontrados foram: contexto documental, contexto organizacional, contexto
educacional, contexto de sistemas de informação o qual abarca o ambiente de biblioteca e por último,
contexto cultural. A disposição dos trabalhos de cada categoria seguiu a ordem cronológica com
intuito de destacar os interesses temáticos ao longo do tempo.
4.1 Contexto Documental
O ambiente documental considerado neste contexto engloba a observação em sites, redes,
filmes, programas de TV, imagens e conceitos, entre outros sítios documentais.
Realizando observação de sites de bibliotecas, BAPTISTA et al (2000) investigam o mercado
de trabalho dos bibliotecários, aplicando também a entrevista a estes profissionais. Inserido num
contexto documental fotográfico, MONTEIRO (2000) utiliza a observação conjugada ao registro
fotográfico com o intuito de fornecer subsídios para o alcance de novos patamares do conhecimento
em fotografia.
Por sua vez, FERNANDES, PINTO e AZEVEDO NETTO (2005) analisam a representação
indexal na internet do sintagma nominal “História da Paraíba” nos sites Google e AltaVista, por meio
da observação que os autores denominam de intensiva individual, juntamente com a aplicação de
entrevistas não estruturadas e da análise de conteúdo. Os resultados mostram que a representação
indexal na web necessita de reajustes no que diz respeito à função de representação dos documentos
eletrônicos para atingir as expectativas deste novo canal de informação.
GT72310
Este estudo aproxima-se da proposta de BENÍCIO e SILVA (2005) que observam o
ambiente eletrônico composto pelos sites ebookcult, hotbook e parnanet, usando a observação
não participante aliada à técnica de entrevista. No mesmo ano, outra observação realizada foi
em site sobre a cultura gaúcha, em que BRIGNOL (2005) levanta questões sobre a construção
das identidades culturais nas mídias, especialmente na Internet. Já SILVA e BEUTTENMÜLLER
(2005) realizam observação de sites das bibliotecas e aplicam questionários a fim de diagnosticar o
serviço de referência online das bibliotecas do nordeste.
FERREIRA (2006), também inserido na categoria documental, desenvolve o estudo intitulado
“A Relação entre o brincar, a consciência e o desenvolvimento, sob uma ótica Vygotskyana,
aplicando a análise de conteúdo aliada à observação participante e à entrevista.
FUJITA e RUBI (2006) voltam-se a um modelo de leitura documentária para a indexação
de artigos científicos, observando as estratégias de leitura do indexador. Os resultados derivados
da observação e da fundamentação teórica da leitura, propiciaram subsídios à elaboração de um
Modelo de Leitura Documentária para textos científicos, combinando estratégias de exploração de
estruturas textuais e de abordagem sistemática para identificação de conceitos.
CUNHA (2006), com o objetivo de relacionar os diferentes momentos históricos
que marcam os séculos XX e XXI e o desenvolvimento das tecnologias midiáticas, realiza
observação das respostas dadas pelas mídias à história para apontar uma tendência de futuro
próximo relativa a formatos. Em relação à modalidade redes sociais, MACHADO (2007) observa
uma comunidade virtual e sua inserção no processo educacional como forma de ampliação do
campo das relações para perceber como é compreendido esse processo de aprendizagem pela
própria comunidade.
Na modalidade de observação em meio digital, PASCHOAL NETO e CARVALHO (2008)
praticam a análise documental e a observação direta para estudar os recursos da TV Digital na
perspectiva da quebra do paradigma da unidirecionalidade imposta pelo modelo analógico de
transmissão de sinais. Os autores investigam como a interatividade impacta os fluxos informacionais
da produção, disseminação e recuperação da informação nessa nova mídia.
Considerando a narrativa visual como documento, MORIGI, ROCHA e SEMENSATTO
(2008), a fim de desvendar de que forma esta auxilia na construção dos sentidos das festas
comunitárias, aplicam entrevista, registro de imagens e observação participante em pesquisa de
campo no município de Estrela, Rio Grande do Sul no período do de 2004 a 2007.
GUSHIKEN (2009) em prática de observação no contexto do documento observa três
fenômenos socioeconômicos e culturais ligados diretamente à formação do campo comunicacional
na contemporaneidade, a saber: a passagem da comunicação de massa à comunicação segmentada;
a passagem dos estudos dos efeitos à emergência e usos das novas tecnologias digitais da
comunicação em rede e acentrada e a modulação da comunicação de massa pelas práticas midiáticas
contemporâneas.
GT72311
COSTA, PINHEIRO e COSTA (2009), realizam uma pesquisa ação com a observação
participante para averiguar se a ferramenta Webquest, que utiliza basicamente recursos da Internet,
promove benefício ao desenvolvimento do gosto de estudantes da 5ª série pela leitura.
Na observação de redes sociais entra o estudo de ARAÚJO (2010), no qual aplica a
observação não participante relativa ao Orkut, fazendo uso da técnica de entrevista padronizada
como instrumento aliado à observação na coleta de dados. Já AGANETTE, ALVARENGA e
SOUZA (2010) analisam o conceito de taxonomia por meio da observação da diversidade de
conteúdo das definições do termo em variadas fontes. DIAS (2010), assim como MONTEIRO
(2000), desenvolve estudo no âmbito documental fotográfico, por meio da observação e
investigação de imagens fotográficas feitas por crianças, a autora busca compreender a cidade de
Petrópolis no Rio de Janeiro, com o olhar infantil.
PEDRO (2010) na análise de sites, da mesma forma que BAPTISTA et al (2000), FERNANDES,
PINTO E AZEVEDO NETTO (2005), BENÍCIO e SILVA (2005) e BRIGNOL (2005) e SILVA e
BEUTTENMÜLLER (2005), realiza uma pesquisa documental e observação direta de sítios web,
entretanto a observação destina-se ao tema recente , o uso de ferramentas da web 2.0 empregadas
pelos museus portugueses no desenvolvimento de suas atividades. Diferentemente, ALMEIDA
(2010) propõe um percurso de investigação sobre o enunciado oral, o silêncio e as imagens no cinema
contemporâneo, tendo como motivação a observação de filmes.
Por último, NEVES (2010) observa sítios institucionais de notícia e a literatura do campo para
explorar o tema políticas de informação e inclusão das Tecnologias da Informação e Comunicação na
inclusão digital.
Nota-se que a análise de páginas web, no período coberto pela análise é enfatizada. Percebese que a ordem cronológica de disposição dos textos refletiu o tipo de ênfase dada à observação
no contexto documental, a categoria mais expressiva, com 20 artigos ou 1/3 do corpus analisado.
Inicialmente os estudos eram direcionados a sites de bibliotecas e logo outras modalidades de sítios
da internet foram observadas como sites de cultura, redes sociais, além de uma análise de sites relativa
à web 2.0.
4.2 Contexto Organizacional
Na categoria relativa à aplicação da observação em realidades organizacionais, autores realizam
observações em relação aos processos de Gestão da Informação (GI) e Gestão do Conhecimento
(GC), como por exemplo, o estudo de ALVARENGA NETO, BARBOSA e CENDÓN (2006), que
além da observação direta, faz uso da entrevista semi-estruturada e da pesquisa documental. Do
mesmo modo, PEREIRA e BORGES (2006) elaboram uma análise exploratória do setor de pequenas
e médias empresas de consultoria de Belo Horizonte por meio da observação nestas organizações em
relação à inteligência empresarial baseada na biologia do conhecer.
GT72312
PEREIRA e BARBOSA (2008), dois anos após, realizam um estudo de caso similar ao citado
anteriormente, intitulado “Modelos de tomada de decisão em empresas de pequeno porte” em relação
a uma escola de atendimento especializado de Belo Horizonte. Os autores usam a observação informal
não-estruturada para a coleta e análise dos dados.
No mesmo ano, porém, em análise de uma realidade virtual, DUARTE et al (2008),
direcionam-se à análise de uma comunidade de prática, observando os resultados do aprendizado de
uma organização por meio desta ferramenta. A busca por resultados práticos deste aprendizado, que
refletido em transformações observáveis na organização, justifica a adequação deste artigo à categoria
organizacional e não à documental.
Apoiado em observação presencial e em trabalhos acadêmicos, CRESPO e VALLS (2009),
relacionam aspectos gerenciais e funcionais para a gestão bem sucedida de uma unidade de informação,
a fim de promover conhecimento em uma empresa de engenharia consultiva.
MACEDO, BARROS e CÂNDIDO (2010) nesse mesmo âmbito realizam um estudo
exploratório em uma empresa agroindustrial intitulado “Avaliação do processo de aprendizado e
de compartilhamento do conhecimento”. As técnicas utilizadas com esse intuito foram entrevista
com roteiro semi-estruturado, em que sua interpretação foi baseada em análise de conteúdo e para
complementar utilizou-se a observação não participante a fim de captar informações não reveladas
durante a aplicação das entrevistas.
Embora com apenas seis artigos constituintes desse contexto, percebe-se que a ênfase é relativa
aos processos de GI e de GC nas organizações.
4.3 Contexto Educacional
O contexto educacional é o segundo mais expressivo do corpus analisado considerando-se
os dezesseis de artigos que constituíram essa categoria. O ambiente das instituições educacionais
é representado pelo texto de GIANNASI et al (2001) que analisam a realização de seminários
no curso de biblioteconomia da UEL enquanto prática de ensino/aprendizagem ou de avaliação
discente, seguindo a metodologia da problematização, a qual consiste das etapas: observação
da realidade; identificação dos pontos-chave; teorização; hipóteses de solução e aplicação à
realidade.
PRADA (2001), em relação ao tema formação continuada de professores em serviço do
Brasil, Chile, Colômbia e Espanha, realiza visitas de observação aos países mencionados, coletando
documentos de nível nacional, relacionados com a educação e especificamente com a formação
continuada de professores.
Sobre os estilos de aprendizagem e o jogo na pré-escola, SILVA, em 2001, utiliza dois roteiros
de observação: o primeiro para análise das atividades e o segundo para a observação das crianças. As
observações foram realizadas durante seis dias, sendo quatro para a observação das atividades e dois
para a observação dos estilos das crianças.
GT72313
Já PERÓN, no mesmo ano de 2001, em “Análise de algumas condições institucionais para a
organização do trabalho pedagógico”, aplica a observação nas reuniões pedagógicas, além de aliar a
técnica de entrevista direcionada a um grupo de profissionais da escola a fim de obter resultados mais
consistentes.
Inovando nas temáticas, Calderon et al (2004) propõem-se a estudar diferentes aspectos
que envolvem a gestão documental/informacional em instituições e organizações no âmbito
público. A trajetória metodológica da pesquisa recorre à entrevista estruturada e à observação
direta como técnicas para a coleta de dados visando à elaboração de um diagnóstico de arquivo.
Segundo os autores, o desenvolvimento desse estudo traz experiências importantes para a equipe,
que busca o suporte da literatura especializada e faz reflexões a respeito da aplicabilidade dos
conhecimentos obtidos em uma realidade concreta. Portanto, aliam-se técnicas em busca de um
retrato o mais próximo possível da realidade, em que são combinadas observações diretas com
observações indiretas.
Outro estudo no mesmo ano que busca adequar técnicas distintas para o alcance de resultados
expressivos é o de PINTO (2004), que investiga sobre os atores sindicais da rede municipal de
ensino de Belo Horizonte, fazendo uso de técnicas distintas como a pesquisa bibliográfica, a análise
documental, a pesquisa de campo, a técnica de observação e a entrevista semi-estruturada.
GRANDE (2006), no ambiente escolar, analisa duas classes nas quais identifica dois
grupos sócio-culturais por meio da observação. Nesse mesmo contexto escolar, ESTABEL,
MORO e SANTAROSA (2006) observam Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais
(PNEE) na atividade de produção de páginas para a Internet a fim de identificar suas barreiras e
dificuldades.
LUCAS, CALDIN e SILVA (2006) em estudo de caso, identificam quais as contribuições da
aplicação da biblioterapia nas crianças em idade pré-escolar, utilizando a observação participante.
Também inseridos na categoria educacional, o artigo de LUCAS e RAUSCH (2008) aliam as técnicas
de observação, entrevista e questionário para analisar as vertentes teórico-metodológicas norteadoras
dos trabalhos de conclusão de curso de Pedagogia da FURB no período de 2001 a 2006.
No ano seguinte, o retrato das bibliotecas escolares da rede estadual de ensino do município
de Ribeirão Preto-SP é objeto de pesquisa de NASCIMENTO e CASTRO FILHO (2007). Os autores
realizam verificações in loco, observação direta à totalidade das escolas que constituíram o públicoalvo da pesquisa e aplicação de questionários aos responsáveis por estes espaços de leitura e promoção
de aprendizado.
ARAÚJO, MARQUES, OLIVEIRA e SILVA (2007), sobre o caso do Instituto de Educação e
Reabilitação dos cegos no Rio Grande do Norte, realizam pesquisa de campo por meio da observação
baseada em evidências, integrando-a à pesquisa documental e à técnica de entrevista com a finalidade
de promover uma reflexão sobre a inclusão de pessoas com necessidades especiais na sociedade
globalizada, em meio à necessidade do uso de tecnologias da informação.
GT72314
Considerando as questões de cunho social na categoria educacional VILANI (2007) trata da
exploração do trabalho infantil por meio da observação de casos práticos enfrentados no combate à
exploração do trabalho da criança e do adolescente.
ARAÚJO, CAVALCANTI e FIGUEIREDO (2009), sobre as práticas dos alunos de uma
escola de música, usam a observação para levantar aspectos relativos à confiança do discente nas
próprias capacidades e suas crenças em produzir resultados, às ações intencionais que possam produzir
mudanças e aos fatores que podem promovê-las. Os autores buscaram, ao final do texto, enfatizar
a observação desses aspectos por parte dos educadores como meio de promover um processo de
aprendizagem musical mais significativo e orientado.
Na modalidade de Instituições de Ensino Superior (IES), BUFREM (2009) realiza observação
sobre as práticas e saberes nas IES brasileiras, conjugando a observação em campo com o que a
literatura especializada oferece sobre a temática.
Em artigo recente, FREIRE, SILVA e ALMEIDA (2010) retomam a prática de análise de
curricular, realizando-a no curso de graduação em Arquivologia da Universidade Federal da Paraíba
a partir da aplicação das técnicas: observação indireta, pesquisa documental e bibliográfica.
Constata-se a diversidade temática dos estudos voltados ao contexto educacional, assim como
das composições possíveis entre as práticas de observação verificadas e outras técnicas e instrumentos
utilizados, tais como questionários, entrevistas e pesquisas documentais.
4.4 Contexto de Sistemas de Informação
O ambiente biblioteca, independentemente de estar atrelado ao contexto educacional
relativo ao ensino-aprendizagem, é considerado nesta pesquisa o que melhor se adéqua à categoria
de sistemas de informação. Tal escolha justifica-se devido a que a organização da informação e
de acervos é representativa de sistemas de informação. Essa categoria está em terceira posição
em números de artigos (onze artigos) que realizam observações em contextos de sistemas de
informação. Essa posição intermediária foi conferida à categoria especialmente em decorrência
do número de observações realizadas em bibliotecas do que propriamente em outros sistemas de
informação.
Como primeiro artigo submetido a essa categoria, o estudo de COSTA (2003) usa a observação
sistemática de usuários e do sistema a respeito do tema “Metodologia de Sistemas Flexíveis aplicada
a estudos em CI: uma experiência pedagógica”.
Em decorrência da opção por exposição cronológica dos artigos analisados, volta-se ao ambiente
de biblioteca em que SILVA e SILVA (2005) utilizam questionário, observação participante, gravação
e anotações em diário de campo em relação à contribuição da biblioteca itinerante ao desenvolvimento
de práticas de leitura, ao uso de fontes informacionais e à contribuição do profissional da informação
para a construção de uma sociedade aprendente.
GT72315
BUENO E BLATTMANN (2005) realizam pesquisa na área médica para observar as
transformações no contexto cotidiano da vertente especializada em radiologia e diagnóstico por
imagem, a partir de um estudo sobre a gestão de informação online de fontes especializadas na área.
Considerando os sistemas de recuperação da informação em relação às linguagens
documentárias, BOCCATO e FUJITA (2006) observam usuários de um sistema, utilizando em conjunto
com a observação, a técnica do protocolo verbal, já que os pesquisadores da área de Fonoaudiologia
demandam um sistema de informação que utilize uma linguagem documentária representativa dos
valores e da cultura desta área especializada.
Já UCHOA e SILVA (2006), no mesmo período, voltam-se ao tema mercado de trabalho do
bibliotecário utilizando a observação não-participante e o questionário como técnica de coleta de
dados. SANTOS e TOLFO (2006), sobre a mesma temática, porém dando ênfase às competências
demandadas aos bibliotecários frente às novas tecnologias de informação em bibliotecas universitárias,
usam a observação e a entrevista como técnica de coleta de dados primários, e logo, a análise de
documentos para coleta de dados secundários. RODRIGUES e DUARTE (2006), também no ambiente
de bibliotecas universitárias utilizam a observação não participante registrada em diário de campo,
cujas anotações foram validadas pelos informantes como instrumento de coleta de dados.
Outro estudo relativo ao meio biblioteca é o de CUNHA JÚNIOR e CORREIA (2007) que
realiza a análise de documentos, a aplicação de questionário juntamente com a observação local
pelo pesquisador, a fim de analisar o funcionamento das bibliotecas e sua contribuição para o
desenvolvimento social, cultural e educacional do estado de Pernambuco.
Por meio do estudo de OKADA e ORTEGA resgata-se, no ano de 2009, a observação relativa
à entrada de dados realizada em formato Marc 21 de catalogação. Os autores conjugam a observação
com a revisão bibliográfica em estudo de análise da recuperação da informação em catálogo on-line
de biblioteca universitária.
No período atual, ainda relativo à essa modalidade, GALVÃO NETO e SILVA (2010) tratam
do serviço de referência virtual nas bibliotecas universitárias de Natal por meio da aplicação de
questionário e também da técnica de observação; e SANTOS, SENNA e MIRANDA (2010) no
contexto de bibliotecas comunitárias tratam deste espaço para o desenvolvimento de práticas de
mudança social.
4.5 Contexto Cultural
Outro contexto de aplicação da observação mapeado no corpus é ilustrado por grupos de
movimentos sociais, em que, no caso de ERGER (2000) observa as noções de alteridade e pluralidade
no contexto do MST.
Já MARTUCCI (2001) discute teoricamente a pesquisa etnográfica e seus recursos de coleta de
dados como a observação participante, a entrevista e as narrativas escritas. Esse estudo, diferentemente
dos anteriores realiza uma pesquisa teórica aferente ao tema “estudo de caso etnográfico”.
GT72316
Fugindo ao padrão de artigos encontrados nesta literatura especializada, RODRIGUES (2004)
utiliza a observação num contexto cultural não usual à área de CI, o ambiente de uma academia de
ginástica, em que investiga sobre e uso da informação relativa à autogestão corporal. O autor utiliza
a observação participante, a entrevista semi-estruturada, envolvendo 14 praticantes de musculação de
uma academia de ginástica, localizada em Teresina (PI).
MORIGI, SEMENSATTO e BINOTTO (2006) em artigo denominado ”Ciclo e fluxo
informacional nas festas comunitárias” aplicam a observação participante e a entrevista nas
comunidades rurais de colonização alemã no município de Estrela - Rio Grande do Sul, a fim de
identificar quais os elementos responsáveis pela cadeia que alimenta o fluxo de informações do ritual
e quais os canais de comunicação utilizados para divulgação do evento Para compreender algumas
funções socioculturais de sebos na cidade de Florianópolis, CAVAGLIERI e STEINDEL (2009) usam
diferentes instrumentos de coleta de dados- observação, questionário e entrevista semi-estruturada
aliadas nesse ambiente.
Ainda no contexto cultural de aplicação da observação, BONFIM e CONCEIÇÃO (2010)
analisam a cultura juvenil, partindo da observação nos espaços onde se encontram os sujeitos desta
pesquisa e também por meio da aplicação de questionários. Os autores objetivam compreender
as mediações formativas na construção das identidades dos jovens envolvidos em práticas de
sociabilidades como o grupo de HipHop Vida na Periferia, o Movimento pela Paz na Periferia, entre
outros.
Com outro foco, SIQUEIRA e ALVES (2010) tratam da dança e teatro como alternativas
de comunicação e cidadania. No mesmo ano, TEZZA e BONIA (2010) realizam uma observação
etnográfica, com observação participante e entrevista em profundidade sobre a interação e
aprendizagem do idoso com a internet.
Esta categoria, mesmo que representada somente por oito artigos, retrata a variedade de
ambientes alvos da prática de observação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Metodologias de pesquisa qualitativas são constantemente utilizadas no domínio da CI com
vistas à apreensão de realidades organizacionais. Nota-se que a observação empírica foi expressiva
tanto no contexto organizacional relativo aos processos de GI e GC como na categoria educacional,
em que se relatam pesquisas de campo em escolas, experiências de uso de ferramentas tecnológicas,
entre outros estudos empíricos. Entretanto, pode-se constatar que o contexto educacional utiliza mais
a técnica de observação com suas tipologias específicas do que o organizacional, fato confirmado pela
quantidade de artigos representantes de cada categoria.
Em relação ao contexto organizacional, essa questão é corroborada com a menção do estudo de
Alvarenga Neto e outros (2006) que comprova tal panorama na tentativa de apreender a o cenário das
GT72317
organizações brasileiras quanto ao tema GC, partindo da observação de fontes múltiplas de evidências
em diferentes organizações por meio de observação direta com análise de dados em campo, assim
como da observação intermediada por documentos e de entrevistas semi-estruturadas. Os processos
de GI podem constituir-se em tarefas de mapeamento, coleta, produção, organização, tratamento,
análise, disseminação e uso da informação em realidades virtuais ou físicas, trazendo diferentes
possibilidades que podem ser enfocadas pela observação. Já, a observação relativa à auditoria não foi
identificada no corpus de análise relativo ao ambiente das organizações.
Contudo, no contexto educacional, foram identificados estudos avaliativos aferentes a cursos
e grades curriculares, a instrumentos tecnológicos auxiliares na prática de ensino e leitura.
Esse constante aperfeiçoamento de ferramentas tecnológicas de informação e comunicação foi
observado no contexto educacional e, principalmente, na análise dos artigos que aplicam a observação
no contexto documental, o qual é marcado por estudos de observação diversos como: observação de
redes sociais, de catálogos online, de páginas web que proliferam sobre os mais variados temas e
também da observação e análise de conceitos a fim de estabelecer padrões de linguagem em área
específicas do conhecimento.
A categoria documental foi a que mais se adequou aos artigos analisados, constituída por um
terço desse corpus, englobando uma diversidade de documentos que foram passíveis de observação.
Inclusive, há artigos na categoria documental que buscam resgatar historicamente o desenvolvimento
de ferramentas de aprendizagem ou outros objetos de informação aprimorados no decorrer do progresso
tecnológico de uma sociedade indiscutivelmente afetada pelo fenômeno informação, que utilizam a
observação não participativa, intermediada por arquivos e documentos impressos e eletrônicos para
apreender uma realidade que tem sua dinâmica de evolução registrada em suporte. Para este uso da
técnica apresenta-se o estudo já mencionado na análise, de Benício e Silva (2005), em que a evolução
dos suportes de informação, do papiro ao e-book, foi resgatada por meio da aplicação da observação
da realidade documental com o apoio de questionários, em que o campo de pesquisa definido foi o
ambiente eletrônico.
Por sua vez, a observação intermediada por registros, como por exemplo, nos casos de análise
de citações, aplicação de métodos sociológicos, etnográficos e verificação de estatísticas, ainda é
suscetível de tendências e vieses proporcionados pelos próprios documentos. Vale destacar que a
intensificação da objetividade e busca pelo retrato fiel e dinâmico do contexto ou fenômeno observado
parece ameaçada pelo elemento mediador entre pesquisador e seu objeto.
Frente às questões enunciadas acima, observa-se que os autores pesquisadores buscam aliar
outras técnicas de investigação como meio para se garantir a credibilidade científica aos seus estudos.
Entre estas, mencionam-se as mais incidentes como: entrevistas de diferentes tipos; questionários;
análise de conteúdo; pesquisas bibliográficas; narrativas escritas; e gravações.
Percebe-se também diferentes denominações para os tipos de observação empregados
no corpus analisado: direta; indireta; baseada em evidências; não participante; participante ou
GT72318
participativa; in locu; de visita; sistemática; presencial; local; observação de respostas; de imagens;
intensiva e individual; de estratégias de leitura; informal; formal; não estruturada; e documental.
Em alguns casos os autores descrevem o uso de mais de uma modalidade de observação. Além das
diferentes tipos de observação, vale destacar que um dos artigos utiliza a denominação “metodologia
de problematização”, a qual tem como primeira etapa a observação de uma realidade.
A forma simplificada de denominação somente como “observação”, foi assim mencionada em
muitos estudos, sem detalhamento dos critérios de aplicação da técnica.
Pode-se dizer que não foi encontrada uma clara relação entre o tipo de observação utilizado
e o nível de profundidade da pesquisa. Isso porque uma observação pode apresentar níveis de
profundidade investigativa, que se desenvolvem da exploratória à descritiva e logo à explicativa. A
observação exploratória é uma fase inicial de um estudo em que se tem pouco conhecimento sobre
o objeto e seu contexto. Já, a observação descritiva precede a explicativa por ir além da constatação,
descrevendo o modo como se relacionam as forças e aspectos dentro da estruturas e da conjuntura que
envolve o objeto em estudo. Esse nível de observação permite retratar as condições do fenômeno ou
objeto, revelando relações entre aspectos, eventos e forças.
O nível explicativo, que pretende elucidar fatores decisivos para a ocorrência de determinados
fenômenos e o porquê das relações estabelecidas entre as forças ou aspectos que o envolvem exige
uma maior profundidade e minuciosidade na aplicação da técnica.
Enfim, confirma-se empiricamente o quadrante revelado no referencial teórico em relação à
cientificidade da observação nas ciências humanas e sociais, por meio da análise das denominações
recebidas pela técnica, ou pela própria ausência de descrições específicas em relação à aplicação da
técnica, denotando que a observação é considerada uma ação intrínseca à atividade do pesquisador.
Observa-se também que, despontam na análise do corpus as limitações relativas a uma
categorização da observação especialmente, em decorrência das diferentes denominações e
apropriações teóricas e de aplicação das modalidades da técnica, da ausência dessa identificação ou
da percepção da observação como um elemento integrante ou pressuposto indissociável na aplicação
de outras técnicas. Também se constata a existência da possibilidade de construção de teorias e
modelos por meio da adoção de procedimentos metodológicos rigorosos na aplicação da observação,
independentemente do domínio de aplicação.
Abstract: Analysis of observation as a scientific research technique in the scientific literature in the
field of information science (CI). Aims to verify how observation method consolidates empirically
in articles from Information Science, wish typological names it receives, how observation method is
combined with other methodological tools for research to better match the objects of research and
observation, which features become this area a mode of apprehension realities that is appropriated to
the qualitative approach. Adopts the content analysis research in corpus of Base Referencial de Artigos
de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci) in the period between 2000 and 2010, recovered
by the term descriptor Observation. To this end, categorizes the content according to the application
GT72319
context of observation. Identifies five contextual categories: documentary context, organizational
context, educational context, the context of information systems which includes the library environment
and cultural context. Notes that qualitative research methodologies are constantly used in the field of
Information Science with a view to the arrest of organizational realities. Concludes that the empirical
observation in the organizational context is especially true in relation to the processes of Information
Management and Knowledge Management. The corpus analysis also reveals the expressive use of
observation in the context of documents, represented by one third of the corpus, and with the second
highest number of articles is the educational context, with many empirical studies. Emerges in the
analysis of the corpus limitations on a categorization of observation articles arising mainly from
different denominations and appropriations and application of the different kinds of observation, or
lack of identification or the perception of observation as an integral and inseparable assumption in
the application of other techniques.
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GT72325
COMUNICAÇÃO ORAL
A ORIENTAÇÃO ACADÊMICA NOS ARTIGOS EM AUTORIA
MÚLTIPLA DE PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DAS ÁREAS DE
INFORMAÇÃO
Jayme Leiro Vilan Filho, Gabriela Bentes de Mello, Suzana Pinheiro Machado Mueller
Resumo: Estuda a relação entre orientações acadêmicas e os artigos científicos escritos em autoria
múltipla publicados entre 2005 e 2009 em periódicos científicos brasileiros das áreas de informação
(Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Documentação e Museologia). Objetiva
estudar a influência de cada tipo de orientação acadêmica na publicação de artigos em autoria
múltipla, por meio da mensuração da proporção de orientações por grau acadêmico e por área do
conhecimento usando duas unidades de análise: orientações acadêmicas e artigos. Para alcançar o
objetivo pretendido utilizou-se como fonte principal de dados uma base de referências bibliográficas
(ABCDM) com artigos de periódicos científicos brasileiros. A partir do conjunto de 638 artigos
publicados em autoria múltipla entre 2005 e 2009, foi selecionada sistematicamente uma amostra
de 100 artigos, associados a 109 orientações, cuja coleta de dados incluiu duas variáveis: Grau de
Orientação (Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado) e Área do Conhecimento (todas as
áreas de informação e outras áreas como Educação e Comunicação). Foram obtidas tabelas, elaboradas
no MS-Excel, para análises bibliométricas que evidenciaram os seguintes resultados: (1) O Mestrado
é o grande responsável pelas orientações (mais de 40%) seguido da Graduação (cerca de 30%),
incluindo TCC (cerca de 20%) e trabalhos de iniciação científica (cerca de 10%), e do Doutorado
(cerca de 20%); (2) Outros tipos de orientação, como Especialização e Extensão, pouco influenciam
na produção de artigos; (3) A proporção de cursos de outras áreas do conhecimento é de 21%, metade
dos quais de Mestrado; (4) Dentro das áreas de informação os índices se concentram em trabalhos de
Ciência da Informação (quase 2/3), especialmente Mestrado e Doutorado, e Biblioteconomia (1/3),
principalmente Graduação. Os resultados obtidos confirmam resultados de pesquisas anteriores e
descrevem a proporção de orientações de forma mais detalhada.
Palavras-chave: Orientação Acadêmica. Artigos Científicos. Autoria Múltipla. Periódicos Científicos. Áreas de Informação. Brasil.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo aborda questões relacionadas à influência das orientações acadêmicas,
relações orientador-orientando, na produção de artigos de periódicos científicos das áreas de
GT72326
informação publicados no Brasil entre 2005 e 2009. O trabalho foi motivado por resultados obtidos
em estudo anterior de Vilan Filho e Mueller (2011) que examinou a literatura periódica da área
de informação em três períodos, entre os quais 2005 e 2006. A intenção agora foi a de ampliar o
levantamento para o período 2005-2009, para compreender melhor o processo de colaboração entre
autores na comunicação científica. Especificamente, o presente trabalho se propõe a responder a
seguinte questão:
Que tipos de relação orientador-orientando ocorreram e em que proporção, nas autorias de
artigos publicados na literatura periódica nacional das áreas de informação no Brasil entre
2005 e 2009?
Artigos assinados em conjunto por orientador e orientando são fenômenos relativamente
recentes nas áreas sociais e ainda objeto de algumas controvérsias. Esse estudo se justifica por
contribuir para o melhor entendimento do assunto com dados de ocorrência. Justifica-se também
dentro do esforço mais amplo feito pelos autores para entender o fenômeno da autoria múltipla nas
áreas de informação no Brasil. A escolha do período 2005-2009 deve-se, no seu limite inferior (2005),
ao fato do presente estudo considerar como ponto de partida o artigo de Vilan Filho e Mueller (2011),
cujo último intervalo de estudo foi o biênio 2005/2006. Já o limite superior (2009), foi estabelecido
em decorrência do grau de atualização da base de dados usada como fonte (ABCDM), pois boa parte
dos artigos de 2010 e a maioria dos artigos de 2011, não haviam sido publicadas no início do estudo
(janeiro de 2011).
Este trabalho está organizado da seguinte maneira: após esta introdução segue-se uma seção
sobre o contexto das orientações acadêmicas, após o que são descritos os procedimentos metodológicos,
apresentação dos dados, e conclusões.
2. SOBRE ORIENTAÇÕES ACADÊMICAS E A PRODUÇÃO DE ARTIGOS NAS ÁREAS
DE INFORMAÇÃO NO BRASIL
A palavra orientador vem do grego, que significa aconselhar, e da raiz indoeuropeia que
significa pensar. Portanto, orientador teria o significado de “aconselhar o pensamento” (FERREIRA;
FURTADO; SILVEIRA, 2009, p. 170). Lopes e Romancini (2006) consideram que “o orientador é coresponsável pela investigação que será feita.” (LOPES; ROMANCINI, 2006, p. 139) e a elaboração
dos trabalhos finais corresponde a uma etapa do treinamento do estudante sob a supervisão de um
investigador mais experiente (o orientador) vinculado à instituição que ministra o curso (LOPES;
ROMANCINI, 2006, p. 139).
Os tipos de trabalhos que devem ser “aconselhados” pelo orientador são enumerados
na ABNT NBR 14724/11: trabalho de conclusão de curso de graduação, trabalho de graduação
interdisciplinar, trabalho de conclusão de curso de especialização e/ou aperfeiçoamento, dissertação
e tese (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011, p. 6-8).
GT72327
As orientações ocorrem como parte de cursos formais ou informais. A seguir serão descritos
os cursos nas áreas de informação onde tais orientações são realizadas.
No caso dos cursos em nível de graduação, Mueller, em publicação datada de 1988 (p.1)
enumerou 30 cursos em Biblioteconomia reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação
(CFE). Do final da década de 1980 até o início da década de 2010, o número de cursos de
Biblioteconomia aumentou para 381 Quanto aos demais cursos de graduação nas áreas de
informação, os dados atuais são de 15 cursos de Arquivologia2 e 14 de Museologia3, ou seja,
menos da metade dos cursos de graduação em Biblioteconomia. Além desses, a WIKIPEDIA4 e
o GUIA DO ESTUDANTE5 registram dois cursos em Ciência da Informação6 e um em Gestão
da Informação7, denominações relativamente novas na área para cursos de graduação. Ainda em
relação aos cursos de graduação nas áreas de informação, é importante ressaltar que enquanto
alguns cursos estabelecem como requisito para formatura a elaboração de um trabalho de
conclusão de curso (TCC), outros oferecem essa possibilidade apenas como opcional e outros
ainda sequer a oferecem.
Além do TCC, alunos de graduação de todas as áreas têm ainda a possibilidade da chamada
iniciação científica, atividade de iniciação à pesquisa, orientada por um professor pesquisador, muitas
vezes contemplada com um bolsa. A iniciação científica pode ser definida como:
1 Os cursos de graduação em Biblioteconomia pertencem às seguintes instituições: Univ. Fed. de Alagoas (UFAL); Univ. Fed.
do Amazonas (UFAM); Univ. Fed. da Bahia (UFBA); Univ. Fed. do Ceará (UFC) Univ. Fed. do Ceará (UFC) - Cariri; Univ. de
Brasília (UnB); Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES) ; Univ. Fed. de Goiás (UFG); Univ. Fed. do Maranhão (UFMA); Univ. Fed. de
Mato Grosso (UFMT); Instituto Superior da Funlec (IESF); Univ. Fed. de Minas Gerais (UFMG); Centro Universitário de Formiga
(UNIFOR-MG); Univ. Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Univ. Vale do Rio Verde de Três Corações (UNINCOR);. Univ. Fed. do
Pará (UFPA); Univ. Fed. da Paraíba (UFPB); Univ. Est. de Londrina (UEL); Univ. Fed. de Pernambuco (UFPE); Univ. Est. do Piauí
(UESPI); Univ. Fed. do Est. do Rio de Janeiro (UNIRIO); Univ. Santa Úrsula (USU); Univ. Fed. do Rio de Janeiro (UFRJ); Univ. Fed.
Fluminense (UFF); Univ. Fed. do Rio Grande do Norte (UFRN); Fund. Univ. Fed. do Rio Grande (FURG) ; Univ. Fed. do Rio Grande
do Sul (UFRGS) ; Univ. do Est . de Santa Catarina (UDESC); Univ. Fed. de Santa Catarina (UFSC); Fund. Esc. de Sociologia e Política
de São Paulo (FESP); Univ. de São Paulo (USP); Centro Universitário Assunção (UNIFAI); Fac. Int. Teresa D’Ávila (FATEA); Fac.
Int. Coração de Jesus (Fainc); Pont. Univ. Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS); Univ. Est. Paulista (UNESP); Univ. Fed. de São
Carlos (UFSCar) e Univ. Fed. de Sergipe (UFS).
2 Os cursos de graduação em Arquivologia pertencem às seguintes instituições: Univ. Fed. de Santa Maria (UFSM); Univ. Fed. do
Rio Grande do Sul (UFRGS); Univ. Fed. do Rio Grande (FURG); Univ. Fed. de Santa Catarina (UFSC); Univ. Est. de Londrina (UEL);
Unesp (Marília); Univ. Fed. Fluminense (UFF); Univ. Fed. do Est . do Rio de Janeiro (UNIRIO); Univ. Fed. do Espírito Santo (UFES);
Univ. Fed. de Minas Gerais (UFMG); Univ. de Brasília (UnB); Univ. Fed. da Bahia (UFBA); Univ. Est. da Paraíba (UEPB); Univ. Fed.
da Paraíba (UFPB) e Univ. Fed. do Amazonas (UFMA).
3 Os cursos de graduação em Museologia pertencem às seguintes instituições: Univ. Fed. da Bahia (UFBA); Univ. de Brasília
(UnB); Univ. Fed. de Pelotas (UFPel); Univ. Fed. de Goiás (UFG); Univ. Fed. do Pará (UFPA); Univ. Fed. de Pernambuco (UFPE);
Univ. Fed. de Sergipe (UFS); Univ. Fed. de Santa Catarina (UFSC); Univ. Fed. de Minas Gerais (UFMG); Univ. Fed. de Ouro Preto
(UFOP); Univ. Fed. do Recôncavo da Bahia (UFRB); Centro Universitário Barriga Verde (UNIBAVE); Univ. Fed. do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e Univ. Fed. do Est . do Rio de Janeiro (UNIRIO).
4 Acessado em 09/08/2011 em: http://pt.wikipedia.org.
5 Acessado em 10/08/2011 em: http://guiadoestudante.abril.com.br.
6 Os cursos de graduação em Ciência da Informação pertencem às seguintes instituições: Univ. de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto
(FFCLRP) e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS).
7 O curso de Gestão da Informação é da Univ. Fed. do Paraná (UFPR).
GT72328
[...] um instrumento que permite introduzir os estudantes de graduação, potencialmente mais
promissores, na pesquisa cientifica. É a possibilidade de colocar o aluno desde cedo em
contato direto com a atividade científica e engajá-lo na pesquisa (INSTITUTO DE QUÍMICA
DA USP).
Quanto aos cursos em nível de pós-graduação nas áreas de informação, há os cursos formais,
dito stricto sensu, que são os cursos de mestrado e doutorado, e os informais, ou lato sensu. Em
geral, tais cursos, formais ou informais são oferecidos por programas estabelecidos sediados em
universidades, ligados a faculdades ou departamentos de Ciência da Informação, que também
oferecem cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia, Arquivologia e, mais recentemente
Museologia (BUFREM, 2006).
Os cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) no Brasil foram objeto de estudo de
Pinheiro (2007) que destaca o Curso de Pesquisa Bibliográfica, implantado em 1955, pelo então IBBD,
hoje IBICT. A autora afirma ainda que os cursos de especialização, no Brasil, apesar de numerosas
iniciativas, como na Universidade Federal do Paraná e na Universidade Federal da Paraíba, entre
outros, caracterizaram-se pela descontinuidade. Deve-se considerar também em relação a estes cursos
a grande variação de denominações, muitas relacionadas diretamente com as áreas de informação
como Gestão em Arquivos (UFSM), Gestão Eletrônica de Documentos (UNISUAM), Arquitetura e
Organização da Informação (UFMG) e Gestão de Arquivos e Documentos (PUC Minas), entre outras.
Mas há denominações que deixam menos evidentes a relação com as áreas de informação, tais como
Gestão Estratégica da Informação (UFMG).
O primeiro curso stricto sensu em Ciência da Informação no Brasil foi fundado no início
da década de 1970, pelo então IBBD. A partir do final dessa década começaram a surgir cursos de
mestrado em biblioteconomia em universidades tais como a UFMG, UnB e PUCCAMP. Os primeiros
cursos de doutorado surgiram no início da década de 1990, época em que muitos mestrados em
Biblioteconomia mudaram sua designação para Ciência da Informação. Mais recentemente, Vilan
Filho (2010) observou que os cursos de mestrado e doutorado no Brasil nas áreas de Informação
apresentaram crescimento regular a partir de 1988, passando de 8 cursos em 1987 para 178 em 2010
(VILAN FILHO, 2010, p. 146-147), podendo chegar a 19 se os cursos de mestrado e doutorado em
Memória Social da UNIRIO forem incluídos.
Em relação à participação de alunos dos cursos das áreas de informação em revistas científicas,
Bufrem (2006, p.208-209) apontou o incremento da participação de alunos de pós-graduação a partir
dos anos 1990 nas revistas científicas de Ciência da Informação, associando-o a dois fenômenos: (1)
“um reflexo das adaptações aos parâmetros de avaliação das instituições financeiras [de financiamento
ou apoio]”, (2) a “uma certa tendência a se transformar a cultura acadêmica a partir do incentivo que
vem sendo dado a essa participação. Esse incentivo reflete-se especialmente em trabalhos de parceria
entre orientador e orientando”. E acrescenta que essa tendência fortalece a academia como “locus
8 Mestrado e Doutorado nas instituições: IBICT, USP, UFMG, UNB, UFRGS e UNESP. Mestrado nas instituições: PUCCAMP,
UFPB, UFBA, UFSC, UNIRIO (Museologia e Patrimônio).
GT72329
privilegiado de formação e aperfeiçoamento profissional”.
A participação dos alunos de pós-graduação nas revistas da área também foi detectada em
um amplo estudo sobre a evolução da colaboração nas áreas de informação no Brasil (Arquivologia,
Biblioteconomia, Ciência da Informação, Documentação e Museologia), realizado por Vilan Filho
(2010). O objetivo do autor foi identificar fatores presentes no processo de colaboração entre autores de
artigos de periódicos científicos das áreas de informação publicados entre 1972 e 2007. Além dos artigos
de periódicos, tal estudo incluiu também dados da produção de teses e dissertações das mesmas áreas
produzidas no mesmo período. Entre os resultados obtidos, foi identificada semelhança entre a curva de
crescimento da produção de teses e dissertações e a de artigos científicos escritos em autoria múltipla, o
que provocou a suspeita de uma possível relação orientador-orientando nas autorias. O estudo observou
aumento substancial no número de artigos em autoria múltipla relacionados com orientações.
Em estudo posterior, Vilan Filho e Mueller (2011) investigaram mais a fundo a questão
concluindo que 31% dos artigos tinham relação com as teses e dissertações defendidas nos cursos de
CI no período 2005/06 e 21% eram artigos provenientes de orientações de natureza desconhecida.
Este último fato motiva o presente estudo que agora tenta identificar que tipos de orientação estão
associados aos 21% de artigos provenientes de orientações não identificadas. Importante frisar que
estes 21% representam cerca de 40% dos artigos relacionados com orientações9.
Outro ponto interessante a ser considerado são os aspectos negativos na forma de participação
dos alunos nas publicações científicas levantadas por Targino (2010), quando afirma que a co-autoria
na publicação de artigos relacionados a orientações é um fenômeno questionável devido à pressão
exacerbada para que se publique muito, fato resultante da valorização da informação como fonte
de poder. Dessa forma, segundo a autora, a investigação científica prima pela produção meramente
quantitativa de artigos e papers cuja intenção primordial é assegurar ascensão profissional, conceitos
mais elevados para os programas de pós-graduação e concessão de benefícios.
Finalmente, independentemente dos motivos que cercam os artigos de co-autoria entre
orientador e orientando, é através dessa produção científica que o conhecimento produzido no
interior das universidades e institutos de pesquisa é disseminado e compartilhado, levando até as
comunidades acadêmica e externa, informações e alternativas para a solução de seus problemas e para
o desenvolvimento integrado e sustentável. (SANTOS-ROCHA; HAYASHI, 2009, p. 1).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizou-se o método de levantamento (survey) em conjunto com a bibliometria a fim de
analisar as relações entre artigos escritos em colaboração e os diversos tipos de orientações acadêmicas
entre os autores de cada artigo. É importante salientar que foram usadas neste trabalho duas unidades
9 Os 21% de artigos com orientações desconhecidas são equivalentes a 40% do total de 52% de artigos relacionados com orientações
identificados em Vilan Filho e Mueller (2011): 21 / 52 = 0,40.
GT72330
de análise: (1) orientação acadêmica entre autores (ou relação orientador-orientando entre autores)
e (2) artigo científico. As informações relativas à unidade de análise ‘orientação acadêmica entre
autores’ foram obtidas de Mello (2011), enquanto as informações da unidade de análise ‘artigo’ são
complementares e usam o mesmo conjunto de dados.
O universo do estudo são os 638 artigos de autoria múltipla publicados nos periódicos
científicos brasileiros das áreas de informação10 com data de referência entre 2005 e 2009, cujos
registros foram obtidos na base ABCDM.
Tais registros foram isolados em ordem cronológica de ano de publicação e numerados de 1 a
638 em uma base de dados de trabalho. Dentro de cada ano de publicação os registros estão dispostos
na ordem em que entraram na base de dados, independentemente do periódico, volume ou fascículo
em que foram publicados, não havendo qualquer regularidade quanto a nenhum critério específico.
Em seguida foram selecionados sistematicamente 100 registros (artigos) com orientações. A seleção
iniciou-se com uma análise dos registros múltiplos de 6 (intervalo de amostragem) em ordem inversa
– 636, 630, 624... 12, 6. Caso o registro escolhido não tivesse indícios de relação de orientação entre
autores, foi analisado o registro anterior – 635, 629, 623... – e assim sucessivamente até a obtenção de
100 registros com relações de orientação. Para cada registro selecionado foram adotados os seguintes
critérios para confirmação das relações de orientação:
• A indicação de um dos autores, em nota geral ou específica da catalogação,
como sendo graduando, mestrando, doutorando, acadêmico, entre outros; e/ou de
outro autor como sendo professor, orientador, coordenador, ou outra forma que
caracterize uma possível relação de orientação. Na ausência destas informações,
a confirmação deu-se por meio da análise do resumo e das notas do artigo, ou
ainda buscando-se informações sobre relações entre o artigo em questão e algum
trabalho acadêmico produzido por algum dos autores, ou finalmente consultando a
Plataforma Lattes (CNPq);
• Relação temporal entre o trabalho e o artigo, em geral, os artigos relacionados com
orientação são publicados em até quatro anos após a produção do trabalho acadêmico;
• Relação entre título e resumo do artigo com o título e o resumo do trabalho acadêmico
procurando observar correspondência temática total ou parcial entre eles;
• No caso de dúvida de existência de relações de orientação entre autores e quando foi
10 Os periódicos incluídos no estudo são: (1) Acervo: Revista do Arquivo Nacional; (2) Arquivística.net; (3) Arquivo & Administração;
(4) Biblos: Revista do Departamento de Biblioteconomia e História; (5) Cadernos de Biblioteconomia; (6) Ciência da Informação; (7)
Ciências em Museus; (8) DataGramaZero; (9) Em Questão; (10) Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS;
(11) Encontros Bibli; (12) Estudos Históricos; (13) Informação & Informação; (14) Informação & Sociedade: estudos; (15) Informare:
Cadernos do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (UFRJ/IBICT); (16) Perspectivas em Ciência da Informação; (17)
Ponto de Acesso: Revista do Instituto de Ciência da Informação da UFBA; (18) Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina; (19)
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação; (20) Revista Brasileira de Museus e Museologia (MUSAS); (21) Revista da
Escola de Biblioteconomia da UFMG; (22) Revista de Biblioteconomia & Comunicação; (23) Revista de Biblioteconomia de Brasília;
(24) Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação; (25) Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; (26)
Revista Eletrônica Jovem Museologia; (27) Revista Museu; (28) Transinformação.
GT72331
identificado e obtido o trabalho acadêmico (TCC, dissertação, tese etc) relacionando
os coautores, foi investigada a existência de trechos do trabalho acadêmico no artigo
por meio da função de busca textual. Este critério foi usado especialmente quando os
títulos do artigo e do trabalho final (TCC, dissertação e tese) eram diferentes.
Ente os 100 registros selecionados, 91 apresentam autorias com uma única relação de
orientação e os 9 (nove) restantes apresentam autorias com duas relações de orientação cada um, num
total de 109 relações de orientação entre autores.
As variáveis usadas neste estudo foram (RICHARDSON, 2009 e BABBIE, 1999):
1. Área de orientação - variável nominal relacionada com as unidades de análise relação
de orientação entre autores e artigo, cujos valores possíveis são: Arquivologia,
Biblioteconomia, Ciência da Informação, Documentação, Museologia e Outras Áreas,
cujos valores são atribuídos de acordo com a área do curso do orientando. Eventualmente,
os valores de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Documentação
e Museologia serão agrupados em ‘Áreas de Informação’, ficando as demais áreas em
‘Outras Áreas’;
2. Grau de orientação – variável nominal relacionada com a unidade de análise relação
de orientação entre autores e artigo. Os valores possíveis são: Doutorado, Mestrado,
Especialização, Graduação e Outros. Tais valores foram obtidos a partir do grau acadêmico
do curso do orientando. Eventualmente, os valores de Graduação podem ser exibidos em
duas subcategorias: Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), incluindo monografias, e
Iniciação Científica (IC).
Importante frisar que a atribuição dos valores das duas variáveis é feita exclusivamente pelo
nome do curso do orientando, sem qualquer relação com formação ou afiliação do orientador, ou com
o tema do trabalho orientado.
Finalmente, os percentuais obtidos têm margens de erro ≤ 5% conforme Babbie (1999, p.
128).
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Serão apresentados a seguir os dados obtidos com a unidade de análise orientação, ou seja, os
dados das 109 relações de orientação (ou relações orientador-orientando) observadas nas autorias da
amostra. Os dados serão mostrados na forma de percentuais sempre que o número de casos for maior
ou igual a 100 (n ≥ 100).
GT72332
Tabela 1 – Relações orientador-orientando presentes nas autorias de artigos
por grau e área do curso do orientando
GRAU\ÁREA
Áreas Info.
Nro.
%
Doutorado
17
16%
Mestrado
34
Graduação (TCC)
Outras Áreas
S
Nro.
%
3,5%
7
6%
31%
4,4%
12
24
22%
4,0%
Graduação (IC)
9
8%
Outros
2
2%
TOTAL
S
Nro.
%
S
2,3%
24
22%
4,0%
11%
3,0%
46
42%
4,7%
1
1%
1,0%
25
23%
4,0%
2,6%
1
1%
1,0%
10
9%
2,7%
1,3%
2
2%
1,3%
4
4%
1,9%
TOTAL
86
79%
3,9%
23
21% 3,9% 109
100%
Obs: Dados em ordem decrescente do grau acadêmico; TCC = trabalhos ou monografias de
conclusão de curso; IC = projetos de iniciação científica; S = margem de erro; n = 109. Fonte:
Autor.
Considerando o tipo de área do conhecimento, a Tabela 1 nos permite observar que quase
80% das relações de orientação referem-se a cursos de áreas de informação (79%), principalmente
Biblioteconomia e Ciência da Informação, enquanto pouco mais de 20% das orientações estão
associadas a cursos de outras áreas (21%), com destaque para Engenharias (sendo a maior parte de
Engenharia de Produção), Educação (incluindo Educação Ambiental) e Comunicação (incluindo
Publicidade e Propaganda). Houve também relações de orientação das áreas de Saúde, Letras,
Administração, Contabilidade, Computação, Química e Política de C&T. Isto significa que a
cada cinco relações de orientação presentes nos artigos científicos escritos em autoria múltipla
examinados nesta amostra, uma não se refere aos cursos das áreas de informação. Considerando
o grau acadêmico das atividades associadas com as relações de orientação, constatamos que
pouco mais de 40% das orientações estão associadas a cursos de Mestrado enquanto o Doutorado
fica com pouco mais de 20%. As atividades de Graduação (TCC e IC) são responsáveis por quase
1/3 das orientações (32%) dos quais as atividades de iniciação científica (IC) representam quase
10% das orientações - cerca de um em cada dez orientações - enquanto os trabalhos de conclusão
de curso correspondem a 23%, ou cerca de um em cada cinco orientações. Quanto aos temas, as
orientações relacionadas com a graduação (TCC e IC) são concentradas em cursos das áreas de
informação.
Mestrados de Áreas de Informação têm percentual de 31% contra 11% de Mestrados de
Outras Áreas, proporção que chama a atenção. Doutorados de Áreas de Informação têm 16% contra
6% de Doutorados de Outras Áreas. Quanto aos “Outros” cursos foram encontradas apenas algumas
ocorrências de cursos de Especialização e projetos de Extensão.
GT72333
Tabela 2 – Relações orientador-orientando entre autores por grau acadêmico do
curso do orientando (áreas de informação)
Arquivologia
GRAU\ÁREA
Biblioteconomia
Nro.
Nro./
Tot.
Nro.
Doutorado
0
0,00
0
0,00
Mestrado
0
0,00
0
Graduação (TCC)
1
0,01
Graduação (IC)
1
Outros
0
Ciência da
Info.
TOTAL
Nro./
Tot.
Nro.
Nro./
Tot.
17
0,20
17
0,20
0,00
34
0,40
34
0,40
20
0,23
3
0,03
24
0,28
0,01
7
0,08
1
0,01
9
0,10
0,00
1
0,01
1
0,01
2
0,02
Nro./Tot. Nro.
TOTAL
2
0,02
28
0,33
56
0,65
86
1,00
Obs: dados em ordem decrescente do grau acadêmico; não foram observados valores para
orientações das áreas de Documentação e Museologia; TCC = trabalhos ou monografias de
conclusão de curso; IC = projetos de iniciação científica; Nro./Tot. = Nro.Orientações/Total
Orientações das Áreas de Informação; n = 86. Fonte: Autor.
A Tabela 2 apresenta os valores das 86 relações de orientação entre autores das Áreas de
Informação por área do conhecimento, nas quais podemos observar que há uma concentração de
relações de orientação das áreas de Ciência da Informação (cerca de 2/3 do total das Áreas de
Informação), especialmente na pós-graduação (Mestrado com mais de 1/3 das orientações - ou 0,4 - e
Doutorado com 1/5 dos registros - ou 0,2) e Biblioteconomia (quase 1/3 das relações de orientação
das Áreas de Informação concentradas na Graduação - TCC e IC). Já a Arquivologia esteve presente
apenas em relações de orientação de cursos de Graduação e atividades de Iniciação Científica, com
duas relações de orientação, enquanto nos novos cursos de Ciência da Informação (graduação)
apresentaram quatro relações de orientação.
Considerando apenas os graus acadêmicos podemos observar que a pós-graduação tem pouco
menos de 2/3 (0,61 considerando uma relação de orientação de especialização incluída em ‘Outros’)
enquanto a Graduação fica com mais de 1/3 das relações de orientação das Áreas de Informação
(0,38).
Nas duas tabelas observam-se índices mínimos de relações de orientação em cursos de
Especialização (de 2% a 4%), especialmente se comparados aos índices observados de relações de
orientação de Graduação (de 32% a 38%), incluindo TCC e IC.
A seguir serão apresentados os dados obtidos com a unidade de análise artigos, ou seja, os
dados dos 100 registros (artigos) da amostra.
GT72334
Tabela 3 – Artigos com relações de orientação entre autores por grau acadêmico
e por área do conhecimento do curso do orientando
Arquivologia
Bibliot.
Ciência da
Info.
Doutorado
0
0
16
6
22
Mestrado
0
0
33
11
44
Especialização
0
0
1
2
3
Graduação
2
22
4
2
30
Outros
0
1
0
0
1
GRAU\AREA
Outras
Áreas
TOTAL
TOTAL
2
23
54
21
100
Obs: dados em ordem decrescente de grau acadêmico; Graduação inclui dados de TCC e
Iniciação Científica (IC); a categoria Outros apresenta apenas um projeto de extensão; n = 100.
Fonte: Autor.
A Tabela 3 apresenta os dados dos 100 artigos com relações de orientação da amostra e seus
valores podem ser interpretados tanto como número de artigos quanto como percentuais. Em relação
às áreas do conhecimento, nota-se que pouco mais da metade dos artigos estão relacionados com
orientações de cursos de Ciência da Informação (54%), seguidos de artigos com orientações de cursos
Biblioteconomia (23%) e de Outras Áreas (21%). Em relação ao grau acadêmico o Mestrado se destaca
com 44%, seguido da Graduação com 30% (sendo 21% para TCC e 9% para Iniciação Científica) e
Doutorado com 22%. Considerando-se o grau acadêmico e a área do conhecimento, podemos destacar
o mestrado em Ciência da Informação (33% dos artigos) seguido da Graduação em Biblioteconomia
(22%), do Doutorado em Ciência da Informação (16%) e do Mestrado em Outras Áreas (11%). Por
outro lado, os índices de artigos com relações de orientação de cursos de Arquivologia, Documentação
e Museologia são reduzidos ou nulos, bem como os de cursos de Especialização. Importante ressaltar
que quase 10% dos artigos apresentaram mais de uma relação de orientação entre autores e quase
todos relacionados com cursos com mesmo grau e área, com destaque para orientações de Graduação
em Biblioteconomia presente em cinco dos nove artigos. Apenas um artigo apresentou relações de
orientação de cursos diferentes.
5 CONCLUSÕES
1. No âmbito dos processos de produção científica este estudo aborda aspectos
relacionados com a medição da influência das orientações acadêmicas na produção de artigos
de periódicos científicos das áreas de informação no Brasil de forma a possibilitar uma maior
compreensão do processo de colaboração entre autores na comunicação científica. A partir de
estudos anteriores que indicaram influência significativa de relações de orientação acadêmica
na autoria colaborativa de artigos científicos, procurou-se mapear e avaliar este fenômeno com
maior precisão, uma vez que boa parte das orientações presentes nas autorias dos artigos escritos
GT72335
em autoria múltipla era de natureza desconhecida.
2. Após a execução dos procedimentos de pesquisa e da apresentação dos dados, podemos
concluir:
1. Não houve grandes diferenças entre os índices obtidos nas duas unidades de análise,
artigos (100) e relações de orientação entre autores (109), e tais diferenças, quando
ocorreram, foram muito próximas das margens de erro e, portanto, não alteraram
o quadro geral das proporções das variáveis estudadas. Quanto aos 9 artigos que
apresentaram como autores um ou mais orientadores e mais de um orientando, esses
orientandos se caracterizaram em quase todos os casos por estarem cursando o mesmo
grau e área, com destaque para alunos de cursos de graduação em Biblioteconomia.
Esse tipo de autoria (um ou mais professor orientador e mais de um aluno orientando
da graduação de Biblioteconomia) esteve presente em pouco mais da metade dessas
autorias (5 artigos);
2. Em relação ao Grau Acadêmico em que ocorreram as orientações que resultaram nas
autorias dos artigos estudados, os dados mostraram que as orientações de cursos de
Mestrado geraram mais artigos que orientações nos demais níveis (mais de 40% dos
artigos da amostra foram assinados por um professor orientador e seu(s) orientando(s)
de Mestrado), seguido de artigos assinados por um professor e seu(s) aluno(s) de
cursos de Graduação, (cerca de 30% dos artigos). Artigos assinados por um professor
orientador e seu orientando de Doutorado geraram 22% dos artigos na amostra
estudada;
3. Chama a atenção a proporção de artigos gerados por orientações de trabalho final de
curso de graduação (TCC), 20% dos artigos da amostra, proporção semelhante aos
artigos gerados por orientações no nível de Doutorado. O curioso é que nem sempre
o trabalho de conclusão de curso de graduação envolve pesquisa. Já as orientações
também no nível de graduação em trabalhos de programas de Iniciação Científica,
que necessariamente envolvem pesquisas, geraram apenas 10% dos artigos da
amostra. Uma possibilidade é a de que os trabalhos de iniciação científica tenham sido
continuados nos TCC, aumentando o caráter científico destes últimos;
4. Na amostra estudada, 79% dos artigos foram gerados por orientações de cursos de
três áreas de informação (Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação),
sendo que quase 2/3 do total desses casos ocorreram na última, e que a primeira,
Arquivologia, apresenta índices insignificantes. Não foram observadas relações de
orientação de cursos das áreas de Documentação ou Museologia. Entretanto esta
relativa concentração de orientações de cursos de áreas de informação resulta em
que 21% dos artigos, ou um em cada cinco artigos, com relações de orientação entre
autores estão relacionados com orientações de cursos de outras áreas como Engenharia
GT72336
de Produção, Comunicação, Educação, Administração, Contabilidade, entre outras.
Esse fato sugere caráter interdisciplinar da área de informação e de seus periódicos;
5. Dos artigos resultantes de orientações que ocorreram fora das áreas de informação,
total de 21% da amostra estudada, quase a metade, 11%, são oriundos de orientações
de alunos de cursos de Mestrado. Artigos resultantes de orientações de estudantes em
nível de Doutorado somam apenas 6% da amostra. Os 4% de artigos restantes nesse
grupo se originaram de orientações em nível de graduação. Esses dados apontam os
cursos de pós-graduação stricto sensu, especialmente no nível de Mestrado, como
responsáveis por artigos de origem interdisciplinar;
6. Os índices de artigos originados de orientações em cursos de Arquivologia,
Documentação e Museologia são reduzidos ou nulos, bem como os de cursos
Especialização de qualquer área.
Os resultados obtidos, resumidos nos seis pontos acima, revelam alguns aspectos interessantes
das autorias em colaboração nos artigos integrantes da amostra estudada. A participação das
orientações de alunos de graduação de Biblioteconomia na produção desses artigos de autorias
múltiplas que envolvem o orientando como autor, chama a atenção. A expectativa era de encontrar
número mais significativo de artigos assinados por orientadores e orientandos de cursos de Doutorado
e Mestrado, pela natureza desses cursos, voltados para a pesquisa. Mas o fato de encontrarmos tantos
artigos produto de TCCs em Biblioteconomia sugere não apenas que a Biblioteconomia, como área
produtora de pesquisa, é predominante entre os diversos campos que compõem a área de informação,
mas também que a própria área de informação ainda está se consolidando como área de pesquisa.
Com relação aos artigos identificados como produto de orientações que envolveram cursos de
outras áreas (21% da amostra), os resultados poderiam apontar para a suposta natureza interdisciplinar
da área. No entanto, na origem desses artigos destaca-se a presença dos cursos de Engenharia de
Produção e Educação, fato que levanta perguntas quanto a sua relação com as áreas da informação.
Outro fato que chama atenção em relação a esse grupo de artigos interdisciplinares é a presença do
periódico Datagramazero que publicou sete ou um terço dos artigos desse grupo, sugerindo foco de
interesse mais amplo que os demais títulos.
Por outro lado, artigos oriundos de orientações em cursos em nível de especialização estão
quase ausentes da amostra (3% dos artigos), sugerindo que esses cursos privilegiam aspectos de
aplicação dirigidos a interesses profissionais.
Quanto à comparação dos dados obtidos com os dados de estudo anterior de Vilan e Mueller
(2011), ponto de partida deste trabalho, podemos fazer várias afirmações. Primeiramente, considerando
o total de artigos oriundos de todos os tipos de orientação considerados na amostra, podemos observar
que o índice de artigos oriundos de orientações de teses e dissertações em CI diminuiu de cerca de
GT72337
60%, no estudo anterior, para cerca 50% (sendo 16% de Doutorado e 33% de Mestrado) no estudo
atual. Quanto aos 40% de artigos oriundos de orientações não identificadas no estudo anterior, e cujo
índice obtido no presente estudo foi maior (50%), podemos afirmar que boa parte é proveniente de
orientações de graduação das áreas de informação (28%), principalmente Biblioteconomia (22%) e
artigos com orientações de Mestrados (11%) e Doutorados (6%) de outras áreas. As diferenças de
índices observadas entre os dois estudos podem ser creditadas às diferenças na amostra (tamanho e
data de publicação) e eventuais diferenças na aplicação dos critérios de categorização das orientações.
Assim, ainda existem muitas questões a serem respondidas a respeito das orientações
relacionadas com artigos de periódicos escritos em autoria múltipla. Qual é a tendência do número
de orientações entre autores de artigos escritos em autoria múltipla, crescimento ou queda? Qual
a proporção de orientações de cada uma das outras áreas na produção de artigos em colaboração?
Qual a proporção de temas ligados às áreas de informação nas orientações de outras áreas? Qual a
proporção de orientadores das áreas de informação nas orientações de cursos outras áreas? Qual a
proporção de orientadores outras áreas nas orientações de cursos de áreas de informação? Perguntas
como essas só poderão ser respondidas com dados mais completos sobre o assunto e uma investigação
mais detalhada das relações entre orientações acadêmicas e os artigos científicos.
Abstract: It studies the relationship between academic advising and scientific articles written in
multiple authorship and published between 2005 and 2009 in Brazilian scientific journals in the areas of
information (Archival Science, Librarianship, Information Science, Documentation and Museology).
Aims at studying the influence of each type of academic advising in multiple authorship using two
units of analyses: academic advising and articles. As main source for information on articles data
base of bibliographical references on Brazilian scientific journals (ABCDM) was used. From a set
of 638 articles, published with multiple authorship between 2005 and 2009, a sample of 100 articles
was randomly selected, in which occurred 109 authorships with student/adviser relationship. Two
variables were studied: level of advising (undergraduate, specialization, master and doctorate) and
field of knowledge (all areas of information and other areas such as education and communication).
Tables were constructed in MS-Excel for bibliometric analysis that showed the following results: (1)
supervising at the master level is the main responsible for production of the articles examined (more
than 40%) followed by supervising at undergraduate level (about 30%), including conclusion works
(about 20%) and initiation to science (about 10%), and supervising at the doctorate level (about
20%); (2) other types of supevising, such as specialization courses and extension activities, have little
influence in the production of articles; (3) the proportion of courses in other areas of knowledge is
21%, what shows the degree of interdisciplinarity in journals of the areas of information; (4) within
the areas of information, indexes are focused in information science (almost 2/3), especially masters
and doctorate, and library science (1/3), mainly undergraduate. The results confirm previous research
results and describe the proportion of academic advising in more details.
Keywords: Academic Advising; Scientific Papers; Multiple Authoring; Scientific Periodicals; Information Studies, Brazil.
GT72338
REFERÊNCIAS
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POBLACION, Dinah Aguiar; WITTER, Geraldina Porto; SILVA, José Fernando Modesto da (Orgs.).
Comunicação e produção científica: contexto, indicadores e avaliação. São Paulo: Angellara, 2006.
cap. 7, p. 191-214.
FERREIRA, Lydia Masako; FURTADO, Fabianne; SILVEIRA, Tiago Santos. Relação orientadororientando: o conhecimento multiplicador. Acta Cirúrgica Brasileira. São Paulo, v. 24, n. 3, p. 170172, 2009.
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bibliométrico na área de comunicação. In: POBLACION, Dinah Aguiar; WITTER, Geraldina
Porto; SILVA, José Fernando Modesto da (Orgs.). Comunicação e produção científica: contexto,
indicadores e avaliação. São Paulo: Angellara, 2006. cap.5, p. 137-161.
MELLO, Gabriela Bentes de. Os tipos de orientação acadêmica em artigos de autoria múltipla.
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MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Avaliação do estado da arte da formação em biblioteconomia
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PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Cenário da pós-graduação em ciência da informação no Brasil:
influências e tendências. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 8., 2007,
Salvador. Anais... Salvador, 2007. Disponível em: <http://www.enancib.ppgci.ufba.br/artigos/GT1-226.pdf>. Acesso em: 9 jun. 2011.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2009.
334 p.
SANTOS-ROCHA, Ednéia Silva; HAYASHI, Carlos Roberto Massao. A comunicação científica de
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y Divulgación Científica, 2009, Campinas. Actas del Foro, Campinas, 2009.
TARGINO, Maria das Graças. Orientador ou tutor é autor? Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. esp., p. 144155, 2010.
GT72339
VILAN FILHO, Jayme Leiro. Autoria múltipla em artigos de periódicos científicos das áreas
de informação no Brasil. 2010. 215 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Faculdade de
Ciência da Informação, Universidade de Brasília, 2010.
VILAN FILHO, Jayme Leiro; MUELLER, Suzana P. M. A colaboração nos artigos brasileiros de
informação: o peso das parcerias orientador – orientando. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE
BIBLIOMETRIA E CIENTOMETRIA, 2., 2010, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar, [2011].
No prelo.
GT72340
COMUNICAÇÃO ORAL
CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADORES EM
TRATAMENTO TEMÁTICO DA INFORMAÇÃO: UM
ESTUDO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA POR MEIO DA
ANÁLISE DE DOMÍNIO
Luciana Garcia da Silva Santarem
Resumo: O objetivo desta pesquisa é caracterizar a comunidade científica brasileira em Tratamento Temático da Informação analisando sua produção por meio da publicação de livros,
capítulos de livros, artigos de periódicos, a partir de indicadores bibliométricos. Existe uma
tendência mundial, em todas as áreas de conhecimento, em se avaliar a produção científica, com
a finalidade de diagnosticar os avanços na área e os rumos seguidos, bem como os pesquisadores
mais produtivos para conhecimento de frente de pesquisa. No Brasil, estudos recentes mostram
que os diferentes profissionais se preocupam não só em estudar seu objeto principal, como também avaliar a informação que circula em sua área. Essa avaliação pode se realizar a partir de
estudos bibliométricos, apoiando-se nas recentes questões de análise de domínio. Existem algumas abordagens, como produção de guias de literatura, estudos epistemológicos até inteligência
artificial, incluindo, entre elas, os estudos bibliométricos, abordagem que será utilizada nesta
pesquisa. Procedeu-se da seguinte forma: o levantamento dos pesquisadores dos programas de
pós-graduação em Ciência da Informação no tema Tratamento Temático da Informação; seleção
da produção científica a partir das palavras-chave, utilizando-se como instrumento o próprio
currículo do pesquisador cadastrado na Plataforma Lattes; analisaram-se as temáticas mais contempladas nas publicações de livros e capítulos de livros e categorizaram-se as palavras-chave
referentes aos artigos, identificando aproximações temáticas e assuntos mais freqüentes em TTI,
bem como a consulta ao WebQualis para classificação dos periódicos onde os pesquisadores
publicam; realizou-se análise de coautoria entre os pesquisadores que constituem a comunidade
científica em estudo e levantaram-se as demais parcerias realizadas. Identificou-se a publicação
com colegas de outras instituições ou mesmo da própria instituição; realizou-se análise de cocitação na publicação de artigos. Confirmou-se a presença das vertentes teóricas do TTI; construiram-se as redes das coautorias e das cocitações utilizando-se o software Pajek.
Palavras-chave: Produção científica. Estudos bibliométricos. Tratamento Temático da Informação.
Análise de domínio.
GT72341
1 INTRODUÇÃO
Os estudos sobre a produção científica estão se difundindo em âmbito internacional e nacional
e em todas as áreas do conhecimento. Na Ciência da Informação esse fato vem tomando mais
consistência nos últimos anos, de modo a se configurar como um dos temas candentes. Ampliamse os estudos que contribuem para o estabelecimento da Ciência da Informação, como ciência que
produz, se conhece e se avalia, a partir de suas publicações.
O objetivo geral desta pesquisa é levantar características dos pesquisadores que formam a
comunidade científica brasileira no tema Tratamento Temático da Informação, a partir da produção
científica referente ao período de 2004 a 2008. Identificando um determinado grupo de atuação em
uma área considerada core nesta ciência, por meio da análise dos trabalhos em coautoria e construção
de rede, no sentido de se verificar os referenciais teóricos e correntes epistemológicas comuns aos
pesquisadores e evidenciar a frente de pesquisa atual, a partir dos autores cocitados.
Analisar uma comunidade de atuação científica por meio de análises quantitativas e qualitativas
permite contribuir para o estabelecimento de metas, podendo estimular novos enfoques ou corroborar
abordagens que já existem, e contribuir para a constituição de uma área mais consistente e fortalecida.
À luz dos estudos realizados por Hjørland, sobre análise de domínio, o presente estudo
fundamenta-se, metodologicamente, em uma de suas abordagens ─ os estudos bibliométricos ─ para
se conhecer o pensamento e lastro científico de uma comunidade.
2 TRATAMENTO TEMÁTICO DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DE DOMÍNIO POR MEIO
DA ABORDAGEM ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS
De acordo com Guimarães (2008, p.78), tanto na literatura como na atuação profissional o
Tratamento Temático da Informação (TTI) ocupa na Biblioteconomia “um espaço nuclear, visto
revelar a mediação entre a produção e o uso da informação, entre elas tecendo a mais sólida ponte: a
que dá acesso ao conteúdo informacional”.
O TTI apresenta-se a partir de três vertentes teóricas: a catalogação de assunto de matriz norteamericana, a indexação de matriz inglesa e a análise documental de matriz francesa (GUIMARÃES, 2009).
O desenvolvimento científico de determinada área acontece de modo específico, de acordo
com o conhecimento existente e já solidificado na área. Cada comunidade científica tem suas
características e, principalmente, sua cultura de pesquisa.
Na Ciência da Informação, a Análise de Domínio foi apresentada por Hjørland, juntamente
com Albrechtsen, em 1995. Para os autores (1995, p.400), cada domínio tem suas particularidades,
seus discursos ideológicos e por esta razão não podem ser tratados como semelhantes. Entende-se o
domínio como o reflexo de uma comunidade discursiva, com seus desdobramentos epistemológicos
e conceituais.
GT72342
A bibliometria é um dos meios de se aplicar os estudos métricos na Ciência da Informação.
Segundo Araújo (2006, p. 12), a bibliometria é uma
técnica quantitativa e estatística de medição dos índices de produção e disseminação do
conhecimento. (...) Consiste na aplicação de técnicas estatísticas e matemáticas para descrever
aspectos da literatura e de outros meio de comunicação (análise quantitativa da informação).
Spinak (1996, p.8, tradução nossa) destaca a análise de citações como “um ramo da bibliometria
que analisa padrões e frequência das citações feitas e recebidas pelos autores, pelas revistas, pelas
disciplinas de investigação, etc. e estuda as relações entre os documentos citados”. As contribuições
no desenvolvimento de pesquisa em conjunto são as possibilidades do compartilhamento de ideias
e a construção do conhecimento fortalecido. Segundo Fujino et al. (2009, p. 216), os avanços ou
retrocessos da ciência se dão em função da interação entre os pesquisadores, seja de forma direta, ao
se produzir e publicar em coautoria, ou de forma indireta, ao se realizar as citações de determinados
autores.
Neste estudo analisam-se as redes formadas pelos pesquisadores a partir de sua produção
científica. “A análise de redes não constitui um fim em si mesma. Ela é o meio para realizar uma análise
estrutural cujo objetivo é mostrar em que a forma da rede é explicativa dos fenômenos analisados”
(MARTELETO, 2001, p. 72).
Outro modo de se estabelecer uma rede entre pesquisadores é por meio da análise de cocitação.
Realiza-se, inicialmente, a partir da verificação dos autores citados dois a dois num terceiro documento
(EGGHE; ROUSSEAU, 2002, p. 349), e “estuda as relações e frequências dos pares de documentos
que são citados conjuntamente por outros documentos” (SPINAK, 1996, p.13, tradução nossa).
A contribuição que a análise de cocitação oferece é a oportunidade de se verificar dois
documentos serem citados simultaneamente. De acordo com Small (1973, p.268, tradução nossa) “a
cocitação constitui um instrumento para acompanhamento do desenvolvimento de campos científicos
e para avaliar o grau de inter-relação entre as especialidades”. Um documento apresentado diante de
um conjunto pode exercer pouca influência num determinado contexto, pois a análise pode se basear
em autores isoladamente, ao passo que um documento que figura junto de outro permite identificar,
com maior clareza, as linhas epistemológicas que amparam a pesquisa. Assim, evidenciam-se os
trabalhos que são considerados como os pioneiros de um campo específico (CALLON; COURTIAL;
PENAN, 1995), facilitando a identificação de pesquisadores ou publicações tidos como “clássicos”
para determinada área do conhecimento.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Iniciou-se com a seleção dos Programas de Pós-graduação em Ciência da Informação a
partir dos websites da ANCIB e CAPES. Analisadas as ementas e destacados os pesquisadores com
produção relacionada ao quadro de conteúdos de Liberatore e Guimarães (2004, p.132). Houve ainda
GT72343
cotejo com os pesquisadores sócios da ISKO-Brasil. O corpus totalizou em 21 pesquisadores atuantes
em Programas de Pós-graduação em Ciência da Informação nas seguintes instituições: UFBA, UFPB,
UFSC, USP, UNESP, UNB, UFMG, UEL, UFF11, UFRJ/IBICT e UFPE12.
Para a composição das tabelas e das matrizes, os pesquisadores tiveram seus nomes substituídos
pela sigla que identifica a sua instituição, sequência numérica para todos os pesquisadores. As
variáveis estudadas foram livros, capítulos de livros e artigos de periódicos, nacionais e internacionais
publicados entre 2004 e 2008.
A análise da produção científica ocorreu por meio do lançamento da frequência da produção.
Construiu-se a tabela e feitos os destaques aos pesquisadores mais produtivos.
Destaque-se que a análise temática realizou-se a partir do quadro de conteúdos de Liberatore
e Guimarães (2004, p.132), onde aparecem as temáticas contempladas em TTI, conforme segue:
análise, condensação, representação, índice, resumo, classificações, lista de cabeçalhos de assunto,
tesauros, terminologias, ontologias.
Foram excluídos os trabalhos de pesquisa que contemplam outros temas, que não TTI.
A produção de livros e capítulos foi classificada e os artigos tiveram suas palavras-chave
categorizadas. Construíram-se três tabelas, uma para cada variável.
O estrato Qualis dos periódicos onde os pesquisadores publicaram foram levantadas no
próprio sistema WebQualis. Uma matriz com todos os títulos dos periódicos foi construída e cada
título identificado com o seu estrato correspondente.
A análise de coautorias considerou as publicações em colaboração entre os próprios
pesquisadores em estudo, denominadas coautorias intragrupo, e também as coautorias extragrupo,
quando estas colaborações ocorreram com pesquisadores de fora do grupo sob análise. Tanto no
primeiro como no segundo caso, construiu-se a matriz de coautoria entre os pesquisadores em estudo
para cada tipo de publicação.
Para a análise de cocitação selecionou-se a variável artigo de periódico, por se constituir na
maior frequência de produção científica. Para identificação dos autores mais citados, elaborou-se
uma lista única com todo o referencial utilizado nas publicações. O autor mais citado obteve 58
ocorrências.
Para a construção da matriz de cocitação, trabalhou-se com os autores que receberam pelo
menos 19 citações. Constituiu-se uma matriz simétrica de 15 X 15, onde identificou-se a frequência
com que cada autor apareceu citado conjuntamente com seus pares; a partir desta matriz, construiu-se
a rede de cocitação.
As planilhas receberam tratamento do software Pajek e foram geradas as redes correspondentes
para a demonstração gráfica da formação de redes de colaboração científica.
11 O período abrangido pela pesquisa corresponde ao tempo em que o convênio do IBICT/ UFF estava em vigor, tendo retornado à
UFRJ em 23 de outubro de 2008. Não ocasionou alteração no corpus em estudo.
12 Programa de pós-graduação iniciado no segundo semestre de 2009.
GT72344
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A Tabela 1 apresenta a produção total dos pesquisadores analisados, nas três variáveis
estudadas, desprezando-se as demais produções realizadas em outras áreas que não em TTI.
TABELA 1: TOTAL DE PUBLICAÇÃO DOS
PESQUISADORES, em TTI
Pesquisadores
Cap.
Livros
Livros
Artigos
1UFF
2
11
2UFF
4
2
3UFF
4UFMG
5UFMG
1
1
1
3
1
2
6UFMG
13
7UFMG
2
5
8UFMG
1
5
9UNB
1 10UNB
1
11UNESP
4
14
16
12UNESP
3
18
10
7
1
13UNESP
14USP
1 15USP
2
16USP
17USP
18USP
1
19USP
2
10
1
2
2
3
2
1 8
20UFSC
1
5
21UFPB
1
3
58
103
TOTAL
13
Fonte: Dados da pesquisa
A produção científica em artigos de periódicos é de grande destaque em relação às demais
variáveis. É uma publicação que permite maior visibilidade. Os livros constituem a literatura mais
clássica, os artigos a literatura mais dinâmica e atual, proporcionando consumo imediato. Por outro
GT72345
lado, a publicação em periódicos mostra a solidificação da Ciência da Informação, pois a publicação
se realiza a partir da avaliação dos pares.
Uma das razões para a publicação de livros ainda apresentar baixa ocorrência em relação à
publicação de periódicos é a condição apontada por Meadows (1999, p.170). O tempo de preparo de
uma obra avulsa é muito maior do que de um artigo, desse modo apenas temas que não se tornem
obsoletos facilmente são alvo deste formato.
Ao analisar a produção de artigos, destaquem-se os seguintes pesquisadores: 11UNESP, com
a maior produção na publicação de artigos, totalizando 16, seguido pelos pesquisadores 6UFMG,
com 13 artigos; 1UFF, com 11; 12UNESP e 15USP, com 10 artigos. Tais pesquisadores representam
o desenvolvimento da área na publicação de artigos, são disseminadores do tema, com poder de
sinalizar novos caminhos e influenciar novas pesquisas.
Na publicação de capítulos de livros, o destaque é do pesquisador 12UNESP, com 18
capítulos publicados. Apenas um pesquisador representa aproximadamente 31% da publicação
dos capítulos de livro em análise. De modo fortemente representativo em relação aos demais
pesquisadores analisados está o pesquisador 11UNESP, totalizando 14 capítulos. Identificase aqui um comportamento de relevância na publicação de capítulos de livros, considerando a
maioria dos pesquisadores estudados que também publicaram neste formato, com média de um
artigo por pesquisador. Ao analisar o terceiro pesquisador, observa-se que também é afiliado à
UNESP, ou seja, 13UNESP, com 7 publicações. A soma desta produção coloca a UNESP em
posição de destaque, como instituição responsável por aproximadamente 67% em relação ao
total de publicações de capítulos.
Na presente pesquisa, observa-se que apenas parte dos pesquisadores analisados publicou
livros, ainda assim com baixa frequência. Há destaque para os pesquisadores 11UNESP e 12UNESP,
com quatro e três publicações, respectivamente. Reafirmando sua conduta de alta produtividade,
tem em seu conjunto a publicação de 7 livros, que representa 54% aproximadamente do total das
publicações analisadas. O pesquisador 15USP possui duas publicações. Na sequência, tem-se
5UFMG, 14USP, 15USP e 19USP, com uma publicação. Ou seja, os pesquisadores investigados, de
modo geral, publicam com maior frequência em periódicos.
Agrupando os pesquisadores a partir das instituições, tem-se a UFMG com 28 artigos
publicados, quantidade que representa aproximadamente 27% do total da produção em análise.
Porém, a UNESP, com 27 artigos, tem 26% aproximadamente da produção de artigos em análise,
mas é representada por apenas 3 pesquisadores, com 9 artigos em média por pesquisador. Com 25
artigos, a USP também se destaca entre as demais instituições, embora este número de publicações
seja possível por meio da produção de 6 pesquisadores.
Na tabela 2, apresentam-se as temáticas mais frequentes pesquisadas na publicação de livros,
tanto como autor ou como organizador, ressaltando-se que os temas clássicos e atemporais são
destinados aos livros.
GT72346
TABELA 2: APRESENTAÇÃO DAS TEMÁTICAS NA PUBLICAÇÃO DE LIVROS
1UFF
2UFF
3UFF
4UFMG
5UFMG
6UFMG
7UFMG
8UFMG
9UNB
10UNB
11UNESP
12UNESP
13UNESP
14USP
15USP
16USP
17USP
18USP
19USP
20UFSC
21UFPB
TOTAL
1
1
1
2
1
1
7
1
1
3
2
1
1
1
1
8
1
0
0
0
0
Total da produção em Livros
ONTOLOGIAS
TERMINOLOGIAS
TESAUROS
CLASSIFICAÇÕES
LISTAS DE CABEÇALHOS DE
ASSUNTO
Instrumentos
RESUMO
ÍNDICE
CONDENSAÇÃO
Produtos
REPRESENTAÇÃO
Processos
ANÁLISE
0
0
1
4
3
1
2
1
1
13
Fonte: Dados da pesquisa
Destacam-se os temas Análise e Representação como mais frequentes. Os temas indicam
a importante orientação desempenhada pelo TTI. A representação pretende tornar acessível um
documento remotamente, para isso são elaborados modos de se fazer identificar a partir de uma
descrição abreviada, ou seja, representação. Anteriormente, tem-se a análise que visa identificar o
melhor meio de se realizar a representação.
Liderados pelo pesquisador 11UNESP, com três publicações em representação e uma em
análise, confirma-se na articulação a relação entre os dois temas. Mais evidente torna-se ao verificar as
publicações dos pesquisadores 14USP, 15USP, 17USP e 19USP, todos com publicação englobando os
dois temas. Destaca-se o pesquisador 5UFMG, com uma publicação em análise, ou seja, o tema mais
GT72347
teórico na produção de livros. Registra-se ainda o pesquisador 12UNESP, com publicação relativa aos
temas abordados pelos “processos”, temáticas clássicas.
A publicação de livros apresenta os tópicos mais teóricos e, portanto, os mais clássicos.
Independentemente de evoluções e/ou revoluções tecnológicas, os “processos” não se modificam
como os “instrumentos”, que recebem maior influência do contexto e avanço tecnológico.
Na Tabela 3, apresenta-se a análise da publicação de capítulos a partir das temáticas, de modo
similar aos livros.
TABELA 3: APRESENTAÇÃO DAS TEMÁTICAS NA PUBLICAÇÃO DE CAPÍTULOS DE LIVROS
4 9 6 1
20
1
1
1 2 1 1 1 1 4
8
1 1 21
7 1 8
Fonte: Dados da pesquisa
GT72348
0
1 1 1 1 4
1 1
ONTOLOGIAS
1 2
2
1
1
3
1
1
1
1 0
2
4
2
1
1
1
Total da produção em Cap. Livros
TERMINOLOGIAS
TESAUROS
CLASSIFICAÇÕES
LISTAS DE CABEÇALHOS DE
ASSUNTO
Instrumentos
RESUMO
ÍNDICE
ANÁLISE
1UFF
2UFF
3UFF
4UFMG
5UFMG
6UFMG
7UFMG
8UFMG
9UNB
10UNB
11UNESP
12UNESP
13UNESP
14USP
15USP
16USP
17USP
18USP
19USP
20UFSC
21UFPB
TOTAL
Produtos
REPRESENTAÇÃO
Processos
CONDENSAÇÃO
8
1
14
18
7
2
1
2
2
1
1
58
Observa-se que a maioria dos pesquisadores analisados, mais de 70% deles, publicam sob este
formato, confirmando-se a afirmação de Meadows (1999), de sobrevalência de capítulos de livros
sobre a publicação dos livros. Entende-se que o preparo de capítulo de livro não é tão demorado
quanto de uma obra no todo, assim, os pesquisadores se veem estimulados para esta prática.
Repetindo as marcas atingidas nas publicações de livros e artigos, os pesquisadores 11UNESP
e 12UNESP aparecem com grande destaque em relação aos demais pesquisadores analisados. Destacase o número de ocorrências nas publicações dos temas análise e representação. Dessa forma, entendese que são pesquisadores atuantes em temas mais clássicos, passando rapidamente por temas que se
atualizam mais constantemente, isto é, os “instrumentos”.
Por outro lado, ao analisar as publicações apenas dos demais pesquisadores, desconsiderando
a publicação da UNESP, observa-se que o tema representação continua sendo responsável pela maior
parte das publicações e, portanto, tema constante de desenvolvimento de pesquisas.
Verifica-se ainda que o tema terminologias, relativo aos “instrumentos”, é rapidamente
contemplado por pesquisadores de parte das instituições, ou seja, UFMG, com um; USP, com três;
UFSC, com um; UNESP, com três.
Finalizando a questão temática, apresenta-se a Tabela 4, com a categorização das palavraschave.
TABELA 4: APRESENTAÇÃO DAS TEMÁTICAS NA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS
1UFF
2UFF
1
1
3
Total da produção em
Artigos
ONTOLOGIAS
TERMINOLOGIAS
TESAUROS
LISTAS DE
CABEÇALHOS DE
ASSUNTO
RESUMO
CLASSIFICAÇÕES
Instrumentos
1 4 3 2
1
2 1 ÍNDICE
CONDENSAÇÃO
1 3UFF
4UFMG
Produtos
REPRESENTAÇÃO
Processos
ANÁLISE
5
4
11
1 1 1 2
2 8 13
1
1
1
3
5UFMG
3 6UFMG
2 7UFMG
4 2 4
3
1
5
1 3
2
2
5
2 3
10 3
1
1 3
8UFMG
9UNB
10UNB
11UNESP
8 12UNESP
4
1
1 1
GT72349
13
1
1
16
10
13UNESP
14USP
4 1 15USP
2 1
21 10
16USP
1
3 2
17USP
1
3 3
18USP
1 2
12 8
6 5
19USP
1 2 20UFSC
3 2 21UFPB
TOTAL
33
3
1
24
2 3 20
1
2
12
0
15
79
2
3
11
103
Fonte: Dados da pesquisa
Inicialmente, destaca-se a grande produção de artigos relativos aos “instrumentos”, que
totaliza 117 palavras. Em segundo lugar, as palavras correspondentes aos “processos” somam 58
expressões. Por fim, os “produtos”, temática responsável por 21. Assim, mesmo que somadas (79),
estas duas últimas contemplam menos palavras-chave que “instrumentos”.
Nesta última categoria, destaca-se a palavra chave “terminologias”, com total de 79 ocorrências,
sendo a maior frequência de palavras-chave. Entre elas, a própria palavra “terminologia” apareceu 18
vezes, ou seja, aproximadamente 23% das palavras relacionadas com “terminologias”.
Ressalta-se o pesquisador 15USP, com maior produção neste tema, contemplando
aproximadamente 27% da publicação em terminologias, com 21 palavras relacionadas. Seguem
com elevada produção os pesquisadores 11UNESP, com 13, e 19USP, com 12 ocorrências. Os três
últimos citados são considerados os pesquisadores mais produtivos em artigos de periódicos que se
utilizam de palavras-chave relacionadas com “terminologias”, refletindo o maior desenvolvimento de
pesquisa neste tema. Do total de 21 pesquisadores, 13 trabalham com o tema em questão, refletindo
uma forte tendência de se trabalhar com “instrumentos” em TTI.
Os demais temas apresentados com palavras-chave relacionadas são tesauros, com 15,
classificações, com 12, e ontologias, com 11, valores que refletem uma moderada produção na
categoria “instrumentos”.
Na categoria “processos”, as palavras-chave mais utilizadas são as que estão relacionadas
com análise e representação. Como já observado anteriormente, os pesquisadores têm produção
substancial nestes temas, de forma semelhante a livros e capítulos de livros. Dos 21 pesquisadores,
12 trabalham com representação e 11, com análise, temas profundamente articulados entre si dentro
de TTI. Considerando que estão relacionados aos aspectos fundamentais e basilares.
O pesquisador 11UNESP contribui de modo mais forte neste tema, com 8 palavras-chave em
análise, tendo assim aproximadamente 24% de participação nas palavras deste tema, demonstrando
alta produtividade. Em seguida, com produção mais moderada, estão os pesquisadores 7UFMG,
GT72350
12UNESP e 13UNESP, com 4 palavras cada um, responsáveis por 12% das palavras-chave.
Em “produtos”, as palavras relacionadas ao índice são as que mais se destacam, com 20
ocorrências, enquanto resumo apareceu apenas em um único artigo. Destaca-se, novamente, o
pesquisador 11UNESP, responsável por metade das palavras-chave relacionadas ao índice. O
pesquisador que mais publicou na sequência foi 21UFPB, com três palavras.
Por outro lado, analisando as temáticas de artigos produzidas por instituições e agrupando
as palavras, tem-se a UNESP, com 11 palavras; a UFMG, com 4; a UFPB, com 3; e a UFF, com 2.
Ressalta-se que a UFPB é contemplada por apenas um pesquisador.
O gráfico (Figura 3) apresenta os títulos dos periódicos onde os pesquisadores publicaram
seus artigos, juntamente com seu estrato Qualis.
Fonte: Elaboração própria
Fig. 3 Artigos publicados e periódicos classificados no Qualis
Verifica-se a grande quantidade de publicações na revista “Datagramazero: Revista de
Ciência da Informação” (Qualis B2), com 22 publicações das 103 levantadas. É uma revista editada
exclusivamente em meio eletrônico, com interlocução com outras áreas, como a Comunicação,
Filosofia e Políticas Públicas. As relações com as demais áreas permitem amplitude nas reflexões
sobre a Ciência da Informação, favorecendo seu desenvolvimento. Daí a importância do TTI para
GT72351
a Ciência da Informação, uma vez que a publicação destes pesquisadores é constante no periódico
analisado.
Destacam-se, ainda, as publicações “Transinformação” (Qualis B2) e a “Perspectivas em
Ciência da Informação” (Qualis A2), com 11 e 10 artigos, respectivamente. Estes periódicos confirmamse como periódicos voltados para a publicação das questões temáticas, especialmente o segundo
título, periódico afiliado à UFMG, instituição responsável pela editoração, cujos pesquisadores são
responsáveis por aproximadamente 27% da produção de artigos em TTI.
Registrem-se, ainda, as publicações em “Ciência da Informação” (Qualis A2), Informação &
Sociedade: Estudos” (Qualis B1) e “Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência
da Informação” (Qualis B2), com forte presença no contexto acadêmico, com software específico para
este fim, com a finalidade de divulgação das pesquisas e aumento da visibilidade dos pesquisadores.
Apesar de a revista “Ciência da Informação” ser a mais antiga na área, no Brasil, os pesquisadores
em estudo publicaram com baixa frequência no período estudado. Com o passar do tempo e novas
publicações surgindo, até mesmo com o objetivo de divulgar temas mais específicos, este título
direcionou-se para temas mais relacionados com a dimensão tecnológica, ou seja, distanciando-se um
pouco de TTI.
Com relação às temáticas, os artigos publicados na revista “Datagramazero: Revista de
Ciência da Informação”, analisados individualmente, constatam que o tema com maior frequência
está inserido na categoria “Terminologia”. Confirma-se, pois, que temas relacionados às questões que
se envolvem mais aproximadamente ao contexto, sujeitos à obsolescência natural, são publicados
com alta frequência em periódicos.
Com baixa ocorrência aparecem títulos internacionais (Europa), tais como: Knowledge
Organization, Scire e Cadernos BAD. Desse modo, identifica-se baixa visibilidade ao país e ao
desenvolvimento da Ciência da Informação como um todo no cenário internacional.
Outro tópico de análise nesta pesquisa são as redes que se formam a partir dos trabalhos
realizados em coautoria e as cocitações, destacando a importância das parcerias, com o objetivo de
se verificar as correntes teóricas comuns de pensamento epistemológico e dar visibilidade à frente de
pesquisa, no caso das cocitações.
Saliente-se a área de conhecimento que esta pesquisa investiga, ou seja, as ciências sociais
aplicadas. As ocorrências de coautoria ainda são baixas em relação às ciências duras. Mas, de acordo
com Meadows (1999), existe uma tendência geral em todas as áreas do conhecimento, no sentido de
colaboração e no trabalho em coautorias.
A análise de coautorias pretende responder se esses pesquisadores se reconhecem como
coautores em potencial, na medida em que constituem uma comunidade relativamente restrita, que
trabalham no mesmo tema e são pesquisadores de ponta na área de TTI. Desse modo, eles têm a
capacidade e responsabilidade de delinear os caminhos futuros, além de exercer influência sobre os
rumos para os pesquisadores iniciantes.
GT72352
Na Figura 4 apresenta-se a rede de coautorias, relativa à publicação de artigos de periódicos.
Observa-se que a espessura dos segmentos que ligam os pesquisadores mostra a frequência de trabalhos
em coautorias. As áreas dos círculos representam a frequência de publicação de artigos, podendo aqui
ser destacado que o pesquisador pode ter sua produtividade em coautoria com o grupo em estudo ou
em coautorias com estudiosos fora do grupo pesquisado, quer seja, os pesquisadores extra-grupo.
Neste caso, toma-se como exemplo o pesquisador 11UNESP, que não trabalha em coautoria com os
pesquisadores do grupo em estudo, porém sua parceria ocorre com estudiosos externos à comunidade
pesquisada, como pode ser visto na Tabela 5, quando esse pesquisador publica 12 artigos em parceria.
Fonte: Elaboração própria
Fig. 4 Coautoria na publicação de artigos de periódicos
Calculou-se a densidade total da rede de colaboração, tomando-se o quociente entre o número
de conexões existentes (7) pelo total de conexões possíveis (210), resultando em 0,03, configurando
3% das possibilidades de conexões, indicador que mostra uma tênue cooperação entre os autores
(OLIVEIRA; GRACIO, 2009).
Destacam-se ainda as coautorias entre os seguintes autores: 17USP, 18USP e 19USP,
denominadas clique, por constituir um trio de autores em que cada um está lidando direta e fortemente
com todos os outros, especialmente os pesquisadores 18USP e 19USP, “nós”, ligados por segmentos
mais espessos.
A Figura 5 mostra o comportamento relativo à publicação de livros em parceria entre os
pesquisadores analisados.
Observa-se primeiramente a quase inexistência de ligação entre os pontos, ou seja, existem
sete instituições em estudo e apenas duas delas estabelecem conexões. Uma razão forte para este
comportamento é a própria atividade de publicação em livros que ainda está se estabelecendo na área,
como já observado anteriormente.
GT72353
Fonte: Elaboração própria
Fig. 5 Coautoria na publicação de livros
Destaque-se novamente a fragilidade da rede, com densidade de, aproximadamente, 0,04, isto
é, 4%, porém observando-se a coautoria entre os pesquisadores de instituições distintas, tal como
15USP e 11UNESP, fato que já delineia uma rede possível de fortalecimento. Especialmente nas
redes estabelecidas na comunidade USP, dos seis pesquisadores identificados para o presente estudo,
quatro desenvolveram a publicação de livro em conjunto, formando um clique, pois todos os pontos
da rede estão interligados.
A Figura 6 apresenta a rede de produção em capítulos de livros, rede ainda mais frágil,
com densidade quase nula, ocorrendo apenas uma coautoria entre os pesquisadores 12UNESP e
13UNESP, embora a produtividade em capítulos de livros seja alta se comparada com a produção
de livros.
Fonte: Elaboração própria
Fig. 6 Coautoria na publicação de capítulos de livros
GT72354
As publicações em parceria, com pesquisadores extra-grupo, além daqueles investigados
no presente estudo, estão na Tabela 5, que mostra a frequência de coautorias de publicações desta
comunidade com outros pesquisadores.
Autoria
N-upla
Autoria
Quadrupla
Autoria
Tripla
Autoria
Dupla
TABELA 5: PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS PESQUISADORES, EM TTI, EXTRA-GRUPO
A
L
C
1UFF
5 2UFF
3UFF
1 4UFMG
2 5UFMG
A
1
L
C
2 1
1 1 1 1 7UFMG
2
1
8UFMG
2
2 1 1 1 1 1 4 1 1 7
2
12UNESP
7
2
5
1 3 13UNESP
1 3 3 15USP
5 16USP
17USP
18USP
1 19USP
7 20UFSC
5 C
1
21UFPB
L
9
A
1 11UNESP
14USP
C
3
10UNB
L
6UFMG
9UNB
A
1
4
1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1
1 1 Fonte: Dados da pesquisa
OBS: A = artigo de periódico; L= livro; C= capítulo de livro
Na coluna referente à autoria dupla, observa-se a maior frequência de ocorrências de
publicação, pois há a atuação de orientador e orientando.
Destaca-se mais uma vez o pesquisador 11UNESP, com nove parcerias em dupla para a
divulgação em formato de artigos de periódicos. Os pesquisadores 12UNESP e 19USP aparecem
GT72355
com sete parcerias, assim como 1UFF e 15USP, com cinco parcerias duplas na publicação de
artigos.
A publicação de livros se dá com baixa frequência, mas com todas as variações na quantidade
de parcerias.
Outro destaque se dá para a publicação com mais de cinco colaboradores. Como já mencionado,
essa prática inicia-se nas ciências sociais Meadows (1999, p.110).
Em relação às cocitações, foram levantados os autores mais citados e selecionados os 15 que
receberam pelo menos 19 citações.
Os pontos de ligação representados pelos círculos são denominados vértices, que estabelecem
as conexões existentes. Os segmentos que unem os vértices são denominadas edges, e a sua espessura
é a representação de um valor.
Neste caso, a figura equivale à quantidade de ocorrências de cocitação dos autores. Na rede
de cocitação construída com os 15 autores mais citados, as áreas dos círculos (vértices) se referem
à frequência com que os autores foram citados, e a espessura dos segmentos de reta (edges), à
intensidade de cocitação entre os pares.
Fonte: Elaboração própria
Fig. 6 Cocitação na publicação de artigos de periódicos
Esta rede apresenta-se fortemente densa, com densidade igual a aproximadamente 83%, o que
significa alta conexão entre os elementos e alta conectividade da rede.
Destaque-se uma tríade fortemente cocitada, constituída pelos autores Lara, Tálamo e
Kobashi (Brasil), que são pesquisadores da primeira geração do grupo de pesquisa denominado
TEMMA, afiliado à USP/ECA, e se destaca pela base Gardiniana. São pesquisadores importantes no
cenário brasileiro, no tema Tratamento Temático da Informação. Compõem uma sub-rede de autores
constituída a partir da abordagem lingüística de Análise Documental, que encontra consonância em
Gardin e que dialogam com Garcia Gutierrez por meio de relações acadêmicas e interlocução com
este grupo. Cocitados com aproximadamente todos os demais autores.
GT72356
Outra tríade é constituída pelos autores Dahlberg (Alemanha), Ranganathan (Índia) e Campos
(Brasil). Observe-se que especialmente os dois primeiros oferecem estudos clássicos para a área;
Dahlberg é pioneira na ISKO; e Ranganathan consolidou a Classificação baseada em análise facetada,
ou seja, esta sub-rede representa a base classificatória, fundamentada pela Teoria da Classificação
que encontra diálogo com as ontologias ao apresentar ligações com Guarino representando a corrente
anglo-saxônica. Ainda com esta tríade, destaca-se Gomes, com grande número de cocitações com
Campos. Trata-se de autores que produzem em coautoria, o que fortalece a frequência em ligações
na cocitação.
Destaque-se ainda a alta conectividade com autores internacionais, tais como: Garcia
Gutierrez (Espanha), Hjørland (Dinamarca) e Guarino (Itália), considerados clássicos na área.
Embora a frequência seja baixa, representada pela espessura mais fina do segmento, a ocorrência
de cocitações é grande, considerando a quantidade de ligações que cada um deles possui com os
demais autores tanto, brasileiros como estrangeiros. Hjørland é o autor que se apresenta como o
ponto de conexão entre as sub-redes. Observa-se forte ligação entre Fujita e Lancaster atuantes
em Indexação. E, assim, identificam-se as vertentes teóricas de análise documental e indexação
sendo contempladas.
Guimarães tem forte ligação com todos, mas não pertence exclusivamente a nenhuma das
vertentes, pois assim, tem condições de analisar todas elas com olhar externo, permitindo a amplitude
necessária.
Dos 21 pesquisadores que constituem o grupo de pesquisa estudado inicialmente, os
pesquisadores 1UFF, 11UNESP, 12UNESP, 15USP, 17USP, 18USP e 19USP estão também entre o
grupo dos cocitados, portanto entre os 15 mais citados.
Na atualidade, observa-se que os autores brasileiros presentes nesta rede se constituem como
construtores das bases teóricas na área, no Brasil. Desse modo, o referencial teórico em TTI de
autores brasileiros se alinha às correntes de pensamento de pesquisadores de âmbito internacional e se
apresentam fortalecidos em relação aos autores internacionais, ou seja, os pesquisadores em análise
aparecem também cocitados, indicando que, no Brasil, a área de TTI já apresenta consistência teórica.
5 CONCLUSÕES
De modo geral, observa-se que a comunidade de pesquisadores em estudo publica suas
pesquisas por meio do formato artigo de periódico. Em menor escala, a divulgação dos trabalhos
também acontece nos formatos de livros e capítulos de livros, apesar do pequeno volume de livros
publicados. A publicação em periódicos torna o conhecimento científico mais dinâmico, fato que
permite a divulgação da informação em tempo menor do que o exigido para o preparo de um texto no
formato livro. Alguns pesquisadores, tais como 1UFF, 6UFMG, 11UNESP, 12UNESP e 15USP, se
destacam, pois publicam com maior frequência, independente do formato.
GT72357
No tocante às temáticas, verifica-se uma tendência para pesquisas voltadas para os processos
que compõem a Organização da Informação, de acordo com o referencial utilizado para classificação
da produção científica do grupo. Os temas “Análise” e “Representação” são mais pesquisados e
divulgados no formato de publicação de livros, principalmente por serem entendidos como
“processos”, são mais teóricos e, portanto, de menor obsolescência. No caso dos capítulos de livros,
as pesquisas se realizam em temas correspondentes aos “processos”, “produtos” e “instrumentos”.
Os artigos de periódicos que publicam temas relativos, em sua maioria, aos “instrumentos” foram os
mais contemplados, em razão de serem mais dependentes do contexto e do avanço tecnológico.
A maior parte dos artigos foi publicada em periódicos nacionais com estrato Qualis, em
acordo com as exigências mínimas de qualificação, garantindo a qualidade exigida pelos Programas
de Pós-graduação brasileiros. As revistas internacionais, mesmo com baixa frequência de publicação,
têm boa avaliação do Qualis, e permitem visibilidade aos pesquisadores e suas pesquisas, em âmbito
nacional e internacional.
Com relação à constituição da rede de coautorias entre os pesquisadores da comunidade
identificada, observa-se uma rede em construção, uma vez que, em muitas situações, as ligações dos
pesquisadores se dão mais fortemente em conjunto com outros pesquisadores, além destes em estudo.
Esses pesquisadores têm a maioria das coautorias entre orientador e orientando, até pelas solicitações
do contexto da pós-graduação brasileira.
A rede construída a partir das cocitações, diferentemente das anteriores, apresenta-se
fortemente ligada, o que representa alta densidade. As cocitações apresentam os pesquisadores que
fazem a frente de pesquisa em TTI, tanto os brasileiros quanto os internacionais, destacando-se que
a maioria dos autores brasileiros são os pesquisadores analisados na presente pesquisa, exceto um
deles.
No desenvolvimento de pesquisas futuras, recomenda-se o aprofundamento, especialmente
na questão das redes e seus indicadores, tais como os indicadores de centralidade, cálculo do Índice
H e outros indicadores de produtividade, bem como a expansão dos estudos bibliométricos em outras
temáticas da Ciência Informação.
Abstract: This study aimed to characterize the brazilian scientific community on Subject Treatment
of Information analyzing its production through the publication of books, book chapters, journal
articles, based on bibliometric indicators. There is a worldwide trend in all areas of knowledge in
evaluating the scientific production, in order to diagnose the progress in the area and followed the
directions and the most productive researchers aware of the research front. In Brazil, recent studies
show that different professionals are concerned not only to study its main subject, assess the information that circulates in their midst and in your area. This evaluation can be performed from bibliometric
studies, relying on recent issues of domain analysis. There are some approaches, such as production
of guides to literature, to epistemological studies artificial intelligence, including among them, the
bibliometric studies, an approach that will be used in this study. Proceeded as follows: a survey of
researchers of post-graduate in Information Science in the theme song Subject Treatment of InforGT72358
mation; selection of scientific production from the keywords, using as instrument the researcher’s
own curriculum registered Database Platform; analyzed the most frequent theme addressed in the
publications of books and book chapters and categorized in the keywords related to the articles by
identifying themes and approaches more frequent in subjects Subject Treatment of Information, as
well as consultation for the classification of WebQualis journals where researchers publish; analysis
was performed of co-authorship among researchers is that the scientific community to study and rose
out other partnerships. We identified the publication with colleagues from other institutions or even
the institution itself; analysis was performed of co-citation the publication of articles. Confirmed the
presence of the theoretical aspects of Subject Treatment of Information, built up a network of coauthorship and a network of co-citation using the software Pajek.
Keywords: Scientific production. Biblometrics. Subject Treatment of Information. Domain-analys.
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GT72360
COMUNICAÇÃO ORAL
MAPEAMENTO DO USO DE ÍNDICES DE CITAÇÃO E
INDICADORES BIBLIOMÉTRICOS NA AVALIAÇÃO DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA
Rogério Mugnaini, Denise Peres Sales
RESUMO
O objetivo deste estudo foi mapear o uso dos índices de citação e indicadores bibliométricos pelas
diversas áreas, na avaliação da produção científica brasileira. Baseou-se numa análise de conteúdo dos
documentos de área do Qualis, que identificou a função dos índices de citação e indicadores bibliométricos
na composição dos critérios para classificação dos periódicos do estrato A1 de classificação. Observouse que 37 áreas de avaliação (ou 80,4% do total) pautam-se na Web of Science/Journal Citation Reports
(WoS/JCR), 18 (39,1%) na Scopus e 17 (37%) na SciELO para atribuir a um periódico a classificação
A1. O nível do Fator de Impacto mínimo exigido no referido de estrato varia de 6,0 (Astronomia / Física)
a 0,5 (Administração, Ciências Contábeis e Turismo e Geografia). A maioria das áreas não menciona
o ano de edição do JCR utilizado como referência. Apesar do cenário diversificado apresentado pelo
mapeamento dos critérios das áreas de avaliação, nota-se alguma uniformidade nas grandes áreas. A
utilização generalizada dos índices de citação inclui áreas de menor tradição de publicação internacional
– Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas – que apesar de não se basear num indicador exige a
indexação dos periódicos nos índices internacionais. O Índice H evidencia sua utilidade complementar
ao Fator de Impacto (principalmente nas áreas da Saúde), mostrando assim o uso que vem se fazendo
da Scopus, e sugerindo que outras áreas podem vir a fazer uso desta alternativa. Finalmente, destacase a importância de uma análise comparativa dos critérios de avaliação das diferentes áreas, uma vez
que muitas críticas vêm sendo feita pelos pesquisadores da própria área, mas nem sempre pautadas nos
logros já evidenciados por outras áreas de avaliação.
Palavras-chave: Periódicos científicos; Avaliação de produção científica; Qualis; Índices de
Citação; Indicadores Bibliométricos.
ABSTRACT
This study aimed to map the usage of citation indexes and bibliometric indicators, by the diverse
scientific areas, in the evaluation of the Brazilian scientific output. Through the content analysis of the
documents of each Qualis area, it was identified the function of the citation indexes and bibliometric
indicators to compose the classification criteria of scientific journals of stratum A1. It was observed
that 37 evaluation areas (80.4%) propose their criteria based in Web of Science/Journal Citation
Reports (WoS/JCR), 18 (39.1%) in Scopus and 17 (37%) in SciELO to attribute to a journal the A1
classification. The minimum level of Impact Factor required by the stratum varies from 6.0 (Astronomy/
GT72361
Physics) to 0.5 (Business Administration, Accounting & Tourism and Geography). Most of the areas
do not mention the JCR edition used. Despite of the diversity of the presented scenario showed by
the the mapping of evaluation scientific areas, some similarity is found inside the broad scientific
areas. The generalized utilization of citation indexes includes areas less internationally productive
– Humanities and Applied Social Sciences – that require journal indexing in international indexes,
instead of setting a level to an indicator. H index begins to be used to complement the Impact Factor
(principally in Health Sciences), showing the Scopus utilization, and suggesting an alternative way to
other areas. Finally, we highlight the importance of a comparative analysis of the evaluation criteria
of different areas, since many criticisms have been made by researchers of their own area, but has not
always been as evidenced by achievements in other areas of evaluation.
Keywords: Scientific journals; Scientific Evaluation; Qualis; Citation Index; Bibliometric Indicators.
1 INTRODUÇÃO
O processo de Avaliação da Pós-Graduação no Brasil vem sendo desenvolvido ao longo
dos últimos 35 anos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
(MOREIRA; HORTALE; HARTZ, 2004; SPAGNOLO; SOUZA, 2004). Porém, uma reformulação
significativa se evidenciou entre os anos de 1996 e 1997, estabelecendo em 1998 um novo ciclo trienal
de avaliação. Dentre os diversos aspectos avaliados pela Capes, a pesquisa e a produção científica
são “os quesitos que mais influem na determinação do padrão de qualidade dos cursos” (SOUZA;
PAULA, 2002, p. 7).
Como parte deste esforço, a comunidade conta com um instrumento específico para avaliação
da produção científica – Qualis (CAPES, 2011a) – que consiste de uma base de classificação dos
veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para publicação de sua pesquisa. Este processo
vem sendo empreendido graças ao contínuo esforço da comunidade científica, representada pelas
comissões das diversas áreas de avaliação, que vêm propondo e adequando critérios de classificação
dos veículos, dos quais, espera-se, sejam adequados às especificidades de cada área, conforme
(SOUZA; PAULA, 2002; CAPES, 2004).
Um olhar atento aos critérios propostos, a partir dos documentos de área (CAPES, 2011b),
permite comparar os diferentes estágios do processo de comunicação científica de cada área. Esta
diversidade também poder ser observada a partir dos diversos artigos publicados na Revista Brasileira
de Pós-Graduação, que criticam ou oferecem alternativas ao esquema de avaliação da respectiva área,
a cada triênio.
Muitas áreas fazem uso do Fator de Impacto para classificação dos periódicos, fato este,
observado desde o triênio 2001 - 2003, principalmente nas ciências Exatas, Biológicas e Saúde
(MUGNAINI, 2006). Apesar dos resultados de Mugnaini sinalizarem que os critérios pautavam-se
no Fator de Impacto, tal constatação se deu a partir da observação da média do indicador para os
periódicos dos diferentes estratos – uma vez que os documentos de algumas áreas começavam a
GT72362
sinalizar o uso do Fator de Impacto entre os critérios de avaliação dos periódicos naquele triênio1.
No triênio mais recente (2007 - 2009) os documentos são muito mais detalhados e permitem análises
deste e de outros aspectos dos critérios.
A comodidade do uso do indicador é um consenso em algumas áreas, mas é alvo de muitos
questionamentos em outras, como é caso das subáreas de Ciências Biológicas I, taxonomia e sistemática
biológica, nas quais as citações passam a ser concedidas normalmente após os dois anos considerados
no cálculo do Fator de Impacto (MELO; CARVALHO, 2005). Já Alves (2004), completa advertindo
que a submissão de artigos a revistas Qualis A (classificação utilizada naquele triênio) é praticamente
fracassada, uma vez que são raras as revistas que aceitam trabalhos taxonômicos restando, para os
trabalhos nessa área os níveis menos valorizado nos critérios de avaliação.
Rosa (2010) analisou os critérios de avaliação da área de Educação Física, que segundo a autora
revela múltiplas identidades, uma vez que suas origens estão nas Biologia, História Natural e Física, e mais
recentemente passa a agregar saberes das Ciências Humanas. Essa diversidade foi observada na produção
científica dos pesquisadores da área, tanto internacional como nacional, resultando que a produção com
características das Ciências Humanas fica subavaliada, dado que os critérios de melhor classificação são
pautados no nível das revistas internacionais de Ciências Biológicas.
Apesar do uso do Fator de Impacto por parte de algumas áreas, nota-se que diversas bases
de dados são consideradas para avaliação dos periódicos. Dentre elas, os índices de citação têm
proeminência, e o uso de variados indicadores de citação se torna cada vez mais recorrente, já podendo
ser observado mesmo entre as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Quatro índices de citação vêm sendo utilizados pelas áreas: Web of Science (WoS), Scopus,
SciELO e Google Acadêmico (usado apenas pela Ciência da Computação); e algumas fontes de
indicadores deles decorrentes: Journal Citation Reports (JCR) – produto da WoS –, e SJR - SCImago
Journal & Country Rank – que usa a base Scopus como fonte de dados.
O projeto SciELO (Scientific Electronic Library Online), iniciado há catorze anos, vem
desenvolvendo um importante papel no processo de desenvolvimento dos periódicos nacionais,
que em muitos casos se configurou como uma etapa anterior à indexação em bases internacionais.
Deve-se destacar o processo de seleção de novos periódicos, cujos critérios2 têm dinamizado o
desenvolvimento dos periódicos nacionais. Permite que editores possam avaliar o impacto nacional
dos periódicos, valendo-se de um Módulo de Bibliometria com indicadores similares aos do JCR.
A Scopus é a alternativa mais recente, oferecida pela Elsevier, editora comercial, com uma
proposta de disponibilizar uma cobertura mais abrangente de periódicos nacionais e regionais –
principalmente aqueles publicados em países de língua não-inglesa, consistindo o principal diferencial
em relação à WoS, à época de seu lançamento. Um acordo de parceria firmado com o grupo espanhol
1 Avaliação Trienal 2004 (triênio 2001 - 2003). Disponível em <http://www.capes.gov.br/avaliacao/criterios-de-avaliacao/2285>.
Acesso em 01 ago. 2011.
2 Os principais são: caráter científico, arbitragem por pares, conselho editorial, periodicidade, duração, pontualidade, normalização,
afiliação de autores, citações recebidas. Disponível em: <http://www.scielo.br/criteria/scielo_brasil_pt.html>. Acesso em 01 ago. 2011.
GT72363
SCImago, tem cooperado para a divulgação da base no Brasil, dada a disponibilidade de uma série de
novos indicadores bibliométricos3 a partir dos dados daquela base. Em especial o SCImago Journal
Rank (SJR), que trazia sobre si a expectativa de refletir um contexto mais favorável à ciência brasileira,
pelo fato da Scopus indexar um maior número de periódicos nacionais, em comparação com a WoS.
Porém esta vantagem da Scopus vem sendo superada pela Thomson Reuters4, que redefiniu os
critérios de seleção de periódicos da WoS para aumento da cobertura, passando a incluir periódicos que
tratam de temáticas de reconhecida importância em nível regional – a expansão ocorreu no período de
2007 a 2009 e fez com que o Brasil, de 27 periódicos indexados em 2005, viesse a alcançar a marca de
132 periódicos em 2010 (TESTA, 2011). Até então, essa exigência focava o reconhecimento mundial,
ou a ciência mainstream, porém seus critérios não eram explicitados publicamente.
Todas estas iniciativas deram lugar à recente indexação de um número considerável de
periódicos nacionais, em diversas bases reconhecidas pela comunidade científica, permitindo que
algumas áreas pudessem adotar a exigência de indexação dos periódicos para definir seus mais altos
níveis de classificação. Portando, o objetivo deste estudo foi mapear o uso dos índices de citação e
indicadores bibliométricos pelas diversas áreas, na avaliação da produção científica brasileira, a partir
dos documentos de área publicados no Qualis.
2 METODOLOGIA
O método de pesquisa utilizado foi o de análise de conteúdo (LEVIN; FOX, 2004), tendo com
material de análise os documentos de área propostos pelas comissões das 46 áreas de avaliação do
Qualis (triênio 2007 - 2009), mais especificamente a seção “III. Considerações gerais sobre o Qualis
periódicos, Roteiro para a Classificação de Livros e os critérios da Área para a estratificação e uso dos
mesmos na avaliação”, onde são definidos os critérios de classificação de periódicos.
A fim de mapear a utilização de índices de citação, assim como dos indicadores que os mesmos
oferecem, os documentos foram descarregados do sítio web da Capes5 entre os meses de maio e julho
de 2011. Foi elaborada uma planilha em Microsoft® Excel 2007 para coleta, registro e armazenamento
dos dados de cada uma das áreas de avaliação.
Optou-se por restringir a análise aos critérios de classificação de periódicos do estrato A1,
uma vez que a grande incidência de uso de índices de citação ocorre neste estrato. Somente em alguns
casos, como por exemplo a área de Direito, a condição envolveu também o estrato A2, uma vez que
este extrato exige indexação na WoS, Scopus ou SciELO, e o estrato A1 exige que o periódico supere
as exigências definidas no estrato A2.
As informações de interesse foram: Área de avaliação Qualis; Grande área; Índice(s) de
citação e Indicador(es) bibliométrico(s) utilizado(s) e respectivo valor.
3 SCImago. SJR - SCImago Journal & Country Rank. Disponível em: <http://www.scimagojr.com>. Acesso em 01 ago. 2011.
4 , A sigla “ISI” é ainda uma referência popular, mas o Institute for Scientific Information é parte da Thomson Reuters.
5 Avaliação Trienal 2010 (triênio 2007 - 2009). Disponível em <http://www.capes.gov.br/avaliacao/documentos-de-area->. Acesso
em 01 ago. 2011.
GT72364
3 RESULTADOS
Uma análise comparativa das grandes áreas do conhecimento (Gráfico 1) permite observar
que as Ciências da Saúde, Humanas e Sociais Aplicadas são as que apresentam maior número de
áreas de avaliação Qualis, enquanto que Lingüística, Letras e Artes apresenta o menor número, e as
demais áreas ficam na posição intermediária.
Quanto ao uso das bases de dados, 37 áreas de avaliação (ou 80,4% do total) pautam-se na
Web of Science (WoS) para atribuir a um periódico a classificação A1; em relação à SciELO e Scopus
o número de áreas de avaliação é de 17 (37%) e 18 (39,1%), respectivamente.
Ainda observando o Gráfico 1 utilização da WoS é um consenso entre as áreas de avaliação
de Ciências Agrárias, Biológicas, Saúde, Exatas e da Terra e Engenharias. Na área Multidisciplinar
75% das áreas consideram a base para definição dos critérios, com exceção da área de Ensino de
Ciências e Matemática; seguido da área de Ciências Sociais Aplicadas, com 71,4% de áreas que
usam a base, com duas exceções: Arquitetura e Urbanismo e Planejamento Urbano e Regional /
Demografia; Ciências Humanas, que apresenta 50% de uso, ou quatro áreas que não consideram a
WoS: Antropologia / Arqueologia, Educação, Filosofia / Teologia e Sociologia; e Lingüística, Letras
e Artes, que não considera nenhuma base para composição de seu Qualis.
Quanto à utilização das bases SciELO e Scopus nota-se um padrão de uso muito similar.
Deve-se portanto, destacar o uso mais acentuado da Scopus na composição dos critérios de área e
avaliação de Ciências da Saúde; e da SciELO em áreas de Ciências Exatas e da Terra, Multidisciplinar
e Ciências Humanas. Uma análise mais detalhada das áreas de avaliação que utilizam estas bases será
apresentada mais adiante.
Gráfico 1 – Mapeamento da utilização de bases de dados para definição de critério de avaliação
de periódicos do estrato A1, segundo grande área do conhecimento e número de áreas de avaliação
Qualis.
Ciências Agrárias (4)
Linguística, Letras e
Artes (2)
100%
75%
Ciências Biológicas
(4)
50%
25%
Ciências Humanas (8)
Ciências da Saúde (8)
0%
Ciências Sociais
Aplicadas (7)
Ciências Exatas e da
Terra (5)
Multidisciplinar (4)
WoS
Engenharias (4)
SciELO
GT72365
SCOPUS
Ao analisar o Quadro 1 pode-se perceber que a maioria das áreas utilizam o Fator de Impacto
para definição do critério de avaliação dos periódicos A1. A maioria das áreas de avaliação de Ciências
Sociais Aplicadas e Humanas apenas exige que o periódico esteja no JCR; como exceções, as áreas
de Administração, Ciências Contábeis e Turismo (Sociais Aplicadas) e Geografia (Humanas) exigem
um Fator de Impacto mínimo de 0,5; e a Economia (Sociais Aplicadas) compôs um ranking de citação
específico.
Quanto ao nível do Fator de Impacto, 6,0 é o valor mais alto (Astronomia / Física) e 0,5 o mínimo
(áreas supracitadas). Analisando as grandes áreas do Quadro 1 pode-se notar uma concentração de
áreas de Ciências Biológicas, seguidas de áreas de Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Engenharias.
Já as áreas de Ciências Exatas e da Terra apresentam valores bem diversificados, assim como as áreas
sob a grande área Multidisciplinar (com destaque para a área de Biotecnologia, na segunda posição).
Quadro 1 – Nível do Fator de Impacto exigido para definição de critérios de avaliação de periódicos
do estrato A1, segundo grande área do conhecimento e área de avaliação Qualis.
GT72366
Ao se considerar o valor adotado para composição do critério, pelas diversas áreas, evidenciase um ordenamento das grades áreas, tendo as Ciências Biológicas com maiores valores, seguida
das Ciências da Saúde, Exatas, Agrárias e Sociais e Humanas. Tal ordenamento é aproximadamente
observado quando se compara, tanto o Índice H dos pesquisadores da Academia Brasileira de Ciências
(MUGNAINI; PACKER; MENEGHINI, 2008), quanto a tendência de publicação internacional dos
pesquisadores, a partir dos currículos Lattes (LEITE; MUGNAINI; LETA, 2011).
É interessante observar ainda algumas especificidades nos critérios de algumas áreas:
• apresentam dois níveis de Fator de Impacto: maior exigência quando o periódico é de
outra área (Educação Física, Enfermagem e Engenharia IV);
• apresentam dois níveis de Fator de Impacto: de acordo com subáreas (Ciências
Biológicas I);
• considera em conjunto com o Fator de Impacto o indicador Meia-Vida: exigindo que
o alto nível de citação que o periódico recebe de se manter por um período mais
longo, após a publicação do mesmo (Matemática / Probabilidade e Estatística);
• baseia-se na mediana do Fator de Impacto de todos os periódicos informados no
Coleta Capes.
O Gráfico 2 permite a observação que o ano de edição do JCR utilizado não é mencionada nos
documentos da maioria das áreas de avaliação (caso observado em 20 das áreas), não sendo possível
inferir que edição foi efetivamente consultada. As edições citadas são dos anos 2008 (5 áreas), 2007
(4 áreas) e 2006 (1 área), e a área de Astronomia / Física é uma exceção, que utiliza a média do Fator
de Impacto das edições de 2005 a 2007.
Gráfico 2 – Versão do JCR utilizada pelas áreas de avaliação Qualis.
JCR
20
não
9
JCR 2008
5
JCR 2007
4
JCR 2006
1
JCR (2005 2007)
WoS
1
6
As edições do JCR são divulgadas normalmente em meados do ano posterior. Dessa forma,
GT72367
pode-se imaginar que a última versão recente pode ter sido a escolhida pelas áreas, o que não pode
ser afirmado pela falta de detalhes desta natureza nos documentos.
Com respeito aos demais índices de citação utilizados, e considerando que o Google Acadêmico
é utilizado apenas pela área de Ciência da Computação, resta avaliar uso que vem sendo feito das
bases Scopus e SciELO.
O Quadro 2 permite observar que 24 áreas de avaliação (ou 52,2%) não utilizam
nenhuma das duas bases, e destas, apenas 6 áreas tampouco utilizam o JCR/WoS – ou seja, não
utilizam nenhum índice para classificação de periódicos A1 –, que são: Filosofia / Teologia,
Educação (Ciências Humanas), Arquitetura e Urbanismo (Ciências Sociais Aplicadas), Letras
/ Linguística e Artes / Música (Linguística, Letras e Artes), Ensino de Ciências e Matemática
(Multidisciplinar).
Por outro lado, quatro áreas não usam Scopus, mas usam SciELO: Astronomia / Física
(Ciências Exatas e da Terra), Antropologia / Arqueologia (Ciências Humanas), Planejamento Urbano
e Regional / Demografia (Ciências Sociais Aplicadas) e Interdisciplinar (Multidisciplinar).
Ao contrário, existem cinco que usam somente Scopus: predominando áreas de Ciências da
Saúde, que são Odontologia, Farmácia, Enfermagem e Educação Física; e uma área de Ciências
Sociais Aplicadas (Administração, Ciências Contábeis e Turismo).
E dentre as treze áreas que utilizam SciELO e Scopus para definição critério dos periódicos do
estrato A1, apenas Sociologia não utiliza JCR/WoS. Entre as doze restantes, que fazem uso das três
bases, é interessante destaca cinco, que apenas consideram a indexação nas mesmas, em detrimento de
um indicador: Ciência Política e Relações Internacionais e História (Ciências Humanas); e Psicologia,
Direito e Serviço Social (Ciências Sociais Aplicadas).
E pelo fato do Índice H ser o único indicador utilizado de forma alternativa – ou complementar
– ao Fator de Impacto, o Quadro 3 permite observar as áreas de avaliação que o utilizam, assim como
a base de dados de onde se obteve o mesmo.
Pode-se perceber que predominam áreas de Ciências da Saúde , conforme já se havia observado
anteriormente, sendo que todas elas determinam um valor específico do indicador para definição do
critério. A área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo também define um valor mínino do
índice H, enquanto que a Ciência da Computação, conforme já se havia mencionado, utiliza-o na
composição se seu próprio indicador. Vale observar que estas seis áreas consideram também o Fator
de Impacto no JCR, bastando portanto o periódico cumprir uma das condições – valor mínimo do
Fator de Impacto ou do Índice H.
Quadro 2 – Mapeamento da utilização de bases de dados Scopus e SciELO para definição de critérios
de avaliação de periódicos do estrato A1, segundo grande área do conhecimento e número de áreas
de avaliação Qualis.
GT72368
Bases de indexação
SCOPUS
SciELO
não
não
Grande Área
Ciências Agrárias
Ciências Biológicas
Ciências da Saúde
Ciências Exatas e da Terra
Ciências Humanas
Ciências Sociais Aplicadas
Engenharias
Linguística, Letras e Artes
Multidisciplinar
não (Total)
sim
Ciências Exatas e da Terra
Ciências Humanas
Ciências Sociais Aplicadas
Multidisciplinar
sim (Total)
não (Total)
não
Ciências da Saúde
Ciências Sociais Aplicadas
não (Total)
sim
sim
Ciências Biológicas
Ciências da Saúde
Ciências Exatas e da Terra
Ciências Humanas
Ciências Sociais Aplicadas
Engenharias
sim (Total)
sim (Total)
Total de Área de Avaliação Qualis
Número de Áreas de
Avaliação Qualis
4
3
3
3
2
2
2
2
3
24
1
1
1
1
4
28
4
1
5
1
1
1
5
3
2
13
18
46
Merecem atenção as menções à base, que variam entre “SCOPUS” e “SCOPUS/SCImago”.
Os documentos não deixam claro se o uso do SCImago leva à adoção do segundo termo “SCOPUS/
SCImago”, pelo fato do grupo SCImago utilizar a Scopus como fonte de dados; e por outro lado a
menção “SCOPUS” não permite descartar a possibilidade da área ter utilizado dados do SCImago.
GT72369
Quadro 3 – Nível do Índice H exigido para definição de critério de avaliação de periódicos
do estrato A1, segundo base para cômputo do indicador, grande área do conhecimento e área de
avaliação Qualis.
Índice H
≥ 52
≥ 40 (própria área); ≥ 70 (outras)
≥ 15
> percentil 95
>5
Propõe indicador
especifico
Base
SCOPUS/SCImago
Área de Avaliação Qualis
ODONTOLOGIA
SCOPUS
EDUCAÇÃO FÍSICA
SCOPUS
SCOPUS
ENFERMAGEM
SAÚDE COLETIVA
ADMINIST., C. CONTÁBEIS E
TURISMO
SCOPUS/SCImago
SCOPUS/Google Acadêmico CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
Grande Área
Ciências da Saúde
Ciências Sociais Aplicadas
Ciências Exatas e da Terra
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de avaliação da produção científica empreendido pelas comissões das diversas
áreas de avaliação permite a composição de um cenário diversificado, ao se mapear os índices de
citação que compõem os critérios de classificação de periódicos do estrato A1. Por outro lado, nota-se
alguma uniformidade entre os critérios de áreas de avaliação pertencentes a uma mesma grande área.
Já se percebe que os índices de citação vêm sendo adotados amplamente – mesmo em áreas
que não faziam uso dos mesmos em triênios anteriores, como Ciências Humanas e Ciências Sociais
Aplicadas – ainda que não se paute num indicador, e se limite na exigência que o periódico seja
indexado na base de dados.
O Fator de Impacto é utilizado na maioria das áreas, o que já era se podia esperava dada a
tradição e popularidade do JCR, contudo não existe consenso sobre a edição do JCR utilizada para
definição do critério. Já o Índice H, mostra estar sinalizando uma utilidade complementar ao Fator de
Impacto, mostrando assim o uso que vem se fazendo da Scopus, e sugerindo que outras áreas podem
vir a fazer uso desta alternativa.
Finalmente, destaca-se a importância de uma análise comparativa entre as diferentes áreas,
uma vez que muitas críticas vêm sendo feita pelos pesquisadores da própria área, mas nem sempre
pautadas nos logros já evidenciados por outras áreas de avaliação. Longe de almejar uma metodologia
padronizada, podem ser propostos ajustes para adequação dos critérios, que têm resultado de um
árduo debate dentro de cada área, por cada comissão dos diversos triênios.
GT72370
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GT72372
COMUNICAÇÃO ORAL
ACCESO A LA INFORMACIÓN VS. DERECHOS DE AUTOR:
DILEMAS ÉTICOS DE LOS PROFESIONALES DE LA
INFORMACIÓN
Juan Carlos Fernandez Molina, Mário Barité e José Augusto Guimarães
Resumen: Las actividades de los profesionales de la información requieren habitualmente la copia y
transmisión de obras intelectuales con derechos de autor, por lo que el desarrollo de sus funciones a
menudo entra en conflicto con la legislación de derechos de autor. La solución a esta disyuntiva está en
los límites a los derechos de autor que benefician a las bibliotecas, reconocidos por la legislación de la
gran mayoría de países, pero no por Brasil. En este trabajo se analizan los dilemas éticos que afrontan
los profesionales de la información ante una legislación tan injusta como para decidir incumplir la ley
conscientemente con el objetivo de poder cumplir sus compromisos con los usuarios. Se concluye que
constituye un verdadero compromiso ético para los profesionales y las instituciones que los representan
participar activamente en los foros políticos adecuados para conseguir una legislación adecuada para
desarrollar su función social.
Palabras clave: Derechos de autor. Acceso a la información. Profesional de la información. Ética.
1 INTRODUCCIÓN
La consideración de la información como un derecho humano constituye uno de los ejes de la
profesión bibliotecaria. El acceso público y gratuito a la información por parte de cualquier persona es
uno de los principios básicos de esta profesión, constituyendo un los principales fundamentos éticos
en el sector de las bibliotecas públicas y, en menor medida, en el de las académicas. Por esa razón, hay
numerosas declaraciones públicas y profesionales que lo incluyen de forma inequívoca (UNESCO,
1994). Pero también tenemos la otra cara de la moneda: la información puede ser considerada un
artículo de consumo sobre el que hay derechos de propiedad privada, por lo que sus propietarios
pueden ponerle un precio y controlar su uso. De esta forma, si la información se considera un derecho
humano todas las personas deben tener acceso a ella independientemente de su capacidad económica;
si, por el contrario, prima su consideración de mercancía o artículo de consumo, está sujeta a las leyes
del mercado y, por tanto, sólo tiene acceso a ella el que tiene capacidad económica para pagarlo.
La respuesta a esta disyuntiva no es fácil. Para intentar encontrarla es conveniente analizar
GT72373
la naturaleza de la información desde una perspectiva económica, esto es, si se trata de un bien
público o, por el contrario, privado. Para distinguirlos se utilizan dos características: la exclusión
y la “rivalidad”. La primera implica que la propiedad del bien impide el uso o consumo por
parte de los demás. La segunda, que la posesión o consumo por parte de una persona reduce la
posibilidad de que la use otra. Así, los bienes privados puros reúnen ambas características, en
tanto que los bienes públicos puros no tienen ninguna de ellas, es decir, son “no-excluibles” (es
imposible o muy costoso impedir que alguien se beneficie de ese bien) y “no rivales” (el consumo
de una persona no disminuye el consumo o disponibilidad para el resto). Evidentemente, hay
muchos casos mixtos, con características de ambos, entre los que se encuentra la información
que tiene la característica de la exclusión pero no la de rivalidad. Así, es posible excluir su uso
por parte de otros mediante la legislación de derechos de autor o una licencia, por ejemplo; pero
su uso no interfiere en su disponibilidad para otros. Dicho de otra forma, hay información de
carácter público y otra de naturaleza privada.
Esta dicotomía tiene uno de sus principales campos de batalla en la legislación de derechos de
autor, que se encarga de regular qué usos de la información deben ser autorizados por los propietarios
de los derechos (y, en su caso, también remunerados) y cuáles pueden ser llevados a cabo por
cualquiera sin pedir permiso ni pagar nada a cambio. Pues bien, como consecuencia de los cambios
tecnológicos de los últimos años, esta tradicional lucha entre la idea de información como propiedad
privada o como derecho humano ha adquirido un nuevo protagonismo. Por un lado, porque ha habido
importantes reformas de la legislación de derechos de autor (tanto nacional como internacional) cuyo
resultado final es un nivel de protección superior al anterior y un fortalecimiento de la idea de la
información como mercancía. Por otro, porque en contraposición ha surgido un fuerte movimiento,
con diversas ramificaciones, a favor de la idea de la información como algo más público, compartido,
de acceso libre y gratuito, con iniciativas y corrientes tales como copyleft, open access o information
commons.
Los bibliotecarios y otros profesionales de la información, dada su situación de intermediarios
entre los recursos de información y los ciudadanos, juegan un papel clave en este conflicto. En efecto,
sus actividades profesionales requieren normalmente el uso de fuentes de información en cualquier
tipo de formato y, en muchos casos, es necesaria su copia y/o transferencia para atender a sus usuarios.
Por otro lado, los autores, editores, productores y otros propietarios de derechos de propiedad
intelectual tienen el objetivo legítimo de obtener beneficios a través de la venta o alquiler de su
producto informativo. Por tanto, nos encontramos con que mientras los profesionales desean acceder
a la información al menor coste posible para ponerla a disposición de sus usuarios, los poseedores
de los derechos sobre la información quieren controlar su uso y acceso y obtener el mayor beneficio.
De esta forma, queda claro que para los profesionales de la información los derechos de autor no
sólo constituyen un problema de naturaleza legal, también llevan consigo importantes implicaciones
éticas.
GT72374
Este trabajo pretende arrojar alguna luz sobre este permanente conflicto ético con el que se
enfrentan habitualmente los profesionales de la información, y que se ha agravado en los últimos años
por el desarrollo del entorno digital, que ha facilitado la copia y transferencia de la información, al
mismo tiempo que ha reforzado su control por parte de los propietarios de los derechos. Para ello se
comienza analizando las características básicas del derecho de autor y cómo dificulta el acceso a la
información, para a continuación plantear el dilema ético al que se enfrentan los profesionales y los
factores a tener en cuenta para intentar encontrar una solución. En esta tarea se utiliza como objeto de
estudio la legislación de derechos de autor de Brasil, cuya deficiente regulación deja a las bibliotecas
en una situación realmente complicada, con la disyuntiva de que si cumplen la ley no pueden prestar
sus servicios correctamente a los usuarios.
2 DERECHOS DE AUTOR VS. ACCESO Y USO DE LA INFORMACIÓN
En su labor de proporcionar información a sus usuarios, las bibliotecas entran en permanente
conflicto con los derechos de autor. Si pensamos en las funciones típicas de cualquier biblioteca
nos damos cuenta de que implican la copia, distribución y/o comunicación pública de las obras, la
mayoría de las cuales tienen derechos de autor. Siendo algo más concretos nos encontramos con que
el derecho de reproducción entra en juego cuando se fotocopia, escanea, microfilma o digitaliza. Por
su parte, el derecho de distribución se ve afectado cuando se lleva a cabo el préstamo de las obras
o se hacen donaciones. Finalmente, el derecho de comunicación pública aparece con actividades
tan variadas y frecuentes como lecturas, exposiciones, envío de documentos por correo electrónico,
proyección de películas o la subida de documentos a Internet. En consecuencia, todas las actividades
anteriores sólo pueden hacerse sin infringir la ley si: a) la obra no tiene derechos de autor; b) la
actividad se lleva a cabo con el permiso del propietario de los derechos; c) la actividad puede incluirse
en alguno de los límites a los derechos de autor.
La primera opción es muy poco habitual, ya que la casi totalidad de las obras intelectuales que
conforman las colecciones de las bibliotecas están protegidas por los derechos de autor. La segunda
supone estar a expensas de la autorización del propietario, que puede que no se produzca, además de
que es muy probable que suponga una contraprestación económica. La última opción, por tanto, es la
que más probablemente facilite el acceso a la información, por lo que nos vamos a centrar en ella en
el siguiente apartado de este trabajo.
3 LÍMITES A LOS DERECHOS DE AUTOR
Las leyes de derecho de autor tienen dos objetivos fundamentales: por un lado, fomentar
la creación de obras intelectuales, para lo que se conceden derechos y facultades en exclusiva al
autor; por otro, facilitar el acceso a las obras a los ciudadanos, para lo que se establecen límites a los
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derechos concedidos a los autores. Esto es, el equilibrio entre ambos fines es lo que hace necesario
que los derechos de autor no sean absolutos, sino que estén limitados.
Al desarrollar funciones de difusión y preservación de la información que benefician a la
sociedad en su conjunto, las bibliotecas se encuentran entre los principales beneficiarios de estos
límites. De hecho, la gran mayoría de los países (alrededor del noventa por ciento) incluyen en sus
leyes nacionales de derechos de autor excepciones o limitaciones que favorecen a las bibliotecas para
que puedan desempeñar su labor (CREWS, 2008).
Como otros elementos de las leyes de derechos de autor, también los límites a favor de las
bibliotecas han quedado algo obsoletos con el desarrollo del entorno digital. A este respecto, si
analizamos el texto del tratado que la Organización Mundial de la Propiedad Intelectual aprobó con el
objetivo de adaptarse a la nueva realidad digital (OMPI, 1996), nos encontramos con que proporciona
un buen punto de partida para su actualización y adaptación al nuevo entorno. En concreto, en la
declaración concertada de su artículo 10 establece la posibilidad de que los países, en sus leyes
nacionales, puedan “aplicar y ampliar debidamente las limitaciones y excepciones al entorno digital”
y que puedan “establecer nuevas excepciones y limitaciones que resulten adecuadas al entorno de red
digital”. Desgraciadamente, en términos generales, los países que han reformado sus legislaciones
nacionales en los últimos años no han aprovechado estas opciones, de manera que ni han hecho
las ampliaciones/adaptaciones necesarias, ni han introducido nuevos límites apropiados a la nueva
realidad digital (FERNÁNDEZ-MOLINA, 2008).
Si examinamos el caso de Brasil, nos encontramos con que su legislación actual, incluso
habiéndose reformado en fecha relativamente reciente (BRASIL, 1998), está lejos de tener un
contenido adaptado a las necesidades actuales. Aunque su modificación se produjo casi dos años
después de haberse aprobado el Tratado de la OMPI de 1996, su contenido resulta incompleto y
contradictorio en cuanto a la incorporación de novedades relacionadas con el entorno digital. De
hecho, la mayor parte de su contenido no está adaptado a esta nueva realidad tecnológica, pero sí hay
algunas nuevas disposiciones (fundamentalmente las relativas a la protección tecnológica: sistemas
DRM). Esta es la principal novedad de la ley y su contenido no merece una valoración positiva. En
concreto, los apartados I y II de su artículo 107 prohíben la alteración, supresión, modificación o
inutilización de los dispositivos técnicos utilizados para evitar o restringir la copia o la comunicación
pública de las obras. Debido a su escaso contenido resulta complicado sacar conclusiones respecto
a sus implicaciones. Por ejemplo, no se sabe si están prohibidos los actos individuales de elusión
de dichas medidas, las actividades de tráfico/comercio/distribución de dispositivos que permiten la
elusión o ambas actuaciones. Aunque sin duda lo más grave es que no regula cuál es la relación entre
estas medidas y los límites a los derechos de autor, de manera que no se sabe en qué medida los DRM
pueden anular los límites a los derechos de autor, ni si se van a establecer algunos mecanismos de
corrección, como por ejemplo en qué casos se podría eludirlos sin infringir la ley. En definitiva, tras la
reforma de 1998 el resultado para el equilibrio entre los derechos y sus límites fue peor, al introducir
GT72376
una nueva capa de protección a los derechos, de carácter tecnológico, sin la contrapartida de las
correspondientes excepciones.
Si nos centramos en los límites que benefician a las bibliotecas, el resultado es incluso peor,
ya que Brasil es uno de los pocos países del mundo que no los econocen (FERNÁNDEZ-MOLINA
& GUIMARÃES, 2010), y la reforma de 1998 no se aprovechó para corregir esta increíble anomalía.
La cuestión es: ¿en qué situación quedan las bibliotecas y sus profesionales para desarrollar sus
actividades habituales (copias para sus usuarios, por razones de preservación o para préstamo
interbibliotecario, etc.), si no están amparadas por la ley?
4 DILEMA ÉTICO: ¿INFRACCIÓN DE LA LEY?
Ante la situación de una legislación desequilibrada, que protege en exceso los derechos de
autor en detrimento del derecho de los ciudadanos a acceder a la información, ¿qué deben hacer los
profesionales de la información?, ¿qué es prioritario para ellos: cumplir la legislación de derecho
de autor o proporcionar servicios bibliotecarios adecuados a los usuarios incluso infringiendo la
ley? Dicho de otra forma: ¿es éticamente admisible infringir la legislación de derechos de autor
conscientemente para facilitar el acceso a la información de los usuarios?
4.1 Factores a tener en cuenta
En el desempeño habitual de sus tareas, los profesionales no se suelen plantearse las implicaciones
éticas de lo que hacen, sino que simplemente las desarrollan basándose en costumbres y hábitos. Los
desacuerdos de carácter ético sólo aparecen cuando se dan circunstancias especiales, que les llevan a
tener dudas sobre qué hacer. En el proceso de deliberación intervienen cuatro factores básicos: utilidad
social, supervivencia, responsabilidad social y respeto por el individuo (RUBIN, 1991), que vamos a
analizar a continuación.
Respecto a la utilidad social, las organizaciones, en especial las públicas, intentan conseguir una
serie de fines sociales. La mayoría de las bibliotecas y centros de información son de carácter público,
por lo que es éticamente deseable que las decisiones y acciones que tomen contribuyan a que consigan su
objetivo social. Dado que el principal objetivo social de las bibliotecas es hacer frente a las necesidades
informativas de sus usuarios, puede parecer éticamente admisible que, en determinados casos, se infrinja
la ley para alcanzar el objetivo para el que fueron creadas como organizaciones.
Por lo que se refiere a la supervivencia, se trata de un requisito clave para cualquier organización.
Sin supervivencia, las organizaciones no existirían para llevar a cabo las funciones para las que fueron
creadas. De esta forma, es razonable asumir que en tanto que una organización tiene un objetivo digno
o loable, también debería tener la obligación ética de mantenerse. Si volvemos a nuestra disyuntiva, la
pregunta sería: ¿es posible que la biblioteca tenga problemas legales por incumplimiento de la ley?, ¿podría
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tener que indemnizar los daños y perjuicios causados a los titulares de los derechos de autor? En definitiva,
¿infringir la legislación de derechos de autor podría poner en peligro su supervivencia? La respuesta no es
sencilla, pero sí que parece evidente que infringir la ley, aunque sea para cumplir los objetivos para los que
fue creada, no es algo baladí y puede tener consecuencias no deseadas para la biblioteca.
El tercer factor a tener en cuenta, la responsabilidad social, está muy relacionado con el primero,
el de utilidad social, aunque con matices que los diferencian. Como advierte, Milton (2008), las
organizaciones no sólo tienen la obligación ética de conseguir los objetivos para los que fueron creadas,
sino que también tienen obligaciones con respecto a la sociedad en su conjunto, sobre todo en el caso
de organizaciones financiadas con fondos públicos. A este respecto, si volvemos a los orígenes de los
derechos de autor, en especial en los países anglosajones, nos encontramos con que la razón que los
justifica es “el avance de la ciencia, el arte y la cultura”, es decir, se protegen más para beneficio de
la sociedad en su conjunto que de los autores en particular. En definitiva, podríamos decir que si la
legislación de derechos de autor -por ser demasiado protectora de los derechos y dificultar el acceso y
difusión de la información a los ciudadanos- supone un obstáculo para que se alcancen los fines para los
que nació, estaría éticamente justificado su incumplimiento.
Finalmente, el respeto por el individuo es un factor ineludible en cualquier deliberación de carácter
ético. Esto implica, básicamente, que debe tratársele con dignidad y respeto, y que los empleados y
usuarios tienen el derecho a actuar como estimen conveniente en tanto en cuanto no violen la dignidad
y el respeto hacia los demás. Si volvemos a nuestro dilema, de manera inmediata chocamos con una
evidencia: los autores son individuos que merecen ser respetados, no solo en su legítimo derecho a
beneficiarse económicamente de sus obras, sino también en sus derechos morales. En efecto, la otra gran
razón que justifica la existencia de los derechos de autor es que hay que concederles una serie de derechos
y facultadas para fomentar que creen obras intelectuales. En el caso de los países de tradición latinocontinental la defensa de los derechos morales es especialmente importante, sobre todo el reconocimiento
de la autoría de la obra y la salvaguarda de su integridad. Una posible respuesta a este conflicto podría ser
que, en determinados casos, podría haber una justificación ética para infringir los derechos de carácter
económico (reproducción, distribución, comunicación pública), pero muy raramente para no respetar los
de naturaleza moral (paternidad, integridad).
4.2 Inclusión en códigos de ética
Además de los cuatro factores que acabamos de analizar, un instrumento clave para resolver
dilemas éticos en el desempeño profesional son los códigos deontológicos (RUBIN & FROEHLICH,
1996). Con el objetivo de seguir buscando argumentos y razones para resolver nuestro conflicto,
analizamos una de muestra 12 códigos bibliotecarios de diferentes países del mundo, representativa
tanto geográfica como culturalmente (véase lista completa en el anexo).
El resultado del análisis también contribuye a arrojar algo de luz sobre el problema en cuestión.
Todos ellos incluyen como elemento esencial el acceso a la información sin restricciones por parte de
GT72378
los usuarios. Como contrapartida, sólo cuatro de ellos (ALA, Alemania, Australia y CILIP) incluyen de
forma explícita la protección de los derechos de autor y la propiedad intelectual. Esto ya nos da una clara
respuesta acerca de cuál de estos derechos es más importante para los profesionales de la información.
Esta idea queda aún más reforzada si leemos el contenido de dos de ellos, ALA y CILIP, donde queda
claramente expresado que la defensa de la propiedad intelectual debe ser equilibrada con el derecho de
los usuarios a acceder a la información. En definitiva, dada la preeminencia que los códigos de ética
-incluso los que incluyen explícitamente la protección de los derechos de autor- otorgan al derecho
de los usuarios a acceder a la información, podría haber casos en los que fuera éticamente admisible
infringir la ley con el objetivo de facilitar dicho acceso y uso de la información.
4.3. ¿Desobediencia civil?
Una última posibilidad a tener en cuenta es si nos encontramos ante una situación suficientemente
injusta como para justificar la desobediencia civil. En el caso que estamos analizando supondría
que los profesionales de la información decidieran de forma consciente no cumplir la legislación de
derechos de autor por considerarla radicalmente injusta, de manera similar a un “activismo hacker”
(MANION & GOODRUM, 2000).
Como punto de partida para este análisis vamos a utilizar las ideas de John Rawls, uno de
los principales teóricos de la desobediencia civil en los estados democráticos, en su ya clásica obra
“Teoría de la justicia” (RAWLS, 1979). Así, en primer lugar, la desobediencia civil descansa en una
convicción política (no moral ni religiosa) y no en la búsqueda del propio interés, ni siquiera del de un
grupo o colectivo. Por otro lado, aunque se infrinja una determinada ley, se respetan los procedimientos
legales, ya que el posible castigo por tal infracción se espera y se asume sin resistencia. Por supuesto,
no se justifica por una injusticia de escasa importancia, debe tratarse de algo sustancial y claro, y
sobre todo que afecte a otras injusticias relevantes. Finalmente, debe tratarse del último recurso: sólo
se debe usar si han fallado los procedimientos normales.
Una vez expresadas las características básicas de la desobediencia civil, la cuestión es: ¿encajan
adecuadamente en el conflicto que estamos analizando? Dicho de otra forma, el hecho de que la
legislación de derechos de autor pueda considerarse injusta con respecto a las bibliotecas (y como
resultado con los usuarios y ciudadanos en general), ¿es suficiente razón para que los bibliotecarios
inicien un proceso de desobediencia civil que conduzca a infringir conscientemente la ley, aceptando
incluso las posibles consecuencias negativas que se puedan derivar de tal decisión?
Para intentar responder vamos a analizar brevemente cada una de las características que
acabamos de enumerar. Respecto a la primera, sin duda se trataría de razones políticas, no morales
ni religiosas; por otro lado, tampoco se defienden intereses de tipo individual, ni siquiera colectivos
(de los profesionales de la información), sino de carácter social: el acceso a la información por parte
de todos los ciudadanos. Por supuesto, si se lleva a cabo una actuación de este tipo, sin duda hay
GT72379
que ser consciente de lo que supone legalmente. Muy importante es la siguiente característica, dado
que las dificultades de los ciudadanos para acceder a la información repercuten negativamente en el
conjunto de derechos humanos, es decir, se trata de una injusticia de gran relevancia. La cuestión final
es: ¿realmente es el último recurso? ¿Se han agotado todos los cauces y procedimientos normales?
La respuesta no es sencilla, ahora bien, en nuestra opinión, se trata de una situación extrema a la que
es preferible no llegar, pero no sería totalmente injustificada si tenemos en cuenta las deficiencias de
la legislación brasileña actual.
5 ACCIÓN DE LOBBY Y DEFENSA DE LA PROFESIÓN: EL CASO DE BRASIL
Una buena forma de no tener que llegar al extremo de la desobediencia civil es actuar de manera
colectiva en defensa de la profesión en los foros políticos adecuados. Una buena labor en este sentido
puede permitir que las políticas y la legislación de un país sean más beneficiosas para las bibliotecas.
A este respecto, el reciente proyecto para modificar la ley brasileña de derecho de autor constituye un
buen ejemplo para los objetivos de nuestro estudio.
Conscientes de que la ley de derechos de autor (BRASIL, 1998) está obsoleta, en 2010 se inició
un proceso para actualizarla que dio lugar a un proyecto de ley, que se puso a disposición de todos
los ciudadanos mediante un procedimiento de consulta pública que comenzó el 14 de junio de 2010 y
finalizó el 31 de agosto de 2010. Toda la información, desde el texto del proyecto de ley al contenido
detallado de cada una de las opiniones tanto personales como institucionales de los participantes,
se encuentra accesible en una página web del Ministerio de Cultura (http://www.cultura.gov.br/
consultadireitoautoral).
Las novedades del proyecto de ley que afectan a las bibliotecas pueden considerarse positivas
en términos generales, comenzando con el hecho de que por primera vez se reconoce a las bibliotecas
como instituciones merecedoras de límites a los derechos para favorecer sus objetivos. Pero, además, su
contenido también merece una valoración positiva global, como veremos a continuación. Se incluyen
tres nuevos apartados del artículo 46, con el siguiente contenido. El primero de ellos, el XIII, permite
las copias de preservación llevadas a cabo por las bibliotecas; el segundo, el XVI, autoriza la puesta a
disposición del público de las obras de su colección a través de su red interna; finalmente, el apartado
XVII establece la posibilidad de hacer reproducciones de obras agotadas. Aun mereciendo una
calificación positiva, se echa de menos, por ejemplo, la posibilidad de reproducir las obras por razones
de investigación, o para el préstamo interbibliotecario o para algo tan necesario en la actualidad como
el archivo de sitios web por razones de preservación.
Estas deficiencias, o algunas otras, deberían haber sido detectadas por los profesionales de
la información brasileños y, a partir de ahí, haber participado activamente en el proceso de consulta
pública aportando su opinión sobre esta ley que les afecta directamente a su trabajo diario. Sin embargo,
tras analizar detenidamente los datos de cada una de las propuestas (disponibles en: http://www.cultura.
GT72380
gov.br/consultadireitoautoral/consulta) que se refieren a los tres apartados que afectan a las bibliotecas
(artículo 46, epígrafes XIII, XVI y XVII) nos encontramos con que no hay ni una sola aportación
procedente de algún conselho de biblioteconomia, ya sea federal o estadual, ni tampoco de alguno de
los numerosos departamentos universitarios de ciência da informação. Tampoco aparecen incluidas en
la lista de otras propuestas institucionales (http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/propostas).
Es decir, la profesión bibliotecaria y los profesores universitarios relacionados han desperdiciado esta
gran oportunidad de aportar su visión de estas cuestiones, lo que sin duda habría servido para mejorar
el texto propuesto. En este sentido, resulta paradójico que la intervención más acertada a favor de una
buena regulación que favorezca a las bibliotecas y sus usuarios proceda de la Centro de Tecnología e
Sociedade de la Fundação Getulio Vargas, que realmente ha desarrollado una labor encomiable
en este proceso.
Esta inacción y desinterés resulta aun más chocante si la comparamos con la intensa
actividad de lobby que despliegan las asociaciones profesionales anglosajonas (ALA, CILIP),
europeas (EBLIDA) o internacionales (IFLA, eIFL) en lo que se refiere a la legislación nacional e
internacional de derecho de autor (FERNÁNDEZ-MOLINA & GUIMARÃES, 2009).
6 CONCLUSIONES
La legislación de derechos de autor no es ajena al funcionamiento de las bibliotecas y otros
centros de información. Al contrario, influye de forma directa sobre los servicios que se pueden
prestar a sus usuarios y sobre su coste. Por tanto, una legislación abusiva e injusta de los derechos de
autor impide a las bibliotecas cumplir su misión social de proporcionar información a sus usuarios.
Dado el compromiso ético -recogido sin ambages en sus códigos deontológicos- que tienen
los profesionales de este sector respecto a proporcionar información a sus usuarios, no pueden
permanecer ajenos a esta situación, sino que deben asumir un papel activo y defender los intereses de
sus instituciones y, en definitiva, los de sus usuarios.
No resulta fácil responder a la disyuntiva de si dicha obligación ética justificaría o no el
incumplimiento consciente de la ley de derechos de autor si ésta es tan injusta y desequilibrada
que impide que las bibliotecas cumplan su función. A este respecto, la legislación de Brasil reúne,
desgraciadamente, todos los requisitos para plantearse seriamente una acción de desobediencia civil
por parte de los profesionales de la información. No obstante, dado que éste debería ser siempre el
último recurso, conviene intentar otras vías de solución, en concreto la labor de lobby y participación
política en los foros adecuados.
El nuevo proyecto de ley de Brasil -cuyo contenido es positivo pero mejorable- y el proceso
de consulta pública que se desarrolló entre junio y agosto de 2010 ofrecía una oportunidad excelente
para que la comunidad bibliotecaria y las asociaciones y conselhos que la representan participaran
en el proceso aportando su punto de vista sobre cómo debe ser la legislación. Desgraciadamente, su
GT72381
implicación fue nula, ya que ninguna de las 137 propuestas que en total se hicieron sobre la regulación
que les afecta más directamente – los apartados XIII, XVI y XVII del artículo 46- procedía de alguna
institución o asociación representante de la profesión bibliotecaria. En este sentido, también se echa de
menos la participación de los departamentos universitarios de ciência da informação.
No es fácil decir qué razones justifican esta falta de interés por parte de las instituciones
que representan a los profesionales y a los profesores e investigadores relacionados con la ciencia
de la información. Puede ser una mezcla de abulia, desconocimiento, ausencia de conciencia
sobre estos problemas y, probablemente, también una falta de costumbre en la participación
en estos procesos de participación política y lobby profesional. En cualquier caso, habría que
acabar con esta falta de implicación en los procesos de consulta y participación política que
les afectan directamente, dado que les inhabilita para quejarse a posteriori si la legislación es
perjudicial para las instituciones y personas a las que representan.
AGRADECIMIENTOS
Este trabajo tiene el apoyo del Ministerio de Ciencia e Innovación, España, Proyecto CSO-200803817/SOCI
Abstract: Typically activities of information professionals require copy and transmission of copyrighted
intellectual works, so fulfillment of their duties conflict with copyright legislation very frequently. The
solution of this problem is the exceptions to copyright for benefitting libraries included in the national
laws of most countries, but not in the case of Brazil. In this paper we analyze the ethical dilemmas of
information professionals when they faced with a very unfair legislation so they raise the possibility to
infringe the law with the aim to live up to their obligations to patrons. It is concluded that it is a genuine
ethical commitment by information professionals and their representative institutions to participate in
the adequate political arena to get an appropriate legislation to continue carrying out their social function.
Keywords: Copyright. Information Access. Information Professional. Ethics.
REFERENCIAS
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legislação sobre direitos autorais e dá outras providencias. 1998. Disponível em:
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GT72384
PÔSTER
REDE COLABORATIVA DOS PESQUISADORES
DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
FONOAUDIOLOGIA NO BRASIL
Jane Coelho Danuello, Jesús Pascual Mena-Chalco, Ely Francina Tannuri Oliveira
Resumo: Esta pesquisa objetiva de forma geral apresentar os programas de pós-graduação em
Fonoaudiologia, no Brasil, buscando especificamente apresentar a rede colaborativa da produção
científica dos pesquisadores pertencentes aos programas, bem como calcular os seus indicadores e
obter uma análise mais profunda da sua estrutura. As avaliações por meio dos estudos bibliométricos
constituem abordagem objetiva e confiável, constituindo um dos instrumentos metodológicos que
contribuem para a visualização do comportamento da ciência em um dado campo. Esta pesquisa
utiliza especialmente os indicadores de ligação. Como procedimento de pesquisa, por meio do portal
da Capes, foram identificados 8 programas de pós-graduação, obtendo-se uma lista com um total de
118 docentes, no Brasil. Os dados foram coletados e organizados utilizando o ScriptLattes, ferramenta
desenvolvida para a extração e compilação automática da produção de pesquisadores cadastrados na
plataforma Lattes. O software Ucinet foi utilizado para traçar a rede e calcular os indicadores de
densidade e centralidade. Verificou-se que a maioria dos cursos localiza-se nas regiões sul e sudeste
do país e, de forma genérica, as coautorias ocorrem mais intensamente no âmbito institucional, porém
não deixam de ocorrer também entre os subgrupos, a partir das afinidades temáticas ou de linhas de
pesquisa. Apesar de ser uma área ainda recente, já apresenta uma rede colaborativa significativa,
indicando que a área tem fundamentos teórico-metodológicos comuns, advindos da confluência de
diversos campos científicos.
Palavras-chave: Fonoaudiologia. Estudos bibliométricos. Redes de coautoria. Cientometria.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, as práticas fonoaudiológicas surgiram no início do século XX. Por volta de 1960,
com a criação dos primeiros cursos universitários, a área ganha um caráter acadêmico-científico e,
no final de 1981, a profissão é reconhecida pela Lei nº 6965. Tem como característica marcante
a multidisciplinaridade e apresenta interfaces com Medicina, Educação, Psicologia e Linguística.
GT72385
Tal condição faz com que a área seja ainda muito incipiente nos aspectos de organização e gestão
de informações. Assim, é necessária uma análise da produção do conhecimento, de forma a dar
visibilidade de um panorama da área aos pesquisadores e instituições que constroem o conhecimento
científico.
De forma geral, esta pesquisa1 objetiva identificar e apresentar os programas de pósgraduação em Fonoaudiologia, no Brasil. Mais especificamente, tem como objetivos apresentar a
rede colaborativa da produção científica dos pesquisadores pertencentes aos programas, bem como
calcular alguns dos seus indicadores, como densidade e centralidade de grau, visando obter uma
análise mais profunda da sua estrutura.
Esta pesquisa justifica-se pela inexistência e consequente necessidade de um estudo dessa
natureza e amplitude relacionado à Fonoaudiologia, dando visibilidade às parcerias formadas pelos
pesquisadores e instituições, proporcionando o aprofundamento e ampliação de conhecimentos na
área, assim como dos referenciais teóricos comuns.
2 ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS E REDES COLABORATIVAS
A produção científica é o conjunto de documentos gerado a partir dos resultados de pesquisas,
que representam a materialização do conhecimento sobre um assunto, sendo utilizada atualmente
como o principal instrumento para avaliação da ciência, cujo desenvolvimento está muito relacionado
ao sistema de educação superior e aos cursos de pós-graduação, especialmente no Brasil.
As avaliações da produção científica por meio dos estudos bibliométricos constituem
abordagem objetiva e confiável que, associada às análises contextuais, evidenciam o referencial
teórico-epistemológico dominante na área, constituindo um dos instrumentos metodológicos que
contribuem para a visualização do comportamento da ciência em um dado campo. Nestes estudos,
destacam-se os indicadores de produção, de ligação e de citação. Esta pesquisa utiliza especialmente
os indicadores de ligação.
Os indicadores de ligação, baseados na coocorrência de autoria ou de citações ou de
palavras, são utilizados para o mapeamento e construção da rede de colaboração científica entre os
pesquisadores, instituições ou países. A colaboração científica entre autores ou instituições supõe
uma consociação de hipóteses e objetivos centrais de um projeto, o estabelecimento de uma divisão
de trabalho, a interação entre os mesmos, o compartilhamento de informações e a coordenação destas
diferentes relações do investimento conjunto (OLMEDA GÓMEZ; PERIANEZ-RODRIGUEZ;
OVALLE-PERANDONES, 2008).
Segundo Balancieri et al (2005, p.2), “a colaboração científica oferece uma fonte de apoio para
melhorar o resultado e maximizar o potencial da produção científica”. A coautoria, uma das formas
de colaboração científica, reflete todo o rol possível de intercâmbios e trocas entre os pesquisadores.
1
Este trabalho é parte da pesquisa que está sendo desenvolvida em âmbito de doutorado.
GT72386
Para representação das coautorias, utilizam-se a análise de redes sociais (ARS), cujos estudos
vêm se consolidando rapidamente nos últimos anos, como procedimento para a visualização das
redes construídas a partir destes estudos, bem como de fluxo e transferência de informação. Referemse mais diretamente a um dado conjunto de investigadores e as relações que se estabelecem entre eles,
sendo a rede um importante instrumento para retratar, descrever e representar a estrutura de um grupo
(WASSERMAN; FAUST, 1994). Ainda, segundo esses autores (p. 9), “o termo ‘rede social’ se refere
ao conjunto de atores e suas ligações entre eles”.
Plenamente inseridas no âmbito da Cienciometria, as redes sociais constituem elementos
de visualização gráfica para que se possa melhor compreender a configuração de um dado grupo
investigativo (OTTE; ROUSSEAU, 2002).
A fim de aprofundar a análise da estrutura de uma rede, utilizam-se diversos indicadores,
dentre eles: densidade (density) e indicador de centralidade de grau (centrality degree). O indicador
de densidade é definido como o quociente entre o número de ligações existentes na rede pelo total de
ligações possíveis e permite analisar a coesão da rede. O indicador de centralidade de grau é definido
como o número de ligações que um ator (um nó) tem com outros atores e destaca a relevância de cada
ator no contexto da rede.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para identificar os programas de pós-graduação em Fonoaudiologia, foi realizada uma
consulta no portal da Capes, buscando pelos cursos recomendados, por área de avaliação. Foram
encontrados oito programas de pós-graduação, na área, no Brasil. Posteriormente, foram enviadas
correspondências solicitando a cada programa uma relação atualizada dos docentes cadastrados,
obtendo-se uma lista com um total de 118 docentes, no Brasil, sendo que 6 deles atuam em dois
programas diversos.
Para a coleta dos dados, utilizou-se o ScriptLattes, ferramenta desenvolvida para a extração e
compilação automática da produção de pesquisadores cadastrados na plataforma Lattes. De software
livre, a ferramenta é pioneira na prospecção de grandes volumes de dados provenientes de Currículos
Lattes, tratando apropriadamente as produções duplicadas e similares para, em seguida, gerar
relatórios em formato HTML, com listas de produções organizadas por tipo e em ordem cronológica
invertida. Permite ainda, entre outros recursos, a criação do mapa de geolocalização dos membros e
gera as matrizes de adjacência.
Foram retiradas da Plataforma Lattes as seguintes varíáveis: distribuição dos cursos por região
geográfica do Brasil; pesquisadores e respectivas instituições que realizam coautorias, quer sejam
da mesma instituição ou entre instituições diferentes. As matrizes geradas foram importadas para o
software Excel para serem utilizadas no Ucinet, com a finalidade de traçar a rede apresentada neste
trabalho e calcular alguns dos seus indicadores, como densidade e centralidade de grau, citados
anteriormente.
GT72387
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Apresenta-se a Figura 1 com o mapa de geolocalização dos programas de pós-graduação em
Fonoaudiologia, no Brasil, no qual se observa que a maioria dos cursos localiza-se nas regiões sul e
sudeste do país, aqui representados pelos ícones maiores e em verde. Embora a figura apresente sete
localidades onde se situam os programas de Pós-Graduação, explica-se que na cidade de Bauru estão
localizados dois deles, perfazendo o total de oito cursos. Os ícones menores, em azul, representam as
localidades de origem de doutores formados por esses programas, indicando que os mesmos atendem
profissionais advindos de outras regiões do país, com prevalência da formação de doutores nas regiões
sul, sudeste e nordeste, e total ausência das regiões norte e centro-oeste.
Figura 1: Geolocalização dos cursos de Pós-Graduação em Fonoaudiologia no Brasil
Fonte: Elaboração dos autores
Apresenta-se, a seguir, na Figura 2, a rede de coautorias dos pesquisadores docentes e suas
respectivas instituições.
Observa-se que os pesquisadores advindos da mesma instituição estão representados por
círculos da mesma cor, para melhor visualização da colaboração institucional. A análise da rede mostra
a colaboração de pesquisadores agrupados mais intensamente em torno de suas instituições. Assim,
o conjunto de pesquisadores da FOB-USP (Faculdade de Odontologia de Bauru) - azul marinho -,
GT72388
HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais) – rosa – e os quatro pesquisadores
pertencentes simultaneamente aos dois programas – roxo - colaboram intrainstitucionalmente, como
também dialogam entre si interinstitucionalmente com outras instituições, por terem suas pesquisas
em temas que fazem interfaces. Os profissionais da FOB atuam no HRAC, embora este último
constitua um centro de pesquisas independente, com foco voltado especialmente para a Medicina.
Ainda, o diálogo entre HRAC e UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) se dá por meio da
afinidade temática da área – Medicina.
Figura 2: Redes de coautorias de pesquisadores e instituições
Fonte: Elaboração dos autores
De forma genérica, esse raciocínio pode ser estendido para os demais subgrupos institucionais:
as coautorias ocorrem mais intensamente no âmbito institucional, porém não deixam de ocorrer
também entre os subgrupos, a partir das afinidades temáticas ou de linhas de pesquisa. Ainda, a rede
apresenta um componente único formado por 107 (~91%) pesquisadores. Há 11 pesquisadores que
não fazem coautorias.
A densidade da rede apresenta um valor de 4,8%, o que mostra uma baixa coesão, apesar de se
mostrar aparentemente densa pelos seus 118 componentes. A centralidade de grau varia de 0 a 24, e,
GT72389
em média, a centralidade de grau da rede é de 5,6. O autor mais central é Fenimam da FOB-HRAC,
com ligações com 24 pesquisadores. Em seguida, aparece Chiari, da UNIFESP, e Lauris, da FOBHRAC, ambos com 17 conexões, já demonstrando o delineamento de uma frente de pesquisadores
mais visíveis.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho, oriundo de um recorte da pesquisa que está sendo desenvolvida em âmbito de
doutorado, apresentou a geolocalização dos cursos de Pós-Graduação em Fonoaudiologia, no Brasil,
e delineou as parcerias dos pesquisadores da área e suas respectivas instituições. Demonstra que,
apesar de ser uma área ainda recente, já apresenta uma rede colaborativa significativa, apesar da baixa
coesão entre os atores. Destaca-se ainda que, em média, a centralidade da rede é de 5,6, ou seja, cada
pesquisador dialoga com outros 5 ou 6 pesquisadores, indicador que sugere boa dialogicidade entre
eles, considerando o aspecto ainda incipiente da construção do conhecimento na área em questão.
Concluiu-se que, apesar de ser uma área ainda recente, já apresenta uma rede colaborativa
significativa indicando que a área já tem fundamentos teórico-metodológicos comuns, advindos da
confluência de diversos campos científicos.
REFERÊNCIAS
BALANCIERI, R. et al A análise de redes de colaboração científica sob as novas tecnologias da
informação e comunicação: um estudo na Plataforma Lattes. Ciência da Informação, v. 34, n.1, p.
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WASSERMAN, S.; FAUST, K. Social networks analysis: method and applications. Cambridge:
Cambridge University Press, 1994.
GT72390
PÔSTER
O PERIÓDICO CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO EM FOCO:
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA NO PERÍODO 2006 A 2009.
Bruno Henrique Alves, Ely Francina Tannuri Oliveira
Resumo
A presente pesquisa objetiva, de forma geral, analisar os artigos publicados no periódico brasileiro Ciência da Informação, de 2006 a 2009, de modo a caracterizar a produção científica brasileira, no período. De forma mais específica, busca-se detectar as instituições mais produtivas e
as temáticas mais trabalhadas pelos pesquisadores da área de Ciência da Informação, no Brasil,
construir a rede de colaboração institucional, bem como calcular e analisar alguns indicadores,
como densidade e centralidade de grau. Como fundamentação teórico–metodológica, foram utilizados a análise de domínio, em uma de suas abordagens, e os estudos bibliométricos, destacados por Hjǿrland. Como procedimento de pesquisa, utilizaram-se mais especialmente os indicadores de produção e de ligação. Foram levantados 110 artigos publicados no periódico “Ciência
da Informação”, de 2006 a 2009. De um total de 64 instituições encontradas, destacaram-se 23
como mais produtivas, dentre elas: a UnB, UFMG, UFBA, UFPB, UFRGS, UFSC, bem como
as temáticas mais pesquisadas. Construiu-se a rede de colaboração institucional a partir das 48
instituições que fizeram colaboração, em relação ao universo das 64 instituições. A rede não se
constitui em um componente único, destacando-se cinco sub-redes. Apesar do caráter de internacionalização do periódico em questão, a rede de colaboração institucional ainda é de frágil
densidade.
Palavras-clave: Análise bibliométrica. Rede de colaboração institucional. Avaliação de periódico.
Periódico Ciência da Informação.
1 INTRODUÇÃO
A revista Ciência da Informação, lançada em 1972, publica pesquisas originais na área de
Ciência da Informação e apresenta a construção do conhecimento novo nessa área e no setor de
Informação em Ciência e Tecnologia, veiculando significativas contribuições de pesquisadores
nacionais ou estrangeiros da área em apreço, bem como daquelas que fazem interface com ela. É
classificada pela CAPES, em sua última avaliação em 2008, como revista Qualis A2.
GT72391
Segundo Mueller (2001), a revista Ciência da Informação é considerada um dos periódicos de
grande credibilidade na área e bastante significativo para a historiografia da Ciência da Informação,
no Brasil,
“pois testemunhou o desenvolvimento e difusão das tecnologias de informação que
provocaram modificações profundas na comunicação científica e no próprio objeto de estudo
da área, tais como a aceleração na geração e disseminação da informação, modificações
na forma de tratamento e armazenagem e a generalização do uso de meios eletrônicos
primeiramente na comunicação informal e mais recentemente, também formal” (p. 48).
Sua publicação é quadrimestral e há 39 anos publica ininterruptamente, o que, de certa
forma, justifica a escolha do referido periódico para análise.
Pela sua relevância, a natureza deste periódico proporciona a possibilidade de se mapear o
panorama da produção do conhecimento na área de Ciência da Informação, no Brasil, no período de
2006 até 2009, de forma a contribuir diretamente para a construção e consolidação do conhecimento
científico. Apresenta as temáticas mais candentes estudadas na área e, entre outras variáveis, as
parcerias e comunidades formadas pelas redes de colaboração científica institucional, que revelam
o pensamento epistemológico - teórico dominante na área, questão que será detalhada no âmbito da
dissertação de mestrado.
2 OBJETIVOS
De forma geral, esta pesquisa objetiva analisar os artigos publicados no periódico brasileiro
Ciência da Informação, de 2006 até 2009, de modo a caracterizar a produção científica brasileira, no
período.
De forma mais específica, busca-se detectar as instituições mais produtivas e as temáticas
mais trabalhadas pelos pesquisadores da área de Ciência da Informação, no Brasil, construir a rede
de colaboração institucional, bem como calcular e analisar alguns indicadores, como densidade e
centralidade de grau.
3 ANÁLISE DE DOMÍNIO DA REVISTA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: UMAABORDAGEM
BIBLIOMÉTRICA.
Para se avaliar questões de produtividade científica, a Análise de Domínio (A.D.), aparece
como principal respaldo teórico nas diferentes áreas do conhecimento e no âmbito da Ciência da
Informação. Biger Hjǿrland foi o primeiro a usar esse conceito em parceria com Hanne Albrechtsen,
fundamentando sua teoria e metodologia. (HJǾRLAND, 2002 b, p.259).
Por meio da análise de domínio em suas diferentes abordagens, pode-se verificar o que é
relevante ou significativo em algum campo do conhecimento que possui limites definidos, onde
GT72392
profissionais ou grupos estão articulados tanto em pensamento como em linguagem, de forma a
identificar os elementos que permitem analisar um contexto científico, tais como seus referenciais,
suas tendências e padrões.
Hjǿrland (2002a) apresenta várias abordagens para A.D., dentre elas os estudos bibliométricos.
A análise da produção científica de um país, de uma região ou instituição científica envolve um
conjunto expressivo de indicadores bibliométricos, que se dividem em indicadores de produção,
indicadores de ligação e indicadores de citação. Nesta pesquisa 1, utilizam-se somente os indicadores
de produção e ligação.
Os indicadores básicos de produção são constituídos pela contagem do número de publicações
do pesquisador, grupo de pesquisadores, instituição ou país, e objetivam refletir o impacto junto à
comunidade científica a qual pertencem, dando visibilidade àqueles mais produtivos e às temáticas
mais destacadas de uma área do conhecimento.
Os indicadores de ligação, baseados na coocorrência de autoria ou de citações ou de
palavras, são utilizados para o mapeamento e construção da rede de colaboração científica entre os
pesquisadores, instituições ou países.
A colaboração científica entre autores ou instituições (OLMEDA GÓMEZ; PERIANEZRODRIGUEZ; OVALLE-PERANDONES, 2008) supõe um compartilhamento de ideais centrais de
um projeto, os objetivos e as consequências que geraram essas ideias.
O importante ganho resultante das autorias múltiplas, quando comparado ao trabalho de
pesquisadores isolados, é a ampliação do repertório de abordagens e ferramentas, que advém do
intercâmbio de informações e da produtividade quando grupos de pesquisadores trabalham juntos
(OLIVEIRA; GRACIO; SANTARÉM, 2009, p.165). Assim, entende-se que a coautoria reflete um
referencial teórico-metodológico comum entre os coautores, além de conclusões compatíveis com os
referenciais epistemológicos do grupo de pesquisadores.
Para se representar as coautorias, utilizam-se as redes de colaboração científica, que têm suas raízes
na análise de rede social (ARS). Para Otte e Rousseau (2002), as redes sociais constituem elementos de
visualização gráfica para que se possa melhor compreender a configuração de um dado grupo.
A fim de aprofundar a análise da estrutura da rede, utilizam-se diversos indicadores, dentre
eles: a densidade (density), que avalia a coesão da rede, e a centralidade de grau (centrality degree),
que permite analisar o papel de cada ator individualmente e da rede em seu conjunto.
3 METODOLOGIA
Levantou-se um total de 110 artigos publicados no periódico “Ciência da Informação”, de
2006 a 2009, com 184 autores advindos de 64 instituições. Foram consideradas as instituições mais
produtivas aquelas que produziram pelo menos dois artigos no período, corte esse que se deve ao grande
1
Esta pesquisa constitui-se em um recorte de dissertação de mestrado.
GT72393
número de instituições que produziram somente um artigo no período. No entanto, para construção da
rede de colaboração institucional considerou-se o total das instituições que trabalharam em coautoria,
a fim de se verificar a abrangência da revista, quer seja no contexto nacional ou internacional. A partir
das palavras-chave mais frequentes foram levantadas as temáticas mais destacadas.
Para análise da colaboração institucional foram consideradas todas as instituições que fizeram
colaboração, totalizando 48 instituições, das 64 presentes. Construiu-se a rede de colaboração
institucional, utilizando-se o Software Pajek, e calcularam-se os indicadores de densidade (density) e
centralidade de grau (degree centrality), utilizando-se o Software Ucinet.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Foram registradas 23 instituições mais produtivas, com pelo menos 2 artigos publicados.
Complete-se então que, do total de 64 instituições, 41 (~64%) foram autoras de um único artigo
no período, percentuais que mostram grande dispersão na produção de artigos pelas diferentes
instituições. Apresenta-se a Tabela 1 com o rol das 23 instituições.
Tabela1: Instituições e países que produziram pelo menos dois artigos.
Instituições
Nº de artigos
Universidade de Brasília (UnB/Brasil)
18
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/Brasil)
13
Universidade Federal da Bahia (UFBA/Brasil)
5
Universidade Federal da Paraíba (UFPB/Brasil)
5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/Brasil)
5
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/Brasil)
5
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/Brasil)
4
ECA – Escola de Comunicações e Artes (USP/Brasil)
3
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas/Brasil)
3
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/Brasil)
3
Universidad Carlos III de Madrid (ESPANHA)
3
Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP/Brasil)
2
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP/Brasil)
2
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG/Brasil)
2
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS/Brasil)
2
GT72394
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES/Brasil)
2
Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM/MÉXICO)
2
Universidad de Alcalá (UAH/Espanha)
2
Universidad de Extemadura (ESPANHA)
2
Universidad Nacional de La Plata (UNLP/ARGENTINA)
2
Universidade Católica de Brasília (UCB/Brasil)
2
Universidade Estadual de Londrina (UEL/Brasil)
2
Universidade Federal Fluminense (UFF/Brasil)
2
Fonte: Elaboração dos autores
Isto indica que 23 instituições2 (~36%) foram responsáveis por 87 do total de 110 artigos
(~79%), indicando uma concentração de produção científica em algumas delas, relação geralmente
esperada em análise de produção científica.
As instituições em negrito são de outros países e mostram o caráter de internacionalização da
revista em geral com países da América Latina e Ibero–America. Outras instituições, considerando o
total das 64, são advindas de países, como Alemanha, Cuba, França, entre outros. No Brasil, dentre
as instituições mais produtivas, há uma concentração de autorias advindas da região Centro-Oeste,
Nordeste, Sul e Sudeste.
Em relação às temáticas, em ordem decrescente de frequência, foram contempladas as
seguintes: Gestão do Conhecimento, Bibliometria, Comunicação Científica, Cientometria, Gestão
da Informação, Informetria, Inteligência Competitiva, Competência Informacional, Inclusão Digital,
Inteligência Organizacional e Inteligência Artificial. Em geral, os procedimentos bibliométricos são
contemplados como ferramentas em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica
e tecnológica.
Na Figura 1, apresenta-se a rede de colaboração institucional construída a partir das 48
instituições que apresentaram coautoria, do total das 64 instituições. Destaca-se que a área dos círculos
representa a frequência de coautorias internas às instituições, e a espessura do segmento que ligam os
nós, as frequências de coautorias entre as instituições. As cores diferenciadas do vermelho referem-se
às instituições estrangeiras.
2 A filiação do autor foi verificada inicialmente no próprio artigo. Na inexistência deste registro, buscou-se no Currículo Lattes a
filiação institucional do autor no ano da publicação do artigo.
GT72395
Figura 1: Rede de Colaboração Institucional.
Fonte: Elaboração dos autores
Destacam-se cinco sub-redes. A primeira, formada pela FEA/USP, ECA/USP, Université Sud
Du Toulon-Var e PUC/MG. A FEA/USP realiza duas coautorias com a universidade francesa e duas
também com a ECA/USP. As outras duas sub-redes são assim formadas: uma, pelas três instituições
do Espírito Santo; e outra formada por instituições advindas de regiões distintas: UFMG, CEFET/
MG, UFF e UFPB. A quarta sub-rede é formada pela EESC/USP, USP/FOB e UFSCar, instituições
do Estado de São Paulo. A quinta sub-rede é a UnB, com grande coautoria interna, e externa com a
Universidade de Toulouse e Uniceub, estas não contempladas na Tabela 1. A rede apresenta ainda a
presença de várias universidades estrangeiras, consignando assim o caráter de internacionalização da
revista.
A rede apresenta densidade igual a 1,9%, percentual que indica baixa coesão entre os atores.
A FEA/USP apresenta centralidade de grau 3, sendo a instituição de maior grau.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa apresenta, de forma sucinta, as instituições mais produtivas no periódico em
estudo, as temáticas mais candentes trabalhadas por elas, voltadas para Gestão do Conhecimento e
da Informação, Comunicação Científica, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica e
procedimentos bibliométricos.
GT72396
A rede institucional mostra-se frágil, porém com a destacada dialogicidade com outros países,
ratificando, assim, a relevância inicialmente citada do periódico.
REFERÊNCIAS
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innovative. Journal of Documentation, v.58, n.4, p. 422-462, 2002a.
_______________. Epistemology and the socio-cognitive perspective um Information Science.
Journal of the American Society for Information Science and Technoly, v. 53,.n.4,, p.257-270,
2002b.
MUELLER, S.; PERCEGUEIRO, C. M. P. A. O periódico ciência da informação na década de 90: um
retrato da área refletido em seus artigos. Ciência da Informação, v. 30, n.2, p.47-63, maio/ago. 2001.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v30n2/6211.pdf Acesso em: 21 jul. 2011.
OLMEDA, G. C.; PERIANEZ- RODRIGUEZ, A.; OVALLE-PERANDONES, M. A. Estructura de
las redes de colaboración científica entre las universidades españolas. Ibersid, p. 129-140, 2008.
OLIVEIRA, E.F.T de; GRACIO, M. C. C.; SANTARÉM SEGUNDO, J. E. Redes brasileiras de
colaboração científica em organização e representação do conhecimento: análise de coautorias dos
Encontros Nacionais de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIBs). Ibersid, p.163-168, 2009.
OTTE, E.; ROUSSEAU, R. Social network analysis: a powerful strategy, also for the information
sciences. Journal of information Science, v. 28, n.6, p. 441-453, 2002.
WASSERMAN, S.; FAUST, K. Social network analysis: methods and applications. Cambridge:
Cambridge University Press, 1994.
GT72397
PÔSTER
REVISTAS CIENTÍFICAS DA UFRGS: CONSIDERAÇÕES
ACERCA DA AVALIAÇÃO DO QUALIS CAPES
Ana Gabriela Clipes Ferreira, Sonia Elisa Caregnato
Resumo: O trabalho analisa a classificação Qualis CAPES revistas pertencentes ao Portal de Periódicos Científicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Classifica as subáreas dos periódicos
de acordo com a tabela do CNPq. Analisa os Documentos de Área da CAPES, apontando as tendências das grandes áreas através da observação dos documentos de cada subárea. Observa o estrato em
que há mais ocorrências de periódicos classificados, bem como as áreas das revistas que recebem os
maiores estratos. Finaliza com considerações sobre as diferenças entre as áreas do conhecimento e o
quanto essas podem influenciar no recebimento do estrato.
Palavras-chave: Periódico Científico. Avaliação de Periódicos. Qualis/CAPES.
1 INTRODUÇÃO
O processo de avaliação das revistas científicas é um importante fator que credita reconhecimento
e visibilidade às publicações. Uma revista bem classificada pelas agências responsáveis pela avaliação
recebe reconhecimento pela comunidade científica, atraindo maior número de leitores e autores. Do
mesmo modo, uma revista bem vista pela comunidade cientifica a que pertence tende a ser melhor
avaliada. Os primeiros registros na literatura latino-americana sobre estudos de avaliação de periódicos
surgiram em 1964, a partir dos resultados de estudos da Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) que visavam analisar características das revistas latinas,
como que incluía itens como apresentação física, duração, regularidade, periodicidade, indexação,
entre outras (KRZYZANOWSKI; FERREIRA, 1998; BARBALHO, 2005).
Os atores envolvidos no processo de avaliação de periódicos são as agências de fomento,
sistema nacional de programas de Pós-Graduação, órgãos indexadores nacionais e internacionais e os
portais de periódicos (BARBALHO, 2005). Entre esses, o sistema Qualis Periódicos da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é, atualmente, o que mais incita discussões
devido à sua importância nacional.
GT72398
O Qualis Periódicos é o método utilizado pela CAPES para estratificar a qualidade da produção
intelectual dos programas de Pós-Graduação. Essa estratificação é realizada de forma indireta, através
da análise da qualidade dos veículos, ou seja, dos periódicos científicos. A atribuição dos estratos
(A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C) é feita conforme os critérios de cada área do conhecimento,
especificados na documentação relativa aos últimos três triênios (2001 a 2003; 2004 a 2006; e 2007 a
2009), que está disponível no site da instituição1. O mesmo periódico pode ser classificado em mais
de uma área do conhecimento e receber diferentes avaliações, possibilitando assim expressar o valor
da pertinência do conteúdo veiculado (CAPES, 2010).
Mattos e Fraga (2010) avaliaram as revistas de Administração, Ciências Contábeis e Turismo
classificados no Qualis entre 2007 e 2008. A pesquisa das autoras permitiu verificar aumento em
212% de novos títulos classificados, títulos em comum em dois anos e a mobilidade no estrato de
qualificação, com 75% de aumento dos estratos. Desses títulos, 54% estão no Portal de Periódicos
da CAPES. Tanto as críticas como as sugestões evidenciam, segundo as autoras, a preocupação da
comunidade científica em melhorar e reconhecer a qualidade dos periódicos nacionais.
A UFRGS é uma grande instituição de ensino superior, com reconhecimento nacional e internacional.
Assim, as revistas editadas na Universidade buscam divulgar não só a produção intelectual da instituição,
mas sim oferecer à comunidade acadêmica em geral veículos para a disseminação dos resultados das
pesquisas de qualidade e que contribuam com o crescimento da ciência. Assim, o objetivo deste trabalho
foi analisar a classificação das revistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no Qualis.
Especificamente optou-se por: (a) analisar os documentos de área da CAPES; (b) relacionar os critérios das
áreas com os resultados dos estratos Qualis em que as revistas estão classificadas; (c) tecer considerações
acerca do processo de avaliação das revistas científicas de uma maneira geral.
2 MÉTODOS
Primeiramente, realizou-se a análise dos Documentos de Área do Qualis, disponíveis no site da
CAPES, divididos em 48 áreas do conhecimento. Para otimizar a análise do conjunto de documentos,
optou-se por agrupá-los de acordo com a tabela do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) das áreas do conhecimento.
Os periódicos selecionados para este trabalho são os presentes no Portal de Periódicos Científicos
da UFRGS2 e editados exclusivamente pela Universidade. Por meio do portal, foi possível acessar as
informações relativas a cada um deles.
Adicionalmente, o estrato Qualis de cada periódico foi buscado no WebQualis (sistema de
consulta aos resultados da classificação de veículos, da CAPES), sendo considerado o da área de
conhecimento da publicação. As revistas foram classificadas por grandes áreas do conhecimento e estas
subdivididas nas subáreas.
1
2
Documentos da área: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/ConsultaCriterio2008.faces
http://www.periodicos.ufrgs.br/
GT72399
3 RESULTADOS
A partir da análise dos Documentos de Área da Capes, observou-se que nas Ciências Agrárias,
o uso do Journal Citation Reports (JCR) e do fator de impacto é presente em todas as subáreas.
Indicam-se bases de dados específicas para cada área, internacionais e nacionais.
Nas Ciências Biológicas, o JCR também é predominantemente utilizado. Nas Ciências da Saúde
predomina o uso do fator de impacto medido pelo JCR. Além disso, o índice H (Scopus) também é utilizado.
A indexação em fontes específicas da área, Medline por exemplo, é um fator importante para a Medicina
e Saúde Coletiva, sendo que a circulação e o impacto são os critérios gerais.
Nas Ciências Exatas e da Terra, a subárea da Ciência da Computação dá ênfase e reconhecimento
para artigos publicados em eventos e as fontes de informação mais relevantes são o ISI, Scopus,
mediana dos três índices de impacto (JCR, índice H do Scopus e índice H do Google Acadêmico)
ACM, IEEE, SpringerLink, InterScience). Nas demais subgráreas, o fator de impacto predomina e na
Química é a única métrica utilizada.
Nas Ciências Humanas, os documentos enfatizam a importância da exogenia dos autores dos
artigos e não apontam para a utilização do fator de impacto. A grande área recomenda a inserção
numérica em fontes nacionais e internacionais. Em diversas subáreas, o documento prioriza a
explicação e os métodos utilizados para minimizar as discrepâncias entre as disciplinas.
Parte das Ciências Sociais Aplicadas também utilizam o JCR (Administração, Ciências
Contábeis e Turismo), e a Economia ainda utiliza o ranking de Barrett, Olia e Bailey, porém não sendo o
principal critério. A avaliação é feita de maneira qualitativa e quantitativa e leva em conta as avaliações
anteriores. As discrepâncias entre as subáreas são relatadas. Há indicação de determinadas fontes de
informação e também quantidade delas e de artigos com autores com diversidade institucional, ou
seja, exogenia. Há avaliação de porcentagem de autores-doutores. Presença em fontes de informação
do tipo ISI, SCOPUS ou SCIELO possibilita estratificação mais alta. Fontes do tipo Latindex pontuam
também, embora não de maneira tão significativa.
Nas Engenharias, o JCR é utilizado largamente para atribuir a estratificação. Para as revistas
não presentes no ISI, considera-se a circulação internacional. Scopus e SciELO também são indicadas
como as principais fontes de informação para pontuar.
Na área de Linguística, Letras e Artes é salientado que a avaliação é qualitativa, não possuindo
tradição na utilização de bases de dados bibliográficas ou fator de impacto. O número de artigos por
edição e a exogenia são fatores importantes, além da circulação eletrônica e impressa, com aquisições
realizadas em especial por permuta.
A última grande área, a Interdisciplinar, possui apenas duas subáreas. A documentação da área de
materiais é baseada na Engenharias II, ou seja, utiliza como métrica o JCR. A área interdisciplinar também
considera o JCR e outras fontes de informação. A presença no Portal da CAPES pontua positivamente.
No Quadro 1, são organizadas as áreas do conhecimento do CNPq, a subárea na qual a revista
está classificada, o título da publicação e o estrato recebido na sua subárea.
GT72400
Áreas CNPq
Subárea das revistas
Títulos das revistas
Estrato
Ciências Agrárias
Veterinária
Acta Scientiae Veterinariae
B4
Ciências Biológicas
Biociências
Revista Brasileira de Biociências
B4
Educação Física
Movimento
B1
Enfermagem
Revista Gaúcha de Enfermagem
B1
Farmácia
Caderno de Farmácia
C
Medicina
Revista HCPA
B5
Odontologia
Revista da Faculdade de
Odontologia
B4
Geociências
Para Onde!?
C
Geociências
Pesquisas em Geociências
B2
Informática
Revista de Informática Teórica e
Aplicada
B3
Antropologia
Debates do NER
B3
Antropologia
Espaço Ameríndio
B4
Antropologia
Horizontes Antropológicos
A1
Educação
Cadernos do Aplicação
B4
Educação
Educação & Realidade
A2
Filosofia e Ciências Humanas
Episteme
B3
Filosofia e Ciências Humanas
Revista Debates
B2
História
Anos 90
B1
Psicologia
Psicologia: reflexão e crítica
A1
Sociologia
Sociologias
A1
Administração
REAd: Revista Eletrônica da
Administração
B2
Arquitetura
Arqtexto
B2
Biblioteconomia e Comunicação
Em Questão
B2
Biblioteconomia e Comunicação
Intexto
B2
Ciências Econômicas
Análise Econômica
B3
Ciências Econômicas
ConTexto - Revista do Núcleo
de Estudos e Pesquisas em
Contabilidade
C
Letras
Contingentia
B5
Letras
Nau Literária
B3
Música
Em Pauta
A2
Artes visuais
Porto Arte
B1
Teatro
Cena
B5
Interdisciplinar
Estudos Interdisciplinares sobre o
Envelhecimento
B3
Interdisciplinar
Informática na Educação: teoria
& prática
B2
Interdisciplinar
Produto e Produção
B3
Ciências da Saúde
Ciências Exatas e da Terra
Ciências Humanas
Ciências Sociais
Aplicadas
Linguística, Letras e Artes
Interdisciplinar
Quadro 1 – Estrato Qualis das Revistas (na subárea de conhecimento do periódico)
GT72401
Tendo em vista que um título pode receber diversos estratos de diferentes áreas do conhecimento,
considerou-se o Qualis referente à subárea do periódico. Das revistas que não possuem avaliação na
própria área do conhecimento, foi considerado o maior estrato. Essas revistas não foram avaliadas
na sua subárea porque não publicaram artigos de docentes ligados aos PPGs da respectiva área. Para
a revista da área de Medicina, essa situação é explicada pela preferência de publicação em revistas
internacionais. A subárea utiliza tradicionalmente o fator de impacto, considerando-o primordial para
o reconhecimento da qualidade do periódico pelos autores e leitores. Para evitar endogenia, não é
aconselhável que autores do próprio PPG publiquem na revista.
Os estratos estão assim divididos entre as revistas da UFRGS: A1 (8,82%); B2 (5,89%); B1
(11,78); B2 (20,58%); B3 (20,58); B4 (14,71%); B5 (8,82%); e C (8,82%). Há concentração maior de
revistas nos estratos B2 e B3. As revistas da área de Ciências Sociais Aplicadas são a maioria, nesse
caso, porém as duas interdisciplinares também estão nesse intervalo.
As duas primeiras grandes áreas, Ciências Agrárias e Biológicas possuem apenas um título
representando cada uma delas. Como visto na análise da documentação de área, para o recebimento
de estratos maiores, possuir fator de impacto é fundamental. Nas Ciências da Saúde, os estratos
variam entre as revistas, sendo o mais alto B1 o menor C. Nas revistas das Ciências Exatas e da Terra,
as da mesma subárea recebem estrato diferente, porém, se analisadas as publicações, verifica-se que
possuem características distintas, em especial o tempo de existência.
As subáreas de conhecimento dos títulos que obtiveram avaliação A1 e A2 são Antropologia,
Sociologia e Psicologia (A1); e Educação e Música (A2). Aquelas revistas que receberam estrato C
são novas ou não atendem às exigências da área durante o triênio vigente.
Pode haver críticas ao sistema Qualis da CAPES pelos pesquisadores das áreas em que as
exigências são mais rigorosas, como a presença em fontes de abrangência internacional. Enquanto
isso, os documentos de outras áreas são mais flexíveis quanto ao tipo de fontes e consideram outras
características do título na avaliação, qualitativas ou não.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Periódicos bem avaliados têm visibilidade devido à credibilidade que a publicação ganha diante da
comunidade científica. Os autores mais renomados passam a enviar os resultados das suas pesquisas para
esses veículos, na forma de artigos, que são avaliados por um comitê de pareceristas a fim de assegurar que
a publicação do artigo contribuirá para o avanço da ciência. Possivelmente o artigo será citado em estudos
similares, e o número de acessos contribuirá para aumentar a visibilidade, pois um artigo muito acessado
pode ser considerado um documento relevante de alguma forma para a ciência.
Os editores das revistas não avaliadas na sua área do conhecimento podem buscar, através de
convites, editais e chamadas especiais, qualificar a revista perante a avaliação do Qualis CAPES e a
fim de atender aos critérios das fontes de informação.
GT72402
Os critérios de avaliação de periódicos pelo Qualis CAPES recebem muitas críticas, assim
como processos avaliativos de qualquer natureza, inclusive o peer review das revistas. Porém, é
válido lembrar que esses critérios visam melhorias para as publicações, exigindo que elas atinjam
elevados patamares de qualidade para receber estratos mais altos.
Os documentos de área são de fácil acesso para a consulta, com informações sobre o processo
de avaliação e os coordenadores de área, além de elementos indispensáveis para o conhecimento
dos editores e das equipes. Não são documentos permanentes ou definitivos, ou seja, são adaptados
e melhorados conforme a realidade da área a cada triênio. Assim, as deficiências observadas durante
um triênio podem ser corrigidas no próximo, bem como os pontos positivos podem ser observados
e incorporados à avaliação. Além disso, os coordenadores de cada área são os próprios pares de sua
comunidade científica, ou seja, é formado por pessoas interessadas no avanço da pesquisa na área.
Abstract: This study examines the classification Qualis CAPES assigns to journals belonging to the
Web Portal of Scientific Journals of Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Firstly, journals
are categorized according to the disciplines of knowledge they belong, using a classification scheme
from CNPq. It analyses the Qualis CAPES documentation, pointing out the trends of major areas
of knowledge. It also examines atch the strata in which more instances of journals are classified,
as well as the areas of journals that receive the highest strata. It ends with considerations about the
differences between areas of knowledge and how these may influence the evaluation of journals and
the classification they receive.
Keywords: Scientific Journals. Journal Evaluation. Qualis/CAPES
REFERÊNCIAS
BARBALHO, Célia Regina. Periódico Científico: parâmetros para avaliação de qualidade. In:
Ferreira, Sueli S. P.; TARGINO, Maria das Graças. Preparação de revistas científicas: teoria e prática.
São Paulo: Reichmann & Autores, 2005, p. 123-158.
KRZYZANOWSKI, Rosaly Fávero; FERREIRA, Maria Cecília Gonzaga. Avaliação de Periódicos
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Disponível em: <http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/357/318>. Acesso em: 10
jun. 2010.
CAPES. Qualis Periódicos. 2010. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis>.
Disponível em: 30 abr. 2010.
MATTOS, Ana Maria; FRAGA, Tânia. Avaliação de Periódicos na Área de Administração, Ciências
Contábeis e Turismo. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 16.,
2010. Anais... Rio de Janeiro: UFRJ, 2010.
GT72403
PÔSTER
DOMÍNIOS CIENTÍFICOS NA UFRJ: ANÁLISE E
VISUALIZAÇÃO DAS INTERAÇÕES E COMPETENCIAS
(2000-2008)
Roberto Mario Lovón Canchumani, Jacqueline Leta, Antonio MacDowell de Figueiredo
Resumo: O presente estudo tem como objetivo investigar os domínios institucionais da UFRJ, a
fim de identificar as redes de competência cientifica da instituição e a trajetória da sua comunidade
cientifica. Para tanto, o domínio institucional da UFRJ é analisado sob duas dimensões: (1) a
dimensão quantitativa e qualitativa da produção intelectual e (2) a dimensão estrutural e de redes.
Para a primeira dimensão são utilizadas algumas técnicas quantitativas, como análises bibliométricas,
e técnicas qualitativas como análise documental e entrevista. Já para a segunda dimensão, se faz uso
de análises de redes a partir de programas estatísticos, focalizando os dados de co-autoria. Resultados
preliminares mostram que é possível agrupar determinados domínios, inicialmente a produção
intelectual da UFRJ classificada em 5 grandes áreas do conhecimento e a interação entre 2 dessas
grandes áreas. Acredita-se que estudos deste tipo podem contribuir para a identificação do perfil
cientifico da instituição.
Palavras-chave: Domínio Científico. Bibliometria. Redes. UFRJ.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a maior parte da produção cientifica é desenvolvida no âmbito das universidades,
sobretudo nos seus programas de pós-graduação (LETA et al. 2006). Estas instituições caracterizamse por apresentar um perfil temático multidisciplinar e por serem administrativa e funcionalmente
fragmentadas. Em cada faculdade, departamento, instituto e laboratório são realizadas atividades
acadêmicas e de pesquisa em mais de uma área, disciplina ou especialidade temática.
Partindo-se do pressuposto de que a produção cientifica de uma universidade estaria representada
pelo conjunto das produções científicas geradas em seu âmbito (BRAUN, 1999), o perfil e os padrões
científicos da mesma estariam determinados pelo perfil e os padrões científicos de cada um desses domínios
institucionais específicos, dentro dos quais se desenvolvem as atividades de pesquisa. É neste contexto que
GT72404
o estudo da produção científica torna-se relevante, já que ele pode permitir a cada universidade conhecer
as potencialidades científicas de suas unidades constituintes e contar com informação objetiva e confiável
de apoio à tomada de decisão, planejamento e avaliação de suas atividades.
Estudos desta natureza demandam uma base de informações abrangente e sempre atualizada,
preferencialmente de acesso público, que seja capaz de identificar, ao longo do tempo, a configuração e
as disponibilidades de conhecimentos e competências que a instituição possui. Uma ferramenta como
esta é disponibilizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1998. Denominada
EspaçoSIGMA.UFRJ3, a base informacional da UFRJ representa toda a sua estrutura organizacional
e registra a forma de organização das atividades de ensino e pesquisa assim como os resultados por
estas alcançados (FIGUEIREDO, 2006).
2. OBJETIVOS
A partir de técnicas bibliométricas e/ou cientométricas, este estudo pretende investigar os
domínios4 institucionais na UFRJ, buscando identificar: (1) as redes de competências científicas
da instituição como reflexo das interações entre atores de seu corpo social e (2) as trajetórias da
comunidade científica, sendo útil para representar a evolução e projeção de domínios do conhecimento
da instituição.
3. ASPECTOS TEÓRICOS
Possibilitar a visualização de um grande domínio científico tem sido objetivo perseguido
durante muito tempo por diversos pesquisadores, destaque para dois estudos pioneiros: Price (1965)
e Small (1973). Este último deu significativo avanço à construção de mapas, ou gráficos de domínios,
ao propor de forma independente a co-citação de documentos como variável de estudo na análise de
citações da produção científica.
Small e Griffith (1974) elaboraram mapas da ciência para as ciências naturais, usando como
fonte de informação o Science Citation Index (SCI) e a co-citação, como variável de relação ou
vinculo. Os mapas se tornaram fundamentais no desenvolvimento da representação de domínios
científicos além de possibilitar a identificação de grupos de documentos que tinham interesses
intelectuais comuns, comprovando assim que a ciência é uma rede de especialidades interconectadas.
Na década de 1990, as tecnologias da informação e comunicação facilitaram o acesso
às bases de dados, tornando possível a descarga, o tratamento e o processamento de dados,
3 A página inicial pode ser acessada através do link: http://www.sigma.ufrj.br/site/espaco/index.htm
4 Em termos gerais, domínio é a designação dada a uma comunidade de discurso vinculada a um âmbito qualquer em que se
desenvolve uma atividade. Um domínio pode compreender um conjunto de atores que compartilham algo em comum assim como o
emaranhado de relações que entre estes se estabelece. No âmbito da atividade científica, uma disciplina ou uma especialidade científica
corresponde a um domínio temático.
GT72405
permitindo, assim, a geração de novos, mais complexos e potentes indicadores bibliométricos.
Moed et al (1995), revisando os métodos de avaliação da atividade científica, constatam que no
início da década de 1990 vinham-se desenvolvendo e utilizando separadamente os procedimentos
de avaliação bibliométrica, qual seja, a análise bibliométrica da produção científica e os mapas
da ciência.
O desenvolvimento de metodologias para a comparação da produção cientifica no sistema
global da ciência, tanto a nível nacional como internacional, tem sido objeto de numerosos estudos
(VAN RAAN, 2004; VAN LEEUWEN, 2004; GLANZEL e SCHUBERT, 2004; dentre outros).
Paralelamente, os estudos de análise de domínio vêm se consolidando. Eles incluem desde análises
com enfoque holístico da atividade científica até os estudos de redes sociais, que se debruçam sobre
a estrutura de relações que compõem o fluxo de comunicação entre os diferentes agentes envolvidos.
4. METODOLOGIA
Informações institucionais extraídas do EspaçoSIGMA.UFRJ, no período de 2000-2008, são
a base deste estudo. O domínio institucional da UFRJ está sendo analisado sob duas dimensões: (1) a
dimensão quantitativa e qualitativa da produção intelectual e (2) a dimensão estrutural e de redes. Para
a primeira dimensão são utilizadas algumas técnicas quantitativas, como análises bibliométricas, e
técnicas qualitativas como análise documental e entrevista. Já a segunda dimensão faz uso de análises
de redes a partir de programas estatísticos, que se debruçam sobre os dados de co-autoria, que, uma
vez coletados, fornecem uma matriz de co-ocorrência, permitindo a obtenção de informações sobre
o grau de proximidade entre os nós – indivíduos – dos domínios estudados. No esquema 1 estão as
principais etapas metodológicas.
EXTRAÇÃO
DE DADOS
BUSCAS
SIGMA.UFRJ
SIGMA.UFRJ.
Foco
DEFINIÇÃO DA
UNIDADE DE ANÁLISE
SELEÇÃO DE
MEDIDAS
INSTÂNCIAS
VALORES/
FREQÜÊNCIAS
Centros
CCS
CT
Programas de
Pós-Graduação
Atributos
(Conhecimentos e
competências)
Citação
Co-citação
Co-autoria
Agrupamentos
REDUÇÃO E
REPRESENTAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
GRÁFICA
DA INFORMAÇÃO
REDUÇÃO DO ESPAÇO
Análise de Cluster
Análise Fatorial
Multi-Dimensional
Scaling (MDS)
Pthafinder Networks
(PFNETS)
Redes Sociais
INTERAÇÃO
Visualização de
domínios
Software Pajek
Esquema 1: Etapas para a análise e produção de mapas de domínio institucional (Adaptado de Borner et al.
2003)
GT72406
Etapa 1 - Extração de dados: A partir do Espaço.SIGMA.UFRJ. A escolha desta base deve-se
ao amplo modelo de representação da organização e das atividades institucionais da UFRJ, configurado da seguinte forma: pessoas (o Corpo Social) organizam-se para realizar “funções finalísticas“
(Projetos e Cursos), dos quais decorrem resultados (Concluintes, Trabalhos de Conclusão e Produção
Intelectual) vinculados ou não a instâncias institucionais (Departamentos, Cursos, Programas e Unidades Acadêmicas). O SIGMA.UFRJ.Foco oferece diversas possibilidades de consulta a essa base
(FIGUEIREDO, 2006).
Etapa 2 - Definição da unidade de análise: Foram definidos os programas de pós-graduação
das instâncias que registram maior quantidade de produção cientifica na UFRJ: o Centro de Ciências
da Saúde (CCS) e o Centro de Tecnologia (CT).
Etapa 3 - Seleção das medidas: Quantificar a relação entre cada um dos membros da unidade
de análise selecionada com o restante dos componentes. Os resultados são matrizes de dados multidimensionais que mostram a existência de tais relações e seus respectivos graus. Dentre as unidades
de medida utilizadas para evidenciar as relações existentes, destacam-se: citação, co-citação e co-autoria. Inicialmente, o estudo focaliza estas últimas.
Etapa 4 - Redução e distribuição da informação: As técnicas utilizadas classificam-se em três
grandes grupos: os de natureza estatística multivariável, os de origem conexionista, e os baseados em
análises de redes sociais. Nossa pesquisa concentra-se nestas últimas.
Etapa 5 - Representação gráfica: A geração dos mapas para visualização dos domínios
estudados é feita mediante o uso de redes sociais, utilizando-se o software Pajek.
Assim, com base nestas etapas, foi realizado um ensaio a fim de verificar a viabilidade das
informações coletadas na base SIGMA.UFRJ, além de estabelecer um protocolo para o processamento
e análise dos dados. Para o presente estudo, são mostradas duas redes que se formaram a partir das
co-autorias, em publicações de 2007, estabelecidas entre os docentes da UFRJ.
5. RESULTADOS
Os resultados deste ensaio mostram que é possível agrupar e visualizar determinados domínios a partir de medidas de co-autoria, expressa na produção intelectual dos docentes da UFRJ, registrada na base e publicada em 2007.
Na figura 1, nota-se a existência de 5 redes que correspondem às cinco grandes áreas do conhecimento (conforme a classificação de áreas do conhecimento do CNPq), que apresentaram maior
numero de publicações em periódicos da UFRJ em 2007: Ciências Exatas e da Terra (azul-marinho,
292 artigos), Ciências Biológicas (azul-celeste, 489 artigos), Engenharias (verde, 365 artigos), Ciências da Saúde (vermelho, 560 artigos), Ciências Humanas (amarelo, 314 artigos).
GT72407
Figura 1: Rede de co-autoria da produção intelectual de
cada uma das 5 grandes áreas do conhecimento da UFRJ.
Cada cor refere-se às grandes áreas do conhecimento.
(2007).
Figura 2: Rede de co-autoria da produção intelectual
compartilhada entre duas grandes áreas do conhecimento da
UFRJ. Cada cor refere-se às grandes áreas do conhecimento.
(2007).
A determinação da grande área tomou como base a área, sub-área ou especialização à qual
pertence a publicação, tal como declarada por seus autores, no momento de inclusão na base. Portanto,
nesta primeira observação, nota-se que, dentro de cada grande área, ou seja, dentro de um conjunto de
unidades (ou docentes) que guardam semelhança em seus temas de interesses em pesquisa é possível
observar que há formação de domínios com diferentes níveis de interação e complexidade.
Será, então, que é possível, a partir da produção intelectual, identificar redes entre diferentes
áreas? Para responder esta pergunta, um segundo ensaio foi conduzido, desta vez para verificar se
ocorre e qual a extensão das redes de co-autoria entre Ciências da Saúde e Ciências Biológicas (Figura
2), as áreas que apresentaram o maior número de publicação em periódicos no ano de 2007.
A análise da interação entre duas dessas grandes áreas do conhecimento foi conduzida a partir
das declarações dos autores que podem indicar, para cada nova produção incluída na base, mais de
uma área, sub-área e especialização pertencentes a distintas grandes áreas. Cada ponto desta rede, ou
nó, representa um qualquer destes níveis. Portanto, é possível visualizar neste ensaio que são pontuais
os casos de interação entre autores que atuam em diferentes áreas, mesmo sendo estas de grande
proximidade.
6. DISCUSSÃO
Estudos sobre domínios institucionais podem fornecer insumos para melhorar a qualidade da
gestão, acompanhamento e avaliação das atividades realizadas por qualquer instituição. Neste caso,
estamos investigando os domínios de uma das maiores e mais prestigiadas universidades do Brasil.
Os resultados destes primeiros ensaios mostram que é possível investigar formações de domínios
na UFRJ a partir de sua base informacional, o SIGMA.UFRJ. Os resultados também apontam para
uma baixa interação entre os docentes da UFRJ, o que é, sem duvida, preocupante, pois aponta para
GT72408
possíveis descompassos nas competências científicas da UFRJ. Mas uma visualização mais ampla e
detalhada deste aspecto e de outros não apresentados neste trabalho, no entanto, só será possível com
uma análise temporal mais extensa e uma análise detalhada das redes de co-autoria a partir de outros
resultados acadêmicos, tais como teses ou participação em bancas.
O conjunto de informações geradas por este tipo de estudo permitirá a visualização de possíveis
mudanças na constituição e na relação de (e entre os) domínios da UFRJ. Desta forma, poderá
contribuir para a identificação do perfil cientifico da universidade, apontando as suas capacidades,
os seus campos de excelência e linhas de pesquisa, tornando possível verificar o nível alcançado por
estas e direcionar políticas institucionais.
Abstract: This paper aims to investigate the institutional domains of UFRJ, in order to identify the
networks of the scientific competence of the institution and the trajectory of its scientific community. Thus, the institutional domain of UFRJ is analyzed in two dimensions: (1) the quantitative and
qualitative dimension of intellectual production and (2) the size and structural networks. Preliminary
results show that it is possible to group certain areas, initially the production of intellectual UFRJ
classified into five major areas of knowledge and interaction between these two large areas. It is believed that such studies may help to identify the scientific profile of the institution.
Keywords: Scientific Domain. Bibliometrics. Networks. UFRJ.
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GT72410
PÔSTER
COLABORAÇÃO NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM
CIÊNCIAS DA SAÚDE: ANÁLISE DE CINCO DÉCADAS DE
COAUTORIAS
Maria Fatima Maia, Sônia Elisa Caregnato
Resumo
O trabalho investiga as características das colaborações científicas na ciência brasileira, tendo como
foco as coautorias de trabalhos indexados na base de dados Medline ao longo de cinco décadas
(1960-2010). Os dados possibilitaram comparar o crescimento geral da base e de artigos brasileiros,
demontrando um maior crescimento da ciência brasileira. No que se refere as colaborações, as análises
de 118.465 referências bibliográficas mostram que a maior frequência foi a autoria compartilhada
entre quatro autores. Entretanto, ao longo do tempo, este perfil se alterou, sendo que até a década
de 80 os artigos apresentavam a autoria individual ou dupla e, só na década de 90, as colaborações
ficaram mais intensas. Os dados deste trabalho também permitem afirmar que, no que se refere à
produção científica e número de coautores, a área de biociência no Brasil apresenta um número
crescente de autores, assim como um aumento acelerado na publicação de artigos científicos.
Introdução
A cooperação entre pesquisadores é um fenômeno crescente que tem sido estudado a partir de
diferentes perspectivas, abordagens e metodologias (VANZ; STUMPF, 2010 ; WILES et al., 2010 ;
FURUKAWA et al., 2011 ; ONEL et al., 2011 ; ZANDERS, 2011). Entretanto, este intenso interesse
ainda não resultou na compreensão plena do fenômeno colaboração científica e, no âmbito da ciência
brasileira, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Um artigo publicado em março de 1883 na revista Science, que buscava traçar o panorama da
ciência brasileira naquela época, marca o início deste percurso. No trabalho é referido ser possível
identificar no país, uma década antes, ou seja, desde 1873, o despertar para a ciência e, este cenário
de mudanças, poderia ser atribuído ao aumento das relações entre cientistas brasileros e estrangeiros,
ou seja, as colaborações (THE PRESENT..., 1883).
Partindo desta reflexão, este artigo pretende investigar as características das colaborações
científicas na ciência brasileira, tendo como foco as coautorias de trabalhos indexados na base de
dados Medline, ao longo de cinco décadas (1960-2010). A identificação dos trabalhos brasileiros foi
feita a partir do endereço de afiliação do primeiro autor.
GT72411
Os objetivos específicos do trabalho são: a) Verificar a quantidade de artigos brasileiros
indexados na Medline no período; b) Analisar a relação de crescimento geral da base e a indexação
de trabalhos brasileiros; c) Verificar o número de autores em cada década; d) Identificar a freqûencia
de autores por década.
Os resultados aqui apresentados fazem parte das análises preliminares referentes ao projeto
de tese de doutorado, que está sendo realizado junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Metodologia
A Medline é, reconhecidamente, a mais importante fonte de dados bibibliográficos da área de
biociências. Criada e mantida pela agência norte americana National Library of Medicine (NLM),
indexa trabalhos publicados em 5.400 periódicos estadunidenses e de outros 80 países, incluindo o
Brasil. A Medline é um subgrupo da base de dados PubMed1 que, atualmente, reúne mais de 20 milhões
de referências para trabalhos publicados em diferentes disciplinas, tais como as ciências médicas e
todas as suas especialidades, química, física, bioquímica, genética, biologia, veterinária, odontologia,
e outras. Através do site da PubMed é possível limitar as buscas por diferentes subconjuntos de
dados, incluindo a Medline. Para analisar o perfil das colaborações científicas no Brasil a estratégia
utilizada foi buscar pelas palavras BRASIL ou BRAZIL no campo afiliação (affiliation) onde
consta o endereço do primeiro autor do artigo. Porém, após uma investigação mais detalhada destes
delimitadores, identificou-se que o campo afiliação foi incorporado à base somente a partir de 1987,
portanto, foi necessário realizar uma busca mais sensível para o período anterior a este ano. Para isso,
utilizou-se as mesmas palavras (BRASIL ou BRAZIL) nos campos título (title) e descritores (MeSH
– Medical Subject Heading). Ao final das buscas foram reunidas 118.465 referências bibliográficas.
Os dados foram organizados em um banco de dados construído no software EndNote2 (versão 15),
que permite realizar algumas análises simples e facilita a limpeza dos dados. O restante das análises
foram realizadas no software BibExcel3.
Resultados e Discussão
A primeira etapa da análise dos dados foi verificar a quantidade de trabalhos brasileiros
indexados na base de dados. Na Tabela 1, pode-se verificar a quantidade e o percentual dos artigos
cujo o primeiro autor informou endereço de afiliação no Brasil. O valor percentual é referente ao
número de trabalhos brasileiros em relação ao número total de trabalhos na base. A análise seguinte
compara o crescimento geral da Medline e do número de artigos brasileiros (Figura 1).
1
2
3
Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/
Mais informações sobre o software no endereço: http://www.endnote.com
Mais informações sobre o software em: http://www8.umu.se/inforsk/Bibexcel
GT72412
Tabela 1. Distribuição por década do número de artigos indexados na base de dados Medline (1960
– 2010).
60
Brasil
70
80
90
2000
Total
1.651
2.758
5.419
19.592
89.045
118.465
Medline
1.513.575
2.399.494
3.183.137
4.150.270
6.689.708
17.936.184
% Brasil
0,1
0,1
0,2
0,5
1,3
Abaixo, na Figura 1 é possível observar, um crescimento exponencial e constante da base de
dados Medline durante o todo o período (1960-2010), demosntrado pelas linhas sobrepostas na Figura
1 (a). No que se refere ao número de artigos brasileiros, a Figura 1 (b) mostra um crescimento acima
do exponencial a partir da década de 90.
No artigo de 1883 citado na introdução deste trabalho, a ciência brasileira foi referida como
de ‘pequeno porte’, porém, observando os dados da Figura 1 é possível dizer que, a partir da década
de 90, esta configuração se altera significativamente.
Figura 1. Relação entre o crecimento da Medline o número de artigos brasileiros 1960–2010 ((a) n
= 17.936.184 (b) n = 118.465).
(a)
(b)
É importante salientar que estas afirmativas estão fundamentadas no caso específico da fonte
utilizada para a coleta dos dados, isto é, a base de dados Medline. Portanto, esta configuração pode
ser diferente em outros contextos.
No que diz respeito às análise das autorias, um total de 177.131diferentes indivíduos
compartilharam trabalhos cujo primeiro autor era brasileiro. O número de autores apresentou um
crescimento superior ao exponencial e está de acordo com o aumento geral da representação brasileira
na base.
Para realizar as análises de coautorias, foram retirados os artigos sem autoria individual, sendo
assim, o total de 118.465 artigos das primeiras análises, diminuiu para 115.251. Os dados da Figura
GT72413
3 mostram que entre a década de 60 e 70 e na seguinte (70-80) o número de autores dobrou. Entre os
anos 80 e 90 o número de autores triplicou e na década seguinte (90-2000) quadriplicou.
Figura 3. Distribuição do número de autores por década 1960–2010 (n = 177.131).
No que se refere a análise de frequências, a maior parte dos artigos analisados apresentou
autoria compartilhada entre quatro autores, porém como houve um aumento significativo no número
de trabalhos a partir da década de 90, essa medida tende a representar as últimas décadas. Optou-se
então em analisar, separadament, os períodos que estão representadas nas Figuras 4, 5, 6 e 7.
Figura 4. Distribuição do número de artigos conforme número de autores: 1960 – 2010.
É possível observar nas Figuras 4 e 5 que os artigos com um e quatro autores tiveram um
aumento exponencial, pois as duas linhas se fundem ao longo do período. Os artigos de autoria dupla
(Figura 4) e tripla (Figura 5), cresceram, de forma mais destacada, a partir da década de 90.
Figura 5. Distribuição do número de artigos conforme número de autores: 1960 – 2010.
GT72414
Também na Figura 6, pode-se observar que a tendência geral de crescimento permanece
durante as cinco décadas, porém o número total de artigos com autoria superior a cinco começa a
diminuir. Esta característica pode ser verificada através do número total de artigos (cinco autores =
18.574; seis autores = 15.689).
Figura 6. Distribuição do número de artigos conforme número de autores: 1960 – 2010.
Outro detalhe que deve ser destacado na Figura 6 é que os artigos com cinco ou seis autores
foram raros até a década de 90, pois a linha de crescimento só se altera a partir deste período. Este
padrão se repete para os artigos com 7, 8 e 9 autores, isto é, o número total diminui, apresentando,
respectivamente, n=9.698; n=6.203 e n=3.754. Entretanto, é importante apresentar as linhas de
crescimento dos artigos com 10 ou mais autores (Figura 7).
Figura 7. Distribuição do número de artigos conforme número de autores: 1960 – 2010.
A Figura 7 mostra que foram muito raros os artigos com uma dezena ou mais autores,
especialmente a década de 60 que apresentou apenas dois artigos com 10 autores. É válido destacar
que “mais de 10 autores” significa um amplo intervalo, variando entre 11 e 100 autores. No ano
2000 há dois artigos com 100 auotres e em 2003 um artigo com esta quantidade de autores, todos
no campo de estudos da genética. São consórcios que englobam o trabalho de um grande número de
pesquisadores. Os artigos de 2000 são vinculados ao Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer em
São Paulo, o artigo de 2003 é do Laboratório de Genética Molecular do Câncer da Universidade de
São Paulo.
GT72415
Considerações finais
Os dados preliminares da pesquisa já indicam características importantes sobre as colaborações
nas atividades científicas de pesquisadores brasileiros, que deverão ser mais bem exploradas ao longo
da pesquisa. Foi possível identificar que as colaborações foram aumentando ao longo do período, com
um crescimento acima do exponencial. Além das colaborações, a representação da ciência brasileira
na Medline também cresceu significativamente, indicando assim um maior reconhecimento. Ao longo
deste período houve um crescimento no número de periódicos brasileiros indexados na base, que se
reflete no aumento de artigos e autores. Estes dados demonstram que o Brasil, na área das biociências,
apresenta um perfil diferente do que apontado no artigo de 1883 (citado no início do trabalho).
Conforme um artigo mais atual, também da revista Science, a ciência brasileira vai de “vento
em popa” (riding a gusher), ou seja, com um perfil inverso ao de 127 anos atrás (REGALADO,
2010). Os dados deste trabalho também permitem afirmar que, no que se refere à produção científica
e número de coautores, a área de biociência no Brasil estaria entrando no perfil Big Science (PRICE,
1965), isto é, com um aumento significativo, especialmente nos últimos quinze anos.
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Sons, 2011.
GT72416
PÔSTER
PRODUÇÃO CIENTÍFICA ANTÁRTICA: ANÁLISE
BIBLIOMÉTRICA DOS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS
Fabiano Couto Corrêa, Marcelo Vinicius de La Rocha Domingues, Marilene Zimmer, João Carlos
Centurion Rodrigues Cabral
Resumo: Tendo em vista as características das Ciências Polares, o desenvolvimento de um banco de
dados temático enfrenta muitos desafios. Dessa forma, um levantamento bibliométrico da produção
científica sobre a Antártica foi realizado com o objetivo de entender o papel das Ciências Humanas
e da Saúde e as contribuições metodológicas da Ciência da Informação tanto na análise de dados
internacionais quanto na análise de dados gerados por brasileiros sobre pesquisas antárticas. Assim,
percebeu-se que o Brasil apresenta uma consistente produção científica relativa à Antártica; porém,
diferentemente dos resultados internacionais, o país não realizou projetos relativos às dimensões
humanas. Finalmente, sugere-se que o repositório temático seja uma ferramenta metodológica almejada
pelas instituições de fomento a ciência polar brasileira, bem como a inserção e o gerenciamento de
metadados.
Palavras-chave: Repositórios de Acesso Livre. Gestão de Dados. Condições Inóspitas. Bibliometria.
1 INTRODUÇÃO
Com aproximadamente 50 anos de investigações científicas no continente antártico, ainda há
muitas respostas a serem encontradas neste ambiente (MACHADO; BRITO, 2006). Devido às suas
características únicas, essa região é considerada um laboratório natural de grande valor científico. O
Tratado da Antártica, principal documento regulamentador das ações na região, garante atividades de
natureza pacífica, bem como a colaboração internacional e a liberdade científica no continente austral
(SOUZA, 2008; DAHER, BRITO, 2007). O Brasil, ao ratificar o tratado, assumiu responsabilidades
internacionais no que tange à execução de pesquisas científicas e à preservação ambiental (SOUZA,
2008; BRITO, 2009). Assim, os estudos antárticos fazem parte de diversas áreas do conhecimento,
de muitos países e de centenas de instituições e, portanto, encontram grandes desafios em ações que
visam gerenciar e agrupar os dados em um repositório relativo a todas as áreas de estudo.
As dificuldades enfrentadas por pesquisadores para acessar o conhecimento proveniente
de investigações de fenômenos únicos em um local de logística tão complexa como as regiões
GT72417
polares podem representar desafios onerosos para as instituições de fomento à ciência. Na
Antártica, o agrupamento de dados pode ser lento e difuso devido às dificuldades inerentes
ao ambiente e, portanto, um repositório temático pode representar uma valiosa prerrogativa
científica. O Antarctic Master Directory (AMD) representa uma das poucas ações bem-sucedidas
com esse intuito. Com o gerenciamento através de uma ação coordenada entre a agência espacial
americana (NASA) e o comitê SCAR sobre gerenciamento de dados antárticos (SC-ADM), o
AMD é o diretório que contém os conjuntos de metadados reunidos pelos National Antarctic Data
Centers (NADCs) (AMD, 2011). Relativos aos programas antárticos de 21 países (SC-ADM,
2011), os NADCs são bases de dados nacionalmente financiadas, sendo assim, uma ligação entre
cientistas e o sistema AMD (AMD, 2011).
As poucas fontes de informações das ciências antárticas brasileiras encontram-se
dispersas entre websites e bases de dados de grupos de pesquisa ou instituições específicas. Até
o momento, o Brasil não tem um repositório geral e de acesso livre relativo à pesquisa polar
realizada por brasileiros. Entretanto, no ano de 2006, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
(CGEE) realizou, a pedido do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), uma avaliação das pesquisas científicas do Programa Antártico Brasileiro (Proantar)
(CGEE, 2006). Essa avaliação representa uma das poucas fontes de informações gerais sobre as
pesquisas do programa, permitindo uma visão temporal e temática do que foi realizado durante
todo o tempo de atividades (1982 a 2005).
Vale ressaltar que lidar com a atual quantidade de informação científica é uma realidade que
passa fundamentalmente pelos repositórios de acesso livre (KURAMOTO, 2006; MORENO, LEITE,
ARELLANO, 2006). Esta é uma forma barata e eficaz de superar os desafios impostos pelo grande
fluxo de dados (LEITE, COSTA, 2006).
2 OBJETIVOS
Geral:
Realizar levantamento bibliométrico da produção científica brasileira e internacional relativa
às grandes áreas das pesquisas polares.
Específicos:
• Mensurar a relevância das Ciências Humanas, Sociais e da Saúde no contexto das pesquisas
antárticas;
• Identificar repositórios institucionais que disponibilizam pesquisas relacionadas aos estudos
sobre a Antártica;
• Comparar a representatividade de publicações brasileiras com a de publicações internacionais.
GT72418
3 MÉTODOS E REPOSITÓRIOS
A coleta de informações da produção científica foi realizada através do levantamento de
fontes gerais e confiáveis de dados, em que fosse possível categorizar e quantificar as informações
por áreas do conhecimento. Portanto, foi adotado o repositório Antactic Master Directory, pois
contempla todos os aspectos necessários para avaliar os dados relativos à produção internacional,.
Em seguida, foi realizada a contagem dos dados agrupados nos tópicos do AMD que correspondem
às disciplinas que realizam pesquisa em ambiente polar. Para quantificar a produção científica
brasileira, foi utilizada a avaliação desenvolvida pelo CGEE. As informações do documento
gerado pelo CGEE foram usadas para fins de pareamento com os dados internacionais, levando em
conta a inexistência de um NADC no Brasil. Além disso, livros e sites de instituições envolvidas
com ciência polar nacional foram consultados a fim de complementar as informações contidas
nesse documento. Os dados coletados, do dia 3 ao dia 16 de janeiro de 2011, foram submetidos
a uma análise descritiva de frequência.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Percebeu-se que a produção antártica brasileira apresenta uma grande consistência
em termos de ciência e de publicações. Quando as produções brasileiras e internacionais são
comparadas, o percentual de estudos relativos a Ciências da Vida é inverso ao das Ciências da
Terra. Ou seja, os estudos do Brasil na área de Ciências da Vida atingem aproximadamente 50%,
logo, a mesma proporção dos dados internacionais em Ciências da Terra, metade dos estudos.
A maior parte dessas pesquisas internacionais em Ciências da Terra são estudos oceanográficos.
Porém, a proporção de estudos brasileiros na área de Ciências Físicas é equivalente à produção
internacional, com cerca de 15% do total. Já a área Dimensões Humanas é responsável por
4% dos dados totais inseridos no sistema AMD. Além disso, muitos países têm investido em
pesquisas para a prevenção de prejuízos à saúde orgânica e psicossocial das pessoas que viajam à
Antártica. Em torno de 10% das informações inseridas no conjunto de dados Dimensões Humanas
dizem respeito à saúde e/ou ao comportamento humano. Entretanto, o Brasil apresenta uma
clara tendência ascendente da produção científica polar ao longo dos anos, apesar das variações
no número de projetos e publicações (CGEE, 2006). Além disso, os pesquisadores brasileiros
das áreas de estudos antárticos mais representativas em número de publicações têm realizado
trabalhos de grande qualidade e internacionalmente reconhecidos. Porém, ao considerar o
papel das Ciências Humanas, Sociais e/ou da Saúde na pesquisa polar brasileira, evidencia-se,
tanto na avaliação feita pelo CGEE quanto nos livros de divulgação das ações do PROANTAR,
a inexistência de projetos de pesquisa nessas grandes áreas, tampouco há alguma menção à
Medicina ou à Psicologia diretamente.
GT72419
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fomentar uma ciência polar de qualidade elevada nesses quase 30 anos de ação, o Programa
Antártico Brasileiro permitiu que as pesquisas brasileiras sobre a Antártica se inserissem no contexto
científico internacional de forma altamente competente. Contudo, para a pesquisa científica em
ambientes extremos, principalmente os localizados em altas latitudes, onde as dificuldades podem
levar a intervenções onerosas para as instituições de fomento à ciência, o repositório temático é um
benefício científico a ser almejado, bem como as políticas de incentivo à criação de metadados. Isso
deverá aumentar a visibilidade das pesquisas e dos cientistas que trabalham na Antártica.
Abstract: Considering the characteristics of polar science, the development of a thematic database
confronts with many challenges. Thus, a bibliometric survey of publications on Antarctica was
conducted in order to understand the role of Health and Human Sciences and methodological
contributions of Information Science in both the analysis of international data and in the analysis of
data generated by Brazil on Antarctic research. Thus, it was noticed Brazil has a consistent scientific
production on the Antarctic, but unlike the international results, the country did not do projects related
to human dimensions. Finally, it is suggested that the thematic repository is a methodological tool
desired by institutions that promote polar science in Brazil, as well as the insertion and metadata
management.
Keywords: Open Access repositories. Data Management. Inhospitable conditions. Bibliometrics.
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GT72420
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SOUZA, J. Brasil na Antártica 25 anos de História. São Carlos: Vento Verde, 2008. GT72421
PÔSTER
CONSIDERAÇÕES SOBRE PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE
E COLABORAÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DO
BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2007 A 2009
Pedro Ivo Silveira Andretta, Eduardo Graziosi Silva, João Paulo Borges da Silveira,
Renan Carvalho Ramos
Resumo: Esta pesquisa traz algumas considerações sobre a produção, produtividade e colaboração
científicas brasileiras em Ciência da Informação com objetivo de iniciar uma série de estudos visando
à identificação do fluxo de comunicação científica e tendências em pesquisas nesse domínio. Por meio
da identificação dos programas de pós-graduação em Ciência da Informação e dos docentes e colaboradores que neles atuam foram gerados e sintetizados relatórios por programas e regiões entre os
anos de 2007 a 2009. Conclui-se que a expansão do relacionamento entre as diferentes regiões pode
proporcionar aos pesquisadores oportunidades para o estabelecimento de novas parcerias, bem como
para o desenvolvimento de pesquisas em assuntos emergentes dessa área científica.
Palavras-chave: Ciência da Informação. Brasil. Indicadores. ScriptLattes.
1 INTRODUÇÃO
Os indicadores de produção científica são cada vez mais valorizados com meios para se
mensurar e avaliar o desenvolvimento científico tanto de uma área geográfica como de um domínio
de conhecimento, subsidiando assim a tomada de decisão no âmbito das políticas científicas e
tecnológicas. Segundo Boustany (1997 apud SANTOS; KOBASHI, 2009, p. 156) “[...] a análise
estatística de informações bibliográficas e a formulação de modelos ou leis vêm sendo feitas desde
o século XIX”, e podemos dizer ainda que não cessaram, em vista do crescente número de estudos
e métodos para a elaboração de indicadores quantitativos da produção e colaboração científica.
Deste modo, são muitas as formas de se aferir a produção científica em torno de um
tema ou região, sendo as mais frequentes os estudos bibliométricos, ainda que hoje notemos a
emergência de estudos similares, tais como os cientométricos, webmétricos e infométricos. Sem
entrar no mérito das diferenças e conceituações, destacamos que em todas essas análises estatísticas
GT72422
é sempre importante considerar, para uma maior precisão: a fonte das informações e a cobertura dos
dados ou amostra.
Neste contexto, há vários estudos métricos relacionados ao tema da produção e colaboração
brasileira na Ciência da Informação. Bufrem, Gabriel Junior e Gonçalves (2010), por exemplo,
analisaram diacronicamente a colaboração entre pesquisadores vinculados a programas de pósgraduação em Ciência da Informação nos últimos 20 anos. Pinto e González (2010) identificaram o
comportamento de alguns dos principais autores daquela área científica, enquanto que Vieira e Moura
(2010) trabalharam as relações das temáticas das pesquisas realizadas entre 2002-2007 conjuntamente
com a construção da agenda de pesquisa e a consolidação da liderança científica. Isso posto, percebemos
uma constante na análise de poucos, mas importantes e tradicionais, periódicos da àrea e de bases de
dados bastante seletivas, o que, no limite, apesar dos extensos recortes temporais, descartam grande
parte da produção científica impossibilitando o estabelecimento de “macro-indicadores”.
Neste contexto, esta pesquisa tem como objetivo apresentar a produção científica recente
relacionada à Ciência da Informação nas regiões brasileiras, delimitando questões relacionadas à
produtividade e colaboração científica, dando início a uma série de estudos visando à identificação do
fluxo da comunicação científica e tendências em pesquisas nesse domínio de conhecimento em nível
macro. Para tanto tomamos a produção científica declarada nos currículos da Plataforma Lattes de
docentes e colaboradores dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Brasil entre
os anos de 2007 a 2009, conforme detalhado em nosso procedimento metodológico.
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Para o cumprimento dos objetivos desta pesquisa adotamos como fonte de dados para análise
a Plataforma Lattes, tratada por Lane (2010) como um importante sistema para a medição e avaliação
do desempenho da ciência, à medida que registra a vida científica de pesquisadores, servindo como um
instrumento indispensável à análise de mérito e competência dos projetos apresentados às agências de
fomento brasileiras; e como cobertura os programas de Pós-Graduação, pois como afirma Dantas (2004,
p. 161):
A concepção de pós-graduação, no Brasil, está definitivamente integrada à idéia de pesquisa
desde o seu surgimento, sendo a pós-graduação responsável pela maior parte da produção
científica brasileira e responsável pelo seu crescimento qualitativo e quantitativo nos últimos
40 anos.
Deste modo, a realização desta pesquisa pautou-se em quatro etapas:
1. Mapeamentos dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação por meio do
Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)1, identificando
seus docentes e colaboradores a partir dos sites institucionais;
1
Disponível em: <http://www.capes.gov.br/>.
GT72423
Criação de listas de docentes e colaboradores segundo: os Programas de Pós-Graduação a que
fazem parte, a Região a que pertencem, além de outras considerando o relacionamento entre Regiões.
Produção de relatórios de produção bibliográfica a partir das listas de docentes e colaboradores
por meio do aplicativo ScriptLattes V.8.02 considerando: artigos completos publicados em periódicos
científicos, livros organizados ou editados assim como capítulos de livros publicados e trabalhos
completos, resumos expandidos e resumos simples publicados em anais de eventos, entre os anos de
2007 a 20092, mesmo período da Avaliação Trienal da CAPES junto aos programas de pós-graduação
no Brasil.
Tabulação e sintetização dos dados, com o auxílio do Microsoft Excel, procurando identificar
relações médias de produção, produtividade e distribuição da produção segundo as regiões geográficas
brasileiras.
Considerando os procedimentos anteriormente mencionados, esboçamos a seguir alguns
resultados.
3 ANÁLISE DOS DADOS
Apresentamos uma síntese dos principais indicadores obtidos a partir dos relatórios referentes
à produção científica brasileira na área da Ciência da Informação. Os dados estão apresentados
por instituições e por regiões geográficas, oportunizando uma melhor visualização dos resultados,
considerando sempre as colaborações tanto intra e inter programa como intra e inter região.
Quadro 1: A produção científica brasileira em Ciência da Informação aferida através dos currículos
dos docentes dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação no Brasil (2007-2009).
A produção científica brasileira em Ciência da Informação aferida através dos currículos dos docentes dos Programas de PósGraduação em Ciência da Informação (2007-2009)
Sul
Sudeste
CentroOeste
Nordeste
BRASIL
UEL
(MP)
UFSC
(M)
UFRJ
(M/D)
UFF
(M)
UNESP
(M/D)
USP
(M/D)
UFMG
(M/D)
UNB
(M/D)
UFBA2
(M)
UFPB
(M)
UFPE
(M)
Número de
docentes
12
13
18
14
21
18
29
24
14
18
15
Artigos científicos
35
85
186
33
80
80
116
78
44
94
51
731
Livros
8
3
26
3
19
26
8
14
19
10
7
131
Capítulos de livros
33
17
86
13
121
64
45
38
42
51
43
476
Trabalhos
completos
publicados em
anais
44
59
235
49
147
86
155
106
70
89
66
907
2
Disponíveis em: <http://www.4shared.com/file/RxQcvWY6/cibrasil.html>.
GT72424
PPGCIs
196
Resumos
expandidos
publicados em
anais
7
1
16
2
19
9
9
13
5
6
2
77
Resumos simples
publicados em
anais
5
4
46
7
58
14
19
12
25
24
13
198
Total de
publicações por
PPGCI
132
169
595
107
444
279
352
261
205
274
182
2520
Total de
publicações por
Região
Produtividade do
PPGCI
Produtividade da
Região
Média de
publicações por
PPGCI (Total
de Publicações
por Tipos de
Publicações)
Média de
publicações por
Região (Total
de Publicações
por Tipos de
Publicações)
Produção
Científica do
PPGCI em
Relação ao Brasil
(em %)
Produção
Científica da
Região em
Relação ao do
Brasil (em %)
302
11,00
1402
13,00
33,06
7,64
12,08
22,00
15,50
12,14
14,02
28,17
99,17
17,83
50,33
5,24
21,14
261
74,00
11,98
23,61
4,25
17,62
14,64
10,88
46,50
58,67
233,67
6,71
10,88
617
43,50
55,63
13,97
10,36
10,36
12,13
13,13
34,17
43,50
11,07
15,22
2520
45,67
12,86
30,33
102,83
8,13
10,87
24,48
12,86
420,00
420,00
7,22
100,00
100,00
Legenda: (MF) mestrado profissional - (M) mestrado - (M/D) mestrado e doutorado.
* Os indicadores apresentados consideram as colaborações
Fonte: Elaborado pelos autores.
Como vemos no Quadro 1 a região Sudeste é responsável por mais da metade da produção
e produtividade científica em Ciência da Informação no Brasil, seguido da região Nordeste. Os
altos índices de produção e produtividade aparentam estão relacionados à oferta de Doutorado
pelos Programas de Pós-Graduação, entretanto a região Nordeste foge a regra à medida que as
produtividades de seus PPGCIs se apresentam tão elevado quanto de algumas regiões do Sudeste
e Centro-Oeste. Ainda trabalhando a questão da produtividade por região sintetizamos o seguinte
quadro, considerando a produção por região pela quantidade de docentes e colaboradores de cada
instituição por região.
GT72425
Quadro 2: Produtividade por Região em Ciência da Informação (2007-2009).
Produtividade por Região em Ciência da Informação (2007-2009)
SUL
SUDESTE
CENTRO-OESTE
NORDESTE
Artigos completos publicados em periódicos
4,80
3,76
3,25
3,68
Livros publicados, organizados ou editados
0,44
0,72
0,58
0,77
Capítulos de livros
2,00
2,80
1,58
2,70
Trabalhos completos publicados em anais de
eventos
4,12
5,03
4,42
4,51
Resumos expandidos publicados em anais de
eventos
0,32
0,46
0,54
0,28
Resumos simples publicados em anais de eventos
0,36
1,23
0,50
1,19
Média de produtividade da região
2,01
2,33
1,81
2,19
Fonte: Elaborado pelos autores.
O Quadro 2 confirma a região Sudeste com a responsável pela maior produtividade média em
Ciência da Informação destacando-se em, “Capítulos de livros”, “Trabalhos completos publicados
em anais de eventos” e Resumos publicados em anais de eventos”. “Livros publicados, organizados
ou editados”; mais uma vez o Nordeste tem destaque, superando muitas vezes a produtividade do
Centro-Oeste, que se destaca em “Resumos expandidos publicados em anais de eventos. Por meio
do quadro nota-se também uma particularidade da região Sul, que detém a maior produtividade em
“Artigos completos publicados em periódicos”. Um fator importante a ser considerado para os índices
de produção e produtividade se relaciona com as colaborações, neste sentido temos:
Quadro 3: Colaboração científica brasileira em Ciência da Informação por Região (2007-2009)
Colaboração científica brasileira em Ciência da Informação por Região (2007-2009)
em %
SUL
SUDESTE
SUL
SUDESTE
CENTRO-OESTE
NORDESTE
11,98
66,98
22,26
36,43
55,63
65,87
78,45
10,36
35,20
CENTRO-OESTE
NORDESTE
24,48
Fonte: Elaborado pelos autores.
No Quadro 3 notamos grandes índices de colaboração entre as regiões Sul e Sudeste, Sudeste
e Nordeste e Centro-Oeste e Nordeste o que de alguma forma justifica sua grande produção e
GT72426
produtividade. Neste sentido, destacamos que a região Sul é mais dada as colaborações, seguidas do
Nordeste, Sul e Centro-Oeste.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa foram gerados alguns “macro-indicadores” a partir da coleta de dados bibliográficos
da produção científica de docentes e colaboradores pertencentes a Programas de Pós-Graduação em
Ciência da Informação entre os anos de 2007 a 2009, utilizando-se de relatórios gerados pelo ScriptLattes.
Como resultado disso temos uma amostra específica da produção docente, que poderá, conjuntamente com
os dados da CAPES, permitir a análise da produção discente ou ainda desvios entre os dados. Ressaltamos
que intenção da pesquisa não foi de avaliar qual seria a “melhor” região ou programa de pós-graduação em
desenvolvimento científico, haja vista as diferenças entre o número de programas e docentes nas regiões
brasileiras e colaborações que tornam imprecisa tal análise, em seus vários sentidos.
Os dados apresentados revelam, de maneira representativa, o fluxo de produção e produtividade
entre as regiões brasileiras analisadas na Ciência da Informação, assim como o fluxo de colaboração
entre os docentes da área. Diante do exposto, consideramos que a interação entre as regiões do
país é condição salutar, e deve ser incentivada como diretriz para o desenvolvimento da Ciência
da Informação brasileira, haja visto que permite um maior rendimento científico gerando mais
(des)envolvimento entre os programas de pós-graduação, grupos de pesquisa, docentes e discentes,
viabilizando também o intercâmbios de temas de estudos.
Esta pesquisa suscitá-nos reflexões para estudos futuros, levando a pensar sobre as vantagens
e desvantagens de determinados tipos de publicação e sua relevância na comunicação científica,
considerando aspectos como rapidez no resultado de pesquisas, custos de publicação e colaborações
interinstitucionais. Além disso, a metodologia utilizada neste trabalho pode ser utilizada para a
elaboração de estudos semelhantes, que podem contribuir para melhoria na tomada de decisão dentro
do âmbito da política científica e tecnológica.
CONSIDERATIONS ON PRODUCTION, PRODUCTIVITY AND COLLABORATION
WITHIN BRAZILIAN INFORMATION SCIENCE BETWEEN 2007 AND 2009.
Abstract: The present paper provides some considerations on the Brazilian scientific production,
productivity and collaboration in Information Science, aimed at starting a series of studies focused on
cataloging the stream of scientific information and research tendencies in this domain. Through the
identification of Information Science post-graduation programs as well as its lecturers and collaborators, reports based on programs and regions, between the years 2007 and 2009, have been produced
and synthesized. We have come to the conclusion that the expansion of the relationship among different regions may provide researchers with opportunities for the establishment of new partnerships as
well as for the development of research in emergent subjects within this scientific area.
Keywords: Information Science. Brazil. Indexes. ScriptLattes.
GT72427
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GT72428
PÔSTER
A INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA OFICIAL PRODUZIDA
PELO IBGE E A SUA DIFUSÃO GEOGRÁFICA
Sonia Regina Zanotto, Samile Andréa de Souza Vanz, Ida Regina Chittó Stumpf
Resumo
O estudo baseou-se na análise de citações às publicações do IBGE para avaliar a distribuição geográfica da informação estatística oficial brasileira. Os resultados apontam para uma forte concentração
de uso local, entre os pesquisadores e acadêmicos brasileiros.
Palavras-chave: Informação estatística oficial. Distribuição geográfica. Análise de citações. Bibliometria
1 INTRODUÇÃO
As informações estatísticas oficiais são aquelas produzidas pelas agências oficiais, com base
num conjunto amplo e articuladas de informações econômicas e sociais resultantes da aplicação de
pesquisas e levantamentos estatísticos sob um determinado planejamento, executadas em unidades
físicas, como os domicílios e empresas, na forma de questionários e entrevistas, combinadas ou
não com o processamento de dados administrativos (informações cadastrais mantidas pelos órgãos
públicos) numa determinada unidade geográfica. Neste estudo foram consideradas as informações
estatísticas produzidas e disseminadas pelo principal órgão de pesquisa estatística do Brasil, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (BRASIL, 1974; SENRA, 1998; PORCARO, 2000).
No processo de produção de informações estatísticas, as agências de estatística oficiais têm
com o meio acadêmico uma relação de troca, em que as instituições acadêmicas e seus pesquisadores,
técnicos especialistas e corpo discente são ao mesmo tempo usuários demandantes e fornecedores de
informações. Como apontado em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) a relação do
órgão de produção estatística com a academia é de vital importância para a elaboração e a definição
de planos e levantamentos estatísticos, pois possíveis problemas conceituais e técnicos devem ser
discutidos com os especialistas (ONU, 2004). Por sua vez, a academia, ao usar as informações
GT72429
estatísticas como meio de análise na compreensão dos fenômenos econômicos e sociais gera novos
conhecimentos (ARAÚJO, 2005). Ainda do ponto de vista das agências de estatísticas, Schwartzman
(1998) alerta para a importância de alianças e vínculos com a área acadêmica e com os organismos
internacionais, fundamentais para o aumento da legitimidade, para o acesso ao conhecimento e para
o desenvolvimento das competências das organizações estatísticas.
O ciclo da produção estatística somente é considerado completo quando as informações
estatísticas são tornadas públicas, assim como acontece com as demais áreas da ciência, em
que a informação, num processo de fluxos formais e informais, pode provocar alterações de
estoques de conhecimento (MEADOWS, 1999). Lara e Conti (2003), em estudo específico
sobre a disseminação de informações estatísticas, argumentam que a disseminação é comumente
interpretada como equivalente à função de difusão ou mesmo de divulgação, ou seja disseminar
informação supõe tornar pública a produção de conhecimentos gerados ou organizados por uma
instituição, transformadas em produtos e serviços dirigidos ao público-alvo. O ato de disseminar,
no entendimento do IBGE e de seus atores, é mais do que divulgar os resultados das pesquisas e
levantamentos é semear por muitas partes, é o espalhamento e o derramamento de sementes para
que germinem (SENRA,1992).
Para tornar as informações estatísticas de conhecimento público, o IBGE mantém uma política
de disseminação de informações. Fazem parte da estratégia de disseminação do órgão, uma rede
nacional de bibliotecas e/ou salas de leitura, em todas as capitais, além do Portal IBGE na Internet,
dos bancos de dados e a edição de produtos impressos (IBGE, 2008).
Através da análise das citações recebidas pelas publicações do IBGE, considerando as
publicações incluídas na WOS,foi possível identificar a dispersão geográfica dos autores citantes. A
constatação desta distribuição é importante para uma melhor aplicação de recursos e no desenvolvimento
de serviços com objetivos específicos, como por exemplo, a disseminação das informações estatísticas
produzidas pelo órgão. Visto que a distribuição regional das atividades de ciência, tecnologia e
inovação refletem a própria distribuição regional de conhecimentos que substanciam capacitações
técnicas, científicas e tecnológicas brasileiras (SUZIGAN, et al., 2006).
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foram levantadas e analisadas as citações das publicações do IBGE contidas nas publicações
científicas brasileiras indexadas na base de dados Web of Science (WoS) no período de 2001 a 2009.
A coleta dos dados foi realizada na base em maio de 2010, mediante busca de citações ao termo
IBGE e as suas diversas variantes, da sigla e do nome completo, em inglês e português, na opção
de busca avançada Cited Reference Search. Para garantir a realização da análise, foram necessários
procedimentos de limpeza e padronização dos dados coletados, tais como: correção e padronização
dos nomes de autores e das respectivas instituições de filiação. Após a limpeza e os procedimentos
GT72430
de consistência dos dados, estes foram analisados conforme as variáveis selecionadas com o uso do
software BibExcel e do programa de planilha eletrônica Microsoft Excel 2007.
A partir dos registros recuperados, foram consideradas como instituições dos autores citantes
a entidade, a empresa, a organização, o comitê ou a comissão registrados no campo “endereço do
autor” (Author Address – C1) da base WoS. Os nomes das instituições citantes foram extraídos como
apareciam nos registros bibliográficos da base WoS e compatibilizados com a Lista de Autoridades de
Instituições1, elaborada e utilizada por Moura (2009) e Vanz (2009). Nos casos omissos procedeu-se
a uma busca de nome certo conforme a descrição contida no documento original e/ou em fontes na
Internet como a página oficial da instituição. Para a definição do país dos autores citantes, considerouse a informação registrada no campo “endereço do autor” (Author Address – C1) da base WoS, que
corresponde, na prática, ao endereçamento do vínculo institucional do(s) autor(es). Desta forma,
a informação extraída do campo C1 não reflete, necessariamente, a nacionalidade do(s) autor(es).
Procedeu-se à contagem simples das ocorrências da parcela isolada do campo C1 que corresponde ao
local (país).
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Ao rastrear as citações às publicações do IBGE indexadas na base WoS, no período de 2001 a
2009, chegou-se a 2.571 documentos citantes e destes foram analisadas as 3.272 citações. Os autores
citantes totalizam 10.709 ocorrências, sendo que a análise estatística dessas ocorrências aponta para a
contagem de 8.505 nomes diferentes, perfazendo uma média de 1,25 citações por autor e frequência
que variou de 1 a 19 citações por autor.
Os primeiros autores mais citantes são professores pesquisadores das universidades públicas
brasileiras e de universidades americanas. Estes autores, no total, pertencem a 1.088 instituições de
filiações diferentes, com atuação nas áreas de Educação superior (47,98%), Pesquisa e desenvolvimento
científico (19,67%), Administração pública em geral (13,51%), Atividades de atenção à saúde
humana (8,27%), Testes e análises técnicas (2,94), da Indústria de transformação (2,39%), Atividades
de organizações associativas patronais, empresariais e profissionais (1,38%), entre outras. A Tabela
01, abaixo, apresenta a distribuição das instituições (unidades) segundo a frequência de ocorrência,
agrupadas pela atividade econômica principal, segundo a Classificação Nacional de Atividade
Econômica (CNAE)2:
1.
1
2
Arquivo de dados em meio eletrônico, ainda não publicado, fornecido pelas autoras para uso nesta pesquisa
Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br/>. Acesso em: 19 jan. 2011.
GT72431
1.
Tabela 01 – Instituições de filiação dos autores segundo atividade econômica principal
Número de unidades
Atividade principal
Frequência
Nacional
Estrangeira
Total
%
Nacional
Estrangeira
Total
%
245
277
522
47,98
3.812
850
4.662
76,05
116
98
214
19,67
729
175
904
14,75
125
22
147
13,51
227
46
273
4,45
72
18
90
8,27
113
27
140
2,28
Testes e análises técnicas
(Ex.: Axia Bio Consultoria)
32
0
32
2,94
32
0
32
0,52
Indústria de transformação
(Ex.: Eli Lilly & Co.)
12
14
26
2,39
12
14
26
0,42
9
6
15
1,38
10
8
18
0,29
8
1
9
0,83
9
1
10
0,16
1
6
7
0,64
7
8
15
0,24
6
0,55
20
0,33
Educação superior (Ex.:
Universidades)
Pesquisa e
desenvolvimento científico
(Ex.: EMBRAPA)
Administração pública
em geral (Ex.: Secretaria
Estadual de Saúde do
Ceará)
Atividades de atenção
à saúde humana
(Ex.:Hospital Sírio
Libanês)
Atividades de organizações
associativas patronais,
empresariais e profissionais
(Ex.: Associação Nacional
de Transportes Públicos)
Atividades de associações
de defesa de direitos
sociais (Ex.: União Ativista
Defensora Meio Ambiente)
Atividades de museus e
de exploração de lugares
e prédios históricos e
atrações similares (Ex.:
American Museum of
Natural History)
Organismos internacionais
e outras instituições
extraterritoriais (Ex.:
ONU)
Agricultura, pecuária e
serviços relacionados (Ex.:
Rodobens Agrícola &
Pecuária Ltda)
Outros
3
0
3
0,28
3
0
3
0,05
17
0
17
1,56
27
0
27
0,44
Total
640
442
1.088
100,00
4.981
1.129
6.130
100,00
58,82
40,62
100,00
--
81,17
18,50
100,00
--
%
--
--
Fonte: Tabela elaborada por ZANOTTO (2011) com os dados extraídos do campo de filiação dos autores dos registros recuperados da
WoS e classificados segundo a CNAE 2.0.
Nota:
Sinal convencional utilizado: -- Não se aplica dado numérico
GT72432
As instituições nacionais predominam com 640 (58,82%) instituições diferentes e 81,17% das
ocorrências, enquanto as estrangeiras têm uma representação um pouco menor, com 442 (40,62%)
instituições diferentes e 18,50% das ocorrências totais. As instituições de abrangência internacional
estão caracterizadas pelos órgãos de desenvolvimento e por seus departamentos e representações
regionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Comissão Européia (UE) entre outras e
representam menos de 1% das ocorrências.
Na Tabela 02, abaixo, são apresentados os países de origem dos autores em ordem da frequência
decrescente das ocorências:
Tabela 02 – País de origem dos autores citantes de 2001 a 2009
País
Brasil
Localização
América do
Sul
Estados Unidos América do
Norte
Reino Unido
Europa
Alemanha
Europa
França
Europa
Canadá
América do
Norte
Argentina
América do
Sul
Holanda
Europa
Espanha
Europa
Austrália
Oceania
Bélgica
Europa
Suécia
Europa
Colômbia
América do
Sul
Itália
Europa
Suíça
Europa
Japão
Ásia
Portugal
Europa
República
Europa
Checa
Peru
América do
Sul
Venezuela
América do
Sul
Panamá
América do
Sul
Noruega
Europa
Nova Zelândia Oceania
Finlândia
Europa
Ocorrência
4.954
%
80,68
612
9,97
140
82
50
35
2,28
1,34
0,81
0,57
33
0,54
31
27
17
16
13
13
0,50
0,44
0,28
0,26
0,21
0,21
13
12
9
8
6
0,21
0,20
0,15
0,13
0,10
5
0,08
5
0,08
4
0,07
4
4
4
0,07
0,07
0,07
GT72433
Indonésia
Índia
Dinamarca
Nepal
México
Senegal
Cuba
Guiana
Francesa
Áustria
Costa Rica
Israel
Uruguai
Quênia
Malásia
Emirados
Árabes Unidos
Tailândia
Mali
Bolívia
Grécia
África do Sul
Maurício
China
Total
Ásia
Ásia
Europa
Ásia
América do
Sul
África
América
Central
América do
Sul
Europa
América
Central
Europa
América do
Sul
África
Ásia
Oriente
Médio
Ásia
África
América do
Sul
Europa
África
África
Ásia
4
4
3
3
3
0,07
0,07
0,05
0,05
0,05
2
2
0,03
0,03
2
0,03
2
2
0,03
0,03
2
2
0,03
0,03
2
2
1
0,03
0,03
0,02
1
1
1
0,02
0,02
0,02
1
1
1
1
6.140
0,02
0,02
0,02
0,02
100,00
Fonte: Tabela elaborada por ZANOTTO (2011) com os dados extraídos do campo de filiação dos autores dos registros recuperados da
WoS.
Pode-se observar que das 6.140 ocorrências de países presentes no vínculo institucional do
campo de localização dos autores, 4.954 (80,68%) das ocorrências são para o Brasil e as demais estão
distribuídas para 45 países diferentes.
A distribuição das instituições e autores entre os diferentes países favorece a disseminação das
informações estatísticas produzidas pelo IBGE, em destaque para os localizados na América do Sul
(81,74%); na América do Norte (10,59%); na Europa (6,74%); e na América Central, Ásia, Oceania,
África e Oriente Médio (aproximadamente 1% dos autores citantes).
4 CONCLUSÕES
Finalizando, é relevante salientar que a aplicação de técnicas da Bibliometria e de Análise de
GT72434
Citações como procedimentos metodológicos possibilitou que os resultados fossem evidenciados e que
conhecer e entender a relação entre os atores do processo de apropriação das informações estatísticas oficiais
pode contribuir para o desenvolvimento de ações de aprimoramento de produtos e serviços, colaborar no
processo de produção e disseminação das informações e reforçar as parcerias institucionais. Os resultados
nos apresentam um quadro de alta concentração de usuários locais, ou seja de pesquisadores brasileiros
envolvidos nas atividades de ensino e de pesquisa em Ciência e Tecnologia, contudo, a informação
estatística produzida no Brasil também é consumida em outros países, conforme apresentado na Tabela 02.
Dessa maneira, o IBGE, principal provedor de informações estatísticas oficiais poderá aprimorar as suas
estratégias de disseminação de informação, com vistas a melhor atender as suas demandas, proporcionando
à sociedade brasileira uma visão social e econômica mais ajustada à realidade.
Abstract
The study was based on analysis of citations to publications of the IBGE to assess the geografical
distribution of official statistical information in Brazil. The results indicate a strong concentration of
local use among Brazilian researchers and academics.
Keywords: Official statistical information. Geografical distribution. Citation analysis.
Bibliometrics.
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GT72435
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Comunicação e Informação, Porto Alegre, 2011. 165 f.
GT72436
PÔSTER
A PRODUÇÃO DE LIVROS DIGITAIS POR EDITORAS
UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS: MAPEANDO
A INOVAÇÃO EDITORIAL PARA COMUNICAÇÃO
CIENTÍFICA EM CT&I
Stella Moreira Dourado, Nanci Oddone
Resumo: Existem indicações de que as editoras universitárias brasileiras estão aderindo ao modelo
de publicação digital como estratégia de inovação editorial para a comunicação de conteúdos relevantes em CT&I. Esta pesquisa propõe identificar as iniciativas e estratégias de produção de livros digitais
que vêm sendo adotadas pelas editoras universitárias brasileiras. Para a coleta de dados empíricos foi
elaborada uma matriz de indicadores que se baseou na literatura publicada e em aspectos técnico-operacionais do processo de editoração. A produção das editoras universitárias foi mapeada em consulta aos
respectivos websites. Concluiu-se que, embora haja casos exemplares – como a Cultura Acadêmica da
Unesp – de adesão ao modelo digital como estratégia de inovação editorial para a promoção da comunicação científica em CT&I, boa parte das editoras universitárias brasileiras ainda não adotou o modelo
de edição de livros digitais como estratégia empresarial ou como política editorial.
Palavras-chave: Editoras universitárias. Inovação editorial. Livros digitais.
Comunicação científica.
1 INTRODUÇÃO
A cada dia o livro digital vem alcançando mais popularidade como objeto de consumo e cada
vez mais se consolida como artefato cultural na sociedade. Devido à sua capacidade de transmitir o
conhecimento de maneira rápida e fazê-lo circular através de redes e sistemas de informação, o livro
em formato digital se torna bastante adequado às demandas informacionais da sociedade, sobretudo
no ambiente acadêmico.
No Brasil, algumas editoras universitárias estão adotando a publicação de livros digitais
como parte de uma dinâmica de inovação editorial que começa a afetar diretamente o processo de
comunicação científica. Contudo, esse movimento tem ocorrido de forma silenciosa. Não existem
GT72437
documentos que informem se as editoras universitárias nacionais estão formulando políticas para
definir as publicações digitais como produtos preferenciais para a comunicação da informação em
CT&I ou se outros fatores são mais decisivos. Nesse contexto, surge a questão: existem iniciativas
de publicação de livros digitais formalizadas pelas editoras universitárias brasileiras? Que fatores
poderiam estar na base de uma decisão nessa direção? Este estudo tem por objetivo mapear as
iniciativas e estratégias de publicação de livros digitais que estão sendo propostas pelas editoras
universitárias brasileiras, identificando suas características.
Acredita-se que o mapeamento da produção de livros digitais no âmbito das editoras
universitárias seja relevante para os estudos sobre a produção e a comunicação da informação em
CT&I. Também parece importante, no que se refere especificamente à publicação de livros, conhecer
as propostas de inovação editorial que poderão influenciar as práticas e as políticas de avaliação da
ciência no cenário acadêmico nacional.
2 PRODUÇÃO DE LIVROS DIGITAIS
Constata-se atualmente um interesse crescente em estudar os livros digitais. A maior parte
das pesquisas realizadas até o momento envolve o exame da recepção, adoção e uso dos livros em
meio digital (OLIVEIRA, 2007; VELASCO, 2008; BUFREM; SORRIBAS, 2009; PINSKY, 2009;
ALMEIDA et al. 2011; ITABORAÍ, 2011). Alguns pesquisadores investem nos aspectos tecnológicos
dos livros em formato digital e eletrônico (POLDING; B. NUNES; KINGSTON, 2008; NOVAIS,
2008). Poucos estudos enveredam pela vertente da produção, distribuição e comercialização do livro
digital no contexto brasileiro e mundial, até por falta de dados estatísticos confiáveis (EARP; KORNIS,
2005; ROSA, 2008; PATIÑO, 2009; ADEMA, 2010; FERWEDA, 2010). Raros revelam preocupação
com as implicações políticas, sociais e profissionais introduzidas pelo novo artefato (MELLO, 2004;
SOLER, 2010, HADRO, 2011).
Para exemplificar, constata-se que os livros digitais já são uma realidade nas editoras
universitárias européias. Para Ferwerda (2010) e Adema (2010), essas editoras fizeram uma opção
pelos livros digitais para enfrentar fatores de natureza econômica, política, tecnológica e social que
vinham surgindo com o livro impresso. De acordo com Ferweda, o mercado editorial acadêmico
europeu tem presenciado, ao longo dos últimos cinco anos, um aumento constante de livros
publicados em meio digital, seja com opção pela impressão sob demanda ou em combinação com
pequenas tiragens (FERWERDA, 2010).
Na Europa está em funcionamento o projeto OAPEN – Open Access Models for eBooks
(ADEMA, 2010), baseado no modelo de livre acesso à informação – que já garantiu seu espaço entre
os editores de periódicos científicos – aplicado à produção de livros acadêmicos. Editoras universitárias
do Brasil e do mundo têm aderido ao modelo, participando de um movimento que sublinha questões
associadas à responsabilidade social e à democratização da informação, no sentido de tornar a informação
GT72438
científica acessível de forma gratuita para estudantes de todo o mundo. A exemplo do que acontece com
os periódicos científicos, o modelo de publicação digital de acesso aberto também traria expressivas
vantagens para promover a comunicação da informação científica (FERWERDA, 2010).
Do outro lado do Atlântico, Brown, Griffiths e Rascoff apresentam uma visão categórica
quanto ao futuro das editoras universitárias. No relatório da pesquisa University publishing in the
digital age, os consultores afirmam:
“[...] Mudanças nos hábitos de ensino e pesquisa e no estilo de trabalho da comunidade
acadêmica têm aumentado as expectativas em torno do acesso ao conteúdo em formato
eletrônico. Os pesquisadores desejam ter acesso integral à literatura acadêmica, inclusive
remotamente – de seus gabinetes ou de suas residências (BROWN; GRIFFITHS; RASCOFF,
2007, p. 9).
Essas mudanças ocorrem no sentido de fazer frente à quase inevitabilidade da tecnologia e do
meio digitais. Nesse contexto, as editoras universitárias estão sendo pressionadas a adotar estratégias de
inovação editorial que incorporem os processos e produtos digitais, sob pena de se tornarem obsoletas
no contexto universitário (FERWERDA, 2010). No Brasil a aderência à publicação de livros digitais
pelas editoras universitárias ainda não é perceptível e consolidada. De acordo com Bufrem e Sorribas,
“algumas editoras iniciaram precocemente a publicação de e-books, entretanto seus resultados foram
pouco expressivos (2009, p. 308).
Considerando tais perspectivas, este estudo propõe mapear as iniciativas e estratégias de
produção de livros digitais que vêm sendo adotadas e implantadas pelas editoras universitárias
brasileiras, na expectativa de identificar as alterações que vêm sendo introduzidas no ciclo da
comunicação científica e nas práticas de produção da informação em CT&I.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para alcançar os objetivos propostos, de início foi realizado um levantamento de todas as
universidades e centros universitários brasileiros, através do site do Ministério da Educação, no portal
e-Mec (BRASIL, 2011). Em seguida realizou-se uma busca no sítio das universidades e centros
universitários selecionados com o objetivo de verificar se estes possuíam órgãos ou setores dedicados
à publicação de livros. Terminado o mapeamento das editoras universitárias nacionais, seguiu-se
um exame cuidadoso do website destas editoras para apontar aquelas que possuíam iniciativas de
publicação digital.
A partir deste momento as informações coletadas foram registradas em uma matriz de indicadores
construída a partir da literatura especializada e de aspectos técnico-operacionais do processo de editoração.
Esses indicadores envolveram (a) dados institucionais das editoras; (b) documentos de política editorial,
para verificar se havia indicações explícitas e formais sobre as novas opções tecnológicas de produção;
(c) dados sobre os livros publicados, abrangendo aspectos relacionados ao catálogo das editoras e às
GT72439
obras em meio digital; e (d) dados sobre acesso e formato dos livros digitais.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas 318 universidades e centros universitários no portal e-Mec. Através da
visita aos portais de cada uma dessas 318 universidades e centros universitários, foi possível localizar
120 editoras universitárias, representando 27% do universo de instituições de ensino. Das 120 editoras,
101 são filiadas à Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU), seis pertencem à Liga
das Editoras Universitárias (LEU), enquanto 13 são independentes.
Após um exame minucioso dos websites das 120 editoras universitárias brasileirass para
identificar iniciativas de publicação digital, foram encontradas 18 editoras que publicam obras
em formato digital, o que representa exatamente 15% do total. A seguir, no Quadro 1 – Matriz de
Indicadores – Inovação Editorial, são apresentados os dados que apontam iniciativas de inovação
editorial entre as editoras universitárias brasileiras, obtidos através de um rigoroso trabalho de
documentação da informação disponível na homepage dessas instituições.
Pode-se constatar que apenas 4 editoras (22%) disponibilizam os documentos de política
editorial em seus websites. Nenhum dos 4 documentos, entretanto, cobria aspectos relacionados à
publicação digital. A Editora da UFGD, a Editora PUC-Rio e a Editora Unesp são as únicas que
mantêm algum tipo de documentação sobre a disponibilização de livros digitais em seus websites.
Nenhum deles, porém, foi muito esclarecedor sobre os motivos que influenciaram tais iniciativas. Em
relação ao catálogo, a grande maioria das editoras disponibiliza o catálogo online, com exceção de 2
editoras.
Um resultado que saltou aos olhos foi o fato de todas as 18 editoras universitárias que publicam
livros digitais no Brasil permitirem download gratuito das obras, sendo que nenhuma possui livros
destinados à venda somente no formato digital. Essa evidência parece indicar que, apesar de seu
número ainda ser reduzido, as editoras que publicam obras em formato digital mostram uma tendência
de adesão ao modelo de livre acesso proposto pelo projeto OAPEN. E embora não esclareçam os
motivos para essa decisão, julga-se que essa decisão evidencia uma preocupação com as questões
políticas e sociais que envolvem a democratização da informação e o acesso ao livro acadêmico
(ADEMA, 2010). No futuro, essa estratégia editorial pode vir a representar uma mudança radical
no cenário brasileiro da editoração universitária e nos estudos sobre a produção e a comunicação da
informação em CT&I.
GT72440
Quadro 1 – Matriz de Indicadores – Inovação Editorial
Fonte: Pesquisa elaborada pelas autoras
GT72441
No conjunto das 18 editoras, a oferta de livros digitais varia de apenas um a todos os títulos
do catálogo, demonstrando que algumas delas se encontram em estágio inicial de adesão ao modelo.
Quatro editoras – EdiPUCRS, Edunioeste, Editora Unesp (selo editorial Cultura Acadêmica) e Edufba
– permitem livre acesso a todos os livros publicados em seu catálogo. Em geral as editoras utilizam
seções específicas de seus websites para disponibilizar os livros digitais. As editoras da UFF e da Unesp
exigem o cadastro do leitor para permitir o acesso às obras gratuitas. Constatou-se também que sete
editoras disponibilizam livros digitais que não estão em seus catálogos. Como não há documentos e
políticas acerca das publicações digitais, os critérios de escolha dos livros que serão publicados em
meio digital não são claros e não puderam ser identificados. Isso caracteriza que o livro digital não tem
recebido o mesmo tipo de publicidade que os livros impressos por parte dessas editoras.
Outra questão que chamou atenção foi em relação às estratégias adotadas pelas editoras Unesp
e Ufba. Ambas disponibilizam grandes volumes de obras digitais para acesso gratuito, como foi dito
anteriormente, porém adotam estratégias diferentes. A Editora da Unesp, por seu lado, lançou um selo
editorial chamado Cultura Acadêmica para disponibilizar os livros digitais que formam a Coleção Propg
Digital, uma forma comum na área editorial para distinguir obras com objetivos diferenciados. No caso,
a estratégia distingue a publicação digital da publicação impressa, produzida e vendida pela Editora
Unesp. A verdade é que embora a editora justifique sua coleção digital como uma forma de acompanhar
a tendência do mercado (REZNIK, 2011), os critérios para selecionar os títulos que serão impressos e
os que serão disponibilizados online não ficam claros.
A Edufba, por outro lado, disponibilizou todos os livros de seu catálogo no repositório
institucional da Ufba. Essa iniciativa, porém, não está claramente identificada no website da editora,
seja através de notícias ou de links que remetam o leitor ao repositório. Essa informação foi obtida
através do artigo publicado por Rosa, Meirelles e Palacios (2011), onde há o relato da implantação e
disponibilização dos livros da Edufba no repositório institucional da Ufba.
Constatou-se, portanto, que as iniciativas de produção de livros digitais não estão muito visíveis
nos websites das editoras. As editoras deixam de esclarecer o leitor/consumidor sobre as razões para
adotar padrões tecnológicos que alteram o processo de editoração tradicional e aderir à inovação editorial.
Também não estão documentados os motivos dos editores para optar por oferecer acesso gratuito aos
livros digitais. Constatou-se também que todos os livros digitais disponíveis estão no formato PDF, que
atalmente é um formato aberto, com características interoperáveis e que pode ser acessado através de
vários softwares e plataformas, ampliando o acesso ao conhecimento.
5 CONCLUSÕES
Pode-se concluir, no momento, que ainda não está ocorrendo uma mudança significativa
no cenário editorial universitário brasileiro. As editoras universitárias nacionais não estão sendo
efetivas na adoção da publicação digital como estratégia de inovação editorial para a promoção
GT72442
da comunicação científica em CT&I. Observa-se que apenas 18, de um universo de 120 editoras
universitárias, possuem iniciativas de publicação digital, o que representa apenas 15% do total. Este
número demonstra a pequena adesão dessas editoras ao modelo de produção de livros digitais como
forma de dinamizar a comunicação e a circulação da informação científica.
Percebeu-se também que apesar de todas as 18 editoras disponibilizarem gratuitamente
quantidades variadas de livros digitais, nenhuma delas menciona quais foram os fatores que motivaram
essa tendência, seja através de suas políticas editoriais ou de outros documentos disponíveis em
seus websites. Ou seja, não há como saber quais as motivações e as estratégias que sustentam
essas iniciativas. Ainda é cedo também para sustentar que essas iniciativas decorrem da adesão aos
movimentos internacionais, europeu e americano, voltados para a implantação do modelo de livre
acesso no setor de livros digitais. O próximo passo da pesquisa será empregar técnicas qualitativas
de abordagem para identificar os fatores que motivaram os dirigentes e os conselhos dessas editoras
a aderir à publicação digital de livros como alternativa de inovação editorial para a promoção da
informação em CT&I.
Abstract: In Brazil, it seems that university presses are joining the digital publishing model of innovation as a strategy for communicating scientific publishing in CT&I in Brazil. Thus, this research
aimed to identify initiatives and strategies to publish digital books that are being proposed by the
Brazilian university presses, by mapping the production of digital books these publishers. To gather
the empirical data provide what the university presses that digital books on their websites, we created
a data matrix based on literature and publishing technical factors operating. We conclude that the
national university presses are not being effective in the adoption of digital publishing and editorial
innovation strategy for the promotion of scientific communication in CT&I.
Keywords: Academic presses. Publishing innovation. Digital books. Scholarly communication.
REFERÊNCIAS
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