ALQUIMISTA

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ALQUIMISTA
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ALQUIMISTA
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Publicação do Instituto de Química da Universidade de São Paulo
Instituto de Química
Edição Número 77 – abril de 2011
Carta do Editor
Nesta edição noticiamos a possibilidade de realização de Experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio.
Abordamos a atual grave crise nuclear, através do artigo “Os atuais infortúnios nucleares no Japão” com as suas terríveis e dramáticas
conseqüências. Apresentamos a interessante entrevista concedida pelo Prof. Fernando Galembeck originalmente ao site 365 dias de Química. Com
prazer anunciamos que pesquisadores do IQUSP participaram da XXIX missão na Antártida. Veiculamos artigo dando conta de que o Prof. Jairton
Dupont figura no ranking dos cem maiores químicos em nível mundial. Noticiamos, também, que as mulheres já participam com a significativa fatia de
43% do total de cientistas do Estado de São Paulo. É com enorme e o mais profundo pesar que comunicamos o falecimento do querido colega, Prof.
Alcídio Abrão ocorrido no dia 3 de março, quando contava com a idade de aos 86 anos. O Alquimista externa, igualmente, as suas sinceras
condolências à família, amigos e colegas.
Experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio
Já se encontra disponível no portal do Ano Internacional da Química 2011 o projeto "A
Química perto de você: experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental
e médio". Para esta primeira edição, foram compilados preferencialmente os experimentos que
não envolvessem solventes com alta volatilidade, a necessidade de aquecimento mais efetivo e
que praticamente não envolvessem a geração de resíduos, visto que o foco era gerar material
para apoio à sala de aula.
Deste modo, agradecemos a colaboração de todos e informamos que os experimentos que não
constam deste material serão inseridos numa segunda edição que, como a primeira, terá seu
ISBN junto à biblioteca nacional. Aproveitamos para esclarecer que este material será
distribuído às escolas públicas brasileiras pelo MEC, numa promessa de 100 mil exemplares, no
formato de DVD e que estará disponível no portal do professor, na página do MEC.
Esta compilação de experimentos está acompanhada, no DVD, de 7 e-books sobre a Química no Cotidiano e da coleção da
Química Nova na Escola, com mecanismo de busca. O download da obra encontra-se no link
http://www.quimica2011.org.br/arquivos/Experimentos_AIQ_jan2011.pdf
Um ótimo Ano Internacional da Química a todos.
Claudia M. Rezende – UFRJ
Tesoureira da Sociedade Brasileira de Química
Seminários do IQUSP
Departamento de Química Fundamental
Departamento de Bioquímica
(quartas-feiras, 16h30min, B6 Sup., Anfiteatro Cinza)
(quintas-feiras, 16h30min, B6 Sup., Anfiteatro Cinza)
06/04 – “Materiais multifuncionais baseados em
nanoestruturas de carbono”. Prof. Dr. Aldo José Gorgatti
Zarbin (UFPR)
07/04 – “20 anos de biologia molecular no Brasil”. Prof. Dr.
Ricardo Renzo Brentani, FAPESP e Fundação Antonio
Prudente.
13/04 – “Have Biofuel Will Travel: Um enfoque
diferente para lecionar disciplinas experimentais”. Prof.
Dr. Omar A. El Seoud (IQUSP)
14/04 – “Estudos genéticos e citológicos do divisomo, o
complexo responsável pela divisão bacteriana.”. Prof. Dr.
Frederico Gueiros Filho, Departamento de Bioquímica, USP.
27/04 – “Espectroscopia vibracional não-linear:
aplicação ao estudo da água em interfaces”. Prof. Dr.
Paulo Barbeitas Miranda (IFSC/USP)
28/04 – “Novos moduladores da via de sinalização
Wnt/betacatenina durante a especificação de eixos
embrionários”. Prof. Dr. José Garcia Abreu, Universidade
Federal do Rio de Janeiro – ICB.
Os atuais infortúnios nucleares no Japão
Em sua forma clássica, ao ser bombardeado por nêutrons o
urânio 235 gera como subprodutos de fissão o bário 142 e o
criptônio 91, acrescidos da liberação de outros três nêutrons
e geração de energia sob forma de calor. E isto pode ser
representado pela equação: 235U + n → 142Ba + 91Kr + 3 n
[1,9 x 107 kcal/g 235U].
Os três nêutrons liberados colidem com outros átomos de
urânio 235, que acabam por sustentar a chamada reação em
cadeia. Neste processo, há a produção de cerca de 30
produtos primários de fissão, com meias-vidas que variam
de 30 segundos (ródio 106) a 30 anos (césio 137).
Dentre eles, além do césio, os mais preocupantes por serem
deletérios aos seres vivos são o iodo 131, o próprio bário
140 (12,8 dias) e o estrôncio 90 (28 anos). No caso do iodo
radiativo, ele produz nos homens diversos tipos de cânceres
dos quais o mais comum é o da tireóide. Além disso, a
literatura registra baixa na contagem de plaquetas e com
conseqüentes sangramentos, inflamação e fibrose nos
pulmões, sangramento no estômago e intestino delgado,
queda de 50% nos glóbulos brancos e alteração na estrutura
do DNA (o que é gravíssimo, já que a pessoa irradiada
transmitirá informações genéticas erradas à progênie). Para
mitigar seu terrível impacto, o que se costuma fazer é indicar
a ingestão de iodeto de potássio. Pois, saturado de iodo
estável o corpo humano excreta o iodo radiativo pelo suor,
urina e fezes. O caso do césio é mais complexo já que,
liberado na atmosfera ele se deposita nas lavouras e
contamina por longo período de tempo os vegetais com os
quais nos alimentamos. O césio radiativo é potencial
formador de câncer nos tecidos nervosos. De igual maneira,
as emissões de estrôncio e bário radiativos são danosas de
vez que, ao se alimentar nas pastagens os mamíferos os
ingerem fixando-os no leite que deles consumimos. E isto é
de extrema gravidade, pois por serem metais alcalinoterrosos eles se fixam nos nossos ossos, constituídos
preponderantemente de cálcio. E como os raios atômicos do
bário, estrôncio e cálcio são de dimensões próximas umas às
outras, muito provavelmente ocorrerão trocas atômicas. E,
com isto, a possibilidade da ocorrência de cânceres de ossos
em virtude de o estrôncio ou bário radiativos permutarem de
lugar com o cálcio. Naturalmente, é oportuno salientar que
os maiores impactos incidem sobre as crianças, de vez que
elas estão sujeitas às maiores multiplicações (e velocidades)
de crescimento e produção das células.
Vale mencionar que o método clássico da descontaminação
do césio 137 se dá pelo emprego, como agente quelante, de
solução do azul da Prússia (ferrocianeto de ferro, de fórmula
estrutural Fe7N18C18), assim chamado por ter sido usado
antigamente no tingimento da cor azul nos uniformes
militares prussianos. Na verdade, ao quelar o césio forma-se
um precipitado de cor castanha, o que comprova a eficiência
do método.
Mesmo assim, as notícias envolvendo os recentes acidentes
nucleares no Japão são altamente preocupantes. Se há quase
66 anos a catástrofe atômica para eles proveio do espaço
aéreo, através do lançamento de bombas atômicas por
bombardeiros norte-americanos, desta vez ela teve sua
origem no tsunami formado no mar. É relevante mencionar
que só no dia 6 de agosto de 1945 Hiroshima foi devastada.
E, naquele ato, foram destruídos 13 quilômetros quadrados.
O que resultou na morte instantânea de população estimada
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entre 70 mil e 250 mil pessoas. Contudo, por efeito da
radiação residual morreram até 31 de dezembro daquele
mesmo ano outras 80 mil pessoas. E até hoje, os habitantes
de Hiroshima e Nagasáqui que sobreviveram têm
carimbados nas suas cédulas de identidade a inscrição
hibakusha (o que na língua nipônica significa “vítima das
bombas”).
O que desejamos é que os planos de evacuação das regiões
atingidas em território japonês sejam eficazes evitando, com
isto, a reedição da ocorrência de novos hibakushas. Danos
ao meio-ambiente, contudo, são inevitáveis e inexoráveis. É
o oneroso preço da utilização de tecnologia ainda não
amadurecida da fissão nuclear, que se mostrou problemática
desde os anos 60 do último século. Afinal, de lá para cá já
ocorreram no mundo todo ao menos 7 acidentes nucleares de
grandes proporções, envolvendo inúmeros óbitos. É
impossível, no entanto, quantificar o número de mortos, já
que muitos deles se deram em instalações nucleares secretas.
Expediente este, aliás, amplamente usado pelas nações que
se utilizam ou desenvolvem pesquisas nucleares, sempre sob
o pérfido e pífio argumento de tratar-se da imperiosa
necessidade de preservação do chamado “segredo de
Estado”.
Para agravar ainda mais o imbróglio, ao menos uma das
unidades do complexo nuclear de Daiichi-Fukushima
emprega o MOX como combustível. O MOX, abreviatura de
Mixed Oxide (mistura de óxidos) é o combustível no qual
um dos constituintes é o plutônio, numa proporção variável
entre 3 e 10%. O plutônio é um elemento químico pesado,
inexistente na natureza e que foi criado artificialmente em
1940 como um dos subprodutos do processamento de urânio
pelas usinas nucleares. Os principais e mais perigosos
isótopos são o plutônio 238 (meia-vida de 88 anos). E o 239
(meia-vida de 24.000 anos. Atenção! Você não leu ou
entendeu de forma equivocada. São 240 séculos mesmo).
Trata-se de uma das substâncias mais radiotóxicas e
perigosas das quais se têm notícia. Para isto basta dizer que a
inalação ou ingestão de um milionésimo de grama do
plutônio 239 é simplesmente fatal.
Por todos estes dramáticos antecedentes, somos compelidos
a postular as mais profundas e sensatas revisões nos projetos
de implantação de eventuais (e desnecessárias, ao menos
neste momento) novas plantas nucleares no Brasil. Afinal,
temos na água das chuvas o fuel (combustível) de custo zero
para o País. Além de enorme abundância das fontes
renováveis de energia, representadas pela geração solar,
biomassas, eólica e maremotriz.
Paulo Marques é o atual subeditor do
Jornal Alquimista e editor do Jornal da
História da Ciência. De 1973 a 1987 foi
repórter especializado e correspondente
no Exterior nas áres da C&T e em energia
(com ênfase ao segmento nuclear) da
Revista Veja, Jornal do Brasil, Folha de
São Paulo e O Estado de São Paulo. Em
1990 concluiu seu doutorado na USP,
com a defesa da tese “Sofismas nucleares:
um estudo sobre o desenvolvimento da
política tecnológica nuclear brasileira”,
orientada pelo Prof. Dr. Shozo
Motoyama.
Paulo Marques
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Entrevista do Prof. Fernando Galembeck
concedida ao site 365 dias de Química
Graduado em Química pela Universidade de São Paulo (FFCL, 1964) e Doutor em Química (Físico-Química, USP, 1970), realizou pós-doutorado nas
Universidades do Colorado (1972-3) e da Califórnia (Davis, 1974). É Professor Titular da Universidade Estadual de Campinas, onde leciona disciplinas de
Colóides e Superfícies, Polímeros, Química Aplicada, Físico-Química, Química Geral e Microscopia. Iniciou suas atividades de pesquisa com Pawel
Krumholz, trabalhando depois em Biofísico-Química, Colóides e Superfícies, publicando seu primeiro trabalho sobre nanopartículas em 1978. Os trabalhos
mais recentes tratam de problemas de superfícies de polímeros, adesão e molhabilidade, interações entre partículas coloidais e nanopartículas, formação e
propriedades de nanocompósitos, propriedades de sólidos não-cristalinos, especialmente os fosfatos de alumínio e mecanismos de eletrização de isolantes.
Fez contribuições metodológicas em técnicas de separação baseadas em membranas e em microscopias analíticas, eletrônicas e de sondas. Vários dos excolaboradores são hoje professores destacados em universidades brasileiras ou pesquisadores em empresas industriais. Das teses orientadas, uma
recebeu o prêmio Carl Marvel (UFRJ) e outra recebeu o prêmio Capes (2005). Depositou 18 patentes das quais 7 foram licenciadas. Dois produtos baseados
nessas patentes foram lançados no mercado. Mantém vários projetos com empresas, tratando principalmente da criação e desenvolvimento de novos
materiais avançados e processos de fabricação. Exerceu funções dirigentes na Unicamp, MCT, CNPq, ABC, SBQ, SBPC e SBMM, de assessoria e
planejamento na Fapesp, MCT, CNPq e Capes e de consultoria em várias empresas. Participou da concepção, elaboração e implementação do PADCT, que
revolucionou a área de Química no Brasil, como coordenador do grupo de Química e Engenharia Química e depois como membro do Grupo Especial de
Acompanhamento. Obteve numerosos prêmios: Retorta de Ouro (SIQUIRJ), Fritz Feigl (CRQ-4), Simão Mathias e Inovação (SBQ), Inovação (Abiquim),
Eloísa Mano (ABPol), Pelúcio Ferreira (Finep) e o Prêmio Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia (CNPq/Wessel), o maior da ciência e tecnologia brasileiras.
Como e quando tudo começou?
Meu interesse pela Química surgiu a partir dos onze anos,
quando passei a trabalhar no escritório do laboratório
farmacêutico de meu pai, fazendo arquivos, datilografando,
emitindo notas fiscais, empacotando remédios para enviar às
farmácias, etc.. As embalagens e bulas dos medicamentos
me pareciam fascinantes e o ponto alto, para mim, eram as
fórmulas, com nomes de substâncias, suas atividades,
quantidades e concentrações. Aprendi que substâncias
químicas fazem a diferença entre a saúde e a doença e que
elas eram a base do sustento material da minha família.
Por que fez essa escolha profissional?
Meu interesse pela Química cresceu nas aulas de ciências e
depois de Química. No colegial, um grupo da minha classe
organizou um laboratório, que funcionava na casa do Nelson
Reis, imagine!
Dois fatores foram decisivos para que eu fizesse o curso de
Química: primeiro, meu professor de Química e Física,
Hermann U. Nabholz, me disse que eu deveria cultivar
minha inclinação para a pesquisa. Além disso, a situação
financeira da minha família não me permitiria passar um ano
fazendo cursinho. Portanto, eu deveria passar no primeiro
vestibular que fizesse, e o do curso de Química da
Faculdade de Filosofia era menos concorrido que o de
Engenharia Química.
Teses e Dissertações
Alunos do Programa de Pós-Graduação do IQ que defenderão
seus trabalhos de Mestrado (M) e Doutorado (D)
1. Andreza Costa Scatigno – “Ensino de bioquímica no curso de
nutrição em uma instituição de ensino superior da rede particular:
diagnósticos e intervenções”. Dia: 10/03/2011 às 14:00 horas.
Orientador: Prof. Dr. Bayardo Baptista Torres. (D)
2. Tamy Koreeda – “Caracterização termoanalítica e estudo de
cura de compósito de resina epóxi e mica com propriedades
elétricas isolantes aplicado em máquinas hidrogeradoras”. Dia:
11/03/2011, às 13:30 horas. Orientador: Prof. Dr. Jivaldo do
Rosário Matos. (M)
Fonte: Milton César
Prof. Galembeck
Quais são suas atividades profissionais atualmente?
Gostaria de destacar alguma do passado?
Sou professor, dou aulas, oriento o trabalho de estudantes,
faço pesquisa acadêmica e participo de projetos de P&D.
Faço consultoria e estudos, para empresas e órgãos de
governo. Escrevo e faço palestras, sobre Química e sobre
políticas de desenvolvimento científico e tecnológico. Do
passado, destaco meu trabalho coordenando o primeiro
programa de Química e Engenharia Química do PADCT.
Aprendi muito sobre Química, sobre gente e política.
Se pudesse escolher uma descoberta da Química para ter
realizado, qual seria?
Eu gostaria de ter explorado mais uma descoberta que fiz e
publiquei, a da sedimentação acoplada à osmose, ou
osmossedimentação.
Alguma sugestão para os novos profissionais e
estudantes?
Leiam muito mais do que estão lendo. Se acharem que já
estão lendo muito, leiam mais ainda. Reflitam, pensem e
planejem bastante, para que o trabalho renda. Trabalhar
muitas horas não ajuda, se o tempo não for muito bem
aproveitado. Se não conseguirem fazer Química com paixão,
mudem para outra atividade que possam exercer com
paixão.
Quais barreiras a Química precisa ultrapassar ou quais
perguntas ainda precisam ser respondidas?
A Ciência atual é arrogante, mas suas realizações são ainda
modestas. Precisamos criticar e em grande parte liberar-nos
da herança positivista e do reducionismo excessivo. Sou
físico-químico e tenho trabalhado em Eletrostática, que para
muitos professores de Física é um assunto bem conhecido da
Física do século 19. De fato, a ignorância humana em
Eletrostática é profunda. Não sabemos ainda encaixar os
fenômenos eletrostáticos no quadro da teoria atômicomolecular e isso causam explosões, incêndios e mortes,
todos os anos.
No caso do atrito, a situação é ainda pior. Pouco
compreendemos, embora muitas pessoas achem que, usando
palavras pomposas (tribologia, triboeletricidade, etc.),
estejam respondendo questões científicas. A primeira
pergunta que precisa ser respondida, em ciência em geral e
em Química, é a seguinte: por que tantos cientistas gostam
de trocar o esforço de compreensão do nosso mundo por um
palavreado quase vazio?
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IQUSP participa da XXIX missão na Antártida
Neste ano o grupo chefiado pelo Prof. Dr. Pio Colepicolo
participou da missão XXIX do Programa Antártico Brasileiro
(PROANTAR), financiado pelo CNPq e Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT). O grupo partiu rumo a Península Antártica e
arquipélagos adjacentes com o objetivo de estudar e catalogar a
biodiversidade, distribuição e histórico de vida de macroalgas e
fungos algícolas associados.
Em paralelo, está sendo realizado todo o monitoramento de
indicadores abióticos, bioquímicos e microbiológicos, bem como
estão sendo quantificados os níveis de metais pesados nestas
macroalgas e na água do mar em diferentes profundidades. Estas
últimas análises serão realizadas na central analítica do IQUSP.
O projeto tem duração de três anos e possuí colaboração com outras instituições de ensino no país, como; Instituto
de Botânica de São Paulo, (IBT-SMA), Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Universidade Federal do
Paraná (UFPR-CEM), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Magallanes (Chile),
Universidade Arturo Prat (Chile) e Instituto Argentino de Oceanografia (IADO). Nesta primeira etapa já foram
amostrados nove pontos de coletas entre a Ilha Elefante (61°13 S // 055°21 W), Baía do Almirantado (62°05 S //
58°25 W) e Ilha Deception (62°55 S // 60°39 W). As futuras expedições que acontecerão nos próximos dois verões
antárticos terão como objetivo amostrar novos pontos, assim como monitorar a ocorrência das algas previamente
encontradas.
Fonte: Angela P. Tonon
ANIVERSARIANTES
Parabéns aos aniversariantes do IQ
- mês de abril 01 – Adriana Maria Pires Wendel
02 – Alícia Juliana Kowaltowski
02 – Edvaldo Fernandes Campos
03 – Maria Ferreira Lima
03 – Noemia Amaral Góis
05 – Jefferson Santos
05 – Sayuri Miyamoto
07 – Antonio Luis Góis Passos
08 – Débora Cristina Costa Lopes
09 – Airton Ferreira Gonçalves
09 – Marcelo Alcântara Costa
10 – Vicente Paulo Emerenciano
11 – Marcelo Lemos Lustosa
11 – Mauro Bertotti
12 – Camila Santos Schroeder
17 – Inocência Silva Oliveira
17 – Marcel Santana Alcaraz
18 – Simone Corrêa
22 – Maria J. Rodrigues Almeida
23 – Sérgio Verjovski-Almeida
24 – Fátima M. Jesus J. Mazzine
24 – Manuel Troyano Pueyo
25 – Jasiel Cordeiro Silva
26 – Aguinaldo Ramos Silva
27 – Georgia Delmilio Bloisi
28 – Cristiane P. Matiacci Xavier
28 – Elaine Cristina S. Araújo
30 – Izaura Nobuko Toma
Frase do mês!!!
“Não há fatos eternos, como não
há verdades absolutas”.
Nietzsche
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Brasileiro está entre cem maiores químicos
Em uma lista de cientistas da área com maior impacto de 2000 a 2010, pesquisador é único nome
da América Latina. Muito trabalho, força de vontade e gosto pelo desafio. Essas são as matériasprimas que o químico Jairton Dupont, 51, considera essenciais para o crescimento acadêmico e
para sua figuração na lista dos cem químicos mais influentes da década.
Elaborado pela empresa Thomson Reuters, que tradicionalmente mapeia as publicações científicas
mundo afora, o ranking traz Dupont como o único brasileiro presente, na 83ª colocação. As
pesquisas de Dupont, que é professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
visam ao desenvolvimento e estudo de líquidos iônicos orgânicos, principalmente para aplicação
Prof. Dupont
na indústria petroquímica.
“Do ponto de vista pessoal, fico bastante contente, mas, pensando de forma geral, acredito que temos um reflexo de uma
política”, diz o químico nascido em Farroupilha (RS), lamentando a ausência de outros brasileiros e de outros países
emergentes, como China e Rússia.
Na lista, são 70 químicos dos EUA, sete da Alemanha e quatro do Reino Unido.
“As instituições em que se concentram 80% dos químicos selecionados têm tradição no ensino por meio da pesquisa e
possuem muito mais estudantes de pós-graduação do que de graduação", afirma Dupont. “A graduação também é importante,
mas instituições conhecidas por sua excelência em pós devem se especializar, focar essa área”.
O critério para a elaboração da lista foi o número de citações de cada cientista em trabalhos acadêmicos. Todos os seus
integrantes publicaram pelo menos 25 artigos e foram citados em pelo menos 50 diferentes publicações.
Contrário à escolha de dirigentes acadêmicos por eleições e a concursos públicos para professores-pesquisadores, ele define o
sistema brasileiro como “pseudodemocracia universitária”. “Lá fora, as escolhas são feitas por capacitação e mérito”. Dupont
também não acredita no sucesso de instituições dedicadas unicamente à pesquisa, e não ao ensino. Segundo ele, o fracasso
desse tipo de entidade está historicamente comprovado. Sobram críticas aos cursos noturnos de graduação. "São um
desperdício de dinheiro", diz. Ele defende que o retorno seria maior se houvesse bolsas de estudo para alunos em período
integral. "É um investimento muito melhor, porque a pessoa vai ser formar no tempo normal, em quatro anos ou até menos, e
vai estar muito mais bem preparada."
Mestre-Cuca - Mas a ciência não é a única vocação de Dupont. “O maior prazer que tenho é cozinhar. Tenho uma cozinha de
20 metros quadrados, outro laboratório. Certamente, quando me aposentar, vou querer abrir um restaurante”. Outro motivo de
felicidade é a filha, hoje com dois anos de idade. "Sou um dos homens mais sortudos na vida por ter tido uma filha já depois
de, digamos, velho”. Com sua experiência, ele recomenda aos iniciantes paciência e jogo de cintura para lidar com
frustrações. “As pessoas acreditam que a notoriedade faz com que eu sempre tenha pedidos aprovados, mas sou como
qualquer um, eu tenho meus projetos negados, isso faz parte do processo. Quem aprende a conviver e a melhorar com isso vai
ser feliz”.
Fonte: Jornal da Ciência
Mulheres já são 43% do total de cientistas em São Paulo
Em 2010, das 19.678 solicitações iniciais de apoio à
pesquisa apresentadas à FAPESP 42% foram apresentadas
por mulheres. O percentual tem crescido continuamente
desde 1992, quando foi de 30%.
Segundo levantamento feito pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de são Paulo (FAPESP), a taxa de
sucesso global, definida como o número de propostas
aprovadas dividido pelo número de propostas analisadas no
ano, foi, em 2010, de 61% para as mulheres e de 60% para
os homens.
Para as grandes áreas de Ciências da Saúde, Ciências
Agrárias e Engenharias, observa-se um crescimento forte na
proporção de mulheres. Em Ciências da Saúde, o percentual
cresceu de 34% em 1992 para 54% em 2010; para Ciências
Agrárias, foi de 23% em 1992 para 40% em 2010. No caso
das Engenharias, a participação feminina quase triplicou,
passando de 8% para 22% no período.
Nas grandes áreas de Ciências da Saúde, Ciências Humanas
e Linguística, Letras e Artes mais da metade dos solicitantes
é do sexo feminino. Em Ciências Biológicas, a tendência é
de crescimento na participação das mulheres, que passou de
42% em 1992 para 48% em 2010.
Entretanto, os dados indicam que, apesar de maioria, há um
ligeiro decréscimo do número de solicitantes mulheres nas
áreas tradicionalmente com forte presença feminina, como
Ciências Humanas, que caiu de 56% em 1992 para 52% em
2010, e Lingüística, Letras e Artes, que passou de 57% para
52% no mesmo período. Em contrapartida, o percentual de
crescimento é significativo em áreas com forte presença
tradicionalmente de homens, como Agrárias e Engenharias.
De 1992 a 1998, houve um forte aumento na quantidade de
pesquisadores, homens ou mulheres, que solicitaram apoio à
FAPESP, a uma taxa média de mais de 730 pesquisadores
por ano. De 1998 a 2003, houve estabilidade na quantidade
de pesquisadores, com um número total em torno de 7 mil.
De 2003 a 2010, observa-se uma retomada do crescimento
na quantidade de pesquisadores, agora com uma taxa média
de crescimento de 267 pesquisadores por ano. Durante todo o
período de 1992 a 2010, o número de pesquisadoras evoluiu
obedecendo ao mesmo padrão de curto prazo do crescimento
de pesquisadores do sexo masculino, mas, na média, a
intensidade de crescimento no número de pesquisadoras foi
ligeiramente maior, o que levou a um aumento na proporção
de pesquisadoras.
Leia o relatório completo com gráficos comparativos em:
www.fapesp.br/publicacoes/indicadores/032011.pdf.
Fonte: Agência Fapesp
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Alcídio Abrão falece aos 86 anos
O Dr. Alcídio Abrão possuia graduação em Química pela
Universidade de São Paulo (1951), doutorado em Química (Química
Analítica) pela Universidade de São Paulo (1971), com a tese "Estudo
do comportamento de extração de vários elementos por aminas de
cadeias longas na presença de tioureia como agente complexante",
sob orientação do Prof. Paschoal Senise. Fez, também, o seu pósdoutorado pela Boston College (1961). Tinha experiência na área de
Química, com ênfase em Química Inorgânica. Atuou, sobretudo, nos
seguintes temas: extração com solventes, aminas, tiouréia.
Alcídio Abrão nasceu em 18 de agosto de 1925 na cidade de São José
da Bela Vista (SP) e faleceu em 3 de março de 2011. Líder científico
da equipe que dominou a tecnologia de fabricação do hexafluoreto de
urânio, foi um dos primeiros pesquisadores do Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN).
Orientou uma geração de pesquisadores. Foi um dos fundadores da
pós-graduação do IPEN-USP e orientador da primeira defesa
realizada na instituição. Participou de bancas examinadoras de
mestrado e doutorado, tendo uma vasta produção científica, com mais
de 180 trabalhos publicados, além de livros e capítulos de livros.
Recebeu homenagens e distinções de instituições no País e no
Exterior, dentre elas o Diploma de Honra ao Mérito e a Medalha
Carneiro Felipe, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Foi
agraciado com a Medalha Mérito Tamandaré, concedida pelo
Ministério da Marinha; e o diploma "honor al merito universitario",
pela Universidad Nacional de Assunción, Paraguai. Em 1996 tornouse Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico - Área
Tecnológica. Recebeu o prêmio Fritz Feigl, pelo Conselho Regional
de Química em 1999. Em 2000, foi homenageado como Pesquisador
Emérito do IPEN.
O pesquisador manteve suas atividades no Centro de Química e MeioAmbiente do CQMA - IPEN até o ano de 2010, quando se afastou
momentaneamente da pesquisa por motivos de saúde. Ele também
desenvolveu estudos para a área de células a combustível e
hidrogênio, tecnologia para obtenção de energia de forma sustentável
e com maior eficiência. Em entrevista ao jornal Órbita IPEN, em
2003, Alcídio comentou sobre o desenvolvimento do ciclo do
combustível nuclear. "Tudo começou pequeno e depois foi crescendo.
Projetamos
e
construímos
unidades para a produção de
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
diversos compostos de urânio,
- Instituto de Química necessários para o seu processo de
enriquecimento isotópico. Fomos
Reitor
os pioneiros no Brasil a
Prof. Dr. João G. Rodas
desenvolver
a
complexa
Pró-Reitor de Cultura e Extensão
tecnologia do flúor, uma condição
Profa. Dra. Maria A. Arruda
necessária para conseguirmos a
Diretor
tecnologia de fabricação do
Prof. Dr. Fernando R. Ornellas
hexafluoreto
de
urânio.
Vice-Diretor
Repassamos
todo
esse
Profa. Dra. Maria Júlia M. Alves
conhecimento, essencial para o
Chefe do DQF
enriquecimento do urânio para a
Prof. Dr. Luiz H. Catalani
Marinha. Geramos várias patentes.
Pode-se escrever um belo livro
Chefe do DBQ
Prof. Dr. Sérgio Verjovski-Almeida
sobre
a
história
do
desenvolvimento científico e
Editor
Prof. Dr. Hermi F. Brito
tecnológico feito no IPEN. Uma
verdadeira epopéia”. Na mesma
Redator e Jornalista-Responsável
entrevista,
o
pesquisador
Prof. Dr. Paulo Q. Marques
(reg. prof. MTb nº 14.280/DRT-RJ)
demonstrava
uma
extrema
dedicação à carreira e ao instituto.
Helliomar Barbosa (Secretário)
"A gente vai avançando sem
Colaboradores
deixar morrer o estímulo. Agora,
Jaílton Cirino Santos
Jiang Kai
Ana Valéria Lourenço
José M. de Carvalho Jr.
Lucas C. V. Rodrigues
Fábio Yamamoto
Ivan Guide N. Silva
por exemplo, estamos procurando desenvolver hidrogênio para as
pesquisas que o IPEN vem realizando para a célula a combustível.
Hoje, sou coordenador de um projeto apoiado pelo CNPq para
introduzir melhorias na obtenção de hidrogênio”.
De 1952 a 1957 trabalhou nas Indústrias Químicas Orquima S.A.,
como pesquisador. Atuou na produção em escala piloto de
elementos de terras raras, na pesquisa e produção de óxido de
európio para uso nuclear em métodos analíticos para determinação
de európio, no estudo de processos para aproveitamento de terras
raras, tório, urânio, lítio, tântalo, tungstênio e nióbio em minérios e,
ainda, no desenvolvimento de métodos para a determinação do lítio
em ambligonita e em compostos de lítio preparados industrialmente
no País. Trabalhou na Divisão de Radioquímica do IPEN de 1957 a
1965. De 1965 a 1985 foi chefe do Centro de Engenharia Química,
e Diretor de Materiais e Ciclo do Combustível entre 1985 e 1991.
Colaborou na elaboração da redação e acompanhamento de quinze
processos de patentes relacionados aos trabalhos executados no
Departamento de Engenharia Química do IPEN. O Prof. Abrão
assinou três patentes, relacionadas à obtenção de compostos de
urânio de pureza nuclear via troca iônica, na produção de
tetrafluoreto de urânio por via aquosa, na preparação do
tricarbonato de amônio e uranilo (TCAU) por precipitação direta e
contínua da fase orgânica da coluna de lavagem.
Membro de associações científicas nacionais, dentre elas a SBPC e
a Associação Brasileira de Química, membro titular da Academia
de Ciências do Estado de São Paulo, fundador da Sociedade
Brasileira de Química (SBQ), da American Chemical Society e da
American Nuclear Society (ANS). Foi um homem bondoso,
generoso e dedicado, de acordo com seus orientados, amigos e
colegas da área de pesquisa. Representa uma grande perda para a
ciência brasileira e para a área nuclear em particular.
“O Departamento de Química Fundamental da UFPE lamenta
profundamente o falecimento do Dr. Alcídio Abrão. Foi, sem dúvida, a
perda de um grande cientista e um extraordinário ser humano.” Prof. Dr.
Oscar Loureiro Malta (UFPE – Recife). “Alcídio Abraão foi um dos
maiores conhecedores da química das Terras Raras, Tório e Urânio no País.
Deixou-nos, quando se discute já com atraso a retomada da produção das
Terras Raras da qual foi um destacado defensor. Ficou-nos a lembrança de
um homem que, sorrindo transmitia seus conhecimentos e opiniões num
respeito máximo ao aluno, colega ou mestre. Um homem verdadeiramente
bom.” – Prof. Dr. Osvaldo A. Serra (Departamento de Química – FFCLRPUSP – Ribeirão Preto –SP).
“Prof. Alcídio Abrão foi um exemplo de dedicação e
humildade. Nos últimos anos ele vinha se dedicando à
obtenção de hidrogênio direcionado à pesquisa de
célula a combustível. O Dr. Alcídio mostrou que, a
partir da grande quantidade de amônia produzida nas
granjas de frango, poderiam ser desenvolvidas
tecnologias para captação de amônia e produção de
energia. Segundo ele, o reaproveitamento da amônia
poderia economizar a energia despendida nos
Prof. Alcídio
aquecedores das instalações dos viveiros das granjas.
Atualmente este projeto encontra-se incubado pela empresa KHEMIA no
CIETEC”. Dra. Maria Cláudia F. C. Felinto (CQMA-IPEN, São Paulo).
"Tenho de Alcídio Abrão a mais grata lembrança. Já como aluno,
destacava-se pelo interesse e seriedade com que se dedicava aos estudos.
Na vida profissional, foi deveras notável a abrangência de suas atividades,
com resultados de alto nível científico e tecnológico, fruto de trabalho
inteligente, perseverante e de singular dedicação. Constituiu, para mim,
motivo de satisfação, ter podido contribuir para a feitura de sua tese de
doutoramento, em que prevaleceram as suas idéias originais e a sua
capacidade criativa. Por suas relevantes contribuições como pesquisador,
formador de discípulos e administrador, mas também por suas raras
virtudes humanas, será sempre lembrado com admiração e respeito".
Prof. Paschoal Senise (IQUSP).
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