Raoul Wallenberg – Parte I Raoul Wallenberg, na última foto de que
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Raoul Wallenberg – Parte I Raoul Wallenberg, na última foto de que
Raoul Wallenberg – Parte I Raoul Wallenberg, na última foto de que se tem notícia Raoul Wallenberg descende de uma das mais proeminentes famílias da Suécia, da qual fizeram parte, por várias gerações, banqueiros, diplomatas, políticos e magnatas da indústria. Raoul nasceu em 4 de agosto de 1912, três meses após o falecimento do pai. A mãe, Maj Wising Wallenberg, casou-se novamente com Fredrik von Dardel em 1918. Foi o avô de Raoul, Gustav Wallenberg, quem cuidou da sua educação. Queria que o neto seguisse a tradição da família como banqueiro, mas ele estava mais interessado em Arquitetura e Comércio. Raoul Wallenberg formou-se com louvor em Russo e Desenho. Após o serviço militar, viajou aos Estados Unidos para estudar Arquitetura, e voltou à Suécia em 1935. Após vários empregos de pequena projeção, o avô lhe arranjou uma colocação num banco holandês em Haifa, na então Palestina. Foi lá que ele tomou conhecimento das perseguições nazistas de Hitler. As histórias que ouviu dos refugiados alemães o impressionaram profundamente, talvez porque em suas veias corresse sangue judeu. (O avô da sua avó fora um judeu chamado Benedicks, que chegou à Suécia no final do século XVIII). Em 1936, já de volta à Suécia, conheceu o judeu húngaro Koloman Lauer, diretor de uma grande empresa sueca de comércio de alimentos. Graças à sua habilidade com línguas estrangeiras, e à liberdade de transitar pela Europa, Raoul logo se tornou sócio de Lauer. Em suas viagens a trabalho pela Europa nazista, aprendeu rapidamente como funciona a burocracia alemã. A Hungria de então era uma ilha relativamente segura em meio a uma Europa turbulenta e hostil. Foi durante a primavera de 1944 que o mundo despertou para o entendimento do significado da expressão ”Solução Final para o Problema Judeu”. Os primeiros relatórios de testemunhas oculares autênticos chegaram ao mundo ocidental em maio de 1944, pelos depoimentos de dois judeus que conseguiram escapar das câmaras de gás de Auschwitz. O plano de Hitler, de exterminar todos os judeus da Europa, tornou-se conhecido. Na Hungria, que desde 1941 era aliada da Alemanha contra a União Soviética, no início de 1944 ainda viviam cerca de 700.000 judeus. Quando os alemães perderam a batalha de Stalingrado em 1943, a Hungria quis seguir o exemplo da Itália conseguindo um tratado de paz separado. Hitler então chamou o Chefe de Estado Miklós Horty, exigindo dele solidariedade continuada com a Alemanha. Ao ver sua exigência negada, Hitler invadiou a Hungria em 19 de março de 1944, e a deportação de judeus para Auschwitz-Birkenau começou em seguida, a partir das fronteiras com os países vizinhos, fechando-se como um caracol, de fora para dentro. Em seu desespero, os cidadãos judeus que viviam em Budapeste começaram a apelar para as embaixadas dos países neutros, para conseguirem passes para os respectivos países. A representação sueca em Budapeste, com destaque para o jovem diplomata Per Anger, conseguiu negociar que os alemães isentem da obrigatoriedade de usar a estrela amarela os judeus portadores desses passes, e que lhes garantam tratamento igual ao dado aos cidadãos suecos. Em um curto período de tempo, Anger emitiu 700 passes, uma gota no oceano se comparada ao número de judeus ameaçados. Após uma reunião em Estocolmo, da qual participaram proeminentes judeus suecos, o War Refugee Board (Comissão dos refugiados de guerra), graças à persistência de Koloman Lauer, acabou escolhendo Raoul Wallenberg como o especialista para a Hungria, em detrimento de outro candidato, Folke Bernadotte. Esta escolha logo se mostrou valiosa. Em junho de 1944 Wallenberg foi designado Primeiro Secretário da Representação Sueca em Budapeste, tendo por missão o salvamento dos judeus. Antes, porém, escreveu ao Departamento do Exterior Sueco pedindo autorização irrestrita para tratar desse assunto com quem ele quisesse, sem ter que passar pelo Embaixador, inclusive estabelecendo canais diplomáticos de comunicação extraordinários. Per Albin Hansson, o então Primeiro Ministro, teve que consultar o Rei Gustav V da Suécia, antes de conceder a Wallenberg essa autorização incomum. Quando Raoul Wallenberg chegou a Budapeste em julho de 1944, os alemães, sob o comando de Adolf Eichmann, já haviam enviado mais de 400.000 judeus, - homens, mulheres e crianças - para os campos de extermínio. Restavam em Budapeste apenas cerca de 230.000 A primeira tarefa de Raoul Wallenberg foi desenhar esse passe-livre. Pela a experiência adquirida nas diversas repartições públicas, Raoul conhecia o ”fraco” dos húngaros pelos selos e carimbos nos documentos, e desenhou o impressionante passe da imagem acima, nas cores azul e amarelao com as tres coroas da Suécia no meio. Evidentemente, segundo as leis internacionais, esses passes não tinham nenhum valor. Mas impunham grande respeito. Dos 1500 passes inicialmente autorizados, Wallenberg logo conseguiu aumentar esse número para 4500. Na realidade, ao longo do tempo, ele multiplicou esse número várias vezes, chegando a ter sob suas ordens várias centenas de auxiliares. Outros nomes ligados à atividade de salvamento de Wallenberg são: ministro Carl Ivar Danielsson, chefe da representação sueca em Budapeste, Valdemar Langlet, chefe da Cruz Vermelha húngara, e Baronesa Elizabeth "Liesel" Kemény, esposa do Ministro do Exterior, que alugaram vários imóveis com a finalidade de abrigar os judeus perseguidos, declarando esses edifícios território sueco, e denominando-os de ”Biblioteca Sueca”, ou ”Instituto Sueco de Pesquisas”, etc. A população dessas Casas Suecas logo aumentou, alcançando 15.000 pessoas. Em agosto de 1944, Horthy substituiu seu primeiro ministro pró-Alemanha Sztójay pelo General Lakatos, melhorando consideravelmente a condição dos judeus na Hungria. Sob a forte pressão diplomática exercida por Wallenberg, a responsabilidade pela ”Solução final” saiu da esfera de ação de Eichmann. Wallenberg já pensava em desmontar seu departamento, e em retornar em breve à Suécia, quando os alemães assumiram o comando em 16 de outubro de 1944, destituindo Miklós Horty, e colocando em seu lugar o facínora Ferenc Szálasi, líder da organização ”Nyilas”, tão ou mais temida que os próprios nazistas. Adolf Eichmann voltou com poder redobrado, e prosseguiu com o terror contra os judeus. Outras representações de países neutros em Budapeste, - como a Espanha, Portugal, a Suiça, o Vaticano, - passaram a seguir o exemplo de Wallenberg, emitindo passes-livres e abrindo suas próprias ”casas protegidas” para abrigar os judeus perseguidos. Por essa época, Eichmann deu início às cruéis ”marchas da morte”, obrigando grande número de judeus húngaros a fazerem a pé, famintos e torturados, o percurso de 200 km até a fronteira austríaca, em condições tão precárias que nem mesmo os nazistas suportaram. Raoul Wallenberg estava a postos, levando para eles passes, alimentos e remédios. Quando Eichmann e seus assassinos começaram o transporte por trens, Wallenberg intensificou seus esforços de salvamento. Ele subia nos tetos dos vagões, e distribuia pilhas de passes. Os soldados alemães tinham ordens para abrir fogo contra ele, mas ficavam tão impressionados com sua coragem, que deliberadamente erravam o alvo. Wallenberg podia então entrar nos vagões, e exigir a imediata liberação dos portadores de passes. Em fins de 1944, Wallenberg se mudou para o lado de Pest, onde ficavam os dois ghettos de judeus. O mínimo de ordem até então existente deu lugar ao terror instituido pelos ”Nyilasok”, que dividiam o poder com a polícia e a máquina de guerra alemã. Na busca de pessoas para subornar, Wallenberg encontrou um poderoso aliado em Pál Szalay, um oficial graduado da polícia (que foi liberado depois da guerra, em reconhecimento por sua colaboração com Wallenberg). Em meados de janeiro de 1945, Wallenberg descobriu que Eichmann estava planejando o massacre total do ghetto. Só quem poderia impedí-lo de executar seu plano era o general August Schmidthuber, comandante-emchefe das tropas alemãs na Hungria. Szalay, aliado de Wallenberg, foi enviado para entregar a Schmidthuber uma nota em que Raoul Wallenberg prometia responsabilizá-lo por seus atos diante do tribunal militar, e que ele certamente seria enforcado como criminoso de guerra caso o massacre não fosse suspenso. Os 97.000 judeus que ainda viviam em Budapeste foram “salvos pelo gongo”, graças à ação de Wallenberg. Dois dias depois, os russos entravam em Budapeste. Um total de 120.000 judeus sobreviveram ao extermínio nazista na Hungria. Destes, 100.000 devem a sua sobrevivência a Raoul Wallenberg e seus colegas. Em 13 de janeiro de 1945 uma tropa avançada soviética encontrou um homem parado esperando por eles na frente de uma casa com uma enorme bandeira sueca na entrada. Em russo fluente, Raoul Waallenberg explicou a um atônito sargento russo que ele era o adido de negócios estrangeiros da Hungria recém liberada pelos Russos. Ele pediu, e obteve permissão para visitar a sede militar soviética na cidade de Debrecen, a leste de Budapeste. A caminho de Debrecen, em 17 de janeiro – escoltado pelos russos, Wallenberg e seu motorista pararam em uma das Casas Suecas para se despedir dos amigos. Ao Dr. Ernö Petö, um de seus colegas, Wallenberg disse não ter certeza se ele era hóspede dos russos, ou seu prisioneiro. Pensou que pudesse voltar em uma semana – mas está desaparecido desde então.