Newsletter nº8 | agosto 2013

Transcrição

Newsletter nº8 | agosto 2013
CASA DO MIRADOURO – LARGO ANTÓNIO JOSÉ PEREIRA
3500-080 VISEU
CONTACTOS: 232 448 098 / FAX: 232 448 098
E-MAIL: [email protected]
NEWSLETTER
Nº 8
AGOSTO
2
0
1
3
AGOSTO DE 2013
PREÂMBULO
Pleno de sol, o mês de Agosto convidou às saídas noturnas e à animação constante em vários espaços da cidade, muitas delas permitindo
uma visão diferente da envolvente, a qual deve ser valorizada.
Entre as diversas iniciativas organizadas pela Viseu Novo SRU e pela Câmara Municipal de Viseu, destacamos a animação de verão,
denominada de “(Re)centrar o Centro - Palcos Livres” e que com uma programação variada e eclética, entusiasmou toda a população a
passear pela Zona Histórica.
Por outro lado, as diversas sessões de Pintura ao Ar Livre e de Pintura de Portas permitiram uma interação saudável entre os pintores e o
público, aproximando esta forma de arte dos muitos interessados.
Encontram-se já em desenvolvimento, os trabalhos para instalação da rede Wi-Fi no centro da cidade, o que permitirá o acesso gratuito à
internet a partir do próximo mês.
Por último, destacamos a inauguração do edifício “Raoul Wallenberg”, o qual certamente irá constituir-se como um local obrigatório para
quem visita Viseu.
Resta-nos desejar-vos um excelente mês de Setembro!
O Presidente do Conselho de Administração
Dr. Joaquim Américo Nunes
MOMENTOS “PALCOS LIVRES: (RE)CENTRAR O CENTRO”
2
VISEU NOVO CRIA UMA NOVA INICIATIVA, INTITULADA DE “PINTURA DE PORTAS NO CENTRO HISTÓRICO”
Por forma a agitar a Zona Histórica viseense, ao mesmo tempo que
se pretende destacar a imaginação e o talento de diversos pintores,
residentes no distrito, a Viseu Novo informa que criou uma nova
iniciativa, denominada de “Pintura ao Ar Livre no Centro Histórico”,
.
destinada aos amantes da arte.
3
1
2
Iniciada a 17 de agosto, a atividade tem vindo a ter uma adesão
considerável, por parte de pintores pertencentes ao distrito. A
acontecer todos os sábados, até dia 7 de setembro, entre as 9h00 e as
18h00, a iniciativa contou com a participação de 13 artistas inscritos,
durante o mês de agosto. Até à presente data, foi concebida a pintura
de 14 portas e 1 janela, estando algumas delas, ainda por finalizar. As
pinturas podem ser vistas por todos, em diversas portas de edifícios
de propriedade municipal, que se encontram devolutos (Rua Direita,
Rua do Carvalho e Largo de S. Teotónio).
Os temas retratados variam desde fado, moda, religião, expressões ou
até mesmo algumas características representativas da cidade.
A iniciativa surge no âmbito da epígrafe “(RE)CENTRAR O CENTRO”,
levada a cabo pela Viseu Novo, por forma a contribuir para um maior
fluxo de população para Zona Histórica.
FOTO 1: Porta de Liliana Martins, sita na Rua Direita;
FOTO 2: Porta de Carlos Almeida, sita na Rua Direita;
FOTO 3: duas Portas de ZELA (Pedro Marques) na Rua Direita;
FOTO 4: Porta de Paula Veiga, sita na Rua Direita;
FOTO 5: Porta de Margarida Esteves, sita na Rua Direita;
FOTO 6: Porta e Janela de José Almeida, sita no Largo de S. Teotónio.
6
4
5
Para mais informações, consulte o site do evento:
www.palcoslivres.pt, onde poderá ter acesso a essa e outras
atividades realizadas, durante o período de agosto e setembro.
3
REALIZAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO DE “PINTURA AO AR LIVRE NO CENTRO HISTÓRICO”
A par da iniciativa “Pintura de Portas no Centro Histórico”, a Viseu Novo tem vindo a
desenvolver, em simultâneo, a “Pintura ao Ar Livre no Centro Histórico”, que vai já na 2ª Edição.
Depois do sucesso da 1ª Edição, ocorrida no ano transato, informa-se que tem vindo a decorrer,
todos os sábados, a 2ª Edição da atividade “Pintura ao Ar Livre no Centro Histórico”, onde
diversos pintores aproveitam a oportunidade para expor algumas das suas obras e dar asas à sua
imaginação.
A iniciativa, com previsão de terminar no dia 7 de setembro pretende, para além de captar a
atenção da população pela arte, dar a conhecer o talento dos pintores residentes no Distrito,
procurando sensibilizá-los para que, de forma gradual, possam vir a adquirir o gosto voluntário
por pintar na rua, de modo a estabelecer a interação imediata, entre o artista e o público.
Da atividade que, no mês de agosto contou com 5 sessões, fizeram parte cerca de 24 artistas.
6
4
CONHEÇA AS PRIMEIRAS MONTRAS ALTERADAS NO ÂMBITO DO PROJETO “VISEU TRADICIONALMENTE… A INOVAR MONTRAS”
Iniciado em julho do presente ano, o Projeto “Viseu Tradicionalmente… a
Inovar Montras”, tem vindo a ser desenvolvido com vista à alteração de
montras de espaços comerciais, inseridos na ACRRU. O intuito passa por
sensibilizar os lojistas para uma melhor disposição dos artigos das suas
lojas, tornando-as mais apelativas. A Viseu Novo informa que, durante o
mês de agosto, foram intervencionados 4 dos 10 mostruários, associados
ao Projeto.
Com vista a dinamizar a Área Crítica de Recuperação e Reconversão
Urbanística e tal como, anteriormente, avançado pela Viseu Novo, a empresa
encontra-se a modificar, desde julho e até final de setembro, algumas
montras, pertencentes à zona de intervenção, por forma a melhorar a sua
ornamentação, reaproveitando os produtos inerentes de cada
estabelecimento comercial. Pretende-se com este projeto, contribuir para
uma maior atratividade, no que diz respeito aos espaços intervencionados e
às ruas, possibilitando à população, uma fruição mais apelativa, dos locais.
Depois de analisadas, as 10 montras inseridas no Projeto “Viseu
Tradicionalmente… a Inovar Montras”, a Viseu Novo, que conta com a
colaboração de uma Técnica Superior de Design para a concretização do
plano de atuação, informa que, durante o mês de agosto, foram já
modificados 4 mostruários: a “Loja Nylon” (Rua do Comércio, N.º 53 A); a
“Livraria, Alfarrabista e Discoteca Sidarta” (Rua D. Duarte, N.º 45); o
“Minimercardo Central” (Rua Direita, N.º 129-131) e a “Latoaria” (Largo S.
Teotónio, N.º 15-19). Durante a implementação do Projeto, verificou-se que
algumas lojas não possuíam qualquer logotipo alusivo à imagem
identificativa dos referidos estabelecimentos, o que fez com que a Viseu
Novo trabalhasse nesse sentido. Exemplos dessa situação foram a “Loja
Nylon” e o “Minimercado Central”.
No processo de intervenção dos espaços, de referir que tem havido o
cuidado de ser mantida a preservação da imagem (tradicional) das lojas,
dando um toque de inovação aos mostruários, por forma a sensibilizar os
lojistas a disporem, de forma mais apelativa, os seus produtos.
LOJA NYLON – ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO
ANTES
DEPOIS
ANTES
DEPOIS
ANTES
DEPOIS
5
OBRAS A DECORRER DE INTERVENÇÃO PELA VISEU NOVO
1
2
2
5
3
3
4
4
6
7
- Foto 1: REQUALIFICAÇÃO DA CASA DA RIBEIRA – Empreitada iniciada a 27 de maio, com 120 dias para a conclusão dos trabalhos;
- Foto 2: REQUALIFICAÇÃO DO EDIFÍCIO DA RUA DO COMÉRCIO Nº 108-114 – Início da empreitada em dezembro de 2012;
- Foto 3: REABILITAÇÃO DO IMÓVEL SITO NA RUA DA ÁRVORE Nº 1-7/ RUA DIREITA Nº 116 – concluída em Agosto;
- Foto 4: INSTALAÇÃO DE UMA PONTE PEDONAL HÍBRIDA COMPÓSITA QUE FAZ LIGAÇÃO ENTRE A RUA SERPA PINTO E O RECINTO DA FEIRA
DE S. MATEUS - Início de empreitada a 17 de junho, entretanto terminada;
- Foto 5: ARRANJO E LIMPEZA DA CASA DA CALÇADA – Início da empreitada a 15 de julho, entretanto terminada;
- Foto 6: RECONSTRUÇÃO DE PARTE DO MURO DO LOGRADOURO DA CASA DO MIRADOURO – Empreitada iniciada a 2 de setembro;
- Foto 7: INSTALAÇÃO DA REDE WI-FI NO CENTRO HISTÓRICO – Prazo de execução de 45 dias.
6
MUNICÍPIO INAUGURA EDIFÍCIO “RAOUL WALLENBERG” REABILITADO PELA VISEU NOVO
Perto de serem dados como concluídos os trabalhos de reabilitação do edifício, de propriedade municipal, sito na
Rua da Árvore 1-7/ Rua Direita 116, no passado dia 27 de agosto, procedeu-se à Cerimónia Inaugural do imóvel,
ao qual foi atribuído o nome de “Edifício Raoul Wallenberg”.
Constituído por três pisos acima da cota da soleira, foi projetado para o imóvel, um espaço museológico com
intenção de ser disponibilizado um percurso dinâmico e contínuo, apoiado por um espaço comercial. A Inauguração
ocorreu, no passado dia 27 de agosto e foi feita isoladamente da Inauguração do seu conteúdo, uma vez que,
segundo o Presidente da Câmara Municipal de Viseu “a inauguração de um edifício desta matriz deve ser separada
da inauguração dos seus conteúdos, para que não seja ofuscada a reabilitação física do imóvel”.
Durante a reabilitação do edifício, adquirido pela Autarquia a Jorge Figueiredo Dias, que durante anos viveu no
local, foram mantidas as fachadas exteriores em alvenaria de granito, com substituição das caixilharias, tendo sido
redesenhada e substituída a cobertura. Por, possivelmente, estar ligado à presença de judeus na cidade, por altura
do Séc. XV, o imóvel tornou-se um símbolo de grande importância para o património viseense, o que levou a
Autarquia a atribuir-lhe o nome do arquiteto, diplomata e empresário sueco “Raoul Wallenberg” (1912-1947).
Trata-se de uma figura importante na história, uma vez que fez valer dos seus esforços para resgatar, de forma bem
sucedida, judeus que se localizaram na Hungria, quando esta se encontrava ocupada por nazis, aquando do
Holocausto, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.
A recuperação do edifício, bem como o seu destino, pretendem dar continuidade ao processo de regeneração
urbana, que tem vindo a ser efectuado na Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística, com o objetivo
de “(RE)CENTRAR O CENTRO”.
CELEBRAÇÃO DA ASSINATURA DO PROTOCOLO ENTRE A AUTARQUIA E A FAMÍLIA KEIL DO AMARAL/INAUGURAÇÃO DE PONTE PEDONAL COMPÓSITA
No âmbito do processo de regeneração urbana “(RE)CENTRAR O CENTRO”, a Viseu Novo informa que no dia 4 de setembro, foram celebradas
as seguintes cerimónias:
- às 15h00: “Assinatura do Protocolo entre a Família Keil do Amaral e o Município”, no âmbito da criação de um espaço museológico, dedicado à
Família que marcou a Cultura Portuguesa, ao longo de 6 gerações, na Casa da Calçada (Calçada da Vigia);
- Por volta das 22h30: “Inauguração da Ponte Pedonal Compósita”, cujo projeto resultou de uma investigação, sobre estruturas hídricas e com o
objetivo de ser instalada, uma ligação infraestrutural que unisse dois pólos relevantes da cidade. De referir, que o projeto resultou de uma
colaboração entre a Viseu Novo e o Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura do Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de
Lisboa.
7
EDIFÍCIOS PARA VENDA
1
2
Fotografia 1 – Edifício localizado na Rua Escura nº 11-17 com espaço comercial
(piso 0) e habitação de tipologia T1 (piso 1 e piso 2). Atualmente, apenas se
encontra para venda o espaço habitacional composto por um quarto, uma sala
com cozinha e uma instalação sanitária (para mais informações consulte o site da
Viseu Novo).
Fotografia 2 – Edifício localizado na Calçada da Vigia nº 7-17 que é constituído
por dois espaços comerciais, localizados no piso 0 e 3 frações, destinadas para
habitação. Neste momento, encontram-se para venda um espaço comercial e a
habitação de tipologia T1 + 1 (para mais informações consulte o nosso site).
PARTICIPE NO ESPAÇO “CIDADÃO ATIVO”
A NEWSLETTER acolhe o espaço Cidadão Ativo, através do qual a Viseu Novo pretende desenvolver na população,
não só pertencente à Zona Histórica mas em geral, o espírito crítico e interventivo junto da área de atuação. Se tem
uma opinião formada sobre que tipo de estabelecimentos sociais gostaria de ver instalados no Centro Histórico, ou
que tipo de iniciativas/estratégias de intervenção estão a fazer falta na ACRRU, deixe-nos a sua sugestão
escrevendo para a morada da Viseu Novo SRU (consulte a capa/topo da NEWSLETTER) ou envie-nos a sua proposta
via internet, para um dos seguintes e-mails: [email protected]
[email protected] .
Dados solicitados para validar a sua proposta: Nome, Morada, Contactos, Sugestão a Apresentar, Razões para a
escolha da Sugestão, Prós e Contras da sua proposta.
De uma simples ideia, pode nascer um grande projeto para a Zona Histórica.
TORNE-SE UM CIDADÃO ATIVO… A PRESERVAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DEPENDE DE SI… PENSE NISSO!
8
“VAMOS RECORDAR”
No seguimento do processo de requalificação de imóveis públicos, pertencentes à ACRRU, a Viseu
Novo informa que, em janeiro 2010, foram iniciados os trabalhos de recuperação da Casa do
Miradouro, sita no Largo António José Pereira. Durante a empreitada, foram feitas ao imóvel,
sondagens arqueológicas pela Arqueohoje, tendo sido encontrados diversos achados resultantes do
historial da casa, datada do Séc. XVI. Trata-se da 5ª obra de recuperação, efetuada pela Viseu Novo.
1
2
3
No início dos anos 80, o Município adquiriu o imóvel, à família Ribas de Sousa. Por essa altura, no
edifício, passou a funcionar o Conservatório de Música de Viseu e foi alojado o espólio pertencente à
coleção arqueológica do Dr. José Coelho, doada pela família à Autarquia, aquando da sua morte. Anos
mais tarde, perante o visível estado de degradação do imóvel (fotografia 1), a Câmara Municipal de
Viseu decidiu dar início ao seu processo de reabilitação. A obra, adjudicada à empresa Soares &
Carvalho Lda, teve início em janeiro de 2010, com prazo para conclusão dos trabalhos de 24 meses
(fotografia 2). Posteriormente à sua requalificação (fotografia 3), o edifício passou a albergar, na ala
direita, a Sede da Viseu Novo – Sociedade de Reabilitação Urbana e, na ala esquerda, a Coleção
Arqueológica “Dr. José Coelho: a Paixão pelo Passado”.
A Casa do Miradouro, mandada edificar por Fernão Ortiz de Vilhegas, Chantre de Viseu e seu
proprietário, ao arquiteto italiano Francesco de Cremona, no século XVI disponibiliza, a toda a
população, a fruição de amplos jardins. Por possuir motivos decorativos e tipologias de vãos
tipicamente manuelinos e motivos de “linguagem” renascentista, que integram elementos de épocas
posteriores (janelas barrocas da fachada principal), o edifício representa uma “linguagem
arquitetónica” mista. Obras efetuadas, no decorrer do séc. XVIII, fizeram com que o interior do imóvel
perdesse parte das suas caraterísticas originais, tendo sido preservada apenas, a sua fachada principal e
paredes interiores.
Fundada em 2005, a Viseu Novo é uma empresa de capitais públicos, resultante de uma parceria entre
o Município de Viseu e o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, I.P. (IHRU) e tem como
principais objetivos: promover a Reabilitação Urbana da ACRRU, onde se inclui a Zona Histórica e área
envolvente; melhorar infraestruturas existentes; criar fatores de atratividade de modo a valorizar a
zona de intervenção, a nível social, cultural e económico; atuar como mediador entre
proprietários/investidores, senhorios/arrendatários; elaborar estratégias de intervenção.
A empresa, cujo horário de funcionamento ocorre entre as 9h00-12h30/14h00-17h30, tem vindo a
9
efetuar, ao longo do tempo, diversas intervenções na zona de atuação. Para além da recuperação de alguns imóveis públicos, têm sido
desenvolvidos trabalhos de requalificação de pavimentos e de melhoria das acessibilidades. No âmbito sociocultural, a Viseu Novo organiza
ainda, algumas atividades, com vista a promover um maior fluxo de pessoas para visitar, viver ou até investir na zona histórica da cidade.
Exemplo disso, são as iniciativas “Palcos Livres: (RE)CENTRAR O CENTRO”, o projeto “Viseu Tradicionalmente… a Inovar Montras”, as “Visitas a
Estaleiros de Obra”, a “Pintura ao Ar Livre no Centro Histórico”, a “Pintura de Portas no Centro Histórico” e o “Passeio no Funicular”.
Relativamente ao espaço museológico, a Câmara Municipal de Viseu renovou, o acordo feito em 1979, à família do Dr. José Coelho, figura ilustre
viseense que marcou o século XX, com o seu contributo para o conhecimento da história da cidade e da região, divulgando parte dos seus
achados, a toda a população.
A exposição pretende dar a conhecer, além da história do Dr. José Coelho, a sua vocação e fascínio para encontrar vestígios que pudessem
decifrar a existência humana, ao longo dos séculos. “AEQUO ANIMO” (com serenidade) era o lema de vida do docente e arqueólogo que é
transmitido, através do legado que deixou, no âmbito da arqueologia. “Dr. José Coelho: A Paixão pelo Passado” pode ser visitada de terça a
domingo (10h – 12h/14h – 17h), nas instalações do edifício quinhentista.
10
REPORTAGEM “O LADO HUMANO DO CENTRO HISTÓRICO”
É a única Loja de Chapelaria, resistente no Centro Histórico. Pedro Cruz, não contava com o rumo que a
sua vida levou. Com o desejo de se tornar bancário, trabalhava de dia e estudava à noite para lutar por
um sonho. Mas eis que uma passagem por Viseu, durante as férias, e através de uma simples palavra
bastou para lhe mudar o destino profissional. Na NEWSLETTER Nº 8, contamos a história de um vendedor
de chapéus, com 35 anos de profissão, cujo estabelecimento tem perto de 100 anos.
“Os homens de chapéu têm palavra” expressa Pedro Cruz, vendedor de chapéus, ao falar do momento em
que se deu a reviravolta nos seus objetivos de vida. Em criança, frequentou o ensino até à 4ª Classe e anos
mais tarde, a Escola Comercial e Industrial de Viseu (actual Escola Emídio Navarro). Aos 21 anos, viu-se
ingressar no serviço militar obrigatório na marinha, em Lisboa, onde passou cerca de quatro anos e meio.
Por altura dos seus 25 anos, depois de terminar o serviço na marinha, “e como estava em Lisboa, decidi
arranjar um quarto e procurei emprego”, começa por contar Pedro Cruz. Trabalhando como funcionário
numa escola, “quis estudar à noite, pagando os meus próprios estudos, uma vez que os meus pais não
tinham possibilidade de o fazer, e foi aí que me inscrevi no Instituto Superior de Contabilidade e
Administração de Lisboa (ISCAL), porque queria ser bancário”, frisou. Quando terminou o curso “que
naquela altura, era só o Bacharelato”, respondeu a um anúncio para o ISCAL e veio de férias a Viseu. Num
certo dia, “passei por aqui e cumprimentei o vendedor da loja, meu conhecido, que me convidou a
trabalhar no espaço”, relembra. Nesse momento, e uma vez que julgava ainda não ter qualquer resposta
do ISCAL, Pedro Cruz decidiu aceitar o convite. Tempos mais tarde, apercebeu-se que a resposta ao
concurso, tinha chegado ao local onde vivia, em Lisboa, e optou por não dar seguimento a esse sonho, uma
vez que “já tinha dado a minha palavra ao senhor”, diz acrescentando que neste momento, “poderia vir a
ter uma boa reforma como bancário, mas ganhei outras coisas boas com esta profissão, pude estar mais
perto dos meus pais, para os ajudar”, sublinha. Depois de dois anos a trabalhar como funcionário, em 1978,
Pedro Cruz, tornou-se, proprietário do estabelecimento. Quando se iniciou no ramo, “vivia-se o Pós - 25 de
abril, em que houve um “boom” de vendas para as indústrias, mas como fizeram grandes investimentos,
mais tarde, não conseguiram amortizar os empréstimos, o que fez com que várias empresas começassem a
morrer, daí agora os fornecedores de chapéus já não serem os mesmos, quando comecei”, relata. Situado
no início da Rua Direita, perto da Rua Formosa, no nº 16, a Chapelaria Confiança tornou-se na única loja de
venda de chapéus, resistente ao tempo e à crise “antigamente existiam mais 3 no Centro Histórico”. Para
Pedro Cruz, de há 40 anos para cá, houve uma queda nos negócios, defendendo que a culpa não será
apenas da crise “mas principalmente porque o chapéu é um artigo que caiu em desuso”, observa
11
acrescentando que “o que salva as chapelarias é a exportação”. Segundo o vendedor, “antigamente as pessoas compravam chapéus para condizer
com cada fato que tinham, depois houve uma moda em que os clientes só compravam para andar com o chapéu na mão”, conta Pedro Cruz. O
vendedor relata que o seu cliente mais antigo, compra chapéus na loja, há cerca de 70 anos. O próprio comerciante, usa um chapéu que herdou do
seu pai, que o comprou “por 70 escudos e ganhava 2 escudos por dia. Agora as pessoas queixam-se da crise, mas hoje em dia ganham num dia, o
suficiente para comprar um chapéu”, analisa. A concorrência das lojas chinesas, também tem prejudicado o seu negócio já que lhes “foi permitido,
escancarar as portas, acabando por se descurar o comércio nacional”, diz completando que “nessas lojas, vendem-se chapéus mais baratos e
também há muitos estabelecimentos de roupa que, hoje em dia, vendem chapéus, mas na minha loja vendo artigos nacionais e de grande
qualidade”, salienta. No entanto, refere ainda que a falta de estacionamento “faz com que as pessoas, ao fim de algum tempo a procurar
estacionamento, acabem por desistir da compra e ir embora”, conclui o vendedor. A loja é pequena e faz esquina com a Rua do Carmo. Os seus
expositores, recentemente renovados, encontram-se apelativos e com a disposição de artigos como bonés, chapéus e panamás, de diversas cores e
materiais. Empilhados, os chapéus de lã, de pêlo de coelho, de algodão, de tecido e de fibra ornamentam o estabelecimento, que possui ainda alguns
artigos de viagem. Na rua, pelas 18h00, poucas pessoas deambulam, durante a entrevista. Um cenário bem diferente de outros tempos em que “mal
dava para acelerar o passo, com tanta gente”, recorda o vendedor que acredita que o seu negócio acabará por desaparecer. No entanto, por amor à
arte diz manter-se e viver um dia de cada vez, com o lema “aqui não compro vontades, vendo chapéus”, remata sorrindo.
PATROCINADORES

Documentos relacionados