Raízes no.013

Transcrição

Raízes no.013
12 ‫ מתוך‬1 ‫עמוד‬
Shavei Israel
‫נשלח‬:
‫נושא‬:
11:23 2009 ‫ ינואר‬07 ‫יום רביעי‬
Raizes 013
Raízes
Edição n°. 13
Novembro/Dezembro - 2008
Heshvan/Kislev - 5769
O Crescimento
da Al-Quaida é
uma Ameaça a
Israel
A Relação
Misteriosa
entre o Povo
Judeu e a Terra
de Israel
Por: Michael Freund
Por: Rabino Eliahu
Birnbaum
A Diáspora
Sefaradita na
Itália
Sodoma
Fonte: Morashá Edição 51
Você já
visitou o
nosso Site?
Por: Anna Rosa
Campagnano
O Shemá
Don Isaac
Aboab - Último
Rabi-mor de
Castela
Por: Aryeh Carmell
Por: Barros Basto
O Crescimento da Al-Quaida é uma Ameaça a Israel
Por: Michael Freund - Tradução: David Salgado
De qualquer modo, a organização terrorista mais
famosa, conhecida como Al-Quaida, agora se
encontra em verdadeira fuga.
Em lugares relativamente longe como Iraque,
Somália e Yemen, a rede de terror Islâmica sofreu
dolorosos recuos em sua campanha mortal para a
hegemonia do mundo. Seus redutos estão sob
ataque, sua ideologia está desacreditada cada vez
mais, e pouco tem para mostrar além de uma fuga,
assassinatos horríveis e uma grande desordem.
Mas aqui no coração do Oriente Médio, bem abaixo
do nosso nariz, os adeptos de Osama bin Laden
estão ocupados em abrir estabelecimentos
comerciais “virtuais” em Gaza, ou melhor, de
fachada, para não serem incomodados. Certamente, a presença crescente de ramos
da al-Quaida ao longo da fronteira sul de Israel é completamente possível e sinistro,
contudo tais ameaças ainda não são discutidas pelo Estado Judaico, é chegada a
hora de começarmos a levar em conta, este perigo, mais seriamente.
07/01/2009
Organização
Shavei Israel
King George 58,
4°. andar
Heichal Shlomo
12 ‫ מתוך‬2 ‫עמוד‬
Jerusalém 94262,
No início de outubro, precisamente no dia 6, um grupo sombrio que se intitula
"Brigadas do Hizbollah na Palestina" tentou disparar um foguete (Kassame) e atingir
Sderot, mas não alcançou seu alvo. Esse grupo, até então desconhecido, é agora
relatado como sendo uma das muitas facções islâmicas radicais da al-Quaida
inspiradas em uma dúzia de terroristas extremos que surgiram em Gaza nos dois
últimos anos (Yediot Aharonot, outubro 17).
Israel
Tel: +972-2-625-6230.
Fax: +972-2-625-6233.
Estes grupos, com nomes tais como "a espada do Islã", "o exército de Islã" e
"soldados de Allah", rejeitaram as decisões táticas ocasionais do Hamas que
forjaram o acordo de cessar-fogo com Israel e proclamam, preferivelmente, pelo
confronto acirrado com os sionistas.
Nos quatro últimos meses, estas filiais da al-Quaida lançaram 21 foguetes
(Kassamim) e 18 morteiros (Scuds) de Gaza para Israel, e implantaram dispositivos
explosivos perto da cerca de segurança na tentativa de matar ou mutilar soldados
israelenses.
Estão longe da expectativa de desistir de atingir alvos ocidentais, também.
Visite nosso site
www.shavei.org
Em janeiro deste ano, durante a visita do presidente George W. Bush dos Estados
Unidos a Israel, "o exército dos crentes - al-Quaida na Palestina" atacou a escola
internacional americana em Gaza duas vezes em um período de três dias (Reuters,
janeiro 12).
E em julho, a polícia anunciou que tinha prendido seis pessoas, incluindo dois árabes
israelenses com ligações com a al-Quaida que tinham tentado, no começo do ano,
assassinar Bush durante sua visita para participar das celebrações do 60°.
aniversário de Israel (Associated Press, julho 18).
Claramente, os terroristas de Osama em Gaza estão intensificando suas atividades
como parte de um plano ambicioso para livrar o Oriente Médio de toda a presença
ocidental ou judaica. Mas como exatamente pretendem controlar e dominar a região
e plantar uma nova rede de terror?
A presença crescente da al-Quaida em Gaza é uma conseqüência direta da retirada
de Israel em agosto 2005 e da insegurança que isso criou. Apenas algumas
semanas depois da retira das Forças de Defesa de Israel ter sido completada, o
General Aharon (Zeevi) Farkash, chefe da inteligência militar do FDI, disse em uma
audiência na Universidade de Tel Aviv que a al-Quaida tinha explodido vários
lugares ao longo da fronteira Egípcio-Gaza para possibilitar operações na região. "A
al-Quaida está em Gaza", disse Farkash (Yediot Aharonot, Sept. 29, 2005).
Em uma entrevista vários meses mais tarde, o presidente Mahmoud Abbas da
autoridade palestina, admitiu dizendo ao jornal “Al-Hayat” sediado em Londres:
"Nós temos sinais da presença da al-Quaida em Gaza e em Judéia e Samária”.
Nos três anos de intervenção, os simpatizantes da al-Quaida em Gaza lograram
obter um apoio básico, forjar alianças com radicais locais e começar a espalhar sua
ideologia venenosa de ódio em todo a região, enquanto constroem uma infraestrutura propícia para atacar Israel.
Todavia, Israel fez, inexplicavelmente, muito pouco ou quase nada, para impedir
este desenvolvimento perigoso, apesar da ameaça crescente que isso significa.
Mesmo quando pelo menos um dos grupos da al-Quaida baseado em Gaza, se
desentende com o Hamas, seria um erro pensar que Hamas resolverá o problema
para nós.
No mês passado, mesmo após os conflitos armados entre Hamas e o "Exército do
Islã" em Gaza, terem deixado nove palestinos inoperantes, os líderes de Hamas
fizeram uma declaração, afirmando que não tiveram nenhuma intenção de impedir
que o grupo islã atinja o Estado Judaico.
"É permitido ao exército do Islã atuar contra a ocupação israelense mas deve
permanecer longe dos assuntos internos e do trabalho do serviço de segurança do
Hamas". O porta-voz Sami Abu Zuhri do Hamas disse isso a repórteres (Reuters,
setembro 26). Portanto, se alguém tem que carimbar a extradição da al-Quaida de
07/01/2009
Não tenha dúvida
em contatar-nos:
[email protected]
12 ‫ מתוך‬3 ‫עמוד‬
Gaza, terá que ser Israel, e para isso deve se mexer rapidamente para enfrentar
esta ameaça.
O fato da al-Quaida estar trabalhando ativamente para estabelecer as bases futuras
para mais adiante nos atacar, mostra apenas o quanto Israel está nas linhas de
frente da guerra mundial contra o terror - e o quanto é essencial que estejamos
preparados para o confronto.
Assim, nós precisamos deixar bastante claro aos amigos e aos aliados do oeste que
não esperem de Israel realizar recuos adicionais quando a ameaça levantada pelo
fundamentalismo Islâmico ao longo de nossas fronteiras continua a se estruturar. A
retirada de territórios cria, somente, um espaço para que os grupos radicais tais
como Hamas e al-Quaida continuem a rápida investida em direção ao ataque final.
Mais importante ainda é que embora tenha Israel que levar em conta o perigo de
um ataque possível da al-Quaida, deve adotar uma postura preventiva mais
agressiva para eliminar sua infra-estrutura nos lugares tais como Gaza. Falhando
nesse ponto, permitirá somente que esta ameaça insurgente continue a crescer. E
se a experiência anterior serve de lição, tal inércia nos retornará a nos assombrará
nos meses e nos anos que virão.
Retornar
A Relação Misteriosa entre o Povo Judeu e a Terra de
Israel - Parashat Lech Lechá
Por: Rabino Eliahu Birnbaum - Tradução: David Salgado
“E o Eterno disse a Abraham... ‘Alça agora teus
olhos e olha desde o lugar onde tu estás, para o
norte e para o sul, oriente e ocidente; porque toda
a terra que tu vês, a ti darei e à tua descendência
para sempre. E farei a tua descendência ser tão
numerosa como o pó da terra... Levanta-te,
passeia pela terra, por seu comprimento e por sua
largura, pois da-la-ei a ti’”.
(Gênesis 13, 14-17)
A história do Povo de Israel, desde seu começo,
passando pelas suas numerosas vicissitudes até chegar aos dias de hoje, está
relacionada de forma estranha com Eretz Israel (a Terra de Israel).
O processo de nascimento do povo está ligado à partida de Abraham de sua terra
natal, Ur Casdim, em direção a Canaã, aonde aconteceu o pacto com D-us, e a
conseqüente promessa Divina: “toda a terra que tu vês, a ti darei e à tua
descendência para sempre”, promessa que voltou a reiterar outras vezes aos
demais patriarcas aprofundando-a na consciência dos filhos de Israel ainda antes de
se converterem em Povo de Israel.
Eretz Israel é a terra destinada ao Povo de Israel. O Povo Judeu não nasceu como
povo em Eretz Israel, senão que a terra lhe foi prometida aos seus patriarcas antes
da consolidação como povo, e a promessa foi repetida diante do povo quando de
sua saída do Egito. Quer dizer, o Povo Judeu nasceu no caminho a sua terra e não
dentro dela. Mais ainda, o conceito da terra prometida não apenas existiu enquanto
o povo se encaminhava para ela, senão que se manteve vigente quando o povo
habitou sua terra e durante seu exílio.
Com o objetivo de compreender de forma cabal a relação entre o Povo de Israel e
Eretz Israel, devemos analisar o conceito de “Terra Prometida”.
A relação especial entre o povo e sua terra provém do fato desta terra lhe ter sido
destinada, adquirindo um destaco lugar na ideologia e no sentimento nacional do
povo. Eretz Israel é a pátria do Povo Judeu.
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬4 ‫עמוד‬
Que significa “pátria”? No linguajar cotidiano, esta palavra é usada para denominar
o lugar no qual o indivíduo nasceu. Entretanto, esta definição é insuficiente e
imprópria. O fato de alguém ter nascido em certo lugar, em uma casa, em uma
cidade ou em um país, não determina que esse lugar constitua sua pátria. Os judeus
nasceram fora de Eretz Israel, porém nem por isso consideraram, em todas as
ocasiões, que esses países por onde passaram, fossem suas pátrias. Por outro lado,
apesar de não ter nascido em Eretz Israel, a consideram sua pátria. A relação com a
pátria se baseia na conexão com o povo e com a cultura. A pátria é a terra que
serve de base à existência do povo.
A essência da relação entre o Povo de Israel e sua terra é distinta da dos demais
povos com seu território, e não podemos comparar o laço que existe entre as
demais nações do mundo com seus territórios, com o laço que existe entre o Povo
de Israel e sua terra.
As demais nações carecem de um antigo documento que certifique a promessa da
terra que lhe fora destinada. A relação de todos os demais povos com sua terra é
puramente material, sem estar sustentada em uma relação espiritual nem possuir
um valor de santidade. A relação de todos os demais povos se sustenta no fato de
que seus antepassados conquistaram um território determinado e seus
descendentes o herdaram, considerando-a sua pátria. Se a casualidade leva um
povo a descobrir outra região, ou se uma família se traslada a outro país e adquire a
cidadania no novo país, em pouco tempo se rompe toda relação com a pátria
original.
Não ocorre o mesmo com o Povo Judeu em relação a Eretz Israel, que possui um
documento antigo, escrito em diversos textos sagrados no “Livro dos Livros”.
E assim se estabelece em diversos textos bíblicos que Eretz Israel está destinada
apenas ao Povo de Israel: esta terra foi prometida a Abraham Avinu: “e te darei a ti
e a tua semente depois de ti a terra de tuas peregrinações: toda a terra de
Canaã” (Gênesis 17:8; a Torá repete cinco vezes a promessa que D-us fez a
Abraham de entregar a seus herdeiros a Terra de Israel). E também a Itzchak:
“porque a ti e a tua semente entregarei todos estes países” (Gênesis 26:3). E
também a Yaakov: “a terra onde estás pisando te darei a ti e a tua
semente” (Gênesis 28:13). “E a terra que dei a Abraham e Itzchak te darei a ti e a
tua semente depois de ti” (Gênesis 35:12). Ao outorgar a Terra a Israel, D-us está
estabelecendo o Pacto eterno com o Povo Judeu.
D-us decidiu que cada povo da terra deveria possuir um território que constituísse
sua pátria. Eretz Israel é a terra destinada ao Povo de Israel.
Porque justamente Eretz Israel?
Esta pergunta não existe quando se trata de outros povos. A relação especial de Dus com o Povo de Israel é que origina a pergunta, já que esta relação determina que
o lugar elegido possui também características especiais. O princípio da santidade
deriva por acaso do reconhecimento do ser humano e sua conduta, ou talvez a Torá
atribui a Eretz Israel uma qualidade especial?
Por acaso Eretz Israel possui uma santidade própria, ou esta santidade provêm de
razões religiosas e morais que lhe são exteriores?
Como podemos explicar o caráter especial de Eretz Israel e o fato de ter sido
destinada ao Povo de Israel?
A relação criada entre o Povo Judeu e a Terra de Israel é uma das mais intrigantes e
interessantes que se tem produzido na história humana. Esta relação nunca foi
baseada exclusivamente nas conquistas de uma tribo que buscava uma terra
adequada. A relação entre o Povo Judeu e a Terra de Israel se baseia, em mudança,
na eleição e na promessa de D-us. Não é o Povo Judeu quem elegeu esta terra,
senão que esta lhe foi destinada por D-us mesmo antes da consolidação como
povo.
Parece impossível explicar a relação do Povo Judeu com a Terra de Israel baseandose apenas nas características físicas da terra. Eretz Israel não é grande, nem possui
abundantes riquezas, nem rios caudalosos e tão pouco elevados picos.
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬5 ‫עמוד‬
A relação com a terra foi o fio condutor que passou de geração em geração, mesmo
quando o povo estava longe da terra, perambulando entre muitas nações. A relação
com a terra constitui a raiz do povo e são numerosas as fontes que fazem referência
a ela.
É possível explicar que a relação com a terra está baseada na eleição e decisão de
D-us (relação religiosa, teológica); pode-se justificar nossa relação com a terra
através dos versículos bíblicos: e do amor profundo que se estabeleceu entre o povo
e a terra através das gerações (relação histórica). Podemos explicar a relação entre
o povo e a terra baseando-se em conceitos místicos (relação mística). A relação
entre os judeus e a Terra de Israel não expressa a relação entre o indivíduo e sua
pátria, e sim proclama pertinência da coletividade do Povo de Israel à sua terra.
É possível explicar a correspondência entre o povo e a Terra de Israel baseando-se
nas considerações religiosas, práticas e místicas ou outras, porém ainda assim a
verdadeira relação entre o povo e sua terra seguirá sendo um eterno mistério.
Retornar
A Diáspora Sefaradita na Itália
Por: Anna Rosa Campagnano
O Edito de Expulsão dos judues da
Espanha de 1492 atingiu também os
judeus que viviam em algumas regiões
italianas. É preciso lembrar que, até o
fim do século XVII, o ducado de Milão, o
Estado dos Presídios (território formado
por algumas possessões no litoral
tirrênico), os reinos de Nápole, da Sicília
e da Sardenha estavam sob a dominação
espanhola.
Em seus vastos domínios,
territorialmente não contíguos, embora
constituíssem cerca da metade da
Península Itálica, a Espanha não obteve
uma uniformidade jurídica de governo:
cada território conservava as suas
magistraturas locais e era governado
separadamente por um delegado do
poder régio.
A dominação espanhola na Itália representou um atraso no plano
socioeconômico e cultural. Corroída pela miséria, espremida na mão de
ferro do absolutismo espanhol e perseguida pelo terror da Inquisição, a
Itália perdeu o contato com os outros países da Europa e nas primeiras
décadas do século XVII, exatamente em 1627, eclodiram revoltas populares
em Nápoles e na Sicília.
Na realidade, a Itália não foi o alvo escolhido pela diáspora sefaradita, mas
serviu, na maioria das vezes, como ponte para outras localidades do
Mediterrâneo. Citamos, por exemplo, a cidade de Gênova que, no fim do
século XV, era ainda um importante centro de trânsito entre o Ocidente e o
Oriente, tornando-se também um dos portos de chegada dos refugiados em
trânsito para outros destinos ou na expectativa de obter permissão para
desembarcar. Gênova concedeu aos fugitivos o desembarque somente por
três dias, mas, em janeiro de 1493, essa concessão foi cancelada com a
desculpa de que os judeus traziam a peste.
Assim os fugitivos foram obrigados a prosseguir para outros portos. Quando
Afonso V de Aragon conquistou, em 1442, o reino de Nápole, este e o reino
da Sicília foram unificados. Sob seu reinado e de seu filho Fernando I, os
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬6 ‫עמוד‬
judeus gozaram de proteção e privilégios idênticos aos de seus súditos
residentes.
Dentre os que aportaram em Nápoles, em 1492, estava dom Isaac
Abravanel (Lisboa, 1473 – Veneza, 1508) e sua família. Seus filhos Judah
“Leone Ebreo Abravanel” (Lisboa, 1460 – Itália, 1535), o médico Joseph
Abravanel (Lisboa, 1471 – Ferrara, 1552) e Samuel Abravanel (Lisboa,
1473 – Ferrara, 1547) foram personagens importantes no cenário religioso
e político italiano.
Em 5 de janeiro de 1533, o novo vice-rei de Nápoles, dom Pietro de Toledo,
emanou um edito obrigando os judeus a se converterem ou a deixarem o
reino no prazo de seis meses. O prazo foi prorrogado até julho de 1534 e
depois suspenso até fevereiro de 1535, quando foi estipulado um acordo,
concedido seja pela insistência do povo cristão do lugar, seja pelo empenho
apaixonado de Samuel Abravanel filho caçula de dom Isaac, representante
do povo judeu, e de sua mulher Benvenida.
Embora hostil aos judeus, o vice-rei, dom Pietro, recorreu aos serviços de
Samuel Abravanel como especialista financeiro, bem como aos dotes
intelectuais e culturais de sua mulher, Benvenida, que se tornou educadora
de Eleonora, filha do vice-rei.
Em virtude do acordo patrocinado por Samuel e Benvenida Abravanel, os
judeus poderiam ficar mais dez anos ainda no reino de Nápoles, pagando
um tributo de vinte mil ducados. Mas, em 10 de novembro de 1539, o
acordo foi desrespeitado, sem nenhum pretexto, e os judeus foram
expulsos do reino. Após novas tentativas de acordos, petições e súplicas,
enfim em 31 de outubro de 1541, os judeus foram expulsos
definitivamente, abandonaram o sul da Itália.
Concluiu-se assim, o ciclo de residência das poucas centenas de famílias
judaicas que tinham resistido por mais de trinta anos no reino de Nápoles.
Os membros da família Abravanel dispersaram-se em várias regiões da
Itália, como Ferrara, Roma e outras cidades pontifícias.
Em Ferrara, em 1492, o duque Hércules I, percebendo as vantagens
econômico-culturais que poderiam advir da presença judaica em seu
território, convidou vinte e uma famílias de judeus que haviam
desembarcado em Gênova a residirem na cidade. Seu sucessor Hércules II,
em 1541, convidou também os judeus expulsos do Reino de Nápoles. Essa
orientação foi mantida no século XVI, sendo estendida também aos
cristãos-novos.
Dentre as novas famílias que foram para Ferrara, encontravam-se
novamente Samuel e Benvenida Abravanel e a destacada família de Gracia
Mendes e também Samuel Usque que definiu Ferrara como “o refúgio mais
seguro da Itália” para os judeus naquele período. Os muros da cidade
ofereciam proteção e tranquilidade contra todas as adversidades,
permitindo assim o retorno ao judaísmo a centenas de marranos.
No entanto, em 1581, o rei Afonso II submeteu-se às imposições da
Inquisição, aprisionou um grande número de marranos e enviou três deles
para serem supliciados em Roma. Com a extinção da dinastia da família
dominante de Ferrara, em 1597, a Igreja reivindicou para si o ducado de
Ferrara, ocupando-o no ano seguinte, limitando o governo ao ducado de
Moderia e de Reggio. Nessa época, muitos judeus acabaram indo para
essas duas cidades, seguindo os seus antigos patrões. Ferrara perdeu um
quarto de seus habitantes no prazo de três anos.
Em Roma, como em outras cidades da Itália, a notícia da expulsão dos
judeus da Península Ibérica causou um certo temor. Receava-se que uma
onda de fugitivos provocaria não apenas concorrência econômica, mas
também agitação sociocultural. Procurou-se dificultar a entrada dos
refugiados, mas, por intercessão do próprio para espanhol, Alexandre VI e
de seus sucessores, eles acabaram sendo aceitos.
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬7 ‫עמוד‬
Assim, chegaram a Roma, no curso de um quarto de séculos, judeus da
Espanha, Portugal, Sicília, Calábria, Líbia e Provença. Os cristão-novos que
procuraram se estabelecer em Roma foram relativamente poucos.
A integração dos sefaraditas na comunidade judaico-romana foi difícil.
Podemos dizer que houve um embate entre duas correntes judaicas da
diáspora italiana: de um lado, os judeus romanos, conscientes de seu
antigo domicílio, queriam manter a própria supremacia na administração da
comunidade; de outro, os judeus sefaraditas, orgulhosos da própria cultura
e experiência no campo econômico, social, literário e político, tendiam a
conquistar uma posição de superioridade. Isso levou à criação de sinagogas
separadas, tais como a catalã, a castelhana, a aragonense, a siciliana e,
naturalmente, a italiana.
Em 23 de janeiro de 1544, o papa Paulo III concedeu uma carta de
privilégios aos judeus safaraditas que haviam se estabelecido em Ancona.
Nessa carta se afirmava que, caso esses privilégios fossem eventualmente
revogados, os judeus portugueses teriam permissão para deixar os Estados
da Igreja levando consigo os próprios bens, no período de quatro meses
após a revogação. Seu sucessor Julio III confirmou todos os privilégios
concedidos por Paulo III. Nessa época muitos judeus sefaraditas tornaramse médicos de papas, e alguns conversos puderam voltar ao judaísmo.
A Contra-Reforma provocou um grande retrocesso na Igreja Católica. Uma
de suas consequências foi a criação de guetos, em 1555, pelo Paulo IV. Os
judeus sefaraditas, que residiam no Estado da Igreja, sofreram a penúria e
a decadência como todos os outros. Foram quebradas, sem qualquer
reserva, todas as promessas feitas aos cristão-novos. A Inquisição
recomeçou a perseguir os apóstatas em Ancona, alguns judeus foram
queimados e outros condenados perpetuamente às galés da Ordem de
Malta. Dessa forma, extinguiu-se a comunidade portuguesa de Ancona.
Poucas são as informações relativas ao número de cristão-novos que se
transferiram para as terras da Sereníssima, como era chamada a República
de Veneza, mas a presença deles acabou gerando um clima de hostilidade
por parte dos venezianos. Nos diários do cronista Marin Sanudo o Jovem,
autor de cinquenta e seis volumes sobre Veneza, há muitos testemunhos
desse período. Certamente, o número de judeus nunca chegou às dez mil
almas, que o bispo Beccadelli denunciou em uma carta ao cardeal Gerolamo
Dandini.
A presença dos judeus em Veneza devia ter uma certa relevância, pois a
República terminou por ceder às pressões da Santa Sé e da Espanha,
renovando, em 8 de julho de 1550, o decreto de expulsão dos cristão-novos
de seu Estado. O decreto foi renovado para agradar ao imperador Carlos V,
que havia se surpreendido com o fato de que a República vêneta, cristã,
tolerasse a presença de judeus em seu território.
Apesar desse edito de expulsão, a presença de núcleos de conversos
ibéricos é constatada através de toda a segunda metado do século XV.
De 1555 a 1585, muitos conversos passaram pelo assim chamado Tribunal
do Santo Ofício veneziano, que demonstrou, todavia, uma relativa brandura
ao não emitir nenhuma pena capital contra os judeus e judaizantes durante
toda a sua existência.
Em Veneza, muitos judeus eram banqueiros ou comerciantes. Algumas
sinagogas foram edificadas, tais como a Scola Grande (1522-1529), a Scola
Tedesca (1531-1532), a Scola Canton e a Scola Levantina (1538), dos
judeus mercadores marítimos, a Scola Espanhola e a Scola Italiana. Scola
era um temo popular usado, a partir da Idade Média, para designar a
sinagoga.
Na reública veneziana, portanto, conviveram os judeus (italianos e
alemães) preexistentes e os sefaraditas, ou seja, os levantinos (judeus de
origem espanhola, nascidos ou vividos no Levante turco) e os ponentinos
(cristão-novos portugueses que haviam retornado ao judaísmo). Dentre os
próprios judeus antigos, nem todos viam com bons olhos a integração
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬8 ‫עמוד‬
desses cristão-novos às estruturas comunitárias.
Continua no próximo número – Os judeus sefaraditas na Toscana, em
particular em Pisa e Livorno.
Extraído da obra “Judeus de Livorno – Sua Língua, Memória e História” de
Anna Rosa Campagnano
Retornar
Tesouro de Agadot da Torá Por: Rabbi Y. Klapholtz
O Funeral de Sara
No dia em que Sara morreu,
as pessoas abandonaram o
trabalho: o fazendeiro o seu
arado e o artesão as suas
ferramentas.
Todos
foram
apresentar seus cumprimentos
à mulher justa e benevolente
que eles tanto respeitavam.
As pessoas se reuniram diante
da casa em que ela morrera, e
lá
ficaram
em
silêncio.
Avraham então se levantou e
disse ao povo de Chet:
“Façam-me
esta
única
gentileza: deixem-me enterrar
o meu morto numa sepultura
na terra de vocês”. Eles responderam: “Você é um príncipe entre nós; por
favor, escolha qualquer lote que lhe convenha”.
Porque respeitaram tanto Avraham, chamando-o de príncipe, eles foram
recompensados com paz em sua terra durante toda a vida de Avraham, e
posteriormente não foram completamente extintos, tendo sido um
remanescente dessa nação situada na África. Se os cananeus que o
respeitaram foram recompensados desta maneira, apesar de não terem
reconhecido Hashem, os filhos de Avraham, que obedecem aos
mandamentos de Hashem, serão muito mais recompensados pelo mérito
dele!
Avraham agradeceu aos filhos de Chet e pediu a Mearat Hamachpelá,
sabendo da importância do lugar.
Quando os anjos foram visitá-lo e ele procurava um animal puro para
abater, ele foi conduzido a este lugar, e descobriu que Adam e Chava
estavam enterrados lá. Ele desejava portanto possuir este mesmo pedaço
de terra para a sepultura de Sara e dele mesmo. Quando os filhos de Chet
deram conta de que Efron possuía o lote, eles rapidamente decidiram
nomeá-lo como seu soberano, dizendo: “Como podemos deixar que um
príncipe como Avraham se aproxime de um pobretão e vagabundo como
Efron?” Quando eles chegaram para nomeá-lo seu soberano, Efron ficou
surpreso. Quando eles explicaram o motivo, ele correu a Avraham,
oferecendo-lhe seu campo gratuitamente. Avraham protestou: “Eu não
sonharia em tomar nada de ninguém sem pagar. Diga-me o preço do
campo”. Efron recusou-se a vender.
Os habitantes da cidade então ameaçaram que se ele não concordasse em
vendê-lo em troca de dinheiro, eles o deporiam de sua nova posição. Efron
finalmente concordou, dizendo: “Meu senhor, um lote de quatrocentos
shekalim de prata que diferença faz entre mim e você?” Avraham entendeu
a insinuação, percebendo que Efron cobiçava o dinheiro, e pesou esse
montante exato na forma mais aceitável de moeda. Ele então registrou a
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬9 ‫עמוד‬
venda em papel, assinado por quatro testemunhas: que aquele lote de terra
pertencia a Avraham e seus descendentes para todo o sempre.
Sara foi enterrada com profunda reverência, numa cerimônia grandiosa.
Entre os que carregavam o caixão estavam os dois filhos de Noach, Ever,
Avimelech rei dos filisteus, Aner, Eshkol, Mamré e muitas outras pessoas
notáveis daqueles tempos. O féretro foi seguido por todas as pessoas da
terra, jovens e velhos, todos chorando e exclamando: “Ai de nós por esta
mulher piedosa e generosa!” O luto foi sentido profundamente por todos.
Quando Avraham chegou à entrada da dupla caverna, ele tentou erguer a
pedra que fechava a abertura, para enterrar Sara, mas Adam e Chava se
levantaram, exclamando: “Como podemos jazer no mesmo lugar que
Sara? Até hoje ainda estamos envergonhados do nosso pecado no Gan
Eden. Agora que você está trazendo esta tzadeket, ficaremos muito mais
constrangidos!” Mas Avraham tranquilizou-os: “Voltem aos seus lugares e
eu rezarei por vocês diante de Hashem, para que vocês nunca mais
precisem envergonhar-se”. Ao ouvir isto, Adam voltou ao seu túmulo, mas
Chava recusou-se a voltar, até que Avraham a conduziu e a colocou ele
mesmo em seu túmulo.
Avraham fez o elogio fúnebre de Sara publicamente, e ficou de luto por sete
dias, durante os quais todos os homens famosos daqueles tempos foram
visitar pai e filho, para oferecer suas condolências.
Quando o período de luto acabou, Avraham mandou Yitzchak de volta a
Shem para prosseguir seus estudos. Mearat Hamachpelá permanece
santificada e venerada aos olhos de toda a humanidade até os dias de hoje.
Como uma rosa entre os espinhos
O sol se pôs e o sol nasceu. Assim que o sol de Sara se pôs, o sol de Rivka
(Rebeca) começou a brilhar, irradiando sua luz maravilhosa.
Nesta época nasceu uma filha a Betuel filho de Nachor, irmão de Avraham.
Ele a chamou de Rivka. Rivka era como uma rosa entre os espinhos, sendo
filha de Betuel, o arameu (ou embusteiro) e irmã de Lavan. Seu pai era um
charlatão e os habitantes de sua cidade eram pecadores; somente ela se
mantinha à parte em sua retidão, sem aprender da maldade deles nem
seguir os seus passos.
À medida que crescia, ela melhorava continuamente, merecendo a simpatia
de todos. Ela logo percebeu a maldade dos atos de seu pai e de seu irmão e
não seguiu seu exemplo. Ao contrário, ela era generosa com os outros,
alimentando os famintos que iam à sua casa e fornecendo-lhes
mantimentos para o caminho, até que todos os pobres passaram a elogiar a
sua bondade, comparando-a a uma rosa entre espinhos. As criadas que
Betuel deu a sua filha não lhe agradavam, então ela mesma fazia todo o
trabalho: assava, cozinhava, tirava água para os camelos e coisas
semelhantes, sem pedir ajuda a ninguém. Quando ela saia de casa para
resolver suas incumbências, não podia deixar de notar os hábitos perversos
de todas as pessoas que a cercavam. Isto fazia com que ela desejasse
deixar definitivamente a sua cidade.
Avraham se alegra com Itzchak
Itzchak passou três anos na casa de Shem e Ever, aumentando sua
sabedoria, conhecimento e bondade. Seus atos paraciam-se com os de seu
pai: ele amava os pobres. Alimentava-os e vestia-os; tentava estabelecer a
paz entre homens em disputa, e procurava consolar os infelizes. Todos os
seus amigos e conhecidos o amavam, e o seu bom nome se difundiu por
toda parte. Quando um homem queria abençoar seu próprio filho, ele
desejava que ele fosse como Itschak filho de Avraham. Quando o seu bom
nome chegou aos ouvidos de Avraham, o pai ficou orgulhoso e agradeceu a
Hashem, dizendo: “Ribono shel olam, Sua bondade para comigo é grande,
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬10 ‫עמוד‬
pois Você também me deu muita honra, pois até reis pedem a minha
bênção e vêm ouvir o que eu tenho a dizer. Como se isto não bastasse.
Você me alegrou ainda mais com a dádiva que me deu em minha velhice –
um filho! Como estou contente por Você ter dado a meu filho Itschak um
bom coração, cheio de generosidade. Todas as pessoas da terra rezam por
um filho assim, enquanto eu, que sou o menor dos homens, sendo apenas
pó e cinzas, o que fiz para merecer esta felicidade? Eu O abençoo, Hashem,
por toda esta generosidade e pela maior generosidade de todas, a de ver
Itschak seguindo o caminho justo e verdadeiro”.
Quando Avraham e Itschak entravam numa cidade, as pessoas não
conseguiam diferenciar o pai do filho, porque até a geração de Avraham os
sinais de velhice eram inexistentes. Por isto Avraham rezou a Hashem para
que Ele estabelecesse uma diferença entre eles, mostrando quem era mais
velho e quem era mais moço. Então as pessoas conseguiriam demonstrar
respeito aos idosos em geral. Hashem respondeu: “Começarei com você”.
Na manhã seguinte, quando Avraham levantou, ele percebeu que seu
cabelo e sua barba haviam embranquecido. “Eu me tornarei um alvo da
zombaria entre as pessoas?”, perguntou ele desolado. Hashem respondeu:
“A velhice é a marca de distinção para um homem”.
Itschak tinha quarenta anos, mas ainda era solteiro. Por que? Até a akedá,
Ishmael costumava vangloriar-se, dizendo: “Eu sou melhor do que você,
porque você foi circuncidado com oito dias e não podia protestar, enquanto
eu fui circuncidade aos treze anos de idade e, embora pudesse ter
protestado, não o fiz”. Hashem ouviu isto e disse: “Deixarei Itschak
amadurecer e chegar à flor da idade. Então, quando Avraham levá-lo à
akedá e ele não hesitar, todos verão que ele o fez de boa vontade. E de
fato, com a akedá, a vanglória de Ishmael foi silenciada e o bom nome de
Itschak difundiu-se. Depois da akedá, Hashem permitiu que Itschak se
casasse, mas nesta época Sara morreu e ele guardou luto durante os três
anos em que estudou com Shem. Ao completar quarenta anos, porém, ele
finalmente se casou.
Retornar
O Shemá
Por: Aryeh Carmell
O Versículo de Abertura
As palavras de abertura do Shemá
formam um universo à parte. São as
primeiras palavras de prece murmuradas
por uma criança e as últimas que dirá em
seu leito de morte. Através dos séculos
tornaram-se a desafiadora reafirmação
de fé dos judeus prestes a serem
assassinados pelo fato de serem judeus.
As vozes ouvidas às portas das câmaras
de gás, há apenas pouco mais de meio
século, comprovam isto.
Longe de serem uma afirmação fria e
teórica, as palavras do Shemá são um
clamor unificado do inquebrantável
espírito judeu. Não só afirmam que Deus
é Um como declaram: “Deus, Ele é o
nosso Deus, momentaneamente
reconhecido apenas por nós, o mesmo
Deus que um dia será reconhecido como Deus único por toda a humanidade”. Esta
declaração reflete a missão do povo de Israel.
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬11 ‫עמוד‬
Reverenciemos o saber Divino, que escolheu este versículo entre os 5845 que
compõem a Torá para torná-lo o estandarte da vitória do povo judeu. A Unicidade
Divina por ele expressa é o fundamento de muitos ideais grandiosos e poderosos. A
declaração da Unicidade é um protesto contra todas as formas de politeísmo,
qualquer que seja a sua aparência. É também o símbolo da abrangente dedicação
dos nossos corações, das nossas vidas e dos nossos meios para realizarmos o
serviço Divino com amor e dignidade, como expressa o versículo seguinte. Isto
equivale dizer: “Um Deus – um compromisso”.
A Unicidade Divina implica a fraternidade humana, a unidade do Cosmo
(fundamento da ciência moderna) e a unidade da História em seu propósito
messiânico. Para sublinhar este último ponto, nossos rabinos decretaram que o
primeiro versículo do Shemá fosse seguido das palavras (ditas em voz baixa):
“Bendito seja o Nome daquele cujo Glorioso Reino é eterno” – uma manifestação do
triunfo final da justiça na Terra. A voz baixa expressa nosso embaraço ao
compararmos nosso objetivo final à dolorosa realidade que vivemos.
Dar a estas palavras de abertura do Shemá um papel tão preponderante na vida e
no pensamento de Israel assegura que as sagradas verdades que elas eternizam
tornem-se um legado para toda a Casa de Israel.
As Três Seções
1 – Shemá
É a passagem que encabeça este capítulo. Inclui, como vimos, a Unicidade de Deus
e nosso total compromisso afetuoso com Ele. Indica que o aprendizado e o ensino
da Torá são os meios pelos quais isto pode ser realizado e se refere também à
simbologia das Mitsvót do Tefilin e Mezuzá, que dedicam o nosso corpo e nossos
lares a este fim.
2 – Vehaiá im Shamôa (Deuteronômio 11:13-21)
Ensina que nossa prosperidade na Terra de Israel estará garantida somente sob a
condição de cumprirmos a Torá. Caso contrário, estaremos fadados ao exílio.
Termina falando do nosso dever de transmitir a Torá à próxima geração e das
MItsvót de Tefilin e Mezuzá.
3 – Vaiômer (Números 15:37-41)
Nos apresenta a Mitsvá do Tsitsit e a dedicação de nossas vidas a tudo o que isto
simboliza. Termina com a menção da lembrança do Êxodo do Egito, que devemos
guardar em nossas mentes todos os dias de nossas vidas.
Momento Solene
O recitar do Shemá fazia parte do serviço do Templo e foi levado pelos rabinos para
o serviço da sinagoga. Haja visto que a Torá nos ordena “falar sobre elas... ao
deitar-se e ao levantar-se”, os rabinos ordenaram a leitura do Shemá nos serviços
da noite e da manhã. Ao Shemá foi dado um lugar de proeminência e sua recitação
é precedida de bênçãos de agradecimento a Deus pelos presentes materiais do dia a
da noite e pela dádiva espiritual da Torá, seguido de um reconhecimento da
poderosa ação redentora de Deus, como no Êxodo e ao longo de toda nossa história.
Fonte: Judaísmo para o Século 21 – Editora Sefer e Or Israel College - 2003
Retornar
A Honra de Ser Judeu
Por: Barros Basto (Arthur Carlos de Barros Basto)
Ser judeu é ter a honra de pertencer por laços
de sangue e de fé a nação martirizada, através
dos séculos, desde que Abraham, o sonhador
filho da Caldeia, anunciou ao gênero humano a
07/01/2009
12 ‫ מתוך‬12 ‫עמוד‬
existência de um Deus Altíssimo e Único, Onipotente e Eterno, Uno e indivisível,
mas cuja energia, criadora e transformadora, se manifesta em toda a vivente
harmonia universal; é pertencer a essa nação, que, no seu martírio, sublime e
generoso, sabe, em todos os tempos e entre todos os povos, ser torturada, morrer e
ressuscitar, cumprindo a sua nobre missão de ensinar aos povos a viverem
fraternalmente e adorarem o nosso pai comum, o Deus de Abraham.
Ser judeu é ser um sacerdote da Humanidade, o qual intercede junto do Deus Único
e é esta religião que ensina o sublime preceito da Torá, da Lei de Moisés, nosso
Mestre, que em nome de Ad-nai, nos legou: - “Ama o próximo como a ti mesmo”.
Ser judeu é ser um mensageiro da fé, da instrução, da harmonia e da paz. Ainda
rolavam os carros de guerra de Assur, enchendo de pavor às regiões por onde
passavam, e já o judeu proclamava que viria o dia em que todos os povos se
uniriam na fé de um só Deus; e então como irmãos se considerariam e as lanças
seriam transformadas em foice e as espadas em arados.
Ser judeu é ser correligionário dessa plêiade ilustre de homens que, em todos os
ramos da atividade humana, foram e são ainda hoje faróis indicadores dos caminhos
da redenção humana. Não há nenhum movimento generoso de emancipação
intelectual ou moral ou de justiça social, onde não existam forças propulsoras
judaicas.
Ser judeu é ser bom, é ser generoso, é ser ávido de saber, é ser justo. Os judeus
são a benéfica levedura da civilização de um povo.
Na benção que Deus concedeu a Israel está escrito: “Quem te amaldiçoar será
amaldiçoado e que te abençoar será abençoado”.
E assim cumprindo-se as letras sagradas, as nações que protegem e acolhem os
judeus, sobre elas paira a benção Divina e com elas o progresso, a riqueza e o bem
estar residem.
Ser judeu é pertencer ao povo eleito de Deus, aquele povo que deu ao mundo os
ensinamentos bíblicos, que ainda hoje são e serão a base das leis morais e
humanitárias das nações mais civilizadas das cinco partes do mundo.
Quem, sentindo correr nas suas veias sangue judeu, não terá o orgulho de
proclamar bem alto e publicamente a sua nobre raça? Não para ser irritante na sua
prosápia, mas para se instruir com o exemplo dos seus ilustres antepassados e
tornar-se então como eles; um mensageiro da Luz, da Paz e do Amor da
Humanidade.
Ben-Rosh
Este artigo foi publicado no número 03 do jornal Ha-Lapid de em junho 1927.
Retornar
07/01/2009

Documentos relacionados