Letramento Matemático De Uma Criança Cega Baseada
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Letramento Matemático De Uma Criança Cega Baseada
Letramento Matemático De Uma Criança Cega Baseada Nos Estudos De Gattegno A Respeito Das Barras De Cuisenaire Marianna Florentina Lima Alves de Oliveira Drummond1 (aluna) GD13- Educação Matemática e Inclusão Resumo: Apresento aqui um projeto de pesquisa cujo propósito é investigar o letramento matemático de um aluno cego. Planejo realizá-la à luz dos trabalhos do matemático Caleb Gattegno (1911-1988) acerca das ‘barras de Cuisenaire’. Proponho um estudo de caso, de natureza qualitativa, no qual acompanharei um aluno de seis anos, com cegueira congênita, que vivencia nesse momento as suas primeiras experiências escolares. Farei um acompanhamento que acontecerá em parceria com a professora da classe e envolverá a construção e implementação de tarefas voltadas para a apropriação de conceitos como número, quantidade, ordem, capacidade. Ao final, além da Dissertação, produzirei um livreto que será impresso tanto em português quanto em Braille relatando o processo. Meu intuito é contribuir com o desenvolvimento de propostas que possam ser úteis para docentes que atuem em situações semelhantes. Palavras chave: Educação infantil, Letramento Matemático, Cegos, Barras de Cuisenaire, Educação Inclusiva. Introdução Meu interesse por esse tema surgiu da minha observação dos alunos de Educação Infantil, com deficiência visual, do Instituto São Rafael, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na época eu, ainda estudante de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, fui até essa instituição de ensino a fim de observar seus alunos para a construção de uma mesa denominada “plano inclinado”. Essa mesa era um recurso ergométrico e tinha como objetivo auxiliar um aluno com baixa visão, da UMEI – Unidade Municipal de Educação Infantil da Prefeitura de Belo Horizonte – localizada dentro do Campus da UFMG, a se adaptar às salas de aula. Logo após, optei por trocar o curso de Engenharia Mecânica pelo curso de licenciatura em Matemática na mesma 1 Universidade Federal de Ouro Preto Email: [email protected] Orientadora: Teresinha Fumi Kawasaki instituição, a UFMG. Entretanto, essa experiência foi marcante para mim. Desse modo, retomei esse tema para estudar e pesquisar durante esse Mestrado. Com a intenção de contribuir para a Educação Matemática de alunos cegos da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental, o presente trabalho tem como objetivo, com o auxílio dos estudos de Caleb Gattegno (1911-1988) sobre as barras de Cuisenaire (1891-80), observar, a princípio, como um aluno cego interage com esse material. A partir de então, trabalharemos com as propostas de Caleb Gattegno com o uso das barras de Cuisinaire para ensinar Matemática. Embora a proposta de Gattegno seja elaborada para alunos videntes, tenho a hipótese de que, por se tratar de para um aluno que nasceu cego não tendo, portanto, lembranças visuais, o trabalho com as barras de Cuisenaire com algumas adaptações2 pode seguir as mesmas atividades que seriam aplicadas em alunos videntes.. Nesse sentido, essa pesquisa propõe o estudo das atividades propostas por Gattegno e a reelaboração das mesmas por meio de adaptações que visam promover a inclusão de alunos cegos, matriculados em turmas regulares de ensino fundamental, nas aulas de matemática. As atividades propostas por Gattegno propõem a utilização de materiais manipulativos, tendo por base as barras de Cuisinaire, instrumentos que há mais de 50 anos são usadas como auxilio no ensino dos conceitos básicos de matemática para alunos de educação infantil e ensino fundamental (POWELL, 2004). Nesse estudo, possivelmente, penso em contar também com as mídias tecnológicas que podem porventura auxiliar nesse processo. Ao final dessa pesquisa, será elaborada uma cartilha, uma versão impressa e outra em braile, contendo as tarefas desenvolvidas na pesquisa, com a descrição e comentários sobre a aplicação das tarefas. Esse Produto Educacional poderá ser útil para professores, futuros professores e formadores de professores que assumem necessariamente classes inclusivas e que eventualmente irão ensinar Matemática para alunos com deficiência visual. Esse texto discorre inicialmente um breve relato da história da Educação inclusiva no Brasil, traçando de maneira sucinta a trajetória do processo de inclusão do 2 Em conversa recente, em ambiente virtual, com o professor Arthur Powell, ele propôs adaptar as barras imprimindo-as com marcas em auto-relevo. deficiente no cenário educacional brasileiro. Posteriormente, falaremos da definição de deficiência visual e da definição de letramento que tomaremos como base nos nossos estudos. Em seguida, faremos um breve relato de quem foi Caleb Gattegno e do seu trabalho a respeito das barras de Cuisenaire para finalizar apresentando algumas atividades propostas por Gattegno com o uso das barras de Cuisenaire. Breve relato da História da Educação Inclusiva no Brasil Até o século XVIII existia grande preconceito acerca das pessoas com qualquer tipo de deficiência. A educação do deficiente era voltada a garantir a estes meios de sobrevivência, por isso se restringia ao ensino de trabalhos manuais. (JANUZZI, 2004) Desde então, houve muitas mudanças e procuram-se, ainda hoje, formas de atuação que responda da melhor maneira ao desafio colocado pela proposta da educação inclusiva. Nas duas últimas décadas, um novo paradigma educacional vem sendo construído no Brasil buscando uma escola aberta e acolhedora das diferenças. Segundo Fernandes e Healy (2007, p.2) “este paradigma tem levado a busca de uma necessária transformação da escola e das alternativas pedagógicas com o objetivo de promover uma educação para todos nas escolas regulares”. No entanto, uma compreensão mais aprofundada desse paradigma, precisa se dar a partir de uma recuperação do processo histórico de sua construção no contexto brasileiro. No início do século XX, a deficiência ainda era vista como reflexo de causas orgânicas. Porém, não havia uma compreensão clara de como esses problemas orgânicos estavam associados aos déficits cognitivos e aos problemas de aprendizagem. Com isso, a presença de um problema orgânico, como a cegueira, e as dificuldades decorrentes da impossibilidade de aprendizagem utilizando os modelos formais de ensino é que caracterizavam a incapacidade de aprendizagem. (MARTIN e MARCHESI, 1995). Segundo Fernandes e Healy (2007) entre as décadas de 40 e 50 já se reconhece que esta pode advir de problemas decorrentes de estimulação inadequada ou de processos de aprendizagem incorretos. Mas, é somente a partir da década de 70 que as concepções de deficiência e da educação especial passam a ser analisadas de forma mais sistemática, com a participação de outros campos de pesquisa como medicina, psicologia e sociologia conjuntamente com a educação. Segundo Martins (2002), a preocupação com uma educação inclusiva já aparece em uma ementa à Constituição Federal, em 1978; esta viria assegurar à pessoa com deficiência melhores condições sociais e econômicas mediante a educação especial gratuita. Contudo, é somente na Constituição Federal de 1988 que se estabelece, em seu artigo 208, inciso III, a “obrigatoriedade do Estado em oferecer atendimento educacional especializado para aquelas pessoas com necessidades especiais”. Esse dispositivo constitucional é complementado posteriormente com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que consertava esta terminologia mudando-a para “educandos com necessidades educacionais especiais” (MARTINS, 2002). Segundo consta na LDB, artigo 58, a Educação Especial é definida como uma “modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” e prevê a existência de serviços de apoio especializados nas escolas regulares. Em 2001, foi também sancionada a lei 10172/2001, que estabelecia o Plano Nacional de Educação, onde a educação especial foi estabelecida como uma das modalidades de educação e descritos com mais detalhes a sua proposta e os sujeitos a quem elas se destinavam. A partir desse documento, foram desenvolvidos documentos que serviram como referência para a elaboração de políticas públicas por parte da extinta Secretaria de Educação Especial/MEC, além das publicações do Periódico Inclusão: Revista de Educação Especial, ligada a essa secretaria. Atualmente, as ações de políticas públicas de inserção na educação especial ficam a cargo da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) organizada a partir de uma articulação entre educação inclusiva e direitos humanos. De acordo com os dados do Censo Escolar aplicado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), em 2010, a evolução no número de matrículas na Educação Especial em escolas regulares ou especiais tem crescido ao longo dos anos. No meu modo de ver, esse fato mostra que esse processo tem caminhado na direção favorável à inclusão. Em 1998, foram 337.326 matrículas na Educação Especial e em 2010 vemos que estas passaram a ser 702.603, um crescimento de mais de 200%. No entanto, apesar do avanço nas concepções e ações voltadas para a educação inclusiva, podemos perceber que a inserção de alunos portadores de deficiência visual não apresenta políticas específicas. Com isso, apesar da intenção de sua inserção, esta esbarra na falta de desenvolvimento de ações técnicas específicas para o ensino dos alunos com essas características específicas. Uma exceção pode ser feita principalmente ao considerarmos o Portal do Professor, do MEC, onde há compartilhamento de experiências de professores. No entanto, essas experiências não substituem o estabelecimento de ações governamentais. Faz-se necessário então, para que essas ações possam ser organizadas de maneira mais sistemáticas, antes de tudo, a maior compreensão da deficiência visual, e dos fundamentos das práticas associadas a essas experiências. A deficiência visual A deficiência visual é uma diminuição da acuidade visual central ou uma perda subtotal do campo visual e ocorre devido a um processo patológico ocular ou cerebral (FAYE, 1972). A diminuição da resposta visual é uma situação irreversível, podendo ela ser congênita, hereditária ou acidental. O uso de óculos também não é suficiente para suprir essa necessidade e a diminuição dessa resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda ou ausência total da visão. Barraga (1976) em seus estudos sobre a deficiência visual e a aprendizagem nos mostra de maneira clara as definições de deficiências visuais segundo o grau das mesmas. Dessa forma temos: A pessoa cega é aquela que possui percepção de luz sem projeções ou que são totalmente desprovidas da visão. Para Barraga (1976, p. 13), “a criança cega (...) não pode usar sua visão para adquirir algum conhecimento, embora a percepção da luz possa ajudar na orientação de seus movimentos”. A pessoa com baixa visão é aquela que é limitada em visões de longa distância, mas consegue utilizá-la a poucos centímetros de si. Segundo Barraga (1976, p. 13), “crianças com baixa visão podem usá-la para muitas atividades escolares, como a leitura e a aprendizagem visual e devem complementar com objetos em alto relevo”. A pessoa com visão reduzida é aquela que possui algum tipo de limitações na visão, como necessidade de que o objeto esteja em movimento ou de incidência de luminosidade. Essas crianças podem ser consideradas de visão comum para fins educacionais. A partir dessa definição, é importante definir, ainda que de maneira sucinta, dentro do tópico específico que pretendemos desenvolver em nosso trabalho, o impacto que a deficiência visual vai possuir no letramento matemático. Segundo a OECD/PISA (2000, p.40): “Letramento matemático é a capacidade de um indivíduo para identificar e entender o papel que a matemática representa no mundo, fazer julgamentos matemáticos bem fundamentados e empregar a matemática de formas que satisfaçam as necessidades gerais do indivíduo e de sua vida futura como cidadão construtivo, preocupado e reflexivo”. Segundo Silva (2000), o processo de letramento, quando voltado para crianças com limitações visuais precisa de um trabalho sistemático por parte do professor, com o objetivo de desenvolver órgãos sensoriais antes de introduzir a leitura e a escrita. No presente trabalho, partimos da hipótese que da mesma forma, no letramento matemático, é também necessário o desenvolvimento de uma percepção sensorial outra, que não a visual, para a compreensão concreta dos fenômenos associados aos processos matemáticos aprendidos. Nesse sentido, o uso de materiais, principalmente os manipulativos, pode contribuir para esse desenvolvimento. Proponho então a estudar as barras de Cuisenaire, e as possibilidades de sua utilização na aprendizagem de conceitos básicos de matemática. Para isso, teremos por base os registros e estudos do matemático egípcio Caleb Gattegno a respeito das mesmas. Caleb Gattegno e as barras de Cuisenaire Caleb Gattegno (1911-1988) nasceu e cresceu no Egito suas pesquisas em matemática, educação matemática, linguística e psicologia foram marcadas pelas preocupações sociais presentes no continente africano. Em suas propostas educacionais, Gattegno procurava proporcionar que o estudante matematizasse situações associadas a problemas concretos e, através da dedução e da indução, associasse a eles os conceitos matemáticos usados. Em 1953, Gattegno conheceu o trabalho interessante de Georges Cuisenaire (1891-1980), um professor belga, que inventou réguas coloridas de madeira, para ensinar aritmética aos seus alunos. Impressionado com o potencial pedagógico e matemático Gattegno apresentou aos professores o trabalho de Cuisenaire, aplicou o uso de suas barras para ensinar vários níveis de matemática (POWELL, 2004). As “barras de Cuisinaire”, como são conhecidas, foram criadas por Georges Cuisenaire (1891-1980). São compostas de barras, em dez tamanhos diferentes, em forma de prismas quadrangulares, feitas de madeira e com cores padronizadas. Os comprimentos variam de 1 em 1 centímetro, indo de 1 a 10, sendo utilizadas para explorar sequência numérica; frações; coordenação motora; memória, comparação, percepção de forma, tamanho e cores, dentre outros temas de matemática que possam vir a ser adaptados (COELHO ET ALL, 2010) A metodologia da pesquisa Esta é uma pesquisa de cunho qualitativo, pois “preocupa-se em qualificar, em atribuir qualidades, tratando de questões subjetivas dessas mesmas coisas” (JAVARONI, SANTOS E BORBA, 2011, p. 198). Acompanharei o aluno em seu dia-adia escolar com especial atenção em suas aulas de matemática. Juntamente com a professora, aplicaremos algumas atividades propostas por Gattegno com barras de Cuisenaire por nós adaptadas ao aluno cego. A partir da obtenção dos dados descritivos através dessa pesquisa que se pretende colaborativa e observação participante onde, tenho a expectativa de criar vínculos com os professores do aluno cego, de modo que, em conjunto, possamos desenvolver o projeto de forma a alcançar os objetivos propostos. A pesquisa colaborativa, segundo Fiorentini (2004, p.68-69) é aquela que: “(...) implica parceria e trabalho conjunto-isto é, um processo efetivo de colaboração e não apenas de cooperação, ao longo de todo o processo investigativo, passando por todas as fases as quais vão desde a concepção, planejamento, desenvolvimento e análise do estudo, chegando, inclusive, a coparticipar do processo de escrita e de autoria do relatório final”. Segundo Cunha (2000), o fato de retratar e compor uma história que faça parte do cotidiano escolar torna fundamental a apresentação do caminho que se percorreu. Sendo assim, farei uso de anotações em um diário de campo, bem como de gravações de áudio/vídeo, de acordo com a autorização dos pais do aluno e dos professores, com a finalidade de analisar de forma mais cautelosa e minuciosa as intervenções que serão feitas com o aluno. É importante ressaltar a importância da “utilização de diferentes procedimentos de coleta de dados de uma pesquisa qualitativa (...) que é denominada de triangulação (...), com o objetivo de promover uma maior credibilidade à pesquisa” (JAVARONI, 2011, p. 198). Nesse estudo, serão utilizados como instrumentos de coleta de dados observações do aluno manipulando e conhecendo o material, no caso as barras de Cuisenaire, entrevistas e atividades das aulas propostas no registro documental. As observações realizadas serão documentadas no meu diário de campo. A triangulação dos dados obtidos nesses instrumentos de coleta será utilizada para auxílio no entendimento da problemática desse estudo, bem como o seu relacionamento com a prática pedagógica a ser desencadeada no ambiente de aprendizado. Atividades relacionadas às “Barras de Cuisenaire” Segundo Coelho, Costa, Tavares e Alves (2010) a utilização do material de Cuisenaire permite que se explore vários conceitos matemáticos, expostos a seguir, de forma lúdica e divertida, pois o aluno estará aprendendo enquanto brinca. Elas devem buscar a realização de construções livres para a familiarização com o material de Cuisenaire, e a partir daí, ações como: Cobrir superfícies desenhadas em um plano e com as bordas delimitadas para que o aluno possa senti-las; ordenar números; explorar as propriedades elementares das quatro operações; simetrias; padrões; comparações entre maior e menor; correspondências entre quantidades, noções de número, problemas sobre números naturais e seus valores numéricos; itinerários; dentre outras. Como estaremos trabalhando com um aluno cego, de educação infantil, pretende-se propor atividades de níveis mais básicos da matemática, como noção de número, de posição e começar com as operações de soma e subtração. Como o material se diferencia por cores, também se pretende realizar uma adaptação, buscando outra forma de diferenciação. A primeira, mais intuitiva, ocorrerá pela diferença de tamanho das réguas, que já estão presentes. Pretende-se, no entanto, adicionar diferentes texturas como substitutas das cores, para melhor diferenciar as réguas. Serão utilizadas as atividades propostas por Gattegno (2011) em relação ao uso das Barras de Cuisenaire para o ensino de Matemática para as séries iniciais: 1. Equivalência entre cores e tamanhos: Nesta primeira fase o aluno deverá achar todas as barras que apresentem cores e tamanhos semelhantes. No nosso caso as cores serão substituídas por texturas. 2. Trens:3 A atividade consiste na exploração do material para construção de trenzinhos. Tais construções serão direcionadas pelo professor e por mim. Para formar um trem o aluno deverá colocar as barras em fila, uma a uma, prestando atenção ao fato de que todos os trens formados devem ser feitos com mais de uma barra. Dessa forma, o menor trem sempre terá, no mínimo, duas barras. Pedir ao aluno para construir um trem com duas barras equivalentes; construir quantos trens quiser com as barras que possui; comparar se há barras de tamanhos diferentes que preenchem o mesmo tamanho ao longo do trem. Á partir desta construção exploraremos a noção, a princípio, dos números de 1 até 20 e, posteriormente, operações de soma. 3. Menor, maior: Comparar se, colocando barras de texturas diferentes, conseguimos trens maiores ou menores ao que construímos inicialmente. Nesta fase observaremos a possibilidade de comparação entre menor e maior, dentre outros assuntos Matemáticos que venham a ser demandados. 4. Escada: Colocar, em pé, uma barra de cada tamanho, da menor para a maior, para construir uma escada. Esta atividade nos permitirá trabalhar antecessor e sucessor e a relação de menor, o que vem antes, e maior, o que vem depois. Considerações finais Esta pesquisa tem como principal objetivo observar como um aluno de seis anos, cego, estudante do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior de Minas Gerais, interage com as barras de Cuisenaire para, então, montarmos atividades com o material citado com a finalidade de abordarmos alguns conceitos de matemática, de 3 Não sabemos se, pelas características específicas da criança, o trem é um exemplo adequado. Isto será averiguado nas observações feitas durante a pesquisa. acordo com a demanda observada através das atividades de sondagem e da demanda sugerida pela professora de matemática do mesmo. Outro aspecto interessante a ser destacado é o fato de não termos encontrado trabalhos que façam referência ao uso das barras de Cuisenaire no ensino de matemática para crianças cegas, o que faz com que nosso trabalho tenha um caráter exploratório. Pretendemos, assim, propor um método de ensino diferenciado para o ensino de matemática para crianças cegas que estejam ingressando no ambiente escolar a partir do uso do material de Cuisenaire para auxiliá-las no aprendizado e compreensão dos conceitos matemáticos. Referências bibliográficas BRASIL, Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001.Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm). Acesso em 20 de agosto de 2014. BRASIL – Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). COELHO, E.B.; COSTA, A.P.;TAVARES,L.C.;ALVES,C.C. “Dossier pedagógico barrinhas do ludo, o sonhador-imagina, constrói e sonha com o Cuisenaire: metodologia e finalidades de exploração. Disponível em www.ludomedia.pt/uploads/news_files/19.pdf. Acesso em 10 de setembro de 2014. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Necessidades Educativas Especiais – NEE: In ConferÊncia Mundial sobre NEE. Acesso em 10 de agosto de 2014. Qualidade – Unesco. 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