Capa - Revista Diretrizes

Transcrição

Capa - Revista Diretrizes
Revista da Diocese de Caratinga
Ano LIX - Nº 896 - Maio de 2016
Pastoral da Comunicação
Anunciando a Boa Nova
Estudo Bíblico
Maria, comunicação e misericórdia
Santo do mês - MARIA
No mês de maio, milhões de pessoas participam de romarias e peregrinações a santuários
marianos, fazem orações especiais a Maria e lhe oferecem presentes, tanto espirituais quanto materiais.
Dedicar o mês de maio – também chamado de “mês das flores” no hemisfério norte – a Maria é uma devoção arraigada há séculos. Com sua poesia “Ben vennas Mayo”, das Cantigas de Santa
Maria, Afonso X o Sábio nos revela que esta tradição já existia na Idade Média.
A Igreja sempre incentivou tal devoção, por exemplo concedendo indulgências plenárias
especiais e com referências em alguns documentos do Magistério, como a encíclica “Mense Maio“,
de Paulo VI, em 1965.
“O mês de maio nos estimula a pensar e a falar de modo particular dEla – constatou João
Paulo II em uma audiência geral, ao começar o mês de maio em 1979. De fato, este é o seu mês.
Assim, o período do ano litúrgico [Ressurreição] e ao mesmo tempo o mês corrente chamam e convidam os nossos corações a abrirem-se de maneira singular para Maria.”
EXPEDIENTE
DIRETOR
Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano de Caratinga
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JORNALISTA RESPONSÁVEL
Mons. Raul Motta de Oliveira
Registro de Jornalista: Nº 1788 - MTPS-DR
36090/71
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REDATOR
Pe. José Geraldo de Gouveia
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COLABORADORES
Prof. Sebastião Faria de Morais (Arte na
Igreja), Pe. Ademilson Tadeu Quirino (Pastoral
do Dízimo), Alba S. Soares (Editorial),Ir. Helena
Corazza (Capa), Dom Paulo Mendes Peixoto
(Dom Paulo), Pe. José Geraldo Gouveia
(Estudo Biblíco), Gicélia Azevedo de Oliveira
(Reflexão)
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CONSELHO EDITORIAL
Pe. Dione J. Vieira Leandro,Higor Luiz A.
Nepomuceno, José Geraldo da Silva, Malvino
R. Pires Neto, Heitor Soares Sanglard, Fernando Ribeiro da Silva, Márcio Antônio da
Silva, Luiz Antônio Pedrosa, Gicélia Azevedo
de Oliveira.
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REVISORA E ORGANIZADORA DE TEXTOS
Alba da Silva Soares
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DIAGRAMADOR
Itamar Batista de Gouveia
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IMPRESSÃO
Gráfica Editora Dom Carloto Ltda.
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ASSINATURAS, CORRESPONDÊNCIA E
EXPEDIÇÃO:
Livraria Dom Carloto
Praça Cesário Alvim 156, CEP 35300-036
Caratinga MG
Tel: (33) 3321-2521 / (33) 3321-9558
E-mail: [email protected]
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editorial
Comunicação um ato de Amor
“O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que
escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!”
(Mt 10,27).
São palavras de ordem pronunciadas por Jesus
aos seus discípulos há mais de dois mil anos e que, até
os dias atuais, nos dão força para comunicarmos a Boa
Nova. A palavra Comunicação é derivada do termo latino
“communicare”, que significa “partilhar, tornar comum”.
Através da comunicação, os seres humanos partilham
diferentes informações entre si, tornando a comunicação
um ato essencial para a vida em sociedade, um ato de
amor.
E a Igreja acompanhou a evolução dos meios de
comunicação, um tanto quanto apreensiva a princípio,
mas com o amadurecimento das ideias dos Santos Padres, a abertura necessária aconteceu e vem acontecendo. E não era para ser por menos, pois foi a Igreja que se
utilizou de forma brilhante do primeiro veículo de comunicação de massa inventado até hoje, talvez o mais forte
de todos, o sino. Ele atingia a todos cada vez que batia e
espalhava suas mensagens. E o que dizer das torres das
igrejas? As Igrejas eram construídas com telhados altos e
em forma de ponta para que fossem avistadas ao longe
a torre. Além disso, Cristo nos deixou a mais importante
logomarca que já existiu, a cruz. A cruz que nunca foi esquecida de ser colocada no alto da torre e que permitia
que, além de se identificar que ali era uma igreja, também
se identificava que ela pertencia àquela marca, àquela religião.
No ano de 1966 pelo decreto Inter Mirifica (Entre
as Maravilhas), o papa Paulo VI instituiu o Dia Mundial
das Comunicações Sociais, que é celebrado no domingo
da Ascensão do Senhor: “Para que se revigore o apostolado da Igreja em relação com os meios de comunicação
social, deve celebrar-se em cada ano em todas as dioceses
do mundo, a juízo do Bispo, um dia em que os fiéis sejam
doutrinados a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidados a orar por esta causa” (Inter Mirifica,18).
E em 2016 a Igreja celebra este dia em 8 de maio, dia das
mães, as primeiras comunicadoras que, assim como Maria, comunicam o amor através de seus ventres.
Sabemos que os desafios para a comunicação
acontecer em nossa Igreja são muitos. Hoje, não bastam
as pregações nas Igrejas, é preciso usar todos os meios.
Em poucos anos o mundo se transformou e nós, para
caminharmos com o mundo, precisamos atualizar-nos. É
necessário usar o cinema, o teatro, o rádio, a imprensa, a
televisão, a internet e todos os outros meios que o progresso humano inventar, para podermos comunicar a Boa
Nova do Evangelho. E é exatamente sobre a Comunicação
para o anúncio da Boa Nova, que nossa revista vai tratar
neste mês. Uma boa leitura a todos!
Diretrizes 896 | Maio de 2016
1
SUMÁRIO
10 CAPA
Pastoral da Comunicação
A sociedade contemporânea está marcada pela comunicação que faz parte do
cotidiano. Há uma sensibilização crescente sobre a qualidade da comunicação
que vai apurando o senso estético, e leva
ao aprimoramento de todas as formas e
expressões também nas pastorais....
03
| Eventos
16
| Dízimo
04
| Mural do Leitor
21|
Reflexão
06
| Palavra do Pastor
22
| Estudo Bíblico
08
| Palavra do Papa
23
| Dom Paulo
| Comentários Homiléticos
12 |
Diocese
26
15 |
Igreja Aqui Ali
36 |
Calendários
5º Encontro
Diocesano do Terço
dos Homens
Dia 12 de junho em
Manhuaçu
MURAL DO
LEITOR
Obrigada a todos os leitores pelo carinho de sempre. A revista Diretrizes é feita assim, com o
contato e a opinião de todos vocês. Convido vocês, queridos leitores, a fazer uma visita ao
nosso site na aba downloads onde estamos disponibilizando pouco a pouco todas as edições
da revista Diretrizes, desde sua primeira edição até os dias atuais em PDF.
Mais um presente de nossa equipe para vocês! Acesse:
http://www.revistadiretrizes.com.br
Conheço a Revista e o Roteiro para os Grupos de Reflexão há muito tempo desde os anos 80, pois, meus pais
moram em Lajinha MG, porém, já há muitos anos que estou fora de
Lajinha, morando em São Paulo. Participo de uma Comunidade Eclesial de Base aqui
em São Paulo e logo falei deste material para eles e os apresentei. Eles gostaram. Foi o
motivo para fazer a minha assinatura. Parabéns a toda equipe!
Carlos José Pereira da Silva
Freguesia do Ó - São Paulo – Capital
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Modernidade sem tirar o saudosismo. Responsabilidade nas notícias, equipe confiável.
Investimento no estilo. Oportunidade e espaço para as pastorais. Preocupação em manter sempre o foco. Diretrizes é a revista de todos nós da Diocese de Caratinga! Parabéns
equipe!
Ângela Mota.
CEBs da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Caratinga, comunidade Santo
Antônio.
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Diretrizes é a voz forte da diocese onde podemos ver o lindo trabalho que a Igreja faz de
abrir portas para uma nova sociedade. Parabéns a equipe, Deus os abençoe.
Alessandra Fernandes – Comunidade São Geraldo Magela
Paróquia Sâo Domingos de Gusmão- Ubaporanga
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A revista Diretrizes sempre foi um marco na evangelização e continua evoluindo dentro
do contexto atual.
Agnaldo José de Castro
Comunidade São Geraldo Magela – Ubaporanga.
Suplemento
Quatro reuniões e um plenário sobre:
O que está acontecendo com a nossa
casa
Preparado pela equipe de Ipanema (Ana Adriana)
Caderno 410, maio de 2016
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5
PALAVRA DO PASTOR
Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo Diocesano de Caratinga
SÍNTESE DA MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE PAPA FRANCISCO
PARA O 50º DIA MUNDIAL
DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
Primeiro, pensei em escrever um artigo sobre comunicação, mas lendo a mensagem
do Papa Francisco, achei por
bem sintetizá-la, mas com suas
próprias palavras, de tal modo
que este artigo possa ser lido
nas Igrejas como síntese da mensagem do Santo Padre.
“Comunicação e Misericórdia: um
encontro fecundo”
[8 de Maio de 2016]
Queridos irmãos e irmãs!
O Ano Santo da Misericórdia convida-nos a refletir
sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia. A Igreja
é chamada a viver a misericórdia como traço característico de
todo o seu ser e agir; e vivenciando esta misericórdia, ternura e caridade dentro de nós,
a nossa comunicação será portadora da força de Deus. Como
filhos de Deus, somos chamados
a comunicar-nos com todos, sem
exclusão. A comunicação tem o
poder de criar pontes, favorecer
o encontro e a inclusão, As palavras podem construir pontes
entre as pessoas, as famílias, os
grupos sociais, os povos. E isto
acon-tece tanto no ambiente
físico como no digital. Assim,
palavras e ações hão de ser tais
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que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações
e vinganças e buscar um crescimento na comunhão.
Por isso, queria convidar
todas as pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder
que a misericórdia tem de curar
as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as
famílias e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas
feridas e prolongados ressentimentos podem aprisionar as
pessoas, impedindo-as de comunicar-se e reconciliar-se. E isto
aplica-se também às relações
entre os povos. Em todos estes
casos, a misericórdia é capaz de
implementar um novo modo de
falar e dialogar, É desejável que
também a linguagem da política
e da diplomacia se deixe inspirar
pela misericórdia, que nunca dá
nada por perdido. Faço apelo,
sobretudo, àqueles que têm responsabilidades
institucionais,
políticas e de formação da opinião pública, para que estejam
sempre vigilantes sobre o modo
como se exprimem a respeito
de quem pensa ou age de forma
diferente e ainda de quem possa
ter errado. Como gostaria que o
nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores
na Igreja nunca expressassem o
orgulho soberbo do triunfo so-
bre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade
do mundo considera perdedores
e descartáveis! A misericórdia
pode ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a
quantos têm conhecido apenas a
frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz
de superar a lógica que separa
nitidamente os pecadores dos
justos. Podemos e devemos julgar situações de pecado, mas
não podemos julgar as pessoas,
porque só Deus pode ler profundamente no coração delas.
Só palavras pronunciadas com
amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os
nossos corações de pecadores.
A sociedade humana não
pode ser como um espaço, onde
estranhos competem e procuram
prevalecer, mas antes como uma
casa ou uma família, onde a
porta está sempre aberta e se
procuram aceitar uns aos outros.
Para isso é fundamental escutar.
Comunicar significa partilhar, e a
partilha exige a escuta, o acolhimento. Escutar é muito mais do
que ouvir. Ouvir diz respeito ao
âmbito da informação; escutar,
ao invés, refere-se ao âmbito da
comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da
tranquila condição de especta-
dores, usuários, consumidores.
Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e
dúvidas, caminhar lado a lado,
libertar-se de qualquer presunção de onipotência e colocar,
humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do
bem comum. . Escutar significa
prestar atenção, ter desejo de
compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia.
Também e-mails, sms, redes sociais, chats podem ser formas de
comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que
determina se a comunicação é
autêntica ou não, mas o coração
do homem e a sua capacidade
de fazer bom uso dos meios ao
seu dispor. As redes sociais são
capazes de favorecer as relações
e promover o bem da sociedade,
mas podem também levar a uma
maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O
ambiente digital é uma praça,
um lugar de encontro, onde é
possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa
ou um linchamento moral.
Rezo para que o Ano
Jubilar, vivido na misericórdia, “nos torne mais abertos ao
diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos;
elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse
todas as formas de violência
e discriminação”(Misericordiae
Vultus, 23)
. Gosto de definir este poder
da comunicação como “proximidade”. O encontro entre a
comunicação e a misericórdia é
fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida,
conforta, cura, acompanha e faz
festa. Vaticano, 24 de Janeiro de
2016.
Agenda do Pastor
Maio
01
Presença em Simonésia para o batizado de 30
crismandos adultos
02-05
Semana livre
06
Presença em Divino para a festa do Padroeiro,
comemorando 135 anos de paróquia
07
Crismas em Vila Nova
08
Às 20h: na Catedral - Missa do Dia Mundial
das comunicações. Todos os Meios de Comunicações estão convidados
11
Reunião da Pastoral Presbiteral, no Seminário
12 -13
Atendimentos
14
Crismas em Vermelho Novo (Às 9h em Sto Ant.
do Tabuleiro e, às 17h, na matriz)
18
Reunião do Clero, no Bom Pastor, em Manhuaçu
21
Missa no Asilo São Luís, próximo a Caeté – 25
anos de vida religiosa da Ir. Joaquina
26
Corpus Christi – Procissão e missa
31
Missa da Padroeira (N. Senhora Mãe dos Homens), em Martins Soares
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7
PARA QUE DEUS ME CHAMA?
Pe. Demerval A. Botelho, SDN
Vocação universal à santidade
A
s vocações específicas: matrimonial, sacerdotal, religiosa e de
solteiro/a são caminhos seguros e sem
errada para o Céu. Todas elas são
iguais diante de Deus. Nenhuma é
melhor e mais santa do que a outra. É a pessoa que faz sua vocação
ser a melhor, a mais bonita e a mais
santa do que a outra, seguindo-a
com determinação e fidelidade, e
vivendo-a com amor e alegria.
Deus não tem prediletos
nem prediletas, chamando-os
para uma vocação de 1ª classe, e
os demais, para uma vocação de
2ª ou 3ª classe. Isto não existe na
Igreja de Jesus, como não existem
cristão e super cristão. Perante o
Evangelho, somos todos iguais.
Para Deus, não existe vocação de privilegiados. Apenas
Deus, precisando de gente para
os diversos tipos de serviço ao
seu povo, chama cada um e cada
uma para esta ou aquela missãoserviço.
Podemos confirmar esta
afirmação com as belas palavras de
Stº Agostinho: “ . . . para vós eu sou
Bispo; mas convosco eu sou cristão.” Semelhantemente, o Padre
poderá dizer para os seus paroquianos: “Para vocês eu sou pároco,
mas com vocês eu sou cristão.” A
mesma coisa os pais poderão dizer
em casa: “Meus filhos, para vocês
nós somos pais; mas com vocês
nós somos cristãos.”
Quer ser feliz e realizado
na vida, sentindo e aumentando
sempre a alegria de viver? Procure
descobrir o seu caminho, e siga-o
com passo firme e decidido. Confie em Deus, vá em frente, de frente
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e pra frente que tudo vai dar certo.
Contudo, quem faz uma
opção vocacional, de maneira irresponsável, equivocada, precipitada ou influenciado, às vezes forçado por certas conveniências, até
escusas, andará, a vida toda, descontente, aborrecido e insatisfeito.
É bem verdade que, para
se ser feliz, não é preciso muita
coisa, não. Basta acertar com a sua
verdadeira vocação. É o segredo e
a chave da felicidade, pois é inegável: “Vocação acertada, futuro
feliz.”
Quem está sempre contente e satisfeito, transformando
a vida numa canção de alegria, é
gente que acertou de cheio com
a sua vocação. A alegria, que lhe
enche o coração, extravasa nas palavras, nas atitudes, no olhar, no
semblante.
Ao contrário, quem está
sempre com cara de velório, lamuriando a vida, reclamando de
tudo e de todo mundo, é gente
que fracassou na vocação. Gente
que pegou bonde errado. Vai viver
curtindo amargura a vida toda.
Deus não chama os seus
filhos e filhas, que ama com ternura de Pai a irem para o Céu,
seguindo o mesmo caminho. Vejamos o que protagoniza o Concílio: “Se pois na Igreja nem todos
seguem o mesmo caminho, todos,
no entanto, são chamados à santidade” (LG, nº 32/80). Deus chama a todos, indistintamente, para
serem santos. É o que nos diz a
Bíblia: “Sede santos, porque eu, o
Senhor, vosso Deus sou santo.”(Lev
19,2b). E Jesus reforça: “Portanto,
sede perfeitos, assim como vosso
Pai celeste é perfeito.” (Mt 5,48)
É por isso que o Concílio
nos fala extensamente da “Vocação universal à santidade”(LG,
Cap. V). Anteriormente, já tinha
ensinado que “. . . todos os cristãos
de qualquer condição ou estado
são chamados pelo Senhor, cada
um por seu caminho, à perfeição
da santidade . ..” (LG, nº 11/31).
Outra coisa importante
a considerar é que vocação é por
toda a vida, porque é baseada no
amor, e o amor é, por essência,
eterno. Nunca diminui e jamais
acaba. Pelo contrário, só aumenta.
O noivo não diz para a noiva que
vai amá-la por uns dois ou três
anos e, depois, verá como vai ficar. Também a noiva procede do
mesmo forma com o noivo. As declarações de amor têm uma nesga de eternidade: Eu te amo até à
morte! E vai por aí afora.
Quem ama de verdade
não pensa em casar-se, hoje, para
descasar-se, amanhã. Também o
jovem, que está convicto de que
Deus o chama para o Sacerdócio
e ama realmente a sua vocação,
não pensa em ordenar-se Padre,
hoje, para “despadrar-se” amanhã.
O mesmo acontece com o Religioso e a Religiosa. Não faz parte de
seu projeto de vida fazer os votos,
hoje, já pensando em descumprilos amanhã.
Tudo isto é feito ungido de
amor que dura a vida inteira, pois
vocação é por toda a vida e não
admite aposentadoria. Um casal,
não se aposenta. E também um
padre, como padre, e um religioso
e uma religiosa não se aposentam.
Amor não tem disso, não.
CAPA
Irmã Helena Corazza
PASTORAL DA
A
sociedade contemporânea está marcada pela comunicação
que faz parte do
cotidiano. Há uma
sensibilização crescente sobre a
qualidade da comunicação que
vai apurando o senso estético, e
leva ao aprimoramento de todas
as formas e expressões também
nas pastorais.
Ao falarmos de comunicação queremos entendê-la
como um processo de relacionamento que se estabelece entre as
pessoas servindo-se ou não de
tecnologias. A comunicação se
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realiza de forma presencial, de
pessoas a pessoa ou a distância
com a mediação das tecnologias,
também no campo da pastoral e
da evangelização.
A Pastoral da Comunicação (Pascom) nasce do conjunto de duas realidades que
interagem reciprocamente: comunicação e pastoral. Comunicação entendida como processo
de relações entre as pessoas podendo ser mediada pelas tecnologias e pastoral, que se refere
ao cuidado de pessoas e ações,
neste caso, neste campo. Segundo o Diretório da Comunicação
da Igreja no Brasil, a Pascom é
“um processo dinâmico, dialógico, interativo e multidirecional”
(CNBB, 2014, p. 14), o que requer pessoas que compreendam
e apliquem esta visão aberta
para as diferentes realidades da
comunicação contemporânea.
É a partir do Concílio
Ecumênico Vaticano II que a Igreja assume para si, oficialmente, o
direito e o dever de atuar na área
da comunicação, considerando
apostolado, missão. Nos documentos do magistério eclesial,
encontram-se referências à comunicação como pastoral orga-
COMUNICAÇÃO
nizada, pedindo que as pessoas
sejam preparadas para exercê-la
na missão de articular e animar a
reflexão e suas ações nesta área.
Um dos aspectos importantes a
salientar é que, além de se servir
dos meios de comunicação para
o bem comum e o exercício da
solidariedade, ela é mais do que
um simples exercício da técnica,
o que abre o conceito e não o reduz às tecnologias e às leis do
mercado.
A comunicação nas pastorais
Se por um lado, a comunicação é uma pastoral organi-
zada com sua missão específica
no interno da comunidade e no
diálogo com a sociedade, por
outro, é o eixo que permeia todas as pastorais. Ao falarmos
de eixo ou “fio condutor” lembramos que em todas as pastorais é preciso se ter presente
a necessidade de realizar uma
boa comunicação que envolve
o acolhimento, o ambiente, o
relacionamento fraterno, as pessoas, explicitações bem feitas
e criatividade. No documento
Aetatis Novae (1992), sobre a
organização desta pastoral nas
Dioceses, a Igreja fala explicita-
mente que não basta se ter um
plano de pastoral, mas é preciso
que a comunicação permeie todas as pastorais.
Este aspecto é muito importante e está sendo retomado
no documento 100 da CNBB Comunidade de comunidades. Uma
nova paróquia. Sabemos que a
renovação da paróquia também
passa pela qualidade da comunicação entre as pessoas e nas
pastorais.
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11
DIOCESE
2º Encontro Diocesano dos Grupos de Reflexão
Atendendo às prioridades previstas no último Plano
Pastoral da diocese de Caratinga,
onde 2016 seria o ano de atenções voltadas para os Grupos de
Reflexão a diocese promoveu no
dia 13 de março de 2016, o 2º Encontro Diocesano dos Grupos de
Reflexão. Mais de 3300 pessoas
vindas de todas as paróquias da
diocese participaram do encontro.
A paróquia do Santuário
recepcionou as caravanas, que
começaram a chegar às 7:30 da
manhã e foram recebidas com
um delicioso café da manhã. Às
8:30 Dom Emanuel presidiu a
missa de abertura que foi concelebrada pelos padres Moacir,
Marcelino, Geziel, Jamir, Anderson, Matias Toninho e com a presença do Diácono Rocha.
Em sua homilia Dom
Emanuel destacou: “Podemos
nos sentir hoje como os discípulos de Emaús: andavam com a
palavra de Deus não apenas nas
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mãos, mas ao lado deles, Jesus
Cristo, mostrando-lhes as escrituras, clareando para eles a vida
para chegarem depois a receberem o próprio Jesus em seus
corações. Nós como Grupos de
Reflexão somos como aqueles
dois que caminham para Emaús
e vão percebendo que alguém
caminha junto com eles e vão
descobrindo devagarzinho que é
Jesus e na hora da Eucaristia Jesus se revela plenamente na vida
deles”.
Depois da missa os participantes saíram em caminhada,
com suas Bíblias nas mãos, pelas
ruas da cidade até o auditório da
UNEC onde aconteceu o encontro. Fez-se uma parada sobre a
ponte do rio Caratinga e, devido
ao seu estado de poluição, fez-se
memória dos apelos da Campanha da Fraternidade Ecumênica
2016 que trata do saneamento
básico.
Pe. Geziel e Pe. Moacir, organizadores do encontro, deram as
boas vindas aos participantes.
Vários padres que estavam presentes deram seus depoimentos
dizendo que as origens de suas
vocações vêm dos Grupos de
Reflexão. Monsenhor Raul, que
há 40 anos participa da organização dos roteiros de reflexão
na diocese, recordou que as
raízes destes grupos encontramse ainda na prática pastoral de
Dom José Eugênio Correia que,
em 1958, antes ainda do Concílio
Vaticano II, instituiu as “conferências populares”. Estas conferências eram pequenos grupos
que se reuniam nas casas para o
estudo de textos sobre a religião
e para a oração do terço, posteriormente passou-se à reflexão
da Palavra de Deus convertendose nos grupos.
Pe. Nelito Dornelas, da
Diocese de Governador Valadares, conduziu a reflexão até
o almoço. Ele destacou alguns
pontos da Evangelii Gaudium (A
alegria do Evangelho, Exortação
Apostólica do Papa Francisco)
que reforçam a importância e a
prática dos Grupos de Reflexão.
A parte da tarde foi conduzida pelo Ir. Denilson Mariano,
SDN. Retomando brevemente
a história da Diocese, destacou
que ela é um grande “canteiro
dos Grupos de Reflexão” na Igreja do Brasil e que seu rosto é
o rosto destes grupos.
Ao final, Dom Emanuel
abençoou a todos incentivando
a prática dos Grupos de Reflexão
para que possam oxigenar toda
a Diocese e a vida da Igreja. Com
muita alegria os participantes
voltaram para suas casas com a
missão de serem mais missionários do já eram e com a certeza
de que a Diocese de Caratinga
é um Canteiro dos Grupos de Reflexão.
Comemorações do Movimento do Terço dos Homens
No dia 20 de março , a
Comunidade de São Vicente de
Paulo do Córrego do Barracão,
em Ubaporanga, comemorou
um ano de implantação do Movimento do Terço dos Homens.
Várias comunidades fizeram-se
presentes com suas caravanas.
Em procissão e com
muita fé e devoção, os homens
do Terço seguiram pela ruas do
Córrego, acompanhados de Pe.
Gleidson Forte que deu a Benção
dos Ramos e celebrou a Santa
Missa. Ao término da celebração
foi servido, uma deliciosa feijoada, feita com todo carinho
pelas esposas dos integrantes
do Terço, regada à bela voz de
Pe. Gleidson juntamente com o
Ministério de Música da Capela
São Vicente de Paulo, que arrasaram no Sertanejo Raiz e no
Samba. Parabéns, Terço dos Homens do Córrego do Barracão!
E no mês de maio vários
grupos do Terço dos Homens estão fazendo aniversário na diocese, são eles:
TH N. Sra. do Rosário – Paróquia
de Santa Margarida;
TH São José – Paróquia Imaculada Conceição– Pedra Dourada/
Tombos – Coord. Jose Natividade;
TH
São
Geraldo
Magela–
Paróquia S. Geraldo Magela Taruaçu de Minas – Coord. Odei-
no Coelho;
TH Filhos de Maria – Paróquia
São Sebastião- S. João Figueira/
Durandé - Coord. Valdeci Vieira;
TH N. Sra. do Amparo – Paróquia
N. Sra. do Amparo – Chalé – Coord. Reginaldo Alves.
Dando um destaque especial para o Terço dos Homens
Nossa Senhora do Rosário pelas
movimentações para as comemorações dos 150 anos de criação da Paróquia de Santa Margarida com participação efetiva
em todas as festividades e cujo
tema é “CATEQUESE A SERVIÇO
DA MISERICÓRDIA” e o lema “
SEDE MISERICORDIOSOS COMO
O PAI”.
Missa da Unidade
No dia 24 de março, na
Catedral de São João Batista,
Dom Emanuel presidiu a Missa
da Unidade. A celebração reuniu
mais 80 padres do clero diocesano e religioso, para comemorar
a instituição do sacerdócio. Durante a missa, aconteceu a bênção dos santos óleos, utilizados
no batismo, crisma e unção dos
enfermos em toda a diocese.
Dom Emanuel disse em
sua homilia: “O Espírito do Se-
nhor está sobre mim porque ele
me ungiu, disse Jesus no texto
que proclamamos. Hoje abençoamos os óleos da unção. Somos um povo ungido. Um povo
sacerdotal. Régio. É bom que
a gente sinta essa realidade na
nossa vida. Ungidos, nos tornamos outro Cristo. Somos ungidos para uma finalidade específica. Essa unção que Jesus recebe
tem uma finalidade, abençoar os
pobres e falar de Deus a eles,
consolar os oprimidos, libertar
os cativos. Essa missão também
é dada a cada um de nós”, disse
o bispo se dirigindo aos padres.
Após a homilia, os padres fizeram a renovação das
promessas sacerdotais. Nesta
celebração, o Sr. Bispo abençoou
os santos Oléos: dos Enfermos,
dos Catecúmenos e do Crisma.
Estes óleos são levados para as
paróquias e usados nos sacramentos.
IGREJA AQUI ALI
O IRPAC perde uma de suas grandes colaboradoras
Faleceu no dia 26 de
março em Belo Horizonte
Aída Gonçalves da Paz. Catequista, foi aluna do IRPAC nas
suas primeiras turmas. Depois fez parte da equipe e durante muitos anos colaborou
com o curso. Alegre, sapeca,
bem humorada, incansável,
uma catequista. A equipe do IRPAC em
nota em seu blog diz: “Agradecemos a Deus pelo dom da
sua vida em nosso meio, pela
amizade e por seu exemplo
de paixão pela catequese, sua
aposta na formação de catequistas. Que ela interceda
por nós”.
Ela era moradora do
bairro Santa Efigênia em BH
e tinha 86, por muitas décadas, dedicou-se à catequese.
Durante 30 anos, trabalhou
pela catequese no Instituto
Regional de Pastoral Catequética do Regional Leste 2
(IRPAC), de cujo o curso vários leigos de nossa diocese
já participaram, e da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB).
Aída Gonçalves da Paz
era muito conhecida entre os
catequistas, contribuiu para a
formação de muitas pessoas,
levando uma mensagem
consistente, educando-as na
fé. Sua presença contribuiu
para a formação de muitos
cristãos comprometidos em
testemunhar o Evangelho.
Fonte: WWW.arquidiocesebh.org.br
DÍZIMO
Pe. Ademilson Tadeu Quirino
DÍZIMO E PENTECOSTES O QUE TÊM A VER?
“E ninguém se apresente de mãos
vazias diante do Senhor” (Dt 16,16).
O nome Pentecostes vem
da língua Grega e significa cinquenta dias depois, a saber, da festa da
Páscoa. Originalmente, esta festa
possuía três nomes hebraicos: festa
das Semanas, festa das Colheitas ou
Dia das Primícias. Estes três nomes
revelam um pouco do conteúdo da
festa: era agrícola e situada no período das colheitas. A troca de nome
para Pentecostes deu-se a partir do
período grego (333-63 anos antes
de Cristo), quando a Grécia dominou culturalmente o mundo. O mais
primitivo motivo desta festa foi
gratidão a Deus pelo dom da terra.
Posteriormente, o povo bíblico incorporou o motivo de gratidão pela
doação da Torá (450 anos antes de
Cristo). A Torá é a instrução divina
por excelência, contida no Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia).
Provavelmente, a festa de Pentecostes, descrita em Atos dos Apóstolos 2, celebrava a doação da Torá.
Os salmos 19 e 119 mostram que a
manifestação do Espírito Santo está
diretamente relacionada ao estudo
da Torá.
A Festa da Colheita celebra
a ação de Deus que cria e sustenta a
vida do mundo criado. Ao celebrar a
festa, toda a comunidade aprendia a
ser responsável para com a vontade
de Deus e com o próximo - não somente com os irmãos de sangue e
fé. O ritual da festa ensinava, pedagogicamente, que Deus é o Criador
e Sustentador das leis que regem o
mundo. Ele fez uma distribuição comunitária da terra e manda a chuva
para hebreus e gentios, bons e maus,
homens e mulheres, jovens e crianças. O ritual da festa entendia que o
grande problema da humanidade é
a falta de amor uns para com os outros.
O autor de Deuteronômio
16 faz referência ao caráter alegre da
16 Diretrizes 896
| Maio de 2016
festa e a obrigação da participação
de todos que moram na cidade indistintamente (filhos, servos, levitas, estrangeiros, órfãos, viúvas...). A
obrigação de apresentar-se diante
do Senhor e a proibição de apresentar-se com mãos vazias são mantidos (Dt 16,16-17), bem como o clima
de alegria familiar e social da festa e
sua centralidade em Jerusalém. A finalidade é que todos, homens, mulheres, crianças e estrangeiros aprendam e ponham em prática a Lei do
Senhor.
Ao agradecer a Deus pelo
dom da terra - para morar, plantar e
alimentar-se dos frutos produzidos
nela - o povo descobria os mistérios
da graça divina. Ser grato pela “terra
que mana leite e mel”, pela cevada,
trigo e outros grãos que sustentam
vida representam uma alegria de
enormes proporções. Além da terra,
os celebrantes eram ensinados a
agradecer a Deus pela instrução que
disciplina e ordena a vida comunitária.
Olhando a nossa realidade
hoje, somos também impulsionados
a apresentar diante do Senhor com
as mãos cheia de gratidão e com a
mesma alegria do povo da bíblia, por
meio, do nosso dízimos e ofertas. O
que temos é dom de Deus. Agradecer e colaborar com a comunidade
na partilha do suor do nosso trabalho é realmente a maior satisfação
de um coração generoso.
Características desta celebração da
colheita:
1.
A Festa das Colheitas era
alegre e solene (Dt 16.11);
2.
A celebração era dedicada
exclusivamente aoSenhor Deus (Dt
16.10);
3.
Era uma festa ecumênica,
aberta para todos os produtores e
seus familiares, os pobres, os levitas
e os estrangeiros (Dt 16.11). Enfim,
todo o povo apresentava-se diante
de Deus. Reconheciam-se e afirma-
vam-se o compromisso de fraternidade e a responsabilidade de promover os laços comunitários, além
do povo hebreu;
4. Agradecia a Deus pelo dom da
terra e pelos estatutos divinos (Dt
15.12);
5. Era uma “Santa Convocação”. Ninguém trabalhava (Lv 23.21);
6. Era celebrado o ciclo da vida,
reconhecendo que a Palavra de
Deus estava na origem da vida “ da
semente “ da árvore “ do fruto “ do
alimento “ da vida...
Para refletir:
1-Leia Deuteronômio 16, 9-17;
2-O que a Festa de Pentecostes e
da colheita (a partir do texto bíblico
de Deuteronômio) nos ensina com a
experiência do dízimo em nossa comunidade?
3-Qual é o significado desta frase
para você: “E ninguém se apresente
de mãos vazias diante do Senhor;
cada um traga seu dom conforme
a bênção que o Senhor teu Deus te
houver proporcionado”.
Fonte da Pesquisa:
1- Bíblia Jerusalém;
2- ARAUJO, Gilvan Leite. História da
Festa judaica das Tendas. Paulinas,
2012;
3- portal.metodista.br – A festa de
Pentecostes no Antigo Testamento.
18 Diretrizes 896
| Maio de 2016
Sugestão para trabalhar o tema Comunicação com pré- adolescentes e adolescentes
( Ideal para a idade de 9 aos 14 anos)
[ Objetivos ]
Exercitar a comunicação entre o
grupo e entre as demais pastorais.
[ Recursos ]
Pedaços de papel com mensagens e fita adesiva.
Sugestão de mensagens:
- Sugira um filme para eu ver.
- Cante uma música para mim.
- Gosto quando me aplaudem.
- Sou muito carente. Me dê um
apoio.
- Tenho piolhos. Me ajude!
- Estou com fome.
- Dance comigo.
- Estou com falta de ar. Me leve
à janela.
- Me descreva um jacaré.
- Me ensine a pular.
- Dobre a minha manga.
- Quanto eu peso?
- Estou dormindo, me acorde!
- Me cumprimente..
- Quantos anos você me dá?
- Me elogie.
- Sou sósia de quem?
- Veja se estou com febre.
- Chore no meu ombro.
- Estou de aniversário, quero
meu presente.
- Sorria para mim.
- Me faça uma careta?
[ Envolvendo ]
Os adolescentes devem
formar um círculo, lado a lado,
voltados para o lado de dentro
do mesmo. O catequista deve
grudar nas costas de cada integrante um cartão com uma frase
diferente. Em seguida os adolescentes devem circular pela
sala, ler os bilhetes dos colegas
e atendê-los, com mímicas, por
exemplo, sem dizer o que está
escrito no bilhete. Todos devem
atender ao maior número possível de bilhetes. Após algum
tempo, todos devem voltar à
posição original. Cada adolescente deve tentar adivinhar o
que está escrito em suas costas e
as razões por que chegou a esta
conclusão. Caso não tenha descoberto, os outros a-dolescentes
devem auxiliá-lo com dicas. O
catequista então deve questionar aos adolescentes: O que
faci-litou ou dificultou a descoberta das mensagens? Como
esta dinâmica se reproduz no cotidiano? Reforçando assim a importância da comunicação entre
os membros de um grupo e do
grupo com as outras pastorais.
[ Clareando ]
Ler junto com os adolescentes o texto de At 2,1-13.
Pergunte aos adolescentes:
1-O que aconteceu no local onde
os Apóstolos estavam reunidos?
2-Como ficaram os Apóstolos
após as línguas de fogo pousarem sobre eles?
3-Como ficou o povo ao ver que
os Apóstolos falavam em várias
línguas?
4-E hoje, o anúncio da Palavra
acontece de uma forma clara
para que todos possam entender
?
[ Agindo ]
Converse com os adolescentes falando que a Igreja nasce
justamente no momento em que
os seguidores de Jesus, impulsionados pelo Espírito Santo,
saem proclamando as maravilhas
de Deus na língua de cada um de
seus ouvintes. É a comunicação
que passa a acontecer de forma
clara, verdadeira e objetiva. E é
assim que devemos ser verdadeiros, claros e objetivos como
anunciadores da Boa Nova.
que conversem com seus pais e
familiares como eles vivenciaram a evolução das Comunicações
Sociais e como era visto tudo isso
pela Igreja no tempo deles. Peça
que pesquisem na internet sobre
essa evolução. No próximo encontro peça que comentem sobre o que viram e ouviram nos
relatos de seus familiares.
[Celebrando]
O catequista prepara um
ambiente para oração onde são
expostos alguns objetos que podem ser usados para se comunicar como, por exemplo: Celular, Tablet, Not book , Revistas
e Jornais, nomes de Redes de
Comunicação da Igreja (TV, Rádio) escrito em pequenas fichas
ou cartazes, Informativo Paroquial, livros, etc. Pode levar um
áudio com a música “Verbum
Panis”, ouvirem juntos e depois o catequista pode comentar
brevemente sobre esta música e
a comunicação que aconteceu,
de Deus com o homem, através
de Cristo. Pode-se buscar informação na internet previamente
sobre a tradução do titulo e do
refrão, ou até mesmo com o
pároco local.
Pedir a Deus que ilumine
aos que trabalham nos meios de
comunicação para que sejam verdadeiramente comunicadores da
Boa Nova que é Cristo e nos de
discernimento como usuários
destes meios para utilizarmos
deles de maneira correta e cristã.
Rezar juntos a oração
do Pai Nosso e da Ave Maria ,
frisando que o maior meio de
comunicação nossa com Deus é
a oração e o próprio Cristo nos
indicou isso ( Mt 6,6-1).
[Interagindo com a família ]
Peça aos adolescentes
Diretrizes 896 | Maio de 2016
19
CATEQUESE
Adriana Luiza Bertoldo Silva
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ...
POR QUÊ?
“Foi Deus quem colocou no
coração do homem o desejo de
conhecer a verdade e, em última
análise, de O conhecer, para que,
conhecendo-O e amando-O, possa
chegar também à verdade plena
sobre si próprio.” (Fides et Ratio,
pág. 5).
O SER HUMANO TEM
SEDE DE DEUS. Não basta estudar
sobre o Cristianismo. É necessário
um mergulho no mistério. Não se
trata, portanto, de “aprender coisas”, mas de aderir a um projeto de
vida. DESCOBRIR O MISTÉRIO. Diante da sede de infinito, presente
em todo coração humano, Deus
nos dá uma resposta em Jesus
Cristo: Ele é “...a chave, o centro e
o fim de toda a história humana...”
(Gaudium et Spes 10,2) Ele é o
mediador do Reino de Deus que
revela ao mundo o projeto de salvação do Pai que ama a todos. Ser
cristão é participar desse mistério
e comprometer-se com ele. “A pessoa divina de Jesus envolve de tal
modo aquele que foi chamado,
que lhe muda o projeto de vida, o
modo de viver, de pensar e de agir.
Lentamente, o discípulo se encontra com um novo estilo de vida, um
novo modo de escolher e de avaliar as coisas, as pessoas e os acontecimentos. O Mestre Jesus exerce
sobre o discípulo tal poder de
atração, que se torna irresistível! E
torna-se então um discípulo-missionário! O Documento de Aparecida, nos chama atenção: “Ou educamos na fé, colocando as pessoas
realmente em contato com Jesus
Cristo e convidando-as para o seu
seguimento ou não cumpriremos
nossa missão evangelizadora.” É
20 Diretrizes 896
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uma urgência para o nosso tempo,
não é mais possível nos prendermos aos métodos tradicionais.
Cabe a cada um de nós uma
pergunta: como levar as pessoas
a um contato vivo e pessoal com
Jesus Cristo? Para começar é preciso uma mudança de foco. Sair
da mentalidade de Iniciação Cristã
como sinônimo de “preparação
para receber sacramentos”, para “o
processo de quem quer tornar-se
cristão”. E essa mudança é missão
de todos nós: pais, padrinhos, introdutores, ministros ordenados,
etc. O catecumenato é o caminho,
o processo catecumenal da iniciação cristã surgiu em um momento em que a Igreja não podia
contar com o apoio de uma cultura
cristã na sociedade. Ele traz as etapas indispensáveis para mergulhar
(batismo quer dizermergulho) no
mistério de Cristo e fazer parte da
comunidade eclesial. Cada etapa
desse processo atende inclusive
a uma necessidade antropológica
do ser humano que necessita de
ritos de passagem. Com isso se
quer falar do costume de fazer da
celebração dos sacramentos uma
espécie de “festa de despedida”. O sacramento é consequência de uma fé assumida e, ao
mesmo tempo, é o que realimenta
a fé. A iniciação à vida cristã não
se reduz a um espaço geográfico
ou estrutura pastoral: deve estar
presente e atuante em diversas
situações e ambientes. Assim, a Igreja vive sua natureza missionária.
A catequese de inspiração catecumenal não é um projeto fechado,
mas abre um leque de possibilidades. O que já conseguimos de
bom precisa ser valorizado e aprofundado, mas não podemos nos
esquecer da nossa missão de formar discípulos. O aluno aprende;
o discípulo se encanta e quer viver
como seu mestre. A catequese
precisa ser essa experiência que
envolve a integralidade da pessoa
e não a “linha de chegada”, nem
o “ponto final”. Mergulhados na
alegria, deixamos a mensagem a
todos os que se sentem discípulos
e querem fazer outros discípulos:“A
alegria do discípulo é o remédio
frente a um mundo atemorizado
pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio.
REFLEXÃO
Gicélia Araújo Azevedo de Oliveira
Mães, comunicadoras da Fé
Foi através da Virgem Maria que Deus
nos permitiu entender o mistério da comunicação. Papa Francisco em mensagem ao Dia
das Comunicações Sociais em 2015, invoca a
“comunicação primeira”, a comunicação uterina
com a mãe. A comunicação que biblicamente
está potenciada na visita de Nossa Senhora a
Santa Isabel (Lc 1,39-56). “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe
de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espirito Santo”. Explicou-nos que somos seres de
relação, em diálogo, e que a primeira experiência nesse sentido se dá quando, ainda no útero,
sentimos o pulsar do coração de nossa mãe. É a
origem do processo comunicativo!
Para um bom comunicador palavras diversas não são necessárias, basta um olhar, um
sorriso, um reflexo, o jeito de andar, o comportamento... Assim nossa primeira comunicação
se faz no seio familiar... Assim recebi no seio
familiar minhas primeiras instruções de comunicadora... Assim reconheci no olhar de minha
saudosa MÃE a fé que sempre sustentou nossa
família.
Relembrar a minha saudosa mãe é
identificar meus primeiros passos como comunicadora. Seu olhar sereno expressava sempre,
quando necessário, carinho, repreensão, correção, fé, amor, fraternidade, alegria. Com seus
gestos, suas palavras, seu carinho, sua fé incondicional aprendi a conhecer o mundo, me
tornei filha, esposa, mãe, profissional e acima
de tudo uma pessoa temente a Deus. Educar os
filhos na fé são exemplos de comunicação que
ela nos deixou ao decorrer da vida, com a expressão mais linda do ser humano. O SILÊNCIO.
Sim ela se comunicava também pelo silêncio.
Através das palavras e gestos de minha
MÃE, aprendi que a família é a mais bela protagonista, é aquela que partindo de testemunho sabe comunicar a beleza e a riqueza do
relacionamento humano. É o SANTUÁRIO DA
VIDA, lugar privilegiado para experimentar o
amor.
Há alguns anos já não tenho mais o prazer do
seu toque, suas palavras doces, seu abraço, seu
cafuné, que tanto me faz falta, mas sua força,
seu amor se fazem presentes em minha vida a
todo momento através de seus ensinamentos.
À minha saudosa mãe, minha eterna gratidão
por ser minha primeira comunicadora da fé.
ESTUDO BÍBLICO
Pe. José Geraldo de Gouveia
MARIA, COMUNICAÇÃO E MISERICÓRDIA
O
dia mundial das comunicações
sociais,
celebrado em muitos
países, segundo a recomendação dos bispos,
no domingo que antecede a Festa
de Pentecostes (que em 2016 será o
dia 08 de maio), nos convida a uma
reflexão desafiadora: “Comunicação
e Misericórdia: um encontro fecundo”. Sim, o tema proposto pelo Papa
Francisco é desafiador, vejamos por
que.
Primeiro é oportuno lembrar que a palavra “comunicar” é
sinônima de “comungar”, portanto,
traz na sua essência a ideia de pôr
em comum, de partilhar, dividir com,
daí comunicar, literalmente tornar
comum. De sorte que a força etimológica desta palavra comunicar já
supõe partilha, comunhão. A língua
italiana conservou de modo muito
evidente a origem etimológica de
comunicar como sinônimo de comungar. Em italiano a palavra comunicare significa ao mesmo tempo
transmitir informações, divulgar um
22 Diretrizes 896
| Maio de 2016
fato, ou comungar. A partir desta
primeira consideração etimológica
já cabe uma pergunta: nossa comunicação de fato é geradora de
comunhão? Afinal, comunicar é comungar, estar em comunhão.
Infelizmente, em nome de
uma liberdade de expressão (que em
si é um valor inquestionável) muito
do que é comunicado nos nossos
mais variados meios e veículos não
gera comunhão, não partilha de
modo efetivo e responsável. Muitas
vezes assistimos com tristeza comunicadores do sensacionalismo, do
quanto pior melhor. Isto não deveria
acontecer se levarmos em conta o
que a palavra comunicação significa.
Mas, sabemos que nos bastidores
das mídias, muitas vezes, o que de
fato interessa não é a partilha ou a
transmissão de informações, e sim, o
quanto tudo isso pode ser rentável.
É verdade que para se comunicar
é preciso de recursos, de dinheiro,
mas, se a essência da comunicação é
a partilha, a comunhão, a liberdade
de expressão, o fator econômico
não deveria nunca prevalecer, caso
contrário a comunicação perderia
sua própria essência e razão de ser.
Como vimos, a essência da
palavra comunicação é a partilha, é
tornar comum aquilo que é de interesse de todos. Neste sentido, a Mãe
de Jesus, Maria, nos dá um belo exemplo de comunicação. Partilhar
ou tornar comum um fato supõe
relação interpessoal. Numa partilha
precisamos de algo para ser partilhado e de alguém com quem partilhamos. Em Maria temos tudo isso.
Primeiro Ela recebe um anúncio,
uma comunicação que se transforma em diálogo. Portanto, acontece
uma partilha da Palavra, Deus fala,
Maria responde e faz perguntas. O
essencial neste diálogo entre Deus
e a Mãe de Jesus é que a Palavra
não é forçada ou manipulada, ela acontece naturalmente, espontaneamente, acontece uma comunhão (ou
comunicação no seu sentido mais
genuíno). Não obstante a grandeza
de Deus em relação a Maria, a Palavra não é imposta, mas partilhada,
doutro modo não seria partilha, não
seria de fato comunicação. Isto nos
ensina que o verdadeiro comunicador respeita sempre seu interlocutor,
não pode faltar com a misericórdia.
Sim, misericórdia significa ter sentimento de respeito para com o mais
fraco, o mísero. Como Deus fez com
Maria e faz com todos os seus filhos.
Comunicação
(comunhão) sem misericórdia (respeito
ao coração mísero) não é comunicação verdadeira, ao menos no seu
sentido mais profundo e original.
Se faltar misericórdia na comunicação o resultado não será comunhão, mas opressão e manipulação
de informações. A fecundidade da
comunicação, portanto, passa necessariamente por uma prática misericordiosa, caso contrário, teremos
ruídos estéreis e jamais um encontro
fecundo.
DOM PAULO
Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba
Força da Palavra
C
onforme o ditado
popular, “as palavras
comovem, mas são
os exemplos que arrastam”. A Palavra de
Deus tem grande força de convergência, provoca práticas de
unidade e forma comunidades.
Podemos até dizer que nenhuma
comunidade cristã se constrói
sem a presença dessa Palavra.
Por isso, ela precisa ser conhecida e aprofundada na vida das
pessoas, criando motivação para
a unidade.
Um corpo sem alimento
acaba perdendo as forças, a solidez de sua existência e desfalece.
Quem tem firmeza e apoio na Palavra de Deus não se deixa influenciar pelas maldades do mundo
e nem pelos falsos ensinamentos
sempre presentes na história dos
povos. Age com critérios maduros e responsáveis, colocando
suas energias a serviço do bem
e da construção do projeto de
Deus.
Existe uma sede e uma
fome da Palavra bíblica, que
marca a vida das pessoas. Podem
correr o perigo de ter a mente
vazia, e caírem num profundo
clima de desespero. Isso se torna
mais evidente ainda diante dos
desafios e problemas existenciais. Não conseguem enfrentar e
sublimar as dificuldades do momento. Conforme outro ditado
popular: “Saco vazio não fica de
pé”.
A unidade do povo cristão faz parte das orientações da
Palavra de Deus. Unidade enriquecida com a diversidade inspiradora do Espírito Santo. Cada
membro, na comunidade, leva
consigo virtudes próprias, que
devem ser colocadas a serviço
de todos. As ações egoístas
não deixam de ser uma grande
traição ao princípio da unidade,
muito querida por Deus.
No corpo de Cristo, a
Igreja, todos os cristãos devem
estar integrados e contribuindo
para o fortalecimento da unidade. Isto supõe respeito pela
pessoa do outro e pela convivência comunitária. As pessoas
batizadas se beneficiam de um
mesmo Espírito, Ele que é fonte
da Palavra e da unidade, e marca
cada cristão com a unção da responsabilidade com a vida de todos.
É importante ter os olhos fixos em Jesus, porque Ele
tem palavras cheias de esperança e de sentido, que despertam
a atenção das pessoas. Mira nas
questões de desigualdade e de
marginalização, nos que vivem
no anonimato e são excluídos do
contexto da vida comunitária.
O agir concreto de Jesus Cristo
passa pelo caminho do exercício
da solidariedade.
[ A Palavra de Deus
tem grande força
de convergência,
provoca práticas
de unidade e forma
comunidades. ]
ARTE NA IGREJA
Prof. Sebastião Faria de Morais (paroquiano de Entre Folhas).
SINO DA IGREJA
MATRIZ DE
ENTRE FOLHAS
MG
D
as poucas coisas que
restam em Entre Folhas da época imperial,
uma é o sino da Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Esse possui o Selo
da Casa de Bragança e as Insígnias
de dom Pedro II. Ao que tudo indica, por um longo tempo ele esteve
na Igreja Antiga, e foi colocado em
um lugar de destaque na Igreja
atual, inaugurada em 1945. Hoje,
o que é sabido por poucos, que
nos primórdios de nossa História
o sino da matriz era o principal
meio de aviso dos acontecimentos
entrefolhenses, devido à escassez
dos meios de comunicação.
Era o sino quem avisava
à comunidade a aproximação da
Missa na matriz com suas badaladas. Uma badalada avisava que
faltava meia hora para o início da
Missa. Duas badaladas avisava que
faltavam quinze minutos, e três
badaladas indicava que a Missa
estava começando, pois, o relógio, seja de bolso ou de pulso,
somente as pessoas da elite possuíam. Assim o povo era avisado
da aproximação e realização dos
acontecimentos na comunidade
e aguardava ansioso as badaladas
do sino matricial. Até as procissões, em sua maioria aconteciam
sob o repicar do sino.
Durante muitas décadas
ele trouxe alegria em suas badaladas e também tristezas nas horas fúnebres. Quando o cadáver se
aproximava da igreja matriz a comunidade era avisada ser a hora
de um enterro sobre badaladas
melancólicas do sino da matriz. Essas, dificilmente não entristeciam
o coração de quem as escutavam.
Depois da realização das exéquias,
o sino, outra vez avisava com som
triste que mais um ser humano era
levado para o campo santo, e definitivamente seria sepultado na
terra fria. Sons esses que a juventude não conhece, porque com
a evolução, os corpos continuam
sendo sepultados, mas os sons do
sino não mais acontecem.
O que se observa hoje,
é que o sino matricial é tocado
quase somente no Sábado Santo,
por ocasião da Vigília Pascal, no
momento do Glória, anunciando
a ressurreição de Cristo. Mas não
se sabe ao certo, acredita-se pela
tradição das badaladas do sino
matricial, o comércio de Entre Folhas fecha as portas no momento
em que o cortejo fúnebre passa
em frente a cada estabelecimento
comercial. Fato esse que pode ser
observado no momento que antecede os sepultamentos e que
hoje, infelizmente, tende a deixar
de existir, porque com a assistência funeral que algumas empresas
oferecem, os corpos são levados
de carro até a porta do cemitério e quando o comerciante percebe o cortejo fúnebre já passou
em frente ao seu estabelecimento
comercial.
Não podemos ser contra
a evolução, pois ela nos traz enormes benefícios. Mas que o sino
da matriz fez alegrias e tristezas
em Entre Folhas isso é inegável.
Alegrias em momentos de festas e
tristezas em momentos de despedida dos mortos. Essa relíquia está
no esquecimento, e como nada é
eterno, o sino parece que morreu
ou emudeceu pela idade. Ele resistiu ao tempo e quase nada alterou
desde sua confecção. Não está
mais pendurado na torre porque
houve uma rachadura, que prejudica o som das badaladas. Uma
coisa é certa, é lamentável não
ouvirmos mais suas badaladas.
A maioria das pessoas que sabia
controlar suas badaladas de maneira ordenada e compassada, não
faze parte do nosso convívio.
Diretrizes 896 | Maio de 2016
25
COMENTÁRIOS HOMILÉTICOS
Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo Diocesano de Caratinga
SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO
PAULO APÓSTOLOS - 3/7/2016
Dia 4: Os 2,16.17b-18.21-22; Mt 9,18-26
Dia 5: Os 8,4-7.11-13; Mt 9,32-38
Dia 6: Os 10,1-3.7-8.12; Mt 10,1-7
Dia 7: Os 11,1-4.8c-9; Mt 10,7-15
Dia 8: Os 14,2-10; Mt 10,16-23
Dia 9: Is 6,1-8; Mt 10,24-33
1ª LEITURA - At 12,1-11
A apresentação do governo
Herodes Agripa I, governador da Judeia e Samaria
(anos 41-44), desencadeou uma
perseguição à Igreja. Os interesses políticos passam sempre
por cima da dignidade humana
e dos grandes projetos de vida.
Herodes mandou matar à espada
Tiago, irmão de João e, vendo que
isto agradava aos judeus, mandou prender o apóstolo Pedro e
pôs dois soldados acorrentados a
Pedro, e havia sentinelas nas portas. Quando passasse a Páscoa,
Herodes tencionava apresentá-lo
diante do povo durante a noite.
Queria fazer média com o povo
através de Pedro, como fez Pilatos
com Jesus e como fazem os políticos de hoje, sem perder oportunidades.
A atitude da Igreja
A Igreja rezava constantemente na intenção de Pedro. Pedro
revive o drama de Jesus. O episódio revela uma espécie de “Páscoa
de Pedro”. Talvez, por isso mesmo,
Pedro desaparece dos Atos dos
Apóstolos. A missão de Pedro iria
se encerrar com este milagre. Ele
só vai reaparecer no Concílio de
26 Diretrizes 896
| Maio de 2016
Jerusalém (At 15). A partir do capítulo 12 outro grande apóstolo entra em cena - Paulo.
A intervenção de Deus
A presença do anjo enche a cela de luz. Tudo fica claro.
O anjo toca em Pedro, despertao e as cadeias se desamarram.
O anjo o manda aprontar-se e
segui-lo. Pedro foi executando as
ordens pensando que fosse uma
visão, uma imaginação. Os portões
foram-se abrindo diante deles. Na
rua, o anjo, de repente, desapareceu. Só aí Pedro toma consciência
de que fora libertado por Deus das
mãos de Herodes e da expectativa
do povo. Curioso é que a menção
da prisão no dia dos ázimos, a
libertação na noite da Páscoa e a
referência de que o Senhor enviou
o seu anjo para libertar Pedro das
mãos de Herodes e da expectativa
do povo judeu relembram de perto a libertação do Egito. O Antigo
Povo de Deus que fora libertado
do Egito se torna agora opressor
do Novo Povo de Deus. O Antigo
Povo de Deus rejeitou seu Filho
Amado e agora persegue seus seguidores. Mas Deus continua sendo o libertador do povo. Parece
que Lucas quer lembrar a Páscoa
do Antigo Povo, Páscoa de Jesus e
a Páscoa de Pedro. O mesmo Deus
libertador está sempre presente.
“Na Páscoa da Ressurreição, Deus
devolveu Jesus a seus discípulos. Agora Deus devolve Pedro à
Comunidade”. Deus está sempre
presente salvando seu povo de situações difíceis. Jesus, de fato, significa “Deus salva”. E ele disse que
estaria com sua Igreja até o fim do
mundo. Sua comunidade continua
rezando pelo sucessor de Pedro,
hoje?
2ª LEITURA - 2Tm 4,6-8.17-18
Estamos no último capítulo da segunda carta a Timóteo
que não é de Paulo, mas atribuída
a ele pela Tradição. Nosso trecho
relata o Testamento de Paulo. Ele
está preso. Sabe que chegou a sua
hora. Jesus a seu tempo disse: “Pai,
chegou a hora. Glorifica teu Filho,
para que teu Filho te glorifique”
(Jo 17,1). A mesma coisa está acontecendo com o grande apóstolo dos gentios. A gente percebe
o claro paralelo entre a paixão de
Jesus e a paixão de Paulo.
Paulo olha para o passado
“Já fui oferecido em libação. Libação é o rito de derramar
o vinho, água e óleo sobre a vítima
nos sacrifícios judaicos (Ex 29,40).
Paulo preparou sua oferta total
com sofrimentos, abandono, dor.
Ele já se vê pronto para o sacrifício
de sua vida. Sua morte é vista como
uma viagem, naturalmente, para a
casa do Pai. “Chegou o tempo da
minha partida”. Ele que fez tantas
viagens de evangelização, parte
agora bem preparado, de cabeça
erguida para sua última viagem.
Agora não será mais uma viagem
de trabalho penoso como foram
as outras. Agora será a viagem do
eterno repouso. Ele vai entrar para
a Academia dos Imortais. Sua obra
já foi consagrada. Ele vai subir no
pódio e receber o troféu da vitória.
Paulo se compara a um soldado de
Cristo: “Combati o bom combate”.
Ele se vê como um atleta que correu num estádio: “Terminei a minha carreira”. Ele se vê como aquele
a quem Deus confiou a mensagem,
que deverá ser proclamada e ouvida por todas as nações”, sem desvios ou falsificações: “Guardei a fé”.
E não lhe faltaram a assistência e a
força de Deus nos momentos mais
cruciais, nos momentos de solidão,
nos momentos de abandono.
Como Daniel, ele foi libertado da
boca do leão (Dn 6,21), quer dizer,
ele se sente salvo do Tribunal do
Imperador Romano. É bom olhar
para trás e ver o rastro luminoso
do caminho percorrido!
Paulo olha para a frente
Para o melhor dos atletas
o que está reservado? Sem dúvida o troféu da vitória, a coroa da
justiça. Como bom soldado, Paulo
vai ser condecorado. Ele diz que
esta coroa é reservada pelo Senhor,
justo juiz “a todos os que tiverem
esperado com amor a sua manifestação”. “Esperado com amor”.
O que você acha que significa esta
expressão? Um sentimento romântico de quem espera sua amada
num banco de jardim? Repasse a
vida de Paulo e responda.
É bom frisar a convicção do apóstolo e sua firme esperança. “O Senhor me libertará de toda a obra
maligna e me levará salvo para o
Reino celeste”. O atleta já ganhou
a corrida. O soldado já venceu a
guerra. Só falta a comemoração.
Por isso, Paulo termina com este
pequeno hino de louvor ao Senhor
que o chamou, transfigurou sua
vida, o acompanhou por toda a
missão e está prestes a condecorálo: “A ele a glória pelos séculos dos
séculos! Amém!”
Elias, Jeremias ou um dos profetas. Todas as respostas ficam na
linha dos precursores dos tempos
messiânicos. Ninguém, apesar de
todos os prodígios, conseguia ver
em Jesus o inaugurador dos tempos messiânicos.
2. - A resposta dos discípulos
Este episódio pertence à
parte narrativa do livrinho sobre
a Igreja. Este episódio se localiza
em Cesareia de Filipe, que está
no extremo norte da Palestina, ou
seja, o lugar mais distante do centro de decisões que é Jerusalém.
Estamos, portanto na periferia
do país. O centro, na verdade, jamais seria capaz de acertar com
a
resposta à pergunta que Jesus vai fazer. A pergunta é: Quem
é Jesus? Ela é muito importante e
válida para todos os tempos. No
fundo, nossa vida depende desta
resposta - uma resposta que deve,
naturalmente, brotar das atitudes e
não das idéias. Jesus não quer uma
elite de pensadores, mas um grupo
de operários do Reino. A pergunta é dirigida aos discípulos, mas
Jesus quer colher duas opiniões.
Primeiro a opinião do povo, depois a opinião dos discípulos. Filho
do Homem é um título que Jesus
gosta de usar para si mesmo. Ele
se identifica com a humanidade de
tal modo que a maioria das pessoas não consegue ver nele mais
do que um homem extraordinário
na linha dos grandes profetas.
É Pedro, o porta-voz dos
discípulos, quem responde. Ele é
visto como o porta-voz dos discípulos e tem uma função de
destaque em todo o Segundo Testamento. Quem quiser pode conferir: Mt 4,18; Mc 5,37; Lc 24,34;
Jo 6,67-69; 21,15-23; At 1,13.15;
3,1; 10,5; Gl 2,7, etc. É Jesus que
lhe dá o nome de Pedro para simbolizar seu indispensável papel na
fundação e direção da Igreja. Pedro
no evangelho de Mateus responde
que Jesus é o Messias e o Filho de
Deus. No tempo de Jesus, a palavra
Messias era mais importante, pois
todos estavam esperando o Messias prometido. A expressão Filho
de Deus para o povo tinha uma
aplicação mais ampla. Referia-se
aos anjos, ao povo eleito, aos israelitas fiéis e também ao Messias.
Naturalmente, para a comunidade,
onde surgiu o evangelho de Mateus, o título Filho de Deus, professado por Pedro, já tinha alcançado
seu verdadeiro sentido, ou seja,
Jesus tem uma relação filial única
com Deus. Ele partilha com o Pai
e o Espírito Santo a divindade. Ele
é a segunda pessoa da Santíssima
Trindade. De fato, Jesus diz a Pedro
que o que ele acaba de afirmar não
provém da sua cabeça de homem,
mas de uma revelação divina. Só
mais tarde a Igreja vai perceber a
profundidade da resposta de Pedro.
1. A opinião do povo
3. - A contra resposta de Jesus
Os discípulos dizem que
há 4 tipos de opiniões entre o
povo; Jesus seria João Batista,
Jesus muda o nome de Pedro. Isto significa que ele lhe atribui
uma grande missão. E a missão é
EVANGELHO - Mt 16,13-19
Diretrizes 896 | Maio de 2016
27
estar à frente da Igreja de Jesus (=
minha Igreja). Essa missão de chefe
da Igreja é hoje dada ao sucessor
de Pedro, a quem chamamos de
Papa. “As portas do inferno nunca
prevalecerão contra ela”, quer dizer
que as forças malignas, forças que
estão contra o projeto de Deus
não serão capazes de derrubar a
Igreja. De onde vêm estas forças?
Do capeta? Sim! Não! Quer dizer...!
É muito difícil jogar a culpa sobre
uma entidade abstrata! e tran-
quilizar a consciência. Estas forças
malignas brotam do coração do
próprio homem. Brotam de todos
aqueles que oferecem resistência
ao evangelho, à vontade de Deus,
à justiça, ao bem. Toda vez que
nossa atitude é egoísta, opressora
e injusta somos “satanás”. O próprio Pedro foi chamado de satanás
por Jesus, porque, naquele momento (alguns versículos abaixo),
estava sendo obstáculo no seu
caminho de cruz.
O poder das chaves
“Ligar e desligar” é linguagem técnica. Ligar as (cadeias)
significa condenar. Desligar significa absolver. A Igreja, na pessoa de Pedro e seus sucessores
(Jo 21,15ss), tem autoridade em
assuntos doutrinais e morais. O
que ela faz na terra, Deus ratifica
no céu. Ela pode proibir (ligar) ou
permitir (desligar).
15º DOMINGO DO TEMPO COMUM 10/7/2016
Dia 11: Is 1,10-17; Mt 10,34-11,1
Dia 12: Is 7,1-9; Mt 11,20-24
Dia 13: Is 10,5-7.13-16; Mt 11,25-27
Dia 14: Is 26,7-9.12.16-19; Mt 11,28-30
Dia 15: Is 38,1-6.21-22.7-8; Mt 12,1-8
Dia 16: Zc 2,14-17; Mt 12,46-50
1ª LEITURA – Dt 30,10-14
Os homens têm belos
projetos, mas são egoístas. Seus
projetos acabam em privilégios
para uns poucos e opressão para
a maioria. O projeto de Deus, ao
contrário, pretende trazer vida
para todos. O coração de Deus
só experimentará alegria, quando
todos os homens viverem na solidariedade, justiça e paz. É isto que
nos fala o Deuteronômio. Qual é a
condição para isto? Conversão total a Deus e obediência aos mandamentos e estatutos escritos no
livro do Deuteronômio (v. 10). Estes
mandamentos e estatutos não são
normas frias, mas a síntese das experiências vitais da vida. Portanto,
seguir a lei para o Deuteronômio é
buscar a vida. Os vv. 11 a 14 querem mostrar a facilidade e a proximidade da Lei. É difícil subir aos
28 Diretrizes 896
| Maio de 2016
céus, é difícil atravessar o mar, mas
a Lei não está lá em cima no céu,
nem do outro lado do mar. Ela está
bem perto do homem, está dentro
do seu próprio coração, ou seja,
lá dentro da própria consciência.
Coração para o semita é a sede da
consciência. Quem quiser colocála em prática, portanto, não tem
desculpas, pois obedecer à lei é
obedecer ao que há de mais profundo no coração humano – seu
anseio de justiça, sua busca de vida
para todos: Sim esta palavra “está
na sua boca e no seu coração, para
que você a coloque em prática”.
2ª LEITURA – Cl 1,15-20
Diante de tantos mediadores impostos pelos cultos
pagãos e outros, como seres angélicos, tronos, soberanias, principados, autoridades e outras for-
ças cósmicas, o autor apresenta o
único mediador entre Deus e os
homens: Jesus – o Filho amado.
Estamos diante de um dos belíssimos hinos registrados nas cartas
de Paulo ou atribuídas a ele. É uma
exaltação à soberania de Cristo
sobre tudo e sobre todos. Cristo é
apresentado como a plenitude do
humano e do divino.
Cristo origem e fim de todas as
coisas - vv. 15-17
O Gênesis já dizia que o
homem é imagem e semelhança
de Deus. Aqui, podemos perceber
que esta imagem chega à perfeição em Jesus Cristo. Ele é a visibilidade do próprio Deus no meio
dos homens. Ele é o primogênito,
o Filho anterior a tudo. Nele tudo
foi criado, tudo que existe no céu
e na terra, inclusive estas criaturas que os cultos pagãos estavam
querendo apresentar como medi-
ações. O mais interessante ainda
é que tudo foi criado por meio do
Filho e para o Filho. Ele é assim a
origem e a finalidade de todas as
criaturas.
Cristo é a cabeça do Corpo que é
a Igreja - vv. 18-20
Ele é o princípio da humanidade nova. O projeto de Deus
falido em Adão alcança plena realização em Jesus Cristo, que através
da sua morte e ressurreição funda
uma humanidade nova. Ele tem a
primazia em tudo, porque Deus, a
plenitude total, quis nele habitar.
Jesus é, portanto, a plenitude de
Deus no meio dos homens; ele é
o projeto acabado que Deus tinha
para o homem. Por meio de Jesus,
através do seu sangue na cruz,
Deus se reconcilia com os homens
estabelecendo a paz. A humanidade reconciliada, esta humanidade nova, recriada em Cristo, é a
Igreja da qual Cristo é a cabeça.
EVANGELHO – Lc 10,25-37
a) A atitude do especialista em
leis e a resposta de Jesus
Ele é mal intencionado.
Sua pergunta é para tentar Jesus,
além de ser uma pergunta egoísta.
Sua ação visa seu próprio benefício: “Mestre, o que devo fazer para
receber em herança a vida eterna?”
Como ele é um especialista em leis,
Jesus pergunta o que diz a Lei. Ele
responde direitinho, amar a Deus e
ao próximo. Jesus aprova sua resposta e diz categoricamente: “Faça
isso e viverá”. Para possuir a vida
eterna não é preciso possuir muita teoria nem ser especialista em
nada: a única especialidade que
a lei exige e que Jesus insiste é a
prática do amor. Como o especialista não quer saber da prática, ele
teoriza mais uma vez com a pergunta: Quem é o meu próximo?
Jesus responde indiretamente com
uma parábola. E nesta parábola do
Bom Samaritano ele transforma a
pergunta egoísta e teórica do es-
pecialista numa pergunta altruísta
e prática, onde o importante é o
outro a quem eu devo amar e servir e não eu mesmo. Então, a pergunta fica assim: Que tipo de atitude prática me torna próximo da
pessoa que encontro?
b) Atitude do ladrão
Uma atitude desrespeitosa, de-sonesta, gananciosa e
usurpadora. Os ladrões de ontem
e de hoje, ladrões de cor, ou de colarinho branco, ladrões que compram ou que vendem comportamse como o funil ganancioso e o seu
lema é: “o que é teu é meu”.
c) Atitude dos encarregados do
Templo (sacerdotes e levitas)
Eles também são especialistas não em leis, mas em religião,
em ritos. Sua preocupação não é
com o outro, a pessoa, a vida, mas
com a religião, o Templo, os ritos,
o culto, a pureza ritual. Eles concentram sua atenção em torno dos
Templos e dos cultos sem vida e
a parábola lhes mostra que Deus
não está mais no Templo, mas na
pessoa dos excluídos e dos marginalizados. Eles possuem valores
aparentes e querem defendê-los
mesmo em detrimento da vida.
Seu lema é: “o que é meu é meu”.
d) Atitude do Samaritano
Ele não é especialista
em nada. Não carrega perguntas
teóricas como: quem é o próximo?, mas procura na prática estar
mais próximo de quem precisa. A
parábola insinua que o assaltado
e moribundo era um judeu ( judeu
era inimigo de samaritano). Mas o
samaritano está preocupado com
a vida em perigo e não com rixas
e picuinhas. Sua atitude é de compaixão, atitude divina que no evangelho de Lucas é reservada apenas
ao Pai (cf. 15,20) e a Jesus (cf. 7,13).
A parábola ocupa um grande espaço para enumerar as diversas atitudes práticas do samaritano. Ele
toma todas as atitudes necessárias
para curar e salvar o seu próximo,
inclusive, passa a noite com ele.
Além disso, deixa um dinheiro a
mais com o hospedeiro e disse
que, na volta, pagaria, se precisasse
de alguns cuidados especiais. Ele é
o homem da solidariedade e partilha. O bom samaritano é a autobiografia de Jesus. Seu lema é: “o
que é meu é teu”. Jesus não quer
sacrifícios, mas misericórdia.
[ O bom samaritano é a
autobiografia
de Jesus. Seu
lema é: “o que
é meu é teu”.
Jesus não quer
sa-crifícios,
mas misericórdia. ]
Diretrizes 896 | Maio de 2016
29
16º DOMINGO DO TEMPO COMUM 17/7/2016
Dia 18: Mq 6,1-4.6-8; Mt 12,38-42
Dia 19: Mq 7,14-15.18-20; Mt 12,46-50
Dia 20: Jr 1,1.4-10; Mt 13,1-9
Dia 21: Jr 2,1-3.7-8.12-13; Mt 13,10-17
Dia 22: Ct 3,1-4a ou 2Cr 5,14-17; Jo 20,1-2.11-18
Dia 23: Jr 7,1-11; Mt 13,24-30
1ª LEITURA – Gn 18,1-10a
É importante acolher bem as
pessoas
A primeira coisa que chama a atenção no texto é quem
aparece a Abraão. É o próprio Deus
(18,1), três homens (18,2) ou anjos
(19,1)? Com quem Abraão está falando, com três pessoas (vv. 4.5.9),
com uma só (vv. 3.10) ou com o
próprio Deus (v. 13)? Observe o
texto atentamente e veja como ele
é ambíguo. Ora é uma pessoa, ou
são três homens, ora são anjos, ora
é o próprio Deus. O que o autor
quer ensinar através desta ambiguidade textual? Ele quer ensinar
que “quem acolhe pessoas está
acolhendo a Deus que dá vida e
que os anjos são mensageiros de
Deus, ou expressão do próprio
Deus. Abraão, símbolo da fé, sabia
muito bem que acolher as pessoas
é acolher o próprio Deus, aliás, faz
parte da mística semita a boa hospitalidade. Veja a visita dos anjos a
Ló em 19,1-8.
Vigilância e disponibilidade diante das imprevisíveis visitas de
Deus (vv. 2-8)
Abraão significa pai (= ab)
do útero (= raham), ou seja, pai
de uma prosperidade numerosa,
pai da fertilidade, entretanto esta
promessa de Deus de uma grande
prosperidade parece ter ficado
30 Diretrizes 896
| Maio de 2016
no esquecimento. Pois Abraão e
Sara já ficaram velhos. Será que
Abraão perdeu a esperança, desanimou, desistiu? O texto de hoje
mostra que não. O texto sublinha
a vigilância e a disponibilidade de
Abraão. Ao invés de estar deitado,
acomodado, cochilando à sombra,
Abraão está sentado atento aos
acontecimentos. Não é hora de
visitas, mas Deus não marca hora,
nem aparece vestido de glória.
Abraão é profundamente cordial
e acolhedor. Ele consegue logo
perceber que aquela visita era de
Deus. Chama os três de Senhor e
se coloca como seu servo. Apesar
do intenso calor do sol ele corre
para um lado, corre para o outro,
movimenta a esposa e o criado e
oferece o que há de melhor para
os ilustres visitantes.
A promessa de Deus está para
acontecer (vv. 9-10)
Aqueles visitantes eram
mesmo diferentes. Perguntam pela
esposa o que não era costume entre os beduínos. Sabe o nome da
esposa de Abraão, sem Abraão ter
falado. E além disso conhece sua
condição de estéril. Mas nada para
Deus é impossível. Deus promete
que dentro de um ano ele retornará, e Sara já terá um filho. Quem
acolhe o outro acolhe o próprio
Deus, quem acolhe Deus, acolhe a
vida.
2ª LEITURA – Cl 1,24-28
Vamos destacar três temas no
texto de hoje.
1) Precisamos edificar a Igreja
que é Corpo de Cristo
Em 1,18 vimos uma afirmação forte: Ele (Jesus Cristo) é
também a cabeça do corpo, que
é a Igreja. Aqui em 1,24 volta o
mesmo tema. A Igreja é o Corpo
de Cristo. Assim é preciso que cada
cristão (não apenas os agentes de
pastoral) assuma um compromisso
particular com a comunidade-Igreja. Cristo fez tudo por nós e por
isso tem o direito de pedir tudo
de nós para a edificação do seu
Corpo. Nossa alegria é alegria para
Cristo, nossa tristeza é tristeza para
Cristo. Nossas virtudes e trabalhos
edificam o Corpo de Cristo, nossos
vícios, pecados e omissões, destroem o corpo de Cristo. O autor, que
fala em nome de Paulo, se sente
alegre por sofrer pela comunidade.
Precisaríamos chegar a essa consciência.
2) O apóstolo se torna ministro
da Igreja
Isso aconteceu quando
Deus confiou a Paulo a missão de
anunciar o mistério da presença de
Cristo na comunidade. Em 1,23 ele
fala expressamente que se tornou
ministro do Evangelho. Paulo, é
ministro da Igreja, do Evangelho,
de Cristo, da Palavra. Estamos percebendo que há uma identificação
destas realidades. O que deve
fazer o ministro da Palavra? À imitação de Paulo, ele deve alegrar-se
no sofrimento em favor da Igreja,
anunciar o Cristo, aconselhar, ensinar, trabalhar pela perfeição do
irmão, acreditar profundamente na
força de Cristo que age nele, não
desanimar diante das dificuldades,
mas investir na edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja.
3) Qual é o mistério antes escondido?
Este mistério cheio da
riqueza gloriosa de Cristo é exatamente a novidade da salvação,
que, agora, não é mais restrita aos
judeus, mas a todos os pagãos; por
isso ele representa muito para os
pagãos. Este mistério da salvação
que é Jesus Cristo já está presente
no meio da comunidade, abrindo
fronteiras, através do exemplo de
cada cristão e do anúncio da Palavra. O núcleo do mistério é este:
Cristo é salvação e vida para todos.
EVANGELHO – Lc 10,38-42
Rezar ou trabalhar – o que é mais
importante?
A partir de Jo11,1 ficamos
sabendo que estamos em Betânia
na casa de Lázaro. Lázaro está ausente, talvez Lucas queira salientar
a importância da mulher na vida
ativa (trabalho de Marta) e litúrgica (Maria atenta à palavra de Jesus)
da Igreja. No tempo de Jesus as
mulheres eram marginalizadas até
pela religião, não podiam estudar
a Lei, nem participar oficialmente
do culto.
O texto nos mostra que
Marta acolhe Jesus, mas não tem
tempo de acolher o dom que ele
traz, seu projeto de vida. Ela parece
com Abraão que acolheu o Deus
da vida (Gn 18,1-10a), mas o seu
ativismo, suas preocupações exa-
geradas a impediram de acolher e
aprofundar o projeto de vida que
Jesus trazia com sua vida. Abraão
parece ter antecipado Marta e Maria, soube ouvir, servir, contemplar
e agir e por isso recebeu o dom da
vida na pessoa de seu filho. Maria,
certamente era a companheira de
Marta nos afazeres domésticos,
senão ela não perderia tempo de
insistir com Jesus para liberar Maria. Curioso!
[ Devemos
ouvir a Palavra e a
colocar em
prática. “Mais
felizes são
aqueles que
ouvem a Palavra de Deus
e a põem em
prática”. ]
significa que precisamos rezar
mais e trabalhar menos? Viver de
contemplação e não de serviço?
Poderíamos viver sem o trabalho?
Poderíamos viver só de reza? Não
é o próprio Jesus que insiste tanto em dar o exemplo de servir?
“Eu não vim para ser servido, mas
para servir”. A parábola anterior ao
nosso texto não frisa a prática da
misericórdia? Veja 10,28 : “faça isso
e viverá”, v. 37: “vá e faça a mesma
coisa”.
O ensinamento do texto
Creio que o contexto nos
quer ensinar a importância da
contemplação e da ação, do rezar
e do trabalhar. Lucas distingue entre Marta e Maria o que deve estar unido e dosado em cada cristão, como esteve na atitude de
Abraão. Devemos ouvir a Palavra
e a colocar em prática. Não é isto
que lemos logo à frente em Lc 11,
28? “Mais felizes são aqueles que
ouvem a Palavra de Deus e a põem
em prática”. As duas atitudes devem andar juntas em cada cristão.
Aqueles que se dedicam demais
ao trabalho, pastoral ou não, estes
devem parar no dia do Senhor
( Domingo) para, sentados aos pés
de Jesus, louvar e agradecer, avaliar e se abastecer de novo. Aqueles
que rezam muito não devem tardar em colocar em prática o projeto de Jesus. Jesus não parou para
ser servido, ele veio até nós para
entregar o dom da vida. De fato,
ele está a caminho de Jerusalém
onde seu projeto de vida para todos ia realizar-se através da cruz.
Marta e Maria estão vivas dentro
de você?
Quem ficaria com o hóspede? Não seria um desrespeito deixá-lo sozinho? Maria não
chamou Marta, pois quem faria
o trabalho? Egoísmo de Marta?
Preguiça de Maria? Jesus valoriza
a escolha de Maria e achou exagerada a escolha de Marta. Isto
Diretrizes 896 | Maio de 2016
31
17º DOMINGO DO TEMPO COMUM 24/7/2016
Dia 25: 2Cor 4,7-15; Mt 20,20-28
Dia 26: Eclo 44,1.10-15; Mt 13,16-17
Dia 27: Jr 15,10.16-21; Mt 13,44-46
Dia 28: Jr 18,1-6; Mt 13,47-53
Dia 29: 1Jo 4,7-16; Jo 11,19-27 ou Lc 10,38-42
Dia 30: Jr 26,11-16.24; Mt 14,1-12
1ª LEITURA – Gn 18,20-32
Abraão, modelo de fé,
acolhimento e disponibilidade, é
apresentado aqui como modelo
de oração que brota de um relacionamento íntimo com Deus,
relacionamento aberto, confiante,
e ao mesmo tempo franco, sincero
como também profundamente humilde. Abraão reconhece a grandeza do ser de Deus, o tamanho
do seu coração justo e misericordioso, como também, da sua parte,
reconhece a pequenez do seu ser;
ele tem consciência de que é pó e
cinza (v. 27). O assunto desse impressionante diálogo é Sodoma
e Gomorra. O v. 20 insinua que o
pecado deles é a injustiça. Em 19,5
percebemos que a injustiça, no
campo social, destrói e perverte o
relacionamento entre as pessoas,
conduzindo-as às aberrações de
todos os tipos.
A primeira preocupação de
Abraão e sua descoberta
Deus está disposto a
destruir as cidades de Sodoma e
Gomorra. Abraão intercede questionando a justiça de Deus. Deus
vai destruir o justo juntamente
com o injusto? A primeira descoberta é que Deus não vai destruir
o justo com o injusto e mais ainda
que Deus é capaz de salvar a cidade toda por causa de alguns justos.
32 Diretrizes 896
| Maio de 2016
A segunda preocupação de Abraão
Quantos justos são necessários
para salvar a cidade inteira? E aqui
percebemos a beleza do diálogo,
onde se entrelaçam intimamente,
ousadia, atrevimento, delicadeza
e humildade. Ousadamente, mas
com uma delicadeza e respeito
profundos Abraão conseguiria obter de Deus a salvação da cidade
através de apenas 10 justos. Abraão
na sua oração de intercessão conseguiu do coração misericordioso
de Deus abaixar o número de 50
para 10. Mas por que parou?
A misericórdia de Deus é infinita
Abraão quis descobrir o
tamanho da misericórdia de Deus.
Ele caminhou certo, mas pôs limites à misericórdia do Onipotente.
Ele descobriu segredos importantes no mistério do amor divino;
de fato Deus não destrói o justo
com o injusto, pelo contrário, ele
valoriza a intercessão do justo. Depois, pelos profetas e pelo Novo
Testamento ficamos sabendo que
Deus não quer a morte do pecador, mas que ele viva (Ez 33,22).
Abraão descobriu alguns segredos
da misericórdia, mas ele não sabia
que Deus andava procurando por
um único justo para justificar a salvação da cidade dos homens. Isto
os profetas vão intuir (cf. Jr 5,1; Ez
22,30). Mas só um homem vai conseguir reunir a justiça e agradar o
coração misericordioso de Deus. E
este homem é seu Filho Jesus Cristo (Jo 3,16-17). Através desse único
justo Deus salva a humanidade inteira.
2ª LEITURA – Cl 2,12-14
Lembramos mais uma
vez o pano de fundo da carta. Do
lado de fora muita influência de
vãs filosofias pagãs atribuindo a
forças intermediárias o mesmo
valor de Jesus Cristo como se Jesus fosse um entre tantos mediadores entre Deus e os homens. Do
lado de dentro a imposição da Lei
por parte dos cristãos judaizantes
como se a Lei tivesse poder salvífico. No fundo os colossenses estavam começando a confundir
tudo, estavam querendo, como
os pagãos, acalmar a divindade,
através de rituais e submissões a
detalhes de leis e prescrições. A
porta para a submissão aos detalhes da Lei era a circuncisão. Por
outro lado, a porta de entrada para
a religião da liberdade é o batismo.
A religião é fundamentada não na
Lei, mas na graça, no amor de Cristo. O batismo cristão é morte para
o pecado e ressurreição para uma
vida nova. Nós estamos mortos
pelo pecado, mas Deus nos concedeu a vida juntamente com Cristo.
O que Cristo fez por nós?
O texto de hoje quer mostrar exatamente isso. Jesus fez o
que a Lei não tinha capacidade
de fazer. A Lei apenas apontava
transgressões. Jesus, ao contrário,
perdoou as nossas faltas. Contra
nós havia um título de dívida. Jesus anulou esta dívida, ele pregou
este título na cruz, fazendo-o desaparecer. Tudo que devíamos a
Deus foi pago por Jesus Cristo e a
Lei que nos fazia endividar perdeu
o sentido. Vivemos agora não uma
religião de méritos, mas a gratuidade do amor de Deus em Cristo.
Entramos nessa novidade de vida
através do batismo.
EVANGELHO – Lc 11,1-13
Estamos sem dúvida diante de uma catequese sobre
a oração. Lucas quer ensinar a
oração ao povo convertido do paganismo que não estava habituado
a rezar ao Pai misericordioso. Ele
usa os ensinamentos de Jesus de
um modo adequado à sua comunidade, por isso sua catequese sobre
a oração é diferente da de Mateus.
Jesus não pretende nos ensinar
uma oração, mas sobretudo um
novo modo de rezar. Os mestres
daquele tempo (como João Batista) ensinavam seus discípulos
uma oração como síntese dos seus
ensinamentos. Jesus vai na mesma linha e mostra como síntese
da vida cristã um relacionamento
novo com o Pai e com os irmãos.
Primeiro, Jesus mostra o relacionamento com o Pai: “Pai santificado
seja o teu nome. Venha o teu Reino.” O nome expressa a identidade
da pessoa. Deus é para nós um
Deus de amor, um Deus que é Pai,
mais ainda, um Deus que é papai,
paizinho, Pai querido. Jesus nos
mostra um Deus íntimo de nós.
Ele é santo e quer ser o Pai de uma
família unida, fraterna e solidária. É
neste Reino que Deus quer reinar.
Em seguida, Jesus mostra como
deve ser o relacionamento entre
os filhos. “Dá-nos a cada dia o pão
de amanhã”. Este pão de amanhã é
aquele dom de Deus que preenche
a vida do homem em todos os
sentidos. A cada dia, quer salientar
que os bens da criação pertencem
a todos. Devemos ter confiança
que este pão não vai faltar na mesa
de ninguém, se soubermos partilhar a vida abundante que Deus
deu para todos. O perdão que
Deus nos dá está condicionado, de
um modo muito claro, ao perdão
que damos aos outros. O último
pedido: “Não nos deixeis cair em
tentação”. É muito mais sério do
que parece. No fundo, significa:
não nos deixeis perder a fé. Essa é
a grande e perigosa tentação para
a comunidade cristã, que vive num
mundo pagão e estruturalmente
injusto, mais voltado para os ídolos
e caricaturas de Deus do que para
o verdadeiro Deus.
Os vv. 5-13 querem fundamentar a confiança na oração.
A confiança deve ser total. A gente
deve rezar com a certeza de ser
atendido e insistir sem achar que
está amolando. Nem um amigo
entre nós nega o que pedimos.
Ainda temos uma novidade, o Pai
do céu nos dá muito mais do que
pedimos, ele nos dá o dom total, o
Espírito Santo.
18º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 31/7/2016
Dia 1º/8: Jr 28,1-17; Mt 14,13-21
Dia 2: Jr 30,1-2.12-15.18-22; Mt 14,22-36
Dia 3: Jr 31,1-7; Mt 15,21-38
Dia 4: Jr 31,31-34; Mt 16,13-23
Dia 5: Na 2,1.3;3,1-3.6.7; Mt 16,24-28
Dia 6: Dn 7,9-10.13-14; Lc 9,28b-36
1ª LEITURA – Ecl 1,2;2,21-23
1,2 - Tudo é vaidade
“Vaidade das vaidades,
tudo é vaidade”. Esta frase já
é conhecida e parece estranha,
pessimista. Na verdade o livro do
Eclesiastes ou Qohélet caminha
nesta linha aparentemente pessimista. Estudando, porém o con-
texto histórico da Palestina do séc.
III, tempo do autor, a gente vai
entendendo melhor. Na verdade,
a Palestina vivia dominada e explorada pelo império grego e o
Diretrizes 896 | Maio de 2016
33
povo era obrigado a pagar pesados impostos. Quer dizer, o povo
usufruía pouco do fruto do seu
trabalho. O autor faz uma análise
crítica e realista desta situação
opressora que parece destruir o
futuro do povo. A vida do povo, na
realidade, estava insuportável, por
isso o autor acha que tudo é “vaidade”. Aliás, esta palavra “vaidade”
não traduz tudo o que o termo
hebraico “hebel” pode significar.
Significa vaidade, fugacidade, ilusão, mais precisamente, sopro,
hálito, fumaça. Quando ele diz que
tudo é “hebel” ele quer dizer que
tudo é como uma bolha de sabão.
É bonita, reluzente, mas não dura
nada, não serve para nada. Assim
é a vida do povo, quando é explorado na sua força de trabalho. O
v. 1 diz que tudo é vaidade (“hebel”). O v. 2 questiona a validade
e o benefício do trabalho humano.
Estes dois versículos iniciais sintetizam todo o livro. E se o povo vive
trabalhando e não pode usufruir
do fruto do seu trabalho, que valor,
que consistência, que proveito tem
seu trabalho? A única conclusão é
que tudo é frágil, tudo é passageiro como uma bolha de sabão.
2,21-23 – Um trabalho decepcionante
A palavra “hebel” que comparamos com uma bolha de sabão
aparece 37 vezes neste livro. Só no
nosso texto de hoje aparece cinco
vezes. Revela a decepção do autor diante de um trabalho humano
que não é valorizado, mas explorado pelo sistema. “Há quem pense
que o muito trabalho poderá assegurar felicidade e realização.
Porém, de que vale fatigar-se para
acumular coisas que a própria pessoa não conseguirá desfrutar?” (v.
21). O autor acha que isso é “hebel” e, até mesmo, um grande mal,
pois no fim é outro que vai curtir
o fruto do seu trabalho através
da exploração, opressão e roubo.
Na verdade um trabalhador que
34 Diretrizes 896
| Maio de 2016
se vê assim explorado vai perder
o gosto pelo trabalho, sentir seus
dias dolorosos, sua tarefa penosa e
perder o sono da noite (vv. 22-23).
Por isso o autor acha que tudo é
“hebel”. Mas, diante desta análise
realista de uma vida explorada, o
autor nos deixa uma mensagem: a
felicidade neste mundo é poder
usufruir plenamente dos frutos do
trabalho, pois esse é o dom que
Deus dá para todos (cf. vv. 24ss). O
Novo Testamento dá um passo em
frente não colocando a felicidade
do homem neste mundo. Convida-nos à partilha e a sermos ricos
para Deus (cf. Evangelho).
2ª LEITURA – Cl 3,1-5.9-11
O autor da carta aos Colossenses procura combater doutrinas estranhas que apareceram na
comunidade. Assim ele desenvolve
uma parte doutrinal (1,15-3,11) e
faz umas exortações morais (3,124,18).
O forte da doutrina, além do hino
cristológico em 1,15-20, está no
capítulo segundo, nos versículos
2-3 e 9-12 e também nos primeiros versículos do texto de hoje (Cl
3,1-4).
O nosso texto conclui a parte
doutrinal e já vai antecipando a
parte exortativa.
3,1-4 – Conclusão da parte
doutrinal
O autor considera o cristão
como um homem já ressuscitado.
Todo aquele que foi batizado recebe a ressurreição de Cristo, que
consiste em ser sepultado com ele
no batismo e em ressuscitar com
ele pela fé no poder de Deus, que
o ressuscitou da morte (cf. 2,12).
Assim pelo batismo já fomos ressuscitados com Cristo. E Cristo
ressuscitado está onde? No céu,
“sentado à direita de Deus” (cf. Sl
110,1 (109)). O cristão é aquele que
já morreu (v. 3) para os elementos
do mundo (cf. 2,20). Então, neste
mundo, ele deve aspirar, desejar e
procurar as coisas do alto, não as
da terra (v. 1). As coisas do alto são
todas as coisas que se relacionam
com Cristo e seu evangelho. As
coisas da terra são os pecados e os
vícios. Cristo é a cabeça da Igreja,
que é seu corpo. Enquanto o corpo
de Cristo, os cristãos ainda lutam
neste mundo pela justiça, pela paz,
contra os vícios, contra o pecado;
a cabeça (o Cristo) já está no céu.
Assim a vida do cristão está escondida em Cristo com Deus (v. 3).
Quando é que a vida do cristão vai
aparecer? A vida do cristão é Cristo. É só quando Cristo se manifestar na parusia que a vida do cristão
vai aparecer junto com Cristo na
glória (v. 4). Nós somos, na terra,
como a semente, já temos tudo,
mas só nos será revelada toda a
beleza da novidade cristã, com
toda a riqueza da ressurreição e da
glória, quando do encontro com
Cristo, quando Cristo se manifestar
totalmente em nós e no mundo.
3,5.9-11 – Antecipação das exortações morais
Diante de tudo o que foi
dito o autor começa a tirar as conclusões para a prática da vida cristã. O cristão é um homem novo,
enquanto ele vive com Cristo, ou
deixa Cristo viver nele: “já não sou
eu que vivo, mas é Cristo que vive
em mim” (Gl 2,20). Quando fomos batizados, morreu em nós o
homem velho com seus membros
terrenos. Membros terrenos são
os vícios e tudo o que pertence à
terra: fornicação, impureza, paixão,
concupiscência e avareza, que é
uma espécie de idolatria (v. 5). O
v. 8 continua a enumeração dos
vícios, que o homem novo deve
abandonar: ira, raiva, maldade,
maledicência e palavras obscenas.
O v. 9 salienta a mentira. Os vv. 9
e 10 apresentam o contraste entre o que éramos: homem velho,
a velha humanidade corrompida
pelos vícios e pecados, e o que a-
gora somos: homens novos, a nova
humanidade, como que saída de
novo das mãos de Deus “criada a
sua imagem e semelhança”. O batismo é isso: uma nova criação; um
novo nascimento. É por isso que
no v. 11 não se admitem distinções
antigas de raça, religião, cultura ou
classe social: “todos são iguais e
participam igualmente da vida de
Cristo”
EVANGELHO – Lc 12, 13-21
Numa primeira leitura do
texto de hoje percebemos uma
correlação entre herança e ganância. Acredito que nem toda herança gera ganância, pois herança é
um direito dos filhos, com a morte
dos pais, inclusive assegura a continuidade da família. Talvez tenha
razão aquele homem ao reclamar
o que lhe é devido (cf. Gn 21,10; Jz
11,2). Ganância, entretanto, já é um
esforço indevido ou desmedido de
acumular, um desejo desenfreado
de aumentar os bens, de ter em
abundância. É o caso do irmão que
não queria repartir a herança. Se
os irmãos são desleais, desonestos e injustos a herança pode gerar
ganância e mais ainda pode gerar
briga e até mesmo morte.
Jesus não quer ser árbitro
da partilha de bens entre irmãos (v.
14). No v. 15 Jesus deixa entrever
que, realmente, o pedido do v. 14:
“Mestre, dize a meu irmão que
reparta comigo a herança”, supõe
um caso de ganância, de egoísmo,
de apropriação indevida dos bens
do pai por parte de um irmão em
detrimento do outro. De fato no v.
15 Jesus fala de ganância, de cupidez, de abundância e aproveita
para exortar a uma precaução
cuidadosa sobre os bens materiais, pois isso não assegura a vida
do homem. Além disso, Jesus explica sua posição através de uma
parábola sobre o fim inesperado
de um rico ganancioso e egoísta
que só pensava em acumular para
si. O v. 21 vai arrematar tudo dizendo que quem ajunta tesouros
para si e não é rico para Deus tem
a trágica sorte desse rico ganancioso e seus bens ficam para outrem.
O que está por trás do
texto? Uma idéia do que está por
trás do texto ajuda a entender a
posição de Jesus. No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade, ou dois modelos econômicos. O do campo e o da cidade.
O do campo se fundamentava na
partilha, através da solidariedade,
da troca de produtos, etc. Isso
impedia que os endividados caíssem na desgraça e que tivessem
que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos.
O modelo econômico da cidade,
ao contrário, é fundamentado na
ganância, no acúmulo, na lei do
mais forte. Isso, naturalmente, é
fonte de exclusão e marginalidade.
Isso gera mendicância, violência,
roubo, etc. Sem dúvida, o texto
de hoje reflete uma situação do
modelo econômico da cidade e
não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha.
Jesus toma posição em favor da
partilha, não da cobiça, mas sem
se colocar como árbitro entre os
contundentes.
A posição de Jesus
A posição de Jesus está
clara na sua exortação (v. 15) e
na parábola que contou (vv. 1621). Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a
vida de ninguém. A parábola é um
monólogo de um homem rico,
ganancioso e egoísta, cujo ideal
de vida é apenas comer, beber e
desfrutar (v. 19; cf. Ecl 2,24; 3,13;
8,15). Este homem não pensa nos
seus empregados, não pensa nos
pobres; é profundamente ganancioso e egoísta, chamando-o de
insensato, e afirmando sua morte
naquela mesma noite. Isso signifi-
ca que acumular bens não garante
a vida. O importante é ser rico para
Deus, através da justiça, da partilha
e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do
pobre empresta a Deus” (Pr 19,17;
Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Dê esmola daquilo
que você tem nos celeiros, e ela o
livrará de qualquer desgraça”.
[ O importante
é ser rico para
Deus, através
da justiça,
da partilha e
solidariedade
para com
o próximo,
pois “quem
se compadece do pobre
empresta a
Deus” ]
Diretrizes 896 | Maio de 2016
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CALENDÁRIOS - Maio de 2016
[ Calendário do Presbitério ]
[ Datas ]
01: Aniv. nat. Pe. José Geraldo de Gouvêa (1969): Diretor de Estudos, Diretor espiritual da filosofia e Professor no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário e
vigário paroquial de São Judas Tadeu (Limoeiro), Caratinga; e aniv. fal. Pe. José Marti, CMF (1951): Carangola.
02: Aniv. fal. Pe. David Sarto, SSS (1993): Santuário da
Adoração.
03: Aniv. ord. Pe. Geraldo Luís Boletini (1998).
05: Aniv. ord. Pe. Ademilson Tadeu Quirino (2002): atualmente fazendo mestrado de Liturgia, em São Paulo.
E aniv. nat. Frei Francinaldo Lustosa Magalhães, OCD
(1982), Pároco do Carmo; e de Pe. Armindo Magalhães
Duque SSS (1940).
06: Aniv. fal. Pe. José Geraldo das Mercês (1985): Caratinga.
08: Aniv. nat. Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN (1967),
Superior Geral da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, Manhumirim; e de Frei Edinaldo da Silva OCD (1976); e aniv. fal. Pe. José Batista de
Lima, SDN (1994): Manhumirim.
09: Aniv. nat. Pe. Vitório Felice Baggi, SSS (1940); e aniv.
fal. Mons. João Rodrigues de Oliveira (1951): 6º pároco
da Catedral.
12: Aniv. nat. Pe. Adair José de Freitas (1976): pároco de
Vilanova.
13: Aniv. ord. Pe. José Estevam de Paiva SDN (1973).
14: Aniv. nat. Pe. José Raimundo da Costa SDN (1958),
Bom Despacho, MG.
17: Aniv. nat. Frei Odair Madeiro, OCD (1982); e de Ir.
Denílson Mariano da Silva, SDN (1968): Redator de O
Lutador, BH; e aniv. fal. Pe. Joaquim Coelho (1960): Catedral.
20: Aniv. fal. Frei Inácio de Verona, OCD (1961): Carmo.
21: Aniv. fal. Pe. Gustavo Botti (1906): Imbé de Minas.
22: Aniv. fal. Pe. Maximiano João da Cruz (1905): 1º
Pároco de São João Batista (Catedral), Caratinga; e de
Pe. Francisco Chaves de Carvalho (1983): Sacramento.
25: Aniv. ord. Pe. Elias Garcia de Moraes (2014), pároco
de Vermelho Novo; e aniv. nat. Pe. Carlos Roberto Altoé
SDN (1960).
27: Aniv. nat. Pe. Luiz Paulo Fagundes, SDN (1968), Manhumirim.
28: Aniv. nat. Pe. Sebastião Braz da Silveira SDN (1936),
Belo Horizonte.
29: Aniv. nat. Pe. Ely da Terra Cristo (1975), pároco de
Santa Bárbara do Leste; aniv. fal. Côn. Carlos Greiner
(1981): Imbé de Minas; e de Pe. João Geraldo Rodrigues
(1989): Iapu.
30: Aniv. nat. Pe. José Carlos Timóteo (1971).
31: Aniv. fal. Pe. Cândido Alves Pinto de Cerqueira
(1892): Carangola.
01: Dia Mundial do Trabalho
02: Dia Nacional do Ex-combatente; Dia do Taquígrafo
03: Dia do Sertanejo
05: Dia da Comunidade; Dia Nacional do Expedicionário;
Dia do Pintor
06: Dia do Cartógrafo
07: Dia do Oftalmologista; Dia do Silêncio
08: Dia da Vitória; Dia do Artista Plástico; Dia Internacional da Cruz Vermelha
10: Dia do Campo
11: Dia da Integração do Telégrafo no Brasil
12: Dia Mundial do Enfermeiro
13: Dia da Abolição da Escravatura; Dia da Fraternidade
Brasileira; Dia do Automóvel
15: Dia do Assistente Social; Dia do Gerente Bancário
16: Dia do Gari
17: Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações
18: Dia dos Vidreiros; Dia Internacional dos Museus
19: Dia dos Acadêmicos de Direito
20: Dia do Comissário de Menores
21: Dia da Língua Nacional
22: Dia do Apicultor
23: Dia da Juventude Constitucionalista
24: Dia da Infantaria; Dia do Café; Dia do Datilografo;
Dia do Detento; Dia do Telegrafista; Dia do Vestibulando
25: Dia da Indústria; Dia do Massagista; Dia do Trabalhador Rural
29: Dia do Estatístico; Dia do Geógrafo
30: Dia do Geólogo; Dia das Bandeiras
31: Dia do Comissário de Bordo; Dia Mundial das Comunicações Sociais
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[ CALENDÁRIO PASTORAL ]
01: Aniversário da criação das paróquias: Senhor Bom
Jesus, Caratinga (1994); São Domingos de Gusmão,
Ubaporanga (1961).
06-14: Novena do Espírito Santo.
08: Ascensão do Senhor. – Dia das Mães. Dia Mundial
das Comunicações Sociais
15: Pentecostes.
16: Aniversário de criação da paróquia São Francisco de
Assis, São Francisco do Glória (1855).
18: Encontro do Clero, em Manhuaçu.
18: Aniversário da criação das paróquias: Nossa Senhora
da Conceição, Vermelho Novo (1888); Coração Eucarístico de Jesus (Santuário), Caratinga (1961).
21: Aniversário da criação da paróquia Nossa Senhora
da Conceição, Tombos (1852).
26: Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
31: Aniversário da criação da paróquia Jesus, Bom Pastor; Manhuaçu (1992).
20-22: No MOBON, curso Pré Boa Nova.
Não deixe
sua ideia
entrar em
extinção.
Durante séculos, o leopardo das neves, originário da Ásia Central, tem sido alvo de mistério e
folclore. Por exemplo, as pessoas dos vilarejos da Ásia Central acreditam que os leopardos das neves não
comem a carne das suas presas, alimentando-se apenas do seu sangue (esta crendice é explicada pelos
pequenos orifícios deixados pelos caninos dos leopardos, quando eles sufocam suas vítimas e pelos exemplos do abandono da presa antes da alimentação, quando os animais são molestados pelos nativos).
Os leopardos das neves estão distribuídos esparsamente e descontinuamente pelas montanhas
da Ásia Central (conhecida como “O telhado do Mundo”), com uma população de tamanho desconhecido. Habitam zonas alpinas e sub-alpinas, são encontrados em áreas acima de 3000m do nível do mar.
Durante o verão, podem ser encontrados em altitudes superiores a 5000m. Geralmente estão associados
com ambientes áridos e semi-áridos.
Pça. Cesário Alvim, 132
Centro - Caratinga / MG
Tel: (33)3321-9558
E-mail: [email protected]
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