JC Relations - Jewish
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Jewish-Christian Relations Insights and Issues in the ongoing Jewish-Christian Dialogue Ucko, Hans | 01.11.2005 Tensões em Relações Judaicas-Cristãs Apresentações de Oficina na Conferência do ICCJ em Chicago, 24-27 de julho de 2005 Hans Ucko Abordar um tópico como a tensão nas relações judaicas-cristãs é problemática e difícil. Tratando de um tópico tal, o apresentador pode facilmente ser mal-construído ou mal-entendido e qualquer um que o abordar pode ser percebido como rompedor e confrontador e como alguém que ataca a contraparte. É por isso que, com certo sentimento de incômodo, aceitei compartilhar com vós algumas das minhas reflexões sobre o tópico escolhido para a oficina: tensões nas relações judaicascristãs, embora me perguntasse a mim mesmo se estamos bastante maduros para manejar o tópico. Não vamos chegar a sermos somente defensivos? Há bastante confiança entre nós para lidar com tensões nas relações judaicas-cristãs? O tópico é carregado com o potencial de emoções que se extraviam para alto, que nos abrimos para acusações mútuas e até condenações, etc. A gente deveria falar ainda sobre tensões, considerando que a amizade entre judeus e cristãos tem apenas cinqüenta anos? É uma amizade, a qual deve ter sido tão difícil a construir, dada a história de tanto sofrimento, de tanto medo, de tanta arrogância e de tanta intimidação. Pelos últimos cinqüenta anos, judeus e cristãos ganharam tanto, fizemos progresso enorme. O rábi Jim Rudin chamou o relacionamento positivo entre judeus e cristãos um milagre do século 20. Deveríamos pôr em perigo tudo isso agora, toda essa amizade novamente encontrada, a qual era tão difícil para chegar? Mas ao mesmo tempo, não é que, em outros contextos, declaramos muitas vezes que amigos devam ser capazes de serem honestos uns com os outros? E é que somente em franqueza e sinceridade, que amizade pode crescer. Isso se aplica também aqui? Como judeus e cristãos envolvidos no diálogo, não queremos algo mais que delicadezas, algo mais que chá e simpatia. Queremos mais que só carregar rótulos ou aceitar as categorias de sermos judeus e cristãos. Podemo-nos dirigir um ao outro num modo que for não-ameaçador? No início desta oficina, deixai-me deixar claro que as reflexões seguintes são justamente isso, reflexões que de modo algum carregam um peso oficial. Esta não é declaração oficial pelo Conselho Mundial de Igrejas (WCC = World Council of Churches). Estou falando como alguém que, depois de algumas décadas de envolvimento no diálogo judaico-cristão tanto de dentro quanto de fora do contexto do WCC, tivera algumas experiências, as quais agora nesta oficina queria compartilhar com vós. Coisas que notei, coisas que ouvi, coisas que penso das quais precisamos para discutir para fazer as relações judaicas-cristãs mais transparentes, mais sinceras, menos de posar ou representar para galerias. Gostaria que as relações judaicas-cristãs sejam um relacionamento de judeus e cristãos, cada um cometido às suas tradições religiosas e comunidade, agradáveis para Deus por os ter juntado para descobrir um o outro e as possibilidades de agir juntos para o melhoramento do mundo em que habitamos. O conflito israeli-palestinense e a carga de anti-semitismo O assunto do conflito israeli-palestinense e a sua relação ao anti-semitismo ou acusação de antisemitismo representam hoje uma tensão entre judeus e cristãos. Há percepções em ambas as comunidades, as quais, se não as abordarmos, nos deixarão desviados ou alienados uns dos outros. 1/6 Abordando-o, e precisamos fazer isso, mesmo se ferir, precisamos garantir, desde o início, que recusamos estar separados uns dos outros. Vivíamos sob a ilusão de que pudéssemos excluir a política do diálogo. Temos, e não só no Conselho Internacional de Cristãos e Judeus (ICCJ = International Council of Christians e Jews), dito muitas vezes que não nos ocuparíamos com política no diálogo judaico-cristão. Isso é e era sempre uma ilusão. Ficando calados sobre assuntos políticos não é de jeito algum ser apolítico. A política está presente também no nosso silêncio. A presença de política, no nosso mundo polarizado, chegou a ser ainda mais óbvia, também no diálogo inter-religioso. Precisamos reconhecer essa realidade. Harvey Cox diz: “Nós como pensadores religiosos precisamos parar com simplesmente apresentar como linda esta época de ecumenismo, diálogo entre fés e sentimentos vagos entre sacerdotes, imãs e rábis. Precisamos fazer um passo em direção à sinceridade. Na resposta a uma inteligentsia secularizada, pelo menos no ocidente, temos tentado no duro para pôr uma face positiva à religião, enquanto a verdade é que todas as religiões têm o seu demoníaco no lado debaixo. Citamos Isaias, não Joel. Falamos sobre o rábi Abraham Joshua Heschel, não sobre o rábi Meir Kahane. Favorecemos São Francisco e as suas aves, não Torquemada e as suas torturas. Ai, no entanto, todos eles fazem parte da nossa história.1 Enquanto Cox fala retamente da religião como sendo tão ambígua como qualquer coisa é, o assunto perante de nós agora é que não podemos manter o nosso diálogo numa “câmara separada” isolada da política. O diálogo judaico-cristão faz parte do conflito israelipalestinense, queiramos ou não queiramos. Mesmo se não dissermos nada sobre o conflito, o nosso silêncio falará volumes. Precisamos reconhecer as complexidades nas quais fazemos o diálogo inter-religioso. A questão de política faz papel no assunto de anti-semitismo. Vigilância é precisa, porque o anti-semitismo está ainda por aí. É hoje mais que nunca usando a situação no Médio Oriente como trampolim. O que é preciso na luta contra o anti-semitismo é, no entanto, não só focalizar no anti-semitismo em si e o ver somente com os óculos das experiências de anti-semitismo no século 19, ou nos dias do Terceiro Reich. Se fizermos isso, iremos errados nas nossas tentativas de o abordar. O que hoje em grande extensão favorece o anti-semitismo (não obstante que as formas antigas de anti-semitismo são tanto latentes como óbvias) é, gostemos ou não gostemos, como as pessoas percebem as políticas do Estado de Israel em relação ao povo palestinense. Enquanto é verdade que bombardeamentos suicidas terrorizam Israel, a construção de muro ou cerca de segurança, os assentamentos, a punição coletiva, os pontos de controle, a própria ocupação protraída criam frustração e oposição intensa entre os palestinenses, e muitas pessoas pelo mundo simpatizam com esse povo ocupado. A frustração vai além da locação geográfica do conflito. A raiva escolha judeus na Alemanha ou na França, que estão sendo acusados pelo que se está passando em Isreal/Palestina. Está sendo alimentado pelo incitamento na mídia no Médio Oriente para amalgamar os judeus e Israel. E encontra ressonância na frustração e impotência de pessoas em face dessa ocupação protraída, transbordando em ataque a sinagogas e cemitérios judaicos na Europa. Podemos simpatizar com a frustração, não podemos, naturalmente, desculpar anti-semitismo. Quando o abordamos devemos, porém, não só gritar contra anti-semitismo, mas ver a nossa resposta a ele em relação ao problema israeli-palestinense. O problema é que pessoas envolvidas no diálogo judaico-cristão tentam em modos diferentes evitar confrontar o assunto espinhoso da ocupação. Mas os participantes cristãos no diálogo judaico-cristão não podem correr fora do conflito israeli-palestinense. O seu silêncio será interpretado como um apoio vocal das posições de Israel no conflito. Os cristãos envolvidos no diálogo podem até ser percebidos como apoiando muito mais do que realmente ao que possam dar o seu endosso, poderiam, se me permitis o exagero, em alguns casos até ser tidos como responsáveis pela ocupação em andamento. Lembro-me quantas declarações cristãs, usualmente de Igrejas Evangelicais dos EUA, louvando Israel como o país próprio de Deus, e pessoas foram consideradas por cristãos do Médio Oriente como aumentando o peso palestinense de ocupação. “Não só somos ocupados por Israel e sofrendo a sua dureza”, disseram, “Estamos também para ouvir que essa ocupação é vontade de Deus, sancionada por Deus”. Embora a gente não deva necessariamente 2/6 igualar cristãos evangelicais com cristãos envolvidos no diálogo judaico-cristão, estes estão sendo muitas vezes vistos de estarem na mesma companhia ou multidão, apoiadores acríticos de Israel no conflito. Está errado, mas mostra algo do clima em que hoje estamos vivendo. E então temos o outro lado, dito de ser os porta-vozes para paz e justiça, como os cristãos envolvidos no diálogo judaico-cristãos não estivessem atentos de jeito algum desses valores. Aqueles que, por boas razões, querem expressar a sua solidariedade com a situação palestinense, o poderiam achar difícil ser envolvidos no diálogo judaico-cristão, o qual percebem estar “no outro lado”, naquele que apóia a política israeli. Essa percepção os poderia cegar do ver e ser sensitivos para os grandes passos exemplares que têm sido alcançados no diálogo judaico-cristão. Em vez, uma teologia tradicional de supersessão ou substituição poderia chegar à mão, tentando a se pronunciar contra Israel, o ensino de desdém pode ser um instrumento muito útil ao denunciar Israel, e motos anti-semíticos podem ajudar. A citação ‘um olho por um olho’ está sendo tomada como evidência de que os judeus são vingativos e não perdoam. Essa polarização põe as pessoas em dilemas, os quais a história seguinte possa ilustrar. Houve numa sessão dos nossos corpos governantes na discussão do WCC sobre como o WCC devesse abordar a construção do muro de segurança em Israel/Palestina. Alguns disseram: “Não me sinto confortável dizendo coisa alguma.” No minuto em que disser algo, serei tabelado um como anti-semita em casa.” Há um problema, quando alguém estiver alinhando qualquer crítica a Israel com crítica ao Judaísmo, quando alguém o faz impossível de articular crítica de Israel sem a acusação concomitante de anti-semitismo. Pessoas sérias e bem intencionadas têm receio de algo contra Israel, porque crítica a Israel parece ser entendida somente como um terno novo de vestido, uma forma mais aceitável ou moderna de expressão de anti-semitismo.2 A crítica ao Israel político é necessariamente um subterfúgio para a crítica ao Judaísmo? Não é. O próprio fato de que o WCC, em 1992 se sentiu obrigado a fazer a declaração sobre a percepção de que a crítica a Israel possa ser erroneamente interpretada é indicativa das sensibilidades envolvidas. Disse: “… assumimos que a crítica a políticas do governo de Israel não é anti-judaica por si mesma. Pois a procura de justiça invariavelmente envolve crítica a estados e movimentos políticos, o que não implica denegração de pessoas e muito menos de comunidades de fé. Expressões de referência considerando as ações de Israel não são declarações referentes ao povo judaico ou Judaísmo, mas fazem parte legítima do debate público.”3 Precisamos cuidar para não difundir o sentido real do anti-semitismo à despesa de clareza conceitual, desarmando-nos a nós mesmos na nossa luta contra o anti-semitismo. Não estou sozinho ao dizer que o termo “anti-semitismo” pode estar em perigo de chegar a ser menos significativo, quando as limites forem feitos para incluir territórios sempre crescentes. Alan Sussman, professor no Bard College, onde ensina lei constitucional e ética, diz sobre aqueles que, por vezes, facilmente demais promovem a acusação de anti-semitismo, que isso “permite ampliar a estrutura da acusação, a fim de perverter e manchar o argumento do acusado. Dado o poder óbvio do ser vítima pós-Holocausto, concede ao anti-semita a possibilidade de levantar a imagem in-aproximável e não respondível da extinção judaica num esforço para silenciar o que não podo exatamente qualificar como sentimento antijudaico.”4 Embora o documento referido tenha agora mais que 10 anos de idade, tem ainda a sua validade. O WCC recebeu, depois de ter emitido a “Minuta sobre medidas econômicas para paz em Israel/Palestina” muitas cartas de tanto judeus como assim chamados amigos de Israel cristãos, que pouparam no veneno e que estavam dispostas a categorizar o WCC como um dos fatores antisemíticos no mundo.5 Esta é uma entre muitas cartas, e não está entre as piores: “Como representantes duma fé que pelos últimos 2000 anos tem posto como uma das suas metas a humilhação e perseguição dos judeus (que levaram diretamente ao assassínio de muitos milhões de pessoas judaicas) pela única razão de que não quiseram praticar a sua religião própria, estou muito curioso onde encontrais o nervo de caracterizar qualquer coisa que Israel faz. Posso entender que, num nível pessoal não possais concordar com qualquer coisa feita por Israel, pensar reto leva inevitavelmente à conclusão de que as vossas energias inteiras não devam ser gastas pedindo 3/6 perdão daqueles que tendes injuriados. E, em vez de fazer citações seletivas dos Evangelhos, porque não citais aquelas seções que acusam os judeus de serem as crianças do diabo e o povo judaico como incapaz de perdão por todas as gerações? Se houver críticas a serem feitas, então sugiro que as deixeis a outros que estão menos manchados que vós. A crítica deve vir daqueles que têm direito moral de criticar. Não quero ou espero receber a sua resposta – só que penseis sobre isso.” Tais letras e outras reações que enfeitam o anti-semitismo não devem ser entendidas só como justamente atiradas de hipocondria por alguém. Penso que haja razão para discutir essa tensão particular pelas razões seguintes: 1. Há um risco de banalizar6 a realidade do anti-semitismo, usando-o num modo que esteja errado às vítimas do anti-semitismo? Parece-me que a própria meta de combater o antisemitismo está sendo conduzido de melhor modo evitando a aproximação broad-brush [escova larga], dando atenção a distinções. 2. Haverá problema, quando a acusação de anti-semitismo está sendo usada para silenciar pessoas, quando a acusação está sendo usada como arma? 3. Haverá outros motivos por trás, quando pessoas tentarem confundir encontrar falta com Israel com ódio aos judeus? 4. É que o diálogo judaico-cristão contenha condição integrada: apoio das posições israelis no conflito e possibilidades muito circunscritas para expressar críticas? Pode alguém ser crítico de políticas do Estado de Israel sem ariscar de ser chamado de anti-semita? Quando alguém cruza a linha? O dialogo judaico-cristão é rua de mão única? A segunda tensão é, possivelmente não realmente uma tensão, mas sim um sentimento de inquietação a respeito dos modos em que o diálogo judaico-cristão está encabeçando, algo que possa levar à fatiga no recrutamento de novos discípulos cristãos para o diálogo judaico-cristão. Pode ser que vejo tudo isso duma perspectiva européia e posso estar errado na minha interpretação, mas tenho a sensação de que o diálogo judaico-cristão na Europa não está facilmente conseguindo novos seguidores entre os cristãos. Estou disposto de enfrentar uma correção, e a situação possa ser completamente diferente nos EUA. O diálogo judaico-cristão vê, contudo, grupos se encolhendo em muitos países da Europa, onde majoritariamente pessoas mais idosas estão ativas. Pessoas jovens não parecem sendo atraídas. Posso estar errado. É só uma percepção. Alguns daqueles que estão envolvidos no diálogo judaico-cristão podem eles mesmos, quando o empurrão chega a se mostrar, expressar inquietação. Há tais que diriam que o diálogo judaicocristão, até aqui, tomou lugar, pela maior parte, na turfa judaica, que não era realmente um diálogo, mas sim um monólogo, onde os cristãos aprenderam sobre Judaísmo vivo. Recentemente, encontrei com um cientista suíço muito envolvido no diálogo judaico-cristão, o qual falou sobre o diálogo como “Etikettenschwindel” [mentira de etiqueta] e o diálogo judaico-cristão uma como estrada de mão única. Entendo completamente que, no começo do diálogo, havia necessidade de começar construir confiança, de começar a descoberta do outro. Pode ser que isso é somente para ser tomado em conta. A Igreja precisava descobrir o Judaísmo vivo, porque operara tanto tempo com o Judaísmo morto, o termo “Spät-Judentum” [Judaísmo Tardio] diz tudo isso. A conversão da Igreja de ter construído uma teologia por cima da morte do Judaísmo precisava muitos anos de escutar o Judaísmo vivo, aprendendo sobre festas e dias santos, quando se vivia com os conceitos errôneos de os judeus terem perdido o seu Templo e assim o seu modo de celebrar Deus, aprendendo sobre o prazer na Toráh, quando alguém por tanto tempo vivera com o preconceito errôneo de que os 4/6 judeus, sufocados sob o jugo da Lei, aprendendo sobre a afirmação judaica da vida, quando alguém por tanto tempo vivia com a noção de judeus tristemente tentando agradar a Deus por mesquinhos e assim ganhar a salvação, a qual, por outro lado, está sendo oferecida de graça àqueles que crêem em Cristo. O diálogo judaico-cristão tinha uma fase embutida de escutar, desaprender e aprender, pelo menos enquanto se referia à participação cristã. Desnecessário dizer que a necessidade cristã precisa continuar trabalhando numa educação, a qual ponha de lado o ensino de desdém. Temos a responsabilidade de comunicar os nossos achados a professores de teologia, seminários e catequistas. Não deveria haver espaço nenhum para ensino antijudaico de qualquer espécie no ensino cristão. Mas isso é tudo o que haja para dizer? O diálogo judaico-cristão era caracterizado de ser, em princípio, assimétrico, os cristãos precisariam, para o seu auto-entendimento, um diálogo com os judeus. Os judeus, pela mesma razão, não precisariam de diálogo com os cristãos. Judeus se engajariam no diálogo, ou assim se dizia, para efetuar um cometimento entre cristãos se levantarem contra o anti-semitismo, para reconsiderar a missão aos judeus e para entenderem a ligação entre os judeus e a Terra de Israel. Tudo disso está certamente legítimo, mas será que os judeus precisam do diálogo para o seu auto-entendimento? Depende, naturalmente, de como alguém entenda autoentendimento. É óbvio que haja diferença em como ambas as comunidades olham uma à outra. Há razões para ver o diálogo judaico-cristão como sendo mais necessário para cristãos que para judeus. É fato que declarações e documentos cristãos, confessionais e ecumênicas, são em vários modos articulando que “a aliança de Deus com o povo judaico continua, e que os cristãos têm de agradecer a Deus pelos tesouros espirituais que compartilham com o povo judaico”.7 Algumas dessas declarações encontraram ou estão encontrando o seu caminho nos preâmbulos da constituição de muitas Igrejas pela ecumena. Um exemplo é a Igreja Evangelical-Luterana de Elba Norte, a qual “testifica a fidelidade de Deus, que permanece fiel à aliança com o povo de Israel. Escutando a instrução de Deus e na esperança pelo cumprimento do regulamento de Deus, a Igreja está ligada com o povo de Israel.”8 O diálogo judaico-cristão tem aqui e lá contribuído à consideração judaica dos cristãos. Os cristãos, assim se dizia, não é só “um perseguidor do passado”, havendo, entre alguns judeus a percepção de que “o Judaísmo terá de encarar o significado de Jesus … investido com a missão ao mundo, para juntar Deus e a humanidade”.9 Mas tais reflexões são poucas. Embora reflexões judaicas sobre a Cristandade sejam menos freqüentes que o outro caminho em volta, a gente se poderia referir como ilustração à declaração e projeto Dabru Emet, o qual tenta encorajar “judeus a refletirem sobre o que o Judaísmo possa agora dizer sobre a Cristandade”.10 De uma perspectiva judaica, Dabru Emet afirma o relacionamento intrínseco entre judeus e cristãos, dizendo que judeus e cristãos veneram o mesmo Deus, ambos procuram autoridade do mesmo livro, aceitando os princípios morais da Toráh. Mas a Dabru Emet parece não ter ganhado muito apoio, embora um desenvolvimento tal seja quase um sine qua non [sem isso não vai], se o diálogo for para oxigenar ambas as comunidades. Não há necessidade de reciprocidade imediata. Não há reciprocidade em qualquer relacionamento real. Mas não pode ser que um seja percebido para ser o doador permanente e o outro o recebedor permanente. O tempo para escutar e aprender do Judaísmo numa mão única deve ser somente uma fase e não condição permanente. Deve ser uma fase para os que vêm novos ao encontro com o Judaísmo vivo, mas as suas necessidades de ser possibilidade para continuar andar junto para descobrir vistas novas. De outra maneira, haverá risco que o próprio diálogo chegue a ser anêmico. A conversão como assunto não pode não mais ser evitada. Conversão é um assunto que não pode ser evitado por mais tempo. O meu assunto final, que penso que seja ainda um ponto de tensão, é a questão de conversão. É um assunto que é quase tabu no diálogo judaico-cristão. O único modo em que está presente é no modo 5/6 de que cristãos e judeus parecem ter concordado que de deva ser repudiado. A conversão está sendo considerada um perigo, sendo o converso considerado como persona non grata. A razão para isso está profundamente enraizada na história. Judeus sofriam de batismo forçado, missionar organizadamente, e a conversão se cruza inteiramente em conceitos teológicos derrogatórios. E os judeus são minoria, e a conversão esvazia o povo. Não é para estranhar, então, que os judeus prefeririam um judeu ateu a um judeu convertido à Cristandade, e que a conversão não está na mesa do diálogo. E ainda, não teremos ir além dessa marcha de água? Não teremos de abordar o assunto? O fato de que não o mencionamos e estamos embaraçados se houver conversos no diálogo mostra que é uma tensão que precisa ser abordada. Não estou argüindo para “judeus para Jesus” ou para “missão aos judeus” ou qualquer alvejar de judeus como objetos para conversão. Considero qualquer empreendimento tal como arrogante e não digno de como a Igreja se deva comportar em relação a outros, inclusive judeus. Mas estou curioso para saber porque não precisemos, nas nossas relações judaicas-cristãs, abordar também essa tensão? Penso que seria importante reconhecer que, embora o diálogo tenha a integridade própria, não estando focalizado em conversão, acontece, por causa do diálogo, que judeus cheguem a serem cristãos e cristãos cheguem a serem judeus. Não era a intenção do diálogo, mas aconteceu. As relações judaicas-cristãs não são bastante fortes que estariam capazes de lidar também com esse direito humano de que pessoas de fato mudassem de religião? E a definição do converso deve necessariamente ser uma do renegado ou do traidor? É isso a única coisa que possa ser dito? Penso que é um estereótipo. Devemos tentar fazer balanço de como muitos judeus, conversos à Cristandade, não foram realmente aqueles que realizaram a conversão da Igreja em relação ao povo judaico. Neste ano de celebração de Nostra Aetate, onde estaria esse documento se fosse por pessoas como John Oesterreicher, Bruno Hussar, Gregori Baum, etc. Não é que o cardeal Lustiger, em muitos modos, assistia os bispos franceses na sua obra sobre mudar os ensinamentos de Igreja em relação ao povo judaico? É difícil abordar o assunto de conversão. Parece desafiar o próprio coração da religião que o converso deixa. Mas será que conversão sugira a priori que aceitando uma religião rejeitar outra religião? Precisamos discutir isso no diálogo judaico-cristão e, de fato, em qualquer diálogo interreligioso. Indiquei brevemente algumas das tensões que penso que precisem ser abordadas, a fim de fazer o relacionamento judaico-cristão menos temível e mais idôneo e seguro. Notas: No fim do texto inglês. Texto inglês Tradução: Pedro von Werden SJ – Rua Padre Remeter, 108 – Bairro Baú - 78008-150 Cuiabá-MT – BRASIL – [email protected]. 6/6 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
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