adoção - Espiritismo - Razão e Sentimentos

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adoção - Espiritismo - Razão e Sentimentos
ADOÇÃO
"Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes
podem ser mais irmãos pelo espírito do que se o fossem pelo
sangue" E.S.E, cap XIV, item 8.
Adoção, no Direito Civil, é o ato jurídico no qual um indivíduo é permanentemente
assumido como filho por uma pessoa ou por um casal que não são os pais biológicos do adotado.
O Planejamento
Segundo a Doutrina Espírita, o planejamento para novas reencarnações é realizado na
erraticidade (intervalo entre as encarnação para os espíritos que ainda precisam reencarnar) tempo
em que nos preparamos para a próxima existência como encarnados quando fica previsto quem
serão nossos familiares: Nossos pais, cônjuges, filhos, irmãos, avós, dentre outros e quais provas
devemos realizar ou quais expiações passaremos na nova existência.
No entanto, planos são planos, temos livre arbítrio para alterá-los e mudar seus rumos
esforçando-se para melhorar e adquirirmos bônus para novas existências. Pode também faltar
ânimo, coragem, persistência e fé para a execução das tarefas e acabamos por desistir e fracassar,
aumentando nossos débitos futuros.
O Despertar do Desejo de Constituir Família e de Ter Filhos
Se fizermos uma breve análise das nossas lembranças, desde a mais tenra idade, no
alvorecer do despertar da consciência da nova existência, vamos perceber que já pensávamos em
casamento e filhos, inclusive em sentimentos de adoção. Esses pensamentos e desejos vão se
acentuando, na pré-adolescência, na adolescência, na juventude ou na fase adulta. Chega então o
momento de constituir família, seja pelo casamento, pela união estável, pela união homoafetiva ou
pela concepção ou adoção de filhos. Assim a nova família pode ser constituída pelo casal, pelo casal
e os filhos ou um pai ou uma mãe e filho(s).
Esses desejos estão em conformidade com o disposto no capitulo IV, item 18, do Evangelho
segundo o espiritismo, que dispõe:
"Os Espíritos formam, no espaço, grupos ou famílias,
unidos pela afeição, pela simpatia e a semelhança de
inclinações. (...) Muitas vezes eles seguem juntos na
encarnação, reunindo-se numa mesma família ou num mesmo
círculo, e trabalham juntos para o seu progresso comum."
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Já na questão 205 de o Livro dos Espíritos, encontramos a seguinte colocação:
"(...) Baseando-se o parentesco em afeições anteriores, os
laços que unem os membros de uma mesma família são menos
precários. A reencarnação amplia os deveres da fraternidade,
pois no vosso vizinho ou no vosso criado pode encontrar-se um
Espírito que foi do vosso sangue.", pois o corpo procede do
corpo, mas o espírito não procede do espírito e entre os
descendentes das raças nada mais existe do que a
consanguinidade.
Momentos da Adoção e a Chegada dos Filhos
Passadas as fases de preparação para a nova existência, a infância e a juventude, na
maioria dos casos, surge o momento do casamento e, depois de passados os períodos de
conhecimento e de adaptação à nova vida a dois, ressurge o desejo de ter filhos.
É nesse momento que, em certos casos, o casal percebe que a gravidez não acontece e
então procuram ajuda médica, realizam-se exames e descobrem que por algum problema no
sistema reprodutor de um ou de ambos, não podem conceber filhos.
Em muitos casos, as pessoas não aceitam, de imediato, a situação apresentada e procuram
por todos os meios possíveis na medicina, tratamentos, inseminações, barrigas de aluguel, dentre
outras formas, a concepção do filho de sangue ou genético: Por vezes conseguem, por outras não e,
por fim, procuram a via da adoção. Mas há casos em que, nessas situações, o casal opta pela via da
adoção logo de imediato. E também há muitos casos em que, mesmo sendo capazes de conceber os
filhos de sangue, as pessoas optam pela via da adoção, inclusive já possuindo outros filhos de
sangue ou filhos adotivos.
Por vezes o desejo de ser pai ou mãe é mais acentuado em um dos membros do casal, que
acaba por convencer o outro a aceitar a adoção.
Após a decisão da adoção, inicia-se o período de preparação para a vinda do novo
integrante com a procura da criança, a espera e a escolha do filho no processo de adoção. Essa fase
normalmente é uma das fases mais importantes de nossas vidas, por tratar-se de um período onde
ocorrem grandes emoções em nosso ser, inclusive, havendo grandes transformações emocionais
resultantes do processo de espera do filho querido, as visitas aos orfanatos, os contatos com as
crianças esperançosas por uma mamãe, um papai, um irmão, enfim, uma família. Processo esse,
muitas vezes, demorado, em decorrência:
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- Do andamento das providências legais, diligências junto ao juizado de infância e
juventude, serviços de assistência social, para o cadastro da família ou pessoa interessada em
adotar uma criança;
- Da espera na fila aguardando a disponibilidade de crianças com as características que os
candidatos à adoção estabeleceram quando se cadastraram;
- Da idade da criança ou jovem a ser adotado, que exige menor ou maior período para a
aproximação e o estabelecimento dos laços afetivos necessários à aceitação de ambas as partes e;
- Dos problemas envolvendo a separação de irmãos, o que sempre se procura evitar, mas
precisa ser conciliado com os desejos das crianças e as possibilidades dos adotantes.
- Da necessidade do acompanhamento por profissionais do serviço de assistência social.
Resumindo, o período compreendido entre a decisão de adotar um filho e a adoção efetiva
é muito semelhante ao processo de concepção ou gravidez, que, por certo, é um período de muitas
emoções, preparações, e até aflições na espera da chegada do filho querido.
Considerações Importantes Relativas à Adoção
- Não confundir adoção com caridade, uma vez que não se deseja ter filho com a intenção
de ser caridoso, mas sim de ser pai ou mãe. Não se “pega criança para criar”, como era no passado,
tratando-os como uma espécie de filho de segunda categoria, para servir de serviçal, sem a
igualdade de direitos com os filhos biológicos, inclusive havendo situações de injustiça no momento
da divisão de heranças.
Soube de um caso em que a família adotou uma criança, “para criar”, nunca formalizou o
processo, a criança cresceu junto com os irmãos, trabalhou e ajudou na formação do patrimônio da
família, cuidou com muito amor dos pais já doentes na velhice, ficando ao lado de ambos até o
momento da desencarnação, no entanto, no momento de dividir os bens, deram-lhe apenas
migalhas, não dispensando ao irmão a consideração e o respeito devido.
Há também casos de tutela por tios e outros familiares, nos casos de desencarnação dos
pais, tutelas essas, que em muitos casos são verdadeiras adoções, com base no amor e na perfeita
integração da criança no seio da família parental. Nessas situações há grande mérito por parte
daqueles que assumem o papel dos pais.
- A adoção é uma decisão muito séria e deve ser consciente e irreversível, não se devendo
esquecer que em muitos casos as crianças, já sofreram processos psicológicos da perda ou da
rejeição dos pais biológicos. Dessa forma, a devolução de uma criança que está com a família,
aguardando a homologação do processo de adoção, pode causar mais sofrimentos e traumas
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psicológicos para ela e, por certo, também causará algum trauma ou sofrimento aos interessados na
adoção.
Infelizmente, há casos em que isso ocorre em decorrência de decisões precipitadas por
parte de um dos adotantes ou de ambos. Soube de um caso de sofrimento do pai adotante e seu
desespero pelo processo de luto pela perda do filho, o qual já havia estabelecido laços afetivos. O
filho adotivo foi devolvido à instituição de adoção em seguida a gravidez da esposa. Aquele pai
sofreu um processo de transformação pessoal, passando de um quadro de comportamento positivo,
confiante, para um quadro depressivo. Citamos esse fato sem intenção nenhuma de julgar nosso
semelhante, mas apenas trazer à reflexão os efeitos decorrentes de nossos atos às vezes
impensados sobre assuntos da maior relevância relativos à existência dos nossos irmãos e seus
processos evolutivos, no caso da adoção de crianças, envolvendo espíritos recém-chegados a este
mundo, e que precisam de acolhimento e proteção.
Mas também não podemos deixar de lado as situações em que as crianças, não se adaptam
a nova família decidem por retornar a família biológica ou a instituição que os acolhia. Há relatos,
inclusive de casos de situação de irmãos, em que um prefere retornar a família biológica e o outro
ficar com a família adotiva. Essas situações existem e por certo tem relação com as afinidades
espirituais e de amor da criança com seus pais biológicos e, nesse caso, em que pese os sofrimentos
dos pais adotivos eles precisar compreender a situação e resignar-se, seguir a vida, para que, dar
início o novo processo, se assim o desejarem.
- Não existe diferença entre filho de sangue e filho adotivo - Os filhos adotivos possuem os
mesmos direitos que os filhos biológicos.
É importante destacarmos que, segundo a Doutrina Espírita, existem dois tipos de laços de
família, ou laços que unem as famílias, os laços de sangue e os laços afetivos.
Dessa forma, os laços de sangue unem as famílias pelos laços de parentesco biológico, aliás,
normalmente laços muito fortes, conforme se observa nas situações de comoção e dificuldades. E a
união per laços afetivos, que também deve prevalecer nas famílias unidas pelos laços de sangue, o
que nem sempre acontece, em decorrência do estagio de evolução moral e espiritual em que se
encontram.
No caso dos filhos adotivos, está presente a união pelos laços afetivos, não são filhos da
barriga, são sim os filhos do coração. E por se tratar do desejo e decisão consciente dos pais, aí se
estabelecem laços de afetividade, em muitas situações, superiores aos laços biológicos.
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Segundo a questão 774 de O Livro dos Espíritos:
"Os laços sociais são necessários para o progresso e os de
família tornam mais apertados os laços sociais: eis porque os
laços de família são uma Lei da Natureza. Quis Deus, dessa
forma, que os homens aprendessem a amar-se como irmãos."
Já na questão 775, nos alerta que o resultado do relaxamento dos laços de família seria
"Uma recrudescência do egoísmo".
O Código Civil Brasileiro no seu artigo 1.956, estabelece que:
“Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.”
Esse mesmo dispositivo também consta do artigo 20. do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
- O filho adotivo não deve ser considerado apenas como uma companhia para o filho
biológico. Há casos em que o casal resolve adotar uma criança apenas com a intenção de arranjar
uma companhia para o filho ou filha. Não tirando o mérito da adoção e a possibilidade da criança
adotada ter uma família, é importante que, nessa situação, tenha-se a consciência de que a criança
a ser adotada será um novo filho e, portanto, um verdadeiro irmão do seu filho biológico, devendo
ser cuidado e tratado com igualdade em todos os sentidos.
- Filhos Adotivos Também Podem Cometer Erros e Ingratidões. Como espíritos ainda
imperfeitos, que necessitam reencarnar na terra e se encontram em processo evolutivo, os filhos
adotivos também estão sujeitos a erros e a cometerem ingratidão, em relação as seus pais, assim
como também podem cometer os filhos biológicos.
Assim, é preciso estar preparados para compreender e aceitar as falhas e os
arrependimentos dos filhos, como as aceitou, perdoou e acolheu o filho aquele pai citado por Jesus
na "Parábola do Filho Pródigo", constante do Evangelho.
Segundo o Espírito de Emmanuel em Vida e Sexo, de Francisco C. Xavier:
"A desvinculação entre os que se amam com a
necessidade de sanar os enganos e erros do amor assume
habitualmente o aspecto de dolorida cirurgia psíquica. (...).
Essa desvinculação, via de regra, se verifica numa constante
digna de nota - a posição de pais e filhos, incluindo-se nela os
pais e filhos adotivos - (...)."
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- Filhos Adotivos Podem Ser Mais Ligados aos Pais que os Filhos Consanguíneos. Não é o
sangue que nos irmana, mas o espírito. Os laços consanguíneos são efêmeros os laços espirituais
são eternos. O amor paterno e materno ressurge ante o filho que retorna ao seu convívio sedento
desse amor. Portanto, o amor do filho para com os pais independe da forma como chegou até eles,
se traz carências e débitos de vidas anteriores, essa será a oportunidade de se reconciliar e retribuir
o amor de seus pais. Lendo os blogs sobre adoção na internet, convivendo e conversando com as
pessoas, encontramos muitos depoimentos de pais adotivos contando suas histórias de sucesso e
de felicidade que sentem na convivência amorosa com sues filhos.
Rompimento dos Laços Com a Família Biológica
Com a conclusão do processo de adaptação legal, são rompidos os laços legais com a
família biológica. Pela lei brasileira, Estatuto da Criança e do Adolescente, é determinado que na
lavratura da certidão de nascimento do filho adotivo “nenhuma observação sobre a origem do ato
poderá constar nas certidões do registro”.
O filho adotivo passa a ser filho de direito da família que o adotou, com todos os direitos e
obrigações legais, não restando nenhuma relação de direito ou obrigação com a família biológica.
No entanto, em alguns casos, os filhos demonstram o desejo de conhecer os pais ou a
família biológica e aí é preciso administrar a situação com muita cautela e esclarecimentos,
principalmente enquanto os filhos são crianças ou adolescentes, para não haver interferência no
processo de formação da personalidade e no desenvolvimento afetivo e moral do filho adotivo. Já
se esse desejo ocorrer na fase adulta é uma questão de livre-arbítrio, estando fora da esfera de
atuação dos pais.
Atenção e Cuidados Especiais Quanto à Revelação da Verdade da Adoção ao Filho
Esse é um dilema e uma importante decisão por que passam os pais adotivos, revelar ou
não revelar ao filho que é adotivo e saber escolher o momento certo. É claro que essa é uma
decisão exclusiva dos pais, não cabendo a ninguém interferir ou julgar.
Essa decisão, em muitos casos não se configura, pois que as crianças adotadas que já
possuem certa idade acompanham o processo e sabem da situação, mas é frequente nos casos de
adoção de bebês que os pais vão adiando e assim vai ficando mais difícil.
Como dissemos, contar ou não é uma decisão exclusiva dos pais, no entanto, caso optem
por não contar, correm o risco de algum parente ou conhecido contar, de forma ou em momento
inadequados, causando choques e traumas ao filho, que pode se sentir traído e perder a confiança
nos pais, prejudicado os salutares laços afetivos que foram estabelecidos.
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Jeamar Zanelin Negaret, em Um Desafio Chamado Família, Ed Minas Editora, destaca:
"É importante, desde cedo, não esconder a verdade;
mostrando-lhes que o amor não nasce de um processo químicofísico do corpo e sim do coração das criaturas"
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap XIV, item 8, elucida:
"Não são os laços de consanguinidade os verdadeiros
laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias".
Quando os filhos adotivos crescem, sabendo estar em um lar com verdadeiros sentimentos
de nobreza e de elevada moral, sentem-se mais amados por entenderam que o são não por terem
nascido de seus pais, mas sim frutos de afeição sincera e real e entendem que são filhos queridos do
coração.
André Luiz em Sexo e Destino, cap 7, Ed FEB, esclarece o perigo de esconder a verdade dos
filhos:
"Filhos adotivos, quando crescem ignorando a verdade,
costumam trazer enormes complicações, principalmente
quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas".
Convivência Com os Filhos Adotivos
Aos pais cabe o trabalho de educar e orientar os filhos e conduzi-los ao caminho do bem,
independente de serem filhos consanguíneos ou adotivos. A responsabilidade dos pais é a mesma,
pois não são os laços físicos que determinam a afeição entre as almas e sim a simpatia e a
convivência fraterna. O Espírito de Herculano Pires em Astronautas do Além, de F. C. X, lição 5 - Ed
GEEM - esclarece-nos:
"Filhos de outros pais, procedentes de outro sangue,
podem ser muito mais ligados aos pais adotivos que os filhos
consanguíneos.".
Portanto, ter ou não ter nascido de ventre da mãe, não é o principal no trabalho educativo
de nossos filhos, mas o esforço de orientar com persistência e muito amor no caminho moral devido
a esses espíritos tutelados que Deus nos confiou.
Dentre os tantos pais amorosos e responsáveis pela educação dos seus filhos que conheço
um pai que possui filhos biológicos que os ama do fundo de sua alma e de uma mãe de filhas
adotivas que também as ama da mesma forma e faz tudo o que está ao seu alcance para educá-las
da melhor forma com muito amor e carinho. Esses dois, hoje formam um casal unido pelos laços de
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afetividade e amor, também são pais adotivos pelos laços de afetividade e amor de seus filhos e dos
filhos do outro, constituindo uma família unida pelos laços de afetividade, mostrando que vivendo
com amor tudo é possível.
O Amor paternal e o Amor de Deus
Sobre o Amor Paternal de Deus, em Mateus, 7:9-11, Jesus faz a seguinte colocação:
"Qual de vós porventura é o homem que, se seu filho lhe
pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir um peixe, lhe
dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar
boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai Celestial
dará bens aos que lhos pedirem?"
Por certo não se conhece na Terra amor maior que o dos pais pelos filhos sejam eles
biológicos ou adotivos, não importando se eles sejam desobedientes, levianos, irresponsáveis,
perversos, malvados ou mesmo ditadores, ou tenham os defeitos que tiverem, nem por isso seus
progenitores os renegam ou deixam de incentivá-los nas suas vidas.
Embora os próprios pais ainda estejam longe de serem modelos de virtude e de
bondade, e também se ressintam de falhas de caráter, isto não impede que façam todos os
sacrifícios para o bem de seus filhos, tão grande é a força e tão maravilhosas são as faculdades do
amor paternal, que faz com que se auto superem, em prol da criação, da educação e do
encaminhamento dos filhos para a vida. Sem esquecer que cabe aos pais, sendo consanguíneos ou
não, a tarefa de orientar os filhos, conduzindo-os no caminho do bem.
Portanto, é uma responsabilidade muito grande a adoção, porque é tarefa dos pais
adotivos auxiliar o filho em seu processo de educação e evolução, utilizando-se da criação e
educação que tiram, dentro dos princípios do amor.
Reflexões Finais
Assim, segundo a visão espírita, o que representa criar e educar uma criança ou jovem
que não tenha laços de sangue conosco? Significa que nada acontece por acaso. A formação de um
lar e o planejamento acontece no plano espiritual e vai muito além do parentesco corporal.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 14, item 8 - Parentescos corporal e
espiritual, os espíritos esclarecem que os laços de sangue não estabelecem necessariamente os
laços espirituais, o que realmente importa são as afinidades e comunhão de pensamentos, que
unem os espíritos.
Essa possibilidade de se reencontrar no papel de pai, mãe e filho, seja este biológico ou
adotivo, é uma oportunidade dentro da lei da reencarnação, ou seja, uma possibilidade de
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reencontrarmos afetos e desafetos para experiências, aprendizados e reparação de equívocos
cometidos no passado.
Amemos nossos filhos, sem dar importância á forma como vieram aos nossos braços, se
pela descendência física ou não, aceitando-os com os abençoados encargos que Deus nos
presenteou.
Recordemos que não importa qual seja nossa posição na família em que vivemos hoje na
Terra, se Pais de filhos biológicos ou adotivos, acima de tudo, somos todos espíritos irmãos, filhos
de um só Deus de amor e bondade, passando por mais uma etapa do nosso processo de evolução
espiritual.
O poeta Khalil Gibran, na obra o Profeta, ao falar sobre os filhos nos traz esta importante
reflexão:
"Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as
filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas
não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem."
Isso é muito importante, entendermos que os nossos filhos são nossos irmãos
espirituais, que vem a este mundo para cumprirem a sua programação em rumo ao progresso e não
a nossa, cabendo a nós o trabalho de educá-los e prepará-los para a vida.
Às vezes, pelas voltas inesperadas dos círculos da vida, retorna ao mesmo lar aquele que
foi rejeitado. Aquele espírito, por muitas vezes, vem trazer a sintonia com as luzes da
espiritualidade. Se mesmo não tendo débitos dessa natureza, te sentirdes, intuído ou intuída a
adotar, adote.
Ao finalizar esta breve reflexão, entendemos que nossos filhos amados são sempre
“filhos do coração”, não importando a forma como chegaram até nos. Pedimos a Deus, Nosso Pai de
amor e bondade, que sempre os ilumine e abençoe.
Toda criança deseja, precisa e merece ter uma família.
Porto Alegre, 22 de agosto de 2016.
Iraci de Oliveira
Dirigente e Trabalhador Espírita
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Referências Bibliografias:
GIBRAN, Khalil, O Profeta, Porto Alegre: Ed L & PM, 2001.
Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente.
Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Institui o código Civil.
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Brasília: Ed FEB, 2007.
KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos, Brasília: Ed FEB, 2009.
NAZARETH, Joamar Zanolini, Um Desafio Chamado Família, Araguari: Ed. MINAS EDITORA, 1999.
XAVEIR, F. Cândido, Sexo e Destino, Brasília: Ed FEB, 2009.
XAVIER F. Cândido, Astronautas do Além: Ed GEEM
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