Manual de Segurança e Saúde do Aplicador de Produtos

Transcrição

Manual de Segurança e Saúde do Aplicador de Produtos
Manual de
Segurança
e Saúde
do Aplicador
de Produtos
Fitossanitários
Manual de Segurança e Saúde/ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal. -- Campinas, São Paulo: Linea Creativa, 2006.
28p.:, 21 cm
1. Segurança e Saúde
2. Produtos Fitossanitários
CDD: 630.2
1º ed.
Índices para catálogo sistemático:
1. Segurança e Saúde
2. Produtos Fitossanitários - Segurança na aplicação
Manual de Segurança e Saúde
do Aplicador de Produtos Fitossanitários
ANDEF - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL
COGAP - COMITÊ DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS
Presidente Executivo da ANDEF
Cristiano Walter Simon
Gerente Técnico de Educação e Treinamento
C. Marçal Zuppi da Conceição
Assessora Técnica de Educação e Treinamento
Thaís Santiago
Membros do COGAP
Afonso Matsuyama – IHARA
Ana Marcia Uhlemann – SIPCAM
Marcus Vinicius Fiorini – DOW AGROSCIENCES
Egídio Moniz – SYNGENTA
Erwin Gotjan Jr – CHEMTURA
Liria Sayuri Hosoe – ARYSTA LIFESCIENCE
Janaína Coutinho – MONSANTO
Maria de Lourdes Fustaino – FMC
José Donizeti Vilhena – DU PONT
Luis Paulo Antonialli – SUMITOMO
Marcelo Vasconcelos – BAYER CROPSCIENCE
Roberto Melo de Araújo – BASF
Elaboradores
Flávio A. D. Zambrone – PLANITOX
Roberto Melo de Araújo – BASF
Revisores
Ana Marcia Uhlemann – SIPCAM
Flávio Oliveira da Costa – BASF
José Donizeti Vilhena – DU PONT
Liria Sayuri Hosoe – ARYSTA LIFESCIENCE
Marcelo Vasconcelos – BAYER CROPSCIENCE
Thais Santiago – ANDEF
Associação Nacional de Defesa Vegetal
Rua Capitão Antônio Rosa, 376 – 13º andar
CEP 01443-010 – Tel.: (11) 3087-5033 – Fax: (11) 3087-2637
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E-mail: [email protected]
Setembro/2006
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Apresentação
Sob os preceitos da NR 31, a Norma de Segurança e Saúde no Trabalho na
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura, o Comitê de
Boas Práticas Agrícolas (COGAP), da ANDEF, produziu o “Manual de Segurança
e Saúde do Aplicador de Produtos Fitossanitários”, para servir de apoio aos
treinamentos e cursos de capacitação de trabalhadores rurais de todo o país.
Uma publicação que enriquece o acervo de nossa Associação ao lado dos já tão
conhecidos Manuais de Uso Correto e Seguro de Produtos, Armazenamento, de
EPIs, Transporte e Tecnologia de Aplicação.
Trata-se de um trabalho desenvolvido com o objetivo de abranger o conteúdo mínimo
exigido pela NR 31, ou seja, o conhecimento das formas de exposição direta e
indireta aos produtos fitossanitários, bem como de sinais e sintomas de intoxicação
e medidas de primeiros socorros, rotulagem, medidas higiênicas durante e após
o trabalho, uso de vestimentas e equipamentos de proteção individual (EPI) e,
finalmente, limpeza e manutenção das roupas, vestimentas e EPI. Cobre, portanto,
tudo aquilo que de importante envolve a atividade do homem do campo, no sentido
da atuação segura visando sua saúde, ambiente e a qualidade do alimento que ele
produz.
Para finalizar, quero lembrar das limitações naturais de uma obra como esta, cujas
características de excelência mencionadas não são suficientes para suprir, por
exemplo, os treinamentos necessários sobre o assunto, mas servem perfeitamente
para enriquecer o nível de conhecimento de agrônomos, técnicos e trabalhadores
rurais, para desempenhar com maior segurança e responsabilidade o manuseio e a
aplicação de produtos fitossanitários.
Cristiano Walter Simon - Presidente Executivo da ANDEF
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Índice
Introdução...........................................................................................................................................................................................................06
1. Conhecimento das formas de exposição direta e indireta
aos produtos fitossanitários................................................................................................................................................................. 07
1.1 Exposição direta................................................................................................................................................................................08
1.2 Exposição indireta...........................................................................................................................................................................08
2. Risco..................................................................................................................................................................................................................08
3. Conhecimento de sinais e sintomas de intoxicação
e medidas de primeiros socorros.....................................................................................................................................................09
3.1 Tipos de intoxicação......................................................................................................................................................................09
3.2 Principais sintomas de intoxicação....................................................................................................................................10
3.3 Procedimentos básicos para casos de intoxicação.............................................................................................11
4. Informações de segurança.............................................................................................................................................................15
4.1 Informações aos trabalhadores............................................................................................................................................16
4.2 Restrições para entrar em área recém tratadas.....................................................................................................18
4.3 Intervalo de segurança ou período de carência......................................................................................................18
5. Meio ambiente e resíduos...............................................................................................................................................................18
6. Destino final de embalagens vazias........................................................................................................................................18
7. Medidas higiênicas durante e após o trabalho...............................................................................................................19
8. Equipamentos de proteção individual....................................................................................................................................20
8.1 Deveres do empregador rural ou equiparado...........................................................................................................20
8.2 Deveres do trabalhador...............................................................................................................................................................20
8.3 Componentes do EPI...................................................................................................................................................................21
8.4 Ordem de vestir e retirar o EPI.............................................................................................................................................23
8.5 Limpeza e manutenção das roupas, vestimentas e equipamentos de proteção pessoal....24
9. Referências bibliográficas .............................................................................................................................................................25
10. Telefones de emergência das empresas associadas à ANDEF ...............................................................26
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Introdução
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “Saúde é o estado de
completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não apenas a ausência de
doença ou enfermidade”.
O trabalhador rural está exposto a diversas situações de risco à saúde durante
o desempenho de suas atividades no campo, como acidentes com veículos
motorizados, ferramentas e objetos cortantes, nível de ruído excessivo, raios ultravioleta (câncer de pele), predisposição à artrite, doenças respiratórias, zoonoses
(brucelose, leptospirose, tétano, tuberculose, raiva, encefalite, micoses, malária etc),
exposição a gases tóxicos, picadas de animais peçonhentos, choques elétricos, raios,
incêndios e exposição a substâncias químicas.
Nesta publicação, vamos nos dedicar às ações preventivas para reduzir os riscos de
exposição e contaminação com produtos fitossanitários, tal como o uso de EPI.
Os produtos fitossanitários foram desenvolvidos com o objetivo de reduzir as perdas
causadas pelo ataque de pragas, doenças e plantas daninhas que infestam as
lavouras. Portanto, são importantes insumos agrícolas que são utilizados para ajudar
a produzir economicamente alimentos saudáveis. Quando utilizados incorretamente,
os produtos fitossanitários podem provocar contaminações dos aplicadores, dos
consumidores de alimentos, assim como de animais e do meio ambiente. Para evitar
acidentes e contaminações, os cuidados com os produtos fitossanitários devem
ser observados em todas as etapas, a saber: aquisição, transporte, armazenamento,
manuseio (principalmente preparo da calda), aplicação e o destino final de sobras
e de embalagens vazias. A ANDEF possui uma coleção completa de manuais que
abordam detalhadamente cada uma destas etapas, os quais podem ser visualizados
e impressos por meio do site da ANDEF (www.andef.com.br).
De acordo com a Norma NR 31, o empregador rural ou equiparado deve
proporcionar capacitação sobre prevenção de acidentes com produtos fitossanitários
a todos os trabalhadores expostos diretamente.
Características da capacitação:
• Público: trabalhadores em exposição direta.
• Programa: carga horária mínima de vinte horas, distribuídas em no máximo
oito horas diárias, durante o expediente normal de trabalho, com conteúdo
programático definido.
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São considerados válidos os programas de capacitação desenvolvidos por órgãos e
serviços oficiais de extensão rural, instituições de ensino de nível médio e superior
em ciências agrárias e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, entidades
sindicais, associações de produtores rurais, cooperativas de produção agropecuária
ou florestal e associações de profissionais, desde que obedecidos os critérios
estabelecidos pela NR 31, garantindo-se a livre escolha de quaisquer destes pelo
empregador.
1. Conhecimento das formas de exposição direta e indireta aos
produtos fitossanitários.
A exposição pode ser entendida como o simples contato do produto fitossanitário
com qualquer parte do organismo humano. As vias de exposição mais comuns são:
Ocular – pelos olhos
Respiratória – nariz e pulmões
Dérmica – pela pele
Oral – pela boca
A exposição pode ser classificada em exposição direta e indireta.
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1.1. Exposição direta
A exposição direta ocorre quando o produto fitossanitário entra em contato direto
com a pele, olhos, boca ou nariz. Os acidentes pela exposição direta normalmente
ocorrem com os trabalhadores que manuseiam ou aplicam produtos fitossanitários
sem usar corretamente os equipamentos de proteção individual. A NR 31 define
“trabalhadores em exposição direta”, os que manipulam os produtos fitossanitários
e afins, em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo,
aplicação, destinação e descontaminação de equipamentos e vestimentas.
1.2. Exposição indireta
A exposição indireta ocorre quando as pessoas, que não estão aplicando ou
manuseando produtos fitossanitários, entram em contato com plantas, alimentos,
roupas ou qualquer outro objeto contaminado. A NR 31 considera “trabalhadores em
exposição indireta”, os que não manipulam diretamente os produtos fitossanitários,
adjuvantes e produtos afins, mas circulam e desempenham suas atividades de
trabalho em áreas vizinhas aos locais onde se faz a manipulação dos produtos em
qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação etc, e ou
ainda, os que desempenham atividades de trabalho em áreas recém-tratadas.
2. Risco
O risco de intoxicação é definido como a probabilidade estatística de uma
substância química causar efeito tóxico. É função da toxicidade do produto e da
exposição.
Risco = f (toxicidade ; exposição)
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A toxicidade é a capacidade potencial de uma substância causar efeito adverso
à saúde. Em tese, todas as substâncias são tóxicas e a toxicidade depende
basicamente da dose e da sensibilidade do organismo exposto. Quanto menor a
dose de um produto capaz de causar um efeito adverso, mais tóxico é o produto.
Sabendo-se que não é possível ao usuário alterar a toxicidade do produto, a única
maneira concreta de reduzir o risco é através da diminuição da exposição.
Para reduzir a exposição, o trabalhador deve manusear os produtos com cuidado,
usar equipamentos de aplicação calibrados e em bom estado de conservação, além
de vestir os equipamentos de proteção adequados.
Muitas vezes, a intoxicação por produtos fitossanitários é resultado de erros
nas etapas de transporte, armazenamento, preparo da calda, aplicação, enfim,
manipulação do produto, causados por displicência ou ignorância. Se as regras de
segurança forem seguidas, muitos casos de intoxicação serão evitados.
3. Conhecimento de sinais e sintomas de intoxicação
e medidas de primeiros socorros.
A absorção de uma substância depende da via pela qual ela penetra no organismo.
No caso de produtos fitossanitários, a absorção dérmica (através da pele) é a mais
importante, podendo ser mais intensa quando se utilizam formulações oleosas.
A absorção por via respiratória (pelos pulmões) é conseqüência da aspiração de
partículas, gases ou vapores.
Na exposição ocupacional, a contaminação oral (pela boca) é menos freqüente e
só ocorre por acidente ou descuido. Este tipo de contaminação é quase sempre
responsável pelas intoxicações mais graves.
3.1. Tipos de intoxicação
Quando um produto fitossanitário é absorvido pelo corpo humano, o organismo entra
num processo de autodefesa e tenta neutralizar sua ação tóxica.
Essa ação tóxica somente se manifesta quando o nível da substância atinge certos
limites e permanece enquanto esse nível não for reduzido. Isso permite considerar
dois tipos de intoxicação:
a. Intoxicação aguda: ocorre normalmente quando há exposição a grandes
quantidades por um período curto de tempo.
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b. Intoxicação crônica: ocorre usualmente quando há exposição a pequenas
quantidades por um período longo de tempo.
Estas são as regras gerais, mas dependem de outros fatores como, por exemplo, a
sensibilidade individual, fatores genéticos etc.
O trabalhador que apresentar sintomas de intoxicação deve ser imediatamente
afastado das atividades e transportado para atendimento médico, acompanhado
das informações contidas nos rótulos e bulas dos produtos fitossanitários aos quais
tenha sido exposto e contactar o 0800 de Emergência Médica do fabricante do
produto, para orientar o atendimento médico local.
3.2. Principais sintomas de intoxicação
A exposição a níveis tóxicos de produtos fitossanitários resulta numa variedade
de sintomas e sinais que dependem do produto usado, da dose absorvida e das
condições de saúde do indivíduo. De maneira geral, as reações mais comuns são:
• Contaminação por contato com a pele (via dérmica)
- Irritação (pele seca e rachada);
- Mudança de coloração da pele (áreas amareladas ou avermelhadas);
- Descamação (pele escamosa ou com aspecto de sarna).
• Contaminação por inalação (via respiratória)
- Ardor na garganta e pulmões;
- Tosse;
- Rouquidão;
- Congestionamento das vias respiratórias.
• Contaminação por ingestão (via oral)
- Irritação da boca e garganta;
- Dor no peito;
- Náuseas;
- Diarréia;
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- Transpiração anormal;
- Dor de cabeça;
- Fraqueza e cãimbra.
3.3. Procedimentos básicos para casos de intoxicação
Normalmente, as lavouras ficam muito afastadas dos hospitais e o atendimento por
um médico poderá demorar bastante. As medidas de primeiros socorros representam
o esforço inicial para socorrer uma vítima enquanto não se dispõe de assistência
médica profissional. Há situações em que outras pessoas poderão identificar e
realizar as primeiras medidas de socorro numa situação de emergência.
Estando diante de um intoxicado, a primeira medida é observar e avaliar a presença
de anormalidades que possam representar risco de vida imediato, como parada ou
dificuldade respiratória, parada circulatória, estado de choque, convulsão ou coma.
Somente um médico, enfermeiro ou socorrista treinado poderá intervir para manter
as funções vitais, pois isto exige conhecimento médico e/ou de enfermagem. Todo
produto fitossanitário possui obrigatoriamente informações sobre primeiros socorros
no rótulo e na bula do produto. Além disso, os fabricantes possuem telefones
de emergência 24 horas para orientar os usuários (veja relação de telefones das
associadas da ANDEF no final deste manual)
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3.3.1. Medidas de primeiros socorros
Uma das ações mais importantes para socorrer uma vítima intoxicada é prestar os
primeiros socorros com o objetivo de interromper a absorção do produto tóxico pelo
organismo. O procedimento é fácil e está ao alcance de todos. Quanto antes a vitima
for descontaminada, maior será a sua chance de recuperação.
3.3.1.1. Exposição via dérmica
Muitos produtos fitossanitários são prontamente absorvidos pela pele, quer pelo
contato com roupas contaminadas ou diretamente quando derramados sobre o
corpo. Mesmo que o produto seja pouco tóxico, recomenda-se que a exposição
seja reduzida ao mínimo o quanto antes. Para tanto, retire imediatamente as roupas
contaminadas e remova o produto com jato de água corrente. A seguir, verifique as
recomendações de primeiros socorros do produto e, se não houver contra indicação,
lave com água e sabão as partes expostas, evitando esfregar com força para não
causar irritações. Seque e envolva num pano limpo.
Se uma grande superfície do corpo foi contaminada, a lavagem por ducha é mais
indicada. Atenção especial deve ser dada ao couro cabeludo, atrás das orelhas,
axilas, unhas e região genital. Nenhum antídoto ou agente neutralizador deve ser
adicionado à água de lavagem.
3.3.1.2. Exposição via ocular
O respingo de um produto fitossanitário nos olhos, faz com que o produto seja
prontamente absorvido. A irritação que surge pode ser devida ao próprio ingrediente
ativo ou a outras substâncias presentes na formulação.
A assistência imediata nesses casos é a lavagem dos olhos com água corrente e
limpa, que deve ser realizada de acordo com instruções constantes na bula.
A água de lavagem poderá ser fria ou morna, mas nunca quente ou contendo outras
substâncias usadas como antídoto ou neutralizantes. O jato de lavagem deve ser
suave para não provocar maior irritação. Não dispondo de jato d’água, deite a vítima
de costas com a cabeça apoiada sobre suas pernas, inclinando-lhe a cabeça para
trás e mantendo as pálpebras abertas, derrame com auxílio de caneca, um filete de
água limpa.
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Não coloque colírio ou outras substâncias. Persistindo dor ou irritação, tape os olhos
com pano limpo e encaminhe o paciente ao oftalmologista, levando o rótulo ou bula
do produto.
3.3.1.3. Exposição via respiratória
Ocorrendo intoxicação por inalação, leve imediatamente a vítima para local fresco
e ventilado, afrouxe as roupas para facilitar a passagem do ar e não se esqueça de
retirar as roupas, se elas estiverem contaminadas.
Antes de entrar em local fechado com a possibilidade da presença de contaminantes
no ar ambiente, certifique-se de ventilá-lo. Se possível, o socorrista deve usar o
respirador apropriado.
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3.3.1.4. Exposição via oral
Ao atender uma vítima intoxicada por ingestão, a decisão mais importante a tomar
é se o vômito deve ou não ser provocado. Por isso é importante ler rótulo/bula para
verificar o procedimento a ser adotado, pois se a substância ingerida for cáustica
ou corrosiva, provocará novas queimaduras ao ser regurgitada. Formulações de
produtos fitossanitários que utilizam como veículo solventes derivados do petróleo,
normalmente tem em suas bulas, indicações de restrição ao vômito, uma vez que
esses solventes podem ser aspirados pelos pulmões provocando pneumonite.
Se a indicação é de regurgitar a substância tóxica imediatamente, nunca provoque
vômito se a vítima estiver inconsciente ou em convulsão, pois poderá sufocá-la.
Antes de induzir ao vômito, aumente o volume do conteúdo estomacal da vítima,
dando-lhe um ou dois copos de água.
O vômito pode ser provocado por processo mecânico, colocando um dedo ou a
extremidade do cabo de uma colher na garganta; ou químico, dando-se ao paciente:
• Detergente comum (usado para lavar louças): 1 colher das de sopa
em 1 copo d’água;
• Durante o vômito, posicione
o paciente com o tronco ereto e
inclinado para frente, evitando a
entrada do líquido nos pulmões;
• Quando o vômito não for
aconselhado, procure reduzir
a absorção do produto, neutralizando sua ação com carvão
ativado, na dosagem de até 50
gramas diluídos num copo d’água;
• O carvão ativado poderá também
ser administrado como tratamento
auxiliar após o vômito provocado.
Não use carvão ativado ou qualquer
outro medicamento por via oral
se o paciente estiver vomitando
espontaneamente.
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3.3.2. Resumo dos procedimentos para casos de intoxicação
De uma forma geral, podemos resumir as principais medidas de primeiros socorros
em quatro ações básicas:
I. Preste atendimento à pessoa de acordo com as instruções de primeiros
socorros descritas no rótulo e/ou na bula do produto;
II. Dê banho com água corrente e vista roupas limpas na vítima, levando-a
imediatamente para o serviço de saúde mais próximo. Não esqueça de mostrar a
bula ou rótulo do produto ao médico ou enfermeira.
III.Assim que chegar ao serviço de saúde, ligue para o telefone de emergência
do fabricante, informando o nome e idade do paciente, o nome do médico e
o telefone do serviço de saúde, pois desta forma, o fabricante poderá passar
mais informações sobre a toxicologia do produto para o profissional que estiver
fazendo o atendimento da vítima;
IV.Toda pessoa com suspeita de intoxicação deve receber atendimento médico
imediato. Nunca espere os sintomas se intensificarem.
Os produtos fitossanitários devem ser considerados suspeitos de causar uma
intoxicação aguda, somente quando se sabe que o paciente foi recentemente
exposto a esses produtos. Sintomas que se iniciam mais de 24 horas após a
utilização, quase sempre excluem a possibilidade de intoxicação aguda por produtos
fitossanitários, a não ser que se trate de um caso crônico, resultante da exposição
contínua a pequenas doses.
4. Informações de segurança
A regra fundamental de segurança
é LER O RÓTULO e SEGUIR AS
INSTRUÇÕES DA BULA, pois ali
estão colocados os conhecimentos
do fabricante a respeito do produto,
informando sobre manuseio,
precauções, primeiros socorros,
destinação de embalagens,
equipamentos de proteção etc.
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4.1. Informações aos trabalhadores
É dever do empregador rural ou equiparado, disponibilizar a todos os trabalhadores
informações sobre o uso de produtos fitossanitários no estabelecimento, abordando
os seguintes aspectos:
• Área tratada: descrição das características gerais da área, da localização
e do tipo de aplicação a ser feita, incluindo o equipamento a ser utilizado;
• As instruções devem ser compreensíveis e suficientes
aos que manipulam agrotóxicos.;
• Nome comercial do produto utilizado;
• Classificação toxicológica;
• Data e hora da aplicação;
• Intervalo de reentrada;
• Intervalo de segurança/período de carência;
• Medidas de proteção necessárias aos trabalhadores em exposição
direta e indireta;
• Medidas a serem adotadas em caso de intoxicação.
Devem ser treinadas e protegidas as pessoas que fazem conservação,
manutenção, limpeza, além das que utilizam os equipamentos de aplicação.
Os manuais das máquinas, equipamentos e implementos devem ser mantidos
no estabelecimento, devendo o empregador dar
conhecimento aos operadores do seu
conteúdo e disponibilizá-los sempre
que necessário.
O empregador deve garantir a realização
dos exames médicos citados na NR 31
e o trabalhador se submeter a eles.
É dever do trabalhador ler os rótulos e
bulas dos produtos antes de manuseá-los.
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4.1.1. Rótulo
Os rótulos possuem as seguintes informações:
Cuidados: Meio ambiente
Dados do Fabricante
Pictogramas para o
preparo da calda
Cuidados:
Precauções de uso, Primeiros
socorros e Tratamento
Faixa de classificação
toxicológica
Pictogramas para
a aplicação
Os pictogramas são símbolos gráficos, internacionalmente aceitos, que possuem
uma comunicação exclusivamente visual, podendo ser entendidos por qualquer
pessoa, mesmo que não saiba ler. Eles visam dar informações para proteger a saúde
das pessoas e o meio ambiente.
Exemplos de pictogramas:
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4.1.2. Bula
As bulas também possuem informações importantes sobre cuidados no manuseio
e na aplicação de defensivos agrícolas, como: instruções de uso, armazenamento,
transporte, modo e época de aplicação, intervalo de segurança etc, bem como o
telefone de emergência das empresas (veja item 10).
4.2. Restrições para entrar em área recém tratadas
O empregador rural ou equiparado deve sinalizar as áreas tratadas, informando o
período de reentrada, que é o período após a aplicação em que é vedada a entrada de
pessoas sem uso de EPI adequado. Esta informação consta no rótulo/bula do produto.
A NR 31 exige que haja uma sinalização na área (consulte a fiscalização do seu
Estado).
Durante a pulverização aérea, a entrada e permanência de qualquer pessoa na área a
ser tratada é proibida.
4.3. Intervalo de segurança ou período de carência
É o número de dias que deve ser respeitado
entre a última aplicação e a colheita. O período
de carência vem escrito na bula do produto.
Este prazo é importante para garantir que o
alimento colhido não possua resíduos
acima do limite máximo permitido.
5. Meio ambiente e resíduos
Os resíduos provenientes dos processos produtivos devem ser eliminados dos locais
de trabalho, segundo métodos e procedimentos adequados que não provoquem
contaminação ambiental. A limpeza dos equipamentos de aplicação deve ser
executada de forma a não contaminar poços, rios, córregos ou quaisquer outras
coleções de água.
6. Destino final das embalagens vazias
É vedada a reutilização de embalagens de produtos fitossanitários, cuja destinação
final deve atender à legislação vigente (Lei Federal nº 9.974 de 06.06.2000 e
Decreto nº 4.074 de 04.01.2002).
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O agricultor deve devolver todas as embalagens
vazias dos produtos na unidade de recebimento de
embalagens indicada na Nota Fiscal pelo revendedor.
Antes de devolver, o agricultor deverá preparar as
embalagens, ou seja, separar as embalagens lavadas
das embalagens contaminadas. O agricultor que
não devolver as embalagens no prazo de 1 (um)
ano ou não prepará-las adequadamente, poderá ser
multado, além de ser enquadrado na Lei de Crimes
Ambientais. Caso o produto não tenha sido totalmente utilizado decorrido 1 (um)
ano da compra, a devolução da embalagem poderá ser feita em até 6 (seis) meses
após o término do prazo de validade. Embalagens flexíveis não laváveis devem ser
armazenadas, transportadas e devolvidas dentro de embalagens de resgate (saco
plástico transparente padronizado).
7. Medidas higiênicas durante e após o trabalho
Contaminações podem ser evitadas com hábitos simples de higiene, como:
• Lavar bem as mãos e o rosto antes de
comer, beber ou fumar;
• Após o trabalho, tomar banho com bastante
água e sabonete, lavando bem o couro
cabeludo, axilas, unhas e regiões genitais;
• Usar sempre roupas limpas;
• Manter sempre a barba bem feita, unhas e cabelos bem cortados.
O empregador rural ou equiparado, deve:
• Disponibilizar um local adequado para a guarda da roupa de uso pessoal;
• Fornecer água, sabão e toalhas para higiene pessoal;
• Garantir que nenhum dispositivo de proteção ou vestimenta contaminada seja
levado para fora do ambiente de trabalho;
• Garantir que nenhum dispositivo ou vestimenta de proteção seja reutilizado
antes da devida descontaminação;
• Vedar o uso de roupas pessoais na aplicação de produtos fitossanitários.
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8. Equipamentos de Proteção Individual – EPI
São ferramentas de trabalho que visam proteger a saúde do trabalhador rural,
que utiliza os Produtos Fitossanitários. O objetivo do EPI é evitar a exposição
do trabalhador ao produto, reduzindo os riscos de intoxicações decorrentes da
contaminação.
8.1. Deveres do empregador rural ou equiparado
• Fornecer Equipamento de Proteção Individual (EPI) e vestimentas adequadas
aos riscos, que não propiciem desconforto térmico prejudicial ao trabalhador;
•
Fornecer os EPI e vestimentas de trabalho em perfeitas condições de uso
e devidamente higienizados, responsabilizando-se pela descontaminação
dos mesmos ao final de cada jornada de trabalho e substituindo-os
sempre que necessário;
• Orientar quanto ao uso correto dos dispositivos de proteção.
• Exigir que os trabalhadores utilizem EPI.
8.2. Deveres do trabalhador
Usar os EPI e seguir as regras de segurança.
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8.3. Componentes do EPI
Abaixo estão listados os principais itens de EPI disponíveis no mercado, além de
informações e descrições importantes para assegurar a sua identificação e o uso.
Os EPI devem possuir o número do Certificado de Aprovação – C. A. emitido pelo
Ministério do Trabalho e Emprego. Não é permitido o uso de EPI sem o C. A.
8.3.1. Luvas
De modo geral, recomenda-se a aquisição das luvas de “borracha NITRILICA ou
NEOPRENE”, materiais que podem ser utilizados com qualquer tipo de formulação.
8.3.2. Respiradores
Existem basicamente dois tipos de respiradores:
• Sem manutenção (chamados de descartáveis): possuem uma vida útil
relativamente curta e recebem a sigla PFF (Peça Facial Filtrante)
• Baixa manutenção: possuem filtros especiais para reposição,
normalmente mais duráveis.
Os respiradores mais utilizados nas aplicações de produtos fitossanitários são os que
possuem filtros P2 ou P3.
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8.3.3. Viseira facial
A viseira deve:
• Ter maior transparência possível e não distorcer as imagens;
• Ser de boa qualidade/acabamento para evitar cortes;
• A esponja que atua como suporte na testa deve impedir o contato
com o rosto do trabalhador para evitar o embaçamento;
• Não proporcionar desconforto ao usuário;
• Permitir o uso simultâneo do respirador, quando necessário.
8.3.4. Jaleco e calça hidro-repelentes
Os confeccionados em tecido de algodão são tratados para se tornarem hidrorepelentes, ficando apropriados para proteger o corpo dos respingos do produto
formulado e não para conter exposições extremamente acentuadas ou jatos
dirigidos.
Ele pode receber reforço adicional nas partes onde exista alta exposição do
aplicador à calda do produto, como por exemplo nas pernas.
8.3.5. Boné árabe
Protege a cabeça e o pescoço de respingos da pulverização e do sol. É
confeccionado em tecido de algodão tratado para tornar-se hidro-repelente.
8.3.6. Avental
Produzido com material resistente a solventes orgânicos (PVC, bagum, tecido
emborrachado aluminizado, nylon resinado ou nãotecidos).
Aumenta a proteção do aplicador contra respingos de produtos concentrados
durante a preparação da calda ou de eventuais vazamentos de equipamentos de
aplicação costal.
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8.3.7. Botas
Devem ser impermeáveis, preferencialmente de cano alto e resistentes aos solventes
orgânicos. Exemplo: PVC.
É o único EPI que não possui C. A.
8.4. Ordem de vestir e retirar o EPI
Para evitar a contaminação dos equipamentos e a exposição do trabalhador, deve-se
seguir uma seqüência lógica para retirar os EPI. Inicialmente, deve-se lavar as luvas,
vestidas nas mãos, para descontaminá-las.
Maiores informações sobre os equipamentos de proteção individual podem ser obtidas
no Manual de Uso Correto de Equipamentos de Proteção Individual da ANDEF.
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8.5. Limpeza e manutenção das roupas, vestimentas e equipamentos
de proteção pessoal.
Procedimentos para lavar as vestimentas de proteção:
• Os EPI devem ser lavados separadamente da roupa comum;
• As vestimentas de proteção devem ser enxaguadas com bastante
água corrente para diluir e remover os resíduos da calda de pulverização;
• A pessoa, durante a lavagem das vestimentas, deve utilizar luvas;
• A lavagem deve ser feita de forma cuidadosa com sabão neutro. Em seguida,
as peças devem ser bem enxaguadas para remover todo sabão;
• As vestimentas não devem ficar de molho e nem serem esfregadas.
• Importante: nunca use alvejantes, pois poderá retirar a hidro-repelência
das vestimentas;
• As vestimentas devem ser secas à sombra. Atenção: somente use máquinas
de lavar ou secar, quando houver recomendações do fabricante.
24
• As botas, as luvas e a viseira devem ser enxaguadas com
água abundante após cada uso;
• Guarde os EPI separados da roupa comum para evitar contaminação;
• Faça revisão periódica e substitua os EPI danificados;
• Antes de descartar a vestimenta do EPI, lave-a e rasgue-a antes de jogar
no lixo, para que outras pessoas não a utilizem.
9. Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL – ANDEF. “Manual de Armazenamento
de Produtos Fitossanitários”. São Paulo: A Associação, 2005. 26p.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL – ANDEF. “Manual de Transporte de
Produtos Fitossanitários”. São Paulo: A Associação, 2005. 46p.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL – ANDEF. “Manual de Uso Correto de
Equipamentos de Proteção Individual”. São Paulo: A Associação, 2005. 28p.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL – ANDEF. “Manual de Uso correto e
Seguro de Produtos Fitossanitários”. São Paulo: A Associação, 2005. 28p.
BASF. “Manual de Tratamento Geral das Intoxicações”. São Bernardo do Campo, 2001. 20p.
BASF. “Manual de Uso Correto e Seguro de Produtos Fitossanitários”.
São Bernardo do Campo, 2005. 30p.
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,
Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura – NR 31, aprovada pela Portaria nº 86 do
Ministério do Trabalho e Emprego em 03.03.2005.
25
10. Telefones de Emergência das Empresas
Associadas à ANDEF (24 horas)
26
0800 0141149
0800 0112273
0800 243334
0800 7711506
0800 7710032
0800 7010109
0800 343545
(15) 3235-7700
0800 141977
0800 7010450
0800 111767
0800 7044304
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Rua Capitão Antônio Rosa, 376 – 13º andar, Jardim Paulistano
CEP 01443 010, São Paulo – SP, Tel.: (11) 3081 5033 – Fax: (11) 3085 2637
www.andef.com.br – e-mail: [email protected]

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