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Edição Nº1 - WordPress.com
Diretor: Filipe Resende | Diretores-Adjuntos: Afonso Sousa, Diogo Lopes, Filipa Marques Henriques e João Tavares
Nº 1 - Edição de outubro de 2012 – Jornal Mensal
“Tiveram um professor poeta mas não deram conta disso”
Entrevista a Jorge Fazenda Lourenço -
Entrevista a Jorge Fazenda Lourenço
// PÁGS. 9 – 11
As praxes e os
novos alunos da
FCH
As eleições na
AEFCH e o desafio
de José Diogo
Vinagre
Tudo está bem no
jardim à beira-mar
plantado com
Miguel Relvas e
Assunção Cristas
// PÁGS. 6 – 7
// PÁG. 8
// PÁG. 15
Editorial | 2
“O jornalista do Público tem como preocupação central do seu trabalho jornalístico o rigor e a
qualidade, procurando casá-los de forma harmoniosa e inventiva com a criatividade que é indispensável a
um trabalho que recusa o cinzentismo e a rotina”
Livro de Estilo do Público
qualidade do jornalismo é um
aspeto fundamental na imprensa
escrita. Os objetivos do jornal O
Académico passam por essas linhas
orientadoras da qualidade
jornalística. Somos um jornal dos alunos e
definimos para este ano letivo a inovação e a
pluralidade. O nosso lema não passa apenas pelo
novo formato, mas pela qualidade dos artigos, pela
alteração da equipa de redação e acima de tudo
pela abertura da opinião aos alunos.
Não queremos ser um mero jornal que passa
despercebido ao olhar dos estudantes. Queremos
sim ser um suporte sério e rigoroso que suscite
debate.
Também não queremos ser um tabloide
controverso que aposta no sensacionalismo através
das suas manchetes. Queremos ser um órgão
interno que faça enriquecer a comunidade
académica desta faculdade.
A
Não queremos ser um mero
jornal que passa despercebido
ao olhar dos estudantes.
Queremos sim ser um suporte
sério e rigoroso que suscite
debate
Não seremos um instrumento de propaganda e
publicidade da Associação de Estudantes e por isso
mesmo pretendemos apostar numa visão crítica e
coletiva dos alunos da Faculdade de Ciências
Humanas.
A nossa equipa, relativamente à do ano
passado, sofreu uma transformação radical. A
partir deste momento todos os alunos podem ter a
oportunidade de fazer parte deste jornal.
Acreditamos que podemos ser um grupo forte e
unido que esteja ao nível da excelência e da
qualidade da imprensa universitária. Por
acreditarmos nessa mesma Imprensa aceitámos o
convite da Associação de Estudantes a redigir este
médium.
Relativamente ao suporte, este jornal apostará
no meio digital. Consideramos que não faz sentido
nos dias de hoje um meio de comunicação social
ser um suporte em papel. Além disso respeitamos o
ambientalismo e também a difícil conjuntura
económica.
Convidamos assim toda a comunidade
académica a escrever artigos para o nosso jornal.
Queremos também deixar claro que não somos um
órgão de destruição ou uma arma política dentro do
espaço académico. Somos sim um “um projeto de
informação em sintonia com o processo de
mudanças tecnológicas e de civilização no espaço
público contemporâneo [e académico] ”. (Livro de
Estilo do Público). Enquanto críticos do nosso
próprio trabalho estamos abertos a opiniões e a
sugestões.
Por isso esperamos por ti!
Jornal O Académico – Edição de outubro
Diretor: Filipe Resende | Diretores Adjuntos: Afonso Sousa, Diogo Lopes, Filipa Marques Henriques e João Tavares
Redação: Dário Alexandre, Eva Santos, Manuel Segurado, Mariana Santos, Salomé Marques, Ricardo Raposo Lopes e
Rafael Reis | Correção: Raquel Ubach Trindade
Opinião: Maria Inês Pinheiro e José Paiva
Este jornal cumpre as regras do novo acordo ortográfico
Edição de outubro
3 3 | Opinião
Maria Inês Pinheiro
________________________
Quando a revolução digital passa
à revolução sexual
Gostaria de um dia, quem sabe, ver o Professor
Rogério Santos a falar sobre o surgimento dos e-books e
dos e-readers e o papel que os mesmos tiveram, e
continuam a ter, no âmbito da revolução digital das
indústrias de publicação (e da nova vaga de emancipação
sexual).
Segundo o jornal britânico “The Sun”, a venda de
ficção erótica aumentou cerca de 30% devido ao
aparecimento dos e-readers, como o Kindle da Amazon,
que permitem a compra e a leitura anónimas de livros
como “As Cinquenta Sombras de Grey”. Os e-books
possibilitaram a quebra da barreira do constrangimento
graças à revolução digital do universo sexual.
Os livros continuam a ser
julgados (de forma errada)
pelas suas capas, e apesar de
estarmos no século XXI, o
erotismo continua a ser tabu.
O anonimato das compras online evita a vergonha,
mas não faz com que a mesma desapareça. O estigma
social permanece. Ainda há quem tenha vergonha de ler
(ou ser visto a ler) livros de carácter sexual explícito.
Os livros continuam a ser julgados (de forma
errada) pelas suas capas, e apesar de estarmos no século
XXI, o erotismo continua a ser tabu.
Se as indústrias de publicação começarem a
produzir capas e títulos que não sejam - à falta de melhor
palavra – pornográficos, a barreira da vergonha será
quebrada e os leitores mais inibidos não sentirão a
necessidade de esconder os seus guilty pleasures.
O sucesso de “As Cinquenta Sombras de Grey”
deve-se, talvez, ao facto de parecer um livro não-erótico,
e como tal tornou-se socialmente aceite.
A partir do momento em que um livro é
comercializado com uma capa que faz com que os
potenciais compradores sintam vergonha da aquisição ou
da leitura do mesmo, a percepção da literatura erótica
não irá mudar.
Pode ser que o sucesso de “As Cinquenta Sombras
de Grey” faça com que a pornografia se mude de vez
para a página impressa, mas de forma inteligente e
direccionada ao público em geral.
Afonso Sousa
________________________
As gordinhas
Não, desculpem. Este texto em nada se
assemelha com o belíssimo ensaio sobre a parvoíce
que a “escritora” mais publicada – ou será frustrada? –
em Portugal produziu aí há uns tempos . Tentemos, no
entanto, dele tirar uma lição para além do fato de que
muito se ganha em ficar calado.
Soube-se por aí que os portugueses andam
descontentes com a democracia. O caso é mais grave
quando os números da insatisfação ascendem aos
87%. Número estranho e de difícil compreensão. A
justificação poderá vir do motivo que, na fase que
atravessamos, responder ao que quer que seja de
forma animadora, deixar-nos-á nervosos.
Mais do que qualquer coisa, a
democracia funcionou. De jovens
a reformados, do Marcelo ao
senhor António do café, todos
fomos e somos, o tal povo unido,
que como muitas vezes se cantou,
jamais será vencido.
Qualquer um dos inquiridos será mais um avô
preocupado com o futuro do neto ou um jovem
licenciado que não sabe como aguentar mais uma hora
a fazer Big Mac’s. Para qualquer um dos casos, o
mundo parecerá tudo menos democrático.
A novela política pós anúncio de mais
austeridade resultou, tenhamo-nos ou não apercebido
disso, no mais belo uso da democracia. O recuo na
nova TSU apenas foi possível quando quem manda,
percebeu que não vive num mundo isolado. E fê-lo
quando a voz de quem interessa se fez ouvir. Opinião,
liberdade, direitos, ideias, soluções: tudo isso se fez
ouvir.
Mais do que qualquer coisa, a democracia
funcionou. De jovens a reformados, do Marcelo ao
senhor António do café, todos fomos e somos, o tal
povo unido, que como muitas vezes se cantou, jamais
será vencido.
Não falhámos em provar que ainda sabemos
lutar, que somos mais calmos nas manifestações do
que no trânsito, mas que, acima de tudo, gostamos
muito da nossa democracia. Tal como n’As gordinhas,
não cometamos o erro de olhar apenas as aparências.
A democracia não é uma questão de aparência. É
aquilo que nos deixa ser quem somos.
Maria Inês Pinheiro escreve de acordo com a antiga
ortografia
Jornal O Académico
Opinião | 4
José Paiva
A beleza de algo tão comum
Milhares e milhares de pessoas se levantam
todos os dias, e partem para os seus trabalhos, para as
suas famílias, conscientes que a rotina veio para ficar, e
de que o fim de semana está bem longe de chegar. Mas
de que alguma
maneira, no meio
dos túneis há muito
construídos, aqueles
cinco a dez minutos
que entram nas três
ou quatro carreiras
(dependendo da
hora) servem
muitas vezes como
momento de
solidão. Isolados por uma música qualquer que os
absorve na sua própria esfera. Fitando os desconhecidos
que trocam gargalhadas e ideias com os seus
companheiros, ou então simplesmente nos ajudam a
chegar onde queremos. Nem sempre é assim, e
felizmente. No metro podemos ser tudo: isolados,
observadores, fortes, fracos. No fundo o que importa é o
aspeto, e aqueles cinco a dez minutos de que vos falei,
não servem para conhecermos uma pessoa da cabeça
aos pés.
O preço vai subindo, e a verdade é que a estética
e todo o design das estações não é propriamente
convidativo a uma espécie de “chá das cinco”, mas
involuntariamente todos acabamos por lá ir parar. A
paisagem? Acaba por ser um figurante num palco onde
as personagens principais são as
pessoas, e o próprio público. Engraçada, diria eu,
esta última frase, porque sem sabermos o metro
ajuda-nos a continuar ligados à humanidade. É
verdade, existem agora uns “robôs” (passo a
expressão), mentalizados nas suas maquinetas e
traquitanas que os destabilizam deste processo de
socialização, pelo qual passamos quando andamos
de metro. Graças ao metro, estamos conectados a
todos os sítios, da longínqua Amadora, até à viajada
Santa Apolónia, do moventadíssimo Oriente ao
controverso Intendente. Para todos os gostos, para
todas as idades, o metro não se queixa, deixa-nos
andar livremente, de vez em quando lembram-se de
o adormecer durante umas horas, e aí o caos
acontece. Porquê?
Graças ao metro estamos
conectados a todos os sítios, da
longínqua Amadora, até à
viajada Santa Apolónia, do
moventadíssimo Oriente ao
controverso Intendente.
Porque a vida é feita de pequenas coisas que nos
vão ligando uns aos outros, por mais afastados que
estejamos. Precisamos de hábitos, precisamos de
repetições, precisamos uns dos outros para
continuarmos a viver algo que nem nós sabemos bem o
que é. E enquanto vivemos, com mais ou menos
problemas, podemos sempre apanhar o metro, e ver o
que acontece. Eu vou, e vocês?
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Edição de outubro
5 5 | Opinião
Feliz “ano novo”
ais um ano começou.
Para uns, um começo, para outros
uma continuação, mas para todos
mais um ano começou. Dos que chegam tímidos,
assustados até, com o peso que de repente lhes cai
em cima, aos “da casa”, que dos seus cantos sabem
todos os segredos. Mais um risco na parede se
começa a raspar. O ar cheira a novidade, reencontro,
mas a incerteza e medo também. O mundo corre
atrasado para o seu fim e a vida torna-se mais difícil
ao mesmo ritmo. Quando as vacas tornam-se magras
e o cerco aperta é a nós que a noite chega primeiro.
Portas fecham-se antes sequer de carregarmos na
campainha, escravatura surge cada vez mais
formalmente chamada de “estágio” e nós vemonos cada vez mais encurralados. Como já não basta
sermos forçados a escolher com 18 anos os próximos
50, agora nem sabemos se 50 anos decentes irão
sequer existir. Nunca imaginámos que as coisas
pudessem estar onde estão, com a seriedade com que
estão. Mas ainda existe uma escapatória. A luz no
fundo do túnel ainda se faz sentir.
M
Ainda podemos desarmar a bomba relógio que se
tornou esta segunda década do século XX. Nós
somos essa solução. Eu e tu, e todos nós. Jovens,
selvagens e livres. Vamos aproveitar isso. Vamos
dar o que de nós tivermos melhor para que a
situação calamitosa amaine. Vamos participar,
aprender e ensinar quem nos desvaloriza tantas e
tantas vezes. Nós somos o limiar da inocência. O
ponto vital entre o conformismo da vida adulta e
a vitalidade e rebeldia da juventude.
Vamos participar, aprender e ensinar
quem nos desvaloriza tantas e tantas
vezes
Esbanjemos menos isso em gargalos de garrafas e
conquistas efémeras e a nossa voz será ouvida. Por
nós e pelo nosso futuro. Não, isto não são falsos
moralismos nem manias de grandeza. São volts de
energia que muitos de nós precisamos para ver o que
poderá vir e o que podemos fazer para alterar isso.
Não esperem pelo arrependimento e levantem-se. E
para novos e velhos. Caloiros e Veteranos. Deixo
estes meus dois cêntimos de opinião, para que este
não seja só mais um ano, mas que possa ser o
princípio de algo novo e melhor. Feliz “ano novo”!
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Jornal O Académico
Opinião
6
Secção Comissão de
Praxe | 5
“Dura praxis, sed praxis”
Texto: Rafael Reis
Fotos: João Tavares
etembro assinalou o começo de mais um
ciclo. Inicia-se o ano letivo, voltam-se a
ver as caras conhecidas, reencontram-se
os amigos e entram os novos alunos.
Instala-se um clima de boa disposição e sem grandes
preocupações, pois os primeiros dias são dedicados
às praxes. Com esta frase torna-se clara qual a minha
opinião perante esta tradição académica. Do ponto
de vista dos caloiros, considero que a praxe é boa e
propícia à interação com os futuros colegas. Não
defendo que seja obrigatória. Isso depende de cada
um. Uns afirmam que é uma forma de quebrar
barreiras, esquecer preconceitos, conhecer pessoas
novas, entrar no espírito académico. Outros dirão
que se trata de uma estupidez, uma forma de
vanglória e superioridade para com os novos alunos.
Manifesto-me a favor da praxe. Ansiava por
este ritual antes de entrar na faculdade. Vindo de
S
isto é verdade. Mas então porque é que os novos
alunos continuam (na sua maioria) a ir às praxes?! É
o espírito académico!
Nas praxes não existe um passado, não
existem imagens pré-definidas, classes sociais,
estereótipos. Não há nenhum aluno que seja superior
a outro. São todos iguais e esse é o objetivo de todo
o aparato. Ao colocar os alunos todos no mesmo
nível, todos eles com uma imagem "retocada", não
existem diferenças. São todos caloiros e uma coisa já
têm em comum: "odeiam" os trajados. E quando
começam a entrar no espírito, deixa de haver a
noção do ridículo: cantam, dançam e, acima de tudo,
interagem. Todavia isto não significa que, ao
sujeitar-se às praxes, um aluno será mais social, com
mais amigos e cujo nome é sabido por todos. O
objetivo aqui é que os mais novos não se fechem no
seu mundo e que estejam a fim de conhecer novas
caras.
Os novos alunos chegaram e, de livre
vontade, entraram no espírito das praxes.
Alguns desistiram da ideia, mas muitos
ficaram e foi com os "resistentes" que se
fez a festa.
fora de Lisboa e não conhecendo ninguém da cidade,
achei uma boa forma de pôr fim àquele sentimento
de solidão experienciado nos primeiros dias.
Algumas das brincadeiras (sim, o objetivo é mesmo
esse) foram divertidas, outras nem tanto, mas encarei
tudo de forma positiva. Permitiu-me conhecer
pessoas, possibilitando um "olá" e um sorriso no dia
seguinte. E é fruto desta acanhada interação inicial
que se vão fazendo amigos. Do ponto de vista anti
praxe, torna-se um ritual ridículo. Um grupo de
jovens mais velhos, com uma aparente autoridade,
tratam de subjugar os novos alunos a ovos, farinha,
vinagre no cabelo, pinturas na cara, flexões,
abdominais... Trata-se de uma tentativa de intimidar,
ao invés de receber os novos colegas. Não seria mais
proveitoso reunir os novos alunos, levá-los para um
café, beber umas cervejas, apresentarem-se uns aos
outros, trocar histórias e curiosidades, como forma
de quebrar aquela timidez inicial? E quem não vai às
praxes, não faz amigos? Não havendo turmas fixas e
existindo numerosos trabalhos de grupo, é
impossível não interagir com outros alunos! Tudo
Edição de outubro
Este ano não foi exceção. Os novos alunos
chegaram e, de livre vontade, entraram no espírito
das praxes. Alguns desistiram da ideia, mas muitos
ficaram, e foi com os "resistentes" que se fez a festa.
Sobressaem sempre os mais desinibidos, mas
eventualmente emergem os mais reservados. Após
um começo mais intenso os pastranos, veteranos e o
Rex, ao contrário da ideia generalizada que muitos
têm acerca das praxes, importam-se com a inserção
dos novos alunos: jogos em que todos se
apresentam, partilham informação, descobrem coisas
em comum. Jogos em equipas, os quais obrigavam a
um abandono da zona de conforto e,
consequentemente, à perda da timidez, o que se
torna fundamental para um bom começo na
faculdade. No geral, o espírito foi bom, havendo
participação por parte dos caloiros, alguns com
pouco à-vontade típico dos primeiros dias, e boa
disposição por parte dos mais velhos.
OpiniãoComissão de Praxe
7 67| |Secção
No que diz respeito ao já habitual rallytascas, foi bom ver caloiros, que dois dias antes não
se conheciam, a formarem grupos, bem-dispostos, e
com vontade de se divertirem. É bom ver que as
praxes servem para criar amizades.
contrariedades em chegar ao local onde se
encontram os restantes caloiros, todos eles prestes a
fazer flexões, colocou-se no meio deles, e com
visível dificuldade, fazia também flexões, elevandose na sua cadeira, ao mesmo ritmo dos seus colegas.
Apesar de tecer elogios à vasta maioria dos
caloiros, há uma pequena parte que merece um
reparo. Falo daqueles cuja postura nas praxes não
condiz com a decisão que tomaram ao participar
nelas. Não sou contra os alunos que não vão às
praxes, aliás, respeito a decisão deles, mas sou
contra aqueles que vão e agem como se ali
estivessem por obrigação. As praxes não são uma
imposição, pelo que quem não se está a divertir não
necessita de continuar a participar. Recordo-me de
observar os caloiros da Faculdade de Medicina de
Lisboa e ter ficado plenamente impressionado com o
comportamento de um caloiro. Tratava-se de um
jovem de cadeira de rodas, que após algumas
Apesar de enfrentar uma enorme
adversidade, o jovem em questão aguentou até ao
fim, recusando-se a desistir, demonstrando ser um
enorme exemplo de espírito académico.
Dito isto, agradeço a todos os caloiros que
participaram nas atividades, os quais, sem eles, nada
disto seria possível. É bom ver que o espírito da
praxe continua presente. Felicito a Comissão de
Praxes pelo empenho e resultados que teve, assim
como todos os trajados e o magnânimo Rex pela
presença nas praxes 2012/2013. Resta-me apenas
desejar um bom ano letivo, com muito estudo e
dedicação, mas com um lugar reservado às
atividades académicas.
O testemunho de uma caloira
Alto, e por fim, a encerrar a semana do caloiro, o
batismo.
Eis que surgem as praxes, quando os caloiros
menos esperavam! Foi dia dezassete de setembro, no
início da segunda semana de aulas, que começou a
surpreendente e gloriosa semana de praxes. Digo
surpreendente porque, embora conhecida por muitos
aspetos, a nossa querida FCH/UCP em matéria de
praxes é pouco falada, contudo, este ano a comissão
de praxes esteve à altura dos acontecimentos. Os
caloiros tiveram tudo a que tinham direito: sujidade,
mau cheiro, diversão e bebida à descrição! Tudo por
esta ordem!
Na segunda-feira, o que não faltou foi o vinagre,
a farinha, e o mais que podia fazer de nós
verdadeiras “bestas”. Já na terça-feira fomos
presenteados, entre muitas outras surpresas, com o
fenomenal “Quem quer ser praxado?”. Na quartafeira deu-se o tão aguardado rally tascas, pelo Bairro
Os caloiros tiveram tudo a que tinham
direito, sujidade, mau cheiro, diversão
e bebida à descrição!
O porquê de glorioso, penso que não será já
preciso explicar, os objetivos foram cumpridos.
Veteranos, Pastranos e Caloiros estão agora
apresentados, os cantos da casa estão conhecidos e a
comissão de praxes de parabéns.
Eva Santos, aluna do primeiro ano de
Comunicação Social e Cultural
Jornal O Académico
Secção de
AEFCH
Secção Comissão
Praxe| 7| 8
Manuel Segurado
Estaremos nós perante uma
nova era na Faculdade de Ciências
Humanas?
em, é o que todos esperamos e
ambicionamos.
Não havendo qualquer concorrente à
Lista A, liderada por José Diogo
Vinagre, é de óbvia constatação que
esta saiu vencedora.
E que novos desafios, são colocados a este
novo projeto? O que poderão as pessoas que a
integram fazer em prol da comunidade académica da
nossa faculdade?
À partida, os elementos desta “nova” lista,
são muitos deles precedentes, isto é, já pertenciam à
associação de estudantes, chefiada na altura, por
Marco Marques.
B
“um dos principais desafios desta
nova lista que agora se apresenta é,
desde logo, marcar a sua posição, uma
posição inovadora, de enorme
abertura”
A meu ver, um dos principais desafios desta
nova lista que agora se apresenta é, desde logo,
marcar a sua posição. Uma posição inovadora, de
Caros colegas,
É com um grande prazer que, durante
este ano letivo, representar-vos-ei como
alunos da Faculdade de Ciências Humanas. Antes de
presidente, serei sempre um estudante. É com esta
mentalidade que trabalharei para vocês. Este
mandato será marcado pela mudança. Desde a
equipa até aos objetivos delineados, mudança de
rumo será a palavra-chave. Como presidente, terei a
responsabilidade de vos representar da melhor
maneira e farei todos os possíveis para tornar a
AEFCH numa melhor associação. Não será fácil,
mas nada é impossível se contar com o apoio e
colaboração dos meus colegas: vocês.
Aquando da formação de equipa e planificação de
objetivos e estratégias, tivemos a preocupação de dar
uma grande importância a problemas que no passado
não conseguiram ser solucionados. Comunicação
entre professores e alunos, sistemas de horários e
época de frequências, serão tidos como prioridades.
Outro grande objetivo desta AE é a dinamização do
jornal da faculdade que anteriormente, além de
enorme abertura, deve principalmente propagar, no
seio estudantil uma Associação de Estudantes feita,
não por um grupo restrito de alunos, mas sim por um
todo. Esse todo somos nós, que representamos a
FCH.
Este ponto é crucial, e só com uma faculdade
unida é que é possível o desenvolvimento, tendo em
vista o interesse dos alunos.
Claro está, a lista que agora é eleita, não se
deverá colar às ideias já propostas pela anterior,
deve sim ter as suas próprias ideias, a sua própria
linha de ação. Não deve, portanto, ser a continuidade
de um trabalho já feito.
Este é o momento. Há medidas que se
impõem, que são do interesse geral e que merecem a
sua discussão imediata!
Na verdade, muita é a vontade, muita é a
disponibilidade e o empenho, esperemos que esta
disposição se mantenha e que não seja simples “fogo
de vista”, alienado à ansia de poder e protagonismo.
Em suma, apenas diria, que os jovens, quando
procuram esta instituição, procuram um ensino de
excelência. Demos-lhes então os mecanismos para
uma rápida integração, para que, assim, possam
usufruir de toda a partilha de experiências e de saber
a que todos nos propusemos quando entrámos para a
Universidade Católica. Esta é a obrigação de uma
Associação de Estudantes, é esta a nova era que
todos esperamos!
Coluna AEFCH
significar um grande
encargo financeiro para a associação, era também
muito pouco conhecido e lido. A cargo do aluno
Filipe Resende, a associação de estudantes garante a
dinamização e simplicidade do novo jornal. Convido
também todos os alunos da faculdade interessados
em escrever para o jornal. O jornal é nosso e para
nós. Apelo, assim, a todos para participarem.
Concluindo, gostaria de transmitir a todos os alunos
que a AEFCH foi criada para vos ajudar, nós
estamos aqui para vos dar todo o tipo de apoio, para
trabalharmos com vocês e também para
aprendermos com vocês. Peço a todos que me
ajudem durante este mandato, tenho muito a
aprender e ninguém melhor que os meus colegas
para caminharem comigo nesta grande aventura.
Conto assim com todos vocês durante este ano,
conto com uma participação ativa de toda a
faculdade. Despeço-me com um desejo enorme de
nos ver todos juntos a trabalhar para o mesmo. A
AEFCH precisa de vocês.
José Diogo Vinagre, Presidente AEFCH
Edição de outubro
98|
| Secção
AEFCH
Entrevista
“Tiveram um professor
poeta mas não deram
conta disso”
Afonso Sousa e Diogo Lopes
______________________________
m metro e setenta e cinco. Uma
cabeça. Duas pernas. Dois braços.
Dois olhos. Uma boca. É tão
simples quanto isto? Não, é o
professor Fazenda que ainda não.
conhecem.
U
Nesta primeira edição d’O Académico,
fomos até à ilha deserta do Robinson e
acabámos no jardim de Cândido. Pelo
meio, descobrimos o homem por detrás do
professor Fazenda. Fiquem a conhecer uma
estrela digna de um quadro de Warhol.
Pergunta (P): O professor nasceu na
Covilhã.
Como
muitos
alunos
também teve de sair de casa dos pais
para vir estudar?
Resposta (R): Realmente eu nasci na
Covilhã mas só estudei na Covilhã durante
a escola primária porque fui para um
colégio interno em Abrantes, o que quer
dizer que acabo por ter duas cidades a que
estou ligado afetivamente. Depois vim
estudar para Lisboa, vivi num quarto na
rua da Beneficência, ali no bairro de Santos
e portanto, respondendo à vossa pergunta,
fiquei desde cedo habituado à solidão.
P: Apesar de não ter vivido lá muito
tempo, a sua proximidade à Serra da
Estrela e todo aquele ar bucólico,
acha que poderá vir daí alguma da
inclinação para a poesia? Se não,
onde é que acha que nasceu toda essa
veia poética?
R: (risos) Eu acho que é sempre difícil uma
pessoa perceber porque escreve poesia e
acho que não tem só a ver com um aspeto
da nossa vida. Não sei. Não ligo muito à
questão da Serra da Estrela embora talvez,
em alguns textos meus, a serra possa estar
presente: o frio e o granito das casas mas
também o rio Tejo, essa parte do cenário
pode ser interessante porque está presente
nalguns poemas mas acho que é um bocado
difícil explicar. Em grande parte, todos
somos poetas por esse lado de uma certa
solidão, de um certo ensimesmamento
porque isso é convidativo à introspeção
para meditar. A pessoa fica sozinha consigo
própria e também se predispõe à literatura
e às artes.
P: Hoje em dia falamos muito em
emigrar. O professor também viveu a
sua aventura no estrangeiro. Foi para
si muito importante estar lá fora?
Como sente que isso alterou a sua
personalidade?
R: Foi, foi muito importante. Eu acho que é
essencial as pessoas passarem uma
temporada das suas vidas fora de Portugal.
Estar fora ajuda imenso a ter uma imagem
mais completa de Portugal até no sentido
das coisas boas que o nosso país tem, na
medida em que o dia a dia nos desgasta
muito e temos tendência de ver só as coisas
negativas. Após o 25 de Abril, algumas das
ex-colónias precisavam de professores para
preencherem vagas nas escolas e eu e a
minha mulher fomos dar aulas para São
Tomé e Príncipe. Essa foi uma primeira
saída importante. A saída para os Estados
Unidos é diferente e foi mais prolongada,
cerca de cinco anos. Mas acho que é muito
importante sairmos para contatarmos com
Jornal O Académico
Licenciaturas
| 10
Entrevista
|9
outras maneiras de viver, de ser e de
trabalhar e isso enriquece-nos bastante e
depois acaba por contribuir no contacto dos
outros quando regressamos temos algum
papel na modificação das coisas.
P: Sabemos que a literatura e os
livros lhe ocupam muito tempo mas
que outras coisas é o professor gosta
de fazer?
R: Gosto de fazer aquelas coisas normais,
como comer com outras pessoas. Não gosto
de comer sozinho, acho que é uma
atividade que devemos partilhar. Gosto de
estar com o meu neto. Ele agora já tem
quase nove anos e portanto já não é só as
brincadeiras de jogar à bola. Já temos
brincadeiras mais intelectuais como
ensiná-lo a jogar xadrez ou a montarmos o
Lego que é uma coisa que adoramos os dois
fazer, eu também já adorava fazer quando
era miúdo. Também tenho uma segunda
casa muito modesta em Colares. Que tem
um jardim e também gosto imenso de
jardinar. Nós que damos Voltaire, falámos
que é preciso cultivar o nosso jardim
(risos). Mas o cultivar o jardim tem tudo
que ver com atividades poéticas. Não no
sentido bucólico da palavra mas é uma
atividade que é muito boa em termos de
recentramento da própria pessoa. Eu
costumo fazer essa diferença da idade
cronológica e a idade mental das pessoas,
que nem sempre condiz uma com a outra,
mas o que é fato é que a idade cronológica
pede qualquer coisa de espírito para
ocuparmos a nossa cabeça. Há uma coisa
que eu gosto imenso de fazer que é ir à
beira-mar, seja de verão ou de inverno. Isso
é mesmo uma coisa de que eu sinto
necessidade física.
P: O professor é considerado um dos
professores
“mais
fixes”
da
faculdade. Para si é importante saber
que tem este feedback tão positivo
até de alunos de primeiro ano?
Edição de outubro
Gosto de estar com o meu neto. Ele
agora já tem quase nove anos e
portanto já não é só as brincadeiras
de jogar à bola.
R: Sim, claro que é muito importante. É
importante para todos os professores.
Embora também haja quem diga que eu
sou aquele tipo de professor que ou se ama
ou se odeia (risos). Também já ouvi dizer,
“detesto aquele professor!”. Para mim, dar
aulas é uma atividade que eu sempre fiz
com grande prazer. E talvez isso seja uma
coisa importante na relação que eu depois
estabeleço com as pessoas na sala de aula
porque eu levo esse prazer para a sala de
aula. Também tem um lado muito exigente
porque é o lado de construirmos qualquer
coisa em conjunto, é uma atividade que eu
encaro sempre como algo em que vou
sempre aprender com as pessoas e não só
transmitir um conhecimento ou despejar a
matéria, que era muito o modelo de
professor que eu encontrei na faculdade no
meu tempo, antes do 25 de Abril.
E portanto gosto muito de estabelecer que
isso faz parte da alegria de dar aulas que é
estabelecer, não direi confusão mas de
estabelecer polémicas e lançar ideias fortes
para ver como as pessoas reagem. É difícil
estar a falar por vocês, claro que fico muito
orgulhoso de ser considerado como vocês
disseram.
P: Na última aula que tivemos
consigo, o professor falou com
alguns
alunos
elogiando-os
e
desejando-lhes boa sorte para o
futuro. Isso é uma atitude que
louvamos e que não vemos muitas
vezes acontecer. Porque é que o
professor sente que deve ter este tipo
de atitude?
R:Por um lado é intuitivo da minha parte
fazer isso na medida em que faz parte desse
entusiasmo que cabe ao professor
11
AEFCH
11| |Secção
Entrevista
transmitir ao aluno. E eu vou buscar aqui a
palavra entusiasmo naquele sentido grego
antigo que tem a ver com a inspiração. Há
um lado de saber inspirar os outros e isto
tem a ver com poesia. Vocês tiveram um
professor poeta mas não deram conta disso
(risos). A minha preocupação é sempre essa
de estimular as pessoas a quererem sempre
ser melhores e a saber mais.
___________________________________
eu gosto muito de dar aulas, não
estou muito angustiado com a ideia
de nunca mais me reformar
__________________________________
P: Bem, agora temos a “pergunta
bombástica”…
E as outras não foram? (risos)
P: E parar de estudar? Alguma vez
equacionou?
Quando
pensa
“pendurar as botas”?
R: Bem, eu gosto muito de dar aulas, não
estou muito angustiado com a ideia de
nunca mais me reformar (risos). Se tiver
energia e força gostaria de continuar a dar
aulas até ser possível. Gostaria de continuar
a ler e a escrever se possível também.
P: Dentro da atualidade o que mais o
preocupa?
P: Bem, partindo de alguns rumores
que ouvimos sobre uma afirmação
polémica do professor durante uma
aula, gostávamos de saber se o
professor gosta de ler todo nu.
R: No verão, no verão (risos)! No inverno
gosto de ler vestido! Sim, gosto de ler nu.
Mas a minha ideia quando falei sobre isso
tinha que ver com uma certa conceção da
leitura que é o ler despido…num sentido
metafórico,
de
ler
com
abertura,
disponibilidade, sem estar “vestido” de
preconceitos, sem ter uma roupa mental
que às vezes é a mais difícil de despir.
Portanto, quando eu falo disso em aulas, de
que gosto de ler despido, por um lado é ler
nu (que é bem melhor que vestido), quando
está muito calor. Não preciso que outros
vejam! Mas por outro lado tem que ver com
essa nudez, com esse desnudamento de
preconceitos que ajuda sempre a
entendermos melhor o que lemos.
R: Preocupa-me justamente a perda da
dignidade humana das pessoas por causa
das questões do desemprego e do
empobrecimento. Falamos do ataque à
classe média com os impostos mas no
fundo, são sempre os pobres que acabam
por ficar ainda mais pobres e isso é para
mim
muito
importante
porque,
precisamente, a minha juventude foi
passada a sonhar com uma sociedade
muito mais igualitária do que aquela em
que vivemos hoje.
Não percam o resto da entrevista em oacademicogeral.wordpress.com/
Jornal O Académico
Licenciaturas | 12
Comunicação Social e Cultural por Salomé Marques
Suportes da comunicação
Podia falar sobre muitas vertentes da
comunicação social mas decidi abordar uma em
especial – o suporte das notícias escritas.
Aquele que nos leva a conhecer o que nos
rodeia e que hoje podemos dizer que aos poucos
se vai transformando: os jornais impressos.
Antigamente, ao passarmos na rua, eram muitos
os quiosques a vender todo o tipo de jornais.
Hoje a internet ganhou muita importância para
nós por razões variadas, entre elas as
económicas, as notícias passaram a ser lidas em
suporte digital. Graças a isso, a importância do
jornal impresso diminuiu e alguns jornais
despareceram. Quem não se lembra de “O
século”, do “ Tal & Qual”, do “Diário de
Lisboa” e, mais recentemente, do “ 24 horas”?
Atualmente faz sentido falar-se em
mais suportes de conteúdos jornalísticos, para
além do tradicional jornalismo de imprensa. O
papel e o mundo digital caminham lado a lado.
Os cidadãos querem informação ao minuto e o
jornalismo digital permite essa atualização
constante da informação, com vantagem de se
poder acrescentar vídeo, som ou links para
outros sites para complementar a notícia.
Em 2004 assistimos, em Portugal ao
aparecimento de um outro tipo de suporte, com
um formato de distribuição inovador – o jornal
gratuito. Os primeiros jornais deste tipo foram o
“Destak” e o “Metro”, sendo agora o “Metro”
um dos maiores jornais do mundo. Estes vieram
trazer uma recente ideia de um jornal
reutilizável pois, sendo gratuito, qualquer
pessoa que já o tenha lido em vez de o levar
para casa deixa-o no banco para que outra
pessoa possa também lê-lo.
Hoje a internet ganhou muita
importância para as pessoas e
por razões variadas, entre elas as
económicas, as notícias passaram
a ser lidas em suporte digital
Assistimos, atualmente, a uma
grande diversidade, em relação aos tipos de
suporte, que faz com que a informação chegue
mais longe e a diferentes tipos de pessoas,
independentemente do seu estatuto, poder
económico ou local onde se encontram.
Interação social e a vida quotidiana
Quando se estuda Serviço Social ou
Sociologia é essencial definir o que significa e
qual a finalidade do seu desenvolvimento.
Tendo sempre em conta que a sociologia é a
parte das ciências humanas que estuda as
unidades que formam a sociedade.
Relativamente à interação social e à
vida quotidiana, defende-se e critica-se o modo
como cada pessoa interage com os outros, ao
nível da fala, da comunicação não-verbal, e dos
gestos e expressões corporais. Assim, a vida é
comparada a uma peça de teatro e as pessoas
aos atores.
Então, se a vida é uma peça de teatro, é
com naturalidade que se deve observar todas as
representações de egoísmo, falsidade, simpatia,
ódio e amor. Aquilo que cada pessoa transmite
aos outros pode ser fruto da sua imaginação, e
da criação de expectativas, não só criadas por
Edição de outubro
Serviço Social por Mariana Santos
cada personagem, mas também pela sociedade
em si.
Por exemplo, para a sociedade em geral
é natural quando se vai a uma festa se gosta-se
das pessoas que a frequentam. De algum modo
numa primeira análise, esse facto até pode ser
verificado. No entanto, e de forma mais
aprofundada, quando se observa cada uma das
pessoas dessa mesma festa na sua interação
com os outros, é fácil de perceber as expressões
que negam as falas, ou as expressões corporais
de incómodo perante os outros.
Apesar disso, na vida quotidiana, todas
as interações sociais são apenas criações da
imaginação de cada pessoa, ela olha e pensa a
vida à sua maneira, o que faz de si própria uma
personagem ou um fantoche do trama que está à
sua volta.
13 | Secção AEFCH
Licenciaturas | 13
Ainda assim é fácil apontar o dedo às
formas de vida. É inevitável ser-se diferente ou
agir contra os padrões sociais, pois além de ser
uma utopia, na globalização atual não existe
lugar para se viver sem ser a representar. À
exceção das regiões de retaguarda onde cada
um é o que quer e age conforme quer.
Relativamente à Interação Social e a
Vida Quotidiana, defende-se e
critica-se o modo como cada pessoa
interage com os outros, ao nível da
fala, da comunicação não – verbal, e
dos gestos e expressões corporais.
Em conclusão, verifica-se que a
interação social é uma área fundamental do
Serviço Social, e que esclarece muitos aspetos
da vida social.
Línguas Estrangeiras Aplicadas por Ricardo Raposo Lopes
Um ou vinte e sete?
A União Europeia, invenção política
em permanente construção desde há cerca de
sessenta anos, tem sido alvo de desafios e
pressões constantes. São vinte e três línguas,
ideais e projetos postos à prova e à discussão
por parte dos líderes do Velho Mundo, não
havendo cimeira onde o seu futuro não seja
discutido. Qual é afinal o problema da Europa?
Para melhor entendermos o que se passa,
convém percebermos a natureza da União
Europeia. Existem dois tipos de organizações,
as de cooperação e as de integração.
Organizações como a NATO, uma aliança
militar entre países independentes, têm como
principal característica a conservação da
soberania. A ideia da União Europeia, por sua
vez, representa uma organização de integração,
o que significa que cada membro abdica de uma
parte do seu poder em favor de instituições
comunitárias. Por exemplo, o facto de Portugal
pertencer à UE e de ter aderido à moeda única,
implica que o nosso governo não pode adotar
algumas políticas, como a de desvalorizar a
moeda, uma vez que, ao fazê-lo, os outros
países da zona euro eram afetados.
A Europa atravessa uma “crise
identitária”, pois já existem políticas
económicas e fiscais que são coordenadas pelas
instituições europeias, neste caso, o Banco
Central Europeu, mas, em termos políticos,
ainda é cada um por si. O que está aqui em
causa é que estamos entre uma “Europa dos
Estados” e uma “Federação Europeia”, uma vez
que já transferimos uma parte da nossa
soberania para a Europa, já não decidimos tudo,
mas a outra parte que não transferimos, a
política, é que está a dar “dores de cabeça”. A
maior prova de que não temos uma união
política (última fase do processo de integração)
é a presente crise: alguns países precisam de
ajuda, outros criticam outros, não existe uma só
voz que diga “este é o caminho”. Também,
perante conflitos internacionais, cada país age
individualmente, não existe uma política
europeia comum.
O que está aqui em causa é que
estamos entre uma “Europa dos
Estados”
e
uma
“Federação
Europeia”, uma vez que já
transferimos uma parte da nossa
soberania para a Europa
Cabe-nos a nós decidir se queremos
uma Europa a uma só voz ou se queremos
regredir sessenta anos, onde era cada um por si.
Jornal O Académico
14 | Edição Limitada
Não. Une-os sim, o facto de subirem a palco em
dias consecutivos.
Se dia 26, Portugal terá a preciosa oportunidade
de rever Justin Vernon – que já veio dizer
querer afastar-se dos palcos por período
indeterminado –, dia 27, caberá aos Ornatos
Violeta repetir o irrepetível. Falamos,
obviamente, do memorável regresso em Paredes
de Coura.
Já vem sendo tradição. E ainda bem. Para
quem, por estas alturas, já lembra com saudade
aqueles dias de desbunda, de curtição mas
também de pura liberdade festivaleira, outubro
é um mês crucial. De há uns anos para cá a
agenda cultural nacional tem feito germinar as
mais produtivas colheitas. Os próximos dias
não vão ser exceção.
Souberam as divindades alinhar no calendário
duas estrelas maiores que se têm feito iluminar
como poucos. Resultado? Um festival de
inverno. Pouco ou nada terão em comum Bon
Iver e Ornatos Violeta. Podia ser a sonoridade,
a nacionalidade, a língua ou até o seu passado.
Quando em 2007, Bon Iver lançou For Emma,
Forever Ago, dificilmente estaria sequer perto
de prever o brutal alcance de temas como
Flume ou Skinny Love. A verdade é que o
mundo acabou mesmo por ouvir as dolorosas
preces do canadiano. Ao segundo álbum de
originais, a folk aprimorada de Bon Iver
acabaria mesmo por confirmar Justin Vernon
como um lugar sem paralelo no panorama
musical atual. O Campo Pequeno prová-lo-á.
Para os Ornatos Violeta apenas foi preciso
“aparecer”. Depois de terem feito dos anos 90,
um lugar melhor, preparam-se agora para se
tornar num fenómeno único na história da
música portuguesa. Acreditem, Chaga e
Capitão Romance nunca soaram tão bem. O
Coliseu dos Recreios acolherá o segundo dia
deste festival. À escola falta-se. A isto não.
Correio FCH
Preço alto versus baixa qualidade
Quem disse que um preço alto corresponde a alta qualidade, desengane-se. A prova disso mesmo, é o que se passa na
cantina do antigo edifício. Os alunos pagam um preço demasiado alto pelas suas refeições (4,70 € a 5,00 €),
comparativamente aos preços praticados noutras faculdades (2,50 € a 3,00€) e cuja qualidade deixa muito a desejar.
Face a esta situação, um largo número de alunos passou a trazer o almoço de casa e outros procuram lá fora a
qualidade e o preço que não lhes é proporcionado na faculdade. As queixas têm vindo a aumentar entre os próprios
alunos, mas na prática nada foi feito. Por isso, já é tempo que as mesmas passem a fazer eco, e que haja alguém na
direção da faculdade para modificar a atual situação, visto que, só está a contribuir para desprestigiar o bom nome da
Instituição.
João Nolasco, aluno do 3ºano de Comunicação Social e Cultural
Envia também a tua carta (sobre o que quiseres) para [email protected] e vê-a publicada
Edição de outubro
15 | Secção AEFCH
João Tavares
__________________________________
Tudo está bem no jardim à
beira-mar plantado
Durante todo o mês que antecedeu a publicação
deste jornal, houve tumultos e protestos
diversos no nosso Portugalito, sendo que
ultimamente, até tem estado tudo menos
agitado, talvez por as pessoas estarem
notoriamente muito contentes. E com razão,
pois mais dificuldades se avizinham e com elas,
mais distúrbios, o que significa naturalmente
mais forrobodó!
Mas atenção, que o festival não se fica apenas
pelos centros urbanos: no passado dia 1 de
outubro, em Serpa, um conjunto de
manifestantes protestava em defesa dos
produtos portugueses, acusando a ministra da
Agricultura, Assunção Cristas de não os
proteger devidamente.
Devidamente
adornada estava a
Sr.ª ministra num
dos cartazes, no
qual figurava com
um
cacho
de
bananas sobre a
cabeça. Seria caso
para
passar
a
chamar-lhe
Chiquita Cristas, em alusão à conhecida marca
de bananas, mas a distribuidora que as
comercializa é americana e não portuguesa,
pelo que ficaria mal empregar tal trocadilho
num cartaz de uma manifestação a favor da
produção nacional.
A Luta é Boa Para o Crime?
Falando ainda da onda de “contentamento” que
paira sobre a nação, também a greve da CP de
dia 1 foi sintomática disso mesmo. Ainda por
cima, com a linha de Sintra parada, a
criminalidade nesse dia desceu certamente,
embora ainda não haja dados estatísticos
Parte para rasgar | 15
disponíveis sobre o assunto. Relativamente à
manifestação dos Estaleiros de Viana do
Castelo, não se poderá dizer que a taxa de crime
tenha descido, pois durante o protesto a
Esquadra local da PSP marcou presença..
O Mundo é Das Crianças
O menino Passos Coelho e o menino Paulo
Portas andaram a jogar às escondidas ao não
revelarem que já tinham enviado a já conhecida
(e pesadíssima) alternativa ao fim da TSU, para
o Camarada Abel (a.k.a. “O Cherne”, ou
simplesmente Zé Manel) em Bruxelas. Isto
aborreceu os meninos Louçã e Jerónimo que já
não querem brincar mais com o Passinhos,
tendo apresentado cada um uma moção de
censura ao seu governo. O Tozé Seguro é que,
coitadinho, foi apanhado desprevenido e foi um
dó de alma vê-lo afirmar em frente das câmaras
que não sabia de nada, com um arzito que
parecia que os outros meninos lhe tinham
roubado o ursinho de peluche.
Deixemos então as crianças brincar, que não é
preciso darmos-lhes um bom par de tabefes
nem nada…
Alegrai-vos, que o Relvas “Tá Safo”!
Alegrai-vos, estudantes da FCH e restante
comunidade académica, pois o Ministério
Público cancelou as investigações do “caso
Miguel Relvas” sem sequer abrir inquérito,
porque, segundo consta, não foram encontrados
ilícitos criminais. É, portanto, ocasião para
rejubilar, dado que estamos na presença de um
marco revolucionário na história do ensino
superior! A épica vitória de Relvas contra a
Justiça abre portas para que, de agora, em
diante, para adquirir uma licenciatura seja
apenas necessário completar equivalências, o
que torna o modelo de educação superior muito
mais justo e acessível para todos! Não mais
cadeirões chatos, nem exames, para que é que
isso serve? Morte ao velho modelo! Viva
Relvas, viva!
Jornal O Académico
16 | Parte para rasgar
Nós Por Cá…
Nós Por Cá… Também aqui pela nossa
faculdade a situação vai de vento em popa! O
bar ficou fechado durante a primeira semana de
aulas (algo que muito satisfez a toda a gente)
para que se gastasse o erário da faculdade em
obras indispensáveis, como a mudança no
pavimento para amarelo, o que em termos
estéticos foi tão bem conseguido, que o
contacto visual com o chão consegue aleijar a
vista. E há ainda quem fale do elevador da torre
Oeste, que está para ser arranjado há tantos ou
mais anos quantos o Dux, Pedro Marques, está
na Católica. Com franqueza, nunca ninguém
sentiu a falta daquele elevador, muito menos as
pessoas com deficiências motoras que
frequentam a faculdade (sim, eles existem)!
Dário Alexandre
- Dário, queres fazer as cadeiras todas?- E eu
respondi: - Não, não sou carpinteiro. Ficou
triste e questionou-me: - Dário, ontem visteme? - Respondi: - Esferovite. Não entendeu e
continuámos a jantar. De referir que, para isto
não ficar tudo pegado, carreguei no espaço,
serei astronauta?
Saí da mesa e fui ver o Sporting, mas
empatou (como sempre), talvez a equipa deva ir
comprar roupa à Desigual. Inundei-me de
pensamentos, desta vez sobre filmes de terror.
Não entendia o porquê de, quando alguém estar
com medo, gritar: -“Hello. Is there anybody in
there?”. Assim o mau da fita já sabe a
localização da vítima, mas continua a ser um
filme, claro. Existem também aqueles em que
queremos entrar na televisão para salvar o
protagonista, o problema é quando batemos
com a cabeça no ecrã.
Atual (idade)
Antes de voltar ao Benfica, Carlos Martins
foi para o Granada, disseram-lhe que era o
melhor clube para um jogador explodir. Nesse
dia a música da Fanny ainda não tinha sido
lançada, tinha ocorrido um erro no nome do
vídeo enviado para o Youtube, o Canuco não se
chamava Zumbi mas sim Zumbido. Depois de
ouvir tal êxito, fui ao cabeleireiro com a minha
avó, só que como ela não sai de casa e está
sempre no computador, desistimos e pintei-lhe
o cabelo no Paint. Estive a tarde toda a pensar e
decidi usar menos roupa, isto porque não tenho
frio, estou tapado por faltas. Depois de uma
sesta fui jantar e a minha avó perguntou-me:
José Paiva
Nota da Palma de Cima
Eu não costumo ser uma pessoa muito
queixosa. Costumo até dizer bem das coisas,
tirando quando me poem manteiga numa
sandes, ou me obrigam a cheirar o “chulé” de
alguém. Mas descobri algo que me irrita: a
minha universidade.
Estando numa universidade católica, com
missas e padres e freiras (ficando a faltar o
vinho e as hóstias) e pagando um ordenado,
peço desculpa, uma propina de arrepiar a
espinha de um gorila, era de esperar melhores
condições. Não. Nada disso.
Todos os dias tenho de almoçar aqui, recuso-me
a trazer lancheira, e a parecer-me com o Nobita
(mais do que sou), e fiquei felicíssimo quando
descobri um menu barato e saudável ainda por
cima! (convém manter os alunos magros não vá
Edição de outubro
a Margarida Rebelo Pinto ficar eriçada
connosco). Enganei-me. De facto paguei menos
de três euros, mas no dia seguinte paguei mais
de cinco euros por ter pedido um prato quente.
Para além de ser chupado financeiramente,
enganaram-me com truques de magia alimentar.
Mas tenho mais...de vez em quando tenho de
tirar fotocópias ou imprimir alguma coisa e vou
à reprografia, aliás à loja de conveniência onde
os empregados trabalham a carvão (digo-o pelo
barulho obscuro e pela lentidão de execução) e
acabo sempre por largar dez ou quinze euros
numa resma de papel impressa à balda.
Parece feio estar para aqui a dizer mal da minha
faculdade que me acolheu, e que mais tarde me
irá dar emprego, pelo menos é isso que o meu
tio me diz, mas ele também não é muito dado à
inteligência, e teima em pôr-me manteiga na
sandes. A Católica ainda não fez isso, mas falta
pouco.
Parte para rasgar | 17
17 | Secção AEFCH
Petardos Visuais
As conversas (im)prováveis destas praxes
As redes sociais do 5 de Outubro
Correio Sentimental
Há coisas que gostarias de ver mudadas no país? Tens queixas sobre a faculdade? Achaste alguma
coisa do que viste neste jornal ofensiva, escandalosa ou despropositada? Querias arranjar maneira de
difamar para sempre a lambisgoia ou o marmanjo que te roubou a pessoa amada?
Então este espaço ainda não é, mas será para ti na próxima edição d’O Académico! Envia para
[email protected] todas as queixas, dúvidas, opiniões e até ideias inovadoras que tenhas
para partilhar com a nossa redação, que nós responderemos aos teus anseios… Desde que assines
com um nome por baixo. Podes contar connosco!
Jornal O Académico