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ADE-PR · Associação de Divulgadores do Espiritismo do Estado do Paraná
CURITIBA · ANO XII · JULHO / AGOSTO 2008 · NÚMERO 68
www.adepr.org.br
Educação Moral: o melhor antídoto à violência
"Há um elemento (...) sem o qual a ciência econômica não é mais
que uma teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a (...) moral
e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na arte de
formar os caracteres, a que dá os hábitos: porque a educação é o
conjunto de hábitos adquiridos. Quando se pensa na massa de
indivíduos jogados cada dia na torrente da população, sem princípios,
sem freios e entregues aos seus próprios instintos, deve-se espantar das
conseqüências desastrosas que resultam?”
Sábia observação de Allan Kardec acrescentada à questão 685
de O Livro dos Espíritos. Fala-se da necessidade de se investir na educação como sinônimo de instrução intelectual. Para o Espiritismo, ela possui
significado mais amplo, aplicando-se ao homem em todas as suas
dimensões: bio-psico-intelecto-sócio-moral, fundamentalmente esta.
Este é o tema da matéria da página 12.
Os males da liberdade
descomprometida
no meio espírita
Uma análise sobre
as polêmicas
curas espirituais
A estranha
mediunidade
de Luísa B.
Wilson Garcia contesta
matéria sobre o primeiro
Centro Espírita do mundo
O conceito de livre-arbítrio está
presente na filosofia, nas religiões e na
ciência. Entre os espíritas, reveste-se de
caráter especial não só pelo alinhamento à
lei moral de causa e efeito e oposição à
fatalidade cega, mas pelo inalienável direito
de auto-determinação. Pessoas imaturas,
porém, ao exagerar esse direito, causam
danos também a terceiros, a instituições e
ao próprio Espiritismo. Editorial, página
02.
O tema divide as opiniões.
Muitos são contra, inclusive espíritas, que
não deixam de a elas recorrer, às vezes
antes mesmo de se esgotarem outras
alternativas. Médiuns, nem sempre
espíritas; os vários tipos de tratamentos;
a opinião de Divaldo Pereira Franco e a
recomendação de Paulo de Tarso. Página
05.
Os jornais franceses noticiaram
em 1865 e Kardec analisou na Revue em
janeiro do ano seguinte. A moça dormiu
56 horas após a morte da irmã e depois
passou a ver e ouvir o que ninguém mais
percebia. Página 09.
Segundo o conhecido jornalista
e escritor, trata-se de um equívoco
cometido por boa parte da imprensa
espírita considerar a Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas, fundada por Allan
Kardec em 1º de abril de 1858, como um
centro espírita. Seu artigo refutando a
informação do “CAE” está nas páginas
10 e 11, bem como alguns argumentos da
nossa Redação, alimentando o debate.
Outros Destaques Desta Edição
ADEs da PB e do RN apresentam planos de trabalho – A Associação de Divulgadores do
Espiritismo da Paraíba, tendo à frente Raquel Maia, elaborou um projeto que já está em
execução e contempla um programa de rádio, o lançamento de um livro, o seu site e
futuramente programa na Tv. Já a co-irmã do Rio Grande do Norte, presidida por Nertan
Jucá, também prevê a criação de um programa radiofônico, o portal e o jornal “O Mensageiro” já em circulação, inclusive como encarte de um jornal leigo de Natal. Pág. 04.
Vale a pena recordar – Tem um sabor especial ler agora ou reler o que publicamos há dez
anos. Em homenagem à data de nascimento de Allan Kardec, organizador do Espiritismo,
aludimos a trechos especiais das cinco de suas principais obras. Mas houve mais: a
importância de um departamento de divulgação nos Centros Espíritas e notícias diversas,
entre elas o funcionamento da Livraria Ponto de Luz que é, desde então, um dos nossos
anunciantes. Pág. 08.
A última geração que respeitou os pais é a primeira que teme os filhos – Para o
sociólogo Paulo R. Santos, os jovens de hoje são vítimas dos erros dos pais, educadores e
da sociedade como um todo. A falta de limites, a incapacidade de lidar com as perdas e
frustrações são apontadas por ele como as causas decisivas para a desorientação na
vida. A propósito, leia-se o texto de Kardec acima. Pág. 10.
| Editorial |
Quando o livre-arbítrio não parece ser uma coisa boa
O livre-arbítrio é uma aquisição
preciosa do espírito ao longo de sua jornada
evolutiva. Estagiando nos reinos inferiores da
natureza como “princípio inteligente”, ingressa na humanidade, simples e ignorante, para
a partir daí desenvolver a capacidade de uso
da razão e com ela aprender a discernir o
moralmente certo do errado. À medida que
progride, mais se lhe ilumina a consciência,
mais liberdade nas escolhas passa a desfrutar e como conseqüência natural, pela lei de
Causa e Efeito, assume proporcional responsabilidade por atos, palavras e pensamentos
que dele procedem. O abuso do livre-arbítrio
leva à necessidade de repetição de experiências dolorosas e expiações e provas fazemse acompanhar no seu dia-a-dia.
Nas atividades espíritas, aceitas
livremente, não é diferente. Há os mais
diversos comportamentos: os entusiastas, os
fiéis servidores, os trabalhadores da primeira
e da última hora, os desertores, mas a maioria fica no meio do caminho. Por inviolável o
seu direito de permanecer ou sair, fazer ou
transferir, muitos trabalhadores com inegáveis possibilidades de colaboração, acovardam-se diante não de grandes desafios, mas
de si mesmos por eleger os ideais efêmeros
do corpo acima do embelezamento da alma
imortal.
Melindrosos, rechaçam qualquer tipo
de cobrança que possa lhes pôr ordem aos
passos. Defendem-se com o argumento de
que o Evangelho ensina que devemos – eles,
os outros – ser tolerantes, indulgentes e
caridosos com as fraquezas e dificuldades
alheias – as nossas. Confundem o consenso
de que “não se pode exigir das pessoas mais
do que elas podem oferecer” com “não se
pode pedir mais do que elas querem dar”.
Por serem serviços prestados sem
qualquer remuneração, encontram os mais
diversos pretextos para se eximirem de
executá-los e a Doutrina acaba relegada ao
último patamar de suas preocupações.
Farão, sim, afirmam, mas quando e se puderem. Normalmente há toda sorte de impedimento e limitações: de tempo, recursos,
conhecimento, habilidade. O problema não
está em se reconhecer as próprias limitações
que é até uma demonstração de humildade,
mas de se conformar com elas por uma vida
inteira.
Há muitos anos um companheiro,
palestrando em casa espírita, referiu-se aos
medíocres. O termo inicialmente pode chocar. Ninguém gosta de ser chamado assim.
Do mesmo modo que de ordinário, um de
seus sinônimos. Mas medíocre significa
também comum e mediano. Infelizmente,
muita gente que diz ser espírita, só o conhece
de fachada, muito menos o vivenciam. Do
contrário não agiriam com tanta mediocridade, fazendo mal à ela, a Doutrina, desrespeitando outras pessoas e retardando o seu
próprio progresso.
Na vida em sociedade, aprendemos a
ser educados com os outros. Se marcamos
um encontro com um amigo ou mesmo a
negócios com um estranho, se surgir algum
contratempo, fazemos o possível para avisar
antes ou, na pior das hipóteses, justificar
depois. Mas muitos espíritas invocam a tal
tolerância evangélica e o livre-arbítrio para
não dar satisfação a ninguém. Faltam às
reuniões mediúnicas ou de fluidoterapia sem
justificativas. Outros que assumiram graves
responsabilidades na área administrativa
tornam-se muito “esquecidos” e mesmo
lembrados de incumbências e das reuniões,
omitem-se sem razão.
Hipnotizados com o mundo material e
seus “inadiáveis” compromissos, aceitam se
manter medíocres. Enquanto isso a Doutrina
paga o preço de sua negligência e descaso.
Tarefas são adiadas ou realizadas precariamente. Problemas agravam-se enquanto
permanecem, no aguardo de soluções.
Auxílios importantes deixam de ser prestados. Projetos de divulgação desmancham-se
por falta de mão de obra e boa vontade.
Mas nada de cobrar, por favor, O livrearbítrio é o escudo atrás do qual se escondem
os medíocres. Se convocados com mais
ênfase a dar o seu quinhão de trabalho, logo
se saem com a ameaça: “Se quiserem, é
assim. Ou então, estou fora”.
Correção:
Na matéria de capa da edição anterior, o número
correto de vítimas do tsunami de 2004 foi 220.000 e
não como constou.
Opinião do Leitor
Aproveito o ensejo para parabenizar a equipe da ADE-PR
pelo envio do número 67 do Jornal ComunicAção Espírita
para a nossa ADE. Dentre as matérias publicadas
relacionadas com o meio espírita, interessante e oportuna
a que destaca o assunto sobre " A natureza em fúria na
Ásia". Tema social de magnitude, abordado com lógica e
bom senso, à luz do conhecimento espírita
Éder Favaro – ADE-SP
Caro Wilson,
Informo o recebimento do jornal da ADE-PR e parabenizo
vocês pela iniciativa de disponibilizar o periódico para
venda em Bancas de Jornais. Iniciativa simples e potencialmente eficaz. Já experimentamos por aqui disponibilizar
em Bibliotecas Públicas e Drogarias. Pode dar um bom
resultado no caso de exemplares gratuitos.
Um forte abraço,
Paulo Santos/Minas
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ANO XII · NÚMERO 68
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
| Subsídios para a Melhoria da Imprensa - XLXIX |
Subsídios para a Melhoria da Imprensa - XLXIX
Y. Shimizu
REDAÇÃO DO TEXTO JORNALÍSTICO - XII
Dentre os equívocos de teor
gramatical detectados com maior
freqüência na revisão dos textos
jornalísticos em vernáculo estão aqueles
relacionados com o emprego das iniciais
maiúsculas, da vírgula e do hífen, já
devidamente apresentados nos números precedentes deste jornal. Hoje será
focalizado o uso da crase, outro item
que costuma causar muitas dúvidas na
hora de elaborar uma redação para ser
publicada.
Segundo Adriano da Gama
Kury, “a palavra crase, de origem grega,
significa mistura, fusão, ou seja a união
íntima de dois elementos. Em gramática,
usa-se o vocábulo crase para indicar o
fato fonético de duas vogais iguais se
fundirem, se unirem numa só” (1982, p.
99).
De acordo com esse autor, há
três casos em que ocorre a crase:
1º caso – encontro da preposição a
com o a inicial dos demonstrativos
aquele(s), aquela(s), aquilo, que passam
a escrever-se àquele(s), àquela(s) e
àquilo;
2º caso – encontro da preposição a
com o artigo definido feminino a; as;
3º caso - encontro da preposição a
como pronome demonstrativo a.
Como se pode constatar, em qualquer
dos três casos, o primeiro a é sempre
preposição. (1982, p. 100). O sinal
gráfico indicador da crase é o acento
grave (`) (Sacconi, 1990, p. 376).
Assim, Kury enuncia a regra para o 1º
caso: “todas as vezes que, numa frase, a
preposição a vier seguida de aquele,
aqueles, aquela, aquelas, aquilo, contrai-
se com o a inicial desses demonstrativos, marcando-se essa crase, na escrita,
com um acento grave: àquele, àqueles,
àquela, àquelas ou aquilo” (1982, p.
102). Ex: Vá àquele supermercado.
Limitou-se àquelas frutas.
Também é de Kury a regra para
o 2º caso: “todas as vezes que, numa
frase se encontram juntos a preposição
a (pedida por um verbo, um nome ou
um advérbio) e o artigo a ou as (pedido
por substantivo feminino), os dois aa,
por uma crase fundem num só, que se
escreve à ou às” (1982, p. 103). Ex: Fui à
guerra por amor à Pátria. Ele tem direito
às férias no trabalho.
O mesmo autor acrescenta a
regra para o 3º caso: “todas as vezes
que, numa frase, se encontram a
preposição a e o pronome demonstrativo a ou as, os dois aa, por uma crase, se
fundem num só, que se escreve à ou às
(1982, p. 106). Ex: Minha morte está
ligada à do meu pai (depois de à está
subentendido morte). Ex: Minha casa
está ligada à (casa) de Maria
Eduardo Martins formula a
seguinte recomendação: “substitua a
palavra antes da qual aparece o a ou as
por um termo masculino. Se o a ou as se
transforma em ao ou aos, existe crase;
do caso contrário não”. Ex: Ele foi à loja.
Ele foi ao mercado.
É dele a segunda recomendação: “a combinação de outras preposições com a (para a, na, da, pela e com a,
principalmente) indica se o a ou as deve
levar crase (não é necessário que a frase
alternativa tenha o mesmo sentido da
original, nem que a regência seja
correta)” (Martins, 1997, p. 315). Ex: Foi
à Espanha. Chegou da Espanha.
Eduardo Martins diz que não se
usa a crase antes de:
1. palavra masculina. Ex: Exijo pagamento a prazo.
Exceção: quando se pode subentender uma palavra feminina, como moda e
maneira.
Ex: Ele usa barba à D. Pedro II.
2. nome de cidade. Ex: Mauro foi a
Bocaiúva do Sul.
Exceção: quando se acrescenta um
qualificativo para a cidade.
Ex: Ontem andei pela florida Curitiba.
3. verbo (na forma verbal). Ex: Ele
começou a praticar o boxe.
4. substantivos repetidos. Ex: Ele
venceu a corrida de ponta a ponta.
5. pronomes pessoais, demonstrativos
e relativos. Ex: Ele emprestou o livro a
ela.
6. outros pronomes que não admitem
artigo, como ninguém, alguém, toda,
cada, tudo, você, alguma, qual, etc. Ex:
Não dou satisfação dos meus atos a
ninguém.
7. fórmulas de tratamento. Ex: Quero
dizer a Vossa Senhoria...
8. (o artigo indefinido) uma. Ex:Estou
indo a uma reunião de caráter político.
9. palavra feminina tomada em sentido
genérico (se couber o indefinido uma
antes da palavra não haverá crase). Ex:
Não cito as mulheres adultas, mas as
meninas. (1997, p. 316).
10. distância, desde que não determinada (quando se define a distância, existe
crase). Ex: ensino a distância; ele estava
à distância de 50 metros.
11. casa, considerada como o lugar em
que mora. Ele chegou a casa.
Nailson Gondim acrescenta
ainda outros casos em que não se
emprega a crase:
12. artigos indefinidos. Ex: Ele pagou a
dívida a uma credora.
13. numerais cardinais. Ex: Enumere de
1 a 10.
14. antes de nome de santa. Ex: Vou
prometer a Santa Inês.
15. quando o a antecede palavra no
plural. Ex: Ele atribuiu o prejuízo a
causas diversas.
Dad Squarisi diz que: “é
facultativo o uso da crase antes de nome
próprio feminino ou pronomes possessivos femininos”. Ex: Paguei a conta a
Maria; vou à minha casa.
“Porém, se o possessivo estiver substituindo o substantivo a crase é obrigatória” (2005, p.90).
Ex: Não vou a sua casa, mas à minha.
Referências:
GONDIM, Nailson. Manual padrão
para redações. São Paulo: Scritta, 1993.
KURY, Adriano da Gama. Ortografia,
pontuação, crase. Rio de Janeiro:
Fename, 1982.
MARTINS, Eduardo. Manual de
redação e estilo. 3ª ed.São Pulo: OESP,
1997.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa
gramática: teoria. 11ª ed. São Paulo:
Atual, 1990.
SQUARISI, Dad. Manual de redação e
estilo. Brasília: Fundação Assis
Chateaubriand, 2005.
http://www.aeepr.org.br
[email protected]
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
ANO XII · NÚMERO 68
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| Biblioteca do Divulgador – XIII |
Obras relevantes da bibliografia espírita – V
Y. Shimizu
O conhecimento do acervo
bibliográfico de obras de autores
desencarnados de alta credibilidade,
recebidas por via mediúnica, reveste-se
de importância primordial para o
divulgador da Doutrina Espírita, não
apenas para evidenciar a sobrevivência
e a comunicabilidade do espírito após a
morte do corpo físico, como também,
para elucidar as particularidades da
vida na erraticidade.
Assim, foram focalizadas no
número precedente as obras recebidas
por Francisco Cândido Xavier, sem
dúvida o médium de maior confiança
da comunidade espírita brasileira.
Outro medianeiro que usufrui
de alta credibilidade no meio espírita
brasileiro e internacional é o tribuno
baiano Divaldo Pereira Franco, com
um acervo bibliográfico de quase
duzentos livros psicografados.
Dele podem ser mencionados:
romances (como, por exemplo, os de
Victor Hugo), relatos de vida postmortem (como Além da Morte, de
Otília Gonçalves), coletâneas de
contos evangélicos (como as de Amélia
Rodrigues, de Ignotus, de Eros), livros
de poemas em prosa (como os do poeta
indiano Rabindranath Tagore),
mensagens doutrinárias de vários
teores (como as de Marco Prisco, de
Bezerra de Menezes, de Vianna de
Carvalho, Carlos Torres Pastorino, e de
outros); dissertações de natureza éticoevangélicas para diversas situações
existenciais, de autoria da mentora
pessoal do médium Joanna de Angelis
(como, por exemplo, Momentos de
Coragem).
Desses, merecem destaques
especiais, segundo a visão do signatário, duas coleções, além das supracitadas: a) Série Psicológica - estudos
sobre as perturbações de teor psicológico e espiritual e propostas terapêuticas
alicerçadas no Evangelho, nas teorias
junguianas e na Psicologia
Transpessoal, ditados por Joanna de
Angelis (como, por exemplo: Jesus e o
Evangelho à Luz da Psicologia
Profunda); b) relatos de casos de
perturbações obsessivas de encarnados
provocados por espíritos infelizes e os
procedimentos saneadores pertinentes,
vistos do plano espiritual narrados por
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Manoel Philomeno de Miranda (como,
por exemplo: Painéis da Obsessão).
O professor doutor da
Universidade Federal Fluminense J.
Raul Teixeira é outro nome que está
obtendo alta credibilidade, tanto na
qualidade de tribuno como médium
psicógrafo, inclusive com projeção em
vários países da Europa e das Américas.
De sua produção mediúnica destacamse os livros ditados pelo seu mentor
espiritual pessoal Camilo, provocando
muita reflexão e estímulo para o
trabalho doutrinário.
Yvonne A. Pereira é outro nome
que deve ser lembrado pela idoneidade
comprovada do seu exercício mediúnico. Tanto os romances (como Memórias
de um Suicida), como os relatos de fatos
ocorridos no exercício de suas faculdades (como Recordações da
Mediunidade, Devassando o Invisível)
são relatos de grande autenticidade
sobre as vivências do plano espiritual.
Finalmente, cabe mencionar os
livros recebidos pela pena mediúnica da
paulista Célia Xavier de Camargo,
residente em Rolândia, no Estado do
Paraná. Em sua maioria são relatos de
encarnações passadas e vivências em
colônias espirituais, apresentados de
forma romanceadas, de fácil compreensão e assimilação (como, por exemplo,
as narrativas de: Jésus Gonçalves, Leon
Tolstoi, César Augusto Melero,
Eduardo, Marcelo, Eric).
Há, ainda, outros relatos e
informações de médiuns de alto teor
perceptivo e deveras interessantes e
elucidativos que podem ser temas de
estudos, reflexões e investigações,
podendo ser tomados como pontos de
partida para estudos sérios, confrontos
com dados e informações fornecidos
por outros medianeiros e pesquisadores.
ANO XII · NÚMERO 68
ADEs nordestinas
anunciam projetos
Do mesmo modo que a
Abrade optou pelo sistema de
Colegiado em sua administração,
ainda em fase de implantação,
também a ADE-PB decidiu, em
Assembléia Geral, adotar a mesma
medida, aumentando participação e
divisão de responsabilidades.
Raquel Maia, sua presidente,
dá detalhes do projeto “Nas Ondas
do Consolador”, que engloba
diversas ações, entre elas um programa de rádio semanal de duas
horas, aos domingos, e que pode ser
assistido pela internet no endereço
www.radiosanhaua.com.br.
Outra iniciativa foi o lançamento de um livro de autoria de Jair
Herculano com Cd anexo e que
possui o mesmo título do programa
radiofônico, trazendo vários de seus
editoriais. Uma meta para aproximadamente um ano é conseguir a
criação de um programa de televisão. Bons resultados têm sido
obtidos também nos relacionamentos com várias instituições, a federativa local e, inclusive, outros segmentos religiosos!
Sobre o programa de rádio,
informa Merlânio Maia que inicialmente Jair Herculano apresentava o
mesmo numa rádio comunitária e
que com o projeto o mesmo passou
a ser veiculado na rádio SanhauáAM que possui alcance estadual.
Depois veio o livro com o Cd gravado
por Jair dos melhores editoriais do
programa que tem sido solicitado
até por pessoas de outras religiões.
O livro está sendo lançado em todas
as casas espíritas do estado, no
SENAC, Fundação José Américo e
FEPB.
Na seqüência, será colocado
no ar o site da ADE-PB propiciando a
possibilidade de download dos
programas e uma loja virtual para
comercialização de livros e CDs. Na
fase seguinte do projeto virá o jornal
da ADE-PB com lançamento em
todas as casas espíritas, além de um
segundo volume do livro “Nas ondas
do Consolador”. Finalmente, com os
recursos auferidos destas vendas e
as provenientes de algumas parcerias o programa chegará à televisão,
completando a execução do projeto.
Outra ADE que iniciou o ano
de 2008 com novidades é a do Rio
Grande do Norte. Entre as propostas
aprovadas pela diretoria, liderada
por Nertan Jucá, estão a criação de
um portal, um programa de rádio
para veiculação na internet e um
projeto do programa “Visão
Espírita”, que está em pleno desenvolvimento, contando com a presença de diversos profissionais da área
de comunicação que estão dando
uma formatação adequada ao
mesmo.
Uma parceria entre a ADERN e a FERN - Federação Espírita do
RN está permitindo a edição do
periódico mensal “O Mensageiro”
cuja distribuição no Movimento
Espírita está sendo feito através das
Casas Espíritas e, ao público em
geral, pelo encarte em um jornal de
grande circulação no Estado do RN,
“O Poti”.
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
Mediunidade de Cura
CVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo.
Estudos sobre Mediunidade
INTRODUÇÃO
Está ocorrendo uma ansiosa
busca de espiritualidade. Quer aprovem
todas as pessoas ou não, estamos hoje
em meio a um processo de transição
para uma nova era, o que muitos
estudiosos chamam de "despertar
espiritual".
Este encontro do Homem
contemporâneo com o pensamento
metafísico é acompanhado de uma
insistente busca da medicina alternativa:
Acupuntura, Medicina Antroposófica,
Bioenergética e principalmente, as
terapias ditas espirituais. Milhares de
pessoas decepcionadas com a Medicina
Convencional têm buscado nos Centros
Espíritas, ou em outras correntes
religiosas o restabelecimento de sua
saúde. Daí a importância do estudo das
diversas modalidades terapêuticas
oferecidas pela Casa Espírita.
MODALIDADES DE TERAPIA
ESPIRITUAL
a) Fluidoterapia convencional: trata-se
do Passe Magnético, da água fluidificada e da irradiação à distância, terapêuticas onde se trabalha com fluidos
curadores, encontradas em quase todos
os centros espíritas;
b) Assistência através de médiuns
receitistas: o médium receitista,
segundo Allan Kardec (que os denominava também de médiuns medicinais),
são aqueles cuja especialidade é a de
servirem mais facilmente aos Espíritos
que fazem prescrições médicas. Lembra
o codificador que não se deve confundilos com os médiuns curadores, porque
nada mais fazem do que transmitir o
pensamento do Espírito e não exercem
por si mesmos, nenhuma influência.
Benfeitores espirituais dotados de
conhecimentos sobre Medicina, que
ditam através do médium (geralmente
por psicografia) os medicamentos e as
orientações que deve seguir para o seu
restabelecimento. A maioria deles
trabalha com Medicina Homeopática,
lançando mão também de chás, ervas e
drogas ditas naturais;
c) Assistência espiritual direta:
consiste na atuação terapêutica dos
Espíritos sem a participação direta de
médiuns. Talvez seja a mais comum das
modalidades terapêuticas espíritas,
onde os Benfeitores estarão mobilizando
recursos fluídicos específicos em benefício dos necessitados sem que eles,
muitas vezes, percebam. Esta modalidade pode desenrolar-se nos centros
espíritas ou mesmo nas residências dos
enfermos. Em determinadas situações o
doente é levado em corpo espiritual a
certos hospitais do mundo extra-físico e
lá são submetidos a complexos processos de reparação perispiritual;
d) Operações espirituais: caracterizase pela atuação de Espíritos desencarnados incorporados em médiuns específicos. No Brasil, ganhou muito destaque a
partir dos médiuns José Arigó e Edson
Queirós. Utilizando-se das mãos do
médium ou de instrumentais cirúrgicos,
os cirurgiões desencarnados mobilizam
recursos fluídicos diretamente junto ao
corpo físico e espiritual do doente.
Interrogado quanto à utilização
desses instrumentos cirúrgicos neste
tipo de assistência espiritual, o expositor
Divaldo Franco assim se expressou:
"Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do Espírito comunicante, que deve ser
esclarecido devidamente, e de presunção do
médium, que deve ter alguma frustração e, se
realiza desta forma, ou de uma exibição, ou
ainda para gerar melhor aceitação do
consulente, que condicionado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os Espíritos se
podem utilizar dos médiuns que, normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica humana quando eles a
possuem superior.”(1).
O Dr. Jorge Andréa, médico e escritor
espírita, adverte quanto à generalização
deste tipo de modalidade terapêutica:
“... existem desajustes na prática desse tipo
de tratamento que devem merecer, por
parte dos solicitantes, uma análise cautelosa,
porquanto os abusos são inúmeros e as
mistificações, conscientes ou inconscientes,
abundantes.” (2)
Com relação aos resultados
destas operações espirituais, o Dr. Jorge
Andréa esclarece que eles vão depender
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
http://www.cvdee.org.br/em/em16.doc
de fatores ligados ao médium e ao doente. Os primeiros se relacionam à
seriedade, honestidade de princípios e
moralidade. Os fatores relacionados aos
doentes são: a fé, o merecimento e a
programação cármica.
ESPIRITISMO E MÉDIUM
CURADOR
A mediunidade curadora deve
ser examinada tal qual qualquer outra
modalidade mediúnica. Nesse sentido o
médium de cura deve procurar canalizar
seus recursos fluídicos para o bem,
sustentado pelos princípios espíritas e
pela moral evangélica. Aquele que se vê
com esses dotes mediúnicos deve
procurar nortear sua conduta a partir
dos seguintes itens:
a) Vinculação a um centro espírita: a
maior parte dos problemas observados
com os médiuns curadores reside no fato
de não se submeterem aos regimes
doutrinários de um Centro Espírita.
Muitas vezes optam por trabalho
isolado, quando não constroem seu
próprio centro espírita, estruturado em
idéias errôneas e práticas inadequadas.
Muitos inconvenientes seriam evitados
se ele se integrasse a um Centro Espírita
como qualquer outro trabalhador de
Jesus e amparado pelas forças dos
companheiros encarnados e desencarnados sofreria uma proteção muito mais
efetiva;
b) Estudo sistemático do Espiritismo:
não se pode separar a prática mediúnica
do estudo constante dos postulados
espíritas. Sem esse conhecimento
doutrinário, facilmente o médium cairá
nas malhas dos Espíritos da sombra ou
de pessoas inescrupulosas e aproveitadoras;
c) Gratuidade Absoluta: a Doutrina
Espírita não se coaduna com qualquer
tipo de cobrança para prestação de
serviço espiritual. A gratuidade está
também relacionada com a questão
melindrosa dos "presentes" e das
"doações para instituições" que muitas
vezes nada mais são do que formas
disfarçadas de cobrança;
d) Exercício constante da humildade:
ANO XII · NÚMERO 68
Allan Kardec assevera que o maior
escolho à boa prática mediúnica é a
vaidade e o orgulho. Nesse sentido, o
médium de cura deve se conscientizar de
que ele é apenas um elemento na
complexa engrenagem organizada pelo
mundo maior, engrenagem esta que vai
encontrar no Cristo o seu condutor
maior.
FINALIDADE DAS CURAS
ESPIRITUAIS
Sabemos que o grande papel
desempenhado pelo Espiritismo está
relacionado à moralização da humanidade. Assim sendo, pergunta-se porque
assume a Doutrina Espírita compromissos com as curas espirituais? Qual a
finalidade da existência de médiuns
curadores? Quem responde é Divaldo
Franco:
“A prática do bem, do auxílio aos doentes. O
apóstolo Paulo já dizia: Uns falam línguas
estrangeiras, outros profetizam, outros
impõem as mãos... Como o Espiritismo é o
Consolador, a mediunidade, sendo o campo,
a porta pelos quais os Espíritos Superiores
semeiam e agem, a faculdade curadora é o
veículo da misericórdia para atender a quem
padece, despertando-o para as realidades da
Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a
recuperação da saúde, o paciente já não tem
direito de manter dúvidas nem suposições
negativas ante a realidade do que experimentou. O médium curador é o
intermediário para o chamamento aos que
sofrem, para que mudem a direção do
pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.”
Bibliografia
(1) Diretrizes de Segurança - Divaldo e Raul
Teixeira
(2) Psicologia Espírita - Dr. Jorge Andréa
(3) Mãos de Luz - Dra. Barbara Brenan
Fonte: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de
Fora - MG
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| Divulgar com Eficiência |
Banca do Livro Espírita
Atividade meio termo entre a Livraria e a Feira do
Livro. Esta externa e temporária; aquela interna e
regular mas raramente permanente (horários contínuos). As regras básicas de funcionamento são as mesmas
para as suas análogas. As observações que lhe são
peculiares estão relacionadas com a escolha do local, o
alvará específico junto aos órgãos públicos, a caracterização de atividade comercial e suas implicações legais
e a necessidade quase que imprescindível de funcionário remunerado para o atendimento, visto que dificilmente se poderá contar com o labor de pessoa voluntária fixa para cumprir tal finalidade. Somente na situação
de aposentado ou contando com muita dedicação por
parte de uma família ou grupo para se obter o revezamento necessário sem prejuízos à assiduidade e
pontualidade de funcionamento.
E aí o cuidado que se deve ter ao avaliar as
possibilidades de sucesso do empreendimento. Se por
um lado devemos ter coragem e determinação para
executar a tarefa, por outro não podemos nos deixar
levar pelo entusiasmo exagerado do idealismo a ponto
de desconsiderarmos como muito importante uma
avaliação prévia da possibilidade de retorno financeiro.
Para que o projeto não malogre, devemos já possuir
alguma experiência de Feira de Livro, uma idéia
razoável sobre o perfil da população quanto à aceitação do livro espírita, etc. Temos que calcular antecipadamente, considerando os fatores de capacidade de
exposição da Banca, títulos a serem oferecidos, preços
médios e descontos obtidos junto às editoras/distribuidoras, quanto em receita será necessário
para, pelo menos, empatar com o salário pago e
demais despesas decorrentes de seu funcionamento.
Entretanto, é indiscutível a grande relevância
para a Doutrina Espírita de um trabalho dessa natureza.
Imagine-se quantas obras (livros, revistas, jornais, Cds,
fitas de vídeo) estarão sendo distribuídos por esse
recurso de fácil acesso aos interessados em potencial. E
uma cidade de porte médio ou grande, quantas
milhares de pessoas poderão tomar contato com a
mensagem espírita por meio de uma banca instalada
numa praça central funcionando cerca de 300 ou mais
dias do ano? Com certeza valerá todos os esforços,
todos os sacrifícios que se envidar para concretizar tal
PÁGINA 06
Wilson Czerski
ideal.
Algumas cidades brasileiras
contam com esse tipo de trabalho.
Onde pretenda-se iniciá-la, é
recomendável antes consultar os
responsáveis e colher-lhes as experiências para se adquirir maior
segurança no projeto.
Além destas observações
gerais acrescentamos algumas outras
lembradas pelo “Manual da Banca do
Livro Espírita”, disponível para
download na íntegra no site da Petit
Editora (www.petit.com.br) e complementadas, por sua vez, por anotações
nossas.
Entre os objetivos desta
atividade, além, obviamente, da
divulgação da literatura espírita e do
aspecto comercial como meio de
sustentação de outras atividades-fins, pode-se citar a
distribuição (vendida ou gratuita) de jornais e revistas
espíritas e informações sobre o movimento espírita local,
principalmente, incluindo endereços das casas espíritas,
dias e horários de funcionamento. Podem também servir
de apoio à formação de livrarias e bibliotecas nestas
mesmas instituições ou ser um ponto de obtenção de
assinantes dos Clubes do Livro.
Tal como as Feiras do Livro, preferencialmente,
uma BLE deve estar vinculada a uma destas Associações
Espíritas comuns (os centros) ou especializadas (ADEs,
AMEs, Instituto de Pesquisa).
Um roteiro básico a ser seguido para a implantação de uma BLE iniciaria pelo requerimento à prefeitura municipal para obter o alvará de funcionamento em
local previamente escolhido e/ou permitido, seguido da
aquisição das instalações (em certas cidades há uma
padronização com as bancas de jornais comuns).
Definido quem fará o atendimento, em caso de
funcionário remunerado, o mesmo deverá possuir
razoável conhecimento da literatura espírita e, em caso
de falta de experiência, ser treinado para prestá-lo.
Importante apresentar-se às editoras e distribuidoras solicitando fichas para cadastro, catálogos e
ANO XII · NÚMERO 68
informações sobre condições de prazos e descontos. As compras, especialmente, no início, devem
priorizar a diversidade de títulos e não grandes
quantidades de poucos títulos.
Os preços de venda, em princípio serão os
de capa para darem suporte à própria manutenção
e alcance das metas estabelecidas pela instituição
patrocinadora. Nada impede, porém, que se
ofereça descontos e promoções.
Os controles de vendas e estoque podem
ser feitos manualmente em caderno comum,
anotando-se os títulos/quantidades vendidas e
valores. Outra maneira seria destacar do exemplar
vendido uma papeleta com o seu título e preço
impressos ou carimbados e ali previamente afixados. O movimento geral diário pode ir direto para
os controles informatizados no computador.
Quanto à exposição dos livros, a mesma
deve seguir critérios lógicos e práticos. Uma das
formas é distribui-los por gênero (romances, contos,
filosóficos, científicos, infantis, dissertações, etc).
Ou por autores. Lugar especial deve ser reservado
às Obras Básicas de Allan Kardec e outro, se
possível, para os últimos lançamentos.
A divulgação, além de se contar com os
próprios centros espíritas, deve-se pensar na
possibilidade de estendê-la também em jornais
leigos, emissoras de rádio, em eventos espíritas ou
não, e locais como empresas, agências bancárias,
órgãos públicos, sempre com a devida permissão.
Na parte externa, além da identificação da
BLE, podem ser fixados cartazes com avisos diversos
ou mesmo de livros, as capas dos jornais e/ou
revistas que estão à venda e uma lousa com o
“Pensamento do Dia”, extraídos de livros ou mensagens volantes.
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
Festa junina traz renda
para ADE-JP e G.E.E.Ueda
O coordenador do Grupo de Estudos Espíritas de Ueda, Lourenço
Matiero, sugeriu e, como sempre, em trabalho conjunto, a equipe por ele
dirigida e a ADE-Japão, participaram no dia 26 de junho da festa junina do
Colégio Pitágoras - instituição de ensino voltada para os brasileiros residentes no Japão -, unidade Nagano, na cidade de Monowa-shi, a 60
quilômetros de suas sedes.
Devido as atuais dificuldades de se organizar uma Feira do Livro
Espírita que ajude na obtenção de recursos necessários para custear as
despesas dos dois grupos espíritas, inclusive equipamentos auxiliares na
apresentação de palestras, optou-se por esta oportunidade na qual foram
comercializados, em um dia de muita chuva, 360 pastéis e 150 refrigerantes com um lucro líquido de 23.650 ienes ou pouco mais de trezentos reais.
ADE-JP reorganiza
remessas para ADE-PR
Após alguns contratempos no envio dos valores relativos à parceria entre
a ADE-JP e a ADE-PR quanto ao espaço disponibilizado à primeira neste jornal e a
remessa de 100 exemplares a cada edição para distribuição no Japão, a situação
tende a se normalizar a partir de agora com os depósitos sendo realizados entre
duas agências do Banco do Brasil, em Ueda e Curitiba.
Pedimos desculpas pelo atraso na distribuição do periódico no Japão,
mas estamos nos esforçando para evitar que tal problema se repita de agora em
diante.
Grupo de Estudos
Espíritas de Gunma,
uma ponte para a integração
O novo Grupo de Estudos Espíritas de Gunma reúne membros de
três grupos espíritas do Japão. Organizado pela ADE-JP, tem como coordenadores Thiago e Patrícia Makyama.
O Grupo de Gunma foi uma das metas realizadas da ADE-JP e, com
a ajuda do casal Makyama, está em plena atividade e conseguindo reunir
membros de grupos espíritas de Fukaya, Tóquio e Ueda, por estar em uma
região estratégica entre a capital japonesa e a sede daADE-JP.
Com reuniões marcadas para o quarto domingo de cada mês,
consegue reunir espíritas de diversas cidades da região. Com certeza uma
grande ponte para a unificação da Doutrina Espírita no Japão. Parabéns
para todos que participam do Grupo e ajudam na divulgação doutrinária na
região.
Equipe da ADE-JP e G.E.E.-Ueda: venda de pastéis para reverter
na divulgação espírita no país do oriente
Grupo de Fukaya convoca espíritas da região
para o Curso Preparatório de Espiritismo
O G.E.E. Fukaya está convocando todas as pessoas interessadas
em participar de um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita,
com reuniões que acontecem no terceiro domingo de cada mês, no
horário das 10:00 às 12:00 horas. O principal objetivo é dar uma idéia
geral do que seja o Espiritismo e suas diferenças com as demais religiões.
O endereço é Sangyo Kaikan – Saitama-ken – Fukaya-she – Nakacho 20-1 sala 301 e a 302 reservada para as crianças – 3º andar. Fone:
048-571-1126, informações em japonês, somente para o endereço do
local; 048-575-2250 ou 090-18035298, com Cecília ou Cláudio em
português para reservas para o curso e demais informações. E-mail:
[email protected]
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
Participantes do Grupo Espírita em Gunma
ANO XII · NÚMERO 68
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| Auto-retrato |
Os Espíritos, Kardec e Herculano Pires ganharam voz na primeira página
da edição de 10 anos atrás. A necessidade de um departamento de divulgação nos
centros espíritas, o distanciamento entre as ADEs, a Comunhão Espírita Cristã de Itapoá-SC
e a inauguração de uma nova livraria espírita na cidade.
A edição nº 09 do “ADE-PR
Informativo”, referente ao bimestre
setembro-outubro de 1998, estampou
em sua primeira página, sob o título
“Fala Kardec!” cinco trechos selecionados, cada um deles, a partir de uma das
chamadas Obras Básicas. O intuito,
com esta idéia, era homenagear o ilustre
codificador do Espiritismo na data do
seu 194º aniversário de nascimento, em
03 de outubro.
Da primeira e principal obra,
“O Livro dos Espíritos”, transcreveu-se o
segundo parágrafo da sua introdução,
de autoria do também tradutor
Herculano Pires (editora Lake), no qual o
filósofo paulista afirma: “ Sobre este livro
ergueu-se todo um edifício: o da
doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental... seu marco inicial. Antes... não
havia Espiritismo... Falava-se em
Espiritualismo e Neo-Espiritualismo.
Mas depois que Kardec lançou-o à
publicidade... uma nova luz brilhou nos
horizontes do mundo”.
A seguir foram citadas as
questões 780 e 784. A resposta desta
última conclui sabiamente sobre a
perversidade humana: “É preciso que
haja excesso do mal, para fazer-lhe
compreender a necessidade do bem e
das reformas”.
Do “Evangelho Segundo o
Espiritismo” também mencionou-se
trecho de sua introdução, mas esta do
próprio Kardec. Ali o mestre lionês
informava que “recebia comunicações
mediúnicas de perto de mil centros
espíritas sérios”. A concordância dos
ensinamentos pautara a elaboração dos
livros e este controle universal garantia a
unidade futura do Espiritismo.
Duas comunicações destas,
uma de Santo Agostinho e a outra de
São Vicente de Paulo ilustram “O Livro
dos Médiuns”. No primeiro o ex-bispo
de Hipona recomendava a separação
do trigo do joio em relação à divulgação
das doutrinas de um modo geral. Já
Vicente apregoava que “a união faz a
força”.
De “A Gênese” o destaque veio
do seu último capítulo – “Sinais dos
tempos”. “... a humanidade se transforma... marcada por uma crise... freqüentemente penosas, dolorosas, mas
sempre seguidas de progresso material e
espiritual... se as renovações morais
coincidem... com as revoluções físicas
do globo elas podem ser acompanhadas ou precedidas de fenômenos
insólitos... de flagelos destruidores...
não são causas, nem presságios
sobrenaturais, mas conseqüências do
movimento geral que se opera no
mundo físico e moral”.
Finalmente, de “O Céu e o
Inferno”, extraiu-se os itens 2º, 3º, 6º e
22º do capítulo VII da primeira parte que
trata do Código Penal da vida futura.
Segundo os Espíritos, a felicidade é
inerente à perfeição e qualquer imperfeição da alma acarreta conseqüências
desagradáveis. A soma das penas é
proporcional à soma das imperfeições e
não fazer o bem possível já é uma
imperfeição. Assim, o espírito, após a
desencarnação, sofre por todo o mal
SP
praticado, mais todo o bem que poderia
fazer e não o fez.
O Editorial chamava a atenção
para os aspectos da divulgação e
comunicação no âmbito interno das
instituições. Falava da importância de
cada “centro” possuir um departamento
ou coordenadoria para este fim que
trabalharia entrosadamente com a área
doutrinária para bem atender a livraria,
a biblioteca, a organização de cursos,
seminários, palestras, a recepção e o
diálogo fraterno.
Atividade relacionada de certa
forma à divulgação seria prestada
também pela Secretaria ou Relações
Públicas ao estabelecer os necessários
contatos para intercâmbio de informações e realização de eventos comuns
com outras instituições, inclusive nãoespíritas. Neste ponto não se deixou de
criticar o encaminhamento que muitas
vezes se dá aos jornais e boletins
recebidos e não disponibilizados aos
freqüentadores.
Sobre a falta de cooperação
entre as ADEs, o editorialista sintetizava:
“Podemos optar pela união de esforços,
como uma autêntica equipe em torno de
objetivos comuns. Ou continuar cada
um fazendo tudo sozinho, mesmo que
outros já disponham de experiência no
assunto, com prejuízo de tempo,
recursos e qualidade”.
A página 02 ainda trouxe as
seguintes notícias: a) a inauguração da
Distribuidora e Livraria Ponto de Luz no
dia 15 de agosto, dirigida pelo confrade
Alceu Coelho Martins; b) a presença de
Raul Teixeira, Altivo Ferreira e Sandra
Dellapola na 3ª Conferência Estadual
Espírita, promoção da FEP e realizada
no Colégio Lins de Vasconcellos; c) a
inauguração da Comunhão Espírita de
Itapoá-SC em 06 de setembro por
iniciativa do confrade Nadil Furlan, de
Curitiba e d) o lançamento do CD
Momento Espírita vol.3, da FEP.
Na página 03, em “Notícias
ADE” comunicou-se sobre o adiamento
do workshop de jornalismo para maio
do ano seguinte, a Feira do Livro de
julho e a normalização dos cargos de
tesouraria que motivara um apelo
dramático na edição anterior. Na
“Agenda” o Fórum Nacional de
Espiritismo, promovida pela ADE-DF –
hoje extinta - para novembro com o
t e m a “A Po l í t i c a N a c i o n a l d e
Comunicação Social Espírita”.
A última página trouxe, além da
resenha literária sobre as obras de
Nazareno Tourinho, dois outros assuntos. No primeiro a realização do 3º
Simpósio de Comunicação Social
Espírita, realização da ADE-SP, no
feriadão de Sete de Setembro. Com
cerca de 90 participantes, os temas
giraram em torno dos diversos canais de
comunicação como o jornal, teatro,
livro, rádio, Tv e internet.
A outra notícia referiu-se à
geração do programa “Espiritismo via
Satélite” do dia 23 de agosto, feita
diretamente da capital paranaense. Na
ocasião Alamar Régis falou de seus
projetos futuros em relação à comunicação espírita de massa.
Escola
Sebastião Paraná
Do maternal
à 8ª série
MATRÍCULAS
ABERTAS
Rua Major Fabriciano do
Rego Barros, 1152 · Hauer
3276-1595
Entidade Mantenedora: Comunhão Espírita Cristã de Curitiba
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ANO XII · NÚMERO 68
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
| Revista Kardec |
| Resenha Crítica |
A Revista de Kardec
(1º semestre de 1866)
Uma reportagem publicada em vários jornais franceses,
inclusive no La Patric, de 26 de
novembro de 1865 e o L'
Evénement, de dois dias depois,
foi reproduzida parcialmente e
analisada por Allan Kardec na
Revista Espírita de janeiro do ano
seguinte.
Trata-se do caso de Luísa
B., uma jovem de 17 anos que
após a morte de uma irmã caiu
num sono letárgico que durou 56
horas. Ao despertar passou a se
comportar de modo estranho.
De dia, algo prostrada e profundamente calma. Já à noite,
voltava ao estado cataléptico
com rigidez de membros e olhar
fixo. Então era capaz de ver cenas
e ouvir vozes reais, mas distantes, fora do alcance dos sentidos
comuns. Descrevia propriedades
e destinação de objetos, plantas,
minerais. Via as pessoas como
tinham sido há anos atrás e
recriava imagens vivas e perfeitas
de indivíduos falecidos.
Entre vários outros
comentários, Kardec explica que
o profundo sentimento de perda
pela morte da irmã deve ter
acionado mecanismos psíquicos
capazes de provocar a “emancipação da alma” tal como ocorre
durante o sono, no sonambulismo, etc. O Espírito desliga-se
parcialmente do corpo e amplia
seu campo de percepção tanto
do espaço como no tempo.
Em fevereiro, um dos
assuntos é a cura espiritual das
chamadas obsessões. Uma carta
de Cazéres, escrita no mês anterior, informou o editor da Revue
sobre uma moça de 22 anos que,
da condição de saúde perfeita,
subitamente foi acometida por
acessos de loucura. Internada
num hospício, não apresentou
qualquer melhora. Tendo a
família ouvido falar sobre curas
para casos assim através do
Espiritismo, procurou o articulista. O espírito obsessor foi evocado por oito dias consecutivos ao
fim dos quais, devidamente
esclarecido, ele afastou-se da
vítima, retornando ela ao estado
normal.
Kardec, antes de passar a
um novo caso, admite a existência da verdadeira loucura – termo
genérico à época, para todas as
patologias mentais – mas ratifica
a autenticidade dos fatos em que
espíritos moralmente atrasados
afetam a saúde e a razão de
pessoas encarnadas.
No outro caso, um camponês em fúria atacava pessoas e
até animais pelo campo e na falta
deste invadia o galinheiro,
fazendo vítimas as pobres aves.
Sob tratamento espiritual, o
obsessor relutou no início, mas
depois de algum tempo renunciou à perseguição ao rapaz. A
melhoria foi gradual até a recuperação total do equilíbrio.
Kardec compara essa ação
de entidades desencarnadas com
as que ocorrem entre os encarnados onde, muitas vezes, seres
maus e mais fortes atormentam
outros mais fracos até deixá-los
doentes ou matá-los. Sobre a
questão do porquê de Deus
permitir isso, argumenta que o
mesmo se pode indagar da
maldade entre os vivos. As
obsessões, como as doenças e
outros males que afligem a
humanidade, fazem parte das
provas e misérias devidas à
inferioridade do meio e para o
qual fomos atraídos por nossas
próprias imperfeições.
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
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As obras de
Ricardo di Bernardi
Ricardo di Bernardi está se
tornando um conferencista e autor
bastante conhecido e prestigiado em
toda a Região Sul do Brasil, pela
clareza e pela organização extremamente didática de suas exposições.
No seu primeiro livro, “Gestação –Sublime Intercâmbio” (1993,
210 p., ed. Universalista), ele realiza
na primeira parte uma exposição
minuciosa do fenômeno da gestação, passo a passo, desde o momento da fecundação até o nascimento,
visto de ambos os lados da vida
(ponto de vista físico e espiritual). Ele
aborda, na segunda parte, várias
questões de grande atualidade,
como os abortos espontâneos e
provocados, a barriga de aluguel, as
patologias do sexo, os bebês de
proveta, os anti-concepcionais,
laqueadura de trompas e outras.
Em “Reencarnação e a
Evolução das Espécies” (1996, 180
p., ed. Universalista), publicado três
anos após o primeiro livro, ele
formula, na primeira parte, uma
teoria que ele denomina de neoevolucionismo, na qual enuncia a
existência de uma energia cósmica
que nega a entropia; e também a
existência de uma energia espiritual
que sobrevive à morte e evolui por
meio da reencarnação; e expõe as
provas de teor paleontológico,
anatômico e embriológico da
evolução. Ele explana, na segunda
parte, acerca das experiências
científicas que evidenciam a reencarnação.
A terceira obra, “Reencarnação em Xeque” (1997, 210 p., ed.
Universalista) lista vinte argumentos
que criticam e põem em dúvida a
reencarnação, tais como: de que
destrói a família, de que não tem
respaldo bíblico, de não se recordar
de vidas pregressas, de que é incompatível com a Ciência. Aqui, o autor
responde com argumentos sólidos e
bem fundamentados todas as
objeções comumente apresentadas
pelos opositores.
A quarta obra se denomina
“Dos Faraós à Física Quântica”(1997,
190 p., ed. Universalista) e expõe
ANO XII · NÚMERO 68
resumidamente as concepções
básicas das principais denominações
religiosas (bramanismo, budismo,
judaísmo, islamismo, sufismo,
cristianismo, etc.) das correntes
filosóficas espiritualistas (rosacrucianismo, teosofia, antroposofia,
seicho-no-ie, logosofia, etc.), de
certas ciências e paraciências (projeciologia, parapsicologia, psicanálise,
física quântica) e o entendimento da
reencarnação em cada uma delas.
“Navegando nos Mares da
Imprensa” (2005, 364 p., ed.
Universalista) é o título do quinto
livro do autor. Aqui, ele enfeixa 50
artigos e ensaios publicados nos
últimos vinte anos em periódicos
espíritas do Brasil, de Portugal e da
Espanha, abordando assuntos atuais
e palpitantes, tais como: Brasil: o
futuro só a nós pertence?; um estudo
sobre a ingratidão; alcoolismo e
obsessão; apometria, nem problema,
nem solução; destino e livre-arbítrio;
estupro e aborto; doação de órgãos;
anencéfalo e abortamento; déjà-vu:
o reencontro com o passado; salvação? não, obrigado.
“Reencarnação, Amor e
Sabedoria” (2006, 236 p., ed.
Universalista) é sua publicação mais
recente. Trata-se da reedição do livro
“Vôo Livre” (1999, 112 p., ed. Mundo
Maior), na qual busca apresentar a
reencarnação de maneira resumida e
agradável, buscando sintetizar em
uma única página, pesquisas históricas, raciocínios filosóficos e depoimento de cientistas em forma de
conceitos relacionados com o tema
central: palingenesia, semeadura e
colheita, carma grupal, resgate
coletivo, gestação de aluguel, filhos
adotivos, vasectomia, infertilidade,
reencarnação compulsória, ninho
uterino, etc, procurando elucidá-los
à luz da Doutrina Espírita
Ricardo di Bernardi é catarinense de nascimento, médico
homeopata e pediatra em
Florianópolis. Pertence ao Instituto
de Cultura Espírita de Florianópolis e
à Associação Médico-Espírita de
Santa Catarina.
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O primeiro centro espírita da história?
Com o título "Há 150 anos surgia o
primeiro centro espírita do mundo", este jornal
publicou em seu número passado um artigo em
que repete alguns equívocos cometidos por
outros órgãos da imprensa espírita, inclusive
alguns escritores.
O primeiro deles é esta confusão de
semelhança entre o centro espírita e a Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas. Não paira dúvida
de que são duas coisas bem distintas, como se
verá mais à frente.
Outros equívocos são cometidos nas
seguintes afirmações: 1) que "a sociedade era
franqueada a qualquer pessoa"; 2) que a "SPEE
constituiu-se no primeiro centro espírita do
mundo". Nem uma coisa nem outra são verdadeiras.
Chamo a atenção, também, para a
revelação de que "1500 pessoas compareciam
às reuniões a cada ano", como a justificar o fato
relatado anteriormente de que a SPEE era
freqüentada por grande número de pessoas.
Trata-se, aqui, de evidente ufanismo, que em
geral nós, os espíritas, alimentamos. Veja bem,
se a SPEE se reunia uma vez por semana, a
considerar o número absoluto citado, teremos
em média 28 pessoas por sessão, o que não é
nenhum número expressivo.
Em geral, repito, a Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas, conhecida como SPEE, é
vista e citada como o primeiro centro espírita da
história do Espiritismo. Foi fundada em Paris no
ano de 1858 por Allan Kardec e alguns amigos.
Entretanto, será mais correto afirmar que a SPEE
foi a primeira sociedade espírita legalmente
organizada, uma vez que entre ela e o centro
espírita há muito pouca coisa em comum. Em
meu livro Nosso Centro, Casa de Serviços e
Cultura Espírita faço esse registro a fim de
contribuir para a formação de uma consciência
a respeito da doutrina e a evolução de suas
práticas nestes cento e cinqüenta anos de
história. Permito-me reproduzir aqui as reflexões
inseridas no referido livro sobre este interessante
assunto.
“O centro espírita não se limita a consolar os aflitos com palavras”. A afirmação de
Herculano Pires revela o que é concebido de
forma geral nos meios espíritas, mas presta-se
também a reflexões oportunas, uma vez que o
centro espírita como tal encontra-se ainda a
caminho de sua melhor definição. A Kardec
coube apenas conhecer os primeiros passos da
SPEE que, então, não era conhecida por centro
espírita.
A expressão centro espírita ganhou novos
sentidos ao longo da história e, hoje, designa o
local onde se reúnem os adeptos do espiritismo
para estudar e praticar a doutrina. É, também,
em algumas situações, sinônimo de espiritismo,
sentido este consagrado pela prática lingüística.
Assim, o uso da expressão se generalizou e se
sobrepõe ao próprio nome oficial das organizações espíritas. Em geral, as pessoas dizem: "vou
ao centro espírita" e não à Associação de Estudos
Espíritas Paulo e Estevão ou qualquer outro
nome que tenha a instituição. O termo, portanto,
popularizou-se.
Desconhece-se qualquer instituição, nos
primórdios do Espiritismo na França, que fosse
designada por centro espírita. A expressão foi,
certamente, criação brasileira e serviu tanto para
popularizar a doutrina quanto para se tornar sua
própria designação.
No início, faziam-se reuniões para
estudo e pesquisa dos fenômenos mediúnicos.
Compreendê-los era o grande desafio dos
pesquisadores da segunda metade do século
XIX. Ao publicar o primeiro livro da doutrina – O
livro dos espíritos – Kardec abriu o leque das
inúmeras atividades que poderiam ser realizadas
por uma organização burocrática, somando-se,
pois, ao estudo dos fenômenos mediúnicos e à
sua pesquisa.
A passagem das reuniões mediúnicas
informais para as de uma sociedade organizada,
interessada em prosseguir nas pesquisas, mas,
também, em aplicar a teoria à prática do cotidiano, forneceu diversos e interessantes desdobramentos. Com a filosofia básica estabelecida, o
espiritismo não poderia se contentar apenas com
os fenômenos e sua compreensão. Caso o
fizesse, correria o risco de ter o número de
interessados reduzido paulatinamente. A mais
convincente razão, contudo, estava na própria
realidade doutrinária, plena de novas perspectivas capazes de sobrepor-se ao marasmo das
repetitivas reuniões de pesquisa.
Kardec não teve tempo nem possibilidade de fornecer algo próximo de um modelo de
centro espírita capaz de atender ao desejo do
homem do século seguinte. O estatuto que
W.Garcia · Recife, PE
[email protected]
oferece no “Livro dos Médiuns” expressa a
intenção de auxiliar através de instruções derivadas especificamente da experiência com a SPEE,
então fundada fazia pouco tempo, cuja estrutura
difere bastante do centro espírita da atualidade.
Por ser a primeira instituição legalmente
organizada, visando à aplicação prática do
espiritismo e por haver surgido quase um ano
após o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, a
SPEE é tipicamente uma associação disposta ao
estudo dos fenômenos mediúnicos, interessada
na sua compreensão e nos conhecimentos
advindos da relação com as inteligências
invisíveis. O artigo primeiro do seu estatuto
assegura: “A sociedade tem por objeto o estudo
de todos os fenômenos referentes às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências morais,
físicas, históricas e psicológicas”.
A sociedade foi, de fato, a primeira
instituição espírita legalmente fundada a funcionar como estimuladora do aparecimento de
outras dentro e fora da França. Limitava-se,
contudo, aos objetivos expostos no seu regulamento, nada possuindo daquilo que foi, com o
tempo, incorporado como serviço ao centro
espírita. O regulamento é uma peça bastante
curiosa, mas é também severa do ponto de vista
da disciplina, ao garantir direitos e estabelecer
penalidades para aqueles sócios que porventura
viessem a praticar atos que colocassem em risco
o nome da sociedade.
Pelo regulamento se fica sabendo que
ninguém poderia se tornar sócio sem a indicação
de dois membros titulares e a aprovação da
diretoria. De certa forma, ainda hoje tal preceito
se encontra em boa parte dos estatutos dos
centros espíritas, mas com pequena aplicação
prática.
A SPEE jamais realizava reuniões públicas. Todas as suas sessões eram privativas dos
sócios e vedadas aos curiosos. Quem delas
quisesse participar deveria obter autorização do
presidente e ainda assim participaria apenas da
sessão para a qual a autorização tivesse sido
liberada. Os médiuns não detinham direitos
sobre as comunicações que obtinham; só lhes
era permitido tirar cópia das comunicações,
mantendo o original na sociedade. Assim, a
SPEE se reservava o direito de uso das comunicações, seja para fins de publicação na Revista
Espírita seja para outras finalidades.
(Continua na pág. seguinte)
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ANO XII · NÚMERO 68
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
As reuniões ocorriam uma vez por
semana, às sextas-feiras às 20 horas, alternando
sessões particulares e gerais. As primeiras eram
vedadas aos não sócios e as gerais admitiam a
presença de convidados devidamente autorizados, mas os convidados não podiam fazer uso da
palavra senão em casos excepcionais.
Os sócios não podiam utilizar o título de
membros da SPEE, inclusive nas suas produções
intelectuais. Caso fosse de interesse de algum
deles fazer essa menção deveria submeter o
trabalho à apreciação e aprovação da comissão
respectiva.
O regulamento garantia à SPEE o direito
de fazer “exame crítico das diversas obras
publicadas sobre o Espiritismo” e entre essas
mencionava as que fossem publicadas “por um
membro da sociedade sob o véu do anonimato e
sem nenhuma menção que possa torná-lo
conhecido como tal”. O exame era registrado em
documento que, a critério da presidência,
poderia ser levado à publicação na Revista
Espírita.
Como se vê, a SPEE era uma instituição
com objetivos diferentes dos de um centro
espírita contemporâneo e, embora se tenha
bastante o que aprender com ela, especialmente
no campo mediúnico do trato com os Espíritos,
não se pode compreendê-la senão sob o viés de
sua realidade histórica.
NR – Este artigo chegou à redação após o
fechamento da edição nº 67 e refere-se à matéria de capa da edição nº 66, do bimestre marçoabril. Sem querer polemizar e a despeito dos
valiosíssimos esclarecimentos prestados pelo
nosso colaborador articulista, qualquer espírita
mais ou menos bem informado sabe que os
centros espíritas atuais muito pouco têm em
comum com a SPPE.
Na verdade, como consta do Editorial de
Dirigente Espírita, da USE-SP, ed. nº 106, ao
referir-se ao artigo de sua jornalista-responsável
Martha Rui Guimarães, “A Sociedade fundada
em 1º de abril de 1858 e historicamente (grifo
nosso) considerada o primeiro centro espírita do
mundo...”, expressão que ela repete depois no
artigo à pág. 6, é mesmo uma referência histórica, não significando que funcionasse nos moldes
da prática atual, especialmente no Brasil.
Da mesma forma, colhida ao acaso,
encontramos no Boletim Informativo nº 63
(maio-junho) do suplemento de Reformador (nº
2151, de junho-08): “Ao ensejo das comemora-
ções dos 150 anos de fundação da Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas e, considerando
que esta foi a primeira Casa Espírita do mundo...”.
Quanto ao trecho referente às pessoas
que a freqüentavam, o CAE frisou em seu texto
que “Desde que não fosse por simples curiosidade ou claras intenções de causar perturbação, a
Sociedade era franqueada a qualquer pessoa...”
o que já demonstra a existência de critérios para
participação.
Embora o articulista em certo parágrafo
afirme que “A SPPE jamais realizava reuniões
públicas. Todas sessões eram privativas dos
sócios...”, logo no parágrafo seguinte informa
que as reuniões realizadas nas sextas-feiras
alternavam-se em particulares e gerais, sendo as
primeiras vedadas aos não sócios.
De fato, na Revista Espírita, editada por
Kardec, referente a fevereiro de 1859, encontramos um aviso assinado por ele, informando que
as sessões das terças-feiras estavam sendo
realizadas às sextas, na nova sede e que “Os
estranhos só serão admitidos nas segundas,
quartas e sextas-feiras, mediante cartões nominais e apresentação.
Paulo R. Santos
([email protected])
As muitas formas de violência mostram a ponta da equação humana ainda mal resolvida
Tempos atrás li uma interessante
mensagem recebida pela internet, na qual
a autora mencionava que nossa geração
(os de meia idade) era a última a respeitar
os pais e a primeira a temer os filhos. Dá o
que pensar!
De fato, nossos jovens estão
cegos para muitas realidades da vida e
desorientados diante de um mundo que
apresenta mudanças rápidas demais, e
apelos fora das possibilidades humanas,
principalmente aqueles ligados a níveis de
consumo não só impossíveis como
desnecessários.
Apesar de todos os horrores
perpetrados por jovens e mesmo crianças,
é preciso cuidado para não criminalizar a
adolescência e a juventude. Os pais
nascidos no pós-guerra (refiro-me à
Segunda Guerra) também não foram
adequadamente educados para o pós
mundo-modernidade, destroçado pelas
seqüelas dos conflitos, destruído em seus
valores seculares.
Nossos jovens são vítimas de um
modelo de sociedade que estimula o
comportamento narcisista-individualista.
São pessoas que crescem, mas não
amadurecem para as coisas elementares
da vida, pois lhes falta orientação mínima
quanto a alguns impositivos da vida real.
Eis alguns:
1 – Ausência da noção de limites. A
maioria dos limites não é inventada e nem
imposta pelos pais, educadores ou
autoridades de um modo geral. Refletem
apenas algumas necessidades básicas
para que se tenha uma vida melhor e mais
saudável. São necessários para que o
corpo e a mente se mantenham em ordem
e, digamos, operacionais. Não comer nem
beber em demasia. Cuidar da higiene
pessoal, da própria segurança, da
organização dos deveres pessoais, sociais,
familiares etc.; saber administrar o tempo
e tantas outras “bagatelas” são indispensáveis para o bem viver.
COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008
2 – Incapacidade de lidar com frustrações.
É impressionante a falta de capacidade de
lidar com a perda do namorado ou
namorada, do celular perdido em alguma
festa, com a falta de dinheiro para o tênis
novo, o mp3, mp4 ...mp7. Que fazer
diante das grandes frustrações que a vida
tantas vezes impõe? Para muitos o
homicídio, o suicídio, a fuga, a violência e
o enfrentamento parecem ser soluções
simples e eficazes. O diálogo como forma
de solucionar conflitos perdeu-se junto
com a capacidade de lidar com a palavra.
3 – Dificuldade em lidar com perdas. Não
há quem atravesse a existência sem uma
doença, limitações, uma tragédia pessoal
ou familiar. A perda de um emprego ou de
uma oportunidade. A morte de parentes e
amigos e tantas coisas mais, são contingências da vida. O envelhecimento não é
uma piada da natureza, mas um determinismo biológico que promove a renovaANO XII · NÚMERO 68
ção da vida orgânica na Terra enquanto
liberta a alma.
As dificuldades da vida. As
muitas e persistentes inibições com
antecedentes espirituais ou não, servem
também para fortalecer o caráter e a
personalidade. Vivemos tempos diferentes. A crise mundial se mostra não pelos
fenômenos da globalização financeira,
mas pelo atrofiamento da humanidade e
nas distorções psicológicas que a todos
atinge. As muitas formas de violência
mostram a ponta da equação humana
ainda mal resolvida.
No entanto, certamente isso
passará. Não podemos nos esquecer que
outras civilizações já tiveram seu apogeu
e crise no passado da Terra. Mesmo que o
preço da renovação social seja tão alto
como parece que será, eventualmente
sentiremos os processos renovadores
chegando através das artes e da cultura,
como já aconteceu antes. Lembram-se do
Renascimento?
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| Atualidades |
A educação moral é o antídoto perfeito contra a violência
Quarenta mil homicídios, trinta e um mil mortos
no trânsito, dezenas de milhares de feridos, mutilados e
incapacitados permanentes; bilhões de reais em prejuízos materiais e gastos com tratamentos médicos e
indenizações. Esse o saldo "material" do inventário
macabro anual no Brasil. E o sofrimento moral das vítimas
e suas famílias? Quanta dor, quanta impunidade e
"injustiça" não reparada, quantas pessoas lançadas
tragicamente à viuvez e orfandade. Quantos talentos,
quantas vidas ceifadas brutalmente!
O Espiritismo, pela sua filosofia e sua ética, pode
ser o elemento transformador por excelência do ser
humano. Tem elementos suficientemente desenvolvidos,
de modo racional e consistente, para contribuir na
solução dos grandes problemas que o afligem, oferecendo valores concretos para a felicidade verdadeira, livre da
ilusão material, apesar de inserido, como ser encarnado,
no contexto social momentâneo de sua evolução.
Se o objetivo parece inalcançável, ocorre não
por falta de qualidade na mensagem espírita, mas pela
deficiência na instrumentalização de fazê-la chegar às
massas. Falta de conhecimento, indiferença ou falta de
preparo das lideranças, metodologias ultrapassadas,
linguagem inapropriada, falta de recursos humanos e
econômicos são alguns dos fatores que emperram a
divulgação espírita, sonegando informações capazes de,
se devidamente veiculadas, modificar de fato, a sociedade.
São válidos os protestos, as passeatas e campanhas que visam atenuar o impacto da violência urbana e
também a rural. Mas não sejamos ingênuos de pensar que
só com isto o problema já estará resolvido. Devemos
desarmar, antes de tudo, nossos espíritos pela prática do
amor e da fraternidade legítima extensiva a todos. É o que
se deduz das palavras do Cristo: Mas se amardes somente
àqueles que vos amam, que mérito tereis?
A imensa maioria das pessoas que habitam este
país é constituída por gente séria, honesta e trabalhadora,
mas o poder da minoria bandida prevalece. Na resposta à
questão 934 de O Livro dos Espíritos, os Orientadores
Espirituais, uma vez mais elegeram o egoísmo como o
vilão máximo do sofrimento da humanidade para a seguir,
afirmarem que "À medida que os homens se esclarecem
sobre as coisas espirituais, ligam menos valor às coisas
materiais... é preciso reformar as instituições humanas que o
entretêm (ao egoísmo). Isso depende da educação" .
Anteriormente, na mesma obra, na questão 685, é o
próprio Allan Kardec que acrescenta comentário sobre o
tema econômico dizendo: "Há um elemento... sem o qual
a ciência econômica não é mais que uma teoria: a educação.
Não a educação intelectual, mas a ... moral e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na arte de
formar os caracteres, a que dá os hábitos: porque a
educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Quando
se pensa na massa de indivíduos jogados cada dia na torrente
da população, sem princípios, sem freios e entregues aos
seus próprios instintos, deve-se espantar das conseqüências
desastrosas que resultam?” (Neste parágrafo, o negritado
é do autor da obra e o sublinhado do autor deste artigo).
Educar, mais que instruir e não só pelos livros
mas pelo exemplo prático. Educação maciça iniciada nos
lares por pais bem preparados, conscientes e responsáveis, passando pelos estabelecimentos de ensino onde
poderiam ser incluídas disciplinas específicas de trânsito,
cidadania, meio ambiente, respeito ao patrimônio
público, prevenções sanitárias e anti-drogas, incluindo o
tabagismo e o alcoolismo; importância da doação de
órgãos, etc. E campanhas envolvendo as igrejas de todos
os credos - isto vale também para os espíritas -, ONGs e
instituições diversas da sociedade civil como OAB, a
mídia e outras.
Este modelo, que possui a desvantagem de
provocar resultados mais significativos de médio e longo
prazos, tem o mérito de ser mais definitivo, atacando as
causas dos males. Já as medidas repressivas, melhor
aparelhamento policial, reformulação do sistema
carcerário e mecanismos de ressocialização dos exdetentos, reestruturação do Judiciário, desarmamento e
tantos outros também são úteis e necessários, atacando,
embora, apenas as conseqüências.
O egoísmo só poderá ser extirpado inteiramente do corpo social com o passar talvez de vários séculos,
mas efeitos parciais e no âmbito individual podem ser
sentidos de imediato à aplicação quando simplesmente
ensinamos nosso filho de três anos a respeitar o também
filhinho querido da empregada doméstica, mesmo que
tenha outra cor de pele; ou quando não permitimos que o
filho adolescente dirija automóvel e, se mais velho e
habilitado, que receba aconselhamento, seja conscientizado para a responsabilidade que lhe pesa nos ombros
Wilson Czerski
com relação à própria integridade física e a dos outros; ou
quando rejeitamos a sugestão para adquirirmos uma
arma de fogo a pretexto de proporcionarmos mais
segurança a si e à família, idéia falaciosa e de risco.
As leis e a ordem impostas à sociedade como
resposta à exigência coletiva são bem-vindas e necessárias, mas de maior eficiência quando todos souberem,
senão amar e fazer ao próximo quanto o que desejariam
que lhes fizessem, pelo menos respeitar seus direitos,
especialmente os fundamentais como a vida.
Quanto à lei de Causa e Efeito ou justiça divina,
ela se materializa através dos próprios homens equivocados no passado longínquo ou recente, como contingência
do estágio evolutivo que nos encontramos. E não é
menos verdadeiro que Deus dispõe de outros mecanismos para punir suas criaturas empedernidas no mal, ferilas em seu orgulho e atingir-lhes o ego. Dispensa o nosso
"empurrãozinho", como muitos pensam ser necessário,
justificando assim o estado de coisas atual e até a nossa
própria indolência.
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A infância é o período em que o Espírito está mais acessível às
influências recebidas dos encarregados de sua educação.
Questão 383 de O Livro dos Espíritos.
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