Urbanização – Segunda Parte

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Urbanização – Segunda Parte
Urbanização – Segunda Parte
1. Hierarquia Urbana:
Classificação de cidades em função de seu equipamento terciário.
A concepção de cidade está passando por uma grande transformação hoje. O
que se vê atualmente é a multiplicação de novos centros urbanos dentro de
uma mesma cidade, fora dos velhos centros da cidade. Estes novos centros
urbanos são construídos a partir do desejo de as pessoas de se afastarem dos
velhos centros em busca de moradia, segurança, áreas verdes, lazer e até
mesmo trabalho.
A ida das pessoas para os novos centros criou outro tipo de necessidade: a
redução da distância entre a moradia, o trabalho e os centros de compra, que
continuavam nos velhos centros. Como solução, as empresas, junto com a
atividade comercial, foram se deslocando para os novos centros. Este
fenômeno tem ocorrido com frequência em vários países do mundo,
principalmente nos EUA, onde já existem mais de 200 cidades-contorno (ou
Edge-Cities). No Brasil, podemos citar com exemplo de cidades-contorno:
Alphaville, Granja Vianna e Tamboré.
2. Classificação das cidades quanto à hierarquia
urbana;
Hierarquia Urbana consiste no grau de influência ou de polarização de uma
cidade sobre uma determinada região, podendo ocorrer em diversos âmbitos.
É expressa pela rede urbana que a cidade apresenta e sua posição na
polarização sobre as demais.
Metrópole Global: Sua área de influência se estende por grandes regiões
continentais até alcançar patamares mundiais, que se destacam na esfera
econômica e política.
São Paulo
Nova York
Destaque para a presença de um mercado financeiro globalizado, onde as principais
instituições financeiras possuem representação e participação na bolsa de valores.
Metrópole Nacional: Aquela cuja área de influência abrange todo o território
nacional. Trata-se de um grande centro, muito bem equipado, onde existem
todos os tipos de produtos industriais e serviços.
Belém (Pará)
Vitória (Espírito Santo)
Metrópole Regional: Aquela cuja área de influência abrange uma região do
país, polarizando esta área através de infra-estrutura e equipamentos urbanos.
Outros municípios dessa região dependem, de alguma forma, dos serviços
centralizados nessas metrópoles.
Manaus (Amazonas)
Goiânia (Goiás)
3. Megalópoles:
Megalópole, ou Megalópolis, (mega = grande e polis = cidade) corresponde ao
encontro/conurbação de várias metrópoles, com a fusão de seus sítios
urbanos, gerando gigantescos aglomerados que ocupam extensas áreas, são
as mais importantes aglomerações urbanas na atualidade.
 BOS-WASH (Boston/New York/Washington): Encontra-se na porção
nordeste dos EUA, estendendo-se de Boston até Washington, tendo como
centro a metrópole de Nova York, concentra cerca de 20% da população total
dos Estados Unidos da América.
Outros exemplos: Tokyo-Nagoya-Osaka (Japão) ou Londres-BirminghamManchester (Inglaterra).
No Brasil, forma-se uma megalópole ao longo do eixo metropolitano São PauloRio de Janeiro, passando pelo Vale do Paraíba, com destaque para São José
dos Campos.
Bos-Wash
Tokyo-Osaka
São Paulo-Rio de Janeiro
4. Regiões Metropolitanas:
A Constituição do Brasil faculta aos Estados a instituição de Regiões
Metropolitanas, “constituídas por agrupamentos de municípios-limítrofes, com o
objetivo de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum” (Artigo 25, parágrafo 3º). Assim, a partir de 1998,
as Unidades da Federação, buscando solucionar problemas de gestão do
território estadual, definiram novas regiões metropolitanas estabelecidas por
legislação estadual.

A Grande São Paulo possui mais de 20 milhões de habitantes,
distribuídos em 39 municípios. Esta região assume importância nacional
não apenas por sua grande população, mas também por constituir um
pólo de desenvolvimento para o crescimento industrial, tecnológico e
financeiro do Brasil. Contudo, esta área apresenta grandes problemas a
serem resolvidos, como os de habitação, transportes, atendimento
médico, educação, saneamento básico entre outros.

A Região Metropolitana de Campinas conta com 19 municípios e uma
população de quase 3 milhões habitantes.
É uma das regiões mais dinâmicas do cenário econômico brasileiro, sua
economia é muito forte e apresenta uma infra-estrutura que proporciona
o desenvolvimento de toda a área metropolitana.

A „Grande Rio‟ (Região Metropolitana do Rio de Janeiro) é formada por
19 municípios, com uma população de 11.812.482 de habitantes.
É de grande importância sua função dirigente, voltada para a produção
de bens para os mercados regionais.

A Região Metropolitana de Belém é a metrópole da Amazônia; comanda
a produção e o beneficiamento das matérias primas agrárias e
extrativas, que serão transformadas fora da região, como é o caso do
Manganês,
borracha,
Castanha-do-Pará,
além
de
produtos
agropecuários. A „Grande Belém‟ é formada por 5 municípios e conta
com uma população de 2.141.618 de habitantes.
A „Grande Curitiba‟ é formada por 25 municípios, com uma população de
X milhões de habitantes. Produz bens para o mercado nacional e para
exportação (madeira, papel, malte e etc.).


A „Grande Porto Alegre‟ é formada por 28 municípios, com uma
população de mais de 3 milhões de habitantes.
Tem grande importância pela produção de tecidos, madeira, carne em
conserva, couros, papel, papelão, farinha de cereais, metalurgia e
bebidas.

A „Grande Salvador‟ destaca-se pelo grande crescimento dos pólos
industriais de Aratu (indústria química, metalúrgica, eletroeletrônicos,
tecidos, entre outras) e Camaçari (ramo Petroquímico). A metrópole é
formada por 10 municípios e conta com uma população de 3.260.292 de
habitantes. A cidade de Salvador é o 3º maior município do Brasil.

A Região Metropolitana de Recife expressa sua atuação em dois setores
tradicionais: fabricação de açúcar e de tecidos, visando o mercado
regional e exportação.
A „Grande Recife‟ é formada por 13 municípios, com uma população de
3,7 milhões de habitantes.

A „Grande Fortaleza‟ produz matérias-primas para a exportação e atua
regionalmente, distribuindo os produtos do Sertão para a área urbana. A
metrópole é formada por 13 municípios e tem uma população de
3.610.379 habitantes.

A região da „Grande Belo Horizonte‟ é constituída por 33 municípios e
conta com uma população de mais de 5 milhões habitantes.
Comanda a produção de bens de equipamentos para a economia
nacional – principalmente produtos metalúrgicos – mas também visa o
mercado regional, com destaque para a produção de laticínios, madeira,
açúcar, tecidos e cimento.

A Região Metropolitana de Vitória é constituída pelos municípios de
Vitória, Cariacica, Vila Velha, Serra, Viana e Guarapari. Destaque para o
eixo portuário Vitória-Tubarão, pela atração turística e pelo escoamento
dos recursos minerais do Quadrilátero de Minas Gerais, além de outros
produtos.
A „Grande Vitória‟ tem, aproximadamente, 1.685.384 habitantes.

A RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito e Entorno de
Brasília) é composta por 22 municípios que englobam o Distrito Federal,
2 municípios de Minas Gerais (Unaí e Buritis) e 19 municípios de Goiás.
O Distrito Federal é formado, na realidade, por vários núcleos
separados. Os núcleos urbanos denominados “Cidades-Satélites”
(Taguatinga, Guará, Gama, Ceilândia, Sobradinho, núcleo Bandeirantes,
Planaltina, Samambaia, Águas Claras e Brazlândia) somam mais de
77% da população total do DF.
Apresenta uma população de 3 839 856 habitantes.
5. A Urbanização Brasileira:
No Brasil, a Urbanização teve um incremento a partir de 1930, quando a
atividade industrial se intensificou, gerando o rápido crescimento das cidades,
principalmente do Sudeste, por receberem a população do campo, atraída pela
indústria.
Atualmente, o processo abrange quase todas as partes do país, não só pela
indústria, mas por outras atividades econômicas ou pela expansão de serviços.
Em 1970, o Brasil atingiu um total de 3.951 cidades. Destas, 9 transformaramse em metrópoles.
Entre as principais „causas‟ da Urbanização, podemos citar:
O processo de Industrialização, ocorrido a partir de 1930;
O Êxodo Rural, devido às precárias condições no campo e à atração das
cidades
Já como consequências, destacam-se a concentração rápida no Sudeste, o
crescimento rápido e caótico das cidades, entre outras.
O processo de Urbanização brasileiro foi essencialmente concentrador, a rede
urbana é densa no Sudeste e melhor desenvolvida devido à infra estrutura de
transporte, evidenciando-se um maior número de cidades o que viabiliza um
sistema de fluxos de mercadorias e de pessoas.
Em 1950, o país tinha três cidades de grande porte: Rio de Janeiro, São Paulo
e Recife, com mais de 500 mil habitantes.
O processo de urbanização teve como principal apoio o êxodo rural, mas não
somente por excesso de gente no campo. Formou-se uma superpopulação
relativa, uma vez que a modernização agropecuária, somada à permanência da
concentração fundiária, gerou excedentes de força de trabalho que foi
direcionada às cidades.
É na periferia das áreas urbanas que vive o maior contingente de trabalhadores
expulsos do campo e que migraram para as cidades, buscando assegurar a
sobrevivência de suas famílias.
“(...) A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, a extensão do
assalariamento, o acesso por ônibus à terra distante e barata da
periferia, a industrialização dos materiais básicos de
construção, somadas à crise do aluguel e às frágeis políticas
habitacionais do Estado, tornaram o trinômio Loteamento
Popular/Casa Própria/Auto-construção a forma predominante
de assentamento residencial da classe trabalhadora.”
(A periferia como fronteira de expansão do capital, O Processo de urbanização no Brasil,
EDUSP, 1999, pp.247-248)
Uma nova tendência no processo de urbanização no Brasil é o de
intensificação da transformação das áreas anteriormente caracterizadas como
meio rural em meio urbano, pois a mecanização da agricultura e a expansão do
agronegócio no campo liberam mão de obra da agricultura familiar de
subsistência para exercer atividades do setor terciário – comércio e serviços no
próprio município. Assim, o que era caracterizado como meio rural, por haver
predomínio de pessoas exercendo atividades primárias, passa a ser
caracterizado como meio urbano. Trata-se de um processo diferente daquele
predominante nos anos 60/70, quando o êxodo rural era o fator principal do
crescimento urbano.
A chegada dos „novos habitantes‟ originários das áreas rurais (do Nordeste,
Minas Gerais, Paraná, entre outros) que não tinham acesso aos imóveis
situados em áreas centrais e mais valorizados pela especulação imobiliária,
posicionaram-se na periferia, abrindo loteamentos clandestinos, em desacordo
com as normas legais municipais do uso do solo.
Quanto mais distantes melhor: o truque era deixar espaços vazios entre os
novos loteamentos e a área já urbanizada. Dessa forma, o poder público
acreditava que, ao asfaltar as vias de acesso e expandir a rede de água, luz,
esgoto, transporte, os terrenos vazios seriam valorizados.
Quais são essas áreas „desprezadas‟ pela especulação imobiliária?
 Margens de córregos;
 Áreas sujeitas a enchentes;
 Áreas íngremes sob o risco de desmoronamento;
 Áreas de riscos ambientais;
Considerados em conjunto, os loteamentos clandestinos, as favelas e os
cortiços formam a „cidade ilegal‟ – aquela que não atende ao aparato jurídico
de normas sobre a ocupação do espaço urbano.
Existe uma segregação espacial urbana, a „cidade legal‟, que perde população,
e a „cidade ilegal‟, que aumenta inclusive na direção das áreas de mananciais
(como as das represas Billngs e Guarapiranga em São Paulo) e áreas de
preservação da Serra da Cantareira, Cotia, Itapecerica da Serra, Ibiúna e
outras.
A segregação espacial pode ser observada sob dois ângulos:
1º A população de baixa renda que habita a „cidade ilegal‟ em loteamentos
clandestinos e favelas;
2º As „Edge-Cities‟, que tiveram seu pioneirismo com o condomínio Alphaville
na década de 70 e hoje expande-se aos suburbanos de melhores rendas que,
embora periféricos das áreas centrais, garantem-se com uma segregação
delimitada espacialmente em „micro-espaços‟ providos com melhores
condições para qualidade de vida, muros, grades, guaritas, circuitos fechados
de câmeras, sistema de monitoramento policial, entre outros aparatos de
segurança, para garantirem uma forma de residir na área urbana com “certa
tranquilidade”.
Entretanto, os estes „suburbanos‟ convivem com favelamentos nas vizinhanças
(como no caso do bairro Morumbi em São Paulo), lixões (no caso de Alphaville)
e enfrentam problemas relacionados ao trânsito intenso nos centros urbanos.

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