II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial

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II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
Reflexos de ‘Seduction of the Innocent’ nos quadrinhos
Fabio Luiz Carneiro Mourilhe Silva1
Doutorando em Comunicação - UFF
Carla Neves2
Doutoranda em psicologia - UFRJ
Resumo:
Neste trabalho, foi utilizado um método histórico para, a partir de uma pequena genealogia
de práticas da psicologia em relação ao indivíduo, comparar e compreender o
posicionamento do Doutor Frederic Wertham em relação às histórias em quadrinhos. Da
área da psicologia, foram considerados o viés histórico apontado por Ferreira, as análises de
Foucault, a filosofia de William James e o posicionamento de Frederic Wertham registrado
em seu livro ‘Seduction of the Innocent’ de 1954. Em termos de pensamento teórico quanto
às histórias em quadrinhos foram considerados a perspectiva sócio-política de Bradford
Wright, a densa pesquisa Gonçalo Júnior quanto à censura e a visão dos quadrinhos
underground de Dez Skinn. A hipótese não repressiva de Foucault foi verificada sob um
viés comparativo em uma área diferente daquela utilizada originalmente, a censura nas
histórias em quadrinhos e a liberação da cultura jovem.
Palavras-chave:
Frederic Wertham; Censura; Histórias em quadrinhos; Psicologia; Marvel Comics;
Quadrinhos Underground.
1
Doutorando em comunicação pela UFF na linha de pesquisa Tecnologias da Comunicação e da Informação
e Mestre em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2006). Publicou dezenas de
artigos em periódicos especializados e anais de eventos e participou de 18 eventos no Brasil. Atua nas áreas
de Desenho Industrial e Comunicação, com ênfase em tipografia, história do design, música e histórias em
quadrinhos. Recebeu menção honrosa pelo trabalho ‘David Carson e Neville Brody: ousadia e mudança no
Design Gráfico’ no P&D Design de 2006.
2
Psicóloga pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005). Mestre em Psicologia pelo Programa de PósGraduação em Psicologia da UFRJ (2007). Atualmente é Doutoranda na linha de Processos Psicossociais e
Coletivos do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem
experiência na área de Pesquisa e docência, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos
seguintes temas: subjetividade, redes sociotécnicas e questões do contemporâneo.
Introdução
De uma forma geral, na década de 40, debatia-se sobre o poder da cultura, apreensões em
relação à mídia de massa e a delinqüência juvenil, que surgiram juntas no pós-guerra.
A partir de 1947, os quadrinhos passaram a ser criticados com maior veemência, inclusive
com episódios relacionados à Igreja Católica onde foram queimados gibis em grandes
fogueiras, prática semelhante aquela realizada pelos nazistas (Wright, 2001). Profissionais
de áreas diversas começaram a se posicionar contra a violência crescente na sociedade,
especificamente entre jovens. Destacou-se entre eles o doutor Fredric Wertham.
As ciências humanas a serviço de quem?
O projeto da psicologia enquanto ciência e técnica da adaptação - que de um modo mais
amplo se faz presente de modo maciço na atualidade – delimita-se a partir do movimento
funcionalista norte-americano surgido na virada do século XIX para o século XX, bem
como das psicologias diferencial e comparada dos testes. Nesses movimentos, graças ao
empuxo darwinista, demarca-se uma psicologia interessada na adaptação, evolução e
variação das atividades mentais. Contudo, ao longo da história da psicologia, esse modelo
se dissemina dando a uma expressiva parte desse campo sua feição atual enquanto saber
voltado para as práticas de ajustamento. Os Estados Unidos foram um dos mais fortes
representantes do chamado “Movimento dos Testes”, colaborando para a criação de tais
instrumentos, bem como para a sua difusão no campo social e acadêmico, inclusive com
efeitos marcantes para a política administrativa daquele país e para a produção de uma certa
cultura psicológica da medição (Jacó-Vilela et al, 2005).
Ferreira & Gutman (2005) coloca que condições presentes no solo norte-americano teriam
constituído essa forma de fazer psicologia. Dentre várias situações que concorreram para a
irrupção desse projeto, o autor destaca duas: 1) as necessidades políticas e administrativas
decorrentes de um processo de modernização avançado próprio àquele país - processo
rápido de urbanização, avanço industrial e expansão do sistema escolar, as transformações
que esse processo demandou é o que Foucault (2006) denominaria de poder disciplinar; 2)
as características do sistema universitário norte-americano no final do século XIX.
O indivíduo disciplinado é ordenado a partir de uma norma, que determina a sua filiação ou
não à normalidade. Esse novo indivíduo desponta como um objeto determinado, singular,
diferenciado, e dotado de uma interioridade identificada como uma natureza biológica.
Nelas vemos surgir a constituição de tipos como doentes mentais, crianças-problema,
delinqüentes e trabalhadores desajustados. Todos serão objeto de exame para a constituição
de psicologias específicas.
É nesse contexto que a psicologia passou a ter um papel ativo classificando, selecionando e
ajustando os indivíduos a esses novos espaços e instituições como fábricas e escolas. Em
certas áreas como na filosofia e nas ciências humanas, implicava na adoção de novos
modelos e paradigmas, como o modelo darwinista e a filosofia pragmatista de William
James. Na perspectiva funcionalista de James, o que um organismo é, ou deixa de ser,
decorre das funções que exerce e das interações com um dado ambiente. De modo que estar
adaptado é antes de tudo estar ajustado às demandas do meio social. Ou seja, há uma
extrapolação de um conceito biológico a um significado social a partir de uma postura
educativa em relação à população (Ferreira & Gutman, 2005).
A psicologia funcional norte-americana não se interessa apenas pelo estudo da adaptação,
ela deseja igualmente se transformar num instrumento de adaptação, promovendo-a. Essa
abordagem ao mesmo tempo educativa, utilitarista e biológica conduz também a uma
abordagem dos indivíduos através de sua variação em um grupo, como expresso nos testes
mentais em função da seleção, da adaptação e do ajustamento. O funcionalismo assim, não
trabalha só com leis gerais, mas com a diferença entre os indivíduos na sua relação com o
meio social. Deste modo, o psicólogo, seus saberes e técnicas recriam nas instituições a lei
do mais apto.
No período entre guerras, quando o behaviorismo vier a banir a consciência de seu papel
central na psicologia, a presunção dos poderes dos psicólogos chegará ao máximo,
transformando os indivíduos em instrumentos de utilidade social. É nesse sentido, que se
pode dizer com base no trabalho de Foucault, que o movimento pragmático da psicologia
norte-americana conduziu a uma implantação refletida e regulada das práticas disciplinares
surgidas na modernidade. A psicologia dentro desse contexto assume um papel aplicativo
na solução de problemas e conflitos sociais buscando a normatização, a previsão e o
controle do comportamento. É com essa preocupação e função que o saber psicológico e
seus instrumentos de medição vão servir para definir a boa ou má influência do que se
consome no processo de formação dos indivíduos. Preocupação presente na psicologia
americana e no seu diálogo com o trabalho de Wertham.
Seduction of the Innocent
Os estudos e pesquisas de Fredric Wertham, que culminaram com a publicação de seu livro
‘Seduction of the inocent’, trazem opiniões sobre o efeito da leitura dos quadrinhos no
comportamento das crianças, associando-o à delinqüência juvenil e à violência.
A princípio, o autor não generaliza, colocando os ‘bons’ quadrinhos como ofuscados por
aqueles que glorificam a violência, o crime e o sadismo, pois, segundo ele, os quadrinhos
de crime eram vendidos nas mesmas prateleiras dos outros tipos de hq. Contudo,
posteriormente, ele passa a considerar como hq de crime tanto o western como as hqs do
super-homem; e as hqs da mulher-maravilha como hq de horror. ‘Apesar de não ser
verdade que toda criança seja um leitor de hq de crime, os hqs de crime estão disponíveis
em todos os lugares em que as crianças vão’ (Wertham, 1954).
Segundo Wertham (1954), hqs sobre drogas - se refere a exemplos de antes de 1954 onde
eram abordados envolvimentos com heroína e morfina, incluindo ‘Teen-age dope slaves’,
exemplo do livro de Wertham que não figura em listagens de títulos de hqs - quando
ocorrem nas hqs de crime traziam um tom de apologia. Tratava-se de um tema, segundo
ele, inadequado ao universo infantil. Para este exemplo, Wertham também encontrou um
paciente correspondente - em termos de prática, vício e consumo de hq - em sua clínica.
Assim, Wertham conclui que os hqs atuariam de forma decisiva na educação das crianças
em direção ao vício e no tráfico de drogas ilegal.
Salienta e enfatiza de uma forma geral o processo de imitação e experimentação da
infância, e a influência dos hqs por ser hábito e uma constância na vida dos jovens. Para
provar a presença massiva dos comics na mente das crianças, Wertham realizou testes
Roashchac em sua amostra e constatou que as crianças associavam as imagens a formas e
mãos fantásticas e fantasmagóricas presentes nos quadrinhos de terror.
Wertham conclui que os efeitos dos quadrinhos de crime nas crianças podem ser resumidos
como um desarmamento moral.
‘Pude percebê-lo em crianças que não cometem atos de delinquência, que não
apresentam sintomas de desordens emocionais e que não tem dificuldades na
escola. É uma influência na personalidade e na atitude, em funções de
responsabilidade social, na formação do super ego e no discrenimento entre o certo
e o errado. Resumindo, consiste em um comprometimento da consciência e piedade
pelo sofrimento alheio. ‘Ao analizar as fantasias e devaneios das crianças, encontrei
muitas vezes um desejo por uma força descomunal, dominação, poder, crueldade,
emancipação das morais da comunidade. Pode ser percebida em diversas formas
meio reprimidas ou diretamente como admiração’ (Wertham, 1954).
Censura nos quadrinhos
Como conseqüência direta das pesquisas de Wertham, temos a organização de um
subcomitê do senado americano para investigar a delinquência juvenil onde foram
deturpados os conteúdos das hqs, interrogados editores, distribuidores e leitores, e
preparada a opinião pública. Com isso, a indústria de hq passou a ser pressionada por
grupos civis, vendedores e distribuidores que condenaram as hqs de crime e terror à
extinção, pelo menos até o final da década de 1950.
No Brasil, conforme os relatos de Junior (2005), os gibis entre as décadas de 1940 e 1960
foram vítimas de campanhas de difamação por padres, educadores, donas-de-casa e
políticos. Os temas freqüentes das denúncias eram a preguiça mental nos leitores, estímulo
à prostituição, o consumo à pornografia, a indução dos menores ao crime e a
desnacionalização das crianças. Tratava-se acima de tudo em uma forma de comunicação
recente, vista com desconfiança pelos conservadores. Segundo Souza (apud Junior, 2005),
nesta época, era comum a realização de fogueiras com os gibis em praça pública em
cidades do interior. Mais detalhes sobre problemas dos quadrinhos com a censura no Brasil
foram registrados no livro ‘A guerra dos gibis’ de Gonçalo Júnior.
Foucault aponta uma hipótese de um poder de repressão que nossa sociedade exerce como
insuficiente se considerarmos os reforços e intensificações manifestos na proliferação dos
discursos, não somente isolando, solicitando, suscitando e constituindo um foco de atenção,
‘produção forçosa de confissão e, a partir dela, instauração de um sistema de saber
legítimo... Muito mais do que um mecanismo negativo de exclusão ou de rejeição, trata da
colocação em funcionamento de uma rede sutil de discursos e saberes...’ (Foucault, 1976).
Dispositivos de poder e saber são dispositivos de repressão, porém a repressão por eles
instituída nem sempre é vitoriosa. ‘É necessário considerar esses mecanismos como
positivos, produtores de saber e multiplicadores de discursos...’ (Foucault, 1976), o que
também ocorreu nas hqs., Tanto nas entrevistas e registros de Wertham sobre os desvisos
de comportamento de jovens como nos interrogatórios do senado americano e na mídia de
uma forma geral, vemos uma atenção excessiva para a associação das hqs a temas como
terror, sexualidade e delinqüência, resultando mais tarde na incorporação incisiva destes
mesmos temas nas hqs, Assim, temos uma dobra de poder que nem toda subjetividade
derivada da obediência e do ajustamento pode conter.
Reavaliação da cultura jovem
Com toda a movimentação contra a industria de quadrinhos, os editores americanos
organizaram um código auto-regulador, o Comic-code. Ao adotar o código e um
compromisso em não se envolver com narrativas que desafiavam a autoridade estabelecida,
os editores deixaram de lado temas que eram populares com os adolescentes. Longe de
terminar com a violência e o crime no entretenimento jovem, o Comic Code levou ao
abandono de um mercado lucrativo que explorava a delinqüência juvenil em filmes e livros
que proliferaram no final da década de 1950.
No começo da década de 1960, temos uma reavaliação da cultura jovem como uma força
política, social e econômica. Passou a prevalecer um consenso de que as rebeliões
adolescentes seriam um processo funcional natural no desenvolvimento. O best seller ‘The
catcher in the rye’ de 1951 de Salinger já demonstrava simpatia pelo adolescente que lutava
em desenvolver uma auto-identidade autentica em um mundo adulto conformista e falso
(Wright, 2001). Friedenberg (apud Wright, 2001) argumenta em ‘The vanishing adolescent’
que os conflitos adolescentes são os meios necessários através dos quais os indivíduos
aprendem a se diferenciar do ambiente. A partir da distinção desta etapa da vida como
adolescência, temos sua psicologização e diferenciação, forma de entendimento que define
as particularidades e aspectos próprios. Saber que acaba por justificar determinados
comportamentos e preferências assumidas pelo jovem, ao mesmo tempo em que autoriza
conteúdos específicos a eles direcionados e orienta a forma como eles devem ser tratados.
De acordo com Friedenberg (apud Wright, 2001), conflitos entre adolescentes e o mundo
não correspondiam à delinqüência juvenil. Tratava-se sim de um processo dialético que
levava a formação da personalidade do adulto e à participação crítica do indivíduo na
sociedade. Instruía aos adultos que facilitassem este processo ao máximo, respeitando as
afirmações de identidade dos adolescentes e fornecendo aos jovens os meios para que eles
se descobrissem como indivíduos. Também salienta que uma cultura de massa conformista
e homogeneizada restringia as opções disponíveis para autodefinição na cultura popular.
Marvel Comics
A Marvel Comics realiza uma ponte entre o panorama de consumo que se instaurou com o
Comic Code e o adolescente característico da década de 1960 politicamente ativo e
psicologicamente em conflito.
Depois de anos com publicações comerciais seguindo fórmulas de sucesso, a Marvel nesta
época passou a assumir qualidades distintas, incluindo ansiedades relacionadas à era
atômica e personagens com qualidade trágicas na forma de anti-heróis alienados.
Com as novas modificações, Stan Lee buscava reconquistar o público de adolescentes com
um novo tipo de quadrinhos de super-herói que incluía ambivalências morais a que os
jovens reconheciam e se identificavam, esquadrinhamento de uma nova forma de
experienciar a juventude. Experiência na qual os quadrinhos e seus personagens de
conteúdo psicológico participam como forças produtoras de tal processo de diferenciação.
Em Homem-aranha, temos uma identificação instantânea dos adolescentes com as
obsessões de Peter Parker com rejeição, inadequação e solidão; Em Thor, temos uma
conexão com a cultura jovem nos cabelos compridos do herói, que seria um dos emblemas
da rebeldia entre os jovens; E em Doutor Estranho, temos a ênfase no misticismo e
psicodelia que se transformariam em elementos de fascinação da contracultura.
Quadrinhos underground: um reflexo e um resultado
Jaxon (apud Skinn, 2004) vê os quadrinhos underground como um fruto da contracultura da
década de 1960, uma alternativa aos quadrinhos das grandes empresas que se adequaram às
exigências de críticos como Frederic Wertham em termos de moral e bom comportamento.
A partir da visão de Wertham, pode-se perceber os hqs de crime como um gênero que
induzia a criação de indivíduos subversivos em um viés semelhante aquele assumido por
Spain em seus trabalhos com forte carga política e de violência (Figura 1). Neste caso,
temos uma indução à violência muito mais incisiva e sem controle do que tinha sido
representado nos quadrinhos anteriores a 1954.
Figura 1- Evening at the country club, Revista Zap #6, 1973.
Conclusão
A obsessão com testes e o poder que a psicologia assumiu na modernidade,
desenvolvimento este que se deu de forma progressiva e incisiva junto ao estado, é
perceptível no caso dos quadrinhos, considerando que o trabalho de Wertham serviu de
forma decisiva para a condenação e o banimento de um gênero desta mídia e fazendo com
que a autocensura fosse a única saída para a indústria.
De forma semelhante à hipótese não repressiva de Foucault (1976), nota-se que os
quadrinhos passaram a focar os mesmo temas tão perseguidos e colocados em cheque nas
décadas anteriores, ou seja, foram reforçadas certas questões com suas evidências e
descrições detalhadas.
O processo de liberação da indústria de hqs de preceitos morais exacerbados se deu de
forma lenta, porém com conexões perceptíveis que se encadearam e culminaram no
panorama atual dos hqs onde tudo é permitido, tudo é combinado e tudo é possível.
Referencial bibliográfico
Ferreira, A. A. L.; Gutman, G. O funcionalismo em seus primórdios: a psicologia a
serviço da adaptação. In: Jacó-Vilela, A. M.; Ferreira, A. A. L.; Portugal, F. T. (Orgs.).
História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau Ed., 2005.
Foucault, M., História da sexualidade: a vontade de saber, Rio de Janeiro: Editora Graal,
2006 (1976).
Jacó-Vilela, A. M.; Castro, A. C.; Castro, A. G.; Josephson, S. C. Medir, classificar e
diferenciar. In: Jacó-Vilela, A. M.; Ferreira, A. A. L.; Portugal, F. T. (Orgs.).
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Junior, G., O Homem Abril: Cláudio Souza e a história da maior editora brasileira de
revistas, São Paulo: Opera Graphica, 2005.
Skinn, D., Comix: the underground revolution, London: Colins & Brown, 2004
Wertham, F., Seduction of the innocent, New York: Rinehart and Company, 1954.
Wright, B., Comic Book Nation: the transformation of youth culture in America, London:
The Johns Hopkins University Press, 2001.

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