Diabetes do Idoso
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Diabetes do Idoso
Diabetes do Idoso Teresa Dias Serviço de Endocrinologia do HSM. Lisboa Diabetes do Idoso Prevalência Pelo menos 20% dos indivíduos com mais de 65 anos têm diabetes Cerca de 14% têm tolerância diminuída à glucose Diabetes Care, 2012; 35 (Sup 1): S11-S63 Diabetes do Idoso Síndromes Geriátricos Polifarmácia Incontinência urinária Dor crónica Depressão Diminuição cognitiva Quedas Deve ser dada especial atenção no screening e tratamento destas síndromes AGS Guidelines. J Am Geriatr Soc 2003;51:S265 – S 280) ADA. Diabetes Care, 2012; 35 (Sup 1): S11-S63 Diabetes do Idoso Diminuição Cognitiva condiciona: Não aderência à terapêutica Erros na medicação Episódios frequentes de hipoglicemia Deterioração do controlo glicémico Diabetes do Idoso Aumento do risco de quedas é multifactorial: Presença de neuropatia periférica e/ou autonómica Fraqueza muscular Incapacidade funcional Perda de visão Osteoartrite Hipoglicemia ..... Diabetes do Idoso Defeitos Fisiopatológicos na Diabetes do Idoso Disfunção dos ilhéus de Langerhans Pâncreas Mais marcada no idoso magro com DM2 Diminuição da secreção de insulina Fígado Aumento da produção hepática de glicose Hiperglicemia Músculo Tecido adiposo Diminuição na captação da glicose Mais marcada no idoso obeso com DM2 Adaptação autorizada de Kahn CR, Saltiel AR. Joslin’s Diabetes Mellitus. 14th ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2005:145–168; Del Prato S, Marchetti P. Horm Metab Res. 2004;36:775–781; Porte D Jr, Kahn SE. Clin Invest Med. 1995;18:247–254. 5 Diabetes do Idoso Critérios para o diagnóstico de diabetes HbA1c 6,5%. O teste deve ser feito num laboratório que use o método NGSP certificado e estandardizado pelos ensaios DCCT. OU Glicemia em jejum 126 mg/dL. Jejum é definido como não ingestão calórica de pelo menos 8 horas. OU Glicemia às 2 h 200 mg/dL na PTGO. 75 g de glicose em água. OU Em doentes com os sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicémica e glicemia ao acaso 200 mg/dL. Na ausência inequívoca de hiperglicemia, os critérios 1, 2 e 3 devem ser confirmados repetindo um teste. Diabetes do Idoso Heterogeneidade Clínica e Funcional do Idoso Diabético Alguns desenvolvem DM 2 cedo na vida e podem ter complicações significativas Outros são diagnosticados depois dos 65 anos podendo ou não apresentar comorbilidades significativas à data do diagnóstico Alguns são frágeis e têm outras doenças crónicas, comorbilidades relacionadas com a diabetes, actividade física limitada ou perturbações cognitivas Outros têm poucas comorbilidades e são fisicamente activos A esperança de vida é muito variável para esta população AGS Guidelines. J Am Geriatr Soc 2003;51:S265 – S 280) ADA. Diabetes Care, 2012; 35 (Sup 1): S11-S63 Glicemia-Alvo Para Diabéticos ≥ 65 anos Indivíduos activos, sem défice cognitivo e com esperança de vida significativa (> 10 anos) Objectivo = Ao do adulto jovem - HbA1c< 7% para a maioria dos doentes - Controlo mais rigoroso da HbA1c nos doentes com curta duração de DM, longa esperança de vida e sem DCV significativa desde que tal seja possível sem hipoglicemias significativas ou outros efeitos adversos - Controlo menos rigoroso da HbA1c nos doentes com história de hipoglicemia grave, esperança de vida limitada, complicações micro ou macrovasculares avançadas, extensas comorbilidades e com longa duração de DM, para quem os objectivos a atingir são difíceis Indivíduos com diminuição das funções físicas ou cognitivas ou com significativa redução da esperança de vida Os critérios devem ser atenuados com base individual Hiperglicemia sintomática ou que aumente o risco de descompensação aguda (coma hiperosmolar) deve ser evitada em todos os doentes ADA. Diabetes Care, 2012; 35 (Sup 1): S11-S63 Diabetes do Idoso Idoso diabético tem risco acrescido de hipoglicemia devido a: Efeitos adversos da medicação Nutrição deficiente Diminuição cognitiva Insuficiência renal Disfunção autonómica Diabetes do Idoso Hipoglicemia no Idoso Mais sintomas de neuroglicopenia (tontura, delírio, confusão..) do que adrenérgicos (tremor, sudação...) Diminuição da resposta de contrarregulação à hipoglicemia Sentem menos a hipoglicemia e têm menor capacidade de a corrigir Diabetes do Idoso Hipoglicemia no Idoso Menor Percepção da Hipoglicemia + Menor Capacidade de Correcção + Diminuição da reserva cortical devido a alta prevalência de AVC, enfartes lacunares, Alzheimer Menor capacidade do cérebro do idoso recuperar completamente de episódios de hipoglicemia Diabetes do Idoso Hipoglicemia no Idoso ↑ Risco de eventos cardiovasculares ↑ Risco de disfunção cardíaca autonómica ↑ Risco de demência ↑ Risco de fracturas Diabetes 2009; 58:360 Jama 2009; 301: 1565 Diabetes do Idoso Intervenção no Estilo de Vida Idoso diabético obeso beneficia de restrição calórica e aumento da actividade física (↓ 5% do peso) Muitos idosos diabéticos estão desnutridos Diabetes do Idoso Que Fármacos Diabetes do Idoso Fármacos Insulina Secretagogos Sulfonilureias - Glibenclamida - Gliclazida - Glimepirida Glinidas - Nateglinida Insulina Sensibilizadores Biguanidas - Metformina Outros fármacos Inibidores alfaglucosidase - Acarbose Glitazonas Inibidor DPP-IV - Pioglitazona - Sitagliptina - Vildagliptina - Saxagliptina Diabetes tipo 2 – Algoritmo Terapêutico (ADA, EASD 2008) Terapêuticas bem validadas No diagnóstico: Hábitos de Vida Saudável (HVS) + Metformina PASSO 1 Terapêuticas menos validades HVS + Metformina + Insulina Basal HVS + Metformina + Sulfonilureiaa PASSO 2 HVS + Metformina + Pioglitazona que não glibenclamida buso clínico insuficiente, para segurança PASSO 3 HVS + Metformina + Pioglitazona+ Sulfonilureiaa Não hipo, edema, IC, perda massa óssea HVS + Metformina + Agonistas GLP-1b aoutra HVS + Metformina + Insulina Intensiva Não hipo, perda peso, náuseas/vómitos HVS + Metformina + Insulina Basal Diabetes Care, vol 31, nº12 Dec 2008 Diabetes do Idoso 2011 www.idf. org/treatment-algorithm-people-type-2-diabetes Diabetes do Idoso Fármacos “Start Low and Go Slow” Diabetes do Idoso Metformina Considerações particularmente importantes no idoso diabético Benefícios ↓ HbA1c 1 - 2% Ausência de hipoglicemia Anorexia; perda de peso; naúseas; dores abdominais; diarreia Efeitos Adversos ↓ Vitamina B12* Acidose lática Insuficiência renal: creatinina sérica ≥ 1,5 mg/dL (Homem) Contraindicações creatinina sérica ≥ 1,4 mg/dL (Mulher); clearance < 30 mL/min. Doença aguda; uso de contrastes iodados ev * Monitorizar e/ou suplementar com 50 mcg/d Diabetes do Idoso Insulina Secretagogos Sulfonilureias e Glinidas Considerações particularmente importantes no idoso diabético Benefícios Efeitos Adversos ↓ HbA1c 1 - 2% Hipoglicemia Aumento de peso Insuficiência hepática Contraindicações Insuficiência renal * * Nateglinida pode ser usada na insuficiência renal Evitar sulfonilureias de longa duração Nateglinida (acção curta) reduz o risco de hipoglicemia no diabético idoso com variabilidade do apetite e dos horários de refeições Diabetes do Idoso Pioglitazona Considerações particularmente importantes no idoso diabético Benefícios ↓ HbA1c 0,8 – 1,5% Ausência de hipoglicemia Aumento de peso Efeitos Adversos Edema; ICC Aumento risco fracturas Contraindicações Insuficiência cardíaca Pode ser uma opção em alguns doentes com contraindicação às sulfonilureias, particularmente os que têm HbA1c inicialmente mais baixa Diabetes do Idoso Acarbose Considerações particularmente importantes no idoso diabético Benefícios Efeitos Adversos Contraindicações ↓ HbA1c 0,5 – 0,8% Ausência de hipoglicemia Flatulência Diarreia Doença hepática activa Se usada com sulfonilureias ou insulina, tratar a hipoglicemia com glucose (a absorção de outros HC está atrasada). Diabetes do Idoso Inibidores da DPP - IV Considerações particularmente importantes no idoso diabético Benefícios Efeitos Adversos ↓ HbA1c 0,6 – 0,9% Ausência de hipoglicemia Aumento infecções respiratórias e urinárias Cefaleias Cuidado Especial Ajustar dose na IR Podem ser fármacos importantes no idoso devido ao efeito neutral no peso e ausência de hipoglicemia. O elevado nº de infecções na população geriátrica pode limitar o seu uso neste grupo etário em que é mais provável a existência de bacteriúrias assintomáticas BASAL BOLUS Tipo de insulina Eli Lilly Sanofi Humana de acção curta Humulin® Regular aprovada pela FDA em 1982 (primeira proteína humana recombinante) Insulina Actrapid® Insuman® Rapid Análogo de acção rápida Humalog® Insulina lispro (primeiro análogo de insulina) Novorapid® Insulina aspártico Apidra® Insulina glulisina Humana de acção intermédia Humulin®-NPH Insulatard® Insuman® Basal Levemir® Insulina detemir Lantus® Insulina glargina Análogo de acção longa Humalog® Mix25 25% lispro, 75% lispro prot. PREMISTURA Novo Nordisk Novomix® 30 30% aspartico, 70% aspártico prot. Humalog® Mix50 50% lispro, 50% lispro prot. Bifásica Humulin® M3 30% humana de acção curta, 70% NPH Mixtard® 30 30% humana de acção curta, 70% NPH FDA: US Food and Drug Administration; NPH: Neutral Protamin Hagedorn; prot.: protamine. Insuman® Comb 25 25% humana de acção curta, 75% NPH Diabetes do Idoso Análogos Lentos - Vantagens Menor risco de hipoglicemia (nocturna e grave) Melhoria do perfil no período interprandial Melhoria da glicemia de jejum Menor aumento de peso Maior adesão (sem horários rigídos; em geral uma administração/dia) Summet et al. CMAJ 2009;180:385-97 Hartman et al. Clinical Med Res 2008; 6: 54-67 Diabetes do Idoso Início insulina secretagogos ou insulina Monitorizar glicemia capilar Ensinar ao diabético e familiares próximos, quais os sintomas de hipoglicemia e como corrigi-los Diabetes do Idoso Diabetes e Complicações Retinopatia diabética Principal causa de cegueira em adultos1,2 Nefropatia diabética Principal causa de doença renal terminal3,4 Neuropatia diabética Principal causa não traumática de amputações das extremidades inferiores7,8 AVC Aumento de 2 a 4 vezes da mortalidade CV e de AVC5 Doença cardiovascular Oito em cada dez indivíduos com diabetes morrem por eventos CV6 1. UKPDS Group. Diabetes Res 1990;13(1):1–11; 2. Fong DS, e colab. Diabetes Care 2003;26(Suppl 1):S99–S102; 3. Hypertension in Diabetes Study. J Hypertens 1993;11(3):309–317; 4. Molitch ME, e colab. Diabetes Care 2003;26(Suppl 1):S94–S98; 5. Kannel WB, e colab. Am Heart J 1990;120(3):672–676; 6. Gray RP, e colab. In Textbook of Diabetes 2nd Edição, 1997; 7. King’s Fund. London: British Diabetic Association, 1996; 8. Mayfield JA, e colab. Diabetes Care 2003;26(Suppl 1):S78–S79 Diabetes do Idoso Diabetes e Doença Cardiovascular no Idoso Diabetes como Factor de Risco para DCV Cardiovascular Health Study Indivíduos > 65 anos com DM têm o dobro da probabilidade de morrer de DCV em relação aos não diabéticos DCV presente em 85% dos doentes (50% doença clínica; 35% sub clínica) Importância do tratamento intensivo dos factores risco CV nos idosos Kronmal RA et al. Plos Medicine 2006;3:1883-91 Diabetes do Idoso Diabetes e Doença Cardiovascular no Idoso Hipertensão arterial Na DM 2 é o principal factor de risco para DCV Prevalência aumenta com a idade É importante tratar a HTA nos idosos (incluindo indivíduos com idade > 80 anos) Tratar HTA nos idosos diabéticos reduz a morbilidade e mortalidade CV Diabetes do Idoso Redução do Risco Cardiovascular Tratamento da HTA Tratamento da dislipidemia Cessação tabágica Terapêutica com aspirina Exercício Diabetes do Idoso Redução do Risco Cardiovascular Objectivos Terapêuticos Pressão Arterial < 130/80 Colesterol LDL < 100 mg/dL < 70 mg/dL (se DCV conhecida) Colesterol HDL > 40 mg/dL no Homem > 50 mg/dL na Mulher Triglicéridos < 150 mg/dL Aspirina (75-162 mg/dia) na prevenção secundária da DCV e na prevenção primária se existir pelo menos outro factor de risco adicional ADA. Diabetes Care, 2012; 35 (Sup 1): S11-S63