Économie

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Économie
Economia
Economia
O espaço Caribe conjuga os extremos: pobreza e opulência, grandes espaços e
pequenos Estados, territórios não independentes e países soberanos,
especialização e diversificação. A economia da região é um reflexo desta
heterogeneidade.
• Uma integração regional complicada
Neste espaço, os obstáculos à integração são numerosos. O passado colonial deu
origem a diferentes línguas e culturas. O nível de desenvolvimento, as fortes
influências estrangeiras, principalmente das antigas metrópoles, e uma
distribuição desigual das riquezas naturais levaram a processos originais de
desenvolvimento. O caráter insular das ilhas do Caribe constitui um fator
complementar de isolamento.
As Antilhas passaram por diversas experiências de integração regional; uma das
primeiras data de 1671, quando Anguilla, São Cristóvão, Nevis, Montserrat,
Antigua e Barbuda foram integrados no conjunto das ilhas Leeward. Uma das
tentativas mais importantes data de 1958 e diz respeito à iniciativa do Reino
Unido de reunir na Federação das Índias Ocidentais os dez territórios de língua
inglesa. Essa instituição, dotada de uma constituição, tinha à sua frente um
governo central sediado na ilha de Trinidad, além de um parlamento e uma corte
suprema federal. Corroída por rivalidades entre grandes e pequenos territórios,
ela desapareceu em 1962, após a saída da Jamaica e de Trinidad e Tobago, que
conquistaram sua independência.
Apesar deste fracasso, a necessidade de uma cooperação econômica regional
reuniu três Estados – Antigua e Barbuda, Barbados e a Guiana – que assinaram em
1965 o primeiro acordo da Associação Caribenha de Livre Comerçio (Caribbean
Free Trade Association - CARIFTA). Este acordo visa desenvolver as trocas
comerciais e a produção industrial através da instalação de uma zona de livre
Comerçio entre os Estados e territórios membros. As tarifas aduaneiras vêm sendo
a partir daí progressivamente abolidas, exceto no caso de alguns produtos
sensíveis. Em 1968, outros países aderiram ao acordo, dentre os quais a Jamaica e
o Belize. Paralelamente foi criado, em 1969, o Banco de desenvolvimento do
Caribe (Caribbean Development Bank – CDB), com base em Barbados.
Panorama do espaço Caribe - 175
Economia
O propósito de transformar a CARIFTA em mercado econômico comum, aberto ao
conjunto do Caribe, levou à criação, pelo tratado de Chaguaramas de 1973, da
Comunidade e Mercado Comum do Caribe (The Caribbean Community and
Common Market – CARICOM). Seus principais objetivos são a integração
econômica, a cooperação regional, especialmente em relação a setores como o da
educação e o dos transportes, e a coordenação das políticas estrangeiras dos países
membros.
Ao adotar, em 2001, a versão revista do tratado de Chaguaramas, os membros
manifestaram sua vontade de ir além do mercado comum, estabelecendo um
mercado e uma economia única no Caribe. Refere-se doravante ao Caribbean
Single Market and Economy (CSME). Com isso, desaparece a distinção estabelecida
entre cooperação funcional e integração econômica. A vontade dos Estados
membros é de privilegiar a integração econômica por meio de uma real
liberalização do mercado.
De suas origens, o CARICOM conservou uma especificidade lingüística e insular,
uma vez que somente dois membros em quinze não possuem o inglês como idioma
oficial (o Suriname e o Haiti, que foram os últimos Estados integrados), e que
somente três se situam no continente (Belize, a Guiana e o Suriname).
Em seu interior, alguns territórios constituíram um espaço ainda mais integrado,
como as pequenas Antilhas britânicas reagrupadas em 1981 como a Organização
dos Estados do Caribe Oriental (Organization of Eastern Caribbean States – OECS),
a partir do Tratado de Basse-Terre. A Organização possui uma moeda comum, o
dólar do Caribe Oriental (Eastern Caribbean Dollar), emitido pelo Banco Central do
Caribe Oriental (Eastern Caribbean Central Bank – ECCB) desde 1983.
De fato, desde os processos de independência da primeira metade do século XIX,
os Estados continentais procuraram se organizar em federações regionais para
conter a crescente influência dos Estados Unidos. A Grande Colômbia (1819-1830)
e as Províncias Unidas da América Central (1823-1838), dirigidas por um
presidente, fracassaram em decorrência dos conflitos internos armados e do peso
exercido pelas oligarquias locais.
Depois de diversos tratados de livre troca concluídos a partir de 1950 para
desenvolver a integração econômica entre os Estados, foi criada, em 1951, a
Organização dos Estados Centro-americanos (ODECA), que reuniu Costa Rica, El
Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Em 1962, a ODECA ganhou uma
corte internacional de justiça, um centro cultural e um conselho de defesa
centro-americano. O mercado comum centro-americano (MCCA) foi criado em
176 - Panorama do espaço Caribe
Economia
1960 pela iniciativa dos membros da ODECA. Ele gerou um importante
crescimento econômico nas décadas de 1960 e 70, baseado no desenvolvimento
do setor industrial e das conseqüentes trocas inter-regionais. No entanto, a
retomada dos conflitos nos anos 1980, associada a uma conjuntura internacional
desfavorável, provocaram uma perda de influência do MCCA.
Além disso, o CARICOM encontra-se na origem da principal organização de
cooperação inter-regional, a Associação dos Estados do Caribe (Association of
Caribbean States - ACS), criada em 1994 e que reúne a totalidade dos Estados e
territórios que têm uma fachada marítima caribenha: do México à Guiana
Francesa para a parte terrestre, das Bahamas a Trinidad e Tobago para a parte
insular, o que corresponde a 25 Estados de pleno direito, 5 membros associados
através de sua metrópole e 8 elegíveis ao estatuto de membro associado. Em seu
horizonte econômico, a AEC visa o fortalecimento do processo regional de
cooperação e integração, assim como a promoção de um desenvolvimento
sustentável para o Grande Caribe. Atualmente, seus setores primordiais são o
Comerçio, o transporte, o turismo sustentável e a prevenção e combate às
catástrofes naturais. O acordo promoveu a eliminação gradual das tarifas
aduaneiras sobre um certo número de produtos mencionados no tratado.
• As economias do espaço Caribe: grande concentração...
Em 2001, o Produto Interno Bruto (PIB) total do espaço Caribe foi de 762 bilhões
1
de dólares , o que equivale a mais de 3.126 dólares por habitante. O PIB
aumentou mais de 39% entre 1990 e 2001 e o PIB por habitante subiu em
aproximadamente 15%. Entre 1990 e 2001, a taxa média de crescimento chegou
a 3,0% ao ano, mas sofreu uma forte desaceleração ao final do período, com um
crescimento de 1,2% para os anos de 2001 e 2002. O PIB dos 38 países
representa 42% do PIB da França e 8% do dos Estados Unidos.
Quatro países agregam quase 80% do PIB do espaço Caribe: o México, que
sozinho comparece com quase metade do PIB da zona, a Colômbia, a Venezuela
e Porto Rico. As ilhas do Caribe representam menos de um quinto do PIB total. Em
relação às últimas, os dados são ainda mais contrastantes : três países
representam aproximadamente dois terços do PIB total das ilhas : Porto Rico,
Cuba e a República Dominicana. As Antilhas Francesas contribuem com 2% da
riqueza do espaço Caribe, mas com mais de 10% em relação às ilhas da região.
1
Este número deve ser considerado apenas como uma ordem de grandeza, pois existem diferenças entre os cálculos dos PIB do
espaço Caribe.. Salvo exceções, o PIB é calculado em dólares americanos de acordo com a cotação de 1995. Ver também a
definição de PIB ao final da obra.
Panorama do espaço Caribe - 177
Economia
Distribuição do PIB em 2001 no
espaço Caribe e nas ilhas do Caribe
Outros países continentais
9%
Outras ilhas
do Caribe
12 %
Porto Rico
7%
México
48 %
Venezuela
11 %
Colômbia
13 %
Outros
Bahamas
14 %
3%
Jamaica
4%
Trinidad e
Tobago
5%
Martinica
5%
Guadalupe
5%
República Dominicana
Porto Rico
39 %
Cuba
13 %
Fonte : Banco Mundial, Insee, Caribbean Development Bank, Institudos nacionais de estatística
… e grandes disparidades entre os Estados e territórios.
Os territórios não independentes, que representam 2% em termos de superfície e
população do espaço Caribe, totalizam mais de 11% do PIB total. A evolução do
seu PIB entre 1990 e 2001 é quase duas vezes maior do que a do PIB da região, e a
do PIB por habitante, mais de três vezes superior. As instituições também
apresentam uma grande diversidade: o Haiti possui 56% da população do
CARICOM, mas somente 11% de seu PIB.
PIB por habitante : o grande fosso
PIB*
2001
762 053
144 612
676 253
26 747
63 444
2 436
85 800
Em Milhões de US$, US$ e %
Espaço Caribe
Ilhas do Caribe
AEC/ACS
CARICOM
Ilhas do Caribe
OECO/OECS
Territórios não independentes
Evolução
1990/2001
39,1
42,8
36,3
21,6
20,7
30,0
66,4
PIB/hab
2001
3 126
3 806
2 836
1 839
1 834
4 486
15 912
Evolução
1990/2001
14,8
27,7
12,2
7,4
13,3
22,8
50,8
* Para as instituições, trata-se do PIB dos países membros.
Fonte : Banco Mundial, Insee, Caribbean Development Bank, Institutos nacionais de estatística
178 - Panorama do espaço Caribe
Economia
Seis territórios não independentes lideram o crescimento do PIB desde 1990. As
ilhas Turks e Caicos tiveram um crescimento de 205% ao mesmo tempo em que,
dentre os 38 Estados e territórios, encontram-se em 36º lugar em termos de valor
do PIB. A seguir vêm as ilhas Caiman (+161%), as ilhas Virgens britânicas
(+148%), as Bermudas (+126%), Aruba (+111%) e as Antilhas holandesas
(+99%). Estes territórios beneficiaram-se com o grande crescimento do turismo
no período e com o desenvolvimento de setores altamente rentáveis, tais como os
serviços financeiros e a indústria petrolífera. Três países fecharam o período com
uma baixa em seu PIB: o Haiti, que acumula as dificuldades (-8%), Cuba (-9%) e
Montserrat (-64%), atingido pelas conseqüências da erupção de seu vulcão em
1995.
Em termos de riqueza per capita, a escala varia de 1 a mais de 100, entre o Haiti e
as ilhas Caiman. Nas doze primeiras posições da classificação, encontramos
apenas um Estado independente, as Bahamas, em décimo lugar. O primeiro
Estado continental, a Costa Rica, figura na vigésima primeira posição. O México,
que tem o maior PIB total, ocupa um modesto vigésimo segundo lugar. O PIB por
habitante das ilhas Caiman, das Bermudas e das ilhas Virgens britânicas
ultrapassa os 35 mil dólares, ficando bem acima do de numerosos países
ocidentais. Quatro Estados possuem um índice inferior a 1.000 dólares: Guiana,
Honduras, Nicarágua e Haiti. A combinação entre uma população relativamente
pequena e atividades industriais de alto valor agregado possibilita que os
Honduras
Nicarágua
Haiti
Suriname
Guiana
Cuba
Guatemala
El Salvador
República Domonicana
Colômbia
Jamaica
Dominica
São Vicente e Granadinas
Belize
Panamá
México
Venezuela
Costa Rica
Granada
Santa Lúcia
Montserrat
Trinidad e Tobago
São Cristóvão e Nevis
Barbados
Antigua e Barbuda
Anguilla
Ilhas Turks e Caicos
Bahamas
Antilhas Holandesas
Porto Rico
Guadalupe
Guiana Francesa
Aruba
Ilhas Virgens (EUA)
Martinica
Bermudas
$US
Ilhas Virgens britânica
50 000
45 000
40 000
35 000
30 000
25 000
20 000
15 000
10 000
5 000
0
Ilhas Caiman
PIB/hab
Um caimano cem vezes mais rico do que um haitiano
Panorama do espaço Caribe - 179
Economia
territórios não independentes registrem tais índices. Os departamentos franceses da
América encontram-se entre os dez primeiros: a Martinica em quarto, Guadalupe
em sétimo e a Guiana Francesa em oitavo. Os laços com a metrópole possibilitam
essa classificação graças, por um lado, aos investimentos públicos que sustentam a
atividade econômica e, por outro, aos fluxos de turistas que são provenientes da
metrópole em 80%. Ao contrário, os Estados, continentais ou não, vivenciam um
crescimento médio de sua população mais elevado e piores resultados
econômicos, em alguns casos associados a instabilidade política.
• Extrema pobreza ou extrema opulência: o caso dos índices de
desenvolvimento humano (IDH) em 2002
A média mundial do IDH é de 0,722, sendo a da zona da América latina e do
Caribe de 0,767. De 25 Estados do espaço Caribe, 19 possuem um IDH superior à
primeira média, mas somente 14 ultrapassam a segunda.
Seis Estados estão no rol dos 53 que possuem um IDH considerado elevado (igual
ou superior a 0,800): em ordem decrescente, Barbados, Bahamas, Costa Rica, São
Cristóvão e Nevis, Trinidad e Tobago e Antigua e Barbuda. Os territórios não
independentes não foram levados em conta, mas se tivessem sido, provavelmente
todos estariam nesta categoria, tendo em vista sua situação econômica e social. É o
caso dos departamentos franceses da América, para os quais os cálculo foi feito: a
Martinica possui um IDH de 0,880, enquanto que os de Guadalupe e da Guiana
Francesa são respectivamente de 0,858 e 0,850. A metade dos países e territórios
não independentes do espaço Caribe possuiria, se os últimos fossem incluídos no
cálculo, um índice elevado de acordo com os critérios internacionais. Estes
resultados revelam perfis econômicos originais no seio do espaço Caribe,
destacando-se o turismo de luxo e os serviços financeiros em Barbados e nas
Bahamas, e o setor petrolífero em Trinidad e Tobago.
Dezoito Estados encontram-se na média (entre 0,500 e 0,799), ainda que alguns,
como o México (0,796) e Cuba (0,795), estejam muito próximos de um IDH
elevado. O IDH de todos os Estados continentais situa-se nessa categoria,
excetuando-se o da Costa Rica. Este último se destaca de seus vizinhos da América
central (El Salvador, Honduras, Nicarágua e Guatemala) por sua estabilidade
política e sua economia baseada no tripé agricultura, turismo e indústria de alta
tecnologia. A classificação de Cuba reflete sua situação atípica, na qual o fraco
desempenho do PIB (equivalente ao das ilhas Fiji ou ao da Suazilândia) é
compensado pela taxa de expectativa de vida e do nível de instrução (comparáveis,
respectivamente, a Dinamarca e Luxemburgo). Em menor escala, é o mesmo caso
do Suriname, do Panamá e do Belize.
180 - Panorama do espaço Caribe
Economia
Somente o Haiti encontra-se entre os 36 Estados considerados os menos
desenvolvidos, com um IDH de 0,471. Seu IDH corresponde a 65% do índice
mundial e a 61% do índice da região.
Os IDH no espaço Caribe
IDH Classificação
2000
mundial*
IDH elevado
Martinica
Barbados
Guadalupe
Guiana Francesa
Bahamas
Costa Rica
São Cristóvão e Nevis
Trinidad e Tobago
Antigua e Barbuda
IDH médio
México
Cuba
Panamá
Belize
Dominica
Santa Lúcia
Colômbia
Venezuela
Suriname
Granada
Jamaica
São Vicente e Granadinas
República Dominicana
Guiana
El Salvador
Honduras
Nicarágua
Guatemala
IDH baixo
Haiti
Média mundial de IDH elevado
Média mundial de IDH médio
Média mundial de IDH baixo
América latina e Caribe
Países da OCDE
Mundo
Índice de
expectativa
de vida
Índice do
nível de
instrução
Índice
do PIB
Diferença de
classificação
entre o
PIB/hab e o
IDH**
0,880
0,871
0,858
0,850
0,826
0,820
0,814
0,805
0,800
29
32
33
35
44
46
47
53
55
0,89
0,86
0,87
0,83
0,74
0,86
0,75
0,82
0,82
0,91
0,91
0,89
0,88
0,88
0,86
0,89
0,84
0,81
0,84
0,84
0,81
0,84
0,86
0,74
0,81
0,75
0,78
9
5
9
4
-9
14
-3
6
-5
0,796
0,795
0,787
0,784
0,779
0,772
0,772
0,770
0,756
0,747
0,742
0,733
0,727
0,708
0,706
0,638
0,635
0,631
57
58
60
61
64
69
71
72
77
86
89
94
97
106
107
119
121
123
0,79
0,85
0,82
0,82
0,80
0,81
0,77
0,80
0,76
0,67
0,84
0,74
0,70
0,63
0,75
0,68
0,72
0,66
0,84
0,90
0,86
0,86
0,86
0,83
0,85
0,83
0,90
0,85
0,79
0,79
0,80
0,88
0,74
0,70
0,65
0,62
0,75
0,64
0,68
0,67
0,68
0,67
0,69
0,68
0,61
0,72
0,60
0,67
0,68
0,61
0,64
0,53
0,53
0,61
1
35
18
24
16
15
4
10
29
-22
18
-8
-20
-4
-13
2
4
-19
0,471
149
0,46
0,50
0,45
-2
0,918
0,691
0,448
0,767
0,905
0,722
-
0,87
0,70
0,46
0,75
0,86
0,70
0,96
0,75
0,46
0,84
0,94
0,75
0,92
0,62
0,42
0,72
0,91
0,72
-
* Tendo sido incorporadas as Antilhas francesas e a Guiana Francesa, a classificação mundial foi modificada.
** Os resultados positivos indicam que a classificação segundo o IDH é superior à classificação de acordo com o PIB real por
habitante (em PPA), os resultados negativos indicando o contrário.
Fonte : Programa de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, Universidade Antilhas-Guiana Francesa, Insee
Panorama do espaço Caribe - 181
Economia
2
Aplicando-se a mesma metodologia para os quinze países entre os quais a
comparação é possível, somente os IDH da Guiana e de Honduras caíram entre
1995 e 2000.
• Economia diversificada nos grandes países, especializada nos pequenos
Nesta zona, mais do que em outros lugares, a diversificação econômica evolui de
acordo com a demografia e com o tamanho do território. Os menores (sobretudo
os territórios não independentes) vivem essencialmente de uma ou duas atividades
que se desenvolvem em detrimento da agricultura tradicional, os que os torna cada
vez mais dependentes do exterior.
Três países possuem claramente um caráter prioritariamente agrícola: a Guiana, a
Nicarágua e o Haiti, nos quais o setor primário participa com mais de 30% do PIB.
Em três outros Estados, ele representa cerca de 20% do PIB (Guatemala, Belize e
Dominica). Trata-se, principalmente, do peso da produção de banana para os
Estados centro-americanos, bem como para a Dominica. Em relação ao Haiti, a
forte participação da agricultura e da pesca evidencia a fraqueza dos outros setores.
Mais numerosos são os países que desenvolveram uma indústria local: os dois
países petrolíferos na liderança, a Venezuela (50% do PIB no secundário), Trinidad
e Tobago (43%), assim como a Guiana (28%) e o Suriname (21%), ambos com
indústria mineradora. Há também Porto Rico (43% com sua indústria
farmacêutica), a República Dominicana (34%), Honduras (32%), Jamaica (31%),
Costa Rica, El Salvador e Colômbia (em torno de 30%).
Mais raros são os países que desenvolveram uma atividade terciária que não o
turismo e/ou serviços financeiros, sendo os principais o Panamá, que se beneficia
da presença de seu canal, e a Guiana Francesa, com o setor espacial.
Os investimentos diretos estrangeiros chegaram a 33,2 bilhões de dólares em 2001
para o conjunto do espaço, mas são muito mal distribuídos: o México, sozinho,
recebeu 24,5 bilhões. O segundo país, a Venezuela, fica muito atrás, tendo
recebido 2,5 bilhões, ou seja, dez vezes menos. O conjunto do CARICOM não
conseguiu captar mais do de 1,4 bilhão. O Haiti e Cuba vêm em último, com... 10
milhões de dólares cada um.
2
Até 1999, o PNUD utilizou a chamada fórmula de “Atkinson” de correção do PIB. Desde então, utiliza-se o chamado método do
logaritmo decimal.
182 - Panorama do espaço Caribe
Economia
• A economia atrelada ao progresso social
Dentre as diversas maneiras de calcularem-se as diferenças entre os contextos
econômicos, uma é muito concreta: o impacto sobre a mortalidade infantil. A
mortalidade infantil elevada resulta de vários fatores que, combinados, agravam a
taxa. Os principais fatores são a precariedade da infra-estrutura sanitária, a
insuficiência da educação para as mulheres e dificuldades alimentares.
O nível de riqueza do país influi diretamente nesses fatores : quanto maior o PIB
por habitante, menor a mortalidade infantil.
Alguns casos particulares podem ser encontrados, como Cuba, onde a taxa de
mortalidade infantil é baixa e a situação econômica é complicada. Este país
desenvolveu um sistema social de proteção da saúde com a implantação de
importantes programas de formação médica e de infra-estrutura sanitária. Alguns
países apresentam, pelo contrário, uma mortalidade infantil alta em relação ao
seu desenvolvimento econômico, que pode ser explicada por outros problemas :
é o caso das Bahamas, com o tráfico de drogas e uma taxa de contaminação pelo
vírus HIV alta.
A taxa de mortalidade infantil muito relacionada com o PIB/hab.
O exemplo do espaço Caribe
GDP/cap - escala logarítmica
$US
100 000
Ilhas Caiman
Bermudas
Martinica
Guiana Francesa
Bahamas
Guadalupe
Aruba
10 000
Cuba
1 000
Guiana
Haiti
100
0
10
20
30
40
50
Taxa de mortalidade infantil (para 1 000)
60
70
Fonte : Banco Mundial, Insee, Banco Caribenho de Desenvolvimento, Institutos nacionais de estatística, Divisão de população do
Secretariado da Organização das Nações Unidas.
Panorama do espaço Caribe - 183

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