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ANÁLISE ESTILÍSTICA E FORMAL DO ALTAR-MOR DA CAPELA-MOR
DA IGREJA ABACIAL DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO EM OLINDA /PE.
Enos Omena Ribeiro (*); Carla Andrade Reis, BSc Designer (*); Plínio Bezerra dos Santos Filho, PhD (*)
(*) Agência de Estudos e Restauro do Patrimônio - AERPA
Introdução
Durante o terceiro período da administração do
Abade Frei Miguel Arcanjo da Anunciação, foi
executado o atual altar-mor muito suntuoso da Igreja
Abacial do Mosteiro de São Bento em Olinda (livro de
gastos da sacristia, p. 70 e 71).
Quanto ao vocabulário estilístico, notadamente a
obra do Altar-Mor é constituida dentro de um período
de transição estilística onde se observa um acentuado
volume barroco mesclado com um espaçonamento
rococó. Com isso aparecem na talha, simultaneamente,
uma expressão arcaizante e regionalista e o reflexo da
talha mais erudita metropolitana. Do ponto de vista
formal, o que é relevante é a erudição do entalhe que
evidência
uma
conjugação
de
elementos,
arquitetônicos, ornamentais e iconogrâfico.
Materiais e Métodos
Dados sobre o retábulo:
Dimensões: 13,8m x 7,8m x 5,7m
Peso: 11.001 Kg.
Técnica: talha dourada e policromada
Autor: a obra deste retábulo, segundo o pesquisador
Robert C. Smith, é atribuída ao mestre entalhador José
Gomes de Figueiredo.
Época: 1783-1786
A produção de talhas neste período seguia modelos
a serem imitados, gramáticas estilísticas, como todas as
demais obras no período do domínio português no
Brasil. As técnicas de representações luso-brasileiras
seguiam o padrão de mímeses, a arte da equivalência.
O critério era o da repetição e não o da originalidade.
Isso implica a apropriação de modelos que circulavam
livremente na colônia, através das ordens religiosas, e
neste caso particular, os beneditinos, pois eles
trouxeram da Casa-Mãe beneditina de São Bento de
Tibães, próximo a Braga, o modelo do Altar-Mor
concebido pelo Arquiteto André Soares e realizado
pelo Mestre Entalhador Frei José de Santo Antônio
Ferreira Vilaça. Presumivelmente, a obra do Altar-Mor
da Igreja Abacial em Olinda é atribuida ao Mestre
Entalhador e Marceneiro José Gomes de Figeiredo,
esse fato reforçando o fenômeno de importação de
obras dos mais cotados artífices da época do Brasil
colônia. Durante as análises e organização dos
trabalhos sobre esta magistral obra em talha,
recorremos a um panorama esquemático que nos
permitiu atribuir importância aos domínios da
significação representativa, no que tange ao paradigma
concreto da obra. Chegando a oito (08) tópicos, que
são os seguintes: 1) a tipologia; 2) as partes da
composição; 3) as linhas principais; 4) os planos da
composição; 5) o contorno; 6) o movimento; 7) o
vocabulário ornamental; e 8) a nomenclatura.
Resultados
O destaque fundamental das análises levou ao
aprofundamento no conhecimento da obra em talha no
Estado de Pernambuco, posto que um grande e
relevante acervo em talha dourada e policromada
existe, bem como existe uma siguinificativa gramática
ornamental. Isso, levou à elaboração de um glossário
de termos técnicos voltado exclusivamente para as
obras em talha. Nele, consultam-se não só os termos,
como também, gráficos e desenhos para visualização
apropriada.
Fig.1 Desenho da talha - Predela do Altar-Mor e
nomenclaturas da gramática ornamental.
Fig.2 Foto do Detalhe do Altar-Mor, Predela.
Conclusões
A nossa certeza maior é que este trabalho suscitará
novos estudos que trarão benefícios ao conhecimento
deste grande e significativo legado histórico, artístico e
cultural, evidênciando a sua singularidade e
monumentalidade, O Altar-Mor da Igreja Abacial do
Mosteiro de São Bento em Olinda.
Referências
Arte: Sulamita Ferreira / Fotografia: Eupídio Suassuna
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ARC • Revista Brasileira de Arqueometria Restauração Conservação • Edição Especial • Nº 1 • MARÇO 2006 • AERPA Editora
Resumos do III Simpósio de Técnicas Avançadas em Conservação de Bens Culturais - Olinda 2006
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