O zoroastrismo, também chamado de masdeísmo, uma religião

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O zoroastrismo, também chamado de masdeísmo, uma religião
O zoroastrismo, também chamado de masdeísmo, uma religião monoteísta fundada na
antiga Pérsia (atual Irã) pelo profeta Zaratustra, a quem os gregos chamavam de
Zoroastro. É considerada como a primeira manifestação de um monoteísmo ético. De
acordo com os historiadores da religião, algumas das suas concepções religiosas, como
a crença no paraíso, na ressurreição, no juízo final e na vinda de um messias, viriam a
influenciar o judaismo, o cristianismo e o islamismo.
Tem seus fundamentos fixados no Avesta (as antigas escrituras do zoroastrismo da
Pérsia que datam de 500 a.C., e tem como base um conunto de hinos, ou gathas, que
falam do deus criador Ahura Mazda, incluindo a liturgia, preces, mitos e observância
religiosa.
O zoroastrismo admite a existência de duas divindades, representando o Bem (Ahura
Mazda) e o Mal (Arimã), de cuja luta venceria o Bem.
De acordo com os relatos tradicionais zoroastrianos, Zoroastro viveu no século IV a.C.,
pertecendo ao clã Spitama, sendo filho de Pourushaspa e de Dugdhova. Era o sacerdote
do culto dedicado a um determinado ahura. Foi casado duas vezes e teve vários filhos.
Faleceu aos setenta e sete anos assassinado por um sacerdote.
Aos trinta anos, enquanto participava num ritual de purificação num rio, Zaratustra viu
um ser de luz que se apresentou como sendo Vohu Manah ("Bom Pensamento") e que
o conduziu até à presença de Ahura Mazda (Deus) e de outros cinco seres luminosos,
os Amesha Spentas, sendo este o primeiro de uma série de encontros com Ahura
Mazda, que lhe revelou a sua mensagem.
As autoridades civis e religiosas opunham-se às doutrinas de Zoroastro. Após doze anos
de pregação Zoroastro abandonou a sua região natal e fixou-se na corte do rei Vishtaspa
na Báctria (região do atual Afeganistão). Este rei e sua esposa, a rainha Hutosa,
converteram-se à doutrina de Zoroastro e o zoroastrismo foi declarado como religião
oficial do reino.
O principal documento que nos permite conhecer a vida e o pensamento religioso de
Zoroastro são os Gathas, dezessete hinos compostos pelo próprio Zoroastro e que
constituem a parte mais importante do Avesta ou livro sagrado do zoroastrismo. A
linguagem dos Gathas assemelha-se à que é usada no Rig Veda, (o mais antigo
documento da literatura Hindu), o que situaria Zoroastro entre 1500-1200 a.C. e não no
século VI a.C. Vivia na Idade do Bronze, numa sociedade dominada por uma
aristocracia guerreira.
Para alguns investigadores, muito mais do que o fundador de uma nova religião,
Zoroastro foi antes um reformador das práticas religiosas indo-iranianas. Ele propôs
uma mudança no panteão dominante que ia no sentido do monoteísmo e do dualismo.
Na perspectiva de Zoroastro, os ahuras passam a ser vistos como seres que escolheram o
bem e os daivas o mal. Na Índia, o percurso seria inverso, com os ahuras a
representarem o mal e os daevas o bem.
Zoroastro elevaria Ahura Mazda ("Senhor Sábio") ao estatuto de divindade suprema,
criadora do mundo e única digna de adoração.
Outro conceito religioso por si apresentado foi o dos Amesha Spentas ("Imortais
Sagrados"), que podem ser descritos como emanações ou aspectos de Ahura Mazda.
Nos Gathas, os Amesha Spentas são apresentados de uma forma bastante abstracta;
séculos depois eles serão transformados e elevados ao estatuto de divindades. Cada
Amesha Spenta foi associado a um aspecto da criação divina.
Os Amesha Spentas são:
Vohu Manah ("Bom Pensamento"): os animais;
Asha Vahishta ("Verdade Perfeita"): o fogo;
Spenta Ameraiti - ("Devoção Benfeitora"): a terra;
Khashathra Vairya - ("Governo Desejável"): o céu e os metais;
Hauravatat ("Plenitude"): a água;
Ameretat ("Imortalidade"): as plantas.
Os Gathas revelam também um pensamento dualista, sobretudo no plano ético,
entendido como uma livre escolha entre o bem e o mal. Posteriormente, o dualismo
torna-se cosmológico, entendido como uma batalha no mundo entre forças benignas e
forças maléficas.
Atualmente os zoroastrianos dividem-se entre o dualismo ético ou o dualismo
cosmológico, existindo também outros que aceitam os dois conceitos. Alguns acreditam
que Ahura Mazda tem um inimigo chamado Angra Mainyu (ou Ahriman),
responsável pela doença, pelos desastres naturais, pela morte, pela corrupção e por tudo
quanto é negativo. Angra Mainyu não deve ser visto como um deus; ele é antes uma
energia negativa que se opõe à energia positiva de Ahura Mazda, tentando destruir
tudo o que de bom foi feito por ele (a energia positiva de Deus é chamada de Spenta
Mainyu). No final Angra Mainyu será destruído e o bem triunfará. Outros
zoroastrianos encaram o dualismo no plano interno de cada pessoa, como a escolha que
cada um deve fazer entre o bem e o mal, entre uma mentalidade progressista e uma
mentalidade retardatária.
Os zoroastrianos acreditam que Zoroastro é um profeta de Deus, mas este não é alvo de
particular veneração. Eles acreditam que através dos seus ensinamentos os seres
humanos podem aproximar-se de Deus e da ordem natural marcada pelo bem e justiça
(asha).
Entre a morte de Zaratustra e a ascensão do Império Aqueménida no século VI a.C.
pouco se sabe sobre o zoroastrismo, a não ser que se difundiu largamente por todo o
império Medo Persa. Em 549 a.C., Ciro II derrota Astíages, rei dos Medos e funda o
Império Persa, que unia sob o mesmo cetro os Medos e os Persas. A dinastia à qual
pertencia, os Aqueménidas, adota o zoroastrismo como religião oficial do império, mas
também é tolerante em relação às religiões dos povos que nele vivem. Foi o rei Ciro II
(dito O Grande) que libertou os Judeus de seu cativeiro e permitiu o regresso destes à
Palestina. Provavelmente o primeiro rei persa que reconheceu oficialmente esta religião
foi Dario I, como mostra uma placa de ouro na qual o rei se proclama devoto de Ahura
Mazda.
Dario teve que combater um usurpador chamado Gautama, que se fazia passar por um
filho de Ciro. Gautama ordenou a destruição de santuários pagãos que seriam
restaurados por Dario. Por causa deste comportamento atribui-se por vezes a Gautama a
adoção do zoroastrismo.
Com a conquista da Pérsia por Alexandre Magno, em 330 a.C, o zoroastrismo sofreu
um duro golpe, tendo a classe sacerdotal sido dizimada e muitos templos destruídos. O
incêndio da capital do império, Persépolis, provocaria o desaparecimento de textos da
religião conservados na biblioteca da cidade.
Durante o governo dos Selêucidas (estado político helenista) o zoroastrismo foi
respeitado e geraram-se sincretismos entre este e a religião grega (por exemplo, ocorreu
uma associação de Zeus a Ahura Mazda).
Mas um verdadeiro renascimento do zoroastrismo só começa durante a dinastia dos
Partos Arsácidas no século III a.C.. Nesta fase foi compilado o Vendidad, uma parte do
Avesta que recolhe textos relacionados com medicina e rituais de pureza.
No período da dinastia Sassânida (224 a.C. - 651 d.C.) o zoroastrismo foi
completamente restaurado graças à intervenção de Kartir e de Tansar. O zoroastrismo
tornou-se a religião mais comum entre as massas, sendo praticado numa vasta área que
ia do Médio Oriente às portas da China. Nesta época assistiu-se à formação de uma
verdadeira "Igreja" zoroastriana centrada na Pérsia, foram banidas da prática religiosa as
imagens, criou-se o alfabeto avestano e novos textos passam a integrar o Avesta, tais
como o Bundahishn e o Denkard. Ao contrário do período Aqueménida, este período
ficou marcado pela intolerância em relação a outras religiões, tendo sido promovidas
perseguições aos judeus e cristãos. O clero zoroastriano detinha um grande poder e
assegurava que cada novo monarca fosse zoroastriano; pesados tributos recaíam sobre a
população como forma de sustentar a forma de vida do clero.
Apesar da conversão da Pérsia ao Islã após a conquista dos áraves no século VII, o
zoroastrismo sobreviveu em algumas comunidades persas, agrupadas nas cidades de
Yazd e Kerman. Os muçulmanos consideraram os zoroastrianos como dhimmis, ou seja,
praticantes do monoteísmo (à semelhança dos judeus e dos cristãos) e como tal foram
sujeitos a pesados tributos cujo objectivo era estimular a conversão ao Islã.
No século X, um grupo de zoroastrianos deixou a Pérsia e fixou-se na Índia, na região
do Gujarate. Aqui estabeleceram um comunidade local que recebeu o nome de "Parsi"
("Persas" na língua gujarate) e que permanece naquele território até aos nossos dias.
Esta comunidade zoroastriana foi influênciada pelos tradições locais e as suas
particularidades levam a que se fale em Parsismo. Até 1477 os Parsis não mantiveram
contacto com os zoroastrianos que permaneceram na Pérsia.
Escatologia individual
A escatologia individual do zoroastrismo afirma que três dias após a morte a alma chega
à Ponte Cinvat. A alma de cada pessoa percepciona então a materialização dos seus atos
(daena): uma alma que praticou boas ações vê uma bela virgem de quinze anos,
enquanto que a alma de uma pessoa má vê uma megera.
Cada alma será julgada pelos deuses Mithra, Sraosha e Rashnu. As almas boas
poderão atravessar a ponte, enquanto que as más serão lançadas para o inferno; as almas
que praticaram uma quantidade idêntica de boas e más ações são enviadas para o
Hamestagan, uma espécie de purgatório.
As almas elevam-se ao céu através de três etapas, as estrelas, a Lua e o Sol, que
correspondem, respectivamente, aos bons pensamentos, boas palavras e boas ações. O
destino final é o Anagra Raosha, o reino das luzes infinitas.
O Faravahar, representação da alma humana antes do nascimento e depois da morte, é
um dos símbolos do zoroastrismo.

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