A QUEDA DO MURO DE BERLIM A Divisão da

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A QUEDA DO MURO DE BERLIM A Divisão da
A QUEDA DO MURO DE BERLIM
Marco da Guerra Fria caiu em 9 de novembro de 1989
No dia 9 de novembro de 1989, após grandes manifestações civis de protesto, o governo da
República Democrática Alemã (RDA), permitiu, pela primeira vez em mais de vinte e oito anos, que
os moradores da parte oriental de Berlim, pudessem atravessar o muro que os separava do lado
ocidental. Em resposta, milhares de berlinenses rumaram à imensa barreira de concreto,
atravessando-a e unindo-se aos berlinenses ocidentais.
O movimento de pessoas atravessando o muro, como se fosse uma grande procissão revolucionária,
atraiu todos os holofotes da imprensa internacional. O mundo pôs seus olhos àquele momento
histórico. Uma grande euforia tomou conta dos berlinenses, que aos poucos, foram derrubando
partes do muro e, dias mais tarde, máquinas industriais completaram a demolição. Caía o maior
símbolo da Guerra Fria.
A queda do muro de Berlim, ou “Muro da Vergonha”, como era chamado por seus opositores no
mundo, desencadeou o fim da Cortina de Ferro, constituída pela União Soviética e pelos países
socialistas do leste europeu. Diante do silêncio do governo de Moscou, que decidiu não intervir com
os seus tanques modeladores da ideologia socialista; outros países do bloco comunista quebraram as
amarras e, um a um, derrubaram e extinguiram os seus regimes.
A queda do muro representou para Berlim o fim à humilhação e dor que a ambição nazista
mergulhara a cidade e, à própria Alemanha. Famílias foram separadas por décadas. Rebeldes mortos
na tentativa de fuga. Berlim era a capital logística da Guerra Fria, de um lado do muro os soviéticos,
do outro as nações capitalistas ocidentais, no meio, a dor de um povo que levara o mundo à Segunda
Guerra Mundial, e que se tornara refém da nova guerra entre duas ideologias.
A partir da queda do muro, a República Federal da Alemanha (RFA) e a RDA puderam ser
reunificadas, em 1990. Berlim voltou a ser a capital da Alemanha. Sem o glamour de antes da guerra,
a cidade foi totalmente reconstruída, com investimentos que possibilitaram que voltasse a ser uma
grande e desenvolvida metrópole. Restava lapidar as cicatrizes de uma Alemanha dividida agora pelo
aspecto social, de um lado rica (parte ocidental), de outro pobre e parada no tempo (parte oriental).
Restava unir preceitos morais e sociais entre pessoas que apesar da mesma origem, diferenciavam-se
por completo.
Na história recente da humanidade, a queda do muro de Berlim pôs fim à Guerra Fria, e iniciou a
queda do grande império soviético, ocasionando o fim de várias nações construídas sob as dialéticas
de uma ideologia que envelheceu, sendo corroída por seus erros, até que ruiu, tornando-se
escombros, entulhos de um mundo que o povo começou a demolir na madrugada de 9 de novembro
de 1989.
A Divisão da Alemanha e de Berlim
Em 1945 Berlim era uma cidade completamente destruída. Bombardeada incessantemente pelas
tropas soviéticas, a capital da Alemanha foi transformada em um grande escombro. Hitler havia
cometido suicídio no bunker da chancelaria, em 30 de abril. No dia 8 de maio, foi declarada
oficialmente a rendição da Alemanha e, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.
Berlim tornara-se no século XX, uma das capitais culturais mais efervescentes do mundo. Atingiu o
apogeu no período do governo nazista, alcançando um esplendor que fascinou o mundo. Dentro do
delírio nazista, foi programada para ser a capital de um império imaginário com duração de mil anos.
No fim da guerra, foi reduzida a escombros, tornando-se símbolo da punição à ambição nazista, e
palco do ódio do exército soviético.
Com o fim da guerra, a Alemanha foi dividida, através do Acordo de Postdam, em quatro zonas de
ocupação controladas pelas potências aliadas: União Soviética, Estados Unidos, Grã-Bretanha e
França. Berlim, a capital do Reich, estava situada no interior da parte ocupada pelos soviéticos, mas
foi igualmente dividida em quatro setores, tornando-se a sede do Conselho de Controle Aliado.
No decorrer dos primeiros anos pós-guerra, as relações diplomáticas da União Soviética com os
outros três países aliados começaram a deteriorar. O mapa da Europa passou a ser redesenhado. O
líder soviético Joseph Stalin, construiu um cinturão de nações independentes, mas controladas por
Moscou. Estava nascendo o bloco socialista do leste europeu, englobando a Tchecoslováquia,
Polônia e Hungria, entre outras. A Alemanha estava nos planos de Stalin para que se tornasse um
país pertencente ao bloco comunista. A idéia era enfraquecer os países aliados, forçando-os a deixar
os territórios germânicos ocupados.
Em poucos anos, a Alemanha estava administrativamente dividida. A parte leste, controlada pela
União Soviética, teve as suas indústrias e propriedades nacionalizadas. Os soviéticos eram contrários
aos planos de reconstrução da Alemanha, por temer que ela voltasse a ser uma grande potência de
influência nos países do leste europeu, e que recuperasse a sua força bélica, pondo em risco o
controle do governo do Kremlin. Em paralelo aos planos soviéticos, Estados Unidos, Grã-Bretanha,
França, Holanda, Luxemburgo e Bélgica decidiram em reuniões, tornar a parte alemã não controlada
por Moscou, livre de ocupação, recebendo investimentos de reconstrução, abrangidos pelo Plano
Marshall.
Opondo-se aos planos dos aliados para a reconstrução alemã, e a isenção das dívidas de guerra;
Stálin instituiu, em 1948, o Bloqueio de Berlim, impedindo que alimentos, materiais e suprimentos
chegassem ao enclave de Berlim Ocidental. Para evitar uma tragédia, a França, Estados Unidos, GrãBretanha, Canadá, Austrália e vários outros países promoveram uma ponte aérea sobre Berlim, a
Berlin Airlift, fornecendo alimentos e outros suprimentos à parte ocidental da cidade. Ironicamente,
os países aliados que outrora destruíram a cidade com as suas bombas, agora socorriam a população
com toneladas de suprimentos de sobrevivência. O embargo a Berlim só seria suspenso por Stalin no
ano seguinte, em 12 de maio de 1949.
A situação da Alemanha ocupada só foi definida quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Em 23 de maio de 1949 os três blocos ocupados pela França, Reino Unido e Estados Unidos foram
transformados na República Federal da Alemanha (RFA), conhecida como Alemanha Ocidental, país
independente e capitalista, com a capital estabelecida em Bonn. Em 7 de outubro de 1949, os
soviéticos concederam autoridade administrativa à parte que ocupava, criando a República
Democrática Alemã (RDA), conhecida como Alemanha Oriental, de regime comunista subordinado a
Moscou.
Com a divisão da Alemanha em dois países de regimes distintos, nascia oficialmente a Guerra Fria;
travada ideologicamente entre capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e comunistas, liderados
pela União Soviética. Berlim, situada dentro da RDA, continuou a ser uma cidade dividida. O lado
oriental era controlado pelos soviéticos, sendo oficialmente a capital da Alemanha Oriental. A parte
oeste da cidade, tornou-se um enclave controlado pelos capitalistas, no coração dos países da
Cortina Ferro.
As Primeiras Medidas Restritivas
Dividida, Berlim transformou-se no centro de espionagem da Guerra Fria. A parte ocidental da cidade
representava o incômodo enclave capitalista dentro do bloco de países europeus adjacentes ao
controle soviético.
Com a divisão, a Alemanha Ocidental reergueu-se de forma extraordinária, tornando-se uma
potência econômica mundial, enquanto que a Alemanha Oriental estagnou o seu crescimento
econômico. O não desenvolvimento da parte leste deve-se não somente ao regime socialista nela
implantada, mas a um controle rígido soviético, que temia a ascensão econômica alemã, a volta do
seu poderio bélico, e, principalmente, a sua influência secular sobre os países do leste europeu,
exercida no pós-guerra pela União Soviética. De uma maneira sutil, mas definitiva, a população do
leste alemão foi reduzida à pastoril, com escassas indústrias.
Diante da prosperidade da Alemanha Ocidental, houve uma carência de mão-de-obra, impulsionando
a migração de outros povos, como os turcos, que vieram para preencher essa carência. Do lado
oriental, a população empobrecida, era proibida de atravessar a fronteira em busca de trabalho.
Com o crescimento econômico da Alemanha Ocidental, proporcionando um nível de vida dos mais
altos do mundo, os alemães orientais deslocaram-se em massa para o ocidente. Nos primeiros meses
de 1953, cerca de 226 mil pessoas fugiram da RDA para a RFA.
Para frear as fugas, o governo da RDA fechou definitivamente, em 1952, a Zonengrenze – fronteira
entre as duas Alemanhas. Desde então, o trânsito de um lado para o outro em Berlim passou a ser
restrito a alguns lugares selecionados da cidade. Em 17 de junho de 1953, trabalhadores de Berlim
oriental promoveram um levante contra a ocupação russa, mas foram esmagados pela polícia
soviética. Em resposta às manifestações, foi exigido dos ocidentais um passe especial para que
pudessem transitar no lado oriental.
Mas as restrições e proibições não inibiram o fluxo de fuga dos habitantes do lado oriental de Berlim
para a parte capitalista. Em 1957, medidas mais severas foram adotadas, com a condenação de até
três anos de cárcere para os que tentassem deixar o leste da cidade sem permissão.
A fuga dos alemães do oriente para o ocidente, jamais o contrário, desacreditava o regime comunista
implantado nas repúblicas do leste europeu. Mesmo com medidas repressivas, a migração
continuou, proporcionando fugas épicas , bem exploradas pela propaganda dos países capitalistas
contra o regime comunista, transformando a Guerra Fria em um grande palco a ser assistido pelo
mundo inteiro, sem nunca dar importância aos verdadeiros sacrificados, os alemães do leste,
enclausurados e empobrecidos, muitas vezes separados das suas famílias.
Para evitar a fuga e a espionagem dentro de Berlim e da própria Alemanha socialista, um plano de
isolamento passou a ser arquitetado: o de uma imensa muralha que separasse os dois lados da
cidade e, conseqüentemente, a fronteira entre os dois países. No horizonte berlinense, a sombra
obscura de um muro separatista passou a ser vislumbrado.
A Construção do Muro
A intenção da construção de um muro que separasse Berlim em duas zonas distintas foi mantida em
segredo pelo governo da Alemanha Oriental. Em 1961, Walter Ulbricht, chefe de estado da RDA na
época, considerado o idealizador do muro de Berlim, negou os rumores da sua construção dois
meses antes do fato concretizado.
No ocidente, os serviços secretos traziam informações de que um muro seria erguido em Berlim, e
que o próprio Walter Ulbricht havia pedido ao líder soviético Nikita Khrushchov, em uma conferência
dos Estados do Pacto de Varsóvia, a autorização para construí-lo. Ulbricht alegava que o contato
direto dos alemães do leste com a RFA atrapalhava o crescimento do estado proletário alemão, e,
através da sabotagem ideológica do ocidente, incentivava a fuga em massa da população e o seu
desvio dialético.
No dia 11 de agosto de 1960, o governo da RDA autorizou o conselho dos ministros a tomar medidas
necessárias para a inibição do fluxo de pessoas, tanto da população, como dos espiões das potências
ocidentais, nas fronteiras entre as duas Alemanhas. No dia 12 de agosto, ficou decidido que as forças
armadas seriam usadas na ocupação da fronteira, instalando gradeamentos.
Os berlinenses acordaram, na madrugada de 13 de agosto de 1961, com o movimento brusco das
forças armadas da RDA, apoiadas pelos soviéticos. Todas as conexões de trânsito foram
interrompidas entre Berlim Ocidental e o lado Oriental. Em apenas uma noite, ergueu-se uma
enorme muralha, era o muro de Berlim.
O muro de Berlim era um gigantesco paredão com cerca de 3,6 metros de altura, com 66,5
quilômetros de gradeamento metálico. Quando ficou pronto, tornou-se um cinturão sem estética
arquitetônica, envolvendo completamente a cidade, medindo 155 quilômetros, com extensão interna
de 43 quilômetros, sendo 37 deles na área industrial. Foram instaladas 302 torres de observação; 20
bunkers, onde os soldados atiravam em quem se arriscasse a atravessá-lo; 127 redes metálicas
eletrificadas com alarme e 255 pistas de ferozes cães de guarda.
A reação da comunidade internacional foi de repulsa, mas, nos bastidores da Guerra Fria, a
construção do muro não sofreu grandes pressões, pelo contrário, foi tido como dos males o menor
diante da possibilidade de uma nova guerra. Os movimentos cara a cara de tanques de guerra dos
Estados Unidos e da Alemanha Oriental criaram momentos dramáticos, numa encenação bélica para
o mundo, que servia para medir força entre os regimes capitalista e comunista. O muro de Berlim
passou a ser o marco da divisão do mundo em duas ideologias. Diante do jogo de poder entre as
nações, passaria a ser chamado pelo ocidente de Muro da Vergonha.
Em um único dia, famílias foram separadas por décadas. Nas janelas, a população civil berlinense
assistia inerte à divisão da cidade. Entre lágrimas e protestos, viu o imenso paredão romper a
panorâmica dos dois lados de Berlim. O símbolo arquitetônico da cidade, o Portão de
Brandemburgo, ficou inteiramente isolado, tendo acesso apenas pelo lado oriental, sendo reservado
às autoridades policiais e militares. Berlim, cidade idealizada para ser a capital do III Reich por mil
anos, que assistira ao esplendor, horror e à queda nazista, estava definitivamente dividida. A imensa
e sombria muralha viera para ficar. Só cairia quando o próprio sistema ruísse.
Fugas e Mortes
Mesmo diante da indignação do mundo e do próprio berlinense, o muro persistiu erguido por vinte e
oito anos. No período, várias pessoas tentaram trespassá-lo, ocasionando mortes e prisões. O
número de vítimas fatais jamais foi revelado com exatidão. Alguns relatos apontam para 192 mortos,
outros para 125 ou 80. O número de feridos também diverge conforme a versão, teria sido entre 112 e
200 pessoas. Cerca de 3200 pessoas foram presas acusadas de tentativa de fuga.
Momentos dramáticos vividos pelos habitantes de Berlim diante da construção do muro, ficaram
registrados para sempre pelas lentes dos jornalistas. Entre eles está a fuga do soldado Conrad
Schumann. Designado para controlar a linha divisória na Rua Bernauer, no dia 15 de agosto de 1961,
ainda separada somente por arames farpados, o soldado atirou fora o seu fuzil, pulando sobre o
arame, passando definitivamente para o lado ocidental. A fotografia da cena correu o mundo,
evidenciando a realidade da cidade.
Várias pessoas atiraram-se da janela dos prédios que faziam fronteira com o muro, fugindo para a
parte ocidental. Mais tarde, os edifícios foram demolidos, dando passagem para o cinturão de
concreto que dividia a cidade.
A primeira vítima fatal do muro de Berlim foi o jovem pedreiro Peter Fechter. Aos dezoito anos, ele
foi alvejado mortalmente pelas costas, ao tentar atravessá-lo, na altura da rua Zimmerstrasse. O
jovem pereceu diante das câmeras de vários jornalistas ocidentais, sem que nada pudesse ser feito
para socorrê-lo. Recolhido pela polícia da RDA, morreria logo a seguir. No local, ergue-se nos tempos
atuais, um monumento em sua homenagem.
No fim de 1963, o ator Wolfgang Fuchs reuniu um grupo de jovens, que iniciaram a construção de um
túnel debaixo do muro. Foram escavados, durante dez meses, um subterrâneo de 145 metros de
extensão, 80 centímetros de altura, numa profundidade de 12 metros. Nos dias 3 e 4 de outubro de
1964, 57 pessoas conseguiram fugir para o lado ocidental. No dia 5 de outubro, a polícia descobriu e
fechou o túnel.
Em 1979, na noite de 16 para 17 de setembro, os casais Strelzik e Wetzel, com os seus quatro filhos
entre dois e quinze anos, fugiram a bordo de um balão, alcançado a Alemanha Federal.
Outras mortes chamaram a atenção do mundo, como a de Günter Litfin. Duas crianças de 10 e 13
anos foram mortas em 1966. A última vitima fatal que tentou atravessar o muro foi Winfried
Freudenberg, de 32 anos. Morreu em março de 1989, poucos meses antes da queda do muro, ao
tentar a fuga através de um balão de fabricação caseira.
A Queda do Muro
Na década de 1980, as reformas políticas propostas pelo líder soviético Mikhail Gorbachev
modificariam para sempre o destino das nações comunistas. Ao propor as reformas de um sistema
corroído, resultou no seu desmoronamento. A Alemanha Oriental foi a primeira a ser atingida pelos
ventos das reformas do sistema.
No dia 7 de outubro de 1989, quando o regime comunista comemorou o quadragésimo aniversário
da RDA, enfrentou forte oposição popular. Protestos e fugas em massa alertaram os comunistas
mais novos de que era preciso mudanças. Poucas semanas depois das comemorações, o chefe de
Estado e de partido, Erich Honecker, foi destituído de todas as suas funções, pondo fim à liderança
conservadora comunista.
A destituição de Erich Honecker não pôs fim aos protestos. O processo de mudança tinha sido
desencadeado de forma irreversível, sem que as lideranças do velho sistema dessem conta dos
acontecimentos.
No dia 9 de novembro de 1989, o jornalista Günter Schabowski, membro da direção do SED (Partido
Socialista Unificado), interpretou erroneamente, durante uma entrevista coletiva, o comunicado do
governo que anunciada a abertura das fronteiras entre a RDA e a RFA. Poucas horas depois do
anúncio, milhares de pessoas dirigiram-se para o muro, obrigando a guarda fronteiriça a abrir as
portas. Era a queda do muro e do sistema que gerara, por quatro décadas, a Guerra Fria. O
movimento histórico foi registrado pela imprensa do mundo inteiro.
Diante das manifestações do povo alemão, Mikhail Gorbachev não quis interferir, algo inédito nas
rebeliões que por décadas explodiram esporadicamente nas repúblicas do Pacto de Varsóvia. No dia
10 de novembro de 1989, os berlinenses orientais e ocidentais confraternizaram-se, numa dança
eufórica em cima do muro. As fronteiras foram abertas, e o Portão de Brandemburgo, símbolo de
Berlim, voltou a ser ocupado por seus moradores. Desde o dia 9 de novembro, que os orientais
podiam fazer compras livremente do outro lado da cidade e, reencontrar parentes que foram
separados pelas atrocidades ideológicas da história.
Aos poucos, o imenso cinturão foi sendo demolido. Pessoas munidas de martelo e cunha, ajudavam
na demolição. Máquinas industriais vieram, derrubando de vez o maior símbolo da Guerra Fria. Era o
fim de uma época sofrida, marcada pelo jogo do poder entre os impérios capitalistas e comunistas.
Era o fim da era das ideologias e dialéticas da ditadura do proletariado. Após a queda do muro de
Berlim, o sistema comunista foi, um a um, caindo, varrendo países do mapa, deixando que outros
emergissem.
Em 1990, a Alemanha foi reunificada. Berlim voltou a ser a capital de uma grande potência mundial.
Foi totalmente reconstruída e modernizada, voltando a ter um lugar de destaque entre as grandes
capitais européias. Do vergonhoso muro, restou a linha onde ele existiu, atravessando as ruas da
cidade, mostrando a enorme cicatriz que, duas décadas depois do seu fim, jamais deixará o povo
daquela cidade.

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