Materiais e Equipamentos_Escalada

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Materiais e Equipamentos_Escalada
2.3 Equipamento para Actividades de Montanha
O montanhismo é um desporto que requer grande destreza física e um elevado
conhecimento técnico. Muita dessa técnica só é assimilada através de uma prática
intensa, de forma a dotar o montanheiro não só de um conhecimento profundo do
material e das técnicas de segurança mas interiorizar esse conhecimento tornando-o
instintivo.
O conhecimento do equipamento é fundamental para diminuir ao mínimo o risco
inerente à prática desta actividade. O material abaixo referido é o essencial para a
prática de actividades de montanha:
2.3.1 CORDAS
São constituídas pela alma - interior da corda que lhe
dá a resistência, e pela camisa - uma protecção exterior que
protege a alma do atrito e abrasão.
Em escalada usam-se cordas dinâmicas que permitem um amortecimento do
choque em caso de queda. As espessuras mais utilizadas são de 9,4 a 11 mm para
escalada em corda simples (muros e escolas de escalada e por vezes em montanha) e 8
a 8,5 mm para escalada em corda dupla (escalada de montanha, vias com ziguezagues,
rocha solta, artificial, rapeis compridos). A dimensão da corda deve possuir mais do
dobro do comprimento da via de escalada. Em estruturas artificiais o comprimento
apropriado varia consoante o muro de escalada (para uma parede de 8 metros utilizar
uma corda superior a 20 metros). Em paredes naturais as cordas mais usadas são de 50
e 60 metros.
As cordas estáticas são usadas nas actividades como espeleologia e manobras de
cordas.
Cuidados / Manutenção
- Alternar a ponta em que se escala - aumenta o tempo de vida da corda;
- Não pisar a corda, protegê-la da queda de pedras;
- Diminuir, ao mínimo, o contacto directo com o sol;
- Desfazer os nós logo que não sejam necessários;
- Evitar o deslizamento da corda em contacto com sangles ou outras;
- Não deixar a corda correr a grande velocidade entre materiais metálicos;
- Nunca deixar a corda perto de agentes químicos (ex.: baterias, gasolina, etc.);
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- Evitar passar a corda em arestas de rocha afiadas pois pode cortá-la;
- Inspeccionar regularmente a corda em busca de sinais de degradação.
2.3.2 BAUDRIER OU ARNÊS
Peça essencial para o escalador. Dos vários tipos de Arnês destacam-se os
seguintes:
1) Arnês de Peito (nunca deve ser utilizado sozinho);
2) Arnês de Cintura (o mais indicado para a escalada
desportiva, no caso de ser utilizada uma mochila deve
ser complementado com o arnês de peito);
3) Arnês Completo ( mais indicado para trabalhos em
altura mas não aconselhado para escalada desportiva
pois limita os movimentos do tronco)
Cuidados / Manutenção
- Manter a arnês limpo;
- Verificar sempre se montagem do arnês foi correcta;
- Inspeccionar regularmente o arnês em busca de sinais de degradação.
2.3.3 MOSQUETÕES
Os mosquetões servem para unir todo o tipo de materiais. Existem dois tipos de
mosquetões:
1) Sem segurança: utilizados especialmente para as
protecções intermédias na escalada à frente e para o
transporte de material.
2) Com segurança: estes mosquetões são bastante
mais seguros pois, um sistema de rosca permite evitar
que o mosquetão se abra. Existem diversos sistemas de
fecho: rosca, baioneta, superlock (automática).
A utilização destes mosquetões é fundamental em todos os processos vitais de
segurança, especialmente quando o ponto de segurança é terminal numa reunião,
encordoamento ao arnês, molinete, ponto de segurança dinâmico (oito, grigri, etc). Em
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caso de não se dispor de um mosquetão com segurança substituir por dois normais com
as aberturas opostas.
Os mosquetões não são indestrutíveis. Estão preparados para a carga máxima ser
utilizada longitudinalmente e diminuem bastante a resistência em caso de tracção na
parede. Os mosquetões têm gravados as resistências máximas correspondentes a uma
utilização correcta.
Cuidados a ter / Manutenção:
- Evitar as forças laterais nos mosquetões e nunca sobre a cavilha;
- Nunca utilize um mosquetão a fazer força em três direcções;
- Manter os mosquetões limpos e lubrificados para não ficarem abertos, pois a
resistência ao choque é bastante menor e a corda pode sair;
- Evitar que os mosquetões fiquem junto a uma saliência pois em caso de choque
podem abrir;
- Evitar que a corda deslize pela rosca de um mosquetão de segurança pois pode
abri-lo;
- Confirme e reconfirme se o mosquetão de segurança se encontra trancado ( o
esquecimento é comum e pode ter consequências graves);
- Esporadicamente e sempre que haja contacto com água salgada, lavar os
mosquetões com água quente e lubrificar o fecho ligeiramente ( o mosquetão deve
fechar-se pela força da sua própria mola);
- Deixar de utilizar quando apresentam fissuras, deformações estruturais, um bordo
cortante ou fecho frouxo.
2.3.4 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA DINÂMICOS
Existem diversos dispositivos que servem para o companheiro fazer segurança ao
escalador e para descer em rapél. Os mais utilizados são: o oito (descensor) e o "grigri".
Em caso de esquecimento ou perda do dispositivo de segurança dinâmico pode utilizarse o nó dinâmico.
1) Descensor em oito
É o dispositivo de segurança mais polivalente e mais recomendável.
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Cuidados a ter
- Passar correctamente a corda no descensor;
- Utilizar sempre com um mosquetão de segurança;
- Não deixar a corda deslizar a grande velocidade;
- Manter sempre a mão travão em contacto com a corda.
2) Tubo ( ATC ou Super 8 )
Dispositivo alternativo ao oito, mais recente e menos divulgado.
3) "Grigri"
Embora esteja na moda e muitos o considerem o melhor dispositivo
de segurança dinâmica apresenta dois grandes inconvenientes: é caro e,
mais importante, quando utilizado por pessoas pouco experientes pode ser
muito perigoso. A sua principal vantagem é bloquear automaticamente,
evitando certo tipo de acidentes devidos a desatenção, embora esta
característica apresente igualmente um inconveniente: menor amortecimento na queda.
2.3.5 FITAS E CORDELETAS
As fitas também são conhecidas por sangles. As sangles com um
mosquetão em cada ponta, utilizadas nos pontos de segurança
intermédios, chamam-se expressos ou sangles rápidas. As fitas são
utilizadas para elaboração de reuniões e a união de pontos de segurança.
As cordeletas são pedaços de corda estática de espessura mais reduzida
e fazem algumas funções das sangles.
As fitas podem ser adquiridas a metro (se necessário podem-se unir através de um
nó adequado) ou com tamanhos padrão.
2.3.6 CAPACETE
Equipamento de protecção individual de utilização recomendável
pois protege a cabeça da queda de pedras ou de outros objectos e protege
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o escalador em caso de embate contra a parede.
Só devem usar-se capacetes específicos para a escalada. Devem encontrar-se
bem ajustados e com as fivelas apertadas.
2.3.7 BLOQUEADORES
- Punho, Croll, Basic
Dispositivos
utilizados
para
subir
por
uma
corda,
para
autosegurança e para fazer tracção ( por exemplo numa montagem de
um slide).
- Shunt ( Bico de Pato )
Dispositivo de segurança de apoio no rapel. Bloqueia em caso de se largarem as
mãos. Pode ser utilizado em corda simples ou em duplo ( só se forem de igual diâmetro),
embora menos recomendado pode ser substituído pelo nó autoblocante tipo Machard.
Torna-se essencial em rapeis mais complicados ou de iniciados, quando não há
possibilidade de alguém se encontrar em baixo a segurar a corda.
2.3.8 BOTAS DE ESCALADA OU PÉS DE GATO
Os pés de gato tornam-se indispensáveis para uma progressão na escalada, no
entanto não é recomendável adquiri-los logo no início, pois pode ser um investimento
precipitado. Devem ser bastante justos ao pé.
2.3.9 OUTRO EQUIPAMENTO
Existe toda uma panóplia de equipamento mais ou menos específico, tais como:
martelo, saco de magnésio, estribo, punho, berbequim, etc.
A utilização do magnésio facilita a escalada especialmente em dias quentes, mas
o seu uso excessivo pode trazer alguns problemas ao meio ambiente..
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CAPÍTULO III - MONTAGEM DE SEGURANÇAS E NÓS
3.1 Pontos de Segurança
Os pontos de segurança na parede podem ser fixos (ficam instalados até se
deteriorarem) ou amovíveis (instalam-se na altura e retiram-se em seguida).
3.1.1 - Pontos de Segurança Fixos
Buchas de Expansão (ou Spits)
São pontos de segurança mais frequentes Oferecem uma boa segurança e
podem--se instalar sem recorrer a uma máquina perfuradora.
Pernes (ou parabolts)
São pontos mais seguros do que as buchas de
expansão. Para a sua instalação é necessária a utilização de uma
máquina perfuradora. São compostos por um perno roscado e
com um cone com um anel metálico numa extremidade.
Selamento
São pequenos varões de aço inoxidável que se fixam na rocha com uma resina
especial de grande resistência.
3.1.1 - Pontos de Segurança Amovíveis
Instalam-se em fendas e fissuras naturais existentes na
rocha.
A
sua
exige
conhecimentos
técnicos
e
alguma
experiência. Os riscos inerentes a uma deficiente utilização
podem ser elevados.
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3.2 Reuniões
As reuniões são montagens de segurança reforçada, no início e no final das vias.
Devem ser constituídas, pelo menos, por dois pontos de segurança, muito resistentes e
unidas num ponto central, de forma a verificar-se uma desmultiplicação das forças
exercidas.
Quando os pontos de segurança estão instalados mas
não unidos, é necessário ligados por uma fita procurando
distribuir as forças e evitar a queda, caso salte um ponto de
segurança. Na zona central deve colocar-se um mosquetão
com segurança. Nunca colocar um mosquetão simples no
ponto central da reunião.
Em estruturas artificiais e nas escolas de escalada em
paredes naturais, geralmente as reuniões já se encontram instaladas, sendo constituídas
por dois pontos de segurança independentes de grande resistência (selamentos,
parabolts, etc.), unidos por uma corrente a um mosquetão ou anel central.
As reuniões devem ser instaladas em zonas estrategicamente seleccionadas, onde
se verifique o menor atrito da corda com a rocha (especialmente para a escalada em
“tope rope”) e posicionadas de forma central em relação à via. Aconselha-se o
aproveitamento de sítios naturais (fendas, árvores, etc.), de locais com rocha de boa
qualidade, de plataformas ou outras zonas em que o escalador possa estar com relativa
comodidade.
Proceder a um exame do estado de conservação do material da reunião antes de
a utilizar e nunca colocar duas cordas no mesmo mosquetão, nem passar a corda de
forma a estar em contacto com uma fita. Não utilizar uma roldana como ponto central de
uma reunião. Para além de ser menos resistente que um mosquetão, leva a que o
responsável pela segurança tenha que efectuar mais força na mão travão, diminuindo a
possibilidade de deter uma queda.
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3.3 Nós
Embora existam inúmeros nós utilizados na escalada, e em outras modalidades,
optamos por referenciar unicamente os mais importantes, mas que permitem responder a
praticamente todas as necessidades com que um praticante de montanhismo se depara
no dia à dia.
Em todos os nós deveremos ter em conta os seguintes aspectos:
1) para serem seguros é necessário que se encontrem ajustados e não retorcidos;
2) devem ser desfeitos logo que não sejam necessários;
3) evitar fazer o nó sempre no mesmo ponto da corda, pois diminui a resistência da
mesma;
4) não deixar as pontas muito curtas para o nó não se desfazer.
3.2.1 - Nós de Amarração
Nó de Oito
Utilização: encordoamento
Vantagens: muito seguro;
mais polivalente;
fácil de desfazer.
Nó de Porco (ou de Cabrestante)
Utilização: bloqueamento da corda;
autosegurança.
Vantagens: desfaz-se rapidamente;
faz-se com uma só mão;
bloqueia nas duas direcções.
Desvantagens: pode ser confundido com o nó dinâmico.
Nó de Borboleta
Utilização: linhas de vida;
instalação de cordas horizontais.
Desvantagens:
provoca grande desgaste na corda.
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3.2.2 - Nós de União
Nó de Pescador Duplo
Utilização: junção de cordas.
Vantagens: permite unir cordas de diâmetros diferentes;
fácil de desfazer rodando o nó.
Nó de Fita
Utilização: unir duas cordas ou fitas mesmo de diâmetro diferentes.
Vantagens: fácil de realizar;
poupamos corda ou fita.
Desvantagens:
difícil de desfazer.
3.2.3 - Nós Autobloqueantes
Nó Machard *
Utilização: subir pela corda;
autosegurança.
Vantagens: desbloqueamento fácil;
fácil de executar.
Desvantagens: não o fazer no sentido inverso.
Nó Prussik *
Utilização: subir pela corda;
autosegurança.
Vantagens: prende melhor que o Machard;
fácil de executar;
trava nos dois sentidos.
Desvantagens:
desbloqueamento por vezes difícil.
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* Para realizar estes nós autoblocantes utiliza-se uma cordeleta, que não deve ter mais
de 2/3 de diâmetro da corda utilizada (ex.: corda de 10,5 mm usar cordeleta de 6 mm).
3.2.4 - Nós Especiais
Nó Dinâmico
Utilização: substitui os dispositivos de segurança dinâmicos;
segurança ao escalador e rápel.
Vantagens: funciona nos dois sentidos;
recurso em caso de perda de oito;
utiliza-se como nó de bloqueamento;
Desvantagens:
pode ser confundido com outro nó;
provoca maior desgaste da corda.
Nó de Blocagem (ou de Mula)
Utilização: bloquear a corda quando se está a fazer segurança.
Vantagens: simples de fazer só com uma mão;
fácil de desfazer.
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