Etnias e religiões chamadas a dialogar pela paz

Transcrição

Etnias e religiões chamadas a dialogar pela paz
MISSÃO HOJE
Filipinas
Etnias
e religiões
chamadas
a dialogar
pela paz
Crianças muçulmanas anseiam pela paz que nunca saborearam
«Esforços políticos» e projectos de «desenvolvimento económico»
não são suficientes para construir caminhos de paz na ilha
de Mindanao, nas Filipinas. Segundo o sacerdote Leo Pepito
é necessário promover um clima fundado sobre «relações
interpessoais» entre os diversos grupos da ilha. A missão da Igreja
católica passa muito pela promoção do «diálogo pela vida»
texto E. Assunção foto Lusa
s problemas na ilha são muitos e graves. Arrastam-se há
muito tempo e provocaram
feridas graves e profundas
entre a população. Nos últimos 40 anos,
Mindanao foi o palco de conflitos entre o
exército governamental e o grupo terrorista Abu Sayyaf, ligado à Al Qaeda, para
conseguir o controlo do território. Ultimamente juntou-se-lhes a Frente Islâmica Moro (MILF) na tentativa de criar
um estado muçulmano independente
em Mindanao, que o governo de Manila sempre rejeitou. A guerrilha entre o
exército filipino e os rebeldes MILF, em
dez longos anos de conflito, acrescentou
destruição e morte, provocando milhares e milhares de deslocados.
«Promover a paz a todos os níveis» é
o esforço indispensável para resolver a
difícil e dolorosa guerra de Mindanao.
O sacerdote filipino da diocese de Digos, na província de Davao, em entrevista à agência Ásia News, declara que
não se pode delegar unicamente nos
políticos e nos líderes da guerrilha a
tarefa de conseguir um acordo estável
e duradoiro. Os seus esforços têm de se
aliar a um diálogo obrigatório «entre
as pessoas» para combater a «cultura
de morte» dominante na ilha.
Leo Pepito, de 45 anos, destaca a importância da Igreja. Sucedem-se as
tentativas para criar caminhos novos
que permitam «chegar» aos irmãos
muçulmanos. É forte o desejo de conseguir uma «mudança de mentalidades».
Segundo o sacerdote, o «diálogo para a
vida» baseia-se na promoção das relações interpessoais entre cristãos, mu-
12 FÁTIMA MISSIONÁRIA DEZEMBRO 2009
çulmanos e os indígenas Lumads. Esta
posição faz parte da tarefa evangelizadora da Igreja confiada aos cristãos.
Esta missão é tanto mais importante
quanto mais paira no ar um «desejo de
morte», resultante da guerra entre extremistas e tropas governamentais. A
resposta que se impõe, afirma Leo Pepito, passa por uma «cultura de paz», a
implantar no coração das pessoas sem
distinção de raça, de religião ou de outros motivos de diferença.
Para o sacerdote, o «desenvolvimento
sócio-económico em geral» pode contribuir para melhorar as condições de
vida das populações locais. Mesmo a
retoma das conversações de paz entre o
governo e os rebeldes, infelizmente interrompidas nos últimos tempos, pode
contribuir para dar passos em frente.
Todavia qualquer esforço que possa ser
pensado e tentado precisa de se apoiar
«no diálogo e no conhecimento entre
as pessoas e entre as diferentes comunidades» que constituem a população
da ilha. «Não obstante os problemas
que se arrastam há tanto tempo, as
gentes de Mindanao nutrem a esperança de que um dia possa despontar a
paz nos corações das pessoas», conclui
o sacerdote. É uma esperança «capaz
de superar todas as discórdias, o ódio
e a cultura de morte».

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