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UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO CENTRAL FACULDADES INTEGRADAS DA UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO CENTRAL Análise da gestão de estoques de medicamentos e materiais do Hospital Santa Marta no período de 2012-2013. Maria Carla Tavares da Silva GAMA – DF MAIO 2014 UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO CENTRAL FACULDADES INTEGRADAS DA UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO CENTRAL Maria Carla Tavares da Silva Análise da gestão de estoques de medicamentos e materiais do Hospital Santa Marta no período de 2012-2013. TCC - Trabalho de Conclusão do Curso apresentado no curso de Graduação em Administração das Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: M.Sc. Romilson Rangel Aiache GAMA– DF MAIO 2014 ii SILVA, Maria Carla Tavares. Gestão de estoques. Maria Carla Tavares da Silva. Gama (DF), Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (FACIPLAC), 2014. 67f. Orientador: Romilson Rangel Aiache. Monografia – Trabalho de Conclusão do Curso – Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central, Graduação em Administração de Empresas. 1.Gestão de Estoque 2. Gestão Hospitalar 3. Farmácia Hospitalar iii Maria Carla Tavares da Silva Análise da gestão de estoques de medicamentos e materiais do Hospital Santa Marta no período de 2012-2013. Monografia, aprovada como requisito parcial para obtenção do grau Bacharel em administração no curso Administração de empresas na União Educacional do Planalto Central. Data da Aprovação: ____/_____/_____ Banca Examinadora: ____________________________________ Prof. Msc. Romilson Rangel Aiache ____________________________________ Prof. Msc. Surama Cavalcanti Miranda ____________________________________ Prof. ESP. Victor José Camara iv A DEUS, por ter me dado a força necessária para a realização de mais um sonho, a toda minha família, especialmente meus pais Adi da Costa e José Carlos, pelos conselhos, inspiração e dedicação incomparáveis. E para meus melhores amigos Graciely Carvalho, Jussara Rodrigues e Vinícius Augusto pelos momentos de apoio e presença constante em minhas conquistas. v Agradecimentos Grandes conquistas não são alcançadas sem apoio e motivação. Nessa incrível experiência de cursar nível superior, aprendi muito mais do que imaginei aprender e devo parte de todo esse aprendizado a grandes pessoas que me ajudaram e me motivaram. Lamento não poder retribuir-lhes ao nível que realmente merecem. Tentarei, portanto, agradecer: Ao querido professor e orientador Romilson Rangel Aiache cuja ajuda foi essencial para a conclusão desse trabalho. Muito obrigada pela paciência, compreensão e por todo conhecimento e ensinamentos a mim dedicados; À minha irmã Taiane Tavares da Silva pela compreensão e amizade; Aos meus pais por se esforçarem tanto para me proporcionar o apoio necessário para a realização deste sonho; Aos meus colegas de curso pelos momentos únicos, especialmente Marcia Batista, Priscilla Borges e Thayse Carolina que me incentivaram e formam parte importante de toda essa jornada. Obrigada pela amizade verdadeira a que me dedicam; Enfim, aos mestres em geral pela dedicação e amigos pelo carinho e companhia durante esta etapa da minha vida. vi “Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro pra fora, de cada um para todos.” Carlos Drummond de Andrade vii Resumo Dada a importância do setor de estoque para as instituições de saúde, o presente trabalho objetivou analisar a gestão de estoques de medicamentos e materiais do Hospital Santa Marta no período de 2012-2013, com o intuito de avaliar a gestão de materiais. Foram analisados relatórios da curva ABC pelo consumo referente aos anos de 2012 e 2013, e relatórios do inventário anual de 2012 e 2013. A partir desses relatórios foi constatado, que alguns itens estavam em quantidades muito abaixo do recomendado e alguns muito acima do necessário para um determinado tempo de estocagem. A hipótese foi confirmada a partir dos resultados encontrados, os objetivos específicos foram alcançados e chegou-se a conclusão que controle de materiais e medicamentos não é satisfatório. Palavras-chave: Estoque. Farmácia hospitalar. Gestão hospitalar. viii Resumen Dada la importancia del sector de existencias para las instituciones de salud, la presente obra tiene la finalidad de analizar la gestión de acopio de medicinas y materiales del Hospital Santa Marta en lo periodo de 2012 – 2013, con la intención de evaluar la gestión de materiales. Fueron analizados informes de la curva ABC por lo consumo referente a los años de 2012 y 2013, y informes del inventario anual de 2012 y 2013. Con base en los informes fue constatado que, algunos materiales estuvieron en cantidades muy abajo de lo recomendado y algunos muy arriba de lo necesario para un determinado tiempo de existencia. La hipótesis fue confirmada por medio de los resultados encontrados, los objetivos fueron alcanzados y se ha llegado a la conclusión que el control de materiales y medicinas no lo es suficiente. Palabras – clave: Existencias. Farmacia hospitalar. Gestión hospitalar. ix Sumário 1 INTRODUÇÃO 1.1 Tema 1.2 Justificativa 1.3 Situação Problema 1.4 Hipótese 1.5 Objetivos 1.5.1 Objetivo geral 1.5.2 Objetivos específicos 2 PERFIL DA EMPRESA 2.1 Histórico 2.2 Perfil Estratégico 2.3 Estrutura Organizacional 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Logística 3.2 Gestão de Estoques 3.2.1 Conceitos 3.2.2 Objetivos 3.2.3 Funções 3.3 Estoques de Segurança 3.4 Principais métodos de previsão da demanda 3.4.1 Previsão ou Análise de demanda 3.4.1.1 Métodos Qualitativos 3.4.1.2 Métodos Quantitativos 3.4.1.2.1 Método da Média Móvel 3.4.1.2.2 Método da Média móvel ponderada 3.4.1.2.3 Método da média com ponderação exponencial 3.4.1.2.4 Método dos mínimos quadrados 3.4.2 Classificação ABC 3.4.3 Inventário 3.4.3.1 Forma de realização do inventário 3.4.4 Acurácia do Inventário 3.5 Gestão Hospitalar 3.5.1 Conceito 3.5.2 Objetivos e Funções 3.5.3 Gestão de materiais hospitalares 3.6 Farmácia Hospitalar 3.6.1 Objetivos da farmácia hospitalar 3.6.2 Funções da farmácia hospitalar 3.6.3 Gestão de estoques de farmácia hospitalar 3.6.4 Atividades Primárias 3.6.4.1 Manutenção de Estoques 3.6.4.2 Processamento de Pedido 3.6.4.3 Atividades de Apoio 4 METODOLOGIA 4.1 Tipo de pesquisa 4.2 População e Amostra 4.3 Instrumento de pesquisa x 12 13 13 14 14 14 14 14 15 15 16 16 18 18 20 20 21 21 22 23 23 24 25 25 25 26 28 28 31 32 32 33 33 34 35 36 36 36 37 38 38 39 39 41 41 42 43 5 ANÁLISE E RESULTADOS 5.1 Análise do Inventário do ano de 2012 5.1.1 Análise da curva ABC 5.1.2 Os saldos negativos 5.1.3 Superestocagem 5.1.4 Diferenças entre estoque contábil e físico 5.1.5 Materiais inexistentes 5.1.6 Total de divergências no ano de 2012 5.1.7 Acurácia 2012 5.2 Análise do Inventário do ano de 2013 5.2.1 Análise da curva ABC 5.2.2 Os saldos negativos 5.2.3 Superestocagem 5.2.4 Problemas recorrentes 5.2.5 Total de divergências no ano de 2013 5.2.6 Acurácia 2013 5.3 Análise dos dois inventários 5.3.1 Medicações de Urgência com saldo negativo 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS xi 44 44 45 47 48 49 50 50 53 54 54 56 57 58 58 61 62 62 64 66 12 1 INTRODUÇÃO A partir da premissa de que a maioria das organizações procura manter sempre um nível de excelência, onde seus clientes possam ser melhor atendidos com todos os recursos necessários, ter cuidados com um estoque satisfatório é de suma importância. Para uma empresa que atua na área da saúde, lidando com vidas humanas, não é diferente, pelo contrário, é ainda mais importante que se tenha o material certo na hora certa para atender ao paciente. Dessa forma, podemos subentender que o setor direcionado à armazenagem e distribuição de certos materiais deve ser constantemente aperfeiçoado, procurando sempre a otimização dos recursos, de forma a aproveitá-los da melhor maneira, observando-se, é claro, os custos. Para tanto, foi criado um termo para definir a melhor forma de se organizar todo esse processo: a Logística. A logística engloba o suprimento de materiais e componentes, a movimentação e o controle de produtos e o apoio ao esforço de vendas dos produtos finais, até a colocação do produto acabado para o consumidor. (DIAS, 2010, p.1) Essa atividade, que a tempos atrás não era muito valorizada, hoje é uma técnica que, muitas vezes, define o rumo do setor de estoque de uma instituição. Sua função é simples: garantir que todo o processo de movimentação de materiais, desde o seu transporte até sua entrega ao consumidor, seja feito da maneira mais eficaz e barata mantendo sempre o alto nível de qualidade. Na teoria é realmente muito simples, porém, na prática pode haver problemas que causam o insucesso de toda a organização. Para isso, as técnicas de logística foram desenvolvidas para assegurar que o processo de transporte, armazenagem e distribuição seja executado da forma mais eficiente possível. Dias (2010) afirma que, para implantar melhoramentos na estrutura industrial é necessário incluir e dinamizar o sistema logístico, que é um dos fatores importantes 13 no processo de melhoria. Dada a importância da logística para uma instituição, dispor de suas técnicas para aperfeiçoar a gestão de estoques visando sempre a melhor forma de aproveitamento dos recursos, no tempo determinado e sempre almejando os menores custos, pode ser o diferencial competitivo que determinará o sucesso ou o fracasso da organização. 1.1 Tema Análise da gestão de estoques de medicamentos e materiais do Hospital Santa Marta no período de 2012-2013. 1.2 Justificativa No âmbito de uma instituição voltada para o bem estar e a promoção da saúde, erros e falhas podem ser de vital importância para o bom funcionamento dos processos, afetando, assim, o cliente potencial, ou seja, o paciente. Em um ambiente hospitalar, se faz necessário um controle de estoque de materiais e medicamentos eficaz, a fim de evitar eventuais faltas, o que pode causar danos irreversíveis. Pensando nisso, esta pesquisa procura estudar uma forma de se manter o estoque sempre em níveis adequados para suprir as necessidades, evitando desperdícios e perdas desnecessárias. Isso pode ser feito através de modelos de estratégias e aplicação daquela que for mais favorável, acompanhamento de seu desenvolvimento e verificação de resultados. Tudo isso contribuirá para um maior aproveitamento de conhecimento acadêmico, ganho de experiência e, como objetivo principal, trazer melhorias ao processo de estocagem e como consequência maior produtividade, melhores resultados e aumento na qualidade de gestão hospitalar. 14 1.3 Situação Problema De que forma pode-se diminuir as constantes diferenças entre o estoque físico e o contábil existentes no Hospital Santa Marta? 1.4 Hipótese O processo de lançamento de itens e quantidades no estoque e sua saída dele favorece a existência de erros. 1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo geral Avaliar a gestão de materiais do Hospital Santa Marta no período de 2012-2013. 1.5.2 Objetivos específicos • Analisar o fluxo de entrada e saída de materiais; • Avaliar o resultado dos últimos dois inventários; • Estudar a causa das divergências. 15 2 PERFIL DA EMPRESA O Hospital Santa Marta é uma instituição voltada para as práticas de bem estar e saúde, que busca excelência em assistência médica e hospitalar. 2.1 Histórico A história do Hospital Santa Marta começou quando um grupo de médicos que possuíam consultórios e clínicas em Taguatinga decidiu fundar o Centro Médico de Taguatinga em 1979. A ideia inicial era construir um edifício de clínicas. Essa ideia acabou não saindo do papel, mas o projeto continuou a se aperfeiçoar. Em 10 de novembro de 1980, quando foi fundada a Médicos Associados de Taguatinga, a empresa tinha como sócios cinco médicos e três clínicas (cada uma delas com três sócios). Em 1986, a instituição passou a se chamar Hospital Santa Marta Ltda. Na época, contava com apenas nove sócios. As clínicas foram retiradas da sociedade, ficando os membros como pessoas físicas. Hoje são apenas três sócios. São eles: Dr. Marcos Antonio da Costa Diniz, Dr. Ronaldo Simeão e Dr. Sebastião Maluf. Em 1992, foi comprada da Terracap a área onde foi iniciada a construção do hospital, que se localiza no setor E área especial 1 e 17 Taguatinga Sul. A instituição passa atualmente por uma ampliação que tem como objetivo uma estrutura mais qualificada e equipada para melhor atender aos pacientes.(REVISTA PARECER MÉDICO, ago/set 2011, nº008) O hospital conta com um novo Centro Clínico, UTI com 60 leitos, sendo destes 10 leitos na Unidade Coronariana, UTI Neo, Pronto Socorro, serviço de Hemodinâmica, Medicina Nuclear, Radiologia, Laboratório Clínico, Centro Cirúrgico com 8 salas, Restaurante e Lanchonete.Foi criado recentemente o escritório de qualidade, com o objetivo principal de colocar o Hospital Santa Marta no ranking dos hospitais com o selo de Acreditação obtido da ONA (Organização Nacional de Acreditação), cujos 16 processos assistenciais são elaborados e validados com foco na qualidade. (REVISTA PARECER MÉDICO, dez 2012/jan 2013, nº12) 2.2 Perfil Estratégico Missão Valorizar a vida, promovendo saúde e bem estar ao ser humano em todas as suas dimensões. Visão Conquistar a liderança em saúde com excelência! Valores Ética Lealdade Honestidade Religiosidade Transparência Confiabilidade Responsabilidade Sustentabilidade 2.3 Estrutura Organizacional 17 Figura 1: Organograma Hospital Santa Marta 2013. Fonte: adaptado registros do hospital. 18 3 Referencial Teórico Dentro de uma organização existem setores que, de certa forma, conduzem ao bom desempenho de seu funcionamento e ao alcance de resultados. Alguns desses resultados são tão importantes que podem causar uma grande perda de lucratividade. Assim acontece com o estoque e a administração de materiais, que durante muito tempo foram esquecidos pelas instituições, e que são de extrema importância, visto que desses setores advêm a matéria-prima e demais materiais para a produção e o produto acabado para a comercialização. O objetivo maior da administração de materiais é prover o material certo, no local de produção certo, no momento certo e em condição utilizável ao custo mínimo para a plena satisfação do cliente e dos acionistas. (POZO, 2010, p.27) Esse objetivo só pode ser alcançado por meio de planejamento e organização, o que podemos chamar de logística. 3.1 Logística De acordo com Pozo (2010), a Logística é um ramo empresarial que vêm crescendo cada vez mais, embora seu conceito já fosse muito utilizado pelos militares em guerras. Todo o preparo e a organização de suprimentos como alimentos, medicações, roupas e itens de emergência utilizados por operações das tropas, era baseado em um conjunto de estratégias que hoje dão origem a logística aplicada nas grandes empresas. Isso nos leva a crer que por ser um campo relativamente novo em matéria empresarial, deve ser estudado e implantado dentro das instituições para que haja um maior aproveitamento de recursos otimizando os resultados. 19 A logística moderna passa a ser a maior preocupação dentro das empresas. Ela deve abranger toda a movimentação de materiais, interna e externa à empresa, incluindo chegada de matéria-prima, estoques, produção e distribuição até o momento em que o produto é colocado nas prateleiras à disposição do consumidor final. (CHING, 2001, p. 18) Segundo Pozo (2010), a logística compõe-se de atividades primárias e atividades de apoio. As atividades primárias ocupam-se da parte fundamental para o cumprimento e alcance do objetivo logístico e está dividida da seguinte forma: transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos. Já as atividades de apoio dão suporte às primárias para que possa haver maior organização e maior desempenho final. São elas: armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, suprimentos, planejamento e sistema de informação. Transporte Atividades Primárias Manutenção de Estoques Processamento de Pedidos Armazenagem Logística Manuseio de Materiais Embalagem Atividades de Apoio Suprimentos Planejamento Sistema de Informação Figura 2: Divisão das atividades de logística Fonte: adaptado com base em Pozo (2010, p. 21- 23). 20 Assim, entende-se que a logística trata de todo o planejamento de obtenção de recursos, desde a compra, envolvendo o transporte e principalmente a forma de armazenagem, ou seja, o estoque. 3.2 Gestão de Estoques 3.2.1 Conceitos Segundo Ching (2001), um dos conceitos de gestão de estoques seria a integração entre os setores de compras, acompanhamento, armazenagem, planejamento, controle e distribuição física, visando a redução de custos. A partir dessa afirmação pode-se observar que a gestão de estoque não se faz em apenas um setor, em apenas um momento, mas sim entre a junção de vários setores e várias etapas onde acontece um melhor aproveitamento de espaço, tempo e quantidade objetivando a redução de custos. O processo de estocagem é importante para uma empresa, por que pode cortar custos e principalmente por que é impossível prever com exatidão a demanda de produtos. Dessa forma ter o material necessário em uma quantidade satisfatória pode ser um dos pontos mais influentes para a sobrevivência de uma organização. “A estocagem transforma-se em uma conveniência econômica mais do que em uma necessidade” (BALLOU, 2001, p. 201). Para Pozo (2010), o controle de estoques trata-se da necessidade de estipular os vários níveis de materiais e produtos que a instituição deve manter dentro de parâmetros econômicos, e, dessa forma, ter a certeza de que a organização estará devidamente preparada para uma eventualidade e, é claro, para atender a demanda. De acordo com Francischini e Gurgel (2010, p. 05), trata-se de uma atividade que planeja,executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o fluxo de 21 material, partindo das especificações dos artigos a comprar até a entrega do produto terminado ao cliente. As razões para se manter um estoque são as mais diversas entre elas se destacam: a redução de custos de transporte e de produção, a coordenação da oferta e da demanda, as necessidades de produção e as considerações do marketing. Alguns desses motivos são bem parecidos com os objetivos da gestão de estoques. 3.2.2 Objetivos Para Dias (2009), o objetivo da gestão de estoques trata-se de otimizar o investimento em estoque, aumentando o uso eficiente dos meios financeiros, reduzindo as necessidades de capital investido. Entretanto, segundo Ching (2001), o objetivo é encontrar um plano de suprimento que minimize o custo total, ou seja, deve-se obter maior equilíbrio possível entre a produção e o custo total de estoque, e o nível de serviço prestado aos clientes. O gerenciamento de estoques envolve equilibrar a disponibilidade do produto, ou do serviço ao cliente, por um lado, com os custos do fornecimento em um dado nível de disponibilidade do produto, do outro. Buscando minimizar os custos relativos ao estoque para cada nível do serviço ao cliente.( BALLOU, 2001, p.254) Percebe-se então que o principal objetivo discutido entre os autores, e possivelmente entre todos os estudiosos do caso, é a redução de custos sem deixar que a qualidade do produto e/ou serviço caía. Porém reduzir custos não é a única finalidade da gestão de estoques. 3.2.3 Funções De acordo com Ballou (2001), o sistema de estocagem é dividido em duas funções principais: manuseio de estoque (estocagem) e manuseio de materiais. A primeira 22 se refere ao processo de estocagem, onde o produto é armazenado em um determinado local por um período de tempo. Já a segunda se refere ao processo de descarregamento, movimentação do produto e separação de pedido. Para Francischini e Gurgel (2010), a função de controle é definida como um fluxo de informações que permite comparar o resultado real de determinada atividade com seu resultado planejado. Essas informações são adquiridas de várias formas: visual, oral e principalmente registradas em documentos para análise posterior. Já para Dias (2009), a função de administração de estoques é maximizar o efeito lubrificante no feedback de vendas e o ajuste do planejamento da produção. Onde a meta é sempre manter o equilíbrio entre os custos investidos em estoques e a produção. Isso significa que uma das funções da administração de estoques é prover uma compreensão maior do comportamento dos estoques com base no retorno de vendas, visando sempre à estabilidade entre os custos de estoque e a produção. Mediante esses fatores entende-se que a função de estoques compreende todo o processo que envolve a requisição de compra, definidos especificações de tipo de materiais e quantidades, recebimento da matéria-prima, estocagem dos insumos, distribuição para demais setores e a estocagem do produto pronto para comercialização. Para que essas atividades sejam desenvolvidas de forma correta e planejada existem algumas observações a serem consideradas. 3.3 Estoques de Segurança Visto que a instituição é voltada para a manutenção da saúde e que faltas de medicamentos e materiais podem acarretar em consequências extremamente graves, faz-se necessário um estoque de segurança satisfatório para atender a qualquer falta de emergência. 23 Também conhecido por estoque mínimo ou estoque reserva, segundo Pozo (2010), é uma quantidade mínima de peças que tem que existir no estoque com a função de cobrir possíveis variações do sistema. Essas variações podem ser desde os atrasos do fornecedor ao aumento ou diminuição da demanda. A empresa deve estar sempre preparada para tais eventualidades com a finalidade de manter seu nível de qualidade e excelência. A solução é determinar um estoque de segurança que possa otimizar os recursos disponíveis e minimizar os custos envolvidos. Assim, teremos um estoque de segurança que irá atender a fatos previsíveis dentro se seu plano global de produção e sua política de grau de atendimento. (POZO, 2010, p. 54) Para Francischini e Gurgel (2010), o estoque de segurança é um estoque que fica a disposição dos usuários quando algo sai fora do planejado. Isso pode ocorrer devido a um aumento repentino na demanda, demora no procedimento do pedido de compra, atrasos de entrega pelo fornecedor entre vários outros imprevistos. Conforme Dias (2009), a determinação do estoque mínimo é também uma das mais importantes informações para a administração do estoque. Essa importância está diretamente ligada ao grau de imobilização financeira da empresa. Uma vez que a imobilização financeira de uma empresa pode ser tanto negativa quanto positiva, nota-se ai o quanto o estoque mínimo pode influenciar no funcionamento da organização. Esse é um método que permite que a empresa tenha uma segurança em casos de eventualidade. Segundo Dias (2009), o estoque de segurança é determinado por meio de projeção estimada do consumo ou cálculos com base estatística, que nada mais é que a relação entre a quantidade atendida e a quantidade necessitada. 3.4 Principais métodos de previsão da demanda 24 3.4.1 Previsão ou Análise de demanda De acordo com Pozo (2010), a análise de demanda deve prever a demanda e informar aos fornecedores de materiais para que o processo produtivo não sofra processo de descontinuidade. A administração de estoque está intimamente relacionada com a possibilidade de estimar qual será o consumo esperado de determinado item, num dado período de tempo futuro. Quanto mais precisa for a previsão de consumo, mais informações o administrador de materiais terá para tomar suas decisões. (FRANCISCHINI e GURGEL, 2010, p.103) Ainda segundo Francischini e Gurgel (2010), há dois métodos para se estimar a demanda: Método qualitativo e método quantitativo. O primeiro baseia-se em opiniões de diretores e gerentes especializados e o segundo em ferramentas estatísticas e de programação da produção. Para Pozo (2010), a previsão deve levar sempre em consideração os fatores que mais afetam o ambiente e que tendem a mobilizar os clientes. Informações básicas e confiáveis deverão ser utilizadas para decidir quais as quantidades e prazos a serem estabelecidos. Existem ainda dois tipos de demanda: a demanda independente onde o mercado é que dita as regras; e a demanda dependente onde o consumo depende da demanda conhecida e que é de controle da empresa. ( FRANCISCHINI e GURGEL, 2010) Esse método é, na realidade, uma tentativa de adivinhar aquilo que será necessitado ao consumo, tomando por base o que já foi utilizado e consumido. Seria uma forma de se antecipar diante da demanda futura. 3.4.1.1 Métodos Qualitativos 25 O método qualitativo tem como função analisar a opinião de gerentes, vendedores, diretores, compradores e pesquisas de mercado para ajudar na previsão de consumo. 3.4.1.2 Métodos Quantitativos Esses métodos fazem uso de ferramentas estatísticas e de programação para calcular a previsão de consumo. Existem diversos métodos estatísticos para previsão da demanda. Podem-se destacar quatro deles: método da média móvel, método da média ponderada, método da média com ponderação exponencial e método dos mínimos quadrados. 3.4.1.2.1 Método da Média Móvel Conforme Francischini e Gurgel (2010), esse método baseia-se em que a estimativa de consumo do próximo período seja a média dos n últimos períodos. A cada nova previsão os dados do período mais antigo são descartados e é incorporado um período mais recente, por esse motivo é chamado de móvel. CM = C1 + C2 + C3+... + Cn n CM = Consumo médio C = Consumo nos períodos anteriores n = Número de períodos O objetivo é prever o consumo de um próximo período tomando por base os períodos anteriores, sempre se estabelecendo nos períodos mais próximos do atual. Segundo Dias (2009), para cálculo do consumo médio variável tomam-se por base os últimos 12 períodos, a cada novo mês adiciona-se o mesmo à soma e desprezase o 1º mês utilizado. 26 CM = consumo de 12 meses 12 3.4.1.2.2 Método da Média móvel ponderada O método da média móvel ponderada, segundo Francischini e Gurgel (2010), é um pouco mais complexo do que o método da média móvel. Isso acontece por que a média móvel ponderada dá maior importância (ou peso), aos dados recentes e menos importância aos dados mais antigos. De acordo com Dias (2009), a determinação dos pesos ou fatores de importância, deve ser de tal ordem que a soma seja 100%. A tabela 1, a seguir, demonstra um exemplo de ponderação que pode ser utilizado: Período Peso (n – 2) 0,2 (n – 1) 0,3 (n) 0,5 Soma 1,0 Tabela 1: Peso de cálculo da média móvel ponderada. Fonte: Francischini e Gurgel, 2010, p. 106. A média móvel ponderada pode ser representada pela seguinte equação: n Χi = ∑C ⋅Χ i i =1 n ∑C 1 Onde: Χ i = previsão média de consumo; C i = peso dado ao valor; i 1 27 Χ i = valor do período; n = número de períodos. 3.4.1.2.3 Método da média com ponderação exponencial Segundo Dias (2009), o método da média com ponderação exponencial procura prever o consumo apenas com a sua tendência geral eliminando a reação exagerada a valores aleatórios. Ele considera parte da diferença a uma mudança de tendência e uma parte a causas aleatórias. A equação utilizada para os cálculos pode ser representada por: Χ T = Χ T −1 + α ( Χ T − Χ T −1 ) Onde: Χ T = Próxima previsão; Χ T −1 = Previsão anterior; α = Constante de amortecimento; ( Χ T − Χ T −1 ) = Erro de previsão. Simplificando a equação, para facilitar os cálculos, chega-se ao seguinte resultado: Χ T = αΧ T + (1 − α ) Χ T −1 Onde: Χ T = Próxima previsão; α = Constante de amortecimento; Χ T = Consumo observado; Χ T −1 = Previsão anterior. Segundo Dias (2009), o método da média com ponderação exponencial não deve ser utilizado nas seguintes situações: 28 • Quando o padrão de consumo contém somente flutuações aleatórias em torno de uma média constante; • Quando o padrão de consumo for tendência crescente ou decrescente; • Quando o padrão de consumo for cíclico. Deverá apenas ser utilizado quando o padrão de consumo for variável, com médias variando aleatoriamente em intervalos regulares. 3.4.1.2.4 Método dos mínimos quadrados Para Francischini e Gurgel (2010), o método dos mínimos quadrados é muito utilizado uma vez que busca traçar uma linha que melhor se ajuste aos dados históricos e fornece uma tendência para a previsão do consumo futuro. De acordo com Dias (2009), este método é usado para determinar a melhor linha de ajuste que passa mais perto de todos os dados coletados. Uma reta está definida pela equação Υ = a + bx. Onde: Y = demanda observada; a = valor a ser obtido na equação normal por meio de tabulação dos dados; b = valor a ser obtido na equação normal mediante a tabulação dados; x = quantidade de períodos de consumo utilizados para calcular a previsão. As quatro somas necessárias à resolução das equações ∑ Υ , ∑ Χ, ∑ ΧΥ e ∑ Χ 2 são obtidas de forma tabular. Assim, utilizam-se duas equações normais para se encontrar os valores de a e b : ∑ Υ = ( n ⋅ a ) + ( ∑ Χ ⋅ b) ∑ ΧΥ = (∑ Χ ⋅ a ) + (∑ Χ 2 ⋅ b) Onde: X = número de períodos a partir do período; 29 n = numero de períodos; Y = demanda; a e b = constantes a serem encontradas. 3.4.2 Classificação ABC Segundo Ching (2001), a curva ABC baseia-se no raciocínio do diagrama de Pareto, em que nem todos os itens têm a mesma importância e a atenção deve ser dada para os mais significativos. A curva 80-20, como também é conhecida, segundo Pozo (2010), é um método versátil que pode ser utilizado em vários setores e para diferentes atividades e trabalhos. Sua grande eficácia está na diferenciação dos itens de estoques com vistas a seu controle e, principalmente, a seu custo. (POZO, 2010, p.80) A curva ABC é um importante instrumento para o administrador, ela permite identificar aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Obtém-se a curva ABC através da ordenação dos itens conforme a sua importância relativa. (DIAS, 2009, p.69 ) Assim, a curva ABC pode ser dividida da seguinte maneira: 20-30-50% dos itens em estoque que representam 80-15-5% do valor do estoque representando os grupos A, B e C respectivamente. (CHING, 2001, p.47) Itens Valor % % 20 80 30 15 50 5 100 100 Tabela 2: Valores da curva ABC. Fonte: Adaptado de Ching,( 2001). 30 A curva ABC é uma técnica de controle de estoque muito importante, pois através dela pode-se dar a devida atenção a materiais de alto valor para a sobrevivência da organização, sem esquecer é claro dos demais insumos que assegurar o pleno funcionamento de uma instituição, seja na produção seja na prestação de serviços. Figura 3: Curva ABC. Fonte: Ballou, 2001, p. 62. A utilização da curva ABC é extremamente vantajosa, porque se pode reduzir as imobilizações em estoques sem prejudicar a segurança, pois ela controla mais rigidamente os itens de classe A e, mais superficialmente, os de classe C. (POZO, 2010, p.80) A curva ABC recebe esse nome pela forma em que é dividida e pela importância de cada categoria, denominada de classes. 31 Classe Descrição A São os itens mais importantes e que devem receber toda a atenção no primeiro momento do estudo. B São os itens intermediários e que deverão ser tratados logo após as medidas tomadas sobre os itens da classe A; são os segundos em importância. C São os itens de menor importância, embora volumosos em quantidades, mas com valor monetário reduzido, permitindo maior espaço de tempo para sua análise e tomada de ação. Tabela 3: Descrição das classes da curva ABC. Fonte: Adaptado de Pozo, (2010). Esse método além de auxiliar no controle de estoque também é uma importante ferramenta para a tomada de decisão e ação rápida. Porém, a curva ABC não é o único método usado para controle de estoque. Existem outros que somados garantem uma melhor organização. 3.4.3 Inventário Conforme Pozo (2010), periodicamente as organizações efetuam contagem física de seus itens em estoques em processos e no acabado para comparar a quantidade física com os dados contabilizados em seus registros. Como afirma Dias (2009), uma empresa decididamente organizada em moldes modernos tem uma estrutura de administração de materiais com políticas e procedimentos claramente definidos. Assim, uma das funções é a precisão nos registros de estoques. O inventário é uma forma de controle de estoque, onde permite ter exatidão daquilo que sai, entra e permanece em estoque. Dessa forma pode-se diminuir e averiguar erros entre o estoque físico e o contábil. 32 O objetivo do levantamento físico, segundo Francischini e Gurgel (2010), é propiciar a verificação periódica da exatidão dos registros contábeis para poder avaliar o lucro e transferir para o resultado as diferenças apuradas. Com base em Pozo (2010), o inventário pode ser geral ou rotativo. O primeiro é elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, e o segundo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa. Como no inventário geral é preciso uma paralisação total para que tudo seja contabilizado, o rotativo se torna mais vantajoso e econômico visto que o inventário é feito em cada grupo separadamente sem que haja paralisação dos demais setores evitando perca de produção pelo tempo parado. 3.4.3.1 Forma de realização do inventário De acordo com Pozo (2010), os inventários são elaborados e executados sob orientação e controle da área financeira e com documentação especialmente preparada para esse fim. A contagem física deve ser feita seguindo algumas regras no procedimento. Esse processo é feito por dois grupos diferentes, em caso de desigualdades no resultado um terceiro deve contar tudo novamente para que o número exato seja definido. Um inventário rotativo deverá sempre ser realizado em concordância com uma norma previamente redigida e que se aplique a todo o exercício. O inventário anual, quando necessário, deverá ser organizado mediante um planejamento cuidadoso, considerando-se os custos envolvidos e o perigo de que os resultados sejam piores do que a situação anterior ao inventário. (FRANCISCHINI e GURGEL, 2010, p.244) Para uma melhor organização do procedimento alguns itens devem ser observados tais como: assistentes técnicos que conheçam a localização de cada item, etiquetas para as três equipes, cuidar para que as equipes não tenham nenhum contato entre si durante o procedimento, relatórios de diferenças bem elaborados para que eventuais erros na contagem sejam averiguados e recontados se for preciso. 33 3.4.4 Acurácia do Inventário A acurácia é um método utilizado para medir o controle de itens corretos em estoque. Segundo Corrêa (2001), é preciso que haja uma alta aderência entre os valores físicos de posição dos estoques e os correspondentes registros destes valores no sistema. Não é incomum encontrar, mesmo em empresas de porte, percentuais como 60% dos dados de estoque incorretos, ou seja, registros lógicos de quantidades que não coincidem com as quantidades físicas. (CORRÊA, 2001, p. 113) Conforme afirma Corrêa (2001), muitos autores e consultores sugerem que o percentual mínimo de acurácia para dados de posição de estoques é de 95%, para cada 100 itens escolhidos aleatoriamente e inventariado, 95 encontram-se com os registros lógicos precisos em relação às quantidades físicas. O cálculo é feito da seguinte forma: Acurácia dos registros = (registros corretos / registros contados) x 100 3.5 Gestão Hospitalar De acordo com Fontinele (2002), a administração hospitalar é como qualquer outro tipo de administração, que visa organizar, coordenar e normatizar o meio institucional. Porém, é um ramo da administração que requer conhecimentos específicos da área para melhor gerir as instituições de saúde. A importância de se ter conhecimentos específicos vem da premissa que cada organização deve adequar sua administração ao ramo de negócio proposto. Em um hospital, por exemplo, existem formas diferentes de delegação de atividades, forma específica de armazenagem de medicamentos e materiais, de estocagem, de 34 liberação, de compra etc. Esse conhecimento é essencial para a manutenção da empresa tendo por objetivo a contensão de gastos. 3.5.1 Conceito De acordo com Fontinele (2002), por muito tempo a administração hospitalar foi tratada como uma área qualquer, que pudesse ser executada por qualquer administrador sem conhecimentos de sua natureza. Mas conforme já mostrado, a gestão hospitalar necessita de conhecimentos específicos. A administração hospitalar é o conjunto normativo dos princípios e funções que visam ao controle, a ordenação e a avaliação dos fatores de expressão de qualidade e excelência no processo e dos resultados do desempenho do pessoal do hospital, alicerçado pela ordenação dos fatores de produção e/ou de prestação de serviço. (FONTINELE, 2002, p.27) Para Moura e Viriato (2008), gestão hospitalar é a prática do bom-senso do gestor no cotidiano do hospital, na qual, estão inseridas a assistência à saúde, a capacitação continuada e a produção científica. Os dois conceitos se completam e mostram que a administração de um hospital deve ser bem pensada e organizada, visando sempre à promoção da saúde sem esquecer o aprimoramento da instituição quanto empresa. 3.5.2 Objetivos e Funções Em empresas que atuam na saúde como hospitais, os objetivos e funções se integram cada vez mais em apenas um tópico, visto que ambos buscam o bem estar da organização e principalmente o bem estar dos pacientes. Para Schulz e Johnson (1979), o objetivo de um hospital é muito mais amplo que tratar e servir à população, é servir à própria instituição através da perpetuação, crescimento e prestígio para a instituição, seu pessoal e sua comunidade. 35 Ainda segundo Schulz e Johnson (1979), a principal função do hospital é tratar o paciente doente. Entretanto, existem outras funções secundárias para uma gestão hospitalar eficaz, como, fornecer um local de trabalho para os médicos, e assumir um papel de centro de saúde comunitário. Como grandes centros de saúde comunitários, os hospitais podem patrocinar programas de saúde ambiental e ocupacional, serviços de atenção domiciliar, e assim por diante. ( SCHULZ e JOHNSON, 1979, p.47) Os conceitos elencados são antigos e com o avanço na forma de tratamento, aquelas funções, antes consideradas como secundárias, passa a ter maior relevância para a gestão hospitalar uma vez que contribuem com o tratamento e relacionamento com os pacientes, visando melhorar a qualidade de vida do doente. 3.5.3 Gestão de materiais hospitalares Dentro de uma concepção abrangente da administração de materiais no setor de saúde, segundo Castelar, Mordelet e Grabois (1995), incluem-se: medicamentos, gêneros alimentícios, materiais cirúrgicos, radiológicos, reagentes químicos, etc. Esta explicitação é fundamental, pois dada a importância estratégica dos medicamentos para a ação em saúde, estes acabam por ter um tratamento diferenciado. Por ser de extrema importância para o funcionamento do hospital o setor de materiais e suprimentos deve ser administrado com muito cuidado. O gestor desse setor deve se assegurar que não haja faltas de materiais, porém eventualidades podem acontecer. De acordo com Castelar, Mordelet e Grabois (1995), pode-se compor algumas causas para a falta de materiais: • Falta de fixação de objetivos; • Falta de gerência profissional; • Falta de capacitação e desenvolvimento de pessoal; 36 • Falta recursos financeiros; • Falta de controle; • Falta de planejamento; • Falta de estabelecimento dos padrões e rotinas; • Gerentes improvisados; • Funcionários desmotivados. A administração de materiais deve ser encarada da mesma forma que a ação organizacional, ou seja, de maneira global. Entende-se que a área de materiais, por si, é incapaz de evitar faltas. Ou seja, o sistema de materiais tem que ser visto como um subsistema do sistema de produção onde ele é meio para alcance dos fins. Portanto, ele é totalmente dependente do processo de fixação de objetivos e metas da organização. (CASTELAR, MORDELET e GRABOIS, 1995, p.197) 3.6 Farmácia Hospitalar Segundo Ferracini (2010), existem várias definições de diversos autores, para a Farmácia hospitalar. Uma delas é a de que a farmácia hospitalar não se restringe aos aspectos técnico-científicos ligados aos medicamentos, mas se responsabiliza, também, pelo gerenciamento das atividades, buscando reduções de custos, racionalização do trabalho e garantia do uso adequado dos medicamentos. Gerir uma farmácia hospitalar está muito além de oferecer a medicação para os procedimentos hospitalares e atender seus pacientes. Envolve todo o controle de material e medicação, como o pedido correto daquilo que se necessita, o controle de validade e é claro o controle de custos e estoques. 3.6.1 Objetivos da farmácia hospitalar Segundo Gomes e Reis (2011), os objetivos de uma farmácia hospitalar devem ser definidos visando a alcançar eficiência e eficácia na assistência ao paciente e integração às demais atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar. 37 Os objetivos básicos são: • Desenvolver a seleção de medicamentos necessários ao perfil assistencial do hospital; • Estabelecer um sistema eficaz, eficiente e seguro de distribuição de medicamentos; • Implantar um sistema apropriado de gestão de estoques; • Proporcionar suporte para as unidades de produção; • Contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente. 3.6.2 Funções da farmácia hospitalar De acordo com Ferracini (2010), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde do Brasil definem como funções básicas de uma farmácia hospitalar: • Adquirir, conservar e controlar os medicamentos e materiais médicohospitalares; • Gerenciar apropriadamente os estoques; • Armazenar os medicamentos seguindo as normas técnicas adequadas, a fim de preservar sua qualidade; • Estabelecer um sistema racional de distribuição de medicamentos, assegurando desta forma, que estes cheguem ao paciente certo, na dose certa e no horário certo, com segurança. Essas são apenas algumas das funções mais importantes da gestão de uma farmácia hospitalar. Nota-se que uma das maiores importâncias é que o medicamento certo esteja presente e em boas condições de uso no momento certo a ser administrado. 3.6.3 Gestão de estoques de farmácia hospitalar 38 Segundo Neto (2010), a gestão de estoques é um assunto vital em qualquer organização e com maior complexidade na área hospitalar. Dessa forma, a logística no domínio hospitalar deve agrupar todas as atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços, para administrá-las de forma sincronizada. Gerir uma farmácia hospitalar requer muito cuidado e atenção dado importância de seu funcionamento adequado para uma instituição de saúde. Ainda segundo Neto (2010), existe dois tipos de atividades para uma gestão eficiente, são elas: atividades primárias e atividades de apoio. 3.6.4 Atividades Primárias 3.6.4.1 Manutenção de Estoques De acordo com Neto (2010), não é viável para um hospital providenciar produção ou entrega de itens de estoque por fornecedores de forma instantânea e no momento da necessidade. Essa prática é desencorajada pois não se pode prever quantos pacientes serão recebidos ao longo do dia. Os estoques precisam ser bem administrados quanto a sua rotatividade e aos seus custos financeiros, já que representam 33% dos custos operacionais. (NETO, 2010, p. 22) Conforme afirma Neto (2010), ao optar por sistema de Depósitos Satélites1 com pontos de formação de estoques, garante-se maior disponibilidade, rapidez e nível de serviço no atendimento aos usuários, porém aumentam os níveis gerais de estoques. Os responsáveis por estes Depósitos Satélites devem administrá-los de forma eficiente evitando a estocagem em excesso, baseando-se em parâmetros de 1 Método que consiste em manter uma mini farmácia nos pontos mais críticos do hospital como, por exemplo, o centro cirúrgico, o pronto socorro e UTI adulto. De forma a garantir uma maior agilidade na entrega de material e medicação. 39 reposição de acordo com o consumo e criticidade da unidade de atendimento. (NETO, 2010, p. 22) 3.6.4.2 Processamento de Pedidos A importância desta atividade deriva do fato de ela ser um elemento crítico em termos de tempo de atendimento aos clientes com os insumos e serviços desejados. Este processo se origina da demanda ou do consumo dos produtos, que são analisados e solicitados de acordo com parâmetros de reposição predefinidos. (NETO, 2010, p. 22) 3.6.4.3 Atividades de Apoio Para Neto (2010), as atividades de apoio dividem-se em armazenagem, manuseio de materiais, programação de entregas e manutenção da informação. O autor conceitua cada uma das divisões: • A armazenagem envolve a escolha do local adequado para cada material, em local controlado do ponto de vista ambiental e de segurança. Cada material deve ser alocado de acordo com suas especificações de temperatura, ventilação etc. O layout também é de suma importância, pois aqueles materiais que tem maior saída devem ser armazenados de forma que facilite na agilidade do atendimento. • O manuseio destes produtos requer uma atenção especial para que não sejam danificados e evite derramamento de produtos perigosos. O acondicionamento destes materiais deve ser em caixas específicas para o transporte desde o recebimento até a entrega ao cliente interno em perfeitas condições de utilização. • A programação de entregas acontece de acordo com a demanda de produtos, e ela deve ser cumprida pelos fornecedores quanto às datas e horários de entregas. • A manutenção da informação se destaca pela importância do cadastro dos itens de estoque. Este deve ser composto de dados importantes e facilmente identificáveis por todos aqueles que utilizam estas informações. O cadastro inclui um código interno, a descrição detalhada do item, sua dose e sua apresentação. 40 Esse tipo de informação é muito importante para o controle de materiais e medicamentos, sobretudo aqueles de alto custo. Dessa forma pode-se planejar melhor a compra de certos itens. Percebe-se, portanto, com base nos conceitos, funções e objetivos da Administração Hospitalar, no que se refere a sua administração de materiais aqui elencados, há perfeita aderência ao estudo geral de gestão de estoques, ou seja, as práticas de administração de materiais são válidas e aplicáveis à gestão hospitalar. 41 4 Metodologia A metodologia é de extrema importância para a conclusão dos objetivos do trabalho cientifico, para responder o problema sugerido e assim disseminar conhecimento. Segundo Vergara (2009), método é um caminho, uma forma, uma lógica de pensamento. O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões. (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.65) Através da metodologia pode-se consolidar um maior aproveitamento de conhecimento adquirido por meio da pesquisa, visto que terá um planejamento mais elaborado para alcançar os objetivos pré-estabelecidos. 4.1 Tipo de Pesquisa Quanto aos fins essa pesquisa se classifica como exploratória e descritiva. Exploratória por realizar um estudo sobre gestão de estoque e gestão hospitalar a fim de agregar maiores conhecimentos da citada área. Segundo Vergara (2009), investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Exploratórios - são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para realização de uma pesquisa futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos. (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.171) Conforme Vergara (2009), a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Essa pesquisa se classifica como descritiva por descrever características ou fenômenos de uma população, ou seja, procedimentos da gestão de estoque do Hospital Santa Marta. 42 Quanto aos meios essa pesquisa pode ser considerada: de campo, documental e estudo de caso. Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar. (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.169) De acordo com Vergara (2009), a pesquisa de campo é uma investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Utilizando para esse fim entrevistas, aplicação de questionários e testes. Documental por buscar informações por meio de documentos do Hospital e com colaboradores da organização. Investigação documental é realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos e outros. (VERGARA, 2009, p. 43) Estudo de caso devido à pesquisa ser limitada ao setor de farmácia do Hospital. Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país. (VERGARA, 2009, p. 44) 4.2 População e Amostra Conforme Vergara (2009), população é um conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto se estudo, e população amostral ou amostra é uma parte do universo escolhida segundo algum critério de representatividade. 43 Para fins desta pesquisa foram usados como população os itens existentes no estoque da farmácia do Hospital Santa Marta, e como amostra os itens que se encontram dentro da classificação A e B da curva ABC. Dentro de um universo de 1648 itens em estoque, no ano de 2012, foram selecionados 149 itens correspondentes à classificação A e B da curva ABC. No ano de 2013 foram selecionados 115 itens, classificação A e B da curva, do total de 1222 itens em estoque. 4.3 Instrumento de Pesquisa A pesquisa foi realizada por meio de coleta documental e análise de conteúdo, onde documentos referentes ao processo cotidiano de gestão de estoques de medicamentos do hospital foram analisados. Os documentos utilizados para essa pesquisa são classificados como fontes primárias, segundo afirma Marconi e Lakatos (2010), compostas por arquivos particulares da empresa em questão. Os documentos verificados foram relatórios sobre o inventário anual, e relatórios da curva ABC pelo consumo, ambos referente aos de 2012 e 2013. A fim de identificar as reais necessidades do Hospital Santa Marta. Referente ao tratamento de dados, os mesmos foram analisados e seus resultados dispostos na forma de gráficos, mostrando os percentuais da pesquisa, com as melhorias que forem necessárias. Deve-se enfatizar que foram analisados dados presentes nos relatórios gerados pela a instituição de que se trata essa pesquisa. As conclusões foram tiradas de acordo com o que preceitua a pesquisa e o referencial teórico deste estudo. 44 5 Análise e Resultados Para a realização da análise desta pesquisa foram utilizados relatórios da curva ABC e do inventário anual, ambos referentes aos anos de 2012 e 2013, fornecidos pelo Hospital Santa Marta. Esta pesquisa teve como foco a análise da classificação A e B da curva ABC, por se tratarem de itens de maior importância e, por isso, demandam maior atenção e controle do setor de suprimentos do hospital em questão. Existem alguns aspectos que são igualmente importantes e que devem ser mencionados para maior entendimento dos resultados aqui apresentados. São informações sobre o funcionamento do setor de suprimentos do hospital, como a análise de demanda. O hospital realiza planejamento da demanda de forma trimestral, ou seja, com base no consumo dos três últimos meses é feito o cálculo para estipular a próxima demanda, e assim fazer o pedido de fornecimento com base nesse resultado. Esse método é conhecido como método da média móvel. Todos os materiais e medicações do Hospital Santa Marta são adquiridos para sete dias de estoque e mais sete dias para o estoque de segurança, totalizando 14 dias. O pedido é feito para o setor de compras que tem entre 14 e 15 dias, no máximo, de prazo para a entrega dos fornecedores. Esse prazo é estipulado para que não ultrapasse o estoque de segurança. As solicitações de urgência, caso determinado material ou medicação não existe no estoque no momento, são feitas em fornecedores locais como farmácias comerciais e, em último caso, faz-se o pedido de empréstimo em outros hospitais. 5.1 Análise do Inventário do ano de 2012 45 5.1.1 Análise da curva ABC De acordo com os relatórios da curva ABC e inventário anual de 2012, gerados pelo Hospital Santa Marta, observa-se que o estoque do setor de suprimentos do hospital é composto por 1.648 itens. Destes, 39 itens do total de itens ou 2,37% são classificados como A; 110 ou 6,67% como B e 1.499 ou 90,96% como C. A tabela 4, a seguir, traz a distribuição dos itens por classe. Classe Nº de Itens Itens % Valor Acumulado % A 39 2,37 70 B 110 6,67 19,98 C 1.499 90,96 9,94 Tabela 4 - Quantidades de itens curva ABC 2012. Com base nos dados constantes nos relatórios, foi possível perceber que a curva ABC do Hospital Santa Marta, é feita sob os resultados do acumulado dos valores mensais. A curva ABC tem como valores teóricos de referência as porcentagens de 80 e 20, ou seja, oitenta por cento do valor total do estoque representa vinte por cento dos itens em estoque. Esses valores, no entanto, servem apenas como referência, pois os valores reais deverão ser determinados conforme critério e necessidade de cada organização. A partir da tabela 4, pode-se observar que a quantidade de itens classificados como itens C representa mais de 50% do total em estoque, e que os itens classificados como A, que é detentor dos valores mais altos, representa apenas dois por cento dos itens presentes em estoque. Esses dados são coerentes com a conceituação da 46 classificação ABC, e indica que a atenção do administrador de estoque precisa estar mais focada nesses itens. De acordo com os referidos dados gerou-se a seguinte curva: Gráfico 1 – Curva ABC 2012. Verifica-se, nos relatórios analisados, que o valor total do inventário de 2012 fecha com saldo negativo. A partir desses dados pode se perceber alguns pontos importantes, que serão abordados mais detalhadamente a seguir. 47 5.1.2 Os saldos Negativos Verificou-se, na análise de inventário de 2012, que alguns itens apresentaram quantidades negativas. O gráfico 3, a seguir, mostra o saldo de estoque em dias. Saldo Negativo 0 -20 -21 Dias de Estoque -40 -43 -60 -80 -100 -120 -140 -160 -180 -192 -200 Medicações Invanz 1gr inj Clexane 80mg 0,8ml inj Dormonid 50mg 10ml inj Gráfico 2 – Saldo de estoque negativo em dias, dados do inventário 2012. Conforme demonstra o gráfico 2, parte dos itens em estoque apresenta saldo negativo. Ou seja, esses números negativos mostram que tais itens não possuem estoque no momento da contagem. Pelo contrário, podem indicar que houve solicitação do fornecimento sem que houvesse a disponibilidade do material. Em relação a este resultado, percebe-se que a falta de controle de alguns itens causa prejuízo ao setor de suprimentos do hospital, uma vez que os itens mostrados no gráfico são medicações de grande saída, necessitando, assim, de um estoque melhor controlado, de forma a não apresentar quebra no estoque e, portanto, desabastecimento. 48 O caso do medicamento Invanz 1gr inj, por exemplo, indica que o medicamento estaria em falta por 192 dias. Entretanto não é razoável que um medicamento tão importante esteja em falta por tanto tempo. Assim, o mais provável é que o medicamento tenha sido adquirido e consumido, sem registro no sistema de controle. 5.1.3 Superestocagem Considerando a critério de estocagem utilizado pelo Hospital, de manter medicamentos e materiais para, no máximo, 14 dias, foram encontrados itens superestocados. Alguns itens possuem saldo exagerado. O gráfico a seguir demonstra alguns exemplos: Saldo Superior 281 300 245 216 Dias de Estoque 250 200 150 100 50 0 Medicações Diprivan 2% 50ml inj Luva de Procedimento N/estéril M Targocid 200mg inj Gráfico 3 – Saldo de estoque superior em dias, 2012. Como demonstra o gráfico 3, algumas medicações possuem estoque para muitos dias. Por exemplo, a medicação Targocid 200mg possui estoque para 281 dias, o 49 que em meses chega a aproximadamente 10 meses. Ou seja, grandes quantidades como essa são recomendadas para medicações de grande demanda, de grande saída, caso contrário o item pode tornar-se impróprio para o consumo, uma vez que tratam-se de produtos perecíveis. 5.1.4 Diferenças entre estoque contábil e físico Através da análise do inventário de 2012 e da curva ABC de mesmo ano, percebese que algumas medicações de saídas diárias, e que são consideradas básicas para a manutenção dos serviços prestados pelo hospital, possuem saldos negativos no sistema de controle. Porém, tais medicações podem ser encontradas em estoque físico. E, além disso, possuem um elevado saldo de consumo mensal. Esse fator demonstra falta de controle contábil dos itens em questão. Levando em consideração o alto saldo de consumo é pouco provável, que os registros estejam corretos. A tabela 5, a seguir, demonstra o consumo de algumas medicações referentes ao mês de dezembro de 2012, e seu respectivo estoque no mesmo período. Consumo Mês Inventário: Quantidades Dez/2012 Dez/2012 Pantozol 40mg inj C/recon. 10ml 848,75 -114 Tilatil 20mg inj 678,83 -24 Cloreto de Sódio 0,9% 10ml inj 4.776,75 -972 Medicações Tabela 5- Consumo mensal e quantidades, valores referentes à curva ABC e ao inventário de 2012. 50 5.1.5 Materiais inexistentes Alguns materiais e até mesmo medicações possuem histórico de consumo, muitas vezes alto, porém não são mencionados no inventário. Ou seja, os produtos a apresentarem esse tipo de problema não são contabilizados no inventário anual, como se esses itens não existissem ou não fossem utilizados pelo hospital, quando, na verdade, a maioria destes produtos são de uso constante. 5.1.6 Total de divergências no ano de 2012 A tabela 6, a seguir, demonstra todas as divergências encontradas de materiais e medicamentos com estoque negativo, ou que não são mencionados no inventário de 2012. Todos os dados são relativos aos relatórios analisados e seus valores são referentes ao mês de dezembro de 2012. Lembrando que o foco dessa pesquisa é a classificação A e B da curva. Material Dieta nutrição Parenteral Fbm Farma Cipro 400mg 200ml inj Ambisome 50mg inj Meronem Sisterma Fechado 1g Pantozol 40mg inj C/ Recon. 10ml Zyvox 600mg Bolsa 300ml inj Equipo Eurofix Compact Air Bomba Zoltec 200mg 100ml inj Clexane 60mg 0,6ml inj Nexium 40mg inj Invanz 1gr inj Clexane 80mg 0,8ml inj Dormonid 50mg 10ml inj Targocid 400mg inj Bextra 40mg inj Cateter Picc 26g 1,9Fr 50 Cm Cons. Mês Unid. Curva Quant. 46,58 227,92 14,33 232,17 848,75 47,58 308 46,58 166,67 161,42 16,75 66,08 213,67 14,42 75,92 Fr Bs FA FA FA Bs unid Bs ser FA FA ser amp FA FA A A A A A A A A A A A A A A A -949 -37 -3,00 -321 -114 -198 -260 -51 -269 -133 -107 -46 -309 -146 -16 10,33 unid A -3 51 Material Fralda Descartável Bigfral Plus Clas G Avalox 400mg C/250ml inj Levaquin 500mg 100 ml inj Tazocin 2,25gr inj Tira Glicemia Accu-Check Performa Flagyl 50mg 100ml inj Tilatil 20mg inj Cubicin 500ng inj Equipo Eurofix Compact Air Fs P/bomba Seringa 20ml C/agulha Compressa de Gazes 7,5 X 4,5cm Pct c/10 Cateter Certofix V720 Beriplex 500ui Fa + Dil 20ml Survanta 25mg/ml 4ml inj Survanta 25mg/ml 8ml inj Kam Rho Anti Rh 300mcg inj Zitromax 500mg inj Introsyte 24g 1,9fr X 1,9cm Vancocina 500mg inj Meronem Sistema Fechado 500mg inj Insulina Lantus 100ui/ml 10ml inj Foraseq 12mcg E 400mcg cap Sandoglobulina 5gr inj Compressa Operatória 45 X 50 Pct c/50 Reopro 2mg/ml 5ml Cavilon 28ml Spray Escova P/degermação clorexidina Novalgina 1000mg 2 ml inj Dramin B6 DI 10ml inj Iv Perioxidin Enxaguatório Bucal 200ml Metalyse Pó Liofilizado 40mg inj Aminoven 10% infant 100ml Esparadrapo 10cm X 4,5m Fentanil 50mcg 10ml inj Agulha Descartável 40 X 12 Meromem 1g inj Omeprazol 40mg inj c/diluente 10ml Filtro p/remoção de leucocitos p/com. Cateter Intravascular Jelco 22g Lancetas Accu-chec Safe-t-pro Uno Curativo Hid Duoderm 20 X 20 Cons. Mês 251,83 26,17 54,33 42,33 37,75 167,92 678,83 7,58 91,58 3.161,33 Unid. pct Bs Bs FA CX Bs FA FA unid unid Curva A A A A A A A A A A Quant. _____ -31 -34 -53 -5 -121 -24 -41 -132 -371 3.484,08 13,92 1,67 2,42 1,33 7,75 10,17 9,75 131,58 31,75 3,59 12,33 1,25 11,33 0,50 7,92 568,08 2.792,75 401,25 50,25 0,25 16,67 142,92 301,75 10.016,75 22,33 189,83 6,58 644,25 3.057,58 11,00 pct unid FA FA FA FA FA unid FA FA FA Fr FA pct FA Fr unid amp amp Fr FA Fr RI FA unid FA FA unid unid unid unid B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B -993 _____ -16 -9 -3 -11 -2 -24 -52 -138 -10 -5 -7 -4 -5,00 -4 _____ -3.312,00 -432 -26 -2,00 -19 ____ -257 -336 -145 -158 -75 -310 -4.770,00 -7 52 Material Maxcef 1gr inj Seringa Perfusora 20ml Spiriva 2,5mcg Sol. Inalatória frasco Cavilon creme barreira 28g Maxcef 2gr inj Insulina Novorapid 100ui/ml 10ml inj Rocefin 1gr inj im Algodão Hidrofilo Bola 95g Teste Desafio c/indicador biológico Luva de procedimento N/estéril P Nimbium 20mg 10ml inj Nexium 40mg cp Tamarine 150gr geleia Seringa 1ml C/agulha Solu-cortef 100mg inj Ecalta 100mg inj Actilyse 50mg inj Cloreto de Sódio 0,9% 10ml inj Cancidas 50mg inj Dobutrex 250mg 20ml inj Profenid 100mg inj Iv Colchão caixa de ovo Neonatal Teste Desafio s/iq carga sub Prostokos 200mcg Cp Vag Tienam 500mg inj Leite Neocate em pó 400g Tira Glicose G tech Dormonid 15mg 3ml inj Soro Fisiológico 0,9% 1000ml inj B.braun Reparil 30gr gel Oliclinomel N-7 1000 Bolsa 1000ml Tridil 50mg/10ml inj Colchão caixa de ovo Adulto Cateter Venoso Central ped 22g Equipo Eurofix Compact Air Cg 150 neo Curativo Transp. p/acesso venoso Fralda Descartável Infantil Baby Rn Álcool 70% 100ml Fixador para cânula de traqueo. Adulto Agulha de veress Karl Storz C=13cm Soro Ringer Simples 500ml inj B.braun Cons. Mês 72,33 68,83 20,92 14,92 21,83 6,92 10,25 184,26 9,33 41,67 12,42 86,50 16,58 1.647,92 476,83 1,33 0,33 4.776,75 0,67 64,08 191,42 16,00 17,17 15,08 23,50 0,67 7,25 63,50 Unid. FA unid Fr tb FA FA FA pct pct CX amp cp Pt unid FA FA FA amp FA amp amp unid pct cp v Fr Lt CX amp Curva B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B Quant. -80 -81 ______ -4 -5 -12 -2 -0,01 _____ -200 -52 -9 -4 -129 -63 -25 ______ -972 -1 -3 -565 _____ -26 -41 -28 ____ -10 -360 131,58 32,12 1,67 14,92 13,00 2,08 55,08 72,08 37,75 292,75 32,33 0,42 178,17 Fr tb Bs amp unid unid unid unid pct Fr unid unid Fr B B B B B B B B B B B B B -16 -88,3 _____ -39 _______ -8 -3.773,00 -193 -13 -447 -19 ______ -7 53 Material Fralda Descartável Inf Baby P Cateter V Central Mono 24ga X 12cm Gluconato de Cálcio 10% 10ml inj Noripurum 5ml inj Ev Sonda de Alimentação Enteral n°12fr Ad. Clavulin 500mg inj Cons. Mês 20,58 1,25 577,67 36,33 Unid. pct unid amp amp Curva B B B B Quant. ______ -7 -52 -33 16,33 56,92 unid FA B B -45 -63 Tabela 6 – Divergências no ano de 2012. A tabela 7, abaixo, demonstra os itens que possuem estoque para vários dias. Ao contrário da tabela anterior, esses itens tem estoque para meses o que pode ser prejudicial para o setor de suprimentos visto que, dois produtos dos itens a seguir são perecíveis. Os dados da seguinte tabela são referentes aos relatórios analisados do mês de dezembro de 2012. Material Estoque em dias Estoque em meses 140 245 8 B 183 216 7 B 18 281 9 Cons. Mês Unid. Curva Quant. Diprivan 2% 50ml inj 17,17 FA B Luva de Proced.N/estéril M 25,42 CX Targocid 200mg inj 1,92 FA Tabela 7 – Divergências no estoque no de 2012. 5.1.7 Acurácia 2012 A acurácia no inventário de estoque serve para medir a precisão entre o estoque físico e o contábil. A tabela 8, abaixo, demonstra o cálculo realizado para esse método. 54 Classe Nº de itens contados % de itens contados Nº de itens com Acurácia divergência A 39 39/1648= 2,37% 26 (39 - 26) / 39 = 0,3333 B 110 110/1648 = 6,67% 81 (110 – 81) / 110 = 0,2636 C 1499 1499/1648 = 90,96% 934 (1499 – 934) / 1499 = 0,3769 Total 1648 Tabela 8 – Acurácia 2012 Cálculo: 0,0237 x 0,3333 + 0,0667 x 0,2636 + 0,9096 x 0,3769 = 36,82% Levando em consideração o resultado deste cálculo percebe-se que o percentual encontrado foi de 63,18% de margem de erro. Esse resultado é péssimo para a empresa e indica descontrole do estoque. 5.2 Análise do Inventário do ano de 2013 5.2.1 Análise da curva ABC Conforme relatórios da curva ABC e o inventário anual, ambos referentes ao ano de 2013, observa-se que houve uma diminuição de itens em estoque. No total são 1.222 itens, sendo 33 ou 2,70% classificados como A; 82 ou 6,71% como B e 1.107 ou 90,59% como C. Classe Nº de Itens Itens % Valor Acumulado % A 33 2,70 69,85 B 82 6,71 20,08 C 1.107 90,59 10,07 Tabela 9 – Quantidades de itens da curva ABC 2013. 55 Essa diminuição do total de itens se deve a retirada de produtos que se tornaram obsoletos por não serem mais utilizados. Segundo os dados dos relatórios analisados o desenho da curva é baseado nos valores do acumulado mensal. Gráfico 4 – Curva ABC 2013. Também é perceptível que o saldo do inventário do ano de 2013, mais uma vez fecha com valor negativo, sugerindo um descontrole na gestão dos estoques da empresa. 56 Pontos importantes que foram observados no ano de 2012 tornaram a acontecer. Alguns materiais de uso diário e que são considerados básicos para o desenvolvimento do serviço prestado apresentaram quantidades negativas, que serão explicadas a seguir. 5.2.2 Os saldos Negativos Materiais que apresentaram saldo negativo segundo os dados constantes dos relatórios analisados, no momento da contagem do inventário. Entretanto, na contagem física, eles existiam no estoque. Saldo Negativo 0 Dias de Estoque -20 -22 -40 -60 -60 -69 -80 -100 -120 -103 Medicações Curativo Filme Trans.15cm X 10mt Compressa de Gazes 7,5X7,5cm Equipo p/inf Mult. 2vias Polifix2 Cateter Intravascular Jelco 22g Gráfico 5 – Saldo de estoque negativo em dias, dados do inventário 2013. Como mostra o gráfico 5, assim como no ano de 2012, o ano de 2013 apresenta saldos negativos não só de medicações, como também de materiais de uso diário. Esses números negativos, nos relatórios, sugerem que tais itens estavam zerados 57 no estoque, porém, mais uma vez percebe-se através da observação, que tais itens foram encontrados presentes no estoque físico ao contrário do que diz o estoque contábil. 5.2.3 Superestocagem Medicações que não tem uma saída constante e possuem estoque para vários dias. Saldo Superior 248 207 250 Dias de Estoque 200 150 101 100 50 0 Medicações Kam Rho Anti Rh 300mcg inj Survanta 25mg/ml 8ml inj Sandostatin 0,5mg 1ml inj Gráfico 6 – Saldo de estoque superior em dias, 2013. Como demonstra o gráfico 6, algumas medicações possuem estoque para quase nove meses, como é o caso da medicação Sandostatin. O que mais preocupa nesse caso é que as medicações citadas no gráfico não tem muita saída sendo utilizadas ocasionalmente. 58 Estoques elevados como esses para medicamentos e materiais que não tem muita saída podem representar perda financeira, já que tais produtos são perecíveis. 5.2.4 Problemas recorrentes Alguns problemas que foram observados no ano anterior se tornaram recorrentes no ano de 2013. Alguns itens possuem saldo de consumo alto, porém o registro das quantidades em estoque mostra um número negativo, sugerindo que determinado item estava com estoque zerado. No ano anterior alguns materiais possuíam histórico de consumo, mas não eram registrados no inventário anual. No ano de 2013, embora a quantidade de itens a apresentar esse problema tenha diminuído, ainda é possível ver que alguns itens não são contabilizados no inventário. 5.2.5 Total de divergências no ano de 2013 Itens com saldo negativo e itens que não são mencionados no inventário. Material Cons. Mês Unid Curva Quant. Cipro 400mg 200ml inj Sulfato de Polimixina B 500.000ui inj Ambisome 50mg inj Tygacil 50mg inj Zyvox 600mg Bolsa 300ml inj Tazocin 4,5gr inj Clexane 40mg 0,4ml inj Meronem Sistema Fechado 1g Invanz 1gr inj Cavilon 28ml spray Targocid 400mg inj Ecalta 100mg inj Dormonid 50mg 10ml inj 282,08 339 23,17 134,58 81,33 331 683,58 492,75 38,83 81 89,92 18,92 443,67 Bs FA FA FA Bs FA ser FA FA Fr FA FA amp A A A A A A A A A A A A A -33 -203 -246 -893 -274 -248 -83 -444 -79 -116 -19 -20 -895 59 Material Equipo Eurofix Compact Air Bomba Rocefin 1gr inj Iv Cubicin 500mg inj Curativo Filme Trans.15cm X 10mt Clexane 60mg 0,6ml inj Cavilon creme barreira 28g Cateter Picc 26g 1,9 Fr 50cm Equipo Eurofix Comp. Air Fs p/Bo. Clexane 80mg 0,8ml inj Curosurf 120mg 1,5ml inj Levaquin 500mg 100ml inj Cateter p/mon. De Pai Radial 4,0fr Cerne-12 Iv/Im inj Novalgina 1000mg 2ml inj Omeprazol 40mg inj c/dil. 10ml Sensor de Oxímetro Neo desc. Compressa de Gazes 7,5X7,5cm Unasyn 3,0gr inj Tazocin 2,25gr inj Seringa Perfusora 50ml Zoltec 200mg 100ml inj Solu-cortef 100mg inj Cateter Venoso Central Picc 16g Introsyte 24g 1,9fr X 1,9cm Cancidas 50mg inj Aminoven 10% inf. 100ml Tenoxican 40mg inj Bextra 40mg inj Vancocina 500mg inj Zitromax 500mg inj Fentanil 50mcg 10ml inj Fralda Desc. Bigfral Plus Clas G Norepine 8mg 4ml inj Bedfordalprost 500mcg 1ml inj Equipo p/soro Microfix I L 100ml Curativo Acticoat Abso. 10x12,5cm Targocid 200mg inj Cons. Mês 337,33 403,33 14,83 553,50 131,17 136,92 13,08 143,75 53,17 3,25 97,75 6,42 105,75 2.822,75 398,83 30,67 3.495,00 175,75 63,33 127,17 36,33 697,00 2,08 13,00 2,00 31,00 274,00 35,50 243,42 10,17 430,00 676,00 1.209,42 1,33 212,42 4,75 24.017,00 Unid. unid FA FA unid ser tb unid unid ser Fr Bs unid FA amp FA unid pct FA FA unid Bs FA unid unid FA Fr FA FA FA FA FA unid amp amp unid unid FA Curva A A A A A A A A A A A B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B Quant. -829 -10 20 -1.900,00 -32 -49 -3 -105 -3 -2 -42 -13 -28 -28 -182 -40 -2.608,00 -97 -876 -259 -17 -439 _______ -6 -5 -18 -1 -49 -15 -2 -608 -452 -243 ____ -602 -7 -33 60 Material Dobutrex250mg 20ml inj Vfend 200mg Iv inj Flagyl 500mg 100ml inj Transdutor de Pressão Gabmed Curativo Hidr. (alg. de cál. + sódio) Endobulin 10gr inj Granulokine 300mcg/ml inj Equipo p/inf Mult. 2vias Polifix2 Cateter Intravascular Jelco 22g Filtro p/remoção de Leucocitos Nutriflex Lipid Especial Bs 1875ml Maxcef 1gr inj Beribumin 20% 50ml inj Prostokos 200mcg cp vag Curativo Tegaderm I.v. inf. 5x5,7cm Klaricid 500mg inj Cateter Duplo Lumen p/hem. 12fx20 Zyprexa 5mg cp ver Cateter Certofix V720 Buscopan Composto 5ml inj Curativo c/hidro. De Prata Silvercel Cipro 200mg 100ml inj Prostavasin 20mcg inj Digesan 10mg 2ml inj Filtro p/sist. De ventilação mini Zovirax 250mg inj Tiorfan 100mg cap Kefazol 1gr inj Soro Fisiológico 0,9% 1000ml inj B. Rocefin 500mg inj Iv Nutriflex Lipid Plus Bolsa 1875ml Cymevene 500mg inj Foraseq 12mcg E 400mcg cap Perfusor Set 120cm Cons. Mês 161,58 1,50 216,75 11,25 28,58 0,67 7,00 547,58 812,00 9,42 2,92 182,58 6,17 29,50 110,50 15,00 8,83 77,17 6,42 447,92 8,00 13,42 11,17 1.346,17 31,92 20,08 194,17 489,50 221,25 10,58 1,83 12,50 7,83 Unid. amp FA Bs unid tb Fr FA unid unid unid Bs FA FA cp v unid FA unid cp unid amp unid Bs FA amp unid FA cap FA Fr FA Bs FA Fr Curva B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B Quant. -35 -2 -203 -25 -25 ______ -3 -1.097,00 -1.879,00 -4 -4 -82 -36 -38 -98 -14 -5 -160 -13 -70 -8 -57 -54 -54 -155 -28 -148 -13 -164 -31 -2 -24 -15 221,92 unid B -69 Tabela 10 – Divergências do ano de 2013. 61 A tabela 10 demonstra os itens que apresentaram divergências no ano de 2013. Todos os dados são baseados nos relatórios analisados referentes ao mês de dezembro. Pode se perceber que os itens em questão possuem saldo negativo em estoque, o que quer dizer que não havia estoque para tais produtos. O que é de extrema preocupação, visto que esses produtos podem ser solicitados para consumo em caso de emergência e não estar disponível no momento necessário. Percebe - se ainda, que alguns itens não tem saldo por não serem mencionados no inventário anual, embora esses produtos não sejam de saída frequente, o fato de não serem contabilizados é um dado a se pensar. Material Kam Rho Anti Rh 300mcg inj Survanta 25mg/ml 8ml inj Sandostatin 0,5mg 1ml inj Cons. Mês Unid 9,83 FA B 0,58 2,42 FA amp B B Estoque em dias Estoque em meses 33 101 3 4 20 207 6 248 8 Curva Quant. Tabela 11 – Divergências no ano de 2013. Como demonstra a tabela 11, alguns itens não possuem um histórico de consumo alto, porém, seu estoque sim. Mais uma vez nota-se um estoque muito alto para produtos perecíveis. 5.2.6 Acurácia 2013 Uma das formas de apurar se a gestão dos estoques é ou não eficiente é medir a acurácia nos controles do armazém. 62 Classe Nº de itens contados % de itens contados Nº de itens com divergência Acurácia A 33 33/1222 = 2,70% 25 (33 – 25) / 33 = 0,2424 B 82 82/1222 = 6,71% 63 (82 – 63) / 82 = 0,2317 C 1107 1107/1222 = 90,59% 592 (1107 – 592) / 1107 = 0,4652 Total 1222 Tabela 12 – Acurácia 2013. Cálculo: 0,0270 x 0,2727 + 0,0671 x 0,2317 + 0,9059 x 0,4652 = 44,43% A tabela 12 demonstra o cálculo da acurácia de 2013. O resultado apresentado indica que o índice de divergência no estoque é de 55,57%. O percentual considerado como aceitável seria de até 5% para alguns itens. O resultado encontrado mostra que o controle de estoque é insatisfatório. 5.3 Análise dos dois inventários Conforme já foi dito, alguns problemas são recorrentes nos dois anos analisados. Porém, percebe-se que dois itens específicos continuaram a apresentar o mesmo tipo de problema. O caso é preocupante, visto que, tais itens são de extrema importância e seu uso é de extrema urgência. São eles: Actilyse e Metalyse. 5.3.1 Medicações de Urgência com saldo negativo Analisando os dois inventários anuais e os relatórios da curva ABC, foi possível perceber que duas medicações de extrema importância, possuem saldo negativo. 63 Quantidade em estoque Medicação 2012 2013 Actilyse _____ _____ Metalyse -2,00 -2,00 Tabela 13 – Estoque de medicações de urgência, inventários de 2012 e 2013. Como demonstra a tabela 13, os itens citados não possuem um saldo de consumo mensal, por que se tratarem de medicações usadas apenas em caso de urgência. Porém, aparecem com saldo negativo no inventário anual dos dois anos. Um dos itens nem ao menos é encontrado no relatório. Esse dado é preocupante, pois tais medicações são usadas para tratamento de infarto e AVC e devem ser administradas nos pacientes o mais rápido possível para evitar sequelas e até mesmo a morte. Ou seja, a falta desses medicamentos, além de poder provocar a morte e sequelas aos pacientes, certamente pode contribuir, por essa razão, com danos à imagem do Hospital. Embora as referidas medicações estejam presentes em estoque físico, é normal que se tenha, no mínimo, uma unidade de cada medicação. Ocorre que a falta de controle de entrada e saída desses itens, faz com que o estoque contábil não reflita o que acontece com o estoque físico. Esse descontrole é que pode provocar situações críticas. 64 6 Conclusões A gestão de materiais é de extrema importância para qualquer tipo de organização, visto que é do setor de suprimentos que advém os principais recursos para a manutenção dos produtos e serviços prestados e, consequentemente, é onde se concentra a maior parte dos custos de uma empresa. Dentro de um hospital essa importância é ainda maior, já que, além de envolver aspectos fundamentais de uma empresa, envolve a manutenção da vida dos pacientes e erros podem ser fatais. Com base nessa pesquisa e nos resultados apresentados, foi possível perceber que o controle de estoque do Hospital Santa Marta deixa a desejar. Isto indica que o processo de entrada e saída não recebe a atenção necessária. Com isso o estoque fica à deriva gerando um aumento nos gastos do hospital referentes ao setor de suprimentos. Compreende-se que nos anos de 2012 e 2013 as quantidades de itens registradas no sistema de gerenciamento do hospital, não refletem as reais quantidades encontradas em estoque físico. Isso sugere que o controle de entrada e principalmente o controle de saída, não foram observados durante esses anos. O ano de 2013 apresentou uma melhora em relação ao ano anterior, porém, a melhora percebida não foi suficiente para que o inventário fechasse com saldo positivo, visto que nos dois anos analisados o inventário anual fechou com saldo negativo referente aos valores. Com isso, demonstra-se perda financeira da empresa. A hipótese dessa pesquisa foi confirmada, o processo de lançamento de itens e quantidades no estoque é feita de forma correta. No entanto, ocorrem divergências na saída de material, ocasionando as diferenças no inventário. Da mesma forma materiais retirados do estoque e que deveriam retornar, por não terem sido 65 utilizados, acabam por ficarem esquecidos, também sendo fonte de divergência. Chegou-se a essa conclusão através dos resultados levantados pela análise dos relatórios e através de observação. Onde foi possível perceber as diferenças entre o estoque físico e contábil. O objetivo da pesquisa alcançou o resultado esperado, por meio de embasamento teórico e análise dos dados correspondentes ao controle do setor de suprimento do Hospital Santa Marta. Levando em consideração os assuntos aqui estudados e os resultados apresentados, nota-se que o percentual de erro no controle dos estoques é de fato muito alto, e deve ser mais bem observado para que os pacientes possam ser melhor atendidos e para uma melhoria na eficiência dos custos do hospital. Pode-se melhorar as diferenças entre o estoque físico e contábil, melhorando o controle na saída de materiais e no retorno de materiais retirados e não utilizados. É de extrema importância que todos os procedimentos logísticos de aquisição de materiais e medicamentos, desde seu pedido passando pelo armazenamento e a entrega a seus usuários receba uma atenção especial do gestor de suprimentos. É preciso ainda conscientização dos funcionários, treinamento qualificado para os colaboradores envolvidos nesse processo para que entendam a responsabilidade e importância de uma gestão de materiais de qualidade. 66 7 Referências Bibliográficas BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial/trad. Elias Pereira – 4º Ed. – Porto Alegre Bookman, 2001. CASTELAR, Maria Rosa; MORDELET, Patrick; GRABOIS, Victor. Gestão Hospitalar um desafio para o hospital brasileiro. Editions ÉNSP, 1995. CHING, Hong Yuh. 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