Marcos Jorge
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Marcos Jorge
Apresentação “Mundo Cão” é um thriller emocionante que caminha sobre os limites entre justiça e desejo de vingança. O roteiro original de Marcos Jorge e Lusa Silvestre leva ao espectador uma história cheia de reviravoltas, que promete prender a atenção do início ao fim. O filme é mais uma aposta do diretor Marcos Jorge em um gênero ainda pouco explorado no Brasil, após o sucesso de “Estômago” (2007), “Corpos Celestes” (2011) e “O Duelo” (2015). Deliberadamente ousada e beirando o politicamente incorreto, a trama traz personagens marcantes e próximos da realidade, que compartilham dualidades características a todos nós e manifestam suas opiniões sem censura. Produzido pela Zencrane Filmes em parceria com a Migdal Filmes, “Mundo Cão” traz em seu elenco Lázaro Ramos, Adriana Esteves, Babu Santana e Milhem Cortaz, além dos estreantes Thainá Duarte e Vini Carvalho, escolhidos em testes entre mais de 160 crianças e adolescentes. Rodado em 28 locações na cidade de São Paulo e contando com mais de 600 figurantes, o longa mostra como o trágico encontro entre um funcionário do Departamento de Combate às Zoonoses e um ex-policial corrupto muda para sempre a vida de todos os envolvidos na trama. O elenco estelar contracena com “atores” muito especiais: personagens cruciais para a história são interpretados por cães adestrados das raças rottweiler e dobermann, cujo treinamento recebeu a consultoria de Alexandre Rossi – nome de referência na área. 02 Índice Elenco Ficha Técnica 02 - Apresentação 03 - Elenco e Ficha Técnica 04 - Sinopse 05 - Marcos Jorge - Diretor 09 - Adriana Esteves 11 - Babu Santana 14 - Lázaro Ramos 17 - Thainá Duarte 19 - Vini Carvalho 21 - Participações Especiais 24 - Perfil dos Cães 25- Trabalho com o Elenco Canino 26 - Roteiro 28 - Trilha Sonora 29 - Produção 32 - Coprodução 33 - Distribuição Lázaro Ramos :: Nenê (Paulinho) Adriana Esteves :: Dilza Babu Santana :: Santana Milhem Cortaz :: Cebola Paulinho Serra :: Ramiro Antonio Ravan :: Banzé Thainá Duarte :: Isaura Vini Carvalho :: João Direção :: Marcos Jorge Produção :: Cláudia da Natividade e Iafa Britz Argumento e Roteiro :: Marcos Jorge e Lusa Silvestre Direção de Fotografia :: Toca Seabra, ABC Direção de Arte :: Valdy Lopes Figurino :: Cássio Brasil Som Direto :: Romeu Quinto Música Original :: Maurício Tagliari Montagem :: André Finotti 03 Sinopse Curta Santana (Babu Santana) é um funcionário do Departamento de Combate às Zoonoses que trabalha recolhendo cachorros perigosos das ruas, na época em que a lei que proíbe o sacrifício de animais sadios ainda não havia sido sancionada. Avesso a confusões, ele leva uma rotina tranquila com sua esposa e filhos até o dia em que seu caminho se cruza com o de um rottweiler. Por um mal-entendido, o dono do cão (Lázaro Ramos) se indispõe com Santana e suas atitudes vão alterar completamente a vida dele e de sua família. Sinopse Longa Santana (Babu Santana) trabalha no Departamento de Combate às Zoonoses recolhendo cachorros perigosos das ruas, na época em que a lei que proíbe o sacrifício de animais sadios ainda não havia sido sancionada. Malandro e simpático, avesso a confusões, ele passa seu tempo livre com a família e praticando seu hobby preferido: tocar bateria. Sua esposa Dilza (Adriana Esteves) ajuda na renda do lar com seu trabalho como costureira e educa os dois filhos, Isaura e João (Thainá Duarte e Vini Carvalho) sob a decência do trabalho honesto e dos bons costumes. Mas o tranquilo caminho de Santana inadvertidamente se cruza com o do rottweiler de estimação de Nenê (Lázaro Ramos), um ex-policial que faz fortuna com negócios escusos. A partir desse encontro, a vida de todos os envolvidos nessa história mudará para sempre. 04 Marcos Jorge Os mais de 100 prêmios ganhos por seus filmes em diversos festivais atestam a qualidade do trabalho do diretor Marcos Jorge. Formado em jornalismo no Brasil e em cinema na Itália, Jorge também se dedicou às artes plásticas até retornar ao país em 2001. Aqui realizou curtas-metragens, escreveu o livro “Brasil Rupestre” e dirigiu o documentário “O Ateliê de Luzia”, além de diversos filmes publicitários. No âmbito da ficção, traz em seu currículo os filmes “Estômago” (2007), “Corpos Celestes” (2011) e “O Duelo” (2015). Em “Mundo Cão”, ele continua explorando o gênero do suspense em uma história de tirar o fôlego. 05 ENTREVISTA MARCOS JORGE Em uma época em que as comédias são os carros-chefes das bilheterias nacionais, porque investir em um gênero que ainda é pouco explorado aqui no Brasil como o suspense? Fazemos tantas comédias porque nosso cinema vive uma competição desigual com o cinema americano e é muito mais fácil competir no campo das comédias do que em qualquer outro gênero cinematográfico. As razões disso são várias, mas além do baixo custo, importa o fato de que as pessoas gostam de rir de seus problemas e de seu cotidiano, por isso o sucesso de nossas comédias. Mas isso não quer dizer que este gênero deva ser (ou seja) o único com que se possa competir. O essencial é interessar o espectador e falar de coisas que lhe digam respeito, e dentre os gêneros que permitem isso e estão ao alcance de nossa capacidade produtiva, certamente o suspense é um dos mais fascinantes. Por quê? O suspense tem, em sua própria definição, a tarefa de manter sempre vivo o interesse do público, mantê-lo “em suspenso”, perguntando o tempo inteiro onde é que a história vai dar. Na verdade, sendo um pouco simplista, penso que toda história que funciona tem um pouco de suspense. Já em meu primeiro filme, “Estômago”, flertei com este gênero, pois a história, embora não seja um suspense clássico, tem várias pitadas dele. Com “Mundo Cão” 06 tento mergulhar neste gênero, mas faço-o com a peculiaridade de meu estilo e, como outras vezes, misturo-o com outros gêneros, inclusive a comédia. Para isso, decidi adotar uma linguagem “pop” para o filme, tentando tratar de assuntos complexos e sérios de uma forma irônica (esta escolha estilística se reflete em todos os componentes do filme, desde a fotografia até a trilha). Uma aposta ousada. “Mundo Cão” não é um simples suspense. Ele trabalha com um lado psicológico muito forte. Esse foi sempre o objetivo ou foi algo que se desenvolveu ao longo dos tratamentos do roteiro e das filmagens? “Mundo Cão” tem como tema a violência a que todos os brasileiros encontram-se cotidianamente expostos e as fortes sensações de impotência e vulnerabilidade geradas por esta exposição, que são hoje problemas nevrálgicos na sociedade brasileira. Desde o início, quando pensei no projeto, eu queria trabalhar com este tema. E a própria história nasceu desse desejo. Mas sempre achei que um filme que tematiza a violência não precisa ser violento, pois o que me interessa na violência não é sua representação, mas sua gênese e desenvolvimento. Então, “Mundo Cão” já nasceu como um projeto de suspense psicológico. Os muitos tratamentos e versões que teve esta história só fortaleceram-na nesse caminho. ENTREVISTA MARCOS JORGE De que forma você optou por inserir essa violência na trama? Não quis abdicar de fazer um filme intenso e impactante. Penso que cenas fortes sejam fundamentais para impressionar o espectador e engajá-lo emotivamente na trama. E esta história tem uma característica única, que nos permite mostrar a violência de maneira intensa sem utilizar seres humanos: os cães. Um dos elementos narrativos mais importantes do “Mundo Cão” é a relação entre a personalidade dos protagonistas (Nenê e Santana) e seus cães. Mais especificamente, na primeira parte da história, o motor principal da ação dos protagonistas acontece a partir da captura do rottweiler de Nenê. Esse cachorro, assim como seu dono, tem um temperamento explosivo. Na segunda parte do filme, este cachorro é substituído por outro da mesma raça, mas bem mais novo e que tem, no entanto, uma índole muito mais tranquila. Estes cães são as contrapartes dos protagonistas e espelhos de seus donos, permitindo mostrar suas personalidades sem que precisemos usar cenas de violência explícita. Você escolheu o elenco na época de desenvolvimento dos personagens? Escolher o elenco é a tarefa mais difícil e penosa de todo o processo de se fazer um filme. Como valorizo enormemente a importância dos atores, geralmente levo bastante tempo para decidir quem vai interpretar meus personagens. 07 Tanto tempo, em geral, que ao final acaba parecendo que o próprio filme é que escolheu seus intérpretes. Esse foi o caso, por exemplo, da escolha do Lázaro Ramos para fazer o Nenê. Confesso que não era nele que eu pensava enquanto trabalhava no roteiro, mas seu nome, com o passar do tempo, por diversas razões acabou se impondo em minha cabeça e, visto o resultado, hoje não sou mais capaz de imaginar o personagem na pele de nenhum outro ator. O mesmo aconteceu com a Adriana Esteves, cujo nome emergiu de intensas reflexões. Já o personagem do Santana foi efetivamente influenciado pelo ator Babu Santana. Como foi trabalhar com as crianças, considerando que ambas estavam estreando no cinema, em contrapartida com nomes tarimbados da nossa dramaturgia, como a Adriana e o Lázaro? Desde o início sabia que a Isaura e o João seriam personagens desafiadores, tanto pela idade quanto pela intensidade deles na história. A primeira questão seria encontrá-los e, quando se trata de crianças, prefiro trabalhar com pessoas sem experiência prévia. Fizemos uma ampla pesquisa e testamos umas 80 pessoas para cada um dos perfis até chegar a quatro finalistas para cada papel. Fiel às minhas intuições, depois de testá-los novamente acabei escolhendo pessoas que nunca tinham atuado antes! Depois disso, foram ENTREVISTA MARCOS JORGE três meses de intensa e específica preparação, que só em sua fase final incluiu ensaios com o Babu, o Lázaro e a Adriana. Foi um processo muito rico e dirigi-los no set foi uma delícia. Tenho certeza que eles têm uma longa e intensa carreira pela frente. Assim como em “Estômago”, você também assina o roteiro do filme. É algo que você quer sempre fazer? Sim e não. Efetivamente, assino os roteiros dos quatro longas que já dirigi. Gosto de escrever e, especialmente nos roteiros, gosto muito de trabalhar em equipe. Acredito que eles ficam muito melhores assim, pois as ideias de um roteirista fazem crescer as dos outros. Mas isso não significa que eu não tenha o desejo de filmar um roteiro escrito por outra pessoa. Aliás, francamente, essa seria a condição ideal: receber um roteiro bom e me dedicar a filmá-lo. Mas isso é uma coisa que acontece pouco no cinema brasileiro, onde o diretor quase sempre é o motor principal de um projeto. Também adoraria escrever para outros diretores filmarem! 08 Adriana Esteves Desde 1990 presente no elenco de novelas e séries de sucesso, Adriana Esteves estourou em 2012 como a vilã Carminha de “Avenida Brasil”, novela de João Emanuel Carneiro, colhendo elogios de público e da crítica especializada. Um ano antes, havia sido indicada ao Prêmio Emmy Internacional de Melhor Atriz pela interpretação de Dalva na minissérie “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”, exibida pela TV Globo. Em 2015 esteve no ar como a vilã Inez na novela “Babilônia”, de Gilberto Braga. Fora da TV, a atriz trabalhou em quatro longas e cinco peças de teatro. Sua estreia no cinema foi em 1995 no filme “As Meninas”, baseado no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles. Em “Mundo Cão”, ela vive Dilza, esposa evangélica de Santana que ajuda na administração do lar e vive fortes emoções ao tentar defender o bem estar de sua família. . 09 ENTREVISTA ADRIANA ESTEVES Você estava afastada do cinema quando aceitou filmar “Mundo Cão”. O que te motivou a aceitar o convite? O roteiro foi um dos melhores que já li. Minhas escolhas passam muito também por minha intuição. Em minha primeira leitura já tinha certeza que me via fazendo o filme. Outro fato que contou foi eu ter gostado muito de “Estômago”, primeiro longa do Marcos Jorge. . Como foi trabalhar com dois jovens que estavam em suas primeiras experiências como atores? Thainá é de uma beleza, carisma e maturidade cênica surpreendente para uma menina tão jovem e começando agora em seu trabalho de atriz. Vini, um menino dedicado, bem-humorado e que estava muito envolvido com o filme. Babu, eles e eu tivemos uma afinidade muito grande. Tivemos uma grande facilidade em nos imaginar uma família. . Enquanto você lia o roteiro, imaginou que aquele seria o desfecho da sua personagem? Não. Foi uma grande surpresa. Fiquei sem ar ao ler e tive que dar um tempo, me refazer para seguir adiante na leitura. E isso já fez com que eu ficasse encantada com o roteiro. É uma delícia ser surpreendida desta forma. 10 O filme traz muitas reviravoltas e é praticamente impossível para o espectador antecipar os fatos. Você acha que essa é a característica de um bom suspense? . Acho que sim e este, especialmente, nos surpreende o tempo todo. Para você, o que é mais diferente entre encenar uma comédia e um thriller psicológico como este? A diferença é enorme. Inclusive os roteiros que têm despertado meu interesse de uns anos para cá são os dramas, suspenses, romances… Gosto muito de contar histórias e tenho especial fascínio por temas com abordagens psicológicas, não necessariamente um thriller. “Mundo Cão” será minha estreia no gênero. Babu Santana Integrante do grupo Nós do Morro, Babu Santana ganhou o Prêmio Especial do Júri do Festival do Rio 2007 por sua atuação nos filmes “Estômago”, de Marcos Jorge, e “Maré, Nossa História de Amor”, de Lúcia Murat. Sua estreia no cinema foi em “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, em 2002. Desde então não parou de atuar e fez filmes como “As Alegres Comadres”, de Leila Hipólito; “Quase Dois Irmãos”, de Lúcia Murat; “Redentor”, de Cláudio Torres; “Achados e Perdidos”, de José Joffily; e estrelou a cinebiografia “Tim Maia”, de Mauro Lima. Em “Mundo Cão”, ele vive Santana, um pai de família que trabalha recolhendo cães abandonados das ruas. 11 ENTREVISTA BABU SANTANA Como é interpretar um personagem que foi escrito para você? Foi uma alegria imensa. Esse argumento começou ainda no lançamento de “Estômago”, quando o Lusa (Silvestre, roteirista) me contou que estava escrevendo um novo filme e o protagonista se chamava Santana. Eu disse: “nossa, que coincidência!” (risos). Aí ele me explicou que estava pensando em mim e fiquei muito empolgado! Quando estavam para começar as filmagens, eles me pediram para fazer um teste e achei isso bem digno, já que eles precisavam ter certeza se eu estava apto para o personagem. Consegui convencê-los! É mar avilhoso ter profissionais deste gabarito pensando no seu trabalho de uma forma tão especial. Sim, afinal somos mesmo todos assim: temos um anjo e um demônio dentro da gente. Em um momento em que a justiça com as próprias mãos é um assunto bastante em voga, o que você pensa sobre a atitude tomada pelo Santana? É o instinto animal que o ser humano tem parecido com o cachorro. Por mais dócil que seja a criatura, se você mexe com a cria e os amores dela, ela vira uma fera. . E como foi contracenar com aqueles cães enormes? Você interpreta um tipo de personagem que não é muito frequente na sua trajetória. Como foi essa mudança para você? Como o personagem foi inspirado em mim, me identifiquei muito. Tenho uma cara meio dura, mas sou gente boa (risos). Sou legal, tranquilo. A maior complexidade em construir o Santana foi essa; ele é muito próximo de mim quando se trata de gênio e humor. No mercado, fiz personagens muito pesados, então foi uma experiência boa fazer alguém tão diferente. Nenhum personagem nesta história é essencialmente bom ou ruim. Você acha que isso dá maior credibilidade à história e pode causar mais identificação por parte de quem está assistindo ao filme? . 12 No começo foi complicado porque tenho muito receio de cachorro. Mas era engraçado porque no final, o bicho que tinha que ser super feroz estava bem nosso amigo. Foi um pouco paradoxal até e usei isso para construir o Santana: o rottweiler era aparentemente um bicho muito agressivo, mas por trás era um poddle (risos)! Trabalhar com criança e cachorro é uma tensão, mas sempre uma alegria. . ENTREVISTA BABU SANTANA E no filme você contracenou com o Vini Carvalho, no primeiro papel dele. Nossa, ele é uma das maiores revelações dos últimos tempos! Ele segurou a onda das cenas mais emocionantes como um veterano. Ele diz nas entrevistas que ficamos amigos e isso é muito verdade. Não vejo a hora de poder indicar ou trabalhar com ele de novo, como tive a sorte de trabalhar com a Thainá Duarte em “I Love Paraisópolis”. Uma menina linda que está começando uma carreira linda também. Seu personagem é um baterista amador. Você tem um lado musical aflorado pelo seu trabalho com o Nós do Morro? Depois de fazer essas aulas de bateria para o filme, essa questão musical ficou muito latente em mim. Tanto que estou montando uma banda em que vou ser vocalista, chamada Os Cabeças de Água Viva. 13 Lázaro Ramos Um dos atores mais premiados de sua geração e cuja carreira se confunde com a história recente do cinema nacional, Lázaro Ramos estreou como protagonista no cinema em 2002, em “Madame Satã”, filme de Karin Aïnouz. Ao longo da carreira, atuou em filmes importantes da cinematografia brasileira como “Carandiru”, de Hector Babenco; “Cidade Baixa”, de Sergio Machado; “Ó Pai, ó”, de Monique Gardenberg, entre outros. Em “Mundo Cão”, o ator vive Nenê, um homem de índole duvidosa que só confia em seus cães de estimação. 14 ENTREVISTA LÁZARO RAMOS Como foi interpretar um personagem tão inédito na sua carreira? O filme não deixa claro quem é o vilão e quem é o mocinho daquela história. Ainda sem usar essas classificações, é um papel muito interessante porque nunca fiz nada parecido. Ele não obedece à lógica do que foi estabelecido para os personagens que existe aí fora. Isso foi muito bom para mim porque fez com que eu me exercitasse em outro lugar. Nenhum personagem nesta história é essencialmente bom ou ruim. Você acha que isso dá maior credibilidade e pode causar uma identificação maior por parte de quem está assistindo ao filme? Isso é maravilhoso especialmente em um período em que os conceitos de ética, justiça e moral estão sendo tão debatidos. Fazer um filme como esse, no qual os personagens não correspondem à cartilha do maniqueísmo, é muito legal. Isso torna a história mais interessante porque todo mundo que está sendo retratado ali pode acabar nos surpreendendo em algum momento. Em um momento em que a chamada “justiça com as próprias mãos” anda sendo tão discutida, como você acha que “Mundo Cão” dialoga com a atualidade? . Não tem como não fazer uma ligação direta e levar uma reflexão para quem assiste ao filme. Quando se fala em justiça com as próprias mãos, a gente só 15 leva em consideração o resultado e não aquilo que levou a pessoa a ter determinada atitude. Não é assim que se conduzem as coisas. Como o filme mostra onde nasce esse sentimento de vingança, talvez ele contribua bastante nessa discussão. O que você pensa das atitudes do Nenê? Antes de tudo, ele é um cara que leva suas paixões ao extremo; seja o que ele sente pelo futebol ou pelos cachorros. Isso faz com que ele esteja constantemente passando dos limites. É o que torna o Nenê um personagem interessante porque eu, por exemplo, não sou tão apegado a nada. Ao fazer esse personagem, me vi obrigado a entender o que faz com que uma pessoa cruze o que é aceitável dentro de uma sociedade por causa de uma paixão. Você nunca teve uma ligação com algum animal de estimação assim como o Nenê? Já! Tive uma cadelinha chamada Felina, curiosamente (risos). Na época, ainda era solteiro, então ela ficava muito tempo sozinha dentro de casa. Apesar de ela me fazer companhia e gostar muito de mim, eu percebi que estar tanto tempo solitária não estava fazendo bem para ela. Não achei correto deixar o animal sofrendo e acabei dando ela. Adorava aquela cachorrinha! Mas o amor era tão grande que me fez abrir mão dela. ENTREVISTA LÁZARO RAMOS Foi tranquilo contracenar com os cães? Em um primeiro momento, foi um pouco apavorante (risos)! Eu tinha muito pouca informação sobre esse tipo de cachorro de porte grande e com caninos tão evidentes. Então senti muito medo. Mas o trabalho de preparação me fez perceber que o animal é fruto daquele que o cria. Acabei criando uma relação de afeto com aquelas ditas feras. A relação entre o Nenê e o João talvez tenha sido a mais profunda. Como foi trabalhar com o Vini Carvalho em seu primeiro papel como ator? O Vini é muito intuitivo e soube tirar proveito disso. Todas as cenas que a gente fazia, mesmo que tivesse uma repetição grande, sempre vinha com frescor. Conseguir se manter espontâneo fazendo uma cena é um grande talento para uma criança que não tem experiência nenhuma. A cada take ele ia me surpreendendo e isso me ajudou muito. O que você mais gostou quando leu “Mundo Cão” pela primeira vez? É difícil encontrar um roteiro como esse que mantenha um suspense do início ao fim. Quando recebi a história, fiquei louco para fazer o filme porque li tudo em uma tarde. Era quase um romance muito bem escrito em que você quer saber qual será o próximo passo de cada personagem. É um grande mérito do filme e foi o que mais me motivou a aceitar o convite. . 16 Thainá Duarte “Mundo Cão” é seu filme de estreia e a primeira incursão de Thainá no universo cinematográfico. Descoberta pela produção do filme, seu talento inato já despontava desde as primeiras seleções de elenco, onde mais de 70 atrizes foram testadas. No longa-metragem de Marcos Jorge, Thainá vive Isaura, a filha adolescente e deficiente auditiva de Santana. Em 2015, a atriz integrou o elenco da novela “I Love Paraisópolis”. 17 ENTREVISTA THAINÁ DUARTE Você largou a faculdade de Engenharia de Produção para se dedicar a carreira de atriz. Como foi essa mudança? Já queria ser atriz há bastante tempo e vinha fazendo testes para isso. Quando chegou a época do vestibular, desencanei e optei por algo mais seguro. Logo apareceu a oportunidade de fazer o filme e pude fazer o que queria desde o início. Então não foi complicado tomar essa decisão. Não precisei pensar muito (risos). . Quando você soube que seu dom era a atuação? Sempre fui muito teatral, de fazer gracinhas. Minha família sempre me falou que eu deveria ser atriz e eles me apoiaram desde o início. Como foi trabalhar em “Mundo Cão”, seu primeiro filme? Tive uma preparação muito grande com o Bruno Costa (preparador de elenco) e ele esteve comigo durante a maior parte do tempo. Foi tranquilo, apesar de eu estar aprendendo. Contracenei com grandes nomes e isso foi bastante intenso. Mas me senti à vontade e bastante segura com a base que consegui com o workshop. Como foi a preparação para viver uma adolescente que tem deficiência auditiva? Frequentei escolas de crianças surdas e convivia com eles durante o dia inteiro. 18 Fiz amizade e conversava com eles pela internet. Esse contato com uma galera da idade da Isaura me ajudou muito. Além de aprender Libras e os trejeitos de cada um deles, tive contato com a personalidade de um jovem, que acaba sendo completamente diferente dos adultos. Quais são seus próximos planos na carreira? Estou adorando trabalhar com TV porque ela nos dá uma rapidez e nos ensina muito. Mas o cinema traz uma delicadeza diferente, com toda uma preparação em cima daquele personagem que nos dá domínio total sobre ele. É apaixonante. Vini Carvalho Vini Carvalho nunca esperava ser ator. Descoberto por acaso através de uma fotografia tirada durante um casamento, encaixava-se perfeitamente no perfil do personagem João. Durante os testes de elenco, foi lapidando seu talento recémdescoberto, vencendo o desafio de contracenar com atores experientes como Babu Santana, Adriana Esteves e Lázaro Ramos. Em “Mundo Cão”, ele vive o pequeno João, menino de 10 anos que vê sua vida alterada drasticamente por problemas do pai. 19 ENTREVISTA VINI CARVALHO Como foi atuar pela primeira vez? Foi bem legal. A chance apareceu totalmente por acaso. Não tinha nem noção de como era e aprendi muito! Você trabalhou com grandes nomes, como Babu Santana, Lázaro Ramos e Adriana Esteves. Já conhecia o trabalho deles? Já os tinha visto na TV e estar ao lado deles foi muito bom. A gente conversava muito e eles me davam vários toques. Sempre falando que eu estava indo muito bem. Em algum momento você ficou ansioso com as cenas que estavam sendo gravadas? Fiquei meio nervoso porque era a primeira vez que eu estava fazendo aquilo e também por causa da história, que era muito tensa. Teve uma cena muito difícil que foi gravada no Pacaembu e eu tinha que chorar. Como ela teve que ser repetida várias vezes, no final eu já não estava mais conseguindo. E como foi estar ao lado de vários cachorros? Não tive medo, não. Gostei muito deles. Eles eram bonzinhos e deixavam a gente fazer carinho. 20 Depois de ter feito seu primeiro filme, você pretende continuar na carreira de ator? Sim, antes eu queria ser jogador de futebol, agora quero ser ator. Participações Especiais Milhem Cortaz Um dos rostos mais reconhecidos do cinema, teatro e televisão brasileiros, Milhem Cortaz começou sua trajetória artística há mais de vinte anos pelo Teatro Piccolo de Milão, uma das companhias mais prestigiadas da Europa. Passou pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, e conquistou prêmios como APCA, Aptesp e Shell. No cinema, viveu personagens nos filmes “Carandiru”, de Hector Babenco; “O Cheiro do Ralo”, de Heitor Dhalia; “Lula, O Filho do Brasil”, de Fábio Barreto; e “Tropa de Elite” 1 e 2, de José Padilha, no qual viveu seu personagem mais icônico no cinema, o Capitão Fábio. Em “Mundo Cão”, ele é Cebola, braço direito e principal comparsa de Nenê (Lázaro Ramos). 21 Participações Especiais Paulinho Serra Paulinho é ator, humorista, apresentador de TV e radialista. Iniciou a carreira no teatro com o grupo Deznecessários, ao lado de Tatá Werneck, Marcelo Marrom, Rodrigo Capella, Maíra Charken e Miá Mello. Trabalhou nos programas “Pânico”, pela rádio Jovem Pan, e “Pânico na TV”. No cinema, interpretou papéis nos filmes “Copa de Elite” de Vitor Brandt; “Mato Sem Cachorro”, de Pedro Amorim; e “Os Normais 2”, de José Alvarenga Jr. Em “Mundo Cão” ele dá vida à Ramiro e divide com Santana (Babu Santana) o trabalho no Departamento de Combate às Zoonozes. 22 Participações Especiais Antonio Ravan Ator, roteirista, diretor teatral e psicólogo especializado em psicodrama, Antonio Ravan é reconhecido por papéis nas minisséries “Amazônia” e “A Diarista”. No cinema, participou dos filmes “O Casamento de Romeu e Julieta”, de Bruno Barreto; e “Querô”, de Carlos Cortez. Em “Mundo Cão”, ele é Banzé, motorista da van do Departamento de Combate às Zoonozes e completa a trinca com Santana e Ramiro na captura por animais abandonados pela cidade. . 23 Perfil dos Cães Dragão (Nero) Discreto e arredio ao estrelato, Dragão observava à distância seus companheiros mais badalados disputarem o personagem de Nero. Mas com seu porte digno de prêmios era impossível passar despercebido e ele acabou conquistando o papel ao se revelar um ator seguro no set, passando confiança a quem contracenou com ele. Com uma interpretação que ia do bravio ao bondoso, Dragão é um rottweiler amável e confiável, mas parece um dragão mesmo. Tony (Herodes) O mais experiente do elenco canino, Tony tem em seu currículo a participação em vários comerciais de TV. Dócil e de excelente temperamento, adora a vida em família. Ágatha (Salomé) Irmã de Tony, ela é treinada desde filhote e está acostumada aos mais diversos tipos de cena. Atriz profissional, é muito desenvolta em frente às câmeras e sabe responder com obediência aos comandos do diretor. Noris (Calígula ou Vampeta) Filhote alegre, destemido, seguro e tranquilo. Sem nenhum treinamento prévio, brincou muito durante o adestramento e aprendeu rapidamente os truques necessários para os papéis de Calígula ou Vampeta. 24 Trabalho com o elenco canino Uma máxima no mercado cinematográfico é que os maiores desafios para um diretor são filmagens que envolvem crianças e animais. “Quando se trabalha com animais não existe cena simples. O diretor perde muito de seu poder pois ele não pode simplesmente dar indicações para um cachorro”, diz Marcos Jorge. No caso de “Mundo Cão”, o casting envolveu seis cachorros das raças dobermann e rottweiler, o que amplificava o desafio para a equipe. Se no filme os cães são treinados por Nenê para serem agressivos e atacarem seus inimigos, os animais na vida real ganham um tratamento completamente diferente. Ficou sob a responsabilidade de Elias de Oliveira, da Alternativa Dogs Show, o árduo treinamento deles, enquanto Alexandre Rossi, fundador da empresa Cão Cidadão, fez um acompanhamento de tudo o que acontecia durante o trabalho. “Os animais precisam se divertir. Aquilo tem que ser uma brincadeira para eles e ninguém pode exigir mais do que eles podem dar. Foi a preocupação do diretor que me fez aceitar esse trabalho, já que tenho cada vez menos tempo para trabalhar com cinema e publicidade. Marcos Jorge queria que tudo fosse bem feito e que os cães tivessem o melhor cuidado do mundo e foi dessa forma que seguimos o trabalho”, explica Alexandre, que também fez uma fiscalização documentada de tudo o que acontecia. Treinador sério, ético e preocupado com o bem-estar dos animais, Elias de Oliveira preparou os cães com base em reforço positivo. Eles respondiam a comandos e ganhavam petiscos quando faziam o que era pedido pelo treinador. Alexandre acompanhou o processo de perto. “Minha função era supervisionar e alertar possíveis problemas. Era uma combinação complicada: cães de grande porte, crianças e atores muito conhecidos. Mas acabou dando tudo certo e o bem estar dos animais foi assegurado, o que é mais importante”, diz ele. . 25 Roteiro Há algumas décadas, antes de ser sancionada a lei que proíbe o sacrifício de animais sadios, era comum avistar funcionários que trabalhavam recolhendo cachorros nas ruas. A famosa – e temida – carrocinha permeava o imaginário de crianças que morriam de medo de perder seus companheiros de estimação. Foi essa memória de infância que inspirou Marcos Jorge a escrever o argumento do filme “Mundo Cão”. “Cresci na periferia de Curitiba e tinha um cachorro que vivia solto, então morria de medo que levassem ele embora. Por outro lado, os 'laçadores de cães' me fascinavam por ser o que tínhamos de mais parecido com os caubóis”, lembra o diretor. Essa dualidade, associada à fascinação que o roteirista tinha por profissões peculiares, foi o pontapé inicial para escrever a história de Santana (Babu Santana). O protagonista do filme é empregado do Departamento de Combate às Zoonoses de São Paulo e se vê em uma complicada situação depois de recolher o rottweiler de Nenê (Lázaro Ramos) – personagem inspirado nos donos de morro cariocas e nos milicianos de São Paulo. Junto com Lusa Silvestre (seu parceiro também no longa-metragem “Estômago”), ele escreveu o roteiro e após diversos tratamentos a história ganhou sentido e profundidade. “Marcos tinha esse personagem guardado na cabeça e nós dois queríamos escrever uma história sobre vingança: somos pais e queríamos investigar o fato de que pensávamos poder ir até o fim do mundo atrás de quem prejudicasse nossas famílias”, conta Lusa, que admite ter usado muito da própria intuição para 26 Roteiro desenvolver os personagens. Marcos acrescenta: "Sobretudo nos interessava a questão fundamental de até onde o cidadão pode ir para garantir seus direitos, e as questões éticas aqui implicadas". . O grande desafio foi amarrar de maneira coerente as inúmeras reviravoltas que o filme possui, de maneira que elas fizessem sentido para o público. “É um susto a cada 15 minutos, todos com base na realidade. Enquanto escrevíamos, surgiam ideias que nos pareciam muito cruéis para com os protagonistas. A gente se perguntava se isso aconteceria na vida real e no dia seguinte aparecia uma notícia cabeluda no jornal que nos fazia ter certeza do óbvio: por mais que o ficcionista seja implacável, na vida há sempre coisas piores acontecendo”, continua Lusa. “Mundo Cão” aborda principalmente a questão da justiça, em seu sentido mais amplo. Embora não se trate de um filme de denúncia, ele expõe as incapacidades do sistema policial e judiciário para tratar de problemas civis, incluindo o trato de pessoas desaparecidas e a punição para quem comete crimes. Nada mais atual, num momento em que tanto se discute sobre o papel do cidadão. Por tudo isso, é difícil dividir os personagens de uma forma maniqueísta. “Gosto de pensar que isso conecta meu cinema profundamente com a realidade, já que também acho que as pessoas nunca são exatamente aquilo que aparentam ser”, explica Marcos Jorge, ressaltando que uma das perguntas que melhor sintetiza essa história é: “quem é o mocinho do filme?” Já Lusa, resume: “'Mundo Cão' tem esse nome porque assim é a vida”. . 27 Trilha Sonora A trilha sonora ajuda a narrar a história de um filme para seu público. No caso de “Mundo Cão”, o suspense psicológico prende a atenção do espectador e as reviravoltas ao longo do filme são pontuadas por músicas que se relacionam bem com o drama que está sendo contado. “Um filme de suspense precisa saber dosar a tensão. Às vezes enganar e dar uma aliviada para o público conseguir relaxar. É como uma maratona: você precisa ter energia até o fim”, brinca Maurício Tagliari, responsável pelas músicas do longa-metragem. A inspiração veio de vertentes afro-americana-brasileira contemporâneas - tudo a ver com o estilo do protagonista Santana (Babu Santana), que usa seu tempo livre para aperfeiçoar sua técnica de baterista amador. Ao longo do filme, instrumentos musicais aparecem para reforçar traços psicológicos de alguns personagens, cujos temas são utilizados de maneira bem livre. “As personalidades dos antagonistas são reforçadas pelos estilos musicais. O Nenê (Lázaro Ramos) é um cara mais sombrio, mais funk e batidão. Tentei passar algo de mistério com até mesmo um toque de vodoo. Já o Santana é aquele cara que ama música, toca bateria e ouve Tim Maia. Muito mais alto astral”, compara Maurício. O thriller conta ainda com momentos de humor negro e se passa num passado recente, num universo social muito bem definido. Por conta disso, a música passeia por climas diversos e explora gêneros como samba-rock, funk, balada-soul e R&B. “A música lida com emoções diferentes como amor, medo e desespero. Tentamos ser bastante detalhistas com o sentimento correto para cada cena”, avalia. . 28 Produção Além de cuidar de diversas questões durante a execução de um filme, um produtor precisa ter um dom além – quase um sexto sentido: saber antecipar os problemas. Por conta disso, o trabalho deste membro fundamental da equipe técnica começa muito antes das filmagens no set. Em um filme que envolve cães ferozes e jovens atores em seus primeiros papéis, o desafio chega a ser maior ainda. . Quem ficou responsável por cuidar de todos os detalhes de “Mundo Cão” foi Cláudia da Natividade, uma das fundadoras da Zencrane Filmes. “Gosto de trabalhar com um grande planejamento para poder lidar com todos os eventos que podem vir a acontecer. É uma verdadeira arte a de saber resolver os problemas de uma maneira muito rápida para não criar uma tensão que pode atrapalhar tudo”, explica. A grande questão com a qual Cláudia precisou lidar foi o tratamento dos cachorros durante as filmagens. Em um país que justamente luta pelo direito dos animais, era preciso criar um ambiente que fosse confortável e promovesse diversão para o elenco canino. Cada um deles foi escolhido por seu comportamento e não necessariamente pela ferocidade que transmitiam em cena. “Era preciso ter uma segurança muito grande para os atores, mas também fazer um trabalho que fosse totalmente consciente com os cães”, explica Claudia. 29 Produção Outra dificuldade foram as locações externas: foram quase 30 lugares diferentes para poucas semanas de trabalho. Dentre as mais complicadas, Cláudia ressalta a cena rodada no Pacaembu, com centenas de figurantes e um “drone” e que parece rodada durante um jogo de futebol, e a filmada no Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo. “Foram lugares que precisaram de muita burocracia para conseguirmos entrar”, lembra. . Ao longo do processo de trabalho, Cláudia contou com a grande parceria de Iafa Britz e da Migdal Filmes. “Enquanto a Cláudia estava mais presente no dia a dia das filmagens, eu tinha um trabalho mais geral, como o estabelecimento de parcerias. Trabalhamos em equipe e misturamos uma produção do Rio com uma de Curitiba para um filme rodado em São Paulo. Foi uma junção de olhares muito interessante”, comemora Iafa, ressaltando que a atualidade do tema da justiça pelas próprias mãos foi que a fez comprar o projeto assim que leu o roteiro. Com mais de dez anos de experiência no mercado audiovisual, Cláudia destaca o cuidado da produtora de conteúdo com as condições de seus projetos. “É o que nos diferencia de outras empresas do ramo, pois sempre colocamos a qualidade técnica e artística em primeiro lugar”, diz. . 30 Produção Produtora de conteúdo que atua há mais de dez anos nos mercados de audiovisual e de livros de arte, a Zencrane Filmes obteve, nestes anos, mais de 100 prêmios em festivais cinematográficos no Brasil e no exterior. É a produtora de “Estômago”, um dos filmes brasileiros de maior repercussão nacional e internacional dos últimos anos. Coproduzido entre Brasil e Itália, distribuído em salas de cinema de 26 países, "Estômago" foi o filme brasileiro mais premiado, nacional e internacionalmente, no biênio 2008-09, quando venceu 39 prêmios (16 deles internacionais). Além disso, "Estômago" teve o maior número de indicações para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2009 (da Academia Brasileira de Cinema, o “Oscar” brasileiro), tendo vencido os mais importantes: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Melhor Filme pelo Público e Melhor Ator Coadjuvante. O filme foi considerado, pelos críticos de cinema do jornal O Globo, o Melhor Filme de 2008 (em igual mérito ao americano “Sangue Negro”), além de ter vencido os principais Prêmios da Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil em 2009 (equivalentes, no Brasil, aos “Golden Globe”): Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Ator. Em 2011 a empresa lançou “Corpos Celestes”, vencedor de vários prêmios no Brasil e distribuído em diversos mercados internacionais. “Mundo Cão” é o seu terceiro longa-metragem de ficção. 31 Produtora de conteúdo diversificado, a Migdal Filmes produziu: “Nosso Lar”, filme que levou mais de quatro milhões de espectadores ao cinema; “Totalmente Inocentes”, primeiro filme 100% digital, que esteve entre as melhores comédias no ano de seu lançamento; e em 2013 lançou “Minha Mãe É Uma Peça”, protagonizado pelo humorista Paulo Gustavo, que alcançou a maior bilheteria de 2013 com 4,6 milhões de espectadores. Em 2014, lançou nos cinemas, a emblemática história da freira baiana “Irmã Dulce”. Para televisão, produziu o sucesso de público “220 Volts” (quatro temporadas); o “Fantástico Mundo de Gregório”, eleito um dos melhores programas de 2012 de TV pelo O Globo; as séries “De Volta pra Pista” e “Alucinadas”; e o reality “Paulo Gustavo na Estrada”, todos exibidos no Multishow. Atualmente exibe o documentário musical “Musica.doc” na MTV e estreia a terceira temporada da série “As Canalhas” no GNT. Em 2015, a produtora lançou o documentário musical “Cássia”, sobre a cantora Cássia Eller, e o longa-metragem “Casa Grande”, ganhador de três prêmios do festival de Toulouse, quatro prêmios no Festival de Paulínia e eleito pelo júri popular do Festival do Rio como melhor filme. Ainda em 2015, a Migdal levou aos cinemas a comédia “Linda de Morrer”,estrelada por Glória Pires. Coprodução Desde 1998, a Globo Filmes já participou de mais de 160 filmes, levando ao público o que há de melhor no cinema brasileiro. Com a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria audiovisual nacional, a filmografia contempla vários gêneros, como comédias, infantis, romances, dramas e aventuras, apostando em obras que valorizam a cultura brasileira. A Globo Filmes participou de alguns dos maiores sucessos de público e de crítica como 'Tropa de Elite 2', 'Se Eu Fosse Você 2', '2 Filhos de Francisco', 'O Palhaço', 'Getúlio', 'Carandiru', 'Nosso Lar' e 'Cidade de Deus' – com quatro indicações ao Oscar. Suas atividades se baseiam em uma associação de excelência com produtores independentes e distribuidores nacionais e internacionais. Paramount Pictures Corporation (PPC), uma produtora e distribuidora global de entretenimento audiovisual, é uma unidade da Viacom (NASDAQ: VIA, VIAB), uma das companhias líderes em conteúdo, com marcas reconhecidas e respeitadas no cinema, televisão e entretenimento digital, incluindo a Paramount Pictures, Paramount Animation, Paramount Vantage, Paramount Classics, Insurge Pictures, MTV Films e Nickelodeon Movies. As operações da PPC também incluem a Paramount Home Media Distribution, Paramount Pictures International, Paramount Licensing Inc. e Paramount Studio Group. . 32 Fundada em 1998 pelo diretor, ator, produtor e cineasta Daniel Filho, a Lereby está relacionada – como produtora, coprodutora ou produtora associada – a filmes de importância cultural e a grandes bilheterias brasileiras. Em uma década de existência, a Lereby traz em seu currículo longas-metragens como “Confissões de Adolescente” (2014), “Chico Xavier” (2010), “Tempos de paz” (2009), “Se eu fosse você 2” (2009), “Primo Basílio” (2007), “Muito gelo e dois dedos d'água” (2006), “Se eu fosse você” (2006), “A Dona da história” (2004), “Cazuza - o tempo não para” (2004), “Sexo, amor e traição” (2004), e “A Partilha” (2001). Como produtora associada, foi corresponsável pelos sucessos “2 filhos de Francisco” (2005), “Carandiru” (2003), “Cidade de Deus” (2002) e “O Auto da compadecida” (2000), entre muitos outros. Usando a prática adquirida em comunicação e produções cinematográficas, a Lereby cada vez mais diversifica seu foco, investindo em outras áreas e mídias, como televisão, teatro e DVDs. Distribuidores A Paris Filmes é uma empresa brasileira que atua no mercado de distribuição, produção e exibição de filmes, primando pela alta qualidade cinematográfica. Além de distribuir grandes sucessos mundiais, como o premiado “O Lado Bom da Vida”, que rendeu o Globo de Ouro® e o Oscar® de Melhor Atriz a Jennifer Lawrence em 2013, e ”Meia-Noite em Paris”, que fez no Brasil a maior bilheteria de um filme de Woody Allen, também distribui os maiores sucessos do cinema nacional, como as franquias “De Pernas Pro Ar” e “Até Que a Sorte nos Separe”. Em 2014 a Paris lançou o vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes 2013, “Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum”, dos irmãos Coen; o aguardado “O Lobo de Wall Street”, de Martin Scorsese e o terceiro capítulo de Jogos Vorazes, estrelado por Jennifer Lawrence, que marcou o recorde de lançamentos em salas de cinema de 2014 - “A Esperança – Parte 1”. No ano de 2015, a Paris distribuiu nos cinemas os aguardados "Mapas Para as Estrelas", de David Cronenberg (Melhor Atriz no Festival de Cannes – Julianne Moore); a primeira adaptação animada da obra-prima de Antoine de SaintExupéry, “O Pequeno Príncipe”; e as continuações A Série Divergente: “Insurgente”e o esperado final de Jogos Vorazes em “A Esperança – O Final”, além das sequências de grandes sucessos brasileiros: “Divã a 2”, “Meu Passado me Condena 2” e “Até Que a Sorte nos Separe 3”. 33 Fundada em 2006 por Bruno Wainer, que tem em seu currículo a distribuição de alguns dos maiores sucessos do cinema brasileiro, entre os quais “Olga”, “Os Normais”, “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”, a Downtown Filmes especializou-se a partir de 2008 na distribuição exclusiva de filmes brasileiros. Isso garantiu à empresa o lançamento de grandes sucessos nacionais, entre eles: “Meu Nome Não é Johnny”, “Divã”, “Chico Xavier”, “De Pernas Pro Ar 1 e 2” e “Minha Mãe é uma Peça”, “Até Que a Sorte Nos Separe 1 e 2”, “Tim Maia”, “Os Homens São de Marte...e é pra lá que eu vou” e “O Candidato Honesto”. O ano de 2015 começou forte para a distribuidora, com o lançamento do filme “Loucas pra Casar”, que já ultrapassou 3,5 milhões de espectadores. Desde sua fundação (em 2006) até o momento, a Downtown Filmes acumulou mais de 60 milhões de ingressos, o que a elevou a categoria de principal distribuidora de filmes nacionais do país.