Visões da natureza: poética, artificialismo e ciência

Transcrição

Visões da natureza: poética, artificialismo e ciência
VISÕES DA NATUREZA: POÉTICA, ARTIFICIALISMO E CIÊNCIA
PROF. DR. HUGO FORTES
Objetivos:
- Apresentar um panorama de obras de arte que discutam a questão da natureza em suas
diferentes abordagens, que oscilam entre o racionalismo científico e o simbolismo
poético.
- Discutir as mudanças no conceito de paisagem ao longo do tempo e alterações da
percepção artística da natureza no final do século XX, tendo em vista a interferência da
ciência no mundo contemporâneo.
- Problematizar as questões da ecologia e natureza na arte contemporânea, discutindo
sua interação com a ciência.
- Discutir a artificialidade da natureza contemporânea e sua percepção artística.
Justificativa:
A natureza encontra-se hoje esquadrinhada pela ciência e torna-se cada vez mais
artificial. A produção da imagem da paisagem contemporânea, além de ser informada
por toda a produção artística histórica anterior à atualidade, incorpora concepções e
modelos advindos da biologia, da arquitetura e da engenharia, da física, da meteorologia
e das mais variadas ciências. Principalmente a partir do século XVIII diversos artistas
"naturalistas" registraram a natureza em suas particularidades objetivas, criando
imagens que serviram muitas vezes para estudos científicos de botânica e geografia, por
exemplo. O artista contemporâneo tem acesso a essas imagens e sua visão de mundo já
vem contaminada por elas e por outras imagens fotográficas e midiáticas ou por gráficos
científicos que descrevem o mundo a partir de um ponto de vista diverso daquele da
atividade artística. A relação atual do artista com a natureza não é mais tão direta e
fundante, mas está sujeita à interferência de camadas de sentido oriundas da ciência e da
comunicação social. Assim, faz-se necessário realizar um estudo retrospectivo das
abordagens da natureza na arte, destacando as mudanças de paradigmas ocorridas na
contemporaneidade. O aumento da consciência ecológica que ocorre
concomitantemente com a maior intervenção tecnológica sobre a paisagem e a criação
de seres híbridos e artificiais exige do artista uma visão ampla da relação entre homem e
natureza, para que ele desenvolva sua poética não de maneira ingênua e alienada, mas
consciente de seu papel como participante ativo nas discussões do mundo natural.
Conteúdo:
1. Introdução à questão da natureza na arte
2. Os artistas naturalistas e a ilustração científica a partir do século XVIII
3. Karl Blossfeldt e a fotografia botânica
4. Arte povera e a dialética natureza x cultura
5 Ecos do racionalismo científico na arte contemporânea: Mark Dion e Walmor Corrêa
6. Classificações, colecionismo e museologia: Marcel Broodthaers, Mabe Bethônico,
Alberto Baraya.
7 A invenção da paisagem segundo Anne Cauquelin
8. Land Art e a crítica ecológica
9. Garden art, ecologia, política e poética: Herman de Vries, Ian Hamilton Finlay,
Reinhard Krehl..
10. Olafur Eliasson e a paisagem como artificialidade construída
11. O artista como cientista: bioart, pós-humano e pós-animal
12. A imagem eletrônica da natureza.
13. A paisagem vernacular segundo John Brinckerhof Jackson
14. Seminários
15. Seminários
Bibliografia:
ADAM,Hans Christian. Karl Blossfeldt. Köln, Taschen, 2004.
ACOSTA, Daniel A. Paisagem Portátil: Arquitetura da natureza estandardizada. Tese de
Doutorado, São Paulo: ECA/USP, 2005.
BURT, Jonathan. Der Post-humane mensch und das post-animale tier. In: ULLRICH,
Jessica et al. Ich das Tier. Tiere als Persönlichkeiten in der Kulturgeschichte. Berlin:
Reimer Verlag, 2008.
CANTON, Kátia(org.). Poéticas da Natureza.São Paulo: PGEHA/Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2009.
CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007
CORRIN, Lisa Grazione. Mark Dion. London: Phaidon, 1997.
DEAN, Tacita; MILLAR, Jeremy. Art Works Zeitgenössische Kunst: Ort.
Hildesheim:Gerstenberg Verlag, 2005.
DI FELICE, Massimo. Paisagens pós-urbanas: o fim da experiência urbana e as formas
comunicativas do habitar.São Paulo: Anablume, 2009.
DOPPLER, Elke; STORCH, Ursula. Garten Kunst. Wien: Holzhausen Nfg., 2002.
DORFLES, Gillo. Natureza y Artifício. Lumen, 1972.
ELIASSON, Olafur; Grynstejn, Madeleine et. al. Olafur Eliasson. London : Phaidon
Press, 2002
ELIASSON, Olafur. Your Engagement has Consequences. On the Relativity of Your
Reality. Baden/Switzerland: Lars Müller Publishers, 2006
FRANZEN, Brigitte; KREBS, Stefanie. Landschaftstheorie. Köln: Verlag der
Buchhandlung Walther König, 2005
GILBERT, Pamela. John Abbott. Birds, Buterflies and Other Wonders. Londres:
Merrell Holberton Publishers and The Natural History Museum. 1992.
GOETZ, Ingvild; MEYER-STOLL, Christiane(ed.). Arte Povera: Arbeiten und
Dokumente aus der Sammlung Goetz 1958 bis heute. München: Kunstverlag Ingvild
Goetz G.m.b.H., 1997.
HOBBS, Robert. Robert Smithson: a retrospective view. Ithaca, New York: Herbert F.
Johnson Museum of Art, Cornell University, s.d.
JACKSON, J.B. (ed.), ‘Concluding with Landscapes’, in J.B. Jackson (ed.) Discovering
the Vernacular Landscape; New Heaven: Yale University Pres, 1984, pp. 145-158.
JACKSON, John Brinckerhoff. Landschaften. Ein Resümee (1984) In: FRANZEN,
Brigitte et KREBS, Stefanie. Landschaftstheorie. Texte der Cultural Landscape Studies.
Köln: Verlag der Buchhandlung Walther König, 2005
KAC, Eduardo. Signs of Life: Bio Art and Beyond. Cambridge: MIT Press, 2007.
KASTNER, Jeffrey. (ed.). Land and environmental art. London : Phaidon Press, 1998.
LAABS, Annegret. La Poetica dell’ Arte Povera. Magdeburg: Kunstmuseum Kloster
Unser Lieben Frauen, Hatje Cantz Verlag, 2003
MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
PAREYSON,Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
PAREYSON, Luigi. Estética: Teoria da Formatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
TRIMER, Nelsita F. de Campos (Org.). Ciência, história e arte: obras raras e especiais
do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. São Paulo: EDUSP :
FAPESP, 2009
ULLRICH, Jessica et al (Hrsg.). Ich das Tier. Tiere als Persönlichkeiten in der
Kulturgeschichte. Berlin: Reimer Verlag, 2008.
VIEIRA, Maria Elena Merge. O jardim e a paisagem: espaço, arte, lugar. São
Paulo:Annablume, 2007.
WULLEN, Moritz. Natur als Vision. Katalog der Ausstellung der Tate Britain in
Zusammenarbeit mit der Alten Nationalgalerie Berlin. Berlin: SMB DuMont, 2004.
Forma de avaliação:
Avaliação Continuada e Trabalho final