HISTÓRICO O município de Conselheiro Pena está situado

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HISTÓRICO O município de Conselheiro Pena está situado
HISTÓRICO
O município de Conselheiro Pena está situado às margens do Rio Doce,
na região Leste do estado de Minas Gerais. O Rio Doce, ou “vatu”, como era
chamado pelos índios da região, nasce próximo à Barbacena, na junção das
serras da Mantiqueira e do Espinhaço. Ao longo de seu percurso recebe as
águas de vários afluentes, até desembocar no Oceano Atlântico, ao norte da
cidade de Vitória, capital do Espírito Santo.
O Rio Doce foi ponto de entrada de inúmeras expedições vindas da
Bahia e, posteriormente, de São Paulo, em busca de riquezas minerais e de
índios para serem utilizados como escravos. O grupo indígena que ocupava
esta região pertencia ao ramo dos Botocudos.
“O nome Botocudo é de origem portuguesa pelo fato destes índios
usarem como ornamento botoques de uma madeira leve e branca, chamada
barriguda (bombax ventriculosa) em seus lábios e orelhas”.1.
Este povo, composto por várias tribos que tinham os mesmos usos e
costumes, dominava um grande território que se espalhava pelos Vales do Rio
Doce, Jequitinhonha e parte do Espírito Santo.
“Compõem, pois, o bloco botocudo, no consenso geral, que utilizava
esses pontos de vista às vezes díspares, os gracnuns, os machacalis, os
maconis, os malalis, os nacnenuques, os pojichás e os quejaurins, que
povoavam as florestas de um e outro lado dos Rios Doce, Jequitinhonha,
Mucuri e São Mateus e afluentes deles, desde o Espírito Santo até o Sertão
Mineiro, no início do século XIX. Por sua vez, os aludidos agrupamentos
abrangiam os indígenas aranás, catolés, krenaks, girapoques, honarés ou
noretes, pataxós, potés, purutuns ou peruntins etc., todos, portanto,
subdivisões do mundo botocudo.”.2.
Os Botocudos possuíam boa compleição física, eram fortes e
extremamente ágeis. Manejavam com destreza o arco e a flecha e utilizavam a
tática da emboscada quando enfrentavam o inimigo branco. Sua principal
característica era a ferocidade com a qual guerreavam e o fato de serem
antropófagos, devorando os inimigos derrotados após as batalhas em rituais
próprios.
“Poucos eram os que invadiam sua área de domínio, pois a fama de sua
ferocidade perante os inimigos espalhou-se a ponto de ser justamente a causa
de seu extermínio.”.3.
Após décadas de encarniçadas batalhas, os Botocudos foram sendo
exterminados pelos colonizadores. Os que não morreram na guerra acabaram
confinados em aldeamentos próprios e catequizados, perdendo sua terra e
seus traços culturais.
“Martius, ao passar por esta região em 1818, encontrou um aldeamento
de índios já catequizados, que não praticavam a agricultura e que eram
utilizados como mão de obra das fazendas aqui existentes.”.4.
Os últimos remanescentes do povo Botucudo ainda resistem e são
encontrados em tribos, como a dos Machacalis e dos Krenaks, nos Vales do
Jequitinhonha, Rio Doce e no centro oeste paulista. “Em 07/05/1997, os índios
Krenaks, os únicos herdeiros dos Botocudos na Região do Vale do Rio Doce,
finalmente retomaram a posse da sua terra.”.5.
“E assim, ainda restam alguns índios que vivem na reserva de Krenaque
em Resplendor, numa saga daqueles que um dia foram donos de uma terra
batizada pelos portugueses como Brasil.”.6.
A origem do município de Conselheiro Pena remonta à formação do
povoado de Cuieté, em local onde se pensava haver grande quantidade de
ouro. A Freguesia de Cuieté localiza-se à margem direita do rio Cuieté (hoje
chamado Caratinga) e sua criação é anterior à segunda metade do Séc. XVIII,
pois em 1740, já era um local explorado “...o ouro é abundante em todo o
Cuieté e as inúmeras minerações exploradas desde o ano de 1740 pelos
paulistas que vieram a sua procura, deram excelentes resultados...”.7.
O curato de Nossa Senhora da Conceição dos Índios Botocudos foi
erigido em 1768, sendo que em 1772 o Padre Domingues da Silva Xavier,
irmão de Tiradentes, teve provisão como Vigário da Vara e processo
irreversível: as minas haviam entrado em decadência e a exploração tornavase cada vez mais difícil.
A possibilidade de que fossem descobertas novas jazidas capazes de
substituir as que se encontravam em declínio de produção era animadora.
Desta forma, foram tomadas algumas medidas visando facilitar a exploração da
região: D.
Antônio de Noronha mandou abrir uma estrada de acesso a Cuieté “Por ser um
sertão extenso, cheio de excelentes matos e cortados de diversos rios e
ribeirões, que mostram pinta de ouro.”.8. A conclusão desta estrada ficou por
conta de D. Rodrigo.
José de Meneses, Governador e Capitão General de Minas, que em
1779 lançou um bando no qual declarava: “Todas as pessoas que quiserem
transportar-se
à
dita
conquista,
estabelecer-se
nela,
poderão
fazê-lo
livremente, e eu lhes prometo a minha proteção e preferência nas datas, as
quais poderão requereres.”.9. Ainda movido pela idéia de que a região era rica
em ouro, D. Rodrigo, na sua exposição de 04 de Agosto de 1780, assim se
refere à Freguesia de Cuieté: “Distrito onde, me seguram, há abundância de
ouro, que poderá levantar esta capitania.”.10.
Em 1781, após fazer uma visita ao Arraial de Cuieté, D. Rodrigo
constatou a verdadeira situação da região e teve uma enorme decepção com o
potencial
aurífero
do
lugar,
descrevendo-o
como “Um
congresso
de
miseráveis.”.11.
Constatado que não havia ouro em abundância, era inevitável que a
localidade entrasse em processo de estagnação e declínio. “Mas Cuieté, antes
nome de grande destaque pelo futuro aurífero que representava, foi sendo
desmembrado, tendo sido incorporado depois de Itabira para o município de
Peçanha, de Manhuaçu, de Caratinga, de Itanhomi, e, por último, de
Conselheiro Pena.”.12.
Se não foi a salvação da Capitania, pelo menos serviu para dar início à
ocupação daquela região, contribuindo diretamente para a formação de novos
núcleos urbanos, dentre eles o que originou o município de Conselheiro Pena.
“Quem passa por Cuieté Velho não imagina que por ali já estiveram um
Governador do Estado de Minas, vários estrangeiros e aventureiros em busca
do ouro. Mas sua história existiu e Cuieté está ali para provar a sua importância
como ponto de origem de Conselheiro Pena e outras cidades.”.13.
A região onde se situa a cidade de Conselheiro Pena era conhecida
antigamente por Lajão. Esta denominação deve-se à existência de uma grande
laje de pedra localizada às margens do Rio Doce, utilizada como
desembarcadouro de pessoas que se dirigiam para a localidade de Cuieté.
Com a chegada dos trilhos da estrada de ferro Vitória/Minas, em 1908,
foi criada a estação do Lajão. Em torno desta estação, logo se estabeleceram
alguns moradores e pequenos comerciantes, formando um pequeno núcleo
urbano, dotado inclusive de uma pequena capela. A comunidade, então, tomou
algum impulso conheceu um certo desenvolvimento.
“O povoado chamava-se Lajão, e como todo povoado, tinha uma
pequena igreja. Ela ficava localizada no morro do cemitério, parte feita em
madeira, tendo uma imagem de São Sebastião no altar...”.14.
Durante este período as construções do lugarejo eram muito simples e
despojadas, não havendo nenhuma espécie de luxo nas habitações.
“Existiam algumas casas de alvenaria, pois a maioria eram barracos
cobertos com taboinha, e umas poucas casas, em estilo de fazenda como, por
exemplo, a casa do Sr. Jó Raminho, localizada acima da rodoviária e já
demolida.”.15.
Em 1927, foi elevada à categoria de vila pertencente ao município de
Itanhomi. Nesta época, era um núcleo urbano composto por pouco mais de
uma centena de casas divididas em dois aglomerados distintos: um situado
próximo à estação ferroviária, maior e mais adiantado, e o outro na parte baixa
da cidade, no lugar que era conhecido como olaria.
“Segundo o Sr. Durval Reis, quando o povoado do Lajão passou a vila,
em 16 de agosto de 1927, havia somente umas cem casas, distribuídas a
maioria na estação velha, e umas poucas casas entre onde se localiza hoje a
Praça da Matriz, local que era chamado de olaria.”.16.
Atraídos pela descoberta de algumas jazidas de pedras semipreciosas e
pela boa qualidade das terras, aos poucos sua população foi aumentando. A
lavra do itatiaia é a mais importante deste período, Sua descoberta ajudou a
impulsionar o desenvolvimento do povoado e atraiu muitos moradores para o
lugarejo. “A lavra do itatiaia trouxe para o Lajão muitas pessoas em busca de
fortuna na extração, no comércio de pedras...”.17.
Alguns pioneiros se destacaram e foram de suma importância para o
progresso regional. Em geral, eram imigrantes que ali iam instalar-se com suas
famílias em busca de tempos melhores. Podemos destacar a família do Sr.
Manoel Calhau, comerciante português, dono de coarmazéns de café e
cereais. O senhor José Carlomanho, comerciante de origem italiana, que se
dedicava ao comércio de pedras semipreciosas e madeira. Argemiro Teixeira
da Silva, dono da primeira gráfica e do primeiro cinema da região.
E outros, como o Sr. Antônio Amaro Filho e o Dr. Domingos Lopes
Abelha, ambos comerciantes de café e cereais. “O comércio de cereais,
principalmente o café, a extração de minerais, a exportação de madeira e o
fornecimento de lenha para as máquinas à vapor da Vitória/Minas, fizeram a
riqueza dos coronéis da época.”.18.
Em 1938, através do decreto Lei n.º 148 de 17 de dezembro, o distrito
do Lajão, até então pertencente à Itanhomi, foi elevado a Município com o
nome de Conselheiro Pena, em homenagem a Afonso Augusto Moreira Pena.
Teve como primeiro prefeito o Dr. Sebastião Anastácio de Paula, que
juntamente com o advogado Dr. Lívio de Freitas Silva, organizou e implantou a
primeira Prefeitura Municipal de Conselheiro Pena, instalada à rua Benedito
Valadares N.º 1493.
Foi nomeado para o cargo pelo então governador Benedito Valadares.
Conseguiu delimitar as fronteiras e garantir para o estado de Minas Gerais a
posse definitiva da localidade de Mantena.“Já como Prefeito, ele foi até São
Francisco de Cima, delimitou as divisas do Estado de Minas com as
autoridades do Espírito Santo...”.19. Seu mandato durou de 01/01/1939 até
30/11/1946.
A organização político-administrativa aconteceu em 1947, quando foi
eleita a primeira Câmara de vereadores e o primeiro prefeito: Dr. Dilermano
Rocha, que governou até 1951.
Conselheiro Pena possui uma população de 22.242 habitantes (censo
de 1996), distribuídos no município sede e nos distritos de: Barra do Cuieté,
Bueno; Cuieté Velho, Ferruginha e Penha do Norte. Sua principal atividade
econômica é a agropecuária.
Atualmente Conselheiro Pena conta com algumas instalações da
Companhia Vale do Rio Doce, agricultura centrada no café, além da extração
de pedras semipreciosas. Como vários municípios mineiros; Conselheiro Pena
busca novas alternativas econômicas dentro de uma economia globalizada.
Dentro desta política, o resgate de suas raízes culturais e o conseqüente
fortalecimento de uma identidade própria, torna-se necessário para a
viabilização de uma comunidade sustentável, capaz de gerar recursos
econômicos, humanos e culturais que assegurem o bem estar de sua
população.

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