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A IMPORTANCIA DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL1
RESUMO
Esse artigo analisa alguns aspectos conceituais e questões envolvidas na participação do crédito cooperativo e o
financiamento de novos investimentos possibilitando o desenvolvimento regional. Busca uma interação na
evolução histórica do cooperativismo e o financiamento de investimentos com o crédito cooperativo. Para tanto,
demonstra a evolução quantitativa da cooperativa no período de 2007 a 2012 e conclui-se que o crédito criado
pela cooperativa, não dependente da poupança, pode ter desempenhado um papel fundamental no financiamento
de novos investimentos.
Palavras Chave: Cooperativismo de crédito, Investimento, Desenvolvimento Regional.
ABSTRACT
This article analyzes some concepts and issues involved in the participation of cooperative credit and financing
of new investments enabling regional development. Search an interaction in the historical evolution of
cooperative and financing of investments with the cooperative credit. To do so, demonstrates the quantitative
evolution of the cooperative in the period 2007 to 2012 and concludes that the credit created by the cooperative,
not dependent on savings, may have played a key role in financing new investments.
Keywords: Credit Cooperatives, Investment, Regional Development.
1.INTRODUÇÃO
O cooperativismo é um movimento internacional que procura construir uma sociedade mais
justa, livre e com bases democráticas. Sua maior característica é a solidariedade baseada em
práticas de ajuda mútua construída em cima de alternativas econômicas e humanas, que
equilibram custos, despesas e ganhos. Possibilita a utilização do fator econômico para
alcançar fins sociais. Conforme o relatório anual da Associação Européia dos Bancos
Cooperativos (European Association of Cooperative Banks - EACB), com sede em Bruxelas
(Belgica) que representa 61 milhões de associados e 176 milhões de clientes em seus 78 mil
pontos de atendimento, no continente europeu, os bancos cooperativos participam de cerca de
20% do mercado de depósito. O grande diferencial da prática cooperativa em relação às
instituições bancárias é que as cooperativas estão conseguindo manter os empregos nas
pequenas comunidades e ofertar serviços mais adequados às necessidades locais.
1
Maria do Socorro Macedo Coelho Lima (Professora Assistente FACAPE. e-mail: [email protected]); Benedyto Savio de Lima e
Silva (Servidor Público do Estado. e-mail: [email protected]); Camila Coelho Lima (Estudante UNIVASF. Email:[email protected])
De acordo com o Banco Central do Brasil, "o setor cooperativo é de singular importância para
a sociedade, na medida em que promove a aplicação de recursos privados e assume
correspondente riscos em favor da própria comunidade". Como também, são iniciativas de
investimento promovidas pelos próprios cidadãos possibilitando o desenvolvimento local de
forma sustentável, financiam iniciativas empresariais que trazem benefícios em termos de
geração de emprego e renda.
Tanto o investimento em capital social quanto em capital humano vão construir as bases para
o desenvolvimento local. Os empreendimentos cooperativos representam uma forma
institucionalizada para que os atores sociais estabeleçam relações estáveis entre grupos
internos e externos, tornando a cooperativa como meio de inserção social, onde indivíduos,
quando da sua entrada na organização passem a construir vínculos com status e funções
sociais (LOPES, 1979). O método cooperativo se baseia na ação conjunta e no trabalho
coletivo onde indivíduos se associam livremente para pôr em macha a obtenção de melhores
condições econômicas, sociais, morais e civis. Esses indivíduos decidiram unir suas forças
para prestar reciprocamente uma série de serviços, onde o lucro não é a essência do processo e
sim a associação e a ajuda mútua.
O presente trabalho tem como objetivo sinalizar o potencial da prática cooperativa como
alternativa endógena promotora dessa região; Apontar a importância da prática cooperativa
em uma área restrita e suas possibilidades de emprego e renda de forma geral. O tema
justifica-se pela necessidade de apontar o papel econômico-financeiro da cooperativa de
crédito, tão pouco utilizada no Brasil, que é capaz de proporcionar ganhos no lado financeiro
e benefício ao capital humano.
O trabalho é fundamentado por meio de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, que
inicialmente apresenta características de uma pesquisa bibliográfica, documental com dados
secundários,partindo de questões teóricas amplas e finaliza com um estudo de caso por meio
de dados encontrados na própria Unicred. Nesse trabalho, a seção 2 aborda uma visão
generalista do crescimento, desenvolvimento regional e cooperativismo de crédito; a seção 3
expõe o fator endógeno; na seção 4 faz um breve histórico de cooperativismo de crédito;
seção 5 fala sobre o sistema cooperativo e suas características; a seção 6 faz uma breve
exposição numérica dos resultados da Unicred Vale do São Francisco do intervalo 2007 a
2011; a seção 7 discorre sobre os resultados da pesquisa e a importância desse crescimento
para o desenvolvimento regional.
2. CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E COPERATIVISMO DE CRÉDITO
A Revolução Industrial transformou as cidades em centros de beneficiamento de matéria
prima oriundas do campo. O crescimento urbano estimulou a expansão da cidade para fora do
município ou áreas vizinhas tornando freqüentemente uma só unidade urbana face ao
desenvolvimento dos serviços nos mais diversos tipos e níveis.
Segundo a descrição clássica de Perroux (1967), o espaço geográfico quando transformado
pelo homem para satisfazer as suas necessidades torna-se um espaço econômico homogêneo,
polarizado ou transformado. Desta feita, o espaço econômico é originário das relações e das
ações humanas. Dentre as transformações ocorridas no final do século XX e inicio do século
XXI, principalmente em países latino-americanos, vem crescendo o processo de
descentralização administrativo-financeira possibilitando maior democratização do crédito e
do acesso aos serviços bancários. As freqüentes transformações da economia fazem com que
as empresas tenham sempre novos desafios e procurem formas inovadoras de financiamento.
O subdesenvolvimento concebido como situação estrutural e institucional nos leva a sustentar
que a atuação de uma política de desenvolvimento deve ser implantada na mudança das
estruturas e instituições, que são presumidamente o fator determinante desse estado ou
situação (SUNKEL, 1974).
O tema crescimento econômico surge com vigor na obra de Adam Smith que procurou
identificar os fatores da formação da riqueza nacional. Ele busca explicar como ocorre a
operacionalização do mercado e a redução dos custos médios 2 como forma de obter maior
produção, expandir o mercado, aumentar a renda e o emprego. Seu livro mais famoso que
serve como marco inicial em busca de explicações para o sistema econômico é “A Riqueza
das Nações”,em 1776.
Não existe uma definição sobre desenvolvimento que possa ser aplicada deforma universal.
Uma corrente de inspiração mais teórica considera crescimento como sinônimo de
desenvolvimento, já uma segunda corrente, que possuem uma visão voltada para a realidade
empírica vê crescimento como condição para que venha a ocorrer o desenvolvimento e não o
sinônimo. No primeiro modelo de crescimento tradicional neoclássico, de inspiração mais
teórica, estão os teóricos Meade e Solow, assim como os de inspiração mais Keynesiana
2
O efeito escala.
comoHarrod, Domar e Kaldor que consideravam crescimento como sinônimo de
desenvolvimento. Já em uma segunda corrente adotada por economistas como Lewis (1969),
Hirschman (1983), Myrdal (1968) e Nurske (1957), com raízes ortodoxas, apresentam um
modelo mais próximo da realidade do subdesenvolvimento, acreditam que crescimento é
condição para o desenvolvimento, todavia, não é condição suficiente (SOUZA, 2005). O
desenvolvimento passa a ocorrer quando há o aumento da proporção dos trabalhadores
produtivos em relação aos improdutivos, a redução do desemprego e a elevação da renda
média da população. Mais tarde Schumpeter afirma que a inovação adotada pelo empresário
com a ajuda do crédito vem a ser o fator determinante ao processo.
Os economistas clássicos analisaram os problemas econômicos do crescimento apenas pelo
lado da oferta de bens e serviços supondo que a oferta gera a sua própria procura é a então
conhecida lei dos mercados – A Lei de Say. De acordo com Say, (1983, p. 140-141) “a
importação de produtos estrangeiros favorece a venda de produtos nacionais” e segundo
Ricardo (1982, p. 198) quanto maior a oferta maior será a dimensão do mercado “um
individuo torna-se consumidor de seus próprios produtos ou comprador e consumidor dos
produtos de outro”.A idéia da economia clássica de que a oferta gera a sua própria demanda
só pode ser vista de forma integral em situações especiais. Maiores investimentos
efetivamente levará a contratação de trabalhadores e maiores gastos com produtos
intermediários, no entanto a expansão da demanda não vai ser suficiente para igualar-se a
oferta pelo principio da utilidade marginal decrescente que ocorrerá no consumo como
também pela tendência à redução dessa massa salarial na renda.
Keynes (1883-1946) centrou sua abordagem no pleno emprego, nos fatores que influenciam o
crescimento do investimento e nos impactos sobre a renda. Em sua obra (1936)“Teoria Geral
do Emprego dos Juros e da Moeda”criticou os postulados da economia clássica, o
encadeamento automático entre o aumento da produção e o aumento do consumo, a
realocação eficiente dos recursos com o auxilio da “mão invisível” e centrou a sua análise no
“principio da demanda efetiva”. A maior evidencia esta centrada no fato de que a
superprodução da década de 1920 não gerou uma demanda correspondente como ensina a lei
de Say. Em vários capítulos de “Teoria Geral”, em 1990 são apresentadas algumas
considerações sobre a possibilidade do longo prazo. Referente às idéias de Stuart Mill (1983)
e de Marshall (1982), Schumpeter (1982) afirmou que os dois reconheciam a importância de
guardar o dinheiro em vez de gastar em bens e serviços e assim tornar possívela aquisição
desses bens e serviços em certas situações, em particular nas crises e depressões.De acordo
com as idéias de Keynes, um menor volume resultante de renda serve para ajustar a poupança
em um nível de equilíbrio com desemprego além da importância de elementos exógenos ao
crescimento na hipótese de o investimento não ser compatível com o pleno emprego. Keynes
considerava que a expansão dos gastos do governo e o aumento das exportações em situações
de ociosidade eram elementos de suma importância para elevar a economia e colocá-laem
uma situação próxima ao pleno emprego.
O desenvolvimento de uma determinada região vai depender de uma conjunção de elementos
políticos, institucionais e sociais que podem estar agrupados genericamente com o título de
capacidade social de organização dessa região. Sem a presença desses elementos não será
possível produzir o passo qualitativo do crescimento ao desenvolvimento.
Uma alternativa para as demandas de crédito e de serviços financeiros tem sido encontrada no
cooperativismo. O credito cooperativo vem se mostrando uma forte alternativa para as
demandas de crédito em muitos Países com Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Holanda
entre outros, e vem apresentando resultados satisfatórios. As ações implementadas por uma
cooperativa, em determinada região, possibilitam deslocar o estado estacionário dessa
economia em processo de dinâmica de transição promovendo um verdadeiro milagre
econômico dentro do quadro geral de crescimento, uma vez que o solidarismo que passa a
existir na pratica cooperativista é, por sua natureza, um movimento não-especulativo. Essa
união entre pessoas, de forma coletiva promovem o seu auto-desenvolvimento econômico,
transcende ao contraste que existe na especulação capitalista (DOMINGUES, 2002).
Bittencourt (2000) define cooperativa de crédito como a associação que executa os mesmos
serviços de um banco, pois financia a produção e os investimentos, aceita depósitos e cobra
contas, fornecem talões de cheques e cartão de crédito, tem opções de aplicações e adianta
dinheiro para fazer negócios. Por outro lado, Bittencourt (2000) diferencia o processo da
cooperativa de crédito dos bancos em geral pelo fato de que seus proprietários são seus
próprios associados e não precisa haver lucro para funcionar, basta ser remunerado o
suficiente para saldar suas próprias contas. O seu custo é rateado entre o quadro social
proveniente de juros e pequenas taxas.
A filosofia empregada no cooperativismo busca combater a exploração do homem pelo
homem em busca da obtenção do lucro desordenado “dos capitalistas”. Enquanto os bancos
lucram especulando com o dinheiro que arrecadam as cooperativas procuram favorecer as
comunidades uma vez que podem fazer com que os recursos arrecadados na comunidade
fiquem na comunidade, preferencialmente na mão dos associados fomentando assim o
desenvolvimento local, proporcionando aos associados taxas de juros sempre inferiores ao
mercado, menos burocracia e maior agilidade. Quanto menor for o custo da cooperativa
menor serão os juros e as taxas cobrados.
3. O DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO
Crescer e enriquecer só se concretizam mediante um processo que possibilite acumular capital
físico e aliança entre as empresas que apesar de concorrerem em um determinado espaço
geram eficiência coletiva somando em conjunto ganhos coletivos obtidos pela cooperação e
correlação entre elas. Essa sinergia proporciona uma crescente dinâmica no movimento da
informação e da tecnologia favorecendo o surgimento de inovações que é o que diferencia a
competitividade do mundo atual.
Desde os anos de 1980 que vem ocorrendo uma crescente modificação nos processos
produtivos. Regiões fortemente industrializadas passaram a apresentar um crescente declínio
como também ocorreu uma rápida ascensão econômica em novas regiões despertando assim
profundas modificações e uma reorganização produtiva internacional que passou a ser
estudada sob duas categorias: a sustentabilidade e a endogenia (SCOTT & STORPER, 1989)
O desenvolvimento sustentável centra na utilização racionalizada dos estoques de recursos
naturais. A grande preocupação dos estudiosos está voltada às gerações futuras e a
necessidade de políticas que preconizam um desenvolvimento harmonioso e posteriormente
sustentável (GUIMARÃES, 1984). O desenvolvimento endógeno tem suas origens na década
de 1970, quando as propostas de desenvolvimento, da base para o topo emergira com maior
popularidade em busca de resposta ao problema do crescimento desequilibrado. Na década de
1990 observou-se que mesmo com o emprego de políticas de correção, o nível de crescimento
variava entre as regiões que foram beneficiadas com o emprego de políticas públicas de forma
similar, mesmo elas dispondo das mesmas condições na busca de fatores produtivos 3.
Segundo Amaral Filho (1996, p. 37), o desenvolvimento regional endógeno pode então ser
entendido como:
3
Capital financeiro, mão de obra e tecnologia.
[...] um processo interno de ampliação contínua da capacidade de agregação de valor
sobre a produção, bem como da capacidade de absorção da região, cujo
desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou
a atração de excedentes provenientes de outras regiões. Esse processo tem como
resultado a ampliação do emprego, do produto, e da renda local ou da região, em um
modelo de desenvolvimento regional definido.
A capacidade da sociedade de liderar e conduzir o seu próprio desenvolvimento regional
condicionando-o à mobilização dos fatores produtivos disponíveis em sua área e ao seu
potencial traduz a forma de desenvolvimento endógeno. É possível distinguir duas dimensões
no desenvolvimento regional endógeno.A primeira, de ordem econômica, na qual a sociedade
empresarial local utiliza a sua capacidade para organizar, na forma mais lógica possível os
fatores produtivos existentes na região. Uma segunda sócio-cultural onde os valores e as
instituições locais servem de base para o desenvolvimento regional.“Uma das chaves do
desenvolvimento local reside na capacidade de cooperação entre seus atores. Também é
conveniente particularizar a análise das formas de cooperação institucional ou voluntária que
se produzem entre eles contanto que o objetivo seja o desenvolvimento local” (GODARD et
al 1987, p. 139).
A idéia endógena moderna não busca o isolamento ou fechamento de uma região, nem mesmo
o autocentrismo ou mesmo a auto-suficiência. A idéia é a execução de políticas de
fortalecimento e qualificação das estruturas internas, buscando e preservando o
desenvolvimento original da localidade, criando condições sociais e econômicas para que
ocorra a geração e atração de novas atividades produtivas, em uma economia aberta
(BOISIER, 1997).Um importante avanço da moderna teoria regional endógena é considerar o
papel da sociedade e das relações sociais no processo de desenvolvimento da região,
permitindo assim que a região atinja um crescimento equilibrado e sustentável no longo
prazo, sem entrar em conflito direto com a base cultural e social da região.
O desenvolvimento regional está diretamente condicionado às características da organização
social e das relações cívicas encontradas na região. Partindo dessa idéia, Robert Putnam foi
em busca de estudar os diversos aspectos que condicionaram as diferenças regionais
existentes entre o norte e o sul da Itália e chegou a seguinte conclusão: “Na Itália
contemporânea, a comunidade cívica está estritamente ligada aos níveis de desenvolvimento
social e econômico”. Ele utiliza a evolução de duas cidades italianas: Emila-romagna ao norte
e Calábria, ao sul, para embasar as suas idéias. Ambas, inicialmente apresentavam padrões de
desenvolvimento semelhantes, porém após oito décadas, foi possível observar uma
desigualdade bastante acentuada entre as regiões, tornado-se a Emila-romagna uma das mais
prósperas regiões da Europa, apresentando uma grande participação política e solidariedade
social; e a Calábria a região mais atrasada da Itália, uma região com características feudais,
fragmentada e isolada (PUTNAM, 1996, p. 162)
O capital social e sua importância para o desenvolvimento econômico pode ser compreendido
como sendo o conjunto das características da organização social, uma vez que englobam as
redes de relações, normas de comportamento, valores, confiança, obrigação e canais de
informação, ao existir capital social em uma região torna-se possível a toada de ações
colaborativas que ao resultar em beneficio para toda a comunidade. É possível também
entender como capital social “a habilidade de criar e sustentar associações voluntárias”
(PORTER & LANDOLT, 1996 p. 18).
Assim como outras formas de capital, o capital social é produtivo possibilitando a
realização de certos objetivos que seriam inalcançáveis se ele não existisse (...). Por
exemplo, um grupo cujos membros demonstrem confiabilidade e que depositem
ampla confiança uns nos outros é capaz de realizar muito mais do que outro grupo
que careça de confiabilidade e de confiança ( PUTNAM, 1996, p. 177).
Algumas revistas especializadas e diversos estudos apontam para a importância tanto do
capital social como da cooperação. Saxenian (1994) demonstrou a importância relevante da
formação de redes colaborativas interinstitucionais para o desenvolvimento do Silicon Valley,
na região da Califórnia, uma região bastante competitiva. Entretanto, apesar de todas essas
evidencias históricas, Putnam (1996, p. 169) argumenta que “qualquer interpretação baseada
num único fator certamente será equivocada” uma vez que as tradições cívicas, o capital
social e práticas colaborativas, por si só, não são capazes de desencadear o progresso
econômico. Elas vão servir de base para as regiões enfrentarem e se adaptarem aos desafios e
oportunidades que venham a ocorrer.A interação dos diferentes agentes locais (governo,
empresários, universidades, fomento e crédito) vem permitir enfrentar a concorrência de
grandes empresas globais e possibilita condições para o crescimento econômico endógeno
(BARQUEIRO, 2002).
Enfim, o desenvolvimento de uma região vem a ser algo diferente de um simples crescimento
uma vez que implica na capacidade de reter e de reinvestir na própria região uma porção
significativa do excedente que foi gerado pelo crescimento econômico, mais especificamente
a capacidade de internalizar o próprio crescimento como também a possibilidade de
transformar variáveis exógenas do crescimento regional em variáveis endógenas.
4. HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO
A origem do que hoje é chamado de cooperativa tem data marcada, foi em 21 de dezembro de
1844 no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra) onde 28 4 tecelões fundaram a
“Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale” com o resultado da economia mensal de uma
libra de cada participante, durante um ano, objetivando encontrar uma alternativa econômica
para atuarem no mercado frente ao capitalismo da época da Revolução Industrial. Com
objetivos claros e discutidos, esses trabalhadores economizaram durante doze meses, o valor
de 28 libras e criaram uma sociedade, para atuar no mercado.A constituição de uma pequena
cooperativa de consumo no então chamado “Beco do Sapo” (toad Lane) estaria mudando os
padrões econômicos da época e dando início ao movimento cooperativista. Em 1852 essa
sociedade se transformou na Cooperativa de Rochdale, considerada historicamente como a
primeira cooperativa formal do mundo (cooperativas de crédito no Brasil e no mundo).
Em 1895, foi criada a Aliança Cooperativa Internacional - ACI, na Inglaterra, em Londres,
como órgão de cúpula do cooperativismo mundial cuja sede é hoje na Suíça em Genebra, essa
associação não-governamental e independente reúne, representa e presta apoio às cooperativas
e suas correspondentes organizações. No âmbito do continente americano, esta articulação é
feita pela Organização das Cooperativas da América – OCA fundada em 1963, com sede na
cidade de Bogotá5, Colômbia e integra representações de vinte países inclusive o Brasil. A
primeira cooperativa de crédito das Américas, foi fundada em Quebec, no Canadá.A primeira
sociedade brasileira a ter em sua denominação a expressão “cooperativa” foi provavelmente a
Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, no ano de 1889,
na capital da província de Minas. Era uma cooperativa de consumo, porém, previa em seu
estatuto a existência de uma “caixa de auxílios e socorros em beneficio das viúvas pobres de
associados e a sócios que caíssem na indigência por falta absoluta de meio de trabalho”.
A estruturação do cooperativismo de crédito no Brasil teve uma notória influencia e
participação da igreja e ocorreu em varias fases. Na primeira há uma predominância
germânica, foi fundada em 28 de dezembro de 1902, em Linha Imperial, município gaúcho de
Nova Petrópolis, Estado do Rio Grande do Sul. Inicialmente ficou conhecida como
“Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos Amstad”, a cooperativa foi
4
5
Número obtido no site da UNICRED central.
Ano da informação: dezembro de 2003
posteriormente batizada de “Caixa Rural de Nova Petrópolis”, e que após passar por inúmeras
transformações, passou a funcionar como “Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de
Associados Pioneira da Serra Gaúcha – Sicredi Pioneira RS” e figura entre as maiores do país.
A cooperativa foi formada por um grupo de pessoas da própria comunidade, em sua maioria,
produtoras rurais orientados por iniciativa do imigrante padre suíço Theodhor Amstadt, que
era conhecedor do modelo Alemão de Friedrich Wilhelm Raiffeisen. Era um modelo aberto
para qualquer pessoa, fundamentando-se em depósitos que recebiam pequenas remunerações
denotando o caráter não excludente desse tipo de organização. Tinham como característica a
singularidade do voto dos sócios independentemente do número de quotas-partes, a ausência
de capital social e a não distribuição de sobras. A influência germânica desse modelo vai além
do nome dessa organização – “Sparkasse Amstad” – já que seu estatuto foi escrito em alemão
(portal de cooperativismo de crédito, 2012)
A segunda fase do cooperativismo no Brasil, dessa vez de origem italiana, mais também sob a
iniciativa da igreja católica, seguiu o modelo do italiano Luigi Luzzatti que diferenciava do
modelo de Raffeisen pelo fato de exigir pequeno valor de capital na adesão do associado.
Tinham como principais características a não exigência de vinculo para a associação, exceto
algum limite geográfico como bairro e município, concessão de crédito de pequeno valor sem
garantias reais, não remuneração dos dirigentes e responsabilidade limitada ao valor do capital
subscrito.O modelo Luzzatti era mais popular e dava preferência à adesão de assalariados,
artesãos, pequenos comerciantes e contavam também com a presença de industriais. Esse
modelo teve um forte crescimento da década de 1930 até meados da década de 1960, período
em que o governo efetivou uma reforma bancária (lei 4.595/64) que resultou em restrições
normativas e como conseqüência perda da competitividade para as cooperativas do setor rural.
Ainda inspirado na igreja católica a terceira fase foi implantada no final dos anos 50, dessa
vez por uma mulher, Maria Thereza Rosália Teixeira Mendes e contou com o apoio de Dom
Hélder Câmara que era o bispo auxiliar do Rio de Janeiro. O modelo Desjardiano, criado sob
inspiração do canadense Alphonse Desjardins. Esse tipo de cooperativa, que no Brasil, hoje é
conhecida como crédito mútuo, tinha como principal característica a existência de alguma
espécie de vínculo entre os seus sócios como: trabalhadores de uma mesma fábrica,
funcionários públicos etc.
Esses três modelos de cooperativas serviram de origem aos três tipos de cooperativas de
crédito do Brasil: Luzzati, Crédito Rural e Crédito Mútuo, tendo como diferencial nesses três
tipos a natureza do quadro social.Nas cooperativas Luzzati os associados são pessoas físicas,
de um modo geral, enquanto que nos outros dois casos os associados devem estar vinculados
a alguma categoria ou atividade profissional e desta feita, nas cooperativas de crédito rural só
podem ser associadas as pessoas físicas que desenvolvam atividade agrícola, pecuária ou
extração de pescado. Também nas cooperativas de Crédito Mútuo somente podiam se associar
profissionais autônomos, funcionários de uma mesma empresa ou comerciantes que estivesse
exercendo a mesma atividade profissional. Em 1971 a Organização das Cooperativas
Brasileiras foi registrada e passou a atuar como sendo o representante legal do sistema
cooperativo nacional e como órgão técnico consultivo do governo, congregando as
organizações estaduais constituídas com a mesma natureza. Tempos depois, por decisão de 34
cooperativas paranaenses, foi criada a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná –
OCEPAR, como entidade de representação política cooperativista paranaense (portal do
cooperativismo de crédito)
O cooperativismo de crédito teve o seu ressurgimento principalmente da década de 1980,
quando o Estado deu seus sinais evidentes de debilidade em suas fontes de recursos
disponíveis para um financiamento subsidiado, causando assim um forte impacto no setor
agropecuário. Conforme Schardong (2002, p.78), “Diante da necessidade de se constituir um
sistema alternativo de financiamento aos produtores rurais, as cooperativas do setor
agropecuário introduziram a idéia de se constituir um sistema alternativo de financiamento
aos produtores rurais” uma vez que os financiamentos oficiais eram cada vez mais escassos.
No Estado do Rio Grande do Sul, nove Cooperativas de Crédito remanescentes se reuniram
para criar um sistema cooperativo de crédito rural, fundando assim a Cooperativa Central de
Crédito do Rio Grande do Sul Ltda. – COCECRER, que tinha como objetivo de evitar o
processo de liquidação de suas filiais e promover a captação de recursos para promove a
atividade produtiva e assumir parte das funções do Estado, o financiamento rural.
Em 1981 foi criada na cidade de Toledo-PR a primeira cooperativa de crédito rural do Estado
do Paraná e assim sucessivamente outras cooperativas surgiram chegando em 1985 à
constituição de uma Cooperativa Central de Crédito do Paraná, reunindo as dez cooperativas
de credito singulares em atividade no Paraná. Hoje essa cooperativa tem o nome de Central
SICREDI-PR.
5. O SISTEMA COOPERATIVO DE CRÉDITO E SUAS CARACTERÍSTICAS
A cooperativa, em seu conceito é uma sociedade de pessoas com forma e natureza jurídica
próprias, de caráter civil, não sujeita a falência, constituída para prestar serviços aos seus
associados. No campo regulatório, a lei nº 5.764/71 define a Política Nacional de
Cooperativismo e veicula o seguinte delineamento:
Art. 8º. As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar,
em comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse
das filiadas integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a
utilização recíproca dos serviços.
Parágrafo único. Para a prestação de serviços de interesse comum, é permitida a
constituição de cooperativas centrais, às quais se associem outras cooperativas e
objetivo e finalidades diversas.
Art. 9º. As confederações de cooperativas têm por objetivo orientar e coordenar as
atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o
âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das centrais e federações.
Assim também é a cooperativa de crédito, uma instituição financeira cooperativa, de caráter
civil, não sujeita a falência, e é especializada em proporcionar crédito e prestar serviços
financeiros aos seus associados.Após ingressarem no sistema, seus associados tornam-se
donos do negócio. E ao assumirem funções dentro dos conselhos diretores e fiscais irão poder
ditar o rumo das decisões futuras da cooperativa. No final de cada exercício esses associados
poderão receber as sobras realizadas pela cooperativa durante o respectivo período.
Diferente do sistema bancário em que os clientes são denominados de correntistas, Franke
(1973, p.55) encontrou a seguinte forma de realçar o papel dos associados nas Cooperativas
de Credito:
A cooperativa, porém, se distingue conceitualmente das demais organizações por um
traço altamente característico: enquanto nas empresas não cooperativas, a pessoa se
associa para participar dos lucros sociais na proporção do capital investido; na
cooperativa, a razão que conduz à filiação do associado não é a obtenção de um
dividendo de capital, mas a possibilidade de utilizar-se dos serviços da sociedade
para melhorar o seu próprio status econômico.
Como o lucro não é a razão da sua existência, tudo o que sobra em uma cooperativa de crédito
acaba voltando de forma direta ou indireta para quem gerou a receita, além de servir de
veículo de agregação de renda aos usuários, elas constituem importantíssimos instrumentos de
regulação das taxas de juros. As cooperativas de crédito apresentam algumas diferenças face
ao sistema bancário e que se encontram atualmente em vigor e que vem a representar ganhos
aos associados, conforme quadro abaixo:
Quadro 1 – Diferenças entre Cooperativas de Crédito e Bancos Comerciais
Cooperativas de Crédito
Banco Comercial
Instituição financeira não bancária
É uma sociedade de pessoas
O voto tem peso igual para todos (uma pessoa, um
voto)
As decisões são partilhadas entre muitos
O administrador é do meio (cooperado)
Instituição financeira bancária
É uma sociedade de capital
O poder é exercido na proporção do número de
ações
As deliberações são concentradas
O administrador é um 3º (homem do mercado)
Objetivo principal é a prestação de serviços aos
seus associados
Toda a política operacional é decidida pelos
próprios usuários/donos (cooperado)
O usuário é o próprio dono (cooperado)
Objetivo principal é o lucro
O usuário das operações é mero cliente
O usuário não exerce qualquer influencia na
definição do preço dos produtos
Podem tratar distintamente cada usuário
Não podem distinguir: o que vale pra um vale pra
todos (Art. 37 da Lei nº 5764/71)
O excedente (sobras) é distribuído entre todos O resultado é de poucos donos (nada é dividido
(usuários), na proporção das operações individuais, entre os clientes)
reduzindo ainda mais o preço final pago pelos
cooperados
Desenvolve-se pela cooperação
Avançam pela competição
Numero ilimitado de cooperados
Numero limitado de acionistas
Assembléias: “quorum”, com base no número de Assembléias: “quorum”, com base no capital.
cooperados.
Não é permitida a transferência das quotas-partes a Transferência de ações para terceiros.
terceiros, estranhos à sociedade.
Retorno proporcional ao valor das operações.
Dividendos proporcionais ao valor das ações.
As atividades são restritas aos associados
As atividades são livres.
O relacionamento é personalizado/individual, com Atendem em massa, priorizando, ademais, o autoo apoio da informática
serviço/automação
Não é subsidiada por fundos o governo.
É subsidiado por fundos do governo.
Fonte: BACEN, 2003. Portal do cooperativismo de crédito. SICOOB Lojicred 2013
Existem sete linhas que orientam o cooperativismo e levam os seus valores à prática: Adesão
voluntária e livre; Gestão democrática; Participação econômica dos membros; Autonomia e
independência; Educação, formação e informação; Intercooperação; Interesse pela
comunidade. As cooperativas de crédito apresentam diferenciais, quanto à constituição que
pode ser classificada como dimensão e objetivos. Existe, atualmente, três tipos de sociedades
cooperativistas (Organização das cooperativas brasileiras- OCB)

Singular ou de 1º grau: tem objetivo de prestar serviços diretos ao associado. É
constituída por um mínimo de 20 pessoas físicas.

Central e federação ou de 2º grau: seu objetivo é organizar em comum e em maior
escala os serviços das filiadas facilitando a utilização recíproca dos serviços integrando e
orientando suas atividades como também facilitando a utilização recíproca dos serviços.

Confederação ou de 3º grau: organiza em comum e em maior escala os serviços das
filiadas. Três cooperativas centrais e ou federações de qualquer ramo são a quantidade
mínima para constituir uma federação.
A partir da criação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) o sistema cooperativo
vem conquistando espaço no cenário nacional também por meio de atuação junto ao poder
Legislativo. Uma cooperativa tem por trás uma estrutura sólida e bem dividida. A estrutura
comum das cooperativas abrange:
Assembléia Geral – órgão supremo da cooperativa que, conforme o prescrito da legislação e
no Estatuto Social tomará toda e qualquer decisão de interesse da sociedade. Além da
responsabilidade coletiva que se expressa pela reunião de todos, ou da maioria, nas discussões
e nas deliberações. A reunião da Assembléia Geral dos cooperados ocorre, nas seguintes
ocasiões:

Assembléia Geral Ordinária (AGO) – realizada obrigatoriamente uma vez por ano, no
decorrer dos três primeiros meses, após o encerramento do exercício social,

Assembleia Geral Extraordinário (AGE)– realizada sempre que necessário e poderá
deliberar sobre qualquer assunto de interesse da cooperativa.
Conselho de Administração – órgão superior da administração da cooperativa. É de sua
competência a decisão sobre qualquer interesse da cooperativa e de seus cooperados nos
termos da legislação, do Estatuto Social e das determinações da Assembléia Geral. Conselho
Fiscal – formado por três membros efetivos e três suplentes, eleitos para a função de
fiscalização da administração, das atividades e das operações da cooperativa, examinando
livros e documentos entre outras atribuições. Comitê Educativo, Núcleo Cooperativo ou
Conselho Consultivo - temporário ou permanente, constitui-se em órgão auxiliar da
administração.
A constituição da Cooperativa Central de Caixas Rurais no Rio Grande do Sul, em 1925, foi o
primeiro passo para atuação, em conjunto com outras cooperativas. Sua missão era a de
prestar os serviços de inspeção e orientação jurídico-normativa, como também administrar de
forma conjunta os recursos disponíveis das cooperativas filiadas e que posteriormente
transformou-se em cooperativa singular, deixando de apoiar as antigas filiadas. Até 1980 as
cooperativas em funcionamento não apresentavam grande expressão no mercado financeiro
nacional. A amplitude societária estava restrita a dois segmentos da sociedade: produtores
rurais e funcionários de organizações.A partir de 1980 iniciou-se a estruturação em Sistema
com a constituição da Cooperativa Central de Crédito no Rio Grande do Sul –
COCECRER/RS, com Estatuto e Regimento estabelecendo às cooperativas a função de
prestação de serviços de atendimento aos associados, ficando a Central com a gestão
financeira em escala e dos serviços de formação dos recursos humanos, os jurídicos e os de
supervisão. Essas ações lideradas pelas centrais sensibilizarão o Conselho Monetário Nacional
e em 1992 ocorreu um grande avanço no capo normativo que foi a permissão para captação de
depósitos a prazo.
Em 1994, as cooperativas conquistaram a autorização para abertura de Postos de Atendimento
(equivalentes às agências) permitindo assim a sua atuação no âmbito regional. Em 1995
ocorreu o avanço mais significativo para o cooperativismo de crédito brasileiro. O Conselho
Monetário Nacional editou a Resolução nº 2.193 que faculta a constituição dos bancos
cooperativos, de propriedade exclusiva das cooperativas de crédito. As cooperativas passaram
a ter acesso direto aos serviços de compensação de cheques, outros papéis e todos os demais
produtos e serviços financeiros. Em 1999 (resolução nº 2.608) e em 2000 (resolução nº
2.771), o Conselho Monetário Nacional passou a reconhecer o papel das centrais na captação
e controle das filiadas. Em 2003, com a edição da resolução nº 3.106, foi permitida a livre
associação que consolidou a organização sistêmica. Nesse novo cenário, as pequenas
comunidades puderam ter seu próprio instrumento financeiro. Antes da constituição dos
bancos cooperativos, os serviços eram prestados pelas centrais em escala estadual. A
centralização da administração financeira em escala nacional pelos bancos cooperativos
motivou as centrais a formarem confederações para a prestação dos serviços comuns em
âmbito nacional.
O atual modelo brasileiro de estruturação do cooperativismo de crédito vinha se configurando
com a participação de cooperativas singulares, centrais estaduais, confederação e bancos
cooperativos, mas mesmo sendo esse o padrão de funcionamento de vários sistemas de crédito
cooperativo, ainda apresenta peculiaridades. Segundo a Lei nº 5.764/71, vinte ou mais pessoas
podem constituir uma cooperativa singular em qualquer atividade humana, sendo considerada
como singular sociedade de primeiro grau. Quando pelo menos três cooperativas singulares se
juntam por interesse comum formam uma “cooperativa central” ou uma “federação de
cooperativas”, consideradas de segundo grau e têm por objetivo organizar, em maior escala,
os serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando as
suas atividades e facilitando a utilização recíproca dos serviços. Quando pelo menos três
centrais da mesma modalidade ou não decidem se unir por interesses comuns formam uma
“confederação de cooperativas” consideradas de terceiro grau.
Ao contrário do que ocorre em outros Países, no Brasil, não há uma entidade de cúpula única
no cooperativismo de crédito, esse se encontra organizado em três grandes sistemas
principais, o Sicredi, o Sicoob e a Unicred e outros menores como Cresol e Ecosol.As
cooperativas reunidas sob a forma de federações (centrais), tiveram sua constituição no ano de
1995 e autorização para funcionar em 1996. O Banco Cooperativo Sicredi – BANSICREDI
foi o primeiro banco cooperativo do Brasil, com sede em Porto Alegre.Um ano mais tarde, em
1997, em uma confederação interestadual ocorreu a criação de um segundo banco cooperativo
o Banco Cooperativo do Brasil S.A. – BANCOOB, ambos constituídos com o capital privado.
Em agosto de 2001 o Bansicredi se transformou em um banco múltiplo.Esses bancos
cooperativos são regulamentados pelo Governo federal por intermédio do Conselho
Monetário Nacional – CMN, cabendo ao Banco Central do Brasil a autorização de
funcionamento e a fiscalização de suas atividades.A Confederação Nacional das Cooperativas
Unicred`s – Unicred Brasil foi fundada em 11 de julho de 1994. Surgiu da necessidade de
formar uma instituição que representasse os interesses das Singulares e Centrais na época em
âmbito nacional.
O Sistema Nacional Unicred é formado por uma confederação nacional a Unicred do Brasil e
cooperativas centrais de crédito definidas por região geográfica. O princípio básico do
cooperativismo de crédito prevê organizações que nascem a partir de uma determinada
categoria profissional, o Sistema Unicred inicialmente surgiu na categoria médica e hoje
possui cooperativas de diversos ramos de atividades: da saúde; de servidores públicos; de
pequenos empresários e micro empresários e até cooperativas de livre admissão.
6. A EVOLUÇÃO DA UNICRED VALE DO SÃO FRANCISCO
A Unicred Vale do São Francisco – Foi fundada em quinze de julho do ano de 2000 e
autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil em vinte e dois de dezembro do mesmo
ano na cidade de Petrolina-PE. Criada por um grupo de médicos que pretendia proporcionar a
assistência financeira a seus associados.A princípio era voltada para profissionais da área de
saúde, hoje está aberta para todos aqueles profissionais que buscam, não somente seu próprio
desenvolvimento econômico, como o de toda a sociedade.
Atualmente abrange a área de oito (8) municípios sendo quatro (4) no estado de Pernambuco,
Petrolina, Afrânio, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e quatro (4) no estado na Bahia:
Juazeiro, Curaçá, Jaguarari e Senhor do Bonfim. Juazeiro da Bahia juntamente com Petrolina
em Pernambuco são os dois municípios pólos da região do Vale do São Francisco.Essa região
é atualmente conhecida como agro exportadora, pelo volume de exportação de manga e uva,
entre outros produtos, para vários mercados.
A Unicred Vale do São Francisco recebe todo o apoio necessário a sua expansão
edesenvolvimento da Unicred Central Norte/Nordeste . Sua crescente atuação nessa região
vem contribuindo para elevar a quantidade e a qualidade de seus associados. Tem como
missão: “Cuidar com excelência de seus cooperados ajudando-os a realizar sonhos”. Tem
como visão: “Ser a principal instituição financeira dos seus cooperados”.O cooperativismo de
crédito proporciona ganhos de escala e atende propósitos tanto governamentais quanto da
sociedade, que vem se beneficiando com o atendimento cooperativo, com o crédito mais
rápido e com os juros mais atrativos resultando em serviços e produtos com preços mais
acessíveis.
A Unicred Vale do São Francisco vem conquistando espaço no mercado regional. Tem
administração participativa e transparente, apoiada pelos seus associados que são a base da
instituição e por seu quadro de colaboradores que atuam permanentemente motivados e
comprometidos com os objetivos e interesses da cooperativa. Pode-se identificar claramente
essa colocação, ao observar o comportamento dos indicadores operacionais e das
demonstrações econômico-financeiras.
7. ANÁLISE GRÁFICA DOS RESULTADOS
Os resultados alcançados em uma cooperativa de crédito podem ser aquilatados a partir da
análise do seu Patrimônio Líquido, que representa os haveres que os sócios têm na
cooperativa em um determinado momento. Nas sociedades cooperativas não existe a figura do
PASSIVO A DESCOBERTO, como previsto para os demais tipos de sociedades, já que seu
patrimônio líquido não poderá ser reduzido além do valor do capital social como dispõe o
artigo 89 da Lei 5.764/71. “Os prejuízos verificados no decorrer do exercício serão cobertos
com recursos provenientes do Fundo de Reserva e se insuficiente este, mediante rateio entre
os associados, na razão direta dos serviços usufruídos, ressalvada a opção prevista no
parágrafo único do artigo 80”, que define os meios de rateio das despesas entre os associados.
O Patrimônio Líquido da cooperativa de crédito é constituído pelo Capital Social; os Juros
sobre o Capital Próprio; e as Sobras ou (perdas). O Capital Social cresce com a integralização
pessoal de cada associado realizada mensalmente em um valor pré-estabelecido durante o
prazo conveniente ao associado, desde que atinja o valor mínimo de R$ 4.500,00 (quatro mil e
quinhentos Reais). A integralização deste capital pode ser a partir de 25,00 (vinte e cinco
Reais) mensais. O não cumprimento dessa integralização mensal implica em torná-lo irregular
perante a cooperativa. Esse capital é reajustado ao final de cada exercício, após a realização
da Assembléia Geral Ordinária. AGO. O capital viabiliza o volume de negócios da
cooperativa por ser um balizador para o valor máximo emprestado por cooperado.
Capital Social é o valor, em moeda corrente, que cada pessoa integraliza/deposita ao associarse e que serve para o desenvolvimento da cooperativa. É o capital social que dá ao usuário da
Cooperativa a condição de dono do empreendimento cooperativo permitindo-lhe usufruir dos
produtos e serviços oferecidos e também se sujeitando a cumprir seus direitos e obrigações
perante sua Cooperativa. O capital social de uma cooperativa de crédito é a principal fonte
formadora do seu patrimônio e garantia, perante terceiros das obrigações assumidas pela
sociedade (e não pelo associado) (COOPERATIVISMO DE CREDITO, 2013).
Tabela1 – Relatório anual de resultados. Ano 2007 a 2012.
Ano/evolução
Capital Social
Empréstimos
2007
2.510.048
5.293.280
2008
3.182.059
5.584.389
2009
4.174.827
8.434.893
2010
5.296.743
10.996.847
2011
6.322.835
14.070.878
2012
7.702.349
19.609.110
Fonte: Unicred Vale do São Francisco, 2013.
Em uma observação mais detalhada sobre o Capital Social é possível afirmar que essa
crescente e contínua integralização esta alicerçada na credibilidade dos que inicialmente se
associaram como também na continua entrada de novos participantes que entram para a
cooperativa. Ao entrar em uma cooperativa, pessoas procuram comprometimento,
transparência administrativa e parceria para seus investimentos futuros utilizando menores
custos e agilidade. Trata-se de um sistema em que o cooperado é ao mesmo tempo investidor
e tomador dos recursos, podendo gerir e obter resultados contínuos proporcionando um
movimento endógeno e sustentável.
Os números da tabela 1 evidenciam o quanto a prática cooperativa possibilita a circulação de
moeda e novos empreendimentos aquecendo o sistema financeiro. De 2007 a 2012 foi
possível observar um crescimento no Capital Social de 306,86%. Nos depósitos foi observado
um crescimento de 289,98% e os empréstimos aumentaram em 370,45%.
Conforme Schumpeter, o “desenvolvimento” é um fator básico gerador de monopólios e de
imperfeições. O sucesso enquanto empreendimento comercial comporta um certo grau de
monopólio uma vez que essas inovações ainda não foram difundidas para outras empresas
tornando-se elas monopólio do empresário-inovador, e o lucro obtivo ocorreu em razão deste
monopólio, que naturalmente não será absoluto, mas sim temporário, e tende a desaparecer
com o processo dinâmico da concorrência. (NAPOLIONE, 1979, p. 57). O crescimento de
370,45% do valor dos empréstimos sinaliza esse espírito empreendedor. A dinâmica da
economia se move no tempo histórico, e é, portanto, não estacionária.
O movimento endógeno possibilitado pelo reinvestimento trouxe ganhos locais, pois, os
captadores de recursos e aplicadores são do mesmo grupo. Logo, estes têm priorizado seus
investimentos dentro do próprio sistema gerador desses recursos. São os recursos depositados
em conta corrente para a utilização em despesas correntes ou liquidações de compromissos
em curto prazo, estes recursos são remunerados apenas na distribuição de sobras no final do
exercício financeiro, conforme deliberação da assembléia geral ordinária (AGO). Deposito a
prazo é a principal fonte de captação de recursos da UNICRED VALE DO SÃO
FRANCISCO.
A prática cooperativa possibilita a conjunção do capital social, o capital financeiro e o capital
humano favorecendo assim a amplitude do efeito multiplicador dos investimentos realizado,
uma vez que cada associado tem a oportunidade de gerir o seu capital financeiro viabilizando
investimentos para utilização dos recursos humanos e recursos naturais como também maior
possibilidade de minimizar os riscos inerentes às operações financeiras, uma vez que a própria
comunidade é responsável pela análise da viabilidade do empreendimento e conseguinte sua
concessão. O crédito ocorre de forma diferenciada em relação aos bancos comerciais já que na
grande maioria a sua garantia esta atrelada á prestação de um respectivo serviço ao qual o
capital adquirido foi utilizado para a consolidação do investimento, e o retorno financeiro da
prestação do serviço prestado é a própria garantia da transação autorizando essa ser
depositada na própria cooperativa.
8. CONCLUSÃO
Esse artigo analisou alguns aspectos conceituais e suas relações com as práticas cooperativase
o desenvolvimento regional e endógeno, procurando associar algumas ideias de
desenvolvimento e a evolução numérica da cooperativa. As empresas precisam se adaptar ao
meio socioeconômico em função das inovações tecnológicas das empresas lideres, mudanças
institucionais e teoria econômica estão interligadas, assim como governo, meio socioculturais
e empresas privadas. Entretanto, a ausência de inovações tecnológicas, de crédito bancário e
da ação de empresários inovadores, impede que a economia cresça e ultrapasse os limites
impostos por processos rotineiros. Pode-se inferir que o desenvolvimento ocorre quando há
aumento da proporção dos trabalhadores produtivos em relação aos improdutivos, a redução
do desemprego e a elevação da renda média da população, ratificado no incremento de
recursos na economia local sob forma de empréstimos, que serão utilizados na oferta de novos
produtos e/ou empregos e serviços pelos associados que reverterá em ganhos sociais.
Mostrou que o crédito criado pelos bancos, não dependente de poupança, (como é o caso da
cooperativa de crédito) desempenha um papel importante no financiamento de novos
investimentos na economia. Se considerarmos que as inovações são introduzidas através de
decisões onde as firmas resolvem investir, pautadas em expectativas de rendas futuras
esperadas no sucesso do empreendimento inovador, o cooperativismo com suas práticas e
números apresentados veem realizando esse papel, o crescimento do capital Social indica a
“boa saúde” desses empreendimentos e inovações.
A pesquisa aponta que a prática cooperativa possibilita a conjunção do capital social, o capital
financeiro e o capital humano favorecendo assim a amplitude do efeito multiplicador dos
investimentos realizado, uma vez que cada associado tem a oportunidade de gerir o seu capital
financeiro viabilizando investimentos para utilização dos recursos humanos e recursos
naturais como também maior possibilidade de minimizar os riscos inerentes às operações
financeiras, uma vez que a própria comunidade é responsável pela análise da viabilidade do
empreendimento e conseguinte sua concessão. A evolução crescente da quantidade de
empréstimos por tomadores que são os prováveis investidores, nos leva a admitir que esses
recursos estejam sendo empregados no próprio sistema financeiro.
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