Médicos do HU em greve

Transcrição

Médicos do HU em greve
Entrevista Júlio Croda, infectologista: “Não é a doença que é negligenciada, é a população em si”
Pág. 7
Jornal do Simesp
Nº 12 • Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • Maio| 2016
Pág. 3
Médicos do HU
em greve
Categoria denuncia desmonte promovido
pela reitoria da Universidade de São Paulo
e paralisa atividades por contratações
Pág. 4
Pág. 5
Pág. 6
Butantã
Avaliação
Direitos
Mudança de OS gestora
das UBSs na região provoca demissões
coletivas e afetam atendimento.
Simesp apresentou reivindicações
ao secretário municipal de Saúde
Em sua 12ª edição, o Simesp Debate
trouxe como tema a avaliação dos
egressos. Prova obrigatória do
Ministério da Educação (MEC) deve
ter início em agosto
O Jurídico do Simesp explica os direitos
dos celetistas na rescisão. Quem
tem mais de um ano em carteira,
por exemplo, deve ter sua demissão
homologada pelo seu sindicato
Clipping
“
Determinação para confrontar
Diretoria do Simesp
É preciso determinação para
Na prefeitura da capital, ob-
enfrentar uma das mais graves
servamos problemas nos proces-
crises que a saúde pública já teve
sos de mudanças nos contratos de
em nosso país e em São Paulo.
gestão com Organizações Sociais
No governo federal interino,
(OSs), que têm gerado alterações
o ministro da Saúde, político
em equipes já bem estruturadas,
sem qualquer qualificação que
demissão de trabalhadores com
pudesse justificar sua indica-
vínculo às comunidades assis-
ção, declarou que é preciso re-
tidas, no caso do Distrito do Bu-
ver o direito universal à saúde e
tantã, onde celebrou-se contrato
que deveria aumentar a parcela
com a SPDM (Associação Paulis-
da população com planos pri-
ta para o Desenvolvimento da
vados. O orçamento da área, já
Medicina), com diminuição de
insuficiente, como destacamos
salários em afronta aos direitos
neste jornal em diversas ocasi-
dos trabalhadores e a qualquer
ões, pode sofrer ataques ainda
razoabilidade.
maiores a partir da ampliação
Importante ressaltar que os
da desvinculação das receitas
médicos e médicas de São Paulo
da União, piorando o que esta-
não observam inertes as situa-
va ruim.
ções que descrevemos. Organi-
No governo do estado de São
zados e com apoio deste Sindi-
Paulo, seguimos denuncian-
cato, têm enfrentado, resistido,
do os problemas de hospitais
como observado entre os mé-
que têm sido desmontados a
dicos que atuam na estratégia
partir de cortes de orçamentos
saúde da família da zona oeste
“justificados” pela queda de ar-
da capital, e entre os médicos do
recadação tributária. Não dei-
Hospital Universitário da USP,
xaremos de destacar que consi-
que entraram em greve contra
deramos absurda a diminuição
o desmonte que este serviço tem
de orçamento da saúde em um
passado nos últimos dois anos.
momento de queda no empre-
É tempo de confrontar, de
go e diminuição do número de
resistir, de impedir qualquer
pessoas com acesso à Saúde Su-
retrocesso que limite o acesso
plementar. Nem deixaremos de
ao pleno gozo do direito à saú-
denunciar que os médicos, as-
de, ou que se precarize as con-
sim como os demais servidores
dições de trabalho dos médicos.
do estado, acumulam perdas
Os colegas podem contar com o
salariais superiores a 25% após
Simesp nesses enfrentamentos.
três anos sem qualquer reajuste.
Enfrentaremos!
SECRETARIAS
DIRETORIA
Presidente
Eder Gatti Fernandes
[email protected]
Geral
Denize Ornelas P. S. de Oliveira
Comunicação e Imprensa
Gerson Salvador
Administração
Ederli M. A. Grimaldi de Carvalho
Finanças
Juliana Salles de Carvalho
Assuntos Jurídicos
Gerson Mazzucato
Formação Sindical e Sindicalização
Marly A. L. Alonso Mazzucato
Relações do Trabalho
José Erivalder Guimarães de Oliveira
Relações Sindicais e Associativas
Otelo Chino Júnior
"As OSs em São Paulo recebem mais da
metade das verbas da saúde pública na
nossa capital. E como elas gastam essa
verba, a prefeitura não tem como dizer,
porque não tem uma auditoria real
sobre essa verba.”
Arthur Pinto Filho, promotor responsável pela área
de Saúde, sobre a terceirização da saúde em São Paulo
4 de maio – Portal G1
"A equipe mínima virou a equipe
padrão, é claro. E, na saúde, você não
pode trabalhar sempre no limite.
Isso não é bom para ninguém."
Eder Gatti, presidente do Simesp, comentando
o déficit de médicos na rede pública municipal
19 de abril – O Estado de S.Paulo
“Não houve critério claro para as
demissões. Quem acumulou mais de
R$ 800 milhões em dívidas, inclusive
desviando recursos e superfaturando,
não foram os médicos, mas os
responsáveis pela gestão anterior.”
Gerson Salvador, secretário de Comunicação
e Imprensa do Simesp, falando sobre a crise
nas santas casas e hospitais filantrópicos
18 de abril – Portal Hospitais Brasil
EQUIPE DO JORNAL DO SIMESP
Diretor
Gerson Salvador
Editora-chefe e redação
Ivone Silva
Reportagem e revisão
Adriana Cardoso
Leonardo Gomes Nogueira
Nádia Machado
Fotos
Osmar Bustos
Relações-Públicas
Juliana Carla Ponceano Moreira
Ilustração
Célio Luigi
Redação e administração
Rua Maria Paula, 78, 3° andar
“
Editorial
01319-000 – SP – Fone: (11) 3292-9147
[email protected]
www.simesp.org.br
PROJETO GRÁFICO
Med Idea - Design para médicos
Oscar Freire, 2.189, Pinheiros
São Paulo/SP 05409-011
Fone: (11) 99897-8787
[email protected]
www.medidea.com.br
Editor de Arte e diagramação
Igor Bittencourt
Tiragem: 14 mil exemplares
Circulação: Estado de São Paulo
Todas as matérias publicadas terão seus direitos resguardados pelo Jornal do Simesp e só poderão ser publicadas (parcial ou integralmente) com a autorização, por escrito, do Sindicato.
A versão digital desta publicação está disponível no site do Simesp. Caso não queira receber a edição impressa, basta mandar e-mail para [email protected]
2 • Jornal do Simesp
Capa
Médicos do HU entram em greve
por mais contratações
Em assembleia no dia 24 de maio categoria aprova paralisação das atividades
Adriana Cardoso
> Trabalhadores e alunos do HU realizam protesto contra projeto da reitoria que prevê, entre outros pontos, a desvinculação do hospital da universidade
Para reivindicar a contratação
para torná-los conscientes da si-
mas no Hospital Universitário,
didas, especialmente contra o
de mais funcionários, médi-
tuação do HU.
várias propostas e colocações
desmonte que a universidade
cos do Hospital Universitário
Na assembleia, o secretário
foram feitas e nenhuma decisão
vem sofrendo na atual gestão.
da Universidade de São Paulo
de Comunicação e Imprensa do
tomada. “É inegável, na atual
(HU-USP) decidiram entrar em
Sindicato dos Médicos de São
conjuntura, que estamos traba-
Abraço
greve a partir de segunda-feira,
Paulo (Simesp), Gerson Salva-
lhando em escala mínima em
Antes da assembleia, cerca de
30 de maio. Até que as contrata-
dor, apontou que todos os cami-
todos os setores”, argumentou
500 funcionários de diversas
ções sejam feitas, eles também
nhos – como denúncia ao Minis-
favoravelmente à paralisação.
áreas e alunos de cursos varia-
pleiteiam que o hospital atenda
tério Público (MP) – já haviam
Os problemas de má-gestão
dos da Universidade de São Pau-
apenas como uma unidade de
sido tentados e que não há, por
levaram a universidade a vi-
lo realizaram um ato em frente
referência, deixando o HU ape-
parte do reitor Marco Antonio
ver uma de suas piores crises
ao hospital, que culminou com
nas com os casos considerados
Zago, abertura para negociação.
financeiras, o que acabou atin-
um abraço, por volta das 11h, que
mais graves.
Sendo assim, não restava outro
gindo o HU. A situação da uni-
partiu da entrada do pronto-so-
caminho a não ser a greve.
versidade e do hospital piorou
corro dando uma longa volta até
assembleia realizada no dia 24
A decisão foi tomada em
“O resultado (da assembleia)
no ano passado, quando a rei-
a lateral da entrada administra-
do mesmo mês, no auditório
reflete um compromisso dos
toria iniciou o PIDV (Programa
tiva do hospital.
do hospital, quando também
médicos com o hospital, com a
de Incentivo à Demissão Volun-
Enquanto realizavam o ato,
houve um ato de funcionários
qualidade da assistência e o en-
tária). Com o quadro de funcio-
eles seguravam cartazes e fai-
e alunos de vários cursos da
sino que o HU sempre ofereceu.
nários reduzido, muitos médi-
xas com os dizeres “Vamos des-
USP contra o projeto da reitoria
Reflete, também, uma posição
cos decidiram sair por falta de
vincular o Zago”; "Sem bom hos-
que prevê, entre outros pontos,
muito firme contra o reitor da
condições de trabalho. Inclusi-
pital não há bom ensino”; e “Se o
a desvinculação do HU da uni-
USP, que tem investido no des-
ve, neste ano, o pronto-socorro
HU desvincular, a enfermagem
versidade, o que, segundo os
monte do hospital, e contra a
infantil chegou a ser fechado
vai parar”. Durante o abraço,
manifestantes, traria enormes
omissão do governo do estado
por falta de pediatras. Há um
gritavam: “O HU é nosso!”. De-
prejuízos aos estudantes e à po-
de São Paulo sobre a situação.
déficit de 213 trabalhadores no
pois, o grupo saiu em passeata
pulação atendida pela unidade.
Estamos num momento de de-
hospital, sendo 50 médicos. O
até a reitoria.
Por tratar-se de um serviço
nunciar essas posições para a
desprovimento faz com que um
Em 9 de maio, estudantes das
essencial, os médicos garanti-
sociedade no geral”, disse Salva-
quarto dos leitos da unidade es-
escolas de enfermagem e medi-
riam que fosse mantida equipe
dor, que também é vice-diretor
teja desocupado.
cina organizaram um protesto,
mínima para o atendimento
clínico do hospital.
Assim como outras catego-
que teve a adesão de funcioná-
dos casos de emergência. Eles
Um médico presente na as-
rias, os médicos do HU-USP vi-
rios e alunos de outros cursos,
também fariam um trabalho de
sembleia pontuou que, nos dois
ram na greve um caminho para
contra o desmantelamento da
comunicação com os pacientes,
anos que perduram os proble-
terem suas reivindicações aten-
USP e a desvinculação do HU.
Jornal do Simesp • 3
Saúde Municipal
Santa Casa
Butantã sofre com mudança
na gestão das UBSs
#
Convênio renovado com Centro
de Saúde da Barra Funda
> Médicos denunciam que demissões afetam atendimento
Após correr o risco de fe-
cerca de 16 mil pessoas por
char as portas, trabalhado-
mês, além de ser um centro
res e população atendida
de pesquisa e ensino.
pelo Centro de Saúde Escola
Por falta de recursos, em
(CSE) Barra Funda “Dr. Ale-
março foi anunciado seu fe-
xandre Vranjac” podem res-
chamento. Mas, com a mobi-
pirar um pouco mais alivia-
lização de funcionários e da
dos. A Irmandade da Santa
população, a decisão foi sus-
Casa de Misericórdia de São
pensa até que a SMS e a Santa
Paulo e a Secretaria Munici-
Casa chegassem a um acordo.
A troca de organizações so-
e que parte dos profissionais
pal de Saúde (SMS) renova-
O Sindicato dos Médicos de
ciais (OSs) na gestão das
estava sendo substituída com
ram o convênio que permiti-
São Paulo apoiou o movi-
salários até 73% menores.
rá o funcionamento do local
mento, inclusive denunciou
por mais cinco anos.
a situação à imprensa, o que
Unidades Básicas de Saúde
(UBSs), vinculadas à Secretaria Municipal de Saúde de
Reunião
São Paulo, mobilizou médi-
No dia 5 de maio, um dia após
cos e demais profissionais da
a primeira assembleia com
saúde da região do Butantã,
os médicos, o presidente do
zona oeste da capital, con-
Sindicato, Eder Gatti, e o se-
tra as demissões coletivas e
cretário de Comunicação e
outros problemas que vêm
Imprensa, Gerson Salvador,
sendo promovidos pela nova
levaram ao secretário muni-
gestora, a Associação Paulista
cipal de Saúde, Alexandre Pa-
para o Desenvolvimento da
dilha, as reivindicações dos
Medicina (SPDM), que substi-
profissionais, como a garan-
tuiu a Fundação Faculdade de
tia do controle social nesse e
Medicina (FFM).
em outros processos do poder
Funcionários da Unidade
municipal e de representação
Básica de Saúde (UBS) Jar-
sindical em comissão criada
dim Boa Vista, naquela re-
para acompanhar o processo
gião, realizaram no dia 18 de
de transição. Até o fechamen-
maio uma reunião com a po-
to desta reportagem, Padilha
pulação para explicar os pre-
não havia respondido às soli-
juízos que a troca de gestão
citações.
tem proporcionado ao trabalho deles e ao atendimento.
CSE
responde
pelo
ajudou a pressionar os gesto-
atendimento primário de
res a buscarem uma solução.
Formação
> A Secretaria de Formação Sindical e Sindicalização do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e o Departamento Jurídico da entidade realizaram, no dia 16 de maio, projeto-piloto de formação sindical com a regional
Vale do Ribeira. De acordo com a secretária responsável pela área, Marly
Alonso, a proposta é ter um processo de educação permanente.
Procurada pela reportagem do Simesp, a assessoria
Dias antes, os mesmos tra-
de imprensa da Secretaria
balhadores, junto com a popu-
Municipal de Saúde (SMS) en-
lação local, fizeram um abra-
caminhou nota dizendo que
ço coletivo e uma caminhada
o processo de transição segue
como forma de protesto.
“recomendação de órgãos de
Mesmo não tendo sido
controle, como o Tribunal de
atingidos pelas demissões,
Contas do Município” e que
médicos das UBSs afetadas
as OSs atuarão em 23 regiões.
estiveram reunidos, em três
Na reunião com o secretá-
ocasiões, com representan-
rio, Gatti afirmou que a tran-
tes do Sindicato dos Médicos
sição causa enorme prejuízo
de São Paulo (Simesp). Eles
à população, pois quebra o
relataram que as demissões
vínculo paciente e equipe
estavam sendo feitas coleti-
de saúde, algo fundamental
vamente, afetando signifi-
para a qualidade no atendi-
cativamente o atendimento,
mento.
4 • Jornal do Simesp
O
Violência
> O secretário de Relações do Trabalho do Simesp, José Erivalder Guimarães de
Oliveira, reuniu-se, em maio, com assessores da Secretaria Municipal de Saúde
de São Paulo para discutir as bases de um projeto da pasta para combater a violência contra médicos na rede pública da cidade. A proposta deve ser finalizada
no início do segundo semestre.
Simesp Debate
Entidades apoiam
avaliação obrigatória
Prova do MEC será realizada a cada dois anos e deve
iniciar em 28 de agosto
Leonardo Gomes Nogueira
Entidades reunidas no Sin-
Brasil”, considera Rodrigo Chá-
dicato dos Médicos de São
vez Penha, diretor de Desenvol-
Paulo (Simesp), na noite de
vimento da Educação em Saúde
12 de maio, mostraram-se
da Secretaria de Educação Su-
favoráveis ao novo exame
perior (SESu/MEC).
> Simesp destaca que escolas também devem ser avaliadas
vio Gonzaga Silva, do Conselho
que existe num país da Amé-
que será aplicado aos alu-
Em sua apresentação, ele fa-
Federal de Medicina (CFM). O
rica Latina”, diz.
nos do segundo, quarto e
lou, entre outros tópicos, sobre
médico, em sua apresentação,
José Erivalder Guimarães
sexto anos dos cursos de
o arcabouço legal que ampara
lembrou da rápida expansão do
de Oliveira, secretário do Sin-
medicina a partir de agosto.
o exame. A realização de uma
número de vagas nos últimos
dicato, ponderou que é pre-
A Avaliação Nacional Seria-
prova do tipo estava prevista
anos para estudantes de medi-
ciso criar mecanismos para
da dos Estudantes de Medi-
no artigo 9° da Lei 12.871/13, que
cina. E ponderou que é necessá-
também garantir a avaliação
cina (Anasem), a ser reali-
daria origem ao Programa Mais
rio garantir a qualidade da sua
dos cursos e não apenas dos
zada a cada dois anos, será
Médicos.
formação.
alunos nessa prova.
obrigatória e indispensável
A Anasem começou a ser
Reinaldo Ayer de Oliveira,
A 12ª edição do Simesp De-
para a diplomação dos futu-
instituída a partir da Portaria
que coordena a Câmara de Bio-
bate foi moderada pela dire-
ros médicos.
168 do MEC (abril/16), que prevê
ética do Conselho Regional de
tora Diângeli Soares. “Eu acre-
da
a criação de uma comissão ges-
Medicina do Estado de São Pau-
dito que a avaliação externa
aplicação da primeira edi-
tora composta por diversas en-
lo (Cremesp), destacou que há
é uma coisa desejável, é uma
ção da Anasem será em 28
tidades, que terá como objetivo
mais de uma década o Cremesp
coisa boa. E ela tem um mérito
de agosto de 2016, de acordo
apoiar o Instituto Nacional de
promove uma prova anual para
importante no sentido de con-
com o representante do Mi-
Estudos e Pesquisas Educacio-
avaliar o conhecimento bási-
trole social. No entanto, não
nistério da Educação (MEC)
nais Anísio Teixeira (Inep) na
co que seria imprescindível ao
compreendi muito bem onde
presente ao Simesp Debate.
elaboração dessa prova.
bom exercício profissional.
é que dentro desse processo
A
“data
provável”
“As políticas de avaliação se
“O conselho recebeu de mui-
“O exame do Cremesp é, se-
tornaram uma cultura no
to bom grado”, disse Lúcio Flá-
guramente, o mais sequente
de avaliação individual está a
avaliação institucional.”
Troca de OS
Demissões agravam situação
do pronto-socorro Santana
A troca de gestão do Pronto-
maio, pelo Instituto de Atenção
Socorro Municipal Lauro Ri-
Básica e Avançada à Saúde (Ia-
bas Braga, em Santana, zona
bas), ambos organizações so-
norte de São Paulo, provocou a
ciais (OSs).
> Em assembleia com o Simesp, médicos reclamam das condições de trabalho
demissão de, ao menos, 97 pro-
No dia 27 de abril, o Sindica-
fissionais entre médicos, enfer-
to dos Médicos de São Paulo (Si-
“A consequência será o au-
tração direta, ou seja, servidores
meiros e funcionários do setor
mesp) esteve no hospital para
mento de filas e a demora no
concursados do município, se-
administrativo, segundo fontes
realização de assembleia com
atendimento da unidade que
guem trabalhando e afirma des-
ouvidas pela reportagem.
os médicos, que estavam revol-
possui demanda de alto fluxo”,
conhecer demissões, pois, nes-
O jornal SP Norte fala em
tados com a situação que já é
explica Eder Gatti, presidente
ses processos, ainda de acordo
102 profissionais demitidos. A
complicada – péssimas condi-
do Simesp.
com a prefeitura, os trabalhado-
gestão, até então da Santa Casa,
ções de trabalho, equipe desfal-
passou a ser realizada, em 1° de
cada – e tende a se agravar.
Contatada, a prefeitura diz
que os profissionais da adminis-
res, em sua maioria, tendem a
migrar de uma OS para a outra.
Jornal do Simesp • 5
Plantão Médico
“Eu preciso desse outro
conhecimento”
Para a médica Ana Laura Batista da Silva, que trabalha no
Butantã, apenas equipes com profissionais de diferentes
áreas podem dar conta da complexidade humana
Leonardo Gomes Nogueira
“A nossa briga é para que eles
não levam em conta o trabalho
respeitem aquilo que a gente
até então desenvolvido e os vín-
faz todos os dias.” O pedido, da
culos criados no território.
médica Ana Laura Batista da
A médica conta que, em abril
Silva, refere-se ao desrespeito
deste ano, psicólogos, nutricio-
que tem causado indignação
nistas, fisioterapeutas e outros
entre os trabalhadores que atu-
profissionais foram demitidos.
Ana Laura, formada pela
região entre os anos de 2012 e
am nas unidades de saúde no
O que, ela garante, já provocou
Pontifícia Universidade Católica
2014, mais especificamente na
Butantã, zona oeste da capital
prejuízos na assistência.
>Ana Laura: “Mudanças administrativas desconsideram vínculos”
de Campinas (PUC-Campinas),
Unidade Básica de Saúde (UBS)
“Essas pessoas tinham atua-
lembra que muitos residentes
Vila Dalva, onde ainda trabalha.
Um tumultuado processo de
ção diária ou semanal na nossa
em Medicina de Família e Comu-
“A gente está brigando pelo
mudança da organização social
atividade. A gente tinha uma
nidade da Universidade de São
não desmonte da saúde no Bu-
responsável pela gestão dessas
reunião de duas horas toda sex-
Paulo atuam nos equipamentos
tantã”, ressalta. A médica, in-
unidades, ligadas à Secretaria
ta-feira pra discutir os casos
de saúde do Butantã, o que pode-
clusive, é a representante do
Municipal da Saúde de São Pau-
complexos”, recorda. “Eu pre-
rá provocar prejuízos na forma-
Sindicato dos Médicos de São
lo, tem provocado demissões e
ciso desse outro conhecimento,
ção desses futuros médicos.
Paulo (Simesp) na comissão
mudanças administrativas que
desse outro saber”, ressalta.
paulista.
Ela própria foi residente na
que acompanha a crise.
Direitos no momento da demissão
tuais férias vencidas acrescidas
Na hora de rescindir o contrato de trabalho sempre
surgem dúvidas a respeito do que é ou não direito do
celetista. Veja os pontos destacados pelo coordenador do
departamento Jurídico do Simesp, José Carlos Callegari
da extremamente excepcional,
de um terço. Por ser uma mediorientamos sempre a procurar
um advogado. O departamento
Jurídico do Simesp pode prestar esse tipo de auxílio.
Quais são os direitos dos celetis-
é importante sempre solicitar,
tas na rescisão?
por escrito, a dispensa do cum-
A homologação deve ser feita
Quando o pedido de demissão
primento do aviso-prévio.
pelo sindicato?
parte do trabalhador, as ver-
Na dispensa sem justa causa,
Conforme a CLT, os trabalhado-
bas rescisórias são o salário
quando o trabalhador é demi-
res com mais de um ano de tra-
dos dias trabalhados, 13º salário
tido, ele deve receber o salário
balho devem, obrigatoriamente,
proporcional aos meses traba-
dos dias trabalhados, 13º salário
ter sua rescisão contratual ho-
lhados no ano, férias propor-
e férias proporcionais, eventu-
mologada pelo seu sindicato -
cionais e eventuais férias ven-
ais férias vencidas acrescidas
no caso dos médicos, o Simesp.
cidas acrescidas de um terço.
de um terço, aviso-prévio inde-
Na homologação, o Sindicato
O FGTS (Fundo de Garantia do
nizado ou trabalhado e multa
confere se todas as verbas res-
Tempo de Serviço) não pode ser
de 40% sobre o FGTS.
cisórias foram pagas correta-
sacado. A empresa tem o direito
Célio Luigi
Jurídico Responde
mente e faz eventuais ressalvas
de descontar um mês de aviso-
E na dispensa com justa causa?
daquilo que não foi pago para
-prévio caso o trabalhador não
O trabalhador tem direito ape-
posterior discussão na Justiça
cumpra esse período. Por isso,
nas aos dias de trabalho e even-
do Trabalho.
Leia em nosso portal a íntegra
do artigo de José Carlos Callegari,
advogado do Simesp
http://goo.gl/AsRwSt
> O que você gostaria de ler na próxima edição? Mande suas sugestões: [email protected] <
6 • Jornal do Simesp
Entrevista
“Nosso temor é a febre
amarela urbana”
As doenças negligenciadas começaram a chamar a
atenção do infectologista Júlio Croda, da Fundação
Oswaldo Cruz do Mato Grosso do Sul (Fiocruz-MS),
quando ele ainda cursava medicina na Bahia.
Durante a graduação, ele ajudou a desenvolver um
teste rápido para detecção da leptospirose. Nesta
entrevista, ele critica a falta de políticas públicas
para erradicação dessas doenças no país
Redação
O que são doenças negligen-
Então podemos relacionar as
mente é a dengue. Dengue, zika
A crise econômica pela qual
ciadas?
doenças negligenciadas a po-
e chikungunya, transmitidas
o país atravessa pode agra-
Doenças negligenciadas são
pulações negligenciadas?
pelo mosquito Aedes Aegypti,
var o quadro?
aquelas que acometem as po-
Exato. A definição tem muda-
são consideradas doenças ne-
Já estamos vivendo essa situa-
pulações mais pobres, prin-
do muito - e tem mudado nes-
gligenciadas. Em um contexto
ção. Quando a gente pensa
cipalmente na Ásia, África e
se sentido. Não é a doença que
mais geral, afetam mais as po-
que a zika e a chikungunya
América Latina. Atualmente,
é negligenciada, é a população
pulações pobres, que não têm
são doenças negligenciadas,
de 500 a um milhão de óbitos
em si. Por exemplo: tuberculo-
os serviços de infraestrutura
doenças que não existiam
são reportados/associados a
se, HIV e malária não são con-
adequados. Nas comunidades
no Brasil, significa que elas
essas doenças. Podemos citar
sideradas doenças negligen-
carentes a água não chega re-
emergiram aqui e estão as-
a leptospirose, a leishmanio-
ciadas, mas, quando acometem
gularmente, a coleta de lixo não
sociadas à pobreza, à falta
se, Doença de Chagas, Doen-
populações mais pobres, mais
acontece todo dia, o lixo fica
de infraestrutura adequa-
ça do Sono, na África, e, no
vulneráveis, como a indígena,
jogado na rua e o vetor (o mos-
da para a população viver.
Brasil, também a malária e
são. Essas populações têm pou-
quito) adora essa condição. No
Mas o nosso temor é a febre
a tuberculose. São negligen-
co acesso ao serviço de saúde,
caso da tuberculose, concentra-
amarela urbana. Em Ango-
ciadas porque não existe um
ao diagnóstico, ao tratamento
se em populações como a indí-
la, por exemplo, já vemos o
interesse da indústria far-
adequado.
gena e aquelas privadas de li-
ressurgimento dessa doen-
berdade, para as quais também
ça, que também é transmi-
macêutica em produzir medicamentos ou vacinas para
Qual dessas enfermidades mais
faltam a presença do Estado e
tida pelo Aedes aegypti. Por
combatê-las, assim como não
mata no Brasil?
os serviços de saúde. Falta ao Es-
isso, temos que ficar atentos
existe um aporte financeiro
Difícil falar no contexto que
tado garantir, por exemplo, que
às campanhas de vacinação
adequado do setor público,
mais mata, mas podemos citar
não tenha superlotação dentro
contra a febre amarela e,
no sentido de buscar formas
algumas importantes. No Bra-
da prisão para não favorecer a
também, ao controle ade-
de preveni-las.
sil, a mais importante atual-
transmissão da doença.
quado do vetor.
Jornal do Simesp • 7
Cultura
Arte moderna para todos
O MAM preserva e dissemina o conceito da arte moderna
por meio da inclusão social
Leonardo Gomes Nogueira
Nádia Machado
Mais cultura
Auditório
Eduardo Barcellos
O mesmo parque abriga outros diversos equipamentos
culturais. É o caso do Auditório Ibirapuera. Concluído em
2005, a obra é um projeto do
arquiteto Oscar Niemeyer. O
local tem uma extensa e variada programação musical;
o portão de acesso é o de número três (o mesmo do MAM).
Tem capacidade para 806
lugares e uma bela e sinuosa
escultura da artista plástica
Tomie Ohtake na entrada principal. Informações: www.auditorioibirapuera.com.br/
> Museu de Arte Moderna de São Paulo foi transferido para o Parque do Ibirapuera no final dos anos 60
OCA
Mais que preservar um acer-
produção contemporânea em
MAM passou por vários locais,
Ainda pelo portão três é pos-
vo com cerca de 5 mil obras,
todas as regiões do país”. “O cres-
entre eles os edifícios Itália e
sível acessar a OCA. O espaço
o Museu de Arte Moderna de
cimento do interesse pela arte
Conjunto Nacional.
acolhe exposições variadas e foi
São Paulo (MAM) tem o obje-
brasileira no mundo consolidou
O acervo de livros (e outros
igualmente projetado por Nie-
tivo de privilegiar a arte expe-
o Panorama como uma mostra
documentos) tem 65 mil títulos
meyer. O arquiteto, ao lado de
rimental. “Buscamos cruzar
relevante no circuito artístico
e é outra preciosidade do mu-
Ulhôa Cavalcanti, Zenon Lotufo,
fronteiras da produção que
internacional”, acrescenta.
seu. A direção do MAM tam-
Eduardo Kneese de Mello, Ícaro
apontem formas instigantes e
O MAM possui, além das
bém tem preocupação com a
de Castro Mello e do paisagista
de uma maneira que amplie o
salas de exposição, ateliê, bi-
chamada formação de público.
Augusto Teixeira Mendes, foram
público por meio da inclusão
blioteca, auditório, restaurante
“O atendimento escolar é gra-
os projetistas do parque inaugu-
social”, expõe Felipe Chaimo-
e loja. Desses locais também é
tuito e específico para cada fai-
rado em 21 de agosto de 1954.
vich, curador do local.
possível ver, através das gran-
xa etária, da educação infantil
No passado, o espaço abrigou
O museu também fun-
des paredes de vidro, o Jardim
à universidade”, anuncia o site.
o Museu da Aeronáutica e o
ciona como centro cultural
de Esculturas do MAM, onde
Curiosidade: o museu tam-
Museu do Folclore. Hoje abriga
oferecendo cursos, palestras,
há 30 obras expostas, entre elas
bém possui clubes de colecio-
exposições de vários tipos. In-
exibindo espetáculos musi-
a famosa Aranha, obra em aço-
nadores das áreas de gravura,
formações: (11) 5082-1777.
cais, sessões de vídeo e prá-
carbono de Emanoel Araújo,
fotografia e design. “Todos os
ticas artísticas. O curador,
que está no museu desde 1986.
anos, cada clube convida cin-
MAC
inclusive, explica que essas
O museu foi fundado em
co artistas a desenvolver uma
A poucos metros dali, em edifí-
atividades são uma das for-
1948, mas só teve sua sede trans-
obra com tiragem de 100 exem-
cio também projetado por Os-
mas de tornar a arte moder-
ferida para o prédio atual, no
plares para serem distribuídos
car Niemeyer, está o Museu de
na mais acessível para todos
Parque do Ibirapuera, entre os
entre os sócios”, explica a pági-
Arte Contemporânea (MAC). O
os públicos, por utilizar au-
anos de 1968 e 1969. O MAM fica
na da instituição.
acervo, que reúne, entre outros,
dioguias, videoguias e tradu-
sob a marquise do conjunto ar-
Funciona de terça a domin-
pinturas, gravuras, instalações
ção para a língua brasileira
quitetônico projetado por Oscar
go (das 10h às 18h). O ingresso
e fotografias, tem 10 mil itens.
de sinais.
Niemeyer e adaptado por Lina
custa R$ 6 e a entrada é gratuita
O prédio criado em 1963, fica
A cada dois anos, explica
Bo Bardi – arquiteta ítalo-bra-
aos domingos. O museu fica no
na Avenida Pedro Álvares Ca-
o site da instituição, “o MAM
sileira que também projetou o
Parque Ibirapuera (Portão 3, Av.
bral, 1301, e funciona de terça
realiza o 'Panorama da Arte
prédio do Masp – para a expo-
Pedro Álvares Cabral, s/n°, São
a domingo (das 10h às 18h). A
Brasileira',
que
sição da 5ª Bienal de São Paulo.
Paulo-SP). Mais informações:
entrada é gratuita. Informações:
resulta do mapeamento da
Antes da adaptação o acervo do
http://mam.org.br/
www.mac.usp.br
8 • Jornal do Simesp
exposição

Documentos relacionados